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Tabelionato Figueiredo

Ivanildo de Figueiredo Andrade de Oliveira Filho


República Federativa do Brasil Tabelião Público
Professor da Faculdade de Direito do Recife - UFPE
ESTADO DE PERNAMBUCO
8º OFÍCIO DE NOTAS DO RECIFE

MANUAL DE INVENTÁRIO E PARTILHA


EXTRAJUDICIAL

Índice

1 - Apresentação;

2 - Instrumentos para realização do inventário extrajudicial;

3 - Assistência do advogado;

4 - Documentos para comprovação de propriedade;

5 - Imposto de transferência causa mortis;

6 - Aceitação e renúncia de herança;

7 - Cessão de direitos hereditários;

8 - Representação;

9 - Etapas para lavratura de inventário extrajudicial;

10 - Custo;

11 - Registro;

12 - Legislação específica;
Tabelionato Figueiredo
Manual de Inventário e Partilha Extrajudicial

1 - Apresentação

Com a morte da pessoa natural, surgem inúmeras dúvidas a respeito dos


trâmites legais a serem seguidos para partilha de bens entre os herdeiros e liquidação
de dívidas deixadas pelo falecido. O que fazer em um momento como esse? A partir do
falecimento do indivíduo, diz-se que está "aberta a sucessão", isto é, o administrador
provisório - aquele que está em posse e na administração dos bens do inventário - ou
as outras pessoas legitimadas pelo Art. 617 do Código de Processo Civil de 2015,
podem - e devem - requerer a abertura do inventário do falecido. Esse requerimento
deve ocorrer dentro de 60 (sessenta) dias, a contar da abertura da sucessão. Caso
contrário, haverá a possibilidade de cobrança de multa fiscal.

Portanto, em que consiste o inventário? Inventário é a descrição enumerada,


registrada, detalhada e minuciosa do patrimônio, dos bens e das coisas deixadas pela
pessoa falecida, para que se possa proceder à liquidação dos bens e à partilha do
acervo hereditário entre seus herdeiros e sucessores. Através do inventário, portanto,
faz-se a identificação dos sucessores, da herança, das eventuais dívidas e das
obrigações deixadas pelo falecido, para futura partilha ou adjudicação do resultado aos
herdeiros.

Com o surgimento da Lei 11.441, de 2007, tornou-se facultativo o inventário


judicial, havendo a possibilidade do inventário ser extrajudicial, isto é, extinguiu-se a
obrigatoriedade da intervenção do juiz, desde que observados os requisitos legais, os
quais serão explicitados ao longo deste sintético guia. Portanto, possibilita-se a
realização do inventário por Escritura Pública, de forma que pode ser feito em
Tabelionato de Notas.

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2 – Características e requisitos do inventário extrajudicial

Para realizar-se um inventário extrajudicial são necessários o preenchimento de


requisitos e a apresentação de documentos específicos, que atestem a condição de
herdeiros e identifique os bens integrantes do espólio.

2.1) Requisitos para a realização de um inventário extrajudicial:

a) Todos os herdeiros devem ser capazes;

A capacidade aqui referida é a capacidade de exercício, isto é, a aptidão para


praticar pessoalmente os atos da vida civil, exercendo seus direitos, praticando atos
jurídicos. Essa capacidade deve ser verificada no momento da assinatura da escritura,
da celebração do negócio jurídico.

Aqueles que não possuem capacidade de exercício - quer por limitações


orgânicas ou psicológicas -, são considerados "incapazes". Existindo herdeiro incapaz,
é vedada a utilização do inventário extrajudicial, sendo obrigatório o inventário ser
judicial.

b) Deve haver uma concordância de todos quanto à divisão dos bens


inventariados;

Caso haja litígio, conflito quanto à divisão dos bens inventariados, existirá a
necessidade de se passar para as vias judiciais.

c) O falecido não pode ter deixado testamento;

Antes de considerar tal requisito, devemos nos questionar: o que seria um


testamento? É um ato personalíssimo, unilateral, solene e revogável (pode ser
revogado por outro testamento) pelo qual alguém dispõe no todo ou em parte de seu
patrimônio para depois de sua morte. Em caso de existência de testamento, a utilização
da via judicial é obrigatória, segundo o art. 610 do Código de Processo Civil.

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Havendo testamento, efetua-se a sua abertura e seu cumprimento, conforme a


forma de testamento deixada pelo falecido. O testamento pode ser ordinário (cujas
subdivisões são: público, particular e cerrado) ou especial - que são criados tendo em
vista situações de emergência e são provisórios (cujas subdivisões são: militar,
marítimo ou aeronáutico).
Em caso de testamento cerrado, público ou especial, após a morte do testador, o
testamento deve ser apresentado ao juiz que o mandará registrar, arquivar e cumprir,
caso não haja vício externo que o torne suspeito de nulidade ou falsidade (CPC de 205,
arts. 735 a 737).

Existe uma exceção, contudo, à essa regra da existência de testamento: a


utilização da via extrajudicial será possível caso o testamento deixado pelo falecido não
possua conteúdo patrimonial (ex: testamento que reconhece um filho ou perdoa o
indigno).

d) Presença obrigatória de advogado.

As partes devem estar assistidas por advogado comum ou advogados de cada


uma delas ou defensor público, cuja qualificação e assinatura constarão do ato notarial.
Estas assinaturas, vale ressaltar, são imprescindíveis para a validação do negócio
jurídico, pois é solenidade essencial. Quando ausente, gera a nulidade absoluta do
negócio jurídico.

Além do exposto, cabe a realização de outras ressalvas:

- O inventário e partilha não são atos do tabelião, mas sim dos próprios herdeiros e
interessados. Diferentemente do juiz, que processa o inventário, profere a sentença e
decide sobre a partilha, o tabelião não decide sobre o inventário e a partilha, apenas
verifica o cumprimento das exigências legais, qualifica e formaliza juridicamente a
vontade das partes.

- Existe a possibilidade, vale ressaltar, de livre escolha do Tabelião de Notas para


abertura do inventário, independentemente de sua localização, bem como do domicílio
do falecido ou da localização dos bens a serem inventariados. Portanto, em qualquer

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caso de inventário extrajudicial, sempre será possível que o mesmo seja realizado no
Tabelionato de Notas.

- Finalmente, tratando-se de bens imóveis que permanecem em nome do falecido, o


inventário extrajudicial, por si, não realiza a transferência do bem: ainda se faz
necessário regularizar a situação perante o Registro de Imóveis.

2.2) Documentos a serem apresentados:

a) Certidão de óbito do autor da herança;


b) Documento de identidade oficial e CPF das partes e do autor da herança;
c) Certidão comprobatória do vínculo de parentesco dos herdeiros;
d) Certidão de casamento do cônjuge sobrevivente e dos herdeiros casados e pacto
antenupcial registrado, se houver;
e) Certidão de propriedade de bens imóveis (fornecidas pelo Cartório de Registro de
Imóveis das Comarcas onde estiverem localizadas os bens) e direitos a eles
relativos;
f) Documentos necessários à comprovação da titularidade dos bens móveis, direitos e
ações, inclusive de cotas em empresas e aqueles trazidos à colação pelos herdeiros,
se houver;
g) Certidão Negativa de Tributos em nome do Espólio (Municipal, Estadual e Federal);
h) Certidão de situação de Ocupação/Aforamento (caso o espólio possua bens
imóveis).

É possível a emissão das Certidões através da Internet no seguintes sites:

http://www.receita.fazenda.gov.br (Tributos Federais)


http://efisco.sefaz.pe.gov.br (Tributos Estaduais - Pernambuco)
http://www.recife.pe.gov.br (Imóveis – IPTU – Recife)
http://www.spu.planejamento.gov.br (Certidão de situação de Ocupação/Aforamento –
Imóveis).

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i) Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) se houver imóvel rural a ser


partilhado; A obtenção da CCIR é possível através do site do INCRA, vide o passo a
passo:

1) www.incra.gov.br >>> 2) "Serviços" >>> 3) CCIR >>> 4) "Clique aqui para a emissão
de Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR)"

j) Certidão Negativa de inexistência de testamento, onde houver Cartório específico de


registro, o que poderá ser suprido por declaração das partes no corpo da Escritura;

k) Procuração com poderes específicos para os interessados que não puderem


comparecer pessoalmente ao Tabelionato de Notas;

Além do exposto, cabe a realização de outra ressalva: conforme o Art. 23 da


Resolução 35/2007 do CNJ, "Os documentos apresentados no ato da lavratura da
escritura devem ser originais ou em cópias autenticadas, salvo as identidades das
partes, que sempre serão originais".

3 - Assistência do advogado

A presença do advogado ou defensor público é requisito indispensável à


realização do inventário extrajudicial, sendo exigido que na lavratura das escrituras
constem seus respectivos nomes e registros na OAB.

O tabelião não pode indicar advogados, assim como não pode manter
advogados de plantão no tabelionato à espera de inventários. Ao cidadão que não
possui condições financeiras de constituir procurador, deve ser indicada a Defensoria
Pública ou em último caso, a Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil.

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As partes podem ser representadas por um único advogado ou cada uma delas
pode ser acompanhada por seu próprio representante. Caso haja algum herdeiro que
seja advogado, este pode atuar em causa própria.

Não há a exigência do instrumento de procuração, sendo necessário apenas que


todos os advogados firmem a escritura. Porém, em caso de procuração para que o
herdeiro seja representado no inventário, esta deve ser realizada através de escritura
pública com poderes especiais. Se não realizado desta forma, algum interessado pode
sugerir a nulidade do ato por vias judiciais, comprovando em juízo a ausência do
instrumento processual.

4 - Documentos para comprovação de propriedade

Os documentos necessários à comprovação da titularidade dos bens devem ser


apresentados no ato de lavratura da escritura, na forma original ou em forma de cópia
autenticada.

Para os bens imóveis se faz necessário apresentar certidão de propriedade e


direitos a eles relativos.

Em caso de imóveis urbanos, são necessários os seguintes documentos:

a) Certidão de ônus expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis;

b) Cadastro Imobiliário na Prefeitura ou carnê de IPTU;

c) Certidão negativa de tributos municipais incidentes sobre imóveis;

d) Declaração de quitação de débitos condominiais;

Em caso de imóveis rurais, são necessários os seguintes documentos:

a) Certidão de ônus expedida pelo Cartório de Registro de Imóveis;

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b) Cópia autenticada da declaração de ITR dos últimos 5 (cinco) anos ou Certidão


Negativa de Débitos de Imóvel Rural emitida pela Secretaria da Receita Federal –
Ministério da Fazenda;

c) CCIR – Certificado de Cadastro de Imóvel Rural expedido pelo INCRA;

Para os bens móveis, documentos necessários à comprovação da titularidade, se


houver, serão:

- Documento de veículos, extratos bancários, certidão da junta comercial ou do cartório


de registro civil de pessoas jurídicas, notas fiscais de bens, jóias e outros.

Com a assinatura da escritura, são produzidos automaticamente os efeitos do


inventário, independentemente de homologação judicial. Portanto, para realizar a
transferência dos bens para o nome dos herdeiros é necessário apresentar a escritura
do inventário para registro, nos respectivos locais competentes, a depender dos tipos
de bens. Por exemplo: Cartório de Registro de Imóveis (bens imóveis), no DETRAN
(veículos), no Cartório de Registro Civil de Pessoas Jurídicas ou na Junta Comercial
(sociedades), nos Bancos (contas bancárias).

5 - Imposto de transmissão causa mortis

O ITCMD (Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação de quaisquer


Bens ou Direitos) ou ICD, como é denominado em Pernambuco, é um Imposto Estadual
devido por toda pessoa física ou jurídica que receber bens (móveis ou imóveis) ou
direitos como herança (em virtude da morte do antigo proprietário) ou como doação.

Compete ao Senado Federal estabelecer as alíquotas máximas do ICD


(Constituição Federal, art. 155). Por meio da Resolução nº 9/1992, o Senado fixou em
8% (oito por cento) a alíquota máxima do tributo.

Quando a transmissão é de bens imóveis e respectivos direitos, o ICD compete


ao Estado da situação do bem ou ao Distrito Federal. Assim, se um imóvel está
localizado em Pernambuco e tem sua propriedade transferida em virtude de sucessão
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causa mortis, não importa onde foi processado o inventário ou arrolamento ou onde
estão domiciliados doador e donatário, o ICD pertencerá ao Estado de Pernambuco.

Quando a transmissão, decorrente de sucessão causa mortis, é de bens móveis,


títulos e créditos, o ICD compete ao Estado (ou Distrito Federal) em que se processar o
inventário ou arrolamento. Se alguém falece e tem seu inventário processado em São
Paulo, a este Estado caberá o ICD, mesmo que relativo a bens móveis localizados em
Pernambuco.

Segundo o art. 35 do Código Tributário Nacional, nas transmissões causa mortis


ocorrem tantos fatos geradores distintos quantos sejam os herdeiros, isto é, cada
herdeiro deverá recolher o ICD. A base de cálculo da alíquota será o valor de mercado
dos bens ou direitos objeto da transmissão. Esse valor será levantado segundo
estimativa fiscal realizada pelo Auditor Fiscal do Tesouro Estadual.

Para pagar o ICD no Recife, em Jaboatão dos Guararapes ou em Olinda, o


contribuinte deverá formalizar o pedido de lançamento do ICD através do
preenchimento de formulário próprio que deverá ser entregue na Unidade de Controle
do ICD/UICD, localizada na Av. Dantas Barreto, nº 1186, 16º andar, Bairro São José,
Recife, CEP 50020-904.

As alíquotas do ICD são fixadas livremente pelos Estados, respeitando o limite


máximo de 8% (oito por cento) fixado pelo Senado Federal. Em Pernambuco, nos
casos de transmissão causa mortis a alíquota será aquela vigente na data do óbito:

Data do óbito Alíquota


Até 1982 2%
De 1983 até 1996 4%
De 1997 a 2000 Tabela Progressiva
De 2001 em diante 5%

Tabela progressiva (aplicável de 1997 a 2000):


Valor total dos bens Parentesco
1º grau 2º e 3º graus
Até R$ 16.650,00 4% 6%
De R$ 16.651,00 a R$ 82350,00 6% 8%
Maior que R$ 82.351, 00 8% 8%
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A partir da Lei 15.601, de 30/09/2015, as alíquotas do ICD em Pernambuco passaram a


ser as seguintes:

Valor do quinhão ou da doação Alíquota do ICD


até R$ 200.000,00 2%
acima de R$ 200.000,00 até R$ 300.000,00 4%
acima de R$ 300.000,00 até R$ 400.000,00 6%
acima de R$ 400.000,00 8%

O imposto poderá ser pago à vista com uma redução de 10% (dez por cento)
sobre o valor imposto, ou poderá ser parcelado em até 06 (seis) parcelas, sem direito a
desconto. Se o contribuinte dentro do prazo de recolhimento do tributo (30 dias da
ciência da notificação de lançamento do ITCMD), não efetuar o pagamento, o crédito
tributário será inscrito na Dívida Ativa do Estado acrescido de uma multa de 5% (cinco
por cento).

Nos casos de inventário ou arrolamento que não for aberto dentro do prazo de
60 (sessenta dias) do óbito, o imposto será calculado com acréscimo de multa
equivalente a 1% (um por cento) do valor do imposto.

6 - Aceitação e renúncia de herança

Determina a lei que, aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao


herdeiro, a partir da abertura da sucessão. Caso o herdeiro renuncie à herança, não
ocorre a transmissão (Código Civil, art. 1804).

A aceitação da herança é o ato pelo qual o herdeiro confirma seu desejo de


receber a herança, sem que seja necessária a concordância de terceiros. Mesmo
havendo a transmissão aos herdeiros no momento em que ocorreu o falecimento e a
abertura da sucessão, faz-se precisa a aceitação, que funciona como mera
confirmação. Antes da aceitação existe uma situação provisória na qual ainda é

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possível que ocorra a recusa, já que o herdeiro não é obrigado a aceitar a herança. De
acordo com o Art. 1808 do Código Civil, não é possível a aceitação ou renúncia parcial
do quinhão.

São consideradas possíveis duas formas de aceitação:

a) Expressa: é aquela que se faz por declaração escrita, podendo o escrito


ser público ou particular. Não sendo possível a aceitação verbal.
b) Tácita: é aquela pela qual o herdeiro pratica atos que indicam a aceitação.
Em síntese, atos definitivos de administração do espólio ou dos bens do
falecido. Como, por exemplo, o pagamento dos tributos do imóvel e a
contratação de funcionários para a conservação. Atos oficiosos, como o
funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e
guarda provisória não se caracterizam como aceitação tácita (Código Civil,
art. 1805). São apenas simples favores à pessoa do morto e aos herdeiros
ou soluções de problemas urgentes.

A aceitação é dada como presumida caso o herdeiro não se manifeste,


permaneça em silêncio. Nesses termos, o interessado na declaração de aceitação do
herdeiro poderá, vinte dias após aberta a sucessão, requerer ao juiz prazo de até trinta
dias para o herdeiro se pronunciar.

Conforme consta no Art. 1809 do Código Civil, caso o herdeiro faleça antes de
ter aceitado a herança expressa ou tacitamente, direito de aceitar a herança se
transfere aos seus herdeiros.

Se aceita a herança por um dos herdeiros e recusada por outro, o quinhão


recusado volta ao monte e se partilha entre os demais herdeiros que aceitaram a
herança.

Na renúncia, ato pelo qual o herdeiro recusa a herança, não é criado qualquer
direito ao renunciante, pois se considera que ele nunca foi herdeiro. A renúncia à
herança não pode ocorrer antes da abertura da sucessão, isto é, antes da morte de seu
autor.

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Os efeitos da renúncia são retroativos à data de abertura da sucessão. Os


herdeiros do renunciante, portanto, não herdam por representação, porque a renúncia
significa que o renunciante nunca foi herdeiro. Como decorrência lógica, não se pode
transmitir algo que nunca se teve primeiramente.

São considerados dois tipos de renúncia:

a) Abdicativa: quando o declarante simplesmente diz que não aceita a


herança, que será devolvida ao monte hereditário, visando à partilha entre
os demais herdeiros.
b) Translativa: quando o herdeiro recebe a herança e a transfere a certa
pessoa. Também chamada de renúncia in favorem, necessita da
aceitação prévia da herança para que depois haja a transferência, por isso
não é considerada uma renúncia, mas sim uma cessão de direitos, que
será explicada no próximo tópico.

A grande diferença entre os dois tipos de renúncia é que se realmente for


abdicativa, haverá apenas a incidência do ICD (Imposto de Transmissão Causa Mortis
e Doação), sem que seja necessária a incidência de impostos inter vivos. O que não
quer dizer que o herdeiro renunciante terá que pagar algum imposto quando fizer a
renúncia, quem pagará o ICD será os outros herdeiros. O herdeiro renunciante não
pagará nada, pois é tratado como se herdeiro não fosse.

Para renunciar à herança, o declarante deve fazê-lo por escritura pública ou


termo judicial, sendo nula a renúncia por instrumento particular (Código Civil, Art. 1806).
A lei não permite a renúncia tácita, mas apenas a expressa.

Caso o herdeiro prejudique os seus credores, renunciando à herança, eles


poderão, com autorização judicial, aceitar a herança em nome do renunciante. O
credor, no entanto, não se torna herdeiro ou representante do herdeiro, pois após
pagas as dívidas, o remanescente não pertencerá ao credor nem ao renunciante. A
habilitação dos credores no inventário deve ser feita no prazo de 30 (trinta) dias
seguintes ao conhecimento da renúncia.

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Entende-se que a renúncia da herança necessita, para sua validade, da


concordância do cônjuge de bens, exceto se o casamento se der sob o regime da
separação absoluta (Resolução nº 35/2007 do CNJ, art. 17).

Tanto a renúncia quanto a aceitação da herança são irrevogáveis, salvo em


casos de vícios do consentimento, como a coação, a violência, o dolo e o erro (Código
Civil, art. 1812). Não se pode aceitar ou renunciar a herança sob condição ou termo,
isto é, os efeitos da aceitação e da renúncia não poderão estar subordinados a um
evento futuro, seja incerto (condição) ou certo (termo) (Código Civil, art. 1808).

7 - Cessão de direitos hereditários

O herdeiro pode, se assim desejar, ceder a sua herança total ou parcialmente.


Cessão não é renúncia. Na renúncia, é como se o herdeiro não tivesse recebido a
herança, ele recusa a herança, abre mão da herança. Já na cessão, o herdeiro
transfere a herança que recebeu a uma outra pessoa (um beneficiário).

Essa cessão pode ser gratuita, ou seja, o herdeiro vai ceder os direitos
hereditários para o beneficiário sem receber nada em troca, e pode ser onerosa, o
herdeiro pode negociar com outras pessoas os seus direitos hereditários. Ele pode
“vender” os seus direitos hereditários, pode ceder esses direitos em troca de dinheiro,
algum bem ou algum valor. O herdeiro pode alienar esses direitos, pode negociá-los
com outrem.

Se a cessão for gratuita, o herdeiro pode ceder os direitos hereditários para


qualquer pessoa. Agora, se a cessão for onerosa, ele primeiro terá que oferecer a
cessão aos outros herdeiros com o mesmo preço e com iguais condições de
pagamento (este é o direito de preferência). Somente se nenhum dos outros herdeiros
aceitar as condições oferecidas pelo herdeiro cedente (aquele que quer ceder o seu
quinhão) é que ele vai poder oferecê-la a outra pessoa que seja estranha à sucessão
(Código Civil, art. 1.794). Ou seja, somente se nenhum dos herdeiros quiser a cessão
nas condições oferecidas, é que o herdeiro cedente poderá oferecer para alguém que
não seja herdeiro.
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Em relação aos impostos a serem pagos, na cessão existe uma dupla tributação:
um tributo vai incidir na transmissão que se deu do “de cujus” para o herdeiro (Imposto
causa mortis) e outro tributo vai incidir na cessão dos direitos sucessórios do herdeiro
para o terceiro (Imposto inter vivos). Se a cessão foi gratuita, incidirá duas vezes o ICD
(Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação), pois a primeira incidência do ICD é
por causa da transmissão causa mortis (do de cujus para o herdeiro) e a segunda
incidência é por causa da cessão que, por ter sido gratuita, será considerada uma
doação. Agora, se a cessão for onerosa, irá incidir o ICD por causa da transmissão
causa mortis e depois irá incidir o ITBI (Imposto sobre Transmissão inter vivos de bens
imóveis e Direitos a ele relativos) por causa da transferência onerosa dos direitos
hereditários do herdeiro para o terceiro.

Caso o herdeiro não ofereça o seu quinhão aos demais e aliene diretamente os
seus direitos sucessórios a um estranho à sucessão, sem, portanto, respeitar o direito
de preferência, qualquer dos herdeiros pode, no prazo de 180 dias, depositar o valor e
ter para si a herança cedida. Caso mais de um herdeiro esteja interessado na herança
cedida, o quinhão hereditário vai ser dividido entre eles, na proporção das respectivas
quotas hereditárias (Código Civil, art. 1.795).

A cessão pode ser feita desde o início do inventário até a partilha de bens. Caso
a partilha já tenha ocorrido, os bens já são dos herdeiros e qualquer herdeiro poderá
transferir os seus bens a terceiros através da venda ou da doação. É importante
destacar que, depois de feita a cessão, o beneficiário não se tornará herdeiro, ele vai
ter os direitos hereditários do herdeiro, ou seja, ele vai poder receber o quinhão que
caberia ao herdeiro que lhe cedeu os seus direitos, mas isto não o colocará na posição
de herdeiro.

A cessão de direitos sucessórios deve ser realizada através de escritura pública.


O herdeiro pode ceder todo o quinhão hereditário que tem direito ou uma parte dele,
mas não poderá ceder bens determinados. Não é possível individualizar os bens a
serem transmitidos. (Código Civil, art. 1.793 § 2o). Enquanto a herança for indivisa (não
tiver sido feita a partilha de bens e divido qual bem cabe a cada herdeiro), na cessão
não se pode discriminar as coisas que pretende alienar, não se pode dizer quais são os
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bens do inventário que a cessão abrange, salvo por autorização judicial (Código Civil,
art. 1.793, § 3º).

Na cessão, o herdeiro não está transmitindo bens e sim direitos hereditários. Por
exemplo, temos um inventário em que os bens do espólio são um carro e um imóvel
(um apartamento). Nós temos dois herdeiros desse inventário e o falecido era solteiro,
não deixou viúva meeira, os herdeiros são Tício e Mévio. Antes da partilha, Tício não
pode alienar, doar e nem ceder direitos hereditários referentes, especificamente, ao
carro e nem ao imóvel. Ele não pode alegar que tem direito a um dos bens. O que Tício
pode fazer é ceder, gratuita ou onerosamente, o quinhão hereditário dele. E o que é o
quinhão dele? Nesse caso, como só temos dois herdeiros, o quinhão de Tício é 50% do
espólio (que é composto por um carro e por um imóvel). Na cessão de direitos
hereditários não se pode vender bens determinados porque até a partilha ser finalizada
não está decidido se Tício irá ficar com o carro ou se será Mévio que ficará com o bem.
Pode ser que Tício fique com o imóvel, pode ser que Mévio fique, não tem como saber.
Até a partilha não se sabe quem ficará com o quê.

A cessão de direitos sucessórios só vai abranger os direitos do quinhão


hereditário que o herdeiro tinha no momento em que se concretizou o negócio. Caso,
supervenientemente (depois de feita a cessão), o herdeiro que cedeu seu quinhão,
adquira direitos em decorrência de substituição (Código Civil, arts. 1.947 a 1.960) ou de
direito de acrescer (Código Civil, arts. 1.941 a 1.946), a cessão que ele fez não vai ter
abrangido tais direitos, salvo se, no próprio instrumento de cessão, as partes
estabelecerem o contrário. (Código Civil, art. 1.793 § 1º).

Com exceção de o casamento ser o de regime de separação total de bens


(Código Civil, art. 1.687), caso o herdeiro que queira ceder o seu quinhão hereditário
seja casado ou conviva em união estável, ele necessitará da concordância do seu
cônjuge ou companheiro para realizar a cessão.

O cônjuge ou o companheiro do falecido, apesar de não serem herdeiros e sim


meeiros, podem ceder sua meação.

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O herdeiro menor de idade não pode ceder o seu quinhão hereditário, mesmo
com a anuência dos seus pais. Só será possível a cessão dos direitos hereditários de
um menor de idade se ele obtiver uma autorização judicial para este fim. É também
proibida a celebração de contrato de cessão de direitos hereditários que tratar de
herança de pessoa viva (Código Civil, art. 426).

Por fim, se o falecido tiver feito um testamento e nele estiver contido a “cláusula
de inalienabilidade à herança”, o herdeiro não vai poder realizar a cessão, ele só
poderá renunciar.

8 - Representação

Quando há a morte de um herdeiro antes da abertura da sucessão são os seus


descendentes que irão sucedê-lo em todos os direitos, irão receber a herança no lugar
dele. Importante frisar que os descendentes, portanto, herdam na qualidade de
representantes do herdeiro pré-morto e não por direito próprio. Também podemos dizer
que há o fenômeno da representação quando o herdeiro se tornar indigno ou for
deserdado da herança (Código Civil, arts. 1.814 a 1.818 e 1.961 a 1.965).

Os representantes só herdam o que caberia ao herdeiro pré-morto, se vivo fosse.


Em outras palavras, o seu quinhão é dividido igualmente entre os que representam.
(Código Civil, arts. 1.854 e 1.855). Agora, para que seja considerado herdeiro por
representação, o descendente do herdeiro pré-morto precisa ser pessoa já nascida ou
concebida no momento da abertura da sucessão (Código Civil, art. 1.798).

O herdeiro por representação comparece em nome do ascendente, ele não é


herdeiro direto e sim sucessor do herdeiro direto (que é o herdeiro que faleceu),
portanto, por ser descendente do herdeiro pré-morto, diz-se que ele herda por estirpe.
Na partilha de bens, os quinhões são divididos em tantas porções quantas são os
herdeiros diretos (herança por cabeça), só que, no caso de um herdeiro direto falecer,

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considera-se que há uma estirpe e dentro de cada estirpe se subdivide o quinhão do


herdeiro falecido pelo número de seus descendentes.

No caso de herança por representação, considera-se que ocorreu uma única


transmissão da herança. O falecido transmite diretamente a herança aos descendentes
do herdeiro que faleceu, portanto só incidirá um imposto causa mortis e não dois.

Se ocorrer renúncia do herdeiro direto, os seus descendentes não poderão


herdar o quinhão que lhe cabia por representação, pois se tem que entender que,
quando renuncia, o herdeiro direto abriu mão da herança, portanto, é tratado como se
herdeiro não mais fosse, pois o renunciante fica fora da sucessão.

Agora, caso ocorra a hipótese de existirem mais de um herdeiro por


representação de um ascendente em comum, caso um deles renuncie, a parte que lhe
cabia não retornará para a herança do inventariado (autor da herança), ela ficará para
os outros herdeiros por representação, os que não renunciaram.

Caso uma pessoa renuncie a herança que tinha direito a receber de outra
pessoa (um filho renuncia a herança do pai, por exemplo), isto não significa que esse
herdeiro que renunciou não poderá representar o falecido se, posteriormente, ele for
herdeiro de outra pessoa (seu avô, por exemplo). Ou seja, se um filho renuncia a
herança que tinha direito a receber de seu pai, ele ainda poderá ser herdeiro por
representação no inventário de seu avô (caso o avô venha a falecer posteriormente)
para receber a parte que lhe caiba dentro do quinhão que pertenceria ao seu pai
(Código Civil, art. 1.856). Isto se dá porque, no exemplo mencionado, o filho foi
renunciante na sucessão do pai, entretanto não foi renunciante na sucessão do avô.

Entre os ascendentes, não há o que se falar de direito de representação.


Também não há direito de representação quanto ao cônjuge sobrevivente e nem
quanto ao companheiro na união estável. Por exemplo, a esposa não pode herdar por
representação o quinhão hereditário que caberia ao falecido marido no inventário do
sogro. Por fim, não é possível existir direito de representação nos casos de sucessão
testamentária em que o beneficiado por testamento falece antes do testador.

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O direito de representação pode ocorrer também em relação aos irmãos do


falecido. Na hipótese de os irmãos do de cujus serem chamados à sucessão, se um
deles for pré-morto, os seus filhos (sobrinhos do falecido) representarão o pai na
sucessão do tio (Código Civil, 1.853).

9 - Etapas para lavratura de inventário extrajudicial

A possibilidade de realizar o inventário e a partilha por via extrajudicial é uma


oportunidade bastante conveniente, tendo em vista a celeridade que confere ao
processo.

Há, contudo, o devido procedimento para sua realização.

ETAPA PROCEDIMENTO
1 - Requerimento Apenas podem requisitar a realização extrajudicial do
inventário os herdeiros, o cônjuge supérstite (viúvo ou viúva)
e os cessionários de direitos hereditários. Logo, devem esses
ser auxiliados por advogado responsável pela condução do
processo junto ao Tabelionato de Notas.
2 - Requisitos É necessário, em princípio, para que se possa iniciar o
processo administrativo, que sejam cumpridos os requisitos
objetivos e subjetivos: Partes maiores e capazes; consenso
entre as partes; não existência de testamento; assistência de
Advogado.
3 – Documentos Cumpridos os requisitos para abertura do processo, o
advogado deve comparecer ao Tabelionato de Notas,
portando os documentos exigidos no art. 22 da Resolução
CNJ 35/2007.
4 – Esboço da Após a entrega da documentação pelo advogado, segue o
partilha esboço da partilha, um dos documentos necessários para
iniciar o processo e de responsabilidade do advogado, que

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servirá de base para a Secretaria da Fazenda do Estado


realizar o lançamento do ICD.
5 – Avaliação fiscal e Com a análise da minuta da escritura de inventário e partilha
pagamento do ICD e pela Fazenda Estadual, e aprovação pelos sucessores e
custas herdeiros, deve-se efetuar o pagamento do ICD e dos
emolumentos do cartório para assim ser providenciada a
lavratura de escritura de inventário e partilha extrajudicial.
6 – Assinatura da Na data agendada, os herdeiros e sucessores, juntamente
escritura com o advogado, comparecem ao Tabelionato de Notas
para a assinatura da Escritura de Inventário.
7 – Qualificação das Devem estar presentes no Tabelionato de Notas todos os
partes e dos interessados ou seus representantes, portando os
procuradores documentos de identidade e a procuração pública, se houver,
e o advogado, que pode ser comum a todas as partes, para a
assinatura da Escritura de Inventário.
8 – Emissão do O Tabelionato de Notas deve, após a assinatura da
traslado da escritura escritura, extrair um traslado que, caso haja bens imóveis no
inventário, deverá ser registrado junto ao Cartório de Registro
Imobiliários (RGI), para que se efetue a transferência da
propriedade.
9 – Bens imóveis Nos casos em que houver bens registrados em cartórios
situados em diversos, deve-se apresentar o referido traslado em cada um
jurisdição diversa deles, a fim de que haja a transferências de todas as
propriedades para os herdeiros.
10 – Bens móveis No caso de haverem bens móveis inventariados, passíveis
também de registro, deve o herdeiro levar ao órgão
responsável pelo registro o traslado, a fim de que lhe sejam
também transferidas as propriedades desses.

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10 - Custo

No que concerne aos custos para realização do processo, cabe dividi-los em três
partes: o valor a ser pago para lavratura da escritura de inventário; os honorários
advocatícios (tendo em vista que é previsto na Lei número 11.441/2007, a assistência
necessária de advogado às partes); e os custos para emissão de documentação
necessária, discriminada no ponto 2-B (Instrumentos para a realização do Inventário
extrajudicial – Sobre os documentos a serem apresentados), para iniciar o processo.

O valor a ser pago para lavratura de escritura de inventário extrajudicial e artilha


é variável de acordo com a quantidade de bens a inventariar e o valor da respectiva
avaliação fiscal para efeito de recolhimento do Imposto Causa Mortis e Doação – ICD.

Para cada bem inventariado, o valor da transmissão por herança ou doação


poderá variar de R$ 149,25 a R$ 4.445,53, além da Taxa de Prestação de Serviços
Notariais e Registrais do Tribunal de Justiça do Estado, variável de 0,2% a 0,3% do
valor declarado de cada bem.

Quanto aos honorários advocatícios, a OAB-PE estabelece que, caso o


advogado seja único para todos envolvidos no inventário, será de 2% a 5% sobre o
valor do monte-mor (valor total do inventário), respeitando o valor mínimo de
R$1.000,00. Caso, no entanto, o advogado seja representante exclusivamente de uma
das partes, o valor estabelecido é de 2% a 5% sobre o valor que couber à parte,
respeitando também o mínimo de R$1.000,00. Vale lembrar que se as pessoas não
puderem arcar com os custos advocatícios, podem se dirigir à Defensoria Pública e
realizar o Inventário Extrajudicial com a assistência de um Defensor Público.

Cabe ainda ressaltar quanto emissão da documentação necessária para iniciar o


processo de inventário, que nenhum deles é atrelado necessariamente a custo algum,
uma vez que podem ser utilizados, no processo, os respectivos documentos originais.
Não obstante, há custos específicos para remissão desses documentos em caso de
perdas. Quanto às certidões negativas de tributos municipais, estaduais e federais em
nome do espólio, bem como quanto a Certidão de Transferência de situação de
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Ocupação/Aforamento, é imprescindível pontuar que são gratuitas e podem ser


emitidas via internet nos sites da Prefeitura do Recife (para os municipais)1, da
Secretaria de Estado de Fazenda de Pernambuco (para os estaduais)2, da Receita
Federal (para os federais)3 e da Secretaria de Patrimônio da União (para a Certidão de
situação de Ocupação/Aforamento)4.

11 – Registro

Após o cumprimento de todas as condições necessárias, será expedida uma


escritura pública, na qual deverá constar a qualificação dos herdeiros, a descrição dos
bens partilhados, e a assinatura das partes. É necessário enfatizar que essa escritura
não depende de homologação do juiz e que de acordo com a Lei 11.441 de 2007, dá
legitimidade para constituir o registro de imóveis.

Posteriormente à lavratura da escritura pública, o inventariante deverá se dirigir


ao órgão competente para que haja o registro perante a este órgão e que seja efetivada
a transferência do bem.

No caso de o bem ser imóvel, por exemplo, é imprescindível que os herdeiros se


dirijam ao Cartório de Imóveis, em posse da escritura e documentos pessoais, para
realizar o registro junto a este órgão, de forma que sejam efetivamente transferidos os
direitos reais sobre o referido bem, passando a ser o autor o novo titular e proprietário.
De modo a proporcionar a celeridade do procedimento no Cartório de Imóveis, é
necessário que a escritura pública apresentada esteja inserida dentro dos trâmites
legais, tendo como fundamento a Leis de Registros Públicos (6.015/1973), a qual regula
o registro do imóvel quando este é partilhado a partir de inventário extrajudicial.

Além disso, deverá haver averbação nos demais órgãos públicos competentes,
como a Prefeitura Municipal, para a transferência do cadastro de contribuinte do
Imposto Predial e Território Urbano. Assim, o carnet do referido imposto será emitido

1
http://www.recife.pe.gov.br/pr/secfinancas/
2
www.sefaz.pe.gov.br
3
http://www.receita.fazenda.gov.br/grupo2/certidoes.htm
4
www.spu.planejamento.gov.br
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em nome do novo proprietário. Independente dessa averbação, o adquirente


responderá pelo IPTU desde a emissão da nova escritura. Destaca-se que se o imóvel
for edificado em terreno da marinha, o autor também deverá fazer a averbação da
transferência na Secretária do Patrimônio da União no prazo de 30 (trinta) dias a partir
da emissão do registro. Caso não o faça, pagará uma multa de 0,5% (meio por cento)
ao ano sobre o valor que o imóvel for avaliado e terá seu nome inscrito nos cadastro de
Dívida Ativa da União.

Já no caso de o bem inventariado ser alguma quantia retida em bancos ou bens


retidos em cofre, o autor poderá se dirigir para o banco correspondente munido apenas
da escritura pública e dos seus documentos pessoais para poder liberar o valor e o
respectivo objeto. Apenas com apresentação desses documentos o autor será
considerado o novo proprietário e poderá legitimar sua ação.

No que se refere aos bens móveis, deve-se analisar se estes são regidos por
alguma entidade, na qual precisem ter seu registro modificado. Os automóveis, por
exemplo, são regulados pelo DETRAN e se o autor do inventário quiser legitimar a
mudança de propriedade, deve se dirigir a este órgão competente e estar munido da
escritura pública para efetuá-lo.

Ainda é necessário destacar que quando o objeto da partilha se tratar de direitos


autorais, os quais devem ser regulados no Cartório de Registros Públicos, também só
poderá fazer a alteração de propriedade em caso de inventário extrajudicial se estiver
em posse da referida escritura.

12 – Legislação específica

Como foi dito anteriormente, esse método extrajudicial se tornou possível a partir
da Lei 11.441/2007, que buscou facilitar o procedimento do inventário permitindo uma
maior celeridade na transmissão dos bens, já que é realizado em tabelionato de notas.
Além disso, viu-se nesse procedimento administrativo a possibilidade de partilha de

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bens a partir de um consenso entre os herdeiros, se estes forem maiores e capazes.


De acordo com esta lei, é imprescindível que todos os herdeiros estejam assistidos por
advogado, comum ou não, de acordo com a preferência das partes. Ainda é permitida a
escolha do tabelião de notas que fará a lavratura da escritura pública pelos herdeiros.

Os prazos estabelecidos para a abertura e conclusão do inventário extrajudicial


são os mesmos que o judicial, estabelecidos no art. 983 do CPC, quais sejam 60
(sessenta dias) para a abertura e 12 (doze) meses para encerramento do
procedimento, a contar a partir do início do inventário.

De modo a facilitar o procedimento, ao término do inventário extrajudicial, será


emitida uma escritura pública, a qual não depende de homologação judicial e é título
hábil para o registro imobiliário, para a transferência de bens e direitos, bem como para
promoção de todos os atos necessários à materialização das transferências de bens e
levantamento de valores.

No que se refere aos custos, toma-se como base a Lei nº 10.169/2000, a qual
determina que para aplicar os valores dos emolumentos, deverá ser levada em conta a
natureza pública e o caráter social dos serviços de registro, sendo atendidas as regras
do art. 2º da referida lei.

Ainda dispõe a Lei 11.441/2007 que se houver necessidade, ocorrerá, a


nomeação de um (ou alguns) herdeiro(s), na escritura pública, com os mesmos poderes
de um inventariante, para representação do espólio no cumprimento de obrigações
ativas ou passivas pendentes (como por exemplo, o levantamento de FGTS, de
restituição de IR ou de valores depositados em bancos ou comparecimento para a
lavratura de outras escrituras. Uma vez que há consenso das partes, não há a
necessidade de se seguir a “ordem de nomeação” do art. 617 do CPC de 2015.

Considera-se possível que herdeiros que não possuam os requisitos estabelecidos


pela Lei 11.441/2007, de ser maior e capaz na época do óbito, mas que atinjam essas
condições até o momento da propositura de abertura do inventário, possam ingressar
com o inventário extrajudicial. Ainda é admitida a aplicação da referida lei se o óbito

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tiver ocorrido antes da vigência da mesma, desde que o inventário tenha sido proposto
depois que esta passou a vigorar.

Em síntese, o objetivo da Lei 11.441/2007 foi desafogar o judiciário de ações onde


não existem litígios, oferecendo a possibilidade de serem resolvidas pela via
administrativa ou extrajudicial, resguardando os mesmo efeitos que seriam fornecidos
caso a ação tramitasse em juízo.

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