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Sociedade
Violência no Campo
Dessas 71 pessoas, segundo os dados da CPT, 23 eram lideranças. São portanto crimes
políticos. Violência covarde do novo fascismo social ruralista. São violências praticadas
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O Estado, a Justiça, a pistolagem e aqueles que devem morrer — CartaCa... https://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-estado-a-justica-a-pistolag...
É possível, segundo levantamento extra oficial feito a partir de minhas pesquisas junto
de lideranças indígenas, que 70 indígenas isolados tenham sido assassinados no Vale do
Javari nos últimos 3 anos. É definitivamente o fim da falida política de “não contato”
gestada em Brasília, financiada pela cooperação internacional neoliberal para ONGs de
São Paulo e “especialistas” da elite sudestina.
O MPF iniciou uma investigação, conforme noticiei, mas que esbarrou na pífia
investigação da polícia. A Funai, ao invés de defender os direitos dos povos indígenas, se
mobilizou para abafar a denúncia, inclusive com uma expedição feita na área de forma
quixotesca, sem nenhuma metodologia de investigação de crimes (o que usurpa a
função da Funai).
A pressa da Funai em abafar a denuncia que veio da própria Funai foi desmontada
como uma farsa pela liderança do movimento indígena do Vale do Javari, Paulo
Marubo.
Leia também: Os índios isolados foram massacrados, mas Funai diz que não há provas”
Nas análises do relatório da CPT destaca-se o artigo de autoria de José Batista Afonso,
advogado da CPT, e Airton Pereira, ex-colaborador da CPT e professor na Universidade
do estado do Pará. Lá do front por onde avança o sanguinário agronegócio, em um
brilhante artigo do “coração das trevas” do Brasil, eles assinalam o recuo da política de
reforma agrária e a ascendência das forças conservadoras que emergiram com o golpe
de 2016.
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O Estado, a Justiça, a pistolagem e aqueles que devem morrer — CartaCa... https://www.cartacapital.com.br/sociedade/o-estado-a-justica-a-pistolag...
Eles destacam como a ação da polícia militar do Pará demonstra a articulação entre
empresários rurais, proprietários, com as instituições do Estado, o judiciário e a polícia,
para manter o status quo. O terror de um novo colonialismo em marcha, onde os
maiores vilões, os infames colonizadores, estão aqui dentro, lado a lado.
Esse massacre de sangue também tem seu lado no plano das ideias, no massacre
epistêmico. Nos últimos dias, o Pará foi palco de lutas por memórias de mártires dos
movimentos sociais, e novas agressões da pistolagem e da barbárie jurídica que assola
o país.
Nessa mesma semana, o ministro Marco Aurelio de Mello, do STF, soltou o vulgo
Taradão, um dos mandantes do assassinato de Dorothy Stang. Ele estava preso no
mesmo presidio onde há dois meses, de forma ilegal e criminosa, a justiça mantém
sequestrado Padre Amaro, através de uma absurda prisão preventiva e arbitrária, sem
nenhuma acusação formal além da criminalização de suas ações sociais em favor da
reforma agrária e mantendo a luta pelo legado de Dorothy Stang.
A justiça das togas da Casa Grande no Brasil solta os assassinos, senhores e feitores, e
prende aqueles que lutam na senzala e nas matas. A Justiça executa, e manda a polícia
executar, a necropolítica do Executivo e do Legislativo, dominados pelos senhores
piratas do latifúndio e do capital internacional. Constituição virou uma fabula diante do
terror do estado de exceção em marcha, da força do poder da exceção às regras, ao
sistema.
É uma violência cotidiana praticada pelo Judiciário contra todos aqueles e aquelas que
lutam por justiça no Brasil, no campo e nas cidades e das aldeias, nas florestas e nos
rios.
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