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Tribunal Tema Jurisprudência


Súm

PRINCÍPIOS

É possível vislumbrar alguma acepção social no princípio do desenvolvimento sustentável? Há doutrina que a defesa do desenvolvimento sustentável,
envolveria, além da conciliação do desenvolvimento sócio-econômico com a preservação ambiental, um caráter social, reconhecendo-o como forma de
Princípios - garantia da justiça por meio da realização da distribuição de riqueza.
Desenvolvimento
sustentável - Acepção
social LC 140. Art. 3o Constituem objetivos fundamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, no exercício da competência comum a
que se refere esta Lei Complementar: II - garantir o equilíbrio do desenvolvimento socioeconômico com a proteção do meio ambiente,
observando a dignidade da pessoa humana, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades sociais e regionais;

Mesmo diante dos princípios da precaução e da prevenção, que para alguns suplantariam os princípios de garantias dos cidadãos, há de se considerar,
STJ - 6aT 402 Princípios - Insignificância
diante do caso concreto, a possibilidade de aplicação do P. da Insignificância.
D) Em razão do tratamento dispensado ao meio ambiente pelo texto constitucional, depreende-se que é exigido dos cidadãos, predominantemente, um
non facere em relação ao meio ambiente.
Questão TRF1
(E) – GABARITO PRELIMINAR
-exige-se uma postura ativa (facere) e uma postura omissiva (non facere).
E) O direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente equilibrado afasta eventual tentativa de desafetação ou desdestinação indireta.
Desdestinação - (E) – GABARITO PRELIMINAR
Questão TRF1
impossibilidade DESDESTINAÇÃO - é a desafetação do bem desapropriado que é despojado do caráter público . É "o ato jurídico stricto sensu, administrativo ou
constante da lei, pelo que se desveste de sua destinação pública o bem, para fazê-lo volver à categoria de propriedade privada"
A) O relatório de qualidade do meio ambiente, instrumento da Política Nacional do Meio Ambiente, é entendido como aplicação do princípio da
responsabilização.
Questão TRF1 Princípio da informação
(E) – GABARITO PRELIMINAR
-princípio da informação, que se caracteriza como um subprincípio do princípio democrático ou princípio da participação.
P. Poluidor-pagador: Pode ser entendido como um instrumento econômico que exige do poluidor, uma vez identificado, suportar as despesas
de prevenção, reparação e repressão dos danos ambientais. O princípio visa a atribuir uma expressão monetária ao custo social da poluição,
deslocando-o da coletividade para introduzi-lo como mais um custo do processo produtivo a ser arcado pelo empreendedor (internalização das
externalidades negativas). Apresenta duas vertentes bem definidas: (1) caráter preventivo, que busca evitar a ocorrência de danos, e (2) caráter
P. Poluidor Pagador repressivo, reparar o dano causado. O presente princípio não é uma chancela para poluir, pois não se limita a suportar a poluição mediante um
preço, nem apenas busca o equivalente pecuniário dos danos ambientais causados. Além e antes busca evitar o dano.

Privatização dos lucros e socialização dos danos – essa é a lógica do capitalismo. O direito ambiental visa reverter esse raciocínio.

O que é logística reversa ou responsabilidade pós-consumo? Obrigação de produtores e comerciante de baterias, pilhas, pneus e agrotóxicos de dar
destinação aos produtos não mais utilizados pelos consumidores. Se o produto / serviço fornecido, após o seu uso, virar lixo, quem foi o fornecedor tem
P. Poluidor Pagador - obrigação de recolher esse material.
Logística reversa ou
responsabilidade pós- Lei n. 12.305/10 Art. 31. Sem prejuízo das obrigações estabelecidas no plano de gerenciamento de resíduos sólidos e com vistas a fortalecer a
consumo responsabilidade compartilhada e seus objetivos, os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes têm responsabilidade que abrange:
III - recolhimento dos produtos e dos resíduos remanescentes após o uso, assim como sua subsequente destinação final ambientalmente
adequada, no caso de produtos objeto de sistema de logística reversa na forma do art. 33;

Questão TRF1 Internalização das B) Os instrumentos ambientais relacionados ao exercício do poder de polícia não podem ensejar impactos no custo da produção, mesmo que em defesa
externalidades negativas do meio ambiente.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
-a necessidade da internalização das externalidades negativas, que decorre do princípio do poluidor pagador, infirma a afirmação da assertiva. O art.
170, VI da CF estabelece a defesa do meio ambiente como um princípio da ordem econômica.
P. Usuário-pagador: “definição de valor econômico ao bem natural, com intuito de racionalizar o seu uso e evitar seu desperdício”. De frisar que, ao
contrário do poluidor, o usuário não provoca, em princípio, nenhum dano ao meio ambiente. A causa do pagamento da compensação é tão só a
P. Usuário Pagador utilização de recursos naturais escassos. Havendo algum dano ambiental, o pagador passará a ser considerado poluidor, incidindo no dever de
reparação decorrente do princípio do poluidor-pagador e não propriamente do usuário-pagador. Assim, enquanto o poluidor-pagador possui um caráter
de sanção, o usuário-pagador mais se assemelha a um ônus.
Existe limite na definição nessa cobrança? O limite é não vedar o acesso aos menos favorecidos. Rico ou pobre poderia pagar do mesmo jeito? É
comum leis que tarifas sociais (ex. Água), quem consome mais pagaria tarifa maior.
P. Usuário Pagador

Súmula 407 STJ - É legítima a cobrança da tarifa de água fixada de acordo com as categorias de usuários e as faixas de consumo.

C) O padrão de qualidade ambiental é instrumento abrangente que representa uma análise do impacto de certo empreendimento na ocasião de sua
instalação.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
- PRINCÍPIO DO LIMITE - em determinadas situações, a legislação permite a utilização dos recursos ambientais quando atendidos os parâmetros
Questão TRF1 Princípio Limite legalmente estabelecidos.
Lei 6.938/81 Art 4º - A POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE VISARÁ: III - ao ESTABELECIMENTO DE CRITÉRIOS E PADRÕES DE QUALIDADE
AMBIENTAL e de NORMAS RELATIVAS AO USO E MANEJO DE RECURSOS AMBIENTAIS;
Art. 8º Compete ao CONAMA: VII - ESTABELECER NORMAS, CRITÉRIOS E PADRÕES RELATIVOS AO CONTROLE E À MANUTENÇÃO DA QUALIDADE DO
MEIO AMBIENTE com vistas ao USO RACIONAL DOS RECURSOS AMBIENTAIS, principalmente os hídricos.
D) A criação de zonas estritamente industriais envolvendo a instalação de polos cloroquímicos é matéria que se encontra na esfera da competência
concorrente entre a União e os estados.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
Questão TRF1
Lei 6.803/80. Art . 10. § 2º Caberá exclusivamente à União, ouvidos os Governos Estadual e Municipal interessados, aprovar a delimitação e autorizar a
implantação de zonas de uso estritamente industrial que se destinem à localização de pólos petroquímicos, cloroquímicos, carboquímicos, bem como a
instalações nucleares e outras definidas em lei.
E) O zoneamento econômico ecológico constitui instrumento de organização territorial, de caráter obrigatório e vinculado.
(C) – GABARITO PRELIMINAR
Decreto 4.297/02. Art. 2o O ZEE, instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades
Zoneamento Econômico
Questão TRF1 públicas e privadas, estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e
econlógico
a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população. Art. 3o O ZEE tem por
objetivo geral organizar, de forma vinculada, as decisões dos agentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos e atividades que, direta
ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena manutenção do capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas.
princípio do protetor-recebedor, tem fundamento em uma lógica inversa ao princípio do poluidor-pagador. A ideia central do princípio do
protetor-recebedor é remunerar todo aquele que, de uma forma ou de outra, deixou de explorar um recurso natural que era seu, em
benefício do meio ambiente e da coletividade, ou promoveu alguma coisa, também com o mesmo propósito. Nesses casos, estamos falando
P. do protetor recebedor
de pagamento por serviços ambientais prestados.

Ex.: cota de reserva florestal.

COMPETÊNCIA

Oral TRF5 Competência 01) Trate da repartição de competência em matéria ambiental e se houve alguma alteração recente sobre o tema.
Resposta:
Embora haja expressa previsão constitucional no sentido de ser comum a todos os entes competência material para “proteger o meio ambiente e
combater a poluição em qualquer de suas formas” (artigo 23, VI), e de haver previsão de competência legislativa concorrente à União, Estados e
DF para legislar sobre “florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e
controle da poluição” (art. 24, VI), deve ser levado em conta que há competência privativa da União para legislar sobre “águas e energia” (art. 22,
IV), “jazidas, minas e outros recursos minerais” (art. 22, XII), além da competência material privativa da União para “organizar, manter e
executar a inspeção do trabalho” (art. 21, XXIV), tendo-se em conta que o âmbito laboral também integra o conceito de meio ambiente. Pode-se dizer,
em linhas gerais, portanto, que há competências que são atribuídas apenas à União, e que as demais são atribuídas a todos os entes, no exercício do
chamado Federalismo de Cooperação.
A matéria ligada à competência para o licenciamento era tratada predominantemente no artigo 10 da Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, com
base na preponderância do interesse, razão pela qual em regra era atribuída aos órgãos estaduais, salvo quando se tratasse de obra com significativo
impacto ambiental de âmbito nacional ou regional. A matéria foi detalhada pelas Resoluções 1 e 237 do CONAMA. Já a competência fiscalizatória era
exercida por todos os entes, haja vista ser competência da natureza comum.
Recentemente a Lei Complementar 140/2011 tratou de regular o tema da cooperação entre os entes. No que tange ao licenciamento foi mantida, em
linhas gerais, a noção de predominância do interesse. Já no que tange ao poder fiscalizatório, deu-se prevalência à atuação exercida pelo ente
responsável pelo licenciamento, embora não se tenha suprimido completamente a competência dos demais, porém, com preferência para a palavra
dada pelo ente licenciador.

COMPETÊNCIA LEGISLATIVA E MATERIAL

Competência legislativa - Competência legislativa


Meio ambiente Natural x
Meio ambiente do trabalho à a competência é privativa da união (M e E não legislam)
Artificial x Cultural x Do
Trabalho as demais situações (natural, artificial e cultural) à a competência é concorrente.

A Lei n. 9.605/1998 confere a todos os funcionários dos órgãos ambientais integrantes do sistema nacional do meio ambiente (Sisnama) o poder
Competência - Autoridade de lavrar autos de infração e instaurar processos administrativos, desde que designados para as atividades de fiscalização. A Lei n.
STJ - 1aT 360
administrativa - Auto de 11.516/2007 acrescenta: desde que precedido de ato de designação próprio da autoridade ambiental. Info 443: É nulo o auto de infração ambiental
STJ - 2aT 443
infração lavrado por autarquia estadual quando o servidor responsável pela autuação não foi previamente designado para a atividade fiscalizatória, o
que contraria o disposto nos arts. 70, § 1º, da Lei n. 9.605/1998 e 6º, parágrafo único, da Lei n. 10.410/2002.
embora tivesse precedente em sentido diverso (ADI 2656), em nova apreciação da matéria, o STF não vislumbrou inconstitucionalidade na lei
Competência legislativa - estadual que proíbe o uso, no âmbito da respectiva unidade da Federação, de produtos, materiais ou artefatos que contenham quaisquer
STF
509 Amianto - vedação do uso tipos de amianto ou arbesto, ainda que exista lei federal que expressamente o autorize. De fato, há lei federal nesse sentido (Lei 9.055/95),
Pleno
por lei estadual porém, na visão da ilustrada maioria, nisso se anteveria afronta ao direito à saúde (CF, art. 196), haja vista os danos à saúde ocasionados pela
substância em comento, segundo tem sido afirmado pela comunidade científica internacional, com reflexos em normas internacionais.

ADPF 234 MC / DF - COMPETÊNCIA NORMATIVA – TRANSPORTE – AMIANTO. Surge relevante pedido voltado a afastar do cenário jurídico-
normativo diploma estadual a obstaculizar o transporte de certa mercadoria na região geográfica respectiva – do estado.
Amianto -
STF Constitucionalidade da Lei Observou caber à União legislar, privativamente, sobre transporte — inclusive de cargas perigosas — e sobre comércio interestadual e
ADPF 234
Pleno Paulista que veda internacional. Assinalou, ademais, inexistir lei complementar que delegue aos Estados-membros a disciplina do tema. Afirmou que, se cada
Transporte Estado-membro impusesse restrições ao comércio, ora vedando o acesso aos próprios mercados, ora impedindo a exportação por meio
das regiões de fronteiras internacionais, seria o fim da Federação. Salientou, nesse sentido, que incumbiria à União explorar os portos
organizados, bem como regular o transporte rodoviário de cargas.
Frisou que, a corroborar essa orientação, a Corte tem declarado a inconstitucionalidade de normas estaduais que interferem na liberdade de
comércio interestadual e internacional. Reputou que, sob o enfoque da liberdade de locomoção, não se poderia restringir o acesso dos particulares
ao serviço público, que deve ser regular e eficiente, por expresso mandamento constitucional.
O relator consignou, por fim, que a lei adversada proibiria o “uso” e não o “transporte” da referida mercadoria. Explicou que quem usa o faria
em termos finais, seria titular de uma das faculdades inerentes ao domínio. Aquele que transporta, por sua vez, prestaria um serviço, mas não deteria,
necessariamente, a titularidade da coisa para si. Desse modo, se proibido o uso do amianto no Estado de São Paulo, não o seria o transporte
quando o material estivesse destinado a outros Estados da Federação ou ao exterior, no que não configuraria “uso” na acepção técnica
da palavra.

Amianto - a despeito da constitucionalidade da norma estadual que proíbe o uso, disso não se extrai permissão para que reste inviabilizado o
STF Constitucionalidade da Lei transporte interestadual e internacional desse tipo de cargas, na medida em que ainda subsistem leis estaduais que autorizam o manejo do
642
pleno Paulista que veda amianto crisotila. Assim decidiu o STF, conquanto anteriormente tenha sinalizado, em juízo de cognição sumária, que a Lei 9.055/95 se revelaria
Transporte inconstitucional ao permitir o uso dessa substância.

1) Os municípios podem legislar sobre matéria ambiental? 2) Qual o critério dessa competência concorrente?
Resposta:
Oral TRF1 Competência - Município Sim. Em matéria ambiental a competência executiva é comum entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios (CF, art. 23, VI). Desta forma, para
que o Município desempenhe essa competência executiva sem entraves, é lhes reconhecida, por conseguinte, a competência legislativa em matéria
ambiental, a qual há der ser exercida de acordo com dois critérios: (i) assunto ambiental de interesse local (CF, art. 30, I); e (ii) suplementar a
legislação ambiental federal e estadual (CF, art. 30, II).

COMPETÊNCIA JURISDICIONAL

Embora a mata atlântica integre o patrimônio nacional, não se enquadra na definição de bem da União e, por isso, não atrai a competência da Justiça
Competência Jurisdicional -
STJ - 3aS 365 Federal. Sendo assim, é competente a Justiça estadual para processar e julgar crime ambiental de desmatamento da floresta nativa da mata
Mata Atlântica
atlântica.
Competência Jurisdicional - O desmatamento da floresta amazônica em terreno objeto de propriedade particular enseja competência do juízo de Direito, e não da Justiça
STJ - 3aS 402
Floresta Amazônica Federal, ao entendimento de que não há que confundir patrimônio nacional com bem da União.
Competência Jurisdicional -
É de competência da justiça federal a ação cujo objeto versa sobre poluição em rio que banhe mais de um estado, ainda que os danos se dêem
STF - 1aT 544 Rio que banhe mais de 2
em apenas um deles, posto que se trata de bem da União a invocar a atração de competência posta no art. 109 IV CF.
estados
Competência Jurisdicional -
Compete ao juizado especial federal processar e julgar crime ambiental (art. 39 da Lei n. 9.605/1998) decorrente do corte de árvores (palmito) em
Conduta praticada no
STJ - 3aS 428 floresta de preservação permanente sem autorização do IBAMA, que administra o Parque Nacional de Itatiaia, por ser área particular vizinha à
entorno de uma Unidade de
unidade de conservação.
Conservação Federal
Competência Jurisdicional -
A competência da Justiça Federal se firma quando as condutas são praticadas no entorno de uma Unidade de Conservação Federal. A
Ementário Conduta praticada no
TRF 2 competência do E. Plenário do TRF é inconteste, porquanto figura no pólo passivo Chefe do Executivo Municipal, acusado da prática de crimes de
Temático 70 entorno de uma Unidade de
competência federal.
Conservação Federal
Em se tratando de crimes ambientais, a regra é a competência da Justiça Estadual, exceto se praticados em detrimento de bens, serviços ou
TRF 2 Súm 40 Competência Jurisdicional
interesses da União, de suas entidades autárquicas e empresas públicas.
Competência - JF - Crime
STJ 3a S 474 ambiental - Extração - os delitos relativos à extração irregular de recursos minerais, por estes serem bens da União, são da competência da Justiça Federal.
Cascalho

LICENCIAMENTO
STJ – A formalização de qualquer das modalidades de unidade de conservação de proteção integral invalida as licenças ambientais anteriormente
417 Licenciamento
2aT concedidas.
A licença ambiental é ato vinculado ou discricionário? Viabilidade ambiental é mérito administrativo, o Judiciário poderia controla-lo? Se o
Licenciamento - empreendimento não tem viabilidade ambiental, Judiciário poderá restringir. Se existe viabilidade o Judiciário não poderia determinar qual é a forma
Viabilidade ambiental e
que a administração deve proceder (foi o que ocorreu no Rio São Francisco – não teria como o magistrado substituir o Executivo em definir qual a
controle pelo P Judiciário
melhor forma de realizar o empreendimento).

2) Apresente uma reflexão a respeito de impacto ambiental, já que se tem o conceito semântico, jurídico e científico? Qual a natureza jurídica de um
licenciamento ambiental? Toda licença é precedida de EIA?
Resposta:
Impacto ambiental é a alteração no meio ou em algum de seus componentes por determinada ação ou atividade; a definição jurídica vem expressa no
art. 1º da Res. 1, de 23.1.86 do CONAMA, "considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio
ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: a saúde, a
segurança e o bem-estar da população; as atividades sociais e econômicas; a biota; as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade
dos recursos naturais"; a definição semântica, diferente do sentido técnico pode ser definida como “a estimativa ou o julgamento do significado e do
valor do efeito ambiental para os receptores natural, socioeconômico e humano. Efeito ambiental é a alteração mensurável da produtividade dos
Oral TRF1 sistemas naturais da qualidade ambiental, resultante de uma atividade econômica.” (Vocabulário básico de meio ambiente); a definição de Impacto
Ambiental está associada à alteração ou efeito ambiental considerado significativo por meio da avaliação do projeto de um determinado
empreendimento, podendo ser negativo ou positivo. Cuidar que impacto não é dano, nem o positivo nem o negativo, a resultante de todos os impactos,
quando negativa, pode ser dano, considerando-se dano sinônimo de prejuízo (que decorre do confronto do componente positivo com o componente
negativo).
A natureza jurídica do Licenciamento é de procedimento administrativo, com o fim de obtenção de licença ambiental. Já a natureza jurídica da licença
ambiental é objeto de muitas divergências na doutrina, se consistiria em ato administrativo, na modalidade “licença administrativa (vinculado)”,
“autorização administrativa (discricionário)”, ou ainda uma nova espécie de ato administrativo, que reuniria características de licença e de autorização.
Nem toda licença exige o EIA, apenas para as atividades potencialmente causadoras de significativa degradação ambiental. As atividades de baixo risco
podem ter sua licença através de outros meios, como o plano de controle ambiental, mais simples que o EIA.

6) Diferença entre degradação e poluição ambiental.


Resposta:
Esta diferenciação pode ser obtida dos conceitos trazidos pela Lei nº 6.938/81 (Política Nacional do Meio Ambiente). Degradação é a alteração adversa
das características do meio ambiente. Já a poluição é a degradação da qualidade ambiental resultantes de atividades que ou indiretamente:
prejudiquem saúde, a segurança e o bem estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem desfavoravelmente
a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lacem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
Oral TRF2 Degradação x poluição estabelecidos.
7) Há relação de gênero e espécie?
Resposta:
Sim, a poluição é uma espécie qualificada da degradação. A poluição agrega ao conceito de degradação o fato de ser resultante de atividades humanas,
notadamente, que prejudiquem saúde, a segurança e o bem estar da população; criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; afetem
desfavoravelmente a biota; afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; lacem matérias ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos.

1) Para que haja a concessão de uma licença ambiental é preciso estudo de impacto ambiental necessariamente? Caso fosse instado a determinar a
Oral TRF2 suspensão de licença ambiental pela ausência do estudo preliminar/anterior, deferiria?
Resposta:
Nem toda licença exige o EIA, apenas para as atividades potencialmente causadoras de significativa degradação ambiental. As atividades de baixo risco
podem ter sua licença através de outros meios, como o plano de controle ambiental, plano de manejo e plano de recuperação de área degradada, mais
simples que o EIA. A questão referente à suspensão da licença, sem prévio EIA, impõe uma análise casuística, pois, conforme delineado, nem sempre é
necessária sua realização. Caso fosse impositiva a elaboração do EIA, restaria patente a ilegalidade da dispensa.

7) No direito ambiental o licenciamento gera direito adquirido? Quais são as espécies de licenciamento ambiental?
Resposta:
Não há direito adquirido, pois as condições exigidas no licenciamento devem ser mantidas não só na instalação, mas durante todo o funcionamento do
empreendimento, sob pena de revogação do ato. Ademais após o fim da validade da licença, poderão ser exigidas novas condições, que se mostrarem
Licenciamento - Direito adequadas no caso concreto. São três as espécies de licenciamento ambiental, as quais encontram-se previstas na Resolução n.º 237/97 do CONAMA.
Oral TRF1 Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando
adquirido
a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; Licença de
Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos
aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante; Licença de Operação (LO) -
autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as
medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação.

3) É possível, é legítima ter licenciamentos múltiplos? O STJ Resp 588022 entendeu que podem existir várias espécies de licenciamento sobre um
mesmo empreendimento, e neste caso não haveria ilegitimidade.
Resposta:
Oral TRF1 Licenciamento Múltimos Via de regra, o licenciamento ambiental é feito de acordo com a preponderância do interesse, que pode ser federal (âmbito nacional ou regional),
estadual ou municipal. Entretanto, existem atividades e obras que terão importância ao mesmo tempo para a Nação e para os Estados e, nesse caso,
pode até haver duplicidade de licenciamento, foi o que restou decidido no REsp 588022, não obstante o art. 7º, da Resolução Conama nº 237/97,
preconizar ser inadmissível mais de um licenciamento.

11) O ato da administração de dispensa do licenciamento ambiental pode ser controlado pelo Poder Judiciário?
Resposta:
Sim, apesar de se tratar de decisão discricionária, essa decisão pode ser controlada através da ação civil pública, visto que a derrogação indevida desse
Licenciamento - Dispensa instrumento significa, normalmente, o primeiro passo para a concretização do dano ambiental. Apesar de envolver um juízo discricionário (técnico e
Oral TRF1 pela administração -
valorativo), o ato pode ser objeto de apreciação pelo juiz, que deve considerar os valores constitucionais de proteção ao meio ambiente, além dos
Controle judicial
aspectos legais, referentes à parte vinculada do ato administrativo. De outro lado, também deve ser levado em conta o princípio da inafastabilidade do
controle jurisdicional, segundo o qual é garantida a necessária tutela estatal aos conflitos ocorrentes na vida em sociedade, tal qual a dispensa do
licenciamento ambiental.

COMPENSAÇÃO AMBIENTAL

A tarifação da compensação do dano ambiental definido por lei foi considerado constitucional? Não. O STF entendeu ser inconstitucional o
estabelecimento de um critério mínimo que necessariamente deveria ser pago pelo empreendedor, isso porque há casos em que inexistirá dano
ambiental a ser compensado.
Compensação ambiental -
ADI 3378 /
STF Constitucionalidade da
DF AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 36 E SEUS §§ 1º, 2º E 3º DA LEI Nº 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000. CONSTITUCIONALIDADE DA
previsão legal
COMPENSAÇÃO DEVIDA PELA IMPLANTAÇÃO DE EMPREENDIMENTOS DE SIGNIFICATIVO IMPACTO AMBIENTAL. INCONSTITUCIONALIDADE PARCIAL
DO § 1º DO ART. 36. 1. O compartilhamento-compensação ambiental de que trata o art. 36 da Lei nº 9.985/2000 não ofende o princípio da
legalidade, dado haver sido a própria lei que previu o modo de financiamento dos gastos com as unidades de conservação da natureza. De igual
forma, não há violação ao princípio da separação dos Poderes, por não se tratar de delegação do Poder Legislativo para o Executivo impor
deveres aos administrados. 2. Compete ao órgão licenciador fixar o quantum da compensação, de acordo com a compostura do impacto
ambiental a ser dimensionado no relatório - EIA/RIMA. 3. O art. 36 da Lei nº 9.985/2000 densifica o princípio usuário-pagador, este a
significar um mecanismo de assunção partilhada da responsabilidade social pelos custos ambientais derivados da atividade econômica. 4. Inexistente
desrespeito ao postulado da razoabilidade. Compensação ambiental que se revela como instrumento adequado à defesa e preservação do meio
ambiente para as presentes e futuras gerações, não havendo outro meio eficaz para atingir essa finalidade constitucional. Medida amplamente
compensada pelos benefícios que sempre resultam de um meio ambiente ecologicamente garantido em sua higidez. 5. Inconstitucionalidade da
expressão "não pode ser inferior a meio por cento dos custos totais previstos para a implantação do empreendimento", no § 1º do art. 36
da Lei nº 9.985/2000. O valor da compensação-compartilhamento é de ser fixado proporcionalmente ao impacto ambiental, após estudo
em que se assegurem o contraditório e a ampla defesa. Prescindibilidade da fixação de percentual sobre os custos do empreendimento.
6. Ação parcialmente procedente.

É possível que o MP ingresse com ACP com valor além do valor já compensado (o dano é exatamente aquele previsto no licenciamento)? Se não houver
Compensação ambiental
nenhum dano que extrapole aquele já previsto no EIA/RIMA, que já foi abrangido pela compensação ambiental, não será possível postular indenização.

2. O artigo 36 da Lei n.º 9.985/2000 prevê o instituto de compensação ambiental com base em conclusão de EIA/RIMA, de que o empreendimento
teria significativo impacto ambiental e mensuração do dano previsível e indispensável a sua realização.
3. A compensação tem conteúdo reparatório, em que o empreendedor destina parte considerável de seus esforços em ações que sirvam para
contrabalançar o uso de recursos naturais indispensáveis à realização do empreendimento previsto no estudo de impacto ambiental e
Compensação ambiental x
devidamente autorizados pelo órgão competente.
Valor devido no caso de
REsp 4. O montante da compensação deve ater-se àqueles danos inevitáveis e imprescindíveis ao empreendimento previsto no EIA/RIMA, não se
STJ ocorrência de dano
896863 / DF incluindo aqueles que possam ser objeto de medidas mitigadoras ou preventivas.
ambiental - Institutos de
5. A indenização por dano ambiental, por seu turno, tem assento no artigo 225, § 3º, da Carta da República, que cuida de hipótese de dano já
natureza distintas
ocorrido em que o autor terá obrigação de repará-lo ou indenizar a coletividade. Não há como se incluir nesse contexto aquele foi previsto
e autorizado pelos órgãos ambientais já devidamente compensado.
6. Os dois institutos têm natureza distinta, não havendo bis in idem na cobrança de indenização, desde que nela não se inclua a compensação
anteriormente realizada ainda na fase de implantação do projeto .

EIA/RIMA

Toda atividade precisa do EIA/RIMA? Não, somente as atividades de significativo impacto ambiental. Quando não tem EIA/RIMA existe algum outro
estudo? Existe algum que não seja EIA/RIMA ou todos são EIA/RIMA? EIA – grande impacto; AIA – avaliação de impacto ambiental é mais simples.
(impactos menores)

EIA/RIMA analisa a área geográfica, existe alguma determinação de um espaço mínimo dessa área? Área mínima seria a bacia hidrográfica.
EIA/RIMA
A conclusão do EIA/RIMA é vinculante à administração? Se a conclusão for que de que haverá dano ao meio ambiente, diz-se que haveria
discricionariedade por parte da administração. Se a conclusão for de que não há ofensa, a administração estaria vinculada a deferir o licenciamento.

Ofensa – discricionário;
Não ofensa ao MA – vinculativo, deveria permitir o empreendimento.

TRF2 2) Qual a diferença entre Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto ao Meio Ambiente?
Resposta:
O EIA é responsável por dizer a respeito da coleta de material, analise, bibliografia (textos), bem como estudo das prováveis consequências ambientais
que podem ser causados pela obra. Este estudo tem por finalidade analisar os impactos causados pela obra, propondo condições para sua implantação
e qual o procedimento que deverá ser adotado para sua construção. Já o RIMA é um relatório conclusivo que traduz os termos técnicos para
esclarecimento, analisando o Impacto Ambiental. Este relatório é responsável pelos levantamentos e conclusões, devendo o órgão público licenciador
analisar o relatório observando as condições de empreendimento.

3) O RIMA pode ser dispensado?


Resposta:
TRF2 O RIMA é documento que sempre deve acompanhar o EIA. Trata-se de documento trás de maneira sucinta e acessível a conclusões obtidas no EIA, de
natureza mais técnica. O RIMA tem como fim proporcionar o acesso do público em geral, da sociedade, à informações do EIA, função que não pode ser
suprimida. Assim, conclui-se que o RIMA só poderá ser dispensado quando o EIA o for também.

4) Como o juiz, não havendo o RIMA para a obra, essa pode ser embargada?
Resposta:
TRF2 Sim, sendo prevista a exigência do EIA/RIMA para a licença, ou ainda que não exigido pela administração, entendendo o judiciário pela sua
necessidade, é possível o embargo da obra pela própria Administração, que deverá lavrar auto de infração, ou ainda pelo Judiciário, em face da patente
ilegalidade verificada.

4) O EIA pode ser sigiloso para evitar especulação imobiliária?


Resposta:
Ainda que a especulação imobiliária não seja uma consequência esperada pela realização de alguma obra ou empreendimento, a publicidade requerida
Oral TRF1
pela natureza dos bens jurídicos envolvidos deve vir em primeiro lugar, a titularidade coletiva dos bens ambientais exigem a publicidade dos atos que
impliquem na potencial degradação. O EIA deve permitir a participação pública na aprovação de um processo de licenciamento ambiental que contenha
este tipo de estudo, através de audiências públicas com a comunidade que será afetada pela instalação do projeto.

8) No EIA, é preciso obrigatoriamente um engenheiro agrônomo? Tem que ser feito o estudo por uma equipe multidisciplinar?
Resposta:
A elaboração do EIA deve ficar a cargo de uma equipe multidisciplinar formada por técnicos nos diversos setores necessários para uma completa
Oral TRF1 análise dos impactos ambientais positivos e negativos do projeto, para confecção de um estudo detalhado sobre a obra ou atividade. Tendo em vista
que uma análise completa normalmente requer a presença desses profissionais, é comum a sua presença na equipe, entretanto, não é requisito
necessário a elaboração conjunta com um agrônomo. Ex.: é possível a elaboração de um EIA por um conjunto de geografo, biólogo, engenheiro
florestal, etc.

8) EIA e RIMA. Pode exigir-los para o meio ambiente artificial?


Resposta:
Sim. Segundo Edis Milaré, meio ambiente artificial é aquele constituído pelo espaço urbano construído, consubstanciado no conjunto de edificações
(espaço urbano fechado) e dos equipamentos públicos (ruas, praças, áreas verdes, espaços livres em geral: espaço urbano aberto). Uma vez aceito o
conceito holístico do meio ambiente como produto das interações e relações da sociedade humana com o mundo natural, o meio ambiente construído,
Oral TRF2
ou artificial, passa a ser objeto das políticas ambientais, caindo sob a alçada não apenas do Direito Ambiental como também do Direito Urbanístico e
regulamentações específicas. Nesse sentido, pode-se exigir a elaboração do EIA e RIMA para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora
de significativa degradação do meio ambiente artificial, até mesmo porque o art. 225, IV, da CF/88, não faz distinção, devendo o meio ambiente, no
caso, ser entendido no seu sentido mais amplo. A própria Res. CONAMA 001/86, ao incluir dentre as atividades que necessitam EIA/RIMA, aeroportos e
projetos urbanísticos, deixou claro a possibilidade de sua aplicação ao meio ambiente artificial.
FLORA (APP, reserva legal, servidão florestal, cota de reserva florestal)

CÓDIGO FLORESTAL

Uso alternativo do solo O que é uso alternativo do solo? Área de imóvel rural que não é app nem reserva legal.

Reserva Legal - Imóvel Reserva legal existe sobre imóvel rurais ou também incide sobre imóvel urbano? Pelo art. 3o, III do novo código florestal – imóvel rural em área urbana
urbano que não tem construção tem que ter reserva.

Reserva Legal - Exploração Área de reserva legal admite algum tipo de exploração? Sim. Possibilidade de exploração indireto, mas depende de licenciamento.

B) O Código Florestal proíbe que o poder público realize reflorestamento de preservação permanente em áreas de propriedade privada.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
Questão TRF1
Lei 4.771/65 - Art. 18. Nas terras de propriedade privada, onde seja necessário o florestamento ou o reflorestamento de preservação permanente, o
Poder Público Federal poderá fazê-lo sem desapropriá-las, se não o fizer o proprietário.
C) A fiscalização ambiental das atividades florestais deve ser realizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(IBAMA), em caráter exclusivo, quando se tratar de florestas públicas.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
Questão TRF1
Lei 4.771/65. Art. 22. A União, diretamente, através do órgão executivo específico, ou em convênio com os Estados e Municípios, fiscalizará a aplicação
das normas deste Código, podendo, para tanto, criar os serviços indispensáveis. Parágrafo único. Nas áreas urbanas, a que se refere o parágrafo único
do art. 2º desta Lei, a fiscalização é da competência dos municípios, atuando a União supletivamente.
D) Na estrutura do Ministério do Meio Ambiente, o Serviço Florestal Brasileiro atua exclusivamente na gestão das florestas públicas, com competência
para exercer a função de órgão gestor.
Questão TRF1 Serviço Floretal Brasileiro (C) – GABARITO PRELIMINAR
Lei 11.284/06. Art. 55. O SFB atua exclusivamente na gestão das florestas públicas e tem por competência: I - exercer a função de órgão gestor prevista
no art. 53 desta Lei, no âmbito federal, bem como de órgão gestor do FNDF;
A palha da cana-de-açúcar está inclusa no regime previsto pelo art. 27 da Lei n. 4.771/1965 (Código Florestal), daí sua queima sujeitar-se à
código Florestal - Reserva
autorização dos órgãos ambientais competentes (parágrafo único do mencionado artigo de lei e do disposto no Dec. n. 2.661/1998), sem prejuízo de
Legal - Averbação -
STJ - 1aS 449 outras exigências inerentes à tutela ambiental decorrentes da constituição e das leis. Essa prática também proporciona a responsabilização civil por
Transcrição - Título
eventuais danos de qualquer natureza causados ao meio ambiente. A proibição de queima prevista no aludido artigo abrange todas as formas de
aquisitivo da propriedade
vegetação, inclusive as culturas renováveis, tal qual a cana-de-açúcar decorrente da atividade agrícola.
correta a interpretação do Código Florestal no sentido de considerar a averbação da reserva legal como condição da transcrição de títulos
Código Florestal - Reserva
aquisitivos de propriedade. A norma do art. 1º da Lei n. 4.771/1965 foi plenamente recepcionada pela CF/1988. Sempre que uma lei comporta mais
STJ – Legal - Averbação -
405 de uma interpretação, é necessário interpretá-la do modo mais coerente com o sistema no qual está inserida. A defesa do meio ambiente naturalmente
2aT Transcrição - Título
implica restrição ao direito de propriedade. E a melhor forma de tornar efetiva essa obrigação é vincular qualquer modificação na matrícula do
aquisitivo da propriedade
imóvel à averbação da reserva florestal
E) A concessão florestal consiste em delegação onerosa do direito de realizar manejo florestal sustentável a pessoa física ou jurídica, mediante licitação.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
-na concessão florestal a delegação somente poderá ser feita para pessoa jurídica.
Questão TRF1 Concessão Florestal
Lei 11.284/06. Art. 3º. VII - concessão florestal: delegação onerosa, feita pelo poder concedente, do direito de praticar manejo florestal sustentável para
exploração de produtos e serviços numa unidade de manejo, mediante licitação, à pessoa jurídica, em consórcio ou não, que atenda às exigências do
respectivo edital de licitação e demonstre capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado;

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO

STF A CF e o STF Consulta pública - Não É importante salientar que a consulta pública, não obstante se constitua em instrumento essencialmente democrático, que retira o povo da plateia
vinculação da decisão e o coloca no palco dos assuntos públicos, não tem, aqui, a natureza de um plebiscito. Algumas manifestações contrárias à criação da estação
ecológica não têm a força de inviabilizar o empreendimento, até porque a finalidade da consulta pública é apenas ‘subsidiar a definição da
localização, da dimensão e dos limites mais adequados para a unidade’ (art. 5º do Decreto 4.340/02). Isso quer dizer que a decisão final para a criação
de uma unidade de conservação é do Chefe do Poder Executivo. O que este se obriga a fazer, segundo a lei, é apenas ouvir e ponderar as
manifestações do povo, o que, segundo a nota técnica de fls. 512/513, parece haver ocorrido.
A) A unidade de conservação pode ser criada por meio de lei ou decreto, e, em caso de abranger área particular, não se aplica a desafetação, pois o
Questão TRF1 domínio não se transmite ao poder público, em nenhuma circunstância.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
C) A necessidade de manutenção de cobertura vegetal protetora de recursos hídricos e da estrutura do solo justifica a proteção de determinado espaço
Questão TRF1 territorial.
(C) – GABARITO PRELIMINAR
D) A legislação prevê, de forma taxativa, como espaços passíveis de proteção, áreas marginais a cursos de água, topos de morros e montanhas, escarpas
e bordas de tabuleiros e chapadas, restingas.
Questão TRF1
(E) – GABARITO PRELIMINAR
-é possível que ato do poder público venha a determinar uma área de preservação permanente (art. 3º, Lei 4.771/65).
3) O que se entende por unidade de conservação e qual sua natureza jurídica? Quais os requisitos necessários para a implementação das unidades de
conservação? É necessária a consulta pública?
Resposta:
As unidades de conservação são uma das modalidades de espaços ambientais territoriais protegidos que devem ser instituídos pelo poder público. Sua
disposição legal está na Lei 9.985/2000, que aprovou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza, o SNUC. De acordo com o art. 2º,
I, da Lei 9.985/2000, unidade de conservação “é espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características
Oral TRF5 Unidades de conservação
naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração,
ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção; Importante destacar que a enorme maioria das unidades de conservação existentes no Brasil é de
propriedade pública, porém, pode haver instituição de unidade de conservação em terras particulares o que, se não alcançada doação por parte do
particular, gerará a necessidade de desapropriação. Para a instituição de uma unidade de conservação é são necessários: a relevância natural; o
caráter oficial; a delimitação territorial; o objetivo conservacionista; o regime especial de proteção e a consulta pública, conforme art. 22, parágrafo
2º, da Lei 9.985/2000.

4) Quais os dois grandes grupos em que se dividem as unidades de conservação? Elas estão em conformidade com o novo Código Florestal?
Resposta:
Os dois grupos são - unidades de proteção integral e unidades de uso sustentável. Nas primeiras deverá ser observada a manutenção dos ecossistemas
livres de alterações causadas por interferência humana. Já as de uso sustentável há exploração do ambiente de maneira a garantir a perenidade dos
Oral TRF5 Unidades de conservação recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos. Integram as unidades de proteção integral a estação ecológica, a reserva biológica o
parque nacional, o monumento natural e o refúgio de vida silvestre. Já as unidades de uso sustentável são integradas por área de proteção ambiental,
área de relevante interesse ecológico, floresta nacional, reserva extrativista, reserva de fauna, reserva de desenvolvimento sustentável e reserva
particular do patrimônio natural.
Com relação a segunda indagação, houve profunda alteração por parte do Novo Código Florestal .

5) Pode o poder público extinguir APA’s, por exemplo, através de decreto? A supressão somente mediante lei, aprovada pelo parlamento. Art. 225, §1º,
III da CF.
Resposta:
Oral TRF2
Via de regra, no direito brasileiro, a criação e extinção de institutos, segue o princípio da simetria, ou seja, é extinto pela mesma modalidade de ato
administrativo que o criou. No caso de Áreas de Preservação Permanente, entretanto, por disposição constitucional (Art. 225, §1º, III da CF), só podem
ser extintas por lei, ainda que tenham sido criadas mediante decreto do poder executivo.
FAUNA

O que é e onde está previsto o “biocídio”? Declaração universal dos direitos dos animais (Bruxelas, 1978) prescreve que a morte de um animal sem
Biocídio
necessidade é biocídio; de vários de uma mesma espécie, genocídio.
a utilização de meio cruel para esse fim está proibida sob pena de violação do art. 225 da CF/1988, do art. 3º da Declaração Universal dos Direitos
Animais - Práticas cruéis dos Animais e do art. 32 da Lei n. 9.605/1998. Assim, o uso de gás asfixiante nesses centros é tido por medida de extrema crueldade que viola o
(art. 225, p. 1o, VII, CR) - sistema normativo de proteção aos animais. O uso do gás sequer se justifica pelo fundamento de que o administrador público está a exercer o dever
STJ 2aT 405
Controle de Zoonose - Gás discricionário. Não se pode acolher que, com base nessa discricionariedade, o administrador realize prática ilícita, certo que há liberdade na escolha do
asfixiante - Meio cruel método a ser utilizado, caso haja meios que se equivalham entre os não cruéis, mas nunca o exercício da discricionariedade que implique violação da
própria finalidade legal.
o Plenário julgou procedente pedido formulado em ação direta ajuizada pelo Procurador-Geral da República para declarar a inconstitucionalidade da Lei
fluminense 2.895/98 (julgado relacionado às "rinhas de galo"). Salientou-se, de um lado, a íntima conexão entre o dever ético-jurídico de
preservação da fauna e o de não-incidência em práticas de crueldade e, de outro, a subsistência do gênero humano em um meio ambiente
ecologicamente equilibrado (direito de terceira geração). Assinalou-se que a proteção conferida aos animais pela parte final do art. 225, § 1º, VII, da
CF teria, na Lei 9.605/98 (art. 32), o seu preceito incriminador, o qual pune, a título de crime ambiental, a inflição de maus-tratos contra animais.

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE - BRIGA DE GALOS (LEI FLUMINENSE Nº 2.895/98) - LEGISLAÇÃO ESTADUAL QUE, PERTINENTE A
EXPOSIÇÕES E A COMPETIÇÕES ENTRE AVES DAS RAÇAS COMBATENTES, FAVORECE ESSA PRÁTICA CRIMINOSA - DIPLOMA LEGISLATIVO QUE
ESTIMULA O COMETIMENTO DE ATOS DE CRUELDADE CONTRA GALOS DE BRIGA - CRIME AMBIENTAL (LEI Nº 9.605/98, ART. 32) - MEIO AMBIENTE -
DIREITO À PRESERVAÇÃO DE SUA INTEGRIDADE (CF, ART. 225) - PRERROGATIVA QUALIFICADA POR SEU CARÁTER DE METAINDIVIDUALIDADE -
Animais - Rinha de Galo -
DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO (OU DE NOVÍSSIMA DIMENSÃO) QUE CONSAGRA O POSTULADO DA SOLIDARIEDADE - PROTEÇÃO CONSTITUCIONAL
STF 628 / ADI Vedação às práticas cruéis
DA FAUNA (CF, ART. 225, § 1º, VII) - DESCARACTERIZAÇÃO DA BRIGA DE GALO COMO MANIFESTAÇÃO CULTURAL - RECONHECIMENTO DA
Pleno 1856 contra animais x
INCONSTITUIONALIDADE DA LEI ESTADUAL IMPUGNADA - AÇÃO DIRETA PROCEDENTE. LEGISLAÇÃO ESTADUAL QUE AUTORIZA A REALIZAÇÃO DE
Manifestação cultural
EXPOSIÇÕES E COMPETIÇÕES ENTRE AVES DAS RAÇAS COMBATENTES - NORMA QUE INSTITUCIONALIZA A PRÁTICA DE CRUELDADE CONTRA A FAUNA
- INCONSTITUCIONALIDADE. - A promoção de briga de galos, além de caracterizar prática criminosa tipificada na legislação ambiental, configura
conduta atentatória à Constituição da República, que veda a submissão de animais a atos de crueldade, cuja natureza perversa, à semelhança
da “farra do boi” (RE 153.531/SC), não permite sejam eles qualificados como inocente manifestação cultural, de caráter meramente
folclórico. Precedentes. - A proteção jurídico-constitucional dispensada à fauna abrange tanto os animais silvestres quanto os domésticos ou
domesticados, nesta classe incluídos os galos utilizados em rinhas, pois o texto da Lei Fundamental vedou, em cláusula genérica, qualquer forma de
submissão de animais a atos de crueldade. - Essa especial tutela, que tem por fundamento legitimador a autoridade da Constituição da República, é
motivada pela necessidade de impedir a ocorrência de situações de risco que ameacem ou que façam periclitar todas as formas de vida, não só a do
gênero humano, mas, também, a própria vida animal, cuja integridade restaria comprometida, não fora a vedação constitucional, por práticas aviltantes,
perversas e violentas contra os seres irracionais, como os galos de briga (“gallus-gallus”). Magistério da doutrina.
COSTUME - MANIFESTAÇÃO CULTURAL - ESTÍMULO - RAZOABILIDADE - PRESERVAÇÃO DA FAUNA E DA FLORA - ANIMAIS - CRUELDADE. A obrigação
STF de o Estado garantir a todos o pleno exercício de direitos culturais, incentivando a valorização e a difusão das manifestações, não prescinde da
Animais - Farra do boi
2aT observância da norma do inciso VII do artigo 225 da Constituição Federal, no que veda prática que acabe por submeter os animais à crueldade.
Procedimento discrepante da norma constitucional denominado "farra do boi".

Pesca - Ausência de
o fato de a portaria da Sudepe não ter feito menção àquele artefato ao livrar da proibição de pesca comercial os pescadores artesanais e amadores diz
mençãode artefato na
respeito unicamente à sua inexistência à época em que editada tal portaria (no caso, pesca subaquática amadora com arbalete - arma disparadora de
STJ 2aT 481 Portaria da SUDEPE -
arpões), e não à real vontade regulamentadora de vedar a pesca subaquática amadora com o uso do arbalete. Não há, pois, caráter restritivo, apenas
inesistência à época da
lacuna relativa a desenvolvimento técnico.
edição da portaria

ÁGUA
C) A CF divide o domínio das águas entre a União e os municípios conforme a localização dos corpos de água.
Questão TRF1 (E) – GABARITO PRELIMINAR
-a divisão é feita entre União (art. 20, III, CF) e Estados (art. 26, I, CF).
A) A lei de gestão de recursos hídricos permite ao Poder Executivo federal delegar aos estados e ao DF competência para conceder outorga de direito de
uso de recurso hídrico de domínio da União.
Questão TRF1 (C) – GABARITO PRELIMINAR
Lei 9.433/97. Art. 14. § 1º O Poder Executivo Federal poderá delegar aos Estados e ao Distrito Federal competência para conceder outorga de direito de
uso de recurso hídrico de domínio da União.
B) Quando se tratar de bacia hidrográfica situada em terras indígenas, a comunidade indígena deverá ser representada por membros de entidades
ambientais federais.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
Questão TRF1
Lei 9.433/97. Art. 39. § 3º Nos Comitês de Bacia Hidrográfica de bacias cujos territórios abranjam terras indígenas devem ser incluídos representantes: I
- da Fundação Nacional do Índio - FUNAI, como parte da representação da União; II - das comunidades indígenas ali residentes ou com interesses na
bacia.

MINERAÇÃO

B) As jazidas pertencem ao proprietário do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, sendo-lhe garantida, ainda, a propriedade do produto da
lavra.
Recursos Minerais - (E) – GABARITO PRELIMINAR
Questão TRF1
Propriedade - os recursos minerais, inclusive os do subsolo pertencem à União (art. 20, IX, CF). As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os
potenciais de energia hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou aproveitamento, e pertencem à União, garantida
ao concessionário a propriedade do produto da lavra (art. 176, CF).

RESPONSABILIDADE

RESPONSABILIDADE CIVIL

oral trf1 2) E se o meu empreendimento for atingido por um terremoto, eu sou responsável, se for uma empresa que envolva riscos radioativos?
Resposta:
A responsabilidade civil em matéria ambiental é objetiva, independe da verificação da culpa do agente, isso é ponto pacífico na doutrina e
jurisprudência. Este regime é adotado em vários diplomas legais (Lei 6.453/77, art. 4º, sobre danos nucleares; Código Civil, art. 927, p. único; Lei
11.105/05, art. 20, sobre biossegurança; Lei 12.305/2010, sobre resíduos sólidos; Lei 6.938/81, art. 14, § 1º, sobre a Política Nacional do Meio
Ambiente). A questão que ainda provoca polêmica diz respeito ao fato de esta responsabilidade objetiva estar suportada na teoria do risco integral ou
não. Para Milaré, nada obstante acoimada de radical, parece fora de dúvida ter-se vinculado a responsabilidade objetiva, em matéria ambiental, à
teoria do risco integral, que atende à preocupação de se estabelecer um sistema o mais rigoroso possível, ante ao alarmante quadro de degradação que
se assiste não só no Brasil, mas em todo o mundo. Ou seja, o dever de indenizar se faz presente tão só em face do dano, ainda nos casos de culpa
exclusiva da vítima, fato de terceiro, caso fortuito ou de força maior. Nesse sentido, se meu empreendimento, uma empresa que envolva riscos
radioativos, for atingido por um terremoto, ela será responsável e, se for insolvente, eu também serei, pois sua personalidade jurídica será
desconsiderada. Basta a criação do risco e a existência de nexo de causalidade entre esse risco criado e o dano produzido, qualquer que seja sua causa.
Adverte-se, todavia, que o tema é polêmico e que parte da doutrina e da jurisprudência não admite a teoria do risco integral, aceitando a possibilidade
da existência de causas excludentes da responsabilidade (caso fortuito, força maior, fato exclusivo da vítima ou de terceiro).
TRF1 ORAL 3) A pretensão reparatória de dano coletivo é imprescritível?
Resposta:
Segundo Milaré, o Direito enxerga o dano ambiental sob dois aspectos distintos: a) o dano ambiental coletivo, causado ao meio ambienta
globalmente considerado, em sua concepção difusa; b) o dano ambiental individual ou pessoal, sofrido pelas pessoas e seus bens. No caso do dano
coletivo, o nosso ordenamento não conta com disciplina específica em matéria prescricional, a ser veiculada através de ação civil pública. Mas segundo
ele, tudo leva à conclusão de que se inscreve no rol das ações imprescritíveis, somente admitindo-se a prescrição para a pretensão envolvendo direitos
patrimoniais de caráter pessoal, não para pretensões quanto a direitos difusos, com característica básica da indisponibilidade, insuscetíveis de
apreciação econômica, que não têm titular determinável, sob pena de sacrificar-se toda a coletividade, que é a titular. No mesmo sentido: “Em matéria
de prescrição cumpre distinguir qual o bem jurídico tutelado: se eminentemente privado seguem-se os prazos normais das ações indenizatórias; se o
bem jurídico é indisponível, fundamental, antecedendo a todos os demais direitos, pois sem ele não há vida, nem saúde, nem trabalho, nem lazer ,
considera-se imprescritível o direito à reparação. 8. O dano ambiental inclui-se dentre os direitos indisponíveis e como tal está dentre os poucos
acobertados pelo manto da imprescritibilidade a ação que visa reparar o dano ambiental.” (STJ, RESP 1120117, Eliana Calmon, 2a T., DJe 19/11/2009).
Também: TRF4, AC 200104010455879, Thompson Flores, 3ª T., DJ 04/09/2002.

TRF1 ORAL 4) E se várias empresas reunidas são autoras de dano ecológico, uma dela se imiscuindo, existe algum óbice em relação às demais? Responsabilidade
solidária? Como apurar a responsabilidade ambiental em relação à reparação, como magistrado o senhor aplicaria qual tipo de medida?
Resposta:
Não. Não existe óbice em responsabilizar as demais empresas e eu adotaria o seguinte entendimento do STJ a respeito: “Qualquer que seja a
qualificação jurídica do degradador, público ou privado, no Direito brasileiro a responsabilidade civil pelo dano ambiental é de natureza objetiva,
solidária e ilimitada, sendo regida pelos princípios do poluidor-pagador, da reparação in integrum, da prioridade da reparação in natura, e do favor
debilis, este último a legitimar uma série de técnicas de facilitação do acesso à Justiça, entre as quais se inclui a inversão do ônus da prova em favor da
vítima ambiental. Precedentes do STJ.” (v.g.: STJ, RESP 1071741, Herman Benjamin, 2ª T., 16/12/2010). É pacífica a jurisprudência do STJ no sentido
de que, mesmo na existência de múltiplos agentes poluidores, não existe obrigatoriedade na formação do litisconsórcio, uma vez que a
responsabilidade entre eles é solidária pela reparação integral do dano ambiental (possibilidade se demandar de qualquer um deles, isoladamente ou
em conjunto, pelo todo).

TRF1 ORAL 5) A responsabilidade civil ambiental é apenas difusa? Na responsabilidade difusa a responsabilidade objetiva, e contra um particular, esta
responsabilidade continua a ser objetiva?
Resposta:
Não, a responsabilidade não é apenas difusa. Como já fizemos referência em resposta a questão anterior, segundo Milaré, o Direito enxerga o dano
ambiental sob dois aspectos distintos: a) o dano ambiental coletivo, causado ao meio ambienta globalmente considerado, em sua concepção difusa;
b) o dano ambiental individual ou pessoal, sofrido pelas pessoas e seus bens. A responsabilidade civil, tanto numa hipótese, como na outra, é
objetiva e solidária. As diferenças serão quanto ao prazo prescricional, a legitimidade para exigir a reparação e o tratamento da reparação do dano.

TRF1 ORAL 6) A responsabilidade ambiental civil é a mesma do direito administrativo?


Resposta:
Em linhas gerais, a responsabilidade civil ambiental tem os mesmos parâmetros da responsabilidade civil do Estado, no Direito Administrativo, pois
tratam ambas de responsabilidade objetiva, que não exige a apuração de culpa, bastando a existência do evento danoso e do nexo de causalidade
entre o evento e o dano provocado ao meio ambiente e a terceiros. As diferenças estarão no aspecto dos danos causados, que poderão ser de duas
ordens (dano ambiental coletivo em sua concepção difusa e dano ambiental individual ou pessoal), assim como na admissibilidade ou não das
excludentes de responsabilidade (caso fortuito, força maior, fato exclusivo da vítima ou de terceiro). Além disso, na responsabilidade civil ambiental,
dar-se-á sempre preferência à reparação do dano mediante tutela específica, visando a restauração do meio ambiente ao seu estado anterior.

TRF1 ORAL 7) Qual a teoria que prevalece na responsabilidade ambiental, em termos de nexo de causalidade?
Resposta:
A responsabilidade civil ambiental, como já fizemos referência, além de ser objetiva, é também solidária, de forma que, existindo múltiplos agentes que
tenham concorrido para a produção do dano, todos podem ser responsabilizados ou qualquer um deles isoladamente, não sendo necessário a formação
de litisconsórcio, de forma que podemos enxergar aí a presença da teoria da equivalência dos antecedentes causais. Para Cavalieri Filho, citando Aguiar
Dias, entretanto, prevalece no âmbito civil a teoria da causalidade adequada. Mas o efeito prático disso é a possibilidade de inversão do ônus da prova,
judicial e extrajudicial, que é uma conseqüência da aplicação do Princípio da Precaução. A transferência do ônus da prova para os potenciais poluidores
ocorreria nos seguintes casos, conforme Canotilho: a) quando ainda não se verificaram danos ao meio ambiente, todavia, eles poderão vir a ocorrer,
diante falta de prova científica; b) quando os danos já ocorreram, porém, não se tem conhecimento da sua causa principal; c) quando os danos
ocorreram, mas não há prova do nexo de causalidade entre o dano e a fonte poluidora. Assim, o Principio da Precaução impõe ao sujeito que
desenvolve uma atividade potencialmente lesiva ao meio ambiente o ônus de provar que sua atividade não lhe oferece riscos. A inversão do ônus da
prova, portanto, abarca a certeza cientifica e também o risco incerto do dano ambiental. Desta forma, o princípio que norteia a inversão do ônus da
prova no Direito do Consumidor seria aplicável ao Direito Ambiental, pois as razões que justificam a sua ocorrência são comuns em ambos os casos.

TRF1 ORAL 8) Qual a diferença entre a teoria do risco integral e a do risco criado, e qual delas o ordenamento adotou?
Resposta:
A teoria do risco criado, que tem em Caio Mário, segundo Cavalieri, seu mais ardoroso adepto, impõe àquele que, em razão de sua atividade ou
profissão, cria um perigo, a obrigação de reparação do dano que causar, salvo prova de haver adotado todas as medidas idôneas para evitá-lo. Importa
numa ampliação do risco proveito, aumenta os encargos do agente, porém, é mais equitativa para a vítima, que não tem que provar que o dano
resultou de uma vantagem ou de um benefício obtido pelo causador do dano, que deve assumir as conseqüências de sua atividade. Já a teoria do risco
integral, é uma modalidade extremada da doutrina do risco destinada a justificar o dever de indenizar, segundo Cavalieri, até nos casos de inexistência
do nexo causal. O dever de indenizar se faz presente tão só em face do dano, ainda nos casos de culpa exclusiva da vítima, fato de terceiro, caso
fortuito e força maior. Mas essa posição não é pacífica, pois alguns doutrinadores não enxergam na teoria do risco integral a possibilidade de exclusão
do nexo causal, mas apenas a inadmissibilidade das excludentes de responsabilidade. Algum nexo causal há que haver, por menor que seja, como a
simples existência da atividade geradora de risco.

Responsabilidade Civil - para a 2ª Turma do STJ são cumuláveis as indenizações por compensação ambiental (danos inerentes ao empreendimento e previstos no
Compensação ambiental x EIA/RIMA) e aquela por danos ambientais imprevistos, pois se tratam de medidas de natureza distinta, não havendo falar-se em “bis in idem”.
STJ 2aT 473
condenação por danos Desse modo, os dois institutos têm natureza distinta, não havendo bis in idem na cobrança de indenização desde que nela não se inclua a
imprevistos - bis in idem compensação anteriormente realizada ainda na fase de implantação do projeto.
A obrigação de recuperar o meio ambiente degradado é compatível com a indenização pecuniária por eventuais prejuízos, até sua restauração plena.
Responsabilidade Civil -
STJ 2aT 427 Contudo, se quem degradou promoveu a restauração imediata e completa do bem lesado ao status quo ante, em regra, não se fala em
Indenização -
indenização.
Responsabilidade Civil - Os benefícios econômicos que se auferiu com a exploração ilegal do meio ambiente (bem de uso comum do povo, conforme o art. 225, caput, da
STJ 2aT 427
Benefícios econômicos CF/1988) devem reverter à coletividade.
STJ 2aT 429 Responsabilidade Civil Em se tratando de reparação civil, é fundamental a comprovação do dano.
A) Ao impor a obrigação de reparação ao poluidor, o legislador sugere a demonstração da culpa em razão de as atividades poluidoras causarem danos ao
meio ambiente ou a terceiros.
Questão TRF1
(E) – GABARITO PRELIMINAR
-responsabilidade é objetiva à Art. 14. § 1º, Lei 6.938/81.
C) Em matéria ambiental, a administração responde civilmente por ato de terceiros, por culpa in omittendo proveniente de medidas de polícia.
Questão TRF1
(E) – GABARITO PRELIMINAR
D) A teoria da faute du service public não é aplicada em relação à administração pública envolvida na proteção ambiental por ausência de acolhimento da
Questão TRF1 jurisprudência nacional.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
E) No que se refere ao reconhecimento da responsabilidade administrativa em caso de dano ambiental, adota-se, na legislação brasileira, a teoria do
Questão TRF1 risco criado.
(C) – GABARITO PRELIMINAR
É tema conflituoso na doutrina e na jurisprudência a possibilidade de ocorrência de dano moral coletivo em função de degradação ambiental.
Responsabilidade Civil - É que como, de um modo geral, esta atinge apenas reflexa e pulverizadamente sujeitos indeterminados, via de regra não se mostra capaz de abalar
Dano moral coletivo o psicológico da coletividade. Prevalece, todavia, a corrente que o entende possível, desde que sejam provados fatos concretos dos quais se
possa inferir razoavelmente um real dano na psique da comunidade afetada pela degradação. Assim, o dano moral difuso ou coletivo não
poderia ser presumido pelo só fato de ter sido praticado um ato poluente, fazendo-se necessário prova contundente de que efetivamente houve
um sofrimento psíquico por parte da universalidade de sujeitos indiretamente atingidos, o que inexistiu no caso da questão. Nesse sentido:

“2. Ad argumentandum tantum, ainda que ultrapassado o óbice erigido pelas Súmulas 282 e 356 do STF, melhor sorte não socorre ao recorrente,
máxime porque a incompatibilidade entre o dano moral, qualificado pela noção de dor e sofrimento psíquico, e a transindividualidade, evidenciada pela
indeterminabilidade do sujeito passivo e indivisibilidade da ofensa objeto de reparação, conduz à não indenizabilidade do dano moral coletivo, salvo
comprovação de efetivo prejuízo dano. 3. Sob esse enfoque decidiu a 1ª Turma desta Corte, no julgamento de hipótese análoga, verbis: "PROCESSUAL
CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DANO AMBIENTAL. DANO MORAL COLETIVO. NECESSÁRIA VINCULAÇÃO DO DANO MORAL À NOÇÃO DE DOR, DE
SOFRIMENTO PSÍQUICO, DE CARÁTER INDIVIDUAL. INCOMPATIBILIDADE COM A NOÇÃO DE TRANSINDIVIDUALIDADE (INDETERMINABILIDADE DO
SUJEITO PASSIVO E INDIVISIBILIDADE DA OFENSA E DA REPARAÇÃO). RECURSO ESPECIAL IMPROVIDO." (REsp 598.281/MG, Rel. Ministro LUIZ FUX,
Rel. p/ Acórdão Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 02.05.2006, DJ 01.06.2006) 4. Nada obstante, e apenas obiter dictum,
há de se considerar que, no caso concreto, o autor não demonstra de forma clara e irrefutável o efetivo dano moral sofrido pela categoria social titular do
interesse coletivo ou difuso, consoante assentado pelo acórdão recorrido:"...Entretanto, como já dito, por não se tratar de situação típica da existência de
dano moral puro, não há como simplesmente presumi-la. Seria necessária prova no sentido de que a Municipalidade, de alguma forma, tenha perdido a
consideração e a respeitabilidade e que a sociedade uruguaiense efetivamente tenha se sentido lesada e abalada moralmente, em decorrência do ilícito
praticado, razão pela qual vai indeferido o pedido de indenização por dano moral." (STJ. RESP nº 821891, DJE: 12/05/2008).

A obrigação de demarcar, averbar e restaurar a área de reserva legal nas propriedades rurais constitui limitação administrativa ao uso da
Responsabilidade Civil - propriedade privada, a qual se destina a tutelar o meio ambiente, que deve ser defendido e preservado. Por ter como fonte a própria lei e por incidir
STJ 1aT 439 Reserva Legal - Atual sobre as propriedades em si, configura dever jurídico (obrigação ex lege) que se transfere automaticamente com a transferência do domínio
proprietário (obrigação propter rem), podendo, em consequência, ser imediatamente exigível do proprietário atual independentemente de qualquer
indagação a respeito da boa-fé do adquirente ou de outro nexo causal que não o que se estabelece pela titularidade do domínio.
Responsabilidade Civil - Dessa forma, embora esteja a área há muito tempo desmatada, o proprietário é que tem a obrigação de recuperá-la, em vez de explorá-la
STJ 2aT 471 Reflorestamento - Obrigação economicamente, como vinha ocorrendo. Essa obrigação de recuperá-la independe do fato de ter sido o proprietário o autor da degradação
propter rem ambiental, mas decorre de obrigação propter rem, que adere ao título de domínio ou posse.
Responsabilidade Civil - “5. Os deveres associados às APPs e à Reserva Legal têm natureza de obrigação propter rem, isto é, aderem ao título de domínio ou posse. Precedentes
Reflorestamento e do STJ. 6. Descabe falar em culpa ou nexo causal, como fatores determinantes do dever de recuperar a vegetação nativa e averbar a
STJ Averbação da Reserva Legal Reserva Legal por parte do proprietário ou possuidor, antigo ou novo, mesmo se o imóvel já estava desmatado quando de sua aquisição.
- Dispensa da demonstração Sendo a hipótese de obrigação propter rem, desarrazoado perquirir quem causou o dano ambiental in casu, se o atual proprietário ou os anteriores, ou a
de Culpa / Nexo Causalidade culpabilidade de quem o fez ou deixou de fazer. Precedentes do STJ.” (STJ. RESP nº 948921, DJ: 11.11.2009).
Info 360 - 1aT: A ação civil pública ou coletiva que objetiva a responsabilização por dano ambiental pode ser proposta contra o poluidor, pessoa física ou
jurídica, de direito público ou privado, responsável direta ou indiretamente, por atividade causadora de degradação ambiental (art. 3º, IV, da Lei n.
STJ 1aT 360
Legitimidade Passiva 6.938/81), todos co-obrigados solidariamente à indenização, mediante litisconsórcio facultativo. A sua ausência não acarreta a nulidade do
STJ 2aT 433
processo. Info 433 - 2aT: mesmo havendo vários agentes poluidores, a jurisprudência do STJ é firme quanto a não ser obrigatória a formação de
litisconsórcio, visto que a responsabilidade de reparação integral do dano ambiental é solidária.
Legitimidade Passiva -
Responsabilidade - PJDP - Mesmo aplicando multa e embargando a obra, se o município não impede a consumação do dano ambiental, deve ser responsabilizado
STJ 2aT 399 Omissão - Município - conjuntamente com o loteador pelos prejuízos daí advindos; entretanto, posteriormente, poderá acionar a próprio loteador regressivamente,
Loteamento irregular - porque, conforme o artigo 40 da Lei n. 6.766/1979, está obrigado a promover a regularização do loteamento às expensas do loteador.
Regresso
Legitimidade Passiva -
A jurisprudência do STJ firmou-se no sentido de reconhecer a legitimidade passiva de pessoa jurídica de direito público (no caso, estado-
STJ 2aT 427 Responsabilidade - PJDP -
membro) na ação que busca a responsabilidade pela degradação do meio ambiente, em razão da conduta omissiva quanto a seu dever de fiscalizá-lo.
Omissão
A responsabilidade por danos ambientais é objetiva e, como tal, não exige a comprovação de culpa, bastando a constatação do dano e do nexo
Legitimidade Passiva - de causalidade. Contudo, não obstante a comprovação do nexo de causalidade ser a regra, em algumas situações dispensa-se tal necessidade em
STJ 2aT 404 Adquirente do imóvel - Nexo prol de uma efetiva proteção do bem jurídico tutelado. É isso que ocorre na esfera ambiental, nos casos em que o adquirente do imóvel é
de causalidade responsabilizado pelos danos ambientais causados na propriedade, independentemente de ter sido ele ou o dono anterior o real causador dos estragos. A
responsabilidade por danos ao meio ambiente, além de objetiva, também é solidária.
Não é compatível com nossa ordem jurídica a pretensa “desafetação” do bem ambientalmente protegido. A consumação da degradação
ambiental não exime o responsável da obrigação de continuar protegendo a área e de repará-la.

A indisponibilidade do meio ambiente e a imprescritibilidade do dano ambiental conduzem à conclusão de que não se pode invocar a teoria do fato
consumado como justificativa para não recuperar o bem atingido.

Não há direito adquirido à continuação da situação de ilícito ambiental. O dano ambiental é permanente e não se convalesce com o decurso do
Responsabilidade -
tempo. Doutrina. Jurisprudência. Nesse sentido:
Obrigação de restaurar o
“2. Inexiste direito adquirido a poluir ou degradar o meio ambiente. O tempo é incapaz de curar ilegalidades ambientais de natureza
dano - Inaplicação de:
Doutrina Emagis permanente, pois parte dos sujeitos tutelados – as gerações futuras – carece de voz e de representantes que falem ou se omitam em seu nome. 3.
i)Desafetação / ii) Teoria do
Décadas de uso ilícito da propriedade rural não dão salvo-conduto ao proprietário ou posseiro para a continuidade de atos proibidos ou tornam
Fato consumado / iii) direito
legais práticas vedadas pelo legislador, sobretudo no âmbito de direitos indisponíveis, que a todos aproveita, inclusive às gerações futuras, como é o caso
adquirido
da proteção do meio ambiente. 4. As APPs e a Reserva Legal justificam-se onde há vegetação nativa remanescente, mas com maior razão onde, em
conseqüência de desmatamento ilegal, a flora local já não existe, embora devesse existir.” (STJ. RESP nº 948921, DJ: 11.11.2009).

“10. Na forma do art. 225, caput, da Constituição de 1988, o manguezal é bem de uso comum do povo, marcado pela imprescritibilidade e
inalienabilidade. Logo, o resultado de aterramento, drenagem e degradação ilegais de manguezal não se equipara ao instituto do acrescido a
terreno de marinha, previsto no art. 20, inciso VII, do texto constitucional. 11. É incompatível com o Direito brasileiro a chamada desafetação ou
desclassificação jurídica tácita em razão do fato consumado.” (STJ. RESP nº 650728, DJE: 02/12/2009).

Nas ações civis ambientais, o caráter público e coletivo do bem jurídico tutelado – e não eventual hipossuficiência do autor da demanda em relação
ao réu – conduz à conclusão de que alguns direitos do consumidor também devem ser estendidos ao autor das ações civis ambientais, pois
essas buscam resguardar (e muitas vezes reparar) o patrimônio público coletivo consubstanciado no meio ambiente. A essas regras, soma-se o
STJ – Ônus da Prova - Inversão -
404 / 418 princípio da precaução. Esse preceitua que o meio ambiente deve ter em seu favor o benefício da dúvida no caso de incerteza (por falta de provas
2aT Empreendedor
cientificamente relevantes) sobre o nexo causal entre determinada atividade e um efeito ambiental nocivo. Assim, ao interpretar o art. 6º, VIII, da Lei n.
8.078/1990 c/c o art. 21 da Lei n. 7.347/1985, conjugado com o princípio da precaução, justifica-se a inversão do ônus da prova, transferindo para
o empreendedor da atividade potencialmente lesiva o ônus de demonstrar a segurança do empreendimento. (ver na aba Proc Civil o tema ACP)
REsp 933.079: Em relação ao adiantamento das despesas com a prova pericial, a isenção inicial do MP não é aceita pela jurisprudência de
ambas as turmas, diante da dificuldade gerada pela adoção da tese. Abandono da interpretação literal para impor ao parquet a obrigação de
antecipar honorários de perito, quando figure como autor na ação civil pública.

No Info 424, a 1a Seção em Embargos de Divergência: na condição de autor de ação civil pública, o Ministério Público, na perícia que requereu, não se
incumbe de adiantar as despesas referentes a honorários do expert, contudo isso não permite que o juízo obrigue a outra parte a fazê-lo.

Resp Inversão do ônus da prova


No Info 425 - 2aT: A Primeira Seção deste Superior Tribunal já decidiu que, conquanto não se possa obrigar o MP, como parte autora, a adiantar os
STJ 933079 - Antecipação do
honorários do perito na ação civil pública, diante do disposto no art. 18 da Lei n. 7.347/1985, também não se pode impor tal obrigação ao
424 e 425 pagamento
particular, tampouco exigir que o trabalho do perito seja prestado gratuitamente. Logo, nesse impasse, afigura-se plausível a decisão adotada na
determinação de utilizar recursos do Fundo Estadual de Reparação de Interesses Difusos Lesados, criado por Lei estadual, considerando que
a ACP objetiva algo previsto como destinação do aludido fundo.

Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem
condenação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais. (Redação dada pela Lei nº
8.078, de 1990)
RESPONSABILIDADE ADMINISTRATIVA

Infração administrativa - Há ofensa ao princípio da legalidade a delegação da definição das infrações por parte do decreto? Ponderação – o que a lei coloca como crime, o
Previsão por meio de decreto pode repetir. O que se tem vedado é a criação de infração diretamente pelo decreto. Sob esse fundamento o STJ tem entendido que não
decreto haveria infração à legalidade. Quando não havia a previsão legal, as multas eram ilegais. Depois da 9605 – seriam legais.
Responsabilidade
STJ – Administrativa - Demolição À luz do art. 72, VIII, da Lei n. 9.605/1998, não é dotada de auto executoriedade a demolição de obras já concluídas, mesmo como sanções
413
2aT de obra (art. 72, VIII) - auto administrativas de cunho ambiental. (O IBAMA poderá figurar no pólo ativo de ACP que vise a esta finalidade)
executoriedade
1. Havendo omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo que outorgante da licença ambiental, pode o IBAMA exercer o seu poder de polícia
administrativa, pois não há confundir competência para licenciar com competência para fiscalizar.
2. A contrariedade à norma pode ser anterior ou superveniente à outorga da licença, portanto a aplicação da sanção não está necessariamente
vinculada à esfera do ente federal que a outorgou.
3. O pacto federativo atribuiu competência aos quatro entes da federação para proteger o meio ambiente através da fiscalização.
4. A competência constitucional para fiscalizar é comum aos órgãos do meio ambiente das diversas esferas da federação, inclusive o art. 76 da Lei
Atuação do órgão federal -
Federal n. 9.605/98 prevê a possibilidade de atuação concomitante dos integrantes do SISNAMA.
hipótese de licenciamento de
STJ 5. Atividade desenvolvida com risco de dano ambiental a bem da União pode ser fiscalizada pelo IBAMA, ainda que a competência para licenciar
competência do órgão
seja de outro ente federado. (AgRg no REsp 711405/PR, STJ 2aT)”
estadual
ATENÇAO: O parágrafo único do art. 23 da CF foi regulamentado pela LC 140/11 pondendo ser extraída a seguinte conclusão: em
princípio, o ente que possui a competência de licenciar a atividade poluidora também detém de modo preferencial a competência para fiscalizá-la,
tal como disciplinado na legislação infraconstitucional. Entretanto, havendo perigo iminente ou atual ao meio ambiente os demais entes
federados estão autorizados a agir cautelarmente e/ou existindo omissão e inércia do ente originalmente atribuído da competência para
licenciar, fica o ente diverso autorizado a agir com base no poder de polícia, fiscalizando o particular e, se for o caso, aplicando sanções.
especificamente quanto às multas ambientais, já existia dispositivo atinente à questão que no intuito de evitar bis in idem, estabelecendo que o
pagamento de multa ambiental estadual ou municipal substituiria a federal, desde que se relacionassem à mesma hipótese de incidência e
ocorresse o efetivo pagamento, não bastando a celebração de termos de compromisso ou composição do dano, a não ser que o ente federal também
Multa aplicada por entes participasse do acordo. É o que dispunham o art. 76 da Lei 9.605/98 e o parágrafo único do art. 12 do Decreto 6.514/08.
federados diferentes (União
doutrina emagis
x Estado), qual deve A prevalência do auto de infração lavrado pelo próprio ente competente para o licenciamento ambiental sobre outros autos e sanções dos entes diversos
prevalecer está agora expressamente prevista na parte final do § 3o do art. 17 da LC 140/11 (“prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão
que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização”). Assim, mesmo que a multa federal seja maior, se o ente competente para
licenciar for estadual ou mesmo municipal, a multa desses últimos prevalecerá mesmo que menor, não cabendo a cobrança de
quaisquer diferenças em relação à multa federal.

REsponsabilidade Penal da
Há possibilidade de HC em prol da PJ? Sozinha o STJ não tem admitido PJ como paciente de HC, mas em litisconsórcio com a PF seria admitido.
PJ

PRESCRIÇÃO

Súmula 467 STJ


Prescrição - Multa
STJ Súm 467 Prescreve em cinco anos, contados do término do processo administrativo, a pretensão da Administração Pública de promover a
Administrativa
execução da multa por infração ambiental.
Existe possibilidade prescrição intercorrente? Sim, sua previsão encontra-se insculpida no parágrafo 1o do art. 1o da Lei 9873.

Lei 9.873. Art. 1o. § 1o Incide a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de três anos, pendente de julgamento ou
Prescrição intercorrente
despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade
funcional decorrente da paralisação, se for o caso.

Prescrição - Infração que


caracteriza crime - A Turma reiterou que a pretensão punitiva da Administração Pública em relação à infraçãoadministrativa que também configura crime em
STJ 1aT 502
Prescrição prevista na área tese somente se sujeita ao prazo prescricional criminal quando instaurada a respectiva ação penal.
penal
No conflito entre estabelecer um prazo prescricional em favor do causador do dano ambiental, a fim de lhe atribuir segurança jurídica e
estabilidade com natureza eminentemente privada, e tutelar de forma mais benéfica bem jurídico coletivo, indisponível, fundamental, que
STJ - 2aT 415 Prescrição - Dano ambiental
antecede todos os demais direitos – pois sem ele não há vida, nem saúde, nem trabalho, nem lazer – o último prevalece, por óbvio, concluindo pela
imprescritibilidade do direito à reparação do dano ambiental.
Incide o prazo de cinco anos (art. 1º da Lei 9873/99) para que, no exercício do poder de polícia, a Administração Pública Federal (direta ou indireta)
apure o cometimento da infração à legislação do meio ambiente. Esse prazo deve ser contado da data da prática do ato ou, no caso de infração
permanente ou continuada, do dia em que houver cessado a infração. Observou-se que o art. 1º da Lei n. 9.873/2009 estabeleceu o prazo para a
constituição do crédito, não para a cobrança judicial do crédito inadimplido. Ressaltou, ainda, que, antes da MP n. 1.708/1998, convertida na Lei n.
Prescrição - Multa
STJ - 1aS 428 Rec Rep 9.873/1999, não existia prazo decadencial (nota-se aqui que o STJ veio a corrigir a impropriedade da Lei em dizer que o prazo para constituição do
Administrativa
crédito era prescricional) para o exercício do poder de polícia por parte da Administração Pública Federal, por isso a penalidade aplicada, nesses casos,
sujeita-se apenas ao prazo prescricional de cinco anos, em razão da aplicação analógica do art. 1º do Dec. n. 20.910/1932. Ademais, a
jurisprudência também já assentou que, por se tratar de multa administrativa, não é aplicável a regra geral de prescrição do CC, seja o de 1916 ou
o de 2002.

É possível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime ambiental, ainda que haja absolvição da pessoa física relativamente ao mesmo
Teoria da Dupla Imputação - delito. Reputou-se que a Constituição respaldaria a cisão da responsabilidade das pessoas física e jurídica para efeito penal. (importante julgado
STF 1aT 639
Condenação apenas da PJ relacionado à Teoria da Dupla imputação. Haveria a exigência de imputação do fato tanto à pessoa jurídica como à pessoa física, mas seria possível
condenação apenas da primeira)

BIODIVERSIDADE

A) Incluem-se entre os objetos de proteção, no âmbito da biodiversidade, aspectos relacionados à biotecnologia, tais como a utilização de sistemas
biológicos, organismos vivos e derivados na fabricação ou modificação de produtos ou processos para uso específico.
Questão TRF1 (C) – GABARITO PRELIMINAR
DIVERSIDADE BIOLÓGICA significa a variabilidade de organismos vivos de todas as origens e os complexos ecológicos de que fazem parte:
compreendendo ainda a diversidade dentro das espécies, entre espécies e de ecossistemas.
B) O texto constitucional não incluiu em seus dispositivos a proteção à biodiversidade.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
Questão TRF1
-CF, Art. 225. § 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio
genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético;
D) A Convenção da Biodiversidade Biológica foi o primeiro documento a definir, no cenário internacional, a proteção à biodiversidade.
(E) – GABARITO PRELIMINAR
Questão TRF1 -há inúmeras convenções anteriores que tratavam de aspectos específicos - - CONVENÇÃO SOBRE O COMÉRCIO INTERNACIONAL DAS ESPÉCIES DE
FAUNA E FLORA SELVAGENS EM PERIGO DE EXTINÇÃO (CITES); CONVENÇÃO SOBRE CONVENÇÃO DOS RECURSOS DO ATLÂNTICO; CONVENÇÃO DAS
NAÇÕES UNIDAS SOBRE O DIREITO DO MAR
DIVERSOS

Caráter sinérgico do dano O que é o caráter sinérgico do dano ambiental? Dano ambiental é de difícil constatação, pode decorrer da cumulação de diversos fatores (vários fatores
ambiental concorrendo para o dano).

entendeu ser possível, em ACP ambiental, a cumulação de pedidos de condenação à obrigação de fazer (reflorestamento de área) e de
STJ –
450 ACP - Cumulação de pedidos pagamento pelo dano material causado. Assinalou que o mecanismo processual da ACP é adequado para que se pleiteiem, cumulativamente, a
3aT
reparação pecuniária do dano causado e o cumprimento de obrigação de fazer tendente à recuperação da área atingida pelo desmatamento.
STJ 1a, Emagis ACP - Cumulação de Em que pese a letra do art. 3º da Lei 7.347/85 (“A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cumprimento de obrigação de fazer
2a e 3a pedidos ou não fazer”), a ação civil pública pode trazer a cumulação de pedidos, um envolvendo obrigação de fazer ou não fazer e outro relacionado a
T condenação em dinheiro. A partícula “ou” utilizada nesse preceito não é interpretada como uma alternativa excludente, mas como uma forma de
autorizar a cumulação. Isso, esclareça-se, inclusive em matéria de dano ambiental. Por todos: “A jurisprudência do STJ está firmada no sentido de que
a necessidade de reparação integral da lesão causada ao meio ambiente permite a cumulação de obrigações de fazer e indenizar (...) A reparação
ambiental deve ser feita da forma mais completa possível, de modo que a condenação a recuperar a área lesionada não exclui o dever de
indenizar”.(2aT REsp 1180078)
a inclusão de seu nome na lista dos "100 maiores desmatadores" teve como fundamento auto de infração em relação ao qual lhe foi oportunizado o
Lista - Maiores
exercício do contraditório e da ampla defesa. O ato da autoridade impetrada tem suporte no art. 4º da Lei n. 10.650/2003. A circunstância de o auto
STJ - 1aS 426 Desmatadores - Amazônia -
de infração ainda não ter sido julgado definitivamente não é óbice para sua utilização na lista impugnada. No entanto, tal informação deve
Auto de infração
constar da divulgação por força do disposto no parágrafo único do art. 149 do Dec. n. 6.514/2008.
D) A legislação federal vigente não permite a importação de agrotóxicos, sendo possível, contudo, importar seus componentes em separado, o que
dificulta a ação fiscalizadora da administração pública.
Questão TRF1
(E) – GABARITO PRELIMINAR
-a Lei 7.802/89, que trata sobre o tema, regulamenta a importação de agrotóxicos.
No julgamento do REsp 1.264.302, a Segunda Turma entendeu que o Ministério Público Federal (MPF) deve manifestar-se em causa na qual se
STJ – REsp Discussão AIIM. discute nulidade de auto de infração ambiental porque, na maior parte das vezes, o interesse envolvido transcende o interesse meramente
2aT 1.264.302 Manifestação do MPF patrimonial no crédito gerado, abarcando discussões de cunho substancial que dizem respeito ao meio ambiente em si. O recurso era de uma cidadã
autuada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
greenwashing / ‘lavagem verde’, ‘maquiagem verde’ / ‘branqueamento ecológico’ -> relacionando-se com políticas ou iniciativas
aparentemente ecológicas, mas sem nenhum resultado ecologicamente real. Ações de marketing que visam a propagar, de forma enganosa, que
determinado produto, serviço ou política de uma empresa são ‘verdes’, quer dizer, ecologicamente sustentáveis (environmentally friendly), quando, na
realidade, não o são (seja total ou parcialmente). Considerando o forte apelo que os ‘produtos ecológicos’ produzem nos consumidores, sobretudo
atualmente, é muito mais fácil vender um produto ou serviço que carrega algum benefício ecológico, ‘verde’, do que o contrário, haja vista a percepção
do consumidor de ‘estar fazendo a sua parte na preservação do meio ambiente’ quando adquire um produto ou serviço sustentável.

greenwashing / ‘lavagem O único objetivo do greenwashing é ludibriar os consumidores, transmitindo-os uma imagem da empresa como ecologicamente correta em sua
doutrina emagis verde’, ‘maquiagem verde’ / atividade e em seus produtos e serviços, o que em última análise, é mais instrumento de concorrência desleal para conquistar mercados, dada
‘branqueamento ecológico’ a preocupação e preferência crescentes dos consumidores com o meio ambiente.

Prática que viola direitos dos consumidores, caracterizando publicidade enganosa e publicidade abusiva (desrespeito de valores ambientais).

Atento a esta realidade, o CONAR editou normas éticas que se ocupam do apelo de sustentabilidade na publicidade. Nesse sentido, foram
inseridas novas disposições no Código Brasileiro de Autoregulamentação Publicitária, exigindo que anúncios não banalizem a sustentabilidade ambiental
nem confundam os consumidores. Os critérios expressamente inseridos no código para as campanhas publicitárias de sustentabilidade
socioambiental foram: veracidade, exatidão, pertinência e relevância.
Interesse de agir na ACP Discussão quanto à existência de interesse de agir da ACP proposta pelo IBAMA pretendendo a demolição de obra, posto que há na legislação autorização
proposta pelo IBAMA para expressa para que tal entidade, exercendo o poder de polícia ambiental, proceda a demolição de obra irregular:
demolição de obra -
autoexecutoriedade do POSSIBILIDADE: reconhecimento do interesse de agir. Deve-se prestigiar o princípio da universalidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, CF/88).
poder de polícia Além do que pode o interesse processual do IBAMA emergir dos efeitos de definitividade e indiscutibilidade que se agregam à decisão judicial,
ausentes no ato administrativo. Adviria o interesse da autarquia também do desejo de se resguardar contra futuras ações indenizatórias, na
hipótese de sua decisão (que determinou a demolição) ser posteriormente revista ou anulada, administrativa ou judicialmente, ou ainda de uma suposta
carência de recursos financeiros ou materiais para providenciar concretamente a demolição da obra irregular.
1. Trata-se de recurso especial em que se discute a existência de interesse, por parte do Ibama, em ajuizar ação civil pública na qual se busca a
demolição de edifício reputado irregular à luz de leis ambientais vigentes.3. Mesmo que a Lei n. 9.605/98 autorize a demolição de obra como sanção às
infrações administrativas de cunho ambiental, a verdade é que existe forte controvérsia acerca de sua auto-executoriedade (da demolição de
obra). 4. Em verdade, revestida ou não a sanção do referido atributo, a qualquer das partes (Poder Público e particular) é dado recorrer à tutela
jurisdicional, porque assim lhe garante a Constituição da República (art. 5º, inc. XXXV) - notoriamente quando há forte discussão, pelo menos em nível
doutrinário, acerca da possibilidade de a Administração Pública executar manu militari a medida. (STJ. RESP 789640, DJE: 09/11/2009).

IMPOSSIBILIDADE: não haveria interesse de agir. A resolução do mérito da lide, a qual ficaria condicionada à satisfação das condições da ação e à
presença dos pressupostos de desenvolvimento válido do processo.
Questão Será responsabilizado administrativamente aquele que utilizar em pesquisas científicas células-tronco embrionárias obtidas a partir de embriões
CESPE - humanos viáveis produzidos por fertilização in vitro. - CERTO
AGU/2012
Fundamento. Art. 24, da Lei 11.105/05.

CAPÍTULO VIII. Dos Crimes e das Penas.


Art. 24. Utilizar embrião humano em desacordo com o que dispõe o art. 5o desta Lei:
Art. 21. Considera-se infração administrativa toda ação ou omissão que viole as normas previstas nesta Lei e demais disposições legais pertinentes.

Zoneamento ambiental é um instrumento de planejamento do uso do solo e gestão ambiental que consiste na delimitação de zonas ambientais e
Zoneamento ambiental atribuição de usos e atividades compatíveis segundo as características (potencialidades e restrições) de cada uma delas, visando o uso sustentável dos
recursos naturais e o equilíbrio dos ecossistemas existentes.

O que é relocalização dentro do zoneamento ambiental? Relocalização é a obrigação da readequação da localização do empreendimento em
Relocalização dentro do
decorrência de alteração do zoneamento ambiental. Não há direito adquirido a poluir, empreendedor deve se realocar. Indústria deve ir para
zoneamento ambiental
onde ela possa se instalar, isso é relocalização.

2) Zoneamento se articula com o desenvolvimento sustentável?


Resposta:
Sim. O conceito de zoneamento sustentável já traz expressamente a menção e sua conexão com o desenvolvimento sustentável como demonstra o art.
Oral TRF5 Zoneamento 2º, do Decreto 4297/2002 como sendo O ZEE, instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos,
obras e atividades públicas e privadas, estabelece medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos
recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da
população.

1) Qual a origem do zoneamento e em que ele consiste?


Resposta:
A origem do zoneamento ambiental está nas sociedades industrializadas e urbanizadas e na necessidade do estabelecimento de áreas com destinação
especial para organização territorial de aproveitamento e respeito ao meio ambiente. A necessidade de compatibilização entre a exploração não
degenerativa e o respeito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado faz com que o zoneamento se torne uma ferramenta importante do Direito
Oral TRF5 Zoneamento Ambiental. É, em verdade, um instrumento de efetivação da Política Nacional do Meio Ambiente e tem definição legal no art. 2º, do Decreto 4.297/2002
e guarda relação estreita com os princípios da função socioambiental da propriedade, da prevenção, da precaução, do poluidor pagador, do usuário–
pagador, da participação informada, do acesso equitativo e da integração, conforme expressa previsão regulamentar. Diz o decreto: O ZEE,
instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabelece
medidas e padrões de proteção ambiental destinados a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da
biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população”.
2) O zoneamento tem relevância para a proteção do Direito ambiental? Dê exemplos.
Resposta:
Tendo em vista que o zoneamento guarda estreita relação com os princípios com a função socioambiental da propriedade, da prevenção, da precaução,
do poluidor pagador, do usuário pagador, da participação informada, do acesso equitativo e da integração, pode-se afirmar que tal instrumento é de
fundamental importância para o Direito Ambiental. O exemplo mais elucidativo desta relevância está no zoneamento ambiental industrial que classifica
quatro espécies de zonas visando o disciplinamento de atividades industriais em locais críticos de poluição. As quatro divisões são as zonas de uso
estritamente industrial, zonas de uso predominantemente industrial, zonas de uso diversificado e zonas de reserva ambiental. Há de se apontar que o
intuito do disciplinamento desta matéria é a necessidade de controle da poluição causada pelas indústrias.

02) Compreensão do poder de polícia administrativo, fundamento. Discorra.


Resposta:
Oral TRF5 Poder de Polícia Hely conceitua Poder de Polícia como "a faculdade de que dispõe a Administração Pública para condicionar e restringir o uso e gozo de bens, atividades
e direitos individuais, em benefício da coletividade e do próprio estado”. É expressamente tratado pelo artigo 78 do CTN, como sendo apto a legitimar a
instituição de exação tributária na modalidade taxa. Fundamenta-se, portanto, no princípio da supremacia do interesse público, colocado por Celso
Antônio Bandeira de melo como base de todo o Direito Administrativo, ao lado da indisponibilidade do interesse público.

03) Delegação a particular do poder de polícia, é possível?


Resposta:
Poder de polícia - Entende-se predominantemente que não é possível, haja vista tratar-se de faculdade eminentemente pública. Isso não impede, entretanto, sua
Oral TRF5
delegação delegação a pessoas jurídicas de direito público, como as autarquias, ou a atribuição de simples atos materiais a particulares, como no clássico exemplo
dos radares que medem a velocidade de veículos em vias públicas, que são operados por particulares, que não detém, entretanto, poder para decidir
multar ou não multar.

04) A administração aplicou uma multa pelo atraso na prestação, a administração estaria exercendo o poder administrativo?
Resposta:
Oral TRF5 Poder de polícia - Multa Tratando-se de prestação exigível no bojo do exercício do poder de polícia, a eventual multa pelo atraso no seu cumprimento pode ser qualificada como
medida acessória que visa a estimular o seu cumprimento tempestivo. Dessa forma, em face da relação de acessoriedade e seguindo a teoria da
Gravitação Jurídica, entendo que também a multa é decorrente do poder de polícia.

05) O poder de polícia precisa da intervenção do poder judiciário?


Resposta:
Os autores administrativistas, em geral, colocam a autoexecutoriedade, a discricionariedade e a coercibilidade como caracarterísticas inerentes ao
poder de polícia. Apesar disso, reconhece-se que há situações em que não pode a Administração executar diretamente as decisões derivadas do Poder
Oral TRF5 Pode de Polícia de Polícia, como, por exemplo, no caso da cobrança de multas, em que a intermediação do Judiciário é necessária. Pode-se dizer, assim, que o exercício
dos atos decorrentes do poder de polícia é autoexecutório sempre que houver expressa previsão legal nesse sentido ou quando se tratar de ato
urgente. Há relevante discussão na doutrina e na jurisprudência acerca da autoexecutoriedade ou não do ato demolitório de construções irregulares.
Em que pese ainda não haver definição do tema, a jurisprudência superior já teve a oportunidade de afirmar que, caso a Administração opte por levar o
caso ao Judiciário, não é cabível a extinção do feito por falta de interesse de agir.

1) O conceito jurídico de poluição foi alterado? Existe no ordenamento jurídico?


Resposta:
Oral TRF2 Poluição Sim, há um conceito legal do que venha a ser poluição no direito brasileiro. Está previsto no art. 3º , III. Da Lei 6938/81. O conceito legal foi alterado
em 1989 para incluir em seu art. 3º. III. V, como objeto de proteção da degradação de qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou
indiretamente os recursos ambientais fauna e a flora. Estes dois últimos conceitos não constavam da redação original de como objetos de proteção
contra poluição.

Oral TRF5 Política energética 05) Discorra: política energética voltada ao meio ambiente. Objetivos.
Resposta:
A Lei 9.478 de 1997, que dispõe sobre a política energética nacional, já em seu art. 1º, IV, deixa expresso que um dos objetivos da política nacional é a
proteção ao meio ambiente. Assim, da adequação entre meio ambiente e atividade econômica nasce o conceito de desenvolvimento sustentável. E
neste se insere uma opção energética que respeite o pacto intergeracional e busque o respeito ao meio ambiente e encare como os insumos
energéticos como bens que podem se findar e, a partir daí, passe a adotar uma política de não agressividade ao meio ambiente. Deve o poder público,
ao optar por uma política energética, fixar sua bases no desenvolvimento sustentável que é, em clássica definição, como o processo que atende às
necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades, e, ainda, focando a
melhoria da qualidade de vida humana dentro dos limites da capacidade de suporte dos ecossistemas. Assim, o grande objetivo que liga a política
energética e o meio ambiente é a opção por um processo de uso sustentável dor recursos existentes no meio ambiente, levando-se em conta as
necessidades das gerações futuras.

Questões discursivas

Pergunta Gabarito Fonte


Constatando in loco o despejo de dejetos químicos não-tratados A matéria atinente à competência material ou administrativa comum em matéria ambiental é fonte de grandes controvérsias. EMAGIS -
num rio estadual por uma fábrica regularmente licenciada pelo Rodada 50
competente órgão estadual, o fiscal do IBAMA, no mesmo A CF/88 no art. 23 buscou implementar o federalismo cooperativo, sem hierarquia ou subordinação entre os entes, de forma
instante da que seja aperfeiçoada a execução coordenada das atribuições materiais.
fiscalização, embarga a atividade fabril, apreende material
tóxico e também impõe multa por infração à legislação Os princípios atinentes à questão e apontados pela doutrina como solucionadores de conflitos entre os órgãos públicos federais,
ambiental. estaduais e municipais são “a) o critério da preponderância do interesse; e b) o critério da colaboração (cooperação) entre os
Pergunta-se. É possível a atuação de órgão federal no caso? entes da federação, conforme (...) parágrafo único do art. 23 [da CF/88]” (FIORILLO, Celso Antonio Pacheco. Curso de direito
Caso afirmativo, em qual(is) hipótese(s)? ambiental brasileiro. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2006, p. 79).
No dia seguinte, após comunicado do IBAMA, o fiscal ambiental
estadual dirige-se ao local e lavra auto de Pelo art. 70, §§ 1º e 3º, da Lei 9.605/98, todos os entes federados seriam competentes para lavrar autos de infração em
infração confirmando o embargo e a apreensão, mas aplica aos matéria ambiental:
mesmos fatos multa em valor inferior à já
aplicada pelo IBAMA.
“Art. 70. (...).
Pergunta-se. O que acontecerá com as multas: serão
§ 1º São autoridades competentes para lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo os funcionários de
cumuladas, prevalecerá a federal de maior valor ou a
órgãos ambientais integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente - SISNAMA, designados para as atividades de fiscalização,
estadual menor?
bem como os agentes das Capitanias dos Portos, do Ministério da Marinha.
Para responder às 3 perguntas, considere que os fatos
§ 3º A autoridade ambiental que tiver conhecimento de infração ambiental é obrigada a promover a sua apuração imediata,
ocorreram em 9 e 10/12/2011. Máximo de 20 linhas.
mediante processo administrativo próprio, sob pena de co-responsabilidade.”

Para evitar a duplicidade de punição pelo mesmo fato e eventual conflito de atribuições entre os entes, existiam alguns
dispositivos que estabeleciam regras definidoras de competência, entre os quais o art. 14, I e § 2º da Lei 6.938/81 e art. 76 da
Lei 9.605/98:

“Art 14 - Sem prejuízo das penalidades definidas pela legislação federal, estadual e municipal, o não cumprimento das medidas
necessárias à preservação ou correção dos inconvenientes e danos causados pela degradação da qualidade ambiental sujeitará
os transgressores:
I - à multa simples ou diária, (...) vedada a sua cobrança pela União se já tiver sido aplicada pelo Estado, Distrito Federal,
Territórios ou pelos Municípios.
§ 2º - No caso de omissão da autoridade estadual ou municipal, caberá ao Secretário do Meio Ambiente a aplicação das
penalidades pecuniárias previstas neste artigo.”
“Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na
mesma hipótese de incidência.”

Entretanto, conforme previsão do parágrafo do art. 23 da CF/88, recentemente foi editada a LC 140/11, em vigor desde
9/12/2011, que disciplinou a competência e cooperação entre os entes federados e revogou alguns dispositivos da Lei 6.938/81.

Antes de adentrar propriamente à questão, cabe observar uma distinção dentro da competência material ou administrativa
realizada pela doutrina e jurisprudência entre (1) competência de licenciar e (2) competência de fiscalizar. Para tanto, observe-
se notícia veiculada no Informativo 392 do STJ:

“IBAMA. FISCALIZAÇÃO. OMISSÃO. ORGÃO ESTADUAL.


O nosso pacto federativo atribuiu competência aos entes da Federação para a proteção do meio ambiente, o que se dá mediante
o poder de polícia administrativa (art. 78 do CTN). Esse poder envolve vários aspectos, entre eles, o poder de permitir o
desempenho de certa atividade (desde que acorde com as determinações normativas) e de sancionar as condutas contrárias à
norma. Anote-se que a contrariedade à norma pode ser anterior ou superveniente à outorga da licença, portanto a aplicação da
sanção não está necessariamente vinculada àquele ato administrativo. Isso posto, não há que se confundir a competência do
Ibama de licenciar (caput do art. 10 da Lei n. 6.938/1981) com sua competência para fiscalizar (§ 3º do mesmo artigo). Assim,
diante da omissão do órgão estadual de fiscalização, mesmo que outorgante da licença ambiental, o Ibama pode exercer seu
poder de polícia administrativa, quanto mais se a atividade desenvolvida pode causar dano ambiental em bem da União.
Precedente citado: REsp 588.022-SC, DJ 5/4/2004. AgRg no REsp 711.405-PR, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em
28/4/2009.”

Eis a ementa do julgado:

“PROCESSUAL CIVIL - ADMINISTRATIVO - AMBIENTAL - MULTA - CONFLITO DE ATRIBUIÇÕES COMUNS - OMISSÃO DE ÓRGÃO
ESTADUAL - POTENCIALIDADE DE DANO AMBIENTAL A BEM DA UNIÃO - FISCALIZAÇÃO DO IBAMA - POSSIBILIDADE.
1. Havendo omissão do órgão estadual na fiscalização, mesmo que outorgante da licença ambiental, pode o IBAMA exercer o
seu poder de polícia administrativa, pois não há confundir competência para licenciar com competência para fiscalizar.
2. A contrariedade à norma pode ser anterior ou superveniente à outorga da licença, portanto a aplicação da sanção não está
necessariamente vinculada à esfera do ente federal que a outorgou.
3. O pacto federativo atribuiu competência aos quatro entes da federação para proteger o meio ambiente através da
fiscalização.
4. A competência constitucional para fiscalizar é comum aos órgãos do meio ambiente das diversas esferas da federação,
inclusive o art.
76 da Lei Federal n. 9.605/98 prevê a possibilidade de atuação concomitante dos integrantes do SISNAMA.
5. Atividade desenvolvida com risco de dano ambiental a bem da União pode ser fiscalizada pelo IBAMA, ainda que a
competência para licenciar seja de outro ente federado.
Agravo regimental provido.
(AgRg no REsp 711405/PR, Rel. Ministro HUMBERTO MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 28/04/2009, DJe 15/05/2009)”

Cabe observar que o § 3º do art. 10 da Lei 6.938/81 foi revogado, passando o assunto a ser disciplinado pelo art. 17 e §§ da
novel LC 140/11:

“Art. 17. Compete ao órgão responsável pelo licenciamento ou autorização, conforme o caso, de um empreendimento ou
atividade, lavrar auto de infração ambiental e instaurar processo administrativo para a apuração de infrações à legislação
ambiental cometidas pelo empreendimento ou atividade licenciada ou autorizada.
§ 1o Qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar infração ambiental decorrente de empreendimento ou atividade
utilizadores de recursos ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores, pode dirigir representação ao órgão a que se refere o
caput, para efeito do exercício de seu poder de polícia.
§ 2o Nos casos de iminência ou ocorrência de degradação da qualidade ambiental, o ente federativo que tiver conhecimento do
fato deverá determinar medidas para evitá-la, fazer cessá-la ou mitigá-la, comunicando imediatamente ao órgão competente
para as providências cabíveis.
§ 3o O disposto no caput deste artigo não impede o exercício pelos entes federativos da atribuição comum de fiscalização da
conformidade de empreendimentos e atividades efetiva ou potencialmente poluidores ou utilizadores de recursos naturais com a
legislação ambiental em vigor, prevalecendo o auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de
licenciamento ou autorização a que se refere o caput.”

Assim, em princípio, o ente que possui a competência de licenciar a atividade poluidora também detém de modo preferencial a
competência para fiscalizá-la, tal como disciplinado na legislação infraconstitucional. Entretanto, havendo perigo iminente ou
atual ao meio ambiente os demais entes federados estão autorizados a agir cautelarmente e/ou existindo omissão e inércia do
ente originalmente atribuído da competência para licenciar, fica o ente diverso autorizado a agir com base no poder de polícia,
fiscalizando o particular e, se for o caso, aplicando sanções.

A prevalência do auto de infração lavrado pelo próprio ente competente para o licenciamento ambiental sobre outros autos e
sanções dos entes diversos está agora expressamente previsto na parte final do § 3º do art. 17 da LC 140/11 (“prevalecendo o
auto de infração ambiental lavrado por órgão que detenha a atribuição de licenciamento ou autorização”).

Como visto, especificamente quanto às multas ambientais, já existia dispositivo atinente à questão que no intuito de evitar bis
in idem, estabelecendo que o pagamento de multa ambiental estadual ou municipal substituiria a federal, desde que se
relacionassem à mesma hipótese de incidência e ocorresse o efetivo pagamento, não bastando a celebração de termos de
compromisso ou composição do dano, a não ser que o ente federal também participasse do acordo. É o que dispunham o art. 76
da Lei 9.605/98 e o parágrafo único do art. 12 do Decreto 6.514/08. Pedimos vênia para novamente transcrever o art. 76 e o
outro:

“Art. 76. O pagamento de multa imposta pelos Estados, Municípios, Distrito Federal ou Territórios substitui a multa federal na
mesma hipótese de incidência.”

“Art. 12. (...).


Parágrafo único. Somente o efetivo pagamento da multa será considerado para efeito da substituição de que trata o caput, não
sendo admitida para esta finalidade a celebração de termo de compromisso de ajustamento de conduta ou outra forma de
compromisso de regularização da infração ou composição de dano, salvo se deste também participar o órgão ambiental federal.
(Redação dada pelo Decreto nº 6.686, de 2008).”

É dizer, pela sistemática anterior a multa estadual ou municipal, independentemente de valores e mesmo que aplicada
posteriormente, prevalecia sobre a federal. Entretanto, da literalidade dos dispositivos, havia ainda a corrente minoritária que
acreditava que a substituição da multa federal pela estadual apenas ocorreria até o limite desta, persistindo a multa federal em
eventual valor a maior. Tal tese, na prática, terminava por ditar a prevalência sempre da multa federal.

Entretanto, cremos que com a nova disciplina dada pela LC 140/11, houve a ampliação da mens legis do art. 76 da Lei 9.605/98
e do parágrafo único do art. 12 do Decreto 6.514/08, prevalecendo para a mesma infração ambiental (hipótese de incidência)
todo o auto de infração do ente competente, abarcando quaisquer sanções previstas no art. 72 da Lei 9.605/98 e não apenas a
sanção única da multa estadual ou municipal:

“Art. 72. As infrações administrativas são punidas com as seguintes sanções, observado o disposto no art. 6º:
I - advertência;
II - multa simples;
III - multa diária;
IV - apreensão dos animais, produtos e subprodutos da fauna e flora, instrumentos, petrechos, equipamentos ou veículos de
qualquer natureza utilizados na infração;
V - destruição ou inutilização do produto;
VI - suspensão de venda e fabricação do produto;
VII - embargo de obra ou atividade;
VIII - demolição de obra;
IX - suspensão parcial ou total de atividades;
X - (VETADO)
XI - restritiva de direitos.”

Igualmente, houve a previsão de situação não abarcada pela literalidade do aludido art. 76, a possibilidade de um auto federal
posterior substituir um auto estadual ou municipal, desde que o ente competente para o licenciamento ambiental seja a União
Federal.

De todo modo, entendemos que a LC 140/11 veio a disciplinar o assunto de uma forma mais técnica, corrigindo lacunas nas
diversas leis, decretos e resoluções, sepultando de vez a tese de que a multa estadual apenas substituiria a federal até o limite
de seu valor. Assim, mesmo que a multa federal seja maior, se o ente competente para licenciar for estadual ou mesmo
municipal, a multa desses últimos prevalecerá mesmo que menor, não cabendo a cobrança de quaisquer diferenças em relação
à multa federal.

Respondendo às perguntas:

Sim, seria possível a atuação do IBAMA no caso, face a competência material ou administrativa, no exercício de seu poder de
fiscalização derivado do poder de polícia ambiental.

As hipóteses que autorizariam a fiscalização do ente federal sobre atividades licenciadas por ente diverso seriam: (i) existência
de perigo ao meio ambiente ou atual degradação ambiental, podendo o órgão federal impor cautelarmente medidas para cessar
ou mitigar a poluição, devendo notificar a autoridade estadual que realizou o licenciamento; ou (ii) a existência de omissão na
atuação sancionadora do ente estadual, uma vez notificado da ocorrência e quedando-se inerte dentro de um prazo razoável.

Independentemente da lavratura inicial de multa federal, temos que prevalecerá a multa estadual posterior, independentemente
de valores, face o novel § 3º do art. 17 da LC 140/11, de forma que a eficácia da multa federal (e de todo o auto de infração
federal) fica sob condição resolutiva da lavratura de auto de infração estadual. Entendemos que a prevalência da multa federal
apenas ocorreria na ausência de multa estadual ou uma vez aplicada, reconhecesse-se por qualquer motivo a nulidade do ato
administrativo estadual que impôs a multa, é dizer, do próprio auto de infração estadual, seja na via administrativa ou mesmo
judicial.
Deve o aluno discorrer brevemente sobre as visões Inicialmente, é importante frisar que se exigia do aluno, além da demonstração de conhecimento em relação ao tema trazido, a EMAGIS -
antropocêntrica e biocêntrica do Direito Ambiental, apontado no tomada de posição, de forma fundamentada, sobre a controvérsia travada entre as duas correntes. Neste último aspecto não se Rodada 23
que se distinguem e indicando motivadamente a qual delas se tem, a priori, uma resposta certa e outra errada. O essencial é que o aluno revele possuir pensamento crítico e demonstre ter
filia. sua própria opinião sobre o assunto.Pois bem, as visões a que se refere o enunciado da questão são conhecidas como doutrinas
ou concepções éticas ambientais. Elas dizem respeito à forma como se concebe a finalidade do Direito Ambiental. Analisemos
cada uma separadamente.Antropocentrismo:Nas sociedades ocidentais, o Direito como um todo, desde sua época clássica,
sempre foi centrado na idéia de que o homem era o criador e destinatário único das regras jurídicas, sendo estas elaboradas
com o exclusivo objetivo de regulamentar harmoniosamente a convivência humana. Por conseguinte e de uma forma mais
concisa, poder-se-ia dizer, de acordo com esta linha de pensamento, que o Direito sempre teria por finalidade o bem estar do
homem. Trazendo esta concepção jus-filosófica para a seara do Direito Ambiental, tem-se que a proteção do meio ambiente
dar-se-ia no exclusivo interesse do ser humano. Ou seja, a preservação da fauna, flora e dos outros elementos abióticos que
compõem os ecossistemas visaria garantir a sobrevivência, a qualidade de vida ou o simples deleite da espécie humana.As
regras protetivas dos bens ambientais não teriam por fundamento qualquer valor intrínseco que estes pudessem ter. Para esta
corrente, a aludida proteção possuiria caráter meramente instrumental, vez que serviente dos interesses do homem. Como se
vê, o antropocentrismo, cujas bases filosóficas podem ter como alicerce tanto a teologia (já que o homem seria o único animal
criado à imagem e semelhança de Deus e, por isso, poderia desfrutar da natureza a seu bel prazer) como o racionalismo (já que
o homem é o único animal racional e, por isso, como ser pensante poderia decidir sozinho como e em que intensidade gozar dos
bens ambientais), demonstra uma nítida ótica utilitarista da preservação do meio ambiente.Para os defensores desta tese, a
“prova prática” de que o Direito Ambiental, para além de qualquer dúvida, possuiria uma visão antropocentrista seria o fato de
que amplamente se aceita a morte e a tentativa de extermínio de todas as formas de vida que representem ameaça à saúde do
homem, como as bactérias, vírus, ratos, baratas, e outras pragas do gênero.CELSO ANTÔNIO PACHECO FIORILLO, cuja visão
antropocêntrica é expressamente assumida, nos ensina que “de acordo com esta visão, temos que o direito ao meio ambiente é
voltado para a satisfação desnecessidades humanas. Todavia, aludido fato, de forma alguma, impede que ele proteja a vida em
todas as suas formas, conforme determina o art. 3º da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/81), cujo conceito de
meio ambiente, foi, a nosso ver, inteiramente recepcionado. Se a Política Nacional do Meio Ambiente protege a vida em todas as
suas formas, e não é só o homem que possui vida, então todos que a possuem são tutelados e protegidos pelo direito
ambiental, sendo certo que um bem, ainda que não seja vivo, pode ser ambiental, na medida que possa ser essencial à sadia
qualidade de vida de outrem, em face do que determina o art. 225 da Constituição Federal (bem material ou mesmo imaterial).
Desta forma, a vida que não seja humana só poderá ser tutela pelo direito ambiental na medida em que sua existência implique
garantia da sadia qualidade de vida do homem, uma vez que numa sociedade organizada este é o destinatário de toda e
qualquer norma. (...) Na verdade, o direito ambiental possui uma necessária visão antropocêntrica, porquanto o único animal
racional é o homem, cabendo a este a preservação das espécies, incluindo sua própria.” (in “Curso de Direito Ambiental
Brasileiro”, Editora Saraiva).Já de acordo com a lição de FREDERICO AUGUSTO DE TRINDADE AMADO (para quem o
ordenamento jurídico brasileiro adota um antropocentrismo mitigado), ao abordar a visão antropocêntrica, “por essa linha, a
proteção ambiental serve ao homem, como se este não fosse integrante do meio ambiente, e os outros animais, as águas, a
flora,o ar, o solo, os recursos minerais não fossem bens tuteláveis por si sós, autonomamente, independentemente da raça
humana.” Citando o professor português Antônio Almeida, prossegue o professor e Procurador Federal: “o antropocentrismo
defende a centralidade indiscutível do ser humano e valoriza a natureza de um ponto de vista instrumental. Tal centralidade não
implica a negação da necessidade de preservação da natureza, uma vez que o mundo natural constitui um recurso quase que
ilimitado, suscetível de poder ser utilizado para os mais diversos fins humanos (agrícola, industrial, medicinal).” (in “Direito
Ambiental Esquematizado”, Editora Método).Para os antropocentrista, quando a cabeça do art. 225 da Constituição Federal
assevera que “todos” têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras
gerações, a Lei Maior teria aderido à referida tese, até porque apenas o homem pode ser sujeito de direito, ao passo que todas
as outras coisas, incluindo os animais, são somente objeto de direito.Por fim, consigne-se que a Declaração do Rio sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento, conhecida como ECO 1992, assumiu expressamente uma postura antropocêntrica ao prever em
seu Princípio 1º que “os seres humanos estão no centro das preocupações com o desenvolvimento sustentável. Têm direito a
uma vida saudável e produtiva, em harmonia com a natureza.”Biocentrismo.Para o biocentrismo, também chamado de
ecocentrismo (ressalvando-se que parcela da doutrina diferencia os dois termos), como o nome está a indicar, o Direito
Ambiental tem por finalidade preservar a vida em todas as suas formas. Mais do que isso, todos os elementos bióticos e
abióticos que integram o meio ambiente seriam protegidos em função de valor intrínseco a eles próprios, independentemente
desta proteção trazer qualquer benefício ao gênero humano. O homem, para esta concepção jus-filosófica, seria um animal
como qualquer outro e, por esta razão, todos estariam em igualdade de condições no que se refere à necessidade de ter a vida
protegida e preservada. Para a corrente mais “radical” do biocentrismo, seria aceito até que os animais não racionais fossem
titulares de direitos, cabendo ao homem, como único ser racional deste planeta, garantir o exercício e a não violação destes
direitos.FIORILLO, citando DIOGO DE FREITAS DO AMARAL, explica que para os defensores da visão biocêntrica: “já não é mais
possível considerar a proteção da natureza como um objetivo decretado pelo homem em benefício exclusivo do próprio homem.
A natureza tem que ser protegida também em função dela mesma, como valor em si, e não apenas como um objeto útil ao
homem. (...) A natureza carece de proteção pelos valores que ela apresenta em si mesma, proteção que, muitas vezes, terá de
ser dirigida contra o próprio homem.” E prossegue FIORILLO atacando biocentrismo: “Parece-nos inaceitável aludida concepção,
porquanto devamos considerar a proteção da natureza como um objetivo decretado pelo homem exatamente em benefício
exclusivo seu. (...) De acordo com essa posição, os animais assumiriam papel de destaque em face da proteção ambiental,
enquanto destinatários diretos do direito ambiental brasileiro. Todavia, não nos parece razoável a idéia do animal, da fauna, da
vida em geral dissociada da relação com o homem. Isso importa uma vez mais reiterar que a proteção do meio ambiente existe,
antes do tudo, para favorecer o próprio homem e, senão por via reflexa e quase simbiótica, proteger as demais espécies.” (in
Ob. Cit).Acerca da concepção biocêntrica do Direito Ambiental, complementa TRINDADE AMADO que “conforme as lições de
Peter Singer (autor autor da clássica obra “A Liberdade dos Animais”, 1975) e de outros pensadores, sustenta-se a existência de
valor nos demais seres vivos, independentemente da existência do homem, notadamente os mais complexos, a exemplo dos
mamíferos, pois são seres sencientes (seres que possuem percepção, como dor e prazer). Por essa linha, a vida é considerada
um fenômeno único, tendo a natureza valor intrínseco, e não instrumental, o que gerará uma consideração aos seres vivos não
integrantes da raça humana. De efeito, inspirada no biocentrismo nasceu a defesa dos direitos dos animais (abolicionismo),
movimento que vai de encontro à utilização dos animais como instrumento do homem, sua propriedade, chegando a colocá-los
como sujeitos de alguns direitos, notadamente os animais sencientes autoconscientes.” (in Ob. Cit.).De outro lado, se a
Declaração do Rio assumiu uma postura antropocentrista, cabe lembrar que a UNESCO, em um evidente engajamento na tese
biocêntrica, proclamou, em 1978, a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, cujo objetivo era influenciar os Estados a
positivarem leis no mesmo sentido. O preâmbulo da Declaração aduzia expressamente que todo animal possuía direitos, tais
como os direitos á existência, ao respeito, á proteção do homem e à liberdade do animal selvagem. Ressaltava também que a
morte de um animal sem necessidade caracteriza-se como biocídio.Cumpre ainda consignar que de acordo com alguns
defensores do biocentrismo, a exemplo de EDIS MILARÉ (in “Direito do Ambiente”, Editora Revista dos Tribunais), a previsão do
art. 3º da Lei nº 6.938/81, o qual define o meio ambiente como “o conjunto de condições, leis, influências e interações de
ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas", traria em seu bojo também uma
percepção biocêntrica do Direito Ambiental.Para finalizar este tópico, acresça-se que para os biocentristas o disposto no inciso
VII do art. 225 da Constituição Federal, segundo o qual, para assegurar a efetividade do direito ao meio ambiente
ecologicamente equilibrado, incumbe ao Poder Público “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade”,
representaria clara filiação da Carta Política ao ideário da tese biocêntrica. Não custa aqui lembrar que o STF, tendo como
fundamento a violação do aludido dispositivo, já teve oportunidade de declarar inconstitucional a prática conhecida como “farra
do boi”, tradicional no litoral de Santa Catarina (RE 153531/SC), além das “rinhas de galo” (ADI 3776/RN; ADI 2514/SC; ADI
1856/RJ). Contudo, é importante perceber que em nenhum desses julgados o STF expressamente afirmou (ou negou) que os
animais possuíam direitos próprios. Na realidade, o Supremo não aderiu aberta e claramente a qualquer das correntes tratadas
pela presente questão, apenas reconhecendo que aquelas atividades agrediam a citada norma constitucional. Sobre aquele
preceito constitucional, os biocentristas irão afirmar que se funda no direito dos animais à vida e ao bem estar. Já os
antropocentristas aduzirão que, na realidade, o preceito garante o direito dos seres humanos de não presenciarem (ou mesmo
saberem que não são praticadas) tais atividades, pois estas práticas trazem angústia e desconforto para alguns.A visão
majoritáriaEmbora o permaneça vivo embate entre as duas concepções éticas ambientais referidas pela questão, percebe-se
que a doutrina majoritária tende a afirmar que nossa ordem jurídica adota um antropocentrismo mitigado. É o que resultaria da
interpretação sistemática do caput do art. 225 da Constituição Federal (de feição antropocêntrica), com seu § 1º, inciso VII, de
(conotação biocêntrica). Como assevera ANTÔNIO HERMAN BENJAMIN, “se é certo que não se chega, pela via direta, a atribuir
direitos à natureza, o legislador constitucional não hesitou em nela reconhecer valor intrínseco, estatuindo deveres a serem
cobrados dos sujeitos humanos em favor dos elementos bióticos e abióticos que compõem as bases da vida.” (in “Direito
Constitucional Ambiental Brasileiro, Editora Saraiva).
Tendo em vista que o art. 2º, I, Lei 7.735/89 conferiu ao IBAMA Como não raro ocorre em provas discursivas de concursos públicos, o presente enunciado trazia como questionamento tema EMAGIS -
competência para exercer o poder de polícia ambiental e que o jurídico ainda controverso na doutrina e na jurisprudência. Sempre que o candidato se vê diante de semelhante situação, onde a Rodada 5
art. 72, VIII, da Lei 9.605/98 previu como uma das sanções solução do problema posto ainda não se encontra pacificada, a primeira providência a tomar é, demonstrando conhecimento de
administrativas ao cometimento de infração ao meio ambiente a tal fato, esclarecer que se trata de questão controvertida. Deve o candidato, então, expor as duas (ou três, ou quatro, ...)
demolição de obra, pergunta-se: possui o IBAMA interesse de correntes que se embatem acerca do ponto, discorrendo, ainda que resumidamente, sobre os fundamentos utilizados por cada
agir para ingressar com Ação Civil Pública visando obter tutela uma. Em seguida, convém que se tome partido por uma das alternativas, podendo-se, todavia, ressaltar pontos fortes da linha
jurisdicional que determine a demolição de prédio urbano que de pensamento relegada. O mais importante aqui é que o candidato demonstre conhecimento sobre o tema trazido e formule
está sendo construído em Área de Preservação Ambiental sem a sua resposta de modo coerente e lógico, segundo as regras e princípios jurídicos aplicáveis ao caso e aos precedentes
devida autorização? Justifique sua resposta. jurisprudenciais.
Feitos estes esclarecimentos, adentremos no mérito do problema trazido pela questão.
Como o próprio enunciado da questão já informava, o IBAMA, autarquia federal, possui competência para exercer o poder de
polícia ambiental. Ora, sabe-se que um dos atributos do ato administrativo praticado no exercício do poder de polícia é a auto-
executoriedade, que significa poder ser o ato executado diretamente pela Administração Pública, sem que essa precise se
socorrer do Poder Judiciário. Funda-se esta prerrogativa na supremacia do interesse público sobre o privado e na presunção de
legitimidade e veracidade dos atos administrativos. Pois bem, novamente como já dito pelo enunciado, dentre as medidas de
polícia ambiental prevista expressamente em lei está a demolição de obra. Aqui surge a controvérsia: mesmo havendo lei
autorizando o IBAMA a demolir diretamente obra erguida em desacordo com as normas ambientais possui a autarquia interesse
de agir para ingressar com ACP postulando esta exata medida?
Para os que respondem afirmativamente, deve-se prestigiar o princípio da universalidade da jurisdição (art. 5º, XXXV, CF/88).
Além do que pode o interesse processual do IBAMA emergir dos efeitos de definitividade e indiscutibilidade que se agregam à
decisão judicial, ausentes no ato administrativo. Adviria o interesse da autarquia também do desejo de se resguardar contra
futuras ações indenizatórias, na hipótese de sua decisão (que determinou a demolição) ser posteriormente revista ou anulada,
administrativa ou judicialmente, ou ainda de uma suposta carência de recursos financeiros ou materiais para providenciar
concretamente a demolição da obra irregular.
Já para os que defendem a falta de interesse processual, o princípio da inafastabilidade da jurisdição apenas assegura o direito
de se ingressar em Juízo postulando provimento jurisdicionais, mas não o de obter necessariamente a resolução do mérito da
lide, a qual ficaria condicionada à satisfação das condições da ação e à presença dos pressupostos de desenvolvimento válido do
processo. Argumentam também que se for de se exigir do IBAMA a prévia instauração de processo a fim de se obter ordem
judicial lhe autorizando demolir obrar que infringiu a legislação ambiental, igualmente há de se exigir providência semelhante
em relação a todo e qualquer ato administrativo que goze do atributo da auto-executoriedade, a exemplo da apreensão de
alimentos vencidos pela vigilância sanitária, a apreensão pela polícia rodoviária de veículos que não oferecem condições de
segurança mínima para trafegarem, dentre outros casos, o que inviabilizaria por completo o exercício da atividade de polícia
pelo Estado-Administração.
A fim de se ilustrar a divergência quanto ao tema em nível jurisprudencial, traz-se à baila os seguintes precedentes.

PELA PRESENÇA DO INTERESSE PROCESSUAL DO IBAMA:

AMBIENTAL E ADMINISTRATIVO. INFRAÇÃO ADMINISTRATIVA. DEMOLIÇÃO DE EDIFÍCIO IRREGULAR. AUTO-EXECUTORIEDADE


DA MEDIDA. ART. 72, INC. VIII, DA LEI N. 9.605/98 (DEMOLIÇÃO DE OBRA). PECULIARIDADES DO CASO CONCRETO.
INTERESSE DE AGIR CONFIGURADO. 1. Trata-se de recurso especial em que se discute a existência de interesse, por parte do
Ibama, em ajuizar ação civil pública na qual se busca a demolição de edifício reputado irregular à luz de leis ambientais
vigentes. 2. A origem entendeu que a demolição de obras é sanção administrativa dotada de auto-executoriedade, razão pela
qual despicienda a ação judicial que busque sua incidência. O Ibama recorre pontuando não ser atribuível a auto-executoriedade
à referida sanção. 3. Mesmo que a Lei n. 9.605/98 autorize a demolição de obra como sanção às infrações administrativas de
cunho ambiental, a verdade é que existe forte controvérsia acerca de sua auto-executoriedade (da demolição de obra). 4. Em
verdade, revestida ou não a sanção do referido atributo, a qualquer das partes (Poder Público e particular) é dado recorrer à
tutela jurisdicional, porque assim lhe garante a Constituição da República (art. 5º, inc. XXXV) - notoriamente quando há forte
discussão, pelo menos em nível doutrinário, acerca da possibilidade de a Administração Pública executar manu militari a
medida. 5. Além disso, no caso concreto, não se trata propriamente de demolição de obra, pois o objeto da medida é edifício já
concluído - o que intensifica a problemática acerca da incidência do art. 72, inc. VIII, da Lei n. 9.605/98. 6. Por fim, não custa
pontuar que a presente ação civil pública tem como objetivo, mais do que a demolição do edifício, também a recuperação da
área degradada. 7. Não se pode falar, portanto, em falta de interesse de agir. 8. Recurso especial provido.
(STJ. RESP 789640, DJE: 09/11/2009).

PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IBAMA. OBRA EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL. DEMOLIÇÃO E
RESTAURAÇÃO DA ÁREA. INTERESSE DE AGIR CARACTERIZADO. ARTIGO 3º DA LEI Nº 7.347/85. REMESSA DO FEITO À
ORIGEM. I - O órgão autor da respectiva ação civil pretende ver reconhecida a ilegalidade da obra (imóvel residencial) já
finalizada, em área de preservação ambiental, requerendo sua conseqüente demolição, bem como a restauração da área
degradada, caracterizado, assim, seu interesse de agir, nos termos do artigo 3º da Lei nº 7.347/85. II - Não há confundir-se
possível desacolhimento ao pleito, com o interesse de agir. III - Recurso provido, com a remessa do feito à origem para análise
do mérito da demanda.
(STJ. RESP 826409, DJ: 25/05/2006).

ADMINISTRATIVO. AMBIENTAL. PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA PROPOSTA PELO IBAMA - INSTITUTO BRASILEIRO
DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS. DEMOLIÇÃO DE OBRA JÁ REALIZADA. REPARAÇÃO DE DANO
AMBIENTAL. INTERESSE DE AGIR DO DEMANDANTE. ANULAÇÃO DA SENTENÇA. DEVOLUÇÃO DOS AUTOS AO JUIZO A QUO
PARA REGULAR PROCESSAMENTO. 1. O IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis tem
interesse de agir na propositura de Ação Civil Pública tendente a coibir a ameaça ou consecução de dano ao meio ambiente, por
se tratar de um processo coletivo. 2. A Administração não se obriga a esgotar todas as possibilidades existentes na esfera
administrativa para, só então, buscar uma providência judicial. Interesse de agir configurado. 3. Reforma da sentença
terminativa para determinar o regular processamento da Ação Civil Pública. 4. Provimento da apelação.
(TRF-5. AC 387687, DJ: 12/03/2008).

PELA FALTA DO INTERESSE PROCESSUAL DO IBAMA.

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IBAMA. PODER DE AUTO-EXECUTORIEDADE DA


ADMINISTRAÇÃO. AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR. O art. 19 do Decreto 6.514/08 legitima o IBAMA a aplicar a sanção de
demolição de obra, então as medidas requeridas na presente demanda devem ser promovidas no próprio âmbito administrativo,
sendo que somente em casos de eventuais empecilhos encontrados no exercício do poder de polícia é que se poderá discutir e
requerer providências judicialmente. (TRF-4. AC 200970080005827 D.E.: 25/01/2010).

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IBAMA. DEMOLIÇÃO DE OBRA JÁ EDIFICADA.AUTO-


EXECUTORIEDADE. FALTA DE INTERRESE DE AGIR. APELAÇAO NÃO PROVIDA. 1. Falta de interesse processual do IBAMA em
ajuizar ação civil pública com a intenção de obter a demolição de prédio já construído em área proibida quando poderia ser
aplicada penalidade administrativa pela própria autarquia sem necessidade do referido ajuizamento. 2. A demolição de obra está
prevista no art.72, VIII da Lei n. 9.605/98 como penalidade administrativa a ser aplicada pelo IBAMA. 3. Havendo a
determinação legal autorizando a Administração a agir, estamos frente ao poder de polícia da Administração que traz como
atributos a discricionariedade, a auto-executoriedade e a coercibilidade. Segundo Maria Sylvia Zanella di Pietro,"A auto-
executoriedade é a possibilidade que tem a Administração de, com os próprios meios por em execução as suas decisões, sem
precisar recorrer previamente ao Poder Judiciário." 4. A expressão "obra" utilizada pelo texto legal deve ser interpretada não
apenas como aquela em fase de construção, mas também para abranger o prédio já edificado. Melhor interpretação dada ao
sistema normativo, até porque o parágrafo 7º do mesmo dispositivo se refere a possibilidade de demolição de
"estabelecimento", expressão que, necessariamente, se refere a obra, não apenas concluída. 5. Após a autuação, a autarquia
deve instaurar o regular processo administrativo, assegurando o contraditório e a ampla defesa devendo, ela própria, aplicar a
pena de demolição, se concluir por sua adequação ao caso concreto, podendo o interessado socorrer-se do Poder Judiciário para
evitar a execução da ordem administrativa. 6. Apelação não provida.
(TRF-5. AC 364594, DJE: 29/10/2009).
A alteração dos limites de uma unidade de conservação Na marcha evolutiva do constitucionalismo brasileiro, a Carta Política promulgada em 1988 foi, sem dúvida, a que maior ênfase EMAGIS -
ambiental pode ser efetivada com base em decreto ou exige a conferiu à necessidade de salvaguarda do meio ambiente. Consagrou expressamente dois instrumentos processuais aptos ao Rodada
edição de lei em sentido formal? (fundamentar com observância implemento de sua defesa em juízo: a ação popular, com legitimidade de manejo por "qualquer cidadão", e a ação civil pública, 11.2012
da limitação de 20 linhas) com papel de destaque confiado ao Ministério Público (arts. 5º, LXXIII, e 129, III, respectivamente). Estabeleceu como
competência comum de todos os entes federados a atuação no sentido de protegê-lo (art. 23, VI). Assentou em caráter
concorrente a competência da União, dos Estados e do Distrito Federal para editar normas de proteção da natureza e de
responsabilização por danos ambientais (art. 24, VI e VIII). Erigiu ao status de princípio da ordem econômica a defesa do meio
ambiente (art. 170, VI), além de fixar como requisito para aferição do cumprimento da função social pela propriedade rural o
uso adequado dos recursos naturais juntamente com a preservação ambiental (art. 186, II). Autorizou a edição de lei no plano
federal destinada a criar mecanismos de defesa individual e familiar contra a propaganda de produtos, práticas e serviços
nocivos ao meio ambiente (art. 220, §3º, II). Atingindo o ápice dessa estrutura protetiva, dedicou à temática ambiental um
capítulo exclusivo no bojo da denominada "Ordem Social", oportunidade em que, ao arrolar as incumbências do Poder Público
para garantir a efetividade do direito ao "meio ambiente ecologicamente equilibrado", fez constar em seu art. 225, §1º,
atribuição consistente em:
"III – definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos,
sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade
dos atributos que justifiquem sua proteção;"
Nessa esteira, foi editada em julho do ano 2000 a Lei n. 9.985, instituidora do "Sistema Nacional de Unidades de Conservação
da Natureza", ou simplesmente SNUC. Formado conjuntamente por unidades de conservação de todos os entes federados, esse
sistema alberga como um dos objetivos marcantes o de preservar e restaurar a diversidade de ecossistemas naturais (art. 4º,
III) e registra, no rol de suas diretrizes, a garantia da efetiva participação das populações locais na criação, implantação e
gestão das unidades de conservação (art. 5º, III). Cabe também frisar a obrigatoriedade de toda unidade de conservação dispor
de um plano de manejo, sendo de cinco anos o prazo para sua elaboração, com contagem iniciada da criação da área
ambientalmente protegida (art. 27). Essa criação, por sua vez, há de observar precedentemente a elaboração de estudos
técnicos e a realização de consulta pública para identificação do local, do tamanho e dos limites mais adequados para cada
unidade de conservação. Excepcionalmente, em duas situações a consulta pública é tida como dispensável: quando da criação
de uma Estação Ecológica ou de uma Reserva Biológica (art. 22, §4º).
Uma vez verificada a incompatibilidade entre a implantação de uma unidade de conservação ambiental e a permanência das
pessoas que em seus limites vinham tradicionalmente residindo, é assegurada a indenização pelas benfeitorias que os
moradores tradicionais haviam até então efetuado, assim como sua realocação às expensas do ente público que delimitou o
correlato espaço territorial digno de proteção especial em virtude de seus atributos ambientais. Confira-se o que a respeito
dispõe o caput do art. 42 da Lei n. 9.985/2000:
"Art. 42. As populações tradicionais residentes em unidades de conservação nas quais sua permanência não seja permitida
serão indenizadas ou compensadas pelas benfeitorias existentes e devidamente realocadas pelo Poder Público, em local e
condições acordados entre as partes."
O enquadramento no SNUC faz-se necessariamente num desses dois grupos: no de "Unidades de Proteção Integral" ou no de
"Unidades de Uso Sustentável". O primeiro é caracterizado, via de regra, pela admissibilidade apenas do uso indireto de seus
recursos naturais, compreendendo cinco categorias específicas conforme preceituado no art. 8º da Lei n. 9.985/2000, a saber:
Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural e Refúgio de Vida Silvestre. De outra banda, o grupo
de "Unidades de Uso Sustentável", cuja nota característica é a harmonização do ideal conservacionista com o uso sustentável de
uma parte dos recursos naturais da área ambientalmente protegida, abrange sete categorias específicas a teor do disposto no
art. 14 da multicitada Lei n. 9.985/2000. São elas: Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta
Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável e Reserva Particular do Patrimônio
Natural.
Há dois modos válidos de criar uma unidade de conservação. Um é mediante lei com efeitos concretos. O outro, expedindo-se
decreto nos mesmos moldes como se faz visando à desapropriação de imóvel rural para fins de reforma agrária ou à
demarcação de terras indígenas. Seja qual for o meio utilizado para sua criação, é imprescindível que indique a denominação da
unidade, sua categoria de manejo, objetivos, limites, área e órgão responsável por administrá-la. Já a alteração e a supressão
de unidade ambientalmente protegida são medidas que, em princípio, podem ser veiculadas apenas por meio de lei. Essa é a
literalidade da dicção da norma constitucional cujo teor foi acima reproduzido – art. 225, §1º, III. Há nela expressão de um
propósito veemente: fortalecer o arcabouço de proteção do meio ambiente, dificultando a consumação de retrocessos e
prejuízos não raro irreparáveis. Sob essa ótica é que cabe interpretar o dispositivo da Lei n. 9.985/2000, a fim de aplicá-lo em
estrita conformidade com nossa vigente Constituição. Ele está assim redigido:
"Art. 22. (...)
§6º. A ampliação dos limites de uma unidade de conservação, sem modificação dos seus limites originais, exceto pelo acréscimo
proposto, pode ser feita por instrumento normativo do mesmo nível hierárquico do que criou a unidade, desde que obedecidos
os procedimentos de consulta estabelecidos no §2º deste artigo [precedência de estudos técnicos e de consulta pública]."
Por isso, a idoneidade jurídica de um decreto para alterar os limites de uma unidade de conservação ambiental somente estará
presente se a modificação for com finalidade ampliativa e sem prejuízo dos marcos da original limitação. De modo que se o
intento de alteração implicar, mesmo que por via transversa, redução de limites ou fixação de novos limites em detrimento dos
originalmente estabelecidos, é imperativo recorrer a uma lei em sentido formal para respaldar tal mudança.
Por último, mas não menos importante, tem-se a possibilidade de os estudos técnicos prévios e a consulta pública apontarem
que a ampliação pretendida se anuncia contraproducente. Eis algumas circunstâncias interessantes, aventadas pelo renomado
PAULO AFFONSO LEME MACHADO: incompatibilidade da fauna do território sob iminente anexação com a unidade de
conservação preexistente; rodovia separando as duas áreas, gerando risco de atropelamento de animais; maior vantagem em
criar uma unidade de conservação autônoma do que simplesmente aumentar os limites de outra já instalada. No entender do
aludido doutrinador, a ocorrência de situações como essas impõe a edição de lei formal, como se depreende de ensinamento por
ele vertido com estas palavras:
"Havendo potencialidade de dano para a unidade de conservação existente, a ampliação pretendida necessita passar pelo
processo legislativo, isto é, passa a ser exigível uma lei específica. Na dúvida entre os textos a serem aplicados – lei ordinária
ou Constituição –, deve-se optar pelo último texto." ('Áreas protegidas: a Lei nº 9.985/2000', p. 251. In: Direito Ambiental das
áreas protegidas – O regime jurídico das unidades de conservação. Coord. Antônio Herman Benjamin. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2001)

Estabeleça a distinção, à luz do constitucionalismo que consagra O meio ambiente como valor essencial da ordem jurídica é, sob o aspecto histórico, uma conquista recente. A busca pela EMAGIS -
o direito fundamental ao meio ambiente, entre as dimensões superação dos desmandos e excentricidades que marcaram o Absolutismo fez com que a ênfase recaísse primeiramente sobre a Rodada
objetiva e subjetiva afirmação do indivíduo perante o poder estatal. Era necessário consolidar a liberdade dos cidadãos, estabelecer limites à 15.2012
intervenção do Estado na vida privada. A propriedade assumia contornos de um direito praticamente irrestrito, sem maiores
compromissos com a mitigação dos impactos sobre a natureza. Importava acima de tudo o alcance do desenvolvimento
econômico individual, a consecução da prosperidade dos titulares de imóveis, empreendimentos ou quaisquer outros bens com
aptidão para gerar algum tipo de renda. Nessa conjuntura, foram declarados como fundamentais direitos civis e políticos, com
perfil clássico de liberdades negativas ou formais (status negativus), que serviram de alicerce à estruturação de um modelo
político em harmonia com o primado da segurança jurídica (em especial no respeitante à liberdade contratual e à força
vinculativa dos contratos), e que acabou ficando conhecido pela designação de Estado Liberal. Tais direitos foram alçados à
categoria dos direitos de primeira geração.

Num segundo passo, decorrente da percepção de insuficiência em garantir somente a não ingerência do Estado na órbita de
ação dos particulares, fez-se necessário criar um aparato para amenizar graves desigualdades sociais, evitando que parcelas
expressivas da população, notadamente trabalhadores sujeitos a jornadas de labor extenuantes, fossem cada vez mais
submetidas a condições indignas de vida. A tônica passou a incidir sobre a igualdade. Mas não a igualdade limitada ao plano
formal, garantidora solene de que “todos são iguais perante a lei”, mas uma igualdade mais adensada, com reflexos no plano
material, de modo a viabilizar, por meio da intervenção do Estado, o exercício de direitos econômicos, culturais e sociais.
Reivindicações por moradia, salário digno, saúde e educação, entre outras, passaram a ser compreendidas como inerentes ao
alcance do mínimo existencial de todo ser humano, indispensáveis para a fruição de uma vida em padrões elementares de
dignidade. Surgia, em tal contexto, a categoria dos direitos de segunda geração, cujas características engendraram um modelo
político de gestão pública emoldurado como Estado Social. Sem desconsiderar o dever de respeito ao núcleo das liberdades
negativas ou formais, esse Estado Social assumiu paralelamente a tarefa de prover prestações destinadas ao gozo das
chamadas liberdades positivas ou reais (status positivus), atuando no cotidiano social para debelar mazelas e distorções que
outrora passavam ao largo do raio de ação do liberalismo.

É em etapa mais recente que a temática ambiental assumiu posição prioritária na esfera normativa. Reconhecendo a ligação
umbilical com o postulado da dignidade cidadã, textos constitucionais vieram a lume ao longo do século XX e passaram a
dedicar ao meio ambiente tratamento específico e destacado. Assim ocorreu com a Constituição de Portugal de 1976 e com a do
Brasil de 1988. As linhas mestras de uma nova conformação jurídico-política ganharam feição, culminando por emoldurar o
Estado Democrático de Direito. De igual modo, conclaves internacionais de alta repercussão foram realizados, merecendo
registro a Conferência de Estocolmo em 1972, cujo mote foi a interação entre homem e meio ambiente, e a Conferência das
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, cognominada de “ECO-92” (a propósito, para o mês de junho de
2012 está programada a realização de outro importante enclave, intitulado de “Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável”, também referida de maneira mais simples como “Rio+20”). Integrante da categoria dos
direitos de terceira geração, ao lado de outros como a autodeterminação dos povos e a tutela dos consumidores,
cuja nota comum é a solidariedade como eixo central, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado: a)
exibe o atributo de fundamentalidade material, pois é pressuposto para a fruição de uma vida saudável; b)
apresenta dimensão metaindividual, com titularidade difusa, visto interessar a um número indeterminável de
pessoas; c) possui projeção cronológica transcendental, pois não se limita à coletividade do presente, sendo
imprescindível também para a boa qualidade de vida das gerações do porvir.

E é precisamente nesse contexto de afirmação e reconhecimento na seleta categoria dos valores jurídicos
fundamentais da vida contemporânea que o direito ao meio ambiente manifesta desdobramento em duas
dimensões conexas entre si e dispostas no mesmo patamar: a objetiva e a subjetiva.

A enumeração do plexo de responsabilidades a cargo do Poder Público para garantia da salvaguarda do equilíbrio ecológico, que
encontra no §1º do art. 225 de nossa Lei Maior sua matriz, é uma vertente inconteste da dimensão objetiva. Não se está ali
diante de um esboço programático de medidas bem-intencionadas que poderão ser executadas ao talante das autoridades
estatais. O que há, em verdade, são obrigações de fazer que têm como devedor o Estado e como credora a sociedade,
impondo àquele atuar, entre outras frentes, no sentido de: (i) criar e proteger eficazmente unidades de conservação
ambiental, (ii) exigir estudos prévios de impacto ambiental para licenciar a instalação de obra potencialmente geradora de
poluição; iii) coibir práticas que submetam animais a crueldade; iv) ministrar a educação ambiental a todos os segmentos
estudantis. Também é fator enunciativo da dimensão objetiva a inserção, no texto constitucional, de vetores destinados a influir
na exegese e aplicação de institutos referidos pelo legislador constituinte, como ocorre no âmbito da atividade econômica, que
alberga como um de seus princípios a “defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o
impacto ambiental dos produtos e serviços de seus processos de elaboração e prestação” (CF/88, art. 170, VI, com redação
conferida pela Emenda n. 42/2003). Ainda como elemento de dimensão objetiva convém aludir à proibição de retrocesso na
seara ecológica, hábil a legitimar, por exemplo, o incentivo à expansão de veículos que usem fontes de combustível menos
poluidoras que as de origem fóssil, com a consequente hostilidade a iniciativas que possam implicar o manejo de fontes
eventualmente mais nocivas que as de origem petrolífera. No embate recente travado no bojo das acerbas discussões em torno
de mudanças no Código Florestal brasileiro, a opor segmentos convencionalmente identificados pela terminologia de “ruralistas”
e “ambientalistas”, um dos pontos polêmicos recai sobre a existência ou não de retrocesso em dispensar produtores rurais de
cessar cultivos realizados em áreas que, a rigor, se encaixariam como sendo de preservação permanente.

Deslocando os holofotes do Estado para o cidadão, a dimensão subjetiva do meio ambiente é pontuada pela
consagração de prerrogativas de exercício individualizado em prol do equilíbrio ecológico. Boa ilustração disso é a
legitimidade ativa conferida a “qualquer cidadão” para a propositura de ação popular que objetive anular ato lesivo ao meio
ambiente, constante do art. 5º, LXXIII, da Constituição brasileira. De assinalar que a pretensão deduzida nesse tipo de
demanda tanto pode questionar prática estatal ambientalmente perniciosa quanto ação particular violadora do equilíbrio de um
ecossistema. É também emblemática maneira de expressão da dimensão subjetiva as consultas e audiências públicas feitas
com o fito de colher opiniões e análises para balizar decisões representativas de impacto sobre o meio ambiente, o que ocorre
amiúde quando são anunciados projetos de instalação de usinas hidrelétricas, em especial daqueles em terras indígenas, a cujo
respeito o §3º do art. 231 da Lei Fundamental de 1988 estabelece o seguinte procedimento:

“O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em
terras indígenas só podem ser efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades afetadas, ficando-
lhes assegurada participação nos resultados da lavra, na forma da lei.”
Se na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) a Editado para regulamentar dispositivo originariamente inserto no art. 6º do Código Florestal vigente (Lei n. 4.771/1965), o EMAGIS
extração de recursos naturais não é permitida (art. 21, 2º, da Decreto n. 98.914/1990 introduziu no ordenamento positivo brasileiro a “Reserva Particular do Patrimônio Natural” Rodada
Lei n. 9.985/2000), há plausibilidade para seu enquadramento (RPPN). Cuida-se de um espaço territorial especialmente protegido e que, com a superveniência da Lei n. 9.985/2000, 18.2012
no grupo das Unidades de Uso Sustentável?
passou a integrar o denominado “Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza” (SNUC).

Um diferencial marcante da RPPN no comparativo com outras unidades de conservação ambiental está em que a iniciativa para
criá-la é voluntária, provindo do proprietário de uma área de domínio privado. É dele (proprietário), e não do Poder Público, a
prerrogativa de desencadear, com a manifestação formal de seu interesse, o procedimento administrativo conducente ao
reconhecimento de que uma parte ou a totalidade de imóvel do qual é titular convém ser guindada à qualidade de unidade de
conservação na categoria RPPN.

Após vistoria no imóvel feita por agentes de órgão ou ente público ambiental, seguida da divulgação do intento de se criar a
RPPN, a proposta manifestada pelo particular, se acolhida por estar em consonância com o interesse público, resultará na
expedição de ato administrativo declarando ter sido constituída mais uma nova unidade de conservação ecológica. Um termo
assumindo compromisso de conservar a diversidade biológica existente na RPPN há de ser necessariamente assinado pelo dono
do imóvel onde ela se acha localizada. Nesse termo deverá constar um gravame com eficácia perpétua, devendo ser efetivada a
respectiva averbação à margem da matrícula no Registro Público de Imóveis.

No plano tributário, uma área do meio rural gravada como RPPN fica, a exemplo daquelas enquadradas como de preservação
permanente ou reserva legal, fora do raio de alcance da tributação a título de ITR (Imposto sobre a Propriedade Territorial),
conforme previsto no art. 10, §1º, II, da Lei n. 9.393/1996. Por outro lado, achando-se a área gravada em zona urbana, a não
cobrança do imposto pertinente (IPTU) dependerá de lei municipal específica estipulando a correlata isenção.

A finalidade precípua visada com a criação de uma RPPN é proteger a diversidade do bioma existente num território, ainda que
de modesta extensão. Território, aliás, que pode muito bem figurar como parte da zona de amortecimento de unidades de
conservação de categoria diversa (como o entorno de um Parque Nacional), contribuindo para amainar com mais intensidade os
impactos negativos das atividades humanas sobre tal ou qual ecossistema. Ou, ainda, como corredor ecológico, possibilitando o
fluxo de elementos da fauna e da flora, a recolonização de áreas degradadas e um espaço maior, por isso mesmo mais propício,
à salutar vivência animal e vegetal.

No interior de uma RPPN, a Lei n. 9.985/2000 estabelece serem permitidas apenas três espécies de atividade (art. 21, §2º): a)
o desenvolvimento de pesquisa científica; b) a visitação com intuito educativo ambiental; c) a visitação para fins turísticos e
recreativos. O permissivo da “extração de recursos naturais, exceto madeira”, constante da versão normativa original
encaminhada à sanção pelo Presidente da República (art. 21, §2º, III, da supracitada lei), foi fulminado por veto. Apontou-se
como razão principal para vetá-lo o desvirtuamento dos objetivos inspiradores da concepção da RPPN como categoria de
unidade de conservação ambiental e, também, “dos propósitos de seu instituidor”.

Desse modo, embora haja permanecido formal e extrinsecamente arrolada no grupo das “Unidades de Uso Sustentável” (art.
14, VII, da Lei n. 9.985/2000), a RPPN apresenta, material e intrinsecamente, perfil que a torna mais identificada com o grupo
das “Unidades de Proteção Integral” (art. 8º da lei em questão). Por óbvio que não decorre, desse enquadramento pragmático,
a vedação total e irrestrita de atividades geradoras de renda ao proprietário e a quem trabalha numa RPPN. Donde ser cabível,
por exemplo, no âmbito dessa unidade de conservação: a cobrança de ingresso dos interessados em praticar ecoturismo; a
oferta de refeições mediante contraprestação pecuniária; a venda de produtos alusivos à imagem da unidade visitada
(camisetas, bonés, fotos de recordação etc). O mais importante, em todo caso, é que nenhuma dessas atividades acarrete a
retirada de recursos naturais existentes na RPPN, não admissível nem mesmo sob alegação de que feita à base de um uso
defendido como sustentável.

.Principais pontos - resolução de sentenças

Manguezal A área de manguezal, em toda a sua extensão, é considerada pela legislação ambiental como área de preservação permanente (art. 3º, X, da Resolução nº 303/2002 do
CONAMA). Qualquer obra a ser realizada em área de preservação permanente depende de prévia autorização do órgão público competente e somente será autorizada se for
necessária à execução de obras, planos, atividades ou projetos de utilidade pública ou interesse social (art. 3º, §1º, Lei nº 4.771/65)
doutrina ambientalista entende que as áreas de manguezais estão incluídas no conceito de terreno de marinha, dele fazendo parte

Demolição de Vê-se dessa situação o conflito de dois direitos fundamentais previstos em nossa Magna Carta: de um lado se tem o direito fundamental a um meio ambiente
obra irregular - ecologicamente equilibrado (art. 225), direito que visa à preservação da natureza para a atual e para as futuras gerações (caráter sincrônico e diacrônico); de outro, tem-
d. ao MA se o direito fundamental à moradia (art. 6º), direito social intrinsecamente relacionado ao princípio da dignidade da pessoa humana.
ecologicamente
equilibrado x d. Como se sabe, nenhum direito fundamental possui caráter absoluto. É a relatividade dos direitos fundamentais que permite a cedência recíproca em caso de conflito entre
moradia direitos dessa categoria. Para a solução da questão, aplica-se o princípio da concordância prática ou da harmonização. Isso significa que, em caso de colisão desses direitos,
buscará o intérprete a solução que melhor os compatibilize no caso concreto, ainda que seja necessário afastar a aplicação de um dos direitos em detrimento do outro. Tal
situação não implica, de modo algum, no estabelecimento de hierarquia entre direitos fundamentais. Não é possível dizer, portanto, que sempre o direito à moradia
prevalecerá sobre o direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, ou o contrário. Apenas diante do caso concreto é que o intérprete poderá valorar qual dos
direitos prevalecerá e em que medida isso se dará.

Feitas essas observações, tenho que, no caso vertente, deve prevalecer, ao menos diante do quadro fático apresentado a este juízo, o direito fundamental à moradia. Isso
porque as residências dos réus estão instaladas no local há mais de dez anos, já tendo se integrado, de algum modo, ao meio ambiente em que estão localizadas.

De se considerar, ainda, que a permanência dos réus, bem assim das várias famílias que residem naquela região, foi tolerada por todos esses anos pelo Poder Público.
Com efeito, não há registros de que a União, na condição de proprietária das áreas de mangue, tenha se insurgido contra a instalação e permanência dos réus e de outras
famílias na área.

A tolerância do Poder Público não se deu apenas através de condutas omissivas, mas também de condutas comissivas. Nesse sentido, cumpre observar que durante o
período em que se deu a ocupação foram instalados serviços públicos de água, energia, saneamento básico, iluminação pública e limpeza urbana. Tais providências
causaram por minimizar, inclusive, os danos ambientais que advieram da instalação das edificações na região, visto que diminuem a incidência de agentes poluidores.

Vejo, por fim, que não foram demonstrados, pelo autor (IBAMA) e por seu assistente (União), de forma específica de que maneira a manutenção dos imóveis em questão
“ameaçam todo o ecossistema naquela área de preservação ambiental”.

Diante desse caso, tenho que a demolição dos imóveis em questão, ao menos neste momento, seria ato desvestido de razoabilidade, já que a simples demolição dos
imóveis implicaria em privar os réus de suas moradias e, consequentemente, de viverem uma vida digna.

Diferente seria o tratamento da questão caso se tratasse de empreendimento comercial, com o objetivo de lucro, caso em que o direito fundamental ao meio ambiente
equilibrado prevaleceria diante do direito ao exercício de profissão ou da livre iniciativa.
Observo, por fim, que nada obsta que o autor, assim como seu assistente, com o objetivo de restaurar a área de manguezal em discussão, busque novamente a
pretensão de demolir as residências que se encontram edificadas naquela região. Entretanto, essa providência deverá se dar em contexto fático diverso do existente
atualmente e em discussão deste juízo. Explico. Para autor e seu assistente alcançarem seu intento de demolir as edificações sem ferirem o direito constitucional à moradia
– direito integrante do núcleo denominado “mínimo existencial” – devem antes promover o reassentamento destes em área diversa da discutida e oferecer habitação digna
aos réus. Apenas dessa maneira é que se poderá dar a devida tutela ao meio ambiente que se busca proteger, sem ferir o direito constitucional à moradia, direito
fundamental de segunda geração/dimensão.

Saliento que a solução apontada acima não fere os limites da coisa julgada material que se estabelecerá nos presentes autos, uma vez que, em se tratando de relação
jurídica continuativa, se sobrevier modificação no estado de fato ou de direito, é franqueado à parte pedir a revisão do que fora estatuído anteriormente em sentença (art.
471, I, do CPC).

Demolição - TRF5 - AC 200382000038373 - ADMINISTRATIVO E PROCESSO CIVIL. RESIDÊNCIA CONSTRUÍDA EM ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. MORADIA DE PEQUENA
interesse de ENTIDADE FAMILIAR. DEMOLIÇÃO E RESTAURAÇÃO DO DANO AMBIENTAL. PODER DE POLÍCIA. ATUAÇÃO LEGÍTIMA DO IBAMA. PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE.
agir do IBAMA POSSIBILIDADE DA ADMINISTRAÇÃO DE RECORRER AO JUDICIÁRIO. INTERESSE DE AGIR. PRINCÍPIO DA INAFASTABILIDADE DA JURISDIÇÃO. APELAÇÃO PROVIDA.
REMESSA DOS AUTOS AO JUÍZO DE ORIGEM. 1. Ação Civil Pública ajuizada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA para
demolir uma residência construída em Área de Preservação Permanente (manguezal), mesmo quando iniciado o procedimento administrativo necessário para expurgar a
casa do local e reparar os danos ambientais. 2. Embora caiba ao IBAMA, no exercício do poder de polícia que lhe é conferido pela Lei nº 9.605/98, aplicar, respeitado o
devido processo legal, a penalidade de demolição, diretamente, no exercício de auto-executoriedade das decisões administrativas, este atributo não pode ser interpretado
de forma a excluir do IBAMA a possibilidade de acionar o Poder Judiciário para examinar lesão ou ameaça a direito, em face do Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição. 3.
A demolição da residência sita em área de preservação ambiental do Município do Conde/PB, implicará na destruição de um imóvel de cerca de 43,00m2 (quarenta e três
metros quadrados, utilizado para a residência de pequena entidade familiar, prejudicando a moradia da família e a inviolabilidade do domicílio, questões que seriam melhor
apreciadas judicialmente, com aplicação dos princípios do contraditório e da ampla defesa, em favor do desfavorecido que ficará sem o seu lar. 4. Interesse de agir do
IBAMA em ajuizar Ação Civil Pública destinada à demolição da residência de uma família indevidamente construída em área de preservação ambiental da União Federal. 5.
Provimento da Apelação, para declarar a nulidade da sentença em face da presença do interesse de agir do IBAMA para a continuidade do processo, e determinar o retorno
dos autos ao Juízo de origem. (TRF5)
A previsão de demolição está no art. 72, VIII, L. 9.605
Devolução de Poderíamos sintetizar assim os pressupostos cuja presença tem sido considerada pela jurisprudência como apta a justificar a anulação do ato administrativo de apreensão
animais da ave e sua consequência devolução ao criador:
silvestres
mantidos em
cativeiro i) a criação em cativeiro do animal silvestre já dura muitos anos;
ii) o animal já está adaptado à vida em cativeiro;
iii) o animal é bem tratado, bem alimentado e não sofre maus tratos;
iv) a reinserção do animal em seu habitat natural é inviável ou altamente improvável;
v) a posse do animal não é destinada à revenda, inexistindo finalidade mercantil na posse;

ADMINISTRATIVO E AMBIENTAL. APREENSÃO DE PAPAGAIOS. ALEGADA VIOLAÇÃO DO ART. 1º DA LEI 5.197/1997 E DO ART. 25 DA LEI 9.605/1998. INEXISTÊNCIA. 1.
Hipótese em que o recorrido impetrou Mandado de Segurança contra a apreensão de dois papagaios que viviam em sua residência havia 25 anos. 2. O Tribunal de origem,
após análise da prova dos autos, constatou que os animais foram criados em ambiente doméstico, sem indícios de maus-tratos, tendo consignado não se tratar de espécie
em extinção. Dessa forma, concluiu que as aves deveriam continuar sob a guarda do impetrante, pois sua readaptação a outro local lhes seria danosa. 3. Inexiste violação
do art. 1º da Lei 5.197/1997 e do art. 25 da Lei 9.605/1998 no caso concreto, pois a legislação deve buscar a efetiva proteção dos animais. Após 25 anos de convivência,
sem indício de terem sido maltratados e afastada a caracterização de espécie em extinção, é desarrazoado determinar a apreensão de dois papagaios para duvidosa
reintegração ao seu habitat. 4. Registre-se que, no âmbito criminal, o art. 29, § 2º, da Lei 9.065/1998 expressamente prevê que, "no caso de guarda doméstica de espécie
silvestre não considerada ameaçada de extinção, pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar a pena." 5. Recurso Especial não provido. (STJ. RESP
1084347, DJE: 30/09/2010). - há tb decisões dos TRFs
A POSIÇÃO CONTRÁRIA

Como já se deixou antever, o entendimento aqui adotado não é pacífico na jurisprudência. Entre os tribunais federais, por exemplo, nota-se que o TRF da 4ª Região possui
certa tendência a considerar legítimo o ato de apreensão levado a efeito pelo IBAMA. Lendo os votos condutores dos tais acórdãos, percebe-se que em alguns casos há
pareceres técnicos indicando a possibilidade de readaptação do animal à vida silvestre, contudo, em outros, não há qualquer elemento de prova nesse sentido. Constata-se
também pela só leitura das ementas que em muitos dos casos,a ave era criada em gaiolas, o que não era a situação de Tiririca.

Para se compreender as razões de decidir dessa corrente jurisprudencial, leia-se a seguinte passagem extraída de um dos votos: “Além disso, importa referir a importância
sócioeducativa de medidas como esta, que faz parte de ações conjuntas do IBAMA para o combate ao tão danoso tráfico ilícito de animais silvestres. É bem verdade que a
ave tem um longo tempo de convivência com a parte autora, contando já com mais de quinze anos. No entanto, seria desarrazoado relegar a um segundo plano o bem
estar do papagaio em questão, além da importância da educação ambiental e da preservação das espécies (que, repito, tem expressa previsão legal), tão-somente em
nome de laço afetivo que poderia existir com a senhora Lorena e sua família.”

Em outro trecho ficou assentado o seguinte: “A alegação de que a reintrodução do animal no habitat natural ensejaria risco de vida ao animal não procede. A uma porque o
maior risco ao qual poderia ser exposto é justamente a sobrevivência do animal silvestre fora do seu ecossistema. A duas porque o IBAMA possui Centros de Triagem de
Animais Silvestres (CETAS) e Centros de Recuperação de Animais Silvestres (CRAS) pelos quais já passaram milhares e milhares de papagaios verdadeiros, além de
espécimes de outras espécies submetidas ao cativeiro. Naquelas unidades recebem tratamento especializado e reintrodução monitorada ao seu nicho ecológico”.

ADMINISTRATIVO E AMBIENTAL. POSSE DE ANIMAL SILVESTRE (PAPAGAIO). IRREGULARIDADE. 1. Seria desarrazoado relegar a um segundo plano o bem estar do animal,
a importância da educação ambiental e da preservação das espécies (com expressa previsão legal, visando também coibir o tráfico ilícito), tão-somente em nome de
possível laço afetivo de animal silvestre com a parte autora. 2. A Lei n° 5.197/67, que tratava da proteção à fauna, em seu artigo 3° já proibia o comércio (e via de
consequência a guarda irregular) de espécimes da fauna silvestre, excetuando apenas "os espécimes provenientes de criadouros devidamente legalizados". Assim, não
havendo qualquer prova quanto a aquisição lícita da ave, presume-se que a mesma se deu ao arrepio da lei. (TRF-4. APELREEX 200671000080129, D.E.: 19/05/2010).

ADMINISTRATIVO. IBAMA. APREENSÃO DE PAPAGAIOS. MANDADO DE SEGURANÇA. LIMINAR. AGRAVO DE INSTRUMENTO. Lugar de animais silvestres não é dentro de
gaiolas ou viveiros, onde, na maioria das vezes, adquirem comportamento completamente fora de seus padrões naturais e servem, nos mais das vezes, como mero adorno
para deleite inexplicável dos seres humanos. (TRF-4. AG 200604000013896, DJ: 25/10/2006).

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