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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

FACULDADE DE DIREITO

FELIPE BRUNO GUALBERTO DE ARAGÃO

PROVA TESTEMUNHAL

GOIÂNIA
2018
SUMÁRIO

1 – INTRODUÇÃO............................................................................................. 03
2 – PROVA TESTEMUNHAL............................................................................ 04
2.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS........................................................ 04
2.2 – CABIMENTO DA PROVA TESTEMUNHAL.................................. 05
2.3 – CAPACIDADE PARA TESTEMUNHAR........................................ 06
2.4 – DIREITO AO SILÊNCIO................................................................ 09
2.5 – PRODUÇÃO DA PROVA TESTEMUNHAL.................................. 09
2.6 – INTIMAÇÃO DAS TESTEMUNHAS ARROLADAS...................... 12
2.7 – INQUIRIÇÃO DAS TESTEMUNHAS............................................ 12
2.8 – OUTRAS GARANTIAS DAS TESTEMUNHAS............................ 14
3 – CONCLUSÃO............................................................................................ 16
4 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 17
1 – INTRODUÇÃO

A prova é encarada como o meio pelo qual as partes podem possibilitar a


comprovação de suas alegações levadas à juízo. No Direito Processual Civil é
um dos temais de maior relevância, tendo em vista que o juiz necessita examinar
a verdade dos fatos alegados para formar o seu convencimento a respeito dos
fatos controvertidos que tenham relevância para o processo e, assim, decidir o
caso de maneira adequada.

A prova testemunhal, nesse sentido, figura como um dos principais meios


de prova, tendo se colocado ao longo dos anos como o principal. Hoje, no
entanto, apesar de sua grande relevância, perde espaço ante à prova
documental; não sendo capaz, via de regra, de decidir sozinha uma lide. Porém,
é sim um importante meio de prova, capaz de trazer a veracidade de muitos fatos
alegados, principalmente daqueles que não sejam passíveis de comprovação
pela via documental, ou ainda, podendo servir como um importante meio prova
quando acompanhada de início de prova escrita.

Nesse contexto, o presente trabalho tem a intenção de discorrer sobre a


prova testemunhal sob a ótica do Direito Processual Civil, abordando temas
relativos ao cabimento desse meio de prova, da capacidade para testemunhar,
da produção da prova testemunhal e da forma como se dá a intimação e a
inquirição das testemunhas, além de tratar sobre alguns deveres, direitos e
garantias das testemunhas. É o que se abordará a seguir.
2 – PROVA TESTEMUNHAL

2.1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Antes de tudo, prova testemunhal é um meio de prova, o qual é produzido


em juízo através de um terceiro. Sendo assim, não se entende como prova
testemunhal a declaração fornecida por uma das partes envolvidas no processo,
sendo em realidade um depoimento pessoal quando produzida nessas
condições. Segundo Fredie Didier Jr., “testemunha é uma pessoa, distinta de um
dos sujeitos processuais, que é chamada a juízo para dizer o que sabe sobre o
fato probando” (DIDIER, 2015).

De modo geral, entende-se a prova testemunhal como a declaração de


alguém exterior ao fato ocorrido que tenha presenciado a cena. Essa concepção
está correta, porém restringe em muito o que de fato seja a prova testemunhal,
afinal, além disso, a prova testemunhal é a narração do fato ocorrido a partir das
impressões do indivíduo lá presente apreendidas por meio de todos os sentidos
humanos, como o olfato e a audição, e não somente da visão.

Esse entendimento coaduna com a recente tendência no que toca à


capacidade para testemunhar, pois, apesar de se reconhecer a pessoa cega e a
surda como incapazes para testemunhar, considera-se que esses indivíduos
poderão testemunhar o que apreenderam a partir dos sentidos que não lhes
faltam, como a audição no caso da pessoa cega e a visão no caso do surdo.

Além do mais, reconhece-se como testemunha não somente a pessoa


que presenciou o fato ocorrido, mas também aquela que dele tomou
conhecimento através da declaração de outro indivíduo que o tenha presenciado
ou daquela que tenha sido mencionada no depoimento de uma das testemunhas
arroladas como alguém que detenha informações relevantes sobre o fato
ocorrido. Nesses casos, a pessoa que presenciou o fato é chamada de
testemunha presencial, a pessoa que dele tomou conhecimento a partir de
indivíduos que o tenham presenciado é chamada de testemunha de referência e
o indivíduo que tenha sido citado por outras testemunhas por deter informações
relevantes acerca do caso é chamada de testemunha referida.
A prova testemunhal ocupa um papel de grande relevância no direito
brasileiro, porém tem perdido a primazia que detinha em tempos anteriores, ante
a maior valorização que tem sido dispensada às provas documentais. Tal fato
pode ser avaliado como positivo, tendo em vista que a prova testemunhal não é
inteiramente confiável, afinal, a testemunha narrará o fato ocorrido a partir do
que apreendeu por meio de seus sentidos, podendo ter apreendido de um modo
um pouco distante do que realmente aconteceu. Além do mais, pode ter a
intenção deliberada de distorcer os fatos ocorridos a fim de prejudicar ou
beneficiar uma das partes envolvidas no processo ou de distorcer os fatos, até
mesmo, de um modo inconsciente, tendo em vista que o seu ânimo no momento
do ocorrido ou em relação às partes do processo pode prejudicar a sua
percepção dos fatos.

2 – CABIMENTO DA PROVA TESTEMUNHAL

O enunciado do art. 442 do Código de Processo Civil/2015 prevê que “a


prova testemunhal é sempre admissível, não dispondo a lei de modo diverso”.
Disso se extrai que a regra no que toca à prova testemunhal é de que será
sempre admissível, salvo nos casos em que a lei faça restrições. Os casos
restringidos por lei são previstos logo em seguida, no art. 443 do mesmo
dispositivo legal; são eles os fatos já provados por documento ou confissão da
parte e os fatos que puderem ser provados por documento ou exame pericial
que dispensem a prova testemunhal.

Em outros casos, como naqueles em que a lei exigir prova escrita da


obrigação, a prova testemunhal é cabível apenas quando houver início de prova
por escrito provindo da parte contra a qual se pretenda produzir a prova. Há
previsão, ainda, acerca da admissibilidade de prova testemunhal quando o
credor não pode ou não podia, moral ou materialmente, obter a prova escrita da
obrigação, como nos casos que envolvam parentesco, o depósito necessário, a
hospedagem em hotel ou em razão das práticas comerciais do local no qual foi
contraída a obrigação.
3 – CAPACIDADE PARA TESTEMUNHAR

Em regra, todos possuem capacidade para testemunhar, apesar disso,


existe alguns impedimentos legais nesse sentido. Segundo o Código de
Processo Civil, não podem depor como testemunhas os incapazes, os impedidos
e os suspeitos. Esta previsão se encontra no art. 447 do referido diploma legal.

Para efeitos deste dispositivo legal, os incapazes são: o interdito por


deficiência mental, o indivíduo que tenha sido acometido por enfermidade ou
retardo mental ao tempo em que ocorreram os fatos, tendo havido prejudicada a
sua capacidade de discernir os fatos ocorridos, ou ainda, o indivíduo que tenha
sido acometido ao tempo em que deve depor tendo sido impedido de transmitir
as suas percepções do ocorrido. Também são incapazes, os menores de 16
anos e o cego e o surdo quando a ciência do fato depender dos sentidos que
lhes faltam.

O diploma legal reconhece também a incapacidade de testemunhar do


cônjuge, do companheiro, ascendente, descendente em qualquer grau e do
colateral, até o terceiro grau, de algumas das partes, por consanguinidade ou
afinidade, salvo se o exigir o interesse público ou, tratando-se de causa relativa
ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova que o juiz repute
necessária ao julgamento do mérito. Esses indivíduos são reconhecidos como
impedidos de testemunhar. Além dos supramencionados, existe outros
indivíduos impedidos, é o caso do indivíduo que é parte na causa, o que intervém
em nome de uma parte, como o tutor, o representante legal da pessoa jurídica,
o juiz, o advogado e outros que assistam ou tenham assistido as partes.

Mencione-se, ainda, os indivíduos suspeitos, os quais também são


impedidos de testemunhar. Nesse sentido, suspeitos são o inimigo da parte ou
o seu amigo íntimo e o que tiver interesse no litígio. Desse modo, todo os
indivíduos que se enquadrem em uma dessas situações serão considerados
suspeitos e, por isso, não poderão ser testemunhas.

Apesar das referidas restrições quanto à capacidade para testemunhar, se


considerado necessário, o juiz poderá admitir o depoimento das testemunhas
menores, impedidas ou suspeitas, observando, porém, que os depoimentos
prestados não terão a mesma força probante que teria o depoimento prestado
pelas pessoas com capacidade para testemunhar. O que se dará, porém, é que
o juiz atribuirá o valor que julgar merecido aos depoimentos prestados.

A despeito disso, a Lei 13.146/2015, também conhecida como Estatuto da


Pessoa com Deficiência, dispõe em sentido contrário de algumas dessas
previsões do Código de Processo Civil ao revogar dispositivos do art. 228 do
Código Civil. Nesse caso, apesar de não ter revogado expressamente as
disposições do Código de Processo Civil, pode-se dizer que se tratou de
revogação implícita, pois o Estatuto da Pessoa com Deficiência veio
posteriormente ao Código de Processo Civil de 2015, considerando-se como
revogados os dispositivos do Código de Processo Civil que tenham conteúdo
igual aos dispositivos do Código Civil revogados.

Nesse diapasão, apesar das disposições do Código de Processo Civil aqui


expostas, não se considera como incapaz para testemunhar, de modo absoluto,
o interdito por deficiência mental, ou, ainda, o indivíduo que tenha sido acometido
por enfermidade ou retardo mental ao tempo em que ocorreram os fatos, tendo
havido prejudicada a sua capacidade de discernir os fatos ocorridos, é o caso
também do indivíduo que tenha sido acometido por retardo ou deficiência mental
ao tempo em que deve depor tendo sido impedido de transmitir as suas
percepções do ocorrido. Diz-se que tal entendimento se fez acertadamente, em
virtude de se reconhecer a dignidade da pessoa com deficiência no sentido de
inseri-la na sociedade, reconhecendo a sua capacidade para testemunhar
quando assim a tiver.

Quanto aos impedidos de testemunhar, o § 2º do art. 447 prevê como


impedidos o cônjuge, o companheiro, bem como o ascendente e o descendente
em qualquer grau, ou o colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por
consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público ou, tratando-
se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a
prova que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito; também é impedido
o que é parte na causa e o que intervém em nome de uma parte, como o tutor
na causa do menor, o representante legal da pessoa jurídica, o juiz, o advogado
e outros que assistam ou tenham assistido as partes. No que toca aos suspeitos
de testemunhar, o § 3º do mesmo artigo institui como suspeitos o inimigo da
parte ou o seu amigo íntimo e o que tiver interesse no litígio.

Cumpre lembrar que o rol de impedidos e suspeitos para testemunhar é


restritivo, não comportando situação além das previstas em lei. É o que demostra
a decisão relativa ao Agravo de Instrumento 11679566 PR 1167956-6 do
Tribunal de Justiça do Paraná TJ-PR que se deu em sentido de não reconhecer
a incapacidade para testemunhar da funcionária da parte que a arrolou como
testemunha.

AGRAVO DE INSTRUMENTO 1.167.956-6, DA 1.ª VARA CÍVEL


DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIÃO
METROPOLITANA DE CURITIBA AGRAVANTE: SCA
INDÚSTRIA DE MÓVEIS LTDA.AGRAVADO: CÉSAR ALOISIO
DIEHL INTERESSADA: L’ ARTE CUICINE COMÉRCIO DE
MÓVEIS LTDA.RELATOR: DES. FÁBIO HAICK DALLA
VECCHIAEMENTAPROCESSUAL CIVIL. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. TESTEMUNHA. FUNCIONÁRIA DA PESSOA
JURÍDICA QUE REQUEREU A PROVA. FATO QUE, POR SI
SÓ, NÃO VEDA O DEPOIMENTO. RECURSO CONHECIDO E
PROVIDO.

1. O fato de a pessoa arrolada como testemunha ser funcionária


da parte que requereu a produção dessa prova não a veda
de depor, consoante o art. 405 do CPC, pois, por si só, não
a torna incapaz, impedida ou suspeita, conforme se conclui
da leitura dos parágrafos 1.º, 2 e 3.º do mesmo dispositivo
legal. Ademais, tal circunstância também não a permite fazer
afirmação falsa, calar ou negar a verdade, sob pena de
cometimento do crime de falso testemunho, previsto no
art. 342 do Código Penal brasileiro.

2. Recurso conhecido e provido.

Apesar da vedação legal quanto ao testemunho de incapazes, impedidos


e suspeitos, caso considere necessário, o juiz poderá admitir o depoimento das
testemunhas menores, impedidas ou suspeitas. O que irá se diferenciar nesse
caso será o valor atribuído aos depoimentos prestados, o qual será decidido
pelo juiz; ademais, o depoimento dessas pessoas será prestado
independentemente de compromisso .
4 – DIREITO AO SILÊNCIO

O art. 448 do Código de Processo Civil reconhece o direito ao silêncio ao


dispor que a testemunha não é obrigada a depor sobre os fatos “que lhe
acarretem grave dano, bem como ao seu cônjuge ou companheiro e aos seus
parentes consanguíneos ou afins, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau”,
além deste caso, também prevê ao indivíduo o direito ao silêncio sobre os fatos
“a cujo respeito, por estado ou profissão, deva guardar sigilo”.

Sobre o assunto, a decisão acerca do Agravo de Instrumento


20140020211668 DF 0021303-16.2014.8.07.0000 do Tribunal de Justiça do
Distrito Federal e Territórios TJ-DF traz a lume a questão, nos seguintes termos:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSO CIVIL. CRIME


FALIMENTAR. AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO.
ARROLAMENTO DE SÓCIOS COMO TESTEMUNHA. DIREITO
AO SILENCIO. POSSIBILIDADE DE AUTO INCRIMINAÇÃO.
ADVERTENCIA. EXCLUSÃO DE ALERTA DE QUE O
SILENCIO PODE CONFIGURAR CRIME DE FALSO
TESTEMUNHO.

1. O direito ao silêncio em situações que podem acarretar a auto


incriminação é garantia prevista na Constituição Federal e no
Pacto de São José da Costa Rica, artigo 8º.

2. Se no processo civil há a investigação de possível crime que


possa culminar em persecução penal, os sócios da empresa,
arrolados como testemunha, podem manter-se silentes, não se
verificando, com isso, a incursão em crime de falso testemunho.

3. Recurso conhecido e parcialmente provido. Decisão


parcialmente reformada.

5 – PRODUÇÃO DA PROVA TESTEMUNHAL

A prova testemunhal se trata de ato processual interno. De modo geral,


deverá ser produzida perante o juiz da causa durante a audiência de instrução e
julgamento, sendo realizado na sede do juízo. Fundamenta-se para tal nos
artigos 449 e 453 do Código de Processo Civil. Há, porém, alguns casos que não
se enquadram nessas regras, colocando-se como exceções.

É o caso da produção antecipada da prova, na qual, é possível a colheita


de prova testemunhal antes da audiência de instrução e julgamento. Há,
também, a possibilidade de a testemunha ser ouvida por outro juiz, que não o
juiz da causa, no caso de o testemunho ser objeto de carta arbitral, precatória ou
de ordem.

No que toca à regra que institui a obrigatoriedade da produção da prova


testemunhal se dar na sede do juízo, o § 1° do art. 453 prevê a possibilidade de
ocorrer a oitiva de testemunha através de videoconferência no caso de residir
em comarca, seção ou subseção judiciárias diversas daquela onde tramita o
processo. Nesse caso, a videoconferência é uma alternativa à expedição de
carta precatória ou de ordem para inquirição presencial, visando à
desburocratização do procedimento, em consonância com o princípio da
eficiência.

Outro caso no qual será aceita a produção da prova testemunhal fora da


sede do juízo está previsto no art. 449 do Código de Processo Civil: se dará no
caso de a testemunha estar impossibilitada de deslocar-se e comparecer em
juízo, seja por doença, seja por outro motivo relevante, mas não impossibilitada
de prestar depoimento, caso em que o juiz designará dia, hora e local para
inquiri-la.

É importante fazer menção, também, ao fato de que há uma fase


preparatória na produção da prova testemunhal. Nela, as partes interessadas na
produção da prova testemunhal deverão arrolar as testemunhas conforme as
orientações dadas pelo art. 450 do Código de Processo Civil, o qual enuncia o
seguinte: “o rol de testemunhas conterá, sempre que possível, o nome, a
profissão, o estado civil, a idade, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas
Físicas, o número de registro de identidade e o endereço completo da residência
e do local de trabalho”. Da expressão que se faz presente no artigo mencionado,
“sempre que possível”, temos que o não cumprimento de todos os requisitos
exigidos não importará peremptoriamente em invalidade do ato, consagrando-se
assim o princípio da instrumentalidade das formas.

No que concerne à motivação do arrolamento prévio, Daniel Amorim


Assumpção Neves traz uma explanação muito esclarecedora:

A necessidade de arrolamento prévio do rol de


testemunhas tem como principal função preservar o
princípio do contraditório, permitindo que a parte contrária
tenha conhecimento prévio de quais as testemunhas serão
ouvidas na audiência. Apesar de parcela doutrinária
afirmar que o arrolamento prévio tem dupla finalidade –
permitir a intimação e preservar o contraditório –, o
essencial é preservação do contraditório, porque, mesmo
quando a parte dispensa a intimação, continua a ser
obrigatório o arrolamento (NEVES, 2017).

Quanto ao prazo para apresentação do rol de testemunhas, deverá ser


feito em prazo não superior a 15 dias do saneamento e organização do processo.
Contudo, quando a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de
direito, caberá ao juiz designar audiência para que o saneamento seja feito em
cooperação com as partes, quando então deverá ser apresentado o rol de
testemunhas. Tendo feito isso, o art. 451 do CPC dispõe que a parte poderá
substituir as testemunhas arroladas apenas em alguns casos restritos, como no
caso de falecimento da testemunha, em caso de não ter condições de depor em
virtude de enfermidade ou em caso de não ter sido localizada pelo oficial de
justiça em razão de ter se mudado de residência ou de local de trabalho.

Outro ponto de interesse é o limite de testemunhas que poderão ser


arroladas no processo. No que concerne a isso, o § 6o do art. 357 traz que o
número de testemunhas arroladas não poderá exceder a 10 pessoas, sendo de
3 no máximo para a prova de cada fato. Já o parágrafo seguinte do mesmo artigo
prevê que “o juiz poderá limitar o número de testemunhas levando em conta a
complexidade da causa e dos fatos individualmente considerados”.
6 – INTIMAÇÃO DAS TESTEMUNHAS ARROLADAS

Segundo o caput do art. 455 do Código de Processo Penal, “cabe ao


advogado da parte informar ou intimar a testemunha por ele arrolada do dia, da
hora e do local da audiência designada, dispensando-se a intimação do juízo”.
Nesse sentido, a intimação deverá ocorrer através de carta com aviso de
recebimento, devendo o advogado juntar aos autos a cópia da correspondência
de intimação e do comprovante de recebimento nos termos do § 1º do artigo em
questão.

A inércia quanto à intimação mencionada produzirá efeitos como de


desistência da inquirição da testemunha. Importará nesse mesmo efeito, a
situação conforme o que dispõe o § 2º nos seguintes termos: “a parte pode
comprometer-se a levar a testemunha à audiência, independentemente da
intimação de que trata o § 1o, presumindo-se, caso a testemunha não
compareça, que a parte desistiu de sua inquirição”.

Apesar disso, há a previsão de intimação pela via judicial nos casos de


frustração da intimação pelo advogado da parte que arrolou a testemunha, de
necessidade devidamente demonstrada de intimação judicial, de ter sido
arrolada testemunha militar ou servidor público, de testemunhada arrolado pelo
Ministério Público ou Defensoria Pública e nos casos do art. 454.

Após ter sido feita a intimação nos termos aqui expostos, caso a
testemunha deixe de comparecer à audiência sem motivo justificado, será
conduzida coercitivamente e responderá pelas despesas em virtude do
adiamento, conforme estipulado no art. 455 do CPC.

7 – INQUIRIÇÃO DAS TESTEMUNHAS

Tendo a testemunha comparecido à juízo a fim de prestar seu


depoimento, primeiramente se dará a sua qualificação com a confirmação de
seus dados e a declaração de que não tem parentesco com a parte nem
interesse no objeto da lide. É o que estipula o art. 457. Por outro lado, ainda que
se dê a qualificação da testemunha, a parte poderá contraditá-la, alegando a sua
incapacidade, impedimento ou suspeição, devendo provar através de
documentos ou, ainda, apresentando testemunhas no ato a serem inquiridas em
separado. Sendo comprovado a referida alegação, o juiz dispensará a
testemunha ou aceitará o seu testemunho apenas na qualidade de informante.
Mencione-se também o que dispõe o § 3º do art. 457, segundo o qual, “a
testemunha pode requerer ao juiz que a escuse de depor, alegando os motivos
previstos neste Código [CPC], decidindo o juiz de plano após ouvidas as partes”.

Começada a inquirição, conforme art. 458, a testemunha prestará o


compromisso de dizer a verdade do que souber e do que a ela lhe for perguntado
sob pena de sanção penal no caso de afirmação falsa ou de quem cala ou oculta
a verdade. Nesse sentido, o art. 342 do Código Penal prevê o crime de falso
testemunho nos termos seguintes: “fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a
verdade como testemunha, perito, tradutor, contador ou intérprete em processo
judicial, ou administrativo, inquérito policial ou em juízo arbitral”.

Cumpre ressaltar que as testemunhas menores, impedidas ou suspeitas,


quando inquiridas, não prestam o compromisso de dizer a verdade do que
souberem e do que a elas lhes for perguntado, conforme art. 447, § 5°, CPC.
Isso se dá em virtude de sua especial condição, por isso, são ouvidas como
informantes e não propriamente como testemunhas.

O caput do art. 459 do CPC dispõe que “as perguntas serão formuladas
pelas partes diretamente à testemunha, começando pela que a arrolou, não
admitindo o juiz aquelas que puderem induzir a resposta, não tiverem relação
com as questões de fato objeto da atividade probatória ou importarem repetição
de outra já respondida”. O § 2º do mesmo artigo prevê, ainda, o dever de se
tratar as testemunhas com urbanidade, de modo a não lhes submeter a
perguntas ou considerações impertinentes, capciosas ou vexatórias. Vê-se nos
referidos artigos a garantia do tratamento digno que deve ser dispensado às
testemunhas, agindo de modo a preservar a sua integridade, limitando as
perguntas tão somente ao que for necessário, isto é, ao que tenha relação com
o fato a ser esclarecido, vedando também as perguntas que possam induzi-las
a respostas que não sejam as que desejam declarar, preservando a sua
liberdade e o direito ao silêncio.

Outra importante disposição do referido artigo é a de que as perguntas


serão formuladas diretamente pelo advogado à testemunha e não mais por
intermédio do juiz. Caberá ao juiz, no entanto, indeferir as perguntas que
puderem induzir a respostas ou aquelas que tratarem de questões que não forem
objeto da atividade probatória ou ainda as perguntas repetidas. Para a defesa do
contraditório, o CPC determina que “as perguntas que o juiz indeferir serão
transcritas no termo, se a parte o requerer” (§ 3º).

É importante dizer também que o depoimento das testemunhas poderá


ser documentado por meio de gravação conforme art. 460 do CPC. Quanto ao
art. 461, o juiz poderá ordenar, de ofício ou a requerimento da parte, a inquirição
de testemunhas referidas nas declarações da parte ou das testemunhas, poderá
ordenar também a acareação de duas ou mais testemunhas ou de alguma delas
com a parte, quando, sobre fato determinado que possa influir na decisão da
causa, divergirem as suas declarações.

8 – OUTRAS GARANTIAS DAS TESTEMUNHAS

Em caso de a testemunha não ter condições de arcar com as despesas


feitas em virtude do comparecimento à audiência, deverá a parte pagá-la logo
que arbitrado o valor ou, ainda, depositá-la em cartório no prazo de até 3 dias.
Considera-se, essa, uma importante medida, pois visa garantir a todos o acesso
ao judiciário, ainda que na qualidade de testemunha, além de não onerar a
testemunha. É o que dispõe o art. 462 do CPC.

Outra disposição que coaduna com a anteriormente citada é o que prevê o


art. 463, a qual institui o depoimento prestado em juízo como de serviço público,
de modo a garantir à testemunha sujeita ao regime da legislação trabalhista o
abono da falta que porventura ocorrer em virtude da necessidade de
comparecimento à juízo, prevendo assim que a testemunha não sofrerá perda
de salário nem desconto no tempo de serviço em caso de faltar ao trabalho por
precisar prestar o seu depoimento em juízo. Tal medida se impõe como uma
garantia de grande valia aos trabalhadores e trabalhadoras.
3 – CONCLUSÃO

Após as explanações tecidas ao longo do presente trabalho, tem-


se que a prova testemunhal é um importante meio de prova, tendo se
consagrado como um dos principais meios de prova do Direito Processual Civil.
Apesar de ter perdido espaço em virtude da maior relevância que foi dispensada
à prova documental nos recentes anos, ainda é indispensável para a
comprovação dos fatos trazidos à juízo, especialmente para comprovar as
situações em que não exista a possibilidade de comprovação documental, além
disso, quando acompanhada de início de prova escrita tem grande força
probante.

Nesse sentido, pode-se dizer que as testemunhas desempenham papel


fundamental no Direito Processual Civil no que toca à solução da lide. Por isso,
é imprescindível que se preveja direitos e garantias a essas pessoas a fim de se
permitir a regular fruição do processo. Em sendo assim, como já discorrido no
presente trabalho, garante-se às testemunhas o direito ao silêncio bem como a
realização de videoconferência no caso de a testemunha não residir na comarca
na qual tramita a ação. Outra importante garantia é a instituída pelo art. 459 do
CPC, a qual veda a realização de perguntas dirigidas às testemunhas que sejam
impertinentes, capciosas ou vexatória, além da vedação de perguntas que
induzam a testemunha à resposta.

Na direção oposta, institui-se uma vasta gama de deveres às testemunhas


e às partes que as arrolarem, dentre elas, tem-se o dever de a testemunha
prestar o compromisso de dizer a verdade do que souber e do que a ela lhe for
perguntado sob pena de sanção penal no caso de afirmação falsa ou de quem
cala ou oculta a verdade; importando no crime de falso testemunho previsto no
art. 342 do Código Penal.

Isso exposto, depreende-se que em virtude do papel de destaque ocupado


pela prova testemunhal, às testemunhas se garante uma vasta gama de direitos
e, na via oposta, de deveres; a fim de se garantir a proteção das testemunhas e
desse importante meio de prova do Direito Processual Civil, que é a prova
testemunhal.
4 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria.


Curso de Direito Processual Civil: Teoria da Prova, Direito Probatório,
Decisão Precedente, Coisa Julgada e Tutela Provisória. V. 2, 10ª edição.
Salvador: Editora Jus Posidvm, 2015.

NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de Direito Processual Civil.


V. único, 9ª edição. Salvador: Jus Posidvm, 2017.

CONJUR. Artigo 459 do novo Código de Processo Civil acaba com o


telefone sem fio. Disponível em: http://conjur.com.br/2015-mar-20/flavio-lima-
artigo-459-cpc-acaba-telefone-fio. Acesso em 21 jun. 2018.

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