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A NECESSIDADE DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE REINTEGRAÇÃO SOCIAL NO

SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO: UMA ABORDAGEM SISTÊMICA

THE NEED FOR PUBLIC POLICY OF SOCIAL REINTEGRATION IN BRAZILIAN PRISON


SYSTEM: A SYSTEMIC APPROACH

Sessão temática: Sociologia / Políticas Públicas.

MARTINS, Fernando.
Mestrando em Desenvolvimento Regional (Uni-FACEF).
fernandomartins@netsite.com.br

CAVALCANTI-BANDOS, Melissa Franchini (Uni-FACEF).


Doutora em Administração (FEA-USP).
melissafcb@gmail.com

Resumo
Esse artigo tem como objetivo descrever o sistema penitenciário brasileiro e a necessidade
de políticas públicas de reintegração social a partir de uma abordagem sistêmica. Dessa
forma, por meio de uma pesquisa descritiva baseada exclusivamente em dados
secundários, propõe-se uma reflexão sobre o atual sistema penitenciário brasileiro,
principalmente no tocante a reintegração do preso egresso, em contraste com a legislação e
políticas públicas adequadas à complexidade desse sistema. No Brasil, o sistema
penitenciário apresenta problemas como a necessidade de ampliação, tendo em vista o
aumento da criminalidade e violência, também a superlotação dos presídios, submetendo o
preso a condições subumanas de vida no cárcere, além de poucas políticas públicas
visando a reintegração social e recuperação, de fato, do egresso para convivência pacífica
na sociedade. Verifica-se que o Brasil é o terceiro país no mundo em população carcerária,
na contra mão de países como Suécia, Holanda, Nova Zelândia e Coréia do Sul que
possuem um assassinato para 100 mil pessoas (GOMES, 2014). É um país, que o preso ao
entrar no sistema penitenciário tem dificuldade de reintegração social, gerando um ciclo
vicioso, ampliando a criminalidade e violência encontrada no sistema.

Palavras-chave: Sistema Penitenciário Brasileiro, Políticas Públicas, Abordagem Sistêmica.

Abstract
This article aims to describe the Brazilian penitentiary system and the need for public policies
for social reintegration from a systemic approach. Thus, through a descriptive research
based only on secondary data, we propose a reflection on the current Brazilian penitentiary
system, especially concerning the reintegration of the prisoner who is freed, in contrast to
legislation and public policies appropriate to the complexity of this system. In Brazil, the
prison system has problems such as the need for expansion, given the increase in crime and
violence also overcrowding of prisons, subjecting the prisoner to subhuman conditions of life
in prison, plus a few public policies aimed at social reintegration and recovery, in fact, the
prisoner who is freed for peaceful coexistence in society. It appears that Brazil is the third
country in the world in prison population, in the other hand of countries like Sweden, the
Netherlands, New Zealand and South Korea that have a murder to 100,000 people (GOMES,

11º Congresso Brasileiro de Sistemas: O Pensamento sistêmico e a interdisciplinaridade: debates e discussões.


Anais. Franca, 29 e 30 de outubro de 2015.
2014). It is a country that arrested upon entering the prison system has difficulty in social
reintegration, creating a vicious cycle, increasing crime and violence found in the system.
Keywords: Brazilian penitentiary system, Public Policy, Systems Approach.
.

1. INTRODUÇÃO
O sistema penitenciário brasileiro vive uma grande crise tendo em vista sua
complexidade, crescimento e evolução da criminalidade. No Brasil, em junho de 2014, o
Conselho Nacional de Justiça divulga dados sobre a evolução da população carcerária do
país, compreendendo em 563.526 presos, para 357.219 vagas, gerando um déficit de
206.307 vagas (MONTENEGRO, 2014). A solução parece simples, criação de novos
presídios. Contudo, o sistema já está sob o efeito de um ciclo vicioso instaurado, em que o
preso ao entrar no sistema penitenciário amplia o crime, não se recupera, muito menos se
reintegra na sociedade em uma convivência pacífica, assim a necessidade de mais políticas
públicas de reintegração social do egresso e reforma do atual sistema são medidas
urgentes.
Assim, ao propor uma reflexão sobre o atual sistema penitenciário brasileiro, esse
artigo tem como objetivo descrever o sistema penitenciário brasileiro e a necessidade de
políticas públicas de reintegração social a partir de uma abordagem sistêmica, por meio de
uma pesquisa descritiva baseada exclusivamente em dados secundários.
A abordagem sistêmica nesse contexto é fundamental, pois propõe um amplo olhar
para a complexidade do sistema penitenciário brasileiro, visando conceber o todo como
maior do que o somatório das partes. Ao compreender o sistema penitenciário brasileiro sob
um olhar sistêmico pretende-se identificar a luz da atual legislação vigente a compreensão
do sistema, apontando seus problemas e possíveis soluções.
Com esse propósito, o artigo foi escrito a partir dessa introdução, na seqüência os
procedimentos metodológicos usados, após, a reflexão proposta descrevendo o sistema
penitenciário brasileiro, as políticas públicas e a abordagem sistêmica, no desfecho, as
considerações finais e as referências.

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Na busca de uma reflexão teórica a partir das políticas públicas voltadas ao sistema
penitenciário brasileiro sob o enfoque sistêmico, foi realizado um levantamento teórico sobre
o assunto através de uma pesquisa descritiva baseada em dados secundários, buscando
interpretações mais amplas e consistentes dos problemas do sistema prisional brasileiro.
A reflexão teórica proposta nesse artigo foi elaborada a partir de uma pesquisa
descritiva bibliográfica e qualitativa. A pesquisa descritiva propõe-se descrever um
fenômeno a partir de sua natureza e características, de maneira bibliográfica, isto é,
explicando um problema por meio de dados publicados em artigos, teses, monografias,
livros. (CERVO et al., 2007). A abordagem qualitativa é considerada, pois na proposta não
se pretende quantificar, apenas compreender o fenômeno social.
A importância da abordagem sistêmica permitiu melhor compreensão do problema
do sistema penitenciário brasileiro, avaliando seus elementos e interdependências de forma
conjunta e não de maneira individual e a parte do todo, permitindo uma avaliação de suas
entradas (inputs), as interferências sofridas durante o período de encarceramento e as suas

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saídas (outputs), bem como o feedback e as interferências ambientais.

3. SISTEMA PRISIONAL BRASILEIRO


O final do século XVIII e início do século XIX é o marco temporal para o inicio das
prisões, após o fim das punições em praças públicas (FOUCAULT, 2013, p. 217). As prisões
tinham a finalidade de privar de liberdade dos criminosos da época, tornando-os pessoas
dóceis e úteis por meio do trabalho, marcando o início dos mecanismos disciplinares por
meio do aprisionamento.
Foucault (2013, p. 255) destaca, nesse contexto, a importância da obediência aos
sete princípios fundamentais para o bom andamento das prisões e cumprimento de suas
funções de recuperação dos aprisionados:
1) Correção: visando a transformação do comportamento do preso;
2) Classificação: os presos devem ser separados e classificados conforme a
gravidade do crime e idade;
3) Modulação das penas: as penas poderiam ir se agravando ou melhorando
conforme o desempenho do preso no processo de transformação;
4) Trabalho como obrigação e direito: o trabalho deveria existir durante o processo
de transformação e ressocialização do detento;
5) Educação penitenciária: a educação deverá ser preocupação do Estado, tendo em
vista a sociedade e uma obrigação do detento;
6) Controle técnico da detenção: o regime penitenciário deve ser controlado por
pessoal especializado com condições morais e técnicas de cuidar da formação do preso;
7) Instituições em anexas: deverão existir medidas de controle e de assistência até a
recuperação definitiva do detento.
No Brasil, o sistema penitenciário brasileiro data de 1769 com a criação da Casa de
Correção no Estado do Rio de Janeiro, mas somente em 1824 com a Constituição Federal
passou a obedecer ao princípio classificação, separando os réus por tipo de crime, entre
outros critérios. Logo em seguida, também, foram obrigados a se adaptar ao princípio do
trabalho como obrigação e como direito, para que os detentos pudessem exercer uma
atividade e colaborar na sua recuperação (SOUZA, 2015, online).
Apesar das premissas estabelecidas no sistema penitenciário brasileiro, o problema
da superlotação na prática, não recupera o detento e multiplica a criminalidade (SOUZA,
2015, online). Nesse sentido, Foucault (2013) esclarece que
As prisões não diminuem a taxa de criminalidade: pode-se aumentá-las,
multiplicá-las ou transformá-las, a quantidade de crimes e de criminosos
permanece estável, ou, ainda pior, aumenta [...] a prisão,
conseqüentemente, em vez de devolver à liberdade indivíduos corrigidos,
espalha na população delinqüentes perigosos.
Atualmente, o sistema penitenciário brasileiro é uma utopia normativa frente à
realidade (OLIMPIO; MARQUES, 2015). Isto porque, ao comparar o plano constitucional,
isto é, a Constituição Federal de 1988, e legislações infraconstitucionais como o Código
Penal e a Lei de Execuções Penais – LEP - no.7.210/84 e contrastar com a realidade, não
se encontram princípios básicos do sistema como o respeito à integridade física e moral do

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preso (OLIMPIO; MARQUES, 2015).
Assim, o sistema penal/penitenciário há muito tempo deixou de ser solução
e passou a ser causa de violência que se alastra de forma contínua, com
domínio das facções criminosas nos presídios, proveniente da falta de
controle do Estado, que pó si só não garante as prerrogativas e garantias do
ser humano. Quadro que assim se manterá enquanto não houver ruptura
com a atual forma de lidar com a questão penal/ penitenciária. (OLIMPIO;
MARQUES, 2015, p.3).
Grecco (apud MARESCH, 2014), nesse contexto, é claro ao afirmar que no sistema
penitenciário brasileiro os indivíduos que foram condenados ao cumprimento de uma pena
privativa de liberdade são afetados em sua dignidade todos os dias, enfrentando problemas
como a superlotação de presídios, espancamentos e falta de programas de reabilitação,
entre outros fatores.
Olímpio e Marques (2015) apontam a importância do poder punitivo do Estado,
fundamental para manutenção da harmonia social, contudo, alertam que não se trata de um
poder absoluto e nem arbitrário. É competência sim, de o Estado aplicar a lei, mas compete
a ele também garantir ao preso, direitos básicos de proteção.
A Constituição Federal em 1988 revolucionou no sentido de sedimentar as
bases para a formação de um Estado Democrático de Direito,
estabelecendo nos seus mais variados artigos, uma rede de garantias
(direitos) fundamentais, que tem como objetivo precípuo, a defesa do
homem enquanto ser, digno de respeito e proteção. (OLIMPIO; MARQUES,
2014, p.2).
Entretanto, no atual contexto, o preso vive um processo de “animalização”, tendo
em vista discriminação e os altos índices de violência. A sociedade encara a pena privativa
de liberdade como uma vingança (OLIMPIO; MARQUES, 2015), condenando o individuo a
condições subumanas no cárcere. Leal e Oliveira (apud CABRAL et al, 2014) esclarecem
que o atual modelo penitenciário não fornece recursos adequados aos internos. A situação
real é permeada por uma alimentação precária, o comércio de drogas, celas superlotadas,
abusos sexuais e violência legitimada.
Atualmente, entende-se o sistema prisional como a última instância do
macro sistema de segurança pública e de justiça, que se inicia com as
ações preventivas e ostensivas, passa pelo enfrentamento do delito e sua
apuração, atuação do Ministério Público, responsável pela ação penal, e do
Poder Judiciário, responsável por julgar e cominar a pena. Por fim, acontece
a execução da pena que pode ou não envolver a prisão. Contudo, muitos
ficam presos por tempo indefinido sem terem sido ao menos julgados,
outros são maltratados nos cárceres e um grande número de indivíduos não
recebe as assistências previstas em lei, dentre muitos outros problemas que
incluem de forma preocupante, a morte de detentos dentro das prisões
(CABRAL et al, 2014, p.11).

Nesse cenário, Souza (2015, online) afirma que não existe regeneração com o
modelo utilizado no Brasil, e que, não se cumpre a Lei de Execução Penal, ou é cumprida
parcialmente. Tal dispositivo normativo, a LEP, foi criado, instituindo em seu artigo 1º. que a
“execução penal tem por objetivo efetivar as disposições da sentença ou decisão criminal e
proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado”
(BRASIL, 1984, o grifo é nosso) e no artigo 3º. que “ao condenado e ao internado serão
assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei” (art. 3º, BRASIL,

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1984).

Além disso, a LEP dispõe no artigo 10 sobre a importância de assistência ao preso


por parte do Estado – “a assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando
prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade”. Essa proteção engloba
assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa. Nesse contexto
observa-se que:
(...) o legislador criou a partir de 1984 uma verdadeira carta de direitos
fundamentais a serem garantidos aos seus reeducandos, como se pode
observar pela leitura de seus artigos. Inclusive, já em 1994 o Presidente do
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP),
considerando decisão unânime do CNPCP e atendendo recomendação do
Comitê Permanente de Prevenção ao Crime e Justiça Penal das Nações
Unidas, do qual o Brasil é membro, fixou as chamadas “Regras Mínimas
para o Tratamento do Preso no Brasil”, através da Resolução nº 14, de 11
de novembro de 1994 (...) (MARESCH, 2014, p.3).
Apesar de todo esse aparato legal, na prática, reforçando a ideia de Olímpio e
Marques (2015), já mencionada anteriormente, é uma utopia diante da realidade. Somado a
esse fenômeno há agravantes como o fato do Brasil ter a terceira maior população
carcerária do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos e a China respectivamente
(GOMES, 2014).
Infelizmente, o sistema penitenciário brasileiro está na contra mão de países como a
Holanda que fechou oito presídios em 2012 e da Suécia que fechou quatro em 2013. São
países, desenvolvidos, que focam na redução da criminalidade (GOMES, 2013). Os
governos da Suécia e Holanda estão trazendo benefícios a suas comunidades,
economizando mão de obra com a redução de prisões e transformando-as em recursos
financeiros, pois estão vendendo estes prédios para se tornarem hotéis e outros fins. Gomes
(2013) continua apresentando a Noruega como um país com baixo índice de reincidência,
enquanto no Brasil esse indicador é alto.
Gomes (2013) por sua vez, dá algumas respostas e aponta caminhos sobre esta
tendência nova em alguns países, fazendo algumas comparações:
Uma boa pista que se poderia sugerir para entender essas abissais
diferenças pode residir na cultura de cada país: patriarcal ou alteralista. Um
ponto relevante consiste em examinar o quanto os países mais liberais já se
distanciaram do arquétipo do Pai (patriarcal) para fazer preponderar o
arquétipo da alteridade. No campo econômico, apesar de todas as crises
mundiais e locais, as nações mais prósperas neste princípio do século XXI
(países nórdicos, Suíça, Canadá, Japão etc.) são as mais cooperativas, as
mais solidárias (ou seja, as que contam com menos desigualdades). [...]. O
progresso econômico sustentável depende dessa prática cooperativa.
Nenhuma sociedade é rica plenamente se grande parcela da sua população
está mergulhada na miséria e na pobreza.
Diante do exposto, verifica-se falta de interesse dos representantes em encontrar
uma solução para este problema. Barros (2011, apud OLÍMPIO; MARQUES, 2015, p.7) é
taxativa:
Falar de cidadania no sistema penitenciário significa nadar contra a maré
que insiste no endurecimento no tratamento com os presidiários do país.
Construir mais prisões pode melhorar o problema da superlotação, mas
manter o modelo de administração inalterado não irá resolver a crise de

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gerenciamento das unidades. É preciso alterar nosso sistema de justiça
criminal, enfrentar a questão carcerária como um problema de vontade
política.
Parece que, a partir da situação exposta, o Brasil está em um caminho sem volta.
Entretanto, ao observar que outros países conseguiram avançar neste quesito, com uma
ação conjunta entre governantes e população, deve-se exigir um posicionamento firme dos
representantes frente a soluções.
O problema público hoje recebe atenção de ações e programas de organizações do
terceiro setor que muitas vezes em parceira com o Estado, visam reintegração social do
detento. Nesse sentido, no tópico a seguir serão abordadas política públicas de reintegração
social, pois o sistema penitenciário brasileiro não deve ser compreendido em um contexto
isolado, mas integrado no mundo social.

4. POLÍTICAS PÚBLICAS DE REITEGRAÇÃO SOCIAL


O problema é público e pode ser solucionado por meio de políticas públicas efetivas.
Trata-se de um problema, pois a situação é inadequada; e público, pois é relevante para a
coletividade (SECCHI, 2010). O autor continua definindo problema público como a diferença
entre a situação atual e ideal para a realidade pública.
Deve-se esclarecer que ao alicerçar a solução em políticas públicas não está se
falando apenas nas políticas públicas de reintegração social que serão abordadas nesse
momento, mas também em políticas públicas de educação, trabalho, saúde, entre outras.
Essas políticas públicas afetarão a entrada desse sistema, diminuindo a criminalidade e a
violência do ambiente.
Ao tratar de políticas públicas de reintegração social no sistema penitenciário
brasileiro, está se falando em recuperar o detento no interior do sistema, visando alterar a
saída do sistema, isto é, uma pessoa que não se submeta mais a uma situação de violência
e criminalidade.
Este é um problema que tem interface com diversas disciplinas como sociologia,
direito, psicologia, ciência política, portanto, o olhar interdisciplinar para a questão é
requerido no sistema. E a política pública será examinada como um sistema, conforme
Easton (apud SOUZA, 2007) considera, como uma relação entre a formulação, resultados e
ambiente.
A política pública deverá ser conceituada como “uma diretriz elaborada para
enfrentar um problema público” (SECCHI, 2010, p. 2). No conceito, o autor destaca dois
elementos fundamentais: intencionalidade pública e resposta a um problema público, “ é o
tratamento de um problema entendido como coletivamente relevante (SECCHI, 2010, p. 2)”.
Olímpio e Marques (2015, p. 7) explicam no contexto do sistema penitenciário que
“políticas públicas atuantes no Brasil são em grande número proveniente de ações e
programas de ONGs e da sociedade civil as quais ganham força com a parceria do Estado
(...)”. São, portanto, políticas públicas multicêntricas, isto é, elaboradas por atores não
estatais (SECCHI, 2010). O problema tem sido abordado por atores não estatais interferindo
no sistema e buscando resultados.
O comentário dos autores se deve ao fato de no Brasil existir o Fundo Penitenciário
Nacional (FUNPEN), criado pela Lei n. 79/94, com a finalidade de proporcionar recursos
para financiar e apoiar atividades e programas de modernização e aprimoramento do

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sistema penitenciário brasileiro. Os recursos poderiam ser destinados a construções,
aquisições de materiais, além de educação profissionalizante, entre outros fins. Olímpio e
Marques (2015, p.7) são categóricos “constata é a falta de projetos por parte das unidades
federativas pelas quais as verbas do FUNPEN são repassadas, demonstrada assim, uma
verdadeira apatia política dos estados”.
Cabral et al (2014) esclarecem, também, que existe previsão de um atendimento ao
egresso em todo país por meio do Plano Nacional de Segurança Pública, previsto pela Lei
n.11.530/2007, propondo um apoio interdisciplinar, por profissionais de diversas áreas.
Diante desse cenário, cabe a sociedade civil, por meio de universidades,
cooperativas e ONGs atuarem em política públicas de reintegração social no sistema
penitenciário brasileiro, frente à LEP que não é integralmente cumprida, ao desinteresse
pelo FUNPEN e o agravamento contínuo do problema público. Superlotação que gera
violência e violência que gera superlotação, sistema cíclico que não para.
Cabral et. al. (2014, p.21) alertam que “o elevado índice de reincidência da
população egressa aponta para a necessidade de políticas destinadas a fornecer amparo
dessa parcela da população, buscando prevenir que essas pessoas retornem para o crime”.
Os autores continuam trilhando o caminho da reintegração social alicerçado no tripé de
trabalho, escolarização-profissionalização e saúde, por iniciativas dos poderes públicos
estaduais e municipais e da sociedade civil, por meio de universidades, cooperativas e
ONGs.
Olímpio e Marques (2015) apresentam a Associação de Proteção e Assistência aos
Condenados (APAC), como entidade sem fins lucrativos, presente em mais de 150
localidades do país, com o objetivo de recuperação e reinserção dos ex-detentos na
sociedade. O modelo de APAC surgiu em São José dos Campos (SP), em 1972, pautado
nos elementos (OLÍMPIO, MARQUES, 2015, p.8):
1) Participação da comunidade;
2) Recuperando ajudando recuperando;
3) Trabalho;
4) Religião;
5) Assistência Jurídica,
6) Assistência à Saúde,
7) Valorização Humana,
8) A família
9) O voluntário e o curso de formação
10) Centro de Reintegração Social;
11) Mérito do recuperando;
12) Jornada da Libertação com Cristo.

Desta forma, deve-se incentivar políticas públicas de reintegração social que visem a
recuperação do detento, gerando menos violência ao ambiente, mas também, faz parte
desse contexto sistêmico, as políticas públicas de educação, saúde, profissionalização
direcionadas a todos os brasileiros, reforçando presença de valores na sociedade
(ambiente) restringindo a entrada de violência no sistema.

5. COMPREENDENDO O SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO POR MEIO DA


ABORDAGEM SISTÊMICA

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A abordagem sistêmica aqui proposta está pautada na compreensão do todo que
envolve o sistema penitenciário brasileiro. Capra (2000) explica que o pensamento sistêmico
é contextual, não se foca nos componentes básicos, mas nos princípios da organização.
Assim, propõe-se compreender o sistema penitenciário brasileiro a partir de suas entradas,
processos e saídas.
Donaires (2006, p.19) esclarece que “os sistemas aplicam alguma transformação às
suas entradas. Os estados internos do sistema interferem no processo de transformação
enquanto eles mesmo sofrem mudanças.” Aqui propõe-se entender o papel das políticas
públicas de reintegração social no sistema penitenciário brasileiro, interferindo no processo
de transformação, concebendo uma saída “melhorada”, no contexto, sem violência, ou com
menos violência.
A figura 1, a seguir, tem o objetivo de apresentar o sistema penitenciário brasileiro
atual.

Fonte: os autores

Verifica-se que se trata de um sistema aberto, isto é, em constante troca com o


ambiente, gerando mais violência e mais criminalidade, ampliando o problema público. O
cerne da questão está na quantidade de problemas dentro do sistema penitenciário
brasileiro como: alimentação precária, comércio de drogas, celas superlotadas, abusos
sexuais, violência, facções criminosas, corrupção, falta de interesse do Estado, entre outros
elementos que ampliam as saídas e não recuperam o detento. Atualmente, existem políticas
públicas de reintegração social, que recuperam alguns detentos submetidos a elas, mas não
proporcionam solução a todo problema público.

A figura 2, na sequencia, apresenta o sistema penitenciário brasileiro recuperado,


Isso acontecerá desde que se aplique a LEP adequadamente, que o Estado tenha interesse
público em formular políticas públicas efetivas e não políticas de poder, como pontuaram
Cabral et al (2014), dentro do sistema. Dentro do sistema haverá: alimentação adequada,

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bloqueio do crime (drogas, violência sexual, facções criminosas, corrupção), celas com
número de detentos adequados, que juntamente com políticas públicas de reintegração
social trarão resultados diferentes para o ambiente, ou seja, menos crimes, menos violência
e um cidadão recuperado. Dialogando com esse sistema estão políticas públicas de
Educação, Saúde e Profissionalização que de fato tragam resultados ao ambiente.

Fonte: os autores

Pontua-se nesse momento, que o Estado está sendo negligente desde a garantia
das condições básicas durante o aprisionamento, como também ao fornecer assistência
material, de saúde, jurídica, educacional, social e religiosa, bem como a sua formação e
preparação para o retorno a sociedade em uma condição de recuperado. A opção pelo
aprisionamento está sendo uma atuação coercitiva, afastando o criminoso da sociedade,
privando-o a liberdade, causando superlotação do sistema prisional.
A visão sistêmica mostra que é necessária à aplicação de políticas públicas
adequadas no desenvolvimento da sociedade, dando uma verdadeira formação educacional
e profissional, além de condições mínimas de saúde, permitindo que o cidadão faça
escolhas por uma vida profissional e honesta, longe dos crimes e da violência.
Nesse contexto sistêmico, apresentado na figura 2, o sistema ideal, o Estado tem por
obrigação recuperar esse indivíduo, acolhendo-o com dignidade, com atendimento básico
em todos os âmbitos inclusive de formação profissional e a presença de políticas públicas
efetivas de reintegração, dialogando com políticas de educação, saúde e profissionalização
tem papel fundamental nesse sistema.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A aplicação da abordagem sistêmica no sistema penitenciário brasileiro evidenciou o


importante alicerce da solução do problema público em políticas públicas. O problema não
poder ser analisado isoladamente, pois no cerne do sistema amplia-se a complexidade,
alimentação precária, comércio de drogas, celas superlotadas, abusos sexuais, violência,
facções criminosas, corrupção, falta de interesse do Estado, entre outros elementos que
ampliam as saídas e não recuperam o detento.
Um Estado interessado e atuante, com políticas públicas de educação, saúde e
profissionalização, além de uma Lei de Execução Penal integralmente aplicada e políticas
públicas efetivas de reintegração social, que influenciam o ambiente e o sistema como um
todo. Dessa forma, o cidadão estará em um contexto que fomenta valores integrais
humanos, que propicia educação, saúde e formação profissional, que não estimula violência
e criminalidade.
Na prática, o Brasil é o terceiro país no mundo em população carcerária, na contra
mão de países como Suécia, Holanda, Nova Zelândia e Coréia do Sul que possuem um
assassinato para 100 mil pessoas (GOMES, 2014). É um país, que o preso ao entrar no
sistema penitenciário tem dificuldade de reintegração social, gerando um ciclo vicioso,
ampliando a criminalidade e violência encontrada no sistema. Com isso, além de gerar a
perda da dignidade, são pessoas excluídas da sociedade e punidas duplamente por
entrarem em um sistema tão cruel, dando origem mais mortes, mais barbárie, mais
sofrimento e mais pessoas na prisão.

7. REFERÊNCIAS
BRASIL. Lei de Execução Penal. DOU. Brasília, DF. Lei no. 7210 de 11 de junho de 1984.

CABRAL, R.; JOO,C.U.S; DA SILVA, A.V. Políticas Públicas de Reintegração Social no


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