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1. Metodologia .............................................................................................................. 3
2. Conceitos utilizados, importância da paisagem e enquadramento legal.................... 3
2.1. Conceitos de paisagem, de unidades e sub-unidades ................................................ 3
2.2. Importância da paisagem e enquadramento legal...................................................... 4
3. Caracterização do território....................................................................................... 4
3.1. Geologia .................................................................................................................... 4
3.2. Altimetria e fisiografia .............................................................................................. 5
3.3. Hidrografia ................................................................................................................ 6
3.4. Vegetação.................................................................................................................. 8
3.5. Ocupação humana ..................................................................................................... 9
4. Unidades e sub-unidades de paisagem do concelho.................................................. 10
4.1. Inserção do concelho na carta nacional de unidades e grupos de unidades............... 10
4.2 Unidades e sub-unidades de paisagem propostas...................................................... 10
4.2.1. Serra .......................................................................................................................... 10
4.2.1.1. Serra de Fungalvaz.................................................................................................... 11
4.2.1.2. Serra de Aire ............................................................................................................. 11
4.2.1.3 Chãs........................................................................................................................... 11
4.2.1.4. Vale da Serra............................................................................................................. 12
4.2.1.5. Arrife......................................................................................................................... 12
4.2.2. Colinas ...................................................................................................................... 12
4.2.2.1 Encostas de Bezelga.................................................................................................. 13
4.2.2.2. Lagoas do Pafarrão.................................................................................................... 13
4.2.2.3. Bacia do Alvorão....................................................................................................... 13
4.2.2.4. Colinas do Paço......................................................................................................... 13
4.2.2.5. Terras Pretas.............................................................................................................. 13
4.2.2.6. Bacia de Árgea .......................................................................................................... 13
4.2.2.7. Almonda superior...................................................................................................... 14
4.2.2.8. Colinas de Riachos e Meia Via ................................................................................. 14
4.2.2..9. Colinas de Parceiros de Igreja................................................................................... 14
4.2.2.10. Colinas da Brogueira................................................................................................. 14
4.2.2.11. Encostas do Boquilobo.............................................................................................. 14
4.2.3. Planície...................................................................................................................... 14
4.2.3.1. Várzeas do Almonda ................................................................................................. 15
4.2.3.2. Terraços Fluviais....................................................................................................... 15
4.2.3.3. Lezíria ....................................................................................................................... 15
ANEXOS
Carta número 1 – Limites do concelho e freguesias..................................................
Carta número 2 – Curvas de nível.............................................................................
Carta número 3 – Classes Altimétricas .....................................................................
Carta número 4 – Festos e talvegues .........................................................................
Carta número 5 – Vértices geodésicos ......................................................................
Carta número 6 – Principais bacias hidrográficas .....................................................
Carta número 7 – Bacia hidrográfica do Almonda e principais afluentes .................
Carta número 8 – Elementos de água criados pelo homem.......................................
Carta número 9 – Inserção do concelho na carta nacional de unidades e grupos de
unidades de paisagem................................................................................................
Carta número 10 – Unidades de paisagem propostas ................................................
Carta número 11 – Sub-unidades de paisagem propostas .........................................
1. Metodologia
Este trabalho concretizou-se através da consulta de diversa informação tanto relativa à
definição de unidades de paisagem como de elementos referentes ao concelho de Torres
Novas. Posteriormente procedeu-se à elaboração, através da utilização do programa Arc View,
das propostas de unidades e sub-unidades de paisagem. Sempre que possível foram realizadas
visitas de campo.
Na fase de consulta de informação foram particularmente importantes os seguintes
elementos:
O estudo realizado pela Universidade de Évora intitulado “Caracterização e
Identificação das Paisagens em Portugal Continental”,
Carta geológica do concelho;
Carta de solos e capacidade de uso referentes à folha número 329 da carta militar,
à escala 1/50000;
O modelo digital do terreno do concelho e diversas cartas parcelares obtidas a
partir deste instrumento (curvas de nível, linhas de água, rede viária, povoações e
aglomerados populacionais, ocupação agrícola e florestal);
Cartas militares, informatizadas nomeadamente as folhas números 309, 310, 319,
320, 329, 3301.
Através da consulta e sobreposição de todos estes elementos procedeu-se à elaboração
das cartas propostas. As visitas de campo permitiram confirmar no terreno as características do
território determinadas no gabinete e sentir a paisagem aferindo assim melhor as suas
particularidades. Nas abordagens realizadas e na caracterização dos diferentes itens, iniciou-se
a descrição de Norte para Sul e de Este para Oeste.
1
Muito embora com a consciência de que esta informação apresenta um menor rigor que o modelo digital do terreno,
a sua consulta foi ainda assim importante. Os elementos aí existentes, ainda que em parte desactualizados, reflectem
uma determinada utilização do território que, em muitos casos, fornece pistas que ajudam a explicar as suas
características actuais.
A delimitação de sub-unidades de paisagem resulta da existência de parcelas com
características comuns sem perder de vista a homogeneidade no interior das unidades onde se
inserem. A delimitação das sub-unidades resulta ainda do aumento de escla quando se analisa,
necessariamente com maior profundidade, uma determinada região dentro de um território de
maior dimensão: (...) a uma escala seriam normalmente identificadas outras unidades, ou sub-
unidades, nas quais aumentaria a homogeneidade, comparativamente ao que se verifica nas
unidades determinadas em menores escalas de trabalho (Cancela d’Abreu 2000).
3. Caracterização
A caracterização e identificação das variantes que contribuem para a definição das
diferentes unidades e sub-unidades são fundamentais. No entanto a caracterização que
se segue deve ser encarada apenas como um resumo sem que se pretenda, para qualquer
dos temas abordados, substituir caracterizações mais pormenorizadas de outros
profissionais.
2
Constituição da República Portuguesa, artigo 66°.(Ambiente e qualidade de vida), número 2, alínea b) e c).
3
Decreto-Lei n°. 380/99 de 22 de Setembro, respectivamente 13°. Número 1 e artigo 54°., número 2, alínea b).
4
Lei de Bases do Ambiente, Lei 11/87 de 7 de Abril, artigo 18. "Paisagem" e artigo 19°."Gestão da Paisagem". Lei
de Bases do Ordenamento do Território, Lei 48/98, de 11 de Agosto, artigo 6°."Objectivos do Ordenamento do
Território e do urbanismo"
3.1.Geologia
Existem três áreas bem definidas: os calcários do período Jurássico, as colinas
calcárias do período Terciário (que ocupam a maior parte do concelho) e os depósitos
dos terraços fluviais e aluviões que correspondem ao período Quaternário.
Os calcários do Jurássico apresentam-se sob a forma de uma extensa faixa,
limitando todo o concelho a NO. Estão presentes diferentes tipos de calcário dos
andares Bajociano e Batoniano.
As colinas Terciárias têm notável uniformidade, com excepção do traçado de
algumas de linhas de água. Existem ainda algumas manchas de arenitos (com maior
expressão na zona do Pafarrão) que, de algum modo, estabelecem a transição para os
calcários do Jurássico.
O Quaternário está representado por uma mancha bem definida, mas de reduzidas
dimensões, no extremo Sul, do concelho que se alonga para Norte acompanhando e
envolvendo o leito dos principais cursos de água. Esta mancha está subdividida: os
aluviões do andar Holocénico apresentando um traçado linear que se vai ramificando e
estreitando à medida que caminhamos para Norte; os terraços fluviais do andar
Plistocénico, especialmente notórios a Sul sob a forma de manchas homogéneas mas
também com pequenos núcleos associados maioritariamente ao traçado do Rio
Almonda. Merecem também menção as formações detríticas de terra rossa que se
apresentam sob a forma de depressões, no interior dos calcários do Jurássico,
insignificantes em termos de área mas de enorme importância em termos agrícolas.
3.4. Hidrografia
O concelho apresenta 4 bacias hidrográficas (ver carta n° 6), todas directa ou
indirectamente afluentes do Rio Tejo e que correm principalmente para S7: Bezelga,
Ponte da Pedra, Almonda e Alviela. A bacia calcária pelas suas características
particulares não foi considerada como uma bacia hidrográfica propriamente dita. À
excepção do Rio Almonda , toda ao outras bacias têm uma área nuito aproximada.
A b.h. da Bezelga (aproximadamente 12% da área total do concelho) divide-se
em algumas bacias secundárias8, de que se destacam: a Ribeira da Bezelga propriamente
dita e a Ribeira de Vale Santo (que escavam profundamente a zona calcária) e a Ribeira
da Fonte Seca. Este sistema drena para a Ribeira de Chão de Maçãs que acompanha
(sem coincidir) o troço superior do limite NE do concelho, sendo afluente do Rio Nabão
e este, por sua vez, subsidiário do Zêzere.
A b.h. da Ribeira da Ponte da Pedra ( cerca de 12% da área total do concelho)
7
As única excepção é o troço superior da Ribeira da Bezelga com uma orientação para NE.
8
Os critérios de escolha das bacias secundárias mais representativas, tanto neste caso como em relação ãs b.h. que se
seguem, são falíveis e a subdivisão poderia continuar até ao mais simples arroio. Um dos critérios utilizados foi o
facto de incluir com bacias todas as áreas drenadas por cursos de água que têm designação própria na carta militar
(excepção, pela sua diminuta dimensão a Ribeira do Colherão e da Aroeira). Aliás não se percebe a razão porque, na
referida carta militar, aparecem designados certos cursos de água que não merecem ser considerados Ribeiras (quanto
muito regatos) enquanto que outros, perfeitamente visíveis no terreno, acompanhados por vegetação rípicola não
mereceram ter nome. Muitas das designações que se adoptaram referem-se a nomes de locais ou povoações e não aos
cursos de água propriamente ditos.
subdivide-se em 4 bacias mais pequenas todas elas já fora da área do concelho,
afluentes daquele curso de água que drena directamente para Rio Tejo. A Ribeira dos
Mouchões e a Ribeira da Lamarosa engrossam o leito principal da Ribeira de Pé de Cão
que acompanha uma parte significativa do limite do Concelho. A Ribeira de Árgea
individualiza-se perfeitamente apresentando um leito principal bem definido.
A b.h. do Rio Alviela ocupa parte do quadrante SE (ocupando aproximadamente
13% da área do concelho). Consideraram-se 4 subsistemas: a Ribeira da Videla, afluente
do troço superior do Alviela; as Ribeiras de Parceiros da Igreja, de Liteiros e de
Alcorochel, definem uma b.h. subsidiária do rio Alviela no seu troço inferior.
A b.h. do Rio Almonda é aquela, como facilmente se constata que tem maior
expressão (ver carta n° 7). Ocupando uma área de cerca 14 382 hectares, drena
aproximadamente 53 % do concelho. Quase que se pode dizer que o Rio Almonda é
inteiramente Torrejano já que nasce dentro do concelho e apenas uma pequena parte do
seu troço inferior está fora dos seus limites9. Apresenta um traçado bastante sinuoso, os
inúmeros meandros no seu troço médio são importantes uma vez que, ao atrasarem o
escoamento, contribuem para uma maior permanência da água dentro do concelho10. O
seu troço superior apresenta um número considerável de pequenas bacias. O seu troço
inferior evidencia, através do traçado rectilíneo com as margens muito elevadas em
relação aos terrenos circundantes, a regularização do seu leito que permitiu (há quanto
tempo?) a conquista de terrenos pantanosos para a agricultura.
Esta grande b.h. subdivide-se em bacias mais pequenas de que se destacam as
seguintes: Ribeira do Alvorão, Ribeira da Boa Água, Ribeira da Meia Via, Ribeira do
Casal do Pote, Ribeira do Boquilobo, Vala das Cordas e Ribeiras e Valas da Quinta do
Paul.
A Ribeira do Alvorão drena uma área considerável do concelho subdividindo-se
em bacias sucessivamente de menores dimensões. A Ribeira da Boa Água apresenta-se
nitidamente dividida em duas bacias mais pequenas que se ramificam no seu troço
superior; a Ribeira do Serradinho está muito poluída degradando assim um curso de
água com enorme potencial em termos de biodiversidade. A b.h. da Ribeira da Meia Via
tem um traçado bastante linear sem afluentes significativos. A Ribeira do Casal do Pote,
com traçado também linear inclui apenas uma bacia subsidiária: a de Vale de Carvão. A
Ribeira do Boquilobo subdivide-se em 4 bacias mais pequenas e tem a particularidade
de, no seu troço inferior, dois braços dos seus afluentes correrem paralelamente durante
uma extensão considerável. A b.h. da Vala das Cordas tem como características
principais o facto de apresentar uma enorme carga de poluição e de drenar um pequeno
paul através da Vala das Cordas que tem considerável importância para a avifauna11.
Finalmente as Ribeiras e Valas da Quinta do Paul indiciam, pela densidade destas
ultimas, uma zona de má drenagem facilmente alagada (nas zonas planas drenadas pelas
valas) e assim com enorme importância no que respeita à biodiversidade12.
9
o Rio Almonda vai desaguar no Tejo à vista da povoação da Azinhaga já no concelho da Golegã. À excepção desta
povoação, todas as outras que atravessa, estão no concelho de Torres Novas
10
É certo que assim também se acentuam as cheias, no entanto a água é run bem cada vez mais escasso e as cheias,
neste clima onde a estação mais agreste é o Verão e não o Inverno, aumentam a fertilidade dos campos de regadio e
contribuem para recarregar os lençóis freáticos.
.11 Felizmente a enorme carga poluente desta pequena b.h. é mais notória para jusante deste Paul que, para além
doutras espécies de aves proporciona abrigo para a nidificação apelo menos um casal de Garça vermelha (Ardea
purpurea) espécie com estatuto de vulnerável no livro vermelho dos vertebrados de Portugal
12
Estes solos apresentam uma elevada fertilidade. Quando estão cobertos de água funcionam também como zonas de
alimentação, repouso e até nidificação para numerosas espécies de aves provenientes da Reserva da Biosfera do Paul
do Boquilobo, muitas delas com estatuto de em perigo, vulnerável ou raro segundo o livro vermelho dos vertebrados
de Portugal. Para além disso proporcionam locais de desova e crescimento de alevins de muitas espécies de peixes.
A bacia calcária (que ocupa cerca de 10% do concelho) tem características que a
diferenciam de todas as outras, desde logo o facto de não existirem cursos de água
superficiais13. A maior parte das águas subterrâneas são provavelmente conduzidas para
a nascente do Rio Almonda, no entanto convém não esquecer que, se bem que com
caracter episódico e não permanente, existem outras exurgências ao longo do Arrife.
3.5. Vegetação
A vegetação espontânea, para além de reflectir as características fisico-químicas
dos solos e climáticas das regiões onde está localizada, é também suporte de numerosas
espécies da fauna. Representa ainda um importante recurso cuja exploração sustentada
pode ser fonte de um rendimento diversificado. A vegetação original do concelho sofreu
consideráveis modificações fruto da intervenção humana. Essas intervenções dependem
de mecanismos que por vezes não têm uma relação directa com o concelho estando
condicionadas por políticas nacionais ou internacionais14. Antes da intervenção do
homem o concelho seria coberto por densas florestas das quais se encontram ainda
vestígios mais ou menos bem conservados e que representam zonas importantes, pelo
menos a um nível regional, em termos de conservação.
Na serra e encostas calcárias seriam cobertas por bosques em que dominava a
azinheira (Quercus rotundifolia) espécie característica do carvalhal da zona continental
quente e seca. Na maior parte dos casos esta espécie apresenta-se reduzida a um porte
arbustivo estando representada mais ou menos pontualmente por todo o concelho
associada a solos alcalinos com deficiência hídrica. Com a azinheira15 aparece também
o medronheiro (Arbutus unedo), o jasmineiro do monte (Jasminum fruticans), a
cornalheira (Pistacia terebinthus), a aroeira (Pistacia lentiscus), o alecrim (Rosmarinus
oficinalis) ou o ouregão (Origanum vulgare). Outras espécies dignas de nota e
associadas ao azinhal são as orquídeas16, espécies emblemáticas e importantes em
termos de conservação.
Nas zonas de solos mais profundos e alcalinos, mas ainda com algumas
deficiências hídricas, dominava o sobreiro (Quercus suber) característico do carvalhal
da zona quente e húmida. Com o sobreiro aparece o ademo (Rhamnus alatemus), a
murta (Myrtus communis), a urze das vassouras (Erica scoparia), a madressilva caprina
(Lonicera etrusca) ou a salsaparrilha bastarda (Smilax aspera).
O carvalho cerquinho (Quercus faginea) aparece associado nas zonas de solos
mais fresco e profundos. Este carvalhal ainda está relativamente bem representado em
manchas e corredores mais ou menos dispersos por todo o concelho, por vezes com
alguns exemplares de porte notável. De todos os carvalhais este é porventura aquele que
merece uma protecção mais atenta17. Associado a este carvalhal encontra-se o pilriteiro
13
Apesar de se apresentar uma pequena b.h. nas proximidades do Vale da Serra, com essa representação, mais do que
assinalar cursos de água sem visibilidade no terreno pretendeu-se exemplificar facto dessa zona ser uma depressão
14
Basta pensar que, no espaço de 2 ou 3 décadas, o figueiral que existia em grandes manchas por todo o concelho
sofreu um acentuado declínio e as figueiras que restam, salvo raras excepções, apresentam-se degradas e
abandonadas. Este comentário, se bem que com menos fundamento, é também válido para o olival.
15
As espécies que a seguir se enumeram não são exclusivas desta associação podendo também aparecer em conjunto
com as espécies descritas seguidamente.
16
Na área do concelho existem pelo menos 12 espécies, provavelmente bastante mais já que na área do Parque
Natural da Serra de Aire e Candeeiros estão inventariadas 28 espécies.
17
Esta espécie tem um elevado valor ecológico e a sua distribuição mundial é bastante restrita sendo, porventura,
Portugal (um outro nome porque é conhecido é justamente por carvalho português) o país em que está melhor
representado. Ainda assim ocorre apenas centro OE e em pequenas manchas na costa Oeste a sul do Tejo. Este
carvalho tem a particularidade de ter as folhas marcescentes (quando caem as folhas velhas já estão a nascer as novas)
estabelecendo assim a transição entre os Quercus do Norte, de folha caduca, e os do Sul, de folha persistente.
(Crataegus monogyna), o folhado (Viburnum tinus), a gilbardeira (Ruscus aculetus), a
roseira brava (Rosa sempervirens) ou a pervinca (Vinca difformis).
A mata ribeirinha está associada aos principais cursos de água tendo assim, por
norma, um traçado linear mais ou menos sinuoso. As suas funções18 ecológicas,
estéticas e económicas, nem sempre são devidamente consideradas pelo que, em certas
zonas, com o argumento da "limpeza" dos cursos de água desapareceu completamente.
Das espécies mais características salientam-se: o choupo negro (Populus nigra), o fteixo
(Fraxinus angustifolia), o lodão (Celthis australis), diversas espécies de salgueiros
(Salix spp.) como o negral (S. atrocinera) ou o branco (S. alba) e o sabugueiro
(Sambucus nigra).
A alfarrobeira (Ceratonia siliqua) que está representada por alguns exemplares é
uma espécie que merece protegida, não apenas pela sua raridade mas também pelo facto
desta distribuição, tão a Norte, ser anómala19.
21
Ao nível nacional, as unidades e grupos de unidades de paisagem foram definidas para uma escala base de
representação 1/250 000.
22
No entanto, como se verá, a sua individualidade para determinadas características fica assegurada uma vez que se
apresenta como uma :sub-unidade dentro da Serra
hidrográficas ou porque a designação de certas zonas era especialmente explícitas em
relação a determinadas características, optou-se por uma designação já existente na carta
militar.
São propostas para a Serra, 5 sub-unidades, para as Colinas, 11 e 3 para a
Planície.
4.2.1. Serra
A Serra domina todo o concelho como uma barreira que se estende a NO
ocupando cerca de 17% da área total. Em termos geológicos, fisiográficos, de
revestimento vegetal de ocupação humana a sua individualidade é perfeitamente
notória. Surge bruscamente, sobretudo nos dois terços inferiores da sua área,
acompanhados pelo arrife, como uma zona de enormes afloramentos rochosos. As
penas, os campos de lapiás, os cabeços configuram esculturas maravilhosas feitas
apenas pela natureza mas onde não é difícil visualizar formas antropomórficas ou
animalescas. Por toda a parte se nota a falta de água numa paisagem seca e desolada
mas ainda assim com uma beleza selvagem. Dominam os matos, principalmente
rasteiros, mas aqui e ali o pinhal e alguns eucaliptais, erguem-se como lanças no meio
de um exército. Algumas moitas de azinheiras, as mais das vezes rasteiras e inclinadas
pelo vento, parecem bandeiras desfraldadas. O olival sobe pelas encostas mas apenas
nas partes baixas, de solo vermelho e fofo onde crescem batatais e favais de sequeiro,
está cuidado e ainda é acarinhado na safra e contra safra. A serra está despovoada, a não
ser na zona do Vale da Serra, mas o fascínio que exerce é tal que atrai caminheiros,
espeleólogos, montanhistas e simples observadores da natureza. Estas características
conferem-lhe uma enorme importância em termos conservacionistas tanto nível da
flora23 como da fauna24. Esta zona tem também um elevado valor em termos culturais já
que se encontram aqui numerosos vestígios pré-históricos.
Como principais ameaças são de destacar os fogos que flagelam periodicamente
a região e as pedreiras que, sem cuidados aparentes no que toca à salvaguarda dos
mecanismos que possibilitem a sua posterior recuperação, vão "mordendo"
impunemente vastas áreas a Norte. O abandono indiscriminado e criminoso de lixos, um
pouco por toda a parte, é também um importante factor de degradação.
23
Para além das orquídeas, a diversidade do elenco florístico que constitui os matos e as numerosas espécies
rupícolas são um importante património natural. Muitas destas plantas têm um valor acrescido já que são espécies
potencia1mente importantes como aromáticas e medicinais.
24
Salienta-se o gato bravo espécie classificada com o estatuo de insuficientemente conhecido no Livro Vermelho
dos Vertebrados de Portugal, mas que é uma espécie constante do anexo II e IV da directiva Habitats considerada rara
mas a passar, brevemente, ao estatuto de vulnerável (Cancela d' Abreu-revisão do PDM de Évora - Estrutura
Ecológica Municipal). Numerosas espécies de morcegos cavernícolas são ocupam algumas das grutas existentes.
Entre as aves salienta-se, entre outras espécies rupícolas, o bufo real (Bubo bubo) considerado raro segundo o Livro
Vermelho. Dos répteis refere-se a víbora cornuda (Vipera latestei ) de estatuto inderterminado segundo o referido
livro.
Salienta-se o gato bravo espécie classificada com o estatuo de insuficientemente conhecido no Livro Vermelho dos
Vertebrados de Portugal, mas que é uma espécie constante do anexo n e IV da directiva Habitats considerada rara
mas a passar, brevemente, ao estatuto de vulnerável (Cancela d' Abreu-revisão do PDM de Évora - Estrutura
Ecológica Municipal). Numerosas espécies de morcegos cavernícolas são ocupam algumas das grutas existentes.
Entre as aves salienta-se, entre outras espécies rupícolas, o bufo real (Bubo bubo) considerado raro segundo o Livro
Vermelho. Dos répteis refere-se a víbora cornuda (Vipera latestei ) de estatuto indeterminado segundo o referido
livro.
Esta sub-unidade ocupa todo o quarto superior da serra. Diferencia-se pela
existência de dois cursos de água bem pronunciados com marcas de erosão muito
vincadas. Apresenta notável uniformidade quanto ao revestimento vegetal constituído
exclusivamente por matos. Inclui algumas pedreiras de brita gigantescas.
4.2.1.3. Chãs
As Chãs ocupam uma área de relevo suave com solos frescos e férteis. Está
revestida de olival bem cuidado mas com árvores na sua maior parte de porte reduzido e
que ainda vão sendo plantadas de tanchão. O sub-coberto do olival apresenta algumas
manchas de matos diversificados encontrando-se aqui e ali algumas azinheiras. Existem
também algumas zonas de agricultura de sequeiro, com notável diversidade, que
beneficia da fresquidão dos solos, permitindo a instalação de espécies que noutros locais
seriam obrigatoriamente de regadio: milho, batatas, favas...
4.2.1.5. Arrife
O arrife estende-se como um muro gigantesco que separa bruscamente a serra
das colinas. Tem um declive muito acentuado despenhando-se, por vezes, quase na
vertical. Dominam os matos com uma ou outra zona florestal. Tanto em termo
paisagísticos como naturais tem uma mais valia considerável já que, em termos visuais,
é uma barreira com uma força enorme oferecendo, em simultâneo, numerosas
oportunidades para a nidificação de variadas espécies de aves rupícolas.
4.2.2. Colinas
As colinas ocupam cerca de 78% da área total do concelho apresentando
algumas variações. São constituídas por pequenas elevações de topos mais ou menos
arredondados e encostas de declives por vezes bastante acentuados. O leito dos
principais cursos de água identifica-se perfeitamente já que em muitos casos é
acompanhado por várzeas bastante planas. No que respeita à cobertura vegetal apresenta
pouca uniformidade existindo área consideráveis de floresta mono-específica
principalmente de eucalipto mas também de pinheiros bravos. Nas várzeas, que
acompanham as principais linhas de água, ainda se encontra uma agricultura de regadio
por vezes extensiva e, em algumas encostas mais suaves, notam-se searas de culturas
arvenses de sequeiro, principalmente trigo. No entanto, à excepção de algumas
pequenas hortas associadas aos locais onde se pode disponibilizar a água, nota-se um
abandono generalizado da actividade agrícola sendo raros os figueirais que ainda são
cuidados. Parte do olival está também votado ao abandono, no entanto existem ainda
manchas consideráveis com elevada importância económica e que são também
importantes do ponto de vista da biodiversidade em particular para a avifauna.
Certas zonas ainda se encontram bem conservadas, e o uso do solo possibilita
uma diversidade de utilizações que, ao mesmo tempo, favorece a biodiversidade. Como
elementos a proteger destacam-se as sebes de compartimentação de folhas de culturas
ou que acompanham algumas vias de comunicação e pequenos bosques constituídos por
espécies autóctones. A vegetação ripícola que acompanha ainda o Rio Almonda e as
principais ribeiras reveste-se também da maior importância, não apenas pelo seu
diversificado elenco florístico, como também por fornecer abrigo e alimentação a
numerosas espécies de animais.
No que diz respeito às diversas espécies de plantas para além das associações
referidas anteriormente, se bem que sem tanta diversidade como na serra, destacam-se
também algumas espécies de orquídeas.
Entre as espécies de animais existentes salienta-se a lontra (Lutra lutra), que
ainda aparece, pelo menos no Rio Almonda, o texugo (Meles meles) e o toirão (Putoris
putoris) que, com alguma frequência, se encontra atropelado nas estradas. No que
respeita às aves referem-se a águia calçada (Hieraatus pennatus) e o peneireiro cinzento
(Elanus caeruleus)25, que nidificam no concelho. A existência destas espécies revela
que, obviamente sem a riqueza biológica de há alguns anos atrás, estas zonas têm ainda
um grande valor conservacionista.
Como principais ameaças salientam-se a poluição dos cursos de água, a mono-
cultura florestal (com a consequente destruição dos núcleos de espécies autóctones), e o
fogo.
25
Tem o estatuto de raro no livro Vermelho dos Vertebrados Portugueses.
hortícolas e milho.
4.2.3. Planície
Estes terrenos, praticamente sem inclinação, ocupam apenas cerca de 5% da
área total do concelho. Esta é a principal característica desta unidade onde, à excepção
da mata ribeirinha que acompanha o traçado do Rio Almonda e de algumas valas,
praticamente não existem árvores.
26
Na Reserva Natural do Paul do Boquilobo estão inventariadas mais de 200 espécies de aves invernantes e
nidificantes e muitas delas apresentam o estatuto de raras ou vulneráveis.
menos reduzidos. Por vezes sofrem alagamento, mas apenas em cheias com um longo
período de retorno, provavelmente próximo dos dez anos.
4.2.3.3. Lezíria
Esta área literalmente sem desníveis apresenta os solos de maior fertilidade de
todo o concelho. Caracteriza-se também por uma quase ausência de árvores,
exceptuando as que acompanham o traçado do rio Almonda e de alguma valas. É
periodicamente atingida por cheias, com um período de retorno próximo dos 5 anos,
acentuadas por uma má drenagem. Tem um elevadíssimo valor em termos da
biodiversidade especialmente para a avifauna.