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Micologia oral

Características gerais dos fungos


• Fazem parte do reino Fungi.
• São organismos eucariotas que contêm esporos
e que se reproduzem de forma sexuada e
assexuada.
Características gerais dos fungos
• Contêm um núcleo delimitado por uma membrana
nuclear.
• Não contêm clorofila, ao contrário das células de plantas
e algumas bactérias.
• Não sintetizam macromoléculas a partir de CO2 e de
energia luminosa.
• Podem ser:
– saprófitas, alimentando-se de matéria orgânica mista ou em
decomposição,
– simbiontes ou comensais, vivendo em associações em que um
organismo é beneficiado e o outro não é prejudicado nem
beneficiado.
– parasitas de organismos superiores.
Nutrição e metabolismo dos fungos

• São quimiorganoheterotróficos.

• São normalmente aeróbicos.

• Algumas leveduras são anaeróbias facultativas e


podem obter energia por fermentação.

• Fungos anaeróbios estritos podem ser encontrados em


habitats particulares como o rúmen das vacas.
Importância dos fungos
• Os fungos têm grande importância médica porque causam
doenças no homem e nos animais.
• Causam também numerosas doenças nas plantas (ex.
míldio da videira, cravagem do centeio).

• Têm importância primordial ao nível da alimentação


porque são elementos fundamentais na preparação, por
exemplo, de queijos, molho de soja, pão, vinho e cerveja.
Importância dos fungos
• A partir dos fungos produzem-se:
– antibióticos (exs. penicilina, griseofulvina),
– fármacos imunosupressores (ex. ciclosporina),
– ácidos orgânicos (ex. ácido cítrico, ácido gálico)
– esteroides (ex. cortisona).
• Os fungos degradam alimentos, destroem madeira,
tecidos e materiais sintéticos, e decompõem materiais
orgânicos complexos existentes no meio ambiente para se
obter compostos orgânicos simples e moléculas
inorgânicas. Desta forma, o carbono, o azoto, fósforo e
outras moléculas são libertadas e podem ser depois
utilizadas por outros organismos.
Estrutura celular dos fungos

• O corpo ou estrutura vegetativa de um fungo é


designado de talo.
• O talo varia em complexidade e tamanho podendo
ser:
– unicelular e microscópico (ex. leveduras) ou
– multicelular (ex. bolores), muitas vezes macroscópico
(ex. cogumelos).
Leveduras e fungos filamentosos (bolores)
em cultura
Candida albicans
Trichophyton rubrum

Microsporum gypseum
Fungos filamentosos ou bolores

• A maior parte dos fungos produzem


filamentos tubulares com ramificações
chamadas de hifas.
• Estas estruturas alongam-se nas suas
extremidades por um processo designado de
extensão apical.
• Um conjunto de hifas forma um micélio.
• Os fungos com estas características podem
ser chamados bolores.
Micélios aéreos e rizoidais

Mucor

http://www.ual.es/GruposInv/myco-ual/galeria02/image11.htm

http://www.cientic.com/tema_fungo_img2.html
Leveduras

• Fungos unicelulares que têm um único núcleo e se


reproduzem sexuadamente através da formação de
esporos ou assexuadamente por:
– gemulação (formação de blastoconídios) ou
– divisão transversal (fissão binária)
• Cada nova célula originada assexuadamente forma uma
nova levedura e, nalguns casos, origina-se a formação de
colónias.
• Normalmente, as células de leveduras são maiores que as
células bacterianas e têm a forma de ovo ou são
esféricas. Estas células contêm a maior parte dos
organelos encontrados em células eucariotas.
Composição do micobioma oral basal de
20 indivíduos saudáveis
• O micobioma oral é muito diversificado tendo sido detectados 74
géneros de fungos cultiváveis e 11 não-cultiváveis na cavidade
oral dos 20 indivíduos saudáveis.
• Foram identificadas um total de 101 espécies; cada pessoa tinha
entre 9 e 23 espécies cultiváveis.
• As Candida spp. foram o género mais detectado, tendo sido
isoladas de 75% dos participantes, seguidas por Cladosporium
(65%), Aureobasidium, Saccharomycetales (50% para cada),
Aspergillus (35%), Fusarium (30%), e Cryptococcus (20%).
• Os restantes fungos presentes nos lavados orais eram originários do
meio ambiente.
Frequência de géneros de fungos detectados em
lavados orais de 20 indivíduos saudáveis
Morfologia da Candida albicans
• Faz parte da flora normal da boca, do tracto
gastrointestinal e de membranas que recobrem as
mucosas de outras cavidades e tecidos.
• Para além de ser leveduriforme ou filamentosa
(fungo dimórfico) este organismo pode assumir
uma morfologia de pseudohifa em que as células
são alongadas e permanecem agrupadas.
– A formação de pseudohifas é uma forma exagerada
de gemulação.
Candida albicans pode originar leveduras, pseudohifas, ou
filamentos: é um fungo dimórfico

A B

Levedura Forma filamentosa

Pseudohifas
Fungos dimórficos patogénicos para o Homem
Fungo Doença
Candida albicans Candidíase
Blastomyces dermatitidis Blastomicose

Coccidioides immitis Coccidioidomicose


Histoplasma capsulatum Histoplasmose
Sporothrix schenckii Esporotricose

Paracoccidioides brasiliensis Paracoccidioidomicose

Talaromyces marneffei Infecções oportunistas


Figure 1. Fungal pathogens from different phyla exhibit a dimorphic lifestyle.

Wang L, Lin X (2012) Morphogenesis in Fungal Pathogenicity: Shape, Size, and Surface. PLoS Pathog 8(12): e1003027.
doi:10.1371/journal.ppat.1003027
http://www.plospathogens.org/article/info:doi/10.1371/journal.ppat.1003027
Figure 2. The transition between morphotype and virulence in fungi.

Wang L, Lin X (2012) Morphogenesis in Fungal Pathogenicity: Shape, Size, and Surface. PLoS Pathog 8(12): e1003027.
doi:10.1371/journal.ppat.1003027
http://www.plospathogens.org/article/info:doi/10.1371/journal.ppat.1003027
Características da célula fúngica
• O citosol da célula fúngica é complexo. Contém microvesículas,
microtúbulos, ribossomas, mitocôndrias, aparelho de Golgi,
núcleo, retículo endoplasmático e outras estruturas.

• O núcleo é envolvido por uma membrana nuclear e o nucléolo é


rico em RNA. Em termos genómicos, são organismos
constituídos por múltiplos cromossomas, por exemplo, 16 na
levedura Saccharomyces cerevisiae.
– Podem ser haploides ou diploides.

• A membrana citoplasmática, designada plasmalema, recobre o


citosol e é composta de glicoproteínas, lípidos e ergosterol,
diferindo neste aspecto das membranas celulares de mamíferos
que contêm colesterol.
• A maior parte dos medicamentos antifúngicos tem por alvo de
acção o ergosterol das membranas dos fungos.
Características da parede celular fúngica

• Os fungos têm parede celular que


recobre o plasmalema. A parede celular é
estruturalmente e bioquimicamente
complexa contendo quitina (um polímero
de N-acetilglucosamina) como base
estrutural.
• Nos fungos filamentosos a biosíntese de
quitina ocorre na extremidade crescente e
é controlada pela actividade da quitina
sintetase, uma enzima que existe no
citosol em estruturas membranárias
chamadas de quitossomas.
• Formando camadas sobre a quitina,
existem mananos, glucanos e outros
polissacáridos complexos em associação
com polipéptidos.
Alguns fungos podem ter cápsula
• Alguns fungos produzem uma cápsula polissacarídica
que recobre a parede celular (ex. Cryptococcus
neoformans, agente da criptococose)
• A parede celular e a cápsula determinam a virulência
de alguns fungos e são importantes determinantes
antigénicos.

Cápsula
Reprodução assexuada dos fungos
• Pode ser feita de três maneiras:
– Fissão binária - uma célula mãe divide-se em duas células filhas por divisão
transversal e formação de uma nova parede celular
– Gemulação - Células vegetativas somáticas podem gemular para produzir
novos organismos. Acontece frequentemente em leveduras.
– Produção de esporos assexuados - A sua produção ocorre por mitose e
divisão celular subsequente. Existem cinco tipos diferentes de esporos
assexuados:
• Artrosporos - resultam da fragmentação das hifas (ex. Geotrichum sp. e
Coccidioides immitis)
• Clamidosporos - esporos rodeados por uma parede celular grossa antes da
fragmentação. São esporos de resistência, semelhantes neste aspecto aos
endosporos bacterianos. Existem, por exemplo, na Candida albicans.
• Esporangiosporos - esporos que se desenvolvem em esporângios, estruturas
existentes na extremidade das hifas (ex. Rhizopus sp.).
• Conidiosporos - esporos produzidos nas extremidades de hifas designadas de
conidióforos (ex. Aspergillus sp.) ou a partir de ramificações laterais dos
conidióforos (ex. Penicillum sp.).
• Blastósporos - esporos produzidos por gemulação de uma célula mãe vegetativa.
Esporos de reprodução assexuada
Artrosporos de Geothrichum candidum Conidiosporos de Penicillium sp.

Conidiosporos de Aspergillus sp. Clamidosporos de C. albicans Esporângios contendo esporangiosporos


Reprodução sexuada dos fungos
• Pode envolver a fusão de núcleos compatíveis,
cariogamia, e a formação de esporos.
• Os fungos podem ser autofertilizantes quando
produzem gâmetas sexualmente compatíveis no
mesmo micélio. Outras espécies requerem cruzamento
entre micélios diferentes mas sexualmente
compatíveis.
• Dependendo das espécies de fungos, a cariogamia
pode ocorrer entre hifas, gâmetas haploides, ou
estruturas produtoras de gâmetas, os gametângios.
Desta fusão resulta um zigoto diploide.
• Por vezes, o zigoto origina zigosporos, ascosporos ou
basidiosporos, três tipos de esporos de reprodução
sexuada.
Classificação taxonómica
dos fungos
Classificação filogenética dos fungos
Fungos pertencem ao Reino Eumycota que possui 5 Filos dos
quais só 3 contém fungos patogénicos para o Homem.
Designação taxonómica Género representativo Doença humana
Divisão: Amastigomycota; Subdivisão:
Zygomycotina

Classe: Zygomycetes

Ordem: Mucorales Rhizopus, Mucor, Rhizomucor, Absidia, Cunninghamella, Zigomicose; doença oportunista em
Saksenaea pacientes com diabetes, leucemia,
queimaduras severas, ou má nutrição;
infecções rinocerebrais
Ordem: Entomophthorales Basidiobolus, Conidiobolus Zigomicose; infecções subcutâneas
Subdivisão: Ascomycotina
Classe: Ascomycetes
Subclasse: Hemiascomycetidae
Ordem: Endomycetales Saccharomyces, Pichia (teleomorfos1 de algumas Candida sp.) Numerosas micoses
Subclasse: Plectomycetidae

Ordem: Onygenales Arthroderma (teleomorfos de Trichophyton e Microsporum spp.) Dermatofitoses


Ajellomyces (teleomorfos de Histoplasma e Blastomyces sp.) Micoses sistémicas
Ordem: Eurotiales Teleomorfos de alguns Aspergillus e Penicillium sp. Aspergilose, hialohifomicose
Subdivisão: Basidiomycotina
Classe: Basidiomycetes
Subclasse: Holobasidiomycetidae
Ordem: Agaricales Amanita, Agaricus Envenenamento por consumo de
cogumelos venenosos
Subclasse: Heterobasidiomycetidae
Ordem: Filobasidiales Filobasidiella (teleomorfos de Cryptococcus neoformans) Criptococose
Subdivisão: Deuteromycotina
Classe: Deuteromycetes
Subclasse: Blastomycetidae (Blastomycetes)
Ordem: Cryptococcales Fungos imperfeitos: Candida, Cryptococcus, Trichosporon, Numerosas micoses
Pityrosporum
Subclasse: Hyphomycetidae
(Hyphomycetes)
Ordem: Moniliales
Família: Moniliaceae Epidermophyton, Coccidioides, Paracoccidioides, Sporothrix, Numerosas micoses
Aspergillus
Família: Dematiaceae Phialophora, Fonsecaea, Exophiala, Wangiella, Xylohypha, Cromoblastomicose, micetoma,
Bipolaris, Exserohilum, Alternaria feohifomicose
Subclasse: Coelomycetidae (Coelomycetes)
Ordem: Sphaeropsidales Phoma Feohifomicose
Divisão: Mastigomycota
Subdivisão: Diplomastigomycotina
Classe: Oomycetes Pythium Pitiose
Zigomicetes

• A maior parte vive em plantas em decomposição e


matéria animal no solo. Alguns são parasitas de
plantas, insectos, animais e homens.
• Contém hifas cenocíticas (sem septos) com
numerosos núcleos haploides.
• Reproduzem-se assexuadamente por
esporangiosporos produzidos em esporângios
presentes na extremidade de hifas aéreas. Cada
esporo libertado pode formar um novo micélio.
Zigomicetes: hifas cenocíticas, esporângios
e esporangiosporos

Esporângio esporangiosporo

Hifas aéreas

Hifas rizoidais
http://www.vscht.cz/kch/galerie/houby1.htm
Reprodução sexuada nos zigomicetes
• Requer estirpes compatíveis de características sexuais
opostas (estirpes + e -).
• Quando as duas estirpes estão próximas, são produzidas
hormonas que induzem a formação de progametângios e
depois gametângios. A fusão dos gametângios origina a
fusão dos gâmetas e, assim, a produção de um zigoto
diploide.
• O zigoto é revestido por uma camada preta, grossa e
rugosa designando-se então de zigosporo, que permanece
dormente.
• Quando o zigosporo germina, ocorre a meiose e o
zigosporo abre-se e produz um esporângio assexual que
vai começar novo ciclo de reprodução assexuada.
Reprodução sexuada e assexuada dos
Zigomicetes

Reprodução
asexuada

Reprodução
progametângio progametângio sexuada

gametângio
Rhizopus stolonifer
• É um exemplo de zigomicete.
• Cresce à superfície do pão, fruta, e vegetais.
• Outros zigomicetes podem ser utilizados na preparação comercial
de anestésicos, agentes de controlo da natalidade, álcoois
industriais e corantes.
Pêssego
Papaia
Mucor, outro Zigomicete, num pêssego

http://www.agf.gov.bc.ca/cropprot/tfipm/mucor.htm
Mucormicose, doença causada por
Mucor spp.

http://www.scielo.br/scielo.php
Ascomicetes
• O micélio dos Ascomicetes é constituído por hifas septadas.
• Reproduzem-se assexuadamente por intermédio de conidiosporos.
• Podem apresentar reprodução sexuada no decurso da qual o zigoto
resultante da conjugação de gâmetas maculinos e femininos,
encerrado num saco designado asco sofre meiose e dá origem a
quatro esporos haploides designados ascosporos.
• Milhares de ascos formam um ascocarpo.

Asco contendo
Ascocarpo
4 ascosporos
Ascos com ascosporos

http://www.lima.ohio-state.edu/academics/biology/images/peziza1.jpg
Ascomicetes
• Podem ser utilizados como modelos em
estudos bioquímicos e genéticos.
– Neurospora crassa;
– Saccharomyces cerevisae
• Podem ser patogénicos para o Homem,
animais e plantas:
– Aspergillus flavus;
– Claviceps purpurea
Aspergillus sp.
Aspergillus flavus Aspergillus nidulans

Aspergillus niger
Ascomicetes com impacto em
Medicina humana
• Aspergillus spp.
• Histoplasma capsulatum
• Trichophyton spp.
• Dermatófitos (família Arthrodermataceae)
• Demaciáceos (ordem Pleosporales)
• Claviceps purpurea
Claviceps purpurea: patogénico para homens,
animais e plantas
• O Claviceps purpurea é o agente da doença do centeio designada
cravagem. Esta doença afecta também o trigo, o milho e a aveia.

Centeio com cravagem Fotografia


de
contraste
de fase
de estroma
com
peritéquias
de C.
purpurea
no centeio

http://leda.lycaeum.org
http://micro.magnet.fsu.edu/
Claviceps purpurea: causa o ergotismo no homem

• Animais e pessoas que consumam centeio ou outra planta


infectada pelo C. purpurea desenvolvem uma doença designada
ergotismo (ou fogo de Stº António), cujos sintomas se devem às
numerosas toxinas (alcaloides) produzidas por este fungo.
• O ergotismo é caracterizado por espasmos nervosos dos músculos
lisos. Estes espasmos provocam convulsões e reduzem muito a
circulação sanguínea causando a gangrena e necrose das
extremidades corporais. Se as toxinas atingirem órgãos vitais
pode surgir a morte. Simultaneamente, algumas toxinas
provocam alucinações.
• O ácido lisérgico produzido pelo C. purpurea é um poderoso
alucinogénio quando convertido quimicamente à sua dietilamida
(LSD). É o agente causal das alucinações no ergotismo.
Compostos com interesse médico
produzidos por C. purpurea

• O C. purpurea produz a ergometrina e a ergotamina


que são ambos vasoconstritor e induzem a
contracção da musculatura lisa.
– A ergometrina é útil para induzir o parto e prevenir
hemorragias pós-parto.
– A ergotamina é útil no tratamento de dores de cabeça
causadas pela expansão dos vasos sanguíneos da cabeça e
para a indução do parto. A ergotamina é o princípio activo
do Avamigran, medicamento utilizado para tratar
enxaquecas.
Aspergillus spp.

• Os Aspergillus spp. podem, por exemplo,


provocar a aspergilose pulmonar uma
doença pulmonar fatal em indivíduos
imunodeprimidos.
• O Aspergillus flavus e A. parasiticus
produzem aflotoxinas que são muito
tóxicas para o homem e animais.
Importância industrial e
biotecnológica dos Ascomicetes
• Podem produzir antibióticos. É o caso do
Penicillium sp. que produz a penicilina e o
antifúngico griseofulvina.
• Podem produzir aromas característicos de alguns
queijos (ex. Camembert, Gorgonzola).
• Podem ser importantes na indústria da cerveja e
do pão. È o caso do C. purpurea e da
Saccharomyces sp.
Basidiomicetes
• Possuem hifas septadas.
• São caracterizados pela presença de uma estrutura, o
basídio (ou basidiomata), que está envolvido na
reprodução sexuada.
• Um basídio é produzido na extremidade distal de uma
hifa binucleada e é responsável pela produção de
basidiosporos.
• Os basídios podem estar contidos dentro do
basidiocarpo.
• A maior parte dos basidiomicetes são saprófitas e
decompõem restos de plantas. Alguns são agentes
fitopatogénicos importantes.
Basidiomicetes

Basídio com basidiosporos

http://www.apsnet.org http://www.lima.ohio-state.edu/academics/biology/images/corpinus.jpg
Basidiomicetes
• Incluem os cogumelos, alguns dos quais são utilizados na
alimentação humana (ex. Agaricus campestris).
• Alguns cogumelos produzem alcalóides que actuam como
venenos ou alucinogéneos.
– É o caso da Amanita phalloides que produz duas toxinas: α-amanitina e a
faloidina.
• A faloidina liga-se às membranas das células hepáticas causando a sua ruptura.
• A α - amanitina ataca as células do estômago e do intestino delgado e é responsável
pelos sintomas gastrointestinais associados com o envenenamento por cogumelos.
Exemplos de
basidiomicetes patogénicos
• O Cryptococcus neoformans é um importante
patogénio humano.
• Origina a criptococose, uma infecção sistémica
envolvendo primariamente os pulmões e o
sistema nervoso central.

Cápsula
Malassezia furfur (teleomorfo: Pityrosporum)
Causa micose superficial da pele : pitiríasis (tinha) versicolor

Fungo dimórfico: leveduras e formas filamentosas


Deuteromicetes

• Grupo artificial de fungos que contém os fungos


imperfeitos, assim designados por não terem, ou
não ter sido ainda observada, uma fase sexuada de
reprodução (a chamada fase perfeita).
• No entanto, a maior parte dos deuteromicetes
assemelham-se aos ascomicetes com hifas
septadas e esporos assexuados semelhantes.
• A maior parte dos deuteromicetes são saprófitas
ou parasitas de plantas ou de outros fungos.
Deuteromicetes
• Alguns deuteromicetes são patogénicos para os
animais e homem causando:
– micoses superficiais da pele,
– micoses cutâneas (dermatofitoses) causadas por
fungos dermatófitos (ex. Tinea capitis),
– micoses subcutâneas (ex. esporotricose causada
pelo Sporothrix sp.)
– micoses sistémicas (ex. coccidioidomicose
provocada pelo Coccidioides immitis).
– micoses oportunistas graves em indivíduos
imunodeprimidos (ex. candidíase generalizada
causada por Candida albicans).
Doenças humanas
causadas por fungos
(micoses)
Características gerais das micoses

• A maior parte das infecções por fungos


(micoses) são assintomáticas ou sub-
clínicas o que significa que indivíduos
imunologicamente competentes têm um
alto grau de resistência contra os fungos.
• O resultado das infecções por fungos
depende também da via de exposição e do
inóculo destes microrganismos.
Classificação das micoses

• As micoses podem ser classificadas em


4 categorias:
– micoses superficiais,
– micoses subcutâneas
– micoses sistémicas
– micoses oportunistas.
Micoses superficiais
• Afectam a pele, cabelo e unhas.
• Os fungos responsáveis crescem nos tecidos queratinizados da epiderme, cabelo
e unhas.
• Algumas destas infecções são primariamente doenças cosméticas e são muito
pouco lesivas.
• O diagnóstico clínico é facilmente efectuado, em geral.
• A maior parte destas micoses são causadas por um grupo de fungos designados de
dermatófitos. As infecções por eles causadas designam-se de dermatofitoses ou
tinhas.
• Estes fungos podem ter propriedades invasivas e podem originar, dependendo da
espécie envolvida, uma reacção inflamatória acentuada no hospedeiro.
– Um exemplo é o pé de atleta (Tinea pedis) causado pelo Epidermophyton floccosum, uma
doença frequente em diabéticos e desportistas.
Tinea pedis: Pé de atleta

Epidermophyton floccosum
Pé de atleta
Hifas septadas com (Tinea pedis)
macroconídios
Características de algumas micoses superficiais e dos seus agentes
Organismo Doença Tecido afectado Características clínicas
Lesões maculares hiper ou
hipopigmentadas que alastram
Malassezia furfur Pitiríasis (tinha) rapidamente; ocorre mais
Pele
(fungo dimórfico) versicolor frequentemente no torso superior
do corpo

Fungo
dimórfico:
leveduras a 37oC
e formas
filamentosas a
25oC
Características de algumas micoses superficiais e dos seus agentes
Organismo Doença Tecido afectado Características clínicas
Lesões maculares hiper ou
hipopigmentadas que alastram
Malassezia furfur rapidamente; ocorre mais
Pitiríasis versicolor Pele
(fungo dimórfico) frequentemente no torso superior
do corpo

Lesões maculares cinzentas-


pretas bem demarcadas
Exophiala werneckii Tinha negra Pele ocorrendo nas palmas da mão

Protuberâncias endurecidas
pretas-castanhas que se
Piedraia hortae Piedra negra Cabelo desenvolvem no fio de cabelo

Grânulos macios, branco ou


crème, que formam uma espécie
Thrichosporon ovoides Piedra branca Cabelo de colar no fio de cabelo

Grânulos macios, branco ou


crème, que formam uma espécie
Thrichosporon inkin Piedra do pelo púbico de colar no fio de cabelo
Infecção ectotrix do cabelo

Trichophyton mentagrophytes Infecção ectotrix do cabelo


Macro e microconídios
Micose cutânea causada por Candida albicans

Candidíase dos dedos dos pés


Micoses subcutâneas
• Afectam o tecido subcutâneo, a derme, o músculo
e, por vezes, o osso.
• São doenças de progressão lenta mas
extremamente persistentes.
• Os microrganismos são normalmente transmitidos
por intermédio de uma lesão traumática (ex. ferida
pontual).
• O melhor exemplo deste tipo de micoses é a
esporotricose causada pelo fungo saprofita
dimórfico Sporothrix schenkii
Sporothrix schenckii, agente causal da
esporotricose

Leveduras (37oC)

Colónias brancas com crescimento radial


que adquirem pigmentação castanha ou
preta após incubação prolongada (25oC)
Hifas ramificadas; conidióforos e
conídios em roseta (25oC)
Esporotricose: doença causada por Sporothrix schenckii
Levedura

Forma filamentosa

http://www.medmicro.wisc.edu/resources/

Esporotricose

http://www.mycolog.com
Micoses sistémicas
• São infecções dos órgãos internos e que se podem
disseminar por todo o hospedeiro.
• São normalmente provocadas por fungos saprófitas do
solo que infectam o hospedeiro por inalação de esporos
ou por implantação traumática.
• São extremamente difíceis de tratar.
• Exemplos de micoses sistémicas:
– histoplasmose (Histoplasma capsulatum)
– candidíase (Candida sp.)
– blastomicose (Blastomyces dermatitidis)
– Coccidioidomicose (Coccidioides immitis)
Histoplasmose: doença causada por Histoplasma
capsulatum
Levedura no interior dos linfócitosForma filamentosa. Micélio com macro e microconídios

Histoplasmose

http://medecinetropicale.free.fr/histoplasmose.html
Blastomicose: doença causada
por Blastomyces dermatitidis
Forma levedura
filamentosa

Blastomicose

http://www.mycolog.com/chapter23.htm
Coccidioidomicose: doença causada por Coccidioides
immitis

Tratamento com
fluconazole durante 1
ano resolveu a situação
Doença causada por Coccidioides immitis
Micélio e artrosporos/ Esferula com leveduras no pulmão de um doente

http://www.devonian.ualberta.ca/ http://botit.botany.wisc.edu/

Coccidioidomicose

http://www.mycolog.com/chapter23.htm
Paracoccidioidomicose: doença causada por Paracoccidioides
brasiliensis
Micélio e conídios Levedura in vivo

Paracoccidioidomicose

http://botit.botany.wisc.edu/toms_fungi/jan2005.html
Micoses oportunistas
• São infecções provocadas por fungos
oportunistas ou seja, fungos que só causam
infecções em indivíduos com imunodeficiência.
• As micoses oportunistas podem também ocorrer
em indivíduos alcoólicos, indivíduos com
leucemias e indivíduos em quimioterapia para o
cancro.
• Podem ser infecções cutâneas ou sistémicas.
• São frequentemente fatais.
Micoses oportunistas
• Exemplos de micoses oportunistas:
1) Infecção sistémica disseminada causada por
Talaromyces marneffei (anteriormente
Penicillium marneffei), um fungo dimórfico;
2) Infecções pulmonares por Rhizopus sp. e
Mucor sp., em diabéticos;
3) Candidíase a Candida albicans em doentes
com SIDA;
4) Aspergiloses em indivíduos com
imunodeficiência
Talaromyces marneffei
Forma de levedura a 37oC

Forma filamentosa a 25oC


I. Doença no hospedeiro saudável
A. Toxicose ou micotoxicose
1. Ingestão de micotoxinas
Classificação
2. Ingestão de outros metabolitos
B. Manifestações alérgicas
1. Asma alérgica
das infecções
2. Rinite alérgica
3. Sinusite alérgica
4. Alveolite alérgica extrínseca
5. Pneumonia de hipersensibilidade
por
C. Infecções superficiais
6. Aspergilose alérgica broncopulmonar

1. Infecção cutânea
Aspergillus
2. Otomicose
3. Sinusite
4. Aspergilose saprofítica broncopulmonar
sp.
5. Traqueobronquite
D. Infecção invasiva
1. Um só orgão
2. Múltiplos orgãos (disseminada)
II. Infecções associadas com lesões tecidulares ou corpo estranho
A. Queratite e endoftalmite
B. Infecções de feridas de queimaduras
C. Osteomielite
D. Endocardite da válvula prostética
E. Infecção de transplantes vasculares
F. Aspergiloma (bola de fungos)
G. Enfizema e aspergilose pleural
H. Peritonite
III. Infecções no hospedeiro imunocomprometido
A. Aspergilose cutânea primária
B. Infecção sino-orbital

C. Aspergilose pulmonar
1. Traqueobronquite invasiva
2. Aspergilose pulmonar necrosante crónica
3. Aspergilose pulmonar invasiva aguda
D. Aspergilose do sistema nervoso central
E. Aspergilose invasiva (disseminada)
2012
• Agente
causal:
Exserohilum
rostratum
Outras doenças causadas por C. albicans

Intertigo Vulvovaginite

http://www.mycolog.com/chapter23.htm
Quimioterapia das infecções
fúngicas
• As micoses superficiais são facilmente tratadas
recorrendo à aplicação tópica de agentes antifúngicos
em combinação com uma boa higiene individual.
• Nas micoses cutâneas, para além do tratamento tópico,
pode ter que se efectuar tratamento sistémico.
Antifúngicos usados no tratamento de
dermatofitoses (micoses cutâneas)
• Griseofulvina - É produzido pelo Penicillium griseofulvum. A
griseofulvina interage especificamente com a tubulina e actua
como um veneno mitótico em fungos susceptíveis. É utilizado por
via oral para a terapia de infecções por dermatófitos.
• Alilaminas - Inibem a biosíntese do ergosterol ao nível da
esqualeno epoxidase. Têm bastante actividade contra fungos
dimórficos e filamentosos, mas são pouco activos contra leveduras.
Exs: naftifina (de uso tópico) e terbinafina (uso por via oral).
• Tolnaftato e tolciclato - são tiocarbamatos com um mecanismo de
acção semelhante ao das alilaminas, ou seja, inibem a biossíntese
do ergosterol ao nível da esqualeno epoxidase. São activos
contra dermatófitos mas pouco activos contra leveduras. São
usados topicamente.
• Amorolfina - É um derivado da morfolina altamente activo contra
dermatófitos. Actua também ao nível da biossíntese do ergosterol.
Quimioterapia das infecções
fúngicas
• As micoses superficiais são facilmente tratadas
recorrendo à aplicação tópica de agentes antifúngicos
em combinação com uma boa higiene individual.
• Nas micoses cutâneas, para além do tratamento tópico,
pode ter que se efectuar tratamento sistémico.
• Nas micoses subcutâneas a terapia depende do
organismo em causa e do grau de envolvimento
tecidular. Assim, por exemplo, no caso da esporotricose
linfocutânea recorre-se ao iodeto de potássio em
solução saturada. Outras infecções podem ser
refractárias aos antifúngicos e podem requerer
amputação ou excisão cirúrgia da área envolvida.
Tratamento das micoses sistémicas

Butts A, Krysan DJ (2012) Antifungal Drug Discovery: Something Old and Something New. PLoS Pathog 8(9): e1002870.
doi:10.1371/journal.ppat.1002870
Butts A, Krysan DJ (2012) Antifungal Drug Discovery: Something Old and Something New. PLoS Pathog 8(9): e1002870.
doi:10.1371/journal.ppat.1002870
Terapêutica medicamentosa das
micoses sistémicas

• Recorre-se a 4 grupos de compostos


antifúngicos:
1) Polienos
2) Derivados azólicos
3) Análogos de nucleótidos
4) Equinocandinas
Polienos
• São metabolitos secundários produzidos por várias espécies de Streptomyces.
Quimicamente são lactonas de macrólidos cíclicos.

• Anfotericina B - É um macrólido hepténico (7 ligações duplas de carbono). É


o único composto poliénico clinicamente útil para tratar infecções sistémicas
uma vez que tem maior actividade sobre as membranas fúngicas do que sobre as
membranas de células de mamíferos. Isto deve-se à sua ligação preferencial a
membranas contendo ergosterol em vez de colesterol.
• A anfotericina B tem propriedades imuno-modulatórias que podem ter um papel
importante na sua actividade biológica in vivo. Embora já exista à mais de 50
anos não se conhecem resistências a este fármaco.

– Mecanismos de acção:
• Insere-se na membrana citoplasmática das células susceptíveis formando
canais cilíndricos (poros) que aumentam a permeabilidade da membrana
levando à saída de iões essenciais a partir do citosol e à destruição da
célula.
• Ligação directa ao ergosterol da membrana citoplasmática.
Mecanismos de acção da anfotericina B
Polienos
• São metabolitos secundários produzidos por várias espécies de Streptomyces. Quimicamente são
lactonas de macrólidos cíclicos.

• O seu mecanismo de acção baseia-se primariamente na sua capacidade para se ligarem aos esteroides
das membranas citosólicas de células susceptíveis. A sua acção é pouco específica actuando sobre
células animais (colesterol), plantas (sitoesterol), protozoários e fungos (ergosterol).
– Esta inespecificidade é responsável pela sua elevada toxicidade.

• Anfotericina B - É um macrólido hepténico (7 ligações duplas de carbono). É o único composto


poliénico clinicamente útil para tratar infecções sistémicas uma vez que tem maior actividade sobre
as membranas fúngicas do que sobre as membranas de células de mamíferos. Isto deve-se à sua
ligação preferencial a membranas contendo ergosterol em vez de colesterol. A anfotericina B tem
propriedades imuno-modulatórias que podem ter um papel importante na sua actividade biológica in
vivo. Embora já exista à mais de 50 anos não se conhecem resistências a este fármaco.
– Mecanismos de acção:
• Insere-se na membrana citoplasmática das células susceptíveis formando canais cilíndricos
(poros) que aumentam a permeabilidade da membrana levando à saída de iões essenciais a
partir do citosol e à destruição da célula.
• Ligação directa ao ergosterol da membrana citoplasmática.

• Nistatina - É estruturalmente análoga à anfotericina B. O mecanismo de acção


é também semelhante à da anfotericina B. Actualmente é usada somente para
tratamentos de candidíases mucocutâneas, orofaríngicas e vaginais.
Derivados azólicos
• São o maior grupo de antifúngicos disponíveis
comercialmente. Têm largo espectro de acção antifúngica.

• Estes compostos são fungistáticos e actuam por inibição da 14-


α desmetilação do 24-metilenodihidrolanosterol, um
percursor do ergosterol.

• A 14-α desmetilação é um processo dependente do citocromo


P450. Os azois são altamente selectivos e actuam por ligação
ao grupo heme do citocromo P450.

• Exemplos de imidazois:
– clotrimazol, miconazol, quetoconazol e netoconazol.

• Exemplos de triazois:
– fluconazol, itraconazol, terconazol e voriconazol.
Análogos dos nucleótidos:
5-fluorocitosina
• É uma pirimidina polar fluoretada que tem um
espectro de actividade estreito.

• É usada oralmente para o tratamento de infecções


sistémicas causadas por fungos sobretudo dos géneros
Candida, Cryptococcus, e Aspergillus.

• Nos fungos susceptíveis, a 5-fluorocitosina entra nas


células pela citosina permease e é desaminada a 5-
fluoruracilo. Este composto é convertido em ácido 5-
fluoruridílico monofosfato que inibe a função do
RNA, ou em 5-fluordesoxiuridina monofosfato, um
inibidor da síntese do ADN.
Equinocandinas
• As equinocandinas representam a mais recente classe terapêutica
de fármacos antifúngicos.

• O acetato de caspofungina, o primeiro antifúngico


representante das equinocandinas (em uso clínico desde 2002),
tem boa actividade terapêutica nas infecções invasivas por
Candida e Aspergillus.
– Inibe a síntese da enzima β-(1,3)-D-glicano sintetase, presente na
parede celular dos fungos susceptíveis

N-[(3S,6S,9S,11R,15S,18S,20R,21R,24S,25S)- 3-[(1R)-3-amino-1-
hydroxypropyl]- 21-[(2-aminoethyl)amino]- 6-[(1S,2S)-1,2-dihydroxy- 2-(4-
hydroxyphenyl)ethyl]- 11,20,25-trihydroxy- 15-[(1R)-1-hydroxyethyl]-
2,5,8,14,17,23-hexaoxo- 1,4,7,13,16,22-hexaazatricyclo [22.3.0.09,13] heptacosan-
18-yl]- 10,12-dimethyltetradecanamide
Características da parede celular fúngica

• Os fungos têm parede celular que


recobre o plasmalema. A parede celular é
estruturalmente e bioquimicamente
complexa contendo quitina (um polímero
de N-acetilglucosamina) como base
estrutural.
• Nos fungos filamentosos a biosíntese de
quitina ocorre na extremidade crescente e
é controlada pela actividade da quitina
sintetase, uma enzima que existe no
citosol em estruturas membranárias
chamadas de quitossomas.
• Formando camadas sobre a quitina,
existem mananos, glucanos e outros
polissacáridos complexos em associação
com polipéptidos.
Classificação das candidíases orais
Classificação das candidíases confinadas aos tecidos orais
e periorais
Tipo de candidíase Apresentação clínica

Pseudomembranosa aguda ou crónica Múltiplas placas brancas removíveis

Eritematosa aguda Vermelhidão generalizada dos tecidos da mucosa palatal

Candidíase crónica hiperplástica em Placas brancas aderentes (não removíveis) nas

placas/nodular (leucoplasia a Candida) retrocomissuras labiais

Eritematosa crónica (estomatite Vermelhidão generalizada dos tecidos na superfície de


dentária)* encaixe da dentadura superior

Queilite angular associada a Candida* Fissuras bilaterais nos ângulos da boca

Glossite rombóide mediana* Lesões fixas vermelhas/brancas no dorso da língua

*Podem ser de etiologia mista, bacteriana e fúngica


Infecções orais e periorais por Candida
• A candidíase oral é a infecção
fúngica oral mais comum.
• As apresentações da candidíase
oral incluem:
– candidíase pseudomembranosa com
lesões no palato (a),
– candidíase eritematosa crónica
(estomatite dentária) na mucosa
palatal superior de um doente com
dentadura completa (b)
– candidíase em placas ou nodular na
união dos lábios superior e inferior
(c),
– queilite angular e glossite rombóide
mediana (d).

• A queilite angular, candidíase


eritmatosa crónica e glossite
rombóide mediana podem ter
uma etiologia mista bacteriana e
fúngica.
Factores que predispõem para a candidíase oral
• Idade- ser muito novo ou velho
• Infecção por HIV
• Trauma/irritação nas mucosas, incluindo o uso de dentaduras
• Terapêutica com:
– Antibióticos
– Corticosteroides locais ou sistémicos
– Imunosupressores
– Citotóxicos
• Má nutrição
• Deficiência de ferro
• Deficiência em vitamina B12
• Diabetes mellitus não diagnosticada ou mal controlada
• Leucemia
• Agranulocitose
• Xerostomia
• Dieta rica em carbohidratos
Candidíase oral pseudomembranosa
• Infecta mais frequentemente as crianças, os idosos e os doentes terminais
• Pode ser um indicador de diabetes, leucemia e HIV/SIDA
• Terapêutica com inaladores de corticosteroides (como medida preventiva contra a asma) pode estar
associada com o desenvolvimento deste tipo de candidíase.
• Sinais clínicos incluem tipicamente o aparecimento de placas brancas e cremosas removíveis (não
aderentes) facilmente com uma espátula de madeira por exemplo. A raspagem pode provocar
sangramento e normalmente revela uma mucosa eritematosa.
• Os locais mais afectados são o palato mole, orofaringe, língua, mucosa bucal e gengiva. Normalmente
não causa dor.
• Microscopicamente as placas são compostas por uma mistura de hifas de Candida com células
epiteliais de descamação, fibrina, queratina, restos de necroses celulares e bactérias.

• O diagnóstico clínico pode ser


confirmado através de esfregaços
corados com ácido periódico-Schiff
(PAS), lavados orais ou cultura
• Os esfregaços são úteis para uma
rápida confirmação se aparecerem
hifas.
• As culturas são úteis para
identificação da espécie de Cândida e
para estudo da susceptibilidade aos
antibióticos.
Tratamento da candidíase
pseudomembranosa
• Usa-se pastilhas contendo os polienos
nistatina e anfotericina ou outras formas
farmacêuticas semelhantes.
Candidíase oral eritematosa
• Pode ser aguda ou crónica dependendo da sua duração.
• A forma aguda está frequentemente associada a tratamento com antibióticos
sistémicos ou locais ou com corticosteroides (inalação). É a única candidíase que
é dolorosa
• O diagnóstico clínico pode ser confirmado por exame microscópico de
esfregaços ou lavado oral ou cultura

Candidíase eritematosa no palato de um doente com SIDA


http://pocketdentistry.com/35-oral-mucosal-and-salivary-gland-infections/
Candidíase oral eritematosa crónica
• Ocorre na mucosa palatal por baixo de dentaduras maxilares superiores completas ou parciais.
Quase nunca ocorre na mucosa da dentadura inferior.
• O doente em geral não apresenta queixas a não ser as decorrentes de uma queilite angular associada
• Dependendo da severidade da inflamação as lesões podem aparecer como:
– Eritema pontuado da mucosa que suporta a dentadura (Lesão de Newton tipo 1)
– Eritema difuso e confluente e edema da mucosa que suporta a dentadura (Lesão de Newton
tipo 2)
– Hiperplasia papilar e inflamação, envolvendo em geral a parte central do palato duro e do
rebordo alveolar (lesão de Newton do tipo 3)

Estomatite dentária mostrando a mucosa palatal eritematosa e Estomatite dentária mostrando hiperplasia papilar do palato
edematosa (inflamada) (Newton’s type 2 lesion). (Newton’s type 3 lesion).
Candidíase oral eritematosa crónica
• É mais comum entre as pessoas que não removem a dentadura durante a
noite e os que usam dentaduras velhas
• O diagnóstico pode ser confirmado por esfregaços obtidos do palato e do
dorso da língua ou feitos a partir da superfície da dentadura que contacta
com a mucosa
• É importante efectuar uma investigação hematológica das causas desta
doença como, por exemplo, o teor de ferro, vit. B12, deficiência em folato,
diabetes por diagnosticar ou diabetes mal controlada.
• Para além do tratamento com antifúngicos, o doente deve ser educado a
remover a dentadura à noite e, após a lavar, a mergulhar a dentadura durante
a noite em solução de gluconato de clorhexidina a 2% ou de hipoclorito
de sódio a 1%.
• Se a dentadura for velha, instável, ou não retentiva, o doente deve ser
encorajado a adquirir uma nova dentadura
Tratamento da candidíase
eritematosa com antifúngicos
• Usa-se pastilhas contendo os polienos
nistatina e anfotericina ou outras formas
farmacêuticas semelhantes.

• Os azois, tais como comprimidos de


fluconazol dados por via oral, são úteis na
infecção HIV/SIDA.
Candidíase crónica hiperplástica em placas ou nodular
(leucoplasia a Candida)
• As lesões são tipicamente regiões elevadas discretas crónicas que podem ser pequenas, palpáveis,
translucidas e esbranquiçadas ou placas grandes, densas, e opacas, duras e ásperas ao toque (lesões
tipo placa). Podem também ser observadas áreas homogénias ou dispersas que não são removíveis
(lesões nodulares).
• As lesões são frequentemente assintomáticas e normalmente ocorrem na superfície interior de uma
ou ambas as bochechas (mucosa jugal, área retrocomissural).
• O cancro oral surge em 9–40% dos casos de candidíase hiperplástica o que compara com o risco de
2–6% de transformação maligna noutros casos de placas brancas não causados por Candida. Assim,
doentes com candidíases hiperplásticas recalcitrantes resistentes à terapêutica devem ser mantidos
sobre vigilância regular.

Secção
histopatológica de
uma lesão de uma
candidíase
hiperplástica
crónica mostrando
numerosas hifas de
Candida
infiltrando as
camadas
superficiais
do epitélio oral
Candidíase crónica hiperplástica na
retrocomissura da boca.
Tratamento
• Administrar terapêutica antifúngica tópica contendo os
polienos nistatina e anfotericina por exemplo na forma
de pastilhas ou outras formas farmacêuticas
semelhantes.

• Os azois, tais como comprimidos de fluconazol dados


por via oral, podem ser úteis a eliminar infecções
crónicas

• As infecções crónicas devem ser vigiadas de perto


devido à possibilidade de transformação e
desenvolvimento de cancro.
Queilite (estomatite) angular associada a Candida
• As lesões da queilite angular são observadas em
um ou ambos os ângulos da boca e surgem em
geral como uma complicação de estomatite
dentária em utilizadores de dentadura.
• Causa dor, eritema e aparecimento de fissuras
• É causada por Candida spp, com ou sem S.
aureus. Na figura, destacam-se as placas
amareladas características de infecção
concomitante por S. aureus.
Tratamento
• Eliminar o reservatório intraoral da infecção associada à
estomatite dentária
• Ajustar as dimensões verticais das dentaduras para impedir a
retenção de saliva e a humidade nos ângulos da boca (a
humidade favorece o crescimento de Candida)
• Administrar terapêutica antifúngica tópica com nistatina,
anfotericina B ou miconazole que tem propriedades antifúngicas
e antiestafilococos; o tratamento da infecção estafilocócica pode
também ser feito com ácido fusidico e neomicina/clorhexidina
• Investigar doenças subjacentes que poderão estar a causar a
queilite: deficiências em ferro ou em vitamina B1 e infecção por
HIV.
Glossite romboide mediana
• A glossite da linha média do dorso da língua, ou atrofia papilar glossal central, é
caracterizada por uma área de atrofia papilar que é eliptica ou romboide na forma e que é
localizada de forma central e simétrica na linha média da língua, anterior ao
circumvallate papillae.
• Para além das infecções fúngicas, factores de predisposição são o tabaco e inalação de
esteroides.
• É causada por infecção mista por bactérias e fungos e responde bem aos antifúngicos
e/ou à melhoria da higiene oral.A lesão também desaparecer espontaneamente.
• Os doentes preocupam-se muito com a aparência sobretudo quando são cancrofóbicos.
Nestes casos é fundamental o diagnóstico correcto.

Na figura vê-se a lesão típica em


forma de diamante
Manifestações orais de infecções por Aspergillus spp.

• A aspergilose pode afectar o palato, língua e gengiva.


• As lesões do palato mole são em geral consequência de
infecções do trato respiratório superior. Manifestam-se como
ulcerações orais rodeadas por uma margem de tecido negro.
• As lesões nas gengivas são em geral encontradas em doentes
com cancros hematológicos. São lesões dolorosas, violáceas e,
eventualmente, ulceradas com necrose tecidular.
• O diagnóstico pode ser feito por cultura que demora pelo
menos uma semana. Contudo, as biópsias são frequentes uma
vez que as lesões são preocupantes e podem permitir obter um
resultado após 24h.
• O tratamento é agressivo e faz-se com antifúngicos sistémicos,
por exemplo, com anfotericina B por via intravenosa.
Manifestações orais de infecções por Criptococcus
neoformans

• A criptococose, que pode ser sistémica em doentes


imunodeficientes, só muito raramente se manifesta a nível
oral
• As lesões orais podem apresentar-se como ulcerações ou
nódulos que pode surgir no palato, língua, gengiva e na
cavidade que resulta da extracção dentária.
• O diagnóstico é confirmado por biópsia
• O diagnóstico diferencial inclui o carcinoma das células
escamosas, tuberculose e úlcera traumática.
• O tratamento é sistémico e deve ser efectuado com
anfotericina B, fluconazole ou itraconazole.
Manifestações orais de infecções por Histoplasma
capsulatum
• A histoplasmose é endémica nos EUA nos vales dos rios do Mississípi e do
Ohio em que 70 a 80% dos adultos estão infectados (infecções assintomáticas
em geral).
• Há 3 formas clínicas de histoplasmose: aguda, crónica pulmonar e progressiva
disseminada.
• A histoplasmose oral pode aparecer, embora raramente, como doença primária
em pessoas saudáveis e doentes com SIDA ou pode ser consequência de uma
doença pulmonar ou disseminada.
• As lesões orais manifestam-se como úlceras endurecidas individuais ou
múltiplas ou nódulos. Os locais de envolvimento são o palato, língua, mucosa
bucal, gengiva e lábios.
• O diagnóstico pode ser estabelecido por análise histopatológica de biópsias, por
cultura, observação directa de esfregaços, ou testes de fixação do complemento.
• O tratamento é sistémico e deve ser efectuado com anfotericina B, fluconazole
ou itraconazole.
Manifestações orais de infecções por Blastomyces dermatitidis

• A blastomicose é uma infecção crónica encontrada sobretudo na América do


Norte e ocasionalmente em África.
• O envolvimento pulmonar é comum e o doente pode apresentar sintomas
semelhantes aos da tuberculose ou seja febre baixa, perda de peso, tosse, e
expectoração purulenta.
• O orgão extrapulmonar mais frequentemente afectado é a pele.
• As lesões orais podem ocorrer devido à disseminação da doença pulmonar.
• Lesões proliferativas ou ulceradas podem ocorrer no palato duro, gengiva,
língua ou lábios. Pode também haver envolvimento do osso mandibular ou
maxilar.
• Os homens são mais frequentemente afectados do que as mulheres
• O diagnóstico é baseado na cultura embora também se consiga observar os
fungos em biópsias tecidulares.
• O tratamento de escolha é com anfotericina B podendo ser necessário
complementar com a remoção cirúrgica e desbridamento da ferida associada
(remoção do tecido não viável, detritos celulares, exsudado e todos os resíduos
estranhos, de forma a minimizar a infecção da ferida e promover a sua cicatrização).
Manifestações orais de infecções por Paracoccidioides brasiliensis

• A paracoccidioidomicose (ou blastomicose da América do Sul) é uma doença crónica


endémica no Brasil. Também ocorre na Argentina, Venezuela, Bolívia, Peru, Uruguai,
México e Costa Rica.
• As pessoas mais frequentemente afectadas com lesões na boca e a faringe são os homens
adultos que trabalham e vivem em zonas rurais.
• As lesões orais podem ser granulares e apresentar-se com ulceração, e podem resultar de
uma infecção primária ou secundária.
• Os locais afectados são a gengiva, palato, lábios e mucosa bucal. O envolvimento da
gengiva pode causar deslocação dos dentes. A infecção do palato pode levar a perfuração.
• Outras formas da doença incluem a forma pulmonar, a forma linfangítica-mucocutânea e
a forma disseminada.
• As biópsias são comuns e mostram granulomas, células gigantes multinucleadas e um
infiltrado inflamatório com múltiplas células. Os microabcessos e as células gigantes
multinucleadas podem conter hifas fúngicas.
• Os fungos podem ser facilmente observados em secções de tecidos coradas com ácido
periódico de Schiff (PAS). Podem ser também observados em esfregaços corados com
PAS ou hidróxido de potássio.
• O tratamento de escolha é com cetoconazole oral ou anfotericina B intravenosa.
Manifestações orais de infecções causadas por fungos da
família Mucoraceae
• A mucormicose é uma doença rara mas importante porque está frequentemente associada a um
desfecho fatal.
• É uma infecção aguda oportunista causada essencialmente por fungos dos géneros Rhizopus e
Mucor e que afecta normalmente indivíduos debilitados.
• Factores de predisposição para esta infecção incluem diabetes mellitus mal controlada com
cetoacidose, doenças hematológicas malignas, queimaduras, má nutrição, urémia, cirrose hepática,
SIDA, transplantes de orgãos, terapêutica oncológica e outras causas de imunosupressão.
• As formas da doença mais comuns são as seguintes: rinocerebral, pulmonar, gastrointestinal e
disseminada.
• A forma rinocerebral é caracterizada por febre baixa, mal estar geral, dores de cabeça, dor sinusal,
descargas nasais sanguíneas, inchaço e edema periorbital nasal ou ocular, ptosis (palpebra superior
descaída) e paralisia muscular.
• A necrose tecidular pode causar ulceração e perfuração palatal.
• O diagnóstico diferencial para a mucormicose rinocerebral inclui a sífilis terciária, tuberculose ou
neoplasmas malignos (carcinoma das células escamosas do antro maxilar ou da mucosa palatal).
• Os esfregaços e as biópsias permitem fazer o diagnóstico; a tomografia axial computorizada (TAC)
permite definir a extensão da lesão.
• O tratamento inclui desbridamento cirúrgico, terapêutica antifúngica sistémica e gestão dos factores
de predisposição.

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