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Prova escrita de Português -12º ano Duração da Prova: 100 min.

GRUPO I - EDUCAÇÃO LITERÁRIA (100 pontos)


A
Lê atentamente o poema seguinte.

Sol nulo dos dias vãos,


Cheios de lida e de calma,
Aquece ao menos as mãos
A quem não entras na alma!

Que ao menos a mão, roçando


A mão que por ela passe,
Com externo calor brando
O frio da alma disfarce!

Senhor, já que a dor é nossa


E a fraqueza que ela tem,
Dá-nos ao menos a força
De a não mostrar a ninguém!

Fernando Pessoa, in Richard Zenith (ed.), Poesia do Eu, «Obra Essencial de Fernando Pessoa»,
3.ª edição, Lisboa, Assírio & Alvim, 2014.

1. Identifica o pedido realizado na primeira estrofe e explicita o seu sentido.


2. Indica um recurso expressivo presente no verso «O frio da alma disfarce!» e refere
o seu valor.
3. Explica o conteúdo da última estrofe enquanto conclusão do poema.

Selecione apenas um dos textos.


B.

Leia o seguinte excerto de Os Maias, de Eça de Queirós.


– Vamos nós ver as mulheres – disse Carlos.
Seguiram devagar ao comprido da tribuna. Debruçadas no rebordo, numa fila muda, olhando
vagamente, como de uma janela em dia de procissão, estavam ali todas as senhoras que vêm no
High Life dos jornais, as dos camarotes de S. Carlos, as das terças-feiras dos Gouvarinhos.
5 A maior parte tinha vestidos sérios de missa. Aqui e além, um desses grandes chapéus emplumados
à Gainsborough, que então se começavam a usar, carregava de uma sombra maior o tom trigueiro

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de uma carinha miúda. E na luz franca da tarde, no grande ar da colina descoberta, as peles
apareciam murchas, gastas, moles, com um baço de pó de arroz.
10 Carlos cumprimentou as duas irmãs do Taveira, magrinhas, loirinhas, ambas corretamente
vestidas de xadrezinho: depois a viscondessa de Alvim, nédia e branca, com o corpete negro
reluzente de vidrilhos, tendo ao lado a sua terna inseparável, a Joaninha Vilar, cada vez mais cheia,
com um quebranto cada vez mais doce nos olhos pestanudos. Adiante eram as Pedrosos, as
banqueiras, de cores claras, interessando-se pelas corridas, uma de programa na mão, a outra de pé
15 e de binóculo estudando a pista. Ao lado, conversando com Steinbroken, a condessa de Soutal,
desarranjada, com um ar de ter lama nas saias. Numa bancada isolada, em silêncio, Vilaça com duas
damas de preto.
A condessa de Gouvarinho ainda não viera. E não estava também aquela que os olhos de Carlos
procuravam, inquietamente e sem esperança.
20 – É um canteirinho de camélias meladas – disse o Taveira, repetindo um dito do Ega.
Carlos, no entanto, fora falar à sua velha amiga D. Maria da Cunha que, havia momentos, o
chamava com o olhar, com o leque, com o seu sorriso de boa mamã. Era a única senhora que ousara
descer do retiro ajanelado da tribuna, e vir sentar-se em baixo, entre os homens: mas, como ela
disse, não aturava a seca de estar lá em cima perfilada, à espera da passagem do Senhor dos Passos.
25 E, bela ainda sob os seus cabelos já grisalhos, só ela parecia divertir-se ali, muito à vontade, com
os pés pousados na travessa de uma cadeira, o binóculo no regaço, cumprimentada a cada instante,
tratando os rapazes por «meninos»… Tinha consigo uma parenta que apresentou a Carlos, uma
senhora espanhola, que seria bonita se não fossem as olheiras negras, cavadas até ao meio da face.
Apenas Carlos se sentou ao pé dela, D. Maria perguntou-lhe logo por esse aventureiro do Ega. Esse
30 aventureiro, disse Carlos, estava em Celorico, compondo uma comédia para se vingar de Lisboa,
chamada «O Lodaçal»…
– Entra o Cohen? – perguntou ela, rindo.
– Entramos todos, Sra D. Maria. Todos nós somos lodaçal...
Eça de Queirós, in Os Maias, cap. X, Porto, Livros do Brasil, 2014.

4. Caracterize o público feminino presente no hipódromo.

5. Refira a funcionalidade deste excerto, relacionando-o com o subtítulo da obra.

B1

Leia o seguinte poema de Luís de Camões.

Amor, co a esperança já perdida,


Teu soberano templo visitei;
Por sinal do naufrágio que passei,
Em lugar dos vestidos, pus a vida.

Que queres mais de mim, que destruída


Me tens a glória toda que alcancei?
Não cuides de forçar-me, que não sei
Tornar a entrar onde não há saída.

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Vês aqui alma, vida e esperança,
Despojos doces de meu bem passado,
Enquanto quis aquela que eu adoro:

Nelas podes tomar de mim vingança;


E se inda não estás de mim vingado,
Contenta-te com as lágrimas que choro.
Luís Vaz de Camões, in A Lírica de Luís de Camões,
Lisboa, Editorial Comunicação, 1988.

4. Explique a oposição passado/presente patente no poema, justificando com elementos


textuais.
5. Estabeleça um paralelo entre a vivência amorosa do sujeito poético e a de Carlos da Maia.

GRUPO II
LEITURA E GRAMÁTICA (50 pontos)

Leia o texto.

A literatura é uma expressão artística ambiciosa, que usa sangue e corpo, que tem de ser livre —
como todas as expressões de arte ou a própria vida. Deverá ser simples e compreensível como uma
correnteza de água, como um estremecer de folhas de árvore. Quanto a mim, o papel da literatura
não é explicar o mundo. A literatura é o próprio mundo. Porque são sentimentos, ideais, histórias
5 experimentadas, visitas, efabulações, desenhos de memórias, conquistas, alegria e desespero.
Ana María Matute é totalmente clara. Não escreve sobre o eterno Eu e o Tu e o Tu e o Eu; abraça
toda a humanidade. Por exemplo, em Paraíso inabitado, revela a inteira psicologia da vida desde os
primeiros anos da protagonista, Adriana, que são os nossos primeiros anos rumo a um salto
assombroso nesse perigoso e absurdo abismo que é a adolescência, túnel sombrio de dúvidas e
10 indecisões que só o próprio adolescente consegue resolver.
Com tantos livros escritos, tantos prémios que a têm consagrado universalmente, há um que
destaco porque me toca particularmente, e é também, pelo que sei, o livro que a escritora mais gostou
de escrever: Olvidado rei Gudú.
E o livro que hoje apresentamos, A torre de vigia.
15 Ao entrar na leitura deste livro, imergimos num cenário onírico, denso e misterioso, onde
sobressai a Natureza, por vezes assustadora, outras de uma beleza escaldante. Este ambiente
enevoado e surreal de homens-lobos, ventanias, campos de neve de fome e de frio, mais as doçuras
do estio, de ameias de castelos, baronesas e barões, veados, javalis, gansos, lobos, cavalos brancos
e cavalos pretos, jovens iniciados cavaleiros, peles de ursos, flechas, salões, cozinhas e alcovas,
todo este universo existe, atavicamente, em todos nós. Está nos mais altos e escondidos sótãos da
nossa memória. E, com a ironia sempre presente, vivemos mais uma vez uma certa infância, ou
como uma criança pode e consegue sublimar atos ou situações terríveis pela construção dos
sonhos.
Este livro, o primeiro duma trilogia medieval, fala-nos de um filho de boas famílias, da sua travessia
da infância e entrada na adolescência com grande desassossego; da castelã, a baronesa de Mohl,
20 linda, ruiva e branca, que o inicia no amor carnal aos treze anos. Também essa atitude, brutal e
estranha, o faz compreender os mais rudimentares indícios da constituição psicológica do ser
humano. Conseguimos perceber este jovem a pensar e a transformar-se todos os dias, o que causa
alguma angústia.
É, pois, uma história de desejos, de descoberta, da eterna luta entre o bem e o mal, entre a luz
25 e as trevas.
Sei, sinto que Ana María Matute tem absoluta consciência das penas que uma pessoa suporta ao
longo desta permanência por aqui. Os seus livros são documentos, de extraordinária importância,
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que desenham a vida e as experiências do quotidiano de alguém que conviveu com a Guerra Civil
de Espanha e a Segunda Grande Guerra Mundial e o pós-guerra. A sua literatura é um grito de
libertação através do poder imagético de cada um. A fantasia está expressa em muitos dos seus
livros, atingindo o pico em Olvidado rei Gudú e Aranmanoth. Embora estes livros sejam um hino à
poderosa fantasia humana, são também a constatação da triste realidade da condição humana.
Ana María Matute enche-me de orgulho como mulher, como escritora, como exemplo de
conheci‑ mento, de experiência, de sabedoria, de humanidade.

CRISTINA CARVALHO, http://dererummundi.blogspot.pt/2011/10/apresentacao‑de‑ana‑maria‑matute.html


Instituto Cervantes, 13 de outubro de 2011, consultado em 14 de setembro de 2016 (com adaptações).

1. Com este texto, a autora visa apresentar

a sua opinião sobre o que deve ser a expressão literária.


o percurso literário de Ana María Matute.
a escritora Ana María Matute e o seu livro Olvidado rei Gudú.
a escritora Ana María Matute e o seu livro A torre de vigia.

2. Na segunda frase do texto, a referência à literatura

expressa um contraste.
contém uma analogia.
tem um valor sarcástico.
tem um valor irónico.

3. O antepenúltimo parágrafo do texto tem uma natureza

valorativa.
moralista.
didática.
prescritiva.

4. Na frase «nesse perigoso e absurdo abismo que é a adolescência» (linhas 8 e 9), encontramos

uma metonímia e um animismo.


uma metonímia e uma metáfora.
uma dupla adjetivação e uma metáfora.
uma dupla adjetivação e uma hipálage.

5. O uso da palavra «o» (linha 25) contribui para a coesão

lexical.
aspeto-temporal.
frásica.
referencial.

6. Na linha 30, as duas ocorrências da palavra «que» correspondem a

uma conjunção e um pronome, respetivamente.


um pronome e uma conjunção, respetivamente.
uma conjunção em ambos os casos.
um pronome em ambos os casos.

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7. O complexo verbal «têm consagrado» (linha 11) tem um valor aspetual

perfetivo.
imperfetivo.
genérico.
iterativo.

8. Identifique a função sintática desempenhada pela expressão «dos sonhos» (linha 22).

9. Identifique o deítico presente na linha 31.

9.1. Classifique‑o, tendo em conta a ideia que transmite.

10. Classifique a oração introduzida por «Embora» (linha 35).

GRUPO III
ESCRITA (50 pontos)

«Viverei fugindo / Mas vivo a valer»


Fernando Pessoa

Escreva um texto de opinião em que se refira à importância da autonomia na formação


da identidade de cada pessoa. Para comprovar o seu ponto de vista, apresente dois
argumentos que comprovem a validade da sua perspetiva e ilustre-os com exemplos.
Construa um texto bem estruturado (com introdução, desenvolvimento e conclusão),
com um mínimo de duzentas (200) e um máximo de trezentas (300) palavras.
Planifique o texto antes de o redigir e reveja-o no fim.

Observações:
1. Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços em
branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /opôs-se-lhe/). Qualquer número
conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2016/).
2. Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados — entre duzentas e trezentas palavras —
há que atender ao seguinte:
— um desvio dos limites de extensão indicados implica uma desvalorização parcial (até 5 pontos) do texto
produzido;
— um texto com extensão inferior a oitenta palavras é classificado com zero pontos.

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