O Policial A sua mãezinha que chora Conta dez, conta onze
João Pantaleão Gonçalves Leite Por que meu papai demora? E aquela placa de bronze, Estou com saudades demais Nunca um abraço lhe deu Há gente que ainda não sabe O que a Polícia significa Quero expandir os meus dias Vejamos a outra face Por maldade a crítica Com forte beijo em sua testa Em que meu nome figura, Sem conhecer a verdade Para depois cantar em festa É sem placa sem gravura A linda canção dos pais Não tombei porque Deus não quis E nesta oportunidade Parafraseando os doutores Sim, meu filho adorado Senhores aquilo que fiz A Polícia meus senhores Hoje é o Dia dos Pais Foi sem rancor e sem maldade É o exército da sociedade Mas o teu não volta mais Para dar paz a sociedade Você tem que compreender Eu tive um golpe infeliz Para proteger vos dar sossego Lutamos de fronte erguida É triste mas vou dizer Numa noite negra fria Arriscamos nossa vidas O teu Pai minha flor querida Chovia torrencialmente Para proteger as vossas Ontem perdeu a vida Fui chamando de repente No cumprimento do dever Para atender a ocorrência E gente ainda faz troças Quando somos pisoteados E o filho nada entende Deixei com paz a paciência Dão razões aos renegados Do que a mãezinha lhe diz O mundo alto que dormia As razões que eram nossas Continua bem feliz Quando o baixo se divertia Esperando o amado pai Nos vapores da violência Essa gente erra senhores Quando não erram se enganam O sol desmaia, a noite cai Procurando manter a ordem Pois errar é coisa humana Venta muito, é mês de outono Fui em busca de um delinqüente Quando o engano não vem E o pequeno sente o sono Que furioso violentamente E o bercinho lhe atrai Quis roubar a vida minha Se o policial errar também Há sempre alguém que o entrega Noutro dia de manhã Mas, a sua sorte foi mesquinha E finge que não enxerga Faz perguntas sem receio Não completou o arramate Quando ele pratica o bem Mamãe, papai já veio E eu para não ficar no combate Mas de repente se cala. Usei dos meios que tinha Somos aquele alvo humano Das armas dos delinquentes Esmorece perde a fala Vejam meus senhores Estamos sempre presentes Ao ver o pai do coração A situação que fiquei Nos combates contra o mal De mãos postas no caixão Contra a vontade matei Sobre a mesinha da sala Para salvar a minha vida Somos a guarda social Desta batalha renhida Neste momento compreende E desta luta renhida Arriscar à própria vida Ao ver a sala tão triste Recebi como troféu É o lema do Policial Seu peitinho não resiste Tormento num banco de réu Dos olhinhos rola o pranto Julgado por homicida O Policial que é casado Não vive para a família Pois o pai que o queria tanto, Mas diante de sete homens Sem poder ao filho ou a filha Lhe deixou na solidão Foi revivido meu drama Dar um pouco de carícias Foi cumprir outra missão E Deus Pai Divino que ama Com destino ao Campo Santo Iluminou mente por mente Do lar não colhe delícias Porque na cidade ou no morro E o pequenino fica tristonho E perante o povo presente Há sempre um grito de socorro Com os olhos rasos d’água Guiou o desfecho final Chamando pela Polícia Fica enxugando sua mágoa E num silêncio total, Que um delinqüente causou Ouve-se o magistrado: Quando sai em diligência "Declaro o réu inocente" Despede-se dos filhos seus A herança que lhe restou Vai com Deus, papai, vai com Deus Foi uma placa com a gravura Sendo assim eu peço à Deus Lhe diz o filho querido "Honra ao mérito por bravura" Que apague o que aconteceu Que o próprio tempo gravou E faça mais do que eu Depois então tem se lido Um policial de retorno Em manchete de jornal E hoje com sua mãe Foi morto um policial Nos dedinhos vai contando Que diga ele de novo Ao prender um foragido Os anos que vão passando À grande massa social E o tempo que o pai morreu Que o braço do Policial É a segurança do povo.