IDENTIDADE DOCENTE DÓRIS HELENA SCHAUN GERBER Síntese reflexiva sobre os alguns aspectos do livro Pedagogia da autonomia, de Paulo Freire
No livro Pedagogia da Autonomia Paulo Freire chama a atenção, por
exemplo, para o compromisso que o professor tem com a prática docente. O ato de educar deve ser sempre um ato de compromisso e aproximação com o aluno. Dessa perspectiva ele afirma: “não é possível exercer a atividade do magistério como se nada ocorresse conosco” (FREIRE, 2013, p.108), ou seja, fugir de decisões éticas, desde a escolha de conteúdos até o método a ser utilizado ou a forma de relacionamento com os alunos não é uma opção. Nesse sentido, “Não posso ser professor sem me pôr diante do aluno, sem revelar com facilidade ou relutância minha maneira de ser e de pensar politicamente”. Um outro aspecto que é importante ressaltar é que não existe docência sem discência. Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. A formação do educador é algo que deve ser permanente, ou seja, o professor também se coloca em algum momento na posição de alguém que é ensinado. Quem ensina também aprende ao ensinar. O educador e o educando fazem parte de um mesmo processo. Quando vivemos de forma autêntica a prática da docência, participamos de uma coisa única. A teoria e a prática são inseparáveis e o educador tem como tarefa principal trabalhar a rigorosidade metódica com que deve se aproximar dos objetos que conhece. Quanto mais criticamente se exerça a capacidade de aprender tanto, mais se constrói e desenvolve a curiosidade epistemológica, segundo o autor. Sem esta crítica não se alcança o conhecimento do objeto – nesse caso o educando. Ensinar, também exige respeito ao conhecimento da realidade social do objeto porque se pode utilizar a experiência dessa mesma realidade em favor de uma docência mais eficaz. Portanto, ensinar exige criticidade. O professor que de fato ensina, é aquele que busca a segurança na argumentação. Ensinar exige risco, aceitação do novo e a rejeição a qualquer forma de discriminação. Ensinar exige a corporificação das palavras através do exemplo prático. A prática docente critica e envolve o movimento dinâmico entre o fazer e o pensar sobre o fazer, algo que penso se o mais importante. A formação permanente do professor é o da reflexão crítica sobre a prática. Pedagogia da autonomia é uma obra indispensável a todo aquele que segue, ou pensa em seguir a profissão docente. Ela resume e discute os saberes necessários à uma prática educativa coerente com os padrões éticos que regem a sociedade. O grande objetivo de Paulo Freire era o de uma educação aberta e democrática, que estimulasse nos alunos o gosto da pergunta, a paixão do saber, da curiosidade, a alegria de criar e o prazer do risco, para possibilitar, então, a criação. Sem dúvidas, isto exige imaginação; mas, acima de tudo, ousadia, coragem e, para mim aquilo que mais me marcou durante a reflexão, esperança, pois sem ela somos incapazes de dar prosseguimento à qualquer coisa. Devemos acreditar que uma educação de questionadora e de qualidade ainda é possível.