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Faculdade de Direito - USP

História do Direito
Estudo Dirigido em Aula
PROF.HÉLCIO MACIEL FRANÇA MADEIRA

Foral de Miranda do Ebro (Ano 1099)


Outorgado por D.Afonso VI, no ano de 1099 da era Cristã. Transcrevemos aqui, em
português acessível, a edição baseada em quatro manuscritos existentes no Arquivo
Municipal de Miranda, estabelecida por Francisco Cantera, e que vem apresentada na
obra de Bandeira de Mello (O Direito Penal Hispano-Luso Medievo).

1. Importa aos Reis conservarem ilibadas as determinações e as doações de seus antecessores, e


ampliar as que foram conservadas. Eis porque eu, Afonso, pela Graça de Deus, rei de Castela, com
minha mulher e rainha Leonor, a bem das almas de meus antepassados e de minha própria salvação,
reconheço em verdade o presente privilégio que meu avô e pai outorgaram aos povoadores de
Miranda, e o entrego, confirmo e mando se mantenha sempre ratificado. E a carta do privilégio é
esta:
2. Sob o nome de Jesus Cristo e por bondade de Deus (e por mercê de Deus), a saber: do Pai, do
Filho e do Espírito Santo, amém. Eu, Afonso, pela graça de Deus imperador de toda a Espanha,
juntamente com minha mulher Berenguela, declaramos sinceramente que dom Garcia, conde
Fidelíssimo, e dona Urraca, condessa sua mulher, portadores da glória do nosso reino de Nágera e
Calahorra, como pessoas que zelam pelo que é útil à nossa Corte, com nosso assentimento e nossa
concessão povoaram Logronho. Terminado o povoamento, deram-me o conselho de povoar Miranda
e dar aos homens que a quisessem povoar lei e foral pelo qual pudessem ali morar sem mau
domínio e má servidão e não se vissem de tal modo oprimidos que abandonassem o lugar
despovoado, e assim resultasse vão o nosso empreendimento e a má fama fizesse minguar a glória
de nosso reinado.
3. E nós, vendo que este conselho era bom e leal, lhes demos Lei e Foral e fizemos esta carta para
os povoadores de Miranda, na qual se diz que todos os moradores que presentemente povoam o
sobredito lugar e o povoarão pelo resto do tempo até o fim do mundo, bem como os francos, os
hispanos e gentes de outras terras que o vierem povoar vivam segundo seu foral e o dos francos e
se conduzam exclusivamente pelo que vai determinado neste escrito.
4. E dou aos povoadores presentes e aos que vierem para sob domínio de nosso reino e de nosso
império, em paz e para sua felicidade temporal, os seguintes territórios, vilas, igrejas, solares e
herdades (...)
5. E estas vilas e igrejas e lugares vos dou, como meus povoadores de Miranda, com os solares e as
herdades, com os pomares e vinhedos, e com as árvores, águas e rios, e com os moinhos e azenhas,
e com as pesqueiras, pradarias e pastos, e com as devesas e regueiros, e com as serras, arredores e
alfozes, e com entradas e saídas.
6 e 7 (Relação de campos, determinação de divisas etc.)
8. E vos dou em doação tudo o que foi nomeado acima e o montado de todos os montes que aí
possuo e as terras povoadas e despovoadas que me pertencem ao dentro das fronteiras do alfoz
sobredito - exceto Cellorigo e Bilívio que não pertencerão ao município - para que tenhais e
mantenhais esta minha doação firmemente sem necessidade de outro foral, vós, e vossos filhos,
e toda a vossa posteridade.
9. E estes povoadores de Miranda tenham licença livre e isenta, dentro de seus alfozes e lindes, de
adquirirem e receberem de quem lhes vender ou doar, e de herdarem de seus pais, casas, solares,
quinhões em heranças, herdades, moendas, moinhos e pesqueiras (valendo esta permissão) tanto
para os cavalheiros ou fidalgos e os mosteiros. E tanto os peões quanto os fidalgos tenham licença
fora das divisas de seus alfozes, de comprar, ganhar e lucrar de fidalgos, mosteiros e de outros que
lhes venderem, ou doarem ou herdarem de seus pais. E nenhum homem pague por esses bens
peita nem mortura nem saionia nem vereda, antes possuam todas essas coisas salvas, quites,
livres e nobres, pelo Foral de Miranda, como todas as mais coisas que possuírem

História do Direito Português - Foral 1


10. E se isto lhes foi necessário, que possam vender ou doar a quem quiserem e do modo pelo
qual quiserem estas e outras coisas que possuírem.
11. E qualquer morador que detiver sua herdade por um ano e um dia sem protesto, seja dono dela
livre e desembaraçada pelo Foral de Miranda.
12. E todos os fidalgos, os abadengos e os solariegos que viverem dentro dos subúrbios e alfozes de
Miranda ceifem a elva e levem os animais para pastar, de dia e de noite, como soem fazer os
moradores de Miranda em todos os seus termos.
13. E dou a estes povoadores uma licença maior: que, onde quer que possuam, dentro do nosso
reino, capim ou feno ou águas ou lenha ou madeira fora de seus alfozes, cortem e usem como
pastos, dêem de beber para saciar seus animais, e cortem e levem a lenha e a madeira para
queimarem e para construírem casas, e tudo o de que tiverem necessidade, e isto façam sem
nenhuma contribuição ou tributo.
14. E dispomos e decidimos, por confirmação do rei, que nenhum meirinho de Castela nem de
Alava se meta a meirinhar em Miranda, nem perante seus povoadores, nem em seus termos, onde
quer que vivam ou residam. Mas o senhor que mandar na vila sob a autoridade do rei ponha
como meirinho um morador da vila que nela possua casas e herdades.
15. Nem o senhor da vila, nem o seu meirinho, nem o seu saião lhes apreenda nada contra a
vontade deles, nem haja sobre eles foro mau que os sujeite a qualquer forma de saionia, nem de
fonsada, nem de ajuda, nem de anúdava, nem de maneria, nem de mortura, nem façam vereda
alguma, antes, muito pelo contrário, permaneçam livres, forros e nobres. Tão pouco recebam
foro que os obrigue a sair para o fonsado ou a pagar fonsadeira.
E não sejam obrigados a combates judiciais, nem à prova pelo ferro em brasa, nem à prova
caldária. E não estejam submetidos às devassas.
E se fundados nesta razão, ou meirinho ou o saião quiserem entrar na casa de alguns povoadores,
sejam mortos por tal casa, sem que os vizinhos tenham que pagar o homicídio.
E, se o saião for desonesto e reclamar de alguém coisa contra o direito, podem açoitá-lo à vontade,
pagando apenas cinco soldos.
16. Não paguem homicídio por homem morto encontrado dentro de seus termos ou na sua vila, a não
ser que os povoadores, ou algum dentre eles o haja matado, ou algum outro homem; e, se o matador
negar havê-lo feito, o querelante prove-o com dois vizinhos fiéis que possuam bens de raiz. E se o
homicídio se deu à noite ou em lugar ermo, indaguem da verdade os fiéis da vila, e quem o matou
pague homicídio (ou calúnia) de quinhentos soldos; porém, se não puder provar a autoria ou
saber a verdade (o indiciado) jure e seja declarado quite. E se reclamasse calúnia da coletividade
(do concelho em bloco), prove, com cinco homens, da vila ou de outras vilas do reguengo (terras
pertencentes ao patrimônio do rei) que o homem foi morto dentro das divisas de Miranda e, neste
caso, paguem todos os povoadores o homicídio; e, se não o conseguir provar, jurem cinco
povoadores que o não mataram e fique o concelho quite.
17. E se algum homem tirar coisas pela força da casa de outrem, a fim de levá-las como penhor,
pague a calúnia de sessenta soldos e reponha o penhor no lugar de que o tirou.
18. E se algum homem tiver falsificado medida, pague sessenta soldos.
19. E se algum homem enclausurar outro em sua casa ou em outro lugar, pretendendo fazer mal a
ele, pague sessenta soldos.
20. E se algum homem arrancar da espada contra outro, resgate o punho como homicida.
21. E se algum varão ou mulher ferir um vizinho casado ou uma mulher casada, tirando-lhe sangue,
peite sessenta soldos; e se não tirar sangue, peite trinta soldos. E, se algum homem ou mulher, por
atrevimento, agarrar a um homem casado pelos cabelos, ou pela barba, ou pelos testículos, resgate o
punho por meio homicídio, porém, caso não tenha com que pagar a remissão, fique encarcerado por
trinta dias, depois dos quais seja fustigado ou fustigada da uma ponta a outra da vila. E se algum
homem ou mulher bater em outro homem ou mulher que não sejam casados e sair sangue, peite dez
soldos; e se não sair sangue, peite cinco soldos.
22. E se alguém arrancar as roupas de outrem até pô-lo nú em pelo, peite meio homicídio.
23. E se algum homem receber, sem ter direito, a capa, o manto ou outro objeto em penhor, peite
cinco soldos.
24. E se algum homem violentar ou raptar uma mulher, o meirinho ou o saião da vila o mate.
25. O homem ou mulher que for encontrado na chácara, vinha ou árvore de um destes povoadores de
Miranda, causando-lhe dano, se for de noite, pague dez soldos; de dia, pague cinco soldos; e mais o
prejuízo que houver dado ao dono; e, caso negue o fato, jure o dono de bem de raiz, ou o seu
tomador de conta, ser o fato verdadeiro e, se o juramento for prestado, pague o acusado a calúnia.
26. E todos os povoadores que tiverem casas peite dois soldos ao senhor que mandar na vila sob o
poder régio, a cada ano na páscoa da ressurreição; e se tiver casa e herdades, peite três soldos; e se
tiver herdade sem casa, peite um soldo.

História do Direito Português - Foral 2


27. E todos os povoadores peitem ao rei vinte quatro morabetinos (e se vier a rainha com vinte peitem
30 mrs.) no ano para a refeição do rei; e se a despesa passar dos vinte ou dos trinta maravedis,
arque o rei com ela; e no ano em que o rei não vier à vila que os povoadores nada paguem, e que
estes povoadores não peitem a refeição dos infantes, nem do senhor que mandar na vila sob o poder
régio; nem peitem nem um só dito soldo, ou dois, ou três, pelas casas e herdades, a não ser aqueles
da páscoa da ressurreição.
28. E haja em Miranda um mercado no dia de Mercúrio, e pela passagem do pão, do sal e dos frutos
paguem a taxa (portagium) de dois denários, e pelas outras coisas ali vendidas não paguem
portagem; e porém os alcaides recebam o portágio de cada coisa que se vender no mercado (...)
29. E se algum dos povoadores de Miranda quiser mover uma causa cível contra outro
povoador, apresente-lhe um sinal do saião e, se passar a noite sem o querelado dar fiador,
pague o querelado cinco soldos. No dia seguinte, apresente-lhe outro sinal do saião e se o
querelado deixar passar a noite sem dar fiador, pague outros cinco soldos e o meirinho o conduza
perante o alcaide para que dê ao querelante dois fiadores de entre os povoadores, ou um que possua
casas e herdades na vila de valor igual ao do pedido; e, se não quiser, ou puder prestar fiança,
percorram com ele a vila de um extremo ao outro e, se não se apresentar quem queira ser seu
fiador, metam no cárcere e, quando sair, pague três óbulos de carceragem. E, se reconhecer a
dívida, pague o que pede o querelante; se a não reconhecer, o querelante prove o seu direito com
dois povoadores e jure em Santa Petronilha, e seja quite e receba o que pedia.
(...)
30 e 31. (Permissão para usar das terras devolutas e das águas).
32. E tenham licença livre e quite de comprar roupas, capas, bestas e animais de corte, sem terem
que pagar autura alguma. E, se algum povoador comprar mula ou égua, asno ou cavalo, ou boi para
arar em pleno mercado ou na estrada real, jure que o comprou e fique dispensado de dar autura; e
quem reclamar como seu o animal comprado devolva-lhe o dinheiro e jure que o animal não lhe foi
comprado. E, se quiser recuperar também este dinheiro, dê fiadores do que afirma, ou jure que
aquela cabeça de gado não foi por ele vendida nem dada: que lhe foi furtada.
33. Se algum povoador desta vila pedir justiça ao senhor que manda na vila e este lhe disser:
"ide comigo ao rei", o povoador não vá com ele para fora das divisas de Miranda, mas
responda-lhe que julgue de acordo com o foral de Miranda.
34. E se alguém de Miranda ou de outra terra, fidalgo ou plebeu (cavaleiro ou peão) matar um
povoador de Miranda, sem havê-lo desafiado na forma costumeira e transcorrida a trégua de nove
dias após o desafio, morra por isso. E se fugir, seja tido por traidor e perca suas casas e todos os
demais bens; e quando o encontrarem, matem-no.
Porém se o matar, quando atacado por ele, ou vendo sua esposa ser agredida por ele, ou seu pai,
ou sua mãe, ou um seu irmão mais velho, ou o senhor que o criou, ou aquele com quem vive, ou
apanhando-o em flagrante de fornicação, dentro de sua casa, com sua mãe, ou com uma filha, ou
irmã, ou sobrinha filha do seu irmão, ou prima, ou querendo entrar sua casa à força, ou arrombando a
casa, ou parede ou sebe, ou arremessando arma, ou pedra, querendo matá-lo ou agredindo-o por
qualquer dos modos a que se refere o decreto real, não seja condenado à morte, nem declarado
traidor, nem perca o que possui; pelo contrário, concedam-lhe uma trégua de trinta dias, e
pague quinhentos soldos pelo homicídio, e saia da vila por um ano e um dia. Depois regresse e
jure que o não matou por sua livre vontade. Confirmem isto os parentes do morto, e volte a viver na
vila.
E se o encontrar, em qualquer lugar, fornicando com sua mulher legítima, mate ambos ou pelo menos
um, se mais não puder; e se o que escapar for encontrado, queimem-no. E o marido não seja inimigo
nem peite homicídio, nem saia da vila; mas os alcaides o dêem por quite e o meirinho faça os
parentes do morto ou dos mortos lhe darem trégua ou paz.
35. (Rateio dos homicídios e calúnias).
36. E todos povoadores, ricos ou pobres, mouros ou judeus, tenham este foral, e tenham
também o foral de Lucronium.
37. (Dano ou violência feitos aos povoadores de Miranda)
38. (Sobre a ponte de Miranda como via de comércio obrigatória).
39. (Regras de fiança). 40. (Advertências do Rei).
41. Eu D.Afonso, rei e imperador, confirmo e roboro esta carta e fiz sinal com minha mão.
42 e seguintes. (Confirmações ampliativas por reis posteriores, até o ano de 1794).

História do Direito Português - Foral 3

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