Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
13.1 - Introdução
Cada vez mais ocorrem situações na fabricação em que os processos tradicionais não
são aplicáveis, em resultado da existência de novos materiais com uma maquinabilidade
muito baixa; de requisitos dimensionais e de precisões particulares; e, porventura, de facto-
res económicos. Hoje em dia existe um vasto conjunto de novos materiais para fins muito
específicos e que são praticamente impossíveis de maquinar através dos processos corren-
tes, por vezes devido também às formas complexas que possuem. A título de exemplo,
podemos referir a maquinação de superligas utilizadas na fabricação de turbinas e de turbo-
compressores, cuja forma é usualmente muito complexa. Outro exemplo é o da furação de
micro-furos ou furação de furos não circulares.
Para se atacarem estas situações, podemos encarar duas vias: a modificação dos proces-
sos tradicionais ou o desenvolvimento de novos processos. Neste capítulo discutiremos os
processos que são geralmente designados por não convencionais. Sendo o principal objecti-
vo a remoção do material para a obtenção da forma final, iremos descrever genericamente
os processos diferentes, focando os aspectos mais fundamentais de cada um deles. Na Tabe-
la 13-1 sumariamos os processos mais comuns.
266 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
TABELA 13-1
PROCESSOS NÃO CONVENCIONAIS DE MAQUINAÇÃO
Mecânica e electroquí- Distorção plástica e con- Movimento mecânico e cor- Rectificação electroquímica
mica dução iónica rente eléctrica (ECG)
Bolha de óleo
Implusão da bolha
Zona quente
O número de pontos de descarga numa superfície é variável e, como iremos ver adiante,
será função dos parâmetros do processo. Para melhor se entender este mecanismo, conside-
remos dois eléctrodos conforme se ilustra na Fig.13-2. Embora as superfícies de partida
possam ser lisas, elas possuem asperidades e rugosidades que implicam uma folga entre as
superfícies conjugadas não constante. Haverá um ponto algures, por exemplo A, que estará
mais próximo e onde haverá a disrupção da faísca em primeiro lugar. Após a formação da
cratera no ponto A, este deixará de ser o mais próximo e outro, também algures, seja B;
ficará a ser o mais próximo. Assim, neste processo cíclico, haverá um faíscamento generali-
zado que tende a manter a folga entre as duas superfícies. Se o eléctrodo tiver uma forma
esculpida (Fig.13-3) resultará a figura negativa na peça.
Eléctrodo
(-)
D E B A C
do tenha uma taxa de erosão maior que o cátodo. Por isso utiliza-se a peça preferencialmen-
te como ânodo. Há, no entanto, outros factores que justificam que a taxa de remoção de
material no cátodo seja muito menor do que a taxa de remoção de material na peça (ânodo)
designadamente:
– A quantidade de movimento com que a corrente electrónica colide com o ânodo é maior
do que a quantidade de movimento dos iões positivos contra o cátodo, pois têm muito
menor massa.
– A pirólise do fluído dieléctrico (normalmente um hidrocarboneto) tende a criar um filme
de carbono em torno do cátodo, protegendo-o.
– Gera-se uma força de compressão na superfície do cátodo.
Servo
Vo C Eléctrodo (-)
Com o decorrer do processo, a folga vai aumentando, sendo necessário aumentar a ten-
são entre os dois eléctrodos ou a sua aproximação no sentido de se manter a folga. É por
esta razão que os equipamentos modernos possuem servo sistemas que mantêm a folga
constante. Há outros aspectos que são fundamentais para a análise tecnológica que iremos
fazer no decorrer destes apontamentos que importa considerar.
depende da folga, do dieléctrico e dos materiais do eléctrodo e da peça. Embora para eléc-
trodos metálicos o comportamento seja sempre o mesmo, com eléctrodos de grafite a tensão
durante a descarga é cerca de 1,5 vezes maior. Na Fig.13-4 mostramos o comportamento
típico da tensão. Isto significa que numa situação real o operador de um equipamento só
tem controlo sobre este parâmetro por variação da folga. A corrente na descarga é essen-
cialmente determinada pela fonte de alimentação da máquina de erosão.
Tensão inicial
Tensão de descarga:
Tensão, V
eléctrodo de grafite
eléctrodo metálico
O ajuste óptimo é sempre o máximo que a máquina permitir com segurança. Porém,
também aqui há aspectos a considerar, designadamente a indutância do circuito, porque se o
tempo for muito curto pode não ser suficiente para o acúmulo da energia necessária
(Fig.13-5). Em muitos casos a corrente é diminuída para se ajustarem a condições de
maquinação específicas, designadamente de acabamento.
Tempo de Tempo de
subida queda
Corrente, I
Corrente
de Pico
Capacitância do circuito
1
W CV 2 (13-2)
2
270 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
1 1
W CV 2 VI t (13-3)
2 2
Pico maior
I Curvas de igual
energia
W = (1/2) V I t
Frequência de descarga
1 ciclo
Tempo de
Tensão, V
desionização
Se, por exemplo, tivermos uma faísca com 5A de corrente haverá uma dada porção de
material que é removida. Se duplicarmos a frequência, sem aumento de corrente, formam-
se duas faíscas com metade da energia de onde resultam duas crateras de menores dimen-
sões. O aumento da frequência implica o aumento da impedância do circuito devido à parte
indutiva do mesmo e a corrente diminui na proporção. Por isso, se duplicarmos a corrente e
PROCESSOS NÃO CONVENCIONAIS DE MAQUINAÇÃO 271
Baixa frequência
Alta frequência
Liso
– o circuito de carga
– o circuito de descarga
– as condições de formação de arco eléctrico
1
Este circuito é basicamente o proposto por Lazarenko. Apesar de já não se utilizar, tem a vantagem de permitir entender
as limitações do processo.
272 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
O circuito de carga
t t
Vc V0 1e RC V0 1e
(13-4)
R
Faísca
ic Vc C id Rd Vd
Vo
Vo
Vd
Variação da Tensão
O objectivo subjacente a esta análise, é conseguir-se uma relação Vcmax / Vo por forma a
transmitir o máximo de potência à faísca no momento da descarga, para se conseguir
maximizar a taxa de remoção de material. A energia libertada numa faísca é a energia acu-
mulada no condensador que é
PROCESSOS NÃO CONVENCIONAIS DE MAQUINAÇÃO 273
1
W C Vd2 (13-6)
2
em que o tempo de ciclo é a soma do tempo de carga com o tempo de descarga. Pela
expressão (13-4) parece óbvio que
t
c t
c
V d V0 1 e RC V0 1 e (13-8)
V2 1
W o
2R
1 e 2
(13-10)
Para que a potência transferida na descarga seja máxima, deve ser tal que
W
0 (13-11)
opt
Assim, obtemos
que conduz a opt=1,26. Logo que (= tc /RC) seja conhecido, o valor de Vd/V0 é imediato e
dado por
Vd
1 e opt 1 e 1, 26 0,72 (13-13)
V0
Para maximizar potência transferida, a tensão de descarga deve ser 72% da tensão de ali-
mentação.
Desta análise, os parâmetros de regulação do processo são a resistência e a capacitância
do circuito de relaxação; a corrente de carga e a tensão de descarga, que é regulada pela
folga peça-eléctrodo.
274 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
Circuito de descarga
Vo id max R Vc (13-16)
Num dado instante inicial t = 0, a diferença de potencial no indutor é igual à tensão nos
terminais do condensador, pelo que podemos escrever:
d id Vc 0
(13-18)
dt L
2 1 2
2 (13-26)
t r r r z2
t 0 ( r , z ,t ) 0
t 0, r a , 0 (13-27)
z
Q
0 r a 2
z a t d
a
Entrega de Calor, Q
0 r
z z
0
Tempo, t
td
(a) Entrega de calor constante (b) Fluxo uniforme de calor (c) Fonte circular de calor
Uma vez que, de forma intuitiva, se pode ver que a profundidade máxima da zona de
fusão deverá ocorrer no centro2, o interesse é procurar a solução para r = 0. Assim, a tem-
peratura num ponto do eixo de simetria, no final da descarga é dada por
z d
J o a J a e z erfc
1 Q
( 0, z ,t d ) t d (13-28)
2 a 2 td 2 t d
0
Q
onde é a variável muda. A quantidade representa a densidade de fluxo de calor. Se
a 2 td
for z = hc, a profundidade até onde ocorre a fusão, o resultado da integração é
2 Q td hc hc2 a 2
m ierfc ierfc (13-29)
a 2td 2 td 2 td
onde
1
ierfc ( ) e erfc ( )
2
erfc ( ) 1 erf ( ) (13-30)
2
erf ( ) e x dx
2
0
2
Assumimos que a temperatura máxima se atinge no final da descarga, isto é , ao fim de td quando pára a
entrega de calor (Fig.13-10a).
278 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
Havendo fusão, a parte correspondente ao calor latente não contribui para o aumento de
temperatura, pelo que se deve subtrair ao valor do calor fornecido pela faísca. Assim, tere-
mos:
Q Qtotal Qm a 2 hc (13-31)
vc
6
hc 3a 2 hc2 (13-32)
0,32 1 300J
Q = 0.5 J
Altura da cratera, hc (mm)
-1 30J
2a = 0.8 mm 10
0,24 3J
Volume da Cratera, Vc
Zn 10-2
(cm3) 103
0,16 Al
10-3
Cu
10-4
0,08
10-5
0
10-7 10-6 10-5 10-4 10-3 10-2 10-6
10-6 10-5 10-4 10-3 10-2 10-1
Tempo de descarga td (s)
Tempo de Descarga, td (s)
60
Taxa de Remoção (mm3/s)
40
20
sação no avanço deste. Esta compensação deverá ser tanto maior quanto maior for a energia
transmitida na descarga. Todos estes factores têm de ser ajustados pelo método de "tentati-
va erro". Para se ter uma percepção de qual a influência relativa dos diferentes parâmetros
na taxa de remoção de material, na Fig.13-15 apresentamos o efeito da variação da resistên-
cia, da corrente, da capacitância e da folga, assumindo que estamos a funcionar com o cir-
cuito de relaxação.
Taxa de remoção de
Taxa de remoção de
Vo2
material, ZM
material, ZM
Vo1
Rcr
Resistência, R (a) Corrente média, i (b)
Taxa de remoção de
Taxa de remoção de
material, ZM
material, ZM
Folga óptima
Folga peça-eléctrodo
Capacitância, C (c) (d)
Fig.13-15 Características de remoção de material na electroerosão e função dos parâmetros críticos:
(a) resistência; (b) corrente; (c) capacitância; (d) folga entre eléctrodo e peça.
EXEMPLO 13.1 Numa operação de electroerosão pretende-se abrir um furo quadrado de 10 mm numa chapa
de aço de 5 mm de espessura, com um eléctrodo de latão utilizando o querosene como dieléctrico. A resistên-
cia e capacitância do circuito de relaxação têm os valores, respectivamente, de 50 e 10 F. A fonte de ali-
mentação é de 200V e a folga é mantida num valor tal que garante a manutenção da tensão em 150V. Estimar
o tempo necessário para a execução do furo.
Solução: Dado que o material de base é o aço, podemos usar a eq.(13-36) para se estimar a taxa de remoção
do material. Assim, necessitamos de determinar a potência médias posta em jogo. A energia libertada em cada
faísca, de acordo com a eq.(13-6) temos
1 1
W CVd2 10 10 6 150 2 J 0,113 J
2 2
Podemos calcular o tempo de ciclo aproximado pela eq.(13-5)
V0
50 10 10 6 ln
200
t c RC ln 4
7 10 s
o
V V d 50
Assim, a potência média é
0 ,113
W 10 3 0 ,16 kW
7 10 4
Então, aplicando a equação (13-36) vem
Havendo um volume a remover de 1025 = 500 mm2, o tempo necessário para a remoção será de
500
t 306 min
1,63
PROCESSOS NÃO CONVENCIONAIS DE MAQUINAÇÃO 281
Dado que neste processo a remoção de material é feita por formação de sucessivas cra-
teras, é óbvio que quanto maiores elas forem, sobretudo em profundidade, mais rugosa será
a superfície. Como o tamanho das crateras depende da energia em cada faísca, esta contro-
lará a rugosidade superficial obtida. Na Fig.13-16 mostramos como a altura máxima do per-
fil Rt depende da capacitância C e da tensão de carga Vo. Empiricamente tem sido demons-
trado que a profundidade da cratera hc pode ser expressa em função da energia de descarga,
de forma aproximada, por
hc K 1 W 0 ,33 (13-37)
V03
V03 > V02 > V01
V02
Rugosidade, Rt
V01
Acabamento
0,6
Rectificação Desbaste
0,5
Acabamento
Lapidação Desbaste 0,4
Acabamento
0,3
0,2
Polimento
0,1
Superacabamento
0,0
Fig.13-17 Acabamento superficial em função da energia de descarga e em
comparação com outros processos.
uma relação entre a taxa de remoção de material e o acabamento superficial, não havendo
contudo, nenhuma que seja generalizável. Tendo em conta a maquinação dos aços, na lite-
ratura encontra-se um certo consenso na expressão
EXEMPLO 13.2 Numa maquinação de um aço por electroerosão com o circuito de relaxação utilizou-se
R=50-, C=10.F. A tensão da fonte de alimentação é Vo=200V e a tensão na descarga é Vd=150V. Nestas
condições, qual será a rugosidade máxima estimada.
Solução: Dado que o material de base é o aço e as condições são idênticas ao do exemplo anterior podemos
usar a taxa de remoção de material já determinada, isto é, ZM=1,633 mm3/min. Assim, utilizando a expressão
(13-39) e substituindo, obtemos
dw
A conicidade (Fig.13-18) resulta do facto de, na parte superior, ocorrerem mais descar-
gas do que na parte inferior. Esta conicidade varia na razão directa do quadrado do diâmetro
do eléctrodo (no caso de eléctrodos circulares) e pode ser controlado através do ajuste ade-
quado dos parâmetros operacionais.
O alargamento de furos ou cavidades depende, por uma lado da energia de descarga e,
por outro lado da limpeza do fluido na zona de descarga. Com efeito, quando o fluido está
contaminado por partículas, o comprimento efectivo da faísca é maior e produz crateras de
maiores dimensões, aumentando localmente a taxa de remoção de material. Na Fig.13-19
PROCESSOS NÃO CONVENCIONAIS DE MAQUINAÇÃO 283
4.0
3.0
200 Sobre-desbaste 2.0
Sobre-desbaste (m)
Conicidade (graus)
100 Conicidade 1.0
Material: Aço
Eléctrodo: 10 mm de diâmetro 0.5
Sem circulação forçada
1.0 0.1
0.01 0.1 0.2 0.3 1.0 2.0 Fig.13-19 Efeito da energia de descarga na coni-
Energia por faísca (J) cidade e no alargamento de furos.
Fontes de alimentação
C
Eléctrodo
Gerador D
Peça
Motor Fig.13-20 Gerador de impulsos rotativo.
corrente da placa cessa, a válvula torna-se condutora de novo, e o processo repete-se. Note-
se que neste circuito, a válvula pode ser substituída por um transístor com função análoga.
Ferramenta
C
Fonte de
CC
Válvula ou
transístor Peça
Este circuito pode ser simplificado com vantagens para a estabilidade operacional caso
a corrente que fluí do eléctrodo para a peça seja pulsada com uma frequência imposta.
Podemos conseguir isto com o circuito apresentado na Fig.13-22, onde se prescindiu do
condensador. Neste caso é o transístor de potência que fornece a impulso de energia na des-
carga. Este último, é possivelmente o circuito mais utilizado actualmente.
Eléctrodo
Fonte
Oscilador
DC
Fig.13-22 Circuito de impulso controlado onde a
Peça corrente é imposta com uma frequência estabele-
cida e sem condensador para acumulação de ener-
gia.
A simplicidade dos circuitos nada tem a ver com a simplicidade dos equipamentos. O
grau de sofisticação depende de cada fabricante, mas os equipamentos mais simples pos-
suem o controlo de parâmetros independente e de controlo manual. É o caso do equipamen-
to disponível no Laboratório de Tecnologia Industrial, do Departamento de Engenharia
Mecânica e Industrial da FCT/UNL, que mostramos na Fig.13-24.
Eléctrodos
A condição fundamental para um material poder ser utilizado como eléctrodo é a de ser um
bom condutor eléctrico. Por isso, qualquer metal é um candidato a ser eléctrodo, sendo uma
das. Para uma criteriosa selecção dos materiais há que atender aos seguintes aspectos:
Os materiais de eléctrodos mais comuns são, por ordem de custo, o latão, cobre, grafite,
algumas ligas de alumínio, ligas de cobre-tungsténio e de prata-tungsténio.
Fluídos dieléctricos
O fluído dieléctrico é uma das variáveis de electroerosão muito importantes. Ele possui
três funções essenciais:
– isolante entre a peça e o eléctrodo;
– refrigerante da superfície da peça;
– agente de limpeza do espaço de folga entre a peça e o eléctrodo.
Para além destas, ele tem também um efeito importante no desgaste dos eléctrodos e na
taxa de remoção de material. Os parâmetros determinantes no desempenho de um fluído são
a sua rigidez eléctrica (tensão a que o fluído ioniza) e a sua capacidade de recuperação.
Durante cada ciclo de trabalho a tensão deve ser removida até que o fluído recupere as suas
características iniciais (Fig.13-7). É claro que este tempo depende também da quantidade de
energia que foi transferida; quanto maior for esta, maior é o tempo necessário para a sua
286 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
recuperação. Como vimos, isto implica limitações na frequência de descarga que se pode
introduzir no processo. As propriedades indicadas para um bom dieléctrico são:
– baixa viscosidade;
– ausência de vapores tóxicos;
– neutralidade química;
– baixa tendência para a inflamação;
– custo baixo.
A água possui quase todas estas propriedades, mas dado que causa a oxidação dos
materiais a maquinar e dos equipamentos, a sua utilização é diminuta. A utilização da água
desmineralizada está limitada à electroerosão de fio. A sua utilização na erosão por penetra-
ção não é aconselhada por ser um mau isolante e dar origem a um mecanismo concorrente
de maquinação electroquímica incontrolável. Para estes casos, os fluidos mais comuns são o
querosene, parafina líquida e óleos de silicone.
Material: Aço
50 Desbaste Rc = 31-36
Dureza , RC
40
30
Acabamento
20
0 125 250 375 500 625 Fig.13-25 Influência da electroerosão na dureza
Distância à superfície (m) sub-superficial.
A utilização da maquinação por ultra sons foi inserida em 1945 por Farrer, embora
apenas em 1954 tenham aparecido os primeiros equipamentos. Este processo destinava-se
ao acabamento das superfícies executadas por electroerosão, contudo hoje em dia o seu
campo de aplicação é mais vasto embora ainda que não constitua um processo tecnológico
estabilizado. O princípio fundamental envolve uma ferramenta que vibra a alta frequência
com uma emulsão abrasiva que se interpõe entre a ferramenta e a peça (Fig.13-26). A fer-
ramenta é impulsionada com uma força constante e o impacto produzido pela vibração
PROCESSOS NÃO CONVENCIONAIS DE MAQUINAÇÃO 287
Vibração ultrasónica
Ferramenta
Emulsão
abrasiva
Embora os fundamentos físicos do corte por ultra sons não estejam ainda estabelecidos,
podemos explicar fisicamente como se dá a remoção do material. Neste processo, verifica-
mos a existência de três efeitos:
– impacto das partículas na superfície a maquinar;
– erosão devido à cavitação; e
– acção química apropriada ao fluido utilizado na emulsão
Vários investigadores tentaram desenvolver teorias que permitissem prever as caracte-
rísticas da maquinação por ultra sons. O teoria de Shaw[13.] é a mais divulgada e aceite na
sua generalidade e apesar das limitações, explica a remoção de material de forma relativa-
mente satisfatória. Neste modelo, o impacto directo da ferramenta nos grãos em contacto
com a superfície é o principal factor de remoção e assume-se que:
– a taxa de remoção de material é proporcional ao volume de material por impacto;
– a taxa de remoção de material é proporcional ao número de partículas que coli-
dem em cada ciclo;
– a taxa de remoção de material é proporcional à frequência de vibração;
– todas as colisões são idênticas
– todos os grãos são idênticos na sua forma e aproximadamente esféricos.
ZM v N p f (13-41)
Consideremos agora que uma partícula rígida e esférica do abrasivo, de diâmetro d colide
com a superfície a maquinar. Ela produz na superfície uma impressão com a forma de uma
calote de diâmetro D e com uma altura de penetração h, que indicamos na Fig.13-27. Por
análise geométrica podemos escrever
288 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
Grão
abrasivo
d/2
h
D
Fig.13-27 Esquema de uma partícula em colisão com a
Peça superfície a maquinar. A partícula esférica produz uma
impressão em forma de calote.
2 2 2
D d d
h (13-42)
2 2 2
ou
D 2 d 2 d 2 2h
2
D2 4 d h 4 h2 (13-43)
Uma vez que a altura h é normalmente pequena quando comparada com o tamanho da par-
tícula, o diâmetro da impressão pode ser aproximadamente expressa por
D2 dh (13-44)
Assumindo agora, que o material desalojado em cada impacto é proporcional a D3, obtemos
Z M dh 2 N p f
3
(13-45)
F t dt
1
F i
T
0
onde T é o período de cada ciclo. Dada que o intervalo de tempo format é pequeno, pode-
remos assumir que a variação ilustrada na Fig.13-28 é aproximadamente triangular, e
Fimax
T (período)
Força
T
Ferramenta
Posição superior C
Tempo requerido
Posição média O
= T/4
Quando o grão toca A
Posição inferior B
Grão abrasivo Tempo requerido Fig.13-29 Sequência de eventos num
= T quarto de ciclo durante a maquinação por
Peça ultra sons.
Assim, para tornar mais claros estes conceitos, na Fig.13-29 ilustramos a sequência de
eventos num ciclo e as várias posições da ferramenta. A posição A indica o instante em que
a ferramenta toca o grão abrasivo. O intervalo de A para B representa o trajecto de colisão,
onde a partícula penetra o material.
Neste processo de colisões, a partícula abrasiva produz penetrações ou impressões tanto
na ferramenta com o na peça, como ilustramos na Fig.13-30.
Ferramenta
B ht
Grão
abrasivo
Fig.13-30 Impressões causadas na ferramenta e na
peça pela partícula abrasiva na maquinação por
Peça ultra sons.
Não devemos esquecer que durante o período t, existem Np grãos em contacto com a peça.
Assim, a força em cada grão é Fimax/Np. Calculemos agora a área de contacto aproximada do
grão com a superfície. Ela será dada por
D 2 d hw (13-49)
4
Deste modo, admitindo uma distribuição uniforme, o valor aproximado das tensões produ-
zidas pelas partículas na superfície da peça, serão
Fi max
w (13-50)
N p dhw
O valor limite das penetrações de uma partícula na peça e na ferramenta ocorre quando as
tensões em cada um deles atingir os respectivos valores da dureza. Assim, a penetração na
ferramenta e na peça devem ter uma relação inversamente proporcional às suas tensões, isto
é, parece-nos razoável admitir
hf Hw
(13-52)
hw Hf
8F A
hw2 (13-53)
N p dH w 1
8F Ad
hw (13-55)
H w C 1
3
1
2 3 3
84 AF 4
d C f Z d C 4 f
8F Ad 2 1
ZM
H C 1 d2
M 3
Hw
4 1 4
3
w
ou simplificando
3
4
d C 4 f
AF 1
ZM (13-56)
H w 1
Ferramenta
d 3
2 f A2 3 d 3 f 2 A 2
1 1
Ec (13-57)
2 6 3
Comparando os valores de hw com h’w, vemos esta é muito mais pequena do que a primeira,
o que significa que a maioria do material é removido pelo efeito directo do impacto. As ten-
tativas de validação deste modelo demonstraram que a taxa de remoção de material é pro-
porcional ao diâmetro das partículas d e não a d1/4, como está estabelecido pela equação
(13-55). Uma explicação possível desta discrepância entre a teoria e a experimentação é a
que se segue:
A forma real das partículas não é esférica nem lisa como foi suposto, mas sim uma
forma irregular, com saliências com diâmetro médio d1 (Fig.13-32). Este diâmetro é pro-
porcional ao quadrado do diâmetro nominal do grão, isto é
d1 d 2 (13-61)
Para pequenas penetrações, o diâmetro efectivo das impressões será d1. Deste modo, a
eq.(13-44) toma a forma
Gr
d1 i
Z M d 1 hw 2 N p f
3
(13-62)
8 FA C
onde hw2 e Np 2
N p d1 H w 1 d
Teórica
Taxa de remoção de
material
Real
A teoria de Shaw, que foi apresentada, possui um conjunto de limitações. Com efeito,
não prediz a influências das variações da amplitude A, da força F e da frequência f. Quando
se aumenta a força e a taxa de remoção aumenta. Porém, experimentalmente, verifica-se
que a partir de certo valor desta força, a taxa de remoção de material diminui (Fig.13-33).
Isto deve-se a que, quando a força é muito grande, os grãos de abrasivo são esmagados e
desfeitos. Em todo o caso, aquela expressão pode dar-nos uma ideia aproximada do valor da
taxa de remoção de material.
EXEMPLO 13.3: Determinar o tempo necessário para a maquinação de um furo quadrado de 5 mm de lado,
numa placa de carboneto de tungsténio com uma espessura de 4 mm. Os grãos abrasivos de que dispomos têm
uma granulometria de 0,01 mm de diâmetro. A força de avanço é de 3,5 N e a amplitude de oscilação é de 25
m, com uma frequência de 25 kHz. A dureza do WC é de 6900 N/mm2. O material de ferramenta é um aço
inox com uma dureza de 1378 N/mm2 e a emulsão utilizada tem uma concentração de 50% (1 parte de abrasi-
vo com 1 parte de água)
Solução: A eq.(13-63) dá-nos uma relação mais qualitativa do que quantitativa. Assumamos por exemplo, que
o volume removido por cada penetração de grão abrasivo pode ser aproximada a uma calote hemisférica. O
volume será
3
2 D
V com D 2 d1 hw
Grão abrasivo 3 2
onde d1 é o valor dado pela eq.(13-61). Então, podemos dizer que
2 d2
Peça
em que a é a dimensão do quadrado. Pelos dados do problema temos
também:
H w 6900
5.0
H t 1375
Usando a eq.(13-61), supondo pequenas penetrações, temos d1 =d2. Substituindo os valores obtemos:
Np = 159,155 partículas e hw = 0,0006 mm
Finalmente, a taxa de remoção de material dá-nos ZM = 0,122 mm3/s
Como o volume a remover é de 100 mm2, o tempo necessário será:
100
tm 820 s 13,7 min
0,122
Na prática, é natural que se encontrem tempos superiores dado que não entramos aqui com questões de ren-
dimento e fizemos algumas suposições com algumas constantes de proporcionalidade que devem ser confir-
madas com a prática.
294 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
De acordo com o ponto anterior, verificamos haver um conjunto de parâmetros que são
as variáveis fundamentais deste processo. Esses parâmetros são:
– frequência;
– amplitude da vibração;
– carga estática aplicada à ferramenta (força de avanço)(Fig.13-33);
– relação entre as durezas (tensões de cedência) do material da peça e da ferramenta;
– tamanho do grão;
– concentração da emulsão abrasiva.
Frequência
A eq.(13-63) prevê uma relação linear entre a taxa de remoção de material e a frequên-
cia. Na prática esta característica não é exactamente linear, sendo tendencialmente menor,
como se ilustra na Fig.13-34.
Téorica
Taxa de remoção de
Real
material, ZM
Amplitude
Quando a amplitude da vibração aumenta, pela eq.(13-63) espera-se que aumente a taxa
de remoção de material, facto expresso na Fig.13-35. A diferença entre o valor teórico e o
valor real resulta do facto de termos calculado a duração da penetração t a partir da velo-
cidade média v=4A/T, que se verifica na prática que ela é dada por
1 h
arc sin 1
2 f A 2
Aumento da
Taxa de remoção de
frequência
material, ZM
O efeito deste parâmetro é muito significativo como ilustramos na Fig.13-36. Com efei-
to, quando a dureza do material a maquinar aumenta a taxa de remoção de material diminui
drasticamente. Para além do aspecto da dureza é também importante a fragilidade do mate-
rial de base. Quanto mais frágil o material a maquinar tanto maior será a taxa de remoção
de material. Na Tabela 13-3 mostramos valores típicos para vários materiais.
Taxa de remoção de
material, ZM
TABELA 13-3
TAXAS DE REMOÇÃO RELATIVAS
(f =16,3 kHz, A=12,5 m, d=100 mesh)
Tamanho do grão
Teórico
Taxa de remoção de
material, ZM
Real
B4C
Taxa de remoção de
material, ZM
SiC
(b)
(b)
30 Fig.13-37b Taxa de remoção de material em fun-
Concentração, C (%) ção da concentração da emulsão.
Os abrasivos mais comuns são os carbonetos de boro B4C, o carboneto de silício SiC, o
óxido de alumínio Al2O3, o diamante e o silico-carboneto de boro. O mais eficaz neste pro-
cesso é o B4C embora o seu custo seja elevado. Os novos materiais de silico-carboneto de
boro são cerca de 10% ainda mais eficazes que os anteriores, mas o seu custo é muito mais
elevado. O SiC é utilizado para a maquinação do vidro, germânio e alguns materiais cerâ-
micos, embora o tempo de maquinação seja cerca de 20-40% superior aos obtidos com B4C.
Também o óxido de alumínio leva 3-4 vezes mais tempo do que aquele abrasivo. Os pós de
diamante são utilizados exclusivamente no talhe e acabamento de diamantes e rubis.
Relativamente à emulsão, há outras propriedades físicas que desempenham um papel
importante, designadamente a viscosidade. Alguns resultados experimentais demonstram
que a taxa de remoção de material varia de forma categórica com a viscosidade como se
mostra na Fig.13-38. Por essa razão, a água é o fluido mais utilizado embora sejam comuns
também o benzeno, o glicerol e alguns óleos de baixa viscosidade.
1,0
Taxa de Remoção de material relativa
0,75
0,5
0,25
100
50
25
Carboneto de W Fig.13-39 Rugosidade superficial em função da
0 granulometria do abrasivo.
0 50 100 150
Granulometria média (m)
Os elementos principais de uma unidade de maquinação por ultra sons, para além da
emulsão, já foi tratada anteriormente, são: (i) cabeça acústica; (ii) o mecanismo de avanço;
(iii) e a ferramenta.
Trandutor ou
vibrador
Gerador
Fluído
refrigerante
Concentrador
Mola
Ajuste de
amortecimento
Actuador Contrapeso
Cabeça hidráulico/
acústica pneumático Pinhão
Redutor
Amortecedor
Cabeça acústica
Concentrador
Concentrador Cabeça
acústica Motor
Concentrador
Controlo por mola Cremalheira
Mecanismo de Remoção fractura frágil induzida pelo impacto das partículas abrasivas
Meio utilizado Ar , CO2
Abrasivos B4C, SiC, Al3O2 e diamante 100-800 Mesh
Vibração 15-30 kHz
Frequência 25-100 m
Amplitude
Ferramenta
Material aço macio
Taxa de remoção 1,5 para peças de WC; 100 para peças de vidro
Desgaste de ferramenta
Eléctrodo
Peça Peça
3
ECM é abreviatura de Electrochemical machining
300 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
Movimento de
avanço constante Electrólito
Ferramenta
A constante de Faraday tem o valor de 26,8 Ah pelo que a expressão (13-64) toma a forma
T t
m (13-65)
26,8
A
A B
Potencial do
f.e.m. Eléctrodo A
+ B
Potencial do
Eléctrodo B
Potencial do
Electrólito Fig.13-45 Dissolução de um eléctrodo e respec-
tivo potencial.
(a) Dissolução e (b) Força electromotriz
deposição de material do elemento de pilha
Fe Fe 2 2 e 0 ,409 volt
Cu Cu 2 2 e 0 ,304 volt
V
Cu Fe Fe Cu
Fluxo de
electrões
NaCl + H2O
(a) Caso sem fonte (b) Caso com fonte Fig.13-46 Princípio da electrólise
de alimentação de alimentação
o que conduz a que a diferença de potencial entre os eléctrodos seja de 0,713 volt.
A natureza da electrólise depende do electrólito que é utilizado. Para melhor se enten-
der o processo de ECM, consideremos uma solução aquosa de cloreto de ódio como elec-
trólito (Fig.13-46b). As reacções no ânodo e no cátodo são
302 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
Fe Fe 2 e (no ânodo)
2 H 2 O 2 e H 2 2OH
(no cátodo)
A primeira das reacções mostra que o ferro se dissolve libertando 2 electrões; estes
combinam-se com a água, que liberta hidrogénio e forma dois iões de hidróxido. Os iões
metálicos movem-se em direcção ao cátodo. Os iões negativos de hidróxido movem-se em
direcção ao ânodo. Aí ocorre a reacção
Fe 2 OH Fe OH 2
AI
m (13-66)
ZF
100 1
ZM (13-69)
F xi Z i
i Ai
2
0,1035 10 1 cm3/A.s
ou ZM (13-70)
xi Z i
i Ai
4 Taxas de remoção
Taxa de remoção (g/min)
medidas
3
2
Taxas de remoção de acordo
1 com a eq.(13-70)
0
0 100 200 300
Fig.13-47 Remoção de material em função da cor-
Corrente (A) rente numa maquinação ECM do níquel.
Num processo de maquinação electroquímica, existem muitos outros factores que afec-
tam a remoção de material e raramente as coisas acontecem nas condições ideais que foram
supostas para o estabelecimento do modelo. Com efeito, as taxas de remoção de material na
prática são inferiores aos valores teóricos da eq.(13-70). Na Fig.13-47 mostramos um
exemplo de resultados de maquinação de uma peça de níquel. A taxa de remoção teórica foi
calculada na base de valência 2 para o níquel. À medida que se aumenta a corrente, a disso-
lução do metal ocorre a maiores potenciais e o níquel origina também iões trivalentes. Por
isso, com valores elevados da corrente a taxa de remoção de material teórica tende a ser
sempre superior ao valor real. Por vezes a valência iónica do metal depende também do
electrólito. Por exemplo, o cobre dissolve-se sob a forma monovalente em soluções de clo-
retos enquanto que em soluções de nitratos é bivalente. Na Tabela 13-2 apresentamos
alguns dados de diversos metais.
A relação entre a diferença de potencial dos eléctrodos e a corrente não muito simples.
O perfil de tensões está representado na Fig.13-48 e consiste no somatório de várias contri-
buições:
(i) Potencial do eléctrodo;
(ii) Sobre tensão devida à polarização; as mudanças electroquímicas num eléctrodo
estão em equilíbrio quando não flui qualquer corrente. O potencial do eléctrodo fun-
ciona como uma barreira diminuindo a rapidez da reacção e, portanto, é necessária
energia adicional para se conseguir a remoção de material;
(iii) Sobre tensão devida à concentração de iões junto da superfície dos eléctrodos. Esta
concentração actua também como uma barreira a passagem dos iões que se movem
em direcção ao eléctrodo de sinal contrário;
(iv) Sobre tensão devida à resistência óhmica resultante das películas que se formam à
superfície do eléctrodo, que oferecem uma resistência adicional.
304 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
TABELA 13-2
PESOS ATÓMICOS, VALÊNCIA IÓNICA E MASSA ESPECÍFICA DE ALGUNS ELEMENTOS
Se a sobre tensão no ânodo e no cátodo for V e a tensão aplicada for V, a corrente será
dada por
V V
I (13-71)
R
onde R é a resistência óhmica do electrólito.
Potencial do ânodo
Sobretensão para activação da polarização Sobretensão
Sobretensão óhmica do ânodo
V V - V Tensão óhmica
EXEMPLO 13.4 Numa maquinação electroquímica numa peça de ferro puro, pretende-se obter uma taxa de
remoção de material de pelo menos 5 cm3/min. Determinar a corrente necessária.
Solução: Pela Tabela 13-3 os valores do peso atómico, valência e massa específica, são, respectivamente, 56
g , 2 e 7,8 g/cm3. Usando a eq.(13-67) e substituindo os valores anteriores obtemos
5 56 I
60 7 ,8 2 96500
5 7 ,8 2 96500
Portanto, I 2240 A
60 56
Ni Cr Fe Ti Si Mn Cu
72,5% 19,5% 5,0% 0,4% 1,0% 1,0% 0,6%
Determinar a taxa de remoção de material quando se aplicar uma corrente de 1000A. Considere a valência
iónica mínima para cada um dos elementos.
Solução: A taxa de remoção de material é dada pela eq.(13-70). Calculemos, em primeiro lugar, a massa
específica da liga, que pode ser expressa por
100
xi
i i
y(t)
yo
Fig.13-49 Variação da folga em função do tempo
0 Tempo, t no caso de avanço nulo.
Avanço nulo
ou y y o2 2 t
Avanço constante
No caso anterior, a folga aumenta ao longo do tempo, o que não tem grande interesse
prático. Em situação real o eléctrodo possui uma velocidade de avanço constante com um
valor adequado à taxa de remoção de material. Quando a velocidade de avanço é igual à
PROCESSOS NÃO CONVENCIONAIS DE MAQUINAÇÃO 307
4
yo = 4
3 yo = 3
y 2 2
1,5
1
0,5 Fig.13-50 Evolução da folga ao longo do tempo,
para vários valores de folga inicial. Qualquer que
0 seja este valor tende-se sempre para uma folga de
0 2 4 6 equilíbrio.
t
Na Fig.13-50, mostramos esta solução para vários valores de folga inicial e podemos con-
cluir que qualquer que seja este valor se tende sempre para uma folga de equilíbrio.
Ferramenta
va va cos
y
y ye y ye
Vale
Peça
1
Pico
0
Ferramenta Fig.13-52 Maquinação electroquímica de uma
superfície irregular.
0
t 0 ln (13-80)
10 Picos Vales
Profundidade de maquinação em equilíbrio
expressa em unidades de folga para a tolerância
,0 1
=0
8 a 0,02
nc i
le r â 0,05
To
6 0,10
indicada.
4 0 ,0
1
0 ,0 o
2 naçã
0 ,0 aqui
2 5 d e de m inicial
0 ,1 a
id manh o
und
0 Prof al ao ta
igu Fig.13-53 Alisamento de uma superfície irregular
0
-1 0 1 2 3 maquinada por ECM.
Dimensão inicial do defeito,
PROCESSOS NÃO CONVENCIONAIS DE MAQUINAÇÃO 309
Esta equação diz-nos que teoricamente o tempo para remover completamente as irregulari-
dades é infinito. Porém na prática, logo que baixe do valor previamente estabelecido o
processo é terminado. Na Fig. 13-53 mostramos o efeito de alisamento da superfície.
EXEMPLO 13.6 Numa operação de maquinação electroquímica em superfícies planas a fonte de alimenta-
ção funciona a 10V. A condutibilidade eléctrica do electrólito é de 0,2 W-1.cm-1. A velocidade de avanço é de
1mm/min, e a peça é de ferro puro. Determine a folga de equilíbrio, considerando que a sobre tensão necessá-
ria é de 1,5 V
Solução: Para o ferro puro temos A=55,85 g, Z=2 e =7,86 g/cm3. Com a eq.(13-76) podemos calcular
Peça (Fe)
A V V 0,2 55,85 10 1,5
ye 60 0 ,04 cm
va Z F va 7 ,86 2 96500 0 ,1
8 m
Folga nominal
Vemos por este resultado que se ajustarmos o valor da folga pelo
5 m
valor teórico, na prática, dado que as superfícies nunca são per-
feitas, corre-se o risco de se produzirem curto circuitos.
Eléctrodo
EXEMPLO 13.7 As superfícies da peça e da ferramenta em maquinação electroquímica sã planas, mas pos-
suem rugosidades de 8 e 5 m, respectivamente, como se mostra na figura ao lado A tensão da fonte é de 12V
e as restantes condições são idênticas ao exemplo anterior. Determinar a velocidade de avanço máxima para o
processo.
Solução: O valor mínimo da folga será aquele que impede os eléctrodos de se tocarem, isto é, y=0,005 +
0,008 = 0,013 mm. Assim, quando ye=0,0013 cm o valor correspondente da velocidade de avanço será
Relativamente às forças de corte, pode parecer à primeira vista que as forças são des-
prezáveis devido à remoção de material ocorrer ao nível atómico. Porém, dado que o elec-
trólito é aduzido com caudal e pressão significativas, as forças podem atingir valores consi-
deráveis. A utilização de um fluxo intenso do electrólito advém da necessidade de:
– evitar concentração de iões (polarização dos eléctrodos);
– evitar a deposição no eléctrodo ferramenta;
– remover os produtos resultantes da precipitação;
– evitar o sobre aquecimento do electrólito.
Destes três factores, o último é muito importante para o bom funcionamento do proces-
so. Com efeito, deve ser prática corrente fazer-se a estimativa do caudal necessário para que
a temperatura não exceda um determinado valor previamente estabelecido.
310 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
Nestas circunstâncias, assumamos que todo o calor é gerado pela corrente eléctrica que
circula pelo electrólito. A elevação de temperatura d sofrida no trajecto dx (Fig.13-54),
pode ser determinada por
J 2 dx
d (13-80)
v e ce
L
v y
x
dx
x
Temperatura Peça Temperatura Fig.13-54 Aquecimento do electrólito ao longo do
do eléctrólito do eléctrólito seu trajecto no espaço da folga entre peça e fer-
o o+ ramenta.
0 1 0 (13-81)
J 2 dx
d (13-82)
0 1 0 e ce
J2
1 0 d 0 e ce v
dx C (13-83)
0,3164 e v 2 L e v 2
p (13-85)
2 y Re0 ,25 2
PROCESSOS NÃO CONVENCIONAIS DE MAQUINAÇÃO 311
EXEMPLO 13.8 Numa operação de maquinação electroquímica em ferro puro com uma ferramenta de
cobre quadrada de 25,4 mm, utilizando uma solução de salmoura, a velocidade de avanço foi de 2 mm/min. A
tensão da fonte é de 10 V sendo a sobre tensão necessária de 1,5 V. A temperatura de ebulição do electrólito é
de 95ºC. Determine a força na ferramenta, sabendo ainda que as propriedades do electrólito são as seguintes:
viscosidade = 0,87610-3 kg/m.s
massa específica = 1,088 g/cm3
calor específico = 0,997 cal/g.ºC
condutibilidade = 0,2 -1.cm-1
temperatura inicial = 35 ºC
Despreze a variação de condutibilidade do electrólito devida à variação de temperatura. O electrólito é aduzi-
do por um dos lados da ferramenta quadrada.
Solução: Em primeiro lugar tratemos da determinação da folga de equilíbrio. Os dados do ferro são os mes-
mos que nos exemplos anteriores e então
A V V 0,2 55,8510 1,5 60
ye 0 ,02 cm
va Z F va 7 ,86 2 96500 0 ,2
A elevação máxima admissível na temperatura será de 60 ºC para que o electrólito não entre em ebulição.
Assim, supondo que =0 , pela eq.(13-84) obtemos
J2 L 85 2 2,54
v 1410 cm/s
0 e c e 0,2 60 1,088 0,997
com esta velocidade podemos calcular o número de Reynolds
e v 2 ye
Re 7004
e
Como a pressão junto da ferramenta é o primeiro termo da eq.(13-85) temos
Dissolução selectiva
Peça
A
Potencial anódico Potencial necessário
B para a dissolução de
A, VdA
VdA
V V VdB
Peça Peça
Potencial Potencial anódico
A A
B B
VdA ’ VdA
y VdB Redução da y
VdB Fig.13-56 Redução da irregularidade
irregularidade
superficial por aumento do gradiente de
potencial entre as superfícies.
Eléctrodo Eléctrodo
Eléctrodo
Isolamento
P1 P2
Peça
V VP1
Fig.13-57 Irregularidade superficial devido à
VP2
interrupção do filme anódico.
dissolver ocorre uma concentração do campo eléctrico que causa, normalmente, a dissolu-
ção rápida destas fases, formando cavidades. Este fenómeno ocorre até um ponto P2, onde o
potencial já é tão pequeno que não ocorre qualquer dissolução.
y x (13-88)
Peça
y Pw(xw, yw)
va
y = (x)
Eléctrodo
P1 (x1, y1)
Então,
_______
y w y t Pw Pt cos cos
_______
(13-90)
x w xt Pw Pt sin sin
AV V
yt y w yw
ZFv a va
(13-91)
AV V
xt x w tg x w tg
ZFv a va
dy w
Fazendo tg as equações transformam-se em
dx w
yt y w
va
(13-92)
dy w
xt x w
v a dx w
Uma vez que a superfície da peça é dada pela eq.(13-88), a relação entre a coordenada y e a
coordenada x da correspondente superfície da ferramenta, será
d x w
yt xt (13-93)
va v a dx w
Sendo a superfície (x) especificada, é possível exprimir a sua derivada no ponto (xw,yw) em
função do ponto (xt,yt). Chamando a essa função (xt,yt), a superfície da ferramenta pode
ser representada por
y x x , y (13-94)
va va
d x w
então b 2 c xw (13-96)
dx w
d x w d x w
b 2 c xt (13-97)
dx w v a dx w
316 FUNDAMENTOS FÍSICOS DO CORTE DE METAIS
d x w b 2 c xt
ou xt , y t (13-98)
dx w
1 2c
va
EXEMPLO 13.9 Uma peça de cobre a fabricar por maquinação electroquímica possui uma superfície regra-
da descrita pela equação
y 10 0 ,3 x 0 ,05 x 2
Comentário: Note-se que esta metodologia se aplica quando as superfícies são bem comportadas, com deri-
vadas graduais, onde as linhas de corrente serão mais ou menos paralelas. Para formas mais complexas em
que as superfícies possuam cantos ou variações bruscas, é necessário ter-se em conta as equações do campo
eléctrico que aqui se assumiu constante.
Escoamento do electrólito
Uma regra básica a ter em conta no que diz respeito à concepção do escoamento é a
eliminação dos cantos agudos. Os cantos devem ser arredondados com raios de 0,7 a 0,8
mm, pelo menos, como esquematizamos na Fig.13-59.
Ferram.
Peça
Fig.13-59 Os cantos agudos devem ser evitados
para se garantir um escoamento sem perturbações.
A forma inicial de uma peça, em geral, não se coaduna com a ferramenta e só uma
pequena parte desta está perto da superfície a maquinar. O problema do fornecimento do
electrólito sobre as áreas mais distantes tem que ser resolvido através de restritores de fluxo
criteriosamente colocados (Fig.13-60). Lembra-se que as zonas onde não haja boa circula-
ção a taxa de remoção de material é menor. A colocação destes restritores deve obedecer à
seguinte regra: devem ser colocados adjacentes a uma área onde a proximidade das superfí-
cies é menor e devem estar colocados na zona de entrada ou de saída do electrólito.
Peça Peça
Em muitas situações, no entanto, a forma inicial da peça está próxima da forma da ferra-
menta, mas o próprio processo desenvolve a formação de bossas ou saliências. Estas são
por vezes benéficas no sentido de ajudarem a uma mais adequada distribuição de electrólito
(Fig.13-61). Uma ferramenta com um rasgo para a alimentação do electrólito é fácil de
fabricar, porém o rasgo origina a formação de pequenas saliências, mas que, sendo o rasgo
Peça Peça
são adequada para permitir o fluxo suficiente. O escoamento através de um destes rasgos é
sempre normal à superfície do rasgo e ao incidir numa superfície poderá desenvolver zonas
de estagnação onde a taxa de remoção de material é pequena. Por isso, deve-se sempre pro-
duzir os rasgos por forma a que terminem próximo de cantos da peça como se ilustra na
Fig.13-62, onde se indicam medidas mínimas a ter em conta.
0,8 0,8
1,5
1,5 Fig.13-62 Término de um rasgo de escoamento de
electrólito próximo de um canto agudo e de um
canto arredondado.
A forma e localização devem ser tais, que garantam uma irrigação franca de todos os
pontos da superfície a maquinar, evitando as zonas de estagnação. Na Fig.13-63 mostramos
duas situações de uma má concepção dos rasgos produzindo zonas de estagnação
Área
passiva Área
passiva
(a) Zona passiva devida à (b) Zona passiva devida à Fig.13-63 Desenvolvimento de zonas de estagna-
interrupção do fluxo curva aguda no rasgo ção devido a uma má concepção dos rasgos.
Concepção do isolamento
As áreas da ferramenta onde não se queira que haja maquinação devem ser isoladas.
Um exemplo bem típico dessa necessidade é na maquinação de furos, como representamos
na Fig,13-65, onde em (a) vemos a ferramenta sem o adequado isolamento e em (b) a mes-
ma situação com isolamento. Os efeitos são evidentes.
PROCESSOS NÃO CONVENCIONAIS DE MAQUINAÇÃO 319
Eléctrodo Isolamento
Electrólito
Peça Peça
Fig.13-66 Maquinação de superfícies esculpidas
onde o isolamento desempenha um papel
(a) Ferramenta sem isolamento (b) Ferramenta isolada importante.
O isolamento deve ser tenaz e firmemente agarrado ao eléctrodo. Existem várias possi-
bilidades de isto ser feito, designadamente isolamento de plástico reforçado colado resinas
epoxídicas ou fixados por meios mecânicos. Por vezes utilizam-se também isolamentos em
borracha sintética.
13.4.6 - Electrólitos
trodo. Da descrição que fizemos deverá ser evidente que a deflecção da ferramenta pode ser
muito detrimental para o processo.
TABELA 13-3
TIPOS DE ELECTRÓLITO PARA DIVERSOS MATERIAIS
Corpo da máquina
Avanço
Sistema de accionamento
constante
Fonte eléctrica de baixa Suporte do
tensão e elevada corrente eléctrodo Ventilador de
descarga do H2
Eléctrodo
Isolador Filtro
Peça
Suporte
Isolador
Base
Bomba
Painel de controlo Fig.13-67 Representação esquemática de
um equipamento de maquinação electro-
Electrólito e Centrifugação
Electrólito química
precipitados Descarga de
resíduos
A importância dos materiais tem a ver com a corrosão a que os elementos constitutivos
do equipamento ficam sujeitos, caso se trate de metais. Recomenda-se a utilização de mate-
riais não metálicos. Caso estes não cumpram os requisitos de rigidez, deverão utilizar-se
metais revestidos com plásticos. Os barramentos, na impossibilidade de poderem ser feitos
em, plástico devem estar protegidos com espessas camadas de massa lubrificante que evita-
rá o contacto dos electrólitos ou providos de elementos que proporcionem a protecção anó-
dica. As bombas de fluido são geralmente feitas em aço inoxidável onde as partes em con-
tacto com o electrólito são polidas e espelhadas. Os tanques de fluído e tubagens são em
PVC. Na Fig.13-67 apresentamos um esquema de um equipamento de maquinação electro-
química
PROCESSOS NÃO CONVENCIONAIS DE MAQUINAÇÃO 321
Jacto de ar + abrasivo
(velocidadem/s
Injector de WC
(0,3-0,5mm)
Abrasivo e partículas
Distância do injector arrancadas
0,8 mm
Peça
Fig.13-68 Esquema da maquinação por jacto abra-
sivo
Quando as partículas são projectadas sobre uma superfície a alta velocidade, o impacto
produz microfissuras que originam a fractura de pequenos fragmentos que, sob a acção jac-
to do ar sob pressão, são removidos. A Fig.13-69 esquematiza o processo.
Desta observação parece ser óbvio que tal processo se revela adequado para a maquina-
ção de materiais frágeis. Existe um modelo[13.4] para a determinação da taxa de remoção de
material devido ao impacto das partículas, que se expressa por:
3
4
ZM K n p d 3 v 3 / 2 (13-100)
12 H B
Grão abrasivo
Partícula de material
removida da peça
Fractura Cavidade
O Abrasivo
Taxa de remoção de
material
material
O Gás
A maquinação por jacto abrasivo opera com pressões na gama de 0,2-1 N/mm2. A
composição do gás afecta de forma indirecta a taxa de remoção de material através da
influência que ela tem na relação velocidade-pressão. Velocidades elevadas produzem ele-
vadas taxas de remoção mesmo com o caudal mássico constante.
PROCESSOS NÃO CONVENCIONAIS DE MAQUINAÇÃO 323
O Injector
a safira. A secção do orifício do injector possui uma área compreendida entre 0,05 a 0,2
mm2 podendo esse orifício ser circular ou rectangular. A vida útil do injector é muito incer-
ta, podendo situar-se entre 12 horas e 30 horas no caso do carboneto e 300 horas no caso da
safira. A forma do injector pode ser variada, mas as configurações mais típicas são as da
Fig. 13-71.
0,75 mm 0,5 mm
d
d
5,0 mm 0,7 mm
10 mm 1,5 mm
Outro factor muito importante na maquinação por jacto abrasivo é a distância da ponta
do injector (DPI) à superfície maquinada. Esta distância afecta, não só a taxa de remoção do
Taxa de remoção de material
material como também a forma de cavidade que produz. Quando a dpi aumenta, a velocida-
de das partículas aumenta também devido à sua aceleração após a saída do injector e, con-
sequentemente, faz aumentar a taxa de remoção do material (Fig.13-72). Porém, a partir de
uma certa distância, a velocidade das partículas diminui devido à resistência aerodinâmica
produzindo uma consequente redução de material, conforme se ilustra na Fig.13-73.
Por se tratar de um processo pouco convencional, não existem muitos fabricantes deste
tipo de equipamentos. Tratam-se de equipamentos relativamente simples na sua concepção,
que na Fig.13-74 ilustramos de forma esquemática.
Bobine Válvula de
despressurização Escape
Misturador Regulador
vibratório de pressão
Válv. Filtro
Controlo
Reóstato
Injector Ar
Mecanismo de Remoção fractura frágil induzida pelo impacto das partículas abrasivas.
Meio Injector Ar , CO2.
Abrasivos Al2O3 , SiC – 0,025mm ; 2-20gr/min sem reciclagem.
Velocidade 150-300 m/s.
Pressão 2-10 atm.
Injector Metal duro , safira , orifício de 0,05-0,2mm2 , vida útil 12-300h , distância
entre o bico injector à superfície maquinada 0,25-75mm.
Parâmetros Críticos Velocidade e caudal do abrasivo; distância do bico injector á superfície; ,
granulometria do abrasivo e orientação do jacto.
Aplicações Metais duros e frágeis, ligas e elementos não metálicos (germânio, silício,
vidro, cerâmicas e mica).
Tipo de Operação Furação , corte , rebarbagem , texturização e limpeza.
Limitações Taxa de remoção de material muito baixa (40-15 mg/min); incrustação do
abrasivo no material de base; furos não cilíndricos.
PROCESSOS NÃO CONVENCIONAIS DE MAQUINAÇÃO 325
REFERÊNCIAS
13.1. Lazarenko, B.R., Electrospark Machining of metals, Consultant Bureau, N.Y., 1964.
13.2. Carslaw, H.S. e Jaeger, J.C., Conduction of Heat in Solids, Oxford Science Publications, 1959.
13.3. Cook, N.H., Manufacturing Analysis, Addison-Wesley,1966
13.4. Esibyan, E., Plasma arc equipment, MIR Publishers, Moscow, 1973.
13.5. Pande, P.C. e Shan, H.S., Modern Machining Processes, Tata McGraw-Hill, New Delhi, 1980.
13.6. De Barr, A.E. e Oliver, D.A.,Electrochemical machining, Elsevier, Amstardam, 1968.
13.7. McGough, J.A., Principles of electrochemical machining, Chapman and Hall, London, 1974.
13.8. Springborn, R.K., Nontraditional machining processes, American Society of Tools and Manufacturing
Engineers, Michigan, 1967.