A presente pesquisa tem a finalidade de observar o comportamento
jurisprudencial relativo a fraude em licitações e contratos, a mesma será baseada no portal de informação disponibilizado pelo próprio STJ e será realizada a partida Ementa e Caracterização dos casos práticos.
Como ministrado em aula, a licitação é ferramenta imprescindível do
Direito Público, com foco no Direito Administrativo, enviesada na obtenção da mais vantajosa proposta de serviços e/ou produtos que serão adquiridos pela Administração Pública. Entendendo por mais vantajosa a proposta que demonstre ser a mais barata dentre a mais efetiva ao fim que se é pretendido.
Assim, de acordo com julgamento do Agravo Interno do Recurso Especial
2016/0120818-6, julgado em 21/06/2018:
“Nos casos em que se discute a regularidade de procedimento
licitatório, a jurisprudência desta Corte é no sentido de que a contratação irregular de empresa prestadora de serviço gera lesão ao erário, na medida em que o Poder Público deixa de contratar a melhor proposta, dando ensejo ao chamado dano in re ipsa”.
Desta maneira, é claro o posicionamento do tribunal em questão, não
sendo necessária a prova do dano pela contratação irregular no serviço público, caracterizando diretamente dano ao erário pelo descumprimento da forma exigida em lei.
Ainda de acordo com essa decisão, para a condenação por improbidade
administrativa se faz necessária a prova de culpa ou dolo do agente público que realizou a irregularidade citada, aqui compreende-se todas as formas jurídicas de culpa e dolo, a saber: imperícia, imprudência, negligência, dolo direto e dolo indireto.
Distinto exemplo se dá a partir da dispensa indevida no processo
licitatório. A dispensa, modalidade de licitação, é caracterizada pela possibilidade de a Administração Pública não aplicar toda a rigidez comum da licitação em sentido estrito, essa forma é prevista pela Lei 8666/93 que determina quais os casos práticos que a mesma pode ser aplicada. Tais possibilidades são tipificadas a partir da emergência que qualifique quais bens ou serviços que encontram-se em contexto de indispensáveis.
Desta maneira, o Agravo Regimental no Agravo em Recurso Especial
2017/0322190-0, julgado em 21/06/2018:
“No presente caso, verifica-se que o acórdão ora atacado
consignou que a dispensa de licitação se deu em desconformidade com o procedimento previsto na Lei de Licitação, bem como registrou a existência de prejuízo ao erário e o dolo do ora recorrente que, na condição de sócio- administrador da empresa Elmo Engenharia Ltda, atuou em conjunto com corréu e se beneficiou das fraudes nos convênios firmados entre a sociedade empresária e a Prefeitura do Município de Morrinhos - GO.”
Diverso caso se relaciona com a questão da nulidade do contrato de prestação
de serviço a ente público, diante do Agravo Interno em Recurso Especial 2017/0223456- 4, julgado em 12/06/2018. Do mesmo modo que será exibido a seguir, existe o posicionamento pela nulidade de contrato nos casos em que não há uma devida licitação prévia ou um procedimento de dispensa ou inexigibilidade.
“I. Agravo interno aviado contra decisão publicada em
02/02/2018, que, por sua vez, julgara recurso interposto contra decisum publicado na vigência do CPC/73. II. Na origem, trata- se de ação declaratória, proposta pelo Município de Marabá Paulista em face de Carlos Mariano Advogados Associados, objetivando, em síntese, a declaração de nulidade do contrato de prestação de serviço firmado entre as partes, já que não fora precedido de licitação ou de procedimento de dispensa ou inexigibilidade.”
Ultimando a singela análise sobre recentes casos de fraude em licitação e
contratos, tem-se a noção que os princípios referentes a base do Direito Administrativo, bem como o tratamento, particularmente rígido, dado aos processos licitatórios, indica a necessidade de ampla atenção que deve ser direcionada a execução desses processos administrativos, sob pena de nulidade/condenação por improbidade