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Aula 1
O artigo 97 é mais relevante, por ter uma relação direta com o princípio
da legalidade. Este artigo descreve tudo o que precisa ser estipulado por lei para ser
válido.
Obs: “revogar” é uma expressão equivocada na perspectiva técnica, pois não se pode
ter um ato internacional revogando a lei doméstica. Se trata de eficácia, muito mais
do que de revogação.
O artigo diz que o decreto tem que seguir o que está na Lei.
Naturalmente, o decreto, por ser um ato administrativo normativo do presidente da
república, necessariamente tem que seguir o que está na Lei. A grande dificuldade
disso é entender o que já está e o que não está na Lei. Por exemplo, temos a Lei nº
10.168, que usa o conceito “serviço técnico”, mas sem, no entanto, definir o que é
serviço técnico. Daí surge instrução normativa a 1455 que define serviço técnico.
Uma coisa é a Lei dizer que é 15% e o Decreto dizer que é 20%. É um Decreto que
se difere da Lei. Agora, quando eu tenho a regulamentação integrando algo que está
na Lei, mas que a Lei não diz expressamente, entramos numa dificuldade
monumental de definir se a regulamentação está, ou não de acordo com o que está
na Lei.
A regra do parágrafo único do art. 100 do CTN acaba sendo uma regra
de compromisso, de alguma maneira ela preserva a legalidade na medida em que diz
que o contribuinte tem que pagar o tributo, porém também protege a confiança que
o contribuinte depositou naquele ato normativo.
Aula 2
Para o artigo 104, a lei que deve seguir essa regra é a que majora ou
institui tributo; é a lei que define as hipóteses de incidência. O inciso terceiro diz que
também se aplica essa regra à lei que extingui ou reduz isenções. A isenção é uma
autolimitação de competência que precisa ter fundamento constitucional.
O que o art. 104, III, fala é que a revogação de uma isenção também
tem que seguir a regra da anterioridade. Da perspectiva de quem tem a isenção a
revogação da regra de isenção é igual a um aumento de tributo. O tributo em si não
aumentou, ele era 10 e continua 10, só que eu estava em uma posição em que eu
pagava zero. E revogação da isenção seria equivalente a um aumento de tributo e,
dessa forma, essa revogação só vai poder ser válida a partir do exercício financeiro
seguinte.
O art. 105 basicamente diz que o fato gerador segue a lei tributária em
vigor no momento de sua ocorrência.
O artigo 106 se ocupa dos casos em que eu vou poder aplicar uma lei
a situações passadas.
O inciso II, que diz, se você tiver um ato não definitivamente julgado,
a lei tributária também é retroativa quando deixa de defini-lo como infração. Então
se você tinha uma lei, que dizia que se você não emitir o documento ABC gerava
uma multa de 1.000 reais, se aqui em 2019 essa lei é revogada e em 2020 vem um
fiscal que percebe que em 2018 você não cumpriu a lei, ele não pode mais te
DIREITO FINANCEIRO III – REVISÃO PARA P1 RAQUEL SANTOS
penalizar, porque essa lei de 2019 que extinguiu a infração é retroativa. Todas essas
hipóteses do inciso II têm a ver com isso: eliminar a infração, estabelecer uma
penalidade mais branda para o ilícito que eu cometi. Da mesma maneira se aqui
(2018) quando eu cometi a infração a multa era de 100%, se depois a multa é
reduzida para 50%, aqui na frente quando o fiscal vier autuar, ele tem que pegar
essa multa aqui e aplicar ela retroativamente.
Então essas regras do inciso II, são todas muito próximas ao Direito
Penal de retroatividade mais benigna. A única exceção que o Código tanto fala é:
tratando-se de ato não definitivamente julgado.
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Se eu tenho uma regra que me diz como interpretar outra regra, isso
te gera a primeira pergunta: “qual é a regra que me diz como eu interpreto a regra
que me diz como interpretar a regra?”. É uma questão circular.
I - a analogia;
analogia.
Ex: Caso do IPVA. Tem umas decisões do STF que dizem que embarcação e
aeronave “não pagam” IPVA. Em tese, tem o potencial de ser automotor. Mas
chegou-se à conclusão que não devem pagar, a partir de uma interpretação de
veículo automotor, a historicidade do tributo de ser sobre automóvel.
O 109 é um desastre.
Esse artigo não é fácil, mas ainda assim é muito presente nos
debates de planejamento tributário. Ele até é, de certa maneira, exacerbado na
sua importância porque esses intérpretes acabam querendo tirar mais do que ele
diz.
DIREITO FINANCEIRO III – REVISÃO PARA P1 RAQUEL SANTOS
O art. 109 não diz que tem que aceitar os atos que estão “vestidos”
com o que a legislação privada diz, ele diz que se interpreta a legislação tributária
quando ela usa conceitos de direito privado, a partir do direito privado.
Aula 4
Esse artigo não faz sentido, gera quebra de isonomia, gera injustiça no caso
concreto, porque acaba sendo utilizado para negar a inclusão de regra de
exoneração para um sujeito que claramente estava dentro de direito de ter aquele
tratamento diferenciado.
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DIREITO FINANCEIRO III – REVISÃO PARA P1 RAQUEL SANTOS
Aqui há uma coisa estranha, pois no §1º do jeito que está no código,
primeiro acontece o fato gerador, depois surge a obrigação e depois surge o crédito,
de modo que parece que temos um descasamento temporal entre a obrigação do
contribuinte e o crédito do Estado que, obviamente, não faz sentido.
Resumindo: eu tenho o fato gerador e com ele surge uma relação jurídica
tributária entre o Estado e o sujeito passivo, cujo o objeto na obrigação principal
é pagar o tributo, é objeto financeiro, monetário. Neste instante existe uma relação
jurídica de direito, um direito tipo uma obrigação, porém a exigibilidade só vai se
materializar com a constituição do crédito tributário. Isso a gente vai chegar daqui
umas duas aulas para a frente.
Depois temos 114 que fala que do fato gerador. A expressão fato
gerador é utilizada no direito tributário brasileiro de forma polissêmica. Vejamos a
definição do artigo 114:
Em princípio, eu realmente preciso de uma Lei, nem que seja uma Lei
delegando a competência.
E aí vamos entrar em um tema que não tem nada a ver com isso,
mas que está no parágrafo único do art. 116. Esse parágrafo vai dizer:
Existe uma discussão que trata do abuso da forma jurídica que diz
ser verdade que o direito societário prevê essas operações, mas as prevê com uma
determinada finalidade. Elas existem para serem utilizadas, porém, têm em si um
conteúdo mínimo, uma finalidade intrínseca que não pode ser ultrapassada. Não
se pode desvirtuar a finalidade da forma jurídica. Isso tudo vai bater na questão
da fraude a lei, que acontece quando eu consigo de alguma maneira adotar um
comportamento alternativo para me furtar do cumprimento de uma lei impositiva.
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https://www.jota.info/wpcontent/uploads/2016/03/PLANEJAMENTO_TRIBUT%C3%81RIO_v3.pdf
DIREITO FINANCEIRO III – REVISÃO PARA P1 RAQUEL SANTOS
situação “do meio” em que eu não faço nada ilícito, mas existem
questionamento quanto a legitimidade do que eu fiz, quanto a
possibilidade da desconsideração do que eu fiz para fins tributários. Esse
último campo, é absolutamente indeterminado. Só é possível definir se é ou não
ilegítimo, diante do caso concreto.
Ex: Empresa alemã tem um investimento no Brasil e quer vender essa empresa
brasileira para uma francesa. A legislação brasileira diz que a empresa alemã tem
que pagar imposto no Brasil em razão dessa operação. Todavia, a empresa alemã
não quer pagar esse imposto. O advogado da empresa alemã então, a fim de não
pagar o tributo, propõe a criação de uma empresa em Luxemburgo, fazer com que
a empresa brasileira aporte capital na empresa de Luxemburgo, de modo que a
empresa alemã tem uma empresa em Luxemburgo que tem uma empresa no Brasil,
e, ao vender aos franceses a empresa de Luxemburgo, não estou mais vendendo
empresa brasileira e, para todos os fins, você não realiza fato gerador de imposto
de renda no Brasil. Por essa perspectiva formalista essa operação é licita e legitima,
mas ao analisar essa operação da perspectiva substantivista, a substância
econômica da transação que foi realizada é a venda da empresa brasileira, portanto,
ocorreu o fato gerador do tributo que seria devido se tivesse vendido a empresa
brasileira.
validar as cobranças, o Judiciário se omite até hoje, porque quando foi em 2001,
logo depois da lei complementar, ajuizaram uma ADIN no Supremo, que está lá
desde 2001, sem nenhum voto.
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Edita-se uma lei que autoriza ao contribuinte o pagamento em condições favoráveis de débito em aberto.
DIREITO FINANCEIRO III – REVISÃO PARA P1 RAQUEL SANTOS
Ainda em 2001, foi ajuizada uma ADIN contra a LC 104, que dizia ser
o PU do art. 116, inconstitucional, por violar diversos princípios constitucionais, mas
até hoje não se decidiu essa questão.
Esse debate que estamos tendo hoje ele vai acabar entrando no artigo
109 do CTN. Relembrando:
Aula 8
Aula 9
Ele faz uma referência ao inciso II do art. 116 que diz ser o fato gerador
uma situação jurídica.
Lógico que isso não é tão fácil e simples, mas vamos dizer que ambos
aceitaram a proposta e surge, então, a primeira dúvida que é: o vendedor tinha um
custo de 100, o que significa que obteve um ganho de capital de 400, já que o preço
era 500. Dos 500 ele só recebeu 200 e 300 estão depositados. Qual valor eu tributo?
Eu tributo 100 que é a diferença de 100 para 200 (o valor que ele recebeu) ou tributo
400 que é a diferença de 100 para 500?
Para este artigo, não interessa saber se os atos jurídicos são validos,
uma vez tendo ocorrido o fato gerador, deve tributar. A legalidade do que está sendo
feito é irrelevante para esse artigo.
Isso não significa, no entanto, que existe um sujeito só que possa ser
contribuinte. O artigo 156 da CF determina que os municípios podem instituir
impostos de qualquer natureza. Quando a CF fala sobre tributação de serviços, fato
é que posso tributar quem presta e quem toma o serviço. O ISS é um tributo indireto,
ou seja, transfere o custo financeiro para o consumidor.
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Aula 11 e 12
Imagina que temos uma empresa dentro e que dentro dela tem vários
estabelecimentos e tem uma fábrica está à venda. Ao comprar essa fábrica, aplica-
se a regra do artigo 133. No momento que eu compro a fábrica eu passo a ser
responsável pelos tributos que possam ser vinculados àquela fábrica, ou seja, eu não
sou responsável pelos tributos da empresa inteira, apenas pelos tributos que possam
ser atribuídos a essa fábrica. E essa minha responsabilidade vai ser pessoal e
exclusiva se, quando eu compro a fábrica o dono da dela decide não mais
atuar no mercado; ou então ela vai ser uma responsabilidade meramente
subsidiaria se o vendedor continuar exercendo atividade.
Qual o ponto desse artigo? Uma das questões mais discutidas, que
geram mais processos no Judiciário é a responsabilização de sócio, diretores e
administradores de pessoas jurídicas.
Existe uma tendência das autoridades fiscais de, sempre que possível,
levarem a cobrança para esses caras também, é muito comum execução fiscal
diretamente contra eles.
atrás acrescido de juros, que na esfera federal é a taxa Selic. Ao pagar esse valor
eu realizei uma denúncia espontânea valida e ela exclui a responsabilidade
pela infração que eu cometi, ou seja, o PU do 138 traz o requisito de validade da
denúncia espontânea, determinando que ela tem que ser feita antes do início de
qualquer procedimento de fiscalização.
Se tem início uma fiscalização e você pagar no decorrer dela, não será
considerada como denúncia espontânea válida. Mas, finda a fiscalização, não tendo
a Receita te autuado, você readquire o direito de fazer a denúncia espontânea, pode
pagar o tributo, com juros, sem multa.
Segundo a esse artigo, nesses tributos aqui, quem deve fazer tudo é o
contribuinte. Este verifica a ocorrência do fato gerador, calcula o tributo e o paga; A
Fazenda apenas, depois, fiscalizará se o que o contribuinte executou está certo ou
errado.
Existe algumas razões para você declarar: primeiro, não pagar tributo
não é crime. Não declarar que deve tributo com vistas à evitar o seu pagamento é
um crime contra a ordem tributária, está na lei 8.137/90 que define os crimes contra
a ordem tributária.
0,33 ao dia até o teto de 20%, e eu tenho a chamada multa de ofício que, regra
geral, é de 75%.
em denúncia espontânea, sem incluir os 20%, o sistema não reconhece, ele vai gerar
uma dívida referente aos 20%. Então essa questão da multa de mora, é uma
discussão velhíssima, de 20 anos atrás, que pelo menos 15 anos está absolutamente
pacificada no STJ. A Procuradoria da Fazenda tem ato administrativo dizendo que
sequer recorre desses assuntos mais. Judicialmente está absolutamente pacificado
que a denúncia espontânea afasta a multa de mora.
tributo. Isso porque, já que o novo conceito de trânsito em julgado não é mais a
última decisão em relação a qual não cabe mais recurso, mas sim a decisão de
segunda instância, então transita em julgado em segunda instância para tudo. Então,
temos agora um novo debate judicial-tributário que é forçar os juízes a autorizarem
a compensação em segunda instância em razão do trânsito em julgado da decisão.
Acho difícil isso emplacar em tributário.