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MARTINS, Fernando.
Mestrando em Desenvolvimento Regional (Uni-FACEF).
fernandomartins@netsite.com.br
Resumo
Esse artigo tem como objetivo descrever o sistema penitenciário brasileiro e a necessidade
de políticas públicas de reintegração social a partir de uma abordagem sistêmica. Dessa
forma, por meio de uma pesquisa descritiva baseada exclusivamente em dados
secundários, propõe-se uma reflexão sobre o atual sistema penitenciário brasileiro,
principalmente no tocante a reintegração do preso egresso, em contraste com a legislação e
políticas públicas adequadas à complexidade desse sistema. No Brasil, o sistema
penitenciário apresenta problemas como a necessidade de ampliação, tendo em vista o
aumento da criminalidade e violência, também a superlotação dos presídios, submetendo o
preso a condições subumanas de vida no cárcere, além de poucas políticas públicas
visando a reintegração social e recuperação, de fato, do egresso para convivência pacífica
na sociedade. Verifica-se que o Brasil é o terceiro país no mundo em população carcerária,
na contra mão de países como Suécia, Holanda, Nova Zelândia e Coréia do Sul que
possuem um assassinato para 100 mil pessoas (GOMES, 2014). É um país, que o preso ao
entrar no sistema penitenciário tem dificuldade de reintegração social, gerando um ciclo
vicioso, ampliando a criminalidade e violência encontrada no sistema.
Abstract
This article aims to describe the Brazilian penitentiary system and the need for public policies
for social reintegration from a systemic approach. Thus, through a descriptive research
based only on secondary data, we propose a reflection on the current Brazilian penitentiary
system, especially concerning the reintegration of the prisoner who is freed, in contrast to
legislation and public policies appropriate to the complexity of this system. In Brazil, the
prison system has problems such as the need for expansion, given the increase in crime and
violence also overcrowding of prisons, subjecting the prisoner to subhuman conditions of life
in prison, plus a few public policies aimed at social reintegration and recovery, in fact, the
prisoner who is freed for peaceful coexistence in society. It appears that Brazil is the third
country in the world in prison population, in the other hand of countries like Sweden, the
Netherlands, New Zealand and South Korea that have a murder to 100,000 people (GOMES,
1. INTRODUÇÃO
O sistema penitenciário brasileiro vive uma grande crise tendo em vista sua
complexidade, crescimento e evolução da criminalidade. No Brasil, em junho de 2014, o
Conselho Nacional de Justiça divulga dados sobre a evolução da população carcerária do
país, compreendendo em 563.526 presos, para 357.219 vagas, gerando um déficit de
206.307 vagas (MONTENEGRO, 2014). A solução parece simples, criação de novos
presídios. Contudo, o sistema já está sob o efeito de um ciclo vicioso instaurado, em que o
preso ao entrar no sistema penitenciário amplia o crime, não se recupera, muito menos se
reintegra na sociedade em uma convivência pacífica, assim a necessidade de mais políticas
públicas de reintegração social do egresso e reforma do atual sistema são medidas
urgentes.
Assim, ao propor uma reflexão sobre o atual sistema penitenciário brasileiro, esse
artigo tem como objetivo descrever o sistema penitenciário brasileiro e a necessidade de
políticas públicas de reintegração social a partir de uma abordagem sistêmica, por meio de
uma pesquisa descritiva baseada exclusivamente em dados secundários.
A abordagem sistêmica nesse contexto é fundamental, pois propõe um amplo olhar
para a complexidade do sistema penitenciário brasileiro, visando conceber o todo como
maior do que o somatório das partes. Ao compreender o sistema penitenciário brasileiro sob
um olhar sistêmico pretende-se identificar a luz da atual legislação vigente a compreensão
do sistema, apontando seus problemas e possíveis soluções.
Com esse propósito, o artigo foi escrito a partir dessa introdução, na seqüência os
procedimentos metodológicos usados, após, a reflexão proposta descrevendo o sistema
penitenciário brasileiro, as políticas públicas e a abordagem sistêmica, no desfecho, as
considerações finais e as referências.
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Na busca de uma reflexão teórica a partir das políticas públicas voltadas ao sistema
penitenciário brasileiro sob o enfoque sistêmico, foi realizado um levantamento teórico sobre
o assunto através de uma pesquisa descritiva baseada em dados secundários, buscando
interpretações mais amplas e consistentes dos problemas do sistema prisional brasileiro.
A reflexão teórica proposta nesse artigo foi elaborada a partir de uma pesquisa
descritiva bibliográfica e qualitativa. A pesquisa descritiva propõe-se descrever um
fenômeno a partir de sua natureza e características, de maneira bibliográfica, isto é,
explicando um problema por meio de dados publicados em artigos, teses, monografias,
livros. (CERVO et al., 2007). A abordagem qualitativa é considerada, pois na proposta não
se pretende quantificar, apenas compreender o fenômeno social.
A importância da abordagem sistêmica permitiu melhor compreensão do problema
do sistema penitenciário brasileiro, avaliando seus elementos e interdependências de forma
conjunta e não de maneira individual e a parte do todo, permitindo uma avaliação de suas
entradas (inputs), as interferências sofridas durante o período de encarceramento e as suas
Nesse cenário, Souza (2015, online) afirma que não existe regeneração com o
modelo utilizado no Brasil, e que, não se cumpre a Lei de Execução Penal, ou é cumprida
parcialmente. Tal dispositivo normativo, a LEP, foi criado, instituindo em seu artigo 1º. que a
“execução penal tem por objetivo efetivar as disposições da sentença ou decisão criminal e
proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado”
(BRASIL, 1984, o grifo é nosso) e no artigo 3º. que “ao condenado e ao internado serão
assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei” (art. 3º, BRASIL,
Desta forma, deve-se incentivar políticas públicas de reintegração social que visem a
recuperação do detento, gerando menos violência ao ambiente, mas também, faz parte
desse contexto sistêmico, as políticas públicas de educação, saúde, profissionalização
direcionadas a todos os brasileiros, reforçando presença de valores na sociedade
(ambiente) restringindo a entrada de violência no sistema.
Fonte: os autores
Fonte: os autores
Pontua-se nesse momento, que o Estado está sendo negligente desde a garantia
das condições básicas durante o aprisionamento, como também ao fornecer assistência
material, de saúde, jurídica, educacional, social e religiosa, bem como a sua formação e
preparação para o retorno a sociedade em uma condição de recuperado. A opção pelo
aprisionamento está sendo uma atuação coercitiva, afastando o criminoso da sociedade,
privando-o a liberdade, causando superlotação do sistema prisional.
A visão sistêmica mostra que é necessária à aplicação de políticas públicas
adequadas no desenvolvimento da sociedade, dando uma verdadeira formação educacional
e profissional, além de condições mínimas de saúde, permitindo que o cidadão faça
escolhas por uma vida profissional e honesta, longe dos crimes e da violência.
Nesse contexto sistêmico, apresentado na figura 2, o sistema ideal, o Estado tem por
obrigação recuperar esse indivíduo, acolhendo-o com dignidade, com atendimento básico
em todos os âmbitos inclusive de formação profissional e a presença de políticas públicas
efetivas de reintegração, dialogando com políticas de educação, saúde e profissionalização
tem papel fundamental nesse sistema.
7. REFERÊNCIAS
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