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18/02/2018 PERCA TEMPO - O BLOG DO MURILO

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PERCA TEMPO - O
BLOG DO MURILO
domingo, fevereiro 18, 2018 GOOGLE

Sobre o auxílio-moradia a juízes: legal igual a moral? - NOTÍCIAS


SAMUEL PESSÔA / plantão
FOLHA DE SP - 18/02
SEX, 07/01/2011

Benefício é pago independentemente de o magistrado ter imóvel próprio 13h33 |onia


Índios suruí apostam no mercado
de carbono para conservar sua
Há algum tempo a categoria de juízes vem sendo exposta em razão do auxílio-moradia. O benefício é pago terra em RO
independentemente de o magistrado ter imóvel próprio na cidade em que trabalha.
20h08 |onia
Filhote de peixe-boi sem a mãe é
Os juízes argumentam que a concessão do benefício é legal e, portanto, não há problema moral em requerê-lo. O resgatado no Amazonas

juiz Sergio Moro argumentou que o benefício compensa os salários congelados há três anos. Faltou lembrar que os
12h48 |onia
impostos também não crescem há três anos. Expedição faz levantamento
inédito do Parque da Serra do
Pardo, no Pará
Apesar da legalidade, a percepção é que o benefício é imoral.
16h50 |onia
Peru faz proposta para receber
O colunista Eugênio Bucci, na edição de quinta (15) do jornal "O Estado de S. Paulo", afirmou que o governo financiamento do Fundo
estereotipava os servidores públicos como privilegiados. Os servidores públicos somente "acreditaram na promessa
do Estado de que, se topassem trabalhar recebendo proventos limitados, (...) teriam, no final da vida, uma Seguidores
aposentadoria digna".
Seguidores (839) Próxima

Recente estudo do Banco Mundial mostrou que o Estado brasileiro remunera trabalhadores com as mesmas
características de qualificação com salários 70% maiores do que o setor privado. A prática mundial é que esse
"excesso" de remuneração do setor público seja de 15%. Não parece que os proventos sejam "limitados".

Bucci esqueceu que a reforma da Previdência em tramitação no Congresso Nacional não elimina os princípios de
integralidade e paridade do benefício previdenciário dos servidores, mas apenas determina que serão garantidos
para os que se aposentarem com 65 anos para homens e 62 anos para mulheres. Parece que são idades razoáveis
para caracterizar "no final da vida".

Os dois princípios mencionados estabelecem que o servidor se aposenta com o último salário e tem a garantia de
receber todos os aumentos reais concedidos aos ativos.
Seguir

Adicionalmente, a população em geral entende que poder se aposentar com 55 anos, por exemplo, e ser elegível à
paridade e à integralidade é privilégio. Parece ser o caso. Vale lembrar que as pressões dos servidores sobre os Arquivo do blog
deputados para que a reforma não ande são fortíssimas. E eles sempre vendem para a sociedade que seu interesse
▼ 2018 (444)
é o coletivo. Entende-se, portanto, o esforço de propaganda da reforma pelo governo.
▼ Fevereiro 2018 (220)

Se a reforma for aprovada, após seis meses as mesmas regras se aplicarão aos servidores dos Estados. E os ▼ fev 18 (17)
Estados estão quebrados. Para os Estados, o principal motivo da quebradeira é a folha de servidores ativos e Sobre o auxílio-moradia a
juízes: legal igual a mo...
inativos. As regras previdenciárias fazem com que hoje um Estado, para cada coronel da PM da ativa, por exemplo,
pague de 20 a 30 benefícios para inativos ou suas viúvas. A guerra de Temer e o
Exército no Rio - VINICIUS
T...
No Carnaval, pegou muito mal a informação de que o apresentador Luciano Huck se beneficiou de um empréstimo
do BNDES a taxas de juros reais negativas para comprar um jatinho. Tudo legal. A percepção é que houve A intervenção e as dúvidas -
CELSO MING
privilégio.
Um gesto, um olhar, e tudo
O grande problema é tratarmos os iguais de forma desigual. Vale para os servidores, vale para os regimes muda - TOSTÃO
especiais de tributação, Simples e lucro presumido, vale para os empréstimos do BNDES, vale sempre que alguém Mano a Mano - PVC - PAULO
se beneficia de uma meia-entrada. VINICIUS COELHO
Aceita que dói menos -
Evidentemente, cada qual, e este colunista não é exceção, olha a sua meia-entrada como sendo plena de MARCELO BARRETO
justificativa e de razões. O jogador invisível - UGO
GIORGETTI
O desempenho de nossa economia nos últimos 35 anos sugere que essa economia política não está funcionando O mundo está complicado -
bem. Excelente indicação de leitura é "Por que o Brasil Cresce Pouco?" de Marcos Mendes, editado pela Campus. ALBERT FISHLOW
Política externa, sua
Postado por MURILO às 09:16 relevância - CELSO LAFER

Reações:  engraçado (0) interessante (0) legal (0) Crise humanitária


venezuelana já afeta o
continent...
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Não é que há boas notícias -
MARCOS LISBOA

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18/02/2018 PERCA TEMPO - O BLOG DO MURILO

A guerra de Temer e o Exército no Rio - VINICIUS Rios da indiferença -


FERNANDO GABEIRA
TORRES FREIRE A recuperação está aí. A
sustentabilidade, não -
FOLHA DE SP - 18/02 J...
Um alerta para as redes
O Rio de Janeiro não tem governo. Melhor do que estar sob o controle dos presidiários Sérgio Cabral (MDB) e Jorge sociais - EDITORIAL O
Picciani (MDB), decerto. ESTA...
Pezão precisa sair do
Mas a máquina pública ainda está tomada pelo vírus do MDB. Há conluio entre comandantes da PM e o crime governo do Rio - ELIO
organizado, já disse Torquato Jardim, ministro da Justiça de Michel Temer (MDB). A chefia do Tribunal de Contas foi GASPAR...
para a cadeia. Falido, o Rio vive de favor federal e em guerra civil molecular. Fakebook - EDITORIAL FOLHA
DE SP
Por que não houve intervenção no governo inteiro? Temer, o reformista -
ASCÂNIO SELEME
Porque seria um desvio da ofensiva política do governo federal. Desde que a reforma da Previdência estrebuchava,
► fev 17 (2)
fins de 2017, Temer e turma previam uma "agenda positiva" para 2018, baseada em segurança pública. Seria um
mote eleitoral do governismo, de Rodrigo Maia (DEM) inclusive. Mas isso era um plano agora menor e pretérito. ► fev 16 (14)
► fev 15 (13)
O colapso de Luiz Fernando Pezão (MDB) juntou a fome com a vontade de comer. No Planalto, se diz que de fato
► fev 14 (8)
não havia mais alternativa a uma baderna criminosa geral. Sim, Temer e turma vão tentar fazer propaganda da
intervenção militar na segurança do Rio até outubro. Cuidar do desastre do governo inteiro tiraria o foco da ► fev 13 (12)
campanha, prejudicaria a tentativa de capitalizar efeitos provisórios da intervenção ou da paz temporária do ► fev 12 (12)
cemitério.
► fev 11 (18)

Vai dar certo, do ponto de vista do governismo? ► fev 09 (14)


► fev 08 (14)
A pergunta interessa não apenas a Temer e turma, pois a intervenção redefine a conversa política do país. O blá- ► fev 07 (15)
blá econômico fica à margem, a não ser em caso improvável de fracasso ou sucesso extremado da recuperação do
► fev 06 (11)
PIB. A reforma da Previdência não volta, mesmo que Temer e turma quisessem, pois suspender a intervenção para
votá-la é pedalada constitucional escandalosa. ► fev 05 (10)
► fev 04 (19)
O Exército não gostou da decisão atabalhoada; militar gosta de planos. Além do mais, desde o final do Império
► fev 03 (15)
detesta a ideia de servir de polícia ocasional sob ordem da elite. Cansado de missões esporádicas, que acha caras,
infrutíferas e desmoralizantes, ainda pede mais poderes e salvaguardas a Temer. Acha que vai conter a desordem, ► fev 02 (9)
mas apenas para passar logo o bastão a quem possa criar um "sistema de segurança pública eficiente". ► fev 01 (17)

Circula outra vez clichê tolo de que o Exército, "treinado para a guerra e combater o inimigo", nada sabe de ► Janeiro 2018 (224)
segurança pública. O Exército não treina para fazer ou investigação ou policiamento sistemáticos. Mas manutenção
► 2017 (998)
de paz e ordem é competência de parte da tropa. Os militares passaram 13 anos fazendo justamente isso no Haiti.
► 2016 (3049)
Não é de modo algum um prognóstico de sucesso. Temer não tem plano de segurança, e o Exército não substitui ► 2015 (1575)
uma polícia eficaz. ► 2014 (5633)
► 2013 (12488)
Mas o Exército não vai ao Rio se fazer de polícia, segundo um general no Rio, mas para criar condições de uma
reforma de fundo. Diz o general que pode haver, sim, confronto com bandidos, com alto risco de danos colaterais. ► 2012 (11618)
Que se vai intervir nos presídios, isolar e tornar incomunicáveis os comandantes presos do crime. Que "muito ► 2011 (12099)
provavelmente" será necessário trocar comandos da PM e delegados por oficiais, reequipar a polícia e levantar o
► 2010 (8969)
moral da tropa fluminense.
► 2009 (7602)
E se o Exército fracassar? "Resta o Estado de sítio, uma guerra de verdade, um fracasso da nação", diz o general. ► 2008 (1378)
► 2007 (301)
Postado por MURILO às 09:11
► 2006 (219)
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DE ONDE
VENHO
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A intervenção e as dúvidas - CELSO MING


ESTADÃO - 18/02

Como restringir a intervenção apenas a um Estado se o problema é nacional e não respeita fronteiras?

O presidente Temer apressou-se a desmentir que tenha decretado a intervenção federal no Estado do Rio apenas
para produzir cortina de fumaça que oculte o fracasso do projeto de reforma da Previdência, como pareceu. Não há
indicações de que a população acredite nisso.

Mesmo que a intervenção tenha sido decidida por outras razões – por exemplo, para tentar reverter a baixíssima
aprovação do governo – parece enterrada a reforma da Previdência. A pauta do Congresso tem como prioridade
agora a discussão do decreto de intervenção, o que empurraria inevitavelmente o exame do Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) da Previdência Social, de importante impacto eleitoral, para mais perto das eleições.

O governo quer mostrar ação em outra direção e será cobrado por isso. A falta de resultados imediatos na área da
segurança, além de desmoralizar a intervenção, poderia produzir desastre político, também de consequências
eleitorais imprevisíveis.

Há apenas algumas semanas, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, tentava desencorajar uma decisão como a
comunicada sexta-feira. Argumentava que uma intervenção em Pernambuco desembocaria necessariamente em
outras. Agora, passou a defender a intervenção no Rio e abandonou sua posição anterior. Mas ficou difícil sustentar
que outros Estados, como o Rio Grande do Sul e o Rio Grande do Norte, não precisem do mesmo tratamento,

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18/02/2018 PERCA TEMPO - O BLOG DO MURILO
embora mostrem a mesma anomia na segurança pública e em outras. Live Traffic Feed
A visitor from Belo
A intervenção federal tem por objetivo declarado restabelecer a ordem pública e submeter o crime organizado. As Horizonte, Brazil
bases da bandidagem serão atacadas e, com elas, o narcotráfico e suas condições de sustentação, assegura ele. viewed PERCA
TEMPO - O BLOG
A
DOvisitor
MURILO: from Avaré, Sobre
Mas há indicações de que esta não é uma operação planejada, o que, por si só, tende a comprometer seu sucesso.
Brazil
o ... 6 secs viewedagoPERCA
A convocação apressada das autoridades ligadas à área para avaliar a decisão, a rápida mudança de discurso do
TEMPO - O BLOG
ministro Jungmann e o apelo a que a população encaminhe sugestões são indicação do grau de improvisação. Uma
DO MURILO: As
operação de guerra não se baseia em sondagens populares prévias. Simplesmente põe em marcha decisões A visitor2 from
regra... mins Brazil
ago
amadurecidas pelo Alto Comando. viewed PERCA
TEMPO - O BLOG
As Forças Armadas podem ter mapeado certos focos de atuação dos agentes desse estado de violência DOvisitor
A MURILO from 2Brazil mins
permanente, pelo menos no Rio e, eventualmente, no Espírito Santo. Mas sobram dúvidas de que a empreitada ago
viewed PERCA
tenha êxito. Até agora iniciativas desse tipo fracassaram, porque as causas do câncer não foram extirpadas e TEMPO - O BLOG
porque, como outra vez, terão de contar com a colaboração da atual polícia, tão conivente com o crime e tão podre DO MURILO
A visitor from 2Santa mins
quanto a podridão que se pretende erradicar. ago
Maria, Brazil viewed
PERCA TEMPO - O
Uma das questões que a nova situação do Rio deve suscitar tem a ver com o âmbito geográfico da segurança que BLOG DO MURILO
se quer ver restabelecida. Como restringir a intervenção apenas a um Estado se o problema é nacional e não A visitor
6 mins agofrom Brazil
respeita fronteiras? E como evitar que a bandidagem fuja momentaneamente do Rio e busque refúgio em viewed PERCA
territórios adjacentes e de lá passem a atuar, como aconteceu outras vezes? TEMPO - O BLOG
DO MURILO
A visitor from 7Porto mins
Outra questão vai às causas mais profundas. A perda de controle da segurança não ocorreu apenas por gestão ago
Alegre, Brazil viewed
incompetente e corrupta das autoridades públicas. Ocorreu porque a droga e o crime viraram negócios tão PERCA TEMPO - O
lucrativos que compram a polícia, compram políticos, compram juízes, compram armamentos pesados, sustentam BLOG DO MURILO
logísticas complexas, destroem o monopólio da força exercido pelo Estado e sustentam poderoso estado paralelo. A visitor
9 mins agofrom Baependi,
Outras regiões do mundo, como Nova York, enfrentaram com sucesso problemas parecidos, com determinação, Minas Gerais viewed
recursos e com uma polícia competente. Mas, por aqui, estamos a anos-luz de resultados assim. "PERCA TEMPO - O
BLOG DO MURILO" 10
A
minsvisitor
ago from Russian
E há as dúvidas que têm a ver com a economia. O novo adiamento da votação da PEC da Previdência passa o sinal
Federation viewed
de que o rombo das contas públicas continua se abrindo e, assim, tende a alargar as incertezas e a sabotar a ainda
"PERCA TEMPO - O
frágil recuperação econômica. Nesta sexta-feira, o mercado financeiro pareceu já contar com esse adiamento. Mas BLOG DO MURILO" 11
a essas incertezas podem juntar-se as outras, tanto as eleitorais de origem interna como as que estão se A
minsvisitor
ago from Porto
avolumando nos mercados globais. Alegre, Rio Grande do
Sul viewed "PERCA
Até agora, a população não sentiu a melhora dos indicadores da economia no dia a dia de suas vidas. Apenas em TEMPO - O BLOG DO
parte isso pode estar acontecendo porque a falta de segurança passou a ser preocupação central do consumidor e MURILO"
A visitor from 12 minsBrazilago
Real-time view · Get Feedjit
prejudicou outras percepções.

Um dos objetivos do governo com a intervenção parece ter sido criar clima favorável para que os resultados da Minha lista de blogs
economia sejam mais bem notados.
A CASA DA MÃE JOANA Puteiro
Nacional
Enfim, muitas dúvidas pairam sobre esta decisão.
Resistência Democrática
Postado por MURILO às 09:02
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Um gesto, um olhar, e tudo muda - TOSTÃO


FOLHA DE SP - 18/02

PSG poderia ter vencido, já que houve chances de gols para os dois lados

Temos o hábito de procurar uma causa que explique os resultados e as atuações das equipes, como estratégias,
escolhas e substituições feitas pelos treinadores, o desempenho de jogadores, árbitros e auxiliares ou mesmo o
acaso, a sorte e os mistérios. Os motivos, como regra, são múltiplos.

Além do erro do técnico do PSG, Unai Emery, ao escalar, mais uma vez, o jovem e habilidoso meia Lo Celso de
volante, do acerto de Zidane ao colocar, durante o jogo, dois meias rápidos pelos lados, saindo Casemiro, da
tradição de vitórias do time espanhol e da eficiência de Cristiano Ronaldo, outros fatores imprevistos ocorreram na
vitória do Real Madrid, por 3 a 1.

Por causa de detalhes, os dois últimos gols do Real poderiam ter sido do PSG, já que havia um equilíbrio técnico,
com chances mais ou menos iguais para os dois lados. Se Daniel Alves tivesse tocado a bola, que passou a uns 30
centímetros diante dele, quase na linha do gol, quando o jogo estava 1 a 1, se o árbitro tivesse marcado o pênalti
a favor do time francês, o PSG poderia ter vencido, o técnico seria elogiado por colocar Daniel Alves mais à frente,
a atuação de Neymar seria bastante valorizada e o Real seria criticado.

Neymar criou umas quatro chances de gol, deu dois ótimos e decisivos passes e também errou em alguns
momentos ao tentar o drible quando deveria passar a bola.

Por ser ambicioso e autossuficiente, características muitas vezes positivas, Neymar, em algumas situações, exagera
nos dribles e toma as decisões erradas. Mesmo assim, é enorme o número de passes para gol dados por ele no
Santos, no Barcelona, no PSG e na seleção. Neymar gosta do drible artístico, dos efeitos especiais, mas dizer que é
um firuleiro e que só joga para ele é falta de bom senso.

CARTESIANO

Com Roger Machado, Miguel Borja tem sido aproveitado no que sabe fazer bem, partir em velocidade para receber

http://avaranda.blogspot.com.br/ 3/20
18/02/2018 PERCA TEMPO - O BLOG DO MURILO
a bola à frente. No empate com o Linense, o Palmeiras mostrou, novamente, ser um time tático, organizado,
cartesiano, que recua e se posiciona bem quando perde a bola. Falta um pouco de loucura, de pressão no
adversário, para tentar recuperar a bola mais à frente. Isso é fundamental. Não confundir com a marcação
individual usada por Cuca, com um marcador atrás do adversário por todo o campo.

Roger deu uma boa entrevista no programa Bola da Vez, da ESPN Brasil. Ele une o conhecimento acadêmico, às
vezes, com uma linguagem excessivamente operatória, com a prática, pois, quando jogador, era um observador
que já pensava em ser treinador. Porém, não respondeu à pergunta sobre qual é a função de Zé Roberto, que foi
seu contemporâneo como atleta e que passou a ser auxiliar, antes da chegada do técnico.

Aumentou muito nas comissões técnicas dos clubes e da seleção a presença de ex-atletas e/ou de parentes dos
treinadores. Como ninguém explica bem, fica a dúvida sobre quais são as funções desses profissionais.
Evidentemente, muitos deles são bem preparados, enquanto outros parecem ter sido indicados por proximidades
afetivas e/ou como uma homenagem ou um gesto de amizade.

A troca de favores, a formação de patotas e o nepotismo são males que devastam o país. Pior, isso desestimula os
profissionais sérios a se prepararem bem, pois, com frequência, os escolhidos não são os que mais merecem.

Postado por MURILO às 08:43


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Mano a Mano - PVC - PAULO VINICIUS COELHO


FOLHA DE SP - 18/02

Tite quer que seleção crie condições para Neymar driblar e definir jogos na Copa

O departamento de análise de desempenho da CBF tem uma jogada separada que ilustra bem o que se quer na
Copa do Mundo. No amistoso contra a Inglaterra, empate por 0 a 0 em novembro, houve poucas chances concretas
de gol. Uma delas não virou nem sequer chute à meta do goleiro Hart.

O Brasil puxou contra-ataque com Paulinho e a bola chegou a Neymar frente à frente com o lateral Joe Gomez. O
craque brasileiro tentou o drible, mas puxou a bola para o lado de dentro e, sem ângulo, recuou para Marcelo.

A instrução é outra.

A seleção trabalha para deixar Neymar em condição de drible. Quando perceber que está um contra um, a
recomendação na Copa do Mundo será: vai você!

Neymar não foi o craque que pensamos na partida de ida das oitavas de final da Liga dos Campeões contra o Real
Madrid. No duelo imaginário Cristiano Ronaldo x Neymar, está 1 a 0 a favor de Cristiano. No debate concreto, o
Real Madrid está vencendo por 3 a 1. Mas tem o jogo de volta.

Decidir numa jogada individual, atualmente, é mais difícil do que era há 28 anos, quando Maradona dominou a bola
na intermediária e levou três marcadores antes de deixar Caniggia frente a frente com Taffarel. Ou quando
Garrincha enfileirava Gérson e Jordan, na final do Campeonato Carioca de 1962, com o Canhotinha em início de
carreira escalado para marcar Mané, com o lateral esquerdo Jordan em sua cobertura.

O espaço para o drible era maior. Não porque o Maracanã tinha 110 m x 75 m e agora tem 105 m x 68 m, mas
porque os jogadores corriam 5 km e hoje percorrem mais de 10 km por jogo --Toni Kroos fez 13 km no jogo do
Real Madrid contra o Paris Saint-Germain, na quarta (15).

Mais quilômetros percorridos significam mais aproximação de três defensores para marcar o mais criativo atacante
adversário. Neymar vai ter sempre dois ou três pela frente, na Copa do Mundo.

A não ser que se crie condição diferente para o craque brilhar.

Técnico da seleção brasileira de basquete na Olimpíada de Moscou, Cláudio Mortari dizia há três décadas que o
futebol ficaria parecido com o basquete. Ficou.

A imagem de Neymar no departamento de análise de desempenho no lance de Brasil x Inglaterra indica que é
preciso atrair a defesa adversária para um lado e virar o lado da jogada para tentar deixar o maior talento com, no
máximo, um marcador. No mano a mano, ele resolve.

Michael Jordan resolveu jogos como a final da NBA de 1998 contra o Utah Jazz numa jogada individual. Coisa de
gênio. Messi e Cristiano também podem fazer. Idem Neymar.

Mas o que Tite propõe é criar a condição de deixar o craque no um contra um. Na mesma decisão da NBA de 1998,
definida por Michael Jordan, o armador Stockton, do Utah Jazz, passou por todo o garrafão para enganar a defesa
e poder arremessar. Jogada ensaiada. Recebeu o passe quando estava sem marcação. Três pontos!

O jornalista Jonathan Wilson, autor de "A Pirâmide Invertida", diz que o Brasil não é só técnica e sempre houve
tática nas jogadas ofensivas. A diminuição de espaço exige esse trabalho mais ainda.

Tite quer que o drible decida a Copa. Para isso, trabalha para deixar os craques no mano a mano.

Postado por MURILO às 08:40


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Aceita que dói menos - MARCELO BARRETO


O GLOBO - 18/02
Um dos grandes desafios do século XXI é aprender a lidar com tamanha liberdade de expressão

O mundo do futebol estava sensível esta semana. A reação ao deboche de Vinícius Jr com o chororô tomou tal
proporção que mandou para fora do Estado a final da Taça Guanabara, atrasando uma reaproximação entre as
diretorias de Flamengo e Botafogo. Uma crítica de Casagrande a Neymar Jr, chamando o craque de mimado no
“Redação SporTV”, levou Neymar Sr a postar um textão ilustrado por uma fênix e pontuado por alusões ao
problema de Casão com as drogas. E uma pergunta do repórter Júlio César Santos a D’Alessandro depois de um
jogo do Inter, por incluir a expressão “joga fácil”, provocou um palavrão ao vivo na resposta: “Eu trabalho para c...
Ficar falando numa mesa, atrás de um microfone, é que é fácil.”

As três reações têm em comum a razão do ofendido e o exagero na resposta. Cada um sabe onde o calo aperta. O
torcedor do Botafogo detesta ser chamado de chorão, especialmente quando o deboche vem do Flamengo; os
Neymares odeiam que se fale em mimo, expressão crítica ao comportamento do filho e aos cuidados do pai; e não
só D’Alessandro, como praticamente todos os jogadores de futebol se incomodam com o que consideram
desconfiança de sua ética de trabalho.

No mundo ideal da boleirada, o espaço para a crítica seria muito limitado: só quem sabe o que acontece dentro do
campo estaria habilitado a tecer qualquer comentário. Torcedores, jornalistas e até ex-jogadores — por já estarem
afastados do dia a dia — estariam, nesta ordem, desqualificados. Quando dizem “Só minha família sabe o que eu
passei para chegar até aqui” nos momentos de conquista, os jogadores expressam o desejo de exercer uma
atividade que só pode ser discutida no próprio ambiente do trabalho ou em casa.

Mas o futebol é uma arena pública. Como outros esportes, é praticado por especialistas — e cada vez há mais
ciência na preparação de seus atletas: médicos, fisioterapeutas, fisiologistas, analistas de desempenho. Mas só se
transformou em fenômeno de massa porque entrou no imaginário dos não especialistas. São os torcedores, com
seu conhecimento limitado (e, muitas vezes, a ilusão de que o que aprenderam na várzea ou nas peladas de fim de
semana os transforma em doutores da matéria), que o sustentam. E os jornalistas — que já chamei de
“imperfeitos porta-vozes” num texto sobre Dunga, espécie de pioneiro na incompreensão da relação com a
imprensa — fazem a ponte.

Em seu livro “Sapiens — Uma breve História da Humanidade”, o historiador israelense Yuval Harari defende que o
homo sapiens se tornou dominante sobre as outras espécies por ter um dom em especial: a fofoca. Não é a fala
em si, mas o que se faz com ela — recontar o dia, trocar experiências e impressões, expressar ideias, criar
metáforas. Com essas habilidades, o ser humano aprendeu a transcender. É assim, por exemplo, que 22 homens
correndo atrás de uma bola num retângulo de grama por 90 minutos passam a representar uma das maiores
paixões do planeta.

Na era das mídias sociais, a crítica está mais presente, mais imediata — não apenas para jogadores, mas para
jornalistas, políticos, músicos, youtubers, quem quer que atue numa arena pública. Um dos grandes desafios do
século XXI é aprender a lidar com tamanha liberdade de expressão. Nem tudo é transcendência, ofensa à honra,
desrespeito à instituição. Uma opinião pode ser só isso: a nossa opinião. Discordou? No futebol, não há espaço
melhor para provar que ela está errada do que o campo.

Postado por MURILO às 08:35


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O jogador invisível - UGO GIORGETTI


ESTADÃO - 18/02

A beleza do futebol de Tchê Tchê reside no detalhe, exige gosto por certo tipo de futebol

Quase ninguém fala nele. Nem bem nem mal. Para as entrevistas solicitadas no final de cada partida, raramente
ele é chamado. A impressão que se tem é que só é entrevistado quando todos os demais jogadores já foram
embora e só teria sobrado ele para atender o repórter retardatário. Se não fosse isso, ele poderia ter saído
tranquilamente, discreto, se esgueirando por trás das câmeras como uma sombra. E apenas sombra continua nos
comentários da imprensa sobre o comportamento da equipe, quando todos são analisados, para o bem e para o
mal, menos ele.

Acredito que não seja antipatia gratuita, muito menos perseguição. É que ninguém parece saber o que fazer com
ele ou o que falar dele. No entanto foi um dos heróis da equipe do Palmeiras campeã brasileira de 2016, sob o
comando de Cuca. Continuou titular absoluto com Eduardo Baptista, manteve seu posto de novo sob Cuca, foi
mantido sem nenhuma dúvida por Alberto Valentin e, finalmente, agora, sob direção de Roger Machado, num time
recheado de estrelas recém-contratadas, se mantém titular, sem discussão.

Por incrível que pareça, é um dos poucos jogadores que ainda restam do time campeão brasileiro. Cuca é o
responsável pela sua contratação e nisso mostrou argúcia e certeira intuição de um treinador de talento. Discutiu
pessoalmente com ele as condições do contrato e deu-lhe imediatamente a camisa de titular, que nunca mais tirou.

O nome desse jogador invisível é Tchê Tchê. Fiquei muito impressionado desde a primeira vez que o vi jogar e

http://avaranda.blogspot.com.br/ 5/20
18/02/2018 PERCA TEMPO - O BLOG DO MURILO
tenho seguido suas atuações sem nunca me decepcionar. É moderníssimo, mas se disfarça de jogador de outros
tempos. A beleza de seu futebol reside no detalhe, exige olho, atenção e gosto por um certo tipo de futebol. Parece
apenas um médio-volante que dá uma ajuda à defesa, e é muito mais que isso.

De repente, quase sem ser notado, surge em lugares inesperados do campo e de seus pés saem invariavelmente
passes certos. Passes feitos com ambos os pés, indiferentemente. Toma com frequência a melhor decisão que o
lance exige e isso é o segredo de seu futebol. Se o lance exige providência simples, ele age com simplicidade. Se o
lance exige agudez e passe em profundidade, o passe sai.

Na mais turbulenta região do campo, onde marcação dupla e pancada é coisa comum, consegue jogar e fazer
jogar. Tudo discretamente. Como um jogador antigo que finge ser, movimenta-se em silêncio pelo campo. É
necessário descobri-lo, pois não se exibe.

Mas, além da classe e do toque refinado, Tchê Tchê tem outras características que o jogam para trás, para um
mundo de um futebol mais criativo e perdido. A começar pelo nome. Neste momento em que jogadores de futebol
têm nomes e sobrenomes, como senadores do Império saídos das páginas de Machado, Tchê Tchê carrega um
velho apelido, agora raríssimo, quase da época de Cabeção, Ratinho e Pé de Valsa. Também se distingue por ter
sido revelado num clube pequeno e custado pouco, o que hoje pode soar como coisa de menor valor, já que a
moda é pagar caro.

Por fim, é um dos poucos jogadores de sucesso saídos da quase destruída várzea paulistana e do futebol de salão
da cidade. É, portanto, um dos últimos produtos futebolísticos de uma São Paulo que fabricava craques. Talvez
esse acúmulo de coisas um pouco fora de moda ajudem a que seja tão pouco notado ou que não se encontre como
defini-lo corretamente. Algo me diz, entretanto, que a torcida sabe avaliar seu jogo. E, por uma vez, não só a
torcida. Outro dia, acho que depois do jogo com o Mirassol, Roger Machado, quando solicitado a identificar os
destaques do Palmeiras revelou Borja e Tchê Tchê. Finalmente alguém estava olhando para ele.

Postado por MURILO às 08:31


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O mundo está complicado - ALBERT FISHLOW


ESTADÃO - 18/02

Há um movimento generalizado contra a nação-Estado

O que sucedeu com a evolução pacífica do nosso mundo supostamente avançado?

Praticamente em todos os lugares, felizes acontecimentos, como o carnaval, o Dia dos Namorados, o Dia do
Presidente nos Estados Unidos, o ano-novo chinês, têm dado lugar a evidências de que a violência está em
crescente aumento. Essa mudança de estação, normalmente trazendo a esperança de uma primavera e um outono
agradáveis, tornou-se uma mostra do desaparecimento do compromisso, interno e externo. Há um movimento
generalizado contra a nação-Estado, uma resistência persistente à imposição da autoridade centralizada. Os
acordos internacionais mudaram da obrigação para a participação voluntária, mesmo quando envolvem assuntos
vitais, como a mudança climática. Os interesses domésticos hoje dominam, mesmo em países que têm mantido
um executivo forte.

Nos Estados Unidos, acaba de ocorrer mais um massacre em uma escola, com a morte de alunos e professores. Ao
mesmo tempo, as tentativas para resolver o problema dos jovens imigrantes desmoronaram no Senado. Ambos os
casos resultam do poder resoluto da Associação Nacional do Rifle e dos evangélicos que pretendem que toda a
política interna do país deixe de ser regulamentada pelo governo federal.

No Brasil, o Rio de Janeiro se transformou em uma zona onde a intervenção federal precisou ser imposta para se
restaurar a ordem. O carnaval engendrou uma grande e contínua violência. A vitória da Escola de Samba Beija-Flor
ressaltou a impossibilidade da mobilidade de jovens e indivíduos sem estudo. Vimos muita referência aos ricos e
corruptos, dentro e fora do governo, como também uma profusão de artilharia e rejeição dos direitos da
comunidade LGBT.

Na Europa, a Alemanha foi forçada a recuar da sua política de aceitação de refugiados, como também de um
gabinete de governo onde os social-democratas assumiram posições importantes. Quatro meses após a última
eleição, finalmente um novo governo foi formado – sujeito à aprovação do Partido Social Democrata. O único ponto
de aparente coerência é a resistência ao partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha. Em outros países-
membros da União Europeia – Hungria, Polônia e República Checa –, as posições de direita se fortaleceram. O
Brexit, na Grã-Bretanha, aprovado num referendo nacional, foi a primeira saída da União Europeia.

Na Ásia, a ênfase não é mais nos direitos humanos mínimos, e agora o foco único é na expansão econômica, e se
tornou o principal objetivo dos governos. O caso da China é o mais notório, mas Filipinas, Tailândia e Mianmar têm
se mostrado mais agressivos na resistência ao princípio. Mas as consequências externas desta incapacidade de se
chegar a um compromisso racional são ainda mais dramáticas.

A Síria é o melhor exemplo. Ali estão presentes forças de Irã, Turquia, Rússia, Estados Unidos e curdos. O objetivo
comum é aniquilar o Estado Islâmico. Mas conflitos entre os participantes ocorrem regularmente, como um gás
venenoso, com poucas perspectivas de um fim. E a realidade se torna ainda mais complexa quando acrescentamos
o Líbano, com seus vínculos com Hezbollah, e Israel, como nações diretamente envolvidas.

Ao mesmo tempo, o apelo do Iraque por recursos necessários para sua reconstrução, após os sucessos militares do
ano passado, não foi atendido como o desejado. Do total de US$ 88 bilhões pretendidos, o país obteve US$ 30
bilhões, especialmente na forma de empréstimos à exportação. Os Estados Unidos não prometeram mais ajuda.

http://avaranda.blogspot.com.br/ 6/20
18/02/2018 PERCA TEMPO - O BLOG DO MURILO

O primeiro-ministro Haider el-Abadi deve ser restabelecido no cargo após a eleição parlamentar em maio. Embora
ele seja um herói nacional por tudo o que realizou, seu predecessor Nouri al-Maliki, com quem os Estados Unidos
tiveram muitos desacordos, pretende candidatar-se novamente. Uma solução democrática é duvidosa.

Poderíamos citar muitos outros problemas internacionais. Implícito em muitos deles está o papel dos Estados
Unidos. Os gastos com a Defesa deverão aumentar, ao passo que a cooperação com os aliados terá menor
importância. No mundo atual isso é perigoso.

Pode não ocorrer nenhum problema interno com os déficits financeiros, mas a insistência no sentido de contas
comerciais positivas com todos os parceiros provoca uma forte reação. O Nafta continuará sendo um importante
acordo comercial entre Estados Unidos, Canadá e México? A China enfrentará tarifas aumentadas se não conseguir
controlar a Coreia do Norte? Haverá uma nova relação com a Grã-Bretanha?

O mundo, atualmente, é um lugar complicado.

Postado por MURILO às 08:27


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Política externa, sua relevância - CELSO LAFER


ESTADÃO - 18/02
É preciso saber caminhar na complexidade atual para o País não perder o controle de seu destino

A política externa é uma política pública. Pode ser retratada como um processo de tradução qualitativa e
quantitativa de necessidades internas em possibilidades externas. Esse processo tem suas dificuldades e seus
desafios analíticos, pois é preciso identificar quais são, em determinada conjuntura de um país, as suas
necessidades prioritárias e quais são as possibilidades externas de torná-las efetivas. A experiência diplomática
também aconselha avaliar qual é o impacto externo da afirmação de necessidades internas. É o que cabe lembrar a
propósito do America First de Trump e da política nuclear da Coreia do Norte.

Na análise das necessidades internas, vale a pena destacar que a área das relações internacionais não é como um
campo de futebol, onde o claro objetivo dos dois times em confronto é, dentro de regras estabelecidas, ganhar o
jogo num tempo e num espaço definido. Não é também, num grau muito maior de dificuldade, como a área da
economia, no âmbito da qual o tema central é a escassez e a discussão transita pelos meios de superá-la. Os
objetivos das relações internacionais, definidores das necessidades internas, não são unívocos. São plurívocos e
frequentemente esquivos, podendo resultar da maior ou menor atribuição de peso à segurança, ao
desenvolvimento, ao prestígio, à propagação de ideias, à cooperação internacional, à agenda normativa da ordem
internacional, aos desafios da sustentabilidade do meio ambiente.

A segurança é sempre um objetivo relevante de política externa, pois está voltada para, no limite, assegurar a
manutenção de um Estado como um ator independente num sistema internacional que vive à sombra da guerra.
Esta, como se sabe, é um camaleão que assume sempre novas formas. É compreensível que a Coreia do Sul e o
Japão, diante do aumento dos riscos de um conflito nuclear na região, atribuam à segurança a dimensão de uma
imperativa necessidade interna muito superior, por exemplo, à relevância do tema para a política externa da Suíça.
As circunstâncias da inserção internacional de um país são, por isso mesmo, um dos dados dos distintos pesos
atribuídos aos objetivos da política externa.

A avaliação de como traduzir necessidades internas em possibilidades externas passa por uma adequada
compreensão das características de funcionamento do sistema internacional e de suas mudanças, e nesse
contexto, para recorrer a uma formulação de Hélio Jaguaribe, da latitude de suas condições de permissibilidade,
vale dizer, do juízo diplomático do que está ou não está, em distintas conjunturas, ao alcance dos alvos da política
externa de um ator internacional. Mudar a geografia econômica do mundo, por exemplo, foi uma das aspirações da
política externa do presidente Lula, que não estava ao alcance do Brasil. Era um objetivo inconsequente a serviço
da sôfrega busca de prestígio internacional do lulopetismo.

O desenvolvimento do espaço nacional tem sido o objetivo recorrente da política externa brasileira desde o
deslinde, no início do século 20, da delimitação das fronteiras nacionais por Rio Branco. Ilustro com dois distintos
protótipos.

A política externa de JK, voltada no plano interno para alcançar os “50 anos em 5”, corporifica nas condições dos
anos 1950 e das brechas na bipolaridade Leste-Oeste uma ação que, conjugando diplomacia presidencial, uma
renovada diplomacia econômica e prestígio, logrou traduzir a necessidade interna do desenvolvimento em
possibilidades externas.

O presidente FHC, levando em conta as transformações do sistema internacional e o processo de globalização,


buscou a autonomia pela participação como caminho para o desenvolvimento. Elevou o patamar de presença do
Brasil no mundo, conferindo locus standi ao País, associando coerentemente o externo com o interno das práticas
democráticas, da estabilidade da moeda, da responsabilidade fiscal, da maior abertura da economia ao exterior, do
respeito aos direitos humanos, da preocupação com o meio ambiente.

Faço estas considerações para observar que o Brasil é um país de escala continental, inserido na América do Sul,
mais distante, por isso mesmo, na sua História, dos grandes focos de tensão da vida internacional. Por isso, menos
atento ao mundo, como se vê no debate público, mas que, no entanto, necessita do mundo para desenvolver-se.
Como diria Hannah Arendt, somos do mundo e não estamos apenas no mundo, o que exige, para o juízo
diplomático de traduzir necessidades internas em possibilidades externas, saber orientar-se no mundo.

Esse saber não é fácil, nem pode valer-se de fórmulas feitas, dadas as características do sistema internacional
contemporâneo. Este tem entre as suas notas, inter alia, uma multipolaridade que desborda das instituições

http://avaranda.blogspot.com.br/ 7/20
18/02/2018 PERCA TEMPO - O BLOG DO MURILO
multilaterais; uma balcanização que leva à fragmentação do espaço mundial, que se dissolve e se reestrutura em
torno de grandes polos regionais, ao mesmo tempo interdependentes e rivais; disrupções graves de que é um
grande exemplo a massa dos refugiados; uma proliferação da violência que a onipresença do terrorismo patenteia;
o inédito impacto do ciberespaço e das novas tecnologias na vida das pessoas; a sublevação dos particularismos,
dos fundamentalismos e a geografia centrífuga das paixões que acarretam; a diversidade crescente da população
mundial.

É nesse contexto que se torna mais intrincado o desafio diplomático de identificar interesses comuns e
compartilháveis e lidar com a Torre de Babel da heterogeneidade contemporânea. É por essa razão que, para levar
a bom termo a interação necessidades internas-possibilidades externas, é preciso saber caminhar na complexidade
contemporânea para o País não perder o controle de seu destino.

É assunto que merece e precisa estar presente no debate político da eleição presidencial deste ano.

* PROFESSOR EMÉRITO DO INSTITUTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS DA USP, FOI MINISTRO DAS


RELAÇÕES EXTERIORES (1992 E 2001-2002).
Postado por MURILO às 08:22
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Crise humanitária venezuelana já afeta o continente -


EDITORIAL O GLOBO
O GLOBO - 18/02

Fluxo de refugiados do regime de Maduro na América Latina exige ação urgente de instituições
multilaterais para ajudar os países que acolhem estes imigrantes

Enquanto a Venezuela mergulha vertiginosamente no mais grave desmantelo político, econômico e social de sua
história, cidadãos de todas as classes, asfixiados pela crise da ditadura de Nicolás Maduro, abandonam o país num
êxodo de proporções épicas. Este fluxo instaura na América Latina, sobretudo em Brasil e Colômbia, grave
problema humanitário, comparável aos dramas de refugiados no Oriente Médio e na Ásia.

Segundo o “Wall Street Journal”, desde que os efeitos da crise global chegaram ao país bolivariano, três milhões de
venezuelanos (um décimo da população) abandonaram o país; 1,2 milhão só nos últimos dois anos. No fim de
2017, a Colômbia havia abrigado 550 mil cidadãos do país vizinho, um aumento de 62% em relação a 2016. Desde
janeiro deste ano, mais 50 mil refugiados entraram na Colômbia. São números que se comparam aos 600 mil sírios
que pediram asilo à Alemanha, e aos 700 mil rohingyas que fugiram de Mianmar para Bangladesh.

No Brasil, números da Superintendência da Polícia Federal de Boa Vista, principal porta de entrada dos refugiados,
mostram que só nos primeiros 45 dias de 2018, 18 mil venezuelanos pediram formalmente abrigo na capital de
Roraima, ante 17,8 mil em todo o ano passado. A PF de Boa Vista estima uma média diária de 600 pedidos de
refúgio. São pessoas desesperadas, em fuga da escassez de alimentos e remédios, do desemprego, da repressão,
entre outros infortúnios. Calcula-se que 40 mil refugiados entraram no Brasil pela fronteira com Roraima em 2017.
Neste ano, já são dez mil.

O venezuelano que chega ao Brasil pertence à faixa mais pobre da população. Já um estudo da PF mostra que dos
17,8 mil venezuelanos que solicitaram abrigo em 2017, 1,9 mil (6,2%) são engenheiros e 862 (4,8%), médicos,
mesmo percentual de economistas.

Esta situação levou o governo federal a decretar estado de “emergência social”, atendendo, enfim, ao pedido do
governo local, reiterado várias vezes desde 2016. A medida prevê o aumento do contingente da Força Nacional
para aumentar a vigilância de fronteira e triagem sanitária, sobretudo em Boa Vista e Pacaraima, que recebem a
maior concentração de imigrantes. O governo federal aprovou ainda a montagem de um hospital de campanha
para acolher e fazer triagem dos refugiados, diante do risco do surto de doenças contagiosas, como sarampo.

O fluxo de refugiados trouxe a crise da Venezuela para os países vizinhos. Estes, sozinhos, não conseguirão dar
conta da tarefa humanitária que se impõe, tanto no acolhimento dos refugiados, como também na montagem da
infraestrutura necessária para isso. A ajuda de organismos multilaterais e países desenvolvidos será, nesse sentido,
crucial. Ao mesmo tempo, é preciso aumentar a pressão diplomática internacional sobre Maduro, para forçar o país
a voltar à democracia.

Postado por MURILO às 08:18


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Não é que há boas notícias - MARCOS LISBOA


FOLHA DE SP - 18/02

Saídas oportunistas têm sido rejeitadas nas estatais, e pode haver mais avanço

A Petrobras passou por graves dificuldades financeiras.

A Caixa Econômica assistiu à piora do seu já historicamente fraco resultado, com uma taxa de retorno menor do
que o custo do capital investido.

http://avaranda.blogspot.com.br/ 8/20
18/02/2018 PERCA TEMPO - O BLOG DO MURILO
Resultou em imenso fracasso a experiência, na última década, de expansão com muita volúpia e pouca ciência das
empresas estatais. Recursos públicos escassos foram destinados a projetos economicamente inviáveis, resultando
em refinarias fechadas e obras incompletas —elas custaram muito mais do que o estimado e não levaram aos
benefícios esperados, mas apenas ao aumento da dívida pública.

A incompetência reduz lucros no setor privado, provocando desemprego e quebra de empresas. Já no setor público
frequentemente surgem ideias criativas para, à custa da sociedade, cobrir os problemas do passado e fazer de
novo.

Desta vez, contudo, a reação tem sido diferente. A nova lei das estatais e gestores comprometidos com a solidez
da coisa pública vêm promovendo profundas alterações na forma como são administradas empresas como a
Petrobras, a Caixa e a Eletrobras.

Saídas oportunistas têm sido rejeitadas, como usar parte dos recursos do FGTS para cobrir os problemas na Caixa.
Novos estatutos têm sido aprovados para garantir maior profissionalização na escolha de executivos e
transparência nos custos de execução de políticas públicas, que deverão ser arcados com recursos da União.

A agenda de reformas pode avançar mais. Um exemplo é a gestão do FGTS, monopólio da Caixa, que recebe 1%
de taxa de administração, bem mais do que o setor privado cobraria. Além disso, os trabalhadores recebem uma
remuneração menor do que a taxa de juros de mercado. Para se ter uma noção da diferença, cada real aplicado em
títulos públicos em dezembro de 2007 valeria, atualmente, quase duas vezes mais do que se fosse corrigido pelas
regras do FGTS.

A justificativa para o modelo atual, além de gerar receita para a Caixa, é subsidiar investimentos em saneamento e
em habitação. Como na reforma da TLP (Taxa de Longo Prazo), porém, seria melhor que esses subsídios fossem
concedidos de forma transparente e democrática no Orçamento da União, com seus resultados avaliados
contrapondo custos e benefícios, e não por meio do confisco de parte da poupança dos trabalhadores.

Uma opção seria dar aos trabalhadores o direito de escolher em qual instituição seriam depositados os seus
recursos do FGTS para a compra de títulos públicos, recebendo a remuneração de mercado e pagando a menor
taxa de administração que a concorrência permitir. A contrapartida seria a redução dos subsídios precariamente
avaliados que não transitam pelo orçamento público, inclusive os que beneficiam a Caixa.
Postado por MURILO às 08:14
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Rios da indiferença - FERNANDO GABEIRA


O GLOBO - 18/02

Um governador que não se prepara para o carnaval é uma figura inútil

Escrevo a caminho de Pacaraima, na fronteira do Brasil com a Venezuela. Saí diretamente do Rio para cá. Suponho
que a sociedade também tenha essa tendência ao equilíbrio, uma espécie de sistema nervoso autônomo. Se é
assim, creio que já deu sinais de que algo vai mal tanto no organismo nacional como no sul-americano.

O Rio foi tomado por inúmeros casos de violência e assalto. Apesar de tantos avisos, o governador Pezão confessou
que o estado não se preparou para o carnaval. Como se uma festa tão antiga e previsível fosse um raio em céu
azul. O prefeito do Rio, Marcelo Crivella, disse que iria aproveitar a folga do carnaval e viajar para a Europa, em
busca de experiências “inovativas”. Folga, como assim? Trabalhei no carnaval por escolha, se quisesse poderia
estar fantasiado em qualquer esquina. Mas um prefeito não tem folga no carnaval. É precisamente o período em
que tem de cuidar de tudo, para evitar o pior. Pezão ainda não conseguiu ler o plano de segurança. Crivella se
elegeu dizendo que iria cuidar das pessoas. Será que foliões, fantasiados, seminus e alegres, não são pessoas?

Essas coisas nos colocam próximos de uma desordem generalizada. As principais autoridades parecem não
entender o que está se passando. A tarefa do equilíbrio, a homeostase, torna-se cada vez mais complicada.

Aqui na fronteira, as coisas não são diferentes. Estive em Pacaraima duas vezes, e uma em Santa Helena, já na
Venezuela. Previ que a situação iria se agravar, o que não é nenhuma vantagem, apenas o óbvio. Por aqui já
passaram mais de 40 mil. Na Colômbia, um milhão de refugiados cruzaram a fronteira. As ferramentas
diplomáticas, Mercosul, Unasul e mesmo a OEA, são incapazes de achar uma saída. Talvez o único caminho seja
internacionalizar uma crise que transcende a capacidade sul-americana. Mas o que pode fazer a ONU? A Europa
está sobrecarregada pelo fluxo de refugiados no Mediterrâneo. E os Estados Unidos, com a escolha de Donald
Trump, fecham-se cada vez mais para as tragédias do mundo.

Como um sistema nervoso autônomo, os mecanismos de monitoramento continuam funcionando. Eles registram os
desequilíbrios, indicam as desordens. No entanto, não se encontra remédio. A tarefa do sistema nervoso central
está atrofiada, não há antecipação planejada, apenas uma espera na crise para intervir quando for tarde demais. O
colapso do governo no Rio, por corrupção e incompetência, já era um sinal de que a crise de segurança se
agravaria. A escalada repressiva de Maduro, uma certeza do êxodo em massa para Colômbia e Brasil.

Assim como no corpo, o sistema nervoso autônomo na sociedade precisa de mais atenção. No corpo, é ele que nos
desestimula, por exemplo, a disputar uma corrida depois de um farto almoço.

Embora isso não explique tudo, creio que os governantes em Brasília e no Rio não se importam tanto com esses
desequilíbrios porque estão atentos a outros sinais. Ambos têm problemas com a polícia, ambos se esforçam para
escapar dela. Não creio que uma antecipação conseguiria resolver as crises em Pacaraima ou Copacabana. Mas,
certamente, ajudaria.

Um governador que não se prepara para o carnaval, um prefeito que vê nele uma folga para buscar soluções na

http://avaranda.blogspot.com.br/ 9/20
18/02/2018 PERCA TEMPO - O BLOG DO MURILO
Áustria, na Alemanha e na Suécia, são figuras inúteis.

No caso da Venezuela, Temer pode dizer que o governo anterior não só apoiou como se tornou cúmplice da
tragédia produzida por Maduro. Mas Temer era vice-presidente. Não é possível que só tenha percebido agora como
o Brasil errou.

E, agora, as coisas são bem mais difíceis. Em Roraima, segundo as pesquisas, a população, majoritariamente,
rejeita os imigrantes. Em termos regionais, nas eleições, pode acontecer ali algo que aconteceu na Europa: um
avanço da xenofobia.

Nesse caso, como aliás em tantos outros, é preciso preparar o corpo para pancadas de todos os lados. A direita
gostaria de ver a fronteira fechada. E a esquerda, assim como Crivella, que não vê pessoas na multidão
carnavalesca, dificilmente enxerga direitos humanos nas milhares de famílias que fogem do socialismo do século
XXI, como se autoproclama a aventura bolivariana.

Postado por MURILO às 08:10


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A recuperação está aí. A sustentabilidade, não - JOSÉ


ROBERTO MENDONÇA DE BARROS
ESTADÃO - 18/02

A parte ruim do cenário é que tudo indica que a reforma da Previdência não será votada

Em nosso País vivemos uma contradição: em 2018, o rumo da economia é cada vez mais claro, na exata medida
em que o rumo da política é cada vez mais incerto. Isso não quer dizer que exista um descolamento das duas
partes, mas, sim, que elas se encontrarão mais adiante e só aí saberemos se a retomada atual será transformada
em sustentada ou se viveremos, mais uma vez, um “voo da galinha”.

Voltemos à economia. Estamos cada vez mais seguros de que o crescimento será bem robusto. Os dados
disponíveis mostram que o último trimestre deve ter apresentado um crescimento positivo e, nesse caso, o mais
provável é que a expansão do PIB tenha sido de 1,1% ou mais em 2017. No ano em curso, nossa projeção é de
3,5%.

Todos os setores deverão crescer, inclusive construção e indústria. Do lado da demanda, o consumo das famílias
seguirá se ampliando, cada vez mais embalado pela recuperação do emprego e pela queda das taxas de juro. Ao
mesmo tempo, e como o último trimestre do ano passado já mostrou, veremos um crescimento relevante na
formação de capital (7,7%).

No item investimentos, notamos três diferentes linhas de expansão: de um lado, a construção residencial está
começando a andar; de outro, observamos uma boa demanda por reposição de máquinas e equipamentos,
explicável pela ausência de atualização nos últimos cinco anos. O natural desgaste e a retomada do crescimento
em muitos segmentos da economia estão por trás desse movimento. É interessante observar que isso está
ocorrendo por causa do aumento das horas trabalhadas (como segundo turno), sem que estejamos vendo um
aumento significativo de fábricas novas. Finalmente, e como já mencionado em artigos anteriores, há uma
expansão mais robusta de investimentos na área de petróleo e em certos segmentos de energia elétrica, como a
transmissão em alta tensão, a eólica, a solar, etc.

Ao lado do crescimento mais robusto, a nossa percepção é que a inflação também caminha para um resultado
melhor do que os 4% projetados na virada do ano. Temos a convicção de que ela poderá ficar numa faixa entre
3,5% e 4%. O próprio resultado do IPCA de janeiro (0,29%) já foi um indicador dessa possibilidade. Existem três
razões que devem ser consideradas. A primeira tem a ver com os preços agrícolas: embora seja verdade que não
veremos outra rodada de queda nas cotações, a safra em curso mais os estoques de passagem sugerem que não
haverá pressões altistas no custo da alimentação. Por outro lado, os preços internacionais do petróleo ficaram um
bocado de tempo na faixa dos US$ 70 para o tipo Brent. Nossa percepção é que, ao longo deste ano, a oferta de
petróleo vai aumentar e nos parece mais provável que as cotações recuem para a faixa dos U$ 60, o que implicaria
uma redução relevante dos preços de derivados no mercado interno. Finalmente, as chuvas de verão estão
ocorrendo dentro da normalidade, o que deverá conduzir os preços da energia elétrica para níveis normais.

Os mecanismos de realimentação da inflação seguem bastante enfraquecidos. Basta pensar nos contratos
reajustados por um IGP-M negativo e no INPC de 2,1% em 2017, relevante para o salário mínimo e nos dissídios.

Apesar de todas as melhoras mencionadas, ainda temos muita capacidade ociosa e uma taxa de desemprego ainda
elevada. Nessas condições, não é fora de propósito que a Selic seja reduzida a 6,5%. Chamo a atenção para o fato
de que, nessas circunstâncias, o PIB nominal deverá ser maior do que a Selic, algo que não ocorre há muito
tempo.

A parte ruim do cenário é que tudo indica que a reforma da Previdência não vai mais se votada, ficando todo o
peso para o próximo presidente. O ajuste das finanças públicas é cada vez mais indispensável, e a consolidação da
retomada do crescimento depende integralmente disso. Entretanto, e diferentemente do que muitos acreditavam
em agosto/setembro passados, não houve nenhuma explosão no curto prazo. A boa gestão fiscal realizada pela
equipe econômica e a melhor arrecadação resultante da retomada proporcionaram um resultado em 2017 melhor
do que o esperado.

Por essa razão, a Instituição Fiscal Independente reviu a evolução da relação dívida/PIB: o pior momento se daria
em 2024, chegando a 86,5% e declinando a partir de então. Fernando Montero e Sergio Valle têm projeções até
um pouco mais suaves.

http://avaranda.blogspot.com.br/ 10/20
18/02/2018 PERCA TEMPO - O BLOG DO MURILO

*ECONOMISTA E SÓCIO DA MB ASSOCIADOS


Postado por MURILO às 07:59
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Um alerta para as redes sociais - EDITORIAL O


ESTADÃO
ESTADÃO - 18/02

Elas podem fazer muito mais do que estão fazendo para combater as notícias mentirosas

O debate sobre a responsabilidade do Facebook e outras redes sociais ganhou contornos mais concretos na
segunda-feira passada. A empresa Unilever, uma das maiores anunciantes do mundo, informou que cortará os
investimentos de publicidade nas redes sociais se elas não combaterem fake news, publicações de ódio ou
conteúdos tóxicos em suas plataformas. No ano passado, a empresa investiu US$ 9,4 bilhões em ações de
marketing, tendo destinado cerca de um terço desse valor a anúncios digitais.

Como lembrou Keith Weed, diretor da Unilever, a confiança nas mídias sociais caiu diante da evidência de que as
empresas de tecnologia não estão retirando de suas plataformas conteúdos ilegais, antiéticos e extremistas. “Fake
news, racismo, sexismo, terroristas espalhando mensagens de ódio, conteúdo tóxico dirigido a crianças... A
Unilever, como uma empresa confiável, não quer anunciar em plataformas que não contribuem positivamente para
a sociedade”, disse Weed, que não se referiu a uma plataforma específica.

No ano passado, várias empresas europeias e até o governo da Grã-Bretanha decidiram retirar seus anúncios do
Google e do YouTube depois que se soube que as peças eram exibidas ao lado de conteúdo inapropriado, com
mensagens extremistas de diversos tipos. Mark Pritchard, diretor de marca da Procter & Gamble, reclamou que
anúncios da marca tinham aparecido junto a vídeos de recrutamento do Estado Islâmico, dando a impressão de
que a empresa apoiava a organização terrorista.

A reação da Unilever aponta, no entanto, para uma questão mais abrangente e ainda mais grave. O problema não
se resume a eventuais erros do algoritmo utilizado pelas redes sociais, expondo anúncios comerciais ao lado de
conteúdo inapropriado. Trata-se de um alerta sobre o ambiente encontrado nas redes sociais. Ao alertar que, se
não houver um combate à difusão de notícias mentirosas e publicações de ódio, cortará seus investimentos nas
mídias sociais, a Unilever afirma que as redes sociais podem fazer mais do que estão fazendo - e que essa omissão
é inadmissível.

Não há dúvida de que as redes sociais têm sido ambiente fértil para a difusão de notícias mentirosas, com graves
consequências políticas e sociais. Recentemente, até o Facebook reconheceu que podia causar danos à democracia.
“As redes sociais podem apresentar um risco à democracia ao permitir a divulgação de mentiras”, disse Samidh
Chakrabarti, diretor de produto e responsável pelas políticas globais da empresa. Na ocasião, ele prometeu que o
ano de 2018 seria dedicado a neutralizar os riscos causados pela rede social.

No entanto, as empresas que controlam as redes sociais continuam atuando como se o problema não as afetasse
diretamente. Querem fazer crer que a responsabilidade pela difusão de notícias mentirosas e de conteúdo antiético
caberia tão somente aos maus usuários. As redes sociais seriam, em último termo, ambientes de liberdade e, como
tais, imparciais.

Tal visão das coisas, é óbvio, não corresponde à realidade. As redes sociais não são imparciais. Seus algoritmos
interferem decisivamente no que cada usuário vê. A ausência de neutralidade foi reconhecida, por exemplo, pelo
Facebook ao anunciar, no início do ano, que passaria a privilegiar, no mural de notícias (a timeline), o tráfego de
postagens pessoais em detrimento de publicações produzidas por veículos de comunicação. Ou seja, é a empresa
que define como será a suposta “neutralidade”.

As redes sociais podem fazer muito mais do que estão fazendo para combater as notícias mentirosas. E o primeiro
passo é reconhecer que não se trata apenas de uma possibilidade, mas de um dever. Elas são responsáveis por
assegurar que suas plataformas não sejam um ambiente de criminalidade, de abuso de poder, de desinformação.
Se continuarem se omitindo, a consequência é cristalina, como indicou a Unilever. Receberão cada vez mais de
pessoas e de empresas a alcunha de inidôneas.

Postado por MURILO às 07:50


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Pezão precisa sair do governo do Rio - ELIO GASPARI


FOLHA DE SP/O GLOBO - 18/02

A ideia da intervenção do governo federal na Segurança do Rio veio tarde e é curta. O governador Luiz Fernando
Pezão precisa ir embora. Não tem saúde, passado, nem futuro para permanecer no cargo num estado falido,
capturado por uma organização criminosa cujos chefes estão na cadeia. Como? Ele desce do gabinete, entra no
carro e vai para casa.

Na quinta-feira, quando esteve no Planalto, Pezão disse a Temer que a situação da Segurança Pública do Rio saíra
do seu controle. Ao deputado Rodrigo Maia, mencionou a “calamidade” e acrescentou: “Não podemos adiar nem
mais um dia.” Há duas semanas, o mesmo Pezão se orgulhava da qualidade e da eficiência de suas polícias,

http://avaranda.blogspot.com.br/ 11/20
18/02/2018 PERCA TEMPO - O BLOG DO MURILO
reclamando do que seria uma “cobertura cruel.”

Desorientado (há tempo), o governador construiu um caso clássico para demandar uma intervenção ampla, geral e
irrestrita no Rio. Nada a ver com o que se armou no Planalto.

Sérgio Cabral (patrono de Pezão) e Jorge Picciani (“capo” do PMDB) não estão na cadeia pelo que fizeram na
Segurança. Ambos comandaram a máquina corrupta que arruinou as finanças, o sistema de ensino e a saúde
pública do estado. A corrupção e a inépcia policial são apenas o pior aspecto da ruína.

Colocar um general como interventor no aparelho de Segurança, sem mexer no dragão das roubalheiras
administrativas, tem tudo para ser um exercício de enxugamento de gelo. Ou algo pior: o prosseguimento de uma
rotina na qual as forças policiais invadem bairros pobres e proclamam vitória matando “suspeitos.”

A intervenção proposta por Temer coloca Pezão e seus amigos no mundo de seus sonhos. Num passe de mágica, o
problema do Rio sai do Palácio Guanabara (onde mora há décadas) e vai para o colo de um general. Esse semi-
interventor assumiria com poderes para combater o crime organizado. O Planalto deve burilar sua retórica,
esclarecendo que não se considera crime organizado aquilo que o juiz Marcelo Bretas vem mostrando ao país.

Temer conhece a Constituição e sempre soube que podia decretar a intervenção federal no governo do estado. A
Constituição impede que se promulguem emendas constitucionais havendo unidades sob intervenção, mas a
reforma da Previdência poderia ser votada na Câmara (se fosse) para ser promulgada no dia da posse do
governador, em janeiro de 2019.

Há um cheiro de marquetagem na iniciativa: a reforma seria congelada por causa da intervenção na Segurança do
Rio. Patranha. Ela encalhou por falta de votos e a intervenção, podendo ser integral, será light. Temer, que presidiu
o PMDB até ser substituído pelo notável Romero Jucá, estancou a sangria, ajudou os correligionários que
destruíram o estado e jogou a batata quente no colo de um general.

A saída de Pezão permitiria o desmantelamento do esquema de poder do PMDB antes da eleição de outubro. Sérgio
Cabral e Picciani, “capos” dessa máquina, estão trancados, mas ela está viva. Leonardo, filho de Picciani, é o
ministro do Esporte de Temer, cujo governo tem dois ex-ministros na cadeia (Geddel Vieira Lima e Henrique Alves).
Todos do PMDB, como o ex-governador Moreira Franco, conselheiro especial do presidente.

A intervenção federal permitiria que o Estado do Rio passasse por uma faxina. Até a posse do governador que será
eleito em outubro, o interventor poderia desmantelar a teia de ladroagens que arruinou o estado. Quem seria esse
interventor? Para que a conversa possa prosseguir, aqui vão dois nomes: Pedro Parente e Armínio Fraga. Os dois
estão bem de vida e odiariam a ideia, mas nasceram no Rio e sabem que devem algo à terra. Parente administrou
a crise de energia no governo de Fernando Henrique Cardoso e está ressuscitando a Petrobras. Deem-lhe uma
caneta e alguns pares de algemas e ele ergue o Rio.

Esse seria um cenário de emergência para uma situação de calamidade. Pode parecer ideia de maluco, mas nem o
maior dos doidos poderia imaginar que, em menos de cinco anos, o Rio chegasse onde chegou.

Ciro Gomes
Um pedaço do andar de cima namora a ideia de colocar Geraldo Alckmin no Planalto. Como? Não sabem. Outro
pedaço preferia Luciano Huck. Para quê? Não sabiam. Todos estão de acordo num ponto: Lula não pode disputar.

Essas construções têm lógica, mas criam um vácuo no qual só um candidato amplia sua base eleitoral: Ciro
Gomes, pronto para encarnar o contra-tudo-o-que-está-aí.

Os Gomes disputam o mando na cidade cearense de Sobral desde 1890. Seu pai foi prefeito, e dois de seus irmãos
também. Ciro e Cid governaram o estado. Ele foi ministro de Itamar Franco e de Lula. O mano, de Dilma.

Fernando Henrique Cardoso traçou um breve perfil de Ciro em seus “Diários”:

“Ele é uma personalidade complicada; é precipitado, afirmativo, inteligente, tem coragem, mas é um pouco
oportunista nas posições e não vai muito fundo nas questões.”

Faltou mencionar seu fraco pela autocombustão.

Paris 2.0
Cozinha-se a possível nomeação do senador e atual chanceler Aloysio Nunes Ferreira para a embaixada do Brasil
em Paris.

Temer faria a mudança ao apagar das luzes de seu governo, retribuindo a lealdade que recebeu do tucano. Uma
vez em Paris, quase certamente ele seria mantido pelo novo presidente.

O retorno de Nunes Ferreira a Paris contará uma grande história. Em 1968, ele chegou à França fugindo da polícia.
Era o “Mateus”, eventual motorista de Carlos Marighella e participara de dois assaltos. Durante um breve período
ele foi o embaixador da Ação Libertadora Nacional na França.

Na sua segunda embaixada, Nunes Ferreira não passará pelas ansiedades de “Mateus”.

Carnaval
É falsa a ideia de que o carnaval acabou.

Temer anunciou a criação do Ministério da Segurança Pública e criou uma ala de 12 ministros para uma comissão
de frente emergencial.

O desfile das escolas de samba tratou da realidade, mas o Planalto manipula fantasias.

Praga da ciclovia

http://avaranda.blogspot.com.br/ 12/20
18/02/2018 PERCA TEMPO - O BLOG DO MURILO

Em 2016, quando a ciclovia Tim Maia desabou, matando duas pessoas, o então prefeito do Rio, Eduardo Paes,
estava na Grécia. Choveu, a Tim Maia desabou de novo, e o prefeito Marcelo Crivella estava sabe-se lá onde, na
Europa, longe da chuva que matou quatro pessoas.

Seria melhor se os doutores se candidatassem a viver no circuito Elizabeth Arden e fossem mandados para as
cidades de seu gosto, com tudo pago.

Medo de Crivella
Marcello Crivella derrotou Marcelo Freixo com 1,7 milhão de votos contra 1,2 milhão.

Os votos nulos foram 570 mil, e a abstenção chegou a 1,3 milhão (26,85%).

Muita gente votou em Crivella, anulou o voto ou não foi à urna porque tinha medo de Marcelo Freixo.

Ninguém tinha medo de Crivella. Má ideia.

Sem nexo
O empresário Joesley Batista disse à Polícia Federal que, na sua conversa noturna com Michel Temer, fez um sinal
com os dedos indicando que colocaria dinheiro nas suas tratativas com Rodrigo Rocha Loures.

Joesley tinha um gravador escondido, recorrer a um gesto não faria o menor sentido. Seria o único caso em que o
grampeador evita o próprio grampo.

Se Joesley tivesse dito isso antes, teria feito a festa do advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que conseguiu
defender Temer na Câmara.
Postado por MURILO às 07:36
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Fakebook - EDITORIAL FOLHA DE SP


FOLHA DE SP - 18/02

Gigante das redes sociais sofre seus primeiros reveses

Depois de anos de crescimento robusto em faturamento e usuários, o Facebook começa a enfrentar os primeiros
reveses no que parece ser uma mudança de percepção do público em relação à rede social —ou, na linguagem da
empresa criada de início para classificar a beleza das estudantes de Harvard, suas primeiras "descurtidas".

O ataque mais recente veio da Unilever. Na semana que passou, a multinacional ameaçou cortar os anúncios
dirigidos ao Facebook e à outra perna do duopólio digital, o Google, se não houver mais transparência e combate
às "fake news" e ao conteúdo tóxico.

Seu poder de persuasão vem dos US$ 9 bilhões que gasta em anúncios por ano para promover marcas como Dove,
Omo e Hellman's.

Antes dela, a Procter & Gamble, maior anunciante mundial, uniu ação às críticas e cortou US$ 100 milhões em
marketing digital em um trimestre de 2017. Segundo a empresa, não houve nenhum impacto nas vendas após a
decisão.

No lado dos usuários, o Facebook registrou ao final do ano passado declínio no tempo médio gasto na rede social
nos EUA, seu principal mercado: 50 milhões de horas a menos por dia, a primeira queda desde que a empresa foi
criada.

A perda se dá principalmente entre os mais jovens, segundo a consultoria eMarketer: 2,8 milhões de pessoas com
menos de 25 anos deixaram a rede em 2017; outros 2 milhões devem sair em 2018.

Em Washington e na Europa, executivos têm sido chamados a dar explicações sobre a divulgação de notícias falsas
e as práticas monopolistas —de acordo com a mesma consultoria, Facebook e Google detêm 50% da publicidade
digital mundial e 60% da americana.

Em sua defesa, o Facebook insiste na tese de que não é uma empresa de mídia e, assim, não tem controle sobre o
que veicula —apesar de divulgar conteúdo e cobrar pelos anúncios que o acompanham, a definição clássica de uma
empresa de mídia. Tudo o que não quer é estar submetido às mesmas regulações e grau de escrutínio.

Esta Folha já escreveu que gigantes da tecnologia se tornaram também gigantes de mídia. Devem, pois, assumir
responsabilidades referentes à segunda condição, prestando contas do que transmitem.

Em janeiro, na tentativa de livrar-se da cobrança crescente, Mark Zuckerberg decidiu que o algoritmo que rege as
interações entre usuários seria mudado de modo a privilegiar postagens pessoais, em detrimento das promovidas
por marcas e empresas.

A medida deve banir de fato o conteúdo divulgado por veículos de jornalismo profissional e, ainda que
indiretamente, facilitar a propagação das "fake news", em geral de muito mais apelo e estridência que as notícias
factuais.

De fato, nos últimos quatro meses as interações em páginas que produzem "fake news" subiram 61,6%; nas de
jornalismo profissional, houve queda de 17%.

http://avaranda.blogspot.com.br/ 13/20
18/02/2018 PERCA TEMPO - O BLOG DO MURILO
Por tudo isso, a Folha anunciou, em 8 de fevereiro, que deixou de atualizar com notícias sua página no Facebook.

As redes sociais surgiram com a promessa de ser um ambiente de convívio e intercâmbio de ideias e dados, e em
boa medida atingem esse objetivo. Mas as empresas por trás delas se tornaram um dos poderes emergentes de
nossa era.

Cabe a jornais como a Folha, que cultivam uma atitude crítica, manter olhar vigilante também sobre esse poder.

Postado por MURILO às 07:30


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Temer, o reformista - ASCÂNIO SELEME


O GLOBO - 18/02

Bom articulador, mas dono de histórias mal contadas, o presidente teve coragem para aprovar medidas
importantes

Pode-se acusar o presidente Michel Temer de tudo, menos de não ter coragem. Fez uma carreira que muitos outros
percorreram. Bom articulador, mas dono de histórias mal contadas, que alcançaria o ápice quando presidiu a
Câmara. Seria apenas um Henrique Alves com mais estatura se não acabasse virando presidente. A má fama do
PMDB ajudou a consolidar sua péssima imagem, que foi potencializada quando sucedeu a Dilma Rousseff. E que
desmilinguiu-se depois daquela conversa estranha, para não dizer criminosa, com o empresário Joesley Batista no
subsolo do Jaburu.

Temer tem o maior índice de rejeição de um presidente na História da República. E não foi poupado sequer pelo
carnaval. No caso da crítica da Paraíso do Tuiuti às reformas, a escola acertou em cheio, Temer é mesmo o
principal responsável por elas. Em pouco mais de um ano e meio de mandato, o presidente fez aprovar no
Congresso inúmeras leis reformistas encaminhadas por ele ou elaboradas no Parlamento, mas com o seu aval.
Pode-se gostar ou não das reformas, mas elas foram feitas. E por Temer. A ver.

Gastos públicos. Lei que estabeleceu limite de gastos públicos. Sem qualquer dúvida, trata-se da mais importante
ferramenta para o equilíbrio das contas públicas desde a Lei de Responsabilidade Fiscal. A oposição se opôs,
alegando que a lei limitava as ações públicas.

Trabalhista. A reforma trabalhista e a Lei da Terceirização, aprovadas em duas etapas, acabaram com a
contribuição sindical, reduziram custos de mão de obra e possibilitaram contratações sem vínculos empregatícios
formais. As medidas flexibilizaram a legislação de maneira a ampliar a empregabilidade. O PT diz que elas
retiraram direitos do trabalhador.

Taxa de juros. Medida Provisória mudou a taxa de juros que remunera o BNDES da TJLP para TLP. Levou o banco
de fomento a operar com as taxas de juros do mercado, o que faz todo o sentido num mercado repleto de crédito
bom e barato. Numa economia com inflação baixa, não tem mesmo por que subsidiar crédito. Os empresários
chiaram.

Autonomia do Banco Central. Decisão de devolver a autonomia ao Banco Central foi importante para a queda da
inflação de um patamar de 11% para 3% ao ano. Teve também como consequência a redução da taxa de juros.
Houve resistência até mesmo dentro do BC.

Lei das Estatais. Foi aprovada no Congresso a Lei das Estatais, que cria regras para a indicação de diretores de
empresas públicas. O primeiro impacto depois da sua aprovação foi a nomeação de funcionários de carreira para a
direção da Caixa para substituir outros, acusados de envolvimento em falcatruas.

Pré-Sal. Lei desobrigou a Petrobras de participar de todos os contratos de exploração dos campos de petróleo do
Pré-Sal com no mínimo 30% de participação. A medida destravou os investimentos que estavam parados por
absoluta falta de capacidade financeira da estatal de participar de tudo. A oposição diz que o Brasil abriu mão de
sua soberania.

Conteúdo local. Lei reduziu a exigência da participação da indústria nacional na produção de equipamentos e
produtos em contratos governamentais. O percentual anterior estabelecia uma espécie de reserva de mercado para
diversos setores, mas encareceria os produtos ao evitar concorrência externa.

Recuperação fiscal dos estados. Medida Provisória permitiu que estados com alto endividamento e problemas
graves de caixa tivessem suspenso por três anos o pagamento de suas dívidas com a União. Provisoriamente,
salvou estados como o Rio, que estavam em condição de pré-insolvência.

Ensino médio. Reforma reduziu as matérias obrigatórias de 13 para cinco por ano, possibilitando que o aluno tenha
ainda duas cadeiras eletivas, que podem ser cadeiras profissionalizantes, o que ajuda a inserção de jovens no
mercado de trabalho. A reforma do ensino médio pode possibilitar também a redução da repetência e da evasão
escolar.

Ministério da Segurança. Ao decretar a intervenção na Segurança do Rio e ao mesmo tempo propor a criação de
um ministério para cuidar do assunto, Temer levou para dentro do Planalto um problema do qual seus antecessores
sempre fugiram. Claro que Segurança é assunto nacional e há décadas deveria estar sob o comando do governo
federal.

Reforma da Previdência. Seria o último grande teste para Michel Temer. Se conseguisse aprová-la, sua imagem não
melhoria aos olhos dos brasileiros, na verdade poderia até piorar, mas com certeza entraria para história como o
senhor das reformas. E como a esta altura o presidente não tem mais nada a perder, ninguém conseguiria fazer

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tanto, fora Temer.

ECOS DO CARNAVAL

Nepotismo

É impressão minha ou o nepotismo samba nas escolas do Grupo Especial? Vi de tudo nesse desfile. Destaque de
carro alegórico sobrinha de presidente; madrinha de bateria casada com diretor; porta-bandeira filha de ex-porta-
bandeira. Vão dizer que é assim mesmo, eles vivem em comunidade. Muito bem, só que em algumas comunidades
parentes de quem manda têm mais chances que os outros.

Violência e xixi

A violência no Rio durante o carnaval acabou destruindo a imagem de que a cidade é capaz de realizar
megaeventos com segurança. As cenas de arrastão nas praias foram mais comentadas que as dos desfiles de
escolas. E tem gente que ainda se queixa de quem faz xixi atrás do carro. Fazer xixi na rua, num cantinho, durante
os blocos, é regra porque não existe alternativa. Blocos que arrastam centenas de milhares de foliões têm o apoio
de 20, 50, 100 banheiros químicos. E são cervejarias que patrocinam os blocos. Como não dá para acabar com os
blocos, sugiro fechar os olhos, tapar o nariz e seguir em frente.

Olha a Pauliceia aí, gente!

O turismo no carnaval de São Paulo cresceu 30% do ano passado para este. Mantido este ritmo de crescimento, e
considerando a contrapartida carioca, até o final do mandato do prefeito Marcelo Crivella o Rio perde o status de
melhor e maior carnaval do Brasil para os desvairados paulistas.

Pudor

Nada contra nem a favor, mas o carnaval do Rio está cada vez mais careta. As meninas da patinação artística da
Olimpíada de Inverno deslizaram no gelo mais despidas que as passistas das nossas escolas no asfalto da Sapucaí.
O Brasil mudou muito desde a geração de Luma de Oliveira e Monique Evans.

OUTRAS

Dinheiro, para que dinheiro?

Diversos bares e restaurantes em Nova York não aceitam dinheiro em espécie como pagamento de contas. O
cliente tem que usar cartão, ou ir comer e beber em outro lugar. Alegam que é mais seguro e higiênico. No Rio,
alguns estabelecimentos não recebem cartão, mas aceitam cheque. Cada cidade em sua década.

O coco sumiu

Alguns dos novos quiosques da orla de Ipanema e Leblon não vendem mais coco. Você pode até encontrar água de
coco, mas em caixinha. Os quiosques ficaram bacanas, mas não ter coco é demais. Quem não deve se incomodar é
Geraldo Alckmin, que, no segundo turno da eleição de 2006, deixou-se fotografar com Garotinho e, depois,
bebendo coco em caixinha em Copacabana. Teve menos voto. Não se sabe qual das duas fotos contribuiu mais
para o desastre.

Postado por MURILO às 07:15


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sábado, fevereiro 17, 2018

A tal conspiração das elites - SERGIO FAUSTO


ESTADÃO - 17/02

O PT chegou ao limite entre a crítica legítima e a deslealdade às instituições

Há quem acredite que Lula seja vítima de uma trama jurídico-midiática de elites interessadas em impedir sua volta
à Presidência. Estariam motivadas por um sentimento de vingança contra o presidente que “mais fez pelos pobres
em toda a História do País”. O argumento seria plausível se o ex-presidente tivesse liderado um programa de
redistribuição de renda e riqueza que ameaçasse os interesses dos donos do poder político e econômico. Nada mais
distante da realidade.

Para as verdadeiras elites econômicas do País, o governo do ex-presidente, no geral, só traz doces lembranças, por
boas e más razões: o País cresceu acima da média dos últimos 30 anos, milhões de novos consumidores foram
incorporados aos mercados, os juros reais continuaram a remunerar regiamente os “poupadores líquidos”, os
contratos com o Estado se multiplicaram e engordaram com generosos superfaturamentos. O mesmo vale para os
donos do poder político: apesar da vocação hegemônica do PT, velhos caciques, a maioria deles filiada ao PMDB,
encontraram amplo terreno de caça para operar política e negócios tanto com a antiga como com a emergente alta
burguesia brasileira, da qual os irmãos Batista são (ou eram) exemplares típicos.

É preciso ser muito crédulo para acreditar na ladainha de que as elites não querem Lula de volta porque não
toleram a ideia de que pobres possam frequentar universidades e andar de avião. Perguntem aos donos de
faculdades privadas – em particular aos que se ergueram com a alavanca do Fies – e controladores de companhias
aéreas o que acham dessa extravagante interpretação.

É verdade que as camadas mais altas e consolidadas das classes médias se sentiram incomodadas com a “invasão”

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de espaços que antes lhe eram quase privativos. Mas as elites, ora, continuaram a viajar em avião particular e a
matricular os filhos nas melhores universidades privadas do País e do exterior. É tola a ideia de que não queiram
que os pobres melhorem de vida.

O incômodo de parte das classes médias tornou-se um fenômeno político potente quando o “espetáculo do
crescimento” se encerrou, o mensalão foi a julgamento no STF e na sequência a Lava Jato passou a revelar um
sistema de corrupção como nunca antes visto neste país (o que não é pouca coisa, tendo em vista o histórico
brasileiro nessa matéria). Aí, sim, cresceu em todas as classes médias – emergentes e consolidadas, baixas e altas
– um sentimento anti-PT e anti-Lula que criou a atmosfera propícia ao impeachment de Dilma. Nem a mais
onisciente e onipotente elite da galáxia teria conseguido alinhar uma sequência tão devastadora de choques
negativos sobre um governo.

Em busca das razões da situação vivida pelo partido e por seu líder máximo, o PT deveria abandonar o recurso a
bodes expiatórios, teorias da conspiração e estereótipos sobre as elites brasileiras. Melhor faria se reavaliasse por
que perdeu as classes médias: fim do boom de commodities, nova matriz econômica, estelionato eleitoral,
corrupção e, ainda agora, confronto com as instituições.

Desde que Lula passou a ser investigado pela Lava Jato e outras operações congêneres, o PT decidiu denunciar
instituições que seriam representativas dos interesses das elites, em particular a grande imprensa e o Judiciário.
Fico imaginando o que pensam os vários empresários condenados à prisão sobre a tese de que juízes
representariam os interesses das elites. Só se forem os interesses corporativos dos membros do Judiciário, os
quais nenhum governo até aqui, incluídos os do PT, pôs em xeque.

A estratégia de confrontação com as instituições pode até fazer sentido para manter o ânimo da militância
partidária, mas enreda o PT nas teias de uma velha e perigosa ambiguidade. Passados quase 40 anos de sua
fundação, o partido ainda oscila entre a adesão à democracia representativa e o flerte romântico ou concreto com
formas de exercício do poder e governos autoritários, assim como entre o reconhecimento do caráter apartidário
das instituições do Estado e a tentação de aparelhá-las.

Logo após o impeachment de Dilma o então presidente do PT, Rui Falcão, lamentou não terem os governos petistas
alterado os currículos das academias militares e promovido oficiais com “compromissos democráticos e
nacionalistas”. Desse mesmo período é o discurso em que Jaques Wagner, um dos prováveis candidatos do PT à
Presidência, explica a militantes do partido que, “por ora”, é preciso respeitar as “regras deles”, porque no Brasil
vivemos numa democracia e não fizemos revolução. Não estou certo de que o ex-governador da Bahia acredite no
que disse, mas é sintomático que o tenha dito para explicar a militantes a necessidade de alianças partidárias fora
do campo da esquerda. E como deixar de mencionar a atual presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que sustenta a tese
de perseguição política a Lula quase com o mesmo ardor com que defende o atual governo da Venezuela, onde os
políticos opositores são presos arbitrariamente. Não menos ambígua é a defesa da “democratização das
comunicações”, que amiúde se confunde com “controle sobre a mídia”.

No calor da luta política, qualquer partido, quando se vê em desvantagem, tende a forçar os argumentos para se
defender e atacar os adversários. Não raro, esse tensionamento pode produzir frutos positivos para a qualidade da
democracia. Dou como exemplo a acusação que o PT faz de haver tratamento diferenciado para os casos de
corrupção envolvendo governos e políticos do PSDB. É bom debater e apurar se tal acusação tem ou não
fundamento. O problema surge quando um partido apela à mistificação para atacar a legitimidade do regime
democrático. O PT chegou ao limite entre a crítica legítima a decisões judiciais e a deslealdade com as instituições.

Tomara que as lideranças mais sensatas do partido não permitam a fatal ultrapassagem dessa fronteira.

*Superintendente executivo da Fundação FHC. Colaborador do Latin American Program do Baker


Institute of Public Policy da Rice University, é membro do Gacint-USP
Postado por MURILO às 06:37
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Empulhação - J.R. GUZZO


REVISTA VEJA
Não adianta chamar o Exército e deixar a lei ao lado dos criminosos

O Comandante Militar do Leste, General Braga Netto, durante entrevista coletiva sobre o decreto de intervenção no
Estado do Rio de Janeiro - 16/02/2018 (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

As Forças Armadas, com o Exército à frente, são a organização mais respeitada do Brasil. Dão de 10 a 0 no
Supremo Tribunal Federal, no Ministério Público, nos juízes que ganham o “auxílio-moradia”, na mídia e no
Congresso Nacional. Ganham de longe de qualquer organização civil ─ sindicatos, empresas estatais ou privadas,
confederações disso ou daquilo, clubes de futebol, OABs e similares. É melhor nem falar, então, da Igreja Católica e
das CNBBs da vida ─ e muito menos desses lúgubres “movimentos sociais”, entidades de “minorias” e outros
parasitas que vivem às custas do Tesouro Nacional. Enfim, as Forças Armadas têm mais prestigio que qualquer
outra coisa organizada que exista neste país. Militar não rouba. Militar não falta ao serviço. Militar não é nomeado
por político. É exatamente por essas razões ─ por ter nome limpo na praça, e valer mais aos olhos do público do
que todos os três poderes juntos ─ que o Exército foi chamado para defender um Rio de Janeiro invadido, tomado e
governado na prática por um exército de ocupação de criminosos. Mas é só por isso, e por nada mais: o governo
chamou os militares, porque esta é a única maneira de tentar mostrar à população que está “fazendo alguma
coisa” contra a derrota humilhante que lhe foi imposta pelos bandidos. O Exército não pode derrotar o crime no Rio
de Janeiro. Nenhum exército foi feito para isso, em nenhum lugar do mundo. Pode haver algum alívio durante um
certo tempo, mas depois a tropa tem de sair ─ e aí o crime volta a mandar, porque é o crime, e não o governo e
sua polícia, quem manda no Rio de Janeiro.

O governo Michel Temer, no caso, é culpado por empulhação ─ mas só por empulhação. Pela situação do crime no

http://avaranda.blogspot.com.br/ 16/20
18/02/2018 PERCA TEMPO - O BLOG DO MURILO
Brasil, com seus 60.000 assassinatos por ano, recordes de roubos, estupros e violência em massa, e a entrega da
segunda maior cidade do país à bandidagem, as responsabilidades vão muito além. A culpa pelo desastre, na
verdade, é conjunta ─ o que não quer dizer, de jeito nenhum, que ela é dos cidadãos. Ela é de todos os que têm
algum meio concreto de influir na questão e não fazem o seu dever. Como é possível enfrentar a sério o crime se
temos leis, um sistema Judiciário e agentes do Estado que protegem ativamente os criminosos? Afinal, do jeito em
que está a ordem pública no Brasil, eles têm praticamente o direito de cometer crimes. A maior parte da mídia
mantém uma postura de hostilidade aberta à polícia ─ nada parece excitar tanto o fervor do noticiário do que as
denúncias contra a “violência policial”. Obedece, ao mesmo tempo, a mandamentos de simpatia e compreensão
perante os criminosos, sempre tratados apenas como “suspeitos”, vítimas da situação “social” e portadores
prioritários de direitos. A maior parte dos 800.000 advogados do país é contra qualquer alteração que torne menos
escandalosa a proteção e garantias fornecidas ao crime pelas leis atualmente em vigor. Policiais são assassinados
em meio à mais completa indiferença ─ policial bom é policial morto, parecem pensar governo, oposição e quem
está no meio dos dois. Os bispos, as ONGs, as entidades de defesa dos direitos humanos, as variadas “anistias”
internacionais que andam por aí, as classes intelectuais, procuradores, juízes, políticos e mais uma manada de
gente boa são terminantemente contra a repressão ao crime. Punição, segundo eles, “não resolve”. Sua proposta é
esperarmos até o Brasil atingir o nível educacional, cultural e social da Noruega ─ aí sim, o problema estará
resolvido.

A jornalista Dora Kramer, na sua coluna da última edição de VEJA, escreveu o que está para ser dito há muito
tempo e ninguém diz: a cidade do Rio de Janeiro vive, hoje em dia, como se estivesse ocupada por uma tropa de
invasão nazista. Nem mais nem menos. Um invasor do país tem de ser combatido com guerra, e não com decretos,
criação de “ministérios de segurança” e a intervenção de um Exército que é mandado à frente de combate com as
mãos amarradas. Não tem estratégia clara. Não tem missão definida. Não tem a proteção da lei. Não tem o direito
de usar suas armas dentro da finalidade para a qual elas foram projetadas e construídas. Não tem meios
adequados sequer para proteger os seus próprios soldados ─ muito menos, então, para atacar o inimigo. Enquanto
for assim, o Rio continuará entregue aos invasores.

Postado por MURILO às 06:22


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sexta-feira, fevereiro 16, 2018

Tranca no bitcoin - CELSO MING


ESTADÃO - 16/02

Autoridades do mundo inteiro parecem alarmadas com as portas arrombadas pelas criptomoedas

Autoridades do mundo inteiro parecem alarmadas com as portas arrombadas pelo bitcoin e pelas demais
criptomoedas. Querem agora providenciar as trancas. Mas não estão seguras sobre o que fazer.

Até recentemente essas criaturas digitais não despertavam mais do que curiosidade – e cobiça. Eram consideradas
ou anomalias monetárias ou uma dessas tantas novidades de fôlego curto. Mas, nove anos depois de lançado o
pioneiro bitcoin, esse segmento alcança valor de mercado de US$ 180 bilhões, já comparável com o ativo global
em diamantes, quantificado em alguma coisa ao redor dos US$ 250 bilhões.

A diretora-geral do Fundo Monetário Internacional, Christine Lagarde, advertiu dia 12 que essas moedas foram
beneficiadas pelo vácuo regulatório e se tornaram “sistemas de lavagem de dinheiro e de financiamento do
terrorismo”. O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, foi claro durante a reunião do Fórum
Econômico Mundial: “Embora encoraje o financiamento à tecnologia e a inovação, quero ter certeza de que os
mercados financeiros são saudáveis e não são usados para atividades ilícitas”. Também a primeira-ministra da Grã-
Bretanha, Theresa May, avisou que seu governo encara as criptomoedas com muita seriedade, porque “têm sido
usadas por criminosos”.

Japão, China, Coreia do Sul e Índia já vêm impondo restrições ao lançamento e às transferências de criptomoedas,
fator que aparentemente tem sido a causa da enorme volatilidade das cotações.

Alemanha e França, por sua vez, pretendem discutir na reunião de cúpula de chefes de Estado e presidentes de
bancos centrais do Grupo dos 20, a ser realizada em março na Argentina, propostas para regulamentar esse novo
segmento.

Por aí se vê que a principal preocupação das autoridades não é coibir a proliferação de criptomoedas (hoje são 1,5
mil) e, assim, eliminar a ameaça de quebra do monopólio estatal de emissão de moeda, mas impedir que sejam
usadas para atividades ilícitas.

Na terça-feira, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, remou contra essa corrente: “Não é
responsabilidade do BCE regular bitcoin”. Não é o que pensa a cúpula do BIS (Bank for International Settlements),
que atua na compensação de pagamentos entre bancos centrais. Em documento disse o contrário: os bancos
centrais devem preparar-se para intervir.

Mas como intervir? As primeiras sugestões são de identificar os que lidam com essas moedas: os que “mineram”,
os que as adquirem nos lançamentos (ICOs - Inicial Currency Offer) e os que as renegociam. Mas não ficam nisso.
Chegam até a proibir seu funcionamento.

Há duas limitações importantes para essas iniciativas oficiais. A primeira é a de que a própria natureza das
criptomoedas é global, descentralizada e garantidora do anonimato. Se for proibida nos grandes países, sabe-se lá
por que mecanismos, nada a rigor impediria que as transações continuassem de qualquer ponto do globo ou da
nuvem cibernética. O que as autoridades podem tentar com mais eficácia é proibir as ICOs, os lançamentos no
mercado financeiro destinados a arrecadar dólares para iniciar uma nova criptomoeda.

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18/02/2018 PERCA TEMPO - O BLOG DO MURILO

A outra grande limitação – e risco – é a de que uma regulamentação abrangente e supostamente eficaz iniba o
desenvolvimento tecnológico e a inovação, o que seria desastroso para todos.

Postado por MURILO às 07:31


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Delírios sobre o nada - J.R. GUZZO


REVISTA VEJA
Se não houver uma virada de mesa grosseira, a sentença que condenou o ex-presidente a doze anos de
prisão terá de ser cumprida

Publicado na edição impressa da EXAME

Se você é um empresário, executivo no desfrute de um emprego ─ sobretudo na área de “Relações Externas” e


similares ─ ou tem algum tipo de situação profissional que o coloque na “classe A”, há uma boa probabilidade de já
ter dito, ou ouvido dizer no seu círculo social: “É muito ruim que o Lula se transforme num mártir”. Admitindo-se a
hipótese de que o ex-presidente possa, eventualmente, vir mesmo a adquirir essa grife de “mártir”, a questão que
se coloca é a seguinte: “Muito bem ─ e o que você sugere que seja feito a respeito disso na prática?” Eis aí o ponto
central. Se você está preocupado com a possibilidade de que a lei seja cumprida e Lula acabe indo para a cadeia ─
bem, você está com um problema. A dificuldade, no caso, é que não há nada a fazer. Se não houver uma virada de
mesa grosseira nos nossos superiores e supremos tribunais de Justiça, algo equivalente aos procedimentos em uso
hoje em dia nas altas cortes da Venezuela, a sentença que condenou o ex-presidente a doze anos de prisão terá de
ser cumprida. Aí, se ele ficar com uma imagem de santo perseguido, oprimido e injustiçado perante a opinião
pública, paciência ─ o Brasil terá de conviver com esse grave problema. A alternativa é rezar para que os nossos
mais altos magistrados resolvam que a lei não se aplica no caso de Lula, em nome dos superiores interesses da
pátria.

As aflições de uma parte da elite nacional (ou daquilo que costuma ser descrito assim) quanto ao futuro penal de
Lula é uma notável comprovação do subdesenvolvimento brasileiro mais clássico. É o contrário do progresso.
Sociedade bem sucedida, democrática e próspera cumpre a lei. Sociedade atrasada, injusta e desigual, como é o
caso do Brasil, acha que a aplicação da lei precisa ser feita “com cuidado”, pois pode criar sérios problemas. As
presentes desventuras do ex-presidente, no entendimento de muitas das mais ilustres cabeças do “Brasil
civilizado”, liberal e frequentemente milionário, compõem um “quadro de risco”. Para desmontá-lo, vêm com a
conversa obsoleta, medíocre e velhaca de que é preciso ter “criatividade” e buscar saídas de “engenharia política”
para obter um “consenso” capaz de “pacificar” os ânimos e preparar o país para a “transição”. Pacificar o que, se
não há guerra? Transição para onde? Nada disso se explica com um mínimo de lógica ou de inteligência. A única
coisa que se entende, nisso tudo, é a obsessão de passar por cima da lei.

A lenda do martírio de Lula, e das espantosas consequências que isso teria sobre o Brasil e o resto do mundo, é
uma dessas coisas construídas em cima do nada. Elas exercem uma atração irresistível sobre o público descrito nas
primeiras linhas deste artigo ─ e, ao mesmo tempo, sobre os formadores de opinião, etc. Desde que o ex-
presidente teve a sua condenação confirmada pelo Tribunal Federal Regional-4, em fins de janeiro, ficou mais do
que comprovado que as grandes massas populares, que deveriam se levantar num movimento de revolta em apoio
ao líder, estão pouco ligando para o seu destino. Tratava-se de fato sabido há longo tempo, pela absoluta falta de
interesse do público em sair às ruas para defender a causa do PT, mas o debate político insistia em manter a ficção
do “levante social”. Agora está mais do que demonstrado que isso não existe ─ e se isso não existe, de onde vem a
história de que Lula pode virar um “mártir” se tiver de cumprir sua sentença? Não vem de lugar nenhum. É apenas
uma invenção, como as teorias dos seus advogados sobre “falta de provas”, acertos entre magistrados para
condenar o réu, desrespeito aos “procedimentos legais” e tantas outras bobagens. É, também, um singular retrato
da porção “liberal” das classes ricas deste país. Têm, no seu íntimo, horror de Lula. São contra tudo o que ele diz ─
embora uma boa parte tenha se beneficiado do que ele fez. Não querem que Lula volte a ser presidente. Mas, ao
mesmo tempo, querem que ele não seja incomodado em nada. Em matéria de almoço grátis, é o que há.

Postado por MURILO às 07:27


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Uma eleição horrível, mas menos anormal - VINICIUS


TORRES FREIRE
FOLHA DE SP - 16/02

Candidaturas novas ficam mais difíceis; disputa pode ficar mais tradicional
CASO LUCIANO Huck confirme pela segunda, terceira ou quarta vez que não é candidato, o funil dos candidatos
novos, novidadeiros, outsiders ou mais à margem dos partidões vai ficar mais estreito e curto. Aumenta a
possibilidade de que a eleição corra para o leito mais tradicional dos partidões.

Nesse caso, tornam-se ainda mais importantes assuntos que ficaram meio esquecidos no auge do verão e da
temporada das flores do pântano do recesso político: o plano B do PT, os efeitos da despiora econômica na eleição
e a capacidade de Geraldo Alckmin juntar partidos no seu tempo de TV e cabos eleitorais nos Estados, por
exemplo.

A última esperança de João Doria é a que morre, mas ela tem prazo de validade claro, cerca de um mês. Pouco
antes de abril, vence também o prazo de Henrique Meirelles. Não são probabilidades relevantes, decerto. Quando

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chegarem a zero, porém, a névoa no campo governista estrito deve se dissipar.

Como possibilidade, ainda que teórica, restaria Rodrigo Maia (DEM), presidente da Câmara. Caso Maia permaneça
com uma votação dentro da margem de erro de zero, MDB e DEM teriam então de escolher pratos frios do cardápio
de candidaturas de eleições passadas, como têm feito faz três décadas.

A ainda persistente fraqueza do centro e da direita normal tende a aumentar as pressões crescentes no lulismo-
petismo para que Lula nomeie seu sucessor, que tem chances de chegar a um segundo turno.

Essa parece a alternativa racional do PT, caso se invente um projeto bem-feito para substituir o culto da
personalidade do mártir, a única estratégia petista, por ora, plano que não tem objetivo pragmático claro.

A disputa ainda deve ser muito confusa e destrambelhada até muito tarde. Mas o prazo para invenção de modas
está se esgotando e faltam movimentações de grupos poderosos com o objetivo de parir uma criatura
extrapartidária demais.

Pode ser que, no desespero da reta final, tente-se passar um Joaquim Barbosa pelo funil. No entanto, o sistema
político no momento parece estar se fechando em si mesmo. Mesmo Huck estava meio no sereno, sem garantias
de que seria adotado como candidato pelos partidões.

As candidaturas dos partidões podem ser definidas até julho. É tempo. Parece muito improvável que Michel Temer
recupere pontos de prestígio e tenha meios (máquina) para definir alianças e candidatos, que dirá votos. Mas os
ares do país podem mudar um pouco com a despiora econômica.

Alguma despiora haverá, não convém subestimá-la de todo, comparando 2018 com a estagnação no fundo do poço
de 2017.

Quem levará esse eleitor remediado, provavelmente da metade mais rica da população e então menos furioso?
Para a metade de baixo, não há por ora mensagem alguma, a não ser a imagem de Lula.

O número e a variedade de insatisfeitos ainda são enormes, da elite que inventava Huck ao povo miúdo. Afora a
opção de votos de ódio boçal, não há movimentação alguma para fazer de Marina Silva (Rede) ou Ciro Gomes
(PDT) recursos de última instância, não tem tu, vai tu mesmo.

É plausível imaginar que, por catatonia ou falta de criatividade política, que seja, a eleição fique mais normal do
que se imaginava.

Postado por MURILO às 07:16


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Deepfakes eleitorais - PEDRO DÓRIA


O Estado de S.Paulo - 16/02

Do ponto de vista técnico, qualquer vídeo, real ou falso, pode ser produzido

Nos últimos meses, um grupo razoavelmente grande de pessoas começou a se dedicar ao que batizaram
deepfakes. São vídeos nos quais o rosto de uma pessoa é cuidadosamente transplantado para o corpo de outra.
Uma das manias é colocar o ator Nicholas Cage nas cenas mais improváveis. Use a palavra deepfake e o nome do
ator numa busca do YouTube. A outra mania, como não poderia deixar de ser, é pescar cenas pornográficas e
encaixar nelas mulheres famosas.

Não é difícil produzir deepfakes, há um aplicativo para isso. Chama-se FakeApp. O usuário precisa encontrar uma
série de fotos do rosto que deseja transplantar e um algoritmo de inteligência artificial analisa os movimentos na
face do filme que receberá o transplante. Cada sorriso ou arquear de sobrancelha. Quadro a quadro a cena é
analisada e, o novo rosto, baseado em fotos, esculpido. Alguns dos resultados são muito impressionantes.

É uma brincadeira de geeks, ainda desconhecida por boa parte das pessoas. Mas, do ponto de vista técnico,
qualquer vídeo pode ser produzido. Hoje. Um garoto de 15 anos daqueles que passa o dia à frente da tela poderá,
após algumas horas de trabalho, apresentar um filme indistinguível se real ou falso do papa Francisco recebendo
suborno de um bicheiro. Não custa nada.

Foi em maio do ano passado que o WhatsApp informou pela última vez quantos usuários tinha, no Brasil – 120
milhões. Segundo o TSE, agora em janeiro éramos quase 147 milhões de eleitores. É razoável imaginar que pelo
menos 70% dos brasileiros aptos a votar troquem mensagens pelo sistema. É o meio de comunicação digital mais
difícil de monitorar. Temos como analisar a disseminação de dados pelo Facebook, pelo Twitter, pela web. O
WhatsApp, dedicado a conversas privadas, não raro em grupos, é fechado.

E, ora, temos um problema com fatos. As diferenças ideológicas, em todo o mundo, extrapolaram para além da
interpretação. Quem monitora as conversas travadas nas redes de esquerda e de direita, por aqui, percebe isso
nitidamente. Grupos diferentes escolhem em que fatos vão acreditar. Chamam isso de interpretação. Não é. É
optar por só acreditar naquilo que lhe interessa.

Quando falamos de fake news, estamos frequentemente olhando para o retrovisor. Para os EUA e o Reino Unido de
2016. Pois 2018 já é outro mundo do ponto de vista tecnológico. A capa da edição que chega agora às bancas
americanas da revista Wired narra como, internamente, o Facebook lentamente reconheceu sua participação no
desastre eleitoral. Desastre não pela eleição de Donald Trump ou escolha do Brexit. Desastre porque seu

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18/02/2018 PERCA TEMPO - O BLOG DO MURILO
mecanismo contribuiu para que o eleitor fosse mal informado às urnas. Maliciosamente mal informado, diga-se, por
grupos que sabem se aproveitar da fragilidade das pessoas que já se predispõem a acreditar apenas naquilo que
confirma suas opiniões.

Google e Facebook, ao que tudo indica, trabalharão duro para que ataques do tipo que ocorreram nos EUA não
funcionem por aqui, no México, Itália ou Irlanda, as democracias relevantes que realizam eleições nacionais este
ano. Têm os melhores engenheiros. É bem possível que consigam deter os usos já mapeados da magia negra do
marketing eleitoral.

Mas junte não só fake news escrita ou em áudio distribuída via WhatsApp, como também os deepfakes. Tente
convencer um bom naco do eleitorado de que aquele filme – com Lula, com Ciro, com Marina, com Bolsonaro, com
Alckmin, não importa – é falso. Junte isto a um cenário espatifado, com mais de dez candidatos, no qual quem
largar na frente nos primeiros meses terá uma vantagem irreparável.

Basta atacar aquele candidato com quem disputa eleitores. Pois é. Esta eleição dá medo.
Postado por MURILO às 07:14
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