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Estrutura do Temário EIMEP 2014

O EXERCÍCIO DO AMOR NA CASA ESPÍRITA


OBJETIVO GERAL → Refletir sobre os parâmetros de nossa conduta na Casa
Espírita, incentivando as práticas transformadoras que nos direcionam às atitudes do
Homem de Bem.

MÓDULO I
JESUS E OS FUNDAMENTOS DA DOUTRINA ESPÍRITA
(DOMINGO, 02/03/2014 – 8h30 às 12h00)
OBJETIVOS

1. Compreender a Doutrina Espírita enquanto um dos projetos divinos propostos por Jesus e que
serve de base no processo de transformação social e moral do indivíduo.
2. Contextualizar os trabalhos dos primeiros cristãos na Casa do Caminho como um exemplo de
ação efetiva e transformadora.
3. Perceber a Casa Espírita como uma continuidade do trabalho iniciado por Cristo e seus
discípulos.

CONTEÚDOS

1. Jesus, o trabalhador divino: modelo de amor e caridade para a humanidade;


2. O Evangelho de Jesus como síntese da lei de amor.
3. Espiritismo: um projeto de Jesus a serviço da evolução humana:
a) O caráter educacional da Doutrina Espírita enquanto orientador da nossa conduta moral.
b) A Codificação Kardequiana e sua importância no estudo e na divulgação da Doutrina dos
Espíritos.
c) A responsabilidade individual nos processos de amadurecimento pessoal e coletivo.
d) O Espiritismo na atualidade.

METODOLÓGIA
8h30 – 9h00 Integração com a equipe Alegria e/ou coordenadores. Mensagem e prece
iniciais.
9h00 – 9h30 Visitar a exposição Pelos Caminhos de Jesus
9h30 – 9h40 Leitura do texto de Paulo e Estevão
9h40 – 10h00 Painel Integrado
10h00 – 10h30 Lanche
10h30 – 11h30 Leitura de textos em grupos
11h30 – 12h15 Plenária: O espírita/cristão e sua ação no mundo.
12h15 – 12h30 avisos e prece de encerramento

RECURSOS DIDÁTICOS

1. Textos de apoio
2. Painéis com cenas do cotidiano de Jesus
TEXTOS

ESTEVÃO DIANTE DO SINÉDRIO

(Saulo se apresenta diante do Sinédrio e traz Estevão para que, diante dos
sacerdotes, doutores da lei e do povo judeu, discorra sobre a doutrina de Jesus).

SAULO – Estevão, sois acusado de blasfemo, caluniador e feiticeiro.


Blasfemo quando inculcais o carpinteiro de Nazaré como salvador.
Caluniador quando achincalhais a Lei de Moisés, renegando os princípios
sagrados que nos regem os destinos.
Feiticeiro porque eu próprio vos vi curar uma jovem muda em dia de sábado, e
ignoro a natureza dos sortilégios que utilizaste nesse feito.
Sois israelita e ainda muito jovem. Uma inteligência apreciável serve ao vosso
esforço. Temos então o dever, antes de qualquer punição, de trabalhar pelo vosso
regresso ao aprisco.
Por vossa condição de nascimento, tendes direito à defesa última.

ESTEVÃO – Israelitas! Por maior que fosse nossa divergência de opinião religiosa,
não poderíamos alterar nossos laços de fraternidade em Deus, a quem elevo minha
rogativa em favor de nossa compreensão fiel das verdades santas.
Dos nossos antepassados vem poderoso e sagrado patrimônio: a Lei e os
Escritos dos profetas. Apesar disso não podemos negar nossa sede de justiça. Apesar
de todas as normas e regimentos sentimos que falta algo mais elevado: misericórdia.
Algo nos fala à consciência de uma vida mais elevada e mais bela e para nos guiar a
ela Deus nos enviou seu Filho bem-amado, o Cristo Jesus!

Peço que não vos escandalizeis. Toda precipitação de julgamento demonstra


fraqueza. Jesus veio ao encontro de nossa ruína moral. Elevemo-nos a Deus com o
seu Evangelho de redenção.

Fariseus amigos, porque temeis a verdade das minhas afirmações? Calai-vos.


Escutai-me. Falo-vos como irmão.
Muito falais da Lei de Moisés e dos Profetas, todavia podereis afirmar com a
mão na consciência a plena observância dos seus gloriosos ensinamentos? Aquele a
quem chamais ironicamente de Carpinteiro de Nazaré fez-se amigo de todos os
infelizes, extrapolou os discursos filosóficos. Pela exemplificação renovou nossos
hábitos, reformou as ideias mais elevadas com o selo do amor divino. Curou a muitos.
Repartiu seu amor entre todos os homens dando a esse amor um novo e amplo
sentido.
Acaso ignorais que a palavra de Deus tem ouvintes e praticantes? Convém
consultardes se não tendes sido meros ouvintes da Lei, de maneira a não falsear o
testemunho.
Jerusalém não me parece o santuário de tradições da fé que em criança me
ensinaram meus pais. O Templo é um grande bazar, as sinagogas, palcos de
discussões mundanas; as células farisaicas, um vespeiro de interesses mesquinhos. O
luxo de vossas roupas e vossos desperdício apavoram, quando há na sombra de
vossos muros centenas de infelizes a morrer na mais absoluta miséria.
Falais de Moisés e dos Profetas, repito, mas onde guardais a fé? No conforto
ocioso, ou no trabalho produtivo? Incentivais a revolta e quereis a paz? Explorais o
próximo e falais do amor de Deus?
O Eterno não pode aceitar o louvor dos lábios quando o coração permanece
dele distante.
SAULO – Basta! Basta! Nem mais uma palavra!... Agora que te foi concedido o último
recurso inutilmente, também usarei o que me faculta a condição do nascimento, em
face de um irmão desertor.
(Passa a desferir socos em Estevão.)
Caluniais o Grande Legislador proferindo tais palavras. A Lei de Moisés vos
elevaria muito alto, mas este (Socos.) é o proveito que tirais da palavra insignificante,
inexpressiva, do operário ignorante de Nazaré, que terminou suas esperanças loucas
numa cruz de ignomínia.
(Pára a agressão.)
Considerando os graves insultos aqui proferidos, como juiz da causa, rogo seja
Estevão lapidado.

(Adaptado por Hudson Andrade)

SUBGRUPO 1: O LIVRO DOS ESPÍRITOS. QUESTÃO 625

Qual o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia
e modelo?
Vede Jesus.
Jesus é para o homem o modelo da perfeição moral que a Humanidade pode
pretender sobre a Terra. Deus no-lo oferece como o mais perfeito modelo e a doutrina
que ensinou é a mais pura expressão da sua lei, porque ele estava animado de
espírito divino e foi o ser mais puro que apareceu sobre a Terra.
Se alguns daqueles que pretenderam instruir o homem na lei de Deus, algumas
vezes a extraviaram por meio de falsos princípios, foi por se deixarem dominar, eles
mesmos, por sentimentos muito terrestres e por terem confundido as leis que regem
as condições da vida da alma com aqueles que regem a vida do corpo. Vários deram
como leis divinas o que não eram senão leis humanas, criadas para servir às paixões
e dominar os homens.

SUBGRUPO 2: SANTO AGOSTINHO. O LIVRO DOS MÉDIUNS. SEGUNDA PARTE,


CAP. XXXI, ITEM I

Couraçai-vos de uma fé firme e sem hesitação, contra os obstáculos que


parecem dever se levantarem contra o edifício do qual pondes os fundamentos. As
bases sobre as quais ela se apoia são sólidas: o Cristo assentou-lhe a primeira pedra.
Coragem, pois, arquitetos do Divino Mestre! Trabalhai, construí, Deus vos coroará a
obra. Mas lembrai-vos bem que o Cristo renega1 como seus discípulos, quem não
tenha a caridade senão sobre os lábios; não basta crer; é preciso, sobretudo, dar o
exemplo da bondade, da benevolência e do desinteresse, sem isso a vossa fé seria
estéril para vós.

SUBGRUPO 3: ALLAN KARDEC. O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO.


CAP. I, ITEM 9

O Cristo foi o iniciador da moral mais pura e mais sublime; a moral evangélico-
cristã que deve renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que deve
fazer jorrar de todos os corações humanos a caridade e o amor ao próximo, e criar em
todos os homens uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que deve
transformar a Terra, e dela fazer uma morada para os Espíritos superiores àqueles
que habitam hoje. É a lei do progresso, à qual a Natureza está submetida, que se
cumpre, e o Espiritismo é a alavanca da qual Deus se serve para fazer avançar a
Humanidade.

SUBGRUPO 4: ALLAN KARDEC. A GÊNESE. CAP. I, ITEM 56

O que o ensinamento dos Espíritos acrescenta à moral do Cristo é o


conhecimentos dos princípios que ligam os mortos e os vivos, que completam as
noções vagas que havia dado da alma, de seu passado e de seu futuro, e que dão por
sanção à doutrina as próprias leis da Natureza. Com a ajuda das novas luzes trazidas
pelo Espiritismo e os Espíritos, o homem compreende a solidariedade que liga todos
os seres; a caridade e a fraternidade tornam-se necessidade social; faz por convicção
o que não fazia senão por dever e o faz melhor.
Quando os homens praticarem a moral do Cristo, só então poderão dizer que
não têm mais necessidade de moralistas, encarnados ou desencarnados; mas, então,
também Deus não mais lhos enviará.

SUBGRUPO 5: ALLAN KARDEC. O CÉU E O INFERNO. CAP. VI, ITENS 3 E 4

Para um povo embrutecido, imagens duras. Não censuremos pois, a Moisés


pela sua legislação draconiana2, que teve dificuldade para conter o seu povo indócil
(...). a doce doutrina de Jesus poderia não encontrar eco e teria sido ineficaz.
À medida que o Espírito foi se desenvolvendo, o véu material pouco a pouco se
dissipou, e os homens se tornaram mais aptos para compreender as coisas espirituais;
mas a isso não se chegou senão gradualmente. Quando Jesus veio, pôde anunciar
um Deus clemente, falar de seu reino que não é desse mundo, e dizer aos homens:
“Amai-vos uns aos outros, fazei o bem àqueles que vos odeiam;” ao passo que os
Antigos diziam: “Olho por olho, dente por dente.”
E quais eram os homens ao tempo de Jesus? Pela lei da reencarnação, eram
os mesmos do tempo de Moisés e os mesmos de agora, quando o Espiritismo veio
renovar o Evangelho do Cristo.

Notas

1. Vamos entender o termo renegar como uma terminologia clerical e de acordo


com a personalidade de Agostinho.
2. Algo excessivamente severo e rigoroso. Arconte, de origem aristocrática,
Drácon recebeu em 621 a.C. poderes extraordinários para por fim ao conflito
social provocado pelo golpe de estado de Cilón e o exílio de Megacles.
Incumbido pelos atenienses de preparar um código de leis escritas (até então
eram orais), Drácon elaborou um rígido código de leis baseado nas normas
tradicionais arbitradas pelos juízes. Ele foi considerado o primeiro a fazer leis
para os atenienses.
3. Painéis
1. A MULHER HEMORROÍSA (Vide completo em Lucas 8: 43 – 48) – “A mulher,
vendo que não podia se ocultar, veio tremendo, caiu-lhe aos pés”. (Lc 8: 47)
2. AS MULTIDÕES (Vide completo em Mateus 9: 35 – 38) – “A colheita é grande,
mas poucos os operários”. (Mt 9: 37)
3. O ENDEMONIADO EPILÉTICO (Vide completo em Mateus 17: 14 – 20) – “Eu o
trouxe aos teus discípulos, mas eles não foram capazes de curá-lo”. (Mt 17: 16)
4. A MULHER CANANÉIA (Vide completo em Mateus 15: 21 – 28) – “Mulher,
grande é a tua fé! Seja feito como queres!” (Mt 15: 28)
5. QUEM É O MAIOR? (Vide completo em Marcos 9: 33 – 37) – “Se alguém
quiser ser o primeiro, seja o último de todos e o servo de todos”. (Mc 9: 35)
6. AS BODAS DE CANÁ (Vide completo em João 2: 1 – 12) – “Fazei tudo o que
ele vos disser”.
7. A SAMARITANA (Vide completo em João 4: 1 – 42) – “Dá-me de beber”. (Jo 4:
7)
8. JESUS, MARTA E MARIA (Vide completo em Lucas 10: 38 – 42) – “Tu te
inquietas e te agitas por muitas coisas”. (Lc 10: 41)
9. ZAQUEU (Vide completo em Lucas 19: 1 – 10) – “Hoje devo ficar em tua casa”.
(Lc 19: 5)
10. OS VENDILHÕES DO TEMPLO (Vide completo em Marcos 11: 15 – 19) –
“Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos.” (Mc: 11: 17)
11. SEPULCROS CAIADOS (Vide completo em Mateus 23: 13 – 31) – “Sois
semelhantes a sepulcros caiados”. (Mt 23: 27)
12. O LAVA-PÉS (Vide completo em João 13: 1 – 15) – “Dei-vos o exemplo para
que, como eu vos fiz, também vós o façais”. (Jo 13: 15)
13. NO GETSÊMANI (Vide completo em Mateus 26: 36 – 46) – “Vigiai e orai, para
que não entreis em tentação”. (Mt 26: 41)
14. O BEIJO DE JUDAS (Vide completo em Mateus 26: 47 – 50) – “Amigo, por que
estás aqui?” (Mt 26: 50)
15. PEDRO CORTA A ORELHA DO SOLDADO JUDEU (Vide completo em Mateus
26: 51 – 56) – “Todos os que pegam a espada pela espada perecerão”. (Mt 26:
52)
16. SIMÃO, O CIRINEU (Vide completo em Marcos 23: 26 – 32) – “Tomaram um
certo Simão de Cirene e impuseram-lhe a cruz”. (Mc 23: 26)
17. A DÚVIDA DE TOMÉ (Vide completo em João 20: 24 – 29) – “Felizes os que
não viram e creram”. (Jo 20: 29)
18. PEDRO, TU ME AMAS? (Vide completo em João 21: 15 – 17) – “Tu me
amas?” (Jo 21: 16)
MÓDULO II
A CASA ESPÍRITA: PESSOAS E VALORES
(DOMINGO, 02/03/2014 – 15h00 às 18h30)

OBJETIVOS

 Fomentar o diálogo sobre o modo como instituímos nossas relações


intrapessoal e interpessoal na Casa Espírita;
 Debater sobre os impactos do personalismo, intransigências e atavismos que
existem na Casa Espírita;
 Identificar os valores que devem permear o sentimento de caridade e
fraternidade na Casa Espírita.
CONTEÚDOS

1- A Casa e a Causa Espírita:


a) O MOVESP e a Doutrina Espírita
b) O Trabalhador Espírita e seu compromisso com Jesus
2- A caridade moral e o trabalho de iluminação íntima
3- O calor humano no inter-relacionamento social
4- Os companheiros* das tarefas espíritas
Metodologia
15h00 – 15h15 Integração com a equipe Alegria e/ou coordenadores. Prece inicial.
15h15 – 15h30 A fábula dos porcos-espinhos.
15h30 – 15h50 Reflexão inicial – Convivendo com espinhos
15h50 – 16h30 Dinâmica. Constelação de amigos.
16h30 – 17h00 Intervalo para o lanche.
17h00 – 17h30 Estudo em grupos
17h30 – 18h15 Plenária
18h15 – 18h30 Avisos e prece de encerramento.

RECURSOS DIDÁTICOS

1. Papel e caneta para cada participante.


2. Textos de apoio

TEXTOS

1. Mensagem inicial: A fábula dos porcos-espinhos (1851). Arthur Schopenhauer


(1788 – 1860)

Durante uma era glacial, muito remota, quando o Globo terrestre esteve
coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e
morreram indefesos, por não se adaptarem as condições do clima hostil.
Foi então que uma grande manada de porcos-espinhos, numa tentativa de se
proteger e sobreviver, começou a se unir, a juntar-se mais e mais. Assim cada um
podia sentir o calor do corpo do outro. E todos juntos, bem unidos, agasalhavam-se
mutuamente, aqueciam-se, enfrentando por mais tempo aquele inverno tenebroso.
Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros
mais próximos, justamente aqueles que lhes forneciam mais calor, aquele calor vital,
questão de vida ou morte. E afastaram-se, feridos, magoados, sofridos.
Dispersaram-se por não suportarem mais tempo os espinhos dos seus
semelhantes. Doíam muito...
Mas, essa não foi a melhor solução: afastados, separados, logo começaram a
morrer congelados. Os que não morreram, voltaram a se aproximar, pouco a pouco,
com jeito, com precauções, de tal forma que, unidos, cada qual conservava uma certa
distância do outro, mínima, mas suficiente para conviver sem ferir, para sobreviver
sem magoar, sem causar danos recíprocos.

2. Textos de apoio:

“Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros”.
(João 13:35)
Em O Livro dos Médiuns, Allan Kardec, indicando que o Espiritismo era uma
doutrina apenas nascente, afirmava que era necessário, senão imprescindível, dos
seus adeptos, uma base sólida para suas agremiações, edificada sobre a moral, a
unicidade de pensamentos e a prática da caridade. Afirmava ainda que um objetivo
fraco, ou desvinculado de seriedade, baseado na fenomenologia, produziria
agrupamentos inconsistentes, fadados aos melindres que o orgulho e o personalismo
fatalmente promovem.
O Codificador defendia atividades em pequenos grupos, cujos membros
estreitassem laços tais pequenas famílias, em amor e simplicidade. Afirmava Kardec
que assim se administrariam mais facilmente tais grupos, seja em seu caráter
institucional, seja na facilidade de contentar o pensamento e os pendores de seus
membros.
Fortalecidos, esses grupos deveriam travar contato com outros, trocar
experiências, vivenciar atividades em conjunto, mas sempre mantendo sua natureza
inicial.
O Brasil, no entanto, é o país com o maior contingente de espíritas em todo o
mundo. Aqui, instalaram-se imensas dificuldades econômicas, culturais, educacionais,
sociais e, sobretudo, morais, que produzem legiões de necessitados de toda ordem.
No Brasil ainda, aconteceu um processo histórico de massificação do
Espiritismo. Dessa forma a Doutrina penetrou em todas as camadas da sociedade e
multiplicou adeptos e simpatizantes. O preço desse fenômeno são centros espíritas
visitados e frequentados por centenas de pessoas, todos os dias, onde acabamos por
exercitar um assistencialismo social e espiritual com atendidos passivos praticando o
espiritismo de forma rotineira, mística, destituída de significação existencial mais
profunda.
É imprescindível o esforço próprio do aprendizado, da meditação, o cultivo e a
aplicação da Doutrina Espírita na intimidade da vida. A simples presença nas
atividades das Casas não traduz aquisição de conhecimento.
A par desses existem os adversários do Espiritismo deste e do outro plano: os
perturbadores, aqueles arraigados em seus sistemas preconcebidos, os incrédulos
sistemáticos, os orgulhosos que desejam, pela força mesmo, ter o privilégio da palavra
final, da opinião esclarecedora; os que se comprazem na contradição.

Os agrupamentos espiritistas não podem assumir as feições das associações


próprias humanas. As dissensões, os partidarismos e hostilidades são fruto da
ausência do Evangelho nos corações, da falta de entendimento de que nenhuma ação
se fará nos Centros Espíritas sem fraternidade e humildade legítimos, sem vigilância e
oração. Sem estudo e sem trabalho.
O mal segue enraizado, por atavismo, no cerne de cada um de nós e, muitas
vezes, facilita a injunção espiritual. Deixamo-nos tomar por ações agressivas, por atos
mundanos que deveríamos evitar. Não raro, esses processos evoluem para graves
obsessões.
Excelentes teóricos, deixamo-nos levar – insensatos e imaturos – pelo
ressentimento, pela ira e pelo orgulho, por nos acharmos credores de méritos
elevados que não retribuímos na mesma medida. Diante dos seres que deveríamos
amar e amparar, agimos com burocracia e frieza, aferrados a dogmatismos criados por
nós mesmos a partir de entendimentos equivocados dos ensinos dos Espíritos, aos
quais nos dedicamos com rigor farisaico. Frente a tantos sofredores que nos chegam,
esperançosos e inseguros, colocamo-nos em patamares de superioridade por
julgarmos que atendemos a necessitados, quando a tarefa é, em primeira instância,
para nossa própria retificação. Tanto quanto o Cristianismo foi adulterado por idolatria
e ritualismos, o Espiritismo vem sendo sacudido por cizânias que nascem da adoção
de práticas estranhas ou extravagantes e pelo afastamento da universalidade do
ensino dos espíritos.
Esses e outros movimentos lamentavelmente comuns nas Casas Espíritas
acabam por resultar em graves prejuízos ao trabalho, pondo a perder em mais de uma
ocasião, todo um planejamento feito nas esferas espirituais que atuam junto de nós e
de nossos centros.
Nos momentos de crise, tendemos a apontar no outro a culpa e a causa dos
transtornos. Há dificuldades no trato com o outro, não negamos, mas há também a
necessária renovação íntima.
Kardec ofereceu a solução para tais crises: desejo de instrução e melhora, nas
palavras do Espírito de Verdade, ao afirmar que dois são os mandamentos básicos de
todo espírita: amar e se instruir.
A Sociedade de Estudos Psíquicos de Paris – primeira instituição espírita do
mundo – fundada e dirigida por anos pelo próprio Codificador, tinha um caráter de
estudos, um caráter pedagógicos, de pesquisa e debate, sem os aspectos
sistemáticos e arrogantes da academia tradicional.
É hora de resgatar a essência pedagógica da Doutrina Espírita. As atividades
nas Casas são predominantemente educacionais – cursos, palestras, estudos
doutrinários, evangelização infanto-juvenil – e mesmo na assistência social as
preleções iniciais são uma forma de educação espírita. Mas tudo isso deve ser feito de
modo a garantir que a pessoa assuma a própria auto-educação, de modo participativo,
dinâmico e enriquecedor, com metodologia agradável, enriquecida de recursos
didáticos e promovida por expositores preparados e imbuídos dos valores espíritas,
isto é, sem qualquer pretensão de superioridade, percebendo que aqueles que
chegam à Casa em dores precisam de consolo e aqueles vítimas de processos
obsessivos, de tratamento, mas que isso precisa ser efetivado oferecendo
instrumentos de renovação íntima, desencadeando suas potencialidades de forma
respeitosa, obtendo a união de todos pela adesão voluntária numa proposta de
progresso e fraternidade.
No plano do amar, vigiemos constantemente e oremos com sinceridade.
Meditemos na essência das mensagens que nos chegaram e nos chegam a
mancheias para além da sua beleza formal e estética, analisando sua essência e
profundidade, tomando-as antes para nós do que para os outros, tirando assim, a
trave que invariavelmente cega nosso entendimento. Creiamos, mas a partir de um
exame minucioso a fim de não nos atermos ao dogmatismo e acolhamos os
problemas existenciais com alteridade e respeito, a fim de não nos encaminharmos
perigosamente para o ceticismo impiedoso.
O espiritista cristão deve se empenhar na iluminação de si mesmo, antes de
pretender converter os outros, trabalhando para implantar o Reino de Deus na própria
alma. O trabalho estimula o progresso moral.
A Espiritualidade dispõe de programas de apoio ao progresso da Terra e seus
habitantes e os coloca à nossa disposição. O Espiritismo é, sem dúvida, um de seus
importantes instrumentos, com o adendo de que sua missão é junto à alma – a grande
esquecida em todos os tempos da humanidade –, que devemos esclarecer por atos e
ensinamentos, e não ao lado das irrisórias e fugazes glórias terrestres.
É imperioso retornemos às fontes evangélicas e às origens do movimento
doutrinário totalmente destituído de autoridades, de especialistas, de detentores de
títulos acadêmicos e arrogância intelectual, volvendo-se à simplicidade e ao serviço
eminentemente cristão.

(Hudson Andrade. A partir dos textos abaixo indicados e das conversas


promovidas durante a construção dos módulos para o EIMEP 2014)

REFERÊNCIAS
1. Emmanuel (Espírito). O Consolador [psicografia de] Francisco Cândido Xavier – 28ª.
Ed. – Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2010. qq. 353, 355, 361, 363, 364,
372 e 373.
2. Incontri, Dora. Os Centros e Instituições Espíritas. A Educação Segundo o
Espiritismo – Bragança Paulista: Editora Comenius, 2003.
3. Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns. 1ª. parte, cap. III, item 28, tradução de Salvador
Gentile – 52ª. Ed. – Araras, SP: Instituto de Difusão Espírita, 2000.
4. __________. Idem. 2ª. parte, cap. XXIX, itens 334, 335, 338, 340 e 341.
5. Miranda, Manoel Philomeno (espírito). Responsabilidades Novas. Amanhecer de
uma nova era [psicografia de] Divaldo Franco – Salvador, BA: Livraria Espírita Leal
Editora, 2012.
MÓDULO III
NOVOS RUMOS PARA A CASA ESPÍRITA?
(SEGUNDA-FEIRA, 03/03/2014 – 8h30 às 12h00)
OBJETIVOS

1. Refletir sobre a máxima “espíritas, amai-vos e instrui-vos”;


2. Promover o exemplo do Cristo no exercício do Amor.
3. Valorizar a convivência saudável na Casa Espírita com as diferentes pessoas e valores.

CONTEÚDOS
1. A Casa Espírita:
a) A liderança na Casa Espírita: compartilhando ideais.
 Hierarquias
 Organização
b) O que significa pureza doutrinária?
c) A vivência coerente dos postulados kardequianos.

2. “Espíritas, instrui-vos”:
a) O estudo da Doutrina Espírita nos meios acadêmicos.
b) O ensino espírita: evangelização infanto-juvenil, ESDE e o EADE.

3. “Espíritas, amai-vos”:
a) A sintonia de ideais e a harmonia de sentimentos nos meios espiritistas.
b) Conviver e Coexistir na Casa Espírita
Metodologia
8h30 – 9h00 Integração com a equipe Alegria e/ou coordenadores. Mensagem e prece
iniciais.
9h00 – 9h30 Dinâmica “A casa que está pegando fogo”
9h30 – 10h00 Socialização das reflexões em subgrupos.
10h00 – 10h30 Lanche
10h30 – 11h30 Estudo de texto
11h30 – 12h15 Plenária: Centro Espírita: acolhe, consola, esclarece, orienta.
12h15 – 12h30 Avisos e prece de encerramento

RECURSOS DIDÁTICOS

1. Textos de apoio
2. Papel e caneta por participante

BIBLIOGRAFIA

1. Mayer, Canísio. Dinâmicas de grupo: ampliando a capacidade de interação –


Campinas, São Paulo: Papirus, 2005.
2. Menezes, Bezerra de (Espírito). Unificação [psicografia de Francisco Cândido
Xavier]. Disponível em http://www.acaminhodaluz.net.br/v2/mensagem-da-
semana/195-unificacao-bezerra-de-menezes-chico-xavier.html, acesso em 30
de outubro de 2013.
3. Menezes, Bezerra de (Espírito). Vivência do Amor [psicografia de Francisco
Cândido Xavier]. Reformador, Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira,
Ano 125, maio de 2007, no. 2.138-A
4. O’Neil, Maria (Espírito). Em atenção à coerência espírita [psicografia de Raul
Teixeira]. Idem.
5. Said, Cezar Braga. Convivência No Centro Espírita. Reformador, Rio de
Janeiro: Federação Espírita Brasileira, Ano 124, maio de 2006, no. 2.132.
6. Franco, Divaldo. Espiritismo Questões Atuais – In: Atualidade do Pensamento
Espírita (Espírito Vianna de Carvalho). Livraria Espírita Alvorada Editora.
Salvador- Bahia, 2002.
7. Kardec, Allan. Das Sociedades Propriamente Ditas (item 336) – In: O Livro dos
Médiuns. FEB. Rio de Janeiro, 2010.
8. __________. Dissertações Espíritas/A Cerca do Espiritismo – In: O Livro dos
Médiuns. FEB. Rio de Janeiro, 2010.
9. __________. Advento do Espírito de Verdade – In: O Evangelho Segundo o
Espiritismo. FEB. Rio de Janeiro, 2010.

ANEXOS

1. Mensagem inicial: O Centro Espírita

Centro de Espiritismo Evangélico, por mais humilde, é sempre um santuário de


renovação mental na direção da vida superior. Nenhum de nós que serve, embora
com a simples presença, a uma instituição dessa natureza, deve esquecer a dignidade
do encargo recebido e a elevação do sacerdócio que nos cabe. Nesse sentido, é
sempre lastimável duvidar da essência divina da nossa tarefa. O ensejo de conhecer,
iluminar, contribuir, criar e auxiliar, que uma organização nesses moldes nos faculta,
procede invariavelmente de algum ato de amor ou de alguma sementeira de simpatia
que nosso espírito, ainda não burilado, deixou a distância, no pretérito escuro que até
agora não resgatamos de todo. Um centro espírita é uma escola onde podemos
aprender e ensinar, plantar o bem e recolher-lhe as graças,aprimorar-nos e
aperfeiçoar os outros, na senda eterna. Quando se abrem as portas de um templo
espírita-cristão ou de um santuário doméstico, dedicado ao culto do Evangelho, uma
luz divina acende-se nas trevas da ignorância humana e através dos raios benfazejos
desse astro de fraternidade e conhecimento, que brilha para o bem da comunidade, os
homens que dele se avizinham, ainda que não desejem, caminham, sem perceber,
para a vida melhor.

(Emmanuel [psicogradia de Francisco Cândido Xavier] Sessão pública, no Centro


Espírita “Luís Gonzaga”, em Pedro Leopoldo, na noite de 10/4/1950.)
Fonte: Reformador de janeiro de 1951, p. 9 (5).

TEXTOS

SUBGRUPO 1: UNIFICAÇÃO

O serviço da unificação em nossas fileiras é urgente, mas não apressado. Uma


afirmativa parece destruir a outra. Mas não é assim. É urgente porque define o objetivo
a que devemos todos visar; mas não apressado, porquanto não nos compete violentar
consciência alguma.
Mantenhamos o propósito de irmanar, aproximar, confraternizar e
compreender, e, se possível, estabeleçamos em cada lugar, onde o nome do
Espiritismo apareça por legenda de luz, um grupo de estudo, ainda que reduzido, da
Obra Kardequiana, à luz do Cristo de Deus.
Nós que nos empenhamos carinhosamente a todos os tipos de realização
respeitável que os nossos princípios nos oferecem, não podemos esquecer o trabalho
do raciocínio claro para que a vida se nos povoe de estradas menos sombrias.
Comparemos a nossa Doutrina Redentora a uma cidade metropolitana, com todas as
exigências de conforto e progresso, paz e ordem. Indispensável a diligência no pão e
no vestuário, na moradia e na defesa de todos; entretanto, não se pode olvidar o
problema da luz. A luz foi sempre uma preocupação do homem, desde a hora da furna
primeira. Antes de tudo, o fogo obtido por atrito, a lareira doméstica, a tocha, os lumes
vinculados às resinas, a candeia e, nos tempos modernos, a força elétrica
transformada em clarão.
A Doutrina Espírita possui os seus aspectos essenciais em configuração
tríplice. Que ninguém seja cerceado em seus anseios de construção e produção.
Quem se afeiçoe à ciência que a cultive em sua dignidade, quem se devote à filosofia
que lhe engrandeça os postulados e quem se consagre à religião que lhe divinize as
aspirações, mas que a base kardequiana permaneça em tudo e todos, para que não
venhamos a perder o equilíbrio sobre os alicerces e que se nos levanta a organização.
Nenhuma hostilidade recíproca, nenhum desapreço a quem quer que seja. Acontece,
porém, que temos necessidade de preservar os fundamentos espíritas, honrá-los e
sublimá-los, senão acabaremos estranhos uns aos outros, ou então cadaverizados em
arregimentações que nos mutilarão os melhores anseios, convertendo-nos o
movimento de libertação numa seita estanque, encarcerada em novas interpretações e
teologias, que nos acomodariam nas conveniências do plano inferior e nos afastariam
da Verdade.
Allan Kardec, nos estudos, nas cogitações, nas atividades, nas obras, a fim de
que a nossa fé não faça hipnose, pela qual o domínio da sombra se estabelece sobre
as mentes mais fracas, acorrentando-as a séculos de ilusão e sofrimento.
Libertação da palavra divina é desentranhar o ensinamento do Cristo de todos os
cárceres a que foi algemado e, na atualidade, sem querer qualquer privilégio para nós,
apenas o Espiritismo retém bastante força moral para se não prender a interesses
subalternos e efetuar a recuperação da luz que se derramado verbo cristalino do
Mestre, dessedentando e orientando as almas.
Seja Allan Kardec, não apenas crido ou sentido, apregoado ou manifestado, a
nossa bandeira, mas suficientemente vivido, sofrido, chorado e realizado em nossas
próprias vidas. Sem essa base é difícil forjar o caráter espírita-cristão que o mundo
conturbado espera de nós pela unificação.
Ensinar, mas fazer; crer, mas estudar; aconselhar, mas exemplificar; reunir,
mas alimentar.
Falamos em provações e sofrimentos, mas não dispomos de outros veículos
para assegurar a vitória da verdade e do amor sobre a Terra. Ninguém edifica sem
amor, ninguém ama sem lágrimas.
Somente aqui, na vida espiritual, vim aprender que a cruz de Cristo era uma
estaca que Ele, o Mestre, fincava no chão para levantar o mundo novo. E para dizer-
nos em todos os tempos que nada se faz de útil e bom sem sacrifícios, morreu nela.
Espezinhado, batido, enterrou-a no solo, revelando-nos que esse é o nosso caminho -
o caminho de quem constrói para Cima, de quem mira os continentes do Alto.
É indispensável manter o Espiritismo, qual foi entregue pelos Mensageiros Divinos a
Allan Kardec, sem compromissos políticos, sem profissionalismo religioso, sem
personalismos deprimentes, sem pruridos de conquista a poderes terrestres
transitórios.
Respeito a todas as criaturas, apreço a todas as autoridades, devotamento ao
bem comum e instrução do povo, em todas as direções, sobre as Verdades do
espírito, imutáveis, eternas.
Nada que lembre castas, discriminações, evidências individuais injustificáveis,
privilégios, imunidades, prioridades.
Amor de Jesus sobre todos, verdade de Kardec para todos.
Em cada templo, o mais forte deve ser escudo para o mais fraco, o mais
esclarecido a luz para o menos esclarecido, e sempre e sempre seja o sofredor o mais
protegido e o mais auxiliado, como entre os que menos sofram seja o maior aquele
que se fizer o servidor de todos, conforme a observação do Mentor Divino.
Sigamos para frente, buscando a inspiração do Senhor.

(Mensagem de Bezerra de Menezes, psicografada por Chico Xavier, em reunião da


Comunhão Espírita Cristã, em 20-04-1963, em Uberaba-MG, Reformador, Dez/1975.)

SUBGRUPO 2: VIVÊNCIA DA AMOR

Meus filhos:
Que o Senhor nos abençoe e nos guarde na Sua paz.

A reencarnação, a nobre fiandeira dos destinos, promovendo o Espírito, etapa


a etapa, faculta-lhe a conquista da plenitude, herdando de cada experiência os
atavismos que devem ser superados no processo da evolução.
Repetimos, não poucas vezes, as experiências mal sucedidas, revivendo os
mesmos equívocos de que nos deveríamos libertar face à oportunidade de progresso.
Em razão disso, encontramo-nos, não poucas vezes, aturdidos ante a mirífica luz do
Evangelho e as amarras em que a consciência permanece atada ao passado de
sombras.
O egoísmo, esse vírus perturbador do processo de libertação, propõe, então,
através dos caprichos que sejam trazidos de volta, esses infelizes fenômenos que não
foram totalmente liberados. É por isso, meus filhos, que ainda hoje, graças ao sublime
contributo da Doutrina Espírita, aturdimo-nos, procurando avançar sem a liberdade de
alçar voos mais amplos porque as lembranças do ontem jungem-nos às situações
perniciosas que nos marcaram profundamente.
Tende, porém, a coragem de viver a madrugada nova, de assumir a decisão de
desatar-vos dos laços perversos que vos retardam a marcha, no avanço pela infinitas
estradas do progresso.
Iluminados pelo conhecimento libertador, necessitais de o vivenciar através dos
exemplos que o amor proporciona em evocação da incomparável figura de Jesus
Cristo.
O Mestre, exemplo máximo de conhecimento, por haver sido o Construtor do
nosso planeta com seus nobres arquitetos, não olvidou a experiência do amor,
oferendo aos infelizes que não podiam discernir, o alimento que atendesse à fome
orgânica, o socorro à enfermidade, a dádiva da compaixão em relação às heranças
das existências passadas. Por isso, multiplicou pães e peixes, porque a multidão tinha
fome, levantou paralíticos, restituiu luminosidade aos olhos apagados, desatou línguas
amarradas na mudez, abriu ouvidos moucos à melodia da vida, ensejou a cicatrização
das chagas purulentas, mas também retirou a hanseníase moral que os Espíritos
carregavam, a fim de não retornarem aos mesmos processos depurativos, propondo
que fizéssemos tudo isso em Sua memória, restaurando-Lhe os ensinamentos
sublimes e as práticas inolvidáveis.
O Espiritismo chega à consciência terrestre para servir de ponte entre as
diferentes ciências, iluminando-as com a fé racional, mas ao mesmo tempo
oferecendo o contributo sublime da caridade fraternal em todas as formas como se
possa expressar.
Não vos esqueçais, portanto, nunca, em vosso ministério de libertação de
consciências, da vivência do amor.
Avançai no rumo do progresso estendendo, porém, a mão generosa e o
coração afável àquele que se encontra na retaguarda, necessitado de carinho e de
ensejo iluminativo. Dai-lhe o pão, mas também a luz, na verdade, oferecei a
informação doutrinária para demonstrar-lhe quanto vos faz bem esse conhecimento,
em face das transformações morais para melhor, que vos impusestes, logrando os
primeiros êxitos...
Este é o grande momento da transição e todos enfrentaremos dificuldades. Vós
outros, principalmente, em razão dos compromissos elevados, experimentareis as
dores talvez mais acerbas no cerne da alma, por meio de traições inesperadas, de
enfermidades não avisadas, de solidão. E sem nenhum apoio aos sentimentos
masoquistas, agradecei a Deus a benção do resgate, enquanto vossas mãos
estiverem segurando a charrua e lavrando a terra dos corações para ensementação
da verdade.
Não desanimeis, nunca!
O instante mais perturbador da noite é também o instante que abre o leque de
luz na direção da alvorada. Permanecei fiéis à proposta que herdaste do Egrégio
Codificador do Espiritismo, sendo companheiros uns dos outros em nosso Movimento
Espírita, preparando-vos para a lídima fraternidade no organismo social tumultuado da
Terra dos vossos dias.
Jesus, meus filhos, inspira-nos, segue conosco.
Embora parece que a sociedade marcha para o caos, o Grande Nauta conduz
com segurança a barca da Terra e sabe que esses acidentes na lei do progresso não
conseguem impedir o desenvolvimento intelecto-moral das suas criaturas.
Iluminai as vossas consciências, portanto, e amai até sentirdes plenamente a
presença do Amor não amado...
Que o Senhor de bênçãos continue abençoando-nos são os votos que vos faz
o servidor humílimo e paternal de sempre.

(Mensagem de Bezerra de Menezes, psicografada por Divaldo Franco, no


encerramento da Reunião do Conselho Federativo Nacional, em 12 de novembro de
2006, na Federação Espírita Brasileira, DF, publicada em Reformador ES
Dezembro/2006)

SUBGRUPO 3: EM ATENÇÃO À COERÊNCIA ESPÍRITA

Os tempos que correm apresentam os inúmeros problemas que devem ser


faceados, corajosamente, por todos os que assumiram compromissos com o Cristo,
primordialmente, por aqueles que conseguem captar e entender as vozes que, do País
da Imortalidade, derramam instruções ao mundo.
Dentre tais problemas, inclusivemente, destacamos a coerência da fé, ou o
amadurecimento da crença na realidade espiritual.
O tempo transcorrido, desde Allan Kardec até os dias de agora, impõe-nos a
observância de que já é tempo de desprender a crença espírita dos elementos míticos
que inundam tantas outras visões de crença, tantas outras formas ou vias de
entendimento espiritual.
A logicidade das ideias, a coerência dos argumentos, a seriedade dos veículos,
a pertinência das questões tratadas, tudo isso é fator de gritante importância para que
o nosso Movimento Espírita esteja atento, para que não deixemos que se desenvolva
ou que se aninhe entre nós qualquer sentido de crendices que, nada obstante possa
fazer sentido para almas ingênuas, inexpertas ou parvas, não pode encontrar apoio ou
sustentação no campo espírita.
Há necessidade de enfatizar o caráter racional da grandiosa Doutrina, há
urgência em dar sentido às preocupações do Codificador, no que diz respeito à
unidade do pensamento espírita em toda parte.
Com isso, não nos cabe procrastinar providências nem incentivar qualquer
espírito acomodatício em nossos arraiais.
O mundo dos Espíritos está eivado de Inteligências felizes e dignas,
encarregadas de disseminar a luz e o bem, o amor e o trabalho; porém, há outras
tantas almas que se incumbem de disseminar sombras e dissensões, equívocos e
confusões que, se não logram destruir o edifício do Espiritismo, conseguem, sim, e
durante longo tempo, causar perturbações que retardam a movimentação e a
penetração salutar do Espiritismo por entre as consciências. Deveremos todos estar
atentos a isso, pois, muitas vezes a grande parte dos problemas dessa índole tem
mais a ver com o relaxamento da vigilância dos encarnados do que com a incidência
obsessiva de desencarnados infelizes. Por outro lado, esses desencarnados
desatinados contam, invariavelmente, com a articulação das mentes presunçosas de
encarnados que se adaptam às lides discrepantes de ser do contra, sempre que as
ideias e conceitos expostos no seio do nosso Movimento não correspondam ao que
eles próprios adotam e desejam.
O exercício, assim, da lúcida reflexão, dos estudos dedicados, e a busca
permanente de maior atilamento, conseguirão desconectar-nos dessas insidiosas
deficiências.
Os tempos de agora convocam-nos a retomar a integridade do Espiritismo
como Allan Kardec no-lo entregou.
Que possamos todos, nessa relação fraterna, unindo o velho ao novo mundo,
ajustar nosso Movimento Espírita ao íntegro, lógico e lúcido pensamento do
Espiritismo.
Recebam, caríssimos irmãos, a saudação muito fraterna dos corações espíritas
portugueses, os que mourejam no corpo físico e fora dele, com esse anseio de vitória
e de ventura para todos nós.

(Mensagem de Maria O’ Neil, membro fundadora da Federação Espírita Portuguesa e


oradora, tendo divulgado amplamente o Espiritismo em Portugal; psicografada por
Raul Teixeira, durante a Reunião do Conselho Federativo Nacional, em 11 de
novembro de 2006, na Federação Espírita Brasileira, DF, publicada em Reformador
Janeiro/2007)

SUBGRUPO 4: CONVIVÊNCIA NO CENTRO ESPÍRITA

No capítulo XV de O Evangelho segundo o Espiritismo, intitulado “Fora da


caridade não há salvação”, itens 8 e 9, Allan Kardec analisa a questão de não haver
salvação fora da Igreja ou fora da verdade. Em momento algum o Codificador sugere
ou insinua que fora do Espiritismo as criaturas humanas estariam fadadas a sofrer e a
serem infelizes. Na nota à questão 982 de O Livro dos Espíritos,ele afirma:“[...] O
Espiritismo ensina o homem a suportar as provas com paciência e resignação; afasta-
o dos atos que possam retardar-lhe a felicidade, mas ninguém diz que,sem ele,não
possa ela ser conseguida”.
Admitir o Espiritismo como caminho único e exclusivo para a conquista da paz
interior é assumir uma postura nitidamente fundamentalista e contrária à opinião dos
Espíritos Superiores. O teólogo Leonardo Boff1 afirma que o “fundamentalismo
representa a atitude daquele que confere caráter absoluto ao seu ponto de vista”. E
salienta:“[...] quem se sente portador de uma verdade absoluta não pode tolerar outra
verdade, e seu destino é a intolerância”. É preciso distinguir a visão que o Espiritismo
nos dá e a aplicação que fazemos dos seus princípios em nossa vida prática. Foi por
isso que o educador Pedro de Camargo (Vinícius),2 afirmou: “[...] A consciência
religiosa importa em um modo de ser, e não em um modo de crer”.
Mas há momentos em que a nossa intolerância e incompreensão não se
voltam apenas para os profitentes de outras religiões. Às vezes se apresentam nas
nossas relações cotidianas, na intimidade dos centros espíritas que frequentamos.
Se um companheiro se afasta das atividades que desenvolve num determinado
Centro, julgamos, apressadamente, que possa estar sendo vítima de um problema
obsessivo, ou que de alguma forma não se encontra no seu melhor juízo.
Nem sempre cogitamos das suas necessidades materiais na condução da sua
família; não ponderamos sua idade ou o imperativo de estudar, a fim de poder realizar-
se profissionalmente; muitas vezes não nos perguntamos sobre a sua saúde e a
necessidade de tratamento médico, terreno e especializado, como, aliás, sempre
fizeram médiuns como Chico Xavier. Não entendemos que o companheiro que
trabalhou e reuniu recursos tem direito ao lazer, a tirar férias junto de sua família e que
o repouso está consagrado nas leis civis e na lei divina do trabalho. Ignoramos ou
esquecemos a atenção que os filhos pequenos reclamam e nem sempre cogitamos
das insatisfações que alguém possa estar sentindo com a condução das atividades da
instituição; afinal, estamos tão satisfeitos e concentrados no que fazemos que não
percebemos que isso possa ocorrer com alguém.
O fato é que tendemos a avaliar o outro pelas nossas medidas. Se estamos
tantos dias e tantas horas envolvidos com as atividades espíritas,por que o outro não
se envolve com a mesma intensidade?
Esquecemos que cada um se encontra em determinado estágio evolutivo, com
noção diferenciada de tempo perdido ou bem aproveitado.
Alguém que tenha sérios compromissos na área mediúnica, por exemplo, na
medida em que não dá continuidade à educação das forças que vibram em si, tanto no
Centro quanto fora dele, pode, naturalmente, desequilibrar-se, mas não como castigo
da Espiritualidade ou punição divina. É natural que toda ferramenta não utilizada ou
usada de forma indevida, sem manutenção, contraia ferrugem. E isso vale para
qualquer situação na vida, inclusive para a relação que estabelecemos com nossos
compromissos espirituais.
Quando Allan Kardec e a Espiritualidade enfatizam a necessidade do bem,
estão dilatando o nosso conceito de salvação e felicidade, estão nos dizendo que a
máxima não é fora do centro espírita não há salvação e sim, fora da caridade não há
salvação.
Portanto, se um companheiro se afasta momentânea ou definitivamente de um
Centro Espírita, isto não quer dizer que esteja se afastando da prática da caridade que
poderá se dar em qualquer lugar. Precisamos atentar para os reais motivos que
determinaram este afastamento, interessar-nos pelo encarnado como nos
interessamos pelos desencarnados, entendendo o que se passa com ele, auxiliando-o
naquilo que estiver precisando.
Ao mesmo tempo é válido nos questionarmos se somente os espíritas
frequentadores de Centro possuem Espíritos protetores. E os que não são espíritas?
Não possuem amigos espirituais auxiliando-os nas pesquisas, nas assembleias
legislativas, no poder executivo, no magistério, na empresa onde atuam, nas
atividades que realizam como autônomos, nas forças armadas, etc.?
Externar nossa atenção, carinho e preocupação com os amigos é atitude cristã.
Sentir a falta e desejar a presença deles no ambiente onde atuamos é testemunhar o
amor que nutrimos por eles. Porém, julgar e pressagiar terríveis males em função de
seu afastamento é assumir uma posição radical com os próprios companheiros de
ideal. Não queremos, contudo, fazer apologia da deserção, nem incentivar ninguém a
relaxar nos seus compromissos espirituais. Mas entendemos que esta relação precisa
ser saudável, consciente, reflexiva e não baseada em temores ou caracterizada por
um ativismo, onde a preocupação maior é realizar quantitativamente, produzir apenas.
Não queremos, contudo, fazer apologia da deserção, nem incentivar ninguém a
relaxar nos seus compromissos espirituais. Mas entendemos que esta relação precisa
ser saudável, consciente, reflexiva e não baseada em temores ou caracterizada por
um ativismo, onde a preocupação maior é realizar quantitativamente, produzir apenas.
A religiosidade que o Espiritismo nos propõe não é a do tipo devocional e
contemplativo, mas relacional e operativa, isto é, melhorando nossas relações
interpessoais, estamos crescendo de dentro para fora, dando de nós mesmos aos que
nos cercam.
O Centro Espírita facilita-nos esse processo, na medida em que se constitui
num campo propício para esse exercício de convivência fraterna. Nele estimulamos e
somos estimulados, criamos laços de amizade verdadeira, temos um campo imenso
de trabalho, mas ninguém afirma que fora dele alguém não possa se realizar,
melhorar-se e contribuir para uma sociedade mais justa e feliz.
Estimulemos a participação dos companheiros, auxiliemo-nos uns aos outros,
todavia, evitemos julgar, não apenas os que se afastam, mas também os que
permanecem. O julgamento adequado compete a Deus e este, até onde
compreendemos, é uma fonte perene de estímulos e não de censuras.

(Cezar Braga Said. Reformador, novembro/2006)


MÓDULO IV
CONVIVER NA CASA ESPÍRITA
(TERÇA, 03/03/2014 – 8h30 às 12h00)
OBJETIVOS
1. Criar espaço para exercitar a convivência fraterna na Casa Espírita.
2. Compreender a necessidade de humanização da Casa Espírita.
3. Fortalecer o exercício coerente da Doutrina Espírita no convívio social.

CONTEÚDOS

1. Trabalho, Solidariedade e Tolerância: pontos essenciais para o desenvolvimento do MOVESP.


2. “Conhece-te a ti mesmo”:
a) Educação e Humanização.
b) Revivência do sentimento cristão.
c) Vencendo o personalismo.
3. Dinamização do inter-relacionamento na Casa Espírita:
a) Diálogo;
b) Tolerância;
c) Compreensão;
d) Ética.
4. Unificação pelo exercício do amor.
Metodologia
8h30 – 9h Integração com a equipe Alegria e/ou coordenadores. Mensagem e prece
iniciais.
9h – 9h30 Dinâmica: A frase secreta
9h30 – 10h Socialização
10h – 10h30 Lanche
10h30 – 11h30 Estudo de texto
11h30 – 12h15 Plenária: Espiritizar, qualificar, humanizar.
12h15 – 12h30 Avisos e prece de encerramento.

RECURSOS DIDÁTICOS

1. Etiquetas adesivas
2. Texto de apoio
3. Papel e caneta por participante

TEXTOS

1. Mensagem inicial: O Centro Espírita

Centro de Espiritismo Evangélico, por mais humilde, é sempre um santuário de


renovação mental na direção da vida superior. Nenhum de nós que serve, embora
com a simples presença, a uma instituição dessa natureza, deve esquecer a dignidade
do encargo recebido e a elevação do sacerdócio que nos cabe. Nesse sentido, é
sempre lastimável duvidar da essência divina da nossa tarefa. O ensejo de conhecer,
iluminar, contribuir, criar e auxiliar, que uma organização nesses moldes nos faculta,
procede invariavelmente de algum ato de amor ou de alguma sementeira de simpatia
que nosso espírito, ainda não burilado, deixou a distância, no pretérito escuro que até
agora não resgatamos de todo. Um centro espírita é uma escola onde podemos
aprender e ensinar, plantar o bem e recolher-lhe as graças,aprimorar-nos e
aperfeiçoar os outros, na senda eterna. Quando se abrem as portas de um templo
espírita-cristão ou de um santuário doméstico, dedicado ao culto do Evangelho, uma
luz divina acende-se nas trevas da ignorância humana e através dos raios benfazejos
desse astro de fraternidade e conhecimento, que brilha para o bem da comunidade, os
homens que dele se avizinham, ainda que não desejem, caminham, sem perceber,
para a vida melhor.

(Emmanuel [psicografia de Francisco Cândido Xavier] Sessão pública, no Centro


Espírita “Luís Gonzaga”, em Pedro Leopoldo, na noite de 10/4/1950.)
Fonte: Reformador de janeiro de 1951, p. 9 (5).

2. Texto de apoio: Espiritizar, qualificar, humanizar (Divaldo Pereira Franco)

“Joanna de Ângelis, fazendo uma análise da nossa Casa, o Centro Espírita


Caminho da Redenção, faz três anos, propôs-nos novas diretrizes para o Centro
Espírita onde mourejamos. Essas diretrizes ela apresentou em três verbos: Espiritizar,
Qualificar, Humanizar.
Pode parecer um absurdo espiritizar o Centro Espírita e um tanto paradoxal. No
entanto, há Centro Espírita que só tem o rótulo mas não tem espiritismo. Vamos por
partes, porque é muito delicado.
Fui convidado a proferir uma conferência em um Centro Espírita no sul do país.
Normalmente, quando recebo convite, não atendo, porque pode ser entusiasmo da
pessoa.
No segundo convite eu digo: “para o ano, volte a escrever.” Isso é para ver se a
pessoa está mesmo interessada. Para o ano a pessoa volta a escrever e eu digo:
“para o ano, na programação, nós vamos agendar.”
E, naquela Casa, fui postergando por um período de seis a oito anos, por falta
de tempo, até que o presidente insistiu tanto que fiquei constrangido e dei um jeito.
Disse-lhe, na carta: “mande-me as datas que lhe são ideais e eu escolherei aquela
compatível com minha programação.” Estabelecemos a data e por seis meses
correspondemos-nos e tudo foi muito bem.
No dia marcado cheguei à cidade e fui a uma bela instituição. Edifício
monumental. Uma grande sala. Quando cheguei à porta, fui recebido por uma
comissão muito gentil e estabeleceu-se o seguinte diálogo:
– Senhor Divaldo, o Presidente pede desculpas por não ter podido vir receber o
Senhor.
Eu disse: “é muito natural, não há problema.”
– Aqui está o Vice-Presidente, o Secretário, o Tesoureiro, e nós desejamos
recebê-lo, porque o nosso Presidente está, no prédio vizinho, fazendo cromoterapia.
– “Eu não sabia que ele era cromoterapeuta,” falei. “Ele é profissional,
naturalmente?”
– “Não! Ele é espírita”, responderam-me.
– Deixe-me ver: ele é o Presidente do Centro e é o presidente da
cromoterapia? Ele me convidou para vir aqui durante oito anos. Marcou a data e foi
fazer a cromoterapia!
– É porque a cromoterapia é muito importante. Está salvando milhares de vida.
– Que graça! Eu sempre pensei que o Espiritismo está salvando milhões de
vidas.
Será esta a imagem de um Centro Espírita? Em absoluto. O Centro Espírita não tem
que se envolver com nenhuma terapia alternativa. É até um desrespeito, porque o
cromoterapeuta é alguém que estudou. Ele tem sua clínica e o Centro Espírita não se
pode transformar numa clínica alternativa.
É lugar de transformação moral do indivíduo, onde se viaja ao cerne do
problema para arrancá-lo. Se transformarmos um Centro Espírita em uma clínica, para
lá vão pessoas aturdidas. Qualquer coisa esdrúxula que anunciemos no jornal haverá
uma massa incontável que adere por necessidade de pedir socorro.
Mas o Espiritismo não ilude, não mente e nem posterga a ação, porque ele é
herança de Jesus. E Jesus, com todo o amor, dizia a verdade. Seja o nosso falar: sim,
sim, não, não, conforme Ele o fazia. Não iremos dizer de forma grotesca ou agressiva,
mas iremos dizer de uma forma verdadeira. É melhor, às vezes, perder o amigo agora
porque não conivimos e o termos depois, do que o apoiarmos e o perdermos em
definitivo, quando ele notar a nossa fraude.

ESPIRITIZAR

Então, Joanna de Ângelis manda Espiritizar. Tenho ouvido oradores em casas


Espíritas apresentarem temas maravilhosos, mas que não são nada espíritas. Temas
que podem narrar no Rotary, na Maçonaria, no Lions, numa reunião social. Na Casa
Espírita pode-se abordar qualquer tema, à luz do Espiritismo. Fazer as conotações
espíritas.
Se aconteceu uma tragédia na cidade vamos examiná-la, à luz do Espiritismo.
Está no momento da clonagem. Vamos falar sobre clonagem, à luz da Doutrina
Espírita. Está nos noticiários a corrupção. Vamos falar sobre a corrupção e a terapia
Espírita.
Infelizmente não está ocorrendo isso. Convida-se, às vezes, oradores
admiráveis, fascinantes, porém, totalmente deslocados. Palestras que se pode ouvir
em qualquer lugar.
Na Casa Espírita vão as pessoas atormentadas, buscando consolação, com a
alma despedaçada pela morte de seres queridos e, se ouvem uma coisa que nada tem
a ver com a proposta da Doutrina Espírita, saem desoladas. Agindo assim, estaremos
fraudando a proposta do Espiritismo.
Temos visto congressos espírita – não é crítica, é análise – em que se aborda
Terapia pela dança. É uma maravilha. Mas não num congresso espírita. Vamos fazer
isso num congresso de Yoga, que respeitamos muito, ou num congresso de
psicoterapia e então coloquemos música, metais, cristais, mas não num congresso
espírita.
Ah! É porque nossos irmãos estão doentes, justificam. Nesse caso, falemos
das causas das doenças. Das causas anteriores das aflições. Das causas atuais das
aflições.
A terapia da dança podemos encontrar em qualquer setor do mundo social,
respeitável e nobre. Mas quando vamos à Casa Espírita, esperamos encontrar a
proposta espírita.
O Centro Espírita tem que ser o lugar de Doutrina Espírita.
Daí o Centro Espírita tem que ser espiritizado. É a proposta de Joanna de
Ângelis.
QUALIFICAR

A segunda vertente de sua proposta é Qualificar.


Vivemos hoje a época da qualidade total. Qualificação é indispensável. Nós, às
vezes vamos à Casa Espírita com nossos hábitos ancestrais, o que é natural. Mas o
fato de entrarmos na Casa Espírita não muda nossa existência. Levamos a nossa
qualificação muitas vezes empírica, singela, e vamos exercer certas funções para as
quais não estamos qualificados.
Vemos, por exemplo, um literato, que não entende absolutamente de
contabilidade, sendo o tesoureiro do Centro. Vamos ver o indivíduo aplicando a terapia
dos passes, mas que, de maneira nenhuma se preparou para isso. Vamos ver no
atendimento fraterno uma pessoa que tem muito bom coração, mas não tem o menor
tato psicológico.
Temos que qualificar-nos.
O que é qualificar? É adquirir características essenciais, típicas das finalidades
que vamos exercer na vida prática.
Se eu, por exemplo, quero dedicar-me ao atendimento fraterno, devo fazer um curso.
Por isso, os Centros Espíritas devem estar vinculados ao chamado movimento
organizado, porque as nossas Casas Federativas dispõem de equipes para nos
esclarecer, para nos informar, para ministrar cursos.
Quando vemos, por exemplo, a Federação Espírita do Paraná (FEP), oferecer-
nos o jornal Mundo Espírita por um preço irrisório, que muitos ainda não pagam,
chegar às nossas mãos todo o mês, com pontualidade, trazendo-nos mensagens
libertadoras de consciência, comovo-me com esse trabalho.
Se ligarmos o rádio, aí está um programa de orientação espírita, o Momento
Espírita, já transmitido por uma cadeia de rádios em várias cidades do País. Seria
interessante se cada um dos senhores, nas suas cidades, entrassem em contato com
a FEP e, ao invés de fazer programa de rádio sem nenhuma habilidade, sem
qualificação, colocassem o programa que é transmitido em Curitiba, que é de
excelente qualidade, narrado por pessoa qualificada, desde a voz, uma voz agradável,
muito bem empostada. É uma mensagem muito bem trabalhada, apresentando várias
conotações para o enriquecimento das pessoas espíritas e não espíritas.
Muitas pessoas confundem qualificação com elitismo. E as pessoas dizem:
“está elitizando!”.
Minha mãe era analfabeta e eu dialogava com ela. Qualificamo-la. Ela tornou-
se uma excelente bordadeira, uma excelente cozinheira. Conheço tanta gente
instruída que não sabe enfiar a linha na agulha e que não sabe pregar um botão.
Daí, meus amigos, qualificar não é elitizar, não é intelectualizar. É equipar de
recursos para fazer bem aquilo que gostaria de fazer. Evitar o aventureirismo.

HUMANIZAR

Humanizar é fazer com que nós, de vez em quando, tornemos à nossa


simplicidade, ao nosso bom humor, ao nosso lado humano. A vida nos impõe rotinas
e, quando menos esperamos, estamos fazendo aquilo rotineiramente, sem emoção.
Nós nos transformamos em máquinas.
Visitei uma instituição e uma senhora me disse assim: “Ah! Irmão Divaldo, não
aguento mais. Estou cansada de fazer caridade. Eu não aguento mais, é tanto pobre”.
Eu disse: “minha filha, então deixe”.
Ela: “O Senhor está me mandando deixar de fazer a caridade?”
Eu disse: “Não, eu estou mandando você descansar, porque a caridade está
lhe fazendo mal. Já imaginou a caridade fazer mal a quem a faz? Algo não está
funcionando! Ou você está exibindo-se sem o sentido de caridade, me perdoe a
franqueza, pois quero lhe ajudar, ou você está saturada. Faça uma pausa”.
Ela: “O que será dos pobres?”
Eu: “Minha filha, eles são filhos de Deus. Antes de você chegar Deus já tomava
conta. Você está só dando uma mãozinha para você, não para eles, porque, afinal,
isso aqui nem é caridade, é paternalismo. Você está mantendo muita gente na miséria,
que já podia estar libertada, porque você me disse que já atendeu a avó, a filha e
agora está atendendo a neta. Como é que você conseguiu manter na miséria três
gerações? Que a avó e a filha fossem pobres necessitadas, é aceitável, mas a neta já
teríamos que libertar da miséria de qualquer jeito. Colocando-a na escola, equipando-
a, arranjando-lhe trabalho. Isso não é caridade. Está lá no Evangelho: “Transformai as
vossas esmolas em salário”.
Então, repouse um pouco. É uma rotina. Você quer abarcar um número de
pessoas que você não pode abraçar. Diminua. Faça com qualidade e procure fazer em
profundidade. Faça o bem.
Nós não podemos salvar o mundo e perder a nossa alma. A tese é de Jesus
Cristo: “Que vos adianta salvar o mundo e perder-se a si mesmo!” Nós não estamos
aqui para salvar o mundo. Estamos aqui para salvar-nos e ajudar o mundo para que
cada um nele se salve.
Então, humanizar é neste sentido. É esta proposta de voltarmos a ser gente.
Não ficarmos nos considerando muito importantes. O Presidente do Centro, o dono do
Centro, o super-médium, a pessoa mais formidável do século. Voltarmos às nossas
origens. A simplicidade de coração, a afabilidade, a doçura (textos do Evangelho
Segundo o Espiritismo), a cordialidade, o bom trato.
Se o doente é insistente, se o pobre é impertinente, nós estamos ali porque
queremos. Não foi o pobre que pediu para nós irmos lá. Nós é que nos oferecemos.
Então temos a escusa de estarmos cansados, de estarmos irritados. “Eu também
tenho problemas”.
Então vá resolver seus problemas. Não os traga para a Casa Espírita. E notem
que esta tríade está perfeitamente de acordo com o pensamento kardequiano:
trabalho, solidariedade e tolerância.
Qual é o trabalho? ESPIRITIZAR-SE. O trabalho de adquirir o conhecimento
espírita, de perseverar no estudo. Minha mãe era analfabeta. Eu lia para ela,
estudava, comentava. Ela acompanhava. Aprendeu a Doutrina Espírita dentro dos
seus limites.
Solidariedade. QUALIFICAR-SE, para servir melhor, para ser mais solidário.
Tolerância: ser mais HUMANO. Quando somos mais humanos, somos
tolerantes. E esta tríade não é propriamente de Allan Kardec. Ele a tirou de Pestalozzi,
seu professor, que tinha como base educacional três palavras: trabalho, solidariedade
e perseverança. Allan Kardec, que foi seu discípulo, tomou a tríade e adaptou-a,
substituindo perseverança por tolerância.
Assim, o Centro Espírita é a nossa oficina. Quando nós entramos na Casa
Espírita devemos sentir os eflúvios do amor, da fraternidade. Não é o lugar dos
conflitos, das picuinhas, das nossa dificuldades, das nossas diferenças, que nós as
temos, mas das nossas identidades, das nossas compreensões, do nosso esforço
para sermos melhor.
Daí a nova proposta do Centro Espírita: voltar às bases do pensamento de
Allan Kardec. Reviver o trabalho, a solidariedade e a tolerância. Sermos realmente
irmãos.
Esta é a nossa família ampliada. Se entre aqueles com os quais compartimos
ideias, que são perfeitamente consentâneas com as nossas, nós temos dificuldades
de relacionamento, como é que iremos nos relacionar com o mundo agressivo, com a
sociedade que não nos aceita, com aqueles que nos hostilizam, com aqueles que nos
perseguem?
O Centro Espírita é o lugar onde nós treinamos as virtudes básicas: a fé, a
esperança e a caridade.

Fonte: Federação Espírita do Paraná.

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