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Nae Igbayn ou Nànàn é considerada por todos os adeptos do culto ao vodun como
Mãe Universal, que ajudou na criação do mundo e deu vida aos demais voduns.
Senhora da lama, matéria primordial e fecunda da qual o homem em especial, foi
tirado. Mistura de água e terra, a lama une o princípio receptivo e matricial (a terra) ao
princípio dinâmico da mutação e das transformações. Sua ligação com a água e a
lama, associa Nànàn à agricultura, a fertilidade e aos grãos (vide simbologia dos grãos
e favas). Nànàn representa a dogbê (vida) e a doku (morte). Ela recebe em seu seio os
ghedes (mortos) e os prepara para o leko (lêcô - retorno, renascimento). Quando uma
mulher não consegue engravidar, recorre a Nànàn que ensina a "fórmula mágica", o
remédio de ervas que deve tomar, os ègbós e oferendas que devem ser feitos. Se um
doente recorre a Nànàn, imediatamente obtém o remédio curador.
Na África quando uma família ou alguém obtém um favor de Nànàn, fica com o
compromisso de oferecer um membro da família ao culto de Nànàn e esse, após sua
iniciação, receberá na frente de seu nome a palavra Nànàn; assim como a criança que
nasce com a ajuda da Grande Mãe também. Todos os sacerdotes e sacerdotisas de
Nànàn têm na frente de seus nomes a palavra Nànàn.
Nànàn Asuo Gyebi – Vodun masculino velho, que habita os rios. Muito popular em
Ghana e tido como o protetor das crianças africanas que foram escravizadas. Esse
Vodun pediu aos seus sacerdotes que o levasse para os países onde os africanos foram
escravizados afim de que pudesse resgatar suas crianças. Ele já foi assentado em
templos de Akonedi nos Estados Unidos e no Canadá.
Nànàn Esi Ketewa – Vodun feminina muito velha, cultuada em Ghana, Cotonou e
Allada. Dizem os mais velhos que essa Vodun morreu de parto e que por isso a missão
dela é proteger e tratar as mulheres grávidas assim como seus filhos. Senhora dos
ágbíkús, espíritos de crianças que não deveriam nascer e que nascem através da morte
de alguém.
Nànàn Adade Kofi – Vodun masculino, tem a função de proteger e defender todos os
templos de Nànàn. É um Vodun guerreiro, ligado ao ferro e outros metais. Cultuado
em Ghana, Allada, Cotonou, Porto Novo, etc. É o Vodun da força e perseverança. Sua
espada é usada pelos adeptos de Nànàn, para prestarem juramentos de obediência,
submissão e devoção a Grande Mãe. Nànàn Tegahe– Vodun feminina jovem, cultuada
em Ghana. Tem o poder de tirar feitíços das pessoas e lugares. Tem grande
conhecimento no uso terapêutico e ritualístico das ervas. Muito alegre e faceira, gosta
de dançar e cantar, mas fica muito séria e aborrecida quando encontra malfeitores e
ladrões; ela os mata.
Nànàn Akonedi Abena – Vodun feminina jovem, cultuada em diversas partes da África.
Seu principal templo fica em Later, cidade de Ghana. Quando Akonedi chega ela
percorre a vila, esconde-se em arbustos e sobe em telhados à procura de feitíços,
feiticeiros e malfeitores. Atende os moradores locais, fazendo libações e curando os
doentes. Em Ghana é considerada a Deusa da Justiça. Seu corpo é coberto com um pó
branco sagrado, usa saia de palha, seu rosto é descoberto, na cabeça usa um torço, no
corpo muitos brajás e nas mãos trás um feixe de lenha. Sua dança é selvagem e
desenvolve-se dentro de um quadrado divino, dividido em outros quadrados menores
feito com riscos do mesmo pó que cobre seu corpo. Esse conjunto de quadrado
também é usado por suas sacerdotisas durante as danças. Seu assentamento fica em
um buraco dentro da terra, ficando somente a tampa deste aparecendo.
Mmoetea – Aldeia de pigmeus que vivem nas florestas de Ghana. Formam uma
sociedade secreta especializada no uso das ervas para diversos fins. Desenvolveram a
capacidade de curar qualquer doença física, mental e espiritual. Trabalham com os
espíritos da natureza e seu maior deus é Nànàn. Os espíritos da floresta deram aos
Mmoeta o poder de ler a mente dos homens e dos animais. São grandes curandeiros e
poderosos feiticeiros. Buku – Assistente de Nànàn e Sakpata que mata os doentes
infectados pela varíola. “Toma conta e presta conta” do comportamento moral das
pessoas durante os cultos de Nánàn e Sakpata.
Legba Aghamasa – Vodun Legba que reina nos portais da morte onde reside Nànàn
Buluku.
Família de Mawu-Lissa
Para falarmos em Mawu-Lisa temos que falar na religião Fon e vice-versa. Os Fons
reconhecem a existência de um único Deus supremo e criador de todas as coisas a
quem eles chamam de Mawu. Segundo suas crenças, Mawu enviou os Voduns à terra
para auxiliá-lo a governar o mundo e dar assistência aos seres humanos. Embora
muitos pesquisadores (padres, antropólogos, sociólogos, etc.) venham usando a
terminologia “deus” para definir os Voduns e outras divindades africanas, o africano de
um modo geral e em especial o povo Fon consideram essas como divindades
secundárias e algumas como ancestres. Podemos observar que existem algumas
divergências nos relatos dos pesquisadores sobre Mawu-Lisa, mas todos concordam
que esse Deus faz parte do cotidiano dos Fons. Para quem visita o Benin é natural ouvir
a todo momento o nome de Mawu:
Porém, esse fato se contradiz, assim como grande parte de toda mitologia dahomeana,
inclusive no que se diz respeito a origem do mundo. Algumas lendas dizem que Dan
gbé criou o mundo e mandou para terra Mawu, Lisá, Dan gballa e Aido wedo. Mawu e
Lisá teriam tido como primeira filha Nae Igbayn (Nànàn) que também ajudara na
criação dos seres humanos. Outras lendas dizem que Nae Igbayn seria a filha de Dan
gbé e dela nascera Mawu, Lisá, Dan gballa e Aido Wedo. Sabe-se também que, Nànàn
ou Nana seria o cargo dado a mulheres e homens divinizados que foram sacerdotes da
deusa lua, Mawu. Como pode Nànàn ou Nae Igbayn ser mãe de Mawu se ela era uma
divindade que cultuava Mawu aqui na terra?
Logo, a primeira lenda é a que mais se encaixa e a que mais tem nexo: Dan gbé deu
origem à Mawu, Lisá, Dan gballa, e Aido Wedo e Nae Igbayn seria filha de Mawú e Lisá.
Exclarecendo tal fato, podemos então explicar por que Mawu acabou por ser
classificada como o Deus ou Deusa suprema dos dahomeanos em algumas lendas.
Mawu e Lisá sempre estão juntos em todas as lendas dahomeanas. Mawú seria o
principio feminino, a suavidade, a fertilidade, a compreensão, a ponderação, a
reconciliação e o perdão. Lisá seria o princípio masculino, o julgador, a impaciência, a
força cósmica que castiga os homens e os corrige. Apesar de estarem sempre juntos,
ambos eram muitos diferentes e representavam um o oposto do outro. Logo, Lisá foi
morar no sol para que pudesse ver com mais clareza os erros dos homens e julgá-los
antes de castigá-los e Mawú foi morar na lua para ser a luz que iluminaria a terra
durante a noite e suavizaria os sofrimentos dos seres humanos, projetando fé e amor
sobra o planeta. Lisá ainda vinha a terra algumas vezes ao ano para entender as
necessidades dos seres humanos para ajudá-los e corrigi-los e, nessas passagens
terrena, Lisá deixou alguns descendentes que mais tarde foram divinizados. Mawú
nunca mais veio a terra e por esse motivo e,por ser bondosa e compreensiva, os
homens sempre clamavam mais a Mawú do que a Lisá e, de tanto invocar Mawú, os
visitantes de dahomey acharam erroneamente que Mawú seria o Deus supremo de
Dahomey, correspondente ao Deus único do cristianismo. Os fons dizem que Mawú e
Lisá só se encontram quando há eclipse e nessa ocasião eles fazem amor, gerando
mais voduns para ajudarem os homens. Na África, existem três grandes templos de
Mawu-Lisá, todos fundados por Wanjele que era sacerdotisa de Lisá, esposa do rei e
mãe do futuro rei Tegbesu.Certa ocasião Tegbesu ficou muito doente, Wanjele
consultou Fá e através desse, Lisá ordenou que ela erguesse um templo para ele em
Abomey e trouxesse seus assentamentos. Wanjele mandou buscar o filho doente e foi
para sua cidade natal (Adja) buscar seus assentamentos. Após instalar Lisá no novo
templo em Abomey, Tegbesu ficou curado. Lisá é associado ao sagaman (camaleão) e
ao topodun (crocodilo). Algum tempo depois Wanjele fundou outros templos para
Lisá, um em Ghana e outro em Ouidah. Vejamos agora alguns Voduns filhos de Mawu-
Lisá e outros somente de Lisá. São esses os Voduns cultuados ou feitos nos iniciados. A
pessoa feita de Lisá é chamada inicialmente de agamavi e após seis meses de iniciação
passa a ser chamado de anagônu. Mawu não é feito na cabeça de ninguém e nem
recebe oferendas como os demais voduns.
Lisá ganman - vodun masculino velho. É filho de Mawú e Lisá e veste branco ao
extremo. Usa cajado. Representa a hierarquia dentro do culto e a supremacia. Senhor
da paz e muito parecido com òsáàlúfón dos mitos yorubas.
Lisá Lumêji- vodun masculino jovem e guerreiro. Veste branco e prata e vive a baixo da
terra. Usa muito metal e é parecido com òsóòguíàn dos mitos yorubas.
Lisá Agbajú- vodun masculino filho de Mawú e Lisá e, é portador das mensagens de
Lisá. Veste branco e é velho.
Lisá akazun- vodun masculino filho de Mawú e Lisá. Veste branco e assim como Agbajú
traz as respostas de Lisá para a humanidade.
Lisá Aiyzú- vodun masculino, filho de Mawú e Lisá, portador das mensagens de Mawú
aos homens. Recebe suas oferendas à noite. Veste branco e prata.
Lisá Molú- vodun masculino, filho de mawú e Lisá e é responsável por procurar as
coisas perdidas. Responsável também por não deixar que a cultura se perca ao longo
dos tempos. Veste branco.
Lisá wete- vodun masculino filho de Mawú e Lisá. É um tohousu, coberto de acnes
(espinhas). Não é feito na cabeça de ninguém e é responsável de cuidar dos
deficientes.
Lisá Gwêgwê- vodun masculino filho de Lisa. É tão genioso quanto o pai e castiga a
humanidade juntamente com o mesmo quando ela se encontra errada para com os
deuses. É guerreiro e veste azul e branco.
Azapá- vodun masculino, velho e filho de Lisá. É o vodun do crocodilo e anda lado a
lado com ele, tanto na terra quanto na água. Seus adeptos tem o corpo coberto com
èfún e usam na cabeça a imagem de um crocodilo esculpida em madeira clara. Veste
branco.
Akazun- filha de Mawú e Lisá. É velha e é uma das guardiãs dos armazéns e dos
tesouros de sua mãe. Irmã de Aiyzan.
Aláfia- vodun masculino filho de Lisá. Aprecia muito o ògbí que é espetado em sua
espada, com a qual combate os feitiços de seus adeptos, purificando-os. A cão é muito
importante para esse vodun pois acredita-se que a alma desse animal transmite a
mensagens de seus adeptos quando ultrapassam a outro mundo. Veste branco.
Agoíyê- vodun masculino filho de Mawú e Lisá. É o deus dos conselhos e não é feito na
cabeça de ninguém. Seu templo é em Ouidah, onde existe uma escultura e um
assentamento desse vodun, sentado em cima de um cálice confeccionado com barro
vermelho.
Gê- vodun filho de Mawú e Lisá. É um deus da lua, também considerado o deus dos
camaleões. Conta-se as lendas que foi Gê que enviou essas criaturas para os seres
humanos expandirem a crença nos voduns. Veste branco. Após as tentativas de
evangelizar os Fons com os dogmas do catolicismo, muitos Fons passaram a associar
(sincretismo) Mawú-Lisá-Gê como a santíssima trindade (Pai-filho-espírito santo).
Adjápá- vodun feminino filha de Mawú e Lisá. É responsável pela água potável
necessária para os seres humanos. Veste branco e usa àgbègbè prateado.
Ayagbá- vodun feminino filha de Mawú e Lisá. É a divindade do lar, cuida dos
alimentos dos seres humanos. É a filha mais jovem, veste branco com panos azuis
listrados ou estampados.
Wele- vodun masculino filho de Lisá. É velho e detêm as chaves dos tesouros e
depósitos de Lisá. Veste branco com detalhes coloridos.
Alawe- vodun masculino filho de Lisá. É velho e junto com seu irmão Wele guarda as
chaves dos tesouros e depósitos de Lisá.
Elegba guardião do Kwe
Legba - por ser o preferido de Mawu e aprontar muito com brincadeiras perigosas, foi
mantido no espaço sagrado juntamente com seus pais Mawu e Lisa. É o mensageiro de
Fá (vodun correspondente a òrúnmíllá da cultura yorubá) respondendo a todos os
oráculos e mantendo o contato entre os humanos e as divindades. Muito parecido
com Èsú da cultura yorubá, por ter basicamente a mesma missão. Recebeu o dom de
saber todos os idiomas e dialetos para escutar tudo e contar pra seus pais no espaço
sagrado. É um vodun muito arredio e perigoso, extremamente quente e, cultuado no
início do culto, juntamente com Lègbárà. É assentado juntamente a Sohokwê nos
portões da casa de djédjè, tendo a função de guardar o kwê e manter o fluxo rotativo
de pessoas sejam clientes ou filhos de santo. Seu principal ritual é Legba lé-lé (parecido
com ípádè), sua cor o preto e vermelho, suas oferendas grãos, sementes, frutas, doces
e farofas e sua saudação aho gbo gboy, assim como todos os demais voduns.
Este papel é ambíguo. Legbá faz parte do sistema do panteão Mawu Lissa,
menos para conservá-lo que para pô-lo em ação. Desde que ele próprio ficou "fora do
jogo" na partilha do patrimônio, denuncia ele a fixidez de um jogo que se
desejaria imutável e eterno.
E de preferência Fa, o Vodun da adivinhação, socialmente representado como a
palavra do criador (Mawu-Lissa), que melhor representaria o papel de guardião. Fa,
como já dissemos, aplica a ordem exata instaurada por Mawu-Lissa.
Se, portanto, a mitologia atribui a função de guardião a Legbá, é, sem dúvida
alguma a fim de salientar a exigência da mobilidade e da manipulação, inerentes a
toda instauração da ordem e com mais razão, à manutenção dessa ordem
determinada.
O ensinamento que colhemos dos mitos em que Lega é considerado guardião,
apesar da ênfase dada, correlativamente, ao seu caráter vivo, malicioso, livre de
qualquer restrição, e t c., é o seguinte: - na concepção do mundo dos Dahomeanos, o
que se conserva estritamente ao nível do espiritual, não é o já consagrado ou, em
outros termos, a letra morta; é o espírito de relação, sem a fixidez dos elementos
concernentes. Nessa ordem de pensamentos, Legbá é um bom guardião.
Eis um papel delicado e dramático, visto que a ordem estabelecida pode ser
posta em dúvida pelo mediador. Sobretudo quando se sabe que cada Vodun tem seu
idioma particular e que nenhum deles compreende a língua dos outros, pode-se avaliar
a importância da posição tomada por Mawu-Lissa, confiando o papel de intérprete e
mensageiro a Legbá. São inúmeros os mitos que relatam como Legbá usou o seu
conhecimento das línguas dos diversos Vodun para enganá-los.
Dessa forma, muitas vezes, atiraram uns contra os outros. Assim fazendo,
impôs-se como chefe e cabeça de jogo, beneficiando se das contendas constantes
entre os Vodun. Outro privilégio de Legbá: - nenhuma comunicação pode existir entre
o Criador e tal ou qual Vodun sem sua intervenção.
Cabe a ele assegurar a permanência das relações entre o Criador e os Vodun,
cada um deles gerindo um domínio particular. Isto significa que k g b á assegura o
controle e o domínio das vias de comunicações no mundo divino.
Esse controle por parte do servidor tem sido bem compreendido em
numerosos mitos onde se trata da metamorfose do servo mensageiro em patrão
mensageiro. Realmente, nos ritos específicos em honra dos Vodun, assiste-se à
dramatização dessa função: Legbá, mensageiro dos Vodun, é sempre invocado antes
daqueles a quem deve levar a mensagem.
Na mesma ordem de ideias, recebe ele as oferendas e libações, antes de todas
as outras divindades.
Segundo as interpretações ou justificações que certos especialistas autóctones
dos mitos dão dessas práticas e rituais, trata-se de destruir as maquinações eventuais
de Legbá e apaziguar lhe as cóleras imprevisíveis. Efetivamente, uma das frases
consagradas com o fim de caracterizar o personagem sem caráter determinado que
seja Legbá é a seguinte: - Agbo hanyan hanyan gba!
Ou seja, "Agbo, em torno dele está à desordem!" E assim, o mensageiro e
intérprete da esfera divina é mais temido e respeitado do que todas as outras
divindades.
(Hanyan, hanyan gba, hanyan, hanyan gba. Hanyan hanyan Vodun Elebará. Hanyan,
hanya gba)
É o Vodun mais popular. Contam os mitos que ele toma parte deliberadamente
em favor dos homens nos choques com as divindades. Todo homem que é envolvido
em uma situação crítica recorre a seus bons serviços. São-lhe destinados sacrifícios em
todos os lugares em que se ergue sua efígie: nas entradas das aldeias (TÔ-Legbá), em
todas as encruzilhadas e bifurcações de estradas, em todos os lugares de
concentração, tais como os mercados (Ahi-Legbá), diante das fachadas (Agbo-
nouhossou), diante dos santuários das outras divindades (Houn-Legbá).
Sua efígie é representada por uma figura estranha e impressionante, da qual
diz-se muito mal; mas não nos detenhamos aqui em todas essas considerações.
Digamos que Legbá inspira aos dahomeanos, não o temor, mas a afeição. É a
divindade mais próxima, à qual contam eles tudo que encerra o seu inconsciente e a
quem fazem promessa como a um amigo.
O animal que lhe é consagrado é o cão e quando os dahomeanos veem um cão
a comer o alimento oferecido a Legbá, ficam maravilhados. Tal espetáculo do cão a
devorar a oferenda prodigaliza uma enorme segurança.
Esses sinais de afeto e de simplicidade no culto de Legbá, desprendimento (já
que Legbá não tem casa de culto, nem sacerdote, ao contrário das outras
divindades), traduzem a grande familiaridade dessa divindade com os homens.
Também lhe são dirigidas exclamações de grande intimidade: "Nou hanya
hanyan!" - a boca em desordem; "Ma mon Legbá tacho nou chocho, e na gblé!" - já
viram alguma vez Legbá gastar azeite, sem que se assista a um tumulto?"
Relembremos alguns de seus nomes fortes e constatemos tal familiaridade: - Rei
Destruidor de todas as cousas - Aquele que come e sai com a boca suja - Aquele
que tem lábios grossos, etc. . .
E, pois, sem qualquer dissimulação que o indivíduo aflito dele se aproxima. E é
com confiança que espera sua intercessão junto aos Vodun interessados por tal ou
qual caso de infelicidade.
Na medida em que Legbá é mediador entre os homens e os deuses, os
dahomeanos que querem assegurar-se da sua cumplicidade ou da sua benevolência,
antes de qualquer outra manifestação, deduzem que de suas fantasias depende o
resultado de uma situação crítica. Assim, frente ao Vodun onisciente Mawu-Lissa,
surge à silhueta familiar do Vodun eficiente e representante da mudança ainda não
realizada: - Legba.
LEGBA AGHAMASA (leba agramassá) – Vodum Legba masculino, reina nos portais da morte
onde reside Nanã Buruku.
Bará –
Elegbará –
Odin –
Crebára –
Obarainan –
Ajelu–
Ossatiniko –
Elegbá – Deus das encruzilhadas, protetor das casas, mulheres e crianças. É o intermediário
entre os deuses e os humanos, emitindo todas as mensagens.
Lalu –
Iangui
Sòhòkwè
Aido wedo e Dan gballa são para os dahomeanos os maiores deuses. Aido wedo é o
arco íris e Dan gballa o reflexo dele nas águas oceânicas. O Dan gbé é a serpente
sagrada que representa o espírito do vodun Dan. Dan tanto pode ser um vodun
masculino quanto feminino porém, para trazê-lo, assentá-lo e cuidá-lo temos que
sempre tratar do casal. Como dizem os antigos dahomeanos, cobra não anda sozinha,
seu parceiro está sempre por perto. No Brasil encontramos mais de 48 voduns Dans e
na África encontramos muito mais pois essa família é muito grande. Dan gbèsén é o
vodun Dan mais conhecido, sendo considerado o rei da nação djédjè e patrono de
dahomey. É o vodun da devolução e da riqueza, sendo responsável pelo retorno da
água à terra em forma de chuva. Foi englobado na cultura yorubá porém, teve seu
nome mudado, passando a ser chamado nas terras de Álákétú de Òsúmárè. Sua cor é o
preto e amarelo ou verde e amarelo, seu dia da semana a terça-feira, é ofertado com
batata doce, sementes, frutas, doces; seu principal ritual é o gbòitá, onde todos os
demais voduns Dan são louvados dentro na nação djédjè. Sua saudação é aho gbo
gboy!
Dan é o próprio espírito da serpente. O principal vodun Dan é Dan gbé, a serpente da
vida, que segundo os dahomeanos seria equivalente ao Deus supremo e teria dado
origem ao mundo e aos demais voduns. Segundo as lendas, Dan gbé deu origem ao
movimento de rotação e translação da terra, após ter mordido sua própria cauda e,
com isso deu origem a vida no planeta e as estações do ano. A partir de Dan gbé foi
que toda a história do panteão dahomeano se inicia, sendo este o deus mais poderoso
de todo dahomey e, os outros deuses que compõe a família Dan os mais importantes,
sendo os reis da nação djèdjè. Dan gballa e Aido Wedo seriam abaixo de Dan gbé os
deuses mais importantes do dahomey, sendo pais dos demais voduns Dan. Aido Wedo
seria o arco-íris e Dan gballa seu reflexo nas águas oceânicas. Dan é um vodun muito
exigente em seu preceito, sendo muito orgulhoso e teimoso. Quando tratado
corretamente, dá tudo aos seus filhos e a casa de santo, mas se for tratado de forma
errado ou esquecido, castiga severamente, chegando a fechar a casa. Todos os voduns
Dan são muito fiéis a casa em que foi iniciados e, raramente permitem que seus filhos
saiam da mesma. Os símbolos de Dan são o arco-íris, a serpente pithon, o traken ou
draká (espécie de ferramenta que Dan trás nas mãos em forma de duas serpentes
enroladas numa seta), o takará (espécie de espada) e o Asôn (chocalho feito de cabaça
e de vértebras de serpente). Seu principal atinsá (árvore devidamente fundamentada
que serve como um assentamento externo do vodun) é denominado Dan-gbi, que
representa o local onde o arco-íris se encontra com a terra e onde fica a panela
lendária do tesouro. Dan usa muitos brajás (contas feitas de búzios estrategicamente
colocados de forma que lembre uma serpente).
Ao se iniciar um filho de Dan, preceitos são feitos para que esse vodun nunca se
manifeste na forma serpente e sim na forma humana pois, entendemos que na forma
humana ele é menos perigoso e entende melhor o ser humano, podendo assim
atender as suas necessidades e supri-las. No geral, os filhos de Dan são muito
chegados a doenças, principalmente de olhos e de origem psicológica. São pessoas
vaidosas, ambiciosas, “perigosas”, espertas e inteligentes. São muito dedicados ao
santo e dificilmente saem da casa que foram feitos.
Os voduns Dan vestem branco em sua maioria. Alguns usam verde claro, dourado,
prateado, ou tecidos com arco-íris estampados. Seus fios de conta vão de acordo com
cada vodun, variando em preto e amarelo, verde e amarelo e até mesmo na cor do
arco-íris. Abaixo citaremos os mais conhecidos e cultuados voduns Dan iniciados no
Brasil:
Dan gballa- esse vodun está sempre coligado à Aido Wedo e alguns acreditam ser um
só Deus, chamado de Dan gballa-wedo representando assim um deus superior na
hierarquia espiritual. Dan gballa também é conhecida como daidah, a cobra mãe. Esse
vodun não pode ser feito em mais de duas pessoas num mesmo país. Dan gballa e Aido
wedo são quem sustentam o mundo e quando eles se agitam causam catástrofes
como terremotos. Eles fazem parte da criação do mundo, juntamente com Mawu, Lisá
e Nànàn. Está associada á água e a chuva, sendo o vodun da fertilidade. Aparece
geralmente entrelaçado com seu marido Aido Wedo, dando origem a mais voduns
Dan. Dan gballa cava túneis, assim como as serpentes, conectando as terras acima com
as águas abaixo. Sua cor é o branco e o dourado, pegando também todas as cores do
arco-íris.
Aido wedo- esse vodun está sempre coligado a Dan gballa. É o deus do arco-íris e do
pote de ouro que se encontra no seu fim. Aido wedo é o verdadeiro pai da advinhação,
sendo o deus da vidência juntamente com vodun Fá, que dá aos bakonos o poder do
oráculo, assim como deu a íyèwá e a Legba. Aido wedo tem um pé firmado no fim do
arco-íris, na umidade das águas, e o outro pé é plantado atrás das montanhas. Move-
se entre os opostos da terra e da água, unindo em sua rotação, movimentos
urobóricos, gerando a vida.
Akotokwén- é o pai de muitos outros voduns Dan. É um dos mais velhos, sendo o
senhor da sabedoria. Em algumas lendas é pai de Gbesén ,Frekwén e Azansu e foi
casado com Nànàn. Sua cor é o amarelo e preto e veste branco. Tem muita ligação
com ègún e com os voduns do panteão Sakpatá.
Akolo Gbèsén (Aholo Gbèsén)- vodun Dan jovem, cultuado também na cultura yorubá
com nome de òsúmárè. É o vodun da devolução e da riqueza, sendo responsável pelo
retorno da água a terra em forma de chuva. Esta sempre ao lado de sua irmã Frekwén.
Frekwén- vodun Dan do sexo feminino, muito jovem e cultuado na cultura yorubá
como qualidade de òsúmárè. É a guardiã do arco-íris em volta do sol, muito coligada a
íyèwá. É um Dan muito perigoso e venenoso, sendo impaciente e agitada.
Íyèwá- é um vodun Dan filha de Azansu. Segundo as lendas Íyèwá teria sido excluída
de Dahomey por seu pai Azansu após se casar com o rei de Álákètú: Òsóòsí. Dahomey
e Álákètú viviam em guerra e por esse motivo o casamento relacionamento entre os
seus habitantes era proibido. Conseqüentemente, Íyèwá acabou por não ser cultuada
em muitas casas de djèdjè, se tornando um tabu. É a divindade de tudo o que é virgem
e inexplorado. Senhora da vidência. Sua cor é o vermelho e amarelo.
Íjíkú- vodun Dan feminino e muito arredio. Mora nas enseadas e é confundida com
Íyèwá. É muito perigosa e venenosa, causando danos aos seres humanos. Ligada as
águas, representa a troca de pele da serpente. É essa serpente que toma conta dos
vodunsis quando estão reclusos, sendo assentada dentro do hundeyme ou lugar onde
possa ficar de prontidão.
Òjíkú- vodun Dan masculino. É casado com Íjíkú e ao contrário de sua esposa, é
possuidor de um caráter menos agressivo. Reina o arco-íris da lua juntamente com
Íyèwá, regendo a faixa branca do mesmo. Ajuda Ìjíkú a tomar conta dos vodunsis, só
que os olha do espaço sagrado, sendo responsável pelos sonhos dentro do hundeyme.
Dan Íkó- vodun masculino muito cultuado nas casas de djèdjè aqui no Brasil,
principalmente no Djèdjè Mina. É um vodun velho. Representa a hierarquia das casas
de ásé e a sabedoria dos sacerdotes ao lidar com seus filhos e clientes. Senhor das
novas descobertas. Veste branco e prata.
Bakun- vodun masculino que vive nos buracos das árvores. Representa as serpentes
arborícolas. Tem muita ligação com os ancestrais tais como ègúngún e íyámí, sendo
um vodun Dan muito perigoso e com forte carrego. Tem ligação também com Loko e
Azenadô.
Azenadô- Vodun masculino senhor das árvores frutíferas. Seria segundo os mais velhos
um dos três reis da nação djèdjè (em algumas lendas os três reis são Dan, Sogbo e
Azansu e em outras Dan, Sogbo e Azenadô, variando conforme região). Suas
festividades são em setembro, onde se enfeita o Kwê com muitas frutas, dando-as
para os visitantes e adeptos. Teria a função de suprir a fome dos animais e seres
humanos. Tem muito fundamento com Loko e com os ancestrais.
Afrotonoy- vodun masculino que mora no rio. É uma cobra d’água e se alimenta de
peixe. É um jovem vodun Dan, que representa a alegria e o respeito aos mais velhos.
Bosalagbê- vodun feminino muito cultuado nas casas de djèdjè mina no maranhão.
Também chamado de Bósa. É filha de Azansu e irmã de Íyèwá e gêmeo de Bosukó. É
jovem, muito alegre e faceira, sendo confundida com sua irmã Íyèwá. Mora nas águas
doces e veste vermelho e dourado.
Bosukó- vodun masculino Tokeno (jovem). Irmão gêmeo de Bosá, mora nos rios junto
com sua irmã, e possui características em comum com a mesma, sendo muito alegre e
faceiro. Veste branco e dourado.
Agué
Agué - foi mandado para a terra por Mawu com o propósito de saciar a fome do ser
humano, através da caça, abate de animais e cultivo da terra. Seria o senhor da
agricultura, morando nas florestas, tendo um extenso domínio sobre as ervas. Toda
floresta é seu domínio, sendo responsável pelo bem estar da mesma e por tudo que
nela vive e a habita. É filho de Nànàn, pertence a família Dan birá, regendo também os
ègún que residem nas matas. Todas as folhas pertencem a Agué, sendo ele detentor
de alta magia através das mesmas e sendo um vodun muito importante dentro do
culto, já que sem ervas não existe ásé. Muito parecido com òsànýn dos cultos yorubás
e alguns até acreditam ser o mesmo Deus que assim como Dan e Sakpata assumiu um
outro nome em terras yorubas porém, existem muitas lendas e fundamentos que os
diferem, levando a conclusão de serem divindades diferentes porém com funções em
comum. Sua cor é o verde e branco e sua saudação aho gbo gboy!
AZZIZA (aziza) espírito mais antigo da floresta; foi quem ensinou a Legba os primeiros
usos das ervas sagradas. A alma das árvores dá a magia aos homens e é associado ao
culto dos antepassados.
Família de Sògbò
Nas aldeias lacustres, nos arredores do atual Alaada, era cultuado o vodun Setohoun
(espírito da laguna). Quando Setohoun chegou a aldeia de Heviê, os nativos batizaram-
no com o nome de Hevioso (Heviê- nome da cidade; Oso- raio; ou seja raio de Heviê).
Outras lendas traduzem seu nome como he- ave; vi- projetar; isso- fogo; ou seja ave
que projeta fogo. Em Dahomey, todos os voduns do panteão do trovão ligados ao
elemento fogo são chamados de So ou Sogbos, inclusive o òrísá Sàngò assim é
designado. Os So ou Sogbos não gostam de malfeitores e ladrões de um modo geral
eles se irritam e matam esses elementos. A água da chuva depositada nos telhados é
um dos seus maiores bekó (kisilas). Também não gostam de feiticeiros e bruxos e se
esses se meterem com seus protegidos Ele os fulmina. Os akututos (ègúns) não
constituem um bekó para esses Voduns, mas eles também não gostam muitos dos
mesmos. Quando é necessária a presença de um deles para afastar esses espíritos, se
fazem presente e com muita energia os afugentam. Sua principal dança é o hundosé e
o dogbahun. Sosiôvi é nome do chocalho de So ou Sogbo. Sokpé é o machado de
Hevioso, feito com pedras de raio. Muitos são os voduns que fazem parte da família de
Hevioso, alguns são relacionados diretamente ao fogo e outros são relacionados ao
elemento água e habitam os oceanos, rios e ar. Vejamos abaixo os voduns do panteão
do trovão mais conhecidos:
Sogbo - Vodun masculino considerado o Pai de todos os So. Faz trovejar para alertar
os homens que os deuses julgadores e da justiça estão insatisfeitos e que o trovejar é
sinal do castigo que está por vir. É também chamado de Hevioso. Seus raios rasgam os
céus acompanhados dos trovões, destruindo cidades inteiras e fulminando os inimigos.
Dizem os Hunos que é preciso oferecer sacrifícios ao deus do trovão para aplacar sua
fúria. Ele odeia ladrões e malfeitores e os mata. Quando esta, satisfeito, Hevioso dá a
chuva e o calor que tornam férteis a terra e o homem.
Gbadé - Jovem, guerreiro, brigão, implicante, muito barulhento. Adora beber e
quando o faz arruma bastante confusão deixando todos atordoados. Adora esconder
as coisas (pertences) e se diverte em ver as pessoas procurando. No trovão escuta-se
sua voz gritando para que os homens consertem o que está errado. É a encarnação dos
vulcões, sendo um vodun muito quente e perigoso. Dizem os dahomeanos que quando
Badé está furioso ele faz o vulcão entrar em erupção, destruindo cidades e civilizações
inteiras. É irmão gêmeo de Adêm ou Adaen, um vodun feminino senhora das garoas.
Sua cor é azul, vermelho e branco, é cultuado juntamente a Hevioso na fogueira dos
caviunos.
Sogboadan- vodun masculino que representa a união da família Hevioso com a família
Dan gbirá. Representa o encontro dos raios com a terra e o castigo dos deuses do
trovão sobre a humanidade. Responsável por dividir tudo o que vem do espaço sideral
para os seres humanos, julgando-os merecedores ou não das graças e da ajuda dos
voduns. Segundo as lendas seria uma serpente alada que cuspia fogo.
Kasu Kasu - Guerreiro que defende as aldeias e ou casas de santo onde é cultuado. Os
inimigos têm pavor de Kasu. Dizem que quando em luta ele cospe fogo sobre os
inimigos. Quando em guerras, Kasu coloca-se à frente da aldeia e ou casa de santo e
abre seus braços criando assim um obstáculo que impede os inimigos de atacar. A
tradução de seu nome é barreira.
Akholongbé (acrolombé) - Ataca os inimigos ou castiga o homem enviando granizo, e
faz os rios transbordarem. É ele quem controla a temperatura do mundo. Quando está
calmo e satisfeito, ajuda o homem dando-lhe bons movimentos financeiros.
Aden - Vodun masculino do panteão do trovão, que veste roupa branca. Dá as chuvas
finas que faz as árvores frutificarem e, em conseqüência, é guardião das árvores
frutíferas. É chamado também de Adaen. Em um combate, mata os inimigos pelas
costas, não a traição. Todo cuidado é pouco para lidar com esse Vodun, pois a
primeira vista ele não demonstra seus desagrados.
Adeen- É ela quem faz escurecer os céus e envia os relâmpagos que fulminam. Seu pai
Sogbo ralha com ela dizendo: - Ahunevi anabahanlan! (não mate as pessoas). É muito
quente e arredia, ficando sempre aos olhares dos voduns mais velhos.
Ahuanga- Vodun masculino muito velho e grande feiticeiro do panteão do trovão, filho
de Saho. Em um salto transforma–se em fogo para proteger seus adeptos e queimar
seus inimigos, depois disso desaparece numa moringa. Tudo que é seu é enterrado.
Djakata-sô- vodun masculino arredio e muito forte. Em sua ira arranca as árvores e as
joga sobre os inimigos e aldeias. Defende seus filhos mesmo que eles estejam errados,
só não podem errar com ele. Seu poder é muito grande e sua fúria implacável. É
conhecido entre o yorubas como Jakutá (já- jogar, atirar; òkútá- pedra; ou atirador de
pedras) que acabou por se tornar erroneamente como uma variação ou um dos títulos
de Sángò.
Ajakatá- vodun masculino guardião dos céus. Somente ele possui as chaves que
permite a entrada dos homens nos céus. Quanto aborrecido envia as chuvas
torrenciais.
Akelé- vodun feminino que representa a transformação. É quem puxa as águas do mar
para o céu e a transforma em chuva.
Alasan- vodun masculino sábio e justo. Talvez o mais velho de todos. Ensinou ao
homem o culto de So.
Awangá- Vodun masculino do panteão do trovão, irmão de Averekete. Habita as
lagunas marinhas. Suas águas engolem os ladrões e piratas.
LOKO
Loko- é a representação das árvores. Mawu o deixou responsável por todas as árvores
e seres que a habitavam. Deveria frutificar algumas a fim de saciar a fome de homens e
animais e combater os espíritos malignos que quizessem se apoderar ou controlá-las.
Loko é um voduns completamente ligado aos ancestrais, uma vez que as grandes
árvores seriam os portais para a eternidade. Nos pés das grandes árvores vivem os
ègúngúns, espíritos dos ancestrais masculinos que, respeitam Loko e as varas retiradas
de suas árvores (ísàns, usadas no culto à ègúngún para conduzir e evocá-los). Na copa
das grandes árvores vivem as èlòíyés ou íyámí òsòrògá que são as grandes feiticeiras,
representação dos ancestrais femininos. Por essa grande ligação com os ancestrais,
Loko ou Íròkò (nome dado após seu culto ser englobado na cultura yorubá) se tornou o
guardião do Hunjeve ou hunjebe que é o colar da ancestralidade, ganho pelo vodunsi
após seu hungbê de 7 anos e sendo o único colar que, acompanha o iniciado após seu
falecimento. Sua cor é o verde e preto e sua saudação aho gbo gboy ou ainda íròkò ísó
èró nas terras yorubanas.
Avelekete
Sakpatá- seria o vodun mais conhecido dessa família e o que mais teve história dentro
das terras yorubás. Segundo os mitos, Nànàn sua mãe teria abandonado Sakpatá ainda
recém nascido, em um rio, dentro de um balaio pois, o mesmo teria o corpo coberto
de chagas e o rei de dahomey queria matá-lo temendo sua doença ser contagiosa.
Quem acolheu Sakpatá foi Íyèmònjá, òrísá dos rios que correm para o mar, e o ensinou
a caçar, pescar, educando-o e nomeando-o de Sákpònàn. Ògún, filho de Íyèmònjá e
irmão adotivo de Sákpònàn, cobriu com folha de máríwò o corpo de Sákpònàn com o
objetivo de esconder por baixo dessa roupa o ser coberto de chagas que assustava a
comunidade. Ao longo do tempo, Sákpònàn caminhou por toda a África, levando a
cura de doenças para as comunidades e propagando seu poder e conhecimento,
passando a ser chamado de Ògbálúáíyè (ògbá- rei; òlú- senhor; áíyè- terra; logo o rei e
senhor da terra). Mais tarde ògbálúáíyè retornou a sua cidade de origem, Dahomey, e
foi confundido com o filho de Sakpatá, sendo chamado de Òmóòlú (omo- filho; òlú-
senhor; logo filho do senhor). Portanto, Sákpònàn, Ògbálúáíyè e Òmòlú são nomes que
representam a mesma divindade: Sakpatá. Sakpatá, seria o deus da varíola, da
humildade e da seriedade. Em alguns lugares de dahomey não é tão conhecido, uma
vez que sua história de vida se passa totalmente em terras yorubanas, passando a ser
Azansu o vodun do panteão de Sakpatá mais conhecido.
Azansú ou Azansún- vodun masculino do panteão de Sakpatá. Senhor dos ásés dos
animais e dos órgãos internos da barriga, inclusive as tripas. É pai de muitos voduns da
família Dan gbirá, inclusive de Íyèwá que segundo as lendas foi expulsa de Dahomey
pelo mesmo, após ter um relacionamento com Òsóòsí, o deus de Álákètú, cidade
inimiga de Dahomey.
Toy Akosu- vodun masculino do panteão de Sakpatá. É o mais velho vodun desse
panteão que se tem notícia. No transe, ele se mantém deitado na azan (esteira). Dizem
os mais velhos, que Toy Akossu é o patrono dos cientistas, ele dá a eles inspirações
para a descoberta das fórmulas mágicas que curarão as doenças e as pestes. Ele é a
própria "doença e cura", como também um excelente conselheiro.
Toy Abrojeví- vodun masculino do panteão de sakpatá. é um Vodun velho, filho de Toy
Akossu, que gosta de comer quiabo com dendê, paçoca de gergelim e fumar cachimbo
de barro. Toy Abrogevi gosta muito de Badé e se tornou muito amigo dele. Foi com
Badé que aprendeu a comer e a gostar de quiabo.
Azaká- vodun masculino pertencente a família Dan gbirá e incluído no panteão dos
Sakpatás. É um velho caçador, tio de Otolú, fazendo parte também do panteão dos
voduns caçadores. Rege a boca da mata e veste palha da costa e um chapéu de palha.
Kpósu
As Naês, Togbosys ou Mami Wata são todas as voduns femininas das águas doces
(jesúsú), salgadas (jevíví) e salobres. Aqui falaremos exclusivemente das Naês de águas
doces e salubres pois já descrevemos as Naes das águas salgadas quando falamos do
panteão dos voduns oceânicos. As Naês ou Mami Watas, são mulheres vaidosas,
exigentes, caridosas, algumas são guerreiras, outras caçadoras. Gostam do brilho das
pedras e do ouro, adoram se enfeitar com colares, pequenas conchas e caramujos,
pulseiras, pequenas penas coloridas. Normalmente, seus adornos são feitos por elas
mesmas, caso alguém queira fazer para elas, essas exigem que seja feito exatamente
como elas fariam. Algumas Naês gostam de ficar a beira dos todôun, sentindo e
recebendo a energia do guhê (sol), das atinsás (árvores), do djóon (vento), da sum
(lua), etc.. Essas são muito falantes, gostam de dançar, cantar, caçar junto com Otolu,
pescar junto com Ajaunsi, macerar folhas junto com Agué, comer ámálá com Sogbo,
Avereketi e Arevesul, etc. Gostam de caminhar pelas matas, praias e lagoas, ondem
residem outras Naês. Outras Naes preferem as profundezas das ezins onde a paz reina
com toda a plenitude da natureza, essas não gostam de se expor aos olhos de curiosos
e são de falar muito pouco. As Naês que moram nas ezin salubres, são as mais
guerreiras, cultuam os ancestrais, lidam com ègúns e a magia é seu forte. Dizem os
antigos, que é nas lagoas que se escondem os grandes mistérios da magia das Naês,
pois ali se encontram as duas energias, a das ezins jesúsú e a das ezins jevívi. Fá
sempre aconselha seus bakonos a irem à lagoa conversarem com as Naês quando
existe a necessidade da magia ser usada. As Naês usam roupas de várias cores sendo
que, algumas delas, adoram o dourado, daí confeccionar-se roupas com tecido
amarelo, o que não está totalmente correto. As roupas das Naês devem obedecer a
uma série de exigências das mesmas. Podemos até fazer uma roupa amarela ou
dourada, mas nunca podemos esquecer os detalhes que virão complementar a
simbologia da roupa a ser usada. Seus assentamentos podem ser feitos em louças, em
bustos de madeira, argila ou Kô(barro), dependendo da Vodun que se está assentando.
Dependendo da Naê, ela traz nas mãos: ezuzu (ágbégbé), pena, òfá, lira, èsé (pássaro,
de preferência vivo), cobra, espada ou adaga.
Abaixo veremos a lista da algumas das Naês de água doce ou salubres mais
conhecidas:
Aziri Tolá- vodun feminino pertencente ao panteão da terra. É uma divindade vaidosa,
doce, caridosa e muito exigente. Gosta do brilho do ouro, e se enfeita com conchas,
pedras e caramujos. Recebeu a missão de ensinar ao ser humano a fé, o amor e a
compaixão, sendo responsável de unir as pessoas sentimentalmente. Rege o fundo dos
rios e todo ser vivo lá encontrado.
Vodun Abotô - habita as águas doces profundas que desembocam no mar. É sempre
confundida tanto como Òsún quanto como Íyèmònjá. Uma das Voduns mais velhas do
panteão da terra. Veste branco, branco com amarelo, amarelo clarinho, suas contas
são amarelo pálido. Gosta de adornos dourados e perfume. Não gosta de muito
barulho perto dela. Fica fascinada com o barulho dos búzios em movimento com as
águas e faz desses seu oráculo. Representa o encontro das águas e é a senhora das
Èkédjís e dona da pororoca. Dona do suor e de toda água encontrada no organismo.
Vodun Tokpodun- Vodun feminina, deusa do rio. Seu frescor traz claridade para as
cabeças e sua tranqüilidade traz a paz. Símbolo de beleza, feminilidade, fertilidade,
graça e caráter. Filha de Naete deusa do oceano, irmã de Averekete. Foi expulsa do
oceano por seus irmãos por seu caráter forte indo então, morar no rio.
Gorêji- Vodun jovem muito alegre e falante, habita o encontro das águas das lagoas
com o mar. Essa mãe gosta muito de passear pelas lagoas e lagos misturando-se com
os patos d'água em seu bailado e fica muito aborrecida se algum caçador mata ou fere
uma dessas aves. Veste roupas azuis, verde água, prateado com rosa claro ou
azul. Gosta de adornos prateados, pérolas e perfumes suave. Pertence ao panteão da
terra. Quando Goreji resolve passear em águas oceânicas, os cavalos marinhos que a
adoram ficam ao seu dispor para transportá-la e passear com ela. Em seu
assentamento podemos colocar bonecas coloridas e outros brinquedos de menina.
Familia de Vodun Howu (Mar)
O oceano abriga uma enorme variação de divindades tanto do sexo masculino quanto
do sexo feminino, responsáveis pelo bem estar de toda orla marinha e dos animais,
algas e todos os demais seres vivos que nele vivem. Naete e vodun Hou são os deuses
que reinam no universo oceânico. Enquanto que Naete fica nas águas calmas, vodun
Hou desbrava todas as regiões e dá a cada vodun suas tarefas. Habitam o mundo
marítimo tantos voduns da família Hevioso quanto da família Dan gbirá. Temos em
nosso culto uma linda cerimônia chamada Gozin onde fazemos oferendas à todas
divindades que habitam as águas. É um momento muito sublime, de uma energia
indescritível onde gritamos Agoki-Agoka e percebemos a chegada de cada um desses
voduns. Existe também o mito do monstro marinho chamado Mokelêngbêngbê,
animal do tamanho de um elefante, com um pescoço longo, um único chifre e uma
enorme cauda que derruba as embarcações. Esse monstro é muito temido e muito
respeitado em todo dahomey até hoje. Veremos abaixo o nome dos voduns mais
conhecidos do panteão dos voduns oceânicos:
Naetê- vodun feminino que habita as águas calmas do oceano. É mãe de quase todos
os voduns marinhos, sendo a mais respeitada divindade do oceano juntamente com
seu marido vodun Hou. Naete recebeu a missão dada por Mawú de levar a importância
da família e o amor para os seres humanos. É tida como uma das mais belas deusas de
dahomey, e anualmente recebe oferendas, juntamente com os demais voduns
marinhos, para que o mar seja sempre próspero e possa dar o alimento para os
homens. Sua cor é o cristal e o azul. Usa ágbégbè e conchas.
Vodun Hou- vodun masculino do panteão do trovão marido de Naetê. Sua morada é a
zona de arrebentação das ondas que arrebentam no litoral. É muito quente e
guerreiro, sendo responsável por manter a ordem no oceano e de distribuir e fiscalizar
as funções dadas a cada vodun. Seria o próprio oceano, sendo um deus muito
poderoso.
Agbê- Vodun feminina irmã de Badé, panteão do trovão. Habita as águas revoltas do
oceano. Sempre que acontece um naufrágio é ela junto com Vodum Sayo que tentam
salvar os náufragos. Considerada uma das mais velhas mães do mar, sempre substitui
Naete, quando essa precisa se ausentar do reino. Nohe Agbê é considerada a
palmatória do mundo, cabe a ela mostrar as verdades e não deixar que essas sumam
nas águas, dizem os antigos que o ditado "A verdade sempre anda sobre as águas,
nunca afunda, um dia ela aparecerá na praia" foi dito por Agbê. Assim como Erzulie,
Agbê é conhecedora de alta magia. Veste branco, azul muito clarinho.
Erzulie- Vodun feminino que habita o reino abissal, pertence ao panteão da terra. É
considerada a mãe de Agué e Òlòkè. Essa Vodun também é conhecida como Erzulie-
Dantor, poderosa conhecedora da alta magia. Dizem os bakonos que ela se assemelha
a Netuno, pois está sempre tentando levar toda a humanidade para habitar o oceano.
Ela diz que todos os humanos têm a capacidade dos anfíbios e que todos se originaram
do fundo do mar. Alguns acreditam que é um Vodun andrógino. Em momento de
afogamento devemos chamar por Vodun Agbê e Vodun Sayo para que essas
convençam Erzulie que nosso lugar é na terra.
Vodun Natê- Vodun masculino do panteão do trovão que habita o mar. Adorado pelos
pescadores e por todos que trabalham no mar. É o grande guardião que habita em
todo o oceano, mar e praias.
Sayô- Vodun feminina do panteão do trovão, irmã de Averekete. Habita as ondas do
mar que fazem o nível do oceano subir. Considerada como uma sereia. Ajuda a salvar
as pessoas vítimas de afogamento.
Vodun Agboê- Vodun masculino do panteão do trovão, filho de Saho. Realiza tudo
através de um talismã que preparou junto com seu pai. Dança com muito vigor, gira
em torno de si mesmo e transforma–se na água que é Hu, o mar. Depois disso sai e
pede a uma vodunsi que recolha água do mar, coloque em um ponte e a esquente. O
resultado disso é o huladje, o sal.
Nochê Naê - Mãe Naê - a vodum mais velha e ancestral mítica do clã.
Zomadônu - o dono da Casa das Minas e chefe de uma das linhagens da família de
Davice. Rei e pai dos toqüéns Toçá e Tocé (gêmeos), Jagoboroçu (Boçu) e Apoji.
Zomadônu é filho de Acoicinacaba.
Acoicinacaba - (Coicinacaba) - pai de Zomadônu e filho de Dadarrô.
Dadarrô - chefe da primeira linhagem da família; vodum mais velho da família de
Davice. Casado com Naedona e pai de Acoicinacaba, portanto, avô de Zomadônu. É
pai de Sepazim, Doçu, Bedigá, Nanim e Apojevó. Representa o governo e é protetor
dos homens de dinheiro.
Naedona - (Naiadona ou Naegongom) - esposa de Dadarrô e mãe de Sepazim, Doçu,
Bedigá, Nanim e Apojevó.
Arronoviçavá - irmão de Naedona, é cambinda (mas considerado jeje por outras
casas).
Sepazim - princesa casada com Daco-Donu, com quem teve um filho chamado Tói
Daco, que é toqüém.
Daco-Donu - marido de Sepazim, pai de Daco.
Daco - filho de Sepazim e Daco-Donu. Toqüém.
Doçu (Doçu-Agajá, Maçon, Huntó ou Bogueçá) - jovem cavaleiro, boêmio, poeta,
compositor e tocador. Pai dos três toqüéns Doçupé, Nochê Decé e Nochê Acuevi.
Doçupé - filho de Doçu. Toqüém.
Nochê Decé - filha de Doçu. Toqüém.
Nochê Acuevi - filha de Doçu. Toqüém.
Bedigá - também cavaleiro como o irmão Doçu. Aceitou a coroa do pai Dadarrô que
Doçu tinha recusado. Protetor dos governantes, advogados e juízes.
Apojevó - filho mais novo de Dadarrô. Toqüém.
Nochê Nanim (Ananim) - filha adotiva de Dadarrô, criou Daco (neto de Dadarrô) e
Apojevó (seu irmão mais novo.
Outros Voduns
As Nae Aikunguman
No culto aos voduns, Nae Aikunguman ou Nohê Aikunguman é a base de tudo que é
fundamento. Acreditamos que somente esse vodun pode sustentar uma base sólida
para apoiar e firmar um templo de culto para os demais voduns. Temos vários voduns
que pertencem ao panteão de Aikunguman, porém existem aqueles cuja tarefa
primordial é o culto a mesma. Dependendo do que se pretende fazer, invocamos o
vodun correspondente. Como por exemplo:
Agué- vodun masculino, dono de todos os segredos das folhas. Este vodun tem um
papel importantíssimo dentro do culto a Aikunguman pois é ele que fertiliza e a
alimenta com suas sementes e suas magias. Numa casa de santo cabe a ele levar o
“sabor” de cada vodunsi e o apresentar a Aikunguman na passagem de sua vida
profana para a religiosa, isto é, seu renascimento.
Guiogu- vodun masculino do panteão de Gu. É o senhor das facas e das guerras de
ênfase mundial. Também desempenha um papel muito importante no culto a
Aikunguman, pois é ele que dá à mesma o Kun (sangue) dos animais sacrificados. Junto
com vodun Yian, Guiogu garante que o kun de homens inocentes não seja derramado,
apenas os dos malfeitores.
As Avejidá da família Hevioso, estão mais ligadas aos fenômenos da natureza, como
o furacão, ciclone, maremotos, erupções vulcânicas, etc. Onde os ègúns recém
desencarnados nesses fenômenos são encaminhados imediatamente por elas as
Guerreiras dos cultos de akututos, pois Hevioso e demais Sogbos não abrem suas
portas para ekus, dessa forma o trabalho delas tem que ser rápido e eficiente, para
não contrariar o grande Hevioso.
Seus apetrechos são o íyèrúsín, adaga, espada de lança curta com a ponta em forma
de meia lua, faca, chicote, chifre de búfalo e de boi, fogareiro de ferro, abano de palha,
abano confeccionado em tecidos finos ou pena (leque), abanos confeccionados em
madeira, bonecas(fetiche), máríwò... Usam todas as cores em suas vestimentas. Seus
colares ou fios de contas são das mais variadas cores e formato. Gostam de todos os
metais, sendo que o ferro, o cobre e a prata são seus preferidos. Vejamos abaixo os
voduns do panteão de Avejidá mais conhecidas no Brasil:
Vodun Djó- é uma das mais conhecidas e cultuadas voduns do panteão de Avejidá.
Vive no céu e nas nuvens sendo responsável pelas chuvas e tempestades de ventos.
Pertence a família Hevioso e juntamente com Sogbo vigia os seres humanos do alto,
castigando-os com os fenômenos da natureza ou presenteando-os com chuvas e
ventos que refresquem seu calor. Sua cor é o vermelho.
Ábé geledê- vodun feminino do panteão de Avejidá pertencente a família Dan gbirá.
Tem o domínio sobre os mortos, sendo a senhora do culto a gelede na África. Rege os
enfermos e é cultuada no Sihun. Usa como apetrecho leques de palha e veste branco e
palha da costa ou máríwò. Muito arredia e perigosa, tendo fundamento com íkú. É
uma velha Vodun guerreira que com sua sabedoria e magia sabe aplacar a fúria dos
deuses e acalmá-los. Essa Velha Vodun Guerreira mora junto com as demais íyámís e
todas as Avejidá prestam culto a mesma e tomam seus conselhos e usam sua magia
quando precisam. Ela é uma velha Avejidá que se esconde nas sombras e adora a
noite. Os pássaros são seu encanto. Junto com Agué visita os kwês em sua ronda
noturna e se encontrar demandas ela se detêm para ajudar ou cobrar. A fúria dessa
Vodun destrói os inimigos e fecha um kwê. Dificilmente um kwê fechado por ela
consegue se reerguer. Somente através de gbágbá ègún se consegue chegar a ela para
aplacar sua fúria.
Ábé Huno- vodun feminino do panteão de Avejidá e da família terra. É uma grande
guerreira que vive nos campos de batalhas lutando contra os demais voduns do
panteão dos guerreiros. Rege todos os ègúns que desencarnaram em batalhas e
defende todos os Kwês e seus filhos contra demandas.
As Togbocys (Topbossi)
As Tobossis são Voduns infantis, femininas, de energia mais pura que os demais
Voduns. Pertenciam à nobreza africana, do antigo Dahomey, atual Benin.
Eram cultuadas na Casa das Minas, em S.Luiz/Maranhão, até a década de 60.
No culto dos Voduns, Eku é visto como um Deus acompanhado sempre de um avun
(cão). Essa é uma das razões que, dentro dos Templos de Voduns, a entrada desse
animal é proibida. Porém, os sacerdotes reservam uma área fora dos templos, onde
esses animais são criados para que sejam os guardiões das almas, impedindo-as de
entrarem nos Templos além de encaminhá-las. Os Vodunos, Bokonos, Ahougans,
Sofós, Vodunsis e outros, acreditam que Vodun Ewá ou Íyèwá sempre espreita o
temido Deus Eku para que esse nunca pegue ninguém desprevenido, além de sempre
tentar desviá-lo de seu caminho. Os velhos Vodunos contam-nos várias histórias para
justificar a proibição de avuns em Templos Voduns. Vejamos algumas delas:
3 - A repulsa ao avun nos Templos dos Voduns, é a interdição implacável sofrida por
esse animal, pelos muçulmanos, povo que muito influenciou a cultura africana. Eles
fazem do avun, a imagem daquilo que a criação comporta de mais ruim. O avun,
devorador de oku é um animal impuro. Por essa razão também, acreditam que os
deuses jamais entram em um Templo onde se encontra um avun.
Não há, sem dúvida, mitologia alguma que não tenha associado o avun à morte, aos
infernos, ao mundo subterrâneo, aos impérios invisíveis regidos pelas divindades
ctonianas ou selênicas. A primeira função mítica do avun universalmente atestada, é a
de guia do homem na noite da iku, após ter sido seu companheiro no dia da vida.
Vemos, em muitas culturas, o avun emprestar seu rosto a todos os grandes guias de
almas. Têm por missão aprisionar ou destruir os inimigos da luz e guardar as Portas
dos locais sagrados, reino dos okus, país de gelo e de trevas. Algumas tradições
chegam a criar avuns especialmente destinados a acompanhar e a guiar os okus no
Além. Atribui-se também ao avun como intercessor entre este mundo e o outro,
atuando como intermediário quando os vivos querem interrogar os okus e as
divindades subterrâneas do país dos okus. Na África, o avun possui o dom da
clarividência e, além de sua familiaridade com iku e com as forças invisíveis da noite,
é considerado um grande feiticeiro. É um costume africano, em seus banquetes
funerários, oferecerem aos avuns a parte que caberia ao oku, após ter pronunciado
estas palavras:
xará xará hun derecè, run derenà ja biawè, hun derenà já biawè Sogbo um derenà na
biawè lò..