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INQUISIÇÃO: A FÉ E FOGO
Supostas bruxas, hereges, judeus: a fogueira era o limite
terça 31 outubro, 2017
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VÍDEOS
Os 5 maiores picaretas…
A
o amanhecer, a procissão com os acusados deixou a sede do Santo Ofício em
direção ao palco para a celebração da missa. No começo da fila, 57 bonecos
(as “efígies”), que representavam hereges fugidos ou já mortos, eram carregados.
Depois iam dezenas de prisioneiros “reconciliados”, que teriam direito de viver
desde que não voltassem a cometer heresias.
MAIS LIDAS
Depois da missa, os relaxados ouviram sua sentença de morte no palco. Quase
todos garantiram ser bons cristãos e pediram misericórdia. Apenas um, Tomás
Treviño de Sobremonte, admitiu que era judeu e não implorou perdão. Por isso, foi
queimado vivo. Os outros tiveram um destino mais piedoso: o garrote – e só depois
foram jogados, já mortos, na fogueira. Os bonecos também arderam nas chamas.
Inquisição: A fé e fogo
4
O auto de fé de 1649 foi talvez o maior já realizado nas Américas. Mas hoje os
historiadores sabem que espetáculos assim eram apenas a ponta do iceberg do que
realmente foi a Inquisição. Agindo em nome de Deus, mas movida por interesses
políticos e econômicos, ela espalhou o medo e a discriminação ao longo de quase
sete séculos.
Origens medievais
Os historiadores fazem distinção entre a Inquisição medieval (ou papal), que vigorou
na França, Itália e outros países europeus a partir do século 13, e a Inquisição
moderna, que alcançou seu apogeu na península Ibérica entre os séculos 15 e 18.
“Não há uma data certa do início da Inquisição medieval. Ela foi fruto de uma longa
evolução na qual a Igreja se sentiu ameaçada em seu poder”, diz a historiadora
Anita Novinsky, autora de Inquisição. “Os questionamentos sobre a verdade
absoluta do catolicismo aumentaram a partir do século 13, e os indivíduos que
partilhavam dessas ideias eram chamados de hereges.”
O termo “heresia” vem do grego hairetikis, que significa “aquele que escolhe”. De
fato, na Grécia antiga a heresia era apenas uma escolha do que a pessoa achava
melhor para si, sem qualquer conotação religiosa. Na Idade Média, porém, a Igreja
expandiu esse conceito de tal forma que a heresia passou a abranger todas as
opiniões contrárias aos dogmas católicos. O combate aos hereges começou a tomar
forma com um tratado escrito no século 12 pelo abade Pedro, o Venerável, que
chefiava a abadia de Cluny, na região francesa da Borgonha.
Ele afirmava que, para eliminar a heresia do seio da Igreja Católica, que chamava
de “Corpo de Cristo”, era necessária uma purgação, composta de quatro fases:
investigatio ("investigação"), discussio ("discussão"), inventio ("achado") e defensio
("defesa"). Aquele era o passo a passo da futura Inquisição. “Desse modo, o
tratamento aplicado à infecção no Corpo de Cristo começava com pesquisas [daí o
termo ‘inquisição’] que os bispos e seus representantes realizavam antes da criação
de tribunais especializados”, diz o historiador britânico John Edwards, da
Universidade de Oxford.
Para que a caça aos hereges surtisse efeito, era necessário o apoio do Estado.
“Embora a Inquisição medieval tenha sido idealizada e dominada pelo papa, ela
contou com o auxílio dos soberanos”, diz Anita. Isso mostra o caráter político das
perseguições, numa época em que não havia clara separação entre Igreja e Estado.
O divisor de águas nessa empreitada foi o 4º Concílio de Latrão, convocado pelo
papa Inocêncio III em 1215.
Seu principal objetivo era resolver o problema dos cátaros (ou albigenses), um
grupo de cristãos do sul da França que contestava os dogmas da Igreja. Ficou
decidido que quem se negasse a aceitar a fé católica seria excomungado e entregue
à autoridade secular (ou seja, aos funcionários da coroa) para ser castigado, pois a
Igreja não podia derramar sangue.
O mais famoso inquisidor medieval foi o teólogo catalão Nicolau Aymerich, autor do
Directorium Inquisitorium, uma espécie de manual da Inquisição. Ele dizia que o
segredo era a base do trabalho, pois protegia os delatores.
Novas motivações
“A Inquisição medieval entrou em decadência com o Renascimento no século 15”,
diz a historiadora Neusa Fernandes, vice-presidente do Instituto Histórico e
Geográfico do Rio de Janeiro. “Porém, ela seria revigorada na Espanha e em
Portugal, perseguindo não apenas os hereges, mas sobretudo uma nova gama de
criminosos: os judeus.” Mas por que eles?
Edição moderna
Poucos casamentos mudaram tanto a história como o da rainha Isabel, de Castela,
com o rei Fernando, de Aragão. A boda de 1469 deu impulso à unificação da
Espanha e selou o destino dos judeus na península Ibérica. Logo que subiram ao
trono, os reis católicos viram que precisavam do apoio da Igreja e da burguesia para
consolidar seu poder.
O plano deu certo. Em 1478, o papa Xisto IV autorizou a criação oficial do Tribunal
da Inquisição na Espanha – embora duvidasse das intenções religiosas, acabou
aceitando a idéia para manter a cooperação entre a coroa e a Santa Sé. “Apesar
daas funções santas que alegou, o Tribunal da Inquisição foi uma instituição
vinculada ao Estado e respondia aos interesses das facções do poder: coroa,
nobreza e clero”, diz Anita.
Em Portugal, até então, cristãos, muçulmanos e judeus ainda mantinham uma boa
convivência. Mas o rei português dom Manuel I acabara de fazer um contrato de
casamento com Isabel, filha dos reis católicos espanhóis. E uma das cláusulas
exigia que ele expulsasse os judeus também de Portugal.
Em 23 de maio de 1536, o rei dom João III conseguiu autorização definitiva do papa
para instalar a Inquisição em Portugal. Nos anos seguintes, as fogueiras dos autos
de fé arderam em Lisboa, Coimbra, Évora e outras cidades. Muitos judeus fugiram
para lugares onde podiam assumir sua identidade, como Amsterdã e Istambul.
Outros continuaram a professar secretamente sua fé nos porões das casas,
correndo o risco de serem pegos.
Legado totalitário
A Inquisição acabou oficialmente em 1821 em Portugal e em 1834 na Espanha.
Depois disso, o Santo Ofício ainda vigorou na Itália e mudou duas vezes de nome
até, em 1965, passar a ser chamado de Congregação para a Doutrina da Fé. No
ano 2000, o papa João Paulo II oficializou o pedido de desculpas pelos “erros
cometidos a serviço da verdade, por meio do recurso a métodos não-evangélicos”.
Saiba mais
1 A Roda
2 O Potro
O réu ficava deitado sobre uma cama com ripas, com pernas e braços amarrados
por cordas. Usando um arrocho, os torturadores apertavam as cordas até dilacerar a
carne. Como os métodos de confissão eram mantidos em segredo, os inquisidores
evitavam utilizar essa tortura nos 15 dias anteriores ao auto de fé, para que o povo
não visse as cicatrizes do réu.
3 O Pêndulo
A vítima era amarrada pelos pulsos, atrás das costas, com correias de couro. Em
seguida, era levantada por cordas e roldanas, solta bruscamente e segura de novo
antes de o corpo alcançar o solo. Os solavancos destroncavam as juntas e podiam
aleijar. Esse tormento tinha variações, como a polé: a vítima era amarrada também
pelos tornozelos e erguida de barriga para cima.
A Tortura d’água
Nessa espécie de afogamento, o acusado era preso em uma mesa de barriga para
cima. Os inquisidores abriam sua boca e jogavam água por um funil, fazendo-o
engolir vários litros. Também colocavam panos molhados dentro da garganta, que
podiam causar asfixia. Mas, como nos outros métodos, o objetivo não era matar, e
sim forçar a confissão de heresias e a delação.
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Eduardo Szklarz
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