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A expansão da educação superior privada no Brasil: do

governo de FHC ao governo de Lula


José-Marcelo Traina-Chacon y Adolfo-Ignacio Calderón

RESUMO
Considerando a desenfreada expansão do setor privado na educação superior no Brasil, durante o go-
verno de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), e a concretização de dois mandatos de Luiz Inácio
Lula da Silva (Lula) (2003-2010) primeiro operário a chegar à presidência da república, com a promessa
de contenção das rotuladas políticas neoliberais de seu antecessor; será que no governo de Lula houve
redução da expansão do setor privado no atendimento da educação superior? O presente artigo aborda as
políticas adotadas por esses dois presidentes em torno da expansão do ensino superior privado, a partir de
XM[Y]Q[I\M~ZQKILMK]VPWJQJTQWOZnÅKWMV^WT^MVLWIVnTQ[MLMLILW[[MK]VLnZQW[

Palavras chave: ML]KItrW[]XMZQWZMV[QVW[]XMZQWZXZQ^ILWXWTy\QKIML]KIKQWVIT]VQ^MZ[QLILM

José-Marcelo Traina-Chacon chacon@puc-campinas.edu.br


Brasileiro. Bacharel em Análise de Sistemas pela Universidade Metodista de Piracicaba, Brasil e especialista
em “Gestão Universitária: Modelos e Políticas” pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-
Campinas). É docente na área de Ciência da Computação do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de
São Paulo e das Faculdades de Sistemas de Informação, de Engenharias Civil e Ambiental da PUC-Campinas.

Adolfo-Ignacio Calderón adolfo.ignacio@puc-campinas.edu.br


Peruano. Doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Brasil, com
Pós-Doutorado em Ciências da Educação pela Universidade de Coimbra, Portugal. Professor Titular
do Programa de Pós-Graduação em Educação da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Brasil.
Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq - Nível 2. Consultor e/ou assessor científico da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), do Conselho Estadual de Educação de São Paulo,
da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES/Ministério da Educação),
da Fundação Nacional de Desenvolvimento do Ensino Superior Particular (FUNADESP), entre outras
organizações.

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La expansión de la educación superior privada en Brasil. Del gobierno de FHC al


gobierno de Lula

RESUMEN
Considerando la desenfrenada expansión del sector privado en la educación superior en Brasil durante
el gobierno de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), y los dos mandatos de Luiz Inácio Lula da
Silva (Lula) (2003-2010), primer presidente en llegar a la presidencia de la república con la promesa de
contener las políticas neoliberales establecidas por el gobierno anterior, ¿será que durante el gobierno de
Lula se redujo la expansión del sector privado en la educación superior? El presente artículo analiza las
políticas adoptadas por esos dos presidentes en torno de la expansión de la educación superior privada a
XIZ\QZLM]VIQV^M[\QOIKQ~VLM\QXWJQJTQWOZnÅKWaIVnTQ[Q[LMLI\W[KWUXTMUMV\IZQW[

Palabras clave: ML]KIKQ~V[]XMZQWZMV[M}IVbI[]XMZQWZXZQ^ILIXWTy\QKIML]KI\Q^I]VQ^MZ[QLIL

The expansion of private higher education in Brazil. From FHC’s administration


to Lula’s

ABSTRACT
Taking into consideration the rampant expansion of the private sector in higher education in Brazil du-
ring the government of Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), and the two administrations of Luiz
1VnKQW4]TILI;QT^I4]TI\PMÅZ[\XZM[QLMV\_PWXZWUQ[ML\WZM[\ZIQVVMWTQJMZITXWTQKQM[
M[\IJTQ[PMLJa\PMXZMKMLQVOILUQVQ[\ZI\QWV?I[XZQ^I\M[MK\WZM`XIV[QWVQVPQOPMZML]KI\QWVZMITTaZML]-
ced during Lulla’s government? This article analyzes the policies adopted by these two presidents related
to the expansion of higher private education based on a bibliographic research and analysis of additional
LI\I

Key words: PQOPMZML]KI\QWVPQOPMZXZQ^I\MML]KI\QWVML]KI\QWVXWTQKa]VQ^MZ[Q\a

Recepción: 06/03/14. Aprobación: 21/04/15.

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Introdução das Instituições de Ensino Superior (IES) e o aumento


No Brasil, após duas décadas de ditadura militar, LM VWVƒUMZWLMIES privadas em oito anos,
a transição para a democracia teve um desfecho optando pela ampliação da cobertura de atendimen-
U]Q\WLQNyKQT7XZQUMQZWXZM[QLMV\MMTMQ\WLMUWKZI- to via expansão do setor privado e a consequente
ticamente, Fernando Affonso Collor de Mello (1990- institucionalização do mercado universitário com
1992), teve seu mandato suspenso e os seus direitos a presença de rankings governamentais, resultantes
políticos cassados pelo Congresso Nacional devido do exame nacional de cursos (Calderón, 2000), fato
I LMVƒVKQI[ LM KWZZ]XtrW )[[]UQ] I 8ZM[QLwVKQI criticado à exaustão pelos setores de oposição, por
da República o então vice-presidente Itamar Fran- representar a mercantilização da educação no país
co que junto ao seu Ministro da Fazenda Fernando +]VPI
Henrique Cardoso (FHC), criou uma bem sucedida A eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (Lula) como
XWTy\QKILMM[\IJQTQbItrWÅVIVKMQZILMVWUQVILI8TI- sucessor de FHC VI 8ZM[QLwVKQI LI :MXƒJTQKI MU
VW:MITY]MKWV[MO]Q]NZMIZW[XZWKM[[W[PQXMZQVÆI- 2002, foi um marco na história do Brasil pelo fato de
KQWVnZQW[LILuKILILW[WQ\MV\I se haver elegido o primeiro presidente de esquerda, o
-U!!OZItI[IW[]KM[[WLW8TIVW:MITFHC, primeiro operário a chegar à presidência, gerando-se
LW8IZ\QLWLI;WKQIT,MUWKZIKQI*ZI[QTMQZIPSDB) OZIVLMM`XMK\I\Q^I\IUJuULM^QLWIW8IZ\QLWLW[
NWQMTMQ\W8ZM[QLMV\MLI:MXƒJTQKIKWV[MO]QVLW[]I Trabalhadores (PT), considerado de matriz socialis-
reeleição em 1998, tornando-se o primeiro presiden- ta, ter assumido a condução do país, representando
te com dois mandatos totalizando oito anos de go- XZWUM[[I[LMZM[Q[\wVKQIoM`XIV[rWVMWTQJMZIT
^MZVW+]VPI.ZQOW\\WM+QI^I\\I Em seu primeiro mandato Lula criou o Sistema
Fernando Henrique Cardoso promoveu a reforma Nacional de Avaliação da Educação Superior (SI-
administrativa, adotando modelos de administração NAES) com o objetivo de romper com a política de
gerencial em substituição à administração baseada FHC baseada no ranqueamento das IES, propondo-
em princípios burocráticos (Tavares, 2011), alinhada [M]UII^ITQItrWXZWKM[[]ITKWV[QLMZILI¹MUIVKQ-
às políticas mundiais orientadas pelas grandes agên- patória” (Rothen e Barreyro, 2011; Calderón et al.,
cias multilaterais como, por exemplo, o Fundo Mo- +ZQW][M\IUJuUW8ZWOZIUI=VQ^MZ[QLILM
netário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, que para Todos (PROUNI), possibilitando a inclusão de
ZMKWUMVLI^IU I ILWtrW LW IR][\M Å[KIT IJMZ\]ZI mais estudantes no sistema de ensino superior brasi-
KWUMZKQIT TQJMZITQbItrW ÅVIVKMQZI LM[ZMO]TIUMV- leiro privado, por meio de uma política que previa o
tação dos mercados, eliminação dos instrumentos de fornecimento de bolsas de estudo parciais e integrais
intervenção do Estado, mercado e privatização de nas IES privadas em troca da isenção de determina-
MUXZM[I[ M [MZ^QtW[ XƒJTQKW[ ;O]Q[[IZLQ  ,M LW[QUXW[\W[MKWV\ZQJ]Qt‚M[+I\IVQ
IKWZLW KWU *ZM[[MZ 8MZMQZI XZWX]VPI[M I ¹\ZIV- -U[M][MO]VLWUIVLI\W4]TIKZQW]W8ZWOZIUI
sição programada de um tipo de administração pú- LM )XWQW I 8TIVW[ LM :MM[\Z]\]ZItrW M -`XIV[rW
JTQKIJ]ZWKZn\QKIZyOQLIMQVMÅKQMV\M^WT\ILIXIZI[Q LI[ =VQ^MZ[QLILM[ .MLMZIQ[ REUNI), que preten-
própria e para o controle interno, para uma adminis- dia estimular a concorrência entre as universidades
\ZItrWXƒJTQKIOMZMVKQITÆM`y^MTMMÅKQMV\M^WT\ILI federais por meio da gestão por resultados (Lima y
XIZIWI\MVLQUMV\WLWKQLILrWº*ZI[QT!!" Azevedo, 2008) e, contrariando a proposta inicial do
Na educação superior, as políticas adotadas por SINAES, do primeiro mandato, que teria papel cen-
FHCZW\]TILI[XMTW[[M\WZM[LMM[Y]MZLIKWUW¹VMW- tral de regulação, foram retomadas as velhas práti-
liberais”, promoveram uma aceleração da expansão cas de ranqueamento das IES, por meio da criação

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LW+WVKMQ\W8ZMTQUQVIZLM+]Z[W[CPC) e do Índice pelo governo brasileiro por meio do Censo da Edu-


Geral de Cursos (IGC), elaborados pelo próprio Mi- cação Superior do Instituto Nacional de Estudos e
nistério da Educação —MEC (Calderón et al. 8M[Y]Q[I[-L]KIKQWVIQ[)Vy[QW<MQ`MQZIINEP
7 8TIVW LM /W^MZVW  LI KWTQOItrW 4]TI
8ZM[QLMV\M8IZ\QLWLW[<ZIJITPILWZM[KIZIK- Antecedentes históricos
terizou-se por apresentar um tom crítico à expan- O surgimento e a expansão das IES no Brasil são
são no setor privado, ressaltando o fato do Brasil abordados por importantes autores do cenário
[Q\]IZ[MMV\ZMW[¹XIy[M[LWU]VLWKWUUIQWZ\I`I acadêmico brasileiro (Sampaio, 2000; Martins,
LMXZQ^I\QbItrWLIML]KItrW[]XMZQWZº8IZ\QLWLW[ 2002; Martins, 2009; Cunha, 2003; Frigotto e Cia-
Trabalhadores, 2002: 26), constata-se que o então vatta, 2003; Corbucci, 2004; Zainko, 2008; Barre-
candidato prometeu a centralidade do setor públi- aZW #:W\PMV!M
co na educação superior, propondo como meta a Conforme a literatura acadêmica (Sampaio,
IUXTQItrWLIWNMZ\ILW[M\WZM[\I\ITMUI\u LW 2000) as primeiras IES no Brasil foram fundadas em
total de matrículas; ou seja, ampliando a oferta de 1808 com a chegada da família real portuguesa ao
 VWÅVITLWOW^MZVWLM FHCXIZI PQXW- XIy[)\uIXZWKTIUItrWLI:MXƒJTQKIMU !I
\M\QKIUMV\MI\uWÅVITLWOW^MZVW4]TI+WUM[\I expansão das IESLM[MV^WT^M][MTMV\IUMV\M7UW-
promessa infere-se que no governo Lula haveria um LMTWLMML]KItrW^Q[I^INWZUIZXZWÅ[[QWVIQ[TQJMZIQ[
freio na expansão do setor privado, possibilitando o que ocupariam postos privilegiados no mercado de
ZMK]WLIM`XIV[rWLI[UI\ZyK]TI[LM ¸VWÅVIT \ZIJITPWITuULMKWVY]Q[\IZMUXZM[\yOQW[WKQIT6W
do governo de FHC¸XIZI V]UM^MV\]ITOW- ÅVIT LW [uK]TW XIX, existiam apenas 24 estabeleci-
^MZVW4]TI mentos públicos de ensino superior no Brasil, com
Considerando a desenfreada expansão do setor KMZKILMM[\]LIV\M[;IUXIQW
privado da educação superior no Brasil durante o A Constituição da República de 1891, possibilitou
governo de FHC e a concretização de dois mandatos a abertura da educação superior ao setor privado,
presidenciais de Lula, com a promessa de redenção surgindo, assim, as primeiras iniciativas das elites
e de contenção das políticas neoliberais, será que no TWKIQ[ M KWVNM[[QWVIQ[ KI\~TQKI[ ) M`XIV[rW LW MV-
governo de Lula houve uma redução da expansão sino superior teve um crescimento considerável até
no setor privado em benefício da potencialização 1920, passando de 24 para 133 instituições (Sam-
das IES estatais no atendimento da demanda de edu- XIQW6ILuKILILM!WXIy[KWV\I^IKWU
cação superior? cerca de 150 escolas isoladas e duas universidades, a
O presente artigo aborda o comportamento dos LW8IZIVnMILW:QWLM2IVMQZWY]MVrWXI[[I^IU
governos de FHC (1995-2002) e de Lula (2003-2010) LMIOT]\QVIt‚M[LMM[KWTI[Q[WTILI[5IZ\QV[
em torno da expansão do setor privado no atendi- O governo de Getúlio Vargas (1930 a 1945) pro-
mento da demanda por educação superior no Brasil, moveu uma reforma na educação em 1931, auto-
com o intuito de responder à questão acima coloca- rizando e regulamentando o funcionamento das
LI8IZI\IV\WZMKWZZM][M\IV\WoXM[Y]Q[ILMK]VPW universidades, inclusive com a cobrança de anuida-
JQJTQWOZnÅKWILW\IVLWKWUWXZQVKQXITZMNMZwVKQILM des, pois o ensino público não era gratuito naquela
IVnTQ[MTQ^ZW[MIZ\QOW[KQMV\yÅKW[X]JTQKILW[MUZM- uXWKI ) ZMNWZUI IQVLI XMZUQ\QI W N]VKQWVIUMV\W
^Q[\I[LMQUXIK\WTWKITQbILI[VI;KQMV\QÅK-TMK\ZWVQK de instituições isoladas e IESXZQ^ILI[
Library Online (SciELO), quanto à pesquisa docu- No período de 1931 a 1945 houve intensa disputa
mental e análise de dados secundários, fornecidos entre lideranças laicas e católicas pelo controle da

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ML]KItrW7MV[QVWZMTQOQW[WNIK]T\I\Q^WNWQQUXTIV- as decisões mais democráticas por meio da criação


\ILWVWKQKTWJn[QKW)QOZMRIKI\~TQKIIUJQKQWVI^II dos departamentos,1 institucionalizou a pesquisa,
criação de suas próprias universidades, o que aconte- centralizou as decisões nos órgãos federais, estimulou
KM]VILuKILI[MO]QV\M-U!NWZIUZMITQbILI[ IX~[OZIL]ItrWMIKIXIKQ\ItrWLW[LWKMV\M[-U
as primeiras estatísticas do ensino superior, quando o !!W[M`KMLMV\M[Rn[WUI^IU)OZIVLM
[M\WZXZQ^ILWZM[XWVLQIXWZ LI[IESM  pressão por demanda levou a uma forte expansão no
LW\W\ITLMIT]VW[UI\ZQK]TILW[ ensino superior no período de 1960 a 1980, com o
No período de 1945 a 1968 houve uma grande número de matriculados passando de, aproximada-
luta do movimento estudantil e de professores em UMV\M  XIZI  IT]VW[ KWU  
defesa do ensino público, que reivindicavam a elimi- I\MVLQLW[XMTIQVQKQI\Q^IXZQ^ILI5IZ\QV[
nação das instituições isoladas privadas por meio da Conforme os estudos de Sampaio (2000) e Calde-
IJ[WZtrWXƒJTQKI rón (2000) a opção de o governo militar foi o aten-
) ZMNWZUI LI 4MQ LM ,QZM\ZQbM[ M *I[M[ LM ! dimento da demanda de massas por meio do setor
não determinava que o ensino superior devesse XZQ^ILWÅKIVLWVI[UrW[LWXWLMZXƒJTQKWIUIV]-
organizar-se preferencialmente em universidades, tenção de universidades de elite, que aliassem o en-
caracterizando assim uma vitória dos defensores da [QVWoXM[Y]Q[I-[[MUWLMTWLM]VQ^MZ[QLILMM[\I\IT
iniciativa privada, pois se permitia o atendimento da elevou os custos do ensino público, não permitindo
LMUIVLIXWZQV[\Q\]Qt‚M[Q[WTILI[-U!WVƒ- I[]IM`XIV[rWW]UI[[QÅKItrWIJZQVLWI[[QUM[-
mero de alunos matriculados no ensino superior era paço para que o setor privado atendesse à demanda
LM ]VQ^MZ[Q\nZQW[LW[Y]IQ[!MZIULW VrWIJ[WZ^QLIXMTWM[\ILW
[M\WZXZQ^ILWM  M`KMLMV\M[Y]MNWZIUIXZW- Conforme Martins (2002) e Sampaio (2000), a
vados no vestibular para universidades públicas, mas partir de 1980, houve uma redução progressiva na
VrWILUQ\QLW[XWZNIT\ILM^IOI[5IZ\QV[ demanda do ensino superior devido à retenção e
O regime militar de 1964 desmantelou o movi- M^I[rWLMIT]VW[LW£OZI]<IUJuUWKWZZM]]UI
mento estudantil e manteve as universidades públi- inadequação das universidades às novas exigências
KI[[WJ^QOQTpVKQI)XM[IZLWKTQUILMLM\MZQWZItrW do mercado, frustrando as expectativas da clientela
dos direitos civis, a reforma da educação superior de MUXW\MVKQIT
1968 inspirou-se nas idéias do movimento estudan- ,M IKWZLW KWU 5IZ\QV[  VI LuKILI LM
til e intelectual das décadas anteriores, instituindo 1990, a proporção de jovens entre 20 e 24 anos que
os departamentos, institutos básicos, organizando o QVOZM[[I VW MV[QVW []XMZQWZ KWZZM[XWVLQI I  
K]ZZyK]TWMUKQKTW[Jn[QKWMXZWÅ[[QWVITQbIV\M)TuU conferindo ao Brasil o 17º lugar entre os países la-
disso, alterou os vestibulares, aboliu a cátedra, tornou tino-americanos, superando apenas a Nicarágua e

1
)ZMNWZUI]VQ^MZ[Q\nZQILM! ZMITQbILI[L]ZIV\MWZMOQUMUQTQ\IZM`\QVO]Q]I[Kn\MLZI[^Q\ITyKQI[+WVNWZUM*WUMVa!!WKI\M-
LZn\QKWVrW[~LMÅVQIW[KIUXW[LMM[\]LWW[Uu\WLW[I[MZMUXZQ^QTMOQILW[MI[Y]M[\‚M[I[MZMUXMZ[MO]QLI[UI[\IUJuULM\QVPII]-
toridade político-administrativa, sendo avalista e/ou censor das demandas existentes para ingresso no magistério superior (Bomeny, 1994:
,MIKWZLWKWU:WJMZ\W4WJW+WMTPW!!¹W[Q[\MUIMZIZMXZM[[WZMUZMTItrWIW[VW^W[\ITMV\W[MZI]UWJ[\nK]TWoUMTPWZQILW
MV[QVW[]XMZQWZ8WZ\IV\WNWQ]UXI[[WVMKM[[nZQWMIKMZ\ILWIM`\QVtrWLW[Q[\MUILMKn\MLZI[MLI^Q\ITQKQMLILMLWKI\MLZn\QKWº6M[[M
[MV\QLWKWUWIXWV\I;KP_IZ\bUIV¹I:MNWZUI=VQ^MZ[Q\nZQIKWV[IOZW]MUTMQU]Q\I[LI[ZMQ^QVLQKIt‚M[LW[XZWNM[[WZM[UIQ[I\Q^W[M
LWUW^QUMV\WM[\]LIV\QTLWXMZyWLWXZu)WLQILIKn\MLZINWQIJWTQLIM[]J[\Q\]yLIXMTW[Q[\MUIKWTMOQILWLMLMXIZ\IUMV\W[º,QIV\M
do contexto, a gestão colegiada por departamentos passou a ser vista, por alguns autores, como uma iniciativa democrática de descentra-
TQbItrWLMLMKQ[‚M[MLMIUXTQItrWLW[QV\MZTWK]\WZM[VI\WUILILMLMKQ[‚M[XIZILW`ITUMV\MQUXTIV\ILIL]ZIV\MWZMOQUMUQTQ\IZ8IZI
,]ZPIUW[LMXIZ\IUMV\W[KWV[\Q\]yIU[MMU]UINWZUILMWZOIVQbItrWKZQILIXMTI[]VQ^MZ[QLILM[IUMZQKIVI[UIQ[LMUWKZn\QKI
Y]MIKn\MLZIY]MWJ\M^MOZIVLM[]KM[[W^QVLWI[]J[\Q\]QZIKn\MLZIMUY]I[M\WLW[W[XIy[M[KWUI[ZMNWZUI[LILuKILILM[M\MV\I
-V\ZM\IV\W7TQ^MQZI!!!"Y]M[\QWVII¹XZM\MV[ILMUWKZIKQIKWTMOQILILW[LMXIZ\IUMV\W[º]UI^MbY]MWXWLMZLMKQ[~ZQWM[\IVW[
UQVQ[\uZQW[VWOW^MZVWNMLMZIT

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0WVL]ZI[ 8IZI 5IZ\QV[ W[ UMVW[ NI^WZMKQLW[ VrW da matricula e com a melhoria da qualidade edu-
usufruem da igualdade de oportunidade de acesso cacional, descumprido sistematicamente o preceito
ao ensino superior seja ele público ou privado, não KWV[\Q\]KQWVIT Y]M LM\MZUQVI o =VQrW I IXTQKItrW
por falta de vagas ou de reforma deste, mas por pro- UyVQUILM VInZMILIML]KItrW
JTMUI[[WKQIQ[MLMÅKQwVKQI[LWMV[QVWN]VLIUMV\IT 8WZ UMQW LW[ LILW[ LW +MV[W LI -L]KItrW ;]-
6M[[M[MV\QLWI[LMÅKQwVKQI[VWMV[QVWXƒJTQKWÅbM- perior do ano 2000, publicado pelo INEP (Brasil,
ram que os setores sociais menos favorecidos fossem IXWLM[M^MZQÅKIZ]UIY]MLIVWVƒUMZWLM
discriminados no acesso ao ensino superior devido a IES privadas no período do governo Collor, devido
]UINWZUItrWM[KWTIZLMJIQ`IY]ITQLILM ao seu descompasso com o mercado de trabalho e
Após o regime militar ainda houve um gover- à ampliação da participação das IESXƒJTQKI[)VI-
no eleito indiretamente, o de Tancredo Neves que lisando os dados sobre a evolução do número de
UWZ\WIV\M[LIXW[[MM[]J[\Q\]yLWXWZ[M]^QKM2W[u instituições, por dependência administrativa, entre
;IZVMa! !!6IY]MTMXMZyWLW¹MV\ZM! M !!M!!^MZQÅKI[M]UI]UMV\WLM VW
1993 o número de vagas oferecidas no ensino supe- número de IESXƒJTQKI[MLQUQV]QtrWLM LI[
rior manteve-se relativamente estável, em torno de IESXZQ^ILI[
KWULMKTyVQWZMTI\Q^WLIXIZ\QKQXItrWLW ,ILW[ LW ZMNMZQLW +MV[W LW -V[QVW ;]XMZQWZ
[M\WZXZQ^ILWº5IZ\QV[ (Brasil, 2000b) também demonstra que entre 1990
O primeiro governante eleito democraticamente e 1992, houve uma queda no número de matrículas
o presidente Fernando Affonso Collor de Mello (Co- nas IES privadas e uma ampliação nas IES públicas,
llor), teve seu mandato suspenso e seus direitos políti- I[[QU KWUW IXWV\I ]U I]UMV\W LM    VW Vƒ-
cos cassados pelo Congresso Nacional, apoiado pelas mero de matriculados nas IES públicas e uma dimi-
UIVQNM[\It‚M[ XWX]TIZM[ LW UW^QUMV\W LW[ ¹KIZI[ V]QtrWLM LI[UI\ZyK]TI[VI[IESXZQ^ILI[)
XQV\ILI[º2 ,M IKWZLW KWU +WZJ]KKQ  W OW- queda no número de matrículas no ensino superior
verno de Collor (1990-1992), diagnosticou distor- e no número de IES privadas (1991-1992), segundo
ções no ensino superior brasileiro como a formação alguns dirigentes de instituições de prestígio do país,
LMXZWÅ[[QWVIQ[LM[^QVK]TILILIOMZItrWLMZQY]MbI[ MUUI\uZQIX]JTQKILIVW2WZVITLW*ZI[QTQV\Q\]TILI
IQV[]ÅKQMV\MNWZUItrWVInZMILMKQwVKQI[M`I\I[M ¹=VQ^MZ[QLILM ^IbQI ZMÆM\M W LM[KWUXI[[W KWU W
o gasto excessivo em detrimento dos demais níveis mercado”, seria pela falta de capacidade das insti-
LMMV[QVW tuições em atender às novas exigências do mercado
8IZI[]XMZIZM[[M[WJ[\nK]TW[LWMV[QVW[]XMZQWZ LM\ZIJITPW7[XZWÅ[[QWVIQ[LMVy^MT\uKVQKW\QVPIU
Collor propôs a ampliação do acesso, respeito à IUM[UINIQ`I[ITIZQITLMXZWÅ[[‚M[Y]MM`QOQIUVy-
autonomia universitária, maior estímulo ao desen- vel superior, tornando a graduação pouco atrativa
volvimento de pesquisas mediante parcerias entre IW[KTQMV\M[;IUXIQW
universidades e empresas, ampliação dos programas Com a deposição do Governo Collor e a assunção
de pós-graduação e a capacitação e valorização dos de Itamar Franco, para atender à demanda da comu-
XZWÅ[[QWVIQ[ LI ML]KItrW -V\ZM\IV\W LM IKWZLW nidade acadêmica a Secretaria de Educação Supe-
com as análises e os dados apresentados por Cor- rior do MEC criou uma comissão para estabelecer as
bucci (2004), distante dessas propostas, o governo de diretrizes e viabilizar a implementação do processo
Collor não evidenciou preocupação com a expansão LMI^ITQItrWLI[]VQ^MZ[QLILM[JZI[QTMQZI[8ZWOZIUI

2
O termo caras pintadas refere-se ao fato de, naquele movimento, os jovens ganharem as ruas com o rosto pintado com as cores da ban-
LMQZIJZI[QTMQZI

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LM)^ITQItrW1V[\Q\]KQWVITLI=VQ^MZ[QLILM*ZI[QTMQZI certa queda tanto no governo de Collor como no


(PAIUB+WVNWZUM/WUM[W PAIUB não foi LM1\IUIZ.ZIVKW)ZMTItrWLMUI\ZyK]TI[VI[ IES
formulado pelo governo, mas pelas universidades ou 8ZQ^ILI[Y]MVWQVyKQWLWOW^MZVW+WTTWZI\QVOQIW[
por uma comissão que as representava, pautando-se  XI[[W]XIZI VWÅVITLWOW^MZVW1\IUIZ
pelos seguintes princípios: globalidade (avaliar todos .ZIVKW
os aspectos da vida de uma universidade), não com-
parabilidade, respeito à identidade institucional, não O octênio de FHC (1995-2002)
XZMUQItrWW]X]VQtrWMIXIZ\QKQXItrW^WT]V\nZQI )KIVLQLI\]ZIo8ZM[QLwVKQILI:MXƒJTQKILM FHC
No governo de Itamar Franco (1993-1994) as foi apoiada por uma frente de centro-direita, e sua
XWTy\QKI[ MKWV€UQKI[ NWZIU W OZIVLM LM[\IY]M 7 proposta de governo para o primeiro mandato
presidente junto com seu ministro da Fazenda, Fer- iniciado em 1994, foi elaborada por uma equipe
nando Henrique Cardoso criou uma política de esta- KWUIVLILI XMTW MKWVWUQ[\I 8I]TW :MVI\W ;W]bI
JQTQbItrWÅVIVKMQZILMVWUQVILI8TIVW:MIT)XM[IZ M`[MKZM\nZQWLM-L]KItrWLW-[\ILWLM;rW8I]TW
das melhorias do cenário econômico no Brasil, hou- M`ZMQ\WZLI=VQ^MZ[QLILM-[\IL]ITLM+IUXQVI[M
ve diminuição do número de IESXZQ^ILI[MXƒJTQKI[ naquele momento, técnico do Banco Interamerica-
Segundo Sampaio (2000) a queda no número abso- VWLM,M[MV^WT^QUMV\WBID) (Cunha, 2003; Frigotto
luto de estabelecimentos de ensino privado tenderia M+QI^I\\I
a ser compensada num período seguinte, registrando Nas eleições de 1994, FHC obteve mais de 34 mil-
Y]MVrWQVÆ]MVKQW]VIXWZKMV\IOMULMIT]VW[UI- P‚M[ LM ^W\W[ KWZZM[XWVLMVLW I UIQ[ LM   LW[
triculados em IES privadas, mantendo-se superior a ^W\W[[MVLWMTMQ\WVWXZQUMQZW\]ZVW7XZM[QLMV\M
  conseguiu sua reeleição em 1998 com aproximada-
Sobre os dados da evolução do número de insti- mente 36 milhões de votos, o que correspondeu a
tuições por dependência administrativa, no período  LW[^W\W[*ZI[QTJ\WZVIVLW[MWXZQUMQ-
!!!!^MZQÅKW][MLQUQV]QtrWLM VWVƒ- ro presidente com mandato de oito anos, graças a
mero de IESXƒJTQKI[MLM! LI[ IES privadas, uma emenda constitucional que permitia a reeleição
enquanto o número de matrículas nas IES públicas e LW[WK]XIV\M[LMKIZOW[LWM`MK]\Q^W
privadas aumentou nesse período, demonstrando o
W\QUQ[UWMKWV€UQKWZMTI\Q^WIW8TIVW:MIT7^WT]- A reforma do Estado
me de matrículas nas IES no Brasil de Itamar Fran- As políticas do Governo de FHC ÅbMZIU XIZ\M LM
KWMV\ZM!!M!!IXWV\IWI]UMV\WLM  estratégias sugeridas por organismos internacionais
nas IESXƒJTQKI[M VI[IESXZQ^ILI[ XIZI W[ XIy[M[ LI )UuZQKI 4I\QVI <I^IZM[ 
Apesar da redução de número de IES privadas e A reforma do estado esteve orientada à adoção de
aumento de alunos matriculados, do governo Collor um modelo de administração pública gerencial, cla-
(1990-1992) ao governo Itamar Franco (1993-1994), ZIUMV\M LMÅVQLW VW LWK]UMV\W QV\Q\]TILW 8TIVW
um comparativo percentual dos dois governos de- ,QZM\WZLI:MNWZUILW)XIZMTPWLW-[\ILW*ZI[QT
monstra certa estabilidade no período, uma vez que 1995), buscando aumentar a governança do estado
VrWPW]^MOZIVLM[Æ]\]It‚M[VW[LILW[M[\I\y[\QKW[ JZI[QTMQZW 8IZI Q[[W W M[\ILW LM^MZQI [M INI[\IZ LM
A porcentagem de IES privadas, que no começo do atividades que pudessem ser realizadas pela iniciati-
OW^MZVW+WTTWZMZILM KIQ]XIZI VWÅVIT va privada, concentrando suas ações na regulação da
LWOW^MZVW1\IUIZ:MOQ[\ZIVLW[MIQVLIY]MWVƒ- XZM[\ItrWLM[MZ^QtW[XƒJTQKW[;WJM[\IWZQMV\ItrW
mero de alunos matriculados em IES privadas teve o setor privado conquistou amplitude e visibilidade,

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MVY]IV\WWM[\ILWQV\MV[QÅKW]W[XZWKM[[W[LMXZQ^I- convertida em organização social, restou a referida lei


\QbIt‚M[LMMUXZM[I[M[\I\IQ[ que voltou a causar polêmica, aproximadamente 17
As políticas públicas se estruturavam em torno anos após sua aprovação, no segundo mandato do go-
de três eixos: privatização, descentralização e foca- ^MZVWLIXZM[QLMV\M,QTUI:W][[MNN Y]IVLWKWVNWZ-
TQbItrW<I^IZM[6M[[MKWV\M`\WIML]KItrW me informações do Ministério da Educação (Brasil,
[]XMZQWZ NWQ KWV[QLMZILI KWUW []RMQ\I o ¹XZQ^I\Q- ¹WUWLMTWLI[WZOIVQbIt‚M[[WKQIQ[NWQR]TOILI
zação”, pois se entendia que a iniciativa privada constitucional pelo Supremo Tribunal Federal (STF),
XWLMZQIZMITQbnTIKWUU]Q\WUIQWZMÅKQwVKQIMMÅ- MULMKQ[rWLMY]QV\INMQZIºÅKIVLWWJ^QIUMV\M
KnKQI +WVNWZUM :W\PMV  I ML]KItrW ¸]U []IIXTQKItrWW]VrWVIM[NMZILWRWOWXWTy\QKW
direito social— passava a ser tratada como mercado-
ZQIWY]MNIKQTQ\W]IKZQItrWLM]UY]I[MUMZKILW Avaliação da educação superior
O Ministério da Administração e da Reforma do A Constituição Federal de 1988 previa a liberdade
Estado (MARE) propôs em 1995, um projeto de au- da iniciativa privada em oferecer cursos de ensino
\WVWUQIXIZII[]VQ^MZ[QLILM[NMLMZIQ[)XZWXW[\I []XMZQWZ*ZI[QT! +IJQIIW-[\ILWWXIXMTLM
considerava transformar o status jurídico das univer- ditar as normas para a educação nacional, conce-
sidades públicas para organizações sociais, entidades der autorizações e avaliar a qualidade do ensino
públicas não estatais, fundações de direito privado, ou :W\PMV
[WKQMLILM[KQ^Q[[MUÅV[T]KZI\Q^W[+IZ^ITPW Seno programa PAIUB, estruturado no governo
,M^QLWo[XZM[[‚M[LI[IES públicas, a conversão das LM 1\IUIZ .ZIVKW I[ M`QOwVKQI[ WÅKQIQ[ LM []XMZ-
universidades em autarquias ou fundações em orga- visão, regulação e controle estavam pautadas na au-
nizações sociais passou a ser voluntária (Carvalho, toavaliação institucional pelas próprias comunidades
2006), não havendo, ao longo dos dois mandatos de acadêmicas e de forma voluntária (Cunha, 2003), no
FHCVMVP]UKI[WLM¹KWV^MZ[rWº-V\ZM\IV\WLM- governo FHCKWUIIXZW^ItrWLI4MQLM,QZM\ZQbM[
ve-se mencionar que no governo de FHC foi aprova- e Bases da Educação Nacional - LDB, em 1996 (Bra-
da a chamada Lei das Organizações Sociais (Brasil, sil, 1996), o processo de regulamentação do sistema
1998) que, entre outras determinações, dispõe sobre de avaliação foi que determinou a renovação perió-
I Y]ITQÅKItrW LM MV\QLILM[ KWUW WZOIVQbIt‚M[ [W- dica da autorização e o reconhecimento de cursos,
ciais, determinando no artigo primeiro: bem como o credenciamento de IES:W\PMV
78WLMZ-`MK]\Q^WXWLMZnY]ITQÅKIZKWUWWZOI- O eixo norteador da política de avaliação das IES
nizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, passou a ser a avaliação de curso e não mais a ava-
[MU ÅV[ T]KZI\Q^W[ K]RI[ I\Q^QLILM[ [MRIU LQZQOQLI[ liação institucional como era no PAIUB+WUW[K][-
IWMV[QVWoXM[Y]Q[IKQMV\yÅKIIWLM[MV^WT^QUMV\W \W[KILI^MbUIQ[MTM^ILW[XIZIWÅVIVKQIUMV\WLW
tecnológico, à proteção e preservação do meio am- ensino superior coube ao estado criar instrumentos
biente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos UIQ[MÅKQMV\M[LMKWTM\ILMQVNWZUIt‚M[MXZM[\ItrW
XZM^Q[\W[VM[\I4MQ*ZI[QT!! XX de contas da qualidade dos serviços em educação (Ta-
Como se pode observar no referido artigo não ^IZM[,M[[INWZUINWQKZQILWW-`IUM6IKQW-
constam as palavras universidade ou escolas, mas nal de Cursos (ENCUIQ[KWVPMKQLWKWUWº8ZW^rWº#
constam explicitamente as atividades desenvolvidas exame em larga escala a que eram submetidos os con-
pelas instituições educacionais, tais como ensino, cluintes dos diversos cursos de graduação, servindo
XM[Y]Q[IMLM[MV^WT^QUMV\W\MKVWT~OQKW-UJWZIVW seus resultados como principal parâmetro da quali-
governo de FHC nenhuma universidade tenha sido LILMLMKILIK]Z[WLMOZIL]ItrW

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7 ¹8ZW^rWº MZI KWVKMJQLW VW [MV\QLW LM L]XTI político favorável para a expansão dos mercados
regulação do sistema: pelo Ministério e pelo mer- educacionais, possibilitaram uma grande expansão
KILW KWV[]UQLWZ LM ML]KItrW )[ QV[\Q\]Qt‚M[ Y]M das IESXZQ^ILI[VW*ZI[QT
não obtivessem bons resultados nos exames seriam
NMKPILI[XMTW5QVQ[\uZQWW]XMTI¹UrWQV^Q[y^MTLW A expansão das IES privadas
UMZKILWº)QUXZMV[I\M^MXIXMTQUXWZ\IV\MVW[]- Além da Constituição Federal de 1988, que deter-
cesso dessa política pública; com os resultados em mina que o ensino seja mantido livre à iniciativa
mãos, ela elaborava o ranque das instituições e con- privada, desde que respeitadas as normas gerais
\ZQJ]yI [QOVQÅKI\Q^IUMV\M VW [MV\QLW LM KZQIZ ]U da educação e com a autorização e a avaliação do
imaginário social acerca da importância do exame poder público (Brasil, 1988), da LDB de 1996, que
:W\PMV" determinava a autorização e o reconhecimento de
Conforme Cunha (2003), como resultado da apli- cursos, bem como o credenciamento de instituições
cação do ENC, o governo FHC aplicou sanções a 12 de educação superior, prevendo sanções caso a ava-
cursos de Matemática e de Letras (foram proibidos TQItrWZM^MTI[[MLMÅKQwVKQI[Y]MVrWNW[[MU[IVILI[
de admitir novos estudantes), porém, essas sanções o governo de FHCXWZUMQWLWLMKZM\WV£LM
foram suspensas por medidas judiciais, sendo que 1997 (Brasil, 1997), estabeleceu a diferenciação ins-
apenas uma IES privada (localizada na periferia da \Q\]KQWVIT VI ML]KItrW []XMZQWZ +WV\MUXTILI VI
nZMIUM\ZWXWTQ\IVILW:QWLM2IVMQZWXMZLM]W[\I- Constituição e na LDB, essa diferenciação se con-
tus universitário, em função de um baixo desempen- cretizou com a criação dos centros universitários,
PWVII^ITQItrWXMTWOW^MZVW das faculdades integradas, das faculdades e dos ins-
A grande repercussão gerada por essa política titutos superiores ou escolas superiores, cada uma
de avaliação da educação superior no governo de com exigências e atribuições legais claramente de-
FHC, principalmente pelo ranqueamento das uni- ÅVQLI[-[[MIZKIJW]tWTMOITNI^WZMKM]IM`XIV[rW
versidades, possibilitou às IES privadas a utilização da educação superior realizada pelo setor privado,
dos resultados para a consecução de estratégias de ITuULI[]VQ^MZ[QLILM[KWUWXWLMUW[^MZQÅKIZVI
UIZSM\QVO <IQ[ M[\ZI\uOQI[ ^QVK]TILI[ IW KMVnZQW \IJMTI

Tabela 1. Evolução do número de instituições de educação superior


por dependência administrativa no Brasil durante o governo de
Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)

Ano Total Federal Estadual Municipal Privada

1995 894 57 76 77 684

2002 1 637 73 65 57 1 442

1995/2002 (%) 83.1 28.1 -14.5 -26.0 110.8

Fonte: MEC/INEP/SEEC (Brasil, 2012).

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Os dados da tabela 1 mostram a expansão de governo FHC, porém em menor escala, atingindo
  VW VƒUMZW LM IES no governo de FHC, no    KWU ]U ZM\ZIQUMV\W IQVLI VW VƒUMZW LM
qual predomina o crescimento do número de IES pri- IESM[\IL]IQ[MU]VQKQXIQ[
^ILI[7VƒUMZWLM IES privadas mais que dobrou Conforme Carvalho (2006), a evolução das matrí-
VM[[M XMZyWLW ÅKIVLW KWU M`XIV[rW LM   culas particulares apresentou trajetória ascendente nos
O número de IES federais também aumentou no governos de FHCNI\WLMUWV[\ZILWXMTI\IJMTI

Tabela 2. Evolução da matrícula em cursos de graduação


presenciais por dependência administrativa no Brasil, durante o
governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)

Ano Total Federal Estadual Municipal Privada

1995 1 759 703 367 531 239 215 93 794 1 059 163

2002 3 479 913 531 634 415 569 104 452 2 428 258

1995/2002 (%) 97.8 44.7 73.7 11.4 129.3

Fonte: MEC/INEP/SEEC (Brasil, 2012).

Os dados da tabela 2 mostram que a expansão no A expansão das IES pela via privada foi uma ca-
número de matrículas no ensino superior quase do- ZIK\MZy[\QKILM[LMIV\M[LILuKILILW[IVW[-V\ZM
brou no governo FHCKWUKZM[KQUMV\WLM!  1980 e 1995 devido às diversas crises econômicas,
,MIKWZLWKWU;O]Q[[IZLQVILQ[\ZQJ]QtrWLI[ VrW PW]^M M`XIV[rW [QOVQÅKI\Q^I LM IES públicas
IES públicas e privadas, considerando o número de W] XZQ^ILI[ ,M[LM I [IVtrW LI LDB de 1996 e as
IES e o percentual de matrícula, tem-se constatado legislações subsequentes, houve um impressionante
a predominância das instituições privadas, conferin- crescimento do sistema, bastando apenas sete anos
do ao Brasil o maior índice de privatização entre os (1995-2002) para duplicar o número de matrículas
países da América Latina e um dos cinco mais altos *IZZMaZW 
VWU]VLW Segundo Carvalho (2006) a política de ensino su-
Em 1994, das 851 IES! MZIUXƒJTQKI[ perior no Brasil, principalmente no segundo manda-
M !   MZIU XZQ^ILI[ -U  LI[  to do governo de FCH, mostrou aproximação com
IES ! !  MZIU XƒJTQKI[ M     os preceitos neoliberais, mantendo coerência entre
MZIU XZQ^ILI[ 6M[[M XMZyWLW LM WQ\W IVW[ I[ IES WLQ[K]Z[WMIXZn\QKI7[M\WZXƒJTQKWIXZWN]VLW]
XZQ^ILI[XI[[IZIULM XIZI  ;O]Q[[IZ- a parceria público-privada na disseminação de cur-
LQ"  sos pagos de extensão e estreitando as relações en-
Segundo Sguissardi (2006), a expansão das IES \ZMN]VLIt‚M[XZQ^ILI[M]VQ^MZ[QLILM[XƒJTQKI[8WZ
XZQ^ILI[\IUJuUu^MZQÅKILIVIM^WT]trWLI[UI- ÅU ^Q][M ZMIÅZUILI I WXtrW M[\IJMTMKQLI VW ZM-
\ZyK]TI[KZM[KMVLWLM MU!!XIZI MU gime militar nos anos 60, pelo estímulo à iniciativa
KWVNWZUMLILW[IXZM[MV\ILW[VIÅO]ZI XZQ^ILI

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Figura 1. Percentual de matrículas em cursos de graduação presenciais


por dependência administrativa no Brasil durante o governo do presidente
Fernando Henrique Cardoso (1995-2002)

Federal 60%

Privada 21%

Estadual 14%

Municipal 5%

Fonte: MEC/INEP/SEEC (Brasil, 2012).

6WÅULW[M][MO]VLWUIVLI\WW8ZM[QLMV\MFHC LQNMZMV\M[ UWUMV\W[ LM IXTQKItrW ,M IKWZLW KWU


VrWKWV[MO]Q]MTMOMZW[M][]KM[[WZ)[MTMQt‚M[XIZI W[LWK]UMV\W[WÅKQIQ[*ZI[QTWSINAES sus-
novo presidente tiveram como principais concorren- tentava-se numa visão emancipatória, diferente da-
\M[2W[u;MZZIM`[MKZM\nZQWLM[IƒLMLMFHC e Lula, quela que predominava no ENC, mais regulatória,
WWXMZnZQW[QVLQKITQ[\I4]TINWQMTMQ\W8ZM[QLMV\MLW ^WT\ILIXIZIWKWV\ZWTMLW[ZM[]T\ILW[
Brasil, começando uma nova era na política nacio- O SINAES foi constituído de um ciclo de avaliação
VITJZI[QTMQZI de três anos, nos quais alunos, cursos e instituições
eram avaliados por três meios: o Exame Nacional
O octênio de Lula (2003- 2010) LW ,M[MUXMVPW LW[ -[\]LIV\M[ ENADE), a Ava-
No primeiro ano do governo de Lula, houve a ree- liação das Instituições de Ensino Superior (Avalies) e
dição do ENC, previsto no governo de FHC, porém, a Avaliação dos Cursos de Graduação (ACG
acompanhada da criação da Comissão Especial Conforme Fiamini e Calderón (2012), o ENADE
da Avaliação (CEA), composta, principalmente, é o equivalente ao ENC, do governo FHC, na me-
por acadêmicos que elaboraram o PAIUB (Rothen, dida em que ambos constituem-se em instrumentos
 de avaliação do desempenho dos alunos em larga
Essa comissão encarregou-se da elaboração da escala, maisdiferentemente do ENC, já que ranquea-
proposta de criação do Sistema Nacional de Ava- va avaliando somente o desempenho dos alunos con-
liação da Educação Superior (SINAES) que segun- cluintes; o ENADE não permitia o ranqueamento,
do Sobrinho (2012) se baseia numa concepção de [M]WJRM\Q^WMZIQLMV\QÅKIZPIJQTQLILM[MKWUXM\wV-
avaliação e de educação global e integradora, com cias de universitários, em cada curso, ao longo de
a proposta de integração de vários instrumentos e um ciclo de três anos de estudos, bem como o valor

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IOZMOILWLW[K]Z[W[VINWZUItrWLW[IT]VW[)XZW- A intenção do plano foi criar condições para a ex-


posta inicial, que posteriormente foi mudada, prévia pansão física, acadêmica e pedagógica da rede fede-
um exame amostral, aplicado aos alunos iniciantes ZITLMML]KItrW)ZIƒRWM8QVPMQZWUMLQIV\M
MXW[\MZQWZUMV\MIW[KWVKT]QV\M[ ações para aumentar o número de vagas nos cursos
Conforme Lima e Azevedo (2009) outras regula- de graduação, a ampliação de oferta de cursos no-
mentações foram efetuadas no primeiro mandato de turnos, a promoção de inovações pedagógicas e o
4]TIKWUW"W,MKZM\WV£Y]MZMO]TI- KWUJI\MoM^I[rW*ZI[QT
mentou as parcerias entre as universidades federais e O REUNINWQQV[\Q\]yLWXMTW,MKZM\WV£!LM
as fundações de direito privado, viabilizando a cap- LMIJZQTLMMNMbXIZ\MLW8TIVW6IKQWVITLM
\ItrWLMZMK]Z[W[XZQ^ILW[XIZIÅVIVKQIZI[I\Q^QLI- Educação ( PNE)UM\IOTWJITLWREUNINWQLMÅVQ-
des acadêmicas; a Lei de Inovação Tecnológica (nº da em seu artigo 1º:
![WJZMXIZKMZQI[MV\ZMMUXZM[I[M=VQ- 78ZWOZIUI\MUKWUWUM\IOTWJITIMTM^ItrW
^MZ[QLILM[8ƒJTQKI[#W8ZWRM\WLM4MQV£ gradual da taxa de conclusão média dos cursos de
que tratava do Sistema Especial de Reserva de Vagas; graduação presenciais para noventa por cento e da
projetos e decretos sobre reformulação da educação relação de alunos de graduação em cursos presen-
XZWÅ[[QWVIT M \MKVWT~OQKI# W 8ZWOZIUI =VQ^MZ[QLI- KQIQ[ XWZ XZWNM[[WZ XIZI LMbWQ\W IW ÅVIT LM KQVKW
de para Todos (PROUNI¸4MQV£!¸ IVW[IKWV\IZLWQVyKQWLMKILIXTIVW
Y]MXZM^QIQ[MVtrWÅ[KITXIZII[QV[\Q\]Qt‚M[XZQ^ILI[  7 5QVQ[\uZQW LI -L]KItrW M[\IJMTMKMZn W[
de ensino superior em troca de vagas para alunos parâmetros de cálculo dos indicadores que com-
de baixa renda; e a política de educação superior a X‚MUIUM\IZMNMZQLIVW‹£*ZI[QT" 
LQ[\pVKQI O modelo de gestão das IES Federais, adotado no
O programa de governo de Lula para o segundo REUNI, é o da política para atingir metas, implan-
UIVLI\W\M^MKWUWwVNI[MINZI[M¹LM[MV^WT^QUMV\W tado com o modelo de controle de resultados e foco
com distribuição de renda e educação de qualidade” VIMÅKQwVKQIMVW[ZM[]T\ILW[)IUXTQItrWLIWNMZ\I
8IZ\QLW LW[ <ZIJITPILWZM[  6I ML]KItrW de educação superior se deu pelo aumento de va-
superior, o programa prévia o acesso mais amplo gas de ingresso, principalmente no período noturno,
a uma universidade reformada, expandida e com redução de taxas e de evasão e ocupação de vagas
Y]ITQLILM 8IZI \IV\W LM[\IKIU[M I[ UM\I[ XIZI WKQW[I[7[ZMK]Z[W[ÅVIVKMQZW[XIZIK][\MIZW[XTI-
aprofundar a ampliação de vagas no ensino superior nos de reestruturação das IES Federais, previstos no
com qualidade, continuidade do PROUNI, criação IZ\QOW£LW,MKZM\WV£!*ZI[QTNWZIU
LMVW^I[=VQ^MZ[QLILM[.MLMZIQ[IUXTQItrWLI[^I- TQJMZILW[IWTWVOWLI^QOwVKQILWXTIVW)[LM[XM[I[
OI[VI[=VQ^MZ[QLILM[.MLMZIQ[M`Q[\MV\M[MW REU- permitidas eram:
NI<I^IZM[ Construção e readequação de infraestrutura e
equipamentos necessários à realização dos objetivos
Tendências de expansão das IES LW8ZWOZIUI#11KWUXZILMJMV[M[MZ^QtW[VMKM[-
estatais (REUNI) sários ao funcionamento dos novos regimes acadê-
Em seu segundo mandato o presidente Lula lançou micos; e III - despesas de custeio e pessoal associadas
o REUNI, cujo principal objetivo era ampliar o aces- à expansão das atividades decorrentes do plano de
[WMXMZUIVwVKQIVIML]KItrW[]XMZQWZ7OW^MZVW ZMM[\Z]\]ZItrW*ZI[QT"!
federal, por intermédio do REUNI, adotou uma série A expansão universitária pública teve início em
LMUMLQLI[XIZIM`XIVLQZWMV[QVW[]XMZQWZXƒJTQKW 2003, no início do primeiro mandato do governo

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4]TI KWU I QV\MZQWZQbItrW LW[ KIUXQ LI[ =VQ^MZ- NWQ LM  !  0W]^M ]U I]UMV\W LM   VW Vƒ-
[QLILM[ .MLMZIQ[ 7 VƒUMZW LM U]VQKyXQW[ I\MVLQ- UMZW LM UI\ZyK]TI[ VW XZQUMQZW UIVLI\W +WU I
LW[XMTI[=VQ^MZ[QLILM[.MLMZIQ[XI[[W]LMMU implantação do REUNI, o número de matrículas,
XIZIIWÅVITLM,M[LMWQVyKQWLI VWÅVITLW[MO]VLWUIVLI\WLWOW^MZVW4]TIMU
M`XIV[rWNWZIUKZQILI[=VQ^MZ[QLILM[.MLMZIQ[ XI[[W]XIZI !]UI]UMV\WLM 
e mais de 100 novos campi, que possibilitaram a ;MO]VLW )ZI]RW M 8QVPMQZW  W REUNI foi
ampliação de vagas nas IES Federais e a criação de uma tentativa de dar resposta à crise do ensino su-
novos cursos (Brasil, 2007), conforme demonstrado perior, por meio de novos arranjos organizacionais e
VIÅO]ZI VW^W[UMKIVQ[UW[LMOM[\rWVIJ][KILIMÅKQwVKQI
O número de matrículas nas IES federais no iní- no gasto público, mediante contratos por resultados
cio do primeiro mandato do governo de Lula era de ÅZUILW[KWUI[=VQ^MZ[QLILM[.MLMZIQ[-[[INWQI
MU6WÅVITLM[M]XZQUMQZWUIVLI\W aposta do governo para resolver os problemas de ex-
em 2006, o número de matrículas em IES federais XIV[rWMUK]Z\WXZIbW

Figura 2. Crescimento de universidades federais no Brasil, durante o governo


do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003 - 2010)

60

58

56

54

52

50

48

46

44

42

40
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Fonte: MEC/INEP/SEEC (Brasil, 2012).

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Tendências da expansão do setor de isenção de impostos e contribuições por IES, a


privado (PROUNI) quantidade de bolsas integrais e parciais efetiva-
78ZWOZIUI=VQ^MZ[QLILMXIZI<WLW[PROUNI) foi mente concedidas; taxa de evasão do programa;
criado em 2004 no primeiro mandato do governo LM[MUXMVPWLW[JMVMÅKQILW[
4]TIQV[\Q\]yLWXMTI4MQV£!LM[\QVILW ,M^QLW I M[[I[ LQÅK]TLILM[ LM QVNWZUIt‚M[ [W-
à concessão de bolsas de estudo integrais e bolsas de bre o PROUNI, as análises realizadas nos seguintes
M[\]LWXIZKQIQ[LM W]LM XIZIM[\]LIV\M[LM parágrafos foram efetuadas tendo como referência
cursos de graduação e sequenciais de formação es- W[ LILW[ OMVuZQKW[ LW ZMTI\~ZQW MTIJWZILW XMTI ,Q-
XMKyÅKIMUQV[\Q\]Qt‚M[XZQ^ILI[LMMV[QVW[]XMZQWZ ZM\WZQI LM 8WTy\QKI[ M 8ZWOZIUI[ LM /ZIL]ItrW LI
KWUW][MUÅV[T]KZI\Q^W[*ZI[QT²[IES que Secretaria de Educação Superior, intitulado PROU-
aderiram ao programa foi oferecida, em contrapar- NI0Q[\~ZQKWM8MZ[XMK\Q^I[*ZI[QTKW[Y]IQ[
\QLIIQ[MVtrWLMITO]V[QUXW[\W[MKWV\ZQJ]Qt‚M[3 também se encontram em forma de noticia veicu-
O PROUNI é dirigido a estudantes egressos do en- lada no site do MEC*ZI[QTL+WV^uUUMV-
sino médio da rede pública, ou bolsistas integrais da cionar que este documento, na forma de slides, foi
rede particular, com renda per capita familiar de, no IXZM[MV\ILWXWZ8I]TI*ZIVKWLM5MTTWLQZM\WZILM
máximo, três salários mínimos, sendo, a seleção dos 8WTy\QKI[M8ZWOZIUI[LM/ZIL]ItrWZMXZM[MV\IV\M
candidatos, feita através do ENEM - Exame Nacional do MEC na Comissão Nacional de Acompanhamen-
LW-V[QVW5uLQW*ZI[QTJ \WM+WV\ZWTM;WKQIT8ZW=VQVW[MUQVnZQWXZWUW-
O programa recebeu muitas críticas, como a de vido pela própria CONAPY]M\QVPIXWZ\MUI"¹7
4MPMZY]MIÅZUW]Y]MW PROUNI serve às KWV\ZWTM[WKQITVW8ZWOZIUI=VQ^MZ[QLILMXIZI<W-
IUJQt‚M[LI[QV[\Q\]Qt‚M[ÅTIV\Z~XQKI[KWU]VQ\nZQI[ LW[8ZW=VQºWZOIVQbILWXMTW MEC com apoio da
confessionais e empresariais de ensino superior, por Confederação Nacional dos Trabalhadores em Es-
meio da isenção de impostos e contribuições, que tabelecimentos de Ensino (CONTEE), do Sindicato
ZML]bMUIXZW`QUILIUMV\M W[OI[\W[MU\ZW- LW[8ZWNM[[WZM[LW:QWLM2IVMQZW;QVXZW:QWMLI
KI LM UWLM[\y[[QUI[ ^IOI[ XIZI W XZWOZIUI 8IZI 8WV\QNyKQI =VQ^MZ[QLILM +I\~TQKI LW :QW LM 2IVMQZW
Carvalho (2006) o programa surge como excelente (PUC:QW+WV\MM
WXWZ\]VQLILM XIZI W ÅVIVKQIUMV\W LI[ IES priva- ,ILW[LM[[MZMTI\~ZQWZM^MTIUY]MW PROUNI já
LI[IUMItILI[XMTWXM[WLI[^IOI[M`KM[[Q^I[+WV- atendeu a mais de 863 mil estudantes, entre 2005
forme o mesmo autor o programa recebeu apoio da M  [MVLW   LM JWT[I[ QV\MOZIQ[ XZWXWZKQW-
sociedade civil, dos formados no ensino médio públi- nando, assim, acesso ao ensino superior para as ca-
co e, também, da Central Única dos Trabalhadores madas sociais menos favorecidas, incluindo bolsistas
(CUT), por intermédio de seu presidente Marinho, INZWLM[KMVLMV\M[MQVLyOMVI[*ZI[QTK7]\ZW
Y]M[MUW[\ZW][QUXI\QbIV\MLWXZWOZIUI dado importante, que serve para a presente análise, é
8IZI +I\IVQ 0Ma M /QTQWTQ  Pn XW]KI que em 2010 havia aproximadamente 473 mil bolsas
transparência do MEC no que se refere aos dados em utilização; ou seja, 473 mil pessoas matriculadas
sobre o PROUNI.IT\IULILW[[WJZMILQ[XWVQJQ- no ensino superior privado com subsídios governa-
lidade total de bolsas contratadas por IES; o valor mentais, impostos e contribuições que o estado deixa

3
,MIKWZLWKWUWIZ\QOWV LI4MQV£!*ZI[QTIQV[\Q\]QtrWY]MILMZQZIWPROUNIÅKIZnQ[MV\ILW[[MO]QV\M[QU-
XW[\W[MKWV\ZQJ]Qt‚M[VWXMZyWLWLM^QOwVKQILW\MZUWLMILM[rW"11UXW[\WLM:MVLILI[8M[[WI[2]ZyLQKI[#11+WV\ZQJ]QtrW;WKQIT
[WJZMW4]KZW4yY]QLW#111+WV\ZQJ]QtrW;WKQITXIZI.QVIVKQIUMV\WLI;MO]ZQLILM;WKQIT#M1>+WV\ZQJ]QtrWXIZIW8ZWOZIUILM
1V\MOZItrW;WKQIT

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LM ZMKMJMZ LW [M\WZ XZQ^ILW XIZI ÅVIVKQIZ JWT[I[ Como pode-se observar na tabela 3, no ano de
LMM[\]LW[+WUJI[MVM[[IQVNWZUItrWNWQXW[[y^MT 2004, ano de criação do PROUNI o total de alu-
montar uma tabela de crescimento das matrículas nos matriculados em IESXZQ^ILI[MZILM! 
nas IES privadas, em relação ao número de alunos e nenhum aluno bolsista do PROUNI 6W ÅVIT LW
com bolsas do PROUNIKWVNWZUM\IJMTI governo de Lula em 2010, o número de alunos em
Matrículas em cursos de graduação presenciais instituições privadas de ensino superior passou para
em instituições de educação superior privadas du- ! [MVLWJWT[Q[\I[LWPROUNI7]
rante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da [MRIMUPW]^M]UI]UMV\WLM!UI-
Silva (2003-2010), tomando como referência o ano triculas no setor privado se comparado com o ano de
da criação do PROUNI, incluindo total de alunos LW[Y]IQ[ NWQXZWXWZKQWVILWXMTWXZWOZI-
UI\ZQK]TILW[VM[[M8ZWOZIUI ma de bolsas do PROUNI

Tabela 3

Total de matrículas IES


Ano Total de alunos sem PROUNI Total de alunos com PROUNI
privadas

2004 2.985.405 2.985.405 0

2010 3.987.424 3.514.424 473.000

Fonte: MEC/INEP/SEEC (Brasil, 2012).

Expansão do ensino superior MEC previa a criação de dez universidades federais


O programa de governo de Lula previa, por meio e 43 campi universitários em diversas regiões do país
LWLWK]UMV\W¹=UI-[KWTILW<IUIVPWLW*ZI[QTº .ZQOW\\W+QI^I\\IM:IUW[:M[[IT\IVLW[M
8IZ\QLWLW[<ZIJITPILWZM[IVMKM[[QLILMLM que a grande maioria das novas universidades cria-
expansão do ensino superior, uma vez que o país das pelo governo de Lula foram resultado do des-
XW[[]yIIXMVI[ LW[RW^MV[MV\ZM MIVW[ membramento de universidades existentes —como
matriculados no ensino superior, um dos menores XWZ M`MUXTW I =VQ^MZ[QLILM .MLMZIT LW :MK€VKI-
índices de jovens matriculados em ensino superior vo Baiano (UFRB) criada por desmembramento
LI )UuZQKI 4I\QVI -U [M] XZWOZIUI LM OW^MZVW LI =VQ^MZ[QLILM .MLMZIT LI *IPQI M I =VQ^MZ[QLI-
Lula sugeriu ampliar as vagas no ensino superior LM .MLMZIT LI /ZIVLM ,W]ZILW[ UFGD), por des-
XIZI XIZIINIQ`IM\nZQILM IIVW[8IZ- UMUJZIUMV\W LI .]VLItrW =VQ^MZ[QLILM .MLMZIT
\QLWLW[<ZIJITPILWZM[ do Mato Grosso do Sul— e da transformação de
Quando Lula foi eleito presidente, tomou me- QV[\Q\]Qt‚M[LMMV[QVW[]XMZQWZMU]VQ^MZ[QLILM[7
didas para expandir a oferta de ensino superior, NI\W NWQ M`XTWZILW XMTI WXW[QtrW XIZI LM[Y]ITQÅKIZ
principalmente, o público ao reconhecer o papel es- as ações do governo Lula, concretamente pelo Mi-
\ZI\uOQKWLI[]VQ^MZ[QLILM[8WZUMQWLW¹8ZWOZIUI nistro da Educação do governo de FHC8I]TW:M-
Expandir”, a Secretaria de Educação Superior do VI\WLM;W]bIIWIÅZUIZY]MW¹OW^MZVWXM\Q[\I

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faz muito barulho para pouco resultado efetivo no parecido em números percentuais, no setor público
que diz respeito às universidades federais”, na medi- e no setor privado, conforme demonstrado na tabe-
LIMUY]M¹7OW^MZVW4]TIIV]VKQIVW^I[]VQ- TI  ÅKIVLW XZ~`QUW LM   VW VƒUMZW LM IES
^MZ[QLILM[NMLMZIQ[KWUWWJZI[]Iº6WMV\IV\W¹! O aumento de instituições públicas, no período do
delas são resultado de fusão, desmembramento ou governo de Lula (2003 - 2010), foi de 71 instituições,
ampliação de instituições federais de ensino superior MVY]IV\WVWXZQ^ILWNWQLM QV[\Q\]Qt‚M[7XMZ-
RnM`Q[\MV\M[º;W]bI" centual de IES públicas federais se manteve constan-
8IZI.ZQOW\\WI[XZWXW[\I[LMIUXTQItrWLW \ML]ZIV\MWOW^MZVWMU 
ensino superior não se limitavam à ampliação da rede )[XWTy\QKI[ILW\ILI[XWZ4]TIÅbMZIUKWUY]M
XƒJTQKI8IZI[I\Q[NIbMZoLMUIVLIWOW^MZVWXZM- as matrículas nas IES tivessem um comportamento
viu a ampliação de acesso às IES privadas por meio LQNMZMV\MLM[M]IV\MKM[[WZ)[UI\ZyK]TI[MUQV[\Q-
de incentivos estabelecidos no programa PROUNI tuições públicas federais tiveram um percentual de
,M[[I NWZUI W OW^MZVW LM 4]TI KWV\ZQJ]Q] XIZI I crescimento maior que as IESXZQ^ILI[-VY]IV\WW
elevação do número de IES públicas e privadas, con- crescimento do número de matrículas em IES Fede-
NWZUMVƒUMZW[IXZM[MV\ILW[VI\IJMTI ZIQ[\M^M]UI]UMV\WLM VI[IES privadas, o
Segundo dados do INEP a evolução do número I]UMV\WNWQLM KWVNWZUMLILW[IXZM[MV\ILW[
de IES no governo de Lula teve um aumento muito VI\IJMTI

Tabela 4. Evolução do número de instituições de educação superior


por dependência administrativa no Brasil durante o governo do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010)

Ano Total Federal Estadual Municipal Privada

2003 1.859 83 65 59 1.652

2010 2.378 99 108 71 2.100

2003/2010 (%) 27.9 19.3 66.2 20.3 27.1

Fonte: MEC/INEP/SEEC (Brasil, 2012).

Tabela 5. Evolução da matrícula em cursos de graduação


presenciais por dependência administrativa no Brasil durante o
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010)

Ano Total Federal Estadual Municipal Privada

2003 3.887.022 567.101 442.706 126.563 2.750.652

2010 5.449.120 833.934 524.698 103.064 3.987.424

2003/2010 (%) 40.2 47.1 18.5 -18.6 45.0

Fonte: MEC/INEP/SEEC (Brasil, 2012).

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-[[I[ XWTy\QKI[ ILW\ILI[ XWZ 4]TI JMVMÅKQIZIU I[ FHC, principalmente a partir da LDB de 1996, pro-
IES8ƒJTQKI[.MLMZIQ[MXZQ^ILI[XWZuUW[VƒUMZW[LM porcionaram uma trajetória ascendente no número
matrículas nas IES públicas estaduais e municipais tive- de matrículas das IESXZQ^ILI[
ZIULM[MUXMVPWLQ^MZ[W6I[IES públicas estaduais, o No governo de FHC o percentual de matrículas
I]UMV\WNWQLMIXMVI[  MVY]IV\WVI[IES públi- em IESXZQ^ILI[[IT\W]LM XIZI UW[\ZIV-
KI[U]VQKQXIQ[PW]^M]UIZML]trWLM   do o crescimento do setor privado; houve também
O percentual de matrículas em IES privadas no uma queda do percentual de matrículas em IES fe-
governo Lula manteve-se praticamente estável, com LMZIQ[LM XIZI 
TQOMQZWI]UMV\WXI[[IVLWLM VWQVyKQWLWXZQ- ,QIV\M LW[ LILW[ IXZM[MV\ILW[ XWLM[M IÅZUIZ
UMQZWUIVLI\WXIZI IWÅVITLW[MO]VLW7]- que o governo Lula não conteve a expansão do setor
tro dado relevante, segundo as Sinopses Estatísticas privado, a tabela 5 mostra claramente que o cresci-
da Educação Superior do INEP (Brasil, 2012), é o mento no número de matrículas nestas instituições
XMZKMV\]ITLMUI\ZyK]TI[MU=VQ^MZ[QLILM[.MLMZIQ[ NWQ LM   MU [M] OW^MZVW [MVLW Y]M I \IJMTI 
[MUIV\MZKWV[\IV\MMU  apresenta um crescimento no numero de IES priva-
LI[LM 
Considerações finais O fato é que, enquanto no governo de FHC o
Nos governos que antecederam o governo de FHC, percentual de alunos matriculados nas IES priva-
os percentuais de matrículas em IES privadas man- LI[XI[[W]LM VWQVyKQWLM[M]OW^MZVWXIZI
\Q^MZIU[MM[\n^MQ[MU\WZVWLM KWUWXWLMU  VWÅVITLM[M]UIVLI\WVWOW^MZVWLM4]TI
[MZ^Q[\W[VI[ÅO]ZI[MQ[\WXIZIW[OW^MZVW[LM I M`XIV[rW LW [M\WZ XZQ^ILW NWQ LM   VW QVyKQW
Collor (1990-1992) e de Itamar Franco (1993-1994), LWUIVLI\WXIZI VWÅVIT[MVLWY]MWyVLQKM
ZM[XMK\Q^IUMV\M;MO]VLW+IZ^ITPWM*IZZM- das IESNMLMZIQ[UIV\M^M[MMU LW\W\IT-[\M[
yro (2008), as políticas de educação do governo de VƒUMZW[XWLMU[MZ^Q[]ITQbILW[VIÅO]ZI

Figura 3. Percentual de matrículas em cursos de graduação presenciais em


instituições de educação superior, nos governos dos presidentes Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010)

21%

60% 70% 73%


14% 15%
15%

5% 12% 10%
3% 2%

Federal Privada Estadual Municipal

Fonte: MEC/INEP/SEEC (Brasil, 2012).

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) ÅO]ZI  M I \IJMTI  XMZUQ\MU KWV[\I\IZ Y]M )ZM[XMQ\WLI[^IOI[WKQW[I[LILW[WÅKQIQ[*ZI[QT


embora no governo Lula, se mantivesse o crescimen- !XMZUQ\MU^MZQÅKIZY]M[MMUVWÅVIT
to do número de IES privadas e de matrículas nessas do governo de FHCPI^QI ^IOI[WKQW[I[MU
instituições, a tendência de expansão acelerada das 2008, na metade do segundo mandatado do governo
matrículas nas IES privadas, registrada no gover- Lula, o número de vagas ofertadas pelo setor priva-
no de FHC, viu-se reduzida no governo Lula, fato do não foi acompanhado por um crescimento pro-
que deve ser explicado não necessariamente como XWZKQWVITLMIT]VW[QVOZM[[IV\M[PI^MVLW! 
resultado de iniciativas governamentais, mas pela ^IOI[WKQW[I[]UI]UMV\WLM [MKWUXIZILW
própria tendência do mercado educacional, no qual KWU
[MKWV[\I\W]KWVNWZUMLILW[WÅKQIQ[*ZI[QT! Outro dado relevante é o do número assimétrico
taxas decrescentes de crescimento, isto é, houve um de matrículas no governo de FHC, que teve um au-
aumento de matrículas, porém, cada vez menor, se UMV\W LM   VI[ IES .MLMZIQ[ M LM !  VW
KWUXIZILWKWUIVW[IV\MZQWZM[ [M\WZXZQ^ILWKWVNWZUMLILW[LI\IJMTI6I\IJMTI
Constata-se também que, apesar dos esforços 5, pode-se observar que o número de matrículas no
de criação de mais universidades e de políticas de governo Lula cresceu de forma simétrica e propor-
expansão do setor público, a relação do percentual cional entre as IESXƒJTQKI[MXZQ^ILI[-VY]IV\WW
de matrículas nas IESXZQ^ILI[MVI[XƒJTQKI[ÅKW] crescimento das matrículas em IES públicas teve um
estabilizada nos governos dos dois presidentes, em I]UMV\WLM VI[ IES privadas, esse aumento
 +WUWNWQUMVKQWVILW4]TIXWZUMQWLWXZW- NWQLMIXMVI[ [MKWUXIZILWKWUW[LILW[LI
grama REUNI)ZIƒRWM8QVPMQZWKWV[MO]Q] época de FHC
M`XIVLQZW[Q[\MUILMMV[QVW[]XMZQWZNMLMZIT-[[M Entretanto, o crescimento das matrículas no setor
aumento do número de IES públicas, proporciona- XZQ^ILWIXZM[MV\IITO]UI[XMK]TQIZQLILM[4]TIXWZ
do pelo REUNI XWLM [MZ ^Q[]ITQbILW VI ÅO]ZI  meio do programa PROUNI (Frigotto, Ciavatta e Ra-
+WVNWZUMLILW[WÅKQIQ[LWOW^MZVWNMLMZITLM[LM mos, 2005; Catani, Hey e Gilioli, 2006) contribuiu
2003, foram criadas 14 novas universidades federais diretamente para a expansão do número de matrí-
*ZI[QT culas nas IES privadas, setor este considerado ampla-
Enquanto no governo de FHC, o crescimento no UMV\MXZQ^QTMOQILWXMTW[M]IV\MKM[[WZ
número das IES.MLMZIQ[NWQLM  VI[IES priva- Conforme dados apresentados na tabela 3, o to-
LI[M[[MKZM[KQUMV\WNWQLM \IJMTI2nVW tal de alunos com bolsa do PROUNI matriculados
governo Lula com o REUNI, a elevação do número em IESXZQ^ILI[VWÅVITLWOW^MZVWLM4]TIMZILM
de IESNMLMZIQ[NWQLM! MVY]IV\WVI[ IES pri- IT]VW[)[[QU[MWKZM[KQUMV\WLWVƒUMZW
^ILI[ NWQ LM IXMVI[   [M KWUXIZILW KWU W[ de matrículas em IES privadas em seu governo foi de
 LWOW^MZVW FHC\IJMTI-[[I\MVLwVKQI UI\ZyK]TI[\IJMTI\WUIVLWKWUWZMNM-
de decrescimento na expansão do número de IES do rencia o número de matrículas que havia no primeiro
setor privado, também pode ser explicada, de acor- ano de mandato e no último, os alunos matriculados
do com os dados governamentais (Brasil, 2009), não via PROUNIKWZZM[XWVLMZIUI  LM[[M\W\IT
devido a qualquer política desestimuladora do cres- No que diz respeito à expansão do setor privado,
cimento do setor privado, mas devido à tendência de pode-se notar uma grande diferença entre os gover-
integração de instituições por fusão ou compra ob- nos de FHCM4]TI6WOW^MZVWLMFHC a expansão
servada nos últimos anos e à elevada oferta de vagas do número de matrículas em IES privadas não foi
WKQW[I[VWUMZKILWML]KIKQWVIT decorrente de bolsas de estudos estatais, enquanto

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VW OW^MZVW LM 4]TI IXZW`QUILIUMV\M   LW A semelhança do cenário traçado por Anderson
crescimento das matrículas em IES privadas foi pa- (1995), ao analisar a expansão das orientações neoli-
trocinado pelo programa PROUNIW][MRIÅVIVKQI- berais na administração pública na Europa, nas dé-
do por recursos públicos, via isenção de impostos e cadas de 1980 e 1990, o estudo realizado permite
KWV\ZQJ]Qt‚M[ IÅZUIZY]MQVLMXMVLMV\MUMV\MLIWZQMV\ItrWXWTy-
7[ LILW[ M[\I\y[\QKW[ IXZM[MV\ILW[ XMZUQ\MU IÅZ- tica dos governos de turno, seja PSDB ou PT, torna-
mar que, de forma paradoxal, o governo de Lula, dis- ram-se hegemônicos os princípios da administração
tante de ser inibidor da expansão do setor privado, foi pública gerencial e as orientações das principais
o grande patrocinador das IES privadas por meio do agências multilaterais, que acenam para a necessi-
PROUNI 7 OW^MZVW 4]TI VrW KWV[MO]Q] IUXTQIZ W dade de aproveitar as oportunidades oferecidas pelo
VƒUMZWLMUI\ZyK]TI[LW[M\WZM[\I\ITMU VMU mercado, no tocante ao fornecimento de serviços
ZML]bQZIXZM[MVtILW[M\WZXZQ^ILWI JMUKWUW públicos, por meio de uma prática gerencial baseada
XW\MVKQITQbW]WÅVIVKQIUMV\WLW[M\WZXZQ^ILWKWU em metas e desempenho e parcerias entre os setores
ZMK]Z[W[XƒJTQKW[,QIV\MLM[[IKWV[\I\ItrWXWLM[M XƒJTQKWMXZQ^ILW
TM^IV\IZ I PQX~\M[M LM Y]M W ÅVIVKQIUMV\W XƒJTQKW -V\ZM\IV\W ÅKI MU IJMZ\W ]UI Y]M[\rW N]VLI-
de matrículas no setor privado constitui-se numa es- mental na provisão de serviços de educação supe-
tratégia governamental que aliviou o setor privado rior, o estigma que prevalece sobre o setor privado
diante da taxa decrescente de crescimento no número de massas, no que se refere a sua baixa qualidade,
de matrículas, bem como do elevado número de vagas [MVLWVMKM[[nZQWMULMKWZZwVKQILQ[[W]UMÅKQMV-
WKQW[I[M`Q[\MV\M[<IV\WWOW^MZVWLM4]TIKWUWW te quadro regulatório do setor privado, que iniba a
de FHC, preservou o princípio adotado pelo regime I\]ItrWLW Y]M I 7ZOIVQbItrW LI[ 6It‚M[ =VQLI[
UQTQ\IZ VI :MNWZUI =VQ^MZ[Q\nZQI LM !  Q[\W u W para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO)
atendimento da demanda por educação superior por \MULMVWUQVILW LM¹NnJZQKILMLQXTWUI[º +ITLM-
UMQWLIM`XIV[rWLW[M\WZXZQ^ILW rón et al.

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Cómo citar este artículo:


Traina-Chacon, José-Marcelo y Adolfo-Ignacio Calderón, (2014), “A expansão da educação superior privada no
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UNAM-IISUE/Universia, vol. VI, núm. 17, pp. 78-100, https://ries.universia.net/article/view/1099/expansao-educa-
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