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NO ENSINO DE CIÊNCIAS:
EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO
BAURU
2000
JÚLIO CÉSAR CASTILHO RAZERA
ENSINO DE CIÊNCIAS:
EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO
Ciências”.
BAURU
2000
JÚLIO CÉSAR CASTILHO RAZERA
ENSINO DE CIÊNCIAS:
EVOLUCIONISMO E CRIACIONISMO
BANCA EXAMINADORA
sentirei saudades;
trocas de experiência;
sugestões de bibliografia;
a todos os demais professores do Programa de Pós-Graduação, pelo
Maria A. V. Bicudo
SUMÁRIO
LISTA DE QUADROS......................................................................................... 13
LISTA DE FIGURAS........................................................................................... 17
LISTA DE TABELAS.......................................................................................... 18
RESUMO.............................................................................................................. 19
ABSTRACT.......................................................................................................... 20
1.0 - INTRODUÇÃO............................................................................................ 21
TEMA.................................................................................................................... 30
recorte........................................................................................................ 32
e cidadania................................................................................................. 43
ciências.......................................................................................... 57
SOBRE ÉTICA..................................................................................................... 59
vivos.......................................................................................................... 67
desenvolvimento moral............................................................................. 83
5.0 - A PESQUISA................................................................................................ 91
5.1 - A amostra.......................................................................................... 92
5.2 - Coleta de dados................................................................................. 93
pesquisa..................................................................................................... 96
atitudes......................................................................................... 101
convergência/divergência............................................................ 143
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...............................................................158
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA..................................................................172
ANEXO............................................................................................................176
LISTA DE QUADROS
da pesquisa...................................................................................... 120
locutores.......................................................................................... 141
(1982)................................................................................................52
entrevista...........................................................................................94
entrevista...........................................................................................95
LISTA DE TABELAS
âmbito pedagógico.
ABSTRACT
The main purpose of this research was to verifys teacher’s attitudes related to the
involved in the process. Using the semiotic as a resource to analyse High School
students autonomy, even when contrary to the teachers position. The attitudes
performed in the discourses still show disapproval to teachers that inhibit the
teachers discourses added to the absence of some ethical perceptions, show traces
na esfera da moral e da ética (La Taille, 1998). Vemos o mundo passar por
conectividade, bioética, entre outros, foram criados nos últimos anos e, “muitas
vezes, saltam do espaço mais técnico a que pertencem para algumas das
incertezas nas relações sociais. Incertezas que se ampliam quando, no encalço dos
genética, por exemplo, uma técnica teoricamente capaz de clonar o ser humano. A
transformação profunda e rápida das coisas, como assinalou Vier (1971), pede
sociedade.
LDB), no artigo 32, inciso II, que trata sobre o Ensino Fundamental, cita que esse
Lei, determina que o Ensino Médio terá como uma de suas finalidades “o
do ser humano.
Entretanto, o que acontece é que, na maioria das vezes, os conteúdos não recebem
tratamento adequado para esse fim. “Em geral, o que a escola faz, ao discutir o
alunos, dadas as dificuldades que podem passar pelo caminho de tais propósitos e
brasileira.
história, sua classe social, tipo físico, sua participação em grupos exclusivos - que
seguindo esse referencial de pensamento, Piaget foi enfático quando disse que
questões éticas que vêm sendo conduzidas em situações de ensino formal de sala
de aula.
professor.
cujo processo final de sala de aula fica nas mãos do professor que, enquanto ser
humano como os cientistas, apresenta formação ideológica configurada por
momentos de aula.
& Kornhauser, 1986). A LDB e os PCN apenas referendaram uma tendência cada
vez mais presente na educação: trabalhar com os alunos temas sociais dentro da
diversidade cultural que compõe a sociedade brasileira (La Taille, 1997).
questões éticas inerentes aos seus componentes curriculares? De que forma a ética
nossos propósitos, o assunto “Evolução dos Seres Vivos” foi o escolhido porque é
professor americano, na década de 20, que foi a julgamento por ensinar aos alunos
discussões (Gould, 1999; Jornal da Ciência, 1999; Lemonick, 1999; Neto, 1999;
1
Atitude entendida como “uma predisposição, relativamente estável e organizada, para reagir sob
forma de opiniões ou de atos em presença de objetos, como pessoas, idéias, acontecimentos, coisas
etc.” (Bardin, 1977); ou ainda como “uma maneira organizada e coerente de pensar, sentir e reagir
em relação a pessoas, grupos, questões sociais ou a qualquer acontecimento” (Lambert & Lambert,
1966).
2
Representação entendida, segundo o léxico, como uma exposição oral ou escrita daquilo que se
pensa.
delimitação e justificativas do problema investigado.
compreensão global acerca das discussões sobre ética e moral, com situações
realizada.
como pano de fundo aos propósitos da pesquisa, ou seja, nas controvérsias que
TEMA
sinônimos. Chauí (1997, p.340) aponta que “a palavra costume se diz, em grego,
ethos - donde, ética - e, em latim, mores - donde, moral”. Ética e moral estariam
Entretanto, a autora faz a ressalva de que “a língua grega possui uma outra palavra
que, infelizmente, precisa ser escrita, em português, com as mesmas letras que a
palavra que significa costume: ethos. Em grego, existem duas vogais para
pronunciar e grafar nossa vogal e: uma vogal breve (episilon) e uma vogal longa
(eta). Ethos, escrita com a vogal longa significa costume; porém, escrita com a
mas diferem no conceito. A ética seria a teoria; a moral, o objeto dessa teoria,
integrado por valores como “bem e mal”, “justo e injusto”, “permitido e defeso”,
breve recorte
abordagem, Valls (1992), cita Sócrates (470 a 399 a.C.) como o “fundador da
ética, “porque definem o campo no qual valores e obrigações morais podem ser
entende que “o aparecimento de uma filosofia do sujeito requer que o sujeito seja,
âmago do saber e da razão do sujeito pensante. É por isso que tal aparecimento
relevantes para decidir agir da melhor forma para todos, não existindo moralidade
quando se considera apenas o próprio ponto de vista” (Menin, 1990, p.148). Nesse
recorte, parece ficar claro que a natureza humana não nos é dada, mas por nós
mesmos construída; o que nos compromete a dar maior importância nas reflexões
éticas sobre as condutas morais nos diferentes campos do conhecimento humano;
e delas depende o que seremos no futuro. Em Kant, os conteúdos da ética não têm
origem do exterior. O que cada um de nós tem, como assinala Valls (1992) na
quando diz que o dever, ao revelar nossa verdadeira natureza, “é uma forma que
deve valer para toda e qualquer ação moral”; não sendo indicativa, mas imperativa
que eu possa querer também que a minha máxima se torne uma lei universal”. As
três máximas morais de Kant, que deram origem a essa síntese do imperativo
categórico, são:
1. “Age como se a máxima de tua ação devesse ser erigida por tua
pessoa como na pessoa de outrem, sempre como um fim e nunca com um meio”.
se pode ignorar a história, as tradições éticas de um povo etc., sem cair numa ética
totalmente abstrata”, como parece ser a ética kantiana. Contudo, “um mérito
dialético buscou o ideal ético na significação de uma vida social mais justa, com
homem.
tem oportunidade de dizer o que pensa, submeter suas idéias ao juízo dos demais e
saber ouvir as idéias dos outros”. Não cabe nessas relações pedagógicas, portanto,
aluno. Violência aqui entendida como conceitua Chauí (1997, p.337), ou seja,
“qualquer força física ou coação psíquica que obrigue o indivíduo a fazer algo
contrário a si, aos seus interesses e desejos, à sua consciência”. Nesse caso, a
podemos ser tratados como coisas. A ética acaba sendo normativa, com a
finalidade de controle aos riscos desse propósito e “os valores éticos se oferecem,
requisitos:
pela boa ou má sorte, pela opinião alheia, pelo medo dos outros, pela vontade de
mesmo e com os outros o sentido dos valores e dos fins estabelecidos, indaga se
devem e como devem ser respeitados ou transgredidos por outros valores e fins
superiores aos existentes, avalia sua capacidade para dar a si mesmo as regras de
conduta, consulta sua razão e sua vontade antes de agir, tem consideração pelos
outros sem subordinar-se nem submeter-se cegamente a eles, responde pelo que
faz, julga suas próprias intenções e recusa a violência contra si e contra os outros”.
objetivas. Finalmente, não é certo dizer que existe moralidade em todos os atos
humanos, pois o ato moral supõe um sujeito real e dotado de consciência, capaz de
agir de acordo com as normas estabelecidas. Portanto, ao ato moral não cabem
aspectos correspondentes a cada área ou técnica. Valls (1992, p.8) afirma que,
ética política, de ética sexual, de ética matrimonial etc.”. Palatnik (1992, p.7)
aponta alguns termos que expressam a idéia de relação ética com áreas do
conhecimento: “o estudo dos códigos morais inerentes à tecnologia é função da
apontou para alguns novos problemas que foram colocados perante a ética, com
ética.
1996, o primeiro mamífero obtido por meio de técnicas de clonagem. Ainda foram
verificados outros questionamentos éticos nesse meio científico, só para citar mais
área educacional nas questões éticas. No ensino de ciências, essa amplitude não é
extremamente poderoso nas criticas às ideologias. Isso graças aos seus muitos
saber dos muitos discursos éticos, religiosos, políticos etc. Foi dessa forma que a
dominante”, devido aos seus êxitos nas interpretações das coisas do mundo, que
contemporâneo, estando esse prestígio ligado aos fatores materiais que ela
proporcionou. Mas, apesar desse poder, de acordo com Fourez (1995), a ciência
sua utilidade, a ciência tem seus próprios princípios éticos (Fullick & Ratcliffe,
relato;
seus trabalhos.
ciência sai dos trilhos”, mas que isso não a invalida. No entanto, é necessária a
a uma ética férrea, da qual deriva todo seu prestígio e uma outra ciência dos
tantas outras atividades, cujas leis valem mais no papel que na prática e que a
A crítica do autor está no fato de que “ninguém pode provar que uma fidelidade
absoluta a tais imperativos criaria uma ciência melhor que a atual”. Além disso,
acomodações, nega que exista uma ética científica” (Assis, 1992, p.3).
entende que
seu uso é que poderá ser”. Nesse caso, a ciência não poderia parar de produzir
estudo, todas as relações entre ensino e ética, ou seja, não é encontrada nos
campos da ética uma área consolidada e com identidade própria que trate de modo
de Kant (1980), Fitche (1984) e Piaget (1994, 1997), por exemplo, já traziam
discussões sobre ética nos processos de ensino e de aprendizagem.
1985; Puig, 1998; Busquets et al., 1998) trazem discussões sobre ética, que
no ensino de ciências.
deve ser um abridor de horizontes, deve ser a janela que se abre para a sociedade
onde vai atuar o estudante”(Meister, 1996, p.8). A discussão sobre ética deveria
(Meister, 1996, p.9). Em tal estado, a educação deveria ser solidária, com
proposta espanhola, mas com uma inovação: no conjunto dos temas transversais,
foi inserida a ética na proposta pedagógica formal das escolas. A proposta desse
escola trilhe o compasso entre o que diz e o que ela faz”. Juntamente com os
ciência, na razão direta também das novas perspectivas dadas à sua matéria-prima,
Com essa nova postura, a própria ciência clássica não estaria preparada para “dar
Thom apud Woodock & Davis (1989), criador da Teoria das catástrofes, diz que
ciências, face aos problemas detectados, Moreno (1998, p.23) destaca que tal
processo formal [de ensino] “não pode ficar alheio a essa nova forma de conceber
a ciência”. Segundo esse autor, “as mudanças a serem feitas na escola devem
seguir o mesmo sentido desta nova idéia de ciência, ou ela correrá o risco de
qual terão de viver”. Com isso, muito do espírito de uma ciência com a visão
utilizado como forma de submissão, quando se obriga o aluno a aceitar como ato
faculdade vê a ciência no seu passado. Ela é, para ele, como se fosse perfeita no
menos verdades recebe. Seja como for, ele recebe muitas verdade como se fossem
científicas para serem aceitas resvalam nos fatores não-científicos, como a política
e a religião.
ideológicos que mascaram a realidade, pois “todos gostam de imaginar que, pelo
entanto, os desejos e utopias, ainda que distantes da realidade, “podem atuar como
tempo, o rumo pelo qual convém navegar”(Sastre & Fernández, p.148). Todavia,
servir como ponto de reflexão e abstrações ao que também ocorre em outros tipos
autor compreende que “assim como a afirmação das condições de igualdade como
democrática.
de aula precisará decidir e que a sua decisão pode modificar a própria existência
dos outros e do mundo. Segundo Bicudo (1982), essa decisão não é algo que
decisões. Para Fourez (1995, p.271) , “o caráter de uma ação consiste no fato que
ela determina o futuro de maneira irreversível: o mundo será aquilo que os nossos
atos fizerem, com as nossas ações moldando o futuro [...], aí se situa a dimensão
ciências, Lewis (1986) entende que o professor desse componente curricular deve
ter um esforço consciente e deliberado para ser imparcial o tanto quanto possível,
observou que também houve cobranças de alunos do magistério para uma atuação
polêmico, mas, sobretudo, devem recair às atitudes no tratamento desse fato, pois
posição tomada.
educação para a moral não deve ficar restrita a uma disciplina específica, mas
3
O modelo proposto é de 1982 e, segundo comunicação da autora, necessitaria de atualização nos
componentes curriculares; não implicando mudanças na sua estrutura final. Como exemplo cita a
possibilidade de inclusão da informática e alteração do componente matemática para ciências
exatas.
educação moral com essa abordagem possibilitaria a percepção dos valores
Esse processo permitiria ainda a distinção dos valores autênticos daqueles que são
morais para níveis mais avançados. A educação é portadora desse poder, dado
(Shimizu, 1998), cabendo a eles dirigir esse processo na sala de aula, guiando-se
diferenças de seus alunos, atento aos preconceitos, aos estereótipos que são fatores
estágio 1 deste nível, as ações são qualificadas como boas ou más, dependendo do
que tais ações vão acarretar para as pessoa. Respeita-se a uma autoridade, que
seria
pela sociedade. O estágio 3, que faz parte deste nível, o moralmente bom liga-se à
apenas por que são leis, entrando o consenso e a consciência de relatividade entre
teorias que dão tratamento às questões éticas relacionadas com a moral, também
personalidades.
A construção de uma educação moral nos moldes de Puig
possível que ele entenda como os valores são gerados e como esses valores
chegam até ele. E para que o processo educativo enfatize os aspectos de totalidade
mundo, a educação para a moral deve seguir seus próprios princípios norteadores,
significado de Justiça.
certa clareza a diferença entre o ponto de partida e o ponto de chegada sem o que
da consciência moral defendida por Puig (1996), que considera o juízo moral, a
essas três ferramentas da consciência moral, o autor diz que “devemos entendê-las
Em resumo, temos:
de opiniões racionais sobre o que deve ser. É prescritivo, pois “proporciona uma
realiza para dirigir por si mesmo sua própria conduta”, ou seja, um esforço de
autodeterminar-se.
sua subjetividade por não ser capaz de abranger todos os aspectos possíveis da
por ele.
3.0 - EVOLUCIONISMO VERSUS CRIACIONISMO NAS DISCUSSÕES
SOBRE ÉTICA
discrepâncias internas giram em torno de vários pontos. “Exatos 139 anos depois
polêmica, e das bravas. Não mais com adversários da seleção natural, [...] mas
theory in crisis). Para Leite (1998), não é simples descrever o que os opõe, mas os
campos de cada um, apesar de todos defenderem a evolução, não são de forma
alguma convergentes.
mesmo entre ciência e religião. Os confrontos entre assuntos que permeiam áreas
bem distintas, como ciência e religião, segundo Freire-Maia (1997a, p.173), não
suas respectivas áreas”. Portanto, seriam confrontos originados por pessoas que,
extrapolando do que sabem para opinar. A religião não seria competente para
p. 175), “uma religião não deve tomar posição nem a favor de teses
cientificamente corroboradas e muito menos adotar pontos de vista
anticientíficos”, cabendo somente aos seus adeptos, “estes sim”, aceitar aquilo que
formuladas por Charles Darwin há 139 anos e fazem da teoria evolucionista tema
de um dos principais debates deste fim de século” (Folha de São Paulo, 1998).
cada qual sob sua própria perspectiva, outros exemplos de contraposições geradas
Texas, E. U. A., é veemente nas críticas que faz contra o evolucionismo, ao dizer
que a evolução não é realmente um fato comprovado, não é uma lei científica
contínua, o que não ocorre nem com os seres vivos nem com os
p.46).
Diante dos vários estudos e observações realizados na sua área
Phillips, nos Estados Unidos também é uma cientista criacionista. Antes, porém,
ocorreu após estudos sobre dinossauros e a tese de que eles foram extintos a partir
de um dilúvio universal.
criacionismo, pois essa teoria acredita que a maioria dos fósseis foi formada
Darwin afirmou que eles acabariam encontrando. Charles Darwin previu que
bilhões de fósseis destas criaturas têm sido encontrados, mas nunca ninguém
peixes, ou que teria ocorrido ao longo de 100 milhões de anos. Se isso é verdade,
nós teríamos de ter uma multidão de formas de transição mostrando que uma
foi encontrada. Essa evidência, por si só, já é suficiente para nos mostrar que a
diz Stebbins (1974, p.5). Para grande parte da comunidade científica, apesar de
Futuyma, 1993, p.16; Lima, 1993, p.8; São Paulo/SE/CENP, 1992, p.22).
estes também o fazem àqueles. As críticas são diversas, mas acabam centradas na
da evolução, quase sem exceção, sustentam suas posições não com base em
p.16). Para a ciência, a teoria não se sustenta com uma simples interpretação
literal dos primeiros capítulos do livro bíblico Gênese, às vezes, apenas revestido
pesquisa do jornal Folha de São Paulo, realizada em 1987, revelando que 17%
protestantes.
seres vivos
evolutiva?
caráter científico da biologia. Pelo contrário, indicam que esta não é um conjunto
metade do século XIX, quando hipóteses ad hoc foram elaboradas para tentar
salvar o fixismo. Uma dessas hipóteses dizia que não teria havido uma única
criação, mas várias e sucessivas com o fim de substituir os seres vivos anteriores,
Atualmente, porém, “só um doido e/ou ignorante e/ou totalmente cego pela
1997a, p.116).
evolução dos seres vivos como um dos três grandes choques intelectuais que
1973, p.430).
ou confirmação de poder dos mais fortes perante os mais fracos. Fato que, aliás,
Darwin, Maritain ainda aproveita seus argumentos parta tecer duras críticas a
Nietzsche:
sobre aquilo que os professores poderiam ou não “ensinar” e aquilo que os alunos
1925, no Tennesse, Estados Unidos, onde o professor John Scopes foi condenado
por ensinar a teoria da evolução. Desde 1920 havia se tornado ilegal o ensino
4
O filme foi dirigido por David Greene e contou com a presença de atores como Spencer Tracy,
Gene Kelly e Dick York. No Brasil, o nome do filme recebeu a tradução de “Herdeiros do Vento”.
Foi na década de 60 que professores e cientistas reviram o conteúdo
década de 70 até os dias atuais. Lima (1993, p.26) cita o exemplo de um dos livros
didáticos de biologia mais vendidos nos Estados Unidos que tinha, em 1973, após
Em 1981, esse número caiu para 13.000 por causa de pressões do órgão
responsável pela seleção e distribuição dos livros didáticos nas escolas públicas
americanas.
passou muitas vezes por julgamentos nos tribunais americanos. O mais recente
escolar, com a ressalva de que ela poderá ser mencionada nas escolas que
desejarem, mas por força de lei permanecerá fora das provas ou exames finais.
seguintes críticas que a Fundação Nacional de Ciências dos Estados Unidos6 fez
5
Kansas Board of Education.
6
National Science Foundation.
ao Conselho de Educação de Kansas:
responsabilidade.
7
A Direção Nacional de Ciência (National Science Board) preside a Fundação Nacional de
Ciência, sendo órgão consultivo da Presidência e do Congresso dos Estados Unidos.
em benefício não apenas do melhor interesse da comunidade,
dotados de conhecimentos.
escolar de Kansas.
disseminação de suas idéias através da mídia. Fato que pode indicar, no passar dos
anos, aumento nos debates também em nosso país. Não esqueçamos ainda que
evolucionistas.
processo educacional.
de Vincenti (1994), na qual “nenhuma verdade pode ser aceita ou admitida, ela
livres a educação formal não pode trilhar por caminhos que aniquilam a vontade
de escolha dos alunos. Age-se em toda essa polêmica como se os estudantes não
tivessem nenhum valor moral. Como assinala Puig (1998), a escola deve ter como
inculcação”.
conteúdos que eles têm maior afinidade ou domínio (Razera, 1996, p.66),
de ambos; alunos que trazem diferentes crenças sobre o assunto. Que tratamento
Poderia, nas suas aulas, utilizar o seguinte pronunciamento do papa João Paulo II:
própria Ciência:
linha evolucionista:
apenas a esse tema sob a óptica dos enfoques religioso, curricular e filosófico, mas
nesse debate sobre ética, tomarmos consciência daquilo que queremos e daquilo
currículo, pois ele é composto pelo ambiente circunstante, onde a escola atua,
de existir da comunidade escolar e pelos seus valores” (Pires et al., 1992, p.35).
muito explícito dos currículos, ou seja, naquilo que é manifestado nas relações
educativas e sociais, nas modalidades de decisões, na disponibilidade para
escola etc. O que acaba trazendo, segundo Pires et al. (1992, p.36), as expectativas
outros lugares, não como um fenômeno científico, mas como uma questão social,
parte de uma ideologia reacionária mais ampla que constitui uma ameaça real à
evolução dos seres vivos, por professores que assim o fazem, pode ser fator de
evolução”.
conceito de organização, Stebbins diz que “de acordo com esse conceito, as
matéria viva é composta, e isto em qualquer nível, desde a molécula, através dos
envolvendo, por exemplo, as relações entre ciência e poder político. Mas o que se
Ainda que ela esteja mais próxima da verdade, ao aluno caberia a decisão de sua
McInerney (1986, p.179) quando diz que “os estudantes têm o direito de expor sua
quando pode não ser percebido ou de ser dirigido de tal maneira a desconsiderar
e, por isso, interferir no desenvolvimento moral autônomo do aluno.
vista histórico. O autor chama de ética idealista “quando se supõe que a moral
decorre de uma série de idéias eternas, que se tornam uma norma para a ação”. E
essa moral seria formada pelas idéias básicas dadas pelo exterior: por Deus, pela
Natureza, pela Razão, pela Ciência. A ética histórica seria aquela construída em
Ou seja, o que é ético hoje pode não ter sido ontem, ou vice-versa. O debate ético
forma, uma decisão ética idealista estaria ligada à natureza das coisas, ou a valores
eternos (como Deus, por exemplo), enquanto que uma decisão ética sob o ponto
será no futuro. Exemplo desses dois tipos de decisões foram dados por Fourez. A
decisão a ser tomada?” Nesse caso, o debate ético consistiria em procurar a boa
decisão. Contudo, do ponto de vista histórico, não existe resposta a ser encontrada.
A sua decisão de opção por uma ou por outra escola já designa ações que
moldarão o mundo futuro. A questão ética a ser enunciada, segundo Fourez, seria:
“Diante da história e do mal que existe nela, o que eu quero (ou nós queremos)
possível de teu querer caso esse objeto possa fazer parte, segundo as leis da
não deixa de ser feita através de uma ideologia qualquer. O autor destaca que seria
contrapartida, os de segundo grau são inaceitáveis “do ponto de vista ético”, pois
liberdade das pessoas. Fourez coloca-nos alguns exemplos bem claros sobre os
nitidamente estão expostos na proposição. Não são, por isso, manipuladores. Mas
se alguém diz “É preciso fazer sacrifícios para se sair da crise”, encontramos nessa
particular, esta passa a ser de segundo grau. Deixa, nesse ponto de ser discurso
que nossos estudantes têm à mão hoje, seja em revistas ou livros didáticos, trazem
veiculadas por nossos discursos”. Para Fourez, a partir do momento que todos nós
meio social, não sendo, portanto, neutra, seria impossível a nossa não veiculação
porquê de ser imputado a nós próprios as nossas ações, através da relação entre o
necessidade.
que ponto é eticamente aceitável que as pessoas veiculem ideologias sem que elas
5.1 - A amostra
pessoalmente ou através do telefone. Não houve uma lista prévia de nomes, mas
Sony, modelo TCM-359V. O roteiro foi formulado com uma mescla de questões
do ensino médio?
Ensino Médio.
( ) Não tenho nenhuma idéia de qual das duas teorias é a mais aceita entre os
Justifique/Comente.
interfere, dizendo que a evolução dos seres vivos realmente acontece e que
acreditar no criacionismo é tolice. Assim, ambos deveriam acreditar na Teoria da
Evolução.”
estão colocados a seguir, na figura 3, ou seja, lado a lado; sendo o texto nº 1 pró-
cunho religioso.
TEXTO Nº 1 TEXTO Nº 2
biologia?
da amostra foi realizado com recursos da semiótica. Para uma parte dos dados
assertion analysis).
nesta pesquisa
numa diferença, numa oposição que tenha algo em comum no interior do texto
aplicada a marca /euforia/ é considerado um valor positivo; aquele a que foi dada a
qualificação /disforia/ é visto como um valor negativo.” O autor afirma ainda que
tanto euforia como disforia “não são valores determinados pelo sistema axiológico
diferentes. Isso significa que ocorre uma narrativa mínima, quando se tem um
estado inicial, uma transformação e um estado final” (Fiorin, 1996, p. 21). Nessa
Tais relações sempre ocorrem entre sujeito e objeto, que são papéis
temos os dois tipos de enunciados. Nesse caso, o discurso pode trazer quatro
querer e/ou dever fazer alguma coisa. Os tipos mais comuns de manipulação
não podendo ser estudada fora da sociedade porque ela faz parte do histórico-
social, assim com também o sujeito. “O sujeito é histórico. E porque sua fala é
assinalamos:
outro e cita-as.
8
Aqui, talvez o autor tenha utilizado a palavra no sentido de propósito, pois intencionalidade traz
uma carga significativa bem mais complexa.
5.4.2 - Análise de conteúdo
confirmando-as ou descartando-as.
possui a sua disposição (ou cria) todo um jogo de operações analíticas, mais ou
material trabalhado, optou-se pela análise de asserção avaliativa, uma das técnicas
da análise de conteúdo que mede as atitudes do locutor quanto aos objetos de que
p.155).
Lambert (1966, p.77), atitude pode ser conceituada como uma maneira organizada
9
A palavra “avaliativa” (Bardin, 1977), não aparece no léxico da língua portuguesa, mas o seu
significado é correspondente ao termo “avaliatória”. A opção neste trabalho foi de utilizar o termo
original, a fim de não descaracterizar a técnica do autor.
Lambert (1966, p.78), são: os pensamentos, as crenças, os sentimentos ou
(Newcomb, 1943; Centers, 1949; Adorno et al., 1950) com a introdução de novos
objetivo seria mais específico, “uma vez que se atém não somente à ocorrência de
tal ou tal tema (presença ou ausência), mas à carga avaliativa das unidades de
qualidade aos objetos ou, ainda, o que se diz acerca deles, podendo ser adjetivos,
advérbios ou substantivos;
pleno ou desfavorecimento total, com termos como: não é não está, nunca,
jamais.
falhas e que o pesquisador deve trabalhar com consciência plena disso. Para
Konder (1988, p. 43), “nenhuma teoria pode ser tão boa a ponto de nos evitar
erros”.
Bardin (1977), muitas restrições, pois não é método exaustivo, visto que considera
estará totalmente seguro de não projetar o seu próprio toque lingüístico e o seu
sistema de valores pessoais naquilo que está examinando. Ainda podemos citar o
fato de que esta técnica não alcança as atitudes ou motivações que não se
sujeito. Afirma que “às vezes as pessoas que são observadas empregam meios
seguintes termos:
linguagem.
curriculares
evolucionismo e criacionismo
2), o evolucionismo recebeu sete qualificações eufóricas; dos quais, três também
idéias”(JCF).
de Evolução”(CTR).
conciliação:
modificaram” (AAV).
enunciação:
restante do animal”(ECF).
material didático:
Qualificação semântica
Locutor Enunciação
Euforia Disforia
TKO Evolucionismo Criacionismo “O texto 1 é o correto; o texto 2 não merece ser considerado... Fala apenas bobagens.”
JCF Evolucionismo e --- “Deus criou o mundo e os seres vivos para evoluírem gradativamente. Seria, então, possível, conciliar as
Criacionismo duas idéias.”
ECF Criacionismo Evolucionismo “Eu apresento a minha maneira de pensar, que é o criacionismo. Eu sempre achei um absurdo quando,
fazendo escavações, alguém encontra lá um pedaço da arcada de um animal de não sei quantos anos atrás
e, baseado só naquele pedacinho, já se imagina como é o restante do animal. Os livros são unilaterais,
defendem somente esse ponto de vista [do evolucionismo].”
LLM Evolucionismo Criacionismo “O texto número 1 mostra a aceitação que hoje a teoria da Evolução tem, até frente à Igreja Católica.”
CTR Evolucionismo e --- “Não concordo com o texto 1 e também não concordo com o texto 2. Eu creio na Criação de Deus, mesmo
Criacionismo em termos de Evolução.”
AAV Evolucionismo e --- “Eu concordo com o texto número 1, os seres vivos sofrem evolução ao longo dos tempos. Eu,
Criacionismo particularmente, acredito que Deus existe, sendo o criacionismo a origem das espécies. Num segundo
momento, estas espécies sofreram evolução e se modificaram.”
NOTA: Categoria semântica fundamentada na oposição entre evolucionismo e criacionismo, a partir dos textos 1 e 2 (Fig. 3).
Houve nítida prevalência ao evolucionismo, mas os enunciados
educacional; nesse caso, contrariando Bizzo (1988) quando diz que “o debate
Um intenso debate sobre o tema não deve ser descartado, pois abre
curricular, pois como se apresenta parece não contemplar tais debates, a partir de
aqui o conteúdo científico sobre evolução dos seres vivos, mas sim a ausência de
TKO Evolucionismo Criacionismo “Evolucionismo, porque as apostilas e livros não geram ocasiões para discussão.”
CLT Evolucionismo Criacionismo “A maioria acredita no evolucionismo. Na realidade, eles aceitam o evolucionismo
somente depois de resolvidas as suas dúvidas.”
JCF Evolucionismo Criacionismo “A maioria acredita no evolucionismo. Os alunos aceitam tal idéia em face dos
fundamentos e explicações convincentes dessa teoria.”
ECF Criacionismo Evolucionismo “Eu penso que a maioria acredita no criacionismo. Por causa das reações dos alunos
após a apresentação do assunto. A primeira reação dos alunos é o do tipo: Eu não
venho do macaco.”
LLM Criacionismo Evolucionismo “A maioria acredita no criacionismo. Os alunos muitas vezes não concordam com as
teorias da Evolução. Acham que não podem ser provadas.”
ALS Criacionismo Evolucionismo “A maioria dos alunos acredita no criacionismo. A maioria dos alunos não acredita no
evolucionismo. Quando indagados sobre origem de um ser, ou da sua fisiologia,
destacam que Deus quis que fosse assim.”
CTR Evolucionismo e Criacionismo --- “Ambas as teorias têm aceitação de maneira semelhante. Atualmente os alunos
resistentes, contra o evolucionismo, são alunos evangélicos, cujos pais os criaram na
doutrina evangélica do criacionismo. Embora alguns evangélicos são bastante
questionadores, abrindo espaço pelo menos para conhecer o assunto evolucionismo.”
AAV Evolucionismo e Criacionismo --- “Ambas as teorias têm aceitação. Muitos acreditam que Deus criou tudo o que existe e
alguns destes não acreditam que o homem evoluiu do macaco. Outros defendem o
evolucionismo, principalmente o neodarwinismo que incorpora a seleção natural à
genética. Alguns destes acham que Deus é um mistério e a ciência possui falhas.
NOTAS: a.) Aluno: papel narrativo do objeto; b.) Qualificação de prevalência dada aos alunos entre evolucionismo e criacionismo (Fig. 2).
Na solicitação da posição do sujeito da amostra quanto à
dispostas no quadro 3.
nas qualificações dos sujeitos aos objetos, pois o evolucionismo apareceu três
Afinal, o que essa relativa harmonia, partindo dos professores, em tema com tanta
alunos são o objeto de atitude. O sujeito fez o papel do locutor, pois exerceu a
função enunciativa, ao mesmo tempo que também se colocou como autor, dada a
Enunciação
Locutor Quando há disjunção entre sujeito e objeto Presença da fase de Quando há conjunção entre sujeito e objeto Presença da fase de
manipulação (tipo) sanção (tipo)
TKO “Diria para que ele estudasse melhor o evolucionismo”. Sim (provocação) “Diria que entendeu bem o espírito do Sim (premiação)
evolucionismo, que é o correto.”
CLT “Tentaria pacientemente fazê-lo entender os argumentos e as Sim (provocação, “Eu parabenizaria suas idéias corretas.” Sim (premiação)
evidências da Evolução. Se ele não aceitar, eu diria: Se uma crença sedução,
não permite aceitar esta teoria, você deve rejeitá-la.Mas eu preciso intimidação)
dizer a verdade. E para mim não há contradição entre ciência e fé.
Mas se para você há, eu respeito suas idéias.”
JCF “Faria o possível para ele compreender a teoria com nossos Sim (sedução?) “Concordaria com ele. Porém, o aconselharia a Sim (premiação e
argumentos e explicações atuais. Aconselharia a respeitar o ter sua fé e também ler a Bíblia.” punição)
evolucionismo e adaptar-se aos conceitos atuais.”
ECF “Estamos numa democracia. Existe liberdade plena para tudo. Sim (sedução) Idem disjunção Não
Você tem todo o direito de pensar do jeito que pensa, mas deveria
raciocinar mais, ter mais equilíbrio, ponderar mais para perceber
onde tem exagero tanto de um lado quanto de outro.”
LLM “Diria para ele que primeiro terminasse de ouvir a minha aula e, Sim (intimidação) “No caso, o aluno estaria indo ao encontro de Sim (premiação)
então, discutiríamos o assunto.” minha aula. Seu depoimento seria de auxílio.”
ALS “As evidências da Evolução são confiáveis. Eu o orientaria que Sim (intimidação, “Até mesmo o Papa aceita que a evolução é Não
pesquisasse sobre o assunto e só depois disso tirasse uma provocação) mais que uma simples hipótese, devido aos
conclusão final.” novos conhecimentos científicos.”
CTR “Ele deveria continuar pesquisando a idéia defendida por ele. Eu Sim (sedução) Idem disjunção Sim (premiação)
jamais iria influenciá-lo. Auxiliaria, indicando livros, revistas, sites
na Internet e ainda, como estímulo, solicitaria que se encontrasse
algo muito interessante, gostaria de conhecer.”
AAV “Eu diria que ele possui livre arbítrio para fazer suas escolhas e Sim (sedução) Idem disjunção Não
que sua crença depende da sua religião, da sua vivência, ou seja,
do seu senso crítico
NOTAS: a.) Professor: papel narrativo do sujeito; b.) Aluno: papel narrativo do objeto.
Pela leitura do quadro comparativo anterior (Quadro 4), as fases de
mesmo tempo que a sanção esteve presente em cinco enunciados nas conjunções.
não indicar necessariamente uma relação real, vivida, mas apenas expressa em
momento da entrevista. Também não se pode esquecer que uma leitura somente
consciência histórica construída, que agir assim era o seu dever, a sua função
correta para beneficiar o aluno. Vestígios desses momentos ainda poderiam ou não
aula...” (LLM)
mais próximo disso, ou pelo menos com intencionalidade única tanto nas
pensa...” (ECF)
ele.” (CTR)
ideológico de primeiro grau, pois não omitiria a sua origem, não seria mostrado
dos sujeitos TKO, CLT, JCF, LLM, CTR e AAV, pois apareceram expressões
como: eu diria, para mim não há contradição, minha aula, aconselharia, eu faria
o possível.
Essas palavras denotam característica de opção particular, ou seja,
primeiro grau.
o ponto de vista ético apontado por Fourez, esses enunciados, por terem formato
(ECF).
14, 16, 18 e 20) para cada sujeito da amostra. Os objetos de atitude, avaliados
Transformação
evolucionismo”.
10
A palavra “desfavoritismo” (Bardin, 1977), não aparece no léxico da língua portuguesa, mas o
seu significado é correspondente à contraposição do favoritismo. A opção neste trabalho foi de
utilizar o termo original, a fim de não descaracterizar a técnica do autor.
“O texto 1 é o correto”.
relativa aceitação ao aluno que defende o texto. Quanto ao texto, foi enfático:
bobagens”.
sem dar abertura aos alunos. Pronunciou defesa quanto ao professor expor o seu
alunos.
Quadro 8 - Normalização da análise de asserção avaliativa do locutor CLT para
diferentes objetos de atitude
Transformação
do sujeito TKO, anteriormente citada, também está expressa no sujeito CLT para
os objetos A e B.
com a ciência:
mudou”.
transformação.
“Tentaria pacientemente fazê-lo entender os argumentos e
Nesse caso, sujeito e objeto fundiram-se num só, e o enunciado mostrou atitude
defensiva:
Transformação
(Quadro 10) mostra que o enunciado para o objeto A não revelou favorecimento
aspecto dele sendo revelado pelo conector “se adaptam mais aos nossos tempos” e
plena.
mostrou-nos uma forte influência religiosa nos argumentos, como tentativa de dar
outros).
atualmente, após rever suas posições, está mais próxima do que a ciência diz.
Bíblia.”
Transformação
mais equilíbrio”, “ponderar mais”. Na dúvida entre os valores -2 e -1, optou mais
uma vez pelo -1. Nas dúvidas surgidas, a opção foi de não valorar aos extremos.
Transformação
(Quadro 10), fez seguir o mesmo critério de valoração. O sujeito LLM, assim
como JCF também o fez, utilizou-se da aceitação que a igreja católica tem sobre a
aula.
contidas no enunciado:
pecado, inferno.”
Em D, o valor -2 deveu-se pela expressividade enfática de
assunto”).
de maneira a”.
Transformação
argumentação avaliativa.
opção, como nos demais casos, foi para o valor menos extremo (-1).
uma resposta desse tipo” e “é falta de ética” respondeu pelo valor de intensidade
-3.
não de um Criador?”
Quadro 18 - Normalização da análise de asserção avaliativa do locutor CTR para
diferentes objetos de atitude
Transformação
ECF (Quadro 12), o sujeito CTR reprovou os dois textos apresentados a ele.
Transformação
concordo texto nº 1
“Eu concordo com o texto nº 1, os seres
vivos sofrem evolução ao longo dos sofrem os seres vivos
tempos. João Paulo II defendendo a evolução
A evolução? E o criacionismo, como +2
fica?. Dentro de cada texto há
contradição.”
defendendo João Paulo II
a evolução?
como fica? o criacionismo
“Eu diria que ele possui livre arbítrio diria que ele livre arbítrio
para fazer suas escolhas e que sua possui para fazer
B crença depende da sua religião, da sua suas escolhas +3
vivência, ou seja, do seu senso crítico.”
“Não concordo com o texto nº 2,
segundo o qual a crença na teoria da não texto nº 2
evolução nega a presença de Deus e concordo
serve ao propósito de Satanás. Agora,
C o texto nº 2 relacionar Deus e Satanás -3
com a evolução não faz sentido.”
não faz relacionar Deus
sentido e Satanás com
evolução
D [Idem B] +3
como fica?”
criacionismo.
5.5.4 - Sobreposição comparativa nas atitudes de todos os
das atitudes dos professores de biologia nas interações de sala de aula, quando há
Locutor +3 +2 +1 0 -1 -2 -3
TKO A/B D E C
CLT A/B D C/E
JCF A/B D C E
ECF B/D A/C/E
LLM B A C D/E
ALS A/B D C E
CTR B/D A/C/E
AAV B/D A C/E
A simples visualização do quadro 22 expõe a aprovação
leitura, mais superficial, parece haver uma perspectiva favorecendo essa trajetória.
convergência/divergência
objetos de atitude foi elaborada uma tabela de conversão (Tabela 1), na qual as
tabela a seguir.
Tabela 2 - Exemplos de conversão do nível de favoritismo/desfavoritismo para
graus de convergência
a.) Convergência entre A/B = 100%, pois estão presentes na mesma casela; neste
caso, o grau de divergência é 0% (nula).
b.) Convergência entre A/E = 67%, pois estão duas caselas distantes..
c.) Convergência entre A/D = 0% (nula), pois estão nos dois extremos.
e.) Convergência entre E/F = 83%, pois estão a uma casela de distância.
TKO CLT
Disjunção: Disjunção:
A ↔C = 0% A ↔C = 0%
A ↔D = 83% A ↔D = 17%
A ↔E = 17% A ↔E = 0%
JCF ECF
LLM ALS
Disjunção: Disjunção:
A ↔C = 50% A ↔C = 33%
A ↔D = 33% A ↔D = 50%
A ↔E = 33% A ↔E = 17%
CTR AAV
alunos que defendem as idéias desse texto (objeto de atitude B), com amplo grau
de convergência (Quadro 23). Esse fato pôde ser observado em TKO, JCF, LLM,
CLT, ALS e AAV. Os sujeitos CTR e ECF também revelaram alto grau de
convergência nas relações A-C (os dois textos) e A-E (texto pró-evolucionista e
virtual professor que defende enfaticamente esse texto junto aos alunos), mas de
relação A-D apareceu sempre maior do que na relação A-E, revelando tendência
favorável aos alunos nas suas atitudes em relação aos professores nas suas. Isso foi
maior em A-E.
24). Seria uma cobrança maior sobre o professor de biologia em razão do tema ser
TKO “Respeitaria a sua opinião, mas o “Diria que estava lecionando a matéria
faria ver do seu erro.” errada, que ele deveria virar pastor.”
CLT “É difícil raciocinar “Se fosse professor de Biologia, eu eu
hipoteticamente. Acho que acharia acharia que ele deveria fazer um curso
[risos] o professor ignorante em sobre Evolução. Não se admite um
Biologia e também que ele não era professor de Biologia ignorante nesse
obrigado a saber outra matéria assunto.”
diferente da sua.”
JCF “Eu aconselharia esse professor a “Se fosse de Biologia, ele estaria
trocar idéias com o de Biologia e completamente errado, equivocado, uma
também a ler um bom livro sobre vez que não poderia ignorar a teoria da
Evolução.” Evolução.”
ECF “Depende muito do professor. Se “Ah, se fosse um professor de Biologia, daí
fosse um professor bom, muito capaz eu iria conversar. Como aluna, eu não
na matéria dele, bem equilibrado, eu conversaria na frente dos outros, pois sou
até ia conversar com ele: Oh, tímida. Mas depois da aula, eu diria:
professor, não é bem assim. Ia Professor, quanto aquele assunto que o
mostrar o meu ponto de vista. senhor falou... Se fosse professor de
Agora, se fosse desses professores Biologia, eu conversaria.”
que falam por falar, uma coisa hoje
e outra amanhã, entraria por um
ouvido e sairia por outro.”
LLM “Pensaria o quanto ele seria “Não falaria nada.”
arbitrário, na medida que só suas
opiniões seriam válidas,
desconsiderando as demais
existentes.”
ALS “Eu conversaria com ele. Debateria “Não interessa a disciplina, o que interessa
as idéias e juntos chegaríamos numa é o resultado final.”
solução final.”
CTR “Comentaria o assunto com o “Não poderia conduzir assim.”
professor de Biologia. Creio que ele
teria melhores condições de
conduzir o assunto.”
AAV “Eu não sofreria influências, já “Criticaria este professor, pois ele pode
tenho a opinião formada.” influenciar a crença dos alunos, de
maneira negativa, pois envolve a
religiosidade.”
CONSIDERAÇÕES FINAIS
desenvolvimento moral.
as tendências para uma ou outra teoria não se mostraram construídas somente com
conhecimentos adquiridos através da ciência, na educação formal, mas também a
repetiu-se nos demais casos, dando créditos de que esses professores e seus
com dados não disponíveis dos alunos e professores na relativa harmonia que foi
representada.
desejável que na prática pedagógica tal tipo de discurso não ocorresse. Opiniões
particulares sobre determinado assunto, ou mostrar-se diante de uma polêmica, ou
generalizações, devem ter livre trânsito nas práticas pedagógicas, com a ressalva
citadas como possíveis. Mas ainda seria necessário que as “verdades científicas”,
ou ideologias de segundo grau, deixassem de ser lançadas aos alunos, mesmo que
preparação adequada para lidar com elementos da psicologia social nessa maior
processos de ensino.
O desprezo ou ausência de fatores ligados à moralidade não foram
desenvolvimento moral.
papel do professor, por exemplo, não se mostrou bem definido no momento das
fechado.
PARA ALÉM DA PESQUISA
destacar que este foi meu propósito. Ao ser questionado por alguns leitores sobre
estrutural do trabalho. Se bem que nada impedisse o contrário; foi apenas uma
opção.
mesmo com algumas poucas lacunas não resolvidas pela ciência, a teoria da
teoria. Defendo, como outros autores também defendem, a separação entre ciência
pesquisa?
uma postura de docência, em sala de aula, donde prevalecia a ciência como única
verdade nas minhas palavras, pensando que também seria a única verdade para os
como bastante consistente, mas não infalível e nem unânime a ponto de descartar
aprendizagem passam por discussões ainda mais amplas sobre o limiar tênue entre
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SCHRAMM, F. R. O fantasma da clonagem humana - reflexões científicas e
morais sobre o caso Dolly. In: Ciência Hoje, v. 22, n. 127, 1997.
Entrevista nº 1
Pesquisador: Para você, qual dessas relações deve prevalecer entre os alunos do
b.) A maioria dos alunos do Ensino Médio acredita no Criacionismo; c.) Ambas as
teorias têm aceitação de maneira semelhante, entre os alunos do Ensino Médio; d.)
Não tenho nenhuma idéia de qual das duas teorias é a mais aceita entre os alunos
do Ensino Médio.]
TKO: Porque as apostilas e livros não geram ocasiões para discussão. E também
Pesquisador: Para você, atualmente, hoje, o assunto Evolução dos Seres Vivos
TKO: Porque basta situarmos corretamente o que diz a biologia e o que diz a
Bíblia.
sobre o seguinte caso hipotético: “Dois alunos discutem, porque um deles acredita
dizendo que a evolução dos seres vivos realmente acontece e que acreditar no
TKO: O professor deve expor seu ponto de vista, já que defende o evolucionismo;
TKO: [Não hesita] O texto 1 é o correto; o texto 2 não merece ser considerado...
Pesquisador: O que você diria a um aluno se no meio de uma aula sobre evolução
você faria?
TKO: Diria que estava lecionando a matéria errada, que ele deveria virar pastor.
TKO: Sim, o professor é um exemplo. Seu gosto pela biologia pode gerar futuros
professor de biologia quando ele trata sobre assuntos polêmicos em sala de aula?
Entrevista nº 2
Sujeito: CLT Tempo de magistério: 35 anos Sexo: Feminino
Pesquisador: Para você, qual dessas relações deve prevalecer entre os alunos do
b.) A maioria dos alunos do Ensino Médio acredita no Criacionismo; c.) Ambas as
teorias têm aceitação de maneira semelhante, entre os alunos do Ensino Médio; d.)
Não tenho nenhuma idéia de qual das duas teorias é a mais aceita entre os alunos
do Ensino Médio.
as suas dúvidas.
chamou a minha atenção: Eles não aceitam a evolução na sua fé, mas aceitam
Pesquisador: Para você, hoje, o assunto Evolução dos Seres Vivos ainda deveria
gerar dúvidas ou controvérsias?
CLT: Não.
sobre o seguinte caso hipotético: “Dois alunos discutem, porque um deles acredita
dizendo que a evolução dos seres vivos realmente acontece e que acreditar no
evidências científicas, mas sei, com segurança, que Deus criou o ser vivo e
também as leis que permitiram uma evolução. Por que Deus não poderia reger a
evolução? Por que Ele, Deus, deveria criar cada espécie separadamente? São
excomungado pela Igreja Católica por suas idéias evolucionistas. Isso quando ela
mudou.
Pesquisador: O que você diria a um aluno se no meio de uma aula sobre evolução
Evolução. Se ele não aceitar, eu diria: Se uma crença não permite aceitar esta
teoria, você deverá rejeitá-la. Mas eu preciso dizer a verdade. Para mim, não há
contradição entre ciência e fé. Mas se para você há, eu respeito suas idéias.
você faria?
Pesquisador: Conheço, mas ainda não o li. Se você fosse aluno de ensino médio e
ignorante em biologia e também que ele não era obrigado a saber outra matéria
diferente da sua.
CLT: Se fosse de biologia, eu acharia que ele deveria fazer um curso sobre
professor de biologia quando ele trata sobre assuntos polêmicos em sala de aula?
sua inteligência aponta como verdade. Mas uma coisa é certa. O professor não
Entrevista nº 3
Sujeito: JCF Tempo de magistério: 24 anos e 10 meses Sexo: Masculino
Pesquisador: Para você, qual dessas relações deve prevalecer entre os alunos do
b.) A maioria dos alunos do Ensino Médio acredita no Criacionismo; c.) Ambas as
teorias têm aceitação de maneira semelhante, entre os alunos do Ensino Médio; d.)
Não tenho nenhuma idéia de qual das duas teorias é a mais aceita entre os alunos
do Ensino Médio.]
testemunhas de Jeová.
contemporizando a idéia.
Pesquisador: Para você, atualmente, hoje, o assunto Evolução dos Seres Vivos
ainda deveria gerar dúvidas ou controvérsias?
JCF: Não.
JCF: É possível que não. Entretanto, deveria ter maior divulgação na esfera de
sobre o seguinte caso hipotético: “Dois alunos discutem, porque um deles acredita
dizendo que a evolução dos seres vivos realmente acontece e que acreditar no
JCF: Não é tolice, pois Deus criou o mundo e os seres vivos para evoluirem
aceitava o que se diz no texto nº 1. Hoje, suas idéias se adaptam mais aos nossos
tempos.
Pesquisador: O que você diria a um aluno se no meio de uma aula sobre evolução
JCF: Concordaria com ele. Porém, o aconselharia a ter sua fé e também a ler a
Bíblia.
higiene, científica...
professor de biologia quando ele trata sobre assuntos polêmicos em sala de aula?
para um melhor desfecho dos casos. Assim, com os argumentos certos e precisos,
Pesquisador: Para você, qual dessas relações deve prevalecer entre os alunos do
b.) A maioria dos alunos do Ensino Médio acredita no Criacionismo; c.) Ambas as
teorias têm aceitação de maneira semelhante, entre os alunos do Ensino Médio; d.)
Não tenho nenhuma idéia de qual das duas teorias é a mais aceita entre os alunos
do Ensino Médio.]
ECF: Por causa das reações dos alunos, após a apresentação do assunto. A
primeira reação dos alunos é do tipo “Eu não venho do macaco, etc...”
assunto, mostro o meu ponto de vista e deixo liberdade para o aluno aceitar ou
não. Os livros apresentam o evolucionismo, que até vai fazer parte das provas. Eu
digo para eles: “Vocês precisam ter conhecimento disso aqui, pois foi trabalho de
muitos anos dos cientistas, coisa de muito tempo”. Daí, se algum aluno perguntar
que os seres não são iguaizinhos, atualmente?” Daí, eu sempre falo para eles: “O
criacionismo tem que se basear que foi um ser superior que fez. O que para ele
representa um certo período, para nós é um período muito diferente”. Tem até
aquela parte que fala que aquilo aconteceu num determinado período, mas pode
ser um período muito maior, mas não partiu do nada; teve alguém que criou. E
com relação aos livros, hoje em dia, eu não acho certo. São unilaterais, defendem
Pesquisador: Para você, atualmente, hoje, o assunto Evolução dos Seres Vivos
ECF: É normal gerar dúvidas. Tanto é que a gente dá liberdade para o aluno
escolher. Você não vai impor sua maneira de pensar. Então, aí gera dúvidas.
Vamos supor que um aluno tenha aula comigo nesse ano e no ano seguinte com
outro professor. Até no mesmo ano vem outro professor com outra maneira de
pensar. Como é que fica a cabeça do aluno? Então, ele tem que ter aquela
sobre o seguinte caso hipotético: “Dois alunos discutem, porque um deles acredita
dizendo que a evolução dos seres vivos realmente acontece e que acreditar no
ECF: Eu vejo esse professor como autoritário, achando que ele é dono da
verdade. Que o que ele aceita tem que ser aceito pelos alunos. Eu não concordo
com isso.
ECF: Os dois textos são totalmente contrastantes. Olha, aqui eu estou vendo uma
frase que eu nunca estudei, então eu não sei sobre ela. Será que hoje existe algo
atual a respeito disso? Essa teoria [do evolucionismo] é mais do que uma
não consigo entender como isso é possível. Por isso é que acho que existe tanta
coisa que não é confiável numa montagem assim, a partir de um pedaço de fóssil.
Também não sei se a teoria da evolução é para provar que Deus não existe. Não
chega a tanto. Os dois textos são bem chocantes. As duas partes que mais me
chamaram a atenção foi isso: que existe alguma coisa provando que não é só uma
hipótese a teoria da evolução e que falar que é satânico isso aqui [sobre
evolução]. São dois textos bem extremos, radicais. Os dois são muito cá ou muito
Pesquisador: O que você diria a um aluno se no meio de uma aula sobre evolução
ECF: [Pensa bastante] Eu procuraria falar para o aluno sempre aquilo: “Olha,
nós estamos numa democracia. Existe liberdade plena para tudo. Você tem todo o
direito de pensar do jeito que pensa. Tanto a favor de um, quanto do outro, mas
deveria raciocinar mais, ter mais equilíbrio, ponderar mais para perceber onde
tem exagero, tanto de um lado quanto do outro”. Fazer o aluno não ficar só com
aquela visão única. Mostrar que ele tem que enxergar mais além, que não existe
só uma vertente. Diria para ele ter um horizonte mais amplo, do que ficar “Oh, é
esse texto, é isso que eu acho e acabou”. Porque muitas vezes você pensa, hoje,
você faria?
matéria dele, bem equilibrado, eu até ia conversar com ele: “Oh, professor, não é
bem assim”. Ia mostrar o meu ponto de vista. Agora, se fosse esse professores que
falam por falar, uma coisa hoje e outra amanhã, entraria por um ouvido e sairia
por outro.
ECF: Ah, se fosse um professor de biologia, daí eu iria conversar. Como aluna,
eu não conversaria na frente dos outros, pois sou tímida, mas depois da aula
diria: “Professor, quanto aquele assunto que o senhor falou...” Se fosse professor
de biologia, eu conversaria.
Pesquisador: Da postura?
ECF: Se ele é uma pessoa bem equilibrada, falando as coisas com convicção e ele
ECF: Olha, pode até influenciar, mas não tanto. Eu tive professores do tempo de
ginásio que eu lembro do que eles falaram até hoje. Sabe aquela influência
professor de biologia quando ele trata sobre assuntos polêmicos em sala de aula?
ECF: Primeiro de tudo, o professor tem que estar com o assunto bem definido na
cabeça dele. Ele tem que estar seguro sobre o que pensa, para depois começar a
entrave maior seria se o professor não está seguro sobre a maneira dele aceitar o
assunto.
Entrevista nº 5
Pesquisador: Para você, qual dessas relações deve prevalecer entre os alunos do
b.) A maioria dos alunos do Ensino Médio acredita no Criacionismo; c.) Ambas as
teorias têm aceitação de maneira semelhante, entre os alunos do Ensino Médio; d.)
Não tenho nenhuma idéia de qual das duas teorias é a mais aceita entre os alunos
do Ensino Médio.]
questionamentos por parte dos alunos. Os alunos muitas vezes não concordam
LLM: Sim.
LLM: Pelo fato de existirem alunos evangélicos em sala de aula que não
criador.
Pesquisador: Para você, atualmente, hoje, o assunto Evolução dos Seres Vivos
sobre o seguinte caso hipotético: “Dois alunos discutem, porque um deles acredita
dizendo que a evolução dos seres vivos realmente acontece e que acreditar no
LLM: Acredito que o professor deva saber combinar as duas teorias e não julgar
a posição do criacionismo como uma tolice. Acho que deve trabalhar de maneira
LLM: O texto nº 1 mostra a aceitação que hoje a teoria da evolução tem até
frente a Igreja Católica. O texto nº 2 mostra a posição defendida por aqueles que
Pesquisador: O que você diria a um aluno se no meio de uma aula sobre evolução
LLM: Diria para ele que primeiro terminasse de ouvir a minha aula e, então,
você faria?
LLM: No caso, o aluno estaria indo de [ao] encontro aos [dos] objetivos da
LLM: Pensaria o quanto ele seria arbitrário, na medida que só suas opiniões
LLM: Mudaria muito, porque se ele já estudou isso, deveria já estar esclarecido
sobre o assunto.
LLM: Sim.
Pesquisador: Um exemplo.
vegetação para nós seres humanos, não só pelo fato de preservar ser uma atitude
professor de biologia quando ele trata sobre assuntos polêmicos em sala de aula?
Entrevista nº 6
b.) A maioria dos alunos do Ensino Médio acredita no Criacionismo; c.) Ambas as
teorias têm aceitação de maneira semelhante, entre os alunos do Ensino Médio; d.)
Não tenho nenhuma idéia de qual das duas teorias é a mais aceita entre os alunos
do Ensino Médio.]
sobre origem de um ser, ou da sua fisiologia, destacam que Deus quis que assim
fosse.
ALS: Já.
ALS: Porque a maioria acha que os seres vivos não evoluem; teriam sempre a
Pesquisador: Para você, atualmente, hoje, o assunto Evolução dos Seres Vivos
sobre o seguinte caso hipotético: “Dois alunos discutem, porque um deles acredita
dizendo que a evolução dos seres vivos realmente acontece e que acreditar no
ALS: O professor nunca deve dar uma resposta desse tipo. Isso é falta de ética,
sobre isso, como os fósseis, estruturas homólogas e análogas. Porém, não se deve
Pesquisador: O que você diria a um aluno se no meio de uma aula sobre evolução
ALS: Até mesmo o papa aceita que a evolução é mais que uma simples hipótese,
solução final.
Pesquisador: Um exemplo.
professor de biologia quando ele trata sobre assuntos polêmicos em sala de aula?
ALS: Não aceitar que os alunos tenham uma visão diferente que a dele.
Entrevista nº 7
b.) A maioria dos alunos do Ensino Médio acredita no Criacionismo; c.) Ambas as
teorias têm aceitação de maneira semelhante, entre os alunos do Ensino Médio; d.)
Não tenho nenhuma idéia de qual das duas teorias é a mais aceita entre os alunos
do Ensino Médio.]
CTR: Sim, pois alguns alunos que aceitam o evolucionismo acham que a
Pesquisador: Para você, atualmente, hoje, o assunto Evolução dos Seres Vivos
verdade de ontem não é a verdade de hoje, mas certamente nos trouxe as grandes
sobre o seguinte caso hipotético: “Dois alunos discutem, porque um deles acredita
dizendo que a evolução dos seres vivos realmente acontece e que acreditar no
CTR: Não concordo com a idéia, pois não gosto de imposição de idéias. Creio
CTR: Não concordo com o texto 1 e também não concordo com o texto 2, pois
Pesquisador: O que você diria a um aluno se no meio de uma aula sobre evolução
CTR: Ele deveria continuar pesquisando a idéia defendida por ele. Eu jamais iria
conhecer.
você faria?
CTR: Sim.
Pesquisador: Um exemplo.
criacionista, temos que conduzi-lo de uma maneira que não entre em conflito com
a família, passando para ele uma ótica científica e não uma verdade
incontestável.
professor de biologia quando ele trata sobre assuntos polêmicos em sala de aula?
escola falar do seu desagrado com a Direção da escola. Por este motivo, o
professor deve ser cuidadoso, procurando não impor sua visão sobre o assunto,
b.) A maioria dos alunos do Ensino Médio acredita no Criacionismo; c.) Ambas as
teorias têm aceitação de maneira semelhante, entre os alunos do Ensino Médio; d.)
Não tenho nenhuma idéia de qual das duas teorias é a mais aceita entre os alunos
do Ensino Médio.]
AAV: Muitos acreditam que Deus criou tudo o que existe e alguns destes não
AAV: Não.
AAV: A forma como foi passado este conteúdo não estimulou discussões. Falhas
Pesquisador: Para você, atualmente, hoje, o assunto Evolução dos Seres Vivos
AAV: Sim, sobre o criacionismo - origem dos seres vivos. Sobre evolução, eu
acredito na seleção natural de Darwin... neodarwinismo.
sobre o seguinte caso hipotético: “Dois alunos discutem, porque um deles acredita
dizendo que a evolução dos seres vivos realmente acontece e que acreditar no
AAV: Na minha opinião, o professor não deve assumir esta postura, induzindo os
diferentes e cada um tem sua crença. Eu, particularmente, acredito que Deus
existe, sendo o criacionismo a origem das espécies. Num segundo momento, estas
longo dos tempos. Não concordo com o texto número 2, segundo o qual a crença
teoria. Agora, o texto número 2... relacionar Deus e Satanás com a evolução...
não faz sentido. [Volta-se ao texto número 1] João Paulo II defendendo a
contradição.
Pesquisador: O que você diria a um aluno se no meio de uma aula sobre evolução
AAV: Eu diria que ele possui livre arbítrio para fazer suas escolhas e que sua
crença depende da sua religião, da sua vivência, ou seja, do seu senso crítico..
você faria?
AAV: Criticaria este professor, pois ele pode influenciar a crença dos alunos de
maneira negativa.
AAV: O ser humano, os primeiros gestos, as primeiras palavras são ditas por
Existem pessoas que durante a vida toda são muito influenciáveis e dependentes.
professor de biologia quando ele trata sobre assuntos polêmicos em sala de aula?
AAV: Saber se posicionar sem causar influências, não induzindo o aluno a seguir
sua crença.
Autorizo a reprodução deste trabalho.