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CARRIÈRE, Jean Claude; ECO, Humberto. Não contem com o Fim do Livro.

Rio de
Janeiro: Record, 2010. 272 p.

[JPT] O que chamamos de cultura é na realidade um longo processo de seleção


e filtragem. Coleções inteiras de livros, pinturas, filmes, histórias em quadrinhos, objetos
de arte foram assim açambarcadas pela mão do inquisidor, ou desapareceram nas
chamas, ou se perderam por simples negligência. P.6

[JPT] Divertem-se [Carrière e Eco] mostrando como o livro, a despeito dos


estragos operados pelas filtragens, terminou por atravessar todas as malhas cerradas,
para o melhor e às vezes para o pior. Diante do desafio representado pela digitalização
universal dos escritos e da adoção das novas ferramentas de leitura eletrônica, essa
evocação das venturas e desventuras do livro permite relativizar as mutações
anunciadas. Homenagem risonha à galáxia de Gutenberg, essas conversas irão
arrebatar todos os leitores e apaixonados pelo objeto livro. Não é impossível que
também alimentem a nostalgia dos detentores de e-books. P.8

[UE]Na realidade, há muito pouca coisa a dizer sobre o assunto. Com a Internet,
voltamos à era alfabética. Se um dia acreditamos ter entrado na civilização das
imagens, eis que o computador nos reintroduz na galáxia de Gutenberg, e doravante
todo mundo vê-se obrigado a ler. Para ler, é preciso um suporte. Esse suporte não pode
ser apenas o computador. P.9

[UE] O livro venceu seus desafios e não vemos como, para o mesmo uso,
poderíamos fazer algo melhor que o próprio livro. Talvez ele evolua em seus
componentes, talvez as páginas não sejam mais de papel. Mas ele permanecerá o que
é. P. 9-10

JPT: Cito-lhes esta observação de Hermann Hesse a respeito da possível


"relegitimação" do livro que os progressos técnicos, segundo ele, iriam permitir. Ele
deve ter dito isso nos anos 1950: "Quanto mais, com o passar do tempo, as
necessidades de distração e educação popular puderem ser satisfeitas com invenções
novas, mais o livro resgatará sua dignidade e autoridade. Ainda não alcançamos
plenamente o ponto em que as jovens invenções concorrentes, como o rádio, o cinema
et.c, confiscam do livro impresso a parte de suas funções que ele pode justamente
perder sem danos." P.10

JCC: Nesse sentido, ele não se enganou. O cinema e o rádio, a própria televisão,
não tiraram nada do livro, nada que lhe tenha causado "danos". P.11

JCC: Você tem razão em apontar isso: nunca tivemos tanta necessidade de ler
e escrever quanto em nossos dias. Não podemos utilizar um computador se não
soubermos escrever e ler. E, inclusive, de uma maneira mais complexa do que
antigamente, pois integramos novos signos, novas chaves. Nosso alfabeto expandiu-
se. É cada vez mais difícil aprender a ler. Empreenderíamos um retorno à oralidade se
nossos computadores fossem capazes de transcrever diretamente o que dizemos. Mas
isso é outra questão: podemos nos exprimir com clareza sem saber ler nem escrever?
P. 11
[UE] E cada nova tecnologia implica a aquisição de um novo sistema de reflexos,
o qual nos exige novos esforços, e isso num prazo cada vez mais curto. (p.22)

[UE]Então o conselho que dou aos professores é pedir a seus alunos, no caso
de um dever de casa, que façam a seguinte pesquisa: a propósito do assunto sugerido,
descubra dez fontes de informação diferentes e compare-as. Trata-se de exercitar seu
senso crítico face à Internet, de aprender a não aceitar tudo como favas contadas. (p.
33-34)

JCC: A noção de filtragem que debatemos me faz naturalmente pensar nesses


vinhos que filtramos antes de beber. Existe agora um vinho que apresenta essa
qualidade de ser "não filtrado". Preserva todas as suas impurezas, que às vezes
contribuem com sabores muito particulares que a filtragem, na sequência, lhe subtrai.
Talvez tenhamos saboreado na escola uma literatura demasiadamente filtrada e, por
esse motivo, carente de sabores impuros. (p.51)

[UE] Ao que eu saiba, nunca se inventou meio mais eficiente de transportar a


informação. Até o computador, com todos os seus gigabytes, tem que ser conectado.
Não há esse problema com o livro. Repito. O livro é como a roda. Uma vez que você o
inventou, não pode ir mais longe. (p.58)

[UE] Minha coleção é bastante orientada. Trata-se de uma Bibliotheca


Semiológica Curiosa Lunática Magica et Pneumática, em outras palavras, uma coleção
dedicada às ciências ocultas e às ciências falsas. Tenho Ptolomeu, que se equivocava
sobre o movimento da Terra, mas não tenho Galileu, que tinha razão. (p.60)

[JCC] Poderíamos dizer a respeito de Kircher que é uma espécie de Internet


prematura, isto é, que sabia tudo que se podia saber, e, nesse saber, havia 50% de
exatidão e 50% de fraude, ou de fantasia.(p.61)

JCC: Não sou um colecionador autêntico. A vida inteira comprei livros


simplesmente porque eles me agradavam. Numa biblioteca, gosto acima de tudo do
disparate, da vizinhança de objetos díspares, que chegam a se opor, se confrontar. P.62

JCC: Cada leitura modifica o livro, certamente, assim como os acontecimentos


que atravessamos. Um grande livro permanece sempre vivo, cresce e envelhece
conosco, sem jamais morrer. O tempo o fertiliza e modifica, ao passo que as obras sem
interesse deslizam à margem da História e desaparecem. P.72

JCC: Uma obra-prima não nasce obra-prima, torna-se uma. Convém acrescentar
que as grandes obras influenciam-se reciprocamente através de nós. (...)Se leio Kafka
antes de ler Cervantes, através de mim e à minha revelia, Kafka modificará minha leitura
do Quixote. Da mesma forma que nossos percursos de vida, nossas experiências
pessoais, a época em que vivemos, as informações que recebemos, até nossas
mazelas domésticas ou os problemas de nossos filhos, tudo influencia nossa leitura das
obras antigas. P.73

[UE]É o caso da Gioconda. Leonardo fez coisas que considero mais belas, por
exemplo, a Virgem dos rochedos ou a Dama de arminho. Mas a Gioconda recebeu mais
interpretações, as quais, como camadas sedimentares, depositaram-se com o tempo
sobre a tela, transformando-a. p.73

[JCC](...) a imagem, onde vemos frequentemente coisa diversa do que ela


mostra, pode mentir de uma maneira ainda mais sutil que a linguagem escrita ou o
discurso falado. Se devemos manter certa integridade de nossa memória visual, é
preciso absolutamente ensinar as gerações futuras a olhar as imagens. É inclusive uma
prioridade. P.107 Commented [MC1]: Para a terceira parte da dissertação, a
projetiva, uma das justificativas para colocar o estudo da
imagem como forma de ampliar a leitura de mundo dos
[JCC] (...) História universal da destruição dos livros, Fernando Baez (...) p.111 estudantes.
Commented [MC2]: Livro que parece interessante
[JPT] (...) livro de Pierre Bayard, Como falar dos livros que não lemos. (...) p. 114
Commented [MC3]: Jean-Philippe de Tonnac
[JPT] Os livros não se limitam mais às elites. E competem com outros suportes, Commented [MC4]: Parece interessante tb
cada vez mais sedutores e de melhor performance, resistindo e demonstrando que nada
pode substituí-los. A roda, mais uma vez, revela-se insuperável. P.117 Commented [MC5]: Ou seja, o suporte apenas reforça o
livro e não o enfraquece, argumento que justifica o uso dos
ebooks numa aula de leitura.
[JCC] Disseram que a leitura é um vício impenitente. P.118

[JCC] A finalidade não é ver a todo custo ou ler a todo custo, mas saber o que
fazer com essa atividade e como extrair dela um alimento substancial e duradouro.
P.118

[UE] A frase para onde há um ponto, ao passo que o texto vai além do horizonte
do primeiro ponto que pontua a primeira frase que constitui esse texto. "Voltei para
casa." A frase é fechada. "Voltei para casa. Encontrei minha mãe." Você já está na
textualidade. P.127

[JCC] Filosofia do livro, um ensaio de Paul Claudel publicado em 1925 e inspirado


numa conferência pronunciada em Florença. Claudel é um autor que não aprecio muito
mas que teve lampejos espantosos. Ele começa com uma declaração transcendental:
"Sabemos que o mundo é efetivamente um texto e que ele nos fala, humilde e
alegremente, de sua própria ausência, mas também da presença eterna de um outro, a
saber, seu criador. P.127-128

[JCC] A palavra não passa de uma porção irrequieta da frase, uma viela rumo ao
sentido, uma vertigem da ideia que passa. P.128

[JPT] A questão está antes em saber que mudança a leitura na tela introduzirá
no que até hoje abordamos virando as páginas dos livros. P.5

[UE] Cada nova técnica exige uma longa iniciação numa nova linguagem, ainda
mais longa na medida em que nosso espírito é formatado pela utilização das linguagens
que precederam o nascimento dessa recém-chegada. P.21

JCC: Uma vez, na época em que eu dirigia a Fémis, pedi aos estudantes de som,
como exercício, que reconstituíssem alguns ruídos, alguns ambientes sonoros do
passado. A partir de uma sátira de Boileau ("Les Embarras de Paris"), eu propunha aos
estudantes que estabelecessem sua trilha sonora. Esclarecendo que os calçamentos
eram de madeira, as rodas das carroças de ferro, as casas mais baixas etc. p.17
[JCC] Assim como na literatura, conhecemos no cinema uma "linguagem nobre",
até mesmo grandiloquente e enfática, uma linguagem corriqueira, banal e inclusive uma
gíria. Sabemos também, como Proust dizia dos grandes escritores, que todo grande
cineasta inventa, pelo menos em parte, sua própria linguagem. P.23

[UE] Então o conselho que dou aos professores é pedir a seus alunos, no caso
de um dever de casa, que façam a seguinte pesquisa: a propósito do assunto sugerido,
descubra dez fontes de informação diferentes e compare-as. Trata-se de exercitar seu
senso crítico face à Internet, de aprender a não aceitar tudo como favas contadas. P.33-
34

[JCC] Você nunca sentirá frio no seio de sua biblioteca. Ei-lo protegido, em todo
caso, contra os perigos gelados da ignorância. P.128

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