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Boas práticas de um projeto comunitário de


intervenção e reabilitação activa em saúde mental
Agradecimentos
O nosso agradecimento à Câmara Municipal de Lisboa - Programa BIPZIP, à GIRA – Grupo de Intervenção e Reabilitação
Activa, à Faculdade de Motricidade Humana, ao dISPArteatro, ao Centro Cultural Magalhães Lima e à Associação de
Estudantes do ISPA.

Agradecemos ainda a todos os parceiros que foram mobilizados ao longo do projeto e a todos os participantes diretos e
indiretos que em muito contribuíram para o sucesso do mesmo!

Ficha técnica
Com o apoio da Câmara Municipal de Lisboa - através do Programa BIPZIP

Parcerias: Faculdade de Motricidade Humana (FMH), Universidade de Lisboa, dISPAr Teatro, Instituto Universitário de
Ciências Psicológicas, Sociais e da Vida (ISPA), Associação de Estudantes ISPA, Associação de Estudantes FMH, Junta de
Freguesia Santa Maria Maior, Power Consulting, Centro Cultural Dr. Magalhães Lima, Centro Paroquial de Bem-Estar
Social de Alfama, Horácio, Saber Ler, Cris Artesanato, CarboniAcattatis

Autoria de Adriana Frazão, Alice Sousa, António Gonzalez, Carina Resendes, Carla Santos, Carolina Bebiano, Joana Nina,
Nuno Salema, Paula Lebre e Teresa Lanita.

Comunicação e imagem por Mauro Gentile.


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Índice
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

Fundamentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

Reabilitação Psicossocial e Recovery

Terapias Expressivas em Saúde Mental

Redes de suporte social

Projeto Troca a Dar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Descrição e Destinatários

Objetivos Específicos

Metodologia de intervenção

Metodologia de avaliação

Testemunhos

Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Bibliografia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

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Introdução
A presente publicação tem como objetivo a divulgação da metodologia e boas práticas adotadas com o decorrer do Projeto Troca a
Dar, tendo como referencial a análise e reflexão de alguns dados quantitativos e qualitativos obtidos no período de setembro de 2017 a
junho de 2018.

O Projeto Troca a Dar é financiado pelo Programa BIP/ZIP Lisboa 2017 – Parcerias Locais, da Câmara Municipal de Lisboa, promovido
pelo Grupo de Intervenção e Reabilitação Activa (GIRA), em parceria com o dISPArteatro e com a Faculdade de Motricidade Humana.

Tem como objetivo geral construir e manter redes de suporte social no Bairro de Alfama, envolvendo adultos em situação
vulnerabilidade e risco de exclusão social e idosos em risco de solidão e isolamento, através de um sistema de trocas locais.

A GIRA é uma instituição particular de solidariedade social que intervém desde 1995 com pessoas com experiência de doença mental,
tendo várias respostas sociais residenciais e ocupacionais, ao nível da reabilitação psicossocial e recuperação.

O planeamento e execução deste projeto surgem da necessidade de promover respostas em áreas sociais de intervenção prioritária no
bairro de Alfama, zona onde se situa um Fórum Sócio-Ocupacional, como a escassez de suporte, o risco de solidão e isolamento da
população idosa, a promoção de competências sócio-emocionais em grupos em situação de vulnerabilidade e risco de exclusão,
fornecendo recursos que potenciem a participação ativa na comunidade.

Acredita-se que as metodologias e modelos descritos se poderão adequar a outras realidades sócio-culturais, tendo em conta os
diferentes recursos e potencialidades da comunidade.


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Fundamentação
A intervenção promovida pelo projeto Troca a Dar é baseada nos princípios de reabilitação psicossocial e recovery, nas evidências
científicas nas áreas das terapias expressivas e nas orientações teóricas sobre redes de suporte sociais, tal como se apresenta de
seguida.

Reabilitação Psicossocial e Recovery


A Reabilitação Psicossocial na qual a GIRA e o projecto Troca a Dar assentam a sua intervenção baseia-se:

(...) na convicção de que é possível ajudar a pessoa a ultrapassar as limitações causadas pela sua doença, pela aprendizagem de competências
e de novas capacidades. Também é necessário sensibilizar a comunidade para a aceitar e diminuir as barreiras que a sociedade coloca à sua
integração, na escola, no emprego, nos grupos sociais e de lazer, na família. É preciso promover a autonomia e o exercício dos direitos, através
do empowerment das pessoas que têm perturbações mentais e da advocacia junto da sociedade. É preciso criar redes de suporte social que
dêem apoio às competências adquiridas e a desenvolver. (Fazenda, 2008, p. 23)

Este modelo inspira-se nos princípios da saúde mental comunitária que preconizam que:

(...) as pessoas, independentemente do diagnóstico atribuído, ou de qualquer outra vulnerabilidade social e/ou física, devem viver e manter-se
na comunidade, mesmo nos momentos mais difíceis, mas com acesso aos recursos disponíveis. […] Este processo de recovery faz-se através das
redes de suporte, dos grupos de ajuda mútua e da participação em contextos diversificados. (Ornelas, 2005, p. 13)

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O recovery (ou recuperação pessoal) é “a reaquisição de papéis sociais significativos e o envolvimento em actividades que ligam as pessoas às
suas comunidades”(Duarte, 2007, p. 131). O acesso aos recursos de emprego, educação, habitação ou outros serviços que estão disponíveis
na comunidade para todos os cidadãos é também uma condição fundamental para garantir uma melhoria nas condições de vida concretas das
pessoas com experiência de doença mental, bem como uma oportunidade para a diversificação, alargamento e fortalecimento das redes de
suporte social naturais (Chamberlin & Rogers, 1990; cit in Duarte, 2007). Por outro lado, a interacção das pessoas com e sem experiência de
doença mental nos contextos comunitários ajuda a combater os mitos relativos à doença mental e a tornar a comunidade mais receptiva e
inclusiva (Kloos, 2005, cit in Duarte, 2007, 131).

A reabilitação psicossocial e o recovery (dois processos interdependentes e complementares) envolvem três eixos: o ter onde viver, o
participar em redes sociais e a inserção em trabalho socialmente útil (Saraceno, 1999, cit in Anastácio & Furtado, 2012; OMS, 2001),
estes são pilares fundamentais ao sucesso da intervenção e exigem a participação activa da pessoa com doença mental e o empenho
da sociedade para disponibilizar os recursos necessários, e ser inclusiva e recetiva à diferença.

Terapias Expressivas em Saúde Mental


Partindo dos pressupostos da reabilitação psicossocial e recovery, existem evidências científicas de que as terapias expressivas,
nomeadamente a dança e teatro podem ser um importante recurso para a aquisição de competências e novas capacidades.

Segundo Jensen e Bonde (2018) as atividades artísticas, entre as quais a dança, possuem um enorme potencial para a promoção do
bem-estar e da saúde mental. A dança, suportando a ideia de que o corpo e o psiquismo se encontram em constante interação, tem
vindo a ser utilizada em múltiplos contextos e com múltiplas finalidades. A nível psicoterapêutico, referida por alguns autores como
dança movimento terapia, esta promove a integração dos domínios emocionais, cognitivos, físicos e sociais, assim como a saúde e o
bem-estar (American Dance Therapy Association, 2014). A literatura defende que a dançaterapia é uma intervenção eficaz, que para
além do bem-estar, promove a qualidade de vida, a imagem corporal, competências interpessoais, redução de sintomas como
depressão e ansiedade (Koch,Kunz, Lykou & Cruz, 2014), e redução de índices de stress e sintomas de somatização (Bräuninger, 2014).

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No grupo de dança PédeMeia2, o foco do trabalho desenvolvido, tem como base a dança enquanto um meio fundamental para a
promoção da inclusão, onde se assinala o seu potencial para eliminar barreiras e conectar pessoas com e sem deficiência através da
dança e do movimento (DanceAbility, 2018). A intervenção realizada parte do princípio de que a Dança é uma expressão universal do
ser humano, presente em todas as idades, géneros, culturas, e assumindo uma diversidade de formas e estilos que a caracteriza e a
torna potencialmente acessível a todos (Inclusiva). Ao longo das sessões deste projeto, o método DanceAbility e a Psicomotricidade
foram usados como orientação, onde se fomentou a expressão única do corpo em movimento de cada participante, envolvendo todo o
grupo num processo criativo centrado na exploração de possibilidades do movimento no tempo, espaço, na relação com os outros ou
na forma de expressão do corpo transmitindo ideias, emoções, palavras, resultando daí a coreografia “Algures no Universo à Procura do
outro lado da Lua”.

No grupo de teatro GIRARTE o foco do trabalho desenvolvido assenta sobre dois eixos principais.

O primeiro é a exploração da criatividade e imaginação dos seus elementos. Incentivamos o processo de criação coletiva, onde cada
participante tem a liberdade para contribuir e enriquecer o processo criativo. Segundo Jung (1997), a expressão da criatividade que
possuímos é fundamental para o nosso bem-estar e desenvolvimento pessoal. Como tal, optamos por desenvolver projetos que partem
a partir das experiências pessoais dos nossos elementos. Este ano o projeto foi desenvolvido com base em dinâmicas de storytelling e
estimulámos os atores e atrizes a partilhar histórias de vida significativas, uma vez que a experiência de sermos ouvidos e recebidos
pelos outros nas nossas partilhas, estimula e reforça o nosso amor-próprio e a nossa autoconfiança (Myers, 2000). O resultado final
dessas partilhas pessoais é a peça Efeito Borboleta, onde podemos ver diferentes personagens à procura do seu lugar no mundo, com
a esperança de os seus sonhos poderem ser conquistados.

O segundo eixo, procura estimular e desenvolver competências emocionais, cognitivas e sociais através da linguagem do teatro e do
movimento expressivo. Ao longo dos anos, temos procurado desenvolver uma abordagem técnica que estimule aspetos cognitivos e
corporais como a memória, atenção, consciência corporal, postura e respiração, entre outros, através de dinâmicas lúdicas e expressivas
que o teatro nos oferece. Utilizando a linguagem do teatro de improviso desenvolvido por Keith Johnstone (2007), o teatro do
Oprimido do Augusto Boal (2005) e os viewpoints da Anne Bogart e Tina Landau (2005), tem sido desenvolvida uma abordagem que
estimula o desenvolvimento das competências acima mencionadas sem nunca esquecer a leveza e descontração proporcionada pelo
carácter lúdico da linguagem teatral.


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Redes de suporte social
As redes de suporte social desempenham um importante papel na qualidade de vida das comunidades humanas, nomeadamente num
bairro, onde a possibilidade de assistência mútua, a participação ativa na comunidade e nas relações interpessoais potencia suporte ao
indivíduo e oferece também identidade social (Caetano e Guadalupe, 2011). Deste modo, todas as respostas sociais que potenciem a
participação ativa da população na procura de estratégias passíveis de execução e de encaminhamento/equacionamento de
problemas aumentam a dinâmica de relações interpessoais e a sua capacitação.

No que diz respeito à doença mental, considera-se que o estabelecimento de vinculações afetivas e laços funcionais permite aumentar
a literacia face à doença, desconstruir preconceitos e, por conseguinte, valorizar mais a individualidade e capacidades das pessoas com
experiência de doença mental.


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Projeto Troca a Dar
Reforçando as dinâmicas de inclusão, bem-estar e capacitação este projeto pretende minimizar o
problema da falta de redes de suporte dos moradores em situação vulnerabilidade e dos idosos e
proporcionar oportunidades de partilha e suporte social, com capacidade de auto-organização e
procura coletiva de soluções.

Descrição e Destinatários
O projeto permitiu a criação do banco Troca a Dar, através de um sistema de trocas locais, respondendo à carência de competências
pessoais e sociais dos públicos vulneráveis (pessoas com experiência de doença mental e idosos em risco de exclusão social) e à falta
de uma rede de suporte social dos moradores do bairro.

Pretende-se com os grupos de teatro e dança, capacitar os participantes em


situação de vulnerabilidade desenvolvendo as competências sociais e emocionais,
para que possam colocá-las em prática no banco Troca a Dar em que apoiam
voluntariamente os idosos e organizações de comércio e serviços locais. Em troca
estes voluntários receberão afetos, através dos laços estabelecidos (amizade,
convívio, espírito de partilha) e/ou pequenas recompensas em bens, no caso do
comércio ou serviços locais.

Este processo é assegurado pela equipa técnica do projeto e pelos tutores (jovens
universitários voluntários) para cada laço que se estabeleça. Os tutores serão
capacitados para esta intervenção e atuarão individualmente com cada um dos
voluntários.


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Os idosos em situação ou risco de solidão e isolamento são os beneficiários das ações destes voluntários, de acordo com as
necessidades, poderá ser para fazer companhia regularmente, fazer pequenos recados, acompanhar a serviços, fazer passeios, etc.

O comércio e serviços locais serão também beneficiários, na medida em que os voluntários poderão ser uma mais-valia para a sua
atividade. Tais ações permitirão o despoletar de convívios, o incentivo à participação e o sentimento de pertença à comunidade.

Objetivos Específicos
1. Melhoria das competências sociais, emocionais e psicomotoras
de adultos em situação vulnerabilidade e risco de exclusão, através
da dinamização de sessões de grupo, utilizando metodologias de
teatro, dança e movimento expressivo.

Pre t e n d e u - s e p ro m o v e r o d e s e n v o l v i m e n t o p e s s o a l e
empoderamento, estreitar os laços na comunidade, defender e
promover os direitos e interesses da pessoa em risco de exclusão
social; e contribuir para a diminuição do estigma e discriminação
face à doença mental ou outra situação de vulnerabilidade social.

Os participantes foram convidados a ser voluntários no Banco Troca


a Dar tendo o acompanhamento individual e personalizado de um
tutor que permitiu o reforço destas competências desenvolvidas ou
em desenvolvimento centrado nas necessidades específicas
(competências de saber ser, saber estar, saber comunicar, entre
outras).


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2. Diminuição da solidão e isolamento dos idosos, através da criação
de redes de suporte informais, facilitando a troca de tempo e saberes
entre estes e os adultos em situação vulnerabilidade e risco de exclusão
capacitados (voluntários).

Os voluntários contribuíram para a melhoria da qualidade de vida dos


idosos, ajudando-os em tarefas (ex. distribuição do banco alimentar,
apoio nas compras, companhia, etc.) em troca de afetos, saberes,
agradecimentos e estabelecimento de laços de amizade. Os voluntários
sentem que as suas competências são reconhecidas em atividades
socialmente úteis e valorizadas. Os tutores monitorizam e acompanham
informalmente estas relações com proximidade.

3. Criação e fortalecimento da coesão de redes de suporte formais, através da troca de bens e serviços entre organizações de comércio
e serviços locais e os voluntários.

Baseado numa lógica de promoção de uma solidariedade ativa e responsável, pretendeu-se mobilizar os comerciantes e serviços locais
a estarem envolvidos e comprometidos com o Banco Troca a Dar, no sentido de suprimir as suas necessidades de apoio em pequenas
tarefas para as quais existe menos tempo ou recursos (ex. fazendo recados, entregar/receber documentos).

Através da construção de uma rede de contactos e relações entre os voluntários e os beneficiários, minimizaram-se as situações de
exclusão social uma vez que estes voluntários passaram a participar ativamente nas dinâmicas solidárias que estabeleceram e, ao
mesmo tempo, foram recompensados com bens que contribuem também para a diminuição a sua vulnerabilidade económica, como
por exemplo: roupa, alimentos, produtos de higiene, etc.


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Metodologia de intervenção
O Projeto Troca a Dar seguiu um modelo lógico do projeto que se apresenta de seguida com a identificação dos recursos, as atividades
desenvolvidas, os resultados mensuráveis obtidos, os efeitos e os impactos que se esperam ser alcançados.

RECURSOS ATIVIDADES RESULTADOS EFEITOS IMPACTOS

CMLisboa – Programa BIP/ZIP Grupo de Teatro 26 participantes nos grupos;
 Melhoria das competências Construção e manutenção
15 destes voluntários no sociais e emocionais redes de suporte social no
Banco Troca a dar bairro de Alfama
GIRA – Entidade promotora Grupo de Dança
Criação de oportunidades de
15 Parceiros mobilizados;
 partilha, estabelecer relações, Participação ativa na
FMH e DisparTeatro - Grupo de Psicomotricidade 8 Beneficiários (comércio e troca de tempo e saberes comunidade
parceiros formais; entidades locais) e 5 idosos.
Centro Cultural Magalhães
Literacia para a saúde mental Adaptação e inclusão social
Lima e Associação Estudantes Bolsa Tutores
Bolsa de 15 Tutores
ISPA - parceiros informais

Rede de parceiros criada Diminuição do estigma e


Banco Troca a Dar
RH técnicos 46 Pessoas envolvidas discriminação social

Modelo de funcionamento
Eventos na Comunidade
RH voluntários KickOff;
 do Banco Troca a Dar
Piquenique;

Mostras de rua;

Comunicação Externa
Comunidade Sessão pública final.

Página do facebook;

Brochura digital;

Vídeo final;

2 posters científicos.
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As atividades desenvolvidas decorreram com a seguinte organização cronológica:

Setembro '17 Janeiro '18 19 a 21 de Abril '18 6 de Junho '18


• Inicio do Projecto "Troca a dar" • Inicio de Trocas com • Disseminação:
 • Mostras públicas
• Criação de grupos terapêuticos: teatro, dança Beneficiários locais Submissões de posters apresentação dos
e psicomotricidade e apresentações em grupos de dança e
• Avaliação inicial congressos e encontros teatro
• Angariação de beneficiários e novos parceiros científicos

6 de Julho '18
• Sessão pública -
Apresentação de vídeo e
Novembro '17 Março '18 25 de Maio '18
brochura de boas práticas
• Kick-off do projeto • Inicio de Trocas com • Piquenique Troca a Dar
• Avaliação Final
• Disseminação na comunidade e nos média Beneficiários locais aberto à comunidade
• Submissão de artigos
• Banco Troca a Dar - Processos de tutoria (voluntários científicos
apoiam beneficiários locais)

Relativas a estas atividades apresentam-se alguns dados quantitativos que caracterizam os intervenientes e a sua participação.

Voluntários

Média de idades Género
Psicomotricidade Dança Teatro

26 Voluntários 16 17 15

120 Sessões 29 28 63

Satisfação Bom Bom Bom 53 anos 10 ♀ 16 ♂


(entre 30 e 80)

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Tutores são estudantes universitários.

5 Ações de Capacitação.

20 participantes na sessão de capacitação. 13 permaneceram.


Género Média de idades Tutoria

12 ♀ 1♂ 23 anos > 130 horas


(entre 19 e 27)

Áreas de Tutoria Atividades no fórum Ajuda na loja / organização Jardinagem


Hotelaria Limpezas Recados Desporto
Banco Alimentar Arrumações Desenho Livraria

16 Beneficiários Satisfação: Muito Bom

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Metodologia de avaliação
No início e no final da intervenção os participantes foram avaliados através dos seguintes instrumentos:

Grupos de Teatro e Dança


- Checklist – Aprendizagem Estruturada de Competências Sociais 1
- Sistema de Avaliação Comportamental da Habilidade Social 2
- Escala de Satisfação com o Suporte Social 3
- PersonalWellbeingIndex – Adult 4
- Escala de Afecto Positivo e de Afecto Negativo PANAS5
- Escala de Qualidade de vida OMS, versão reduzida. 6
- Escala de Observação de Objetivos na Terapia Psicomotora 7

Tutores Universitários
- CAMI – Community Attitudes Toward the Mentally8
- BULLSEYE – AutoavaliaçãoTutores 9

Beneficiários
- CAMI – Community Attitudes Toward the Mentally⁸


1 (Goldestein, A. etal ,1980; 1997. Traduzido por Simões & Matos (1999). Adaptado por Pais (2009) e Frazão (2014)
2 (Caballo, 1987. Traduzido e adaptado por Dinis e Mateus, 2007)
3 (Ribeiro, J. L. P. ,2011)
4 (International Wellbeing Group, 2013. Traduzido por José Luís Pais-Ribeiro)

5 (Galinha, I. C., & Pais-Ribeiro, J. L.,2005)

6 (Saxena, Carlson, Billington&Orley, 2001; Skevington, Lotfy& O’Connell, 2004; WHOQOL Group, 1998. Traduzido por Adriano Vaz Serra e Maria Cristina Canavarro)

7 (Coppenolle, Simons, et al., 1989)

8 (Taylor & Dear, 1981)

9 (Be ready project, 2017)

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Testemunhos
As perceções relativas à participação no projeto recolhidos através de entrevista semi-estruturada são resumidos no quadro que se segue:

Voluntários Tutores Beneficiários

Sentimentos de satisfação Desenvolvimento pessoal Sentimentos de gratificação e contribuição

Estabelecimento de relações afetivas Estabelecimento de relações afetivas Estabelecimento de relações afetivas

Desenvolvimento de competências
Participação ativa e inclusão na comunidade Valorização das atividades socialmente úteis
profissionais

Valorização das competências das pessoas Valorização das competências das pessoas
Sentimentos de esperança em situação de vulnerabilidade social
em situação de vulnerabilidade social

Sentimentos de competência Trabalho em equipa Trabalho em equipa

Importância da formação contínua Desenvolvimento pessoal

Organização e pertinência do projeto


Quadro 1. Análise categórica dos testemunhos recolhidos

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Os voluntários percecionaram predominantemente sentimentos de satisfação (“gostei muito”, “sinto-me bem”…):

❖ No Troca a Dar eu pinto e faço desenhos, gosto muito de fazer esses trabalhos. Sinto-me bem, é bom! (E. M.)

❖ Gosto muito de lá estar, elas são muito criativas e muito positivas também, põem-nos à vontade, é muito bom, não podia ser melhor. Sinto-me
muito especial, sou muito acarinhada e transmito isso igualmente para as áreas que faço. Uma das coisas que faço com muito gosto e amor é
voluntariado! Sinto-me feliz e sinto-me bem comigo própria. (L. C.)

❖ É uma experiência única, nunca tinha feito, é uma experiência nova e acho muito giro interagir com o público, as pessoas lá (no beneficiário
Horácio), os clientes, são muito simpáticas e as donas do estabelecimento ainda mais! São extremamente familiares, amigas, pedem por favor
a tudo na nossa colaboração, não dão ordens, percebem muito bem o que é um voluntariado; temos a nossa pausa para o café, para o
cigarro, é muito agradável. (L. B.)

Todos os tutores percecionaram ter desenvolvido competências pessoais (“tolerância”, “responsabilidade”, “comunicação”…):

❖ O que mais gostei foi das relações que se criaram, das oportunidades de aprendizagem e de transmissão de conhecimentos, do facto de se
criarem amizades significativas. (B. P.)

❖ O Troca a Dar ajudou-me a ser mais tolerante, mais consciente, mais paciente, mais ativa, mais flexível. (M. C.)

❖ Dá-me imenso gosto e orgulho fazer parte, sinto que toda a equipa é cinco estrelas e sinto mesmo que o projeto tem muito potencial e pernas
para andar. (S. C.)

❖ Só veio a confirmar que as pessoas com doenças mentais não são bem aquilo que as pessoas no geral pensam, que o rótulo não deve ser
generalizado." (A. S.)

Quadro 2. Análise SWOT do Projeto Troca a Dar

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Os beneficiários referiram com mais frequência sentimentos de gratificação e contribuição:

❖ Gosto de ver a alegria com que todos ajudam, sem tédio, má vontade.O Projeto Troca a Dar ajudou-me a ver de certa forma as pessoas com
doença mental de outra forma. […] A forma como a equipa trabalha, com dedicação, prazer, encanta-me! […] tem sido muito gratificante. Os
participantes têm-me surpreendido muito, com tanto que têm para dar. Na nossa instituição, não houve uma única colaboradora que tenha
levantado alguma questão ou preocupação com o Troca a Dar! (M. L. T., Centro Paroquial de Bem-Estar Social de Alfama)

❖ Sinto-me muito confortável, muito feliz por ver que as pessoas, embora com algumas deficiências, podem ser completamente
integradas e uteis e portanto é uma troca que se dá e que se recebe. (C., Cris Artesanatum)

❖ Sinto-me muito orgulhosa em participar neste projeto, estamos a adorar […] já as sentimos como se fossem nossas, da casa. […] É gratificante em
receber pessoas, em dar conhecimento e também receber, porque são pessoas geniais, muito emotivas e que acabam sempre por fazer de nós
pessoas especiais, sentimo-nos especiais e para nós são muito especiais. Está a correr lindamente este projeto, acho que tem pernas para andar, o
que depender de mim, evidentemente sim, tem pernas para a andar. (Horácio)

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Considerações Finais
O balanço da execução do Projeto Troca a Dar tem sido muito positivo, com o aumento crescente de intervenientes que contribuíram para
a valorização e qualidade do projeto.

Um projeto desta natureza acarreta muitos desafios nomeadamente no que diz respeito à adesão dos moradores que ainda desconhecem
e/ou desconfiam do objetivo do projeto. No entanto, estes desafios têm sido ultrapassados com persistência, consistência, comunicação e
apoio dos parceiros locais que contactam mais diretamente com a população.

Forças Fraquezas

- Capacitação dos voluntários - Falta de conhecimento da existência/ objetivos do projeto


- Desenvolvimento de relações afetivas e funcionais - Resistência na adesão das pessoas idosas
- Rede de parceiros e beneficiários - Falta de experiência da equipa do projeto, por ser um projeto-piloto
- Modelo de funcionamento estruturado - Dificuldade por parte do beneficiário em adaptar as tarefas à capacidade do
- Proximidade geográfica de todos os intervenientes voluntário

- Reconhecimento do valor científico do projeto


- Comunicação do projeto

Oportunidades Ameaças

- Confiança no trabalho desenvolvido - Falta de adesão de novos tutores/beneficiários


- Possibilidade de adesão de novos moradores do bairro - Desistência dos voluntários e beneficiários
- Criação de novas parcerias face ao balanço positivo do projeto - Prevalência do estigma social
- Sustentabilidade do Banco Troca a Dar
- Replicação do projeto

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As dinâmicas solidárias permitiram diminuir o isolamento, reforçar as redes de suporte, promover a ocupação/convívio, capacitar para a
participação ativa, possibilitar a troca de experiências/bens, o estabelecimento de relações saudáveis e contribuir para a valorização
pessoal dos participantes.

Todas as atividades do projeto têm alcançado paulatinamente os resultados previstos. Contudo, por ser um projeto-piloto, existiram
algumas limitações como o facto do processo de angariação de beneficiários, tutores e novos parceiros ter sido mais demorado do que
havia sido previsto, devido ao condicionamento pela disponibilidade, pela necessidade de divulgação e pelo tempo necessário para várias
fases de divulgação, sensibilização e formação.

A proximidade geográfica de todos os intervenientes favoreceu a criação das redes de suporte social de uma forma mais eficaz e mais
significativa. Não obstante, a manutenção e fortalecimento destas redes depende de uma presença e comunicação proactiva por parte de
todos os intervenientes. Os mecanismos desenvolvidos como as reuniões formais ou informais frequentes e os eventos nas comunidades
parecem promover a manutenção destas redes.

Considera-se, que dada a índole deste projeto, o fator-chave do sucesso da intervenção é o estabelecimento de boas relações de confiança
e de partilha entre todos os intervenientes com os quais se tem procurado que tenham um papel ativo na função que desempenham.


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Bibliografia
American Dance Therapy Association [ADTA], (2014). What is dance/movement therapy?. Retirado a 16 de junho de 2018 de https://adta.org/2014/11/08/what-is-dancemovement-
therapy/
Anastácio, C. C. & Furtado, J. P. (2012). Reabilitação Psicossocial e Recovery: conceitos e influências nos serviços oferecidos pelo Sistema de Saúde Mental. Cadernos Brasileiros de Saúde
Mental, 4 , 9, 72-83.
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