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Panorama

Bíblico
O ANTIGO TES TAMENTO
LIÇÃO 1

Introdução à Bíblia
No nível terreno, há duas fontes fundamentais de conhecimento humano: a razão e a experiência.
Ambas são essenciais à compreensão do mundo que nos cerca, mas são limitadas. Deixam sem
resposta as questões mais cruciais como – Quem sou eu? De onde vim? Para onde estou indo?
Existe algum propósito para a existência humana? Para onde a história se dirige? A menos que
haja uma terceira fonte de conhecimento, que nos leve para além dos limites da razão e da
experiência, não existe esperança de encontrar respostas para estas questões básicas de
significado e significação.
A Bíblia pretende fornecer esta terceira fonte de conhecimento. Ela é revelação de Deus, e a
convicção de que Ele revelou a si mesmo e aos seus caminhos na Santa Escritura é a verdade
invariável da cosmovisão cristã. Nela temos acesso direto à revelação de um Ser pessoal que criou
todas as coisas e não está sujeito à nossas limitações como criaturas frágeis e finitas. A Bíblica é a
revelação especial de Deus. Nesta revelação, Deus utiliza meios mais diretos para comunicar-se a
algumas pessoas numa variedade de formas (sonhos, visões, anjos), porém mais claramente na
pessoa de Cristo e nas páginas da Bíblia.
O soberano Senhor da história está intimamente envolvido nas atividades dos seres humanos,
e as Escrituras registram a história panorâmica de seu plano de prover redenção para a terra e por
fim tornar novas todas as coisas em Cristo. O Deus da Bíblia é tanto o Criador quanto o Redentor,
e a cruz é o evento central da história. O Velho Testamento antecipa a obra do Messias de várias
maneiras, e o Novo Testamento olha de forma retrospectiva para Jesus como o Autor e
Aperfeiçoador da fé (Hb 12.2). Ele é o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim
(Ap 22.13). Aliás, Cristo alegou ser a Chave das Escrituras, Aquele de quem falou todo o Velho
Testamento (Lc 24.44-46).
Deus decidiu revelar-se de forma progressiva, e sua Palavra escrita desvendou gradualmente
mais e mais a verdade sobre sua pessoa e obra. Costuma-se dizer que o Novo está oculto no
Antigo, e que o Antigo está revelado no Novo. Os trinta e nove livros do Antigo Testamento
fornecem o fundamento sobre o qual os vinte e sete livros do Novo Testamento estão
estruturados.
O tema central da Bíblia é a salvação mediante Jesus Cristo. Ela contém 66 livros, escrito por
40 autores, abrangendo um período de aproximadamente 1600 anos. O AT foi escrito na maior
parte em hebraico (com algumas passagens em aramaico). O NT foi escrito na língua grega. Nossa
Bíblia é uma tradução dessas línguas originais.
A palavra “Bíblia”vem do grego “biblios”, que quer dizer “livro”, “rolo”. A palavra “testamento”
quer dizer “aliança” ou “pacto”. O AT é a aliança que Deus fez com o homem quanto à sua
salvação, antes de Cristo vir. O NT é o pacto que Deus fez com o homem, quanto à sua salvação,
depois Cristo vir. No Antigo Testamento encontramos a aliança da lei. No Novo Testamento
encontramos a aliança da graça que veio por Jesus Cristo (Gálatas 3.17-25). O Antigo
complementa o Novo.

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Século após século homens colaboravam com este livro, em sua maioria sem conhecer os
escritos dos outros, e às vezes na obscuridade quanto ao significado de algumas de suas próprias
palavras (1Pe 1.10-12). Seus autores foram dos mais diversos possíveis. Incluem Samuel, o juiz;
Amós, o criador de gado; Esdras, o sacerdote; Neemias, o estadista; e numerosos outros escribas,
reis, profetas, poetas, músicos, filósofos, agricultores e professores. Os escritores do Novo
Testamento incluem um coletor de impostos, um médico, um fazedor de tendas, dois pescadores
e dois carpinteiros. Alguns, como Moisés, Isaías e Paulo, eram eruditos, enquanto outros tinham
pouca escolaridade. A Bíblia contém a obra de livres e escravos, de proprietários e pequenos
fazendeiros, de ricos e pobres. Seus capítulos foram escritos em palácios e em prisões, em
cidades e em desertos, em tempos de guerra e em tempos de paz e sob muitas outras
circunstâncias. A Bíblia é uma biblioteca divina que contém profecias, histórias, leis, poesias, hinos,
filosofia, dramas, exposições e sermões. Seus estilos e temas literários são diversos, mas ela é um
só volume, um só livro unificado sob um único propósito e tema. E é isto que vamos descobrir
durante este curso.

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INTRODUÇÃO AO

Antigo Testamento
O Antigo Testamento é uma história redentora que lança o fundamento sobre o qual o Novo
Testamento se edifica. Há uma revelação progressiva nas Escrituras, e o que se antecipa no Antigo
Testamento é desvendado no Novo. O Antigo olha para a frente e o Novo olha para trás, para o
evento central de toda a história – a morte substitutiva do Messias.
O Antigo Testamento foi originalmente dividido em duas seções: a Lei e os Profetas (veja Mt
7.12; Lc 16.16, 29, 31). Estas expandiram numa tríade: a Lei, os Profetas e os Escritos (Lc 24.44).
Todos os trinta e nove livros do Antigo Testamento (em nossa Bíblia) estão contidos nos vinte e
quatro livros da Bíblia Hebraica.
Antigo Testamento – Livros

A tradução grega organizou os livros nas quatro divisões que usamos atualmente: Lei (5);
Históricos (12); Poéticos (5); e Profecia (17). Os cinco livros da lei podem ser combinados com os
doze livros históricos para obter-se a estrutra do quadro a seguir. Bem como os poéticos podem
ser subdivididos em Poesia e Sabedoria.
Os dezessete primeiros livros traçam toda a história de Israel desde seu início até o tempo do
profeta Malaquias. No Pentateuco, Israel foi escolhido, redimido, disciplinado e instruído. Os doze
livros históricos restantes registram a conquista da terra, o período dos juízes, a formação de um

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reuno unido e a divisão desse reino em Reino do Norte (Israel) e Reino do Sul (Judá). Cada reino
foi levado cativeiro, sendo apenas registrado o regresso de Judá a Jerusalém.
Os cinco livros poéticos focalizam uma correta relação com Deus, baseados na lei, como a
base para um vida significativa, experiente, reta e piedosa.
Os dezessete livros proféticos contem uma mensagem que alterna entre condenação (por
causa da iniquidade e idolatria de Israel) e consolação (futura esperança a despeito do juízo
presente).

Antigo Testamento – Acontecimentos Principais


Evento Texto Bíblico
1. Criação Gênesis 1.1-2.3
2. Queda do homem Gênesis 3
3. Dilúvio Gênesis 6 - 9
4. Babel Gênesis 11.1-9
5. Chamado de Abraão Gênesis 11.10-12.3
6. Descida ao Egito Gênesis 46, 47
7. Êxodo Êxodo 7 - 12
8. Páscoa Êxodo 12
9. Entrega da Lei Êxodo 19 - 24
10. Peregrinação no deserto Números 13, 14
11. Conquista da terra prometida Josué 11
12. Período de obscurantismo do povo Juízes
13. Saul ungido rei 1 Samuel 9.27; 10.1
14. Davi e Salomão - reino unido 2 Samuel 5.4-5; 1 Reis 10.6-8
15. Israel e Judá - reino dividido 1 Reis 12:26-33
16. Cativeiro 2 Reis 17, 25
17. Retorno Esdras

Perguntas de recapitulação
1. Como a Bíblia se distingue dos demais livros “sagrados”?

2. Qual é o tema da Bíblia?

3. Por que o estudo do Antigo Testamento é fundamental para entendermos o Novo Testamento?

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LIÇÃO 2

Gênesis

Gênesis é o livro dos primórdios. Seus cinquenta capítulos esboçam a história humana desde a
criação até Babel (caps. 1–11) e de Abraão a José (caps. 12–50). Os primeiros onze capítulos
introduzem o Deus Criador e os primórdios da vida, do pecado, do juízo, da família, do culto e
da salvação. O restante do livro focaliza a vida de quatro patriarcas da fé: Abraão, Isaque, Jacó
e José, de quem virá a nação de Israel e por fim o Salvador, Jesus Cristo.

Gênesis apresenta Jesus Cristo, Nosso Deus Criador

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GÊNESIS

Introdução
Título
O nome Gênesis vem da Septuaginta (Versão dos Setenta), antiga versão grega, que significa
“origem, fonte, geração ou princípio”. O título original hebraico, Bereshith, significa “No Princípio”.
Os hebreus lhe chamavam assim, pois designavam os livros da lei de acordo com sua primeira
palavra ou frase.
A estrutura literária de Gênesis é claramente uma narrativa histórica e está construída em torno
de onze unidades separadas, cada uma encabeçada com a palavra gerações na frase: “Estas são
as gerações” ou “O livro das gerações”:
(1) Introdução às gerações (1.1–2.3);
(2) Céu e Terra (2.4–4.26);
(3) Adão (5.1–6.8);
(4) Noé (6.9–9.29);
(5) Filhos de Noé (10.1–11.9);
(6) Sem (11.10–26);
(7) Terá (11.27–25.11);
(8) Ismael (25.12–18);
(9) Isaque (25.19–35.29);
(10) Esaú (36.1–37.1);
(11) Jacó (37.2–50.26).

Autoria
Embora Gênesis não nomeie diretamente seu autor e termine uns três séculos antes do
nascimento de Moisés, toda a Escritura e a história da igreja apoiam a autoria mosaica de Gênesis.
O Antigo Testamento está repleto de testemunhos tanto diretos quanto indiretos com respeito
à autoria mosaica de todo o Pentateuco (ver Êx 17.14; Lv 1.1-2; Nm 33.2; Dt 1.1; Js 1.7; 1Rs 2.3; 2
Rs 14.6; Ed 6.18; Ne 13.1; Dn 9.11-13; Ml 4.4). O Novo Testamento, igualmente, contém
numerosos testemunhos (ver Mt 8.4; Mc 12.26; Lc 16.29; Jo 7.19; At 26.22; Rm 10.19; 1Co 9.9;
2Co 3.15). O próprio Talmude de Israel apoia Moisés como autor.
Seria difícil encontrar um homem em toda a história de Israel que fosse mais bem preparado
ou qualificado para escrever esta história. Educado na sabedoria dos egípcios (At 7.22), Moisés
fora providencialmente preparado para entender e integrar, sob a inspiração divina, todos os
valiosos registros, manuscritos e narrativas orais.

Data e Cenário
Gênesis divide-se aproximadamente em três cenários geográficos: Crescente Fértil (1–11); Israel
(12–36); Egito (37–50).

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O cenário dos primeiros onze capítulos muda rapidamente, abrangendo mais de 2000 anos e
2400Km e descreve a Criação, o Jardim do Éden, o Dilúvio e a torre de Babel.
A segunda seção (central) do livro afunila rapidamente da ampla margem de dois milênios
gastos no Crescente Fértil para menos de 200 anos no pequeno país de Canaã. Cercada pela
excessiva imoralidade dos cananeus, a piedade de Abraão é rapidamente degenerada no
exemplo de alguns de seus descendentes.
Os últimos quatorze capítulos conta como Deus salva a pequena nação israelita (os setenta) ao
transferi-la para o Egito onde ela cresce e se multiplica. Ali torna-se o perfeito ventre de gestação
segura para a nação escolhida de Deus, Israel, onde ficaram isolados da má influência de Canaã.
Utilizando a mesma divisão notada anteriormente, as seguintes datas podem ser assinaladas:
A. 2000 anos ou mais, 4000–2090 a.C. (1–11)
1. Criação, 4000 a.C. ou mais cedo (1.1)
2. Morte de Terá, 2090 a.C. (11.32)
B. 193 anos, 2090–1897 a.C. (12–36)
1. Morte de Terá, 2090 a.C. (11.32)
2. José para o Egito, c. 1987 a.C. (37.2)
C. 93 anos, 1897–1804 a.C. (37–50)
1. José para o Egito, c. 1897 a.C. (37.2)
2. Morte de José, 1804 a.C. (50.26)

Tema e Propósito
O assunto geral do livro é “o princípio de todas as coisas”. Porém à luz do tema da Bíblia toda, o
seu tema é: DEUS COMEÇA A REDENÇÃO ESCOLHENDO UM POVO. Gênesis foi escrito com o
propósito de apresentar o princípio de todas as coisas, com a exceção do próprio Deus: o
universo (1.1); o homem (1.27); o sábado (2.2-3); o casamento (2.22-24); o pecado (3.1-7); o
sacrifício e a salvação (3.15, 21); a família (4.1-15); a civilização (4.16-21); o governo (9.1-6); as
nações (11); Israel (12.1-3). Foi também escrito para registrar a escolha que Deus fez de Israel e
seu plano pactual para a nação, de modo que a partir de um homem, todas as nações da terra
seriam abençoadas.
O livro de Gênesis abrande uma época muito longa, como vimos anteriormente, que vai da
origem de todas as coisas até ao estabelecimento de Israel no Egito. O livro divide-se em duas
seções distintas: a história primitiva (1–11), cobrindo um período de mais de 2000 anos e
representa apenas ⅕ do livro, que funciona como um pano de fundo para a história da redenção;
e a história patriarcal (12–50), que traz a figura dos grandes antepassados de Israel. Estas duas
seções estão divididas em quatro eventos e quatro grandes pessoas. O esquema do livro é o
seguinte:

Eventos
Criação Queda Dilúvio Babel
1–2 3–4 5–9 10-11

Pessoas
Abraão Isaque Jacó José
12–25 25–26 27–36 37–50

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Os capítulos 1–11 lançam um fundamento sobre o qual toda a Bíblia está construída.
• Criação: Deus é o soberano criador do mundo visível (a matéria) e do mundo invisível
(energia, espaço e tempo). O homem é a coroa da criação.
• Queda: A criação é seguida pela corrupção. No primeiro pecado, o homem é separado de
Deus (morte espiritual), Adão de Deus. No segundo pecado, o homem é separado do
homem (morte física), Caim de Abel. Ainda que o homem estivesse sob a maldição da
queda, Deus promete esperança de redenção por meio da semente da mulher (3.15, o
protoevangelho).
• Dilúvio: Como o homem se multiplica, o pecado também se multiplica até que Deus decide
destruir a humanidade com exceção de Noé e sua família.
• Nações: Gênesis ensina a unidade da raça humana: todos somos filhos de Adão através de
Noé, mas, por causa da rebelião na torre de Babel, Deus fragmenta a única cultura e língua
do mundo pós-dilúvio e dispersa o povo, fazendo-os cumprir o mandado de multiplicar-se e
encher a terra (1.28).
Depois da dispersão das nações, Deus muda o seu foco para um único homem e seus
descendentes através dos quais ele abençoaria todas as nações (12–50).
• Abraão: O chamado de Abraão (cap. 12) é o ponto central do livro. As três promessas
pactuais que Deus faz a Abraão (terra, descendência e bênção) são fundamentais para seu
plano de trazer salvação sobre a terra.
• Isaque: Deus estabelece seu pacto com Isaque com um elo espiritual com Abraão.
• Jacó: Deus transforma este homem de egoísta em servo, e muda seu nome para Israel, o pai
das doze tribos.
• José: O filho favorito de Jacó sofre nas mãos dos irmãos e se torna um escravo no Egito.
Depois de sua ascensão ao governo do Egito, José liberta sua família da fome e a traz de
Canaã para Gósem.
Estes quatro grandes eventos e quatro grandes homens serão estudados em mais detalhes
nas próximas lições.

Chaves para Gênesis


Palavra-chave: Primórdios
Versículos-chave: Gênesis 3.15; 12.3
Capítulo-chave: Capítulo 15. O pacto de Deus com Abraão é ratificado neste capítulo. Israel
recebe três promessas específicas: a promessa de uma grande terra (15.18); a promessa de uma
grande nação (13.16); e a promessa de uma grande bênção (12.2).

Cristo em Gênesis
Gênesis se move do geral para o mais específico no que se refere às predições messiânicas:
Cristo é a semente da mulher (3.15), da linhagem de Sete (4.25), o filho de Sem (9.27), o
descendente de Abraão (12.3), de Isaque (21.12), de Jacó (25.23) e da tribo de Judá (49.10).
Também vemos Cristo no povo e nos eventos que são considerados tipos. (Um “tipo” é um
fato histórico que ilustra uma verdade espiritual.) Adão é “um tipo daquele que havia de vir” (Rm
5.14). Cristo e Adão entraram no mundo através de um ato de Deus como homens sem pecado.

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Adão é o cabeça da antiga criação; Cristo é o Cabeça da nova criação. A oferta que Abel ofereceu
com o sangue de um sacrifício aponta para Cristo, e há um paralelo em seu assassinato por
intermédio de Caim. Melquisedeque (“rei justo”) é “feito semelhante ao Filho de Deus” (Hb 7.3).
Ele é o rei de Salém (“paz”) que apresenta pão e vinho e é o sacerdote do Deus Altíssimo. José é
também um tipo de Cristo. José e Cristo são ambos objetos de especial amor por seus pais;
ambos odiados por seus irmãos; ambos são rejeitados como líderes sobre seus irmãos;
conspira-se contra ambos e ambos são vendidos por prata; ambos são condenados ainda que
inocentes; e ambos são transportados de uma posição de humilhação para um de glória pelo
poder de Deus.

Conclusão
Gênesis é o livro que descreve o início de todas as coisas. Sem conhecer e entender Gênesis, a
Bíblia pode parecer sem sentido e o desenvolvimento do restante da história do plano da
redenção fica incompleto. Nas próximas lições nós estudaremos em detalhes os quatro grandes
eventos e os quatro grandes homens de Gênesis.

Perguntas de Recapitulação
1. Qual é a origem do nome Gênesis?

2. Qual é o propósito do livro de Gênesis?

3. Qual é o assunto de Gênesis?

4. Como podemos dividir o livro de Gênesis segundo o seu conteúdo? (Cite os capítulos que
compreende cada seção)


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LIÇÃO 3

A Criação
Gênesis 1 e 2

O livro se inicia com estas palavras: “No princípio criou Deus os céus e a terra”. Estas palavras
definem o restante do livro de Gênesis. Elas são a base para a nossa fé. Crer na Bíblia como
Palavra de Deus escrita é crer nestas palavras iniciais. Nestas simples palavras temos a declaração
da Bíblia quanto à origem deste universo material. Deus fez com que todas as coisas surgissem
pela palavra do seu poder. Ele falou e os mundos foram formados (Hb 11.3).
O período inicial da criação pode ser resumido da seguinte maneira:
O relato da criação Gênesis 1.1–2.25
• O universo e o que nele está contido 1.1–2.4a
• O homem e sua primeira habitação 2.4b-25

O relato da Criação (Gênesis 1–2)


Este relato da origem do universo é simples, porém profundo. Ele ressalta em particular a
atividade criadora de Deus. Afirma claramente a existência de Deus, que criou o universo e a vida
que nele existe. Declara que além do universo, há um ser eterno que é superior à sua criação.
A figura de Deus domina o primeiro capítulo da Bíblia. Seu nome aparece trinta e cinco vezes
nos trinta e quatro versículos. O termo traduzido por Deus é Elohim, forma plural. No entanto,
quando se faz referência a Deus, sempre se usa o verbo no singular, o que nos indica que Deus é
uno. No idioma hebraico, a forma plural às vezes expressa intensidade ou plenitude. Por isso, a
palavra Elohim indica sua majestade, poder infinito e excelência.
Deus formou todas as coisas. O termo hebraico bara geralmente significa “criação”. O temo
“ex nihilo” (“a partir do nada”), por vezes expressa também o poder criador de Deus manifestado
no mundo (Ex 34.10; Nm 16.30; Jr 31.22; Is 45.7, 8; 48.7). O livro de Gênesis começa com esta
frase “Bereshith bara Elohim” (1.1). Isto quer dizer que Deus criou do nada, ou seja, ele criou algo
completamente novo, sem precedentes. Sua obra criadora diz claramente que ele é um Deus de
ordem, desígnio e progresso. Deriva ordem do caos primitivo; todos os seus passos são
ordenados e progressivos, e o resultado demonstra admirável desígnio.

O plano divino na criação


A Bíblia começa com uma declaração expressa de ordem e propósito. Podemos interpretar
Gênesis 1.2b como uma referência à restauração, pelo poder divino, de uma condição caótica. Por
essa perspectiva, o versículo de abertura (1.1) fala de uma criação posteriormente reduzida ao
caos (1.2a) por meio de julgamento e destruição. Por meio desta leitura, entende-se que na era
pré-adâmica Deus já havia criado (hostes celestiais) e que esta criação encontrava-se em caos e

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sob julgamento. Geralmente cita-se o versículo de Isaías 45.18 para defender essa linha de
interpretação, traduzindo o vocábulo hebraico bohu por “vazio”. Outro apoio hermenêutico é
dado na intenção de igualar o “príncipe de Tiro” de Ezequiel 28 com o próprio Satanás,
relacionando o texto de Jeremias 4.23-26 ao tempo antes de Adão. De acordo com esta visão, os
versículos 1 e 2 representam o resumo de todo o relato das Escrituras com respeito à criação
original de Deus, e os versículos seguintes tratam do processo de restauração. Esta visão é
conhecida como do intervalo ativo ou da ruína-restauração.
Em contra-partida, é razoável interpretar esse relato da criação como uma série ordenada de
atos divinos. Assim, o versículo 2 torna-se simplesmente uma etapa lógica no processo criador de
Deus. Interpretando a passagem dessa maneira, percebemos uma preparação ordenada para o
surgimento das condições naturais que manteriam a vida na terra. Podemos resumi-las da
seguinte maneira:
1. Os céus e a terra são criados para prover a base de uma condição natural e ordenada.
2. As condições atmosféricas são reguladas.
3. As águas recuam para fazer surgir a terra, de maneira que a vegetação possa crescer.
4. Luzeiros ou luminares, provavelmente formados desde o início da criação (1.1), são
acionados para regular o tempo e os movimentos de rotação e translação da Terra e da Lua.
5. Surge a vida animal na terra.
6. Os seres humanos, que representam o epítome da criação de Deus, são colocados na terra
e recebem responsabilidades.

A Geologia moderna conclui que a formação do nosso planeta seguiu a mesma ordem
relatada nas Escrituras. Cada fase da criação preparou o caminho para a seguinte, e todas tinham
o propósito de prepara o cenário para o ponto culminante: a criação do homem.
O relato bíblico não revela quanto tempo foi necessário para que esse processo se
completasse. A Bíblia nos permite saber apenas que todo o período da criação resumiu-se ou
esteve de alguma forma relacionado a um lapso de tempo de seis dias. Não sabemos quanto
durou cada dia. Consequentemente, isso dá margem a muitas interpretações. Nos primeiros onze
capítulos, para não mencionar o restante da Bíblia, a palavra dia pode se referir a um longo
período (2.4) ou a um período de 24 horas (8.12). Os que defendem a interpretação da passagem
como a menção de dias de 24 horas geralmente aceitam a teoria do intervalo ativo ou da
ruína-restauração, baseada em Gênesis 1.2b.
Ao finalizar o sexto dia, Deus observou que sua obra criadora era sobremaneira boa.
Demonstrava equilíbrio, ordem, e estava perfeitamente adaptada para o desenvolvimento físico,
mental e espiritual do homem.

A criação do homem. Deus, o criador e sustentador. (Gênesis 1.1–2.3)


Ao longo da primeira parte do relato da criação, encontramos o nome de “Deus” (Elohim). Já, a
partir de 2.4b, aparece o nome composto “SENHOR Deus” (Yahvéh-Elohim, ou Jeová Deus). [Muito
embora o nome Yahvéh signifique que Deus é eterno e tem existência ilimitada em si mesmo (Ex
3.14), também seu uso indica que é o Deus do pacto, da graça e misericórdia.] A primeira palavra
apresenta Deus como o grande criador em sua relação com o universo e com tudo o que nele
está contido (v. Cl 1.16; Hb 1.2). O segundo termo fala de Deus em relação com a humanidade
como aquele que se preocupa com os seres humanos e provê a satisfação de suas necessidades.

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Ao passo que a menção do homem e da mulher aparece apenas no final de Gênesis 1, fica claro,
desde 2.4b, que os seres humanos são o foco do interesse de Deus.
Deus fez o homem como coroa da criação. O fato de os membros da Trindade falarem entre si
(1:26), indica que este foi o ato transcendental e a consumação da obra criadora. Deus criou o
homem para ser tanto do mundo espiritual como do terrenal, pois tem corpo e espírito.
O corpo do homem foi formado do pó da terra, à semelhança do que se deu com os animais
(2:7, 19), o que nos ensina que ele se relaciona com as outras criaturas. Seu nome em hebraico
“Adão” (homem), é semelhante a “Adama” (solo). Por outro lado, não há elo biológico entre o
homem e os animais.
O homem foi feito à imagem de Deus, portante tem grande dignidade. Esta imagem não se
refere a seu aspecto físico, já que Deus é espírito, e não tem corpo. A imagem de Deus no homem
tem quatro aspectos:
a) somente o homem recebeu o sopro de Deus, e portanto tem um espírito imortal, por meio
do qual pode ter comunhão com Deus;
b) é um ser moral, não obrigado a obedecer a seus instintos, como animais, porém possui
livre-arbítrio e consciência;
c) é um ser racional, com capacidade para pensar no abstrato e formar idéias;
d) à semelhança de Deus, tem domínio sobre a natureza e sobre os seres vivos.
Em outras palavras, o homem tem espírito para ter comunhão com Deus; vontade para a ele
obedecer; e corpo para servi-lo. O NT acentua os aspectos espirituais e morais da imagem de
Deus no homem (justiça e santidade). O grande propósito que Deus deseja realizar mediante a
redenção é restaurar esta imagem no homem, até que seja perfeita, semelhante a Cristo (Rm 8.29;
Cl 3.10; 1Jo 3.2).
Deus descansou no sétimo dia, não no sentido de parar toda sua atividade, mas no de
terminar a atividade criadora (Jo 5.17). Observando o dia de repouso, os homens lembram-se de
que Deus é o Criado, e reservam tempo para prestar-lhe culto.

O homem no Éden (Gênesis 2.4-25)


A imagem que a Bíblia nos passa a respeito dos seres humanos é de indivíduos extremamente
inteligentes e responsáveis. Desde a sua criação por Deus, Adão se distinguia claramente dos
animais e foi feito superior a eles. O homem recebeu o privilégio de dar nome aos animais,
dominar sobre eles e cultivar o jardim do Éden. Ele era capaz de ter comunhão com Deus. A
distinção entre homem e animais fica mais aparente no fato de Adão não ter encontrado uma
companheira até que Deus criou Eva para ser sua esposa (isto é, uma “…auxiliadora que lhe fosse
idônea”; 2.20). O amor de Deus e o seu cuidado para com os seres humanos ficam evidentes na
provisão encontrada no jardim do Éden para o deleite e ocupação do homem. Podemos perceber
isto nos seguintes fatos:
a) Colocou-o no jardim do Éden (delícia ou paraíso), um ambiente agradável, protegido e bem
regado. Situado entre os rios Hidéquel (Tigre) e Eufrates, numa área que provavelmente
corresponde à região da Babilônia, próxima ao Golfo Pérsico. Deus deu a Adão trabalho para
fazer, a fim de que não se entediasse. Há quem pense que o trabalho é parte da maldição, mas
não é isso que a Bíblia ensina. Ensina, sim, que a maldição transformou o trabalho bom em algo
infrutuoso e com fadiga.

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b) Deus proveu a Adão uma companheira idônea, instituindo assim o matrimônio. Neste
capítulo aprendemos que o propósito do casamento é proporcionar companheirismo e ajuda
mútua (2.18). Deve ser monógamo, pois Deus criou uma só mulher para o homem; deve ser
exclusivista porque “deixará o varão o seu pai e a sua mãe”; deve ser uma união estreita e
indissolúvel “tornando-se os dois uma só carne”.
Observe que a mulher não foi formada da cabeça do homem, para que não exerça domínio
sobre ele; nem de seus pés, para que não seja pisada, mas de seu lado, para ser igual a ele, e de
perto de seu coração, para ser amada por ele. A mulher deve ser uma companheira que
compartilha a responsabilidade de seu marido, reaja com compreensão e amor à natureza dele, e
colabore com ele, fazendo assim a vontade de Deus.
c) Deus mantinha comunhão com o homem (3:8), e assim o homem podia cumprir seu
propósito: conhecer a Deus, adora-lo, ter comunhão com ele e vida nEle. A essência da vida
eterna consiste em conhecer pessoalmente a Deus (Jo 17.3), e o privilégio mais glorioso deste
conhecimento é desfrutar da comunhão com ele.
d) Deus instruiu o casal acerca da ciência do bem e do mal, e os pôs à prova. Mas, de que
maneira isto nos revela o cuidado de Deus para com o homem? Para os seus filhos as provas
são oportunidades de demonstrar nosso amor a Deus, obedecendo-o. São também um meio
de desenvolver nosso caráter e santidade. Adão e Eva foram criados inocentes, porém a
santidade é mais do que a inocência: é a pureza mantida na hora da tentação.

Conclusão
No capítulo 1 temos o relato da criação em esboço; no capítulo 2 parte dele é detalhado. Esses
detalhes se referem à criação o homem, porque a Bíblia é a história da redenção do homem.
Não esqueça: Deus criou o homem à sua própria imagem a fim de o homem ter comunhão
com Ele. Mas o homem separou-se de Deus pelo pecado. Só quando o pecado é removido,
podemos de novo ter comunhão com Deus. Por isso é que Jesus Cristo veio a esta terra, a fim de
levar “em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados” (1Pe 2.24). O pecado é algo que
afronta a santidade de Deus, afronta o próprio Deus. Na próxima lição estudaremos em mais
detalhes sobre a queda do homem e as consequências que o pecado trouxe.

Perguntas de recapitulação
1. Leia Gênesis 1 e responda:
a. O que este capítulo fala sobre Deus?

b. Você consegue enxergar um sinal da Trindade no texto?

c. Como o mundo que Deus criou é diferente do mundo hoje?

d. Em que fase do relato da criação que o homem é criado?

13
e. O que “imagem de Deus” quer dizer?

2. Leia Gênesis 2 e responda:


a. De que maneira o homem é provado?

b. O casamento é uma criação divina e não uma invenção humana (2.18-23). Se definirmos o
versículo 24 como o plano de Deus para o casamento, o que aprendemos partindo deste
ponto de vista?

14
LIÇÃO 4

A Queda
Gênesis 3 e 4

Na lição anterior vimos um belo quadro da vida do homem no Éden. Tudo era bom, no entanto, a
cena se altera rapidamente nos capítulo 4, pois agora os homens conhecem a inveja, o ódio e a
violência. No capítulo 3 temos o relato da origem do mal: o pecado entrou no mundo e tem
produzido consequências trágicas e universais.
A queda e suas consequências Gênesis 3.1–6.10
• A desobediência do homem e sua expulsão do Éden 3.1–24
• Caim e Abel 4.1–24
• Os descendentes de Adão 4.25–6.10
pode ser dividido segundo o seguinte esquema:

A Queda e suas consequências


Na história da humanidade, o pecado é o fato mais significativo ocorrido antes de Cristo ter vindo
ao mundo a fim de nos trazer redenção. No que tange à origem do homem, dependemos
unicamente da revelação divina, já que estas ocorreram antes de qualquer forma de escrita
existisse. Várias passagens das Escrituras, principalmente 1Tm 2.13-14, confirmam a veracidade
do que aconteceu ao primeiro casal levando-o a pecar e a sofrer as consequências de seus atos.
A questão decisiva no relacionamento de Adão e Eva com Deus foi a desobediência. Por causa
de suas dúvidas e rebeldia, eles cederam ao tentador e desobedeceram a Deus. Analisando
passagens como João 8.44, Romanos 16.20, 2Coríntios 11.3, Apocalipse 12.9 e 20.2, entendemos
com clareza que a figura da serpente não significava apenas a presença física de um réptil. Deus
pronunciou seu julgamento para todas as partes envolvidas – a serpente e Satanás, Adão e Eva.

O tentador e a tentação (Gênesis 3.1-6)


Embora o texto não afirme que o tentador foi Satanás, o Novo Testamento nos atesta que era ele
(Jo 8.44; Ap 12.9; 20.2). Aqui, Satanás utilizou-se de uma serpente para fazer insinuações
insidiosas à mulher. Geralmente ele opera por meio de outros (Mt 16.22-23), e é mais perigoso
quando aparece como anjo de luz (2Co 11.14).
A tentação observou o seguinte processo:
a) Primeiramente, Satanás insinuou que Deus era muito severo ao deixar comer de toda a
árvore mas apenas aquela não pode ser tocada.
b) A seguir, Satanás leva a mulher ao terreno da incredulidade. Aqui há dúvida que produz
desobediência que leva a mulher a pecar.

15
c) Finalmente, Satanás acusa Deus de egoísta, privando Adão e Eva de desfrutarem de algo
bom, isto é, de serem sábios como Ele.
Enquanto Eva não duvidava da palavra de Deus e de sua bondade, não sentia atração pelo
proibido. Foi a incredulidades que lhe tirou as defesas, gerando em Eva algo que não havia antes:
a concupiscência da carne (“boa para se comer”), a concupiscência dos olhos (“agradável aos
olhos”) e a soberba da vida (“desejável para dar entendimento”).

Consequências do primeiro pecado (Gênesis 3.7-24)


Eva peca. Em seguida, Adão peca. Seguiram-se ao pecado resultados desastrosos. São estas as
seguintes consequências teológicas da queda:
a) Adão e Eva conheceram pessoalmente o mal: “seus olhos foram abertos”. Diferentemente
de Deus, Adão e Eva conheceram o mal de forma pecaminosa e contaminada. Deus conhece o
mal como um médico conhece o cancer; o homem conhece o mal como o paciente conhece
sua enfermidade. A consciencia deles despertou para um sentimento de culpa e vergonha.
b) Interrompeu-se a comunhão com Deus, e então fugiram de sua presença. Essa é a morte
espiritual.
c) A natureza humana corrompeu-se e o homem adquiriu a tendência para pecar. Eles
perderam a inocência, sentiram vergonha de seu próprio corpo e culpavam-se uns aos outros.
d) Deus castigou o pecado com dor, sujeição e sofrimento.
O Deus santo não poderia passar por alto a rebelião de suas criaturas

A esperança de redenção da humanidade; o primeiro assassinato


No entanto, a misericórdia divina precedeu o julgamento – princípio encontrado muitas vezes nas
Escrituras – por meio da promessa messiânica de que a semente da mulher obteria vitória sobre a
descendência da serpente (3.15). As promessas messiânicas são ampliadas mais adiante, em
Gênesis 12.1-3, Números 24.17,19; 1Crônicas 17.11-14; Isaías 7.14; 9.6-7, entre outras. A
promessa de um Salvador foi pronunciada ainda no jardim do Éden, antes que Adão e Eva fossem
expulsos e ficassem sujeitos às consequências da maldição. A provisão graciosa de Deus fazendo
vestimentas de peles deixa claro que o derramamento de sangue seria o único meio de alcançar a
redenção.
Quando do nascimento de Caim, Eva expressou a esperança de que ela e Adão fossem
redimidos da punição divina (4.1). A Bíblia parece indicar que nossos pais foram salvos
espiritualmente. Adão creu na promessa de redenção, pois deu à sua esposa o nome de Eva
(“vida”). E Eva também creu, pois deu a seu primeiro filho o nome de “Caim”. No entanto, nem
tudo é o que parece ser.

O desenvolvimento do pecado: o primeiro assassinato (Gênesis 4.1-16)


Caim se tornou o primeiro assassino. Sua desobediência consciente foi revelada quando ele
apresentou um sacrifício que desagradou ao Senhor. Analisando o desenrolar dos
acontecimentos, somos levados a supor que Deus já havia declarado o tipo de sacrifício que
deveria ser entregue e que Caim agiu de maneira contrária à instrução divina. Quando Deus
aceitou a oferta de Abel, Caim sentiu-se impelido a assassinar seu irmão. Depois de se
decepcionarem com seu filho Caim e lamentarem a morte de Abel, Adão e Eva sentiram suas
esperanças se renovarem com o nascimento de Sete (4.25). Gerações posteriores alimentaram a
esperança de serem libertas dessa maldição, como no caso de Lameque, que profetizou no

16
nascimento de Noé (5.28-30). E, de geração a geração, a promessa de que a redenção viria por
meio da semente da mulher foi passada adiante.

A linhagem ímpia de Caim; a linhagem abençoada de Sete (Gênesis 4.17-26)


Os descentes de Caim estão relacionado numa genealogia que pode ter se estendido por um
período bem longo (Gn 4.17-24). No relato bíblico, lemos que Caim construiu uma cidade. Seus
habitantes se dedicavam basicamente a cuidar de rebanhos. Com o passar do tempo, eles
desenvolveram formas de arte e inventaram instrumentos musicais. A ciência da metalurgia surgiu
como resultado do intenso uso do bronze e do ferro. Assim, aparentemente aquele povo
começou a ter um falso senso de segurança. Lameque, o primeiro polígamo, demonstrou uma
atitude zombeteira, gabando-se de ser capaz de ceifar vidas com as armas que fabricava. Pelo
relato bíblico fica visível que os descendentes de Caim não tinham conhecimento de Deus, pois
não há ali menção alguma do Senhor. É evidente a ferocidade crescente da linhagem de Caim.
Com isto, desaparecem da Bíblia todos os seus descendentes, pois já não ocupam lugar no plano
divino.
Depois do assassinato de Abel e do nascimento de Sete (4.25), Adão e Eva tiveram suas
esperanças renovadas. Deus levanta a Sete em lugar de Abel para perpetuar a linhagem da
mulher. Depois disto os homens invocam publicamente o nome do Senhor. Nos dias de Enos, os
homens passaram a buscar a Deus. Séculos mais tarde, outro homem dedicado ao Senhor
apareceu na terra: Enoque. Sua vida de comunhão com Deus não terminou com sua morte, mas
sim com seu arrebatamento. Quando nasce Noé, a esperança de que a humanidade seria liberta
da maldição sob qual vinha sofrendo desde que Adão e Eva foram expulsos do Éden é renovada.

GENEALOGIA DE ADÃO ATÉ OS FILHOS DE NOÉ E LAMEQUE

ADÃO - 930 ANOS

SETE – 912 ANOS CAIM

LINHAGEM LINHAGEM
PIEDOSA ENOS – 905 ANOS ENOQUE CORRUPTA

CAINÃ – 905 ANOS IRADE

MAALALEL – 895 ANOS MEUJAEL

JAREDE – 962 ANOS METUSAEL

ENOQUE – 365 ANOS LAMEQUE

MATUSALÉM – 969 ANOS JABAL JUBAL TUBALCAIM

LAMEQUE – 777 ANOS ESTES SÃO OS ÚLTIMOS


DESCENDENTES DE CAIM CITADOS NA
NOÉ – 950 ANOS BÍBLIA.

SEM CAM JAFÉ

17
Conclusão
A queda trouxe consequências terríveis para o homem. Vemos que apesar do pecado, Deus
permanece justo e misericordioso ao anunciar um meio de redenção para a raça humana. No
entanto, o pecado não pode ser deixado impune e Deus expulsa o homem do Éden e, portanto,
de sua presença. O pecado passa a se multiplicar por causa dos atos de Caim e sua descendência,
mas Deus não esquece da sua promessa e levanta mais um filho a Adão para continuar seu plano
de redenção. Nas próximas lições começaremos a perceber um padrão: o homem peca e Deus
age permanecendo fiel à sua promessa; realizando pactos e alianças com os seus escolhidos. Ele
prepara o caminho para a formação do seu próprio povo.

Perguntas de recapitulação
1. Leia Gênesis 3 e responda:
a. Qual foi a questão decisiva no relacionamento de Adão e Eva com Deus?

b. Por que o Pecado de Adão e Eva foi tão sério? (1.31; 2.15-16; 3.4-5)

c. Faça uma lista completa de todas as consequências do pecado para: o mundo, os homens,
as mulheres e os seres vivos.

d. Pelo relato da queda, como podemos perceber a manifestação de misericórdia de Deus?

18
LIÇÃO 5

O Dilúvio
Gênesis 5–9

O propósito principal da genealogia do capítulo 5 é o de conversar o registro da linhagem da


qual virá a semente prometida. Há um padrão nesta genealogia: “viveu… gerou… morreu…”,
assinalando a consequência mortífera do pecado. A vida de Enoque, no entanto, foi diferente das
demais apresentadas neste relato. Sua vida foi mais curta do que as demais (365 anos) e sua
comunhão com Deus apresenta características distintas dos demais da sua geração: andava com
Deus num ambiente de maldade e de infidelidade levando uma vida de fé e pureza, não separado
do mundo mas como chefe de uma família; foi arrebatado, continuando assim a sua comunhão
com Deus, o que já vinha fazendo em sua vida.
Com o transcorrer do tempo, a separação entre os descendentes de Sete e os de Caim acaba
por causa do casamento misto entre as duas linhagens. A união entre os homens piedosos e as
mulheres incrédulas foi motivada pela atração física destas mulheres. Sem mães piedosas, a
descendência de Sete degenerou-se espiritualmente.
A corrupção e violência dos homens doeram a Deus e ele se arrependeu de tê-los criado.
Determinou Deus destruir a perversa geração. O propósito do dilúvio era tanto destrutivo como
construtivo.
O dilúvio: julgamento feito por Deus sobre a humanidade Gênesis 6.11–8.19
• Preparação para o dilúvio 6.11–22
• O dilúvio 7.1–8.19
• A aliança com Noé 8.20–9.19
• Noé e seus filhos 9.20–10.32

O dilúvio: o julgamento de Deus (Gênesis 6.11–8.19)


Nos dias de Noé, a iniquidade da raça humana alcançou um nível tão alto que levou Deus a
decretar um julgamento sobre a terra. Ignorando o seu Criador, cada vez mais o homem usava
para o próprio prazer as dádivas que recebera do Senhor. A corrupção e a violência aumentaram
de tal maneira que tudo que se fazia era fruto da maldade (alguma similaridade com os tempos
de hoje?). A Bíblia diz que Deus se arrependeu de ter criado a raça humana e planejou aniquilá-la
(6.17). Mais uma vez, porém, a misericórdia precedeu o julgamento e, durante 120 anos, o povo
foi avisado da destruição que viria sobre ele. Enquanto a raça humana como um todo continuava
a corromper a terra e a fazer aumentar seu desejo de poder, Deus garantiu a Noé que
estabeleceria uma aliança com ele e seus descendentes (6.12, 18).

19
O Senhor ordenou que Noé construísse uma arca que lhes provesse um lugar seguro durante
o dilúvio que se aproximava. A arca, cujo comprimento variava de 150 a 200 metros, com algo
entre 25 e 35 metros de largura e uma altura que ia de 15 a 20 metros (dependendo da medida
exata do cúbito), proporcionou espaço suficiente para um casal de cada espécie de animal impuro
e sete pares das espécies puras. De acordo com a provisão e as instruções de Deus, a vida animal
foi preservada na arca durante o período de um ano.
O dilúvio foi o julgamento mais severo e mais abrangente sobre a raça humana nos tempos
veterotestamentários. Seu propósito era destruir a humanidade pecadora e, ao mesmo tempo,
renovar a raça através de um remanescente que temesse a Deus. Apenas Noé e seus familiares
escaparam da morte. Referências posteriores ao julgamento divino por meio do dilúvio
demonstram que ele serviu de advertência para o restante da humanidade (ver Lc 17.27; Hb 11.7;
1Pe 3.20; 2 Pe 2.5; 3.3-7). Com o dilúvio, Deus realizou seu propósito e estabeleceu uma aliança;
desta vez com Noé e sua família.

O recomeço da raça humana (Gênesis 8.20–9.29)


A humanidade recebeu uma nova oportunidade em um mundo renovado. O primeiro ato de Noé
depois de sair da arca foi adorar a Deus e oferecer-lhe animais em sacrifício.
O arco-íris foi um sinal como da aliança estabelecida entre Deus e o homem, assegurando-lhe
que a raça humana nunca mais seria destruída por um dilúvio. A aliança com Noé é a primeira que
se encontra na Bíblia. A relação de Deus com seu povo mediante alianças veio a ser assunto
importantíssimo. Deus estabeleceu aliança com Noé, com Abraão, com Israel (por meio de
Moisés) e com Davi. As alianças divinas são diferentes da aliança humana: Deus é quem toma a
iniciativa, estipula as condições e faz uma solene promessa pela qual se prende voluntariamente
em benefício o homem. Embora na aliança com Noé Deus impõe a si mesmo a obrigação de
guardar a aliança, em geral não é assim. Deus exige em contrapartida a fidelidade de seu povo. A
desobediência tinha consequências muito claras e podia ser rompida ainda que
temporariamente. As alianças se relacionam entre si e cada uma se enriqueceu progressivamente
em sua promessa até que Cristo veio e inaugurou a nova aliança.
Depois de terem a esperança renovada, Noé e seus filhos foram comissionados para repovoar
e possuir a terra. Deus providenciou seu sustento, dando-lhes animais, mortos de maneira
apropriada, e plantas que lhes serviam de alimento. Deus proibiu comer o sangue dos animais. A
explicação mais bíblica desta proibição é porque ela preparou o caminho para ensinar a
importância do sangue por meio da expiação (Lv 17.10-14). O sangue representa uma vida
entregue na morte. Além disso, qualquer pessoa teria de prestar contas diante de Deus caso
viesse a ser culpada de derramamento de sangue humano.
Deus estabeleceu a pena capital para restringir a violência. O homem é de grande valor e a
vida é sagrada, pois Deus fez o homem conforme a sua imagem. Lutero viu nesse mandamento a
base para o governo humano (Gn 9.5-6). O apóstolo Paulo confirma que este poder de
autoridade sobre outros é poder de Deus, e que a pena capital está em vigor (Rm 13.1-7).

A benção e a maldição de Noé


Noé, homem justo, caiu no pecado da embriaguez em seu próprio lar. As diferente reações
dos filhos levaram-no a amaldiçoar Canaã e a abençoar Jafé e Sem.

20
Canaã, filho de Cam, foi amaldiçoado por causa do tratamento desrespeitoso que seu pai
demonstrou para com Noé. Os descendentes de Canaã fizeram morada na Palestina e na Fenícia
(10.15-19), e eram notoriamente imorais. Muitos séculos depois, os cananeus sofreram o
julgamento divino quando os israelitas, sob a liderança de Josué, receberam a ordem de
destruí-los. Em referências posteriores aos juízos divinos sobre os cananeus, Moisés o relaciona
com a extrema impiedade deles (Gn 15.16, 19.5; Lv 20.2; Dt 9.5).
A benção sobre Sem pode ser traduzida literalmente por: “Bendito seja o Senhor, o Deus de
Sem” (9.26a) e implica que o Senhor seria o Deus dos semitas. O povo hebreu era uma raça
semita. Os descendentes de Jafé (indo-europeus) seriam os hóspedes dos semitas, dando-lhes
proteção e unindo-se, inclusive, a eles no serviço a Deus. Isto é, a promessa messiânica passaria
aos semitas, e se vê o primeiro anúncio da entrada dos gentios (Jafé) na comunidade cristã que
nasceu dos hebreus (Sem).

Conclusão
A referência ao dilúvio no NT serve de advertência de que Deus é o justo Juiz de todo o mundo e
castigará infalivelmente o pecado e livrará da prova o piedoso (2Pe 2.5-9). No tempo de Noé,
Deus destruiu o mundo com água, mas no futuro vai fazê-lo com fogo (2Pe 3.4-14). Será o
prelúdio para estabelecer uma nova ordem, na qual habitará a justiça.
O caráter repentino e inesperado do dilúvio exemplifica a maneira pela qual ocorrerá a
segunda vinda de Cristo e mostra que o cristão deve estar preparado em todos os momentos
para aquele dia (Mt 24.36-42).
O apóstolo Pedro viu também um paralelo entre o batismo em água e a salvação de Noé e sua
família no meio das águas (1Pe 3.20-22). A água simboliza tanto o juízo de Deus sobre o pecado
como o seu resultado, a morte. O batismo significa que o crente se une espiritualmente a Jesus
em sua morte e ressurreição. À semelhança de Noé na arca, o crente em Cristo passa ileso pelas
águas do juízo e morte a fim de habitar em uma nova criação. No Calvário todas as fontes do
grande abismo foram rompidas, e as águas do juízo subiram sobre Cristo, porém nenhuma gota
alcança o crente porque Deus fechou a porta.

Perguntas de recapitulação
1. Qual foi o erro dos filhos de Sete? Em que se corromperam seus descendentes? (capítulo 6)

2. Explique o arrependimento de Deus (Gn 6.6) à luz de Nm 23.19. (Há uma frase em Gn 6.6
que esclarece o arrependimento divino.)

3. Escreva as três frases que descrevem o caráter de Noé. Uma frase acerca de seu caráter
repete-se duas vezes (cap. 6 e 7); essa frase descreve o segredo de como agradar a Deus.
Escreva-a e cite as referências.

21
4. Quais foram as causas morais do dilúvio?

5. Qual é o sinal e o significado da aliança de Deus com Noé?

6. Faça uma lista das lições práticas que podem ser extraídas da vida de Noé.

22
LIÇÃO 6

Dispersão das nações


Gênesis 10 e 11

Para demonstrar que a humanidade é uma, o escritor sagrado dedica uma capítulo do livro para
traçar a origem das nações. O escritor também insinua que no plano de Deus as nações não
seriam esquecidas. Mediante o povo escolhido seriam benditas e viriam a ser participantes da
salvação para todos.
A origem das nações Gênesis 10.1–11.32
• Os filhos de Noé 10.1–10.32
• A torre de Babel 11.1-9
• Sem e seus descendentes 11.10-32

As nações
Embora pertencessem à mesma raça e falassem a mesma língua, os descendentes de Noé
permaneceram por um período muito longo em uma única região (11.1-9). Contrariando a ordem
divina de se espalharem sobre a terra, e orgulhosos dos seus próprios feitos, os homens iniciaram
a construção da torre de Babel na planície de Sinear. Entretanto, Deus interveio e pôs fim àquele
empreendimento, ao confundir as línguas. Consequentemente, a raça humana se espalhou pela
terra, e deu, assim, cumprimento à intenção que Deus tinha, originalmente para a humanidade.
A distribuição geográfica e étnica da raça humana está descrita no capítulo 10 de Gênesis.
Jafé e seus filhos seguiram para o oeste, em direção à Espanha, cruzando o mar Cáspio e o mar
Negro (10.2-5). Os filhos de Cam migraram para o sudoeste, em direção à África (10.6-14),
enquanto os semitas (10.21-31) ocuparam a área ao norte do golfo Pérsico.
Os descendentes de Jafé ocuparam a Ádia Menor e as ilhas do Mediterrâneo; formaram,
inclusive, grupos como os celtas, citas medos, persas e gregos. Os filhos de Cam povoaram as
terra meridionais tais como Egito, Etiópia e Arábia. Canaã era o antigo povo da Palestina e Síria
meridional antes da conquista dos hebreus. As nações semitas (elamitas, assírios, arameus e os
antepassados dos hebreus) fizeram morada na Ásia, desde as praias do mar Mediterrâneo até o
Oceano Índico, ocupando a maior parte do terreno entre Jafé e Cam.

A torre de Babel
Ninrode é mencionado como o fundador do império babilônico e construtor de Nínive
(10.8-12). Destacou-se por ser o primeiro poderoso na terra e poderoso caçador (de homens).
Babel (Babilônia) vero a ser o símbolo do opressor povo de Deus após o cativeiro babilônico. No

23
Apocalipse usa-se o termo “Babilônia” para designar uma união de ímpios, cuja queda marca a
vitória final de Cristo.
A cidade de Babel foi edificada na planície que se encontra entre os rios Tigre e Eufrates. A
construção da torre desagradou a Deus por causa de diversos fatores:
a) Os homens relegaram o mandamento de que deviam espalhar-se e encher a terra (9.1,
11,4). Um dos motivos da construção era que eles desejavam permanecer unidos. Sabiam que
edifícios permanentes e uma coletividade firmemente estabelecida produziriam um modelo
comum de vida que os ajudaria a permanecer juntos.
b) Foram motivados pela intenção de exaltação pessoal e de culto ao poder que
posteriormente caracterizou a Babilônia. Uma torre elevada e assim visível para todas as nações
seria um símbolo de grandeza e de poder para dominar os habitantes da terra.
c) Excluíam Deus de seus planos; ao glorificar seu próprio nome, esqueciam-se do nome de
Deus.
Deus confunde os homens, frustrando-lhes o orgulho e independência, mas também
espalhando-os, a fim de que povoassem a terra. Com zombaria a cidade se chama Babel
(confusão); originalmente queria dizer “Porta de Deus”.
Diante deste relato, observamos que o dia de Pentecoste, no Novo Testamento, é o
semelhante oposto da confusão de línguas em Babel. Vemos, portanto, um paralelo entre Babel e
Pentecoste. No primeiro, Deus espalha as nações e passa a lidar apenas com um homem. No
segundo, por causa do sacrifício de um homem, Deus agora se relaciona com todo o mundo
unindo todas as nações através da pregação de um pequeno grupo, descendentes da nação
escolhida por Deus.
denciar • Uma terra;
O relato do desenvolvimento da humanidade desde o início da criação finalmente passa a
enfocar apenas os semitas (11.1-32). Em uma árvore genealógica de dez gerações, essa listagem
• Uma descendência;
apresenta um homem chamado Terá, que migrou de Ur para Harã. O clímax desse relato se dá
• Bênçãos a todas as nações;
com a apresentação de Abrão, cujo nome mais tarde seria mudado para Abraão (17.5). Ele se
tornou o pai e o fundador de Israel, a nação escolhida de Deus. Por meio desse povo vieram as
promessas de Como isto mundial
bênção é expresso em 12:1-3, 6-7
e o cumprimento dase profecias
qualificado e estendido
messiânicas em
(Gn 22.15-18; v. Mt
13:14-17; 15:1-6; 17:1-8?
1.1, 2). O restante do Antigo Testamento consiste, basicamente, na história e literatura do povo
escolhido de Deus – Israel. Deus passa de tratar com o mundo inteiro e agora concentra-se em
Pelo que você sabe do restante da Bíblia, como e quando essas
e Deus uma única nação.
promessas foram cumpridas? Leia...
mente

o que

• Atos 3:25
24
• Romanos 8:20-21
Conclusão
Chegamos ao fim da primeira seção do livro de Gênesis (A História Primitiva). Nas próximas lições
estudaremos a segunda seção do livro (A História Patriarcal). Conheceremos em detalhe os quatro
grandes homens, os patriarcas da nação escolhida por Deus, Israel, de onde virá o Messias;
veremos o seu chamado, aprenderemos acerca de sua fé e de como Deus toma o controle da
história da humanidade para que a família de 70 pessoas fosse levada ao Egito onde Deus
formará o seu povo.

Perguntas de recapitulação
1. Quem se destaca no capítulo 10?

2. Note o contraste entre 11.4 e 11.7. Que verdade podemos extrair desses versículos?

3. Que doutrina é indicada o versículo 11.7?

4. Leia Gn 10.8-10 e 11.1-4. Por que se menciona Ninrode? Como seu título se assemelha com o
caráter do anticristo? (2Ts 2.3-10).

5. Mencione os motivos pelos quais desagradou a Deus a construção da torre.

25
Desafio:
A. Escreva um parágrafo explicando a ênfase que o Novo Testamento dá sobre os seguintes
eventos:
- A criação (Jo 1.1-2; At 14.15; Hb 1.10; 11.3; Ap 4.11; 10.6)
- O homem criado segundo a imagem de Deus (1Co 11.7; Cl 3.10; Tg 3.9)
- O dilúvio (Mt 24.37-39; Lc 17.26; 1Pe 3.20)

B. Com base no texto de Gênesis 1–11, prove que, desde o princípio dos tempos, Deus se
interessava pela humanidade. Apresente no mínimo cinco provas do interesse divino por
nós, hoje em dia.

26
LIÇÃO 7

Abraão
Gênesis 12–25

Ao começar a história de Abraão, o escritor inspirado deixa para trás a história primitiva da raça
humana em geral para relatar a de uma família. O período patriarcal está relatado em Gênesis
12-50 e reúne as lembranças que se conservam dos grandes antepassados de Israel: Abraão,
Isaque, Jacó e José. Todos eles se destacam como homens que ouvem a voz de Deus e a ele
obedecem. Todos os seus momento estão marcados pela intervenção divina. O grande propósito
de Deus ao escolher essas pessoas é formar um povo que realize a sua vontade na terra e seja um
meio de cumprir o plano da salvação.
Durante a primeira parte do segundo milênio a.C., os patriarcas viveram em meio às culturas
do Oriente Próximo. Abraão emigrou do vale dos rios Tigre e Eufrates para a Palestina, e Jacó e
seus filhos estabeleceram-se no Egito no final da era patriarcal. A área entre o Nilo e os rios Tigre e
Eufrates é conhecida como Crescente Fértil.
Àquela época, as grandes pirâmides já haviam sido construídas no Egito. Na Mesopotâmia,
havia vários códigos que regulavam o comércio e as relações sociais. Mercadores em caravanas
de camelos e jumentos cruzavam com frequência a Palestina, para negociar nos dois maiores
centros culturais do mundo antigo.
O período patriarcal começa por volta de 2000 a.C. e dura mais ou menos três séculos. Nesta
lição conheceremos Abraão: o homem que ficou conhecido como o amigo de Deus.
Abraão é um dos mais importantes e bem conhecidos personagens da história. Tanto no
judaísmo quanto no islamismo, ele é considerado um patriarca. No cristianismo, ele é lembrado
como um homem de grande fé e pai dos fiéis. Os capítulos da Bíblia que tratam da vida de
Abraão após o seu chamado por Deus podem ser esboçados da seguinte maneira:
Abraão se estabelece em Canaã Gênesis 12–14
• Mudança de Harã para Siquém, Betel e Neguebe 12.1-9
• A viagem pelo Egito 12.10-20
• A separação de Abraão e Ló 13.1-13
• A terra prometida 13.14-18
• O resgate de Ló 14.1-16
• Abraão abençoado por Melquisedeque 14.17-24
Abraão aguarda o filho prometido Gênesis 15–22
• A promessa de um filho 15.1-21
• Agar dá à luz Ismael 16.1-16

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• A renovação da promessa – o símbolo da aliança 17.1-27
• A intercessão de Abraão – o resgate de Ló 18.1–19.38
• Abraão e o incidente com Abimeleque 20.1-18
• O nascimento de Isaque – Ismael e Agar são expulsos 21.1-21
• Abraão passa a morar em Berseba 21.22-34
• A aliança confirmada pela obediência 22.1-24
Abraão provê para sua posteridade Gênesis 23.1–25.18
• Abraão adquire uma sepultura 23.1-20
• A noiva para o filho prometido 24.1-67
• Isaque designado como herdeiro – a morte de Abraão 25.1-18

Detalhes históricos e temporais


Abraão nasceu em uma família de idólatras, em meio a um povo pagão (Js 24.2-3). Seu pai
pode ter participado da adoração da Lua (deusa Sin), na cidade de Ur, e, mais tarde, em Harã. Em
resposta ao chamado de Deus, Abraão partiu de Harã e viajou pela Palestina, uma terra cerca de
600km distante dali.
Pela narrativa de Gênesis, podemos identificar o trajeto feito por Abraão. A maior parte dos
lugares pelos quais ele passou ainda podem ser identificados hoje em dia. Siquém, cerca de
50km ao norte de Jerusalém, foi o primeiro lugar em que Abraão montou acampamento. Mais
tarde, ele viveu próximo a Betel. Em um terreno próximo a Hebrom ainda é possível ver os
carvalhos de Manre, onde Abraão construiu um altar e teve um tempo de comunhão com Deus.
Outras cidades em que o patriarca viveu foram Gerar, na terra dos filisteus, e Berseba, ao sul. Nas
Escrituras, também lemos a respeito de uma viagem que ele fez até o Egito.

A maioria desses capítulos trata dos vinte e cinco anos da vida de Abraão anteriores ao
nascimento de Isaque (12–20). Os capítulos 21–25 oferecem pouquíssimos detalhes dos setenta e
cinco anos restantes da vida do patriarca.

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Prosperidade material
Gênesis nos conta sobre a grande riqueza de Abraão. A declaração do versículo 12.5 sugere a
extensão de suas posses. Entretanto, o fato de ele ter conseguido reunir um destacamento de 318
servos treinados para libertar Ló indica que tinha vastos recursos (14.14). A caravana de dez
camelos que seu servo usou na viagem para a Mesopotamia demonstra uma riqueza muito
grande, uma vez que um camelo exigia um grande investimento, maior do que uma pessoa de
posses médias conseguia dispensar (24.10). Abraão possuía servos que conseguira por meio de
negócios e presentes, além daqueles que haviam nascido em sua casa (16.1; 17.23, 27; 20.14). Os
líderes locais reconheciam em Abraão um príncipe; faziam alianças e realizavam tratados de paz
com ele (14.13; 21.32; 23.6).

Costumes e cultura
Abraão era um homem típico de sua época. Sua decisão de fazer uma viagem pelo Egito, quando
pressionado pela fome, pode indicar falta de fé, e seu comportamento perante faraó com certeza
representa um período de frieza espiritual. Como marido de Sara, ele poderia ter sido morto.
Como irmão dela, porém, esperava ser honrado. Ele ignorou a decência e a verdade e,
posteriormente foi convidado a retirar-se do Egito, humilhado (12.11-20).
As leis predominantes da Mesopotâmia, cultura na qual Abraão cresceu, também explicam
por que ele considerou fazer Eliézer, seu servo mais antigo, seu herdeiro (15.1-3). As leis de Nuzi
diziam que, se um homem e sua esposa não tivessem filhos, podiam adotar um servo como
herdeiro, dando-lhe todos os direitos legais e a garantia de receber a herança, em troca de
cuidados constantes e um enterro condigno. Quando Abraão ponderou essas possibilidades,
Deus renovou sua promessa com ele (15.4-5).
Por sugestão de Sara, Abraão admitiu a ideia de ter um filho com Agar, escrava de sua mulher.
Isso também era lícito, pelo costume daquela época. Um casal sem filhos podia adotar o filho de
uma serva como herdeiro legal. Após dez anos vivendo em Canaã, sem nenhuma perspectiva da
chegada do filho prometido, Abraão e Sara podem ter imaginado que esse expediente com Agar
forçaria o cumprimento da promessa de Deus. Treze anos mais tarde, quando Abraão tinha
noventa e nove anos, o Senho rejeitou aquele plano e assegurou-lhe que Sara daria à luz o filho
prometido. Dessa feita, Deus renovou sua aliança com Abraão e instituiu a circuncisão como
símbolo visível desse pacto (17.1-27; v. 12.1-3; 13.14-18; 15.18-21; Cl 2.11).
Houve ainda outro deslize espiritual na vida de Abraão: a mentira que ele arquitetou diante de
Abimeleque, rei de Gerar, com respeito a Sara, sua esposa (20.1-18). Mas Deus interveio em favor
de Abraão, capacitando-o para orar pelo monarca e seus conservos.
Ao analisarmos a expulsão de Agar (21.9-21) e a preocupação de Abraão com o bem-estar
dessa escrava, percebemos que o patriarca levava em conta as leis de sua época. Era proibido
vender uma escrava depois que ela tivesse dado à luz um filho de seu senhor. Embora esse caso
não seja estritamente uma analogia, Abraão só expulsou Agar depois de ter a certeza de que era
essa a vontade de Deus. Mesmo assim, quando a mulher e seu filho partiram, receberam da mão
de Abraão a provisão do sustento.
Quando da morte de Sara, podemos perceber outra vez que Abraão comportou-se do modo
típico de sua época. Quando negociou com os hititas para comprar uma sepultura (23.1-20), ele
quis adquirir apenas a caverna de Macpela. Todavia, Efrom insistiu em vender o campo
juntamente com a caverna. Dessa maneira, Abraão ficou sujeito aos impostos previstos na lei
hitita. Se tivesse comprado apenas a caverna, poderia ter-se livrado daquela obrigação.

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Um homem de fé
Mediante a fé nas promessas de Deus, Abraão destacou-se dos religiosos de sua época. Desde o
início, ele respondeu com a obediência. Em todos os lugares pelos quais passou em Canaã,
ergueu um altar e deu testemunho público de que adorava o único e verdadeiro Deus (24.3) em
meio a um povo pagão (v. 12.7-8).
Analisemos os seis desdobramentos da promessa que Deus fez a Abraão:
1. “… de ti farei uma grande nação…”
2. “… e te abençoarei…”
3. “… e te engrandecerei o nome.”
4. “Sê tu uma benção!”
5. “Abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem…”
6. “… em ti serão benditas todas as famílias da terra.”

Essa promessa múltipla teve implicações muito abrangentes na história da humanidade, as


quais se prolongam até os dias de hoje – mais do que Abraão poderia ter imaginado durante sua
vida. É verdade que aquele patriarca foi ricamente abençoado enquanto viveu e, antes de sua
morte, pôde entender que muitas nações ainda poderiam surgir a partir de Ismael, Isaque e seus
outros filhos. Hoje em dia, o nome de Abraão é grandemente respeitado por judeus, muçulmanos
e cristãos. A promessa de que esse patriarca seria uma bênção para todas as famílias da terra
cumpriu-se completamente em Cristo. Mateus inicia seu evangelho afirmando que Jesus, o
Salvador do mundo, é filho de Abraão (1.1; v. Gl 3.6-9).

A aliança abraâmica
Ao estudarmos a vida de Abraão nos capítulos seguintes, fica evidente que sua compreensão das
promessas divinas foi se desenvolvendo aos poucos. Em tempo de crise, Abraão adquiriu um
entendimento mais aprofundado dessas promessas. Ele demonstrou grande generosidade
quando deu a Ló a oportunidade de escolher sua porção de terra (Gn 13). Enquanto Ló baseou
sua escolha sob o ponto de vista do ganho material imediato em meio a um povo ímpio, Abraão
recebeu confirmação da parte de Deus de que ele e sua posteridade possuiriam aquela terra.
Quando Abraão resgatou Ló, recusou-se a aceitar recompensa do rei de Sodoma e mostrou-se
preocupado com as providências legais para o futuro. Entretanto, Deus lhe revelou mais a respeito
do que estava por vir. O Senhor prometeu que seus descendentes seriam tão numerosos como as
estrelas do céu, mas que iriam habitar no Egito por quatrocentos anos. Lemos ainda que Abraão
creu em Deus, e que isso lhe foi creditado para justiça (v. Rm 4.3, 22).
A aliança de Deus com Abraão foi ampliada e confirmada quando o patriarca completou
noventa e nova nos de idade. O Senhor lhe apresentou explicitamente os termos da aliança
(17.1-27). Embora o nascimento do filho prometido só fosse ocorrer dali a um ano, Deus
estabeleceu a circuncisão como sinal distintivo da aliança com Abraão e seus descendentes (v. Rm
4.9-12).

Um amigo de Deus
A partir de Gênesis 18 e 19, podemos perceber que Deus tinha amizade com Abraão (v. Is 41.8;
Tg 2.22-23). Quando o Senhor compartilhou com o patriarca os planos concernentes ao futuro de

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Sodoma e Gomorra, Abraão se sentiu impelido a orar. Todavia, desistiu de pleitear a favor daquela
causa com uma pergunta retórica: “Não fará justiça o Juiz de toda a terra?”. Deus demonstrou que
aplicava sua justiça temperada com misericórdia ao garantir a Abraão que, se encontrasse dez
justos entre os habitantes, aquelas cidades seriam poupadas. Sodoma e Gomorra foram
destruídas por não haver nelas aquele número de pessoas íntegras. Contudo, Deus salvou Ló e
sua família.

Mais testes e provações


Após o nascimento de Isaque, Abraão enfrentou a maior prova de sua fé. Deus pediu que ele
sacrificasse seu único filho no monte Moriá. Abraão obedeceu, demonstrando acreditar que Deus
era capaz de ressuscitar seu filho dos mortos (v. Hb 11.19). Ele teve ainda de responder ao
questionamento mais incômodo que um filho pode fazer ao pai, quando Isaque lhe perguntou a
respeito do animal que deveria ser usado no sacrifício. Pela fé, Abraão enxergou além do mundo
visível para dar ao filho uma resposta profética, assegurando-lhe que o próprio Deus
providenciaria o cordeiro para o holocausto (22.1-19; v. 1Co 5.7; Hb 9.26; Ap 13.8). Primeiro, Deus
providenciou o carneiro e séculos depois, seu Filho amado.

Descendência de Abraão
As Escrituras nos contam muito pouco a respeito do filho da promessa feita a Abraão. Sua vida foi
bastante tranquila, se comparada à de seu pai e de seus próprios filhos. Isaque passou parte de
sua existência no sul de Canaã, nas proximidades de Gerar, Reobote e Berseba.
Abraão teve outros filhos. O mais conhecido deles foi Ismael, pai dos árabes, e Midiã, pai dos
midianitas. Para cada um desses filhos Abraão entregou presentes quando partiram de Canaã,
deixando o território para Isaque, herdeiro de tudo o que Abraão possuía.

Conclusão e aplicação
Abraão morreu aos 175 anos, foi sepultado na cova de Macpela pelos seus filhos Isaque e Ismael.
Em termos gerais, Abraão foi o maior, o mais puro e o mais venerável dos patriarcas. Era amigo de
Deus e pais dos crentes, generoso, desprendido, tinha um caráter magnífico e foi um homem cuja
fé em Deus não tinha limites; e tudo isto, na vizinhança e ambiente de Sodoma e Gomorra.
Por meio da vida de Abraão podemos tirar algumas lições importantes para nossa própria vida
como filhos da fé:
a) As provas vêm até mesmo para aqueles que obedecem a Deus.
b) O maior de todos os santos pode cair. Vitórias passadas não são uma garantia de vitórias
futuras. Cada prova necessita de um exercício novo da fé.
c) Um pecado leva a outro pecado. Em mais de uma situação, a desobediência de Abraão o
levou a pecar (mentindo ou enganando).
d) Durante as provações nossa fé deve estar confiada no poder de Deus e não na provisão do
mundo.
e) Nosso pecado pode servir de pedra de tropeço para outros.
f) Nossos pecados destroem nosso testemunho.
g) Deus é soberano, e pode proteger seu povo em qualquer lugar que eles estejam.
h) Deus pode corrigir e restaurar seus filhos que andam no erro. (Hb 12.6-8)

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Perguntas de recapitulação
1. Cite os principais acontecimento da vida de Abraão.

2. Qual a importância dos altares que Abraão construiu para adorar a Deus?

3. Por que Abraão é chamado homem de fé?

4. Quais são as três grandes promessas feitas a Abraão?

5. Quais foram o sinal e o significado da aliança de Deus com Abraão?

Desafio
A. Examine o texto sobre a provação de Abraão quando Deus o manda sacrificar Isaque e
responda as seguintes perguntas.
1. Qual foi o motivo que Deus tinha para pedir a Abraão que oferecesse seu filho em
sacrifício? (Deus mesmo expressa o motivo da prova.)
2. Que lição prática você encontra no pedido de Deus a Abraão? Que Deus quer de nós?
3. Que traço do caráter de Abraão evidencia o fato de que tenha saído cedo de manhã
para ir ao monte Moriá?
4. Como sabia o escritor da carta aos Hebreus que Abraão acreditava que Deus
ressuscitaria a Isaque? (Hebreus 11.19).
5. Que grande lição nos ensina a provisão de Deus de um cordeiro para o sacrifício?
(22.14).
6. Que lição espiritual deveria Isaque ter aprendido de sua experiência no monte Moriá?

B. Faça uma comparação entre o episódio do monte Moriá e o do monte Calvário. Inclua
referências do Novo Testamento.

C. Note o motivo e as consequências das decisões de Abraão e Sara em cada acontecimento


descrito em Gênesis 12–25. Faça um diagrama de três colunas: a) as decisões; b) os motivos;
c) os resultados.

33
LIÇÃO 8

Isaque
Gênesis 25–27

Isaque era o filho de Abraão para quem as promessas de Deus seriam confirmadas. O relato de
como Abraão providenciou uma noiva para seu filho (Gn 24) é fascinante. Dele podemos extrair
lições a partir da maneira como Deus guiou o servo de Abraão através da oração. Por fim, aquele
homem foi capaz de trazer Rebeca à terra da promessa patriarcal para tornar-se esposa de Isaque.
As Escrituras nos contam muito pouco a respeito do filho da promessa feita a Abraão. Sua vida
foi tranquila, se comparada à de seu pai e à de seus próprios filhos. Ele passou parte de sua
existência no sul de Canaã, nas proximidades de Gerar, Reobote e Berseba. Isaque era o elo
necessário para o cumprimento das promessas de Deus a Abraão. A partir do relato bíblico
(27.27-33), reconhecemos Isaque como um homem de fé, que transmitiu bênçãos aos seus filhos
(v. Hb 11.20).
Embora tecnicamente falando, Isaque não é um tipo de Cristo, há pontos notáveis de
comparação entre as duas pessoas. Como Jesus, Isaque tinha certas características:
1) Era o filho da promessa cujo nascimento foi miraculoso.
2) Foi chamado “único” e filho “a quem amas”, de seu pai (Gn 22.2).
3) Foi apresentado como sacrifício por seu pai (Jo 3.16 e Rm 8.32,34).
4) Foi um filho obediente e submisso (Hb 5:8 e Fp 2.8,5).
5) Foi ressuscitado em sentido figurativo (Hb 11.19).
6) Foi feito herdeiro de tudo o que seu pai possuía (Gn 25.5; Hb 1.2).

Podemos dividir o breve relato da vida de Isaque da seguinte maneira:


A família de Isaque Gênesis 25.18-34
• Rebeca, mãe de gêmeos 25.18-26
• Esaú e Jacó negociam o direito de primogenitura 25.27-34
Isaque se estabelece em Canaã Gênesis 26.1-33
• A aliança confirmada a Isaque 26.1-5
• Problemas com Abimeleque 26.6-22
• As bênçãos de Deus em Isaque 26.23-33
A bênção patriarcal Gênesis 26.34–28.9
• Isaque favorece Esaú 26.34–27.4
• A posse indevida da bênção - consequências imediatas 27.5–28.9

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Nascimento de Jacó e Esaú, e a rivalidade entre ambos. (Gn 25.19-34)
Rebeca era estéril. Após Isaque e Rebeca se casarem, há um período de 20 anos até o nascimento
dos gêmeos. À semelhança do nascimento de José, de Sansão e de Samuel, o dos gêmeos
ocorreu depois de um longo período de tristeza e oração. Foi dada a Rebeca a profecia de que os
dois filhos seriam fundadores de duas nações antagônicas: a nação que descenderia do mais
velho serviria à nação que surgiria do mais novo, ou dela dependeria. Neste caso Deus trocou o
costume daquele tempo que favorecia o filho mais velho.
“Esaú” significa “cabeludo” e é o mesmo patriarca que depois foi chamado “Edom”, que
significa “vermelho” (25.30). Esaú foi o antepassado dos edomitas que ocuparam a região ao
oriente de Judá. A palavra “Jacó” significa “o que segura pelo calcanhar”, porém mais tarde Esaú o
interpretou como “suplantador” (27.36).
Esaú tornou-se um hábil caçador, era impulsivo e até generoso, mas sem domínio próprio e
incapaz de apreciar os valores espirituais. Uma amostra do caráter do homem natural. Em
contrapartida, Jacó era homem pacífico que amava a vida do lar, eficiente no manejo dos assuntos
da família, porém interesseiro, ardiloso e astuto no trato com os demais. Apesar disto,
preocupava-se com o espiritual. A diferença entre os dois acentuava-se pelo fato de os pais
mostrarem parcialidade, cada qual por um dos filhos e não atuarem como “uma só carne”. O
casamento planejado no céu não foi um êxito absoluto na terra porque os cônjuges falharam.
A venda de primogenitura por um prato de lentilhas revela que Esaú não atribuía valor alguma
ela porque não tinha ideais fora da satisfação física e imediata. Posteriormente desprezou o
conceito de separação que seus pais tinham e se casou com um pagã hetéia (26.34). É chamado
“profano” (Hb 12.16) que significa carente de espiritualidade. Por outro lado, Jacó anelava o
espiritual, mas se enganou ao supor que era preciso algum ardil humano para colaborar com
Deus no cumprimento de sua promessa. Os direitos e privilégios do primogênito, em geral,
abrangiam o recebimento da herança e da chefia da família durante a guerra e no culto. Neste
caso, incluía guardar o pacto e perpetuar a linhagem messiânica.

Isaque abençoado em Gerar. (Gn 26)


Este capítulo registra três tentações que Isaque teve de enfrentar: abandonar a terra prometida
em um período de fome, simular que Rebeca não era sua esposa em um momento de perigo, e
reagir violentamente à provocações dos filisteus. Falhou em uma das provas (a segunda), porém
saiu vitorioso nas outras duas. Deus prova Isaque da mesma maneira que Abraão para ensinar-lhe
lições de fé e consagração. Cada nova geração tem de aprender por experiência própria o que
Deus pode fazer por ela.
O mesmo temor de uma fome terrível em Canaã, que apanhou a Abraão de surpresa na
geração anterior, por pouco não afligiu a Isaque e o tentou a seguir o exemplo de seu pai. Mas o
Senhor apareceu a Isaque e advertiu-o de que não se mudasse para o Egito. Deus, então, repete
as promessa já feitas a Abraão (26.3-5). Isaque demonstrou que tinha a mesma índole de fé que
Abraão, morando como estrangeiro na terra prometida (Hb 11.9). Sem dúvida alguma, perdeu
muitas riquezas, mas Deus empregou estas perdas para ensinar-lhe lições espirituais. Depois da
prova, o Senhor o enriqueceu com uma colheita extraordinária e o abençoou (26.12,13).
Na segunda prova, Isaque cometeu o mesmo pecado em que seu pai havia caído, ao fingir
que Rebeca era sua irmã. Abimeleque descobriu-o acariciando Rebeca e esse descuido foi a
evidência que Deus usou para proteger Rebeca. O Abimeleque deste relato não era o

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Abimeleque de Abraão, pois não parece que este nome era um título dinástico dos filisteus dessa
região.
O relato no qual se manifesta a inveja dos filisteus lança luz sobre o caráter de Isaque. O
patriarca demonstrou o espírito do Sermão do Monte dois mil anos antes que este fosse
pronunciado. Os filisteus consideravam-no um estranho e intruso. Reclamaram para si o território.
Entupir os poços era um ato de grande provocação, já que a água era de vital importância por ser
elemento escasso naquela parte da Palestina. Isaque poderia ter-se defendido porque era “muito
mais poderoso” do que os filisteus (26.16), mas preferiu ceder a brigar, considerando que mais
vale a paz com os homens e a bênção divina do que a água. Não obstante, chamou aos poços
“contenção” e “inimizade” como uma suave repreensão. Por fim os filisteus se cansaram de
persegui-lo.
A paciência de Isaque foi grandemente recompensada por Deus. Teve a paz que desejava,
não no estreito vale onde encontrou o primeiro poço, mas em um vale amplo e extenso onde
havia muito território para ocupar. Deus apareceu-lhe, confirmando-lhe o pacto. Isaque
enriqueceu sua vida espiritual edificando um altar e invocando o nome do Senhor. Seus velhos
inimigos procedentes de Gerar viram que o Senhor o estava abençoando. Chegaram procurando
fazer aliança com ele e deram um extraordinário testemunho deste pacificador (26.28). O relato
nos mostra, pois, que Deus permite que seus filhos sofram perdas para dar-lhe algo melhor e para
que se destaque seu caráter no caráter deles.

A bênção roubada. (Gn 27.1-46)


O complô de Isaque para entregar a bênção a Esaú e a contra-artimanha de Rebeca e Jacó revela a carnalidade de
toda a família. Cegado pelos impulsos carnais e pela parcialidade, Isaque estava decidido a dar a Esaú o que ele
sabia não pertencer ao filho mais velho, segundo a profecia (25.23). Esaú, por sua vez, estava disposto a
receber o que havia vendido por um prato de lentilhas. Rebeca e Jacó não estavam dispostos a
deixar a situação nas mãos de Deus, nem confiar que ele fosse capaz de cumprir a promessa, mas
quiseram contribuir com seus métodos carnais para a solução do problema. Como resultado,
sofreram. Ao compreender que Deus havia prevalecido sobre seus planos, Isaque se estremeceu.
Esaú desiludiu-se e se amargurou contra Jacó. Devido às ameaças formuladas por Esaú, Jacó teve
de imediatamente abandonar o lar que ele tanto amava e dirigir-se a uma terra estranha. Aqui
sofreu muito sob a mão corretora do Senhor. Rebeca, por sua vez, teve de despedir-se do filho
amado para não mais vê-lo: morreu antes que ele voltasse.
É interessante analisar as três bênçãos que Isaque pronunciou:
a) A bênção transmitida a Jacó (27.27-29) revela que Isaque pensava na parte material que
Esaú desejava, pois não mencionou as promessas mais importantes que Deus havia feito a
Abraão. Pediu somente a riqueza que nasce dos campos, o senhorio sobre seus irmãos e sobre
os cananeus.
b) A bênção dada a Esaú (27.39,40) referia-se principalmente aos descendentes deste: os
edomitas. Estes habitariam onde eram difícil cultivar a terra, fora da Palestina fértil.
Transformariam suas relhas de arado em espadas para viver da rapina como bandoleiros. Se se
submetessem a Israel seriam libertados dessa situação. Historicamente se cumpriu, pois Israel
dominou a Edom desde a monarquia em diante (v. Nm 24.18; 2Sm 8.13; 1Rs 11.15, 16) e Edom
se livrou de Israel pouco a pouco (2Rs 8.20-22; Ez 35.3).

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c) A bênção que Isaque transmitiu a Jacó quando este estava para dirigir-se a Padã-Arã
(28.3,4) foi a verdadeira bênção de Abraão porque incluiu tanto a terra como a descendência. E
o próprio Deus acrescentou a promessa messiânica (28.14). Desde esse tempo Jacó foi o
herdeiro da aliança.

Perguntas de recapitulação
1. Que problema semelhante ao de Abraão e Sara tiveram Isaque e Rebeca? Como foi resolvido?

2. Indique os traços de caráter de Jacó e de Esaú manifestados no incidente em que Esaú vendeu
sua primogenitura. Que lição o escritor de Hebreus extrai da conduta de Esaú? (Hb 12.14-17).

3. Estude o capítulo 26.

a. Quais foram as três provas de Isaque que se sobressaem neste capítulo? Como ele reagiu
diante de cada uma?

b. Em sua opinião, por que Isaque fracassou (ao mentir quanto a Rebeca) imediatamente
depois de haver recebido as promessas de Deus?

c. Como Deus recompensou a Isaque por haver vencido a primeira e a terceira provas?

Desafio
Indique as semelhanças e diferenças entre Abraão e Isaque.

Escreva as semelhanças entre o caráter de Esaú e o do homem natural. (v. 1Co 2.14)

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LIÇÃO 9

Jacó
Gênesis 28–36

No estudo anterior, vimos como a vida dos filhos de Isaque, Esaú e Jacó, é tanto intrigante quanto
desanimadora. Jacó tirou vantagem de seu irmão, ao comprar dele o direito de primogenitura – a
garantia dada ao filho mais velho de que teria proeminência na tribo – e dez um complô
juntamente com sua mãe, Rebeca, para enganar Isaque e se apossar indevidamente de sua
bênção.
Embora Jacó tenha partido de Canaã com a bênção de seu pai, passou por muitas
experiências difíceis antes de se tornar um homem de fé. Ele tinha medo de que Esaú buscasse
vingança. Seus pais, na esperança de impedir que se casasse com uma mulher hitita, enviaram-no
para a Mesopotâmia. No caminho, enquanto dormia em Betel, Jacó teve um sonho e procurou
fazer um acordo com Deus. Jacó prosperou grandemente enquanto trabalhou para Labão;
conseguiu para si não apenas uma família numerosa, mas também uma grande riqueza em
rebanhos.
Os detalhes da vida de Jacó serão contados da seguinte maneira.
Jacó na casa de Labão Gênesis 28.10–32.2
• O sonho em Betel 28.10-22
• Família e riquezas 29.1–30.43
• Deixando a casa de Labão 31.1–32.2
Jacó retorna a Canaã Gênesis 32.3–35.21
• A reconciliação de Esaú e Jacó 32.3–33.17
• Problemas em Siquém 33.18-34.31
• Adoração em Betel 35.1-15
• Raquel sepultada em Belém 35.16-21
Os descendentes de Isaque Gênesis 35.22-36.43
• Os filhos de Jacó 35.22-26
• O sepultamento de Isaque 35.27-29
• Esaú se estabelece em Edom 36.1-43

Jacó na casa de Labão (Gênesis 29 e 30)


Os vinte anos que Jacó passou na casa de Labão foram difíceis. Labão empregou contra Jacó a
velha arma do engano que o próprio Jacó anteriormente havia utilizado. Deus usou as

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experiências destes anos como uma escola para disciplinar e preparar Jacó a fim de que este
fosse herdeiro das promessas da aliança.
Na providência de Deus, o primeiro membro da família com que Jacó se encontrou foi a
formosa Raquel. Jacó amou Raquel desde o primeiro momento em que a encontrou. Dado que
ele não tinha dinheiro para comprá-la como noiva, pagaria seu preço com o trabalho. O grande
valor que Jacó atribuía a Raquel, o trabalho de sete anos que “foram aos seus olhos como poucos
dias” e a intensidade de seu amor jorram luz sobre o caráter do patriarca. Pelo fato de ser
enganado por Labão, Jacó certamente compreendeu como Esaú se sentiu ao reconhecer que
havia perdido a bênção que considerava caber-lhe. Em vez de receber a amada Raquel, havia-se
casado com Lia que era menos atraente. Depois de uma semana também Raquel lhe foi dada por
esposa, mas teve de trabalhar mais outros sete anos, sem receber salário.
O casamento com as duas irmãs trouxe consigo dificuldades, ciúmes e conflitos. Tais
matrimônios não foram proibidos até a promulgação da lei, com Moisés. Da união polígama
saíram os pais das doze tribos de Israel. Deus demonstrou seu desagrado pelo trato que Jacó deu
a Lia, fazendo Raquel estéril e Lia fecunda. De Lia, a esposa desprezada, originou-se seis das tribos
e entre elas a de Judá. O que a Jacó parecia um ardil cruel, era realmente um grande meio de
bênção.
A rivalidade entre Lia e Raquel explica os nomes de seus filhos, já que estes foram dados de
acordo com as circunstâncias ou sentimento das mães:

Nome Significado Mãe Referência*


Rúben Eis um filho Lia Gn 29.32;
Simeão Ouviu Lia Gn 29.33;
Levi Unido Lia Gn 29.34;
Judá Louvor Lia Gn 29.35;
Dã Juiz ou Julgou Raquel (Bila) Gn 30.6;
Naftali Minha luta Raquel (Bila) Gn 30.7-8;
Gade Afortunado ou tropa Lia (Zilpa) Gn 30.9-11;
Aser Bem-aventurança ou feliz Lia (Zilpa) Gn 30.12-13;
Isaacar Galardão Lia Gn 30.17-18;
Zebulom Morada Lia Gn 30.19-20;
José Acréscimo Raquel Gn 30.23-34;
Benjamim Filho da mão direita Raquel Gn 35.16-18;
*Gn 35-23-26; (Benjamin nasceu anos mais tarde na terra de Canaã)

Durante os quatorze anos que servi a Labão para consegui Raquel, Deus abençoou a Labão por
causa de seu genro. Jacó quis voltar a Canaã, porém seu sogro instou com ele para que ficasse,
prometendo pagar-lhe como ele quisesse. Labão impressionou-se com o fato de que o Senhor
estava com Jacó, mas ele próprio não buscou a Deus, antes pensou em beneficiar-se da relação
entre seu genro e o Senhor.
Jacó pediu para si o gado anormal (ovelhas negras e cabras malhadas); pois a cor normal das
ovelhas era branca e a das cabras, preta. Labão acreditou estar fazendo um bom negócio e agiu
com astúcia e prontidão mandando para longe os animais que proporcionariam a Jacó um
aumento de salário. Nos anos seguintes mudou repetidamente a forma de pagamento (31.7), mas

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com a ajuda do Senhor Jacó ia tomando o pagamento de seu sogro. Jacó atribuiu a um sonho
divino a ciência de como fecundar o gado para produzir mais com o qual Labão lhe tinha
atribuído (31.10-12), porém é melhor considerar que Deus operou um milagre para frustrar a
esperteza de Labão e abençoar a Jacó. Assim foi que Jacó prosperou grandemente a expensas de
seu sogro e este minguou.

Jacó retorna à terra prometida (Gn 31.1–33.17)


Depois de trabalhar vinte anos na casa de Labão, Jacó viu que era tempo de sair de Padã-Arã.
Consciente da direção de Deus, Jacó planejou retornar a Canaã. Raquel e Lia deram seu
consentimento à decisão de Jacó. Elas lembraram que Labão havia exigido quatorze anos de
trabalho de Jacó como preço de suas filhas e não havia dado a elas o dote correspondente às
noivas; elas já não estimavam Labão. Assim, Jacó aproveitou a primeira oportunidade que teve e
partiu enquanto seu sogro estava longe, na tosquia de suas ovelhas. Antes de partir, Raquel furtou
algumas pequenas imagens familiares (terafim) pertencentes a seu pai pelas quais esperava
reclamar sua herança, segundo o costume da época. (O ídolo do lar, que Raquel escondeu
debaixo de suas vestes, oviamente não tinha apenas significado reliiogo para Labão. De acordo
com as leis do povo de Nuzi, o genro que tivesse em suas mãos o ídolo do lar poderia exigir, em
juízo, a herança da família.) Parece que Raquel não respeitava muito os terafins pois sentou-se
sobre eles havendo-os escondido debaixo da albarda do seu camelo (31.34). Jacó esquivou-se
clandestinamente, por temor. Preocupado principalmente com o furto dos ídolos, Labão
apressou-se em persegui-lo, mas, como Jacó partiria com três dias de vantagem, seu sogro só o
alcançou depois que ele chegou às colinas de Gileade. Labão o perseguiu mas o Senhor
advertiu-o de que não fizesse mal algum ao seu genro.
Embora Labão não tivesse encontrado o ídolo, anulou qualquer vantagem de que Jacó
pudesse desfrutar, ao fazer uma aliança com ele e impedi-lo de retornar às terras de seu sogro. O
pacto entre Labão e Jacó demonstra que não confiavam um no outro. Levantaram uma pedra
como sinal que servisse de limite entre os dois, fizeram um montão que serviria de testemunho do
pacto e invocaram a Deus para que atuasse como sentinela vigiando por um e por outro enquanto
estivessem separados.
Jacó não estava em condições de voltar à terra prometida e receber as promessas do pacto
de seu pai Isaque; apesar disso, Deus o abençoou no caminho. Animou-o com uma visão de anjos
protetores. Jacó chamou ao lugar “Maanaim”, palavra que significa “dois acampantes”; um era seu
próprio e indefeso acampamento e o outro do Senhor, que rodeava ao de Jacó com sua presença
e poder. O lugar de Maanaim ficou compreendido depois no limite entre Manassés e Gade e foi
uma cidade de refúgio (Josué 21.38).

O reencontro de Esaú e Jacó; Deus muda o nome de Jacó


Quando estava diante do ribeiro de Jaboque, Jacó assustou-se ao ouvir que Esaú vinha contra ele
com quatrocentos homens. Para apaziguar o ânimo de seu irmão, enviou seus bens e sua família
com presentes e mensagens amistosas para Esaú, adiante de si. No entanto, seu irmão não lhe
respondeu nem uma palavra sequer.
Durante a noite, ele lutou com um adversário que pressentiu ser o próprio Deus. Jacó sempre
confiou em suas próprias forças, em sua astúcia e nas armas carnais e saíra vencedor. Agora nada
lhe serviam. Bastou um toque do anjo para que Jacó ficasse coxo e incapaz de continuar lutando.

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Lançou-se nos braços de Deus, não pedindo livramento de seu irmão nem de nenhuma outra
coisa material, mas pedindo a bênção de Deus.
Durante aquele encontro seu nome foi mudado de “Jacó, o suplantador” para “Israel”, que
significa “aquele que luta com Deus”. A mudança de nome indica uma mudança de caráter e o
significado de seu novo nome dá a norma da maneira como venceu. A bênção implícita naquele
nome passou a expressar um novo relacionamento. Dali em diante, Jacó não seria mais o
enganador. Em vez disso, ele agora passaria a ter vitória com Deus. Seu nome foi transmitido a
seus descendentes, os quais foram chamados “israelitas” e “Israel” a nação da aliança. Sua
coxeadura simbolizava a derrota de seu próprio eu, seu espírito quebrantado e um coração
quebrantado e contrito. (Salmo 51.17)
Jacó estava agora preparado para entrar em Canaã. Esaú, ao vê-lo mancando, ao que tudo
indica, trocou sua ira e ressentimento por compaixão. Os dois abraçaram-se e choraram. Não
obstante, Jacó prudentemente rejeitou a escolta oferecida por Esaú e foi por outro lado. Embora
os dois irmãos tenham se reconciliado, eram muito diferentes em espírito e caráter; um era
homem do mundo e o outro um servo de Deus. Convinha que estivessem separados.

Jacó na terra prometida (Gn 33.18-36.43)


Jacó havia prometido a Deus que voltaria a Betel (28.21), no entanto, após reconciliar-se com seu
irmão, ele mudou-se para o sul de Siquém, distante de Betel. Ali comprou uma propriedade bem
perto da cidade cananéia e se radicou comodamente durante quase dez anos. Também edificou
um altar, talvez para dar testemunho de que Deus havia sido fiel ao permitir-lhe regressar a Canaã
e para expressar sua fé na promessa de possuir a terra . Contudo, edificar um altar não
compensava o descumprimento de não regressar a Betel.
Jacó pagou elevado preço por não cumprir o voto. Sua filha Diná foi violada e pela influência
cananéia seus filhos Simeão e Levi converteram-se em seres cruéis, traidores e vingativos. O
massacre contra os indefesos habitantes da cidade encheu o coração de Jacó com o temor de
uma vingança coletiva dos cananeus, e isto o despertou para ouvir a voz de Deus que lhe ordenou
voltar a Betel.
O patriarca respondeu imediatamente à ordem divina exortando sua família a remover todo
indício do culto idólatra. Em Betel Jacó edificou um altar efetuando novamentes sua primeiras
obras (Ap 2.5). Deus manifestou-se a ele e lhe confirmou seu novo nome e renovou sua aliança
com ele, assegurando-lhe que várias nações e reis surgiriam da linhagem de Israel (35.9-15).
Depois ele foi para Hebrom, lar de seu pai Isaque. Ali teve comunhão com Deus e algumas
experiências tristes que o amadureceram espiritualmente. No caminho para Hebrom, Raquel
morreu e foi sepultada nas imediações de Belém. Rúben, seu filho mais velho, trouxe vergonha ao
pai cometendo incesto; por isso perdeu sua preeminência entre as tribos hebréias e esta passou
para Judá (49.3-5). Isaque, seu velho pai, morreu também depois de haver vivido alguns anos com
Jacó. Esaú veio de Sair, onde havia se estabelecido, para acompanhar seu irmão Jacó no
sepultamento; fora a última vez que se encontraram. Finalmente, José foi vendido enquanto Jacó
residia em Hebrom.
Esaú transformou-se na nação de Edom. Depois do capítulo 36 já não se fala de Esaú. Ao
longo da história da nação de Israel, os edomitas foram seus perpétuos inimigos (Obadias 10-14)
e até foi edomita o rei Herodes que viveu no tempo em que nasceu Jesus.

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A importância de Jacó
As lições que tiramos da vida de Jacó são:
a) Exemplifica magnificamente a graça de Deus. A eleição de Jacó para continuar a linhagem
messiânica e o concerto abrâmico não dependiam do mérito humano mas da vontade de Deus
(Rm 9.10-12). Era filho mais novo e tinha graves falhas de caráter. Deus operou na vida de Jacó
revelando-se a ele, guiando-o na casa de Labão (31.13), protegendo-o de Labão (31.24), e por
fim transformando-o em Peniel. Tudo foi feito por graça.
b) Mostra que Deus usa os homens, tais quais eles são, para cumprir seus propósitos. Parece
que Deus tem de fazer o melhor possível com o material que usa. Lançou mão de Jacó com
todas as imperfeições deste, e fez dele um de seus grandes servos.
c) A luta com o anjo em Peniel ensina-nos que as vitórias espirituais não são ganhas por meios
duvidosos tais como a força e a astúcia, mas aceitando a própria impotência e lançando-se nas
mãos de Deus.
d) Ilustra a lei da semeadura e colheita. Jacó enganou a seu velho e cego pai, porém ele foi
enganado por Labão e, depois, cruelmente, por seus filhos, quando fizeram José desaparecer.
e) Demonstra a grandeza do plano messiânico. Mediante a poligamia de Jacó com muitos
incidentes vergonhosos, Deus formaria a nação messiânica e escolhida pela qual viria o
Salvador do mundo. Nas famílias de Abraão e de Isaque somente uma pessoa foi herdeira das
promessas em cada família. Mas não houve eliminação de pessoas na de Jacó. Todos os filhos
eram herdeiros da promessa e vieram a ser pais das doze tribos.

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L I Ç Ã O 10

José
Gênesis 37 – 50

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