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N° XXX
G
E Trabalho de Conclusão de
Curso
Q DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA DE
AGITAÇÃO NA INDÚSTRIA DE SORVETES
Recife
2014
3
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço a minha família pelo suporte e apoio que sempre me foi
dado ao longo da minha jornada, a professora Lia Pinheiro pela orientação e paciência ao
longo desse trabalho e me ajudar no meu desenvolvimento profissional como engenheira
química, A meus supervisores Paulo José Silva e Tatiana Wanderley, ao Departamento de
engenharia e qualidade da Unilever por terem me auxiliado na busca e obtenção de
informações importantes para o meu trabalho. Ao João Villa e Armando Trindade, pela
disponibilidade e paciência em ajudar no meu trabalho, como também aos colegas,
funcionários e professores que me ajudaram na realização desse trabalho.
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RESUMO
Sorvete é um cristal de gelo, produzido a partir de uma mistura homogênea composta
de água (ou leite), (leite em pó), açúcares, gordura proveniente da manteiga e ou creme de
leite e ou gordura vegetal hidrogenada, aroma fruta ou suco de fruta, emulsificante, espessante
e “ar” sendo que deverá manter-se em suspensão durante e após o seu processo de
congelamento. Para que o sorvete seja preparado adequadamente, a etapa de agitação da
mistura é bastante crítica Ela tem como principal objetivo o de garantir que todos os
ingredientes estejam dissolvidos ou em suspensão, sem a formação de grumos de ingredientes
em pó ou de estabilizantes, bem como assegurar uma correta proporção dos mesmos. Nesse
trabalho serão feitas algumas análises de matérias-primas utilizadas na preparação de mistura
de modo a obter parâmetros suficientes para que seja proposto um sistema de agitação sólido-
líquido e em seguida, fazer uma comparação entre dois sistemas já existentes em uma
indústria de sorvete.
LISTA DE TABELAS
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Constituição do sorvete............................................................................................13
Figura 2 - Fluxograma do processo produtivo do sorvete........................................................16
Figura 3 - Esquema e dimensões padrão de um sistema de agitação de
líquidos......................................................................................................................................20
Figura 4 - Componentes em um sistema de agitação: a) radial, b) axial, c)
tangencial..................................................................................................................................21
Figura 5 - Esquema dos rotores tipo turbinas...........................................................................22
Figura 6 - Esquema dos rotores tipo pás...................................................................................23
Figura 7 - Esquemas de rotores específicos..............................................................................23
Figura 8 - Rotos do tipo naval...................................................................................................24
Figura 9 - Foto do fuso..............................................................................................................30
Figura 10 - Manuseio correto do viscosímetro para realização da medição.............................31
Figura 11 - Escala de medição do viscosímetro........................................................................32
Figura 12 - Método de cálculo da viscosidade..........................................................................32
Figura 13 - Configuração típica de um sistema de agitação.....................................................33
Figura 14 - Impelidor tipo pás inclinadas.................................................................................34
Figura 15 - Relação entre o número de Potência e o número de Reynolds para fluidos
newtonianos, pra diversos projetos de impelidores em tanques com chicanas........................37
Figura 16 - Projeto do agitador de baixa rotação......................................................................41
Figura 17 - Projeto do agitador de alta rotação.........................................................................43
Figura 18 - Dimensionamento do tanque de agitação...............................................................47
Figura 19 - Efeito do número de chicanas no consumo de energia para impelidores de fluxo
radial, axial e misto...................................................................................................................48
Figura 20 - Efeito do número de chicanas no tempo de mistura para impelidores de fluxo
radial, axial e misto...................................................................................................................49
Figura 21 - Efeito da densidade do sólido e tamanho da partícula na relação
D/T............................................................................................................................................52
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LISTA DE SÍMBOLOS
D Diâmetro do impelidor (m)
H Altura da mistura (m)
H’ Altura do tanque (m)
T Largura das chicanas (m)
C Distância do impelidor ao fundo do tanque (m)
W Largura das pás do impelidor (m)
B Largura das chicanas (m)
V Volume do tanque (m³)
S Fator de correção (adimensional)
νL Viscosidade cinemática do líquido (m²/s)
dp Diâmetro da partícula (m)
g Aceleração da gravidade (m/s²)
ρS Densidade dos sólidos (kg/m³)
ρL Densidade dos líquidos (kg/m³)
ϕv Fração de sólidos na suspensão (kg sólido/kg líquido)
U∞ Velocidade do fluido antes de entra em contato com a partícula (m/s)
µ Viscosidade do fluido (Pa.s)
CD Coeficiente de atrito (adimensional)
Re Número de Reynolds (adimensional)
UT Velocidade terminal (m/s)
N Rotação do impelidor (rps)
NJS Rotação mínima de suspensão (rps)
NPO Número de potência (adimensional)
Nq Número de bombeamento (adimensional)
QP Taxa de bombeamento (m³/s)
AV Área da seção transversal do vaso (m²)
VM Velocidade média do fluido no tanque (m/s)
P Potência consumida (W)
8
LISTA DE EQUAÇÕES
Equação 1: Rotação mínima de suspensão...............................................................................25
Equação 2: Dimensionamento de impelidor do tipo pás inclinadas 45°...................................35
Equação 3:Número de Reynolds para sistemas sólido-líquido.................................................36
Equação 4: Número de Reynolds para sistemas líquido/líquido...............................................36
Equação 5:Número de potência................................................................................................36
Equação 6: Velocidade média do fluido...................................................................................38
Equação 7: Taxa de bombeamento do fluido............................................................................38
Equação 8: Área de seção reta do vaso.....................................................................................38
Equaçaõ 9: Nível de agitação....................................................................................................38
Equação 10: Potência dissipada................................................................................................39
Equação 11: Volume do tanque................................................................................................39
Equação 12: Velocidade Terminal............................................................................................40
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ................................................................................. 12
2.1. DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DO SORVETE ................................................ 12
2.2. COMPOSIÇÃO E REOLOGIA DO SORVETE ....................................................... 13
2.3. PROCESSO DE FABRICAÇÃO DO SORVETE .................................................... 15
2.4. AGITAÇÃO E MISTURA ........................................................................................ 17
2.4.1. Conceitos iniciais .............................................................................................. 17
2.4.2. Agitação e mistura na indústria de alimentos ................................................ 18
2.4.3. Esquema geral de um tanque de agitação ...................................................... 19
2.4.4. Classificação dos agitadores ............................................................................ 20
2.4.4.1 Tipo de escoamento ................................................................................................. 21
2.4.4.2. Forma dos impelidores ........................................................................................... 22
2.4.5. Mistura Sólido/Líquido (Suspensão de sólidos) ............................................. 24
2.4.5.1. Aspectos mecânicos para suspensão de sólidos ................................................. 24
2.4.5.2. Interação sólido-líquido ..................................................................................... 25
2.4.5.3. Impelidores mais utilizados ................................................................................ 27
3. METODOLOGIA CIENTÍFICA .................................................................................. 27
3.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................. 27
3.2. VARIÁVEIS DE PROJETO ..................................................................................... 27
3.2.1. Determinação do diâmetro de partícula ......................................................... 27
3.2.1.1. Materiais e equipamentos utilizados .................................................................. 27
3.2.1.2. Experimento ........................................................................................................ 28
3.2.2. Determinação da densidade de sólidos ........................................................... 29
3.2.2.1. Materiais e equipamentos................................................................................... 29
3.2.2.2. Experimento ........................................................................................................ 29
3.2.3. Determinação da viscosidade dos fluidos ....................................................... 29
3.2.3.1. Materiais e equipamentos utilizados .................................................................. 30
3.2.3.2. Experimento ........................................................................................................ 30
3.2.4. Determinação da densidade de fluidos ........................................................... 32
3.2.4.1. Materiais e equipamentos utilizados .................................................................. 32
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1. INTRODUÇÃO
A história começa com os chineses, que misturavam neve com frutas fazendo uma
espécie de sorvete. Esta técnica foi passada aos árabes, que logo começaram a fazer caldas
geladas chamadas de sharbet, e que mais tarde se transformaram nos famosos sorvetes
franceses sem leite, os sorbets. O gelo era estocado em profundos poços construídos pelo
povo. No Brasil, o sorvete ficou conhecido em 1834, quando dois comerciantes cariocas
compraram 217 toneladas de gelo, vindas em um navio norte-americano, e começaram a
fabricar sorvetes com frutas brasileiras. Na época, não havia como conservar o sorvete gelado
e, por isso, tinha que ser tomado logo após o seu preparo (ABIS, 2014).
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1.DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DO SORVETE
O sorvete é uma excelente fonte de energia, devido principalmente ao seu alto conteúdo
de carboidratos e gordura. As proteínas do leite representam de 34 a 36% de seus sólidos não
gordurosos, e o sorvete contém elevada concentração de minerais e vitaminas, cujo conteúdo
dependerá, primariamente, da quantidade de sólidos do leite utilizados na formulação. A
constituição dividida em matriz ou corpo e identidade, pode ser visualizada na Figura 1
(SOUZA, 2010). A Figura 1 mostra a constituição básica do sorvete. Cada um desses
componentes tem seu papel na mistura, como apresentado na Tabela 1.
14
Segundo Tagliari (2011), a reologia pode ser definida como o estudo da deformação
da matéria ou ainda como o estado da mobilidade dos fluidos. As propriedades reológicas de
um fluido são baseadas em seu escoamento e na sua deformação quando submetidos a uma
tensão. Essas propriedades são estudadas, principalmente, por meio da medida da viscosidade.
A medição da viscosidade mostra resistência ao movimento (deformação) das várias camadas
paralelas de um fluido, movendo-se laminarmente com um gradiente de velocidade uniforme
de separação dessas camadas, quando sob ação de uma tensão de cisalhamento.
Segundo estudos realizados por Oliveira (2008) utilizando diversos tipos de sorvete, as
amostras apresentaram uma relação não linear entre a tensão de cisalhamento e a taxa de
deformação nas temperaturas de -2°C, 0°C e 2°C, caracterizando-se então como não-
newtonianos. Sorvetes com maior cremosidade apresentaram menores tensões de
cisalhamento. Já, ao fazer a comparação entre a viscosidade e as taxas de deformação, em
todos os casos ocorreu uma diminuição da viscosidade durante o aumento das taxas de
deformação. De um modo geral, os sorvetes tem sido classificados como pseudoplásticos, ou
seja, sua viscosidade diminui ao longo da taxa de deformação.
1. Preparo da mistura
2. homogeneização
3. Pasteurização
4. Adição de aromas/corantes
5. Maturação
6.Batimento/resfriamento/incorporação de ar
7. Envase
8. Endurecimento
9. Distribuição
No fluxograma apresentado na Figura 2, cada uma das etapas consiste dos seguintes
processos:
As diferentes operações de mistura podem ser caracterizadas pelos seus aspectos físicos e
químicos e se dividem em quatro grupos conforme a Tabela 2.
18
Característica
Tipo de aplicação Característica física
Química
Além desses objetivos principais descritos acima, existem alguns aspectos relativos a
esse ramo das indústrias que são diferentes em relação a outras aplicações industriais, como
por exemplo (FELLOWS, 2008):
1) Essa técnica é usada para desenvolver algumas características desejáveis nos produtos
(mais do que simplesmente homogeneizar);
2) Geralmente envolve ingredientes com propriedades físico-químicas e quantidades
diferentes;
19
Os critérios para que o processo de agitação tenha sido realizado com sucesso podem
ser definidos como uma aceitável qualidade de produto (em termos de propriedades
sensoriais, funcionalidade, homogeneização, etc.) seguida de segurança adequada, um design
higiênico, legalidade (padrões de composições de alguns alimentos), eficiência energética de
processo, e flexibilidades a mudanças no processo (FELLOWS, 2008).
Estas relações nem sempre podem ser as melhores para todos os tipos de processos
que acontecem no tanque. Em sistemas tipo líquido-gás a altura do líquido é da ordem de três
vezes o diâmetro do tanque.
Segundo Martini (2010), o agitador, impelidor, ou rotor é o elemento que fixo ao eixo, irá
impor movimento ao líquido contido no tanque. O motor transmite movimento ao eixo, que
faz com que o agitador rotacione. Existe uma infinidade de rotores, os quais existem algumas
divergências em suas classificações e descrições. Basicamente, eles podem ser distinguidos
em relação ao tipo de escoamento (Radial, axial e tangencial), formato (Pás, hélices, turbinas,
âncora) ou regime de mistura.
21
a) b) c)
O fluxo axial (Figura 4b) empurra a massa líquida para o fundo do tanque. Esse tipo
de agitação gera um menor consumo de energia e um bom nível de homogeneização ao longo
do tanque de mistura, acarretando em uma menor quantidade de zonas estagnadas,
principalmente com chicanas. Não agridem tanto o produto e são aplicados na maioria dos
processos agitados, como mistura de produtos líquidos, suspensão de sólidos e transferência
de calor.
O fluxo radial (Figura 4a) empurra o volume de líquido contra as paredes do tanque,
tendo como característica o alto consumo de energia, alto cisalhamento e, portanto, alta
capacidade dispersiva. Devido ao seu alto cisalhamento, impelidores com esse tipo de
componente predominante podem apresentar maior agressividade ao produto, dependendo de
22
Caso a concentração de sólidos for alta, o impelidor deve ser colocado mais próximo ao
fundo. O uso das chicanas por muitas vezes é evitado devido à possibilidade de incrustação do
sólido nessas paredes e em casos onde o material é explosivo esse fenômeno deve ser evitado.
A solução para esses exemplos é a utilização de um impelidor fora do centro geométrico do
tanque (excêntrico).
Tipo de Número de
C/T D/T S
impelidor Potência (Po)
1/5 1/3 5,7
negativos a mistura, especialmente se ela for bastante viscosa (CULLEN, 2009). Outro
problema em relação a incorporação de ar na mistura é uma possível contaminação da
mistura.
3. METODOLOGIA CIENTÍFICA
3.1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Para efeito de facilitação do cálculo, a mistura de sorvete foi considerada como fluido
newtoniano, cujo regime será calculado posteriormente através do número de Reynolds.
Dentre as várias misturas preparadas nos agitadores, foi escolhida a mistura mais crítica para
se basear no dimensionamento do sistema de agitação, ou seja, uma mistura que apresenta
muitas dificuldades na sua preparação. Baseada nessa mistura foram selecionados alguns
ingredientes para que sejam caracterizados e sejam obtidos dados para realização dos cálculos
de dimensionamento.
Material Quantidade
Matéria prima
Goma Aguar 100 g
Açúcar 100 g
Equipamentos
Conjunto de peneiras + fundo 7
Pincel 1
Balança analítica 1
3.2.1.2. Experimento
11) O diâmetro da partícula será definido como a média dos diâmetros das três matérias
primas encontrado.
Material Quantidade
Matérias primas
Goma Aguar 20 g
Soro de leite 20 g
Açúcar 20g
Equipamentos
Proveta de vidro 1
Balança analítica 1
3.2.2.2. Experimento
1) Realizar a pesagem das quantidades de cada matéria prima na balança analítica.
2) Utilizando a proveta, colocar um volume de água de 10 ml.
3) Adicionar a matéria prima na proveta e observar o novo volume na proveta. O volume
da matéria prima será a diferença entre esse novo volume e o volume da água.
4) Dividir a massa pesada na balança pelo seu volume para obtenção da densidade do
sólido.
5) Repetir essa análise cinco vezes, descartar a primeira e a última e utilizar a média das
três restantes como valor da densidade.
6) A densidade dos sólidos será considerada como a média das densidades para cada
matéria prima.
3.2.3. Determinação da viscosidade dos fluidos
30
A obtenção das viscosidades dos fluidos foi realizada através do contato com os
fornecedores de matéria prima parte através de análise experimental, que segue os
procedimentos padrões e análise da fábrica.
3.2.3.1. Materiais e equipamentos utilizados
Para determinação da viscosidade dos ingredientes líquidos utilizados na preparação
do sorvete, foram utilizados os materiais e equipamentos utilizados descritos na Tabela 6:
Material Quantidade
Matéria prima
Glucose 600 ml
Gordura de palma 600 ml
Açúcar invertido 600 ml
Equipamentos
Viscosímetro de Brookfield 1
Béquer de plástico 2
3.2.3.2. Experimento
1) Coletar 600 ml de cada fluido a ser utilizado em um béquer de plástico.
2) Rosquear o spindle (ou fuso) no viscosímetro.
3) Ligar o equipamento;
31
Figura 10 – Manuseio
correto do viscosímetro para
realização da medição.
11) A viscosidade total dos fluidos será a média das viscosidades para matéria prima
mencionada mais a viscosidade da água.
3.2.4. Determinação da densidade de fluidos
Para a determinação da densidade dos fluidos, foram utilizadas as mesmas matérias
primas usadas na determinação da viscosidade.
Material Quantidade
Matérias primas
Glucose 20 g
Açúcar invertido 20 g
Gordura de palma 20 g
Equipamentos
Proveta de vidro 1
Balança analítica 1
3.2.4.2. Experimento
1. Realizar a pesagem das quantidades de cada matéria prima na balança analítica.
2. Colocar a massa da matéria prima pesada na proveta e medir o volume.
3. Dividir a massa pesada na balança pelo seu volume para obtenção da densidade do
fluido.
4. Repetir essa análise cinco vezes, descartar a primeira e a última e utilizar a média das
três restantes como valor da densidade.
5. O valor da densidade dos fluidos será definida pela média entre as densidades
encontradas mais a densidade da água.
Fonte: Apostila de
Operações Unitárias 2,
UNICAMP.
35
Faixa de
Tipo de Rotação típica Utilização
viscosidade Potência (kW)
Impelidor (rpm) Principal
(Pa.s)
Naval <2 300 a 1750 0,2 a 2,25 Bombeamento
Suspensão de
Pás < 1000 20 a 150 0,75 375
sólidos
Transferência de
Turbina < 50 100 a 350 1 a 150
massa
Fonte: JUNIOR, 2012.
Segundo Paul (2004), o impelidor do tipo pás consiste em um centro com um número
par de lâminas que podem ser soldadas ou parafusadas e é mais leve do que uma hélice do
mesmo diâmetro. As pás podem ter qualquer angulação entre 10 e 90º da horizontal, mas o
ângulo mais comum é 45°. É considerado um impelidor de fluxo misto, pois apresenta tanto
componentes radiais e axiais.
𝐷
𝑊= (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 2)
5
∆𝜌 0,45
𝑆 {𝑣𝐿0,1 𝑑𝑃0,2 [𝑔 𝜌 ] (𝑋)0,13 }
𝐿
𝑁𝐽𝑆 = (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 1)
𝐷 0,85
𝑈∞ 𝜌𝑑𝑃
𝑅𝑒 = (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 3)
𝜇
Onde U∞ é a velocidade do fluido antes do contato com a partícula (m/s), ρ é a
densidade do fluido (kg/m³), dp o diâmetro da partícula (m) e µ a viscosidade do fluido (Pa.s).
Porém, como a velocidade presente na fórmula não pode ser facilmente obtida, será utilizada
nesse trabalho a fórmula tradicional para cálculo do número de Reynolds, mostrada na
Equação 4 (TERRON, 2012) :
𝐷2 𝑁𝜌
𝑅𝑒 = (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 4)
𝜇
𝑎 𝑏
𝑃 𝜌𝑁𝐷2 𝑁²𝐷 𝑇 𝑐 𝐶 𝑑 𝑍 𝑒
𝑁𝑃𝑂 = = 𝐾( ) ( ) ( ) ( ) ( ) … (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 5)
𝜌𝑁 3 𝐷5 𝜇 𝑔 𝐷 𝐷 𝐷
37
agitação. Através de experimentos utilizando impelidores do tipo pás inclinadas, a escala foi
construída baseada na velocidade média do fluido, dada pela Equação 6 (BARBOSA, 2004):
𝑄𝑃
𝑉𝑀 = (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 6)
𝐴𝑉
Valores de Nq
Tipo de impelidor
0,4 a 0,6
Naval
0,7
Pás retas
0,79
Pás inclinadas (4° a 45°)
0,72
Rushton
Fonte: JÚNIOR, 2012.
𝑄𝑃 = 𝑁𝑞 𝑁𝐷3 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 7)
𝜋𝐷2
𝐴𝑉 = (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 8)
4
𝑁𝐴 = 32,8 × 𝑉𝑀 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 9)
E finalmente, calculado o valor do nível de agitação, a escala de agitação pode ser obtida
através da Tabela 10.
39
𝑃 = 𝑁𝑃 𝜌𝑁 3 𝐷5 (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 10)
𝜋𝐷2
𝑉= × 𝐻′ (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 11)
4
40
Através da divisão da potência pelo volume do tanque, pode-se obter o nível ou grau
de agitação do agitador de acordo com a Tabela 11:
4𝑑𝑃 𝑔(𝜌𝑃 − 𝜌𝑓 )
𝑈𝑇 = √ (𝐸𝑞𝑢𝑎çã𝑜 12)
3𝐶𝐷 𝜌𝑓
Valor de CD
Tipo de escoamento
10
Intermediário (0,4 < Re < 500) 𝐶𝐷 =
√𝑅𝑒
DADOS DO IMPELIDOR
DADOS DO TANQUE
Diâmetro interno 2m
DADOS DE PROJETO
Viscosidade 800 cp
ESPECIFICAÇÕES DO MOTOREDUTOR
Potência 7,5 kW
DADOS DO IMPELIDOR
3 impelidores: 1 tipo Cowles, 1 tipo pás inclinadas com 3 Lâminas e 1 tipo hélice com 3
lâminas.
DADOS DO TANQUE
Diâmetro interno 2m
DADOS DE PROJETO
Temperatura de trabalho 45 a 85 °C
Viscosidade 1200 cp
ESPECIFICAÇÕES DO MOTOREDUTOR
Potência 50 cv
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. VARIÁVEIS DE PROJETO
4.1.1. Determinação dos dados de ingredientes sólidos
maior frequência de retenção seria equivalente ao seu diâmetro. Foram obtidos os seguintes
resultados mostrados na Tabela 15:
Açúcar 0,833
Média 0,478
Açúcar 1587,020
Média 1540,730
46
Assim como os ingredientes sólidos, existem vários ingredientes na forma líquida que
são utilizados na fabricação do sorvete. Então, para realização do dimensionamento do
sistema era importante à obtenção da viscosidade e densidade dos líquidos. Apesar da
proposta da realização de ensaios para coleta desses dados, os mesmos foram conseguidos
com os fornecedores das matérias-primas e estão discriminados nas Tabelas 17 e 18:
Glucose 17,000000
Água 0,000434
Média 5,305000
Glucose 1430,00
Água 1000,000
Média 1174,370
4 chicanas a 90°
Fluxo Radial
Fluxo Misto
Fluxo Axial
Número de Chicanas
Fluxo Radial
Fluxo Misto
Tempo de Mistura
Fluxo Axial
Número de Chicanas
O impelidor tipo pás confere um fluxo axial ao fluido que esta sendo agitado, que é
importante para manter os sólidos suspensos na mistura. Quando as pás do impelidor são
inclinadas, ocorre a geração de componentes radiais no processo de agitação que geram
turbulência e geram alta quantidade de cisalhamento, consequentemente ajudando a dissolver
e dispersar os ingredientes sólidos na mistura. Porém, esse tipo de componente gera um
aumento maior de consumo de energia.
Observando a Equação 1, é perceptível que existem algumas variáveis que não tem
tanta influência no cálculo de NJS como por exemplo a viscosidade, concentração de sólidos e
diâmetro da partícula. Porém, seu valor depende muito mais das densidades dos sólidos e dos
fluidos, do diâmetro do impelidor e do número adimensional S. Esse número adimensional é
totalmente dependente das características específicas do impelidor, ou seja, é necessário
51
coletar dados em laboratório para o cálculo de NJS. A Tabela 3 mostra os diferentes valores de
S de acordo com o tipo de impelidor e das diferentes relações entre o impelidor e o fundo do
tanque e entre o diâmetro do impelidor e o do tanque. As condições para obtenção dos dados
da tabela foram a relação de H/T = 1, com tanque apresentando 4 chicanas e fundo achatado.
A diferença de densidade entre os sólidos e o líquido é a propriedade com maior influência no
cálculo de NJS, pois reflete o efeito da velocidade terminal das partículas. Estudos recentes
mostram que o uso dessa equação não é muito confiável para valores de sólidos abaixo de 2%
e maiores que 15% (PAUL et al, 2004).
Essa grande influência de S pode ser comprovada através da tabela 20, cuja grande
diferença de valores de S entre as relações D/T geraram valores de rotação mínimos muito
distintos. O impelidor que possui o maior diâmetro foi o que obteve menor valor de NJS.
Júnior (2012), quanto maior o tamanho do impelidor, menor deverá ser a potência requerida
para apresentar a mesma eficiência. Na prática, a melhor relação D/T é obtida
experimentalmente. Porém, utilizando a densidade dos sólidos e seu diâmetro, é possível
obter esse valor através do gráfico da Figura 21 uma relação ideal de D/T (JÚNIOR, 2012).
Para a proposta apresentada, com a densidade = 1,54 g/cm³ , encontra-se uma relação de T/D
de 2,9. Utilizando o diâmetro de partícula de aproximadamente 40 mesh, o valor é igual a 3,4.
O valor a ser utilizado então é a média entre eles, que é igual a 3,15. Invertendo esse valor, a
relação ideal D/T para situação proposta é de 0,31.
52
Parâmetro Valor
tem-se regime laminar de escoamento. Para ambos o casos estudados de diferentes relações
D/T somados as condições da mistura propostas, nenhum dos dois casos é capaz de chegar ao
regime escoamento turbulento, devido ao baixo número de Reynolds. Ambos os números de
Reynolds calculados, o regime de escoamento se mostrou laminar. Essas características
diferentes de fluxo possuem implicações importantes para a transferência de calor e operações
de mistura; o fluxo turbulento produz uma camada limite mais fina, que permite taxas maiores
de transferência de calor. Nesse tipo de fluxo as partículas do fluido se movimentam em todas
as direções, e os sólidos são mantidos em suspensão mais facilmente, reduzindo a formação
de depósitos no tanque. Apesar disso, esse tipo de fluxo causa perdas maiores por fricção que
o fluxo laminar e, portanto, requer maior energia das bombas (FELLOWS, 2008). Quando o
fluxo de escoamento é laminar, as partículas de um fluido movem-se ao longo de trajetórias
bem definidas, apresentando lâminas ou camadas e a viscosidade age no fluido no sentido de
amortecer a tendência de surgimento da turbulência (RODRIGUES).
Baseado no resultado no cálculo do número de Reynolds pode-se afirmar que nenhum
dos sistemas consegue atingir a turbulência necessária do processo, pois esse tipo de
escoamento evita a deposição de sólidos no fundo do tanque, bem como garante a
homogeneização e maior cisalhamento e dissolução das partículas.
Parâmetro Valor
D/T=1/2 1,0
Número de Potência
(NPO)
D/T=1/4 1,0
54
geração de turbulência na mistura, para evitar a sedimentação dos sólidos e aumentar sua
homogeneidade e dissolução dos ingredientes.
Parâmetro Valor
Caso a altura do tanque necessária para instalar os 2 impelidores for muito grande,
analisar então o melhor diâmetro do impelidor para a situação como no caso proposto, pois
para o diâmetro do impelidor igual a 1,25 haveria um impedimento para a utilização do valor
58
máximo de distância entre os impelidores, visto que a altura do líquido é de 2,5 m, podendo
acarretar em um mal posicionamento dos agitadores.
O novo número de potência pode ser calculado através da multiplicação do número de
potência para um agitador pelo número de agitador. Como nesse caso especificamente o
número de potência é igual nos dois casos, o novo número de potência seria igual a 2
indicando um maior consumo de energia, visto que o número de potência está intimamente
ligado com isso. Consequentemente, esse gasto a mais de energia gera a necessidade de
avaliar se o motor utilizado para fornecer a energia para o sistema é suficiente para atender a
demanda energética.
5. CONCLUSÕES
Através das análises feitas baseadas nos cálculos de dimensionamento, pode-se
concluir que o sistema proposto com apenas um impelidor do tipo pás inclinadas com um
tanque com 4 chicanas não se mostrou eficiente para manter os ingredientes sólidos em
suspensão e consequentemente homogeneizar suficientemente a mistura do sorvete. Isso pode
ser constatado devido ao baixo número de Reynolds em ambos os casos, aos cálculos de
níveis de agitação que demonstraram agitações no geral fracas, e ao valor da velocidade
terminal que indica sedimentação dos ingredientes. Como sugestão para que o sistema se
torne eficiente para preparar adequadamente essa mistura é a adição de mais impelidores,
reavaliando parâmetros como seu consumo de energia, eficiência do motor e adequando a um
modelo de tanque que consiga conter os impelidores com a distância correta entre eles.
Também foi observada a influência da relação entre o diâmetro do impelidor e o
diâmetro do tanque, onde para o sistema com maior diâmetro de impelidor seus resultados
apesar de ineficientes, foram melhor do que com um diâmetro de impelidor menor. Seu
consumo de energia foi menor, apresentou um maior número de Reynolds e nível de agitação.
Através das especificações apresentadas no trabalho pode-se afirmar que o sistema de
alta rotação é mais eficiente do que o sistema de baixa rotação, pois além de impor maior
agitação ao sistema, possui impelidores que desempenham funções cruciais para garantir uma
boa mistura de sorvete: A hélice bombeia a mistura e garante a distribuição homogênea dos
ingredientes, a pá inclinada evita a sedimentação dos ingredientes na superfície e o tipo
cowles garante a dissolução adequada dos ingredientes sólidos.
Atualmente, programas como o CFD vêm sido utilizado para realizar os cálculos e
análises apresentadas no trabalho de forma muito mais rápida e eficaz. Porém, a teoria por
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detrás da operação unitária da agitação ainda precisa ser bastante estudada para que seus
cálculos de tornem mais precisos e confiáveis.
6. REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS
1. ABIS – Associação brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes; Disponível em:
http://www.abis.com.br/institucional_historia.html, último acesso: 27/04/2014;
14. MCCABE, W. L.; SMITH, J. C.; HARRIOTT, P.; Unit Operations Of Chemical
Engineering, fifth edition, 1993.
15. MYERS, K. J.; REEDER, M. F.; FASANO, J. B.; Optimize Mixing by Using the
Proper Baffles, CEP Magazine, p. 42-47, 2002, disponível em:
http://people.clarkson.edu/~wwilcox/Design/mixopt.pdf, acessado em 20/07/2014.
17. PAUL, Edward L.; ATIEMO-OBENG, Victor A.; KRESTA, Suzanne M. Handbook
of Industrial Mixing, 1 ed, John Wiley & Sons, Inc., 2004.