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17/08/2016 17:30 | Categoria: Como Ser Família

É verdade que “quem pensa não casa”?


Por trás do provérbio popular, está escondida uma verdade importante não só para os casais de namorados, mas para todos os
cristãos.

Por Gustavo Corção | Fonte: Permanência — O encontro com uma doutrina, mesmo com uma doutrina que é Pessoa e que
se fez Carne, ainda não resolve os nossos problemas. Um encontro não se transforma em núpcias gradativamente e
inevitavelmente; entre uma coisa e outra é preciso inserir um elemento decisivo.

Há um provérbio de aparência imbecil que diz assim: "Quem pensa não casa." É costume ver nesse provérbio um
encorajamento para se ficar, durante a vida inteira, fechado numa prudência burguesa. Pensar, nesse caso, quer dizer:
calcular despesas, prever doenças, avaliar a liberdade perdida em confronto com os novos encargos contraídos. Quem pensar
assim não casará; resta-lhe a sabedoria negativa do provérbio para consolo. Não casa, mas pensa. É livre e pensa; é uma
espécie de livre-pensador.

Atrás desse sentido comodista, o provérbio encerra uma advertência e sugere que é melhor casar do que ficar pensando.
Quando um sujeito, nos caprichos da vida, encontra moça que acha de sua afeição e que lhe corresponde, tem essa
alternativa: escolher ou pensar. O escolher é precedido, evidentemente, de um certo pensar; é de toda prudência que se
conviva com a moça, que se converse, que se observem umas tantas coisas, antes de decidir a escolha. O homem é dotado de
razão também para casar e deve aplicá-la na justa medida.

A tarefa não é fácil. A moça se esconde atrás de certas manobras que, no dizer de muitos autores, lhe moram nas glândulas.
O pretendente pode estar certo que ela mudará enormemente; não é assim como agora se ri que ela vai rir; não é disso que
hoje chora que vai chorar. Seus gestos serão diferentes, sua forma se alterará, e sua própria voz, que tanto agrada hoje, será
mais cheia e mais dura no difícil cotidiano. O mais atento leitor de um Bourget ou de um Montherlant se enganará
redondamente se quiser fazer previsões psicológicas sobre a esposa escondida na noiva. Assim sendo, é justo que se pense e
razoável que se cogite. Mas num certo ponto do conhecer é preciso decidir. Ou escolhe, abrindo mão nesse único ato de
todas as outras moças, entregando-se totalmente, correndo todos os riscos, agüentando todas as conseqüências, querendo
desde já no seu coração agüentá-las, tendo confiança, pelo pouco que sabe, no muito que desconhece, trocando
generosamente o pouco pelo muito, empenhando a vida inteira a vir em cima de alguns meses que já passaram; ou então
continua pensando. E se pensa não casa. Não casa porque pode passar a vida inteira pensando. Sondando; sopesando;
excogitando. Conheço diversos casos assim, de namoros tristes que duraram mais de vinte anos: o noivo pensava. Num caso
desses, em vez de festa de núpcias houve luto, porque o noivo morreu pensando…

Na catequese antiga, conforme o texto da Doutrina dos Doze Apóstolos, havia menção de dois caminhos: o caminho da Vida e o
caminho da morte. Terminava um em núpcias; outro em luto. Era preciso escolher. Mas não devemos de forma alguma
pensar que uns escolhiam o caminho da Vida e outros o da morte, como talvez se possa depreender que aconteceu nas
margens do Ipiranga. Ninguém efetivamente escolhe o caminho da morte; mas entram por ele os que não querem escolher.
Morrem por não quererem morrer; perdem a vida porque a querem guardar. Foi o que aconteceu com aquele noivo infeliz
que morreu pensando; pensando e guardando; e tanto guardou que perdeu.

O encontro, por si só, não dá noivado. O tempo traz a confiança que é a dilatação do encontro; mas a confiança só também
não se resolve em noivado. A decisão final cabe um ato de amor, a uma entrega; e como é ato de entrega parece morte, mas
é vida. Depois do encontro, começa o pretendente a considerar, se possui um robusto senso comum, que é mais razoável
casar com uma moça do que viver e morrer por uma causa, ou cair apaixonado pela humanidade inteira. Em seguida, precisa
ter um certo senso lúdico para namorar com ingenuidade e sem complicados cálculos psicológicos. Nada disso porém resolve
seu caso, se aquele senso do outro não estremece com amor e com fome, se não é um pobre na sua carne e um pobre de
espírito, isto é, se não precisa da carne do outro e do espírito do outro, se não é, em suma, capaz de dar e de receber, se não
decide, uma vez por todas, morrer, para viver nos braços amorosos de uma noiva feliz.

Não adianta ficar pensando indefinidamente, porque a pessoa do outro é inesgotável diante do cogitar. Por mais que faça,
não é possível entrar na equação do outro, totalmente, com o sinal do conhecer. A pessoa só pode somar-se à pessoa com o
sinal da cruz; conhece-a de modo eminente amando-a e crucificando-se nela.

Há uma escolha mais decisiva do que todas: um noivado que importa mais do que nenhum, que exige muito, porque
promete uma esposa sem mancha e sem ruga. Tudo pode concorrer para o encontro; mil vezes se renova esse encontro,
crescendo em insistência e em significação. Nossa pobre natureza tem, no mais fundo dos abismos, os recursos
fundamentais para desejar e reconhecer, para anelar por esse encontro. Tem sede de eternidade; tem inteligência
configurada para a Pessoa; tem a pobreza profunda do namorado. A confiança cresce à medida que cresce o conhecimento; a
noiva chama; todos os santos rezam em coro; um dilúvio de méritos vem, do céu e da terra, molhar as raízes ressequidas de
nosso cogitar. Tudo isso será perdido se de nossa parte recusamos a escolha. Há um momento, entrando pela eternidade,
que resolve se haverá festa ou luto. Ou casamos ou pensamos. Ou fazemos penitência, ato de reconhecimento e de amor, ou
prolongamos indefinidamente nossa prudência. E por mais que estudemos, experimentemos e analisemos, por mais que
cresça a confiança, se não fizermos ato de amor, não haverá núpcias. Haverá estudo; confiança boa, mas seca; razoável, mas
não amorável. Podemos ficar neste conflito vinte anos, quarenta anos, anotando num diário a interessante evolução de nossa
personalidade. Mas não haverá festa; e morreremos evoluindo. Poderemos passar a vida inteira experimentando a doutrina
em cima dos enigmas da natureza; do sol, dos insetos, das glândulas, para ver se não há falha; mas como essas coisas são
muitas, e breve é a vida, morreremos fazendo a última experiência. E não haverá núpcias; e nem sequer assistiremos aos
seus preparativos com o milagre do pão e do vinho.

Ninguém poderá esgotar com o conhecimento o fundo da doutrina que é Pessoa, e dificilmente poderá conhecer a milésima
parte da obra humana escrita sobre a doutrina, que é imensa. Seria loucura aguardar, para ulterior resolução, a leitura das
obras completas de São Tomás ou dos textos patrísticos. Mal temos tempo para ler uns poucos antigos e meia dúzia dos
autores modernos e mal podemos compreender os textos em toda a profundidade.

Será evidentemente um grande benefício para qualquer pessoa ler com boa vontade a obra de Maritain, de Karl Adam, de
Guardini, de Amoroso Lima, de Dom Vonier, de Dom Columba Marmion [1]; seria ainda melhor ler São Tomás, Santo
Agostinho, São Cipriano, Santo Inácio, Santo Irineu; seria ainda melhor ler as Sagradas Escrituras. Mas ainda melhor do que
tudo é pedir perdão a Deus e rezar um simples Padre-Nosso pedindo para a secura da alma o socorro da Fé, da Esperança e
da Caridade.

Porque quem quiser ler tudo, ler mais e mais ainda, quer ficar pensando: e não se converte. O que ele deseja, pelo direito,
vem depois da opção, e é uso do convívio com a noiva. Parece círculo vicioso, mas não é círculo, é cruz. Pareceu mau
raciocínio; mas é amor. Parece que o livre e indefinido exame é a maior dignidade humana, mas não é, porque a maior é a
Caridade.
Num certo ponto de seu conhecer ganhou confiança; então precisa escolher. Ninguém ganha a Fé por um aperfeiçoamento
progressivo da discriminação, nem ganha a Esperança pela ginástica metódica do nervo lúdico: essas coisas são dons de
Deus, temos de pedir o que de antemão já é dado. E não basta pensar: temos de pedir falando, levando nosso corpo, nossa
voz viva ao ouvido consagrado. Temos de entrar na objetividade de Deus.

Depois do encontro, em que Deus e toda a Comunhão dos Santos o ajudou, o chamou, o procurou, é a vez dele, desse
ajudado, desse chamado. É a sua vez de jogar, cabe-lhe agora o lance.

Um escritor irônico, cujo nome me escapa, disse uma vez que "ce qu'il y a d'embêtant dans le catholicisme, c'est qu'on n'a jamais
du mérite" [2]. A frase pode ter alguma graça, se quiserem, mas não é verdadeira porque o catolicismo é a doutrina do nosso
único mérito. Merecemos a imagem e semelhança de Deus; e merecemos uma terrível liberdade. Deus nos chama e nos
ajuda, mas de repente ficamos numa situação inaudita, porque nos compete responder. Quase se pode dizer que nesse
instante incrível há um silêncio de Deus. Todos os santos calam-se. Há um silêncio, uma espera, um frêmito de impaciência,
em que somente ecoam, nas almas dos eleitos, os últimos gemidos inefáveis. E, nesse silêncio augusto e terrível, estamos
subitamente sós, sós e livres, terrivelmente sós e terrivelmente livres. Nós, as criaturas, você, leitor, eu, o Edmundo, fomos
chamados e inundados de misericórdias; mas de repente estamos sós e livres, e temos de fazer um pequeno ato, uma
insignificância, um ato de penitência, um gesto de amor, uma coisa de nada que tem a capacidade de encher um silêncio de
Deus.

Gustavo Corção, A descoberta do outro. 4. ed. Rio de Janeiro: Agir, 1952, pp. 103-107.

Notas

1. Corção romperia posteriormente com alguns desses autores, por terem adotado posições nitidamente progressistas
(nota do site Permanência).
2. "Se há algo que irrita no catolicismo é o fato de nunca haver algo por que tenhamos mérito."

Tags: Matrimônio, Namoro

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