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MILAGRES

ACONTECEM TODOS OS DIAS

Robert H. Pierson

A História dos Obreiros de Sustento Próprio


Uma história repleta de experiências vibrantes – da direção divina,
de orações respondidas, de intervenções providenciais, de sacrifício
pessoal e da história não registrada de um importante, porém bem
pouco conhecido, segmento da Igreja Remanescente de Deus.

Robert H. Pierson

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PREFÁCIO

“Em cada geração, o chamado do momento é respondido pela vinda do


homem.” Ellen G. White, Carta 93, 1902.

Deus possui muitos instrumentos em sua caixa de ferramentas. Ele nos


surpreende, freqüentemente, com demonstrações magistrais de Sua habilidade em
usar indivíduos, com todos os seus traços peculiares de caráter. Usa os próprios
problemas na obra, para a qual Ele os chama, como pedra de afiar, a fim de
aprimorar suas faculdades.
A obra dos pioneiros tem, geralmente, sido de “Sustento Próprio.” A Obra
de Sustento Próprio foi a responsável pela maior expansão da Igreja Cristã
primitiva. Através da Idade Média, os Valdenses, corajosamente, levaram a luz da
verdade a muitos lugares, como obreiros de Sustento Próprio. O Movimento do
Advento deve muito ao sacrifício e ao trabalho árduo de José Bates, Tiago White,
Ellen White e outros que, em diferentes épocas e de várias formas, trabalharam
como obreiros de Sustento Próprio.
Na geração seguinte, Edson White, Edward Sutherland e outros pioneiros
de sustento próprio, tornaram possível um trabalho cada vez maior nos estados do
Sul. Guiados pelos conselhos da mensageira de Deus, especialmente para o
Remanescente, eles semearam com lágrimas o que outros estão, agora, colhendo.
O Senhor tem impressionado o Pastor Pierson com a contínua difusão dessa
Obra, e seu potencial, em fazer avançar a missão da Igreja. As histórias
apresentadas neste livro mostram que Deus ainda está respondendo as orações
daqueles que atendem ao chamado para o serviço de sacrifício, pelo avançar na fé
– fé que opera por amor.

W.D. Frazee,
Presidente Emérito do
Sanatório Wildwood Inc.

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PREFÁCIO

Os fundadores do Movimento de Sustento Próprio na Igreja Adventista do


Sétimo Dia acreditavam que as escolas deveriam lidar com os reais problemas da
vida. Teve início como um movimento leigo voltado para a educação prática, em
comunidades rurais.
Todos trabalhavam. Não existia classe social favorecida. Estudantes e
professores compartilhavam das mesmas coisas. A vida escolar era a vida real. O
trabalho manual estava no mesmo patamar do trabalho mental. O companheirismo
no trabalho, combinado com o Cristianismo, produzia a excelência de caráter.
Havia uma relação próxima entre estudante e professor. Esperava-se dos
estudantes que custeassem suas despesas com o suor de seu rosto.
Ensinar Agricultura, ensinar Leis de Saúde, ensinar um viver correto, treinar
para assumir responsabilidades, desenvolver um espírito de renúncia própria,
treinar o domínio-próprio, estabelecer pequenas escolas e sanatórios em áreas
rurais – esta era a tarefa dos primeiros obreiros de Sustento Próprio.
Os jovens deveriam trabalhar nas cidades, a partir dos postos avançados de
evangelismo, por meio do estabelecimento de Escolas de Saúde em forma de salas
de tratamento, Restaurantes Vegetarianos e Escolas de Culinária. Todos esses
princípios e outros mais, juntamente com o estudo das Escrituras, perfaziam o
currículo da Educação Cristã.
Um registro sobre o estabelecimento e desenvolvimento da Obra de
Sustento Próprio, na igreja, deveria ser uma inspiração para todos os leitores deste
livro.

Roger F. Goodge,
Presidente do Layman Foundation

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CONTEÚDO

Prefácio – W.S. Frazee.


Prefácio – Roger F. Goodge.
Conteúdo.
Introdução – O Autor.
1. Wildwood – Um Programa Fortalecido por meio da Oração.
2. Little Creek – A História de duas Famílias, duas Lidas e da Atuação de Deus.
3. Laurelbrook – A Terra dos Milagres.
4. Madison – A Fonte de Inspiração para Todos.
5. Yuchi Pines – Alabama: O Lugar Desejado.
6. Oak Heaven – Onde os Visitantes só são Estrangeiros uma Vez.
7. Indústrias e Serviços de Adventistas Leigos – Colaboradores Juntamente com Deus.
8. Stonecave – O Farol de Sequatchie Valley.
9. Living Springs – Postos Metropolitanos Avançados.
10. Nasce o Conceito de Obra de Sustento Próprio.
11. Fletcher – O Amor Vestido em Macacões e Jalecos.
12. Riverside, Zâmbia – A Aventura Africana.
13. Castle Valley – O Oásis de Deus no Deserto.
14. Escola de Treinamento Missionário da Montanha – Ser Útil.
15. Weimar – Uma Nova Aventura no Serviço.
16. Eden Valley – Aprender a Viver, Vivendo.
17. A Faculdade e Hospital de Pine Forest – A Obra Próxima à Curva do Rio.
18. A-Chee Ne Missionary Training School – O Pioneirismo na Coréia.
19. Monte Akagi – A Aventura da Fé no Japão.

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INTRODUÇÃO

Pesquisar e escrever um livro sobre os trabalhos e as instituições de Sustento


Próprio da Igreja Adventista do Sétimo Dia foi uma experiência muito gratificante.
As muitas histórias, preciosas e emocionantes, das providências de Deus e a
variedade de ações, em cada um dos centros, tornam-se quase impossíveis de se
dizer tudo e sobre todos os lugares. Pior ainda é o fato de, por causa da limitação
de páginas, nem todas as unidades terem sido incluídas. Lugares como Chestnut
Hill, Cave Springs Home, The Bridge, Silver Hills, Lariat Ranch, Whispering Pines,
Harbert Hills, Meadowbrook, Woodland Park, The New Belize, Central America
Project e uma série de outras instituições, sem dúvida, deveriam ter sido incluídas.
Além destas, há também a Maranatha Flights, The Quite Hour, Hialeah
Hospital, Liga e um grande número de nossas afiliadas à A. S. I. (Instituições de
Sustento Próprio Adventistas – Nota do Tradutor) que estão fazendo uma obra
extraordinária para Deus. Seus heróicos serviços para Deus e pela Igreja deveriam
constar em um volume como este. Talvez, um dia, um livro sobre essa parte da
Obra de Sustento Próprio seja escrito.
Hoje, várias instituições dirigidas pela Igreja foram, no passado, projetos de
Sustento Próprio – Madison Hospital, Lawrenceburg Hospital, Takoma Hospital e
muitas outras. Mas, como dizia um velho atalaia índio, que certa vez empregamos
no oriente, quando enfrentava uma situação impossível: “O que fazer?”
Reunir fatos, números e experiências nem sempre foi fácil. As fontes
principais dessas informações têm vindo dos próprios obreiros, de boletins,
brochuras e panfletos enviados de todas as instituições, de correspondências
pessoais e outras fontes. Eu, pessoalmente, visitei todas as unidades nos Estados
Unidos, cujas histórias aparecem neste livro, pelo menos uma vez – algumas,
muitas vezes.
Na preparação deste manuscrito, esforcei-me para trabalhar o mais próximo
da A. S. I. e de outras lideranças na Obra de Sustento Próprio. Líderes
institucionais interessados têm participado da edição do material que diz respeito
à sua unidade. O Conselho dos Oficiais da Igreja foi consultado, num esforço para
assegurar a exatidão da informação.
Portanto, querido leitor, por favor, seja paciente e generoso com o autor. Se
algumas das circunstâncias pessoais ou outras atividades mudaram, desde que o
manuscrito foi, preliminarmente, completado em 1980, por favor, compreenda.
Obreiros e programas nas instituições de Sustento Próprio, como naquelas
dirigidas pela Igreja, mudam muito freqüentemente. Portanto, se os irmãos e as
irmãs não estão mais em “Happy Haven”, ou se “Joyful Acres” não mais fabrica
vassouras, ou dirigem um departamento de Biologia, essas mudanças podem ter
ocorrido em anos recentes.
Gostaria de agradecer a cada obreiro que respondeu, tão generosamente,
com seu tempo, talento e dados, a fim de capacitar-me na preparação deste
manuscrito. Vocês são pessoas atarefadas. Caminharam a segunda milha, ao

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interromperem suas atividades e preparar experiências, dados, fatos e histórias,
para esta narração das providências e bênçãos de Deus, nesta importante obra.
Deus abençoe a cada um de vocês, citados ou não neste livro, por tudo o que
cada um está fazendo para apressar o retorno do Senhor. Mantenham o bom
trabalho.
Robert H. Pierson

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CAPÍTULO 1

WILDWOOD
UM PROGRAMA FORTALECIDO POR MEIO DA ORAÇÃO

Uma junta de vedação gasta, um carro velho, um médico devotado, três


leigos compromissados e uma generosa Providência combinaram-se para lançar os
fundamentos do Hospital e Sanatório Wildwood.
Tudo aconteceu no outono de 1941, quando Neil Martin estava procurando
uma propriedade, na qual pudesse estabelecer um sanatório rural e um instituto
médico-missionário, para o treinamento de obreiros. Ele tinha esperanças de que
W.D. Frazee e George McClure se unissem a ele no estabelecimento de uma
instituição como essa. Exatamente nas imediações de Chattanooga, Tennessee, o
velho carro em que viajava apresentou uma junta de vedação gasta. Enquanto o
carro estava sendo consertado, o Irmão Martin aproveitou para fazer uma visita ao
Dr. O. M. Hayward, um médico Adventista do Sétimo Dia, em atividade na cidade,
e que também estava muito interessado na Obra de Sustento Próprio. Seu
escritório era exatamente do outro lado da avenida onde ficava a oficina, na qual o
carro estava sendo consertado.
“O que você está fazendo aqui?” perguntou o gentil doutor.
“Eu estou procurando uma propriedade para fazer o trabalho que Ellen G.
White instruiu o povo de Deus a fazer”, respondeu o Irmão Martin.
“Você sabe que a serva do Senhor nos disse que a obra nas cidades deveria
ser feita a partir de centros avançados”, ele continuou. “Ela diz em ‘Medical
Ministry’ (Medicina e Salvação), p. 308:

‘Seria bom adquirir um lugar como um lar para nossos obreiros da Missão,
fora da cidade’”.

“Então acho que a sua procura terminou. Acredito que tenho exatamente o
que você está procurando.” Falou o Dr. Hayward, entusiasmado. “Eu gostaria que
você desse uma olhada na fazenda que tenho fora daqui, a certa distância.”
Inicialmente, o Irmão Martin objetou.
“Não, eu não gostaria de atrapalhar a boa obra que você está fazendo neste
local. Estou procurando por um lugar novo onde, com alguns amigos, eu possa
desenvolver uma nova obra.”
Mas, o Dr. Hayward não desistiu. “É fora da cidade, a pequena distância
daqui”, ele insistiu. “Vamos lá, pelo menos, para dar uma olhada nela.” E, “para
fora da cidade, a pequena distância dali”, os dois homens foram – 16 quilômetros,
para ser exato, a sudoeste de Chattanooga. Ali, os dois quilômetros quadrados da
fazenda do Dr. Hayward encravavam-se nas baixas colinas do Norte da Geórgia e
do Tennessee, e pareciam só estar esperando para se tornarem exatamente o
próprio local do sonho que os homens tinham em mente. Nesse lugar, a área

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florestal montanhosa se estendia para o topo da Montanha Raccon, no Tennessee.
Todo o campus estaria com a frente voltada para a histórica Montanha Loodout,
uma área dentro de um raio de 40 quilômetros, repleta de histórias das batalhas da
guerra civil americana.
Antes de empreender sua nova aventura, o Irmão Martin e o Irmão McClure
foram de carro até Atlanta, para se aconselharem como o Pastor R. I. Keate,
presidente da Associação Georgia-Cumberland. Eles também discutiram seus
planos com o Pastor J. K. Jones, então presidente da União do Sul. Desejavam
trabalhar juntamente com os líderes denominacionais e com a organização.
O acordo foi selado. O Sanatório e Hospital Wildwood nasceu poucas
semanas após o ataque de Pearl Harbor, em janeiro de 1942. O Dr. Hayward
passou a propriedade para os fundadores do Wildwood, com uma dívida de
apenas três mil dólares a ser quitada. O restante foi um presente de amor para uma
obra na qual eles criam de todo o coração. Wildwood seguiu seu caminho para se
tornar um farol da verdade para além da área de Chattanooga. Seus raios de luz
foram destinados para ir além dos Estados Unidos, Canadá e México; cruzar os
oceanos e enviar seu feixe de luz até Porto Rico, Belize, Honduras, Japão, Coréia e
Zâmbia.
“Este é o máximo onde eu já pus minha assinatura”, o Pastor Frazee
declararia mais tarde, enquanto assinava o registro.
“Eu também”, respondeu o Irmão McClure. “Mas, tenho certeza de que
fizemos a coisa certa e que Deus nos auxiliaria.”
Com a construção de uma instituição completamente nova diante de si, os
líderes do Wildwood reconheceram que suas habilidades eram insuficientes para
levarem a efeito toda a obra de construção que havia pela frente.
“Quando começamos realmente a planejar o programa, vimos que tínhamos
só um homem na equipe que sabia alguma coisa sobre construção”, um dos
funcionários relembrou, “e, dentre todas as áreas de construção, ele era um
especialista em telhados! E este, dificilmente, seria o lugar por onde começaríamos
o trabalho!”
Assim, começou a saga de fé cristã, orações fervorosas e trabalho árduo, que
têm impressionado muitos corações em todo o mundo.
Os líderes da Wildwood seguiram o curso, tendo por base as grandes e
antigas instituições.
“Quando penso sobre nossa obra aqui em Wildwood,” o Irmão Frazee diz
ponderadamente, “penso em duas grandes fontes – Loma Linda e Madison. Desde
o começo de nossa obra, sempre houve, entre nossos funcionários e professores,
alguns que foram treinados em Loma Linda e outros que receberam treinamento
em Madison”.
O Pastor Frazee, ele mesmo, teve o seu treinamento médico missionário em
Loma Linda.
Logo após os fundadores conseguirem sua nova propriedade, sentiram a
necessidade de erigir um modesto prédio de sanatório, no qual pudessem levar

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avante a obra médico-missionária que o Senhor havia instruído Seu povo a
realizar.
“Este sanatório, no qual estamos nos reunindo esta manhã, é, na verdade,
uma casa de oração,” declarou o Pastor Frazee, certa vez, anos depois de o prédio
do Sanatório ter-se tornado uma realidade. “Não é apenas um local onde se
oferecem orações, mas, na verdade, ele também foi construído através de oração.”
Certa manhã, logo quando chegaram a Wildwood, o Pastor Frazee, o Irmão
Martin e o Irmão McClure levaram seu pequeno grupo de companheiros de
trabalho para o local onde o novo prédio seria levantado.
“Nosso culto, naquela manhã, foi muito simples”, recorda o Pastor Frazee.
“Fizemos uma oração, cavamos, enchemos uma pá de terra, tiramos uma fotografia
de 15 ou 20 obreiros e isso foi tudo.”
A equipe de obreiros, reunida nessa época, possuía um programa muito
atarefado diante de si. Casas deveriam ser construídas para os obreiros. Lenha
precisava ser cortada. Mais tarde, jardins tinham que ser plantados, árvores e
vinhedos estabelecidos. Terrenos deviam ser preparados para os programas de
ampliação. Onde não havia casas disponíveis, os trabalhadores moravam em
tendas. Obrigações infindáveis exigiam a atenção deles, durante aqueles primeiros
meses desafiadores.
Para ajudar financeiramente o projeto, enfermeiras tiveram que ir a
Chattanooga e aos arredores de Lookout Mountain para trabalhar. Toda a renda
delas ia para um fundo geral, a fim de ajudar a manter o projeto de forma viável.
Não havia demora em realizar o trabalho missionário, para o qual todos eles
haviam ido desempenhar no Wildwood. Os funcionários estavam ocupados,
dando aulas de Saúde, estudos bíblicos e, alguns, se encontravam ensinando em
escolas dominicais nas igrejas vizinhas.
Mentes dispostas, mãos ocupadas, pés incansáveis eram as ferramentas-
padrão de trabalho para aqueles pioneiros do Wildwood. Eles não tinham tratores,
nem escavadeiras, ou qualquer outra máquina moderna. Firme fé, orações
perseverantes, tenaz determinação e umas poucas ferramentas comuns supriram a
necessidade.
Havia um sonho a ser realizado, um sanatório a ser construído. Portanto,
certo dia, os homens puseram os arreios no único grupo de mulas e foram
trabalhar pela fé. Um velho arado, uma roçadeira gasta, poucas mãos e pás
começaram logo a jogar terra para fora e, escavando, lançaram o fundamento do
novo prédio.
Eles não tinham nenhuma madeira serrada, nenhum tijolo, nenhum
cimento, nenhum encanamento, nenhum acessório para energia elétrica – de fato
“nada” –, para erigir a superestrutura. Não havia nem mesmo um carpinteiro para
liderar a obra de construção.
Esse pequeno grupo orou. Deus ouviu. Deus respondeu.

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Dan Brown, um carpinteiro experiente, ofereceu seus serviços para os
funcionários do Wildwood. Logo eles terminaram um celeiro, próximo ao local
onde, hoje, está situado o Locust Cottage.
“Estou pronto para mais trabalho”, informou, um dia, o irmão Brown ao
Pastor Frazee e a seus ajudantes. “Realmente devemos construir um sanatório
sobre aquela escavação, que o seu pessoal fez há alguns meses.”
Uma excursão a Chattanooga, em busca de material, provou-se infrutífera.
Era tempo de guerra. Materiais de construção eram quase impossíveis de se obter.
Os trabalhadores do Wildwood retornaram para casa desapontados, mas não
desencorajados. Deus estava ainda no Seu céu. Uma vez que essa era a obra que
Ele havia instruído seu povo a fazer, confiavam em que não os desapontaria.
O pequeno grupo orou. Deus ouviu.
Apareceu um anúncio, em um jornal de Chattanooga, oferecendo alguns
antigos prédios à venda – um canteiro de obras abandonado, situado em Ocoee
River, a mais ou menos 120 quilômetros de Wildwood, que teria de ser demolido e
o material transportado de caminhão até o sanatório.
“Vamos dar uma olhada nisso”, o Pastor Frazee sugeriu. “Isso pode ser a
providência de Deus operando.”
Com certeza era a providência de Deus. Lá, eles encontraram 14 prédios,
pequenos e grandes que, em seu auge, tinham acomodado centenas de homens
como dormitório. Eles proveriam muito dos materiais de construção necessários
para pôr o sanatório em construção. E todos eles poderiam ser comprados por mil
dólares.
Mas, não tinham dinheiro – e mil dólares era muito dinheiro em 1943.
“Não podemos perder essa oportunidade”, disse o Irmão Koenig. “Eu os
ajudarei.” Ele endossou suas palavras com 600 dólares em dinheiro. O acordo foi
fechado. Os prédios foram comprados.
Agora, os intrépidos trabalhadores enfrentavam outro problema – e um dos
grandes. Eles tinham 14 prédios com milhares de metros de madeira serrada,
pregos, janelas e outros materiais de construção úteis. Como poderiam esses
prédios ser demolidos, a madeira emparelhada e outros valiosos materiais
carregados para o local?
O pequeno grupo orou. Deus ouviu. Logo Ele revelou o Seu plano. Naquele
tempo, o Wildwood estava hospedando uns obreiros de Sustento Próprio de um
instituto que realizavam conferências em tendas, próximo ao lugar da escavação. O
espírito de serviço por amor veio a uma daquelas reuniões, de uma forma notável.
“Nós iremos e poremos abaixo aqueles prédios,” disseram os obreiros.
Em seguida, eles fizeram exatamente o que disseram. Trabalhando sob o
escaldante sol do verão, demoliram um prédio após outro. Os voluntários
empilharam grandes estacas de madeira serrada, pequenos barris de pregos
usados, portas, janelas e outros materiais úteis. O sanatório estava garantido – isto
é, ele estaria garantido, caso conseguissem uma forma de transportar os materiais,

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por 120 quilômetros, até o lugar da construção. Aqui havia um problema maior a
sobrecarregar os cofres e a fé dos líderes do Wildwood.
O que o pequeno grupo fez?
Orou. Deus ouviu.
Um caminhoneiro local se dispôs a realizar a obra, mas queria 30 dólares
por viagem, para levar o material. O Irmão Pine, encarregado do projeto, bem
sabia que isso estava além de recursos financeiros disponíveis.
“Sei onde tem um caminhão à venda”, disse ele ao Pastor Frazee. “Mas o
dono quer 470 dólares por ele. Precisa ser feito algum reparo nele, mas achamos
que podemos cuidar disso. Existe alguma chance de comprar o caminhão?”
O Pastor Frazee pensou por um momento.
“Tenho certeza de que não temos recursos para pagar os 30 dólares por
carregamento, para remover todas estas coisas para o Wildwood; não sei onde nós
iremos conseguir os 470 dólares, para comprar o caminhão. Mas tenho certeza de
que o Senhor não nos deu todas estas madeiras, só para empilhar e apodrecer, aqui
neste barraco. Vamos nos ajoelhar exatamente aqui e pedir a Deus para nos
mostrar a direção, na qual devemos seguir, e como podemos conseguir dinheiro
para pagar as despesas.”
O Irmão e a Irmã Pine, o Irmão Brainard e o Pastor Frazee ajoelharam-se ali,
ao lado da montanha, sob as estrelas e pediram a Deus para lhes abrir o caminho, a
fim de que as pilhas de madeira fossem levadas para o Wildwood.
Deus ouviu suas orações, naquela noite de quinta-feira. A resposta às suas
orações veio no dia seguinte.
Na sexta-feira, quando o Pastor Frazee retornou para o Wildwood, a fim de
cuidar dos serviços do fim de semana, encontrou um cheque em sua caixa de
correios. Estava claro que era para aquele fim, sim, 500 dólares. Trinta dólares a
mais do que eles precisavam para comprar o caminhão.
“O Senhor enviou um pouco a mais, para o combustível”, um trabalhador
explicou.
A gentil benfeitora, a quem o Senhor impressionara a enviar o cheque, nem
mesmo adventista do sétimo dia era. Na realidade, ela nem era conhecida de
nenhum dos obreiros da recém fundada instituição. Deus havia usado “uma amiga
de uma amiga”, a fim de suprir a urgente necessidade daquele momento.
“Não é bom ter amigos e, por meio deles, ter outros amigos?” Dizia o Pastor
Frazee, anos mais tarde, enquanto meditava sobre a direção do Senhor no passado.
“Especialmente quando os corações dos amigos dos amigos estavam abertos à
impressão do Espírito Santo?”
Nosso Deus faz as coisas no tempo exato. A quantidade certa de dinheiro
veio no dia exato, em que os recursos eram necessários para comprar o caminhão,
a fim de que a madeira fosse transportada. Não houve nem adiantamento, nem
tardança, nenhum erro de cálculo, com ralação à quantidade necessária.
Os materiais do prédio foram removidos. O velho caminhão manteve-se
firme e desempenhou a tarefa de forma atlética. Os velhos pneus mantiveram-se

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firmes, até que a última carga fosse transportada. Mas a última viagem teve que ser
feita com carga excedente. Logo depois disso, o caminhão de Deus foi aposentado,
contudo, havia feito bem a sua obra. Em uma hora crucial, foi à resposta de Deus
para a oração de alguns obreiros.
“Irmãos”, o Irmão Brainard disse, certa manhã, alguns meses depois,
“aquelas pilhas de madeira não nos estão sendo de nenhuma utilidade, lá fora,
debaixo das árvores. Devemos construir o novo sanatório”.
Todos concordaram e estavam ansiosos para se ocuparem na construção do
novo edifício, no lugar escavado, que já estava esperando, pronto, há meses.
No entanto, vivia-se, ainda, em um período de guerra. Era difícil encontrar
trabalhadores habilidosos. Pela fé, os homens foram ao local, limparam-no e
estabeleceram os fundamentos. Como poderiam eles encontrar um pedreiro com
habilidade para assentar blocos?
O pequeno grupo orou. A resposta do Senhor já estava a caminho do
Wildwood.
Douglas Hagan chegou ao campus do Wildwood pronto para o trabalho.
“Eu quero colportar e freqüentar algumas aulas à noite”, disse ele ao Pastor
Frazee. “Assentar tijolos é minha especialidade. Posso fazer isso aos domingos.”
As paredes começaram a ser levantadas, à medida que, domingo após
domingo, o irmão Hagan assentava os blocos. Logo as paredes foram finalizadas e
o telhado foi posto.
Mas não havia nenhum encanador – nenhum dos membros do Wildwood
possuía experiência com instalação de encanamentos e tubulações hidráulicas.
Também não havia dinheiro para se pagar esse trabalhador, mesmo se ele
estivesse disponível.
O que deveriam fazer?
Os obreiros oraram.
No dia de ação de graças, em 1944, uma camioneta de Tulsa, Oklahoma, foi
parar no campus do Wildwood. Dois homens desceram.
“Vocês não estão precisando de algum encanador aqui, estão?” O Irmão
Glen Chase saudou jovialmente o Pastor Frazee.
O pastor imediatamente reconheceu o Irmão Chase, um candidato ao
batismo que ele havia feito descer às águas batismais, há muitos anos em Tulsa.
“Nós certamente precisamos!” O Pastor Frazee respondeu
entusiasticamente. ”Você é a resposta às nossas orações.”
Juntos, os homens andaram pelo local do sanatório, onde as paredes
estavam levantadas, sem instalação hidráulica.
“Nós cuidaremos disso,” assegurou o Irmão Chase aos irmãos.
“Temos uma semana de férias e não conheço uma forma melhor de usar
esse tempo do que realizando esse trabalho aqui.”
Excelente. Mas, aonde iriam eles comprar os canos, conexões e acessórios?
Isto foi em 1944. Em tempos de guerra, os suprimentos para projetos civis não
eram fáceis de se obter. No entanto, um minucioso exame das firmas de

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Chattanooga revelou uma pequena loja, na Rua Market, onde eles puderam
comprar a quantia de 600 dólares do material que precisavam. Um irmão, que
estava de férias, meteu a mão no seu próprio bolso, para ajudar a pagar uma parte
da conta.
Deus continuava guiando. As orações estavam sendo ouvidas.
Uma semana depois, os dois sorridentes encanadores deram adeus aos seus
agradecidos anfitriões; a obra de encanamento havia terminado. Enquanto os
homens saíam, em sua Pick-up Ford, em direção a Oklahoma, a pequena equipe de
obreiros do Wildwood sentia-se como se estivesse cantando a Doxologia, enquanto
assistia a camioneta desaparecer, em meio à rajada de neve. O Senhor os havia feito
passar por mais uma importante etapa.
Os materiais de construção, o caminhão, o carpinteiros, os pedreiros, os
encanadores, os acessórios para encanamento – o Senhor os enviou exatamente
quando foram necessários. Mas isso não é tudo. No momento exato, um pintor,
uma caldeira a vapor e os 2.500 dólares para serem pagos por ela vieram também
no tempo certo – tudo das mãos de um amoroso Deus, que satisfaz as necessidades
de Seus filhos terrenos. Seus propósitos não conhecem adiantamento, nem
tardança.
“Cada andar e cada quarto, naquele antigo sanatório, tem uma história de
providência e orações respondidas”, declarou o Pastor Frazee, anos mais tarde,
enquanto refletia sobre a ação do Espírito Santo, durante a construção daquele
sanatório.
Funcionários e fundos foram necessários para erigir e equipar o Haskell
Hall e para estabelecer uma escola, para treinar enfermeiras missionárias. Os
obreiros do Hospital Takoma, em Greenvile, Tennesssee, uma instituição irmã de
Sustento Próprio, responderam pronta e generosamente. Eles investiram milhares
de horas de trabalho gratuito e milhares de dólares, em dinheiro, no Wildwood.
No final dos anos sessenta, os líderes do Wildwood começaram a planejar,
com determinação, a construção do prédio de um moderno hospital, que
acomodasse 35 leitos, o bloco administrativo e salas para os serviços auxiliares.
Como sempre, os fundos eram poucos, mas a fé era forte. O entusiasmo para com o
projeto era elevado.
De acordo com as estimativas, seriam necessários uns 400 mil dólares para a
conclusão do projeto. Contudo, com apenas 10 mil dólares em mãos, as obras de
construção começaram em 11 de junho de 1967. Houve a contribuição de milhares
de horas de trabalho voluntário. Todos eram encorajados a se empenhar na
construção, não importando qual fosse o tamanho da ajuda.
“Você pode ser capaz de dar apenas 10 centavos por mês, mas prometa e dê.
O importante não é quanto você dá, mas quão voluntariamente você o faz”, os
líderes diziam para os trabalhadores e suas famílias. “Desejamos que todos
recebam as bênçãos e a experiência de alegria que vêm, quando sabemos que,
pessoalmente, tivemos parte na construção deste novo prédio, que será tão útil no
futuro.”

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Quando as obras de construção começaram, estavam garantidos apenas os
recursos necessários para o assentamento dos alicerces.
“Isso é tudo e não temos mais promessas”, o Pastor Frazee disse aos
obreiros. “Posso dizer-lhes algo mais: nunca antes, nestes 33 anos que temos estado
no Wildwood, fomos ao banco para tomar dinheiro emprestado para
prosseguirmos.”
Prosseguir, eles prosseguiram – pela fé e sobre seus joelhos, em oração. O
dinheiro começou a fluir. Parte através de pequenas contribuições. Parte por meio
de grandes somas. A obra só avançava quando os fundos estavam disponíveis.
Durante a construção, os trabalhadores depararam-se com um problema de
difícil solução.
“Em sua sala de operação, precisa-se ter um piso condutor, para evitar a
eletricidade estática e, dessa forma, as explosões”, construtores experientes
haviam-lhes dito. “Os inspetores do governo são muito rigorosos com relação a
essas exigências.”
Os operários locais também foram informados de que eram necessários
especialistas, com uma grande experiência, para assentar o piso.
“Quem fará o trabalho para vocês?” perguntou o comerciante, do qual se
estava comprando a cerâmica.
“Ora, nós o colocaremos,” o irmão Callahan respondeu.
“Não façam isso”, disse o comerciante. “Eu trabalho com isso há mais de 30
anos e sei que são necessários peritos para fazer este trabalho. Às vezes, mesmo os
experientes assentadores de piso têm que arrancar pavimentos inteiros e tornar a
fazê-los."
Uma vez que não havia dinheiro para contratar profissionais, nossos irmãos
decidiram que só havia uma forma de fazer aquela obra – eles mesmos a fariam.
Toda manhã, antes de começarem o trabalho, oravam pedindo ao Senhor para lhes
dar sabedoria e habilidades especiais, a fim de fazerem o trabalho de forma
correta. Mais uma vez o Senhor respondeu às suas orações.
Quando o trabalho foi acabado, o inspetor examinou todas as coisas
cuidadosamente. Ele parecia intrigado.
“Sabe de uma coisa, eu não entendo isso”, disse ele, “tenho inspecionado
este tipo de piso por anos e eu nunca vi um trabalho melhor do que este”.
“O Senhor conhece algo a respeito de assentar cerâmica também”, os irmãos
disseram um ao outro, depois que o inspetor havia saído.
A construção do novo sanatório foi uma tarefa humilde e, ao mesmo tempo,
um desafio. Freqüentemente as contas chegavam primeiro do que os recursos para
saldá-las.
“Eu estava sendo, constantemente, levado a ficar de joelhos”, comenta Herb
Atherton, tesoureiro da instituição, naquela época. “Às vezes, tínhamos contas que
totalizavam 50 mil dólares por mês, sem nenhuma idéia de como iríamos pagá-
las.”

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Então, o grupo de obreiros da instituição – bem maior agora – ia a Deus em
oração. Ele respondia. O dinheiro era enviado. Através de sangue, suor, lágrimas e
milagres a nova instalação foi concluída e dedicada, para a glória de Deus, em 1º.
de agosto de 1971.
Este foi o relato daqueles primeiros dias da história do Wildwood. Poder,
por meio da oração. Quilômetros de milagres. Galões de suor. Hinos de louvor.
Esta é a feliz história do Wildwood.
“Mas o maior milagre que eu tenho presenciado no Wildwood”, declara o
Pastor Frazee, “é o milagre da graça de Deus operando nos corações dos homens,
mudando vidas e caracteres, fazendo-os semelhantes a Jesus”. É algo maravilhoso
ver homens e mulheres, que obtiveram treinamento profissional, bem como
também outros trabalhadores especialistas e não especialistas, virem ao Wildwood
receber treinamento, na única filosofia médico-missionária, e se ajustarem ao
programa.
“Os milagres só acontecem quando alguém, que está fazendo algo para
Deus, estiver prestes a ser ‘sucumbido’, a menos que os milagres sejam operados”,
explica o experimentado líder. “A única forma de obtermos um milagre é estar em
apuros com Deus. Isso não deve ser feito de forma presunçosa, mas quando
fazemos algo que Deus deseja que seja feito e você sabe que é a vontade dEle. Você
deve estar disposto a trabalhar, com tudo o que tem, e estar pronto para sacrificar-
se e prosseguir, ainda que seu projeto não obtenha sucesso. Quando há, ainda,
alguma coisa, além daquilo que você é capaz de fazer, Deus dá o passo e faz isso
para você. Essa é a forma com que os milagres acontecem.”
Os milagres nunca acontecerão às pessoas que sempre sabem de onde as
coisas estão vindo – àqueles que têm tudo providenciado. Os milagres vêm, como
o Pastor Frazee explica, para aqueles que estão prontos a estar em apuros com
Deus.
E o que é o Wildwood hoje, 40 anos depois de o Senhor usar uma vedação
estragada, um velho carro, um médico dedicado e três leigos responsáveis para
estabelecer a instituição? A senhora Pierson e eu passamos três semanas no
campus, em Novembro de 1978. Éramos pacientes em seu novo e moderno
sanatório, com 20 quartos para pacientes. Fizemos parte do seu programa de
recondicionamento. Andamos quilômetros, ao longo de suas estradas de florestas e
encostas rochosas, ao lado de rios correntes. Alegramo-nos com suas deliciosas
refeições. Experimentamos o cuidado amoroso e gentil, manifestado por todos os
funcionários do hospital.
O Wildwood é, verdadeiramente, uma família adventista internacional. Os
pacientes, estudantes e funcionários vêm de muitas regiões da América do Norte e,
mesmo, de algumas da Europa, Oriente, América do Sul e Central e da África. Um
dos meus terapeutas no Wildwood fora, anteriormente, um cantor de música pop,
numa banda em Londres, Inglaterra. Que mudanças têm sido feitas na vida desses
homens e suas esposas! São, agora, cristãos amáveis e dignos de amor, vivendo
para os outros.

16
Muitos dos médicos no Wildwood são formados na Universidade de
Medicina de Loma Linda. Eles tratam seus pacientes com técnicas hospitalares
atualizadas, com ênfase especial na medicina preventiva. Os oito remédios
naturais, recomendados pelo Espírito de Profecia, são colocados em seu devido
lugar:

“Ar puro, luz solar, abstinência, repouso, exercício, regime conveniente, uso de
água e confiança no poder divino”. A Ciência do Bom Viver, p. 127.

A ênfase em remover a causa, em vez de, meramente, reduzir os sintomas, é


a filosofia que os trabalhadores do Wildwood adotam, no tratamento das doenças.
“O Wildwood tem todo um real impacto sobre a comunidade de negócios
de Chattanooga, com suas lojas de produtos naturais”, diz o Pastor Desmond
Cummings, então presidente da Associação da Georgia-Cuberland. “Seu plano de
‘Como Deixar de Fumar em Cinco Dias’ tem alcançado muito sucesso, além do
próprio programa do hospital. Eles, agora (em 1979 – Nota do tradutor), têm um
bom grupo de funcionários médicos, que está fazendo uma grande obra de
reabilitação.”
O Wildwood oferece uma variedade de programas especiais para a
comunidade. A sessão de controle de peso, através de uma Dieta Vegetariana,
estava em pleno andamento, quando estivemos no campus. Era evidente que
aqueles que estavam acima do peso estavam tendo uma boa prática de exercícios –
e gostando de fazê-los. Não ouvi nenhuma murmuração, sobre a dieta, desses
esbeltos indivíduos. Observei que seus pratos estavam sempre bem supridos, com
alimento bom e nutritivo.
O Programa de Condicionamento Cardíaco também faz muito, ao trazer
saúde e esperança, para aqueles que possuem problemas cardíacos. Outros
programas incluem cuidados de saúde para executivos, parturientes e o programa
de ‘Como Deixar de Fumar em Cinco Dias’. Um Seminário de Medicina, realizado
todos os anos, atrai o interesse do pessoal de medicina de toda a América do
Norte.
Em Chattanooga, os funcionários do Wildwood dirigem um, muito bem
sucedido, restaurante vegetariano. Programas de rádio semanais e um trabalho
especial de temperança, que funciona nas escolas da região, têm causado também
um impacto promissor.
Enquanto estivemos no campus, lemos muito nos jornais de Chattanooga e
ouvimos muito no rádio evidências de que a voz do Wildwood está sendo ouvida
alta e clara naquela área. Funcionários de escolas de ensino médio estavam
convidando nossos médicos, aos seus estabelecimentos, com o propósito de
reduzir o uso do fumo, tanto entre os estudantes, como entre os professores. A Sra.
Rita Vital foi abençoada em seus esforços públicos, com relação a esse trabalho. As
pessoas da cidade de Hamilton, Tennessee, das cidades ao redor no Tenneessee e
da Geórgia estão bem familiarizadas com programa do Wildwood – conquistando

17
jovens e adultos para Cristo e Sua mensagem para os últimos dias. Funcionários e
estudantes, igualmente, mantêm-se ocupados, dando estudos bíblicos, dirigindo as
escolas sabatinas, distribuindo literaturas e compartilhando sua fé de diversas
formas através das comunidades vizinhas.
Através dos anos, o evangelismo do Wildwood tem sido responsável pelo
estabelecimento de cinco novas igrejas – Jasper e St. Elmo, no Tennessee, Lookout
Mountain, na Nova Inglaterra, e Wallaceville, na Geórgia.
Enquanto estava sentado na pequena e firme igreja de Tiftonia, no
Tennessee, em 18 de novembro de 1978, regozijando-me na escola sabatina e no
culto divino, pude, facilmente, imaginar-me de volta a Grinnell, Iowa, onde
freqüentava, há mais de meio século. O irmão Fred Callahan, um missionário do
Wildwood na Zâmbia, pregou um encorajador sermão, naquela manhã. Senti-me à
vontade em estar lá.
A capela de Tiftonia e os membros que nela adoram, a cada semana,
abrangem um dos atuais programas de trabalho missionário do Wildwood. Os
obreiros da instituição e outros membros da igreja haviam sido responsáveis por
erguer o prédio e financiá-lo. Na medida em que o número de membros aumentar
e uma forte liderança seja assegurada, ela deverá se tornar uma igreja
completamente organizada da Associação da Geórgia - Cuberland.
Outros dois grupos – um próximo a Trenton, Geórgia, e outro em
Stonecave, Tennessee – estão, da mesma forma, em estado de desenvolvimento.
Algum dia eles também farão parte da comunidade das Igrejas da Associação.
Milhares de dólares, em dízimos e ofertas, fluem para a tesouraria da
Associação, todos os meses, pois os membros do Wildwood apóiam a Igreja
Adventista, tanto em sua pátria como no exterior. O sanatório e o hospital
devolvem o dízimo para a Associação, incluindo o dízimo vindo dos créditos
conferidos ao trabalho dos estudantes, destinados ao pagamento de seu estipêndio,
mas que não são recebidos em espécie.
“Por acaso a Associação os ajuda com alguma coisa, na construção da
igreja?” perguntei a Earl Qualls, um médico terapeuta e um líder no grupo de
Tiftonia.
“Nós não pedimos ajuda para a Associação”, ele respondeu. “Estamos
felizes por sermos usados pelo Senhor, para levantar estas igrejas e também por
construir lares-igrejas para os membros.”
Fiquei impressionado com a verdadeira base de sacrifício sobre a qual os
obreiros do Wildwood trabalham – incluindo médicos, dentistas e enfermeiras.
Todos compartilham, da mesma forma, dos encargos e das bênçãos do Programa
de Sustento Próprio. Estão engajados nessa obra porque amam ao Senhor; a obra
para eles significa muito mais do que a prata – ou “as verdinhas” (termo informal
usado para se referir à moeda americana, que possui cor esverdeada – Nota do
Tradutor).
As instituições-filhas do Wildwood, algumas pequenas, outras nem tanto,
são em número de 40, de acordo com Warren Wilson, presidente da Corporação do

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Sanatório Wildwood, que mantém a pulsação deste sistema de escolas e unidades
de saúde médico-missionárias, vastamente espalhado. Estaremos visitando
algumas das filiais do Wildwood, nos próximos capítulos deste livro, portanto, não
teceremos maiores detalhes aqui.
“Logo que uma unidade recém-estabelecida esteja forte o bastante, nós
transferimos a propriedade para o novo grupo”, disse-me o irmão Wilson.
“Sentimos que as unidades devem se autogovernarem tão logo sejam capazes e
não permaneçam dependentes do Wildwood, para operarem seus programas. Isso,
acreditamos, desenvolve a força local e a iniciativa.”
“A mesa diretora do Wildwood”, continuou ele a explicar, “é composta de
25 membros, incluindo alguns líderes de pequenas instituições, na esfera do
Wildwood. Todos eles tomam parte na administração das instituições do
Wildwood”.
Um funcionário do Wildwood trabalha em cada uma das outras mesas
diretoras das demais instituições. Isso permite um elo que mantém o avanço do
programa como um todo, sob as mesmas políticas de operação, ao passo que cada
instituição permanece com sua independência de unidade.
“Estamos estruturados de tal forma”, diz Warren Wilson, “que mantemos
uma unidade sem sermos interdependentes. Se o Wildwood, ou qualquer de suas
divisões menores, viesse, por alguma razão, a ‘naufragar’, as outras instituições
não sofreriam. Somente os laços de amor é que fazem a união do Wildwood.”
Durante minha última visita, o Wildwood e suas filiais estavam operando
11 restaurantes vegetarianos, 7 lojas de produtos naturais, 9 universidades e 16
escolas de treinamento para adultos.
“É uma bênção que, aqui, no Wildwood, não tenhamos muito dinheiro para
destinar às pequenas unidades”, diz o irmão Wilson, “pois, assim, elas estariam
nos procurando por ajuda. Desta forma, elas têm que depender do Senhor para
ajudá-las”.
A atuação do Senhor ficou clara à medida que médicos qualificados
chegavam para ajudar no projeto médico-missionário, na conexão Geórgia-
Tennessee. No começo, não foi fácil encontrar médicos cuja filosofia de tratamento
médico se coadunasse com aquela que a liderança do Wildwood depreendia dos
livros do Espírito de Profecia.
“O quadro das providências de Deus não é todo formado de ouro, glória,
prata e pedras preciosas”, o Pastor Frazee declara hoje. “Houve algumas sombras
negras, bem como pesadas cortinas, na história de Deus no Wildwood.
Conhecemos as trevas do Getsêmani e, em certas ocasiões, as trevas do Calvário;
mas nós oramos ao Senhor para nos conduzir, através de cada hora probante, com
a mais firme fé e corações agradecidos por Sua direção.”
Através dos anos, houve muitas respostas maravilhosas às orações feitas
nos leitos dos doentes. Deus tem usado médicos, enfermeiras e dedicados
terapeutas cristãos para salvar vidas e restaurar a saúde de alguns, cujos casos
pareciam sem esperanças, quando observados do ponto de vista humano.

19
Descobri, através de contatos pessoais, que o Pastor Frazee e seus
funcionários não estão procurando a aprovação do homem. Eu os percebi
relutantes até mesmo para recordar algumas das orações milagrosas que
ocorreram no campus do Wildwood. Médicos e enfermeiras, igualmente,
declinaram de mencionar qualquer habilidade pessoal.
“Irmãos”, disse o pastor Frazee solenemente, “se as coisas que relatamos
tenderem, de qualquer forma, para glorificar o homem, estejamos certos de que
teremos algumas duras experiências pela frente.”
Ao contarem as histórias da providência divina, senti que os obreiros no
Wildwood estavam apenas cumprindo a instrução inspirada que nos é dada:

“Precisamos falar dos preciosos capítulos de nossa experiência, muito mais do que
o temos feito. Depois de um derramamento especial do Espírito Santo, nosso gozo
no Senhor e nossa eficiência em Seu serviço avultariam grandemente com o
recontar Sua bondade e Suas maravilhosas obras a favor de Seus filhos.”
Parábolas de Jesus, pp. 299. “Louvar a Deus em plenitude e sinceridade de coração
é tanto um dever quanto o é a oração.” Ibid., p. 299.

Os líderes do Wildwood não reivindicam para sua instituição qualquer


monopólio sobre a saúde e a cura.
“Eu não daria a impressão, nem por um momento sequer, de que considero
que todas as pessoas que venham para o Wildwood ficarão boas ou deverão ficar
curadas”, diz o Pastor Frazee, sinceramente, “nem acreditamos que este é o único
lugar em que as pessoas possam encontrar saúde e cura. Absolutamente. Se Deus
quisesse que muitas pessoas viessem para cá, teria feito a nossa pequena
instituição muito maior”.
Usando o rio Mississippi como ilustração, o Pastor Frazee descreve o
erguimento e a difusão da obra no Wildwood. “Eu sei que o Mississippi começa
em Minessota, mas também sei que existem outros afluentes desse rio. Pequenos
riachos, de diferentes partes do país, fluem em córregos e pequenos rios que,
finalmente, desembocam no poderoso Mississipi”.
“Um destes pequenos córregos nasce próximo ao Wildwood. Ele desce em
direção ao rio Tennessee e vai até ao Rio Ohio que, finalmente, desemboca no
Mississipi, em direção ao Golfo. Existem centenas de ‘fontes’ que alimentam o Rio
Mississipi”.
“Assim, quando formos falar da obra de Deus na experiência humana,
devemos ter em mente que existem centenas de milhares de pequenos ribeirinhos,
que fluem juntos na poderosa torrente que compõe a obra total de Deus. O
Wildwood, como uma fonte de saúde e cura, é apenas uma daquelas minúsculas
correntes que formam o poderoso rio de Deus.”
O Pastor W. D. Frazee minimiza o importante papel de destaque, que tem
realizado por muitas décadas, na Obra de Sustento Próprio. “A forma de Deus

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trabalhar é por meio do grupo, ao invés de por um indivíduo”, declara ele com a
modéstia que lhe é peculiar.
Contudo, esse homem de Deus tem sido usado, através dos anos, para
suprir a Obra de Sustento Próprio, em muitos lugares, com a bendita liderança do
céu. Ele tem trabalhado em íntima relação com a instrução deixada para esta obra
no Espírito de Profecia. Tanto por preceito, como por exemplo, tem ele enfatizado a
necessidade de que todos os obreiros, que fazem parte das instituições de Sustento
Próprio, permaneçam próximos à igreja. Estreita cooperação com as Associações,
onde as instituições do Wildwood estão localizadas, é a ordem do dia.
Em uma carta enviada, recentemente, a mim, o Pastor Frazee, talvez, tenha
sintetizado o espírito dos obreiros de Sustento Próprio, quando escreveu:
“Reconheço que aquilo que tem sido alcançado (em nosso programa no
Wildwood) é devido à especial obra do amado Senhor. Agradeço a Ele, de todo o
meu coração, pelo muito que tem feito, apesar das minhas limitações e erros.
Alegro-me em Sua promessa. Deus está constantemente trabalhando para
consertar as deficiências humanas.”

21
CAPÍTULO 2

LITTLE CREEK
A HISTÓRIA DE DUAS FAMILIAS, DUAS LIDAS E DA ATUAÇÃO DE DEUS

Por dois anos, a história do Sanatório e da Universidade de Little Creek tem


sido a entusiástica história de duas famílias – os Straws e os Goodges –, de duas
Lidas – a Sra. Lida Scott e a Sra. Lida Ross –, e da atuação de Deus. Colocando isso
em sua correta ordem, Deus, é claro, vem primeiro. Sem Ele, não haveria o campus
da Universidade de Little Creek.
As famílias Straw e Goodge se uniram para trabalhar na obra, em 3 de
setembro de 1933, quando Leland Straw e Alice Goodge se casaram no campus de
Madison, tendo como pastor oficiante W. E. Straw. Dessa união, cresceu um
conceito de educação cristã que, finalmente, levou ao desempenho de um papel
fundamental no estabelecimento da escola de Little Creek, a uns nove quilômetros
distante de Knoxville, Tennessee.
Em 1924, a Layman Foundation comprou uma fazenda de 750 mil metros
quadrados, em Little Creek. Hoje é quase o dobro. Desse posto rural avançado, a
obra médico-missionária começou na cidade Knoxville. O novo programa incluía
um restaurante vegetariano e salas de tratamento. O Dr. E. A. Sutherland, de
Madison, era a força que se movia por trás do projeto e a Sra. Lida Funk Scott, que
estava para se tornar uma eterna benfeitora da Obra de Sustento Próprio, nas terras
do Sul, ajudava financeiramente no desenvolvimento da aventura.
O ano de 1940 marcou o nascimento da Escola de Little Creek, tanto como
uma escola fundamental, como uma universidade. O professor e a Sra. Straw,
recém egressos do Departamento de Música da Faculdade de Madison, chegaram
ao posto avançado de Knoxville ardendo de entusiasmo para começar uma escola
de sustento próprio, baseada segundo o conceito de uma moderna “escola dos
profetas”.
Os Straws foram acompanhados de um amigo da escola de Madison, C. R.
Frederick e sua esposa, Lola, uma enfermeira credenciada. Eles abriram uma escola
paroquial, com 12 alunos, na antiga Igreja Presbiteriana da Graça, que estivera
fechada por muitos anos.
O alojamento de estudantes e trabalhadores, naquele primeiro ano, foi um
problema. Ao chegarem, Leland Straw e o Irmão Frederick descobriram que os
ocupantes da única casa na propriedade não haviam ainda se mudado. Portanto,
tomaram emprestada uma barraca e, os dois “solteiros”, improvisaram uma
moradia sob as lonas. Suas famílias se uniriam a eles mais tarde.
“Pelo fato de termos armado a barraca em um declive, tínhamos que nivelar
as camas e móveis com latas de sopa”, recorda o professor Straw, quando relata a
história daqueles primeiros dias.
Eles não pretendiam iniciar o trabalho incluindo o segundo grau na escola, a
não ser mais tarde, mas o que fazer quando três jovens, com idade para o segundo

22
grau, chegam à porta da sua casa, ansiosos por uma educação cristã e prontos para
trabalhar duro por isso? Isto foi exatamente o que aconteceu – os Straws e os
Fredericks ficaram com eles.
Por esse tempo, a pequena casa verde havia sido desocupada, e cinco
adultos e três bebês, variando em idade de um mês a três anos, se mudaram para
lá. Faye Hand, uma estudante de enfermagem da Escola de Madison, veio para
auxiliar, cuidando dos filhos da família Straw. A água precisava ser levada de
uma fonte, que ficava em um morro íngreme, a centenas de metros. Um riozinho
próximo fornecia água para o banho e um banheiro externo foi construído.
“Amor e paciência superavam nossos problemas”, diz Leland Straw,
descrevendo aqueles primeiros anos, na casa verde. Dois pequenos quartos, uma
sala de jantar e uma cozinha não oferecem, o que alguém pudesse descrever como,
uma vida luxuosa para duas famílias, especialmente quando três jovens se mudam
para se unir a eles. Apesar de tudo, a casa contava com apenas 80 metros
quadrados de área útil.
A sala de estar servia como sala de aula durante o dia e como “dormitório”
durante a noite. Betty e Shirley Zollinger dormiam sob o grande piano. Seu irmão,
George, dormia em uma cama de campanha, na sala de jantar.
Antes de findar o ano, uma escola paroquial, com 12 estudantes, funcionava
de dia; e uma universidade, com os três jovens da família Zollinger, à noite. Leland
e Alice Straw ensinavam em todas as classes. E, vocês, imaginem só isso – naqueles
primeiros dias, “os filhos começaram a reclamar porque queriam ter umas férias!”
Chegou o ano de 1941, os Straws e os Fredericks uniram-se à família
Goodge, que viera de Madison e da Southern Junior College. Roger graduara-se
em 1937, na Faculdade de Madison, e era impressor. Genevieve era uma
enfermeira graduada em Loma Linda.
A família de Roger veio de Evansville, Indiana. Sua mãe, Clara, teve contato
com a mensagem adventista, quando precisou substituir um amigo, que não estava
em condições de cantar para o Pastor Morris Lukens, que estava conduzindo uma
cruzada evangelista naquele tempo.
A senhora Goodge ficou profundamente impressionada com o sermão do
Pastor Luken sobre o amor de Deus, naquela noite. Ela continuou a freqüentar as
reuniões. Seu esposo, Bayard Goodge, não ficou muito convencido com “essas
estranhas e novas doutrinas”, que estavam sendo pregadas na tenda. Ele
continuou a freqüentar sua própria igreja, aos domingos, quando Clara e as
crianças começaram a observar o sábado do sétimo dia de Deus.
Por essa época, uma reunião foi realizada para resolver um grande dilema
no lar da família Goodge.
“Crianças”, mamãe Goodge começou, “papai está se sentindo muito
solitário, indo para a igreja, sozinho, e vocês devem decidir se vocês querem ir
para a igreja com ele, aos domingos, ou comigo, no Sábado”.
“Sentimos muito, papai,” os quarto filhos responderam em uma só voz,
“mas nós continuaremos a ir para a Escola Sabatina com a mamãe”.

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Sexta-feira à tarde, poucas semanas depois, quando o papai Goodge vinha
do trabalho, surpreendeu sua esposa com um incrível anúncio. “Eu ajeitei meu
trabalho de amanhã, agora vou poder ir à igreja com você e as crianças!” – disse
ele. Lágrimas de alegria saudaram esse anúncio. As crianças pularam de alegria!
Papai estava indo para a igreja com eles!
Em 1942, Bayard e Clara Goodge se uniram aos funcionários de Little Creek;
Bayard foi para trabalhar como administrador do sanatório, o que o fez até sua
morte em 1965. Clara era a mola principal na obra médica. Ela provou ser uma
organizadora muito eficiente do novo sanatório.
Clara Goodge tinha um jeito particular que inspirava confiança, tanto por
parte dos médicos, como dos pacientes. “O que o Sanatório de Little Creek tem
para oferecer?” – os médicos lhe perguntavam. “Quais equipamentos você tem lá?”
“Nós temos ar puro”, Clara respondia docemente, “maravilhosa água, belas
árvores que dão sombra, alimento saudável, frutas frescas, tratamentos simples e
nenhum barulho ou sujeira!”
O caloroso afeto de mamãe Goodge e sua personalidade amigável, postos
sob a benção do Senhor, atraíam os pacientes abastados, das cercanias de
Knoxville, para o pequeno recém construído sanatório em Little Creek.
“Sinto muito por trazer este paciente para você, Sra. Goodge”, Dr. Merlin
Nester disse, um dia. “Ele tem um edema no coração e não tem qualquer chance de
sobreviver no mundo.”
A mamãe Goodge sempre aceitou os desafios da dificuldade e,
prontamente, tomou o velho fazendeiro sob seus cuidados. Após duas semanas de
gentil e amoroso cuidado, banhos e tratamentos, o homem voltou ao trabalho
novamente.
Em 1948, o Dr. e a Sra. Bayard D. Goodge (filho e nora) uniram-se ao grupo
e levaram avante a expansão da Obra Médica. Uma nova ala, acrescida ao
sanatório original, tornou possível uma influência ainda maior na comunidade.
“O sol havia se posto lentamente sobre os dias dos pioneiros, enquanto
maiores confortos fizeram daqueles dias apenas memórias. Na hora certa, Deus
abre mais janelas de bênçãos, lidando generosamente com Seus servos submissos”,
relatou um historiador de Little Creek, por volta de 1955.
“Você não acha difícil manter pacientes, aos quais não é permitido fumar e
que eram usuários de uma dieta pesada de carne?”, perguntei durante uma recente
entrevista com os Straws e os Goodges.
“De jeito nenhum!” – Genevieve Goodge respondeu. “Na verdade, eles
gostam do regime estrito. Não temos nenhuma reclamação. Nós tivemos pacientes,
cujas famílias quiseram lhes trazer carne, os quais recusaram dizendo: “eu não
quero isso”.
“Nesse caso, devo contar-lhe de uma mulher, uma fumante muito viciada,
que veio para Little Creek”, a Sra. Goodge continuou. “Sua família havia lhe dito
que devia suportar a estada aqui, sem fumar. No sopé do morro que dá para a

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instituição, ela parou a ambulância, para que pudesse fumar seu último cigarro. E
aquele foi o último. Hoje, ela é uma adventista do sétimo dia batizada!”
“Percebo que vocês trabalham sem a ajuda governamental de Assistência à
Saúde,” disse-lhes durante nossa entrevista. “Como vocês conseguem manter seu
sanatório, lotado com pacientes particulares e não aceitam o programa
governamental de Assistência à Saúde?”
“Sem qualquer problema”, Roger respondeu rapidamente. “Sempre temos
uma lista de pessoas que desejam vir.”
“Como você faz a propaganda para conseguir estes pacientes?” perguntei.
“Nós não fazemos propaganda”, Roger respondeu; “mantemos nosso
pequeno sanatório repleto através da propaganda boca a boca de nossos pacientes
aos seus amigos e vizinhos”.
Isto me lembra também que a escola de Little Creek, semelhantemente,
sempre tem uma lista de espera. Este ano (em 1980), eles têm 58 estudantes
internos com mais 5 filhos de funcionários, perfazendo um total de 63.
“Little Creek não faz propaganda para conseguir estudantes,” registra o
Madison Survey corretamente. “E mesmo assim não tem condições de receber todos
os que se candidatam a uma vaga. Aqueles que conseguem uma vaga consideram-
se privilegiados.”
“E com relação aos créditos de Little Creek?” perguntei, “são eles aceitos em
outras escolas adventistas e públicas?” “Sem problemas”, assegurou-me o
professor Straw. “Nossos alunos têm estudado em muitas e diferentes
universidades e faculdades adventistas. Eles são prontamente admitidos. Têm
freqüentado escolas na Inglaterra, Índia e Austrália, como também aqui nos
Estados Unidos. Na verdade, a Southern Missionary School deu três bolsas de
estudo para três graduados do Little Creek.”
“E com respeito ao esporte no campus?” – perguntei. “Os estudantes jogam
baseball, rugbi e outros jogos?”
“Nossos estudantes são muito ocupados”, o Irmão Straw explicou; “eles não
têm tempo para esportes organizados. Oh, eles improvisam um jogo de baseball,
ocasionalmente. Às vezes, eles jogam um pouco de voleibol, mas não existem
esportes organizados no campus. Nossos jovens acham melhor dessa forma”.
“E como funcionam seus programas sociais? Vocês permitem
relacionamentos entre garotas e rapazes – namoro?” – perguntei.
Roger Goodge respondeu a esta pergunta.
“Nós cremos que todos os estudantes deveriam gozar dos mesmos
privilégios sociais.” Roger explicou. “Nos relacionamentos comuns entre rapazes e
moças, alguns rapazes e moças mais ‘populares’ recebem muita atenção, enquanto
outros são deixados de lado. Nós cremos que é bom para os jovens aprenderem a
se ajuntar e a se associar com os diversos tipos de pessoas, tanto os benquistos
como os menos benquistos. Assim, nós permitimos que os jovens escolham os
nomes de seus companheiros para as várias funções sociais. Às vezes, eles

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escolhem seus ‘amigos especiais’ e, às vezes, não. Esta forma capacita a todos
serem amigáveis com todos.”
Os estudantes e os professores de Little Creek têm uma forma interessante
de manter boas relações com a comunidade. No tempo do Natal eles cantam hinos
de Natal e, ao invés de solicitar recursos para a escola ou para a igreja, doam
pequenos pães, pães integrais, de sua nutritiva classe de Culinária.
“Mas como vocês alcançam sua meta”, perguntei, “quando usam hinos de
Natal, como uma ferramenta de relações públicas?”
“Sem problema nenhum”, o professor Straw me assegurou, “levamos
nossos jovens para a feira do condado e, lá, eles alcançam suas metas
rapidamente!”
Os jovens também conquistam amigos e influenciam pessoas na
comunidade de outras formas.
“Como, por exemplo, realizando serviços de encanamento para uma escola
pública vizinha.” Leland explica. “A escola tinha problemas com sua instalação
hidráulica, portanto, levamos alguns dos rapazes e resolvemos os problemas. Eles
ficaram admirados e muito agradecidos. Nós também ajudamos com aulas de
Música, em uma escola de ensino fundamental nas proximidades.”
Descobri que, de vez em quando, através dos anos, o Irmão Straw e alguns
dos estudantes tinham sido ativos no trabalho em escolas, aos domingos –
ensinando em classes e ajudando no programa de outras formas. Todos esses
contatos com a comunidade têm ajudado a construir boas relações com os
vizinhos. O programa de trabalho missionário de Little Creek inclui aulas de
Culinária, cursos de “Como Deixar de Fumar em Cinco Dias”, grupos musicais,
narração de histórias, encontros de jovens por Cristo, distribuição de literatura,
visitação na vizinhança e, recentemente, um esforço evangelístico de três semanas,
com estudantes pregando. Uma vez por ano, o clube local, Kiwanis, vem para
desfrutar de uma refeição no restaurante de Little Creek. Contatos feitos, tanto
através do sanatório, como pela escola, têm criado amizades que resultaram em
batismos.
“A Loja de Produtos Naturais”, próximo de Knoxville, administrada pelo
Dr. Roger e Marcia Van Arsdell, tem sido uma bênção para a instituição de Little
Creek e para a obra da Igreja em geral.
“Knoxville conhece os adventistas do sétimo dia, principalmente por meio
da Loja de Produtos Naturais de Little Creek”, diz um dos membros.
Quando as matrículas aumentaram e as solicitações para novas matrículas
cresceram, além da possibilidade de admissão, os líderes de Little Creek
começaram a procurar, nos arredores, um lugar para estabelecer uma segunda
instituição, baseada nos mesmos princípios do Espírito de Profecia. Em 1950,
Bernie Sheffield, que tinha sido professor em Little Creek, mudou-se para uma
fazenda, recentemente adquirida, perto de Dayton, Tennessee, e abriu a Escola
Laurelbrook. Mamãe Little Creek agora tinha uma filha.

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Em 1967, Kenneth Straw, o tesoureiro da Universidade de Little Creek,
recebeu sua licença de instrutor de vôos e abriu a Escola de Aviação Universitária.
Essa inovação se tornou muito popular entre os estudantes e muitos se tornaram
pilotos, como resultado desta iniciativa.
Uma fazenda e uma horta, eficientemente administradas, suprem a escola e
o hospital com a maioria do alimento necessário. “Cultivem o que vocês comem,
guarde o vosso dinheiro em casa” – é a política econômica defendida pelos
administradores de Little Creek.
“A Agricultura é uma necessidade”, Leland Straw declara. “Quer dê lucro,
ou não, ela é uma necessidade. Ninguém nunca pergunta se Química ou Inglês, dá
lucro – elas fazem parte do programa. Em Little Creek, nossa horta e fazenda são
partes do programa.”
O Little Creek cultiva o trigo que é moído em um moinho no campus. Isso
provê farinha de trigo para os 100 pães que são assados, todos os dias de trabalho,
na padaria da escola. Muitas pessoas, na região de Knoxville, têm “livros
adventistas” em seus lares, devido aos contatos feitos por meio do nutritivo pão de
trigo integral. Eugene Peek mantém seus fregueses bem abastecidos com
literaturas repletas da verdade.
Um rebanho de 70 ou 80 vacas, sendo 35 da raça Holstein, fornece mil
dólares de venda de leite por semana, além de suprir, os funcionários e os
estudantes, com muitos dos produtos derivados do leite.
Todos os estudantes e professores da faculdade se unem no programa de
trabalho, em Little Creek. Esse trabalho conjunto faz parte da filosofia de Little
Creek, acerca da verdadeira educação cristã.
“Os professores e estudantes não consideram o trabalho algo inferior”, diz
Ted Liston, um terapeuta especializado em problemas respiratórios e ex-estudante
da Universidade de Little Creek. “Dez minutos após a classe bíblica, os professores
podem estar lá, ajudando um estudante do segundo grau a pintar um quarto. Os
instrutores físicos podem estar, talvez, um pouquinho atrasados para a aula,
porque estavam na horta, mostrando a algum estudante novato, como tirar quiabo
do pé.”
Um observador casual, na Universidade de Little Creek, teria dificuldade
para decidir se os estudantes estavam dando mais duro em seus trabalhos,
estudos, música ou atividades físicas. Alfreda Costerisan, uma ex-professora de
Little Creek, escreve no The Guide (O Guia): “Eles parecem fazer tudo com o
mesmo entusiasmo, pois descobriram um alvo superior na Educação”.
A mentalidade que há em Little Creek (e em muitas outras instituições de
Sustento Próprio) está bem expressa nas palavras de Mamãe Goodge, quando ao
falar do esforço de cooperação de todos os obreiros em Little Creek, ela disse: “Nós
nunca pensamos em somente acabar a nossa parte do trabalho. Todos cooperam
em tudo, para que todas as coisas funcionem”.
“Little Creek, realmente, tem posto isto em prática”, diz um ex-aluno.

27
Uma descoberta interessante, nas qualidades acadêmicas do programa
educacional de Little Creek, encontra-se em uma experiência que o Dr. Frank
Knitel recordou, quando falava em um encontro de obreiros de Sustento Próprio,
realizado em Little Creek, em outubro de 1973.
“Eu nunca havia escutado falar de muitas destas escolas de Sustento
Próprio, localizadas na União Sudeste, até ir à Universidade Andrews, em 1959”,
disse o Dr. Frank Knittel. Ele então continuou, descrevendo seu primeiro contato
com um jovem de Little Creek, que havia ido para a Andrews.
“Little Creek?” – o Dr. Knittel perguntou, quando o jovem lhe disse de onde
havia vindo. “Onde, no planeta, fica Little Creek?”
O jovem respondeu que a escola ficava perto de Knoxville, Tennessee, e que
os estudantes ajudaram a construir seus próprios dormitórios e a plantar para a
sua própria comida.
“Visualizei logo, em minha mente, casas de madeira assimétricas e garotos
descalços e de macacão, guiando parelhas de arados, puxadas pelas mulas do
Tennessee. Recordo de pensar comigo mesmo: ‘o que uma escola como essa
produz?’”.
O Dr. Knittel logo descobriria que tipo de estudantes a tal escola é capaz de
produzir. “Ela produziu, naquele ano, um jovem que foi o melhor novato da classe
de Inglês”, declarou ele mais tarde. “Logo me deparei, cara a cara, com o fato de
que eu tinha um verdadeiro estudante em minhas mãos, e não apenas um inocente
camponês, que podia seguir um arado atrás de uma mula. O que quero dizer, com
tudo isso, é que vocês têm motivos para sentirem um profundo senso de orgulho,
com relação às pessoas que vocês estão produzindo.”
Um breve e interessante relato da história de Little Creek diz respeito à
mudança de Bessie Baker, da Carolina do Norte, para Little Creek, a fim de se
tornar uma das professoras da escola elementar. Ainda hoje, o professor Straw
sorri, quando conta sobre a viagem em “um velho e frágil caminhão Ford”, que
serviu como carro de mudança.
“O caminhão vazava tanto óleo”, Leland relembra, “que nós colocamos uma
pequena lata, debaixo do coletor do óleo. A cada vinte minutos, Darrel Jones e eu,
saíamos e devolvíamos todo o óleo da lata para o motor, para mais outros vinte
minutos de viagem”.
Atualmente (em julho de 1980) um novo prédio do sanatório, com 38 leitos,
está sendo construído. Perguntei-lhes sobre o uso do termo “sanatório”, hoje. “É
uma palavra antiquada?”
“Ela continuará sendo o ‘san’”, disseram simplesmente os dois principais
administradores.
As duas Lidas desempenharam um importante papel no desenvolvimento
de Little Creek. A Sra. Lida Funk Scott, pertencente à família da Funk Publishing
House, foi a primeira benfeitora do Little Creek. Quando os operários,
responsáveis pela construção das casas para os funcionários, estavam
desesperadamente necessitados, a Sra. Scott enviou um cheque, com um generoso

28
valor, que tornou possível a construção de uma confortável casa de dois andares.
Até o tempo de seu falecimento, em 1945, Lida Scott contribuía com doações
freqüentes para a pequena e brava instituição.
A Sra. Lida McClung Ross, de Knoxville, foi outra mulher de destaque, a
quem o Senhor impressionou para ajudar a Universidade de Little Creek, quando
surgiam as necessidades.
Um dia, enquanto a Sra. Ross fazia uma de suas freqüentes visitas ao
campus, descobriu que Leland Straw estava fazendo uma solda, em um pequeno
galpão, construído a céu aberto na floresta.
“Você já pensou em construir uma estrutura mais definitiva para fazer este
trabalho?” – a visitante perguntou.
“Oh, sim, nós gostaríamos de ter uma nova instalação, mas, infelizmente, o
dinheiro não cresce nas árvores por aqui em Little Creek.”
“Quanto custaria para estabelecer uma instalação decente?” – a Sra. Ross
perguntou.
“Nós acreditamos que poderíamos estabelecer uma que serviria para o
nosso propósito por mais ou menos 1.100 dólares.”
Enquanto continuavam a conversar, a Sra. Ross tirou seu talão de cheques e
preencheu um, no valor de 1.100 dólares. Essa era uma resposta característica de
Lida Ross a muitas das necessidades de Little Creek. Sua generosidade durou até
sua morte em 1968.
“Little Creek, Laurelbrook e muitos da elite de Knoxville prantearam a
morte da Sra. Lida Ross. Mesmo com o passar do tempo, suas benevolências nunca
seriam esquecidas nos corações de centenas a quem ela ajudou”, escreveu Jim
Watson, muitos anos depois.
Verdadeiramente, Deus impressionou as duas Lidas, a fim de abençoarem
grandemente a obra de Sustento Próprio, nas terras do Sul.
Lida Ross resumiu sua fé nos princípios de Little Creek, nestas palavras:
“Eu estou convencida de que a educação de jovens, em pequenos grupos, e em
conjunto com o trabalho produtivo, como atividade para eles – como Agricultura,
Jardinagem ou Construção – pode lhes ser da maior valia. Os alunos estão
aprendendo a trabalhar, enquanto estudam; e a escola e o hospital estão crescendo
de forma sólida. Os doentes e os idosos estão sendo tratados e cuidados no
hospital e no sanatório, em uma atmosfera rural tranqüila e com uma alimentação
saudável”.
Uma afirmação com propriedade, não é?
Quando perguntei a Leland Straw se eles haviam obtido algumas respostas
diretas à oração, no desenvolvimento da Universidade de Little Creek, ele
respondeu simplesmente, e eu realmente creio: “Todo o programa é uma resposta
à oração”.
Existe uma íntima cooperação entre a Universidade e o Sanatório de Little
Creek e a liderança da Associação da Geórgia-Cuberland. O presidente da
Associação local e o diretor de Educação são membros da mesa diretora da

29
Universidade de Little Creek. O diretor de Educação da União Sudeste também
trabalha como um dos membros da mesa. Roger Goodge é membro do Comitê da
Associação Geórgia - Cuberland. Essas estreitas e cordiais relações fazem com que
haja um relacionamento sereno entre os programas denominacionais e os
programas de Sustento Próprio.
Isto aconteceu há, aproximadamente, 40 anos, desde que Leland e Alice
Straw se dirigiram ao campus de Little Creek. Que diferença aqueles anos têm
feito. Hoje, um novo e moderno sanatório está próximo de sua conclusão, uma bela
igreja, um bem equipado edifício de alimentação, duas estufas hidropônicas, dois
celeiros de 17 metros, novas moradias para os funcionários, dormitórios e outros
prédios para aumentar o campus. Dois grandes ônibus estão estacionados ao lado
da cerca de uma piscina. Todas estas melhorias testificam, continuamente, da visão
e da perseverança dos compromissados trabalhadores e do sistema de educação
cristã que os Straws e os Goodges trouxeram, para esta bela comunidade no
Tennessee.
Jim Watson resume isto muito bem: “Quando as pessoas trabalham, até
entrarem pelas horas da noite, para prover aquecimento ou moradia para seus
amigos e vizinhos, elas conhecem o que é o Amor. Quando professores, de forma
incansável, tentam inspirar estudantes resistentes a estudarem e a aprenderem,
eles sabem o que é a Paciência. Quando professores reúnem os alunos, em um
trabalho em comum, para apoiar a escola, eles estão aprendendo a Humildade.
Quando as pessoas trabalham, não por hora, mas até a obra terminar, eles
aprendem sobre a Fidelidade. Quando, mensalmente, o salário não dá espaço para
nenhum luxo, ou quando nenhum contracheque vem, eles sabem o que é o
Sacrifício. Quando indivíduos fielmente vencem insuperáveis problemas, durante
décadas, eles conhecem e praticam a Dedicação. Este é o espírito de Little Creek.”

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CAPÍTULO 3

LAURELBROOK
A TERRA DOS MILAGRES

“Shirley, ainda que Laurelbrook fosse o último lugar do planeta, eu jamais


iria para lá.” O jovem Bob Zollinger, recém egresso do exército, disse enfático. “Eu
vou voltar para Little Creek e ficar lá.”
Bob havia servido como monitor dos rapazes em Little Creek, por algum
tempo, antes do exército recrutá-lo. Era seu desejo permanecer aí, até que o Senhor
tornasse inequivocamente claro que ele devesse sair e ir para outro lugar, a fim de
ser útil.
“Mas alguns dos irmãos continuaram pressionando-me para ir para
Laurelbrook”, o jovem continuou. “Tão persistentemente me dizem que
Laurelbrook é o lugar para onde eu deveria ir, que estou farto dessa idéia. Ainda
que esse fosse o último lugar na terra, eu jamais iria para lá.”
Assim pensava o jovem Bob.
No dia seguinte, o irmão de Bob, Beecher, foi à casa de sua irmã, em
Collegedale, a fim de ver Bob.
“Estou indo para Little Creek amanhã”, disse Beecher, “quer ir comigo?”
“Claro”, foi a resposta, “ficarei contente de ir!”
“Certo, vou apanhá-lo ao meio dia”, disse Beecher e, então, acrescentou:
“Tenho que parar em Laurelbrook para fazer uma ou duas coisas, mas não vou me
demorar. Você não vai achar ruim, vai?”
“Sem problemas”, respondeu Bob. Uma ou duas horas no campus não seria
ruim. Contanto que isso não fosse permanente.
No dia seguinte, estavam os dois irmãos dirigindo-se, ao longo da estrada,
para Laurelbrook. Em Dayton, pararam no único semáforo dessa cidade.
Então aconteceu!
“Parecia como se o carro inteiro estivesse se desfazendo”, disse Bob, alguns
anos depois, ao descrever o incidente.
Os dois homens conduziram vagarosamente o carro danificado para uma
oficina próxima.
“É como se estivesse batendo pinos”, o mecânico diagnosticou, após escutar
o motor.
“Quanto tempo vai levar para consertá-lo?” Beecher perguntou.
“Não vou poder consertá-lo antes da próxima terça,” foi a resposta.
“Próxima terça – isso significava passar alguns dias em Laurelbrook”, Bob
pensou consigo.
Uma ligação para a escola, a 16 quilômetros de distância, e o tio dos jovens
logo foi apanhá-los. O tio Hick e a tia Gentille Zollinger estavam felizes por recebê-
los.

31
Naquela noite, enquanto a família estava reunida na sala de estar da velha
casa, comendo uvas, os jovens chegaram para o culto vespertino.
“Tio Hick, quem cuidará dos garotos nesta noite?” Perguntaram. Tia
Gentille, que sempre se manifesta nessas horas: “Bob irá ficar com vocês hoje à
noite,” ela propôs.
Bob, que teria mesmo que ficar em qualquer lugar, aceitou a designação de
bom grado. Quando ele chegou à antiga casa da fazenda, que estava servindo de
dormitório para os meninos, procurou à sua volta um local para dormir.
“Quando o Sr. Sheffield fica conosco, ele dorme naquele beliche ali”, disse
um dos garotos.
Depois de conversar um pouco, respondendo as perguntas sobre os dias
que passou no exército, Bob disse sonolento: “Bem, é melhor todos nós irmos
dormir”.
Bob permanecera na cama apenas alguns minutos, quando uma pequena
mão foi ao seu encontro, tateando – exatamente como o seu pequeno David sempre
fazia à noite. Logo um garotinho havia se movido lentamente para a cama de Bob.
“Sr. Bob”, ele perguntou de forma anelante, “você vai ficar em Laurelbrook
e cuidar de nós?”
“Alguma coisa tocou meu coração naquele momento, quando o pequeno
garoto fez aquela pergunta”, Bob disse, anos depois, relembrando esse incidente.
“Então, comecei a perceber que o Senhor poderia ter um ministério para mim em
Laurelbrook, em vez de Little Creek, afinal de contas.”
No dia seguinte, depois de Bob e Beeacher terem se dirigido para Little
Creek, em um carro emprestado, o Senhor selou o acordo.
“Bob, você tem algum plano para os próximos dias?” O professor Leland
Straw perguntou.
“Não, por que, Professor”, foi a amável resposta. “Não exatamente.”
“Bem, então”, o professor Straw prosseguiu, “há algo que você poderia
fazer para nos ajudar, se você estiver disposto”.
Bob sempre estivera pronto para ajudar o Professor Straw. Os Straws o
tinham, praticamente, criado e Leland era, realmente, o único pai que Bob
conhecera.
“Certamente, professor, o que é?”
O professor Straw explicou que ele e Bernie Sheffield estavam indo assistir a
uma reunião especial, na Califórnia, e precisavam de alguém para ficar em
Laurelbrook, enquanto o irmão Sheffield estivesse ausente.
Assim, Bob Zollinger foi para Laurelbrook. Isso foi em outubro de 1953. A
história de Laurelbrook, desde aquela data, e a história da vida de Bob são quase
inseparáveis.
“Apesar de ter dito às pessoas que estaria lá apenas temporariamente”,
Zollinger disse mais tarde, “eles me perguntavam insistentemente quanto tempo
eu iria ficar. O fato é que fiquei em Laurelbrook para sempre, desde então. Se o

32
Senhor me perguntasse por que eu ainda estava em Laurelbrook, anos depois, eu
Lhe responderia, porque Tu me trouxeste para cá”.
Em seu início, Laurelbrook foi administrado, por alguns anos, como uma
filial de Little Creek. B. S. Sheffield, que era vice-presidente em Little Creek,
também trabalhou como administrador de Laurelbrook. Naqueles dias, a pequena
escola contava com 14 alunos estudando, do sétimo ao décimo ano. Sete
professores carregavam a responsabilidade de ensinar e cuidar dos 93 mil metros
quadrados da propriedade. Naquela época, a ampla e antiga casa da fazenda e
outros poucos prédios, localizados entre as árvores, eram tudo o que havia para a
“escola.” Não havia nenhuma obra médica.
Quando Bob Zollinger tomou o encargo de Laurelbrook, em 1956, os
alojamentos eram um pouco rudimentares. Ele e sua esposa moravam na antiga
casa das batatas doces, na colina. Caso necessitassem tomar banho, ou ir ao
banheiro, teriam que descer até a antiga casa da fazenda, a mais de cem metros de
distância.
Naqueles dias, o dormitório dos meninos não possuía nenhum banheiro
moderno. Havia um banheiro externo e, para tomar banho, eles podiam usar o
porão da capela do prédio, a mais ou menos uns 400 metros de distância.
“Nós não estávamos preocupados com relação à ausência de ‘instalações
sanitárias’ naqueles dias”, diz o Sr. Bob para os jovens, hoje. “Mas hoje, achamos
que temos que ter quartos extras e dois banheiros em cada casa.”
“Às vezes”, ele continua amavelmente, “mesmo hoje, as coisas podem não
ser exatamente como se gostaria que fossem. Talvez o piso não seja o do tipo que
vocês gostariam que fossem. Talvez as janelas não sejam também as do tipo
desejado por vocês. Mas, saibam disso, foi Deus quem colocou todas estas coisas
lá”.
“Talvez Ele possa nos estar lembrando de que precisamos manter nossa
escola mais simples. Ele quer que aprendamos a apreciar as coisas simples, para
aprendermos a ser humildes e para estarmos satisfeitos apenas com as coisas que
necessitamos. Não precisamos realmente das coisas extravagantes.”
Durante os primeiros dias da administração de Bob Zollinger, a escola
enfrentou muitos problemas. (Talvez eles ainda enfrentem). Certa vez, contavam
com 17 funcionários e 25 estudantes. Durante seus primeiros meses na liderança, as
entradas, para prover as necessidades de todo esse pessoal e para gerir a
instituição, eram a grande soma de 132 dólares. Felizmente, era verão e a horta
provia alimento. A conta de energia era baixa, pois alguns dos prédios não
possuíam eletricidade.
Um dia, o Sr. Bob estava em seu pequeno escritório, conversando com um
comerciante que havia pedido para vê-lo, e Joyce Ferguson, que era responsável
pela cozinha, veio até a porta.
“Sr. Bob”, disse ela, “preciso falar-lhe por um minuto”.
“Eu não sei o que fazer”, a senhorita Ferguson disse, “não temos nenhum
pão e estamos completamente sem trigo.”

33
Sr. Bob pensou um momento.
“Bem”, ele respondeu lentamente, “acho que nós vamos ter que usar
alguma outra coisa, porque não temos nenhum dinheiro para comprar trigo
agora.”
Joyce saiu desapontada, mas cantando.
O Sr. Bob voltou para o escritório e terminou seu negócio com o visitante.
Quando saia pela porta, o homem colocou a mão no bolso e tirou uma cédula de
dez dólares.
“Aqui está, vá e compre algum trigo”, disse ele e saiu.
Naqueles dias, dez dólares eram dez dólares, e isso significava três sacas de
trigo e pão, para muitos dias. Deus providenciara!
Chegou o tempo em que os líderes começaram a estudar e a orar mais do
que nunca, procurando saber a vontade e o caminho de Deus, para sua pequena
escola.
“Em nosso estudo”, um dos funcionários recorda, “nós logo aprendemos
que o plano de Deus era um empreendimento médico-missionário.”

“A obra da escola e do sanatório deveria ir avante de mãos dadas”, eles leram no


livro The Madison School (A Escola de Madison), página 34.

Os líderes de Laurelbrook sentiram-se impressionados, então, com o fato de


que à obra educacional, que eles estavam fazendo no campus, deveriam ser
adicionados recursos “para tratar os doentes e feridos”. – Ibid., p. 33.
À medida que a direção da escola estudava os escritos do Espírito de
Profecia, na varanda da ampla e antiga casa, naquele dia, determinaram que algo
devesse ser feito para programar o conselho do Senhor, em Laurelbrook.
Era um domingo. A mesa diretora, então, propôs que os membros
caminhassem pela floresta e pela propriedade, à procura de um lugar para um
pequeno sanatório. Depois de um algum tempo, chegaram a um acordo com
relação à melhor localização.
Tomando uma estaca de madeira, um membro representou a decisão do
grupo, cravando-a no solo, próximo à estrada principal. “Aproximadamente aqui
será a porta de entrada do sanatório”, eles combinaram.
O que fazer para conseguir dinheiro para começar o projeto? Então,
lembraram-se de que um funcionário de Madison havia estado lá, algumas
semanas antes, e havia feito uma doação de 46 dólares, antecipando, assim, o
tempo em que eles deveriam começar a unidade de saúde.
Eles tinham 46 dólares – e Deus! Um bom começo.
Com seus limitados recursos, trouxeram algumas pás, algumas picaretas e
um machado. Começaram o trabalho, limpando o local e deixando-o pronto para a
escavação dos alicerces do sanatório.

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“Logo vimos que iria levar muito tempo para se cavar os alicerces de um
edifício com 45 metros por 15 metros, em sua base, usando apenas picaretas e pás”,
disse Bob, anos depois.
Assim, eles conseguiram emprestada uma escavadeira, de Little Creek, para
continuar o trabalho. A máquina tinha duas lâminas, puxadas por um pequeno
trator, que removia, mais ou menos, dois carrinhos de mão de cascalho de uma só
vez. Isso apressou a operação consideravelmente. Depois de trabalharem de dia até
a noite, por muitos dias, Bob Davis, Sherman Hasty, Dale Nelson e Bob
completaram a escavação.
Então, começou a produção dos blocos. Uma pequena máquina manual de
fabricação de blocos, dada à escola para pagar a taxa do ensino, moldava uma
média de 10 a 15 blocos por dia. Em um dia realmente bom, podiam aumentar a
produção para 20. Estimaram que, nessa marcha, levariam muitos dias para que
fossem produzidos os 10 mil blocos necessários.
Então Deus interveio.
Um dia, enquanto trabalhavam, um estranho veio caminhando pela floresta.
Ele se apresentou como sendo um vendedor.
“Eu simplesmente vi que os amigos estavam trabalhando e pensei em dar
uma passada para ver o que estavam construindo”, disse ele.
“Nós estamos construindo um sanatório”, um dos rapazes respondeu.
O desconhecido olhou-os por um momento, deu uma olhada ao redor e
então falou.
“Conheço um homem que tem uma máquina de blocos elétrica”, disse ele .
“Ele fabricava blocos, mas parou de fabricá-los e ela está agora encostada em seu
celeiro. Eu o ouvi dizer, um dia, que a venderia, mesmo que só conseguisse até 50
dólares por ela.”
“Qual é o nome dele?” Bob perguntou ansiosamente. “Onde ele mora?” Em
uma tira de papel, o estranho escreveu o nome e o endereço de um homem, em
Jasper, no Tennessee. O desconhecido virou as costas e voltou para a floresta.
“Nós nunca o tínhamos visto antes, nem nunca mais o vimos, desde aquele
dia”, disse um dos rapazes. Eu só me perguntava se não era ... ?
Em consulta com os irmãos em Little Creek e com os recursos para
garantirem as despesas do projeto, Bob e seus ajudantes foram para Jasper. A velha
máquina estava parcialmente enterrada na lama, no celeiro onde o homem
confinava seus porcos. Trabalhando com lama até os joelhos, os homens finalmente
foram capazes retirar a máquina e levaram-na para Laurelbrook.
Mas, a umidade tinha arruinado os suportes!
Novamente Deus assumiu o controle.
Na parte de cima de uma prateleira, na loja do Sr. Sheffield, havia dois
suportes. Sem nenhuma razão aparente, ele se sentira impressionado a pegá-los e a
jogá-los fora, há alguns meses. Eles lhes foram dados de graça e encaixaram-se
perfeitamente na velha máquina de blocos!

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Mas os seus problemas ainda não estavam resolvidos! A máquina estava
limpa, soldada e lubrificada, mas lá estava ela sem nenhum motor para fazê-la
funcionar.
Deus ainda cuidava de Seus filhos.
“Bob, você gostaria de viajar para Ohio comigo, para irmos ao casamento de
Bonnie Block?” Paul Burdick o convidou, um dia. “Nós voltaremos logo.”
“Com certeza, eu irei”, Bob concordou.
Sentado na pequena igreja em Ohio, antes do casamento, Bob sentiu uma
batidinha em seu ombro. Ele se virou para ver quem era. E era o Sr. Schowoco, o
pai de um garoto que Bob Zollinger tinha conhecido em Little Creek.
“Bob”, ele começou, “enquanto eu estava sentado aqui, senti a impressão
que tenho algo em minha casa que você pode ser capaz de usar. Se você tiver
tempo, passe em minha casa, depois do casamento, e eu te mostrarei.”
Terminado o casamento, Bob e Paul foram à casa do senhor Schowoco.
Levando os dois homens até sua ampla garagem, o Sr. Schowoco mostrou
um engradado de madeira escorado no canto.
“Alguém me deu este motor novinho”, o Sr. Schowoco explicou. “Eu
realmente não tenho nenhuma necessidade dele. Vocês podem usá-lo?”
Será que eles podiam? Era exatamente pelo que estavam orando – e um
novinho. E o melhor de tudo, esse era exatamente o tipo e tamanho de que
precisavam, para a máquina de fazer blocos. Deus nunca falha. Em vez de 10 ou 15
blocos por dia, estavam fabricando, inesperadamente, em um curto espaço de
tempo, 200 a cada duas horas. Logo tinham blocos empilhados por toda parte.
Deus estava só esperando para ajudar em outras duas necessidades de
Laurelbrook.
Eles precisavam de janelas. Uma fábrica em Dayton providenciou as janelas.
O prédio precisava de um telhado. Por este tempo, o Senhor impressionara uma
mulher não adventista, de Knoxville, a fim de que visitasse Laurelbrook. Ela
visitou o local do sanatório.
“Parece que todos vocês precisam de um teto para este prédio”, arriscou ela.
“Sim”, respondeu Bob, "com certeza precisamos”.
“Bem, quanto isto custaria?”
Bob respondeu, em sua inexperiência, sobre o custo de um telhamento.
“Mais ou menos 1.500 dólares”, disse ele. Isto soava como muito dinheiro para os
obreiros de Laurelbrook. A mulher partiu.
Poucos dias depois, um cheque no valor de 1.500 dólares chegou pelo
correio. Bob e seus amigos correram para a companhia Pikeville Lumber, para
adquirirem o material necessário. Eles logo descobriram que só o vigamento, para
a armação, custava 1.500 dólares. Para conseguirem o compensado para o forro e
as telhas, precisariam de mais mil dólares. Eles ficaram paralisados.
“Bob”, o sorridente vendedor de madeira disse, “eu trouxe de volta uma
carroceria cheia de madeira. Os homens, que planejaram o madeiramento dessa
obra, erraram nos cálculos. Ultrapassou o planejado um pouquinho e o pessoal

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rejeitou a sobra. Se você puder usar esta madeira, eu a entregaria em Laurelbrook e
a descarregaria por 500 dólares. Acho que há madeiramento suficiente lá, e tudo o
mais, para deixar o telhado pronto para você”.
Com essa economia e outros recursos que haviam recebido, a construção do
teto prosseguiu.
“Agora, por que as pessoas erram nos cálculos, eu não sei”, Bob diria mais
tarde, “ou por que elas rejeitam sobras de madeira, ou por que isto aconteceu,
exatamente, quando nós estávamos precisando? Mas, foi dessa forma que nos
aconteceu. Eu sei, também, que tudo isto faz parte do plano de Deus, para manter
Sua obra em andamento aqui em Laurelbrook.”
Mas houve, ainda, “muito mais”, com relação à maneira de Deus lidar com
Laurelbrook.
A instituição possuía apenas 93 mil metros quadrados de área. A fim de
levar avante o programa, que tinham convicção de que o Senhor desejava que fosse
realizado por eles, precisavam de muito mais área. À Agricultura, o ABC da
Educação, deve ser dada a devida atenção. Eles haviam tentado comprar terrenos
de seus vizinhos, com pouco ou nenhum sucesso.
Então, em um sábado pela manhã, os estudantes viram uma fumaça preta
saindo da casa do vizinho. Naquela ocasião, os Blevins haviam saído para
ordenhar. A pequena casa logo se transformou em cinzas. Os funcionários e os
estudantes de Laurelbrook se agruparam, na ocasião, e acomodaram os aflitos
vizinhos na escola, a fim de que fossem ajudados.
A bondade causou impressão. Poucos dias depois, o Sr. Blevins encontrou
Bob.
“Sr. Zollinger”, ele começou, “eu quero que Laurelbrook fique com a minha
propriedade. Eu percebi o que você e as crianças fizeram por nós. Eu a venderei
para você por 12 mil dólares”.
Bob ligou para Roger Goodge, em Little Creek, e disse-lhe por quanto os 417
mil metros quadrados poderiam ser comprados.
“Se eles oferecerem a vocês por seis mil dólares, eu levarei a proposta para a
mesa diretora,” respondeu o Sr. Goodge.
Durante uma ou duas semanas depois, o vizinho baixou o preço – primeiro
para dez mil dólares e, então, para oito mil dólares.
“Sinto muito,” disse Bob, “Nós não temos o dinheiro.”
Então, poucos dias depois, o Sr. Blevins encontrou Bob novamente.
“Sr. Zollinger”, ele começou dizendo, “minha esposa e eu decidimos que, se
você comprar a localidade por oito mil dólares, em contrapartida, doaremos dois
mil dólares para a escola.”
Subtraindo dois mil dólares de oito mil dólares, você tem os seis mil dólares
– exatamente o valor que o Sr. Goodge tinha dito.
“Diga-lhes que nós vamos querer, se pudermos levantar o dinheiro em
trinta dias”, Goodge instruiu Bob por telefone. “Se nós não pudermos conseguir o
dinheiro, o trato será desfeito”. E acrescentando, como se fosse uma explicação

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posterior, disse: “Mas lembre-se, a responsabilidade de levantar os seis mil dólares
é toda de vocês!”
Todo o meio-dia, os funcionários e estudantes se reuniam, para orar pelos
seis mil dólares. Dentro de três semanas, todos esses dólares estavam em mãos.
Laurelbrook passou de 93 mil metros quadrados para 510 mil metros quadrados,
quase da noite para o dia. Deus não perde tempo quando coloca Sua mão para
ajudar.
Através dos anos, mais de quatro quilômetros quadrados milagrosos têm
sido adicionados à propriedade de Laurelbrook. “Nós vivemos em uma
propriedade de quase 5 quilômetros quadrados que pertencem a Deus”, diz Bob
hoje. Na medida em que ele relata a história da aquisição das 20 diferentes partes
da propriedade, que compõem os quase 5 quilômetros quadrados, é que se pode
entender do que Zollinger está falando.
Deus tem concedido mais do que áreas.
Chegou o tempo em que o Estado do Tennessee acabou proibindo o uso do
antigo prédio da fazenda, para fins de moradia. Os líderes de Laurelbrook foram
advertidos de que deveriam levantar prédios à prova de fogo, caso as crianças
devessem ser mantidas no campus.
A construção de um novo dormitório para as meninas começou. Como
sempre, os recursos eram poucos e foram feitas orações para quase cada bloco de
cimento assentado para o edifício. As paredes chegaram à altura das janelas.
Quando o dinheiro era pouco, mais orações traziam mais doações. Agora eram
necessárias as janelas.
O grupo de oração do meio dia concentrou sua atenção nas janelas do
dormitório, toda vez que se reuniam.
Um dia, quando o Sr. e a Sra. Zollinger se apressavam para irem ao grupo
de oração, exatamente naquela hora, alguém gritou: “Sr. Bob, telefone para você”.
Enquanto Bob Zollinger se voltava para ir ao escritório, solicitou:
“Lembrem-se de dizer às crianças, que orarem pelas janelas do dormitório
novamente hoje. Não podemos parar até que consigamos as janelas”.
O tio do Sr. Zollinger estava do outro lado da linha. Tinha acabado de
chegar de Chattanooga e disse a Bob: “Há um homem que trabalha na recuperação
da estrada de ferro, lá em Chattanooga”, explicou ele, “e esse homem tem algumas
janelas. Elas estavam nos destroços de um trem. Passe em Chattanooga e dê uma
olhada nelas. Se puder utilizá-las, ele disse que as venderia por um preço bom para
você”.
O Sr. Bob correu para Chattanooga. “As janelas eram exatamente as que nós
estávamos precisando; o tamanho apropriado para os quartos das meninas. Nem
mais, nem menos. Havia exatamente as janelas necessárias para os banheiros e as
necessárias para o apartamento dos preceptores. Não havia nenhuma sobra”, disse
Bob.
“Todavia, eu não sei qual anjo separou aquele trem, com aquelas janelas
nele”, observaria mais tarde, um líder muito agradecido. “Mas, enquanto

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orávamos pelas janelas, o Senhor já havia respondido nossas orações e tomado
conta de nossas necessidades.”
Todas aquelas janelas custaram apenas 110 dólares!
Um dos principais centros, do campus de Laurelbrook, é o prédio de
habilidades vocacionais. Ali estão estabelecidos a fábrica de conservas, a gráfica, o
alojamento do pessoal da construção, a sala de força, a despensa dos alimentos, as
salas de aula, a biblioteca, a loja de fotografia, a área de fabricação de cerâmica e o
auditório.
O Sr. Bob declara que aí está outro milagre. “Tudo o que se tem a fazer é ir e
dar uma olhada. Ver todas as coisas que estão lá. Eu, realmente, não sei como elas
foram parar lá. Ninguém sabe. Parece apenas que Deus tem sua própria forma de
juntar as coisas, de maneira que nós não entendemos”, o presidente da instituição
relembra aos seus estudantes. “Se se mostrasse aquele edifício a qualquer pessoa e
lhe dissesse: gastamos apenas 50 mil dólares nele, provavelmente pensariam que
você estaria inventando alguma história.”
Ao concluir seu discurso de abertura, dirigido ao corpo de alunos, no
começo do ano escolar, em 1979 - 80, o Sr. Zollinger disse: “Portanto, jovens, o que
eu gostaria que vocês entendessem, e não se esquecessem é que, a cada dia, vocês
estão andando em solo santo, neste campus. Lembrem-se também da razão pela
qual vocês estão aqui. É muito mais do que aprender Álgebra ou Geometria, ou
Química, ou qualquer outro assunto como estes; o que, realmente, importa é que
vocês aprendam a conhecer a Deus. Saber que Ele se comunica com vocês, em suas
vidas cotidianas. Vocês estão em um local, onde verão Deus atuando, ajudando a
resolver nossos problemas, suprindo nossas necessidades e trazendo paz e alegria
para nossas vidas. Deixem os seus corações serem abertos para receber essas
coisas”.
“Deus está tentando lhes dizer que Ele precisa de vocês, jovens. Ele precisa
que vocês estejam preparados para finalizarem a Sua obra.”
Isto, certamente, é o que Laurelbrook representa.

39
CAPÍTULO 4

MADISON
A FONTE DE INSPIRAÇÃO PARA TODOS

Como descrever adequadamente a queda, pelo declive da montanha, de um


imponente cedro, a árvore mais altaneira, quando o plano Divino escolhera a
montanha rochosa, sobre a qual esse cedro estivera em pé, e nutrira essa árvore,
elevando-a às alturas?
Como pode, também, um autor tratar convenientemente do
estabelecimento, do desenvolvimento e do fim da Faculdade de Madison, em um
livro sobre a Obra de Sustento Próprio na Igreja? Por acaso, ela poderia ser
ignorada? A Faculdade Madison não pode ser ignorada. Deveríamos, então, fazer
apenas uma menção de Madison, em qualquer outro capítulo e, assim,
reverenciarmos a memória de uma instituição que serviu aos seus dias e
desapareceu do cenário? Madison merece mais do que uma saudação.
Madison merece um capítulo, em qualquer livro, sobre a Obra de Sustento
Próprio.
A Faculdade de Madison foi, com certeza, única entre as instituições
adventistas de ensino superior. A edição da revista Seleções, de 1938, contém um
artigo sobre Madison intitulado: “A Faculdade de Sustento Próprio.” De acordo
com o Sr. Mabel Towery, centenas de não-adventistas escreveram para a faculdade
procurando admissão naquela escola, onde poderiam se auto-sustentarem.
Também, em 1938, Robert Ripley, do célebre “Acredite se Quiser”, chamou-a de a
única faculdade de sustento próprio nos Estados Unidos. Em 6 de outubro do
mesmo ano, a Sra. Eleanor Roosevelt dedicou uma coluna inteira, chamada “Meu
Dia”, à faculdade Madison, sua filosofia educacional e à contribuição que essa
instituição havia dado para a Educação americana de então.
Eu saúdo aos homens e mulheres que, sob a guia de Deus, tornaram
Madison um poderoso fator na obra da Igreja Adventista do Sétimo dia mundial.
Tenho encontrado graduados de Madison servindo à causa, efetiva e
amavelmente, em muitas terras.
“Apesar de a faculdade ter fechado suas portas, em setembro de 1964, o
espírito de Madison permanece vivo”, declara corretamente Ralph Davidson,
auditor aposentado da Associação Geral e um dos ex-presidentes de Madison. “Os
conceitos que trouxeram Madison à existência e a sustentaram por sessenta anos,
permanecem vivos. Eles têm tido seus efeitos na Educação Adventista, ao redor do
mundo.”
Madison foi, na verdade, um cedro plantando sobre a colina da aprovação
divina. “O Senhor ajudou na escolha da localidade para a escola”, Ellen White
escreveu:

40
“Foi-me mostrado que a propriedade deveria ser assegurada para a escola, e os
aconselhei a não procurarem mais... Eu creio que esta fazenda é o lugar apropriado para a
escola.” – Testimonies Special, Séries B, No. 11.

É-nos dito que a mesa diretora de Madison foi a única da qual Ellen White
sempre fizera parte como membro.
Através dos anos, a mensageira do Senhor escreveu muitos testemunhos
encorajadores para E. A. Sutherland, P. T. Magan e seus colegas, nos primeiros dias
da história de Madison.

“Eu acredito plenamente que aqueles que estão envolvidos com a escola, em
Madison, estão cumprindo a vontade de Deus.” – Ibid.
“Os irmãos Sutherland e Magan estão tão verdadeiramente aptos a fazerem a obra
do Senhor em Madison, como o estão os demais obreiros designados para desempenharem
suas tarefas na causa da verdade presente.” – Ibid.

Da mesma forma, Ellen White encorajou a organização da Igreja a auxiliar


os obreiros de Madison, na obra que estavam realizando:

“Os líderes na obra da escola de Madison são obreiros juntamente com Deus. Muito
deve ser feito em seu favor por seus irmãos.” Ibid.

Escrevendo para um presidente de associação, em 5 de fevereiro de 1907, ela


disse:

“Escrevi para solicitar-lhe que se interessem pela Escola de Madison.” - ibid.


“Não permita que ninguém fale palavras que tendam a denegrir o trabalho deles, ou
desviar os estudantes da escola.” – Ibid.
“Aos obreiros em Madison, eu diria, tenham bom ânimo. Mantenham a fé. Vosso
Pai Celestial não lhes tem deixado que obtenham sucesso por vossos próprios esforços.
Confiem nEle, e Ele operará em vosso favor.” – Ibid.

O Espírito de Profecia aconselhou que outras escolas, segundo “o modelo de


Madison”, devessem ser estabelecidas:

“Todos os recursos possíveis deveriam ser destinados para estabelecer escolas, com
as normas de Madison, em várias partes do Sul; e aqueles, que empregarem seus recursos e
sua influência para ajudar essa obra, estarão ajudando a causa de Deus.” – Ibid.

Ellen White ressaltou que a Obra de Sustento Próprio, nas mesmas


condições de Madison, é apenas um dos muitos canais através dos quais o Senhor
está trabalhando, para apressar a proclamação de Sua mensagem,

“para toda nação, tribo, língua e povo”.

41
“Na obra que está sendo feita na escola de treinamento para professores
missionários, que atuarão em nosso país e no estrangeiro, em Madison, Tennessee, e nas
pequenas escolas estabelecidas pelos professores que têm saído de Madison, temos a
demonstração de um exemplo pelo qual a mensagem será levada a muitos, muitos lugares.”
– Ibid.

E. A. Sutherland e P. T. Magan, ambos experientes educadores


denominacionais, foram os pais fundadores da Faculdade de Madison. Esses
homens fizeram o seu curso médico, após Madison ser estabelecida. Graduaram-se
juntos, em 1914.
Edward Sutherland (1865-1955) trabalhou como presidente das faculdades
Emmanuel Missionary College, Walla Walla College e Battle Creek College, antes
de se tornar o primeiro presidente de Madison. P. T. Magan nasceu na Irlanda, em
1867, e fora tanto um educador, como um administrador, por muitos anos na
Igreja, antes de se tornar o reitor do principiante Instituto Normal e de Agricultura
de Nashville, como Madison era conhecida em seus primeiros anos.
Ao Dr. David Paulson pertence o crédito de ter sido aquele que sugeriu a
idéia de se estabelecer uma escola, que concedesse oportunidades educacionais a
jovens, que não tivessem condições financeiras, mas que fossem compromissados e
não tivessem medo de trabalhar. Quando Paulson compartilhou seu pensamento
com E.A. Sutherland, num encontro em Michigan, Sutherland ficou imediatamente
impressionado.
“Se eu estivesse em seu lugar”, Paulson disse, “eu estabeleceria uma escola
cujas portas se abririam a qualquer jovem, homem ou mulher, de caráter digno e
que estivesse disposto a trabalhar. Deve-se adquirir uma grande extensão de terra
e oferecer instalações para estudantes de Sustento Próprio.” – SDA Encyclopedia, p.
827.
Em 1904, os Drs. Sutherland e Magan foram para o Sul, de onde, no início
de junho, viajaram até Cuberland River, no navio Morning Star (Estrela da Manhã),
com Ellen White, juntamente com outros, a procura de uma propriedade. Aqui,
próximo a uma ilha, em Neely’s Bend, em Larkin Springs, eles examinaram uma
fazenda conhecida como Nelson Place, mas, na época, pertencia ao Sr. Ferguson.
Ellen White identificou esse pedaço de terra como o local sobre o qual eles
estabeleceriam a sua nova instituição de Sustento Próprio.
A deteriorada fazenda, cheia de regos, coberta com mato, galhos cortados e
muitas pedras sobre a terra, desafiava, até mesmo, os mais capazes daqueles
tenazes pioneiros.
“Todos trabalhavam, inclusive o presidente e o reitor”, o Dr. W. C.
Sandborn, mais tarde presidente de Madison, escreveu em sua tese de doutorado.
“Eles tinham que trabalhar, pois suas próprias subsistências dependiam de
fazer funcionar a instituição de sustento próprio, desde o começo.”
As construções estavam baseadas “no modelo de chalé”, padronizado por
Thomas Jefferson, nos primórdios da Universidade da Virgínia.

42
Por volta de 1910, as despesas da escola foram calculadas em 10,5 dólares
por mês. O salário dos professores era de 13 dólares por mês. Antes da obra da
universidade e da faculdade ser acrescida ao currículo, a instituição operava como
uma “Escola Especial.” Ali, os jovens eram treinados para servir como “professores
e obreiros missionários de Sustento Próprio”.
“A única exigência para a admissão naqueles primeiros anos”, W. C.
Sandborn recorda, “era uma mente madura e um profundo interesse no desafio
missionário de Sustento Próprio”.
A escola de ensino médio foi credenciada em 1927, a faculdade em 1928 e a
primeira turma da faculdade graduou-se em 1933. A escola foi reconhecida,
primeiramente, pela Universidade do Tennessee e pelo Departamento Estadual de
Educação. Os líderes pioneiros de Madison não perdiam tempo em colocar seus
produtos no campo missionário. Após dois anos de sua inauguração, os
estudantes estavam sendo enviados para encontrar localidades apropriadas, para
abrirem outras escolas, “de acordo com o modelo de Madison”.
A Sra. Lida Funk Scott, filha do Dr. Isaac K. Funk, co-fundador da
companhia de publicações Funk & Wagnall, era uma admiradora dos princípios
educacionais de Ellen White. A Sra. Scott fez sua primeira visita ao campus de
Madison, em 1914, como uma paciente. Ela ficou muito impressionada com o que
viu. Ira Gish e Harry Christman, em seu livro, Madison, God’s Beaultiful Farm
(Madison – A Bela Fazenda de Deus), reconhece o impacto que a Sra. Scott teve, não
somente com respeito a Madison, mas também sobre toda a obra de Deus nas
terras do Sul. Em 1918, ela se estabeleceu em Madison e devotou sua vida e fortuna
a Madison e a outras instituições “de acordo com o modelo de Madison”, através
da Layman Foundation (Fundação Leiga).
“A real história do crescimento da esfera de influência de Madison começou
quando a Sra. Lida Funk Scott chegou a Madison, em busca de descanso e
renovação de espírito, após grande mágoa e desapontamento que se havia abatido
sobre ela. O rápido restabelecimento à sua saúde normal inspirou-lhe o dever de
difundir os planos de Madison. Suas visitas pessoais aos centros das comunidades,
dedicadas à Obra Médico-Missionária e Educacional agraciou extensas terras do
Sul e formou um padrão de colaboração ao equipar escolas, clínicas de repouso,
sanatórios, hospitais e instalações de treinamento para enfermeiras, professores e
agricultores. Muitos dos jovens, que freqüentaram esses centros, uniram-se aos
graduados da Faculdade de Madison, ocupando posições de responsabilidade nos
Estados Unidos e em campos estrangeiros.” – Madison God’s Bealtiful Farm (Madison
- A Bela Fazenda de Deus), pp. 180 e 181.
A. A. Jasperson, um ex-presidente da Faculdade Madison e da Layman
Foundation, certa vez escreveu: “A soma de dinheiro dedicada pela Sra. Scott
atingiu aproximadamente um milhão de dólares”. A Sra. Scott permaneceu ativa
até o tempo de sua morte, em 1945.
Um duro golpe foi desferido no programa da fazenda Madison, em 1931,
quando sua junta de mulas morreu. Dois dos professores assumiram a

43
responsabilidade financeira de repor a junta. No Madison Survey (O Exame de
Madison), de 30 de setembro de 1931, sob o título de “Fundo para as Mulas”, um
apelo por contribuições foi emitido aos amigos de Madison por toda parte:
“Se aqueles que estão interessados em ajudar os estudantes, a se auto-
sustentarem na escola, pudessem ver apenas a colheita, que tem sido produzida
por alguns dos jovens que cuidam dos projetos agrícolas, com a ajuda desta junta
de mulas, alegremente fariam esta doação, sendo em dinheiro ou penhor.”
O débito de 87 dólares foi rapidamente liquidado.
Desde o começo, a educação oferecida por Madison deveria ser diferente.
Não deveria seguir o tipo de educação oferecida em nossas outras Escolas
Adventistas. Ellen White escreveu:

“Foi-me mostrado que, em nossa obra educacional, não devemos seguir os métodos
que têm sido adotados em nossas instituições educacionais mais antigas.” – Special
Testimonies, Série B, No. 11, p. 29.

A mensageira do Senhor resumiu a filosofia da Educação, que os pioneiros


da nova escola deveriam sempre ter em mente:

“A escola em Madison não apenas educa no conhecimento das Escrituras, mas


oferece um treinamento prático, que prepara o estudante para seguir em frente, como um
missionário de sustento próprio, no campo para onde for chamado.” - An Appeal for the
Madison School (Um Apelo à Escola de Madison), de 25 de maio, de 1908.

Ela então chama a atenção para a importância de uma educação prática para
os futuros obreiros:

“Se, ao abrir a providência de Deus, se tornar necessário construir uma casa para
reuniões, em alguma localidade, o Senhor se agradará se dentre o Seu próprio povo houver
aqueles aos quais Ele tem dado sabedoria e habilidades, para realizar a obra necessária.” –
Special Testimonies, Séries, B No. 11, p. 26.
“Aos estudantes têm sido ensinado o cultivo de suas próprias colheitas, a construção
de suas próprias casas e o sábio cuidado do rebanho e das aves. Foram ensinados a se
tornarem auto-sustentáveis e um treinamento mais importante do que estes eles não
poderiam receber. Dessa forma, obtiveram uma valiosa educação para a utilidade nos
campos missionários.” – An Apeall for Madison School (Um Apelo à Escola de Madison),
de 25 de maio de 1908.

De volta à pátria, em 1979, o tenente coronel Jack Gibbons, um ex-aluno de


Madison, prestou um alto tributo às excelentes qualidades que lhe foram
inculcadas, durante sua estada na escola. Falando do período que serviu na guerra
da Coréia, ele escreveu:
“Vocês sabem o que me manteve fiel, mesmo em meio às dificuldades
durante a guerra? Foi, em parte, devido ao treinamento de resistência que nós

44
tivemos, sentados aos pés de professores cristãos, exatamente aqui em Madison. A
filosofia que Madison tinha sobre Educação é revelada na declaração de Ellen
White no livro, Educação, página 13:

‘A verdadeira educação significa mais que a prossecução de um certo curso de


estudos. Significa mais do que a preparação para a vida presente. Visa ao ser todo, e todo o
período da existência possível ao homem. É o desenvolvimento harmonioso das faculdades
físicas, intelectuais e espirituais. Prepara o estudante para o gozo do serviço neste mundo, e
para aquela alegria mais elevada por um mais dilatado serviço no mundo vindouro.’”

“Madison ajudou a desenvolver as faculdades físicas, através do trabalho –


trabalho duro. Eu nunca trabalhei tão duro em minha vida, como o fiz enquanto
era um estudante em Madison” – Madison Survey (O Exame de Madison), de junho, de
1979, p. 2.
Descrevendo as necessidades por obreiros, nos últimos dias, com diversos
dons, Ellen White escreveu:

“Deus concede seus dons da maneira que O apraz. Ele confere um dom a um e outro
a outros, mas tudo para o bem de todo o corpo. É plano de Deus que uns façam parte de um
ramo na obra, e outros em outros ramos - todos trabalhando sob a guia do mesmo Espírito.”
– Special Testimonies, série B, No. 11, p. 26.

A mensageira do Senhor incluiu a cura de doenças ao programa de


educação prática que deveria ser realizado:

“A isto é adicionado o conhecimento de como tratar doenças e cuidar dos feridos.


Este treinamento para a obra médico-missionária é um dos maiores objetivos pelos quais
qualquer escola pode ser estabelecida.” –An Appeal for Madison (Um Apelo à Escola de
Madison), de 22 de maio de 1908.

A fim de sermos uma bênção mútua uns aos outros, a Inspiração declara
que, onde possível, instituições educacionais e médicas deveriam ser estabelecidas
próximas uma às outras:

“É essencial que haja um sanatório conectado com a escola de Madison. A obra


educacional na escola e o sanatório podem ir avante juntos. A instrução dada na escola
beneficiará os pacientes, e as instruções dadas para os pacientes do sanatório serão uma
benção para a escola.” – Ibid.

Assim, resumindo, o futuro de todo o conceito de Educação Cristã, para os


servidores na nova escola, próximo a Nashville, Ellen White escreveu:

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“A aula de Educação dada na escola de Madison é de tal monta que será contada
como um tesouro de grande valor por aqueles que assumirem a obra missionária nos campos
estrangeiros.” – Ibid.

Embora muita ênfase devesse ser dada ao desenvolvimento do corpo e das


habilidades práticas, através dos anos, o aspecto acadêmico do currículo não foi
negligenciado na Faculdade de Madison.
O Dr. Lewis J. Larsen, um ex-aluno de Madison, quando de seu retorno ao
lar, em 1978, disse: “Esta Instituição tem causado um impacto sobre o mundo
educacional. Vocês ouviram falar da influência que esta escola teve em Nashville?
Fantástica! Eu tenho três graduações da Peabody... Naquela época, as pessoas
conheciam Madison quase da mesma forma que conheciam Peabody; os
professores de Peabody tinham muito respeito por essa instituição.” – Madison
Survey (O Exame de Madison), de setembro de 1978, p. 5.
Dr. Frank Knittel, Presidente da Southern Missionary College, em um
discurso para uma convenção de obreiros de Sustento Próprio, em outubro de
1973, declarou: “Vocês têm procurado aumentar o conhecimento intelectual de
todas as formas possíveis, sem sacrificar o compromisso moral e espiritual que tem
motivado o vosso trabalho... houve um tempo, quando a Faculdade Madison tinha
o melhor grupo de professores que se poderia achar, em qualquer lugar no sistema
educacional denominacional. Havia um núcleo de professores, na faculdade
Madison, que, com sua experiência e treinamento, representava uma assembléia de
níveis mais avançados do que os de todas as demais faculdades Adventistas do
Sétimo Dia juntam.” – Madison Survey (O Exame de Madison), de dezembro de 1973.
No mesmo discurso, o Dr. Knittel declarou que a União Sudeste tinha mais
leitos hospitalares do que qualquer União no mundo e acrescentou: “Estou
firmemente convencido, e com algumas estatísticas para prová-lo, que a Faculdade
Madison tem a ver com isso, mais do que qualquer outro fator isolado na história
da causa de Deus, nesta parte dos Estados Unidos”.
Além dos programas educacionais e de saúde, no campus de Madison, uma
fábrica de alimentos foi adquirida e inaugurada, em 1917. Por anos, essa fábrica
produziu alguns finos alimentos protéicos à base de glúten, feijão soja e
amendoim. Após o fechamento da faculdade, a indústria de produtos alimentícios
foi vendida para a Worthington Foods, em 1964. A Worthington operou a fábrica
de alimentos, no campus de Madison, até 1972 e, então, mudou-se para a
localidade de Worthington, em Ohio.
Em harmonia com o conselho dado pela mensageira do Senhor, Madison
começou cedo a enviar obreiros para estabelecer centros em “locais necessitados”,
por todas as terras do Sul. Uma brochura da Layman Foundation (Fundação
Leiga), de 1940, lista 47 empreendimentos médicos e educacionais, “de acordo com
os padrões de Madison”. Muitas instituições relacionadas possuem nomes
pitorescos: The Wren’s Nest, Waccamow Institute, Sand Mountain Academy, Rest
Harbor Rural Association, Road’s End, Pewee Valley Sanatorium and Hospital,

46
Good Health Place, Chestnut Hill Farm School and Rest Cottages, Fountain Head
Sanitarium and Rural School, Altamount Pines, Pine Cove Sanitarium, Rough
River Academy, Valley of the Moon Rest Home.
Nesse tempo, essas novas instituições estavam localizadas em sete estados –
Tennessee, Carolina do Norte, Missouri, Alabama, Geórgia, Kentucky e Mississipi.
Algumas dessas “crianças sonhadoras” ainda existem; no entanto pergunta-se, o
que aconteceu com as outras que foram fundadas, e em muitas ocasiões, com fé,
oração, suor e lágrimas?
A história de Madison não estaria completa sem mencionarmos a Layman
Foundation (Fundação Leiga). Essa organização, estabelecida em 1924, é descrita,
em uma de suas brochuras, como “uma rede de escolas e sanatórios de Sustento
Próprio dirigidas por leigos, como um programa auxiliar da Igreja Adventista do
Sétimo Dia”. A fundação tem sido um agente vital na promoção e auxílio na
administração de instituições, “de acordo com o modelo de Madison”, por todas as
terras do Sul. Atualmente 13 instituições estão em funcionamento, com unidades
sendo administradas em outras áreas, fora da União Sudeste, tais como Indiana,
Wisconsin e, mais adiante, em Belize, na América Central. Por anos, a sede da
Fundação Leiga esteve localizada no campus de Madison. No momento em que
escrevo, Roger Goodge, de Little Creek, é o presidente e o Pastor Alvin Stewart é o
secretário executivo e capelão.
Através dos anos, a Layman’s Extension Foudation (Fundação da Expansão
Leiga), fundada em 1933, tem desempenhado um papel importante na Obra de
Sustento Próprio.
Seu objetivo: “Fortificar mais ainda a obra das instituições co-irmãs de
Sustento Próprio do Sudeste.” As convenções anuais da Layman’s Extension
Foudation (Fundação da Expansão Leiga) têm reunido obreiros de muitos lugares
e têm provado ser um fator de unificação, como também de catalisação na
ampliação do alcance desse “programa auxiliar” da Igreja. Posso testemunhar,
através de experiência pessoal, que essas reuniões, nas quais são apresentados
relatórios de várias unidades, são ocasiões inspiradoras.
“Por que a faculdade de Madison fechou?” Esta pergunta tem sido feita
muitas vezes, por muitas pessoas, em muitos lugares. Após sessenta anos (1904-
1964) de inestimável serviço à Igreja Adventista do Sétimo Dia, por que o sonho se
desfez, as portas se fecharam e “acabou” sendo Passado na história de tal serviço?
Ralph Davidson faz sua avaliação sobre o fechamento, de uma posição
privilegiada, como ex-presidente de Madison e auditor da Associação Geral.
Davidson estabelece seis fatores determinantes, segundo ele, que resultaram,
fatalmente, no fechamento da instituição:
1. “O espírito de sacrifício, que caracterizava os primeiros obreiros, tinha
desaparecido e muitos estavam trabalhando pelo ganho que poderiam
conseguir.
2. Após a II Guerra Mundial, quando houve abundância de dinheiro nas
contas bancárias daqueles que queriam ir para a escola, muitos

47
estudantes não queriam trabalhar, mas queriam estudar o tempo
integral. Subvenção e empréstimos começaram a entrar. Os pais queriam
que seus filhos chegassem rapidamente a uma condição que não
precisassem trabalhar tanto, e tão duro, quanto eles o fizeram. Essa
tendência atuou contra o tipo de programa oferecido por Madison.
3. A faculdade estava dependendo muito do hospital para oferecer
trabalho para os alunos e estes estavam ganhando altos salários.
4. A escola estava, cada vez mais, mergulhada em dívidas.
5. Praticamente todas as faculdades denominacionais (na América do
Norte) começaram com o mesmo tipo de programa que Madison
oferecia (artes vocacionais orientadas). Houve ‘competição’ e ‘bairrismo’
no passado e nós (de Madison) não éramos, então, bem-vindos. E com a
nova ênfase em artes vocacionais, pelas outras faculdades, novamente
não fomos bem-vindos. Descobrimos também que nossa própria União
não simpatizava com Madison e não poderíamos esperar qualquer ajuda
daquela fonte.
6. O clímax aconteceu quando um funcionário do Estado veio até nós e nos
disse que, a menos que construíssemos alguns novos prédios dentro de
um ano, eles teriam que fechar o hospital. Ele nos disse que (nós)
estávamos administrando um hospital nos anos sessenta, em instalações
de 1917.” – Madison Survey (O Exame de Madison), de setembro de 1979, p. 2.

Talvez tenha havido outros fatores importantes para o fechamento de


Madison, mas, sem dúvida, todos os motivos de Ralph Davidson desempenharam
sua parte.
Contudo, muitos declararam com fervor, “Madison viverá novamente.”
Apenas há alguns dias, uma carta veio à minha mesa delineando um plano para
lançar uma nova “Faculdade Sutherland”, onde as filosofias e tradições de
Madison poderiam, uma vez mais, permear as salas de aula e o campus de uma
nova faculdade.
“Nós estamos, agora, em um período de transição”, Gish e Christman
declaram em seu livro, “enquanto a visão e o programa da Obra de Sustento
Próprio estão passando pelos portais abertos de uma nova era. No espírito de
otimismo, na luz das maravilhosas realizações, combinados com um exército de
experientes e dedicados líderes, visualizamos o ‘cordão de ouro’ tecendo seu
caminho, através do período que resta de desafios e oportunidades, para o triunfo
final da visão da Educação Cristã defendida por E. A. Sutherland e seus devotados
companheiros.” - Madison God’s Beautiful Farm, (Madison – A Bela Fazenda de Deus)
p. 179.
O tempo revelará se haverá “uma outra Madison” de tijolo e argamassa, de
carne e sangue; ou talvez, como muitos ‘madisonistas’ pensam, “Madison nunca
tenha morrido. O espírito de Madison permanece vivo em suas instituições
satélites, nas pessoas de seus ex-alunos, fortes apoiadores por todo o mundo e

48
através das colunas do The Madison Survey (O Exame de Madison), de fundado em
1919 e ainda publicado, tendo o Sr. Mabel Towery como editor”.
Os autores do livro Beautiful Farm (A Bela Fazenda) sintetizam muito bem a
questão:
“Madison vive. Ela nunca morreu. Tão certo como Deus honrou os esforços
daquela escola e seu povo, no passado, Ele honrará os conscienciosos esforços
daqueles que têm sido influenciados por ela e continuam a obra de Deus sobre esta
terra.” – Página 184.
Na verdade, Madison, a mãe de todas as instituições de Sustento Próprio,
ainda vive! E Madison está personificada no espírito da Obra de Sustento Próprio
que está vivo e crescendo em muitos, muitos lugares ao redor do mundo. Que
privilégio precioso é para todos nós – para os de Sustento Próprio e os sustentados
pela Igreja igualmente – sermos “obreiros juntamente com Deus”.

49
CAPÍTULO 5

YUCHI PINES
O LUGAR DE RECUPERAÇÃO DO ALABAMA

Ateus, contrabandistas, cavalos selvagens – todos desempenharam uma


parte importante na interessante história do Instituto Yuchi Pines, estabelecido em
810 mil metros quadrados de ondulantes florestas, no Vale Chattahoochee, a 24
quilômetros ao sul da cidade de Phenix, no Alabama.
“O que costumava ser o esconderijo de contrabandistas é agora o Instituto
Yuchi Pines, um refúgio para o condicionamento físico e espiritual”, escreve o
Pastor George Kendall, capelão da instituição e historiador do Instituto Yuchi
Pines. “A fazenda, no passado, fora morada de cavalos de rodeio não domados,
que ficavam muito bravos e agitavam suas caudas com a aproximação de seres
humanos, enquanto bufavam e recuavam na vegetação rasteira.”
E onde os ateus entram nesta história?
Cinco anos antes de o Instituto Yuchi Pines haver nascido, os Drs. Calvin e
Agatha Thrash eram ateus declarados. De uma forma maravilhosa, Deus não
somente levou os Thrashes à luz da verdade, como também ao caminho do serviço
para Ele. Em certo aspecto, a liderança de Deus na vida desses dois dedicados
médicos é também a história do Instituto Yuchi Pines.
O Dr. Calvin Thrash, um clínico geral, ficou profundamente impressionado
com o que leu nos escritos de Ellen White, identificando as causas das doenças.
Após conversar com ministros interessados e líderes voltados para a saúde, o Dr.
Calvin decidiu-se matricular na Escola de Saúde da Universidade de Loma Linda e
preparar-se melhor para realizar a tarefa do conselho inspirado. O convívio com os
Drs. Mervyn Hardinge, Richard Walden e Bernell Baldwin convenceu-o de que ele
estava no caminho certo, e isto o fez prosseguir em sua determinação de abrir um
centro de recondicionamento, na área de Columbus.
O Senhor preparou a Dra. Agatha para a obra médico-missionária
adventista, enquanto ela ainda estava no ateísmo. Como professora por 13 anos,
tanto na Universidade Emory, como na Faculdade Columbus, ela se encontrava
bem embasada, tanto em Fisiologia, como em Anatomia. Como patologista, havia
realizado centenas de autópsias. Esses conhecimentos deram-lhe amplas
oportunidades para testemunhar, em primeira mão, os resultados de uma vida de
hábitos errados e os efeitos danosos que certos medicamentos têm sobre o corpo
humano.
Durante a primavera de 1967, os Doutores Thrash fizeram uma visita ao
sanatório do Wildwood. Nesse lugar, ficaram profundamente impressionados com
a filosofia da vida no campo e os postos avançados de evangelismo.
“Por que não trabalhar em Columbus e na Geórgia, a partir deste centro?”
Eles raciocinaram.

50
Para Calvin e Agtha Thrash, pensar era agir. Eles logo entraram em contato
com os presidentes da Associação local e da União, discutiram as possibilidades de
uma instituição como essa, nessa parte da vinha do Senhor. Teve início, então, a
procura por propriedade. Mas, por algum tempo, nenhum local adequando foi
encontrado. Alguns eram muito caros. Outros estavam localizados muito longe da
cidade. Mas eles continuaram a orar e a procurar.
Finalmente o Senhor os levou para o local atual de Yuchi Pines. Bob e Ann
Jones, membros leigos ativos na Igreja de Columbus e da Geórgia, descobriram
uma propriedade perto de suas casas, em Seale, Alabama. Infelizmente, não estava
à venda. Um ano antes, a dona havia recusado uma proposta pela propriedade.
Destemidamente, os Thrashes fizeram contato com ela e combinaram para dar uma
olhada no terreno junto com ela. Enquanto caminhavam, os médicos descreviam o
sonho que haviam tido – de abrirem um centro de restabelecimento de saúde. A
proprietária ficou impressionada. Antes dos médicos partirem, ela concordou em
vender a fazenda, pelo mesmo preço que havia recusado um ano antes!
Os Thrashes entraram em contato com os oficiais da Associação Alabama-
Mississippi e os convidaram para visitar Seale, a fim de darem uma olhada na
propriedade. O Pastor Kendall descreve a visita: “Toda a comitiva, liderada pelo
presidente Wampler, caminhou sobre a terra virgem, saltaram sobre córregos e
caminharam por sobre arbustos espinhosos”.
O resultado?
“Eles deram seu entusiástico endosso ao projeto e a compra foi
concretizada”, disse o Pastor Kendall.
Agora eles necessitavam de muita inteligência e força para condicionar a
terra, construir os edifícios e reunir os funcionários qualificados para trazer a nova
instituição médico-missionária à existência. Os campos deviam ser limpos e os
arbustos arrancados. A velha e deteriorada casa da fazenda devia ser limpa e
renovada. Os Thrashes e os membros simpatizantes da igreja de Columbus
estavam igualmente prontos para o desafio. Eles limparam a terra, retiraram e
queimaram o lixo, cortaram as moitas de arbustos, renovaram e pintaram a velha
casa. O Instituto Yuchi Pines estava começando a tomar forma.
Em maio de 1970, Calvin e Agatha Thrash e seus dois filhos, Ann e Cal,
arrumaram suas malas, sua mobília, seus pertences domésticos e mudaram-se para
a nova propriedade. E é lá que permanecem desde então.
Deus já estava trabalhando nas circunstâncias para pôr o novo
empreendimento em marcha. Roger Srigley, uma alma empreendedora da
Inglaterra, chegou a Columbus, vindo da América do Sul. Uma noite, em certa
localidade, Roger encontrou um ex-adventista do sétimo dia. A conversa, de
alguma forma, foi dirigida para a Religião.
“Você deve ir para a igreja Adventista do Sétimo dia de Columbus, se você
quer seguir o verdadeiro caminho religioso”, aconselhou o apóstata, “e se
certifique de que você esteja sentado na classe da Escola Sabatina da Dra. Agatha
Thrash”.

51
Srigly procurou a igreja Adventista do Sétimo Dia e logo se encontrou na
classe de escola Sabatina da Dra. Agatha. Estava impressionado. Os Thrashes
convidaram Roger para jantar em seu lar, no sábado à noite. Por algumas semanas,
a impressão de Roger continuou com intensidade cada vez maior de sua parte.
“Doutora, eu sou um carpinteiro”, Srigley disse um dia. “Gostaria de doar
duas semanas de trabalho, em gratidão para com o Senhor e pelo que vocês têm
feito por mim. Existe alguma coisa que eu possa fazer para ajudá-los?”
O fato de que a velha casa da fazenda estava necessitando muito de reparos
lampejou na mente da Dra. Agatha. Ela explicou a necessidade. Srigley respondeu
prontamente. Foi em abril, quando Roger começou suas duas semanas de
“trabalho voluntário”. Mas ele foi ficando – e ficando. Os Thrashes lhe traziam
suprimentos, muitas vezes a cada semana, e o alimentavam com nutritivas
refeições vegetarianas. Por volta de agosto, a velha casa tinha sido transformada, a
gráfica construída – e Roger Srigley foi batizado no Grande Rio Lazar, o primeiro
fruto do programa médico-missionário de Yuchi Pines.
Nos primeiros anos do Instituto, os obreiros do sanatório Wildwood, Oak
Haven e Stonecave vieram para ajudar na nova e esforçada unidade. Eles ajudaram
a projetar o campus, a construir e remodelar os prédios, bem como formular
planos para os programas educacionais da Instituição. George e Marie Mcclure,
educadores na Igreja por muito tempo, com muitos anos de experiência em Obra
de Sustento Próprio, foram de inestimável valor, naqueles “dias preparatórios”.
Ainda hoje, esses dois octogenários estão ativos no campus, em trabalho diário ao
ar livre. Que inspiração para os funcionários, como também para os estudantes!
Manter a licença de uma instituição médica, sem fins lucrativos e isenta de
impostos, livre de obstáculos legais, não é tarefa fácil. Desde o Decreto da Reforma
dos Impostos de 1969, tem sido mais complicado estabelecer essas instituições.
Artigos de Incorporação e Regimentos Internos devem ser esboçados. Uma Mesa
Administrativa deve ser escolhida. William Patterson, aposentado pelo Internal
Revenue Service (Departamento de Impostos e Taxas do Comércio Interno) e,
naquele tempo, morando em Habert Hills, Savannah, Tennessee, despendeu um
mês no campus de Yuchi Pines, formulando esses requerimentos. Durante esse
tempo, as formalidades cumpriram-se com incrível velocidade. Resumos e
apresentações foram preparados, extensos formulários foram preenchidos.
Finalmente, os funcionários do governo em Atlanta apareceram. Os funcionários
do Yuchi Pines ficaram jubilosos quando, após um mês decorrido dessa reunião,
receberam a notificação de que seu requerimento, para isenção de impostos, havia
sido aprovado. William Patterson declarou que, até então, nunca tinha visto ação
tão imediata, por parte dos funcionários do governo. Antes de acabar o ano de
1970, Yuchi Pines tornou-se uma instituição médica e educacional, legalmente
aprovada. Até aqui, Deus estava guiando.
O centro de recuperação de Yuchi Pines recebeu seus primeiros hóspedes
em setembro de 1973. Seu nome cherokee – Anvwodi – significa algo como, ‘lugar
de recuperação’. O centro tem crescido através dos anos. Hoje, oferece leitos

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semiparticulares para 18 pacientes, uma agradável sala de estar, sala de jantar com
lareira e uma cozinha muito bem equipada. Cinco quartos anexos, que incluem
espaço para banho com jato dágua, banheira, banho a vapor ou sauna, uma sala de
reuniões e área para exames e tratamentos. O Dr. David Miller, formado em Loma
Linda, em 1976, uniu-se aos funcionários em 1978. Sua presença tem sido uma
grande bênção na obra de Saúde Educacional e supervisão de pacientes.
Obesidade, diabetes, doenças cardíacas, infecções agudas, hipertensão, artrites,
problemas crônicos nas costas e desordens neurológicas trazem muitos pacientes
para Anvwodi, o “lugar de recuperação do Alabama”.
“Esses pacientes têm vindo de todos os lugares dos Estados Unidos e,
mesmo, de países estrangeiros”, diz um dos líderes. “A maioria deles vem como
resultado da propaganda de ex-pacientes, que relatam como conseguiram saúde e
cura em Anvwodi.”
No momento em que estamos escrevendo, o Yuchi Pines conta, entre suas
indústrias, departamentos e serviços, com: uma padaria – com uma saída de 600
pães, semanalmente, como também centenas de quilos de cereais, especialmente
formulados –, uma gráfica, uma oficina mecânica, um armazém que fornece
alimento, um consultório de Educação de Saúde, um departamento de Paisagismo;
uma próspera fazenda e um robusto pomar de maçãs, árvores frutíferas e pés de
morango. Todos fazem sua contribuição. Aqui, os funcionários e estudantes
trabalham juntos. Nos dormitórios eles vivem e adoram juntos.
O Yuchi Pines não estava satisfeito em estar instalado sobre o seu lar de 810
mil metros quadrados, estabelecido próximo a Seale. Em 1970, abriu a ‘Loja de
Produtos Naturais Staff-O-Life’, próxima a Columbus, Geórgia. Oito anos depois,
em 1978, o Yuchi Pines expandiu a loja para uma nova localidade e acrescentou-lhe
um restaurante vegetariano. O nome foi mudado para ‘Restaurante Vegetariano
Vida no Campo e Loja de Produtos Naturais’.
Em 1973, um velho estacionamento, no centro Phenix City, tornou-se, o que
um escritor do Southern Tidings (Noticiário do Sul) descreve, como “uma Meca para
os que procuram saúde”, naquela cidade de 35 mil habitantes. Essa nova
instalação, conhecida como ‘Centro de Bem – Estar’, logo se tornou um local para
aulas de Nutrição e Culinária, como controlar o stress e prevenção de ataque do
coração, como também para cursos de ‘Como Deixar de Fumar em Cinco Dias’. A Dra.
Agatha disponibiliza dois dias por semana, para consultas nesse centro. Pessoas
que tiveram seus primeiros contatos com a mensagem adventista, no ‘Centro de
Bem – Estar’, foram batizadas nas igrejas locais. Agora, uma loja de ‘Produtos
Naturais do Campo’ foi indicada para o Programa de Saúde da Cidade de Phenix.
Seminários de treinamento sobre Saúde, Educação e Evangelismo são
ministrados anualmente em Yuchi Pines. Os seminários são freqüentados por
leigos, obreiros da Associação, médicos, enfermeiras e muitas outras pessoas
interessadas. Um curso intensivo, exclusivo para jovens, também é ministrado na
primavera. Aqui, jovens de universidades e faculdades recebem instruções práticas
sobre Saúde, Educação e técnicas médico-missionárias.

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O Consultório de Informações para a Educação da Saúde, de acordo com
um dos líderes de Yuchi Pines, “é o centro de comunicação do Instituto. Livros de
Culinária, apresentações em slides, gravações em fitas cassetes, materiais para
seminários de Saúde destinados aos adultos e Publicações McClure são apenas
algumas das características educacionais oferecidas por este departamento”.
Em 1974, o Programa de Treinamento de Assistente Médico-Missionário de
Yuchi Pines nasceu. “Os estudantes nesse curso recebem um tipo de treinamento,
completamente diferente daquele oferecido pelas escolas do mundo”, diz o Dr.
Calvin. “Os funcionários têm efetuado um devotado estudo das instruções dadas
aos fundadores de Loma Linda, em seu treinamento de médicos-missionários. O
médico assistente recebe instruções em Fisiologia e Anatomia, bem como em
diagnóstico e tratamento de doenças, usando os remédios que a natureza oferece.
O estudante, ou a estudante, também recebe experiência prática em um programa
completo de Jardinagem, Culinária e como ministrar um curso de ‘Como Deixar de
Fumar em Cinco Dias’; dão estudos bíblicos, palestras sobre Saúde e
demonstrações de como preparar refeições nas escolas de Culinária. A ênfase é
posta sobre os princípios de saúde, que têm sido o legado dos Adventistas do
Sétimo Dia, através do Espírito de Profecia. Os homens são treinados para
ministrar para homens; e as mulheres para ministrar para as mulheres.”
Os obreiros do Yuchi Pines dão ênfase especial à tarefa de ganhar almas.
Eles não têm diminuído o “missionário”, para dar ênfase ao “médico”, em seu
programa médico-missionário.
Desde sua fundação, em 1970, o Yuchi Pines tem sido um instrumento no
estabelecimento de quatro novas igrejas. “Além da igreja do Instituto Yuchi Pines,
com mais de 80 membros, uma nova igreja foi organizada, próxima à cidade de
Phenix, com 60 membros. Eles têm uma bela igreja familiar”, o Presidente
Wampler diz. “Em Eufaula, Alabama, nós temos uma pequenina igreja, de mais ou
menos 13 membros, como resultado do trabalho missionário de Yuchi Pines. E
também em Troy, Alabama, uma equipe de obreiros, que esteve, antes, em Yuchi
Pines, organizou um grupo e estão, agora, no processo de construção de uma
igreja. Assim, você pode ver que a obra, no Instituto Yuchi Pines, tem nos ajudado
a abrir novos campos de trabalho na Associação.”
Eu estava particularmente interessado na nova igreja da cidade de Phenix,
pois, como um jovem ministro, em minha primeira indicação para a Associação em
Columbus, Georgia, em 1933, realizei uma pequena cruzada evangelística através
do rio, em Phenix. Quatro anos depois, o Senhor usou um grupo de dedicados
obreiros de Yuchi Pines, envolvidos no evangelismo médico–missionário, para
terminar a tarefa.
“Outro trabalho missionário de Yuchi Pines é seu ministério em presídios”,
o Pastor Kendall escreve. “Através do convite do capelão do Instituto Correcional
de Columbus, Yuchi Pines tem estado a ministrar cultos aos domingos, para os
presos, pelo menos uma vez por mês, nos últimos quatro anos. Isto tornou
possível, aos estudantes de Yuchi Pines, de participarem em uma experiência de

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aprendizado em como apresentar músicas especiais, testemunhos pessoais,
palestras sobre Saúde e a pregação do Evangelho. Eles distribuem literaturas aos
prisioneiros e os animam a fazer o curso bíblico por correspondência. O resultado
desse ministério tem sido muitos batismos.”
“Um jovem estudante de Magistério, da Universidade de Auburn, veio até à
loja de produtos naturais, um dia, depois da faculdade”, diz George Kendall, ao
descrever uma interessante experiência ilustrativa da eficácia do “evangelismo na
loja de produtos naturais.” “Uma das funcionárias do Yuchi Pines iniciou uma
conversa com ele e o convidou para passar alguns dias com sua família, visto que
ele era só um pouco mais velho do que os filhos dela. Ele participou da vida no
campo, ao ajudar seu esposo a plantar uma horta e limpar a terra. Passados apenas
alguns dias da comemoração da Ação de Graças, ele ficou tão interessado naquele
estilo de vida, a ponto de dizer que gostaria de passar alguns dias em Yuchi Pines,
quando seu período de ensino prático tivesse finalizado, em Auburn. A família
Yuchi Pines recebeu essa notícia com alegria e todo o campus começou a orar por
ele. Em resumo, Paul Buchanan passou alguns anos em Yuchi Pines. Ele é agora
um fiel professor da escola da Igreja na Associação Alabama - Mississipi. Casou-se
com uma sincera jovem que, inicialmente, veio para Yuchi Pines, como uma
paciente. Foi batizada e permaneceu alguns meses como funcionária. Eles são
felizes e têm dois adoráveis filhos.”
“Sweet Water Academy fica adjacente ao Instituto Yuchi Pines”, escreve o
Pastor Kendall. “Veio à existência como resultado de um grande desejo da parte do
Dr. Tom Theus e sua esposa, Peggy, de dedicar tudo o que era deles ao Senhor.
Eles tinham estudado a Bíblia, como conseqüência do ministério dos médicos
Thrash, e uniram-se à igreja remanescente. Viram a necessidade de uma
universidade em conexão com o Instituto e doaram 647 mil metros quadrados para
esse propósito. Cento e sessenta e dois mil metros quadrados dessa fazenda são
cultiváveis e o restante é área florestal. A universidade abriu com nove estudantes,
em 1977.”
Os obreiros, no Instituto Yuchi Pines, estão convictos de que Deus dirige em
segurança os recursos necessários ao Instituto. O Pastor Kendall estava precisando
de assistência em seu trabalho como capelão. A pessoa devia ser uma boa
digitadora. O Senhor já estava trabalhando para enviar exatamente a pessoa certa.
Escutem isso!
Marie, uma jovem em Columbus, estava freqüentando uma cruzada
evangelística na Igreja Adventista de Macon Road. Em um sonho, foi mostrado à
Marie que deveria auxiliar um assoberbado capelão hospitalar, em seu ministério
pelos doentes, em um hospital. Em seu sonho, ela viu uma capela, “o sol brilhava,
pelas janelas da parte esquerda, sobre um piano e um pequeno tapete dourado”.
Marie ficou tão impressionada com os detalhes do sonho, que ligou para
vários hospitais locais na área de Columbus, para verificar a todos. No momento
em que estava para desistir, sucedeu que ela se lembrou que a Dr. Agatha, de

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Yuchi Pines, havia sido sua médica, no Centro de Bem Estar, mas nunca havia
visitado Yuchi Pines. Ela apenas sabia da existência do Instituto.
Quando Marie telefonou para Yuchi Pines e conversou com um dos obreiros
ali, tudo parecia estar se encaixando – a capela, a localização do piano, a cor do
tapete, sim, e que o capelão precisava de ajuda.
“Eu sempre fui um pouco descrente com respeito a sonhos”, o Pastor
Kendall me escreveu depois, “especialmente quando envolve uma pessoa que eu
não conheço”. Mas ela estava estudando a mensagem e preparando-se para o
batismo. Então, decidi dar-lhe uma chance. O que descobri, dias depois, foi que ela
era uma experiente jornalista e secretária. Que bênção! Ela me ajudou um ou dois
dias na semana e não aceitou nada por seus serviços, nem mesmo dinheiro para a
gasolina. E mais, está agora batizada e juntou-se à nossa Igreja, em Macon Road.”
A História de Yuchi Pines não estaria completa sem incluir a saga do
pequeno vagão-dormitório vermelho. A obra no Instituto Yuchi Pines estava
crescendo tão rapidamente, que não havia tempo ou recursos para construir as
casas convencionais, para os funcionários e estudantes. Talvez, em desespero, a
Dra. Agatha escreveu para três companhias de estradas de ferro e perguntou se um
vagão-dormitório excedente poderia ser obtido, a um preço que pudesse pagar,
para uma obra médico–assistencial, em Seale, Alabama.
A Companhia de Estradas de Ferro do Sul respondeu. Eles não apenas
fizeram uma doação de um vagão-dormitório excedente, de número 70.623, bem
como surpreenderam a família Yuchi Pines ao oferecerem-se para entregar a
unidade no campus e montá-la, sem nenhum custo! Que regozijo houve por essa
oração respondida.
“Todos de Yuchi Pines se reuniram em Nuchol’s Crossin, na manhã em que
o vagão-dormitório foi entregue”, a Dr. Agatha recorda vividamente. “Às 8:30
horas da manhã, um funcionário da Companhia de Estradas de Ferro do Sul
chegou juntamente com dois caminhões guindastes, duas turmas de trabalhadores,
repórteres de jornais e uma equipe de notícias de uma estação de TV local. Por
volta das 2 horas da tarde, o vagão-dormitório foi colocado em um local afastado
do campus. Desde então, ele tem acomodado, confortavelmente, muitos hóspedes
que visitam nosso campus.”
Houve muitos mais milagres em Yuchi Pines, porém nosso espaço é
limitado para relatar todos eles.
“À medida que os líderes e funcionários do Yuchi Pines olham para a breve
história desta pequena instituição, no entanto cheia de acontecimentos, eles se
humilham e sentem-se totalmente maravilhados com a evidência da direção e das
providências de Deus”, escreve o Pastor Kendall. “A constante oração de cada
obreiro e estudante é para conhecer a Deus, fazer a Sua vontade e que lhes possa
ser garantida uma parte no drama final da história da terra.”

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CAPÍTULO 6

OAK HAVEN
ONDE OS VISITANTES SÃO ESTRANHOS SÓ UMA VEZ

“Você é estranho aqui apenas uma vez”. Estas palavras estavam escritas,
nitidamente sobre o arco de entrada, saudando-nos à medida que adentrávamos
pelos portões de Oak Haven, em 12 de outubro, de 1980. Nenhum de nós no carro
sentiu-se como um estranho, nem mesmo nessa ocasião. Ron Crary, David e Alice
Meyer e todos os outros funcionários de Oak Haven, os quais viemos a conhecer
durante nossa visita, nos fizeram sentir como se fôssemos velhos amigos e como se
estivéssemos em casa. Já há muito desejávamos visitar os líderes e os funcionários
de Oak Haven.
Oak Haven teve seu início em 1957, quando Warren Griffith veio à Allegan
Country, em Michigan, e comprou uma velha fábrica de queijos, próxima a
Pullman, na qual ele abriu uma pequena clínica de repouso. Griffith teve que se
afastar da recém-inaugurada instituição por um longo período de tempo e a
empreitada deixou de prosperar.
Nas terras do Sul, o Senhor tinha um homem para Michigan, mas Ralph
Martin não estava preparado para se mudar para o Norte e assumir a
responsabilidade da direção de uma nova instituição de Sustento Próprio. Griffith
havia convidado Martin para tomar parte na sua mesa diretora. Martin recusou o
convite.
Então, um dia, o Senhor falou para Ralph Martin. “Haverá um movimento
de avanço na Obra de Sustento Próprio em Michigan”, disse a voz. “Mesmo que
isso não pareça promissor no presente, pessoas devotadas unir-se-ão a você e os
recursos para o projeto serão disponibilizados.”
Na primavera de 1959, com estas palavras ressoando aos seus ouvidos, o
Irmão Martin dirigiu-se para o Norte. Viajou para Michigan, à procura de terras. O
Senhor o conduziu ao local atual de Oak Haven. A Irmã Grace Barker, membro
antigo da igreja, que o acompanhava desde Madison, teve um sonho. Nesse sonho,
ela viu uma longa estrada que levava a um grande terreno, densamente arborizado
de carvalhais. Dois grandes portões brancos marcavam a entrada. Outros detalhes
da propriedade foram revelados para a Sra. Barker.
“Eu sei onde fica esse local”, a Sra. E.B. Johnson disse, quando ouviu sobre o
sonho, “é o terreno de Balch, logo ao leste de Pullman. O dono era o prefeito de
Kalamazoo. Com sua morte, seu filho recebeu a propriedade por herança.”
Ralph Martin e seus colegas visitaram a propriedade, para saber sobre sua
disponibilidade. Eles encontraram o caseiro que lhes deu as informações
concernentes à propriedade. Se ele estava à venda ou não, ele não sabia.
“O Sr. Balch está na Flórida, no momento, mas posso lhes dizer como entrar
em contato com ele”, Mike Hindert, seu representante em Kalamazoo, disse-lhes.

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Alguns dias depois, Ralph Martin, Dr. E.B. Johnson, Dr. Roscoe MacFadden
e Paul Taylor estavam na Flórida, conversando com Severns Balch.
“Nós estamos nos esforçando para levar avante uma obra filantrópica com o
objetivo de ajudar pessoas de forma física, espiritual e mentalmente”, Ralph Martin
lhe disse. “Acreditamos que podemos ser de grande ajuda para a comunidade e
para muitos outros fora dela.”
“Eu não estou interessado em caridade”, respondeu Balch prontamente,
pensando que Martin estava tratando a questão como se fosse um pedido de
doação. “Se você está aqui para um acordo comercial justo pelos cinco quilômetros
quadrados, no valor de 70 mil dólares, use meu telefone para fazer qualquer
ligação, quando você quiser. Mas deve ser um trato de negócio.”
Martin surpreendeu um pouco mais.
“Você estaria disposto a vender a propriedade com o pagamento da entrada
à vista e o saldo a ser pago em um prazo de dez anos, sem juros?”
Balch concordou. Foi fechado o acordo.
“Não sei por que eu estou vendendo essa propriedade”, disse ele, enquanto
se despediam. “É um dos melhores investimentos que eu tenho. Só a madeira do
local vale mais do que o valor pelo qual estou vendendo para vocês.”
Consigo mesmo, Martin estava dizendo: “Eu sei por que você está fazendo
isso para nós. Essa é a propriedade que Deus quer que nós tenhamos para nossa
nova instituição”.
“Oakwood”, o nome da propriedade de Balch tornou-se “Oak Haven”.
Assim, os nomes das instituições Adventistas em Huntsville, Alabama e Pullman,
Michigan, não seriam confundidos. Os donos do novo projeto tinham dez anos
para pagar a sua dívida. O Dr. E. B. Johnson, um médico graduado em Loma Linda
e atuando em Allegan, a uns 24 quilômetros de Oak Haven, responsabilizou-se por
efetuar os pagamentos anuais da propriedade. Allegan é um lugar de interesse
histórico para a igreja Adventista do Sétimo Dia. Lá, Edson White construiu o
Morning Star (Estrela da Manhã), o barco que mais tarde estava tomando sua rota
fluvial, rumo às terras do Sul, onde foi desempenhado um importante papel na
obra pioneira adventista do sétimo dia, em meio aos povos negros. Foi em Allegan,
também, que Joseph Bates foi sepultado.
A constituição e os regimentos de Oak Haven, adotados logo depois que a
propriedade foi adquirida, estabeleceram o propósito para a existência da
instituição:
“Estabelecer, construir, equipar e operar uma instituição, sem fins
lucrativos, que inclui um programa agrícola, um sanatório, ou outros
estabelecimentos apropriados, para a recepção, cuidado, assistência e tratamento
de doentes e sofredores, idosos e outros indivíduos que necessitem de tratamentos
de saúde; realizar um programa de saúde e de experiências práticas, para enfrentar
os problemas da vida, como está exposto nas Santas Escrituras e nos escritos da
Sra. E. G. White, que torna distinto o ensino dos Adventistas do Sétimo Dia. Não é
o intento desta Corporação oferecer um programa educacional formal. Porém,

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aperfeiçoado em todas as suas atividades, ela conduzirá um programa de serviços
para ajudar e beneficiar a humanidade de forma física, intelectual, social e
espiritualmente, sobre as sólidas bases do amor cristão, com o propósito de ajudar
todas as pessoas a conhecerem a Deus e aceitarem o Dom da Vida Eterna.”
A mansão de Balch tinha uma confortável estrutura, com seis quartos e um
apartamento com garagem. O prédio original, ainda em pleno uso hoje, abrigava
obreiros, estudantes, o escritório administrativo e uma sala de aulas, naqueles
primeiros dias.
“O escritório era apenas um compartimento de três metros quadrados”, Ron
Crary sorriu, ao contar-me isto recentemente. “Naquela ocasião, Alice (a Sra.
Meyers) trabalhava nesse escritório.”
Os Martins mudaram-se para Oak Haven, em 1959, onde eles e outros
trabalharam para se manterem, durante aqueles primeiros meses. Em 1960, o
professor universitário W. E. Straw e o Pastor Ben Glanzer e suas famílias uniram-
se aos funcionários de Oak Haven. Uma escola foi aberta.
“Na realidade, você não poderia chamar aquilo de uma escola”, Ron Crary
disse-me recentemente. “Era um programa simples, que nós preferíamos chamar
um de ‘um estilo de vida’. Ali, os 12 estudantes, que constituíram a primeira
turma, eram ensinados a como se auto-sustentarem, como usar remédios simples
no tratamento de doentes e alguns dos elementos rudimentares da Educação”.
“Fazer isso, naqueles primeiros dias, nem sempre era fácil”, Crary relembra.
“Talvez estivéssemos demasiado orgulhosos e autoconfiantes de que não
poderíamos falhar”, Ralph Martin disse, durante um discurso na comemoração de
aniversário.
“Deus teve que nos deixar cair sobre nossos rostos, pouco tempo antes das
coisas realmente começarem a se ajustar.”
“As pessoas certas se uniram em nossa empreitada”, ele continuou.
“Enviamos um pequeno informativo, para avisar as pessoas, sobre o que estava
acontecendo em Oak Haven e a obra que estava sendo realizada. A declaração de
Ellen White em ‘O Maior Discurso de Cristo’ foi um real incentivo para nós.”
Quando cheguei em casa, consultei a citação de Ellen White. Ela é tão
pertinente para nós hoje, como o foi no começo do primeiro semestre de Oak
Haven.

“Depois de assim haverdes tornado o serviço de Deus a primeira coisa em vosso


interesse, podeis pedir com confiança de que vossas próprias necessidades serão supridas. Se
renunciastes ao próprio eu, entregando-vos a Cristo, sois um membro da família de Deus, e
tudo quanto há na casa de vosso Pai vos pertence. Todos os tesouros de Deus vos estão
franqueados - tanto o mundo que agora existe, como o por vir.” – O Maior Discurso de
Cristo, p. 110.

Os funcionários e estudantes foram até a comunidade e ajudaram seus


vizinhos. Eles cortaram árvores. Limparam casas. Trabalharam em hortas.

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Cuidaram dos doentes e sofredores. Fizeram tudo que podiam para conquistar
amigos em toda a comunidade.
Em seu trabalho missionário de ajuda, uma estudante conheceu Aunt Jenny
Davis e sua filha adotiva. Aunt Jenny estava acamada, com muita febre e, às vezes,
ficava inconsciente. Desde que ela ficara impossibilitada de cuidar da casa, por
causa de sua frágil condição, tudo ficara em desordem.
“Nós podemos trazê-la para casa?” Alice Martin perguntou ao seu pai.
“Onde poderíamos mantê-la?” O pai replicou de forma realísti1ca. “Nós já
estamos com os nossos quartos abarrotados.”
“Mas, papai, nós temos que trazê-la”, Alice insistiu. “Ela está doente.
Precisa de ajuda.”
Assim, Aunt Jenny Davis foi trazida para o lar de Martin. Ali ela tomou um
banho, foi asseada e colocada na cama, entre frescos lençóis brancos.
Assim que a velha senhora retomou a consciência, abriu os olhos e
exclamou: “Onde eu estou? No céu?”
As novas de bondade, dispensada a Aunt Jenny Davis, espalharam-se para
muito longe. Muitos vieram para oferecer ajuda à nova instituição, dirigida por
pessoas que tanto se preocupavam com o próximo.
Um vizinho ofereceu cassis – que se transformaram em 1.900 litros de um
delicioso suco dessa fruta, dispostos em potes sobre a prateleira, para o inverno.
“Vocês usariam alguns pêssegos?” – outro vizinho perguntou. “Eu tenho
cinqüenta caixas, que foram tiradas para amadurecer para a venda. Elas são suas!”
Assim, o Senhor provia durante aqueles escassos anos de pioneirismo. Mas,
havia mais.
Ralph Martin precisava de blocos de cimento para a construção da sauna.
Após uma reunião de oração, na “escola”, Martin sentiu-se impressionado a visitar
a fábrica de blocos de cimento de Ben Waander, em Allegan. Talvez lá, conseguisse
um bom negócio com os blocos.
Chegando à fábrica, Ralph encontrou Waanders ocupado no trabalho. Ele
ficou hesitante em interrompê-lo em tais circunstâncias. Assim, rapidamente
retirou-se. Impressionado a falar sobre os blocos de cimento com o homem, Martin
retornou. Desta vez, Waanders o viu, desligou a máquina e veio cumprimentá-lo.
“Posso ajudá-lo?” Waanders perguntou.
“Sim”, Martin respondeu, ”preciso de alguns blocos para o nosso trabalho
de construção, em Oak Haven”. Então, o Irmão Martin explicou sua necessidade.
“Você tem algum refugo, que fosse capaz de me vendê-lo, por um preço bem
razoável?” – perguntou.
“De quanto você precisa?” Perguntou Waanders.
Martin lhe disse quanto.
“Traga o seu caminhão e leve-os daqui”, o fabricante de blocos disse.
“Quanto custará?”
“O que você me diria se eu os desse a você?”
Mais tarde, Ralph Martin e um ajudante foram buscar os blocos.

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“Por que você nos deu estes blocos?” Martin perguntou.
“Isto foi o que perguntei a mim mesmo, quando vocês saíram naquele dia”,
Waanders respondeu.
“Talvez eu possa responder isso”, o Irmão Martin continuou. “Na realidade,
na noite anterior à ocasião em que eu vim para vê-lo, os estudantes na escola
estavam orando por blocos de cimento.”
“Por que algumas pessoas têm suas orações respondidas e outras não?” – o
fabricante de blocos perguntou.
“Você tem filhos, Sr. Waanders. Sempre dá a eles o que eles lhe pedem?”
O comerciante respondeu que não.
“E o que você faz?” Martin insistiu.
“Eu tento dar a eles algo melhor”, foi a resposta.
“Você não acha que Deus é tão inteligente quanto você?”
O Sr. Waanders sorriu. Ele entendeu.
O sacrifício de muitos tornou uma realidade os mais de 20 prédios que estão
agora levantados no campus de Oak Haven. Quando os funcionários e estudantes
precisaram de um local para adorar, o Senhor impressionou a Sra. Charity Johnson
a fazer uma grande contribuição para a nova empreitada, que depois se tornou o
Faith Hall (o Salão da Fé). O Dr. Johnson, que durante toda a sua vida fora um dos
mais leais colaboradores do Oak Haven, estava indo comprar um novo carro para
sua esposa.
Charity pensou na necessidade de um lugar para adoração em Oak Haven.
Ao invés de aceitar o novo carro, ela persuadiu seu marido a dar o dinheiro para a
Faith Hall. Hoje há o Faith Hall, belas e úteis casas construídas, uma capela, uma
padaria, uma fábrica de conservas, uma cozinha, um restaurante, instalações para
receber pacientes, uma loja de produtos naturais, uma loja de tapeçaria e locais
para reuniões.
“Lá era onde queríamos construir a nossa nova igreja”, Ron Crary me disse
recentemente, enquanto mostrava o belo altar de madeira, estrategicamente
localizado no campus. O prédio da igreja é um dos próximos projetos que Oak
Haven irá realizar.
Além do Faith Hall, eu visitei uma grande e bem estabelecida fábrica de
produtos naturais e o armazém. Vi os imensos fornos que assavam a deliciosa
granola de caju, os deliciosos cereais naturais do tipo suíço, os saborosos
hambúrgueres de aveia e gergelim e outros atrativos alimentos saudáveis.
O negócio com a granola evoluiu rapidamente quando o produto “Almond
Delight” entrou no mercado. Foi um sucesso instantâneo. Talvez, a rápida
aceitação da Almond Delight tenha desempenhado uma parte em estimular
algumas das grandes companhias de cereais da América, a começar a produzir
diferentes variedades de granola.
Com a “decolagem” da Almond Delight, como descreveu Ron Crary, “nós
procuramos um ensacador mecânico, que pudesse ensacar os cereais para nós”.
O Senhor já tinha a solução para o problema deles em Sua mente.

61
Uma manhã um estranho apareceu na porta de Ron Crary.
“Eu vi o seu anúncio de Como Para Parar de Fumar”, ele explicou, “e eu só
dei uma passada aqui, para ver o que é preciso para entrar nesse programa”.
Após uma breve visita, na qual Crary explicou o Plano de Cinco Dias, o
estranho virou-se para ir embora. Porém, parou e disse para o irmão Crary:
“Diga, você usaria um ensacador para sua fábrica de cereais?” Será que eles
usariam? Logo, Ron descobriu onde um bom ensacador usado poderia ser
comprado por apenas 100 dólares.
“Desde a sua compra, essa máquina tem ensacado milhares de sacos de
granola para nós”, Crary me disse recentemente. Depois, o Senhor proveu recursos
para a compra de uma moderna ensacadora de 18 mil dólares, para a nova fábrica.
Além da fábrica de alimentos naturais e do armazém, outras unidades de
Oak Haven incluíam uma serraria – a onde a maioria das madeiras, cortadas para a
construção, era preparada – uma oficina mecânica e uma gráfica. Eu já mencionei
muitas outras unidades localizadas em Faith Hall; duzentos e quarenta e três mil
metros quadrados de mata foram limpos para prover terra cultivável para a
Horticultura e a plantação de frutas. A meta da instituição é de ser auto-sustentada
pela produção e armazenamento do seu próprio alimento, e pelos rendimentos
gerados pela venda em atacado de seus alimentos naturais. Muitas das construções
na propriedade são aquecidas com a madeira cortada da própria terra.
O Dr. S. W. Park, um médico, está dirigindo uma pequena casa de
restabelecimento de saúde, no campus de Oak Haven. As instalações atuais
acomodam oito ou dez pacientes internos e o regime é muito semelhante aos
oferecidos em nossas demais instituições – Dieta, Exercício, Fisioterapia, confiança
em Deus. O Dr. Park mantém um consultório no Centro de Condicionamento de
Kalamazoo, a 70 quilômetros de distância. Desse centro, pacientes são enviados
para Oak Haven.
Um dos planos para o futuro é o estabelecimento de um instituto coreano
localizado no campus. O Dr. Park, que é coreano, liderará esse novo programa,
auxiliado pelo Pastor Mwong Oh Kim, um ministro ordenado da Coréia. Existem
milhares de coreanos nos Estados Unidos e muitos em Michigan. Eles esperam que
esse novo programa traga saúde e cura espiritual para muitos dessa comunidade.
Todo o projeto será administrado e desempenhado por funcionários coreanos.
“Oak Haven é uma instituição única”, Ron Crary me escreveu. “Ela é
administrada principalmente por indivíduos que têm chegado à nossa igreja, por
meio de nossos vários programas missionários. Aproximadamente 80% de nossos
funcionários são novos conversos. Nós temos uma classe batismal em atividade
quase que continuamente, conduzida por nosso pastor local.”
A História de Oak Haven seria relatada apenas parcialmente, caso não
mencionássemos os restaurantes Country Life (Vida no Campo) e as casas de
produtos naturais. De fato, esta é uma história que será contada em toda a sua
inteireza, eu espero, através de outros meios, no devido tempo. É uma história
emocionante, ouvir Ron Crary e outros “moradores campestres” contarem acerca

62
das claras providências de Deus e das respostas às orações, sem as quais, o início
desses empreendimentos evangelísticos não poderia ter acontecido.
“Muito do ministério e do trabalho missionário de Oak Haven são trabalhos
centralizados em restaurantes na cidade”, Crary escreveu para mim recentemente.
“Usando isso como uma base, nós alcançamos muitos com aulas de Culinária, o
curso de Como Deixar de Fumar em Cinco Dias e outros esforços para a educação
da saúde. Quando começamos o primeiro restaurante, em fevereiro de 1966, não
havia outro restaurante administrado por adventistas no País, que fosse do nosso
conhecimento.”
“Nós temos restaurantes em Nova York, Wisconsin, Michigan, Minnesota,
no Estado de Washington, e, exatamente agora, nós começamos uma obra em
Milwaukee, Wisconsin, com a esperança de abrir outro restaurante.”
A serva do Senhor tem muito a dizer sobre a administração de lojas de
produtos naturais e restaurantes.

“Esses restaurantes devem ser estabelecidos em nossas cidades para trazer a verdade
diante de muitos que estão absortos nos negócios e prazeres deste mundo.” – Medical
Ministry (Medicina e Salvação), p. 306.

Ellen White especifica alguns dos países, áreas e cidades nas quais essas
lojas e restaurantes deveriam ser abertos. Entre as mencionadas estão Nova York,
Brooklyn, Chicago, San Francisco, Los Angeles, San Diego e Oakland. “Os estados
do Sudeste precisam desse tipo de empenho missionário”, ela declara e, assim, estende-se
a necessidade para a Europa, mencionando a Alemanha em particular. Ver
Evangelismo, p. 413; Testemunhos para a Igreja, vol. 7, pp. 55-58, 110; vol. 8, p. 38.
Em anos recentes, líderes de sustento próprio têm procurado levar a sério o
conselho de Ellen White e têm aberto lojas de produtos naturais e restaurantes
vegetarianos, em muitas cidades em Michigan, Nova York, Wisconsin,
Washington, Tennessee e Minnesota.
A serva do Senhor declara que:

“Devem ser feitos arranjos para serem realizadas reuniões em conexão com nossos
restaurantes. Em todos os lugares possíveis, que sejam providos recintos para que os
clientes possam ser convidados a aprenderem sobre a ciência da saúde e da temperança
cristã, onde possam receber instrução sobre o preparo de alimento saudável e sobre outros
assuntos importantes”. – Testemunhos para a Igreja, vol. 7, p. 115.

Em muitas das lojas e restaurantes que são abertos, este conselho tem sido
ouvido. Aulas de Nutrição, cursos de Culinária, aulas de como parar de fumar,
programas de controle de peso e outros cursos são realizados nessas instalações,
por profissionais qualificados.

63
“Aqueles que freqüentam nossos restaurantes deveriam receber nossa literatura”,
são conselhos de Ellen White. – Ibid., p. 116.

Nessa atividade comercial, nossos líderes têm procurado manter livros,


folhetos e revistas, cheios do alimento espiritual disponíveis aos clientes que vêm
para comer e comprar.
Esses empreendimentos devem ser gerenciados com o objetivo de ganhar
almas.

“O único objetivo no estabelecimento de restaurantes é remover o preconceito das


mentes de homens e mulheres e conquistá-los para a verdade” Medical Ministry (Medicina
e Salvação), p. 306.
“Aos obreiros de nossos restaurantes foi feita a pergunta por Aquele que possui
autoridade: ‘A quantos foi falado a respeito da salvação? Quantos têm ouvido dos seus
lábios apelos veementes para aceitarem a Cristo como o Salvador pessoal? Quantos têm sido
levados por suas palavras a se voltarem do pecado para servir ao Deus vivo?’” –
Testemunhos para a Igreja, vol. 7 p. 117.
“Não deve a pressão e o atropelo dos negócios levar à negligência do trabalho da
salvação.” – Ibid., p. 116.

O soar do sino na Loja Country Life levou Rosie Mundall, uma estudante de
Culinária, a sair para ver como ela poderia ser útil. Ela deparou-se com uma jovem
na casa dos seus vinte anos, cujo semblante refletia tanto espanto como depressão.
“Posso ajudá-la?” Rosie perguntou alegremente.
A jovem olhou fixamente, pedindo que esperasse um momento, enquanto
pensava se deveria ou não fazer conhecido o seu “pedido”.
“Eu estou procurando por um pouco de amor”, ela finalmente deixou
escapar.
Ela então contou a Rosie de uma vida triste, cheia de dores, problemas e
pecado. Ela se sentia desolada, abandonada e não amada.
Agora, era a oportunidade de Rosie de falar à sua cliente de um Deus que
ama, um Cristo que salva, uma nova vida para todos que o desejarem. Antes de ir
embora, as duas jovens dirigiram-se ao lugar das reuniões para orar.
Quantos, neste velho mundo, estão “procurando por um pouco de amor.”
Os obreiros das lojas de produtos naturais, e dos restaurantes de sustento próprio,
têm muitas oportunidades de volver os olhos desses necessitados para o Salvador
do mundo. O fato de que 80% dos obreiros, na Instituição Oak Haven e em suas
lojas filiadas, são novos conversos é alguma evidência das bênçãos do Senhor sobre
esse “evangelismo em restaurantes.” Em uma recente viagem de visita a muitas
dessas instituições, encontrei muitos jovens trabalhando, que foram ganhos através
de contatos pessoais, nas lojas de produtos naturais e restaurantes. Alguns deles
estavam ocupando posições importantes.

64
O mesmo Deus que vela por Sua igreja, também tem cuidado de Seus
negócios. Mesmos em alguns pequenos detalhes dos projetos, Ele manifesta Sua
preocupação – e ajuda.
Ron Crary e muitos colegas de trabalho permaneceram olhando
desoladamente para uma janela, de 1,80 metros por 4 metros, em sua sala de
reuniões, que havia sido despedaçada por vândalos.
Havia reuniões marcadas para aquele local naquela noite. O melhor
orçamento para reposição das peças que foram quebradas custava 225 dólares. Seu
livro-caixa indicava que não havia nenhuma ajuda disponível em sua conta. Tudo
isso aumentava a crise enfrentada por aqueles homens. O que fazer? Enquanto os
líderes estavam avaliando o prejuízo, um cliente casual do restaurante parou por
ali.
“O que aconteceu?”
Ron Crary explicou o ato de vandalismo.
“E como vocês irão pagar isso?” O homem sabia um pouco das lutas
financeiras do novo negócio.
“Nós não temos certeza”, os homens responderam. “Da forma em que o
Senhor nos ajudar a lidar com esta situação e nós sabemos que Ele tem algum meio
de resolver o problema.”
“Eu vou ajudá-los!” disse o gentil cliente. Ao assim dizer, ele tirou o seu
talão de cheques e preencheu um cheque no valor de 100 dólares.
Seus ânimos se fortaleceram, os homens voltaram ao trabalho. Com uma
pequena economia, eles puderam recolocar parte da vidraçaria e reformar toda a
frente com madeira decorativa. Foram gastos na obra, naquela tarde, 130 dólares.
No outro dia, o gentil benfeitor passou novamente. Ele ficou satisfeito com o que
viu.
“Vocês têm dinheiro suficiente para terminarem essa obra?” ele perguntou.
“Não”, Crary respondeu, “mas nós vamos continuar de qualquer forma. Ela
custa um pouco mais.”
“Bem, então eu vou ajudar vocês com um pouco mais”, o amigo cortês
disse, enquanto preenchia um segundo cheque e o passava para eles.
Os homens entreolharam-se, sorriram, agradeceram e louvaram ao Senhor.
O cheque era de – sim, você acertou – 30 dólares.
Em outra ocasião, o irmão Crary precisava de 260 dólares para alugar uma
sala no Centro Urbano de Horticultura Grand Rapids e Home Show. Se a taxa da
propriedade fosse paga naquele dia, poderiam economizar 5%. Crary entregou a
questão ao Senhor, em oração, no seu escritório particular.
Em poucos minutos alguém bateu em sua porta. Um homem, a quem Ron
havia aconselhado e orado, queria vê-lo. Os dois tiveram uma agradável conversa
e oraram juntos. Enquanto seu visitante se levantava para sair, ele preencheu um
cheque para Ron.
“Eu me senti impressionado a ajudá-lo em sua obra”, disse ele, com sua mão
na maçaneta da porta.

65
O cheque era de, sim, 260 dólares. Ron olhou para o seu relógio. Ele só tinha
tempo de correr até o Centro Urbano antes que o escritório fechasse, para pagar o
aluguel da loja e receber o benefício do desconto!
“Eu estou convicto de que se nós deixarmos o Senhor levar nossas cargas,
nós veremos mais de seu amorável interesse por nós, demonstrado perante nossos
próprios olhos!” – o irmão Crary declarou, logo após descrever o ocorrido.
“Quando nós nos arriscamos por Deus, Ele nunca nos permitirá falhar. ‘Todas as
Suas ordens já foram dadas.’”
Em resumo, Oak Haven é um “Caminho para a Vida”, um de seus líderes
escreveu em um a brochura, descrevendo a vida no campus nestas palavras:
“Este conceito de vida não é nem monástico nem exótico. Nem é uma nova
ordem, proclamando o remédio perfeito para as muitas desordens e doenças de
nossa sociedade. Contudo, é um esforço presente e prático de alguns, para
descobrirem o valor real de nossa existência atual, para definirem o significado das
coisas que podem ser avaliadas por nosso senso físico e, finalmente,
experimentarem as exclusivas qualidades de fé, esperança e amor, que levam o
agente humano a um relacionamento com Deus.”

66
CAPÍTULO 7

INDÚSTRIAS E SERVIÇOS DOS ADVENTISTAS LEIGOS


SÓCIOS DE DEUS

A pergunta do dia:
O que os carros Mercedes-Benz, Little Debbies, Momentos de Histórias
Infantis no Rádio, uma enfermaria, um advogado, um editor e um motorista de
caminhão têm em comum? Você desiste? Não precisa desistir – todos eles têm uma
conexão com a ISAL – Indústrias e Serviços dos Adventistas Leigos.
“Na realidade, o estabelecimento de Madison, em 1904, foi o começo da
obra de sustento próprio”, escreve a Sra. Juanita Hodde, secretária do escritório da
ISAL, na Associação Geral, por muito tempo, “portanto, nós poderíamos datar o
começo da ISAL em Madison, mesmo que só viesse a estar formalmente
organizada em março de 1947”.
No outono de 1945, o Conselho da Associação Geral recomendou a
organização de uma Associação que promovesse os interesses das instituições de
sustento próprio, espalhadas pela América do Norte. Essa recomendação tornou-se
uma realidade de 4 a 6 de março de 1947, durante uma sessão da União da
Colúmbia, realizada no Hotel Gibson, em Cincinnati, Ohio. Nessa ocasião, com
líderes tais como o Pastor N. C. Wilson, F. H Robbins, D. A. Ochs e o Dr. E. A.
Sutherland, formando o grupo da liderança, e representantes de 25 instituições
aprovaram os Estatutos e Regimentos para a nova organização e trataram de
assuntos pertinentes que eram necessários, para lançar uma nova empreitada nessa
direção.
O preâmbulo de seu Estatuto reconhece “que Deus tem chamado os leigos
da Igreja Adventista do Sétimo Dia para realizarem o trabalho missionário de
sustento próprio e que esse ramo da obra é, verdadeiramente, uma parte da causa
de Deus”. Da mesma forma, ele afirma “a necessidade de encorajamento e
desenvolvimento, com o cuidadoso endosso da liderança denominacional”.
No início, é feita a menção só das instituições. “O objetivo da Associação”, o
Estatuto declara, “deve ser o de promover e patrocinar os interesses dos
empreendimentos institucionais missionários de sustento próprio, administrados
por Adventistas do Sétimo Dia, por toda a América do Norte. Foi previsto que a
nova Associação deveria trabalhar junto à Comissão sobre a Vida Rural.
O bebê, nascido em 1947, provou ser saudável. Começou com 25 membros.
Em primeiro maio de 1975, o número de membros aumentou para 369 e, em 30 de
abril de 1982, alcançou um expressivo número de 673. E não termina por aí.
No primeiros dias, a ISAL era composta, em sua grande maioria, de
instituições médico-missionárias, tais como aquelas amplamente patrocinadas pela
Fundação dos Leigos, com sede em Madison, Tennessee e no Sanatório
Incorporado de Wildwood, operando no Norte da Geórgia. Durante os anos
setenta, no entanto, sob a direção dinâmica de Caris Lauda e James Aitken, as

67
portas foram abertas para homens de negócios e profissionais unirem-se no que,
agora, haviam se tornado as Indústrias e Serviços de Adventistas Leigos – ainda
permanecendo a sigla ISAL.
Agora, de todas as partes da América do Norte, devotados e entusiásticos
leigos estão respondendo ao desafio de um novo tipo de trabalho na igreja. “Seus
membros são adventistas do sétimo dia, leigos, solidamente dedicados a ajudar a
igreja organizada a finalizar a comissão evangélica”, declara uma bela brochura da
ISAL. “A meta de seus membros é testemunhar a todos, com os quais entrarem em
contato, do grande amor que Jesus Cristo tem para com eles, apressando, assim, a
Sua volta. Eles crêem que o testemunho não deve ser feito apenas aos sábados, mas
também em todos os outros dias da semana, em seus negócios e profissões.”
Homens e mulheres adventistas do sétimo dia, de todas as várias profissões,
estão agora se unindo à bandeira da ISAL. Arquitetos, procuradores, construtores
de barcos, padeiros, vendedores de carros, trabalhadores em construções,
contadores, administradores de lojas de alimentos, agentes de funerárias,
executivos de hospitais e operadores de aquecedores e ar-condicionados são
defensores do projeto “Testemunhando por Cristo, Sete Dias por Semana.”
Esses homens e mulheres, empresários cristãos, produzem suprimentos
médicos, alimentos saudáveis, cereais, armários, eletro-domésticos e uma quase
infinita variedade de outros produtos que suavizam a vida. Atuam em
enfermarias, salas de tratamentos, laboratórios dentários. Na verdade, representam
uma vasta gama dos “negócios norte americanos.” Mas, mais do que isso, eles têm
um forte catalisador – servir a Deus, a Sua igreja e a seu próximo.
Henry Martin, revendedor da Mercedes, em Grants Pass, Oregon, sintetizou
a ISAL como sendo o espírito de serviço. Todas as quintas-feiras, à noite, Henry e
Robin Martin dirigem uma classe bíblica, no escritório de Henry. Qualquer pessoa
que desejar participar é bem-vinda. E as pessoas vêm.
O Pastor Kenneth Livesay, Secretário Executivo e Tesoureiro da ISAL,
conta-nos de ter-se encontrado com um jovem médico, sua esposa e filha, no local
de trabalho de Martin. O Dr. Russel Nichol e sua família estavam procurando
“uma igreja que ensinasse a Bíblia”. Eles também queriam ir para a Europa e
comprar um carro da Mercedes. Henry Martin ajudou-lhes a realizar todos os seus
desejos. O Dr. e Sra. Nichol foram incluídos em um passeio da ISAL pela Europa.
“A maior parte do tempo da viagem na Europa”, o Pastor Livesay escreve,
“os Nichols mantinham suas bíblias abertas e estavam cheios de questionamentos.
Por toda a Europa e no retorno da viagem o interesse continuou. Na primavera de
1981, o doutor e sua esposa batizaram-se e se uniram à igreja. Depois, fizeram uma
viagem por alguns lugares da América do Sul, visitando unidades missionárias
adventistas.
Um dos vendedores de Martin foi batizado em 1981 e uma moça,
funcionária em um banco local, também se uniu à igreja, como resultado de
contatos com os Martin. Vale a pena testemunhar por Cristo, sete dias por semana,
na tradição da ISAL.

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Quais são alguns dos objetivos da ISAL? Sua atrativa brochura “Fique por
Dentro” resume desta forma: “Unir homens de negócios e profissionais adventistas
no serviço ativo e voluntário para Deus e a humanidade, em todos os níveis da
administração da igreja. Dar encorajamento, estabelecer elos e cooperação entre os
vários tipos de leigos, ao possuir e atuar em serviços, instituições e indústrias,
trabalhando juntos e em harmonia com os padrões e objetivos da Igreja Adventista
do Sétimo Dia. Tornar todo profissional e homem de negócio, membros da ISAL,
em ativos sócios de Deus no evangelismo externo.”
“A Associação das Indústrias e Serviços de Adventistas Leigos têm por
objetivo fornecer meios pelos quais os membros possam se tornar mais efetivos em
sua obra, através da troca de informações, coordenação de objetivos e esforços e a
inspiração do companheirismo cristão.”
O ingresso na ISAL foi grandemente expandido durante os últimos dez
anos. “A filiação à ISAL está aberta para homens de negócios e profissionais
adventistas, incluindo instituições, negócios e indústrias compatíveis com os
padrões e normas adventistas do sétimo dia”.
“Espera-se que os membros permaneçam em defesa dos padrões éticos,
profissionais e financeiros da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Também devem ter
uma influência positiva em suas comunidades. Deverão ter passado, pelo menos,
um ano em suas atividades, antes de se candidatarem à filiação na ISAL.”
Uma pequena igreja, em uma pequena cidade deserta, sem nenhum pastor –
normalmente seria isto uma receita para uma igreja fracassada. Por alguns anos,
Needles, uma Igreja Adventista da Califórnia, era reconhecida como “uma igreja
morta”. Então, Les Bryan mudou-se para essa cidade. Les, um recém-convertido,
ardia de entusiasmo pela sua nova fé. Logo iniciou uma classe bíblica.
“Dentro de três meses”, relata Kenneth Livesay, “houve um interesse tão
grande naquela pequena cidade, que um evangelista foi chamado para a colheita e
houve mais de vinte pessoas batizadas. Isto dobrou o número de membros da
igreja de Needles”.
A igreja repentinamente reviveu.
Um dia, Irene McCrary, outro membro da igreja de Needles, foi a um salão
de beleza local. Ela manuseava alguns feltros, para o seu Departamento de Escola
Sabatina, enquanto seu cabelo estava secando. Algumas mulheres, no mesmo
salão, estavam curiosas. O que eram todas aquelas “coisas de feltro?” Irene
explicou. Estudos bíblicos para a comunidade foram o resultado. Finalmente, 28
foram batizados, em um só dia. Contudo, não havia nenhum pastor regular
naquela igreja.
Em 1981, Irene conseguiu um espaço em uma rádio, para contar histórias
para as crianças. As crianças na comunidade – e também muitos dos pais –
amavam este trabalho.
“Essa igreja tinha agora aumentado para mais de cem membros”, escreve o
Pastor Livesay, “e no presente momento, somos em torno de 150 membros e
visitantes na igreja Needles, a cada semana. Deus seja louvado!”

69
Mckee Bakery, em Collegedale, Tennessee, é um bom exemplo da
versatilidade no serviço da ISAL. A padaria – “o lar dos produtos Little Debbie –
emprega centenas de estudantes da faculdade. Ajudar esses estudantes a conseguir
uma educação cristã é uma parte de seu ministério. Suas bênçãos são multiplicadas
quando esses estudantes se graduam e saem para o campo de trabalho para
testemunhar pelo Senhor. O sucesso que Deus tem dado a Mckee Bakery a tem
capacitado a prosseguir com a obra através do apoio financeiro. Muitos prédios, no
campus do Southest Missionary College, foram construídos com fundos
provenientes da padaria. Ajudou também na construção de mais de 26 igrejas.”
A Maranatha Flights International, por muito tempo membro da ISAL, tem
feito sentir sua influência para o bem, não somente em muitos dos estados nos
Estados Unidos – incluindo o Alaska e o Havaí – mas também no Canadá, México,
Brasil, Peru, Guatemala, Honduras, Escócia, Irlanda, África Ocidental, Bornéu e
Açores. A Maranata Flights International constrói igrejas, escolas, lares e
instalações médicas. Tem também realizado muitos programas, tais como o
remodelamento de uma lancha médica, fornecimento de livros para as escolas das
Índias Ocidentais, ajudando a educar valiosos estudantes, como também enviando
uma família para ensinar em uma escola de sustento próprio na América do Sul.
Meu primeiro contato com a Maranata Flights International foi enquanto
estava no norte, em Yellowknife, em Great Slave Lake, nos territórios ao noroeste
do Canadá. A Igreja Adventista de Yellowknife precisava de um templo e os
membros da Maranatha Flights International voaram e se deslocaram de todas as
partes da América para construir a igreja, num espaço de duas semanas. E assim
eles o fizeram – dentro de duas semanas.
“Isto é inacreditável! Eu simplesmente achava que isso não seria possível”,
um inspetor de Yellowknife declarou, enquanto contemplava a estrutura
finalizada.
Depois, viajei para Tegucigalpa, Honduras, na América Central, para
encontrar um feliz grupo de entusiásticos membros da ISAL trabalhando com
afinco, para terminar a construção de uma Missão Hospitalar, fora da capital da
nação, no Vale dos Anjos. Dizer apenas que fiquei impressionado com o que vi –
tanto no Canadá, como na América Central – é muito pouco. Ali estava, na
verdade, o serviço de verdadeiros cristãos adventistas do sétimo dia!
A Maranatha Flights International poderia facilmente prover emocionante
material, suficiente para um livro de sua própria autoria – e sem dúvidas isso
acontecerá, se seu dinâmico fundador e líder, John Freeman, tomar a frente do
projeto.
Os membros da ISAL, na Associação da União do Pacifico, decidiram unir
seus esforços para levantarem alguns prédios de igrejas, em locais onde são
necessários, dentro de seu campo. A “Missão Construtores de Igrejas” foi
organizada. Desde então, sete igrejas foram construídas e muito mais que um
milhão de dólares, de valoroso labor, tem contribuído para esses projetos. E como
um resultado deste esforço da ISAL, almas foram batizadas.

70
Nós poderíamos prosseguir com mais e mais relatos. Por exemplo, o
Restaurante Vida no Campo ocupa meio quarteirão da Avenida Wall, na cidade de
Nova York, e alimenta cerca de 650 pessoas, todos os dias. O Pastor Livesay relata
que, “no mínimo, de 10 a 13 pessoas foram batizadas e uniram-se à igreja
Adventista do Sétimo Dia”, como resultado do trabalho desses devotados
membros da ISAL.
Um médico, em San Bernardino, na Califórnia, outro em Upland, Califórnia,
um caminhoneiro de Decatur, Geórgia, irmãos que trabalham na fabricação de
móveis, um construtor de armários de cozinha – todos da Califórnia –,
testemunhando, nos sete dias da semana, de Cristo e Sua mensagem para os
últimos dias – eles estão vendo almas serem batizadas como resultados de seus
esforços. Os membros da ISAL são ganhadores de almas.
Os membros da ISAL levantaram mais de 100 mil dólares para organizar
uma nova corporação, a fim de apoiar vários projetos missionários, tais como o
programa Vans da Cidade de Nova York e Centros de Restabelecimento –
estrategicamente localizados para servir áreas metropolitanas. Com a preocupação
em minorar os problemas de desemprego e ajudar as pessoas a receber uma
educação cristã, Kenneth Livesay diz: “Nós estamos no processo de tentativa da
criação de 5 mil novos postos de trabalho através da ISAL”. Assim, a empolgante
história da ISAL continua – sempre com mais desafios, na medida em que ela
avança.
Em uma carta, relembrando algumas das conquistas e bênçãos dos esforços
da ISAL, o Pastor Livesay falou-me com entusiasmo: “Pastor Pierson, se eu não
fosse adventista, eu diria ‘Aleluia’!”
Bem, quando leio algumas dessas histórias emocionantes, acerca do que
nossos profissionais e homens de negócios estão fazendo, eu digo: “Aleluia,
louvado seja o Senhor”, porque eu sou adventista do sétimo dia. Quem deveria ser
mais repleto de amor e louvor do que um membro da igreja remanescente de
Deus? Quem deveria ser mais inclinado a expressar de forma audível aquele
louvor, quando o poder e a bondade de Deus são evidentes, do que um filho de
Deus?
Eu digo: “Louvado seja o Senhor!”, pelos homens e mulheres consagrados
que são Adventistas do Sétimo Dia – homens e mulheres que permitem sua luz
brilhar a cada dia, em sua obra e cujo grande objetivo nesta vida é o avançamento
da obra de Deus, em todas as suas diferentes fases e a preparação de candidatos
para a vida do porvir!
Se vocês concordam comigo, todos digam “sim”!

71
CAPÍTULO 8

STONECAVE

Foi em maio de 1980 a minha última visita ao Instituto Stonecave.


Localizado no belo Vale do Rio Squatchie, a 8 quilômetros de Dunlap, Tennessee, o
campus e os jardins estavam encobertos do atraente verde do Tennessee. Quarenta
mil pés de couve estavam florescendo na horta, dando a promessa de uma boa
colheita no futuro próximo. Os funcionários e estudantes estavam ocupados
colhendo e processando deliciosos morangos vermelhos, no pomar da escola.
Milho verde, tomates irlandeses, batata doce, feijão soja, melancias e suco; 16.200
metros quadrados de cassis – tudo estava despontando. Duzentas colméias de
abelhas prometendo manter as pessoas doces, durantes os dias que estavam por
vir. Stonecave parecia estar em sua melhor fase!
Stonecave teve suas origens no Wildwood e em Lookout Mountain. Em
1950, Archie e Ruth Peek, com seus colaboradores, formaram uma corporação sem
fins lucrativos e começaram a desenvolver um programa de treinamento. A casa
da fazenda, de 125 anos de idade, serviu como sala de aula, como dormitório para
funcionários e estudantes e como cozinha da escola.
Em 1957, Vitor Starrett tornou-se o administrador, trazendo com ele
ajudantes e estudantes de Lookout Mountain.
Em 1961, John Jensen foi chamado, de Eden Valley, para se tornar o
administrador de Stonecave. Durante seus seis anos de administração, um prédio
para a nova administração e três alojamentos para estudantes foram erigidos.
Como os líderes dependiam do Senhor, homens, materiais e dinheiro estavam
sempre disponíveis nos momentos críticos. Gentilmente, negociantes na vizinha
Chattanooga dispuseram-se a contribuir com cargas de blocos de cimento, telhados
de zinco e outros materiais de construção, para ajudar a desenvolver a jovem
instituição.
O alegre dia da abertura da nova capela estava se aproximando. Visitantes
especiais estariam presentes para a ocasião e os funcionários anteviam uma ocasião
de bênçãos. O Irmão Jensen tinha comprado 500 dólares em materiais de
construção para completar o projeto – mas onde conseguir dinheiro para pagar a
madeireira? John Jensen e seus companheiros tinham confiado na principal Fonte
de sua ajuda e levaram suas necessidades ao Senhor, em fervorosa oração. Uma
semana depois, John foi a uma agência dos correios pegar a correspondência. Ao
abrir uma carta de Harold Grosboll, John encontrou um cheque exatamente no
valor de 500 dólares.
“Por que você enviou 500 dólares?” John perguntou ao irmão Grosboll, mais
tarde.
“Na verdade eu não havia planejado enviar aquela quantia”, o gentil
benfeitor respondeu, “havia-me proposto a mandar 100 dólares, mas, quando eu
escrevi o cheque, de alguma forma a quantia ficou em 500 dólares!”

72
“Nosso Deus é bom”, o irmão Jensen disse, anos depois, ao relembrar o
incidente. “Ele sempre cumpre as suas promessas. No Desejado de Todas as Nações,
p. 371, a serva do Senhor escreve:

‘Os meios de que dispomos talvez não pareçam suficientes para a obra; mas, se
avançarmos com fé, crendo no todo-suficiente poder de Deus, abundantes recursos se nos
oferecerão. Se a obra é de Deus, Ele próprio proverá os meios para sua realização.
Recompensará a sincera e simples confiança nEle. O pouco que é, sábia e economicamente,
empregado no serviço do Senhor do Céu, aumentará no próprio ato de ser comunicado... Se
nos dirigirmos à Fonte de toda força, estendidas as mãos da fé para receber, seremos
sustidos em nosso trabalho, mesmo nas mais difíceis circunstâncias’”.

“Provando o Senhor através dos anos”, o irmão Jensen acrescenta


ponderadamente, “tenho descoberto que Ele sempre cumpre estas promessas”.
Após seis anos sob a liderança de John Jensen, as matrículas em Stonecave
aumentaram para 40. Os líderes de Stonecave começaram a fazer planos para
abrirem uma outra escola. Os funcionários e os estudantes uniram-se em oração,
para que o Senhor revelasse a localização para a nova empreitada, que estivesse
em harmonia com a Sua vontade.
A resposta a essa oração foi o estabelecimento da obra próximo a Moab,
Utah – a Academia Valley Castle. A abertura desse instituto, pelos obreiros de
Stonecave, é descrita no capítulo sobre a Valley Castle.
“Que o caminho do Senhor seja estabelecido.” Ellen White escreve em
Evangelismo, p. 393:

“Os olhos do Senhor estão sobre todo o campo e, quando houver chegado o tempo
para começar uma instituição em certo campo, Ele pode encaminhar para aquele lugar a
mente dos homens e mulheres mais bem preparados para entrarem na instituição.”

Os líderes de Stonecave sentiram que essa declaração inspirada


desempenhava uma parte em sua nova empreitada missionária, na distante Utah,
onde um grupo de adventistas fiéis estavam orando por uma faculdade, em sua
Associação.
Durante minha recente visita a Stonecave, Fred Clague, atual administrador
e dirigente da escola, Carlene Griffen e James Bellizio contaram dos planos de abrir
outra nova instituição, no Estado da Flórida, do qual o irmão Bellizio é natural.
Com considerável entusiasmo, eles descreveram os 648 metros quadrados da
propriedade que, sentiam eles, tinha providencialmente se tornado disponível a 24
quilômetros de Live Oak, na parte norte do estado.
A partir de março de 1980, as matrículas da escola de Stonecave
permaneciam em torno de 16.

73
“Um ótimo número de matrículas”, disse-me o irmão Clague, “está entre 20
e 24. Se nós tivermos muito mais do que este número, não seremos capazes de
prover a atenção pessoal, que achamos que cada estudante deve receber”.
“Os seus estudantes são capazes de se transferirem de Stonecave para
outras instituições adventistas, ou para escolas públicas, sem problemas de
credenciamento?” perguntei.
“Até agora nós não somos credenciados. Nossos estudantes, que foram
transferidos para outras escolas, têm-se saído muito bem”, disse a senhora Griffin.
A padaria da escola é uma das principais fontes de recursos de apoio
financeiro para a instituição. Além de suprir os funcionários e estudantes com
saudáveis alimentos integrais, oitocentos a novecentos pães embarcam pela UPS,
toda semana, rumo a Knoxville e a outras cidades, para serem vendidos em lojas
de produtos naturais. Granolas, biscoitos saudáveis e tâmaras também estão
incluídos nos produtos.
Como em muitas instituições de sustento próprio, a oração desempenha um
papel importante nas operações diárias da escola.
“No ano passado, nosso ‘freezer’ de segunda mão parou de funcionar,
exatamente no momento em que nós mais iríamos precisar dele”, Jim Bellizio
relembra. “Algumas frutas e vegetais logo amadureceriam e nós precisávamos
daquele freezer.”
“O que aconteceu, então?” Eu perguntei expectante.
“Bem, nós descobrimos que ia custar mil dólares para consertá-lo.”
“E aí?” perguntei.
“Não tínhamos aquela quantia de dinheiro na época.”
“Então?”
“Então, nós oramos e pedimos ao Senhor para nos ajudar.”
Eu já esperava esta solução para o problema. “O dinheiro veio no dia
seguinte?” perguntei.
“Não, o dinheiro não veio no dia seguinte,” Jim respondeu, “mas,
exatamente um pouco mais tarde, quando o milho estava pronto para ir ao
‘freezer’, um cheque de mil e cem dólares veio pelo correio, por uma pessoa que
nós nem mesmo conhecíamos. Não tinha havido solicitações. Nós cremos que
Deus mandou o dinheiro – um pouco mais do que nós, na realidade, precisávamos
para consertar o freezer – no tempo certo.”
A luz de Deus ainda brilha em Sequatchie Valley. É um farol da verdade,
em um belo vale verdejante, que precisa da mensagem de Deus. Este é o Instituto
Stonecave, com um devotado corpo de estudantes e funcionários.

74
CAPÍTULO 9

LIVING SPRINGS
O POSTO METROPOLITANO AVANÇADO

As avenidas abarrotadas de Calcutá, Índia, dificilmente seria o lugar em que


alguém sonharia com a divulgação da mensagem adventista na cidade de Nova
York. Mas enquanto Bill Dull caminhava pelas ruas daquela fervilhante cidade, em
1975, sentiu uma grande responsabilidade pelos perdidos na distante Nova York.
No final de 1974, Bill viajara ao sul da Índia, para instruir jovens ministros
indianos a como ganhar almas, através do evangelismo médico-missionário.
Depois de uma semana nas vilas de Tamil Nadu, Kanara e Kerala, sentiu-se
impressionado a estender sua breve visita por um tempo maior de serviço. Ele fez
a solicitação por um visto de residente, a fim de permanecer, mas todos os seus
esforços foram em vão. Os oficiais de imigração insistiram que ele deveria partir
quando o seu visto expirasse.
“Fiquei com o coração partido, quando as coisas não deram certo para que
eu permanecesse e continuasse a obra, tão necessária, na Índia”, disse Dull, depois.
“Foi, então, que o Senhor revelou-me as multidões da cidade de Nova York, como
meu futuro campo missionário. Enquanto eu lia o livro Evangelismo, descobri que
Nova York deveria ser um símbolo para os métodos que nós deveríamos usar, ao
trabalhar em outras grandes cidades, pelo mundo afora.”
Ellen White descreve uma instituição de saúde, estabelecida em uma
localidade rural próxima, como o ideal para se trabalhar nas populosas áreas
metropolitanas da América. Aos milhões dessas regiões congestionadas são
negadas as bênçãos do ar fresco e as generosidades da natureza.

“Quão agradáveis aos enfermos deprimidos, acostumados à vida da cidade, ao clarão


de muitas luzes e ao ruído das ruas, são a quietude e a liberdade do campo. Com que
ansiedade se volvem para as cenas da natureza! Quão satisfeitos se sentirão eles pelas
vantagens de uma casa de saúde no campo, onde podem sentar-se sob um céu aberto,
deleitar-se com a luz solar e respirar a fragrância das árvores e flores!” – Testemunhos para
a Igreja, vol. 7, p.77.

Poucos meses depois de seu encontro em Calcutá, os Dulls, com os seus três
filhos, estavam em um velho caminhão pick-up Chevrolet viajando para o Leste,
partindo de Earl’s Court Academy, em British Columbia, em direção ao seu novo
campo missionário, na grande megalópole na costa leste.
Projetos na obra médico-missionário de Sustento Próprio não eram uma
experiência nova para os Dulls. Graduados no Curso de Médico-Missionário do
Sanatório Wildwood, Bill e sua esposa, Lois, estavam bem familiarizados com os
meios e métodos de levar avante esse excepcional programa missionário.
Os Dulls foram os pioneiros da obra de Sustento Próprio em West Virginia,
onde eles abriram as portas para o Instituto Beautiful Valley e tomaram parte na

75
construção da igreja vizinha a Spencer. Depois de sete anos em West Virginia,
mudaram-se para o Norte, para a fenomenal Columbia British, onde Bill serviu
como diretor do Instituto Silver Hills, próximo a Lumby até o tempo de sua visita
ao sul da Índia.
Morando perto de Peekskill, Nova York, naqueles primeiros meses, após
sua chegada ao Empire States, não foi exatamente uma experiência fácil e
agradável. Os Dulls viviam em uma primitiva cabana, que não tinha água
encanada, nem eletricidade. Por um ano, Bill procurou fervorosa e diligentemente
por uma propriedade que provesse acomodação adequada para um posto
evangelístico avançado, do qual pudessem alcançar alguns dos milhões de
moradores de Nova York. Durante essa “seqüência” de eventos, Bill tomou
conhecimento de uma propriedade de 162 mil metros quadrados, localizada
próximo a um pequeno lago, nas cercanias de Taconic State Parkway. Setenta e
dois quilômetros ao norte da parte central de Manhattan era uma “razoável
distância” da área metropolitana. Se estivesse disponível, esse poderia ser um
lugar ideal, onde se poderia levar avante a obra que eles sentiam que o Senhor os
estava chamando para realizar.
Dull entrou em contato com o dono da propriedade e ofereceu 150 mil
dólares para comprá-la. Sua oferta foi rejeitada. O local havia sido comprado por
220 mil dólares. Naturalmente o dono desejava recuperar seus investimentos.
Pouco tempo depois disso, o banco hipotecou a propriedade. O leilão da hipoteca
foi marcado para 7 de fevereiro, de 1977, às 10 horas da manhã.
O Irmão Dull não foi encorajado, pelos amigos ou associados, a crer que
conseguiria a propriedade, para o propósito a que ele pretendia. Dois milagres
teriam que ocorrer, caso viesse a adquiri-la. Primeiro, ele devia comprar o local
pelo valor que dispunha. Como segundo obstáculo, precisava de uma permissão
da direção do Distrito, para estabelecer aquela espécie de instituição a que ele se
propunha a dirigir.
Os Dulls e seus companheiros fizeram da questão um motivo de fervorosas
orações. Se esses 162 mil metros quadrados da propriedade fossem o lugar que
Deus escolhera, para que abrissem um posto avançado para a cidade de Nova
York, estariam convictos de que ambos os milagres solicitados seriam realizados
por Aquele que nunca falha para com Seu povo que nEle confia.
“Senhor, se Tu quiseres que tenhamos essa propriedade para nosso posto
avançado”, o pequeno grupo de obreiros orava, “por favor, não permitas sejam
dados lances maiores do que aqueles que somos capazes de pagar pela venda da
hipoteca.”
O Senhor fez exatamente isso!
O dia 7 de fevereiro amanheceu escuro e nublado. O clima estava
surpreendentemente severo e frio. As estradas cobertas de gelo. O irmão Dull e
seus companheiros dirigiram seu caminho para o Palácio da Justiça, do Município
em Carmel, Nova York. A venda estava marcada para começar às 10 horas e 30
minutos. Quando chegaram, meia hora antes, o Palácio da Justiça estava vazio.

76
Contudo, mais três pessoas desafiaram a temperatura abaixo de zero para
comparecer ao leilão – o juiz do Município, o advogado do proprietário e um outro
procurador. A venda começou exatamente na hora.
Bill Dull e seus companheiros eram os únicos licitantes. Eles ofereceram
130,5 mil dólares pela propriedade. A oferta deles foi aceita.
Dez minutos após o fim da audiência, um construtor chegou todo ofegante.
“Eu pensava que o leilão iria começar às 11 horas”, disse ele desapontado.
“Por quanto eles colocaram à venda essa propriedade?”
Quando lhe disseram, o desolado homem exclamou, “ora, eu teria lhes
oferecido o dobro disso!” Mas ele chegou tarde demais.
“Talvez Deus quisesse que você tivesse esta propriedade”, um dos oficiais
do Distrito disse a Dull, quando viu o desenrolar dos eventos. Outros oficiais
gentilmente até estenderam o prazo para o pagamento da entrada que Dull devia
realizar.
O Senhor havia realizado o primeiro milagre. A propriedade seria deles!
Mais tarde, o Senhor realizaria o segundo milagre. A diretora de
zoneamento do Município de Putnam concedeu a permissão necessária, para o
funcionamento do centro avançado de evangelismo em seu Município. O novo
programa estava um passo mais próximo de seu objetivo. Todos os sinais eram:
“Prossigam”.
Mas ainda havia obstáculos a serem superados. O financiamento para o
projeto precisava ser concretizado.
“No dia anterior ao leilão”, Bill me contou recentemente, “não havia nem
um único centavo dos 130,5 mil dólares, garantidos para a compra da
propriedade”.
Naquele dia, o Pastor Charles Cleveland e Raph Martin deram uma parada
para visitar os Dulls. Bill mostrou-lhes a propriedade. Ficaram impressionados
com o que viram. No dia seguinte, o Pastor Cleveland foi com Bill ao leilão. Martin
permaneceu em casa a fim de jejuar e orar pelos recursos necessários. Muitas
vezes, durante o dia, ele fez ligações para amigos. Antes de o dia acabar, ele tinha
50 mil dólares garantidos para o projeto.
“Eu precisava de 10% do valor da compra para o pagamento da entrada.
Wildwood disponibilizou-nos essa quantia, a título de empréstimo”, Bill explicou.
“Eu tinha trinta dias para levantar o dinheiro estimado.”
“Essa foi a primeira vez em que eu realmente conheci o ‘stress’ em minha
vida”, ele reconhece. “Meu último prazo para o pagamento era na 2ª-feira pela
manhã, às dez horas. Um amigo tinha concordado em nos emprestar 117 mil
dólares, a curto prazo, a juros baixos. Esse dinheiro precisava estar no meu banco
às 2 horas da tarde, na 6ª-feira, assim eu poderia estar tranqüilo para cumprir meu
prazo final, às 10 horas da manhã da 2ª-feira.”
Os Dulls passaram por algumas horas de frustração e ansiedade, antes que
o prazo final naquela manhã de 2ª-feira chegasse. O tempo ruim, as horas passadas

77
no banco e outras circunstâncias frustrantes, impedindo a chegada do empréstimo
à conta dos Dulls, às 2 horas da 6ª-feira.
Foi um final de semana de ansiedade e cheio de orações para os obreiros de
Living Springs. Resumindo a história, os fundos esperados vieram
inesperadamente na 6ª-feira à noite e os Dulls foram avisados na manhã da
segunda, pouco antes do prazo final das 10 horas. Mais uma vez o Senhor tinha
“agido” em favor de Seu povo. Ele tinha realizado o primeiro milagre. O novo
projeto foi satisfatoriamente financiado. Hoje, o preço total da compra e todas as
taxas estão totalmente quitados.
Essa situação tem permitido à administração de Living Springs voltar sua
atenção para a reconstrução e remodelamento das velhas estruturas na
propriedade. Somente um, dos 23 prédios originais, estava em condições de
habitação, no tempo em que tomaram posse.
Bill, Lois e sua família viveram em um “abrigo” nos seis meses anteriores a
1977. Amigos simpatizantes da instituição de Sustento Próprio co-irmã têm se
dirigido para Living Springs, várias vezes, para ajudar na continuação do
programa de construção. Voluntários do Canadá e Michigan chegaram para ajudar
na restauração dos velhos abrigos improvisados e no alojamento dos obreiros.
Essa mui generosa provisão de ajuda, por parte dos amigos de perto e de
longe, em si mesma, apresentou um problema que requereu a ajuda do “Alto”.
Muitos operários estavam trabalhando para ajudar naquele edifício a ponto de o
estoque de material tornar-se insuficiente. Por conseguinte, deixou de haver
material suficiente para manter os voluntários ocupados. Os obreiros levaram esse
problema ao Senhor. Ele escutou o apelo deles. No dia seguinte, um cheque de 6
mil dólares chegou pelo correio. A obra de construção continuou. Mais uma vez, o
Senhor havia cumprido Sua promessa.
“Em Junho de 1978, a construção no entro de recondicionamento de saúde
começou”, o irmão Dull relembra. “Uma vez mais, o Senhor supriu nossas
necessidades. Cerca de 35 mil dólares, em doações, vieram. Novamente, os
recursos adequados, para os materiais de construção, nos chegaram exatamente a
tempo de manter ocupados os ajudantes voluntários, que se uniram a nós em
Living Springs”.
“A lei no Município de Putnam, Nova York, restringe a construção além das
estruturas existentes para uma habitação por lote”, Bill me escreveu, poucas
semanas atrás, “e isto nos apresentou mais problemas”.
O centro de condicionamento de saúde tinha que ser projetado e construído
dentro do prédio do antigo refeitório, que permanecia na propriedade. A
deteriorada estrutura fora vítima de tanto vandalismo, que dificilmente poderia ser
chamada de prédio. Somente as paredes e o teto do prédio original permaneciam.
Um dia, o inspetor de prédios veio para fiscalizar o antigo refeitório. O
Irmão Dull levou-o para ver os fundamentos, onde estavam escavando. O inspetor
olhou ao redor das deterioradas madeiras e sugeriu seriamente: “Se você não se
importa, Bill, vamos lá fora para discutirmos isto.”

78
Nesse ambiente, a obra de reconstrução e remodelamento começou. Se as
paredes existentes ruíssem durante a reforma, a licença de construção seria
revogada. Os trabalhadores tinham que exercer grande cuidado na obra. O
Instituto Mountain Missionary, em New Hampshire, enviou uma retro-escavadeira
D-6, para fazer a escavação necessária. Uma equipe de voluntários de 18 pedreiros
e ajudantes de Hackettstown, New Jersey, chegou no momento exato para assentar
os blocos. Quarenta e seis dias depois que os fundamentos tinham sido postos, as
paredes do lado de fora do fundamento, medindo 40,5 metros de comprimento, 11
metros de largura e 3 metros de altura, foram completadas.
Um empreiteiro de Iowa e uma equipe de 9 homens do Instituto Yuchi
Pines, no Alabama, chegaram na hora exata da construção do prédio. Um
empréstimo no valor de 5 mil dólares, sem juros, foi realizado no mesmo dia em
que os voluntários chegaram para essa fase da construção.
Poucos dias depois – 3 de novembro de 1978 – a nova instituição enfrentou
outra crise financeira. Não havia fundos para comprar o material necessário para
colocar o telhado, na seção sul do centro de condicionamento. Parecia que a obra
teria que parar. Mas isso não aconteceu. Depois da reunião de oração da 5ª-feira,
na 6ª-feira, pela manhã, o correio trouxe outro cheque de um amigo do Oeste. A
quantia? Exatamente a suficiente para cobrir os gastos com o material. Nenhuma
das obras foi interrompida.
Não somente com funcionários, materiais e recursos tem o Senhor
abençoado o projeto do Living Springs. Bill conta como o Senhor proveu as
condições necessárias, em um período crucial do programa de construção.
“Em uma ocasião, após o teto ter sido finalizado e coberto com madeira
compensada, os meteorologistas predisseram fortes chuvas, começando às nove
horas e continuando pela manhã”, ela recorda. “Como você pode perceber, nós
deveríamos cobrir aquela madeira compensada com alcatrão impermeável, antes
que a chuva prevista viesse no dia seguinte.”
O Irmão Dull e seus associados tiveram uma reunião de oração na floresta,
naquela noite, pedindo ao Senhor para segurar a chuva, até que o compensado
fosse coberto.
“Na manhã seguinte, às seis horas, estávamos todos no trabalho, colocando
a lona sob um clima ameaçador”, explica Bill. “Dez horas e meia da manhã, a
última faixa foi colocada e, acreditem ou não, exatamente quando nós finalizamos,
a chuva começou a cair."
Silver Springs é agora o lar de 18 obreiros, alguns dos quais viajam
diariamente para a cidade, a fim de promoverem muitas das formas de
evangelismo médico-missionário. Enquanto continua o programa de reconstrução
e remodelação na casa principal, os obreiros ministram consultas de como parar de
fumar, aulas de Culinária e Nutrição, aulas de Hidroterapia e seminários bíblicos
na cidade. Muitas dessas aulas são realizadas na igreja de Manhattan.
Enquanto este livro está sendo escrito (setembro de 1980), um programa de
Condicionamento de Saúde está sendo realizado. Conferências sobre Saúde,

79
Controle de Peso, cursos de como para de fumar, controle de stress e outros
serviços públicos são características do novo Centro de Condicionamento em
Living Springs, que foi inaugurado em 11 de maio de 1980. O Dr. Robert H. Dunn,
consultor da Associação para o programa, possa todas as manhãs no campus
ajudando e dirigindo o programa.
“Caminhar a pé desempenha uma parte vital no regime diário”, diz o Dr.
Dunn. “Uma l,egítima dieta vegetariana também contribui para o restabelecimento
de nossos pacientes.”
Às terças-feiras, conforme o tempo favoreça, os obreiros de Living Springs
conduzem um ministério de saúde especial em Battery Park, no distrito de Wall
Street, durante a hora de almoço. “Homens de negócios, vestidos em ternos
impecáveis e secretárias vestidas na mais recente moda, ao redor de uma mesa
adornada com jarras e espécimes preservados em formol”, é a forma com que um
repórter descreve essas reuniões na hora do almoço.
Alguns que pararam para ouvir em Battery Park, depois tomam parte em
diferentes programas oferecidos nos salões e igrejas da Associação Grande Nova
York. Espera-se que esses contatos, realizados através do ministério no parque,
sirvam de canal para pessoas interessadas no Instituto Living Springs, como uma
cunha de penetração para estudos bíblicos e eventual ingresso na Igreja.
“Aprecio muito a obra que os obreiros de Living Springs estão levando a
frente em nossa Associação”, o Pastor Merlin Kretschmar, presidente da
Associação Grande Nova York, disse-me recentemente. “Precisamos de todos os
ajudantes que vocês conseguirem, para nossa evangelização desta grande área
metropolitana. Living Springs está fazendo um bom trabalho. Nós desejaríamos
que houvesse mais grupos como o deles.”
Ainda existe muito a ser feito em Living Springs. Essa criança de três anos
ainda não está completamente desenvolvida. Hortas, vinhedos e um pomar devem
ser desenvolvidos. Mais trabalho de construção está nos planos. E dedicadas
famílias têm entregado seu tempo, seus talentos e suas vidas para construir uma
instituição, que desempenhará o seu papel de levar a última mensagem de Deus
para milhões em Nova York.
James Fly, coordenador de comunicações dos Ministérios Metropolitanos de
Nova York, escreve na edição de março de 1980 do ISAL – Associação das
Indústrias e Serviços dos Adventistas Leigos: “Living Springs tem semeado com
lágrimas o que, agora, está colhendo com alegria, de acordo com a promessa de
Salmos 126:5. No futuro, com a graça de Deus, este e, muitos outros centros
avançados (Bill Dull diz que precisamos de uma dúzia desses centros avançados
para esta gigante metrópole) tornar-se-ão ‘fontes de salvação’, oferecendo a graça
de Jesus Cristo para os nova-iorquinos sedentos”.

80
CAPÍTULO 10

NASCE O CONCEITO DE OBRA DE SUSTENTO PRÓPRIO

O conceito de obra de sustento próprio nasceu em perto da virada do século


vinte. Ellen White, sentindo o desafio de uma obra inacabada e com apenas um
punhado de obreiros de sustento próprio para terminar essa tarefa, chamou os
leigos para responder e ajudar a levar a mensagem para todos, em todos os
lugares. A serva do Senhor deu muitos conselhos, instando com os leigos para que
se levantassem e ajudassem a espalhar a verdade presente.
“São estes conselhos que têm trazido à existência essa linha, sempre
crescente, de serviços úteis”, Arthur White disse, em uma reunião de líderes da
ISAL – Associação das Indústrias e Serviços dos Adventistas Leigos, em Loma
Linda, em 6 de setembro de 1959. “São estes conselhos que formam a sanção da
obra de sustento próprio e eles poderão ser aplicados como uma permissão sob a
qual, dentro da estrutura da organização da Igreja, os vários ramos da obra de
sustento próprio operam como parte integrante da obra da Igreja.”
Naqueles dias, a obra da Igreja Adventista do Sétimo Dia era “a causa”. Eu
bem me lembro de minha avó Johnson, uma zelosa adventista do sétimo dia,
sempre falando “da causa” e como todos nós devíamos sacrificar e doar para a
manutenção “da causa.” Para aqueles crentes pioneiros do movimento Adventista
do Sétimo Dia era muito mais do que apenas uma outra igreja, com uma
mensagem a ser dada nas horas vagas. O Adventismo era uma causa – a causa de
Deus – para a qual deve ser dada a prioridade maior e deve ser levada com uma
urgência proporcional à solenidade dos tempos em que nós vivemos.

“Deus tem dado para cada homem uma obra a ser feita em conexão com seu Reino”,
Ellen White declara. “A obra do evangelho não deve depender apenas dos ministros. Toda
alma deveria tomar parte ativa no avanço da causa de Deus.” – Review and Herald, 21 de
fevereiro, de 1893.
“Trabalhe com suas mãos, para que você possa se auto-sustentar, e quando você
tiver oportunidade proclame a mensagem de alerta.” Medical Ministry, (Medicina e
Salvação) p. 322.

Os desafios naqueles primeiros dias eram maiores nas terras do Sul –


especialmente em meio à população negra. Cidades e áreas isoladas igualmente
precisam ouvir a mensagem especial de Deus para estes últimos dias.
Mais obreiros do que a igreja possa treinar e manter devem ser recrutados
para o serviço.

“Com humilde confiança em Deus devem as famílias estabelecer-se nos lugares


ainda não ocupados de Sua vinha.” Ellen White aconselhou. “Homens e mulheres
consagrados são necessários para que permaneçam como árvores carregadas com os frutos
da justiça nos lugares não ocupados da Terra.” - Testemunhos para a Igreja, vol.7 p. 22.

81
Consagrados carpinteiros, fazendeiros, encanadores, pedreiros
trabalhadores diários bem como médicos, dentistas, enfermeiras, professores e
outros trabalhadores profissionais são necessários. A mensageira do Senhor deixou
claro que esses obreiros devem ganhar seu sustento na profissão ou negócio que
escolherem e, ao mesmo tempo, estabelecer como sua prioridade a conquista de
almas para a salvação.
“O chamado não foi feito primeiramente de forma essencial para as
instituições”, o Pastor A. W. White, neto de Ellen White, relembra, “mas, sim, para
as famílias”. As famílias, com a responsabilidade de finalizar a obra, deveriam se
desenraizar e mudarem-se para áreas não penetradas, especialmente no
necessitado Sul.

“Que as famílias guardadoras do sábado se mudem para o Sul e divulguem a


mensagem perante aqueles que não a conhecem. Essas famílias podem se ajudar
mutuamente, mas sejam cuidadosas para que não venham a fazer nada que possa
comprometer seu avanço. Realizem o trabalho cristão de alimentar o faminto e vestir o nu.”
- Testemunhos para a Igreja, vol. 7, p. 227.

Muitos responderam ao desafio e foram, às suas próprias custas, ajudar o


avanço da obra.
Mais tarde, a serva do Senhor acrescentou as instituições ao tipo de obra que
deveria ser feita pelos obreiros de sustento próprio. “Logo foram necessárias
escolas”, A.W. White diz. “Forte apoio foi dado para o estabelecimento da
Faculdade Madison, como um centro de treinamento para a educação de jovens, a
fim de preparar-lhes para a obra de sustento próprio, nas terras do Sul. Eles, por
sua vez, foram encorajados a estabelecer escolas e, depois, foram levados à obra do
sanatório.”
Assim, o trabalho desenvolveu-se e cresceu sob o bondoso estímulo de Ellen
White e o encorajamento dos líderes da Igreja.
Desde o começo, a mensageira do Senhor enfatizava que a obra não deveria
ser a “nossa” ou a “vossa”, fazendo distinção entre a obra executada pelos obreiros
denominacionais e a de sustento próprio. Sendo ambas, sob a guia de Deus, a
“nossa obra”. Nós devemos ser “obreiros unidos por Deus”, como Paulo descreve.
“A obra é uma. Os objetivos são um. Os métodos são os mesmos”, Artur White nos
relembra. “Eu não encontrei quaisquer conselhos especiais, detalhando
minuciosamente como os obreiros de sustento próprio deveriam trabalhar. Não
existem duas linhas de conselho no Espírito de Profecia – uma para os obreiros no
trabalho regular denominacional e outra para os obreiros de sustento próprio. Não
existe uma linha de instruções dizendo como o sanatório de sustento próprio deve
ser operado e outra linha de conselhos para aqueles que administram um sanatório
que pertença à Associação.”

82
Os diferentes ramos da obra missionária deveriam ser empreendidos pelos
obreiros de sustento próprio, de acordo com Ellen White. Primeiro, sempre, o
ganhar almas foi, e é, o alvo supremo. Ela enfatiza o Ministério de Literatura –
Testemunhos para a Igreja, vol. 4, p. 389. Restaurantes Naturais devem ser abertos –
“ela os chama de restaurantes 'higiênicos'” – Testemunhos para a Igreja, vol. 7, pp. 122
e 123. Sanatórios devem ser estabelecidos – Medical Ministry (Medicina e Salvação), p.
306. Lojas de produtos naturais devem ser gerenciadas – Conselho aos Pais,
Professores e Estudantes, p. 495. A mensagem de Temperança deve ser proclamada –
Testemunhos para a Igreja, vol. 7, p. 115. A Reforma de Saúde deve ser recomendada -
Testemunhos para a Igreja, vol. 7, p. 119. À Culinária Saudável e Dietética deve ser
dado o seu devido lugar – Testemunhos para a Igreja, vol. 7, p.112. Escolas devem ser
abertas. Esforços evangelísticos devem ser realizados.
Através de seus conselhos, Ellen White enfatizou que os obreiros jamais
deveriam perder de vista o propósito principal, pelo qual suas instituições foram
estabelecidas – preparar almas para o reino dos céus.

“O grande objetivo de receber os que não crêem na instituição é conduzir-lhes a


abraçar a verdade.” - Testemunhos para a Igreja, vol. 1 p. 560.
“A filosofia da obra de sustento próprio, na igreja Adventista do Sétimo Dia, está
fundada sobre o conceito de que cada membro acrescentado às fileiras, através da conversão,
se torne um obreiro de Deus. O primeiro amor impelirá cada membro ao serviço.” Ellen
White diz: “Existe um lugar para todos na obra. Cada um de nós tem uma obra a fazer
para Deus, qualquer que seja nossa ocupação.” – Palavras de Encorajamento aos Obreiros
de Sustento Próprio, p.11.

O Pastor F. D. Nichol, em uma mensagem dirigida aos membros da ISAL –


Associação das Indústrias e Serviços dos Adventistas Leigos (A.S.I. em inglês) –
explica: “Parte da sagacidade e astúcia da Igreja Católica Romana, parte da razão
para seu poder, expansão e vitalidade se acha no fato de que ela sempre tem lugar
para todos, em algum canto do grande círculo de sua organização, não importando
quão diversas sejam suas idéias, sua personalidade, ou sua concepção de como
avançar a causa da igreja. Existem infinitas ordens dentro da Igreja Católica... de
alguma forma, ela é grande o bastante, e suficientemente maleável, para incorporar
a todos e toda a variedade de suas energias, contanto que sempre estejam
submissos ao líder da igreja, em Roma. Agora, consideremos que este Movimento
Adventista está num caminho parecido. No grau em que seja capaz de encontrar
um lugar para todos os que lealmente procuram, de uma forma ou de outra,
avançar a causa, até o ponto em que o movimento tornar-se-á forte e crescerá e
nunca perderá a vitalidade.” – A.S.I. News and Views, (Informativo do ISAL –
Associação das Indústrias e Serviços dos Adventistas Leigos) de outubro de 1952.
Eu sinceramente concordo com o Pastor Nichol. Em nosso desafio mundial,
com mais de 4 bilhões de pessoas, em uns 200 países, para serem alcançadas com a
última mensagem de Deus, existe espaço mais do que suficiente para todos nós

83
servirmos – obreiros denominacionais e obreiros de sustento próprio da mesma
maneira. Não deve haver competição. Nenhuma instituição deve se sentir
ameaçada. Em muitos casos, os serviços prestados por essas variedades de linha de
trabalho devem servir de complemento, em vez de motivos para rivalidade. Existe
um tremendo desafio, para cada um de nós, de servir ao nosso Deus e à nossa
igreja aqui e agora. Deveríamos trabalhar juntos e com entusiasmo.
“Na realidade, eu iria ainda mais longe e afirmaria”, continua o Pastor
Nichols, “que eu creio, às vezes, que um único indivíduo, ou um grupo de
indivíduos, pode fazer certas coisas melhor, e de forma mais segura, do que uma
organização. Eles podem se aventurar em atividades que não seria prudente para
uma organização aventurar-se. Existem certas limitações sobre uma organização. É
totalmente correto, às vezes, a um indivíduo ir adiante com a causa de Deus, onde
pode não ser sábio para uma organização como esta ter o seu nome ligado a certas
atividades ou mesmo subscrevê-la...”.
A obra de nossos obreiros de sustento próprio é normalmente uma obra
pioneira, que requer iniciativa e sacrifício. Esses obreiros entram nos países em
trevas – comunidades não trabalhadas, que precisam da última mensagem de Deus
e uma presença Adventista do Sétimo Dia. Quando W. H. Branson foi presidente
da Associação Geral, disse certa vez: “Através de seus esforços, o espírito pioneiro
dos fundadores de nossa igreja tem sido mantido vivo”.
Todos nós – quem quer que sejamos, onde quer que estejamos servindo –
precisamos mais do espírito dos pioneiros!
Hoje a influência dos obreiros de sustento próprio é sentida, não apenas na
América do Norte, mas na América Latina, Trans-África, Extremo Oriente e na
Europa. Outros líderes da Igreja têm palavras de elogio e encorajamento para o
trabalho efetivo, que muitas dessas instituições estão fazendo.
O Dr. Richard Hammil, por muitos anos um educador líder na Igreja
Adventista do Sétimo Dia, incluindo 11 anos como presidente da Universidade de
Andrews e, depois, como Vice-Presidente da Associação Geral, escreve:
“Minha primeira familiarização com a obra de sustento próprio da igreja foi
em 1946, quando comecei a ensinar no Tennessee. À medida que os anos
passavam, em muitas ocasiões eu visitei muitas instituições de sustento próprio,
em reuniões de pregações e reuniões de comissão, onde pude observar
imediatamente a excelente obra que estava sendo feita por esses dedicados irmãos
e irmãs. A atividade e influência deles têm sido muito proveitosas em familiarizar
o público, de uma maneira favorável, com a obra da Igreja Adventista, ao fornecer
oportunidades de educação para os jovens e em dar ênfase à mensagem de saúde
da Igreja Adventista.”
O Pastor H. H. Schmidt, por muito tempo presidente da Associação local e
da Associação da União Sul, onde o trabalho de sustento próprio é realizado de
forma mais extensiva diz: “Por mais de 20 anos, tem sido meu privilégio trabalhar
em uma área da América do Norte, onde a obra das instituições de sustento
próprio têm tido forte influência sobre a obra da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

84
Nós, que temos feito parte da obra ‘organizada’ da igreja nas terras do Sul, temos
experimentado e observado como a obra de sustento próprio tem sido forte – tanto
no programa do cuidado com a Saúde como na Educação Cristã. Suas instituições
são sempre bem conceituadas pela sociedade e por nosso povo adventista. Igrejas
têm dado saltos e crescido em número de membros, onde essas instituições têm
estado a se desenvolver. Deus tem, no passado e continua no presente, colocado
Sua aprovação e bênçãos sobre a obra de sustento próprio.”
O Dr. Frank Knittel, presidente da Southern Missionary College por muitos
anos, tem mantido estreito contato com algumas dessas instituições auxiliares na
União Sul. Escrevendo de sua experiência, o Dr. Knittel diz: “Nossas instituições
de sustento próprio têm produzido obreiros que são criativos, inteligentes,
brilhantes, rápidos em percepção, de juízos aguçados e destemidos para o trabalho.
As unidades de sustento próprio, nas proximidades da Southern Missionary
College, têm feito muito para avançar a causa no Sul e eu, pessoalmente, tenho
muito orgulho de suas realizações”.
O Pastor James J. Aitken, administrador veterano, diretor departamental e
ex-Secretário tesoureiro executivo da ISAL – na Associação Geral, acredita na obra
que nossas unidades auxiliares e nossos indivíduos estão fazendo: “A partir de um
início bem humilde, agora mais de 50 instituições de sustento próprio estão sendo
dirigidas por leigos. Além das instituições de sustento próprio originais, agora nós
contamos com mais de 600 organizações conhecidas como Indústrias e Serviços
dos Adventistas Leigos que estão todas fazendo a sua parte para ajudar a finalizar
a obra de Deus na Terra. É através de sua dedicação, e da ação do Espírito Santo,
que eles estão cumprindo sua missão nos centros avançados de evangelismo hoje;
com a ajuda de Deus, estão ganhando milhares de almas”.
Oito anos de contato com instituições de sustento próprio, na União do Sul,
têm impressionado o Pastor A. C. McClure, na época Diretor e Administrador
Departamental e atualmente (1982) presidente da União Sul, a avaliar
favoravelmente essa obra e suas relações com a Associação. “Em muitas ocasiões
tenho visitado os campi da Universidade de Little Creek, da Universidade Laurel
Brook e do Instituto Wildwood. Durante os seis anos em que estive na Geórgia-
Cuberland, descobri uma excelente relação entre a Associação e essas instituições e
constatei que sua obra era da mais alta qualidade. Não tenho nenhuma dúvida de
que essas instituições estão sendo dirigidas por pessoas dedicadas e que estão
dando uma importante contribuição para a obra de Deus como um todo. Sentimo-
nos felizes por estarmos associados com os que fazem parte da obra de sustento
próprio e estamos agradecidos pelo que eles estão fazendo para finalizar a obra de
Deus.”
Foi pedido a esses administradores para declararem suas visões, por causa
de seu conhecimento e associação com a obra de sustento próprio. Outros
presidentes de Associações e líderes de igrejas manifestaram-se em outras partes
deste livro, e em capítulos seguintes, quando tratamos das “instituições auxiliares”
que mantêm atividades em seus campos.

85
Muitos líderes de sustento próprio seriam os primeiros a objetar, quando
estas palavras de louvor são proferidas pelos líderes da denominação. Eles
reconhecem as imperfeições na administração desses programas. De forma franca
reconhecem os problemas e os defeitos. Também declaram liberalmente sua
apreciação pelo apoio moral e espiritual vindo da compreensão dos líderes da
Igreja. Este é um dos encorajamentos que significa muito para eles.
Em uma carta a mim escrita em 3 de junho de 1980, o pastor Charles
Cleveland, Administrador da Mountain Missionary Training School, em New
Hamsphire, acrescenta uma interessante dimensão à idéia que temos da obra de
sustento próprio.
O Pastor Cleveland revela que: “Madison, e outras escolas como esta,
seriam uma ilustração de um modo pelo qual a mensagem deveria ser levada a
muitos lugares. Nós vemos a obra de sustento próprio, não como algo melhor do
que a obra da organização, mas, antes, apenas outro método de serviço. Cada um
de nós, em qualquer um dos grupos de trabalho, deve ser leal às mesmas metas. À
medida que trabalharmos em unidade, a obra do Senhor avançará”.
Agora, voltemos a algumas daquelas emocionantes experiências da direção
divina, orações respondidas e sacrifício pessoal, que caracterizam a obra de nossas
instituições e serviços de sustento próprio. A Academia e Hospital Fletcher é a
próxima instituição a ser analisada e ela tem uma história que nos cativa.

86
CAPÍTULO 11

FLETCHER
O AMOR EM JALECOS E UNIFORMES BRANCOS

Era como se estivessem diante de mim os momentos da primeira reunião da


Mesa dos Curadores da Escola Normal e Agrícola de Naples. Essa importante
reunião foi realizada em Fletcher, Carolina do Norte, às 9 horas e 45 minutos, na
2ª-feira de 6 de setembro de 1910. Entre os participantes estavam a Sra. J. E.
Rumbough, S. Brownsberger e E. A. Sutherland. Os dois curadores – P. T. Magan e
R. L. Williams – não compareceram. Cinco convidados uniram-se aos membros da
mesa para a reunião – o Sr. e a Sra. F. J. Hall, o Sr. e a Sra. Spaulding, e a Sra. S.
Brownsberg.
Nessa promissora ocasião, foram concebidos os que hoje são conhecidos
como a Universidade e o Hospital Fletcher. Outro farol para a obra médico-
missionária estava brilhando.
Nessa reunião, a primeira ação deliberada foi o estabelecimento, em um
inglês simples, do objetivo da instituição projetada. Diz a deliberação: “Fica votado
que o objetivo principal deste empreendimento deve ser a administração de uma
escola para obreiros cristãos, em conexão com a obra médica, para o treinamento
de obreiros e de como cuidar dos doentes”.
O financiamento do projeto, uma ponderação sempre presente na
administração de qualquer instituição, seja ela operada pela igreja ou pelo
ministério de sustento próprio, aparece como o segundo item da relação de
assuntos da agenda.
“A mesa diretora, então, passou a considerar as finanças da escola. O
professor Sutherland aconselhou que, embora a Irmã Rumbough tivesse sido
dirigida por Deus para prover dinheiro para ajudar no começo desse trabalho, e
ainda estivesse profundamente interessada nele, seria melhor, para o bem da
escola e de sua obra, não fazer parte de sua política a dependência de apenas uma
única pessoa, mas permitir que a solidariedade e interesses da instituição se
estendessem para além disso.”
Foi votado que aos estudantes deveriam ser pagos, como expediente, “dez
centavos de dólar por hora, além do equivalente ao trabalho realizado, de acordo
com seu valor”. Aos professores, além da provisão para alojamento e refeições, foi
votada uma generosa taxa de cinco centavos de dólar por hora. Foi-lhes também
solicitado, pela mesa diretora, “que contribuíssem para apoiar a escola,
trabalhando duas horas por dia, sem remuneração, seis dias por semana”.
Quem estava falando sobre “os bons velhos tempos”?
Na reunião inicial da mesa, o nome da escola foi escolhido – Escola Normal
e Agrícola Naples. A diretoria foi escolhida e foi votado para que fosse colocada
uma bomba de sucção em um moinho de vento e um tanque dágua galvanizado.
Um simples chalé de três quartos “para dormitório masculino”, também foi

87
autorizado. Esses pioneiros não demoraram a colocar a nova instituição em
funcionamento. No dia seguinte à sua primeira reunião, a mesa diretora designou
o primeiro quadro de professores – os professores Spaulding e Brownsberger, a
Sra. Spaulding, a Sra. Brownsberger e o Irmão Laursen”.
Agora voltemos um ano antes - 1909.
As bases foram estabelecidas na reunião da mesa diretora de 1910 quando,
de acordo com um artigo no jornal local, escrito por Paul Witt, que trabalhou
muito tempo na instituição Fletcher, a esposa de “um rico inventor em Asheville,
um professor da Faculdade Michigan, um vendedor de livros e uma jovem
escritora” reuniram-se com um grupo de ministros Adventistas do Sétimo Dia e
membros leigos na igreja de Asheville, “para considerar sobre o estabelecimento
de uma pequena unidade” para servir na área.
Dentre os que se reuniram em Asheville, naquele dia, estava a esposa de um
inventor, a Sra. Martha Rumbough, uma adventista do sétimo dia, de
consideráveis recursos, que desempenhou um papel importante, ao financiar o
começo da Escola Normal e Agrícola Naples. A Sra. Rumbough, de acordo com o
presidente da Associação, T. H. Jeys, estava, naquela época, também sustentando o
pastor da igreja de Asheville, com um salário de quatro dólares por semana.
No final daquele ano, A. W. Spaulding, “o vendedor de livros,” estava
vendendo literaturas na área de Fletcher. Ao passar pela zona rural a pé, ele
cruzou por uma fazenda de 1,6 quilômetro quadrado, abandonada, a 1.600 metros
ao leste de Naples. À medida que Spaulding olhava para as colinas revestidas em
verde e vermelho, foi profundamente impressionado com o fato de que aquele era
o lugar ideal para um sanatório. O terreno havia sido cultivado desde 1798. O
solo, cultivado ao máximo, estava erodido e um profundo barro vermelho listrava
a área próxima ao deteriorado e velho celeiro de escravos. A casa da fazenda
precisava de uma grande reforma.
Spaulding relatou a “descoberta” para o comitê de busca de Asheville e,
dentro de alguns dias, uma delegação chegou para ver a plantação abandonada.
Ela ficou impressionada com o potencial do local para o estabelecimento de uma
unidade educacional e de saúde. Desde o começo, Ellen White foi uma forte
apoiadora do plano para abrir essa instituição de sustento próprio, nas montanhas
do oeste da Carolina do Norte. Ela apoiou o projeto Fletcher.
Ellen White escreveu uma carta para Martha Rumbough, sugerindo que ela
ajudasse com cinco mil dólares para comprar a propriedade. A Sra. Rumbough
respondeu favoravelmente e o trato foi fechado. O primeiro passo para o
estabelecimento da nova instituição tinha sido dado.
Em um esforço para manter todo o plano em perspectiva, para encorajar os
irmãos a manterem uma relação flexível com a Sra. Rumbough e para dar a ela a
satisfação de compartilhar no processo de tomada de decisão do novo
empreendimento, Ellen White escreveu uma carta para os líderes da área de
Asheville.

88
“A senhora escritora” enviou esta mensagem especial, em 2 de maio de 1909, para
os planejadores da Carolina do Norte: “A Irmã Rumbough doou essa propriedade
porque ela tem visto a verdade, porque ela acredita na verdade e porque ela deseja
que essa propriedade seja usada para a glória de Deus, para que almas sejam
trazidas ao conhecimento da verdade”.
Ao mesmo tempo, Ellen White escreveu outra carta que influenciaria o
estabelecimento da nova instituição. Essa carta foi endereçada ao professor Sidney
Brownsberger, o “professor da Faculdade Michigan.” Em sua carta, a Sr. White
solicitou ao professor Brownsberg, que se encontrava aposentado numa fazenda
perto de Asheville, para liderar no estabelecimento de uma nova empreitada
médico-educacional. Ele mais tarde concordou.
As raízes de Sidney Brownsberger eram profundas no Adventismo. Nascido
e criado em uma fazenda perto de Perrysburg e Toledo, Ohio, Sidney aceitou a
mensagem do Advento nos meados dos anos 1800. Ele foi contado entre os muitos
que foram rotulados de “fanáticos” e que foram expulsos das igrejas populares de
sua época. Todavia, não foi impedido em sua determinação de manter sua fé,
receber um preparo e desempenhar sua parte em difundir a mensagem dos três
anjos. Ele graduou-se em Educação na Universidade do Estado de Michigan e logo
os líderes adventistas o persuadiram a entrar para o programa educacional da
Igreja.
A formação do professor Brownsberger bem o qualificava para receber
“indicação” da Sra. White; ele havia estado na obra educacional por muitos anos.
Suas credenciais acadêmicas eram impecáveis. Tinha servido como presidente da
Faculdade de Battle Creek e compreendia muito bem a educação adventista.
Havia também desempenhado um papel notável na fundação do que depois se
tornaria a Faculdade União Pacifico Sul, localizada nas colinas acima de Napa
Valley, ao norte da Califórnia.
Agora o professor Brownsberger foi chamado para sair da aposentadoria, a
fim de dar uma grande contribuição ao programa educacional de sua igreja.
Respondendo ao desafio de Ellen White, ele lançou sua sorte, desta vez com
membros leigos da igreja, na bela montanha da Carolina ocidental. Aqui, em seu
último serviço, ele faria uma importante contribuição para “a causa” que ele
amava.
Sidney Brownsberger e outros líderes no novo desafio trabalhavam
próximos à sua mais generosa benfeitora – a Sra. Rumbough. Muitas foram as
cartas que ele escreveu, prestando contas dos recursos que ela tinha providenciado
em favor da jovem escola. Uma delas pode ser de utilidade aos meus leitores. Nela
o Dr. Sidney Brownsberger estava agradecendo à Sra. Rumbough por um cheque
que havia sido enviado recentemente e, ao mesmo tempo, explicando alguns dos
problemas enfrentados no pioneirismo da condução da diretoria da escola, nas
montanhas da Carolina do Norte.

89
“Há muitos que estão prontos para saltarem e cavalgarem, mas, oh, quão
poucos são os que estão dispostos a andar e ajudar a empurrar o fardo estrada
acima.”
Sidney concluiu sua carta enumerando muitas das necessidades da escola e
esboçando seu plano para cercar a propriedade, serrar os troncos e adquirir
maquinário adicional necessário, quando os recursos estivessem disponíveis.
“Assim”, ele escreveu, “se for de sua aprovação e se estiver de acordo com a
condição de suas finanças, nós ficaríamos muito alegres em ter nossa conta no
banco aumentada, nesse aspecto, se a senhora considerar apropriado”.
No começo, “uma escola para as crianças da vizinhança foi organizada e uns
poucos chalés foram erigidos, onde os doentes poderiam ser tratados”, escreveu a
Sra. Ethel Brownsberger, muitos anos depois, no jornal da ISAL. “Os pacientes
satisfeitos falavam aos outros sobre o pequeno refúgio de descanso nas montanhas
e, dessa forma, os fundamentos para o Sanatório e Hospital da Montanha foram
postos.”
Em uma carta escrita para um amigo, durante aqueles difíceis dias de
pioneirismo, o Professor Brownsberger conta de forma humorada:
“Eu não poderia viver com 15 centavos de dólar por dia, se eu não
mastigasse completamente a comida que eu como. Nosso sistema de regras é um
estímulo à mastigação. Você só tem muito para comer quando tem muito tempo
para fazê-lo, então por que não economizar seu dinheiro?”
“John nos fez rir outro dia com sua visão do assunto. Sua mãe acabara de
censurá-lo por mastigar às pressas sua comida e perguntou por que ele fazia
aquilo. ‘Não se preocupe’, John respondeu-lhe solenemente, ‘eu só estou me
apressando para terminar, antes que minhas reservas acabem’.”
Em uma de suas cartas muito interessantes, Sidney Brownsberger relata-nos
de um cervo doméstico que causava muito alvoroço no campus da escola, no final
de 1910. “O cervo tinha aterrorizado a todos”, ele escreveu. “O General,
[evidentemente o apelido do proprietário do animal], diz que, ‘a única ocasião em
que ele se torna humilde é quando quer água. Imediatamente levo até ele a água,
ele bebe, levanta aquela sua cabeça, com um olhar de desprezo e dirige-se a mim
como se quisesse me matar.”
“Há algum tempo, o cervo escapou”, Sidney continua, “e foi firme em seu
trabalho tentando arrancar escada da frente de nossa casa. Quando o General
apareceu em cena, foi como se o animal estivesse pensando que seria melhor banir
aquele velho homem da existência e, depois disso, terminar de destruir a casa. Era
mais seguro domesticar um tigre”.
A viagem de Fletcher para Asheville, em 1910, era muito mais simples do
que é hoje pela Rodovia 25, contudo ela tinha seus riscos também.
Em uma carta, escrita em 1º. de Dezembro de 1910, à Sra. Rumbough, a Dra.
Ethel Brownsberger descreve essa viagem, “em uma pequena charrete”, atrelada
ao seu pônei Nick. A viagem teve que ser feita “contra os ventos gelados do
Norte”.

90
“Quando eu sentia muito frio”, Ethel escreve, “descia da charrete e
mantinha-me na companhia de meu pônei, andando ao lado dele, com meus
braços ao redor de seu pescoço. Isto o confortava e mantinha-me aquecido. Nick
estava um tanto apreensivo por causa dos carros na estrada e pelo tráfico
generalizado da cidade. Todavia, ele estava muito longe de casa e, em meio a tais
perigos, eu era sua única esperança e ele confiava em mim para livrá-lo de todos
eles”.
Por volta de 1914 e 1915, de acordo com o calendário da Escola Normal e
Agrícola de Naples, o aluguel dos quartos para os estudantes era de dois dólares
por mês e uma boa alimentação vegetariana, com alguns incrementos, era
disponibilizada por sete dólares. Os estudantes pagavam pelo combustível e luzes
que usavam, chegando as despesas mensais a aproximadamente dez dólares. Oh,
como eram bons os dias passados!
Em 1920, Arthur A. Jasperson, de Wisconsin, foi convidado para assumir a
administração da instituição Fletcher. O papai J e a mamãe J, como Arthur e sua
esposa Marguerite eram carinhosamente conhecidos pela família escolar, deram
início, assim, a um período de serviço em Fletcher que se estendeu por mais de
trinta anos.
Por volta de 1929, a obra em Fletcher tinha crescido e se desenvolvido de tal
forma, que o professor Jasperson pôde apresentar um relatório muito encorajador à
mesa diretora. O pesado débito tinha sido “aliviado.” Agora eles estavam livres
para fazer os planos de expansão. Ele descreveu os prédios que haviam sido
construídos ou reformados. Eles tinham começado uma nova padaria, da qual o
papai J se orgulhava de que estivesse “produzindo bons produtos”. O futuro
parecia promissor.
Mesmo nos dias mais “prósperos”, requeria-se dos obreiros que
desempenhassem mais de uma função, a fim de manter o quadro de funcionários
da instituição e ajudar o dinheiro a entrar. Durante algum tempo, a Srta. Lélia
Patterson, uma enfermeira graduada do Sanatório Hinsdale, em Illinois, não só era
a responsável pelo serviço de enfermagem, mas, também, estava no comando da
cozinha. Houve ocasiões em que ela estava trabalhando na cozinha, quando um
paciente era trazido ao hospital. Rapidamente, ela trocava de roupas, vestia seu
uniforme branco bem engomado e aparecia no andar como enfermeira
supervisora.
O espírito amoroso de Fletcher está bem exemplificado em uma experiência
vivida pela Srta. Patterson. Uma mulher, que morava a alguns quilômetros do
hospital, entrara em trabalho de parto. A Srta. Patterson dirigiu-se rapidamente
para a pequena casa, apanhou a mãe grávida e levou-a, às pressas, para o hospital.
Dentro de poucas horas a mulher deu à luz a trigêmeos. Já havia gêmeos na
família, além de muitas outras crianças, e todos viviam em terrível pobreza.
A Srta. Patterson não era alguém que permanecia inativa em face de tais
necessidades. Ela manteve os recém-nascidos no hospital, até que estivessem fortes
e seu futuro seguro. Juntamente com um outro amigo que se sensibilizara, a Srta.

91
Patterson comprou um pedaço de terra e tomou a iniciativa da construção de um
pequeno lar para a família. Durante um ano, leite e outros alimentos foram
regularmente enviados para as crianças.
De acordo com o historiador de Fletcher, Paul Witt, em uma série de artigos
de um periódico local, o Community Record, um contrabandista local fizera
contribuições para o Sanatório Mountain, durante os anos de depressão.
“O contrabandista,” escreve Witt, “era identificado por três coisas naqueles
dias distantes e sombrios: seu destilador de uísque feito de cobre, sua pouca
familiaridade com o sabão e sua habilidade em gerar filhos.” Tal pessoa não parece
ser, muito provavelmente, uma fonte de filantropia; mas esse empresário estava
destinado a fazer uma contribuição à instituição Fletcher.
A Sra. Rittie Smith apareceu no escritório do professor Jasperson, numa
manhã, com uma sugestão.
“Nós precisamos de uma fábrica de conservas aqui em Fletcher”, ela
começou, “para que possamos conservar as frutas e verduras para o inverno”.
“Essa é uma boa idéia”, papai J concordou, “mas nós não temos dinheiro
nem mesmo para comprar potes de frutas”.
A Sra. Smith, bem informada das condições financeiras da instituição, já
estava com a solução para aquele problema.
“Só um minuto, Sr. Jasperson”, Rittie replicou, “os agentes fiscais do Estado
acabaram de dar uma batida na velha destilaria daquele contrabandista e o
prenderam. Eu me arriscaria em dizer que eles devem ter confiscado dúzias de
potes de cerâmica. Você poderia consegui-los, tenho certeza”.
O professor Jasperson estava relutante em se envolver, mesmo que
indiretamente com os contrabandistas locais, ou qualquer de seus equipamentos.
Inicialmente ele objetou. A Sra. Smith levou avante sua idéia.
“Eu certamente não acredito que aqueles potes tenham feito algum mal pelo
fato de um contrabandista ter sido seu dono”, ela insistiu.
Vencido por sua lógica, o professor Jasperson concordou. Um dia ou dois
depois, ele se achava no Tribunal de Justiça do Condado de Buncombe,
apresentando seu pedido pelos potes de frutas. Os oficiais de justiça concordaram,
e duas cargas de potes do contrabandista foram, mais tarde, entregues no Hospital
Fletcher, em carroças puxadas a cavalos. Às vezes, o Senhor usa agentes estranhos
para ajudar Seu povo.
Novos rostos apareceram no campus com o passar dos anos. James Lewis,
C. G. Marquis, Dr. John Brownsberg, Kent Griffin, Dr. Arthur Pearson, Dr. P. J.
Moore, o Professor e a Sra. Lewis Nestell, o Professor e Sra. Roy Jorgenson,
Clayton Hodges e outros se uniram no desenvolvimento do Hospital e
Universidade Fletcher.
À medida que os anos transcorriam, a fazenda expandia-se e o pequeno
sanatório crescia até que, em seu jornal da ISAL, de setembro de 1949, o redator
pôde descrevê-lo como uma “instituição de 75 leitos.” Não vieram apenas
pacientes da comunidade vizinha, mas de muitas outras partes do Sul.

92
Uma escola de enfermagem foi fundada pela esposa do Dr. John
Brownsberger, Ethel e, no devido tempo, foi credenciada pelo estado da Carolina
do Norte. A Sra. Gladys Lowder, uma das primeiras graduadas da escola, tornou-
se, depois, a chefe do departamento de enfermagem e, ao longo dos anos,
continuou a prestar um serviço incansável no Centro de Tratamento de Saúde de
Fletcher.
Anna Witt, uma ex-professora da escola no campus, foi persuadida pela Sra.
Brownsberger a entrar na primeira turma de enfermagem. Ela se graduou com
distinção e, nos vinte cinco anos que se seguiram, permaneceu na instituição como
supervisora do hospital. Ela também serviu como instrutora em farmacologia e,
por muitos anos, trabalhou como enfermeira assistente do Dr. John Brownsberg.
A escola também cresceu e se desenvolveu. Prédios novos e atraentes foram
construídos. Uma bela capela, salas de aula, uma sala de música e vários
dormitórios foram construídos. Sob a orientação da Sra. Jasperson, a Universidade
recebeu o credenciamento do Estado.
Hoje o Hospital e Universidade Fletcher é uma Instituição Adventista do
Sétimo Dia muito representativa e um membro muito antigo da ISAL. O moderno
centro médico é mantido por 11 médicos, representando muitas das principais
especialidades. A escola de enfermagem prepara jovens de ambos os sexos para
receberem seus certificados oficiais e fazerem parte de seu quadro depois de três
anos de curso.
Uma unidade móvel com banco de sangue e uma unidade de medição de
pressão arterial servem à comunidade. Um terreno foi comprado ao longo da
Rodovia 64, a leste de Hendersonville, e há planos (setembro de 1980) para ampliar
as instalações da clínica atual para essa área. Os obreiros de Fletcher são ativos nos
serviços públicos de orientação sobre Saúde junto à comunidade, tais como, Como
Deixar de Fumar, aulas de Culinária, controle de peso e programas de bem-estar.
As modernas instalações da Universidade abrigam um bem estruturado
programa de educação secundária, mantendo as exigências denominacionais e as
do Estado, ao mesmo tempo em que mantêm a dimensão espiritual, tão essencial
para a educação cristã adventista do sétimo dia. Mais de 200 estudantes estão
matriculados para os anos escolares de 1980-81.
Enquanto entrevistava o Dr. Herbert Coolidge, atual presidente da
instituição, perguntei-lhe a respeito das “raízes” da Universidade e Hospital
Fletcher. Elas vieram de Madison ou do Wildwood?
“Na verdade”, disse o Dr. Coolidge, de forma ponderada, “Fletcher jamais
se considerou como rebento ou resultado de nenhuma dessas instituições. Em vez
disso, nós somos um produto do fenômeno do sustento próprio, concebido na
denominação por volta da virada do século XX. Mas, é claro, Madison primeiro
assumiu um papel principal e depois se tornou uma mãe para Fletcher, como
também para outras instituições similares, fundadas sobre a filosofia de sustento
próprio”.

93
Então, o Dr. Coolidge fez uma observação mais interessante: “Fletcher pode
ser uma das poucas, se não a única, instituição de sustento próprio sobreviveu aos
seus fundadores”.
Os obreiros de Fletcher têm demonstrado ser bons missionários ao redor de
suas comunidades. Fortes igrejas têm sido estabelecidas em Arden e Upward. E,
em meses recentes, uma nova igreja foi organizada na área do Rio Mills. É meu
privilégio, no presente, servir como um dos pastores dessa recente obra realizada,
onde temos uns 75 membros. A igreja matriz de Fletcher, agora, tem mais de 800
membros e é a maior igreja da Associação da Carolina.
A obra de sustento próprio aumenta o programa regular da igreja? Ela
realmente vale a pena? Eu tenho certeza que os líderes na Associação da Carolina
do Norte certamente responderiam afirmativamente. Ela rende – e continuará a
render – enormes lucros naquelas belas montanhas da Carolina do Norte!

94
CAPÍTULO 12

RIVERSIDE, ZÂMBIA
A AVENTURA AFRICANA

Era 17 de abril de 1975. O pastor Martin Kemmerer e eu estávamos fazendo


uma rápida visita a Zâmbia. Havíamos passado alguns dias na Província de Kasai,
no Zaire, estudando com os líderes da Igreja formas e meios para levantar uma
quantia de cem mil Zairians. Finalizada a nossa obra em Kasai, voamos para a
vizinha Zâmbia, para entrar em contato com a sede da União, em Lusaka, e para
visitar o River Side Farm Institute, uma instituição de sustento próprio, localizada
perto de Kafue.
Tivemos nosso primeiro vislumbre de Riverside a aproximadamente
seiscentos metros de altura, no ar. Voando em um Cessna 180, com o Pastor Duane
Brenneman, nosso piloto, sobrevoamos a fazenda e os prédios de sua escola,
situados às margens do Rio Kafue. Duane fez um vôo rasante sobre Riverside, para
que nós pudéssemos ter uma boa visão do projeto de um ângulo privilegiado.
Gostamos do que vimos. Os bem estabelecidos e bem direcionados jardins
sobressaiam como um fértil oásis, em um campo de arbustos rasteiros, na área que
o circundava.
Poucos minutos depois, pousamos na pista doméstica e gramada, a 1.600
metros de distância do campus. Um grupo de alegres africanos e trabalhadores
exilados fora para nos saudar. Parecia que todos estavam falando de uma só vez.
Estávamos na Fazenda do Instituto Riverside, em Zâmbia.
Os primeiros proprietários da Fazenda Riverside vieram da Inglaterra. Eles
compraram a propriedade em 1914. O plano deles de plantar algodão irrigado não
funcionou e Crookstone, como a propriedade era chamada naqueles dias, passou
por outros donos até que, em 1950, o Dr. e a Sra. J. G. Foster, missionários
americanos de sustento próprio em Lusaka, compraram a fazenda.
Os Fosters ficaram interessados nessa terra, de 1,2 quilômetro quadrado,
como uma possível localidade para a missão de um hospital e uma escola, que
poderiam ser administrados completamente livres da ajuda do governo.
Sob o olhar atento do Dr. e da Sra. Foster, a fazenda desenvolveu um muito
bem sucedido comércio de frutas e vegetais. Goiabas, mangas, bananas, abacaxis,
abacates, laranjas, limões, tangerinas e toranjas eram colhidos. Milho, feijão, soja,
cana de açúcar e vagem também florescem lá.
Depois eles estabeleceram uma bem sucedida prática médica na
propriedade. Por duas vezes os Fosters ofereceram o empreendimento para a
Divisão Trans-Africana, mas, naquele tempo, a missão não tinha pessoal para
colocar como funcionários naquele florescente projeto.
Procurando nas proximidades por uma organização Adventista do Sétimo
Dia para administrar a instituição médica e educacional na propriedade, os Fosters

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souberam da obra que o Hospital e Sanatório Wildwood estava realizando nos
estados do sul dos Estados Unidos.
Em 1972, o Wildwood enviou Warren Wilson e John Jensen, dois de seus
experientes líderes, para a Zâmbia. Eles foram com o objetivo de examinar o
projeto imediatamente, com a idéia de assumir a responsabilidade de administrá-
lo, caso ele parecesse ser um empreendimento viável. Como resultado dessa visita,
um arrendamento foi negociado.
Nos estágios iniciais das negociações, os líderes da Divisão Trans-Africana
não estavam totalmente certos com respeito a ter uma instituição de sustento
próprio em seu campo. Estavam ansiosos para ver a obra prosperar, mas não
sabiam exatamente como os obreiros de fora da obra denominacional, com
nenhuma experiência no exterior, reagiriam numa situação de missão. Mas, depois
de estudar melhor a proposta e através de constante consulta aos líderes da
Associação Geral, todas as partes envolvidas concordaram em que os obreiros
patrocinados pelo Wildwood devessem assumir a administração da fazenda.
Assim nasceu o Riverside Farm Institute.
John Jensen, administrador veterano de outras instituições de sustento
próprio, foi escolhido como administrador do empreendimento na Zâmbia, pela
mesa diretora do Sanatório Wildwood. Logo Jensen estava ativamente engajado na
formidável tarefa de reunir funcionários experientes para administrar a nova
empreitada, a milhares de quilômetros de distância de suas sedes. O Riverside
Farm Institute precisava de agricultores, construtores, professores, obreiros
médicos, mecânicos e outros trabalhadores que abandonassem suas casas e
viajassem para o coração da África, para trabalharem apenas pela estadia,
alimentação e um pequeno subsídio pessoal. Qualquer lucro que adviesse das
operações agrícolas e práticas médicas seria canalizado para os gastos operacionais
e reserva de capital.
No começo houve muitas frustrações e desafios que consumiram o tempo.
Passaportes, vistos e permissão para trabalhar deviam ser assegurados aos
missionários e suas famílias. O Dr. e Sra. M. K. Butler, missionários de sustento
próprio veteranos, vindos do México, na época clinicando no estado de Utah,
responderam ao apelo do Irmão Jensen para assumirem a obra médico-
missionária. Eles aceitaram o chamado em 2 de outubro de 1972 e chegaram à
Zâmbia em 14 de dezembro de 1973, depois de longo atraso e muitos
desapontamentos. Como bons missionários que eram, os Butlers aceitaram as
vicissitudes do empreendimento africano e efetuaram tudo a passos largos.
Sete meses e doze dias depois de se desincompatibilizar de sua obra em
Provo, Utah, os Butlers estavam, finalmente, no aeroporto de Chattanooga
aguardando sua partida para a África.
Eles se uniam alegremente aos amigos, aliviados, uma vez que, finalmente,
estavam realmente livres para partirem com destino a Zâmbia. Naquele exato
momento, um envelope amarelo foi passado às mãos do doutor. Ele o abriu

96
rapidamente. Leu, sem acreditar: “Não avance em seus planos até que sejam
aprovados aqui”.
“Não”, ele suspirou em desalento, “não pode ser”!
Voltando-se, Butler leu, para a família e amigos, que se comprimiam
próximo a ele para escutar, que notícias a mensagem continha.
“Certamente o Senhor, que tem nos ajudado a resolver todos os problemas
até aqui, não está fechando as portas neste último minuto”, disse ele, meio
atordoado.
Comprimido de todos os lados pelos passageiros que embarcavam, o
pequeno grupo voltou-se para Deus, em oração, por sua autorização para partir. E
os homens e mulheres já estavam sendo empurrados por eles para a rampa de
embarque.
Os Butlers tomaram sua decisão.
“Evidentemente deve ter havido um lapso nas comunicações”, eles
concluíram. “Os obreiros em Zâmbia ainda não tinham percebido como o Senhor
nos havia ajudado a conseguir os passaportes, vistos e permissão para trabalhar e
como Ele solucionou todas as outras formalidades da viagem. Nós iremos avante
com a viagem.”
O Dr. e Sra. Butler, Lorraine e Sylvia embarcaram no avião. No último
minuto eles partiram para a África!
Na Zâmbia, o Dr. e Sra. Foster fizeram o seu melhor, para dar aos recém
chegados missionários um bom começo em sua nova empreitada. Duzentas sacolas
de grandes espigas de milho (milho seco) estavam em mãos para a alimentação.
Uns 44 galões e tambores de semente escolhida – feijão, cana de açúcar, sojas e
vagem – estavam prontos para serem plantados no tempo apropriado. Umas 50
“bolsas” (para os americanos, pacotes) e 25 sacas de mudas de alho estavam
prontas para serem plantadas, quando a estação chegasse. Quilômetros de
tubulações de irrigação e equipamentos estavam instalados. Tratores, com seus
tanques cheios de diesel e seus implementos, prontos para partir. O governo tinha
aquinhoado o novo projeto com uma soma relativamente grande em dinheiro, para
compensar a inundação que houve na terra. Isso daria um ótimo “pé de meia” para
futuro empreendimento. Tudo isso dava as “boas, boas-vindas” para os recém-
chegados.
A obra de construção era a prioridade número um nos primeiros dias de
Riverside. Na chegada, 14 trabalhadores exilados voluntários lotavam o lar do Dr.
Ray Foster, juntamente com a sua família de 4 pessoas.
“Com os cachorros e macacos de estimação, aquela casa ficou um pouco
apertada durante a estação chuvosa”, recorda um dos trabalhadores, de forma bem
humorada. “Depois, o armazém de adubo foi esvaziado e uma das famílias
mudou-se para lá.”
Em maio de 1974, a nova equipe estava formada e a obra começou com
fervor na “casa grande”, que proveria lugar para uma espaçosa capela, alojamento
para muitas pessoas e espaço para escritórios. O novo prédio foi apropriadamente

97
chamado de Casa da Capela. Por volta do final do ano, uma nova instalação
elétrica de alta voltagem e um transformador foram instalados, e o prédio estava
sendo parcialmente aproveitável. Durante a construção, muitas das famílias da
fazenda tinham, sem se queixar, de viver em cabanas de pau-a-pique e sapé.
Durante aqueles primeiros anos em Riverside, muitas vezes, os obreiros
tiveram que confiar totalmente no Senhor, a fim de que Ele mantivesse Sua mão
sobre esse novo empreendimento. As estações chuvosas, naquela parte da Zâmbia
(de dezembro a março), variam entre 380 milímetros a 1270 milímetros de
precipitação. Em 1976-77, um aguaceiro torrencial, em 5 e 6 de dezembro,
umedeceu suficientemente o solo, para que pudesse ser arado e a semente
plantada. Então, seguiram-se dois meses de seca. Em oração eles rogaram ao
Senhor por um milagre – uma colheita de milho sem chuva. Ele ouviu suas sinceras
petições e a produção naquele ano, apesar da seca, foi normal.
No ano seguinte, danos causados por excesso de chuva atacaram a
plantação de milho. Fred Callahan e seus obreiros enfrentaram um dilema.
Deveriam vender o seu milho para as cervejarias e manter o preço alto? Se eles não
o fizessem, corriam o risco de não serem capazes de vender sua safra – ou pelo
menos eles seriam forçados a vender grãos de qualidade inferior, com o preço
grandemente reduzido. Sem hesitação, os trabalhadores aceitaram a segunda
opção. Deus abençoou. Venderam todo o milho que desejaram e ele foi classificado
como de primeira qualidade, trazendo, assim, preços altos.
Ratazanas, camundongos, morcegos, macacos babuínos e hipopótamos
eram problemas constantes. Até mesmo crocodilos do Rio Kafue, certa ocasião,
vieram à terra para tomar parte no banquete. Uma cerca elétrica protegia contra a
ameaça de hipopótamos – às vezes! O resto das pestes e predadores tinham que ser
enfrentados com o melhor que os trabalhadores podiam fazer.
Não são muitas as instituições de sustento próprio que podiam lidar com
um bando de 35 babuínos. Riverside, infelizmente, podia. Os animais, semelhante
aos humanos, tinham uma predileção por milho macio e fresco, quando as espigas
estavam do tamanho de apenas uma mordida.
“É necessário muitas destas espiguetas para satisfazer um babuíno”, um dos
trabalhadores dizia com pesar. “Se eles pegassem apenas o que podiam comer não
seria tão ruim, mas esses tratantes descascavam e arrancam mais do que podiam
comer. Eles trazem muito prejuízo.”
Os macacos gostam de estar perto das casas e se deleitar com as frutas
frescas das residências. Às vezes, são audaciosos o suficiente para entrar na casa,
agarrar um pedaço de uma fruta atraente e, então, alegremente pular para fora,
para se deleitar com seu prêmio. Porcos, cervos, aves e gnus selvagens, todos
entram para compartilhar das delícias de Riverside.
Muitos foram os encontros que os obreiros tiveram com cobras na
propriedade. Algumas são muito venenosas, outras não. A grande e negra Mamba
é um dos mais temidos dentre os répteis africanos. Essas grandes serpentes têm a
reputação de se locomoverem a uma velocidade de 32 quilômetros por hora. Essas

98
cobras são venenosas e mortais. Às vezes elas descansam ao sol, nos degraus da
porta ou, como um trabalhador descobriu, para seu desprazer, sobem, à noite, nos
travesseiros para se manterem aquecidas. Dormir com uma cobra como
“travesseiro” não é muito recomendável.
Os obreiros em Riverside mantêm uma contínua batalha com todos os tipos
de insetos e doenças que atormentam sua colheita. Formigas brancas comem quase
tudo, esteja morto ou vivo. O trigo precisa ser cultivado com irrigação na Zâmbia,
ou a fuligem e a ferrugem reivindicam seu lugar na estação chuvosa.
O pai de Godfrey Lweendo, um estudante de Riverside, tem cinco esposas.
Cada esposa, incluindo a mãe de Godfrey, tem a sua própria horta, para cuidar e
cultivar. Dessa forma ela provê alimento pra si mesma e para seus filhos. Certo
ano, as formigas brancas estavam se mudando aos milhões, devastando tudo o que
havia em seu caminho.
“Eu havia falado para minha mãe sobre o dízimo e como Deus abençoava
aqueles que são fiéis em devolver a Sua porção”, Godfrey diz.
Sua mãe aceitou o desafio e fielmente separou o dízimo de toda a sua renda.
Deus honrou sua fé. As formigas brancas invadiram sua horta, mas as formigas-de-
roça avançaram e destruíram todas as formigas brancas, antes que elas pudessem
danificar a colheita. Unicamente no pedaço de terra da mãe de Godfrey, as
formigas-de-roça protegeram a colheita.
Que cursos são oferecidos no Instituto Riverside Farm? Como era de se
esperar, a Agricultura desempenha o papel principal no programa. Além da
experiência prática, que cada estudante recebe, trabalhando junto com seu
instrutor ou instrutora, aprende a como plantar, cultivar, colher e negociar frutas,
vegetais e grãos. Isto inclui o cultivo de alimentos, tanto para subsistência como
para o mercado.
Aos jovens em Riverside é ensinada a obra de construção simples, usando
os vários materiais disponíveis. Eles não aprendem apenas como construir prédios,
mas também como mantê-los higienizados.
“Saúde é a base de todo viver eficiente e feliz”, um dos obreiros médicos
declara, “portanto, nós instruímos aos jovens quanto ao cuidado pessoal, à dieta, à
nutrição, à alimentação, ao beber e ao vestuário”.
“Nós também lhes ensinamos com respeito às doenças, suas causas,
prevenção e alguns remédios caseiros. Todos devem aprender sobre primeiros
socorros também.”
As jovens em Riverside aprendem as tarefas do lar – cozinhar, costurar,
cuidar da casa e cuidar das crianças. Um jovem, apesar de não tomar parte em
nenhuma dessas classes mencionadas, dá testemunho do valor de dominar a arte
de cozinhar.
“Por cinco anos, depois de minha mãe sair de casa, para ir à África do Sul,
logo antes de meu pai falecer, fui obrigado a cozinhar em nossa família”, explica
Lazarus Muswela. “Eu pensava, àquela época, que aquilo era uma tarefa cruel.
Mas só agora estou recebendo o benefício de uma educação cristã e posso ver o

99
quanto isso foi uma benção disfarçada. Além de ser capaz de preparar pratos
saborosos, tenho também aprendido lições de paciência, persistência e domínio
próprio.”
O evangelismo – público e pessoal, que conquista almas de todos os tipos –
perpassa todas as fases da vida em Riverside. Uma ênfase especial é colocada sobre
“as verdades do evangelho e da medicina combinadas”, de acordo com o boletim
do instituto. Outras classes são de princípios de felicidade e vida saudável. Os
professores dão atenção especial aos métodos de apresentação da mensagem em
sua plenitude, tanto no campus como fora dele.
Como resultado desse programa de testemunhos no campus, um grande
número de estudantes e familiares de funcionários da propriedade tem sido
batizado e aderido à família da igreja remanescente. O Senhor tem realizado
milagres reais ao erguer alguns desses resgatados do lamaçal do pecado,
colocando seus pés sobre a Rocha Firme.
Alfred Banda é um desses exemplos. Antes de ele conhecer a Jesus e O
aceitar como seu Salvador pessoal, Alfredo era um beberrão. Um dia, quando
estava bebendo com os amigos, ficou tão embriagado que não conseguia andar de
forma firme. Ele cambaleou pela rua e finalmente caiu vacilante dentro de um
fosso.
Era a estação das chuvas e estava escuro, a água barrenta cobria a maior
parte de seu corpo e parte de sua face.
“Exatamente como Alfred sobreviveu submerso, nós não sabemos”, um de
seus colegas estudantes disse, descrevendo o incidente.
Finalmente um grupo de operários africanos chegou e viu uma forma
humana deitada no fosso.
“É melhor o deixarmos”, um dos operários disse, depois de terem
examinado o corpo.
“Sim”, outros concordaram, “se nós o levarmos para a cidade, a policia dirá
que nós o matamos”.
“Não”, outros contestaram, “ele é um ser humano e, se o deixarmos aqui,
certamente morrerá”.
Portanto eles levaram Alfred para casa.
Depois daquela noite, à medida que o desregrado jovem recuperava-se de
seu torpor alcoólico, seus amigos contaram-lhe quão perto da morte ele havia
estado. O Espírito Santo falou ao seu entorpecido cérebro e ele reconheceu que
precisava fazer uma mudança em sua vida. Naquela noite, Alfred Banda entregou
sua vida nas mãos de Jesus Cristo.
Os missionários têm que enfrentar terrenos muito difíceis para chegar a
alguns de seus compromissos, nessa parte da Zâmbia. Contudo, Arnie Fischer, o
genro do Dr. e Sra. Butler equiparam um veículo Renault, batizado de “o bode da
montanha”. Arnie adaptou o Renault para operar usando querosene. “O bode da
montanha” leva seus passageiros seguramente através de córregos, buracos de

100
lama, aparentemente sem fundo, e por outros terrenos que os carros normais não
passariam sem se quebrarem completamente.
Um vigoroso programa de distribuição de literaturas caracteriza o trabalho
evangelístico dos obreiros e estudantes de Riverside. Eles disponibilizam estudos
bíblicos por todo o território circunvizinho e, como resultado, pequenos grupos
foram levantados. As pessoas de Riverside os visitam regularmente, toda semana,
cumprindo uma escala. As pregações e os estudos bíblicos nesses grupos, na igreja,
nas reuniões de dorcas e nas reuniões campais, mantêm a chama da conquista de
almas acesa e brilhante.
O irmão Callahan e os obreiros da fazenda experimentaram o que eles
crêem ser um milagre real, ao comprarem uma peça do equipamento da fazenda.
Deixar de adquirir urgente uma peça de irrigação poderia significar a perda de
todo o trigo, caso eles não conseguissem irrigar.
A peça cara do equipamento só estava disponível na Inglaterra. Levou
tempo e esforço consideráveis para se conseguir a permissão de importação para a
Zâmbia. Depois de, finalmente, lutarem juntos, para conseguir os milhares de
dólares necessários para comprar a luva de acoplamento e receber a permissão de
importá-la, eles emitiram o pedido.
O grande dia chegou quando receberam notícias, da companhia na
Inglaterra, de que a luva de acoplamento tinha sido embarcada em um vôo,
marcado para chegar a Lusaka, no Sábado. Isso significava que eles iriam poder
pegar a peça no aeroporto na segunda pela manhã.
Sábado à noite, alguns dos obreiros de Riverside ouviram um terrível
anúncio, nas notícias da estação de rádio. O avião programado para trazer o
equipamento havia se despedaçado ao aterrissar em Lusaka. Ele havia se desfeito
em chamas. Toda a tripulação morrera no acidente e tudo a bordo fora destruído.
A família Riverside ficou atordoada. Sua luva de acoplamento tinha sido
perdida. O que seria de seu trigo? Como eles poderiam esperar qualquer colheita
sem irrigação? Sem a tubulação não poderia haver nenhum acoplamento. Farinha
de trigo era quase impossível de se comprar na Zâmbia. Eles oraram e tentaram
não pensar mais nisso.
Na manhã da segunda-feira, Micheil MacLennan foi ao aeroporto para se
informar a respeito do seguro, a fim de que pudessem começar tudo novamente.
Foi então que Micheil recebeu as surpreendentes notícias. O equipamento havia
sido colocado no avião em Londres, com toda a certeza, para ser expedido como
estava marcado. Contudo, no último momento, por alguma razão inexplicável,
fora rapidamente retirado do avião e outra carga prioritária colocada em seu lugar.
A preciosa tubulação estava chegando em um outro vôo. Não é maravilhoso que
nosso grande Deus esteja interessado, mesmo com uma luva de irrigação, quando
isso afeta o bem-estar de Seu povo!
E assim, a obra avançou no Riverside Farm Institute, na distante Zâmbia –
com milagres, suor e confiança em Deus.

101
CAPÍTULO 13

CASTLE VALLEY
O OÁSIS DE DEUS NO DESERTO

“Nós temos orado” – estas palavras apareceram, em junho de 1970, na carta


da família do Instituto Stone Cave, localizado perto de Dayton, Tennessee. Pelo
fato de alguém estar orando em algum lugar, muitas Instituições Adventistas do
Sétimo Dia de sustento próprio foram abertas. Isso foi uma realidade para o
Instituto Castle Valley, próximo a Moab, no estado de Utah.
Os obreiros de Stonecave haviam lido o capítulo 6 de 2º Reis. Os três
primeiros versos chamaram, de forma especial, a atenção. Ali está relatada a
interessante experiência de Eliseu, ao fazer um machado boiar. Esses versos
também tinham uma mensagem para eles, assim acreditavam os membros de
Stonecave.

“E disseram os filhos dos profetas a Eliseu: ¹ Eis que o lugar em que habitamos
diante da tua face, nos é estreito. 2 Vamos, pois, até ao Jordão e tomemos de lá, cada um de
nós, uma viga, e façamo-nos ali um lugar para habitar. E disse ele: Ide. 3 E disse um: Serve-
te de ires com os teus servos. E disse: Eu irei."

Nos dias de Eliseu havia necessidade de expansão. “O lugar em que habitamos


diante da tua face nos é estreito.” Os filhos dos profetas desejavam partir e construir.
Tinham um plano prático. “Vamos, pois, até ao Jordão e tomemos de lá, cada um de nós,
uma viga, e façamo-nos ali um lugar para habitar.” Eles sabiam para onde queriam ir, e
tinham um plano para a obra de construção.
A família Stonecave estudara o conselho no espírito de profecia com relação
ao estabelecimento de mais instituições médicas e educacionais de pequeno porte.

“Perguntará alguém: 'Como devem ser estabelecidas essas escolas?' Não somos um
povo rico, mas, se orarmos com fé e deixarmos o Senhor agir em nosso favor, Ele abrirá
diante de nós o caminho para estabelecermos pequenas escolas nos lugares afastados,
destinados à educação de nossos jovens, não somente nas Escrituras e estudos intelectuais,
como também em muitos ramos do trabalho manual.” Conselhos aos Professores, pág. 204.

“Nós temos orado,” os líderes em Stonecave escreveram, “para que Deus


abra as portas, a fim de que outra escola seja estabelecida. Chegamos a uma
condição neste local onde nós não podemos manter mais estudantes e dar o
treinamento apropriado. Estamos crescendo muito”.
“Deus tem respondido nossas orações,” eles publicaram alegremente em
seu informativo. “Temos procurado seguir o conselho do espírito de profecia, a fim
de encontrar um bom local para uma nova escola. Temos procurado terras com um
bom suprimento de água, com possibilidades agrícolas apropriadas – um lugar um
tanto isolado, contudo, perto o suficiente ‘do campo da missão’, para que nós

102
possamos ser usados por Deus no trabalho de ganhar almas, no conceito de Isaías
58.”
A resposta às suas orações? Um caminho muito longo a partir do viçoso e
verdejante Vale Sequatchie, no centro sul do Tennessee. No entanto, outro grupo
do povo de Deus, bem longe de Stonecave, estava orando também. O Senhor
estava respondendo às orações de ambos os grupos de uma só vez.
Os líderes na Associação Nevada-Utah ficaram comovidos com o fato de
que teriam uma universidade em seu campo de ação; no entanto, não se achavam
financeiramente capazes de assumir a empreitada. Em Utah, os membros da igreja
estavam orando para que sua universidade para jovens pudesse gozar de uma
educação cristã, sem que se precisassem viajar centenas de quilômetros distantes
de sua terra natal.
O Dr. Charles Smith, de Provo, Utah, era um membro do comitê da
Associação. Ele sugeriu a abertura de uma escola de sustento próprio, caso a
Associação fosse incapaz de financiar um projeto dessa envergadura. A idéia foi
considerada digna de análise e os irmãos decidiriam. As coisas começaram a
andar. Eles entraram em contato com o Pastor Frazee do Wildwood. O Dr. Charles
Smith voou para o Tennessee, a fim de dar uma olhada em Stonecave. John Jensen,
administrador do Instituto Stonecave, fez uma viagem até Utah, com o objetivo de
ajudar a localizar uma propriedade apropriada. O pai de um dos estudantes de
Stoncave, do oeste do Colorado, uniu-se à busca.
Esse homem localizou o atual local de Moab para a nova escola.
“Deus não queria que eu fosse um dos que inspecionariam a fazenda
Moab,” disse o irmão Jensen, alguns anos depois, “pois Ele sabia que eu jamais a
teria aceitado.” Então, imediatamente ele acrescentou, “os ideais do homem nem
sempre são os ideais de Deus. Que glorioso estabelecimento para uma escola Ele
nos deu”.
Que maravilhoso ambiente para uma escola! Selvagem como tudo o que o
Oeste tinha para oferecer; esse deserto rosado e varrido pelo vento está cheio de
maravilhosos monumentos e planaltos de formas fascinantes e tamanhos variados.
O impressionante Planalto Parriot se posta como uma sentinela protetora, com o
Castle Valley encravado alegremente em suas bases.
O Dr. Smith e seus filhos, felizes com a perspectiva de finalmente terem
uma universidade Adventista do Sétimo Dia em seu estado, uniram-se na tarefa de
fornecer recursos para a compra da propriedade.
“A terra é vossa”, a família Smith respondeu aos obreiros de Stoncave.
“Saiamos e comecemos a escola”.
O próximo problema era importante. Uma equipe de professores deveria ser
selecionada e deslocada para a nova escola. Não havia obreiros em perspectiva e
nenhum recurso disponível para pagá-los ou transferi-los, caso fosse necessário.
De volta ao Instituto Stonecave, os líderes estavam estudando
cuidadosamente a resposta de Utah às suas orações. O Senhor os havia abençoado.

103
Eles possuíam uma equipe de professores e de obreiros capazes e resolveram
compartilhar suas bênçãos.
“Nossa colméia em Stonecave está lotada”, eles concluíram. “É tempo de
voar.”
E eles voaram! Stonecave enviou seus melhores “missionários” para a
distante Utah. Os funcionários elegeram John Jensen, então administrador de
Stonecave, e sua esposa para liderarem o novo projeto no Oeste. Possuíam muitos
anos de experiência na obra de sustento próprio. Tinham um alto grau de
relacionamento com os jovens. Não havia dúvidas quanto ao sucesso, caso esse
maduro casal estivesse na direção do projeto pioneiro no Oeste.
Os Jensens iriam. Isso resolvia o primeiro importante problema com relação
ao quadro de funcionários.
O próximo seria encontrar um reitor firme e experiente para a nova escola.
Stonecave, sempre disposto a ajudar um empreendimento que sentisse estar o
Senhor guiando, concordou em que David Kulisek, o diretor de Stonecave, seria o
melhor para a escola Moab. Paul e Louise Eirich e Courtney Block, todos
professores, foram escolhidos para irem para o Oeste. David Seibert e Bonnie
Woodruff, antigos reitores da universidade de Pine Forest, completaram o
pequeno corpo de obreiros selecionados para dar o impulso inicial no Instituto
Castle Valley, como foi depois foi chamado.
O plano era que quatro famílias fossem para o Oeste, o mais rápido
possível, para colocar as coisas em andamento. Prédios deveriam ser erguidos ou
remodelados – havia apenas uma velha casa de tijolos na propriedade, naquele
tempo. Sementes precisavam ser plantadas. Deveriam ser recrutados alunos para a
escola – contudo, essa não seria uma tarefa difícil, pois Stonecave, e outras escolas
similares, normalmente tinham uma lista de espera de jovens ansiosos para se
matricularem.
Mas como essas quatro famílias pioneiras e seus bens seriam transportados
a centenas de quilômetros de Stonecave para Castle Valley?
“Nós não tínhamos nenhum dinheiro”, John Jensen escreveu-me depois.
“Era uma aventura completamente de fé, desde o começo, mas”, ele acrescentou
alegremente, “que alegria era ver o Senhor suprindo nossas necessidades”.
E Ele supria!
O Dr. e a Sra. M. K. Butler haviam acabado de retornar do trabalho em um
hospital de sustento próprio em Chiapas, México. Os filhos dos Butlers estavam
freqüentando a escola Stonecave. O Dr. Butler estava trabalhando em um hospital
próximo, até que a escola fosse finalizada.
Uma noite, o Irmão Jensen sentou em seu pequeno escritório, para estudar
alguns problemas relacionados com a futura mudança para Moab. Ele pegou uma
caneta para rabiscar num bloco de papel.
“Custará em torno de 300 dólares para fazer a mudança das quatro famílias
para Moab”, pensou calmamente. “Este é o limite; nós não poderíamos pagar por
mais gastos extras.”

104
Satisfeito com sua estimativa, John começou a explorar os possíveis recursos
financeiros para poder fazer a mudança.
“Eu não sabia de onde os 300 dólares viriam”, o Irmão Jensen contou-me
depois, “mas eu sabia que, se Deus queria que nós nos mudássemos para Utah, 300
dólares não seriam muito para que Ele providenciasse, a fim de nos colocar lá”.
John orou.
Dois dias depois, o Dr. Butler veio visitar o lar de Jensen.
“Eu ouvi dizer que você está se mudando para Utah”, começou o doutor.
“Sim, este é o plano”, respondeu o Irmão Jensen.
“Como você vai fazer a mudança das famílias para Moab?” Perguntou o
doutor.
“Bem”, John começou, com um sorriso amarelo estampado em seu rosto,
“sabe, neste momento, este é o pequeno problema. Mas temos estado orando sobre
isto e temos certeza de que o Senhor proverá os recursos necessários. Ele nunca nos
abandonou até agora”.
“Você sabe, Irmão Jensen, que tenho pouco dinheiro,” disse o gentil médico,
“eu gostaria de ajudar”.
Os olhos de John Jensen brilhavam enquanto Dr. Butler começava a contar
as notas e cheques em cima da mesa – 100, 150, 200, 250 – o coração do Irmão
Jensen batia acelerado.
“Aqui estão, 300 dólares para ajudar na mudança”, disse o médico,
enquanto contava a última cédula sobre a mesa. O Dr. Butler não havia tido
nenhuma indicação, por parte do irmão Jensen, acerca do valor estimado para a
mudança, mas o Deus do irmão Jensen sabia tudo sobre isso. Ele proveu
exatamente o que precisavam para levar os obreiros do Tennessee para Utah.
No início de julho de 1970, a pequena caravana de Stonecave se encontrava
transpondo a última parte da jornada para Castle Valley. Tinha muito que fazer a
fim de preparar as coisas, para que a escola fosse aberta no começo de setembro.
“Enquanto seguíamos nosso caminho ao longo do Rio Colorado, em direção
a Castle Valley, perguntávamos-nos: para onde Deus está nos levando?” O irmão
Jensen escreveu mais tarde. Mas, com a abertura da escola, apenas algumas
semanas depois, eles não tiveram muito tempo para se perguntarem. Quatro
famílias precisavam de moradias. A velha casa da fazenda e o celeiro eram os
únicos abrigos na propriedade, quando eles chegaram.
“No início”, continua ele, “nós nos espremíamos dentro da velha casa da
fazenda e nos alargávamos em tendas. Os doutores Charles e Paul Smith salvaram
a pátria com alguns trailers usados. Ao resolver aqueles problemas iniciais de
moradia, bem como outros que nos pressionavam em Castle Valley, éramos
freqüentemente guiados à Palavra e aos escritos inspirados a fim de reclamar as
promessas de Deus para Seus filhos. Quão bom o Senhor foi para nós, naqueles
dias de pioneirismo. O quanto Ele nos abençoou!”
O irmão Jensen contou-nos do encorajamento e ajuda que o projeto de
Castle Valley recebeu da Associação Nevada–Utah, durante aqueles primeiros

105
dias. O Pastor D. E. Dirkson, então presidente da Associação, e o Pastor Howard
Barron, diretor de Educação, visitaram Castle Valley e deram valiosos conselhos
para os irmãos.
“O que vocês fizerem, façam-no bem”, o Pastor Dirkson sabiamente
aconselhou.
“Nós planejávamos receber 12 estudantes no primeiro ano,” um dos líderes
relembra, “mas não pudemos deixar de receber menos de 20. Não houve
problemas em recrutar estudantes. Eles simplesmente vinham – e vinham sem
programa de recrutamento. Foi um ano maravilhoso”.
Sempre havia problemas. Problemas de moradia, problemas de alimentação
para funcionários e estudantes, problemas para conseguir os equipamentos para as
classes, escritórios e para o programa de Agricultura. Mas o Senhor sempre provia
tudo.
Os funcionários e estudantes de Stonecave sempre se preocupavam com o
bem-estar e o progresso de sua escola em Utah; oravam e escreviam pedindo ajuda
de seus amigos.
“Devemos apelar a vocês por ajuda de muitas formas”, sua carta amistosa
de junho de 1970, dizia. “Nós precisamos de carteiras, armários e cadeiras para as
salas de aulas. Precisamos de artigos para a cozinha e aparelhos, tais como estufas
e refrigeradores. Nossa oficina precisa de equipamentos de solda, serras, furadeiras
e outras ferramentas. Vocês podem imaginar os outros itens que nós não
mencionamos. Precisamos destas coisas também. E se você não tem coisas para
enviar, nós poderíamos usar dinheiro para comprar os suprimentos para
construção. Precisamos erigir muitos prédios”.
“Os vossos centavos serão esticados ao máximo”, o jornal de Stonecave
assegurava aos seus prováveis doadores, “pois os novos prédios seriam erguidos
por professores e estudantes – e não por trabalhadores externos. Nós estamos
mantendo as coisas de forma simples e funcional, contudo atraentes”.
Os trabalhadores de Stonecave levavam muito seriamente seu projeto no
“Oeste Selvagem”. Eles se determinaram a ajudar em tudo o que pudessem,
porque sentiam a responsabilidade de assegurar o sucesso da nova empreitada. É
esse espírito de compartilhar que há, entre os obreiros e as instituições, que tem
contribuído muito para a construção das unidades de sustento próprio, em todas
as partes. Eles compartilham e compartilham unidos; e Deus abençoa.
Deus está em primeiro lugar em Castle Valley. A típica capela, onde se
pudesse adorar, e as salas de aula, onde se pudesse reunir, receberam prioridade
número um, antes mesmo que todos os funcionários tivessem um teto sobre suas
cabeças. Sem demora, os obreiros levavam avante a construção de um prédio
central que forneceria essas instalações.
Durante a construção, as aulas eram realizadas ao ar livre, perto do velho
celeiro ou em baixo de árvores de algodão. Os estudantes construíam suas próprias
mesas e assentos. Houve pouca ou nenhuma reclamação com relação ao fato de a

106
comissão diretora não prover todas as condições que uma instituição, em
funcionamento, deveria fornecer.
Todo dia, novas evidências do amor e favor de Deus eram trazidas. Um
fluxo de fundos constante não deixava de dar entrada na tesouraria da escola.
Cartas vinham com uma cédula de um dólar dentro. Outras cartas continham
cheques de cem dólares e outras com todas as formas de quantias. Essas doações
mantiveram o projeto viável, até que a entrada dos estudantes começou. Depois de
algumas semanas, a fazenda começou a produzir alimento para o pequeno grupo
de obreiros e seus estudantes. Eles prosseguiam em oração e felizes em sua nova
responsabilidade.
Um dia, enquanto John Jensen, David Kulisek e seu filho estavam cavando
as bases para o novo prédio, um estranho passou para ver o que estava
acontecendo. Quando o visitante tomou conhecimento da escola, doou roupas de
trabalho, enviou sua esposa para a cidade para comprar pás novas e
permaneceram dois dias, ajudando com na construção do prédio. Quando
partiram, o novo amigo puxou sua carteira, contou cinco notas de vinte dólares e
entregou-as para os irmãos.
“É apenas um pouco, para ajudar uma boa causa”, disse ele enquanto saia.
E foi assim que o Senhor proveu as necessidades daqueles pioneiros de
Castle Valley, à medida que levantavam uma instituição na parte externa do
rosado deserto de Utah.
“Em toda a nossa experiência”, o irmão Jensen declara, “o tanque nunca
ficava vazio. Muitas vezes estava próximo do fim, mas nunca vazio”.
Durante esse tempo, muitas solicitações de matrículas para novos alunos
estavam chegando, a ponto de os líderes não poderem admitir a todas elas.
“Nós estávamos matriculando estudantes de lugares tão distantes, tais como
México e Canadá”, um obreiro relembra.
Dois anos depois de a instituição de Castle Valley ser inaugurada, a Sra.
Pierson e eu fizemos nossa primeira visita ao campus. Na escola, nós encontramos
professores e estudantes trabalhando juntos na terra, erigindo prédios – e amando
fazer isso.
“Vocês não sentem falta dos esportes?” Eu perguntei a um jovem de 17
anos, de olhos claros e maçãs rosadas na face.
“Não há tempo para jogar”, ele respondeu. “Além do mais, eu gosto deste
modo – o modo de Deus!”
Pouco mais de um quilômetro quadrado de desafio, com uma velha casa de
fazenda – assim era Castle Valley, quando John Jensen, David Kulisek e seus
colegas haviam assumido dois anos antes.
As hortas estavam produzindo celeiros e prateleiras cheios de frutas e
vegetais. Um bem construído prédio administrativo, com salas de aula e novos
alojamentos, tinha trazido a civilização para este magnífico centro avançado. Todo
o complexo foi literalmente construído aos arredores da capela, no prédio da

107
administração. Era evidente que a adoração é a razão da existência do Instituto
Castle Valley.
Os jovens, que vêm de muitas partes da América do Norte, viviam em
alojamentos, em apartamentos e em trailers comunitários, com os membros da
universidade. Nós os vimos preparando refeições, limpando e cuidando de suas
casas. Se o entusiasmo com o qual eles faziam seu trabalho, ou a alegria
demonstrada em sua amizade, servisse de algum índice de seus sentimentos, eles
amavam fazer aquilo.
“Nós amávamos aquilo também!” Um dos membros da faculdade
assegurou-me. “Temos ótimos jovens aqui”.
No tempo de nossa visita, encontramos um ótimo grupo de jovens
profundamente envolvidos no evangelismo. Estudantes pregadores, com seus
professores, estavam atuando em evangelismo noturno na Igreja Adventista do
Sétimo Dia de Moab. Eles haviam preparado o caminho, através de uma completa
visitação, casa por casa, o que impressionou profundamente muitos cidadãos na
pequena Moab. Os jovens estavam muito entusiasmados com relação ao seu
projeto missionário. Estavam ansiosos para estarem envolvidos nos planos
denominacionais, com o objetivo de “finalizar a obra”.
Afinal de contas, não seria nisso que a obra denominacional, a de sustento
próprio, ou a de qualquer outro tipo, deveriam estar interessadas?

108
CAPÍTULO 14

ESCOLA DE TREINAMENTO MISSIONÁRIO DA MONTANHA


SER ÚTIL

Em certo ponto de seu mais remoto desenvolvimento, o futuro da Escola de


Treinamento Missionário da Montanha repousava sobre a fina linha de quem
atenderia a uma chamada telefônica de longa distância para o Wildwood, na
Geórgia.
Eis a história.
Em outubro de 1974, um grupo de obreiros do Sanatório Wildwood veio
para Lithia, Massachutts, para iniciar uma nova escola de sustento próprio para
adultos e jovens em idade universitária.
“Antes de as ânsias pelo nascimento da instituição Lithia serem esquecidas,
o Dr. George Hamm pediu aos seus líderes para se juntarem a ele na procura de
uma propriedade, a qual um grupo do Hospital Memorial da Nova Inglaterra
estava considerando como um possível centro de condicionamento de saúde”,
Ethel Wood escreveu alguns anos depois.
Isto foi em julho de 1975. A viagem para Harrisville, New Hampshire, não
produziu nenhum resultado positivo para o Hospital Memorial da Nova
Inglaterra. Naquele tempo, os líderes de Lithia estavam muito envolvidos com sua
própria nova escola para se interessarem pela abertura de outra instituição a 113
quilômetros de distância, ao norte em New Hampshire.
Pouco tempo depois disso, Warren Wilson, do Instituto Wildwood, fez uma
visita a Lithia. A propriedade de New Hampshire fora mencionada para ele. A
princípio, ele também afastou a idéia de sua mente. Mais tarde, sentiu-se
impressionado a olhar a instalação de Hampshire e fez uma segunda viagem para
o Norte.
Enquanto Wilson examinava o que havia sido uma escola preparatória
católica para garotos e, depois, a Faculdade Antioch, a qual foi dirigida como uma
escola graduada em Educação, foi impressionado com o fato de que deveria
colocar nas mãos de Deus, a fim de saber se o Senhor estava guiando essa
aquisição.
Um informativo estava circulando entre os irmãos da obra de sustento
próprio por todos os Estados Unidos. Essa carta descrevia a instalação de
Harrisville e apelava por recursos para adquirir a propriedade. A porção da
propriedade da Faculdade Antioch, que consistia de 150 mil metros quadrados de
terra, com cinco prédios grandes – incluindo uma mansão de 32 quartos, dois
dormitórios, uma casa e um ginásio, estava avaliada em 125 mil dólares. Um
segundo pedaço de terra estava à venda por 47 mil dólares. Um terceiro pedaço de
terra, com 526 mil metros quadrados de floresta, cercando os prédios, estava
disponível por 65 mil dólares. Um total de 237 mil dólares era necessário para abrir
a nova instituição de sustento próprio, em New Hampshire.

109
Agora, aqui é onde entra na história do telefonema feito para o Wildwood,
na Geórgia.
Um fazendeiro, em um Estado distante, recebeu um dos informativos. Ele
foi impressionado de que talvez esse fosse um empreendimento que valeria a pena
receber o seu auxílio. Mas queria estar certo de que o Senhor estava guiando.
Decidiu, por um único procedimento, determinar a vontade de Deus. Iria ligar
para a casa do Pastor W. D. Frazee, no Wildwood, e consultá-lo. Se o Pastor Frazee,
em pessoa, atendesse o telefonema, ele aceitaria isso como uma evidência de que o
Senhor estava guiando e que deveria ajudar o novo projeto, em New Hampshire,
financeiramente.
O fazendeiro fez a ligação para o Wildwood. Enquanto o telefone tocava, o
futuro da instituição em perspectiva, em Harrisville, New Hampshire, pairava na
balança.
Então alguém atendeu. Era o Pastor Frazze! Isto foi providencial, nossos
irmãos na Escola de Treinamento Missionário da Montanha acreditam. O Pastor
Frazee tinha acabado de chegar do campus e atendera a ligação.
Depois de a voz do outro lado da linha explicar ao Pastor Frazee o propósito
de sua ligação, o líder de sustento próprio respondeu: “Deus certamente faz as
coisas no tempo certo. Eu acabei de chegar em casa esta noite, depois de uma série
de reuniões!”
O fazendeiro ficou profundamente impressionado e, ao longo de certo
período de tempo, já tem doado cem mil dólares para o projeto Missionário da
Montanha! As três partes da terra foram compradas. Uma nova instituição de
sustento próprio foi iniciada.
Durante junho de 1976, as primeiras famílias, selecionadas para serem
pioneiras no novo desafio, começaram a chegar “no campus.” Primeiro veio a
família Wilbur Atwood, de Lithia; depois de alguns dias, a família Phil Bofink, do
Wildwood. Então, os Herbert Athertons e outros membros do quadro de
funcionários chegaram. A Escola de Treinamento Missionário da Montanha estava
em curso.
“Quando nós primeiramente chegamos”, Ethel Wood recorda, “os
residentes de nossa pequena cidade nutriram um real receio. De fato, eles estavam
completamente certos de que não queriam outra escola na cidade deles. Tinham
vivenciado o que os jovens de faculdades e universidades podem fazer e não
estavam dispostos a saudar outro grupo semelhante”.
Mas não demorou muito para que os habitantes de Harrisville percebessem
que os jovens adventistas, que haviam chegado para viver entre eles, eram
diferentes.
Escrevendo mais tarde, a Srta. Wood descreve a mudança na atitude da
comunidade: “Os jovens da Escola de Treinamento Missionário da Montanha eram
amigáveis. Eles ajudavam em todas as oportunidades. Provaram ser bons vizinhos.
Não eram grupos de selvagens. Nenhuma conduta desordeira. Nenhuma
destruição de propriedade. Os corações dos habitantes das localidades foram

110
ganhos pela conduta exemplar de nossos jovens. Logo, eles estavam vindo para
nosso campus para verem, por si próprios, o que estava acontecendo. Visitaram
nossa escola. Inspecionaram nossas indústrias. Provaram nossa comida. Ficaram
satisfeitos com o que viram e ouviram. Agora são nossos melhores
propagandistas”.
Aqueles primeiros meses foram repletos de coragem, suor e oração.
Fábricas deveriam ser estabelecidas para apoiar a escola. Hortas deveriam ser
plantadas. Prédios deveriam ser reformados e limpos. A preparação para o
rigoroso inverno da Nova Inglaterra devia ser feita. Todos tinham dupla
responsabilidade. O desafio de ser realmente de sustento próprio estava sempre
diante, tanto dos estudantes, como dos funcionários. Mas o Senhor proveu.
Wildwood disponibilizou algum capital de giro para a nova instituição sobreviver.
“Mas o Wildwood não é outra ‘mamãe’ para ajudar,” disse o Pastor
Cleveland, sorrindo.
“Deus tem nos abençoado com recursos, a fim de que as contas sejam pagas,
enquanto as indústrias estavam crescendo e desenvolvendo-se até o ponto em que
os dividendos pudessem ser gerados por elas”, escreveu um obreiro, passados dois
anos de experiência.
Uma gentil providência proveu dois experientes impressores – Phil Bofink e
Greg Owen – para dirigir a nova casa publicadora da instituição. O Senhor
também proveu os equipamentos necessários e um fundo de 900 dólares mensais
para pagar por isso. Em resposta às orações, eles encontraram uma máquina de
vincar papel para alugar, por um custo nominal anual de apenas 10 dólares.
Compraram um perfeito encadernador e outros equipamentos, “com preços
que só o Senhor poderia conseguir”, um dos funcionários declara. Um bom amigo
doou uma grande impressora bicolor para a nova iniciativa. A impressora
começou a funcionar. Por volta de agosto, os livros da escola fundamental para as
moças e rapazes adventistas foram impressos e estavam prontos para a sala de
aula.
Assim que Daniel Dreher pôde se desobrigar da urgente tarefa de iniciar
uma horta, durante aquele começo de verão, ele voltou sua atenção para a nova
aventura – a Indústria da Tosquia. Daniel, um cristão recém-convertido, foi levado
para a Escola de Treinamento da Montanha, em sua busca por uma dimensão
espiritual mais dinâmica em sua vida. O contato com um jovem professor
adventista do sétimo dia e sua esposa – David e Shirley Timura – o levou aos
estudos bíblicos e ao batismo na igreja remanescente. Logo depois, Daniel se
encontrava no campus de Harrisville, pronto para servir.
Antes de ir para a Escola de Treinamento Missionário da Montanha, Daniel
estava ligado ao curtume, em Winchester, New Hampshire, onde ele aprendeu a
trabalhar com produtos de pele de ovelha oriundos da tosquia. Providencialmente
ele adquiriu esse pequeno negócio, avaliado entre dois e três mil dólares, por
apenas 75 dólares. Uma nova indústria foi aberta e logo produziria chinelos e luvas
de pele de ovelha. O empreendimento da tosquia demonstrou-se uma benção em

111
seus anos de formação e, mais tarde, forneceu trabalho sazonal para estudantes
carentes.
As noites frias de inverno em meados de março, no primeiro ano, e muita
oração trouxeram o cumprimento do desejo de Lanny Fuller de começar um
negócio de extração de melado. Em resposta às orações e solicitações, alguém doou
os equipamentos necessários para o empreendimento. Dessa pequena indústria
sazonal, os estudantes tinham, não somente provido dinheiro para ajudar no
programa escolar, mas também aprenderam a como retirar a seiva das árvores,
como inclinar o balde e levar a seiva para a obtenção do melado, alimentar o fogo,
manusear o evaporador, classificar e engarrafar o produto final para o mercado.
Durante janeiro de 1977, a Padaria Vida no Campo funcionou em local
muito apertado. Dois quartos fechados e um banheiro foram reformados para
prover espaço para o novo empreendimento. Lá não havia nenhum aquecimento
ou água disponível nos quartos e, naquele tempo, não havia trabalhadores
especialistas. Prover água quente para a nova operação não era simples. A água
devia ser trazida, em baldes, de uma caldeira. Era necessário subir uma ladeira
para obter a água de uma torneira, localizada no alto, sobre a caldeira.
Conveniente, não?
Numa terça-feira de manhã, numa reunião de oração, os funcionários
fizeram das necessidades da padaria o tema de fervorosas orações. Eles precisavam
de assadeiras de pão, um local para descanso da massa, um cortador de pães e um
forno rotativo, para viabilizar a nova empreitada.
O Senhor ouviu as petições naquela terça-feira pela manhã.
Na quarta-feira, pela manhã, Wilbur Atwood estava conversando ao
telefone com Ron Crary, em Oak Haven, Michigan.
“Existe alguma necessidade particular?” Ron perguntou.
“Bem, nós estamos procurando por um forno rotativo”, Wilbur respondeu.
“Eu sei exatamente o que você quer e creio que sei onde podemos conseguir
um para você – com um preço bem razoável –”, a voz do outro lado da linha
respondeu.
Ron Crary, como sempre, era tão bom quanto as suas palavras. Da mesma
forma era o Senhor. Ele enviou o forno – grátis.
Assadeiras, um refrigerador, todos foram postos em seus locais, a baixo
custo. Uma padaria estava encerrando as atividades. Porém, o administrador do
negócio falido apresentou seus antigos clientes para os representantes da Escola de
Treinamento Missionário da Montanha. Aqui estava um mercado esperando pela
inexperiente Padaria Vida no Campo.
“Nossa Padaria Vida no Campo está cumprindo um propósito triplo para o
qual ela foi estabelecida”, declara Bill Colburn, administrador assistente. “Ela está
contribuindo para a meta de sustento próprio da escola, provê treinamento e
experiência para os estudantes e está ajudando a compartilhar o verdadeiro ‘Pão
do Céu’ com seus muitos clientes.”

112
Em abril de 1977, um departamento de tapeçaria foi aberto. Logo no início,
os pedidos vinham em grande parte de outros departamentos da escola ou dos
adventistas do sétimo dia na área. Gradualmente o negócio aumentou. Através de
uma cooperativa local leiloada, novos amigos tinham sido feitos. Mais
trabalhadores se envolveram na produção. Quando eu visitei o campus da Escola
de Treinamento Missionário da Montanha, em julho de 1980, as perspectivas para
o desenvolvimento do departamento de tapeçaria pareciam brilhantes.
“Hoje nós temos uma lista de espera de pessoas que aguardam o trabalho
ser feito”, diz Sharon Aho, diretor do departamento.
Em dezembro de 1977, os líderes na Escola de Treinamento Missionário da
Montanha estavam prontos para iniciar uma nova aventura – a loja de produtos
naturais Vida no Campo. Eles planejaram produzir alguns cereais na localidade,
mas, principalmente, serviriam como trabalhadores ensacadores e empacotadores
de vários produtos a serem vendidos por um caminhão carregado, em seu
território.
No final de janeiro de 1978, era evidente que algumas formas mais eficientes
de pesar e ensacar os produtos precisavam ser encontradas, para acompanhar os
volumes das vendas.
Deus já estava trabalhando para cumprir Sua promessa:

“Antes de me chamarem, eu responderei.” Isaías 65:24.

Ethel Wood nos conta a emocionante história da resposta de Deus a suas


orações: “Naquele tempo, Oak Haven nos falou de uma organização que estava
doando 25 máquinas de ensacar para certas instituições de caridade. Eles sentiram
que nós podíamos nos inscrever. Esperançosamente, escrevemos para a
organização e pedimos por mais informações. Em resposta à nossa carta, um
representante veio para nos ver. Contudo, ele percebeu que não estávamos
qualificados quanto aos requerimentos específicos, no entanto, gostou do que viu
em nossa obra e sentiu que o trabalho feito por nós era compatível com o espírito
procurado por aqueles que estavam fazendo a oferta. Ele sugeriu que
escrevêssemos a nossa própria declaração para a companhia, detalhando nossa
obra e requerendo, com base nesses méritos, o recebimento de uma das máquinas.
Ele também conseguiu que víssemos uma das máquinas. Ela custava quatro mil
dólares. Além disso, com a máquina, nós precisaríamos comprar acessórios que
custavam mais 2.500 dólares, bem como um suprimento de sacos daquela
companhia. Sabíamos que o presente da ensacadeira seria uma bênção para nossa
Loja de Produtos Naturais Vida no Campo.
“Uma carta formal nos foi enviada pela companhia, com uma declaração
para assinar concernente a natureza de nosso trabalho. Ficamos despontados, pois
a declaração não incluía o objetivo de nossa obra e teria havido uma informação
incorreta sobre nós, contudo a companhia não parecia estar preocupada com a
discrepância. Mesmo assim nós precisávamos desesperadamente da máquina de

113
ensacar (estávamos agora ensacando milhares de quilos de alimentos por semana,
através de métodos muito simples e lentos); sabíamos que não poderíamos assinar
tal declaração. Deus deve ter outra forma que seja ‘transparente como a luz do sol’
(Filhos e Filhas de Deus, p. 64), ou algo melhor. Naquela sexta-feira, à tarde, ao pôr
do sol, trouxemos nossa perplexidade a Deus em oração. Na semana seguinte, o
irmão Atwood telefonou para o amigável representante que havia nos visitado
previamente e leu para esse homem a declaração de nosso propósito que ele
mesmo tinha escrito. Depois de o representante da companhia checar com os
funcionários encarregados, disse ao irmão Atwood que essa declaração seria aceita
e que nós receberíamos, tanto a máquina de ensacar, como também seus acessórios
gratuitamente! Deus tinha mais do que respondido nossas orações.
“Quando Deus demora em responder nossos pedidos, Ele freqüentemente
tem mais do que a necessidade de uma pessoa para atender. Naquela tarde, no
culto, enquanto a história de nossa preocupação, com relação à informação errônea
no relatório que nos era pedido para assinar, estava sendo compartilhada, o irmão
Atwood disse que nós não poderíamos pegar as máquinas sob tais condições,
mesmo que isso significasse que nunca a possuiríamos. Na congregação, ouvindo,
estavam muitas pessoas que estavam tomando decisões, por si mesmas, pela
verdade ou contra ela. Nosso posicionamento pela verdade e as bênçãos de Deus a
nós concedidas os impressionou grandemente e ajudou-lhes a decidir pelo
principio, apesar das dificuldades ou perdas. ‘Assim Deus trabalha de uma forma
misteriosa na operação de Seus milagres.’’’
A Loja de Produtos Naturais teve início com um empréstimo de quatro mil
dólares, sem juros. Dentro de quatro meses, as vendas subiram para dez mil
dólares por mês. Um ano depois, elas eram da ordem de 40 mil dólares mensais.
Como em outras instituições de sustento próprio, ganhar almas é o objetivo
mais importante na Escola de Treinamento Missionário da Montanha. Desde o
começo, os estudantes aprenderam a se esforçar em práticas médicas missionárias
e em como compartilhar sua fé. Esses estudantes encorajam a conquista de almas,
tanto no campus, como fora dele. Muitos deles encontraram cidadãos idosos, em
Harrisville, que precisavam de ajuda. Os funcionários e os estudantes de formação
de obreiros missionários ajudam as igrejas na área.
“Além das nossas outras atividades missionárias no campus e fora dele”,
disse-me Charles Cleveland, “atualmente estamos cuidando de três igrejas em um
distrito sem pastor. Isto confere à Associação local uma boa economia”.
As indústrias-escola provaram ser uma fonte fecunda para atrair o interesse
na comunidade.
“A indústria de tosquia e seus produtos podem ser um testemunho para
Cristo,” declara um obreiro institucional.
Um texto das escrituras aparece no rótulo dos produtos da tosquia. Um
cliente percebeu isto e exclamou: “Essas pessoas devem ser novas criaturas”.
Olhando mais de perto, eles descobriram que as luvas eram fabricadas perto
da casa deles. Esses clientes se dirigiram à escola e visitaram, não apenas o

114
departamento de tosquia, mas também todo o campus. Ficaram impressionados
com o que viram. A visita resultou em um pedido para que alguém fosse a suas
casas e ensinar-lhes a culinária vegetariana. Através de um pequeno rótulo, eles
tiveram um vislumbre de um modo melhor de vida e ficaram interessados em
acompanhar isso de perto.
A Padaria Vida no Campo fabrica cinco variedades de pães – 100% integral,
com uvas passas, sementes de girassol, multi-grãos e com nozes. Em cada rótulo,
um verso apropriado das Escrituras aparece.
“Estes versos das Escrituras já se constituíram em um meio de atrair a
atenção para a grande mensagem da verdade”, explica um dos trabalhadores da
padaria. “Nossos pães encaminham contatos, ajudam a quebrar o preconceito e
nossos obreiros distribuem convites para as aulas de culinária, cursos de como
deixar de fumar em cinco dias e reuniões evangelísticas na área”.

“Existe religião prática em um pedaço de um bom pão”, Ellen White declara. –


Conselho Sobre Regime Alimentar, p. 251.

O departamento de tapeçaria está fazendo mais do que recobrir móveis


velhos. Ele está patrocinando um curso de tapeçaria para a comunidade. Muitos
não-adventistas que vêm ao campus para participar nessas classes tiveram um
vislumbre de um modo de vida diferente.
“Eles gostaram do que têm visto, ouvido e experimentado no campus e se
tornaram nossos amigos”, diz um funcionário da tapeçaria. “Deus tem usado esta
pequena indústria de muitas formas para testemunhar para Ele. Tentamos realizar
o que está ao alcance de nossas mãos”.
O programa educacional na Escola de Treinamento Missionário da
Montanha é destinado a treinar jovens e adultos como obreiros bíblicos leigos. O
currículo inclui classes tais como fundamentos espirituais para um cristianismo
prático, Daniel e Apocalipse e eventos finais, epístolas de Paulo, estudos do
santuário, doutrinas fundamentais, como dar estudos bíblicos, Ministério da
Colportagem, História da Igreja Adventista, a história da verdadeira educação,
preparação para um lar cristão, Anatomia e Fisiologia, Nutrição, Hidroterapia e
remédios simples, princípios da verdadeira obra médico-missionária, evangelismo
de saúde na prática, Liderança Cristã, habilidades de Comunicação, Horticultura e
outros. O campo evangelístico provê um laboratório na vida real, para se colocar
em prática o que se aprende nas aulas de estudo.
A obra da educação é disponibilizada em uma variedade de áreas, tais como
carpintaria, impressão, artes gráficas, cozinha e comercialização de alimentos
saudáveis.
“Nosso ministério é como o de Paulo”, o administrador Cleveland me
explica. “Nós queremos preparar obreiros, com a habilidade para fazer a obra
médico-missionária em novas áreas, ao mesmo tempo em que sejam capazes de se
sustentarem, como os apóstolos fizeram”.

115
“Nós não temos problemas com o reconhecimento de nossos graduados, a
demanda por obreiros bíblicos que possam se auto-sustentar, enquanto fazem do
ganhar almas sua principal vocação, é ilimitada. E mesmo outras instituições de
sustento próprio estão freqüentemente procurando obreiros. Às vezes, temos
dificuldades para mantê-los até que tenham terminado o treinamento.”
Cada fase do programa de estudo e industrial no campus visa a incorporar
lições espirituais que dirijam as mentes dos estudantes para o Professor-Mestre. No
trabalho ou na sala de aula, Jesus é exaltado como o grande Exemplo.
“Na medida em que acrescentamos poder mental a nossa obra, despertado
pelo empenho com os problemas da vida real, pelo interesse adquirido com a
necessidade de subsistência e de obtermos êxito na realização de nossa meta,
descobrimos que nossa educação tem, na verdade, incluído todos os nossos hábitos
de vida. Sim, tudo o que diz respeito ao nosso bem-estar encontra nele
possibilidades de aprendizagem.” Nestas palavras, Ethel Wood resume claramente
a filosofia da educação cristã, como apresentada e praticada na Escola de
Treinamento Missionário da Montanha.
“Os momentos de adoração são ocasiões intelectuais, como também festas
espirituais. A Bíblia, um atlas, um dicionário, um índice dos escritos de Ellen G.
White, uma concordância, um comentário podem servir de ajuda em nosso
estudo”, continua ela.
“Outra oportunidade educacional para o desenvolvimento mental e
espiritual de nossos estudantes é o dia que Deus separou originalmente para a
educação no lar – o sábado. A escola familiar inteira se reúne toda a 6ª-feira à tarde
para fazer o culto. Aqui lições especiais, aprendidas através das experiências da
semana, são compartilhadas e uma porção da palavra de Deus é estudada em
grupo.”
“No sábado pela manhã, a Escola Sabatina e o culto na igreja trazem mais
oportunidades para estudos bíblicos. Nossos estudantes sempre contribuem para
estes serviços, tanto na capela, como em nosso campus e nas comunidades
próximas, através da pregação, música, ensinamentos e compartilhando o estudo
da natureza, ou das Escrituras individualmente. Enfim, é um dia abençoado no
qual podemos compartilhar com outros a bondade de nosso Criador.”
Uma carta escrita pelo Pastor Don Sandstrom, presidente da Associação
Nordeste da Nova Inglaterra, revela sua atitude para com a obra que a Escola de
Treinamento Missionário da Montanha está fazendo. “A relação que nós
desfrutamos é muito saudável. Eles são apoiadores de nosso programa nesta área.
Freqüentam e participam regularmente em das atividades patrocinadas pela
Associação. O seu excelente grupo musical tem contribuído muito para algumas de
nossas reuniões e encontros gerais. Nossos funcionários-membros são convidados
para seus cultos e regularmente ocupam seus púlpitos como pregadores visitantes.
Vocês podem perceber como estou muito satisfeito por ter a Escola de Treinamento
Missionário da Montanha dentro do território da Associação Nordeste da Nova
Inglaterra. Apreciamos a dedicação deles aos princípios da Palavra de Deus e Sua

116
Igreja Remanescente, bem como seu espírito de cooperação com o programa da
Associação.”
Ao tempo de minha visita à Escola de Treinamento Missionário da
Montanha, em 6 e 7 de julho de 1980, encontrei um quadro de funcionários, em
torno de 70 trabalhadores, sob a liderança do Pastor Charles Cleveland. Trinta
estudantes estavam no campus naquela ocasião. Eles ainda estavam fazendo
grandes planos para fortalecer a obra nessa instituição.
Descobri que Charles Cleveland tem o espírito de missões em suas veias. Na
semana após a minha visita, ele e sua família estavam atendendo a um convite
para visitar o novo projeto de sustento próprio na Noruega. Sessenta e sete
quilômetros ao oeste de Oslo, um grupo de leigos está em seu segundo ano de
serviço, depois de converter uma pensão em um centro de condicionamento de
saúde. Os Clevelands e Warren Wilson, do Wildwood, estavam indo para dar
conselhos administrativos para a nova empreitada.
Um antigo graduado do Wildwood, da Alemanha Ocidental, está clamando
por uma instituição de sustento próprio em seu país. Uma futura escola em Açores
está no “estágio de oração”, de acordo com um funcionário da Escola de
Treinamento Missionário da Montanha, natural de Açores, e que recentemente
havia feito uma visita para ver como estavam as coisas em sua terra natal.
“A Escola de Treinamento Missionário da Montanha quer desempenhar um
papel em abrir outras instituições de sustento próprio na Europa, onde tais
unidades são necessárias e são ansiadas”, diz o Pastor Cleveland.
Os líderes disseram que treinam jovens para o serviço missionário e que sua
resposta à verdadeira educação está mais bem sintetizada nas palavras deste verso
de sua música na escola.

Nós vemos os campos à distância desta nossa elevada montanha.


Nós sentimos o tremor da terra e vemos as nuvens tempestuosas trovejarem,
Mas olhem os campos, estão brancos e os céus chamam por ceifeiros,
Antes da coroa, a cruz. A resposta? Nós iremos!

Ó bela escola chamada Missionário da Montanha,


Estabelecida aqui por Deus somente, Sua majestade e poder.
Possam os jovens que sobre este adorável campus se demoram
Dar honra ao Seu nome, por toda a eternidade.

117
CAPÍTULO 15

WEIMAR
UMA NOVA AVENTURA NO SERVIÇO

Eram fins de outubro de 1979 e a semana de oração da Faculdade Weimar


estava apenas começando. O culto noturno acabara. O pequeno grupo de
funcionários e estudantes parecia relutar em deixar o lugar de oração.
Gradualmente, contudo, o grupo foi saindo, alguns indo para casa e outros
tomando seus caminhos de volta para os dormitórios, onde a Sra. Pierson e eu os
visitávamos.
Logo quando me preparava para deixar a sala de reuniões – o último como
sempre – percebi dois jovens rapazes, a quem havia conhecido um dia ou dois
atrás, em um canto isolado da sala. Estavam orando. Silenciosamente parei onde
estavam e me ajoelhei ao lado deles.
Durante os minutos que se seguiram, aprendi muito sobre o Weimar e a
influência que estava tendo sobre os corações e vidas dos jovens que freqüentavam
a escola. Estes jovens não estavam “recitando suas orações”. Eles estavam orando.
Sua sessão de oração era puramente voluntária, sem a mínima idéia de que um
visitante pudesse se unir a eles.
Fervorosamente, cada jovem abriu seu coração a Deus como a um amigo.
Não houve nenhuma retórica formal, não ouve nenhuma banalidade comum,
nenhum egoísmo clamava a Deus. As palavras saíam dos lábios daqueles jovens de
forma livre e espontânea. A própria necessidade de uma experiência mais vibrante
com Deus, uma preocupação sincera de que todo pecado saísse de suas vidas, um
fervoroso desejo de uma caminhada mais próxima de Jesus – tais eram os assuntos
de suas petições.
Os dois garotos não estavam apressados. Apresentavam amigos e entes
queridos para Deus, apelando pela conversão deles ou crescimento espiritual. Eles
conversaram com o Senhor em tons de admiração sobre os seus professores, o que
deixava evidente o amor e a admiração que sentiam por eles.
Pleiteavam com o Senhor pela guia em suas vidas, para que pudessem
sempre estar prontos e capacitados para ir aonde Deus quisesse que fossem e para
serem o que Deus quisesse que fossem.
O meu coração foi tocado enquanto falavam com o Senhor sobre nossa
presença no campus e era meu dever (e o da Sra. Pierson) procurar ser de ajuda
espiritual para a família Weimar naquela semana.
Foi uma experiência estimulante. Foi uma brilhante experiência. E como eu
já disse, aprendi muito a respeito da Faculdade Weimar e dos jovens que ficaram
ali, durante aquela meia hora em que estivemos juntos de joelhos. Gostei do que
aprendi! Durante a semana, descobri muitos jovens compromissados no campus,
que comungavam das preocupações de meus dois companheiros de oração.

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O sonho do Weimar nasceu em meados dos anos setenta, no coração de
líderes compromissados da igreja, que viviam em diferentes partes da América do
Norte e que desejavam ver uma Faculdade Adventista do Sétimo Dia que reunisse
funcionários e estudantes em uma obra de estudo e oração. Deveria ser um
programa de sustento próprio, embora compartilhando muitas das comuns
preocupações com os educadores e instituições da Igreja.
Os líderes, que pela fé iniciaram aquela pequena instituição, sentiam que
poderiam levar a efeito algumas de suas filosofias com respeito à educação cristã
adventista do sétimo dia, mais facilmente do que nas grandes unidades.
Em Berrien Springs, Michigan, o Dr. Raymond Moore e a mesa diretora do
Centro de Pesquisa Hewitt estavam sondando com a possibilidade de abrirem uma
escola de alto nível de ensino, que expusesse a filosofia médica e educacional que
sentiam que o Senhor desejava que Suas instituições seguissem, nestes últimos
dias.
No outono de 1976, o Dr. Moore enviou convites para algumas das 60
pessoas que ele acreditava estarem interessadas em tais projetos. Ele convidou
essas pessoas para uma reunião no salão social da Hill Church, no Campus de
Loma Linda, para discutir a perspectiva. Na noite da reunião, a sala estava lotada
com 400 pessoas ansiosas para o início da sessão. Muitas reuniões se seguiriam.
Uma conclusão era evidente – algo estava prestes a acontecer.
Uma reunião, em fevereiro de 1977, na igreja de Placerville, Califórnia,
revelou que o tempo para a filosofia do “vamos conversar sobre isto” tinha
passado. Era tempo de se fazerem planos concretos para ir avante com o projeto.
Uma doação de 10 mil dólares, vindos do Hewitt Research, estimulou os presentes
a fazerem do sonho uma realidade.
Desde então, o Hewitt Research, os líderes denominacionais de várias
organizações e líderes leigos interessados no projeto mantiveram o plano bem
vivo. Então, houve uma reunião de líderes compromissados, na Igreja Adventista
do Sétimo Dia de Carmichael, que desencadearia uma série de ações e faria com
que as coisas avançassem.
O fundamento para a ação foi efetivado no começo de 1977, por um grupo
conhecido como a Força Tarefa Weimar – nomeado assim por causa do crescente
interesse no primeiro Centro Médico Weimar. Eles ficaram com o encargo da
responsabilidade de pesquisar o projeto completamente e relatar para um corpo
representativo de líderes adventistas em Carmichael, Califórnia, em 21 de abril de
1977. Esse grupo consistia de professores, estudantes, médicos, advogados, donas
de casa, pastores e outros profissionais e homens de negócio que tinham uma visão
comum.
A propriedade do Centro Médico Weimar, localizada ao pé da montanha
Sierra entre Sacramento e Lake Tahoe, é um ponto estratégico, com um clima ideal,
de fácil acesso e muitos prédios apropriados para o seu propósito. Parecia que o
Senhor fora à frente deles, ajudando com os planos para uma instituição de seus
sonhos.

119
Nos 243 mil metros quadrados, que formam a área central do campus, havia
35 prédios considerados, pelo inspetor-chefe de edificações do Município de Placer
County, como estando “em excelentes condições”. Esses prédios, cobrindo uma
área de 18.580 metros quadrados, incluindo um hospital com 68 leitos, alas de
unidades públicas e privadas, um complexo para o refeitório completamente
equipado. Havia muitos outros prédios que poderiam muito bem servir como
escritórios administrativos, de manutenção, lavanderia, instalações contra
incêndios e unidades de casas de força.
Aproximadamente 1,6 quilômetro quadrado de montes e prados fornece
amplo espaço para horticultura, sementeiras e vinhedos. Quilômetros e
quilômetros de estrada corriam entre as colinas e florestas. A propriedade foi
considerada ideal do ponto de vista do centro de condicionamento de saúde.
O preço – 1.150.000 dólares. Daí o porquê dos 70 escolhidos estarem
reunidos em Carmichael, Califórnia, em abril de 1977. Comprar ou não era a
decisão que eles precisavam tomar. Os recursos, a construção, os reparos, a reunião
de funcionários qualificados, matrículas de estudantes em potencial – tudo tinha
que ser cuidadosamente considerado, antes da nova aventura ser iniciada. Seriam
eles capazes de abranger tudo?
Durante a reunião, o Pastor D. E. Rebok, ex-secretário da Associação Geral e
veterano líder de igreja, encorajou os 70 membros unidos para a ocasião a irem
avante com fé e esperarem do Senhor a direção e a bênção.
Depois dos presentes terem discutido todo o projeto, por todos os ângulos,
eles se reuniram em pequenos grupos para uma sessão de fervorosa oração, a fim
de que a vontade do Senhor pudesse ser revelada.
Ao se levantarem da oração e sem mais discussão ou debate, cada pessoa foi
solicitada a votar em uma das três possibilidades, indicando sua decisão com
relação a seguir em frente com a compra da propriedade Weimar, como primeiro
passo em direção ao estabelecimento de uma instituição educacional e uma
unidade de saúde, que seriam desenvolvidas à medida que os fundos fossem
disponibilizados e o caminho estivesse aberto diante eles.
As opções que estavam diante do grupo eram “Sim” (comprar a
propriedade), “Não” (não comprar a propriedade), ou “Incerteza”, (caso alguém
não estivesse certo de como deveria votar).
O número total de votos revelou a atitude do grupo: todos os 70 membros
tinham votado “Sim”. Algumas cédulas de votação, nas quais as pessoas
escreveram observações pessoais, tais como “Amém” e “Louvado seja o Senhor”,
demonstravam favor e fervor extras. Era evidente que esse grupo de líderes estava
convencido da necessidade de uma faculdade e um centro de saúde, fundados
sobre os ideais que criam estar estabelecidos no espírito de profecia. Eles também
estavam dispostos a se arriscarem com Deus, comprometendo-se como uma
quantia de um milhão de dólares para sua compra.

120
A questão fora lançada. Não deveria haver nenhum retrocesso. Uma mesa
executiva preliminar foi estruturada e esse novo corpo administrativo foi
autorizado a proceder com a compra da propriedade do Centro Médico Weimar.
Uma nova instituição estava em formação – uma instituição que, em seu
nascimento, fora destinada por seus fundadores para ser uma nova empreitada na
causa.
Ao futuro corpo de funcionários era lembrado que o Weimar oferecia os
seguintes benefícios: um freqüente chamado para orar, a alegria de uma nova
aventura em serviço, camaradagem cristã, comida saudável e lares modestos. A
propaganda para inscrição de funcionários acrescentava que “segurança financeira
e um modo de vida confortável não deveriam estar listados como prioridades
pelos candidatos”.
Weimar, desde seu começo, tem se comprometido com as doutrinas, as
metas e os programas da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Seguir o conceito
adventista do plano de Deus para a operação de um centro de cuidado da saúde e
uma instituição educacional, como definida na Palavra de Deus e nos escritos do
espírito de profecia, tem sido o mais importante nas mentes desses fundadores.
A preocupação do Weimar com o conceito de “ministérios de postos
avançados” está no topo da lista de suas prioridades. É o expresso desejo dos
funcionários influenciar o pensamento da igreja nesse importante ministério.
Espera-se dos jovens, que vêm ao campus, que se tornem ativamente engajados
nessa visão de trabalhar nas cidades, vindos de postos avançados no campo.
O Weimar, como suas instituições de sustento próprio co-irmãs, é um
projeto de fé. “Os salários terão paridade geral e jamais excederão em nenhuma
ocasião aos dos funcionários denominacionais regulares”, o formulário para
inscrição do funcionário informa aos prováveis obreiros. Depois acrescenta:
“Durante a fase inicial do programa, que todos os obreiros estejam preparados
para receber um pouco menos do que esta quantia”.
“Durante os primeiros 16 meses da existência do Weimar, todos os
membros do quadro de funcionários receberam apenas a moradia, a alimentação e
10 dólares por semana, como um subsídio de subsistência.”
Os líderes fundadores, primeiramente Robert Fillman, presidente, e Dick
Winn, secretário e capelão, não planejaram que o Weimar se tornasse uma grande
instituição. Eles sentiam que os objetivos e os padrões seriam mantidos mais
consistentemente com um número razoavelmente pequeno de matrículas e
patrocínio. Fiquei sabendo do ótimo grupo de 200 estudantes definidos, quando
estive no campus. Um de seus meios de comunicação falou de “poucas centenas”
no máximo. Tanto nos meus contatos com os administradores no campus, como
nas declarações feitas no Boletim do Instituto Weimar, fiquei impressionado com o
desejo e determinação dos funcionários de trabalharem juntos com a administração
da Igreja em todos os níveis.
O claro propósito do instituto é “desenvolver a Instituição Weimar em
completa harmonia com a liderança da Igreja Adventista do Sétimo Dia.” Declara o

121
Boletim, “o fato de não procurarmos o patrocínio, ou sustento direto da
organização, não impede um íntimo laço filosófico entre a Instituição e a
Associação, nem impede uma estreita relação de trabalho”.
Os estudantes no Weimar adotam um programa de várias fases. “Talvez o
título ‘centro avançado’ seja o mais apropriado para descrever o programa
multidimensional previsto para o Weimar” – é a forma com que um escritor
resume no boletim – “um programa integrado de aprendizado e ministério,
localizado em um cenário natural e afastado”.
No topo da lista de desenvolvimento das prioridades do Weimar, estava o
centro de condicionamento de saúde – “o equivalente contemporâneo do que Ellen
White chamava de sanatório”, declara um porta-voz. Em um ambiente de
incentivo ao estudo e sob controle parcial, mais de 30 pacientes aprendem e
adotam novos hábitos de estilo de vida, por um período de 25 dias. A mudança na
dieta, exercício, água e outros agentes curativos naturais ajudam na rotina de
mudança de hábito.
Uma das metas, ainda a ser totalmente implantada no Weimar, é o
estabelecimento de “uma pequena estação de repouso para as pessoas adventistas
idosas”. Ao tempo da nossa visita, no fim de 1979, esse programa estava ainda no
estágio de planejamento. Espera-se que esses aposentados “tenham habilidades e
entendimento... para compartilhar com os estudantes e visitantes próximos”.
Uma pequena faculdade (54 estudantes em outubro de 1979) também
desempenha um papel importante no programa do Weimar. “Lá, os
administradores e estudantes procuram combinar a excelência de uma
universidade com a aprendizagem útil, habilidades manuais e serviço orientado.”
Lá, também “os estudantes e professores gastam tempo juntos, não apenas na
classe, mas, na oficina, no campo, no pomar e nos centros de cidades vizinhas”.
Enquanto andávamos pelo campus, ficamos impressionados pelo modo com que
essa interessante idéia tem-se tornado rapidamente uma realidade.
A filosofia do trabalho de aprendizagem do Weimar não dá ênfase primária
ao ganho financeiro. Não são apenas os estudantes e funcionários que trabalham
juntos, mas os pacientes internados no centro de saúde unem-se aos estudantes no
trabalho externo de porta em porta, “combinando, assim, amizade cristã e
atividade de cura”.
Ficamos interessados nos programas de trabalho missionário do instituto.
”Uma parte não opcional de cada programa dos estudantes da faculdade é o
envolvimento no serviço com a comunidade”, informa o boletim a seus leitores.
Como conseqüência dessa política, encontramos estudantes trabalhando com o Dr.
Colin Standish, diretor da faculdade, em uma empreitada evangelística e em um
seminário sobre saúde mental, em uma das igrejas próximas. Muitos estavam se
preparando para o batismo como resultado desse esforço.
Inspeções foram feitas nas comunidades ao redor, para determinar as
necessidades lá existentes. Em alguns casos, o interesse em estudos bíblicos eram

122
detectados e jovens, engajados no belo programa Respostas de Deus, visitavam
esses lares e agendavam estudos da Palavra com essas pessoas.
Uma equipe de colaboradores práticos trabalha com o Departamento de
Voluntários de Placer County, ajudando pessoas com as compras, limpando
janelas, cortando madeiras, consertando telhado, ou qualquer necessidade que se
apresente.
Aulas de Culinária, seminários de boa forma física, ajudas às pequenas
igrejas da área e clinicas de parar de fumar; tudo isso estimula os jovens do
Weimar a estarem envolvidos em fazer a sua comunidade mais feliz, saudável, e
santificar o lugar onde vivem.
Por que os estudantes escolhem o Weimar para ajudá-los em sua vida de
trabalho? Esta foi uma pergunta que fizemos a muitos jovens, enquanto comíamos
juntos, caminhávamos como eles pelo campus, ou orávamos juntos nos quartos
dos dormitórios. A resposta mais freqüente era: “porque Deus nos guiou para cá”.
Os jovens que conhecemos no Weimar estavam bem conscientes “do
direcionamento de Deus”. Enquanto dialogávamos com eles sobre os seus planos
para o futuro, inevitavelmente essas conversas terminavam com, “nós queremos
estar onde o Senhor quer que estejamos, fazendo a obra que Ele quer que
façamos”. Alguns jovens ansiavam participar de outros “empreendimentos do
Weimar, servindo em outros estados”. Alguns funcionários já deixaram o Weimar,
a fim de ajudar a estabelecer programas similares em outros locais.
A filosofia do Weimar? Diz um líder: “O Instituto Weimar existe para que
outros possam também vir a ter fé na sabedoria de Deus e integridade de caráter.
Nossa meta é que aqueles que cheguem ao conhecimento de Deus, através de seu
ministério, sejam capazes de fazer uma decisão consciente em Seu favor, tomando
posição ao Seu lado, na grande controvérsia entre Cristo e Satanás. Nosso desejo é
que este impacto seja rápido e eficiente”.
Essa filosofia é profundamente simples – mas pensar nela – é simplesmente
profundo também.
Nós não encontramos nenhuma depreciação da obra feita nas instituições
denominacionais de aprendizagem, nem por parte dos funcionários, nem dos
estudantes. Antes, há um sentimento expresso freqüentemente de que o Senhor, de
uma forma especial, os trouxe para o Weimar. Aqui eles encontraram o que
acreditam ser a Vontade de Deus para suas vidas.
A palavra sacrifício possui diferentes matizes de significados no Weimar.
Sacrifício, durante os anos, tem-se tornado sinônimo de “abandonar”, “seguir sem
nada”, ou até mesmo, “sofrer nobremente pela causa de Deus”, diz um orador do
Weimar, no boletim.
“Nós no Weimar acreditamos em Sacrifício”, o continua orador. “Mas nós
também acreditamos na vida abundante. Pois, sacrifício não é nada mais do que
mudança das prioridades do homem para os benefícios de Deus. É Seu desejo
encher totalmente nossos vasos estendidos, de tal forma que nós não

123
conseguiríamos carregá-los; a única opção para nós seria, então, a de compartilhar
essa superabundância com os outros”.
Essa benfazeja filosofia de sacrifício foi representada dramaticamente de
forma exata, quando um filho de um funcionário do Weimar perguntou, com um
olhar perplexo em sua face: “Você acha que somos pobres?”
No Weimar, como em outras unidades adventistas do sétimo dia de
sustento próprio, a oração é o principal poder motivador no desenvolvimento da
operação do instituto. “Se a necessidade é de obreiros, fundos, equipamentos, Deus
sempre sabe como e quando providenciar o que quer que satisfaça melhor a
necessidade”, diz um funcionário ponderadamente.
Trabalhadores adicionais necessários, pacientes para os programas de
condicionamento, fundos para completar o centro de condicionamento de saúde –
todos têm vindo como resposta às orações. “Nós louvamos ao Senhor pelo seu
socorro a tempo”, dizem os obreiros.
Duas respostas à oração ajudaram a prover o transporte para as
necessidades do Weimar. Uma Pickup Ford, em boas condições, chegou ao campus
como uma doação. Outra família decidiu não prosseguir com os planos de
converter o seu ônibus em um automóvel-trailer. Agora a faculdade tem meios
para transportar os estudantes no trabalho com a comunidade, em viagens ao
campo e outras excursões.
As orações trouxeram centenas de livros para as prateleiras da biblioteca do
Weimar. Fundos destinados às imprescindíveis instalações do hospital são
enviados. Os dormitórios foram reformados – tudo devido à resposta às orações.
As palavras do hino: “Ele Mantém as Bênçãos” podem bem se tornarem o tema da
canção do Weimar.
Precisavam-se de recursos para o centro de condicionamento de saúde.
Obreiros e estudantes oraram. Um casal interessado visitou o campus. Enquanto
mantendo uma atitude vaga para com tudo o que viam e ouviam, eles fizeram
muitas perguntas. Antes de partir, o homem disse: “Nós gostaríamos de ajudá-los
com a parte hidráulica”.
Essa oferta significava mais do que dinheiro. Isso significava que Paul e Sue
Baker viriam para o campus e gastariam dois meses trabalhando em encanamentos
para o prédio do centro de condicionamento de saúde e, assim, contribuiriam com
mais de 10 mil dólares em suplementos para o projeto. Quando visitamos a
instituição depois, os Bakers estavam de volta para outro serviço e amavam isso.
Richard Fredericks estava orando por transporte para visitar locais por
todos os Estados, em resposta às solicitações para comparecer a seminários
relativos à experiência do Weimar. Richard desejava “pegar a estrada” para
compartilhar essa informação. Ele enfrentava dois problemas. Seu velho carro
estava na idade de se aposentar e o instituto não dispunha de recursos para a
viagem.

124
Deus tinha a solução para ambos os problemas. Dois novos membros
funcionários se aproximaram de Richard. “Sentimo-nos impressionados a dar
nosso carro para o serviço do instituto, se você puder usá-lo”, disseram eles.
Richard examinou o carro seminovo com grande expectativa.
“Nós podemos usá-lo com certeza”, ele lhes garantiu; “isto é uma resposta à
oração”.
O Senhor também impressionou a mesa diretora a assumir as despesas da
viagem de Richard. Richard estava de quatro rodas – rodas de Deus.
O inverno estava se aproximando. Os membros do Weimar estavam orando
por um especialista em telhado, para “colocar” o telhado do refeitório. Ninguém
estava disponível. Então, alguém ouviu de “um pastor, que conhecia um membro
da igreja, que tinha um irmão que era telhador”.
O telhador foi localizado, ele estava ocupado com outro serviço.
“Você poderia conseguir uma folga de três dias para fazer nosso trabalho?”
– perguntaram-lhe.
“Só se o empreiteiro e o proprietário em meu emprego atual concordarem”,
respondeu ele.
“Quem são eles?” – os representantes do Weimar perguntaram.
O dono era o pai do Pastor Dick e o empreiteiro era um amigo muito
próximo. Foi tudo resolvido rapidamente – com uma economia para a instituição
de mais de mil dólares. O telhado foi completado exatamente duas horas antes de
um aguaceiro torrencial encerrar dois anos de seca.
“Nosso Deus cuidou do teto sobre nossas cabeças”, um dos membros da
faculdade diz, ao relembrar o incidente.
Em 13 de novembro de 1977, uma parcela da hipoteca no valor de 12 mil
dólares estava vencendo em menos de 24 horas. O demonstrativo bancário
mostrava apenas umas poucas centenas de dólares na conta. Os obreiros do
Weimar colocaram-se sobre seus joelhos e oraram.
Naquela manhã, o pastor Dick visitou um grupo de sete homens, em uma
cidade vizinha, que havia manifestado um interesse no que estava acontecendo no
Weimar. O grupo dialogou sobre o Weimar por volta de 40 minutos e então o
encontro foi encerrado sem nenhum compromisso. Eles, no entanto, concordaram
que se qualquer um deles, separadamente, se sentisse impressionado a ajudar, eles
trariam seus cheques para um dos encarregados, às três horas da tarde.
Às 3:15, o Pr. Winn foi interceptado pelo encarregado. A ele foi entregue um
envelope fino contendo cinco cheques que haviam chegado naquele dia. Quanto
eles somavam? 12 mil dólares! Deus ouve? Ele supre as necessidades de seus
filhos? O povo de Weimar tem certeza que Ele supre!
As reuniões da mesa diretora no Weimar nunca são tolas nem áridas.
Quando uma necessidade urgente foi apresentada a um membro recentemente, um
dos homens, em sua forma quieta e pensativa disse: “Bem, vamos orar sobre isto”.
Eles oraram. Os membros não somente pediram a Deus para obrar milagres
na resolução de suas necessidades, eles tomaram aquela ocasião para agradecer-

125
Lhe pelas bênçãos recebidas. Depois de receber uma indicação de que uma doação
muito grande estava à caminho do Weimar, os membros não somente
responderam em um coro de “Améns”, mas caíram sobre seus joelhos e
agradeceram ao Senhor por sua instituição.
Levantando-se de suas orações, os membros da mesa decidiram ajudar ao
Senhor de uma forma prática para responder suas próprias orações. “Descubramos
o que o Senhor nos mostrou para cumprir”, sugeriu um membro. Resultados?
Doações em dinheiro de mais de 6 mil dólares e 80 mil dólares em empréstimos a
curto prazo”.
Muitos encontraram saúde e cura no centro de condicionamento. Histórias
emocionantes surgem após cada sessão. Uma dessas emocionou-me muito; é a
experiência de um amigo meu de muitos anos, o Irmão W. L. Barclay, um
companheiro de trabalho nas Índias Ocidentais e no sul da Ásia. Bill, como eu
afetuosamente o tenho conhecido por muitos anos, encontrava-se com 23 kg acima
do peso, com pressão alta e problemas cardíacos. Por dez anos ele viveu com uma
bomba de oxigênio em sua cama, dia e noite. Ele levava essa bomba de oxigênio
em seu carro para alguma emergência.
As condições de Bill se deterioraram até que, finalmente, disseram que uma
cirurgia seria sua única esperança de vida. Quatro cirurgias se seguiram. Foram
bem sucedidas – por um mês ou menos. Então, um dia, a dor no peito o atacou
novamente. A última coisa de que ele se lembra foi a Sra. Barclay pedindo ajuda
urgente.
“Eu não consigo encontrar a pulsação dele e sua face está ficando escura”,
ela enfatizou.
Ele foi rapidamente levado ao hospital e, depois dos cuidados emergenciais
e testes posteriores, disseram-lhe que não havia mais nada para ser feito por ele.
Uma outra operação estava fora de cogitação.
Aqui é onde o Weimar entra em cena. Bill ficou sabendo do novo sistema de
tratamento para cardíacos. Depois de muitas e agudas dores no peito, Bill,
finalmente, decidiu ter “uma chance” no Weimar. Ele não poderia ficar pior do que
estava.
“Nós nunca achamos que o Irmão Barclay conseguisse”, uma das
enfermeiras do centro de condicionamento disse-me, alguns meses depois. De fato
pensavam, por várias vezes, que ele estava morrendo nos primeiros dias em que
esteve lá.
No fim de seu tratamento de condicionamento, o Irmão e a Sra. Barclay
voltaram para casa, depois de andarem muitos quilômetros todo dia, sem
nenhuma dor no peito e livre dos medicamentos.
“Eu pedalava em uma bicicleta fixa, de 8 a 16 quilômetros por dia (18
ontem). Sem problemas. Sem dor. Prosseguindo muito bem”, o Irmão Barclay
escreveu um ano depois.
Depois de sair do Weimar, Bill prosseguiu bem até se envolver em dois
acidentes de carro. “Estes”, ele diz, “trouxeram de volta alguns dos meus velhos

126
sintomas cardíacos”. No momento em que estou escrevendo, ele está lutando
tenazmente outra vez para recuperar sua saúde. Ele ainda diz que o Weimar deu-
lhe uma nova vida depois de anos de sofrimento.
O Instituto Weimar, como uma nova iniciativa no serviço, é,
reconhecidamente, uma nova iniciativa. Com apenas três anos de história nas
costas, os líderes administrativos seriam os últimos a alegar que realizaram todas
as suas metas. São realistas em reconhecer que muitas pontes devem ser
atravessadas, muito trabalho deve ser feito e muitas orações respondidas, antes de
poderem dizer que sua missão foi totalmente cumprida. Todavia, estão avançando
bem em sua jornada.

127
CAPÍTILO 16

EDEN VALLEY
APRENDER A VIVER - VIVENDO

Bruce Papendick e sua esposa Nathel, de Metaline, Montana, passavam uma


tranqüila tarde de sábado lendo o jornal da sua União. Os olhos de Bruce foram
dirigidos para uma legenda: “Fecharemos as Portas desta Igreja?” Ele não tinha
lido mais que os primeiros parágrafos quando olhou de relance para Nathel.
Mais tarde Bruce pensou – “O Senhor falou ao meu coração e disse: ‘É para
lá que vocês irão depois’”.
A Igreja Adventista em Hardin, Montana, tinha problemas, e o editor do
jornal da União apelava por voluntários para se mudarem para a comunidade,
assegurar um emprego, unirem-se à igreja e ajudar a manter as portas abertas.
“Isto soava como uma aventura emocionante”, diz Bruce. De alguma forma,
sabia no íntimo que o Senhor tinha uma obra para eles em Hardin.
Stewart Lloyd, sua esposa e o filho Gregory eram seus vizinhos e Bruce
sabia do sangue missionário que fluía também nas veias de Lloyd. Então, correu
para a casa de Lloyd para conversar com seu amigo.
A princípio, Stewart foi frio com relação ao desafio. Ele demonstrou
hesitação. Poucos dias depois, contudo, enquanto os Lloyds estavam fazendo o
culto matutino, uma voz falou ao coração de Stewart.
“Quando o culto acabou, sabia que iria para Hardin”, diz ele, descrevendo a
experiência.
Então o Senhor desafiou dois corações jovens com um “chamado
macedônico” a Hardin, Montana, para manter as portas da Igreja Adventista do
Sétimo Dia abertas. As esposas estavam prontas. Em poucas semanas as duas
famílias tinham emprego garantido em sua nova comunidade e estavam
confortavelmente estabelecidos em parques de acampamento, a poucos
quilômetros fora da cidade.
Ao escrever sobre a resposta das famílias Papendick e Lloyd ao desafio de
Hardin, o Pastor Morten Juberg diz no Gleaner da União Norte do Pacífico (de 3 de
dezembro de 1979): “Fecharemos as portas da igreja? À luz do que tem acontecido,
parece pouco provável que a cativante Igreja Hardin estará fechando suas portas
em um futuro próximo”.
Mas o que tem haver manter as portas da Igreja Adventista do Sétimo Dia
de Hardin, Montana, abertas com o Instituto Eden Valley, perto de Loveland,
Colorado, a centenas de quilômetros de distância?
Muito. E Mort Juberg pode ter percebido isso em seu artigo: “Bruce
Papendick visitou o Instituto Eden Valley... aprendendo, dentre outras coisas, a
profissão de eletricista, o que agora lhe dá condições de ganhar a vida”. Então ele
acrescenta, “a formação de Stewart Lloyd também inclui um ano em Eden Valley”.

128
Enquanto Bruce e Stewart trabalhavam e estudavam no Instituto Eden
Valley, alguma chama missionária acendeu-se em seus corações. Um amor por
Cristo, um amor pela obra de Deus e um desejo de ter uma parte na obra haviam
nascido. Alguns anos depois, quando souberam de uma pequena igreja em
Montana, cujas portas estavam para se fechar, os corações deles foram tocados. O
Espírito do Instituto Eden Valley os mandou agir.
“O estabelecimento de qualquer nova instituição é ímpar em seu começo e
na direção especial em que ela assume em seu desenvolvimento”, diz Wayne Dull,
presidente do Instituto Eden Valley. “Mas existem certos denominadores comuns
que se encontram em todas – visão, sacrifício e esforços fervorosos. Alguém tem
que colocar o seu sangue, suor, lágrimas, finanças, enfim, as suas próprias vidas no
desenvolvimento de um novo programa para que ele tenha êxito.”
Todos esses ingredientes essenciais têm estado presentes no estabelecimento
do Instituto Eden Valley. Harold e Effie Grosboll, Pete e Amm Borris, obreiros no
velho Sanatório Hinsdale, a obra do pastor W. D. Frazee no Wildwood, Raph
Martin do Instituto Oak Haven em Pullman, Michigan – todos influenciaram no
nascimento do Instituto Eden Valley.
Os irmãos Grosboll e Borris, do Colorado, visitaram uma convenção de
sustento próprio em Oak Haven, em 1961. Lá, ficaram profundamente
impressionados com o fato de que deveriam se tornar envolvidos no
estabelecimento de uma instituição de sustento próprio. Voltaram para o Colorado
à procura de uma localidade apropriada. Trinta e dois quilômetros a oeste de
Loveland, na estrada de Masonville, localizaram 2,4 quilômetros quadrados de
terra à venda. E estava em um adorável e afastado vale, na encosta das Montanhas
Rochosas, agora conhecido como Eden Valley (Vale do Éden).
Os homens não perderam tempo em vender sua clínica em Bouder,
Colorado, reinvestindo o lucro total na propriedade de Eden Valley. O trabalho de
construção começou e logo uma clínica estava pronta para ser ocupada. A
residência dos obreiros, uma oficina e outros prédios essenciais foram concluídos.
O Instituto Eden Valley foi aberto para funcionamento.
Enquanto o trabalho se desenvolvia, alguns líderes do Wildwood, Dick
Forrester, Wayne Dull e Joe Fields foram chamados para fortalecer os funcionários.
Com a chegada do Dr. e da Sra. Alan Harmer, o programa do centro de
condicionamento de saúde começou a funcionar.
Wayne Dull tem sido o presidente desde 1970 e, sob sua liderança, o
programa de treinamento médico-missionário tem crescido. Eden Valley tornou-se
um forte centro preparando obreiros leigos para o serviço, tanto em casa como nos
campos estrangeiros.
Os fundadores e educadores de Eden Valley acreditam que as normas para
o perfil da educação do instituto estejam fundadas nas palavras de Ellen White:

“Sua educação (de Jesus) foi adquirida diretamente das fontes indicadas pelo céu: do
trabalho útil, do estudo das Escrituras, e da Natureza, e da experiência da vida –

129
compêndios divinos, cheios de instruções a todos os que lhes trazem mãos voluntárias, olhos
que vêem e coração entendido.”- Educação, p. 77.
.
O Boletim do Instituto Eden Valley não deixa qualquer dúvida a respeito da
razão de sua existência – e Deus está no coração de sua filosofia. Nas primeiras
páginas, abaixo do grande “POR QUÊ?”, estão três declarações que dizem muito.
POR QUÊ?
“Para preparar jovens a fim de que desviem sua atenção do mundo e de
suas fascinação.”
“Para ajudá-los a se dedicarem completamente a serem usados por Deus
nesta terra.”
“Para fornecer valiosas ferramentas para eles mesmos, a fim de que
assumam o serviço de Deus.”
As valiosas ferramentas que o Instituto espera colocar nas mãos dos jovens,
para serem desenvolvidas, são as seguintes ferramentas:
“Uma experiência com Jesus (‘eu gosto de ver esta regra no topo da lista’ – meu
[do Pastor Pierson] comentário), para saber o que Ele é capaz de fazer em Seus filhos,
e através deles, e um conhecimento das Escrituras (‘eu quero enfatizar este como sendo
uma das razões principais para a existência da escola’. – Idem), e como usá-las para a
presente verdade de salvação...”
“Uma compreensão prática da mensagem de saúde de Deus e como ela
pode ser usada como uma cunha de penetração para o Evangelho”. (Não é isto o que
o Senhor nos diz que deveríamos estar fazendo? – Idem).
“Um sólido fundamento nas coisas da vida diária simples, plantando uma
horta e preservando sua produção, mantendo o lar, consertando um carro – todas
as experiências para o sustento próprio…” (A filosofia do Instituto Eden Valley vai
exatamente ao “âmago da questão” de que a vida é tudo isso, para a grande maioria da
família humana, não é? – Idem).
“Uma familiaridade com o planejamento e liderança de uma Escola
Sabatina, como aprendizado para trabalhar com esses líderes, na construção e
organização de novas igrejas, através da realização de reuniões públicas…” (Eu
lidero esse programa envolvendo nossos leigos em algumas fases do processo da conquista
de almas, que confere ímpeto para finalização da obra. – Idem).
E, finalmente, a seguinte ferramenta:
“Treinamento para isto: ‘O gozo do serviço neste mundo e para aquela alegria
mais elevada por um mais dilatado serviço no mundo vindouro’ (Educação, p.13),
necessariamente requer dos estudantes fiel cooperação para um desenvolvimento
harmonioso de suas faculdades físicas, mentais, e espirituais.
“Assim, os jovens que consideram os treinamentos do Instituto Eden Valley
saberiam, sem sombra de dúvidas, que Deus os está conduzindo para se
prepararem para o Evangelismo Médico-Missionário.”
Eu incluí esta explanação, até certo ponto minuciosa, do “POR QUÊ?”, do
Instituto Eden Valley, pois acredito que ela resume a filosofia motivadora da

130
maioria das instituições de sustento próprio, em funcionamento por toda a
América do Norte e em outras partes do campo mundial.
“Quando uma pessoa deixa Eden Valley para realizar um trabalho para o
Mestre, no campo em que Ele chama”, o Boletim do Instituto Eden Valley explica,
“o sucesso não dependerá do diploma, ou graduação, mas da sua contínua relação
com Deus, para determinar corretamente o que ela é, o que ela sabe, e o que ela
pode fazer”.
Os cursos no Instituto Eden Valley são dedicados à realização desse ideal.
Conquanto os cursos oferecidos não contemplem todos os pontos de A até Z, eles
incluem muitos cursos práticos, que são projetados com o objetivo de preparar
jovens para se tornarem evangelistas médico-missionários de sustento próprio.
O primeiro curso listado no Boletim é “Pesquisa Sobre o Movimento
Adventista.” Essa matéria é “um estudo do impacto mundial da mensagem do
advento, no começo do século dezenove, e o subseqüente desenvolvimento da fé, e
da Igreja Adventista do Sétimo Dia, e da contribuição do papel desempenhado
pelo dom espiritual de profecia em seu desenvolvimento”.
Agricultura, Mecânica de Automóveis, Culinária, Costura, Solda, Dieta e
Alimentação, Doenças: Causa e Prevenção, Cristo no namoro, vida no campo, guia
no treinamento para as crianças, subsistência para homens e mulheres,
Cristianismo e Vocação Práticas são alguns dos interessantes, e talvez os únicos,
cursos oferecidos na próxima matrícula que se encontra em Eden Valley – e,
provavelmente, em muitas das outras instituições de sustento próprio.
Em 1979, o Dr. Ralph McClure, que foi o nosso médico durante nossos dias
de tratamento no Wildwood, uniu-se ao quadro de funcionários de Eden Valley. A
clínica de repouso tem sido tão bem preparada, que um programa de
condicionamento, agora, está em andamento em Eden Valley. Guias de
condicionamento levam alguns pacientes a um ambiente inspirador, cercado das
obras das mãos de Deus.
“Aqui, num ambiente como este”, diz o Dr. McClure, “os problemas
diminuem e os conselhos são mais facilmente aceitos. Descobrimos que os simples
agentes que Deus colocou na natureza são mais poderosos no tratamento de
doenças e invalidez”. Continua ele: “massagem hidroterapia relaxadora, exercício
tranqüilizante, profunda respiração, uma dieta vegetariana, banho de sol e
conversas saudáveis na sala de visitas, têm sido uma benção para muitos que vêm
a Eden Valley à procura de ajuda e cura”.
Em Eden Valley, o programa é personalizado a fim de satisfazer as
necessidades dos indivíduos. O dia normalmente começa com profundas
respirações e exercício de alongamento. Depois, vem uma reforçada refeição
matinal seguida de uma caminhada ao ar livre. Mais tarde, ainda na parte da
manhã, os pacientes vão à sala de tratamento para fazerem algum tipo de
hidroterapia. Caminhar, “para criar resistência”, em colinas próximas, ou alguma
forma de exercício externo, faz parte do programa diário.

131
Um bom almoço é servido ao meio dia. Depois, uma caminhada ao ar livre,
descanso, uma conversa saudável na sala de visitas. Depois, vem um período de
vigorosa caminhada ao ar livre ou alguma outra atividade externa. Uma leve
refeição noturna é seguida por um adequado evento social na sala de visitas. Eles
se recolhem cedo e um profundo sono completa o regime diário.
A influência do Instituto Eden Valley vai além da comunidade de Loveland.
Em maio de 1978, um restaurante vegetariano e uma loja de produtos naturais
foram abertos em Fort Collins, na avenida principal da cidade. Nos primeiros dias,
a empreitada sofreu todo tipo de dificuldades e problemas. Eles reformaram e
consertaram o prédio, mas logo quando estavam prontos para ocupar o local, uma
explosão em um prédio vizinho danificou seriamente o restaurante. Muito do que
tinha sido investido foi perdido. Alugaram um outro prédio e o transformaram de
uma “cabana” em um belo prédio. Os proprietários venderam o prédio durante o
tempo do contrato do aluguel. Os novos proprietários cobiçavam um grande
retorno de seu investimento. As perspectivas de assegurar um novo contrato
pareciam obscuras, mas um relacionamento achegado com os donos resultou não
somente na renovação do contrato, mas em amizade e apoio também.
Apesar dos desapontamentos e reveses, a Loja de Produtos Naturais Vida
do Campo e o Restaurante Vegetariano têm crescido e se desenvolvido em um
empreendimento lucrativo. Lá, os obreiros de Eden Valley conheceram muitos
novos amigos. Aulas de Culinária, demonstração de fabricação de pães e aulas de
Hidroterapia são realizadas na área do refeitório. Esses contatos conduziram ao
interesse por estudos bíblicos e amigos têm aberto seus lares para esse tipo de
empreendimento missionário.
Jo Kelly, esposa do chefe dos detetives no Departamento de Polícia de
Collins Fort, começou a patrocinar o restaurante. Ela se tornou interessada nas
aulas de Culinária. Depois de finalizar as aulas de Culinária, ela expressou um
interesse em Hidroterapia. Arranjos foram feitos para Sra. Kelly visitar Eden
Valley, a cada semana, para aulas de Hidroterapia individual. Ela começou a
estudar sua Bíblia e a freqüentar a igreja. Em 18 de janeiro de 1980, Jo e Sua filha
Adrianne foram batizadas e se uniram à igreja de Eden Valley.
Um trailer ministerial desempenha um importante papel no programa do
Eden Valley. O Instituto comprou e remodelou um grande trailer. Do lado externo,
um atrativo título aparece com as palavras: “Comunidade Adventista do Sétimo
Dia de Triagem de Saúde.” O trailer é estacionado nas ocupadas áreas do centro
das cidades vizinhas. Lá, os funcionários medem a pressão e realizam outros
procedimentos secundários de saúde. Os funcionários também convidam
visitantes para se inscreverem em estudos bíblicos, aulas de Culinária e cursos de
como deixar de fumar em cinco dias. Os pastores locais são convidados para enviar
pessoas para o trailer, seguindo-se, então, os frutíferos contatos que são realizados.
Eden Valley não se contenta em ajudar apenas as comunidades próximas –
nem mesmo em restringir seu trabalho missionário ao estado do Colorado. Em

132
junho de 1972, a família Meyer partiu do Eden Valley para assumir o evangelho
médico-missionário em um obscuro município do Oeste da Virgínia.
O Instituto Silver Hills, no Canadá, tem suas raízes no Eden Valley e
Wildwood. Silver Hills, por sua vez, tem sido responsável pela abertura de outras
escolas no extremo norte – Fontainview Farms, Sanctuary Ranch e, mais
recentemente, Fairhaven Farms, em British Columbia.
Em julho de 1978, sob a direção de Eden Valley e através da cooperação de
outras escolas de sustento próprio, três famílias missionárias de além-mar partiram
para compor o quadro de funcionários do Instituto Mount Akagi, no Japão. Em
junho de 1979, mais duas famílias e três estudantes missionários abriram uma
universidade de sustento próprio na ilha de Okinawa. E assim, a obra cresce e se
desenvolve.
A Associação do Colorado aprecia a cooperação de Eden Valley e seu
impacto espiritual nas comunidades circunvizinhas. Em 15 de março de 1979, o
Pastor W. C. Hatch, presidente da Associação escreveu:
“Tenho o prazer de dizer que o Instituto Eden Valley, uma instituição de
sustento próprio próxima a Loveland, Colorado, está fazendo um bom trabalho e a
liderança da instituição coopera extremamente bem com a Associação Colorado.
Sou um entusiasta da obra que o irmão Dull e seus companheiros estão fazendo
em Eden Valley. Os obreiros de Eden Valley estão extremamente interessados em
levar a mensagem ao máximo de pessoas possível”.
Por oito anos, os estudantes e funcionários de Eden Valley conduziram uma
Escola Sabatina em Estes Park. Muitos batismos resultaram desse ministério. No
momento apropriado, a Associação do Colorado movimentou-se, desenvolveu a
obra e organizou uma igreja com 30 membros. O grupo Maranata ajudou a erigir
uma bela igreja em Estes Park.
Os obreiros e estudantes de Eden Valley cooperaram com a Associação do
Colorado no estabelecimento de uma igreja em Gunnison – naquele tempo, um
município desconhecido. Eden Valley levou uma família e quatro estudantes para
Gunnison, em agosto de 1974. Esses obreiros começaram uma série de programas
missionários, tais como, ensinos clínicos sobre batimento cardíaco, classes de
Culinária e o curso de como deixar de fumar em cinco dias, ajudando a preparar o
caminho para a conferência de evangelismo. Tendo completado sua missão em
Gunnison, os trabalhadores de Eden Valley se posicionaram em outros locais.
Qualquer pessoa poderia ver a mão de Deus trabalhando na obra de
construção do prédio de uma bela igreja, no campus de Eden Valley. Com apenas
300 dólares em mãos, o Instituto realizou um culto de lançamento da pedra
fundamental para a nova instituição, capaz de acomodar 500 adoradores. No final
do culto, os adoradores contribuíram com 12.700 dólares e a obra de escavação
começou.
A providência de Deus na construção desse novo santuário foi, com certeza,
muito notável.

133
As regulamentações do Estado requeriam que um arquiteto qualificado
desenhasse a planta. Eles não tinham recursos para esses gastos. Meses antes, Deus
tinha enviado Loren Price como estudante para o campus. Ele era qualificado e
desenhou o projeto requerido.
Lloyd Williams, um pedreiro, foi impressionado a se unir aos funcionários
de Eden Valley. Trabalhando com estudantes, ele fez todo o trabalho de
assentamento de tijolos e dos blocos da igreja.
Várias pessoas interessadas sentiram-se impressionadas a fazer doações.
Dinheiro fluía para a tesouraria vindo dos membros da igreja. A obra de
construção continuou. O novo edifício logo tomou forma.
Quando o madeiramento se fez necessário, Odt e Rosa Jacobson,
proprietários de uma madeireira, uniram-se à família do Instituto. Toda a madeira
necessária foi disponibilizada pela Madeireira Jacobson, pela metade do preço
cobrado na região.
Quando o edifício estava pronto para receber as instalações de aquecimento
e ar-condicionado, o Senhor tinha Norman e Joan Barker no campus. Norman
projetou, construiu e instalou o sistema completo.
Ron e Gail Jones vieram para o instituto Eden Valley como estudantes do
Canadá. Ron é habilidoso no trabalho com a madeira e na fabricação de móveis.
Ele construiu os armários, o púlpito e a mesa de comunhão.
Quando se precisou de um eletricista, o Senhor trouxe Paul Eirich para o
campus no momento certo. Paul fez toda a instalação elétrica.
Uma paciente de recondicionamento do Canadá veio para o Eden Valley à
procura de tratamento. Seu esposo, Manfred Neubert, era um assentador de
carpete. Ele se ofereceu para colocar todo o carpete.
Antes do prédio da igreja ser terminado, tinha muito trabalho de
acabamento a ser feito. David Watts, um construtor empreiteiro de Loveland,
visitou o culto na nova igreja no sábado, ficou impressionado com o que viu e
ouviu das providências de Deus na construção do prédio. O Irmão Watts doou
duas máquinas escavadeiras – não somente para fazer a obra, mas para ficarem no
campus para trabalhos futuros.
Assim Deus se moveu para ajudar Seu povo na Sua obra!

134
CAPÍTULO 17

PINE FOREST
HOSPITAL E UNIVERSIDADE

“A religião é a nossa vida”, diz Dean Taylor, de 23 anos, enquanto retira


seus óculos para limpar o suor de sua testa, inclinando-se momentaneamente sobre
sua pá. “Este projeto é muito importante para nós”, ele prossegue. “Honra a pessoa
e o propósito para o qual está sendo construído, ambos são muito especiais”.
Dean estava falando para um repórter do Birmingham, Alabama News, em
março de 1963. Ele e outros sete jovens estavam trabalhando em um anexo do
edifício da Capela Memorial Ruth Johnson, localizada na comunidade de Pine
Springs, a 15 quilômetros ao norte de Meridian, Mississippi. Os jovens envolvidos
na obra de construção eram graduados ou estudantes da Universidade de Pine
Forest, situada a mais de trinta quilômetros de distância.
Por que estavam esses jovens abrindo mão de suas férias, para construir
esse memorial, para uma missionária que estava em Angola, na distante África?
Porque, como Dean Taylor explicou, “a religião é a nossa vida”. Aumentar a capela
não era apenas para honrar alguém, cujas raízes estavam em Pine Forest, e alguém
que havia dedicado 30 anos para a causa de missões; o objetivo maior serviria mais
efetivamente ao programa de ganhar almas, no qual os funcionários e estudantes
da Universidade de Pine Forest estavam empenhados.
A Capela Memorial Ruth Johnson ilustra bem a elevada motivação dos
fundadores e construtores da Universidade, Sanatório e Hospital Forest Pines, no
Condado de Lauderdale, Mississippi.
No início do século, o Sr. Rogers, o pai de Olive Braley, tinha aberto uma
pequena unidade educacional, perto de Gilbertown, Alabama. Um incêndio havia
abreviado a vida dessa pequena, mas brava instituição e, em 1936, T. D. Strickland
e alguns de seus amigos saíram em busca de um lugar mais favorável para
restabelecer a obra. O Irmão Strickland, Hazel King, e Lois Duncan reuniram-se
com um representante da Associação, o Pastor L. A. Butterfield. A Associação não
possuía nenhum internato naquele tempo. O Presidente R. I. Keate e seu comitê
trabalharam juntamente com os empenhados membros leigos, num esforço para
suprir algumas das necessidades educacionais do campo. Os primeiros três anos
da história de Forest Pine foram uma empreitada conjunta com a Associação.
O pequeno grupo procurava e orava. Um quilômetro e meio quadrado
situado na intocada floresta de pinheiros, próxima de Chunky, Mississippi, 16
quilômetros ao oeste de Meridian, estava à venda por um preço absurdamente
baixo. A terra foi comprada em pequenas parcelas. O desenvolvimento começou
sem delongas. A. D. McKee e George McClure uniram-se ao quadro de
funcionários em 1936 e 1937. Eles abriram uma escola paroquial em 1937. Uma
pequena fábrica beneficiadora de arroz e trigo logo começou a operar. Os

135
funcionários cultivaram e plantaram árvores frutíferas. Logo eles começaram o
trabalho missionário e alguns vizinhos uniram-se à recém estabelecida igreja. Os
salários (se alguém pudesse dignificar sua pequena entrada em dinheiro como
“salário”) eram muito baixos. Houve tempo de testes e provações reais; mas
aqueles corajosos pioneiros iam em frente com seu projeto missionário. O jornal
Birmingham resume em uma grande manchete: “Uma Pobre Universidade
Progride com Grande Fé em Deus”. Às vezes parecia que fé e oração eram suas
fontes principais de sustentação, mas a obra crescia e prosperava em suas mãos
consagradas.
Por volta de 1943, A. J. Wheeler e R. B. King vieram da faculdade Madison e
fortaleceram a obra. Quatro pequenos quartos, “um pequeno chalé de quatro
cômodos”, deu lugar a um hospital de 25 leitos. A nova instituição estava
notavelmente bem equipada para aqueles dias e para aquele estabelecimento rural.
A Dra. Mary Crawford, uma jovem médica, começou uma pequena fábrica de
móveis; depois, uma fábrica de descascar nozes; e depois, uma serraria.
Fazendeiros da vizinhança traziam cana de açúcar para ser transformada em
melado. A obra no campus de Pine Forest crescia.
Em 1948, a legislação do estado do Mississippi designou uma comissão
hospitalar para elevar os padrões de saúde no Estado. Esse novo organismo não
havia se formado por muitos meses, até a visita de seus representantes à velha
estrutura do hospital e sanatório no campus de Pine Forest. Como resultado dessa
inspeção, o prédio foi declarado “inseguro e sem chances de qualquer
modernização”. Os representantes da comissão estavam certos de que os escassos
recursos de uma minúscula instituição e o trabalho estudantil disponível nunca
seriam capazes de construir uma “estrutura de alvenaria”, totalmente nova, que
satisfizesse as exigências do código de construção.
“No entanto, o Senhor deu-lhes uma paciência incomum, além de todos os
limites legais, até que eles viram um novo hospital moderno ser construído, diante
de seus olhos, com fé e o trabalho dos estudantes”, descreve uma publicação de
Pine Forest. “O tijolo usado, providencialmente concedido, veio de uma escola de
ensino médio próxima, que fora demolida”.
“Muitos, muitos milagres ficaram evidentes à medida que os homens eram
impressionados a doar recursos ou materiais, tais como a cerâmica para o piso, o
teto, etc.”, continua o relato.
O ano de 1949 foi importante para Pine Forest. Durante esse ano, um dos
irmãos Johnson, Adolph, e sua família chegaram ao campus. E o Senhor já estava
desenvolvendo eventos no Tennessee para que seu irmão médico, Reuben,
pudesse se unir na aventura do Mississippi, no ano seguinte. Desde 1949, a história
de Pine Forest tem sido, em grande, parte a história dos irmãos Johnson.
Quando o Prof. Adolph, como era carinhosamente chamado pelos
funcionários e estudantes, chegou, a instituição estava com uns 75 mil dólares de
débito.

136
“Por que você aceitou um chamado para um lugar tão endividado?”
Perguntei à senhora C. A. Johnson, durante uma entrevista em setembro de 1980.
O rosto da irmã Johnson brilhou e não houve nenhuma hesitação em sua
resposta.
“Nós viemos porque estávamos certos de que o Senhor nos queria aqui”,
disse ela confiantemente. “É verdade, muitas coisas estavam em uma situação
difícil naquele tempo. Havia apenas uns poucos estudantes na escola e o hospital
estava praticamente vazio”.
Naturalmente a Sra. Johnson estava preocupada. “O que nós temos para
fazer aqui?” – ela lançou o desafio para seu marido, certo dia.
“Nós iremos apenas ficar em silêncio e fazer o melhor que pudermos”, foi a
realista resposta de Adolph Jonhson.
A confiança em Deus e a filosofia do Professor funcionaram. Deus operou.
Funcionários e estudantes trabalharam. Milagres foram realizados. A prosperidade
de Pine Forest brilhou.
Em Portland, no Tennessee, o Dr. Reuben Johnson, um graduado de Loma
Linda em 1937, estava atendendo em sua clínica e hospital de sustento próprio. Ele
tinha apenas começado a sua nova clínica quando o presidente da Associação
Alabama-Mississippi, o Pastor Capman, fez-lhe uma visita, em uma urgente
missão.
“Você é rapaz do Mississippi”, disse-lhe o pastor. “Nós precisamos de você
no hospital de Pine Forest. Estamos enfrentamos uma crise real e precisamos de
você.”
“Mas estou com muitas dívidas”, disse Reuben. “Eu acabei de terminar uma
casa nova e preciso de um escritório. Deixe-me ficar aqui no Tennessee e trabalhar;
enviarei dinheiro para Pine Forest para ajudar a obra lá”.
“Não, nós precisamos de você”, o presidente da Associação insistiu.
Adolph Johnson e sua família, no Mississippi, estavam orando
fervorosamente para que o irmão médico se unisse a eles. A esposa de Reuben
também o incentivou a aceitar o chamado.
Reuben estava em dúvida. Ir ou ficar? Finalmente ele decidiu colocar toda a
questão perante o Senhor.
“Mas eu dificultei muito para o Senhor”, disse-me ele recentemente. “Eu
jamais esperava que as coisas viessem a se resolver para eu sair do Tennessee.
Assim eu ficaria seguro”.
Reuben colocou cinco condições para se unir ao Hospital Pine Forest: (1) a
clínica deveria desobrigá-lo; (2) o médico, com quem ele estava associado, deveria
estar disposto a deixá-lo partir; (3) ele precisaria vender sua casa em Portland; (4) a
dívida de sua clínica deveria ser paga; e (5) um médico, que fosse da aceitação de
seus colegas em Portland deveria ser encontrado para tomar o seu lugar. Reuben
estava certo de que essa era a prova concludente que o manteria no Tennessee.
“Eu imaginei que, construindo uma barreira tão alta, eu não iria”, disse-me
ele ponderadamente.

137
“O que aconteceu depois?” – insisti.
“O Senhor pôs em ordem todas as cinco condições”, respondeu, “e, então,
eu soube que deveria ir para Pine Forest”.
Em 1950, o Dr. e a Sra. Reuben Johnson uniram-se ao corpo de funcionários,
de Chunky e têm estado lá dede então.
“Quando cheguei ao campus pela primeira vez, eu fiquei embaraçado de
vestir as roupas de trabalho”, disse ele, ao recordarmos os primeiros dias, depois
de sua chegada. “Eu estaria fora, arando, e os pacientes poderiam chegar. Os
pacientes tinham que ir ao campo e perguntar onde estava o médico”.
“Vá ao hospital. Eu o encontrarei e o mandarei até lá”, o Dr. Johnson
respondia. Ele ria, enquanto contava a história.
“Rapidamente, amarrava a mula em um poste, corria para a casa, trocava
minhas roupas e, num instante, dirigia-me ao hospital para ver o paciente”,
continuou ele. “Eu sempre me divertia com a expressão no rosto dos pacientes,
quando descobriam que o médico e o fazendeiro eram a mesma pessoa”.
Levantar dinheiro para o novo projeto do hospital era um verdadeiro
desafio para a nova e batalhadora equipe no campus. Portanto, eles, literalmente,
avançaram de joelhos. O Senhor sempre provia. O Dr. David Johnson morreu e em
seu testamento deixou 18 mil dólares para o projeto. Um homem, cuja esposa era
adventista do sétimo dia, impressionado com a filosofia de Pine Forest, doou 12
mil dólares. Desde a doação original, esse mesmo benfeitor já tem doado 50 mil
dólares para a Instituição.
Os construtores precisaram de portas para o novo hospital.
“Querido Senhor, nós precisamos delas agora”, eles oraram fervorosamente.
“Por favor, envie-as amanhã. E, por favor, envie alguém para assentá-las”.
No dia seguinte, três homens apareceram na porta da casa de Johnson.
“Nós sabemos onde conseguir as portas e temos assentado centenas de
portas de hospitais. Faremos o serviço para você”, disseram.
Eles assumiram o serviço e o concluíram. Um dos homens devolveu a maior
parte do dinheiro que havia ganho, a fim de ajudar a providenciar mais material.
Os três homens permaneceram no campus, por mais três meses, para ajudar.
Assumiram muitos trabalhos na construção e, então, quando os novos móveis
estavam além do orçamento, eles construíram os móveis.
O prédio precisava de pintura.
“Nós não somos pintores”, disseram eles, “mas nós temos amigos que são.
Nós os chamaremos e pediremos a eles para não cobrarem de vocês o mesmo que
cobram dos outros”.
Os amigos vieram e trabalharam por um salário modesto. A pintura foi
feita. Os Johnsons precisavam de piso. Eram muito caros. Os irmãos e seus colegas
oraram. As cerâmicas foram doadas a eles pelo fabricante, sem custo. O dinheiro
vinha de muitas fontes inesperadas.

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Descrevendo as várias providencias de Deus no desenvolvimento da
instalação atual, Jerusha Johnson exultava, enquanto relembrava as bênçãos de
Deus.
“Você faria tudo de novo?” – perguntei.
“É claro que sim”, respondeu ela, sem qualquer hesitação. “O Senhor
escolhera o caminho que nós deveríamos seguir. Este é o único caminho. Este
modo de vida é o bom modo de vida. Não há outro melhor”.
Hoje, a dívida do hospital está quitada. Pouco a pouco, os lucros da nova
instituição têm suprido as obrigações.
Hoje, a Universidade e o Hospital Pine Forest ainda enfrentam alguns
desafios muito reais. Os anos modernos têm trazido muitos problemas. Talvez um
dos panfletos da Instituição descreva melhor a situação:
“Nos últimos poucos anos, passamos por uma crise que chegou perto de
submergir a embarcação Forest Pine. Esta é, em grande parte, uma crise de
obreiros – obreiros que possuam visão e boa vontade suficientes para se
sacrificarem, para levarem avante e expandirem a obra que os pioneiros
começaram tão bem. Os seus ombros estão curvados e cansados e a carga excede
suas forças.”
O presidente da Associação, W. D. Wampler, solidariamente resume o
desafio, em uma carta enviada a mim, datada de março de 1979: “Através dos anos
eles (os funcionários do Pine Forest) têm sido bem recebidos e estimados na
comunidade e nós da Associação sempre tivemos um bom relacionamento com os
eles. Nós nos sentimos entristecidos por ver a instituição afundando um pouco”.
Em uma nota a mim enviada em 6 de setembro de 1980, ele escreveu: “A
situação ficou muito desesperadora. Eles estavam sem ajuda”.
Então, o Pastor Wampler, de forma característica, injeta palavras de
coragem: “Eles são pessoas maravilhosas e creio que o processo de declínio é
apenas temporário. Creio que logo veremos uma completa reviravolta. Agora
parece haver nova vida lá. Obreiros mais capacitados estão chegando; o potencial é
grande. Estamos orando para que o Senhor guie e abençoe os irmãos na Faculdade
Pine Forest”.
Em resposta às orações dos obreiros pioneiros, novos obreiros e líderes, com
a filosofia dos pioneiros da obra de sustento próprio e de seus predecessores, estão
chagando ao campus. Com a chegada do irmão e da irmã Jack Harrison, o Dr. e a
Sra. Jay Neil, a Dra. Marcia Franklin, os Pattersosns, os Shillings e os Secrists, as
coisas estão melhorando em Pine Forest.
Quando visitei o Hospital e a Faculdade, em 5 de setembro de 1980,
encontrei um campus bem organizado, bem cuidado, mas com muitos edifícios
envelhecidos e precisando de reparos, remodelagem e pintura. Com os recursos
para cuidar dessas melhorias necessárias, o Pine Forest poderia ter um dos campi
mais atrativos dentre os de nossas instituições de sustento próprio. Com a
confiança em Deus, o comprometimento, o otimismo e o espírito de equipe, que

139
encontrei entre os obreiros, creio que um futuro brilhante está à frente da
Faculdade e Hospital Pine Forest.
“Nosso ânimo estava elevado”, diz Jack Harrison, o gerente financeiro em
uma carta aos amigos. “Agradecemos a Deus por Suas bênçãos diárias”.
Mesmo antes de sua chegada à Faculdade e Hospital Pine Forest, em
meados de 1980, um ex-aluno dessa instituição e graduado em Loma Linda, o Dr.
Jay Neil, estava falando acerca de suas bênçãos durante uma temporada no
Instituto Weimar, como um antegozo das boas coisas que viriam a Pine Forest. O
Dr.Neil sempre dá a mais alta prioridade às bênçãos e às necessidades espirituais.
Em uma carta a Jack Harrison, o Dr. Neil contou de um rico homem de negócios
que estava sondando a possibilidade de vender suas propriedades e entrar para a
obra do Senhor. Ele escreveu acerca de pessoas obesas que estavam perdendo peso
e de um judeu que estava a ponto de aceitar a Cristo.
“Agradecemos ao Senhor por nos deixar compartilhar algumas dessas
experiências, aqui no Weimar. Cremos que essas mesmas bênçãos podem se repetir
em Pine Forest. Desejamos estar envolvidos e ver o Senhor operar... Oremos todos
para que o Senhor levante uma equipe de obreiros médicos que esteja totalmente
devotada a Ele.”
Pouco antes do Prof. Adolph Johnson vir a falecer, em março de 1980, esse
velho pioneiro sentou-se com a Mesa Diretora de Pine Forest e viu seu ideal, de ter
jovens obreiros compromissados, votado como uma responsabilidade
administrativa – tendo à frente o Dr. Jay Neil, como seu novo presidente. Planos
foram traçados nessa reunião que podem trazer um ânimo totalmente novo, tanto
para a vida da academia, como para a vida do hospital.
O programa de tratamento de saúde projetado para Pine Forest inclui os
seguintes planos: (1) vinte e dois leitos de tratamento hospitalar crítico; (2) doze a
dezesseis leitos no centro de educação de saúde; (3) um programa de saúde
laboratorial e de educação de saúde e (4) um programa de educação de saúde
dirigido para a comunidade e para os lares.
Assim, o sonho de uma instituição de tratamento de saúde e educacional
efetiva, em meio aos virgens pinheiros do Mississipi, logo ao sul da grande curva
no Rio Chunky, continua a se tornar uma realidade.
Os dois principais objetivos do Pine Forest estão resumidos em seu
informativo: “(1) guiar nossos alunos, através de uma filosofia de vida cristã, a
conhecerem a Deus e a desfrutar de um viver diário com Ele; e (2) auxiliá-los na
formação de um caráter cristão nobre, com forte ênfase nos valores espirituais da
vida”.
Caso os funcionários de Pine Forest persistam em alcançar esses objetivos,
continuarão a contribuir muito para a finalização da obra de Deus no mundo!

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CAPÍTULO 18

ESCOLA DE TREINAMENTO MISSIONÁRIO A-CHEE-NE


PIONEIRISMO NA CORÉIA

Edward Kim e sua família eram membros ativos na Igreja Adventista de


Santa Rosa na Califórnia. Edward era um dos anciãos e Muriel, sua esposa, e suas
duas filhas, Lisa e Julie, desempenhavam suas funções também. Uma mudança
para o Texas permitiu a Edward continuar trabalhando em seu doutorado em
administração de negócios e também serem convidados para uma visita ao
Sanatório de Wildwood, em 1972.
“Onde fica Wildwood?” – perguntava-se Edward. “Não conheço ninguém
lá. Que tipo de programa estarão realizando para que eu devesse interromper
nosso programa aqui e dirigir por centenas e centenas de quilômetros para visitar
Wildwood, na Geórgia?”
No entanto, a impressão vinha: “Vá ao Wildwood! Vá ao Wildwood!”
Então, para o Wildwood os Kims foram; todos os quatro. O que eles encontraram
no Wildwood fez com que se matriculassem nas classes e mais tarde se mudassem
para a Geórgia. Os primeiros seis meses no novo estilo de vida e trabalho foram na
realidade difíceis. A adaptação ao estilo de vida não foi fácil. Muitas vezes eles se
perguntavam por que haviam deixado o Texas “para se envolver nisso”.
A partir do sétimo mês, contudo, os Kims começaram a se adaptar e a
apreciarem os valores da nova vida que estavam aprendendo. As pessoas eram
gentis e amáveis. Elas encorajavam os Kims quando os viam um tanto
desencorajados.
“Uma vez adaptados, logo descobrimos uma vida nova e preciosa”,
escreveu-me Edward em 1977. “Era maravilhoso. Então começamos a perguntar ao
Senhor o que deveríamos fazer para compartilhar esta nova experiência com os
outros”.
Vez após vez vinha a impressão: “A Coréia precisa de vocês! Voltem para a
Coréia! Ensinem ao povo lá o caminho superior que vocês aprenderam no
Wildwood.” Mas eles não queriam retornar para a Coréia.
“Não, obrigado Senhor”, foi a resposta inicial deles, “a Coréia, não”.
“Havíamos morado nos Estados Unidos por tanto tempo, que nos
tornáramos americanizados”, disse Muriel Kim. “Nossas filhas Lisa e Julie eram de
fato pequenas americanas. Nós gostávamos de viver nos Estados Unidos”.
À medida que os Kims oravam e meditavam sobre seu futuro, a mensagem
continuava a vir – “Vão para a Coréia! A Coréia precisa de vocês! Ensinem ao seu
próprio povo as coisas que vocês aprenderam aqui no Wildwood”.
Finalmente os Kims disseram: “Sim, Senhor, não a nossa vontade, mas a Tua
vontade em nossas vidas seja feita. Nós iremos”.

141
Retornar à Coréia para dar início a uma nova instituição de sustento próprio
tornara-se a principal tarefa para a família Kim.
“A melhor maneira de fazermos nossa mudança”, disse Edward mais tarde,
“era vender tudo e não deixar nada para trás nos Estados Unidos, que nos fizesse
sentir saudade de voltar”.
Quando os Kims chegaram à Coréia, não havia uma comitiva de boas-
vindas para recebê-los. Não havia nenhum lugar para onde ir. O irmão de Edward,
que não era cristão, ofereceu-lhes um cômodo para que lá morassem, até que
pudessem encontrar um pedaço de terra, no qual pudessem construir a nova
instituição. Aqueles primeiros meses, em um lugar apertado, com uma família
descrente e sem palavras de encorajamento para a sua nova empreitada, foram
bem difíceis. Com freqüência, as crianças acordavam durante a noite chorando.
“Papai, mamãe, por que estamos aqui?” “Por que não podemos voltar para
os Estados Unidos? Por que não temos escolas nem amigos aqui?” Lastimavam-se
elas. “Queremos voltar.”
Então mamãe e papai Kim confortavam suas filhinhas e lhes explicavam sua
missão em seu país.
Edward e Muriel fizeram tudo ao seu alcance para testemunharem de seu
Salvador diante dos parentes budistas no lar. Aos poucos eles perceberam uma
mudança de atitude com relação a eles e a sua missão. Logo os membros da família
uniram-se à família Kim para terem estudos bíblicos nas manhãs de Sábado.
Depois, alguns dos membros da família do irmão de Edward foram para a igreja
com ele. Três meses mais tarde, o pai, a mãe e a cunhada de Edward foram
batizados – as primícias do ministério dos Kim ao retornarem à sua pátria.
O Senhor tinha lições de paciência e confiança para ensinar à família Kim,
enquanto eles aguardavam e procuravam uma propriedade. Eles precisavam de
um lugar para viver. Um dia, Edward chegou a casa e encontrou Muriel animada.
“Encontrei um lugar para ficarmos”, disse ela.
“Onde?”
“Em um templo budista”, disse-lhe ela.
“Em um templo budista!” – repetiu Edward sem acreditar. “Você deve estar
brincando. Os sacerdotes budistas jamais permitiriam cristãos morarem em seu
templo”.
“Esses permitirão”. Assegurou-lhe Muriel. “Enquanto você esteve fora, eu
fiz amizade com um velho monge budista e sua esposa. Eles nos convidaram para
irmos e morarmos nos quartos de seu templo, até que possamos nos estabelecer em
nosso próprio lugar”.
“Eles jamais nos manteriam lá. Nós cantamos e oramos durante o culto.
Interferiríamos no culto deles. Eles jamais nos deixariam ficar”, insistiu Edward.
“Sim, eles irão”, continuou Muriel. “Expliquei todas essas coisa ao idoso
monge-chefe. Ele me assegurou que isso não seria problema nenhum”.
Assim, os Kims mudaram-se para um quarto no templo budista. Os monges
e suas famílias eram muito amistosos. Eles não apenas lhes conseguiram um

142
quarto, mas enviavam-lhes comida, tais como arroz, brotos de feijão e alga
marinha todos os dias. Quando os budistas tinham um banquete, os Kims sempre
partilhavam da abundância.
Um dia, enquanto observava os sacerdotes budistas entoarem suas orações e
contarem suas miçangas, Julie Kim, de oito anos, descobriu que toda a comida,
levada pelos hospedeiros budistas para eles, era primeiro oferecida aos ídolos. Ela
contou o fato para sua mãe.
O que fazer? Eles não queriam magoar seus novos amigos que os tratavam
tão gentilmente. Por algum tempo, Muriel passou a enviar o alimento para uma
outra mulher necessitada, que se encontrava sem comida. Mais tarde, Muriel se
dirigiu à esposa do sacerdote e explicou-lhe a situação. Depois disso, antes de
oferecer o alimento às imagens de Buda, a esposa do sacerdote tirava uma porção
para os Kims.
Encontrar um local satisfatório para sua nova empreitada não era uma
tarefa fácil. Uma terra boa e bem localizada na Coréia era muito cara. Muitas
propriedades nas montanhas estavam disponíveis, porém eram muito íngremes,
muito altas e pequenas demais para o cultivo. As leis governamentais que tratam
da obra de construção em várias partes são muito rígidas. Os Kims oravam e
procuravam.
Um dia, Edward ouviu falar de uma propriedade na montanha que se
encontrava à venda, a poucos quilômetros a leste de Seul. Ao investigarem-na, os
Kims encontraram 61 mil metros quadrados de terra, em cima da montanha que
dava vista para um lindo vale em Dae Wha. Quando eles viram a terra e os três
velhos e deteriorados edifícios, ficaram desapontados. Havia uma pequena vila
encravada ao pé da montanha.
“Para falar a verdade”, Edward diria mais tarde, “Dae Wha era tão íngreme
e profunda que era o último lugar ao qual eu desejaria ir. Era como Nínive para
Jonas. Porém o Senhor mostrou-nos, por muitos sinais, que Dae Wha era o lugar
onde deveríamos construir nosso novo instituto missionário”.
Os Kims mudaram-se para o prédio antigo, lodoso e com brechas no teto.
No dia seguinte ao da mudança dos Kims, Dae Wha teve a sua mais pesada
nevasca de 1975.
“Você pode acreditar”, escreveu Edward, “esta tinha sido a primeira vez,
naquela época do ano, que não havia nevado em Seul e em sua vizinhança?
Louvado seja o Senhor, pois Ele retivera a neve até que pudéssemos nos mudar
para as novas instalações”.
“Não havia eletricidade, nem água encanada nesse lugar montanhoso”,
disse Muriel Kim, descrevendo seu novo lar. “Tudo que é deixado lá fora fica
congelado e permanece assim até o fim de março. O banheiro fica do lado de fora”.
“Precisamos carregar a água do poço embaixo até em cima na montanha”,
acrescenta a filha Lisa. “A trilha ficava muito lisa e escorregadia com a neve. Às
vezes, nós escorregávamos e caíamos derramando toda a água”.

143
“Vida difícil?” – pergunta Edward. “Talvez, mas todos nesta montanha
sabem por que estamos aqui. Eles sabem que não viemos para cá apenas para
cortar madeira, carregar água em baldes e cultivar a terra. ‘Sabemos que estamos
formando caracteres para o céu. Nenhum caráter pode ser completo sem provas e
sofrimento’”. Ellen White, Carta 51 A, 1874.
Durante sua mudança para Dae Wha, naquele inverno, o caminhão que eles
tinham alugado avariou nas estradas cobertas de neve e os Kims tiveram que
vender alguns de seus pertences particulares para poderem pagar ao proprietário
do veículo pelos reparos.
Em 21 dezembro de 1975, a Escola de Treinamento Missionário de A-Chee-
Ne abria suas portas para a primeira turma – 11 alunas e 14 alunos. Alguns eram
idosos. Alguns jovens. Alguns com boa escolaridade. Outras com pouca educação
formal. A maioria com poucos recursos para pagar os 20 dólares mensais de
estipêndio para a moradia, a alimentação e estudos.
“Oh, quão felizes estávamos todos nós”, Edward conta com alegria.
“Agradecemos ao Senhor por Sua ajuda em nos capacitar a começar a Escola de
Treinamento Missionário de A-Chee-Ne. Na realidade, temos quatro escolas
funcionando aqui, devido à diferença de idade. Nesse primeiro trimestre, estamos
ensinando o maravilhoso caminho, saúde, remédios naturais, o santuário do lar, a
Bíblia e o Espírito de Profecia. Isto mantém a mim e Muriel ocupados das cinco da
manhã até às nove da noite”.
Apesar do solo da montanha não ser a ideal para a agricultura, a família da
escola toda se reúne no cultivo de batatas, milho, soja e outros vegetais e grãos
locais. Eles agora possuem muitas vacas coreanas e algumas galinhas. Os
estudantes e professores trabalham juntos realizando as tarefas nos campos e no
campus.
“Por intermédio da direção de Deus, temos agora quatro diferentes ramos
de treinamento para A-Chee-Ne, na Coréia”, escreveu-me o irmão Kim em janeiro
de 1979. “Uma dessas propriedades ficara conhecida pelas pessoas da área como ‘o
rancho dos fracassos’, porque todos os que lá viveram anteriormente fracassaram.
As pessoas da vila tinham certeza de que fracassaríamos também. Mas Deus havia
abençoado e as pessoas estavam surpresas com a prosperidade que
desfrutávamos”.
Quando o cão de Julie adoeceu, ela o levou ao veterinário em uma vila
próxima. O veterinário perguntou-lhe tudo sobre a missão em cima da montanha.
E quando ela estava saindo, perguntou-lhe quanto era a consulta.
“Nada”, disse ele, “apenas ore por mim”.
Esse contato amigável tem conduzido a muitos outros – e à provisão de
tratamentos e medicamentos gratuitos aos animais da instituição.
“Algum dia eu me tornarei adventista do sétimo dia”, disse o médico a
Julie, “porque você orou por mim”.
Os projetos missionários de evangelização de A-Chee-Ne incluíam a ajuda
de trabalho cristão na comunidade, distribuição de literatura, estudos bíblicos e

144
visitas missionárias. A princípio, as pessoas da comunidade local mantinham
distância da estranha escola na montanha. “Mas agora”, diz o irmão Kim, “muitos
dos moradores da vila vêm todo dia ver o que está acontecendo. A amizade
demonstrada pelo pessoal da instituição operou esta mudança. Tentamos ser
amigos e úteis a todas as pessoas”.
Quando os Kims chegaram a seu novo campus na montanha, eles
encontraram muito trabalho para ser feito. Os prédios eram muito precários e
necessitavam de muitos reparos. Os quartos eram “inclinados” com tetos baixos.
As portas eram tão baixas que Edward e Muriel estavam constantemente batendo
suas cabeças ao saírem de um compartimento para o outro.
Eles necessitavam de 200 dólares para consertar alguns telhados. Não
possuíam o dinheiro, mas, depois de orarem, os recursos e o material para o
telhamento chegaram e novos telhados foram postos sobre os edifícios. Outros
foram restaurados.
Quando olhei para os slides coloridos do “antes e depois” de A-Chee-Ne,
que Edward me enviou, não pude deixar de ver a enorme mudança que houve na
propriedade, desde que Kim inaugurou a escola. Todos, funcionários e alunos
juntamente, haviam tomado parte nessa transformação.
“Às vezes nos achamos sem recursos”, diz a senhora Kim, que é a tesoureira
da escola, “mas, de alguma forma, o Senhor provê para as nossas necessidades. O
dinheiro vem de não-adventistas bem como de alguns membros da igreja, tanto da
Coréia, como de outras terras. Não temos tempo para desencorajamento”.
“Às vezes, nós desejávamos ter uma localização melhor para o nosso
trabalho, mas sabemos que isto pode ser um desejo meramente humano”, escreveu
Edward no Informativo dos Centros Avançados do Wildwood, depois que a obra
foi inaugurada. “Há muitas necessidades em nossa obra aqui, mas ninguém está
desfalecido, porque o Senhor está conosco”.
“Por favor, lembrem-se de nós em suas orações”.
“Cristo tem nos usado para este trabalho, nós sabemos, porque não
poderíamos ter feito toda esta obra por nós mesmos”, o irmão Kim escreveu-me no
início de 1979. “Unicamente por meio da ajuda de Deus nós pudemos fazer o que
tem sido feito nestes últimos cinco anos”.
A Deus seja dada toda a glória!

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CAPÍTULO 19

MONTE AKAGI
AVENTURANDO-SE PELA FÉ NO JAPÃO

Talvez nenhum contingente maior da população do planeta Terra ofereça


um desafio tão grande, para Igreja Adventista do Sétimo Dia, do que o daquelas
terras com seus incontáveis milhões de adoradores de Buda, ou que seguem o
profeta Maomé. Antes da volta de nosso Senhor, essas grandes terras da Ásia,
África, Oriente Médio e de algumas ilhas oceânicas devem ser alcançadas e
sacudidas por Cristo e Sua mensagem para os últimos dias. O industrializado
Japão, com sua população formada predominantemente por budistas e xintoístas, é
uma dessas terras. Apenas cerca de 3% da população japonesa de 120.000.000 são
cristãos. Apenas um em 12 mil, no total, é adventista batizado. (Dados da época em que o
livro foi escrito – 1980 – Nota do Tradutor).
Que desafio para a igreja remanescente de Deus!
Para ajudar a enfrentar esse desafio e trabalhar ombro a ombro com a
liderança da Igreja Adventista no Japão, os obreiros de sustento próprio do
Instituto Eden Valley e de alguns outros centros co-irmãos lançaram sua sorte em
um lindo terreno de 16 mil metros quadrados no Monte Akagi. Esse monte está
localizado a cento e vinte quilômetros da dinâmica e fervilhante Tóquio, onde
funciona o nosso Hospital Adventista. A sede da União Japão fica perto de
Yokohama.
Tudo começou desta forma:
Em 1913, a Diretoria de Missões da Associação Geral enviou o Dr. e a Sra. P.
A. Webber, como missionários mantidos pela igreja, para iniciarem a obra
educacional no Japão. Durante o tempo de trabalho dos Webbers, a Faculdade
Missionária do Japão foi estabelecida. De volta aos Estados Unidos, os Webbers
passaram algum tempo na Faculdade Madison. Lá nasceu o sonho da obra de
sustento próprio no Japão, direcionada aos jovens daquele país.
O ideal de Perry Webber começou a ser realizado em 1951, quando lhe foi
aberto o caminho para a compra de uma propriedade no Monte Akagi. Lá, ele e
seus companheiros de trabalho construíram e administraram um sanatório de 25
leitos. As portas dessa pequena, mas promissora, instituição tiveram que ser
fechadas algum tempo depois que os Webbers retornaram para sua terra natal.
Por 20 anos, Kensai Gakuin (o nome original do projeto) permaneceu
inativo. Durante esse período, o edifício sofreu muito com a deterioração e o
vandalismo. Um fazendeiro adventista morava na propriedade para cuidar do
pomar e da horta. Tanto o quanto pudesse, deveria ele dar uma olhada nos
edifícios. O sonho do Dr. Webber esteve inativo por uns 20 anos.
No distante Colorado, Wayne Dull, presidente do Instituto Eden Valley, de
alguma forma sentiu “a responsabilidade de ajudar a treinar leigos no Japão para

146
serem médicos-missionários”. Embora tentasse ao máximo, ele não conseguiu
escapar dessa responsabilidade para com o Japão.
“Os leigos do Japão devem ser treinados para a obra, em estreita ligação
com a União daquele país”, disse Dull.
As palavras da mensageira do Senhor soavam em seus ouvidos: “A obra de
Deus nesta terra jamais poderá ser terminada a não ser que os homens e as mulheres que
constituem a igreja concorram ao trabalho e unam seus esforços aos dos pastores e oficiais
da igreja ”. Testemunhos para a Igreja, vol. 9, p. 117.
Isto inclui os leigos do Japão, bem como alguns dos Estados Unidos e de
outras nações do mundo. Weyne Dull sentiu que a obra de sustento próprio
deveria fazer algo com relação a esse desafio. O Dr. A. B. Webber e os outros
sentiam o mesmo.
Em março de 1978, Weyne Dull e Don Johnson viajaram para o Japão. Eles
visitaram a deteriorada propriedade no Monte Akagi. Conversaram com os
obreiros locais. Sentiram a grande necessidade de mais obreiros para ajudar os
líderes e os membros japoneses a alcançarem os mais de 20 milhões de pessoas que
viviam na Planície Kanto, espalhados pelo Monte Akagi – talvez um dos lugares
mais densamente povoados do planeta.
Weyne e Don retornaram determinados a fazer algo sobre aquele desafio.
Wayne abriu seu coração aos obreiros no Instituto Eden Valley. Don e sua esposa
Janie, que haviam ajudado a dar início à obra em British Columbia, no Canadá,
decidiram lançar sua sorte no Monte Akagi. Uma outra família de Eden Valley, Jan
e Janis Rustad, concordaram em unir-se a eles. John e Valerie Rustad do Instituto
Silver Hills, no Canadá, responderam ao apelo. Três famílias, treinadas e com
experiência em iniciar obras de sustento próprio em seus países de origem e no
exterior, estavam prontas para partirem. Eles iriam precisar de muita coragem e
perseverança para a obra que estava a sua frente.
Em sua chegada ao Japão, em 28 de julho de 1978, as três famílias foram
calorosamente recebidas. Transportes de ambos os escritórios da União e do
Hospital estavam juntos para recebê-los no aeroporto. Foram levados para a União
Japão, a fim de passarem sua primeira noite e para se adaptarem à desconcertante
experiência que se tem de um vôo dos Estados para o Oriente. Os funcionários da
União estavam decididos a tornarem sua estada no Japão a mais agradável
possível.
Desde o início, as coisas começaram a se encaixar nos devidos lugares para
os missionários recém chegados. Em seu segundo dia no país que haviam adotado,
um dos professores da faculdade ofereceu-lhes sua camioneta Toyota seminova,
ano 1972, por apenas 300 dólares. Logo eles estavam sobre rodas e se
locomovendo. Seus pertences chegaram e foram despachados em tempo hábil.
Houve alguns percalços no caminho também. O grupo alugara um
caminhão para transportar seus pertences do cais do porto para o Monte Akagi. Ao
chegarem à propriedade, à meia noite, eles encontraram a estrada para a
propriedade intransitável. Vinte anos de abandono haviam feito seu estrago. Eles

147
foram obrigados a descarregar tudo ao pé do monte, enquanto dois membros
voltavam com o caminhão para a locadora a fim de evitar pagarem por um dia
extra de aluguel. No dia seguinte, eles transportaram lentamente as caixas,
montanha acima, em uma pequena pick-up Datsum, que pertencia ao fazendeiro
adventista que lá permanecera todos aqueles anos.
A estrada em cima do monte, que levava até Kensei Gakuin e que sofrera 20
anos de abandono, precisava ser recuperada. Precisavam de livre acesso para
entrar e sair da propriedade.
As famílias missionárias fizeram da restauração da estrada objeto de suas
orações.
Don e Jan foram à vila mais próxima, apresentaram-se, e explicaram seu
trabalho e apelaram para que a estrada pudesse ser posta em condições de ser
transitada. O vice-prefeito da vila veio pessoalmente examinar a situação.
“Esta é uma estrada privada”, ele declarou solenemente, então, com uma
piscada de olho, acrescentou radiante, “mas o trabalho de vocês é uma obra
internacional. Será uma bênção para a comunidade. Nós os ajudaremos. Nós
recuperaremos a estrada”.
Os líderes da vila mantiveram sua palavra. Logo, caçambas e mais caçambas
de entulho e cascalho estavam sendo despejadas na estrada. Os trabalhadores
estavam a postos para espalharem o entulho e o cascalho. Máquinas de
terraplenagem nivelaram a superfície. As orações dos missionários foram ouvidas.
“Sim”, disse Jan, “o Senhor tem certamente pavimentado o caminho diante
de nós nessa obra”.
Os trabalhadores precisavam de toda coragem que pudessem reunir, para
enfrentar a tarefa de fornecer alimentação e moradia para suas famílias, durante os
três primeiros meses de trabalho. Apenas a estrutura de madeira permaneceu do
antigo sanatório; mas ela deveria fornecer abrigo para as três famílias e para os
estudantes que se uniriam a eles. O próximo terremoto poderia causar o seu
desmoronamento.
Os Johnsons, os Rustads e os Rutlands mudaram-se para lá
destemidamente. Uma das mais urgentes prioridades era a habitação. O edifício
original de Kensai Gakuin oferecia-lhes um teto com vedação deficiente e inseguro,
porém essa moradia não duraria por muito tempo. Era totalmente irrecuperável.
Uma latrina externa foi rapidamente construída. Um chuveiro ao ar livre, com uma
mangueira de água fria pendurada sobre a parede, foi logo levantado. Uma
cozinha com fornos de campanha foi construída. Todas as famílias tinham um
quarto de dormir com tetos inseguros, assoalhos gastos e cozinhas sem vidro nas
janelas.
“Apesar das dificuldades, nosso ânimo é bom”, escrevia Don aos amigos em
seu país, “e acreditamos que o Senhor continuará suprindo nossas necessidades e
concedendo-nos sabedoria para prepararmos bem as três famílias para o inverno”.
Logo após sua chegada, o Senhor ouvira suas orações e começara a ajudá-
los a resolver seus problemas um por um. Eles precisavam de ferramentas e

148
equipamentos, a fim de levarem adiante o grande programa do edifício que o
projeto pedia. O Senhor já tinha as coisas agendadas para eles. A Faculdade
Missionária do Japão estava em processo de mudança para a sua nova localização.
Havia muitos itens que eles não queriam mais carregá-los.
“Venham e dêem uma olhada nas coisas”, disse o administrador da
Faculdade Missionária do Japão ao telefone para Don.
Eles foram. Lá estava um equipamento completo para trabalhar com
madeira. Era um equipamento de qualidade industrial, para serviço pesado,
exatamente o que os novos missionários precisavam. Havia toda sorte de
“mercadorias” – serras, plainas, material de marcenaria, lâminas de corte – tudo
avaliado em dois mil dólares.
“Quanto você está pedindo no lote todo?” – Perguntou Don.
“A diretoria está pedindo U$ 250”, respondeu o gerente.
“Eu quase não pude acreditar quando eles puseram um preço tão baixo”, foi
assim que Don descreveu seus sentimentos e contou aos demais o que havia
acontecido quando retornou ao Monte Akagi.
Mais tarde, a Faculdade mudou de idéia e, em um espírito de amor fraternal
e boa vontade, fez das ferramentas uma doação para o projeto do Monte Akagi!
“Nós sabemos que o Senhor disponibilizou aqueles equipamentos para
nós”, prosseguiu Don, “e nós pretendemos usá-los, não apenas para construir
edifícios no Monte Akagi, mas também para treinar jovens japoneses a construírem
suas próprias casas algum dia”.
A Faculdade, a União, o Hospital, os membros da igreja e todas as pessoas
da comunidade, todos se esforçaram de todos os meios, para ajudar a reavivar a
obra no Monte Akagi. Leva após leva de equipamentos, materiais e mobílias foram
doados para a obra no Monte Akagi por instituições co-irmãs e também por
indivíduos.
"Aquecedores, grandes o suficiente, para aquecer seus novos lares, armários
portáteis, carteiras, pequenos refrigeradores e máquinas de lavar, aquecedores a
querosene, beliches e umas excelentes ofurôs (banheiras japonesas), tudo veio como
presentes do Senhor”, um dos obreiros escreveu na Thoughts, o informativo do
Eden Valley.
Descrevendo a ofurô, o escritor explica que ela é um pouco menor do que a
banheira americana, porém mais funda. Seu formato economiza mais combustível.
“Após uma cuidadosa pesquisa, tanto no Japão como nos Estados Unidos,
descobrimos que nos poderiam ser enviados materiais da América, mais baratos
do que poderíamos comprá-los localmente”, Don Johnson escreveu-me
recentemente.
“Não possuíamos nenhum dinheiro, mas íamos adiante de qualquer forma e
traçamos planos para residência de três alunos”, continuou ele em sua carta – “e
orávamos”.
Todas as novas residências deveriam ser construídas a fim de prover
habitação para as famílias encarregadas dos lares, bem como para os oito alunos

149
que morariam com os missionários, “compartilhando e aprendendo, assim, acerca
do relacionamento familiar e de suas responsabilidades”. Alguns ambientes de sala
de aula e um pequeno salão para palestras foram planejados para cada lar.
“O lar deve ser mantido como o elemento fundamental da sociedade”,
escreveu um dos missionários, “e a Mensageira do Senhor diz que a habitação de
nossos estudantes deveria ser a mais semelhante possível a um lar. Estamos
tentando seguir este conselho da forma mais estrita possível”.
Antes que a construção dos lares pudesse ser efetuada, muito trabalho de
terraplenagem precisava ser feito. Partes do terreno precisavam ser niveladas. Um
amorável Senhor providenciara tudo para os obreiros do Monte Akagi – e de
graça! Como estrangeiros em um novo país, os missionários necessitavam de
tempo para se familiarizarem com as firmas e operários que poderiam realizar os
trabalhos de que eles necessitavam. O Senhor enviou Ike-san para a missão, a fim
de ajudá-los com o nivelamento. Ike-san era um engenheiro que trabalhava em
uma firma de construção de estradas. Sua equipe estava trabalhando no sopé do
monte da escola. Ike-san havia ido até a escola, a princípio, atrás de água para
beber e, muito provavelmente, para também dar uma olhada no que se passava lá
em cima. Ele costumava vir e era muito amigável, expressando interesse genuíno
pelo novo projeto.
“Creio que posso ajudá-los com as escavações”, disse Ike-san um dia. “Creio
que possamos usar a escavadeira da firma, quando eles não a estiverem
utilizando”.
Don Johnson estava maravilhado.
No dia seguinte, Ike-san retornou à escola, trazendo o presidente da
companhia com ele. Don e John mostraram-lhe o terreno ao redor e explicaram-lhe
seus objetivos e necessidades. “Claro que vocês podem usar a escavadeira”, disse o
presidente da companhia, “e não terá nenhum custo. Sentimo-nos felizes em
ajudar no bom trabalho que vocês estão tentando fazer”.
“Durante a semana, utilizamos a dozer”, disse John Rutland; “fizemos
escavações para os alicerces das três casas, construímos aproximadamente cem
metros de estrada, da parte superior do monte até o local das residências e
limpamos um pedaço de terra, onde esperamos plantar algumas árvores”.
O interesse de Ike-san pelo Monte Akagi continua. Ele parou de fumar. Ike-
san tem convidado os obreiros do Monte Akagi para irem à sua casa para fazerem
refeições, tendo sua esposa se unido à classe de como preparar pães integrais.
Uma vez que os locais para a construção das residências foram preparados,
as famílias dos Johnson, dos Rustads e dos Rutlands puseram seus planos de
construção dos novos lares diante do Senhor, pedindo-Lhe que fornecesse os
recursos para realizarem a obra de construção. Então, não esperando que só o
Senhor enviasse todo o dinheiro, as três famílias juntaram todos os seus recursos
pessoais. Eles conseguiram apenas o necessário para construírem os alicerces das
três residências.

150
“Se fizermos nossa parte”, raciocinaram corretamente, “o Senhor certamente
fará a dEle e os recursos virão para a continuação da construção”.
Dentro de um pequeno espaço de tempo, os recursos começaram a fluir – 30
mil dólares em apenas uma semana. O material para as duas casas foi comprado
nos Estados Unidos e enviado para o Monte Akagi. No espaço de quatro meses, a
primeira família mudou-se para a primeira casa, ainda inacabada. A segunda
residência começou a ser construída e, por volta de março de 1979, passou a ser
ocupada. A terceira está atualmente (época em que o livro foi escrito – Nota do
Tradutor) sendo iniciada, com materiais e recursos doados pelos amigos da obra.
Como manter a subsistência das três famílias foi, desde o princípio, uma
questão muito real. Sem muita terra para o cultivo de alimentos, como poderiam
eles viver? O Senhor tinha a resposta. Um professor adventista local ofereceu suas
instalações para a abertura de uma escola de Inglês. Essa escola tem-se
demonstrado uma ferramenta de evangelização muito efetiva, bem como um meio
de recursos para o projeto do Monte Akagi. Na realidade, três escolas de ensino de
Inglês estão agora em funcionamento, com um total de 135 estudantes
matriculados.
O Senhor resolveu o problema do pomar também. Um estudante de uma
das escolas de Inglês ofereceu seu campo – gratuitamente. Outros alunos
emprestaram seu equipamento de construção. Uma companhia de blocos de
cimento fornece blocos de primeira qualidade por aproximadamente metade do
preço. Foram disponibilizadas cinco estruturas de aço para desmanche. Elas
servirão de excelente material para a construção industrial no futuro. Beliches,
mesas, bancos, cadeiras e outros mobiliários foram doados para o projeto. Uma
jovem senhora, não-adventista, ouviu falar do programa e planos do Monte Akagi.
Apesar de não conhecer nada sobre os adventistas do sétimo dia, enviou um
grande piano Yamaha para a escola. Outra família doou um órgão eletrônico. A
mãe de um aluno doou quatro mil dólares para ajudar na compra de equipamentos
necessários. Um carro, uma máquina de soldar, um compressor de ar e um carpete
usado para uma nova escola foram ganhos como presentes.
Em agosto de 1979, a família Johnson fez uma viagem a Okinawa, a fim de
visitar Mount Yaedake Institute, uma nova faculdade de sustento próprio, também
dirigida pela New Life Laymen Foundation. A caminho de casa, eles pararam para
visitar amigos em Kagoshima. Quando se preparavam para recomeçar a viagem,
seus anfitriões insistiram em que levassem uma caixa de farinha de trigo. O carro já
estava cheio, mas, devido a gentil insistência, acharam um cantinho para a caixa.
De volta ao Monte Akagi, algumas coisas ficaram no carro por muitos dias.
Com muitas contas para pagar, o saldo da conta do Monte Akagi estava reduzido
aos últimos 35 centavos. Don Johnson estava preocupado.
“Veja o que encontrei na caixa de farinha”, exclamou Janie eufórica, à
medida que entrava na sala, balançando os dois envelopes.
“Então”, disse Don, “o que há nesses dois envelopes?”

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Em um havia marcadores de página e no outro 300 mil yens,
aproximadamente 1.500 dólares! Uma jovem professora da igreja havia sido
impressionada com as necessidades no Monte Akagi e essa foi a sua maneira de
ajudar.
“Jamais tivemos de interromper nosso programa de construção, por falta de
recursos ou de material”, disse Johnson confiantemente. “Deus sempre supriu
nossas necessidades exatamente em tempo”.
O programa de treinamento do Instituto Akagi opera concomitantemente ao
desenvolvimento das instalações construídas e o melhoramento do solo. O
programa de treinamento está direcionado para preparar jovens japoneses para o
evangelismo médico-missionário. Aos alunos são ensinadas habilidades práticas
tais como Hidroterapia, remédios e tratamentos caseiros simples, Fisiologia e como
cozinhar de forma saudável. No programa de recondicionamento, os alunos
tomam parte com os pacientes em caminhadas e nos tratamentos hidroterápicos.
Outros cursos preenchem o currículo da nova escola japonesa de treinamento
missionário.
Depois de 20 anos de silêncio, o Instituto do Monte Akagi está novamente
vivo e dá seu testemunho no agitado e necessitado Japão.

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Milagres Acontecem Todos os Dias é um relato do trabalho cada vez mais
dinâmico de nossas instituições de sustento próprio, como parte do programa da
Igreja Adventista do Sétimo Dia. Começando de forma modesta, nas terras do
Sul, muitos anos atrás, com o encorajamento de Ellen White, esses centros têm se
espalhado pela América do Norte, cruzado os oceanos Atlântico e Pacífico,
levando a mensagem, por meio da obra médico-missionária e de educação, para
dezenas de terras estrangeiras. Eles contam atualmente (em 1980) com mais de 75
centros.
Milagres Acontecem Todos os Dias enfoca essencialmente os relatos da
intervenção divina respondendo às orações e abençoando a obra de sustento
próprio. Retrata o comprometimento e o sacrifício que caracterizam os obreiros
engajados nessa obra. Mostra o apoio que essas instituições dão ao programa da
Associação onde eles estão situados – batismos, novas congregações
estabelecidas, construção de edifícios, grande fluxo de dízimos e ofertas para a
tesouraria da denominação. Nele temos incluído um breve histórico e uma
resenha das atividades atuais.
O objetivo principal ao escrever este livro foi o de familiarizar a maioria
dos membros da Igreja Adventista com a cooperação e o apoio que essas
instituições e obreiros estão prestando à obra da Igreja como um todo. O livro,
em sua maior parte em formato de narrativa, está repleto das emocionantes
experiências de resposta às orações e evidência da direção divina.
Robert H. Pierson

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