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Câmara Municipal de Torres Novas

Unidades e Sub-unidades de Paisagem do Concelho de Torres Novas

Realizado por:

Fernando Faria Pereira


Julho de 2004
Índice

1. Metodologia .............................................................................................................. 3
2. Conceitos utilizados, importância da paisagem e enquadramento legal.................... 3
2.1. Conceitos de paisagem, de unidades e sub-unidades ................................................ 3
2.2. Importância da paisagem e enquadramento legal...................................................... 4
3. Caracterização do território....................................................................................... 4
3.1. Geologia .................................................................................................................... 4
3.2. Altimetria e fisiografia .............................................................................................. 5
3.3. Hidrografia ................................................................................................................ 6
3.4. Vegetação.................................................................................................................. 8
3.5. Ocupação humana ..................................................................................................... 9
4. Unidades e sub-unidades de paisagem do concelho.................................................. 10
4.1. Inserção do concelho na carta nacional de unidades e grupos de unidades............... 10
4.2 Unidades e sub-unidades de paisagem propostas...................................................... 10
4.2.1. Serra .......................................................................................................................... 10
4.2.1.1. Serra de Fungalvaz.................................................................................................... 11
4.2.1.2. Serra de Aire ............................................................................................................. 11
4.2.1.3 Chãs........................................................................................................................... 11
4.2.1.4. Vale da Serra............................................................................................................. 12
4.2.1.5. Arrife......................................................................................................................... 12
4.2.2. Colinas ...................................................................................................................... 12
4.2.2.1 Encostas de Bezelga.................................................................................................. 13
4.2.2.2. Lagoas do Pafarrão.................................................................................................... 13
4.2.2.3. Bacia do Alvorão....................................................................................................... 13
4.2.2.4. Colinas do Paço......................................................................................................... 13
4.2.2.5. Terras Pretas.............................................................................................................. 13
4.2.2.6. Bacia de Árgea .......................................................................................................... 13
4.2.2.7. Almonda superior...................................................................................................... 14
4.2.2.8. Colinas de Riachos e Meia Via ................................................................................. 14
4.2.2..9. Colinas de Parceiros de Igreja................................................................................... 14
4.2.2.10. Colinas da Brogueira................................................................................................. 14
4.2.2.11. Encostas do Boquilobo.............................................................................................. 14
4.2.3. Planície...................................................................................................................... 14
4.2.3.1. Várzeas do Almonda ................................................................................................. 15
4.2.3.2. Terraços Fluviais....................................................................................................... 15
4.2.3.3. Lezíria ....................................................................................................................... 15
ANEXOS
Carta número 1 – Limites do concelho e freguesias..................................................
Carta número 2 – Curvas de nível.............................................................................
Carta número 3 – Classes Altimétricas .....................................................................
Carta número 4 – Festos e talvegues .........................................................................
Carta número 5 – Vértices geodésicos ......................................................................
Carta número 6 – Principais bacias hidrográficas .....................................................
Carta número 7 – Bacia hidrográfica do Almonda e principais afluentes .................
Carta número 8 – Elementos de água criados pelo homem.......................................
Carta número 9 – Inserção do concelho na carta nacional de unidades e grupos de
unidades de paisagem................................................................................................
Carta número 10 – Unidades de paisagem propostas ................................................
Carta número 11 – Sub-unidades de paisagem propostas .........................................
1. Metodologia
Este trabalho concretizou-se através da consulta de diversa informação tanto relativa à
definição de unidades de paisagem como de elementos referentes ao concelho de Torres
Novas. Posteriormente procedeu-se à elaboração, através da utilização do programa Arc View,
das propostas de unidades e sub-unidades de paisagem. Sempre que possível foram realizadas
visitas de campo.
Na fase de consulta de informação foram particularmente importantes os seguintes
elementos:
O estudo realizado pela Universidade de Évora intitulado “Caracterização e
Identificação das Paisagens em Portugal Continental”,
Carta geológica do concelho;
Carta de solos e capacidade de uso referentes à folha número 329 da carta militar,
à escala 1/50000;
O modelo digital do terreno do concelho e diversas cartas parcelares obtidas a
partir deste instrumento (curvas de nível, linhas de água, rede viária, povoações e
aglomerados populacionais, ocupação agrícola e florestal);
Cartas militares, informatizadas nomeadamente as folhas números 309, 310, 319,
320, 329, 3301.
Através da consulta e sobreposição de todos estes elementos procedeu-se à elaboração
das cartas propostas. As visitas de campo permitiram confirmar no terreno as características do
território determinadas no gabinete e sentir a paisagem aferindo assim melhor as suas
particularidades. Nas abordagens realizadas e na caracterização dos diferentes itens, iniciou-se
a descrição de Norte para Sul e de Este para Oeste.

2. Conceitos utilizados, importância da paisagem e enquadramento legal

2.1. O conceito de paisagem e de sub-unidades de paisagem


O conceito de paisagem começou por ter apenas uma função estética e artística ligada à
pintura. Este conceito tem ainda alguma importância mas relaciona-se mais com uma
interpretação panorâmica do território. Actualmente considera-se que a paisagem é o reflexo da
interacção de diversos factores: geologia, geologia, litologia, hidrografia, clima, flora e fauna...
A estes factores junta-se a intervenção humana que tem enorme importância ao ponto de se
considerar que em termos europeus e na generalidade das situações, não existe paisagem
natural mas sim paisagem cultural absolutamente dominante em todo o espaço Europeu,
expressão dos diversos factores naturais existentes mas, também, da acção humana sobre
esses factores (Cancela d’Abreu, 2000). A paisagem confere identidade a um determinado
local, região ou território: as unidades de paisagem têm sido caracterizadas como áreas
espacialmente coerentes que são caracterizadas por um certo grau de homogeneidade no que
respeita a propriedades tais como condições naturais (geologia, morfologia, solos e clima) ou
uso do solo (European Comission 2000). Os limites de separação entre diversas unidades ou
sub-unidades estabelecem-se, salvo algumas excepções, de uma forma difusa: as características
de determinada unidade vão-se esbatendo à medida que se acentuam as características duma
nova unidade limítrofe: (...) o limite das unidades não é, na maior parte dos casos, um limite
absoluto, nem simplesmente uma linha identificável na paisagem (...) (Cancela d’Abreu 2000).

1
Muito embora com a consciência de que esta informação apresenta um menor rigor que o modelo digital do terreno,
a sua consulta foi ainda assim importante. Os elementos aí existentes, ainda que em parte desactualizados, reflectem
uma determinada utilização do território que, em muitos casos, fornece pistas que ajudam a explicar as suas
características actuais.
A delimitação de sub-unidades de paisagem resulta da existência de parcelas com
características comuns sem perder de vista a homogeneidade no interior das unidades onde se
inserem. A delimitação das sub-unidades resulta ainda do aumento de escla quando se analisa,
necessariamente com maior profundidade, uma determinada região dentro de um território de
maior dimensão: (...) a uma escala seriam normalmente identificadas outras unidades, ou sub-
unidades, nas quais aumentaria a homogeneidade, comparativamente ao que se verifica nas
unidades determinadas em menores escalas de trabalho (Cancela d’Abreu 2000).

2.2. A importância da paisagem e enquadramento legal.


A consciência da importância da paisagem tem vindo a ser cada vez mais
reconhecida. Ela é o reflexo da intervenção do homem num meio com caracteristicas
naturais e morfológicas específicas. Através do resultado dessa interacção pudemos
perceber se as utilizações que se fazem nesse território traduzem a sua utilização
sustentada e diversificada ou se, pelo contrário, conduzem a uma simplificação que
compromete futuras utilizações.
A Convenção Europeia da Paisagem (aprovada pelo Conselho da Europa em
2000 e ratificada por Portugal) baseia-se no reconhecimento de que a paisagem integra
o património natural e cultural europeu, contribuindo de uma forma marcante para a
construção de culturas locais e para a consolidação da identidade europeia, sendo
também um elemento fundamental na qualidade de vida das populações. A Constituição
Portuguesa reconhece também essa importância dado que estabelece como função do
Estado: ordenar e promover o ordenamento do território (...) e a valorização da
paisagem e ainda (...) classificar e proteger paisagens e sítios, de modo a garantir a
conservação da natureza e a preservação de valores culturais de interesse histórico ou
artístico2. Em termos legais destaca-se o Dec. Lei 3801 99 refere que valorização da
diversidade paisagística e estabelece a obrigatoriedade de os planos regionais do
ambiente serem acompanhados por um relatório contendo (...) a definição de unidades
de paisagem3. A Lei de Bases do Ambiente e a Lei de Bases do Ordenamento do
território também se referem à paisagem dando assim maior relevância à sua
importância em termos nacionais e regionais4.
A identificação das diferentes paisagens é assim um instrumento fundamental
para o ordenamento do território com obrigatoriedade legal bem definida.

3. Caracterização
A caracterização e identificação das variantes que contribuem para a definição das
diferentes unidades e sub-unidades são fundamentais. No entanto a caracterização que
se segue deve ser encarada apenas como um resumo sem que se pretenda, para qualquer
dos temas abordados, substituir caracterizações mais pormenorizadas de outros
profissionais.

2
Constituição da República Portuguesa, artigo 66°.(Ambiente e qualidade de vida), número 2, alínea b) e c).
3
Decreto-Lei n°. 380/99 de 22 de Setembro, respectivamente 13°. Número 1 e artigo 54°., número 2, alínea b).
4
Lei de Bases do Ambiente, Lei 11/87 de 7 de Abril, artigo 18. "Paisagem" e artigo 19°."Gestão da Paisagem". Lei
de Bases do Ordenamento do Território, Lei 48/98, de 11 de Agosto, artigo 6°."Objectivos do Ordenamento do
Território e do urbanismo"
3.1.Geologia
Existem três áreas bem definidas: os calcários do período Jurássico, as colinas
calcárias do período Terciário (que ocupam a maior parte do concelho) e os depósitos
dos terraços fluviais e aluviões que correspondem ao período Quaternário.
Os calcários do Jurássico apresentam-se sob a forma de uma extensa faixa,
limitando todo o concelho a NO. Estão presentes diferentes tipos de calcário dos
andares Bajociano e Batoniano.
As colinas Terciárias têm notável uniformidade, com excepção do traçado de
algumas de linhas de água. Existem ainda algumas manchas de arenitos (com maior
expressão na zona do Pafarrão) que, de algum modo, estabelecem a transição para os
calcários do Jurássico.
O Quaternário está representado por uma mancha bem definida, mas de reduzidas
dimensões, no extremo Sul, do concelho que se alonga para Norte acompanhando e
envolvendo o leito dos principais cursos de água. Esta mancha está subdividida: os
aluviões do andar Holocénico apresentando um traçado linear que se vai ramificando e
estreitando à medida que caminhamos para Norte; os terraços fluviais do andar
Plistocénico, especialmente notórios a Sul sob a forma de manchas homogéneas mas
também com pequenos núcleos associados maioritariamente ao traçado do Rio
Almonda. Merecem também menção as formações detríticas de terra rossa que se
apresentam sob a forma de depressões, no interior dos calcários do Jurássico,
insignificantes em termos de área mas de enorme importância em termos agrícolas.

3.2. Altimetria e fisiografia


O maciço calcário estende-se como uma enorme barreira sobranceira a todo o
concelho a NO, limitado, com algum rigor, pela curva de nível dos 150 metros (ver
cartas n.º2 e n.º3). O vulto uniforme da serra de Aire desenvolve-se principalmente
acima dos 200 metros, com os seu topo arredondado que se individualiza a partir dos
600 metros. A altitude máxima é atingida em Aire com 678 metros5 e Gouxa Larga com
547 metros (ver carta n.º 5). Sucede-se uma zona de declives suaves que termina no
início do Arrife, com as depressões do Vale da Serra e das Ribeiras da Bezelga e de
Vale Santo bem pronunciadas entre os 150 e os 100 metros. Na parte N a transição para
a zona de colinas é mais suave. Os festos principais (ver carta n° 4) acompanham, com
algum rigor, o limite NO do concelho e dividem, quase em duas metades, toda a zona
calcária. Quanto aos talvegues, para além do traçado das ribeiras já referidas, notam-se
também algumas linhas correspondentes à depressão do Vale da Serra. Identificou-se
apenas um ponto de encontro correspondente à junção das Ribeiras da Bezelga e de
Vale Santo, três centros de distribuição6 e 7 portelas, algumas importantes na passagem
de vias de comunicação e antigos percursos pedonais.
O arrife estende-se como uma enorme barreira, quase na vertical (frequentemente
de desnível superior a 50 metros) que separa, abruptamente a serra das colinas. Os
pontos mais altos são Almonda, 242 metros e Vale da Serra, 224 metros; Casal da
Pena, que marca, de algum modo, o limite N desta falha, e Fungalvaz ultrapassam ainda
a cota dos 150 metros, respectivamente com 180 e 172 metros. O ponto mais baixo do
arrife localiza-se junto à exurgência que dá origem ao Rio Almonda a cerca de 100
5
Neste ponto atinge-se a máxima altitude de todo o Maciço Calcário Estremenho. A amplitude visual que se estende
para todos os quatro pontos cardeais (se ar estiver suficientemente límpido) é notável.
6
A importância destes centros de distribuição de águas é relativa já que, inseridos numa zona calcária, o escoamento
das águas á subterrâneo e influenciado pela inclinação e orientação dos estratos e não pelo declive do terreno.
metros. Embora interrompida pelas cunhas de erosão, desenvolve-se, no topo do arrife
uma importante linha de festo. Quanto a pontos notáveis identificou-se apenas uma
portela perto da povoação de Alqueidão da Serra, outros pontos mais a N, se bem que
situados ainda na zona calcária estão já fora da área do Arrife.
A maior parte do concelho é constituída por colinas mais ou menos suaves, que se
desenvolvem entre os 150 e os 20 metros. Estes valores são excedidos apenas em
pequenas manchas no quadrante NE (Moreiras 166 metros e Terras Pretas 161 metros,
Senhora de Lurdes e Alcorriol ambos com 152 metros). Na parte central do concelho é
visível uma extensa mancha de declives acentuados associados principalmente às bacias
hidrográficas do Rio AImonda e da Ribeira do Alvorão. É perfeitamente notório o
traçado da A5, cuja construção alterou profundamente a fisiografia do terreno onde se
implantou. Os festos principais delimitam bacias hidrográficas bem definidas,
ramificando-se em festos secundários e terciários, progressivamente com menor
visibilidade e importância no terreno. Os talvegues apresentam-se uniformemente
distribuídos por todo a área acompanhando vales bem definidos. Identificaram-se
numeroso pontos notáveis (pontos de encontro, centros de distribuição e portelas) mais
representados na metade N do concelho.
O extremo Sul do concelho apresenta características particulares já que é uma
zona plana praticamente sem declives. Esta planície aluvionar acompanha o Rio
Almonda, e alguns dos seus afluentes quase até à cidade de Torres Novas nunca
ultrapassando os 50 metros de altitude máxima. Na zona mais a S é atingida uma
altitude mínima de 13 metros. Existem poucos festos de caracter secundário e terciário.
As características do terreno originam uma má drenagem especialmente na parte mais
inferior do concelho. Existem alguns pontos de encontro importantes destacando-se o de
inserção da Ribeira do Minhoto com a Vala das Cordas e o Bombacho que, através de
uma ligação subterrânea, estabelece a ligação entre a rede de valas da margem esquerda
do Almonda com as águas da margem direita.

3.4. Hidrografia
O concelho apresenta 4 bacias hidrográficas (ver carta n° 6), todas directa ou
indirectamente afluentes do Rio Tejo e que correm principalmente para S7: Bezelga,
Ponte da Pedra, Almonda e Alviela. A bacia calcária pelas suas características
particulares não foi considerada como uma bacia hidrográfica propriamente dita. À
excepção do Rio Almonda , toda ao outras bacias têm uma área nuito aproximada.
A b.h. da Bezelga (aproximadamente 12% da área total do concelho) divide-se
em algumas bacias secundárias8, de que se destacam: a Ribeira da Bezelga propriamente
dita e a Ribeira de Vale Santo (que escavam profundamente a zona calcária) e a Ribeira
da Fonte Seca. Este sistema drena para a Ribeira de Chão de Maçãs que acompanha
(sem coincidir) o troço superior do limite NE do concelho, sendo afluente do Rio Nabão
e este, por sua vez, subsidiário do Zêzere.
A b.h. da Ribeira da Ponte da Pedra ( cerca de 12% da área total do concelho)

7
As única excepção é o troço superior da Ribeira da Bezelga com uma orientação para NE.
8
Os critérios de escolha das bacias secundárias mais representativas, tanto neste caso como em relação ãs b.h. que se
seguem, são falíveis e a subdivisão poderia continuar até ao mais simples arroio. Um dos critérios utilizados foi o
facto de incluir com bacias todas as áreas drenadas por cursos de água que têm designação própria na carta militar
(excepção, pela sua diminuta dimensão a Ribeira do Colherão e da Aroeira). Aliás não se percebe a razão porque, na
referida carta militar, aparecem designados certos cursos de água que não merecem ser considerados Ribeiras (quanto
muito regatos) enquanto que outros, perfeitamente visíveis no terreno, acompanhados por vegetação rípicola não
mereceram ter nome. Muitas das designações que se adoptaram referem-se a nomes de locais ou povoações e não aos
cursos de água propriamente ditos.
subdivide-se em 4 bacias mais pequenas todas elas já fora da área do concelho,
afluentes daquele curso de água que drena directamente para Rio Tejo. A Ribeira dos
Mouchões e a Ribeira da Lamarosa engrossam o leito principal da Ribeira de Pé de Cão
que acompanha uma parte significativa do limite do Concelho. A Ribeira de Árgea
individualiza-se perfeitamente apresentando um leito principal bem definido.
A b.h. do Rio Alviela ocupa parte do quadrante SE (ocupando aproximadamente
13% da área do concelho). Consideraram-se 4 subsistemas: a Ribeira da Videla, afluente
do troço superior do Alviela; as Ribeiras de Parceiros da Igreja, de Liteiros e de
Alcorochel, definem uma b.h. subsidiária do rio Alviela no seu troço inferior.
A b.h. do Rio Almonda é aquela, como facilmente se constata que tem maior
expressão (ver carta n° 7). Ocupando uma área de cerca 14 382 hectares, drena
aproximadamente 53 % do concelho. Quase que se pode dizer que o Rio Almonda é
inteiramente Torrejano já que nasce dentro do concelho e apenas uma pequena parte do
seu troço inferior está fora dos seus limites9. Apresenta um traçado bastante sinuoso, os
inúmeros meandros no seu troço médio são importantes uma vez que, ao atrasarem o
escoamento, contribuem para uma maior permanência da água dentro do concelho10. O
seu troço superior apresenta um número considerável de pequenas bacias. O seu troço
inferior evidencia, através do traçado rectilíneo com as margens muito elevadas em
relação aos terrenos circundantes, a regularização do seu leito que permitiu (há quanto
tempo?) a conquista de terrenos pantanosos para a agricultura.
Esta grande b.h. subdivide-se em bacias mais pequenas de que se destacam as
seguintes: Ribeira do Alvorão, Ribeira da Boa Água, Ribeira da Meia Via, Ribeira do
Casal do Pote, Ribeira do Boquilobo, Vala das Cordas e Ribeiras e Valas da Quinta do
Paul.
A Ribeira do Alvorão drena uma área considerável do concelho subdividindo-se
em bacias sucessivamente de menores dimensões. A Ribeira da Boa Água apresenta-se
nitidamente dividida em duas bacias mais pequenas que se ramificam no seu troço
superior; a Ribeira do Serradinho está muito poluída degradando assim um curso de
água com enorme potencial em termos de biodiversidade. A b.h. da Ribeira da Meia Via
tem um traçado bastante linear sem afluentes significativos. A Ribeira do Casal do Pote,
com traçado também linear inclui apenas uma bacia subsidiária: a de Vale de Carvão. A
Ribeira do Boquilobo subdivide-se em 4 bacias mais pequenas e tem a particularidade
de, no seu troço inferior, dois braços dos seus afluentes correrem paralelamente durante
uma extensão considerável. A b.h. da Vala das Cordas tem como características
principais o facto de apresentar uma enorme carga de poluição e de drenar um pequeno
paul através da Vala das Cordas que tem considerável importância para a avifauna11.
Finalmente as Ribeiras e Valas da Quinta do Paul indiciam, pela densidade destas
ultimas, uma zona de má drenagem facilmente alagada (nas zonas planas drenadas pelas
valas) e assim com enorme importância no que respeita à biodiversidade12.

9
o Rio Almonda vai desaguar no Tejo à vista da povoação da Azinhaga já no concelho da Golegã. À excepção desta
povoação, todas as outras que atravessa, estão no concelho de Torres Novas
10
É certo que assim também se acentuam as cheias, no entanto a água é run bem cada vez mais escasso e as cheias,
neste clima onde a estação mais agreste é o Verão e não o Inverno, aumentam a fertilidade dos campos de regadio e
contribuem para recarregar os lençóis freáticos.
.11 Felizmente a enorme carga poluente desta pequena b.h. é mais notória para jusante deste Paul que, para além
doutras espécies de aves proporciona abrigo para a nidificação apelo menos um casal de Garça vermelha (Ardea
purpurea) espécie com estatuto de vulnerável no livro vermelho dos vertebrados de Portugal
12
Estes solos apresentam uma elevada fertilidade. Quando estão cobertos de água funcionam também como zonas de
alimentação, repouso e até nidificação para numerosas espécies de aves provenientes da Reserva da Biosfera do Paul
do Boquilobo, muitas delas com estatuto de em perigo, vulnerável ou raro segundo o livro vermelho dos vertebrados
de Portugal. Para além disso proporcionam locais de desova e crescimento de alevins de muitas espécies de peixes.
A bacia calcária (que ocupa cerca de 10% do concelho) tem características que a
diferenciam de todas as outras, desde logo o facto de não existirem cursos de água
superficiais13. A maior parte das águas subterrâneas são provavelmente conduzidas para
a nascente do Rio Almonda, no entanto convém não esquecer que, se bem que com
caracter episódico e não permanente, existem outras exurgências ao longo do Arrife.

3.5. Vegetação
A vegetação espontânea, para além de reflectir as características fisico-químicas
dos solos e climáticas das regiões onde está localizada, é também suporte de numerosas
espécies da fauna. Representa ainda um importante recurso cuja exploração sustentada
pode ser fonte de um rendimento diversificado. A vegetação original do concelho sofreu
consideráveis modificações fruto da intervenção humana. Essas intervenções dependem
de mecanismos que por vezes não têm uma relação directa com o concelho estando
condicionadas por políticas nacionais ou internacionais14. Antes da intervenção do
homem o concelho seria coberto por densas florestas das quais se encontram ainda
vestígios mais ou menos bem conservados e que representam zonas importantes, pelo
menos a um nível regional, em termos de conservação.
Na serra e encostas calcárias seriam cobertas por bosques em que dominava a
azinheira (Quercus rotundifolia) espécie característica do carvalhal da zona continental
quente e seca. Na maior parte dos casos esta espécie apresenta-se reduzida a um porte
arbustivo estando representada mais ou menos pontualmente por todo o concelho
associada a solos alcalinos com deficiência hídrica. Com a azinheira15 aparece também
o medronheiro (Arbutus unedo), o jasmineiro do monte (Jasminum fruticans), a
cornalheira (Pistacia terebinthus), a aroeira (Pistacia lentiscus), o alecrim (Rosmarinus
oficinalis) ou o ouregão (Origanum vulgare). Outras espécies dignas de nota e
associadas ao azinhal são as orquídeas16, espécies emblemáticas e importantes em
termos de conservação.
Nas zonas de solos mais profundos e alcalinos, mas ainda com algumas
deficiências hídricas, dominava o sobreiro (Quercus suber) característico do carvalhal
da zona quente e húmida. Com o sobreiro aparece o ademo (Rhamnus alatemus), a
murta (Myrtus communis), a urze das vassouras (Erica scoparia), a madressilva caprina
(Lonicera etrusca) ou a salsaparrilha bastarda (Smilax aspera).
O carvalho cerquinho (Quercus faginea) aparece associado nas zonas de solos
mais fresco e profundos. Este carvalhal ainda está relativamente bem representado em
manchas e corredores mais ou menos dispersos por todo o concelho, por vezes com
alguns exemplares de porte notável. De todos os carvalhais este é porventura aquele que
merece uma protecção mais atenta17. Associado a este carvalhal encontra-se o pilriteiro

13
Apesar de se apresentar uma pequena b.h. nas proximidades do Vale da Serra, com essa representação, mais do que
assinalar cursos de água sem visibilidade no terreno pretendeu-se exemplificar facto dessa zona ser uma depressão
14
Basta pensar que, no espaço de 2 ou 3 décadas, o figueiral que existia em grandes manchas por todo o concelho
sofreu um acentuado declínio e as figueiras que restam, salvo raras excepções, apresentam-se degradas e
abandonadas. Este comentário, se bem que com menos fundamento, é também válido para o olival.
15
As espécies que a seguir se enumeram não são exclusivas desta associação podendo também aparecer em conjunto
com as espécies descritas seguidamente.
16
Na área do concelho existem pelo menos 12 espécies, provavelmente bastante mais já que na área do Parque
Natural da Serra de Aire e Candeeiros estão inventariadas 28 espécies.
17
Esta espécie tem um elevado valor ecológico e a sua distribuição mundial é bastante restrita sendo, porventura,
Portugal (um outro nome porque é conhecido é justamente por carvalho português) o país em que está melhor
representado. Ainda assim ocorre apenas centro OE e em pequenas manchas na costa Oeste a sul do Tejo. Este
carvalho tem a particularidade de ter as folhas marcescentes (quando caem as folhas velhas já estão a nascer as novas)
estabelecendo assim a transição entre os Quercus do Norte, de folha caduca, e os do Sul, de folha persistente.
(Crataegus monogyna), o folhado (Viburnum tinus), a gilbardeira (Ruscus aculetus), a
roseira brava (Rosa sempervirens) ou a pervinca (Vinca difformis).

A mata ribeirinha está associada aos principais cursos de água tendo assim, por
norma, um traçado linear mais ou menos sinuoso. As suas funções18 ecológicas,
estéticas e económicas, nem sempre são devidamente consideradas pelo que, em certas
zonas, com o argumento da "limpeza" dos cursos de água desapareceu completamente.
Das espécies mais características salientam-se: o choupo negro (Populus nigra), o fteixo
(Fraxinus angustifolia), o lodão (Celthis australis), diversas espécies de salgueiros
(Salix spp.) como o negral (S. atrocinera) ou o branco (S. alba) e o sabugueiro
(Sambucus nigra).
A alfarrobeira (Ceratonia siliqua) que está representada por alguns exemplares é
uma espécie que merece protegida, não apenas pela sua raridade mas também pelo facto
desta distribuição, tão a Norte, ser anómala19.

3.6. Ocupação humana


Da observação da carta de implantação urbana imediatamente se notam duas
situações distintas: uma extensa faixa, ao longo de todo limite NO, praticamente
despovoada e a restante área com povoamento aglomerado.
A faixa despovoada corresponde à zona da serra onde, para além de dois ou três
pequeníssimos núcleos a Norte, só existem os casais associados ao Vale da Serra
envolvendo uma área agrícola de solos férteis de terra rossa. Toda a restante área é
inteiramente despovoada, entre outros motivos, certamente pela ausência de água
superficial.
Na restante área, as construções aglomeram-se em tomo de núcleos principais
salientando-se, naturalmente a cidade sede do concelho e a vila de Riachos. Mais ou
menos uniformemente distribuídos por toda a área existem algumas quintas (sede de
explorações agrícolas desactivadas) e pequenos casais, muitos deles votados ao
abandono. No quadrante SE nota-se uma tendência para um povoamento mais ou menos
contínuo sendo a cidade de Torres Novas o núcleo a partir do qual se estabelecem
ligações com outros núcleos populacionais: Ribeira Branca e Lapas a NO, Riachos e
Meia Via a SE.
A ausência de construções nas zonas de Lezíria e nas várzeas que acompanham
os principais cursos de água é também notória. Mais do que a salvaguarda dos solos
agrícolas, reflecte o facto dessas zonas alagarem com frequência.
Um aspecto interessante da ocupação humana é a verificação da existência de
elementos de água criados pelo homem (ver carta n° 8). É certo que as fontes, as
azenhas, os tanques as cisternas e os poços com ou sem engenho, reflectem uma
situação desactualizada20 no que respeita à utilização dos recursos hídricos, no entanto a
sua construção revela muito acerca do uso que a população fazia do território num sábio
18
De forma muito resumida recorda-se apenas a protecção que exerce sobre as margens dos cursos de água, o facto
de assinalar perfeitamente o traçado dessas linhas de drenagem e o valor económico de certas espécies como os
choupos ou os freixos.
19
Esta espécie, não espontânea na paisagem portuguesa aparece referida apenas para região de Lisboa e a Sul do
Tejo em especial na região algarvia. No concelho aparece alguns exemplares como na variante do bom amor (onde se
encontram plo menos três árvores ainda com porte arbustivo na barreira que limita a estrada) ou a norte da povoação
de Parceiros de S.João (este exemplar com um porte majestoso foi vitima de uma severa "poda de rejuvenescimento"
a sua localização, mesmo à beira da estrada não augura nada de bom).
20
Hoje em dia, para além da água canalizada, recorre-se aos furos para regar os campos agrícolas. Infelizmente não
foi possível disponibilizar esta informação que seria também muito interessante
aproveitamento dos recursos disponíveis, para além de constituírem um valor
patrimonial. As fontes estão totalmente ausentes da zona da serra mas presentes, com
concentração aqui e ali, nas restantes áreas do concelho. As azenhas, todas desactivadas
já há algumas décadas, inscrevem-se nitidamente sobre o traçado das principais linhas
de água: Almonda, Alvorão e Bezelga. As cisternas, se bem que apareçam pontualmente
noutras zonas, estão nitidamente concentradas num núcleo associado às povoações do
Vale da Serra. Os tanques, tal como os poços, surgem espalhados por toda a zona de
colinas, estando ausentes da zona da serra e com pouca representatividade no extremo
Sul do concelho.

4. Unidades e sub-unidades de paisagem do Concelho


A análise que se segue, com base em todos os elementos referidos
anteriormente, pretende delimitar e caracterizar as unidades e sub-unidades de paisagem
do concelho de Torres Novas. Ao nível das unidades, as características que as
individualizam são facilmente visíveis no terreno. Aliás, os termos serra e lezíria (ou
campo na designação regional) reflectem, na linguagem popular, duas situações
perfeitamente distintas, marginais à maior parte do concelho constituído por colinas. Já
ao nível das sub-unidades, e em especial às subdivisões propostas para as colinas, torna-
se mais difícil a justificação da sua delimitação. Uma análise mais profunda, ou
realizada com outra sensibilidade, poderia até justificar de forma credível diferenças nos
limites propostos. Esta advertência deve assim ser encarada como salvaguarda da
proposta agora apresentada que, ao nível das sub-unidades, deve ser vista como uma
primeira abordagem e por isso mesmo passível de sofrer algumas alterações.

4.1. Inserção na carta nacional de unidades e grupos de unidades de paisagem


A uma escala nacional, o concelho apresenta-se inserido em quatro grandes
unidades (ver carta n° 9) que se estendem muito para fora dos seus limites: O Maciço
Calcário Coimbra-Tomar, a Serra de Aire e Candeeiros, as Colinas do Ribatejo e o Vale
do Tejo e Lezíria. Estas unidades, nas parcelas que englobam o concelho, mantêm a sua
individualidade. É no entanto natural que, com o aumento da escala21 dum estudo
realizado numa área muito inferior, softam algumas alterações tanto nos seus limites
como na sua designação. Dado que a unidade designada por Maciço Calcário Coimbra-
Tomar, se encontrava, ao nível do concelho, representada apenas de uma forma
marginal, entendeu-se inclui-la na área designada por Serra, tanto mais que muitas das
suas características a aproximam de forma notória do restante maciço calcário22.

4.2. Unidades e sub_unidades de paisagem propostas


São propostas três grandes unidades com uma designação que reflecte as sua
fisiografia (esta condiciona, ou é consequência de outros factores que por sua vez
justificam a sua individualização): a Serra, as Colinas e a Planície. Em relação às sub-
unidades manteve-se o mesmo critério na maior parte das situações mas, uma vez que
em certos casos esses limites eram mais ou menos coincidentes com bacias

21
Ao nível nacional, as unidades e grupos de unidades de paisagem foram definidas para uma escala base de
representação 1/250 000.
22
No entanto, como se verá, a sua individualidade para determinadas características fica assegurada uma vez que se
apresenta como uma :sub-unidade dentro da Serra
hidrográficas ou porque a designação de certas zonas era especialmente explícitas em
relação a determinadas características, optou-se por uma designação já existente na carta
militar.
São propostas para a Serra, 5 sub-unidades, para as Colinas, 11 e 3 para a
Planície.

4.2.1. Serra
A Serra domina todo o concelho como uma barreira que se estende a NO
ocupando cerca de 17% da área total. Em termos geológicos, fisiográficos, de
revestimento vegetal de ocupação humana a sua individualidade é perfeitamente
notória. Surge bruscamente, sobretudo nos dois terços inferiores da sua área,
acompanhados pelo arrife, como uma zona de enormes afloramentos rochosos. As
penas, os campos de lapiás, os cabeços configuram esculturas maravilhosas feitas
apenas pela natureza mas onde não é difícil visualizar formas antropomórficas ou
animalescas. Por toda a parte se nota a falta de água numa paisagem seca e desolada
mas ainda assim com uma beleza selvagem. Dominam os matos, principalmente
rasteiros, mas aqui e ali o pinhal e alguns eucaliptais, erguem-se como lanças no meio
de um exército. Algumas moitas de azinheiras, as mais das vezes rasteiras e inclinadas
pelo vento, parecem bandeiras desfraldadas. O olival sobe pelas encostas mas apenas
nas partes baixas, de solo vermelho e fofo onde crescem batatais e favais de sequeiro,
está cuidado e ainda é acarinhado na safra e contra safra. A serra está despovoada, a não
ser na zona do Vale da Serra, mas o fascínio que exerce é tal que atrai caminheiros,
espeleólogos, montanhistas e simples observadores da natureza. Estas características
conferem-lhe uma enorme importância em termos conservacionistas tanto nível da
flora23 como da fauna24. Esta zona tem também um elevado valor em termos culturais já
que se encontram aqui numerosos vestígios pré-históricos.
Como principais ameaças são de destacar os fogos que flagelam periodicamente
a região e as pedreiras que, sem cuidados aparentes no que toca à salvaguarda dos
mecanismos que possibilitem a sua posterior recuperação, vão "mordendo"
impunemente vastas áreas a Norte. O abandono indiscriminado e criminoso de lixos, um
pouco por toda a parte, é também um importante factor de degradação.

4.2.1.1. Serra de Fungalvaz

23
Para além das orquídeas, a diversidade do elenco florístico que constitui os matos e as numerosas espécies
rupícolas são um importante património natural. Muitas destas plantas têm um valor acrescido já que são espécies
potencia1mente importantes como aromáticas e medicinais.
24
Salienta-se o gato bravo espécie classificada com o estatuo de insuficientemente conhecido no Livro Vermelho
dos Vertebrados de Portugal, mas que é uma espécie constante do anexo II e IV da directiva Habitats considerada rara
mas a passar, brevemente, ao estatuto de vulnerável (Cancela d' Abreu-revisão do PDM de Évora - Estrutura
Ecológica Municipal). Numerosas espécies de morcegos cavernícolas são ocupam algumas das grutas existentes.
Entre as aves salienta-se, entre outras espécies rupícolas, o bufo real (Bubo bubo) considerado raro segundo o Livro
Vermelho. Dos répteis refere-se a víbora cornuda (Vipera latestei ) de estatuto inderterminado segundo o referido
livro.
Salienta-se o gato bravo espécie classificada com o estatuo de insuficientemente conhecido no Livro Vermelho dos
Vertebrados de Portugal, mas que é uma espécie constante do anexo n e IV da directiva Habitats considerada rara
mas a passar, brevemente, ao estatuto de vulnerável (Cancela d' Abreu-revisão do PDM de Évora - Estrutura
Ecológica Municipal). Numerosas espécies de morcegos cavernícolas são ocupam algumas das grutas existentes.
Entre as aves salienta-se, entre outras espécies rupícolas, o bufo real (Bubo bubo) considerado raro segundo o Livro
Vermelho. Dos répteis refere-se a víbora cornuda (Vipera latestei ) de estatuto indeterminado segundo o referido
livro.
Esta sub-unidade ocupa todo o quarto superior da serra. Diferencia-se pela
existência de dois cursos de água bem pronunciados com marcas de erosão muito
vincadas. Apresenta notável uniformidade quanto ao revestimento vegetal constituído
exclusivamente por matos. Inclui algumas pedreiras de brita gigantescas.

4.2.1.2. Serra de Aire


A serra, à excepção dos seus cumes arredondados, apresenta encostas, orientadas
para SO, com uma inclinação acentuada. Está revestida de matos com porte elevado nos
vales mais pronunciados e sopé da serra, mas rasteiros no topo. Encontram-se alguns
núcleos de azinhal. A base da encosta, a Sul, está coberta de florestas de produção
praticamente constituídas apenas de pinheiro bravo. Por todo lado são visíveis os
afloramentos rochosos.

4.2.1.3. Chãs
As Chãs ocupam uma área de relevo suave com solos frescos e férteis. Está
revestida de olival bem cuidado mas com árvores na sua maior parte de porte reduzido e
que ainda vão sendo plantadas de tanchão. O sub-coberto do olival apresenta algumas
manchas de matos diversificados encontrando-se aqui e ali algumas azinheiras. Existem
também algumas zonas de agricultura de sequeiro, com notável diversidade, que
beneficia da fresquidão dos solos, permitindo a instalação de espécies que noutros locais
seriam obrigatoriamente de regadio: milho, batatas, favas...

4.2.1.4. Vale da Serra


O Vale da Serra é uma imensa depressão fechada e de declive suave. Apresenta
uma agricultura de sequeiro diversificada que está associada ao olival e a matos. É
também aqui que se encontram as únicas povoações e todo a serra em ligação com esta
zona agrícola. A depressão está rodeada de pinhais e algumas pequenas manchas de
eucaliptos.

4.2.1.5. Arrife
O arrife estende-se como um muro gigantesco que separa bruscamente a serra
das colinas. Tem um declive muito acentuado despenhando-se, por vezes, quase na
vertical. Dominam os matos com uma ou outra zona florestal. Tanto em termo
paisagísticos como naturais tem uma mais valia considerável já que, em termos visuais,
é uma barreira com uma força enorme oferecendo, em simultâneo, numerosas
oportunidades para a nidificação de variadas espécies de aves rupícolas.

4.2.2. Colinas
As colinas ocupam cerca de 78% da área total do concelho apresentando
algumas variações. São constituídas por pequenas elevações de topos mais ou menos
arredondados e encostas de declives por vezes bastante acentuados. O leito dos
principais cursos de água identifica-se perfeitamente já que em muitos casos é
acompanhado por várzeas bastante planas. No que respeita à cobertura vegetal apresenta
pouca uniformidade existindo área consideráveis de floresta mono-específica
principalmente de eucalipto mas também de pinheiros bravos. Nas várzeas, que
acompanham as principais linhas de água, ainda se encontra uma agricultura de regadio
por vezes extensiva e, em algumas encostas mais suaves, notam-se searas de culturas
arvenses de sequeiro, principalmente trigo. No entanto, à excepção de algumas
pequenas hortas associadas aos locais onde se pode disponibilizar a água, nota-se um
abandono generalizado da actividade agrícola sendo raros os figueirais que ainda são
cuidados. Parte do olival está também votado ao abandono, no entanto existem ainda
manchas consideráveis com elevada importância económica e que são também
importantes do ponto de vista da biodiversidade em particular para a avifauna.
Certas zonas ainda se encontram bem conservadas, e o uso do solo possibilita
uma diversidade de utilizações que, ao mesmo tempo, favorece a biodiversidade. Como
elementos a proteger destacam-se as sebes de compartimentação de folhas de culturas
ou que acompanham algumas vias de comunicação e pequenos bosques constituídos por
espécies autóctones. A vegetação ripícola que acompanha ainda o Rio Almonda e as
principais ribeiras reveste-se também da maior importância, não apenas pelo seu
diversificado elenco florístico, como também por fornecer abrigo e alimentação a
numerosas espécies de animais.
No que diz respeito às diversas espécies de plantas para além das associações
referidas anteriormente, se bem que sem tanta diversidade como na serra, destacam-se
também algumas espécies de orquídeas.
Entre as espécies de animais existentes salienta-se a lontra (Lutra lutra), que
ainda aparece, pelo menos no Rio Almonda, o texugo (Meles meles) e o toirão (Putoris
putoris) que, com alguma frequência, se encontra atropelado nas estradas. No que
respeita às aves referem-se a águia calçada (Hieraatus pennatus) e o peneireiro cinzento
(Elanus caeruleus)25, que nidificam no concelho. A existência destas espécies revela
que, obviamente sem a riqueza biológica de há alguns anos atrás, estas zonas têm ainda
um grande valor conservacionista.
Como principais ameaças salientam-se a poluição dos cursos de água, a mono-
cultura florestal (com a consequente destruição dos núcleos de espécies autóctones), e o
fogo.

4.2.2.1. Encostas da Bezelga


Definida pelo troço médio da Ribeira da Bezelga apresenta-se como uma zona
de acentuados declives. Está principalmente revestida de matos e olivais com algumas
manchas significativas de florestas de produção.

4.2.2.2. Lagoas do Pafarrão


Individualiza-se com alguma facilidade sendo a sua principal característica o
facto de estar delimitada numa zona de arenitos. A existência de numerosas lagoas, de
dimensões reduzidas, confere-lhe uma individualidade acrescida. O declive das encostas
é moderado. Em termos de revestimento vegetal apresenta algumas manchas de
florestas de produção (eucaliptos e pinhais) e pomares, de que se destacam os citrinos
nas zonas mais baixas.

4.2.2.3. Bacia do Alvorão


As encostas apresentam declives, acentuados a moderados, na base dos quais se
desenvolvem cursos de água, bem pronunciados, que individualizam diversas bacias
hidrográficas secundárias. As encostas estão cobertas de olival e matos e alguns
vinhedos. Na parte Norte apresenta uma mancha considerável de florestas de protecção
e, ao longo do leito principal da Ribeira do Alvorão, é notória a presença de uma faixa
de agricultura de regadio, principalmente constituída por pequenas parcelas de

25
Tem o estatuto de raro no livro Vermelho dos Vertebrados Portugueses.
hortícolas e milho.

4.2.2.4. Colinas do Paço


É constituída por colinas de encostas com declive de moderados a suave. O leito
da Ribeira de Pé de Cão é a bastante nítido. Domina o olival com algumas manchas de
matos. Existem pequenas parcelas de vinha e pomares. Se bem que estejam presentes
áreas de culturas arvenses de sequeiro, as culturas de regadio estão praticamente
ausentes.

4.2.2.5. Terras Pretas


É uma sub-unidade bastante pequena com colinas, de inclinação moderada,
drenada por duas pequenas bacias hidrográficas: a Ribeiro do Prior e da Murteira. O
revestimento vegetal é diversificado caracterizando-se por uma mancha de olival e
matos que envolve pequenas áreas agrícolas e florestais, vinhas e folhas de sequeiro.
Existem duas manchas de florestas de protecção.

4.2.2.6. Bacia de Árgea


As encostas têm uma inclinação de moderada a suave, desenvolvendo-se
principalmente na classe altimétrica entre os 50 e 100 metros. Apresenta grandes
manchas de florestas de produção, alguma agricultura de regadio associada às baixas,
pequenas manchas de matos e vinhedos.

4.2.2.7. Almonda superior


Encostas de inclinação acentuada individualizam um elevado número de
pequenas bacias hidrográficas. O topos das colinas são bastante suaves. Uma faixa de
agricultura de regadio acompanha todo o leito do rio, praticamente até à nascente.
Domina o olival associado ao figueiral, com algumas manchas de matos e áreas
agrícolas e florestais.

4.2.2.8. Colinas de Riachos e Meia Via


As colinas apresentam encostas de inclinação acentuada a moderada ou até
suave. Inclui grandes manchas de florestas de produção maioritariamente constituídas
por eucaliptais mas também com alguns pinhais. Existem algumas áreas de agricultura
de regadio e de sequeiro envolvidas por olivais abandonados.

4.2.2.9. Colinas de Parceiros da Igreja


Caracteriza-se pela existência de colinas com encostas de declives acentuados
com os cumes bastante suaves. Domina o olival associado ao figueiral. Apresenta
numerosas sebes de compartimentação de que sobressaem as silhuetas esguias de
ciprestes. Encontram-se pequenas manchas de agricultura de regadio, associada aos
cursos de água, e de sequeiro por vezes aproveitando os cumes mais suaves.

4.2.2.10. Colinas da Brogueira


Esta sub-unidade inclui diversas colinas com declives principalmente
moderados. Desenvolve-se maioritariamente entre a curva de nível dos 50 e dos 100
metros. Tem no seu interior uma grande área de olival associado a figueiral em conjunto
com grandes manchas de áreas agrícolas e florestais e alguns vinhedos.
4.2.2.11. Encostas do Boquilobo
Estão incluídas nas cotas entre os 20 e os 50 metros apresentando colinas de
encostas com declives acentuados a moderados e mesmo suaves. Ocupa o troço inferior
da bacia hidrográfica da Ribeira do Boquilobo. É caracterizada pela existência de
grandes manchas com revestimento vegetal homogéneo. A parcela mais significativa é
ocupada por eucaliptais, seguindo-se um extenso olival da Quinta do Paul. A Quinta de
Caniços pertence a vinha, que ocupa a maior extensão em todo o concelho. Existem
ainda algumas manchas área agrícola e florestal e agricultura de regadio. As três zonas
de floresta de protecção têm valor considerável em termos conservacionistas.

4.2.3. Planície
Estes terrenos, praticamente sem inclinação, ocupam apenas cerca de 5% da
área total do concelho. Esta é a principal característica desta unidade onde, à excepção
da mata ribeirinha que acompanha o traçado do Rio Almonda e de algumas valas,
praticamente não existem árvores.

Os solos de aluvião muito férteis, têm um elevado rendimento agrícola. O milho


domina por toda a parte se bem que alguns seareiros ainda cultivem o tomate.
Recentemente nota-se uma tendência para a substituição do milho pela beterraba
sacarina que ocupa já uma área considerável. Por vezes são feitas duas culturas sendo a
invernante de hortícolas.
Existe uma grande disponibilidade de água que permite a agricultura extensiva e
intensiva. No entanto a excessiva exploração dos lençóis freáticos, através de inúmeros
furos levanta já alguns problemas. As cheias directamente relacionadas com o Rio Tejo,
e uma má drenagem do Rio Almonda atendendo às cotas muito baixas, originam cheias
frequentes que por vezes inviabilizam as colheitas.
Esta zona tem uma enorme importância em termos da biodiversidade, em
especial no que se refere à avifauna especialmente durante o Inverno mas também em
zonas que, marginais para a agricultura por serem excessivamente húmidas, apresentam
associações vegetais de enorme importância como caniçais ou bunhais. O facto de
incluir parte da Reserva Natural do Boquilobo e um outro pequeno paul sem estatuto de
protecção justifica e explica o seu elevadíssimo valor em termos biológicos26.
O principal problema é a excessiva utilização dos recurso hídricos que conduz
ao seu empobrecimento progressivo, já que não são suficientemente recarregados. A
poluição tanto das águas superficiais com excessiva carga orgânica, como dos lençóis
freáticos por abusiva utilização de fertilizantes. Esta utilização exagerada pode originar
uma progressiva salinização dos solos que, em alguns casos, já se manifesta pela
presença, em grandes extensões, de povoamentos mono específicos de plantas herbáceas
nitrófilas.

4.2.3.1. Várzeas do Almonda


Acompanham o Rio Almonda e o troço finais de alguns dos seus afluentes. As
margens destes cursos de água estão bem revestidos de mata ripícola com elevada
diversidade de espécies. A agricultura de regadio desenvolve-se em talhões mais ou

26
Na Reserva Natural do Paul do Boquilobo estão inventariadas mais de 200 espécies de aves invernantes e
nidificantes e muitas delas apresentam o estatuto de raras ou vulneráveis.
menos reduzidos. Por vezes sofrem alagamento, mas apenas em cheias com um longo
período de retorno, provavelmente próximo dos dez anos.

4.2.3.2. Terraços fluviais


Apresentam uma cota altimétrica que, apesar de ser ainda bastante baixa, os
individualiza em relação às terras baixas circundantes, impedindo o seu alagamento.
São constituídos por cascalheiras e assim, ainda que com extensas áreas de culturas
arvenses de regadio, apresentam menor fertilidade.

4.2.3.3. Lezíria
Esta área literalmente sem desníveis apresenta os solos de maior fertilidade de
todo o concelho. Caracteriza-se também por uma quase ausência de árvores,
exceptuando as que acompanham o traçado do rio Almonda e de alguma valas. É
periodicamente atingida por cheias, com um período de retorno próximo dos 5 anos,
acentuadas por uma má drenagem. Tem um elevadíssimo valor em termos da
biodiversidade especialmente para a avifauna.

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