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RESENHA

HH951 A - História da Arte II


Professora: Dra. Patrícia Menezes
BELTING, H. ​O fim da história da Arte, ​São Paulo: Cosac Naify, 2006. pp. 25-74.

Janaína da Silva Fonseca 199408

O alemão, professor de teoria da arte e pensador das artes visuais, Hans Belting (1935) é
extremamente conhecido por seus trabalhos sobre arte medieval e Renascentista, teoria da
imagem e arte contemporânea. Em sua formação, ele passou por diversas universidades de
renome como a Universidade de Mainz onde conseguiu seu doutorado. Dentre seus
numerosos trabalhos, essa presente resenha escolheu analisar um trecho do livro “O fim da
história da arte”, originalmente lançado em alemão pela ​Dt. Kunstverlag (1983). A edição
usada para esse trabalho foi a de 2006 pertencente a Editora Cosac Naify traduzida da edição
alemã de 1995.

O livro, de maneira provocativa, se propõe a discutir o “enquadramento” eurocêntrico, e


portanto limitado, que a tradicional história da arte incorporou a sua visão de arte. Com isso,
Belting expõe as limitações do conceito de arte na sociedade ocidental e as dificuldades
encontradas ao admitir uma “história única, linear e coerente” neste emaranhado de formas
artísticas que se tornou a arte moderna e contemporânea.

Para ele, o fim da “história da arte” colocado no título não significa o fim da pesquisa da arte
ou de sua produção, mas sim do antigo modo de se “narrar” e entender a arte. Reconhecer
essas limitações do antigo modelo torna a história da arte muito mais próxima do que ela
realmente é: complexa, mista e extremamente inconstante.
O autor também pontua no prefácio do livro que a ideia de “fim” coloca um distanciamento
entre o narrador e o que é narrado. Tornando assim, muito mais fácil expor suas ideias
críticas sobre a arte e os seus diferentes dilemas, entre eles museus, mídias, exposições etc.
Sua linha de argumentação é fundamentada na análise de diversos trabalhos historiográficos e
de várias fontes imagéticas por assim dizer (desde pôsteres, quadros, fotografias e etc).
Os capítulos analisados foram os quatro primeiros da parte I do livro, é importante lembrar
que essa primeira parte foi acrescentada depois (1995), ao ensaio feito em 1983 (parte II) e
ela atua como uma revisão (dez anos depois) que adiciona fatores mais bem desenvolvidos e
tenta comprova a tese anterior.
O primeiro capítulo chamado “Epílogo da arte ou da história da arte?” trata inicialmente da
ideia de epílogo desenvolvida na modernidade, para Belting: “Onde não se descobre nada de
novo e o velho não é mais o velho, sempre se supõe o epílogo”.(BELTING, 2006, p.26)
Logo, os epílogos agem como “máscara” para a realização de críticas aos trabalhos
desenvolvidos na época presente, bem como uma forma de relembrar os modelos que o
presente seguiu e segue até o momento. Diferentemente do prólogo que dominou o início da
modernidade, o epílogo expõe os fatos posteriores com a finalidade de dar-lhes seu sentido
final. Para Belting, nosso epílogo é a cultura da modernidade, um tempo centrado em
rupturas e utopias com as quais se pretendia construir um futuro ideal. (BELTING,2006,
p.27)
Nesse sentido, é importante relembrar que a modernidade é o período que a história da arte se
estabelece como ciência, sendo portanto um projeto moderno. Todos os seus fundamentos se
amparam em postulados desenvolvidos na modernidade, tais como o caráter universal, a
busca pela autonomia da obra de arte e da própria história da arte, bem como a visão
encadeadora (teleológica) que ela criou.
Tudo isso, cai por terra ao se questionar a autonomia da disciplina e das obras de arte, seu
objeto de estudo. Os conceitos começam a se “chocar” em diferentes obstáculos, como por
exemplo: novas culturas, novas formas de produzir e de caracterizar a “arte”.
Essas discussões resultam em dois tipos de epílogos: os que se anunciam o fim, com alegria,
da modernidade e os que incentivam sua “continuidade” (epílogo de evocação).
O epílogo, por mais contraditório que possa parecer, se descobre uma maneira de pensar
novas trajetórias. Ele, de qualquer maneira, podia apontar tanto para o futuro quanto para a
tradição, da mesma maneira que a modernidade se via cercada por esses dois fatores.
Questões essenciais como o conceito de arte, de obra e consequentemente, de história da arte
começam a aparecer nesses meios. Belting diz que a aceleração das inovações faz com que os
estilos deixem de ser criados e mostra a incapacidade de ordená-los em uma narração linear.
Os antigos fundamentos tornam-se inadequados: não há como universalizar essa mesma
narrativa, a autonomia não é creditada e novos movimentos e culturas alternam a forma
comum de se enxergar a arte. Por fim, chegamos ao impasse da história da arte.
No segundo capítulo intitulado “O fim da história da arte e a cultura atual”, Belting foca-se
mais em seu tema de análise, iniciando com sua explicação do porquê devemos pensar em um
“fim da história da arte” e o que isto significa na nossa época.
O fim da história da arte não significa que a arte e a ciência da arte tenham
alcançado o seu fim, mas registra o fato de que a arte, assim como no
pensamento da história da arte, delineia-se o fim de uma tradição, que desde
a modernidade se tornara o cânone na forma que nos foi confiada.
(BELTING, 2006, p.33)
Para Belting, o “fim” descrito no título se refere a tradicional forma de narrar os diferentes
períodos da arte ocidental, é interessante pensar que o contato com novas artes e a tentativa
de encaixá-las nesse modelo é um projeto eurocêntrico que considera apenas um modelo de
fazer e pensar arte, o europeu.
Ao mostrar as discrepâncias entre a arte e a narrativa da arte, Belting reflete se uma era
realmente adequada a outra, se essa lógica interna tão bem estruturada na narrativa podia
realmente ser encontrada na realidade. Ele não quer soar “apocalíptico”, mas mostrar
reflexões e incoerências que podem levar a criação de uma nova forma de ver e narrar a arte.
O ponto seguinte em que o autor se detém é o enquadramento no qual a arte esteve
condicionada, sendo este a “história da arte” desenvolvida.
Este enquadramento assume a “frente” no mundo artístico de modo que tudo o que nele se
encaixava encontrava prestigio, destaque e a denominação de “arte”, já para o resto restava a
ausência. Tudo o que era visto, tratado e admirado mantinha o enquadramento da história da
arte e consequentemente sua narrativa.
Apesar de não o ser, o enquadramento tinha a intenção de mostrar uma narrativa universal,
um claro equívoco da visão ocidental e eurocêntrica. Como coloca Belting: “O ideal contido
no conceito de história da arte era a narrativa válida do sentido e do decurso de uma história
universal da arte” (BELTING, 2006, p.35). Ele tem, portanto, uma finalidade clara: tornar
certas formas de arte mais importantes do que outras na história narrada, criando assim um
caminho a ser seguido, em teoria, por todas as artes.
Nesse sentido, o museu, de modo muito parecido, é apontado pelo autor como uma das
instituições que reafirmava esse mesmo enquadramento, reunindo e expondo as obras de
maneira a seguir a narrativa pré-estabelecida pela história da arte. Construindo assim, um
mundo artístico fechado e centrado neste enquadramento, o que alterou o modo como os
artistas produziam as obras, como as pessoas viam essas obras e como elas eram descritas.
Esse aspecto é essencial para entender o problema que levou ao “fim” a história da arte, já
que as limitações descritas geravam implicações que foram se tornando cada dia mais
visíveis. Culturas diferentes entendiam e produziam arte de maneiras diferentes e com
finalidades diversas, de modo que os conceitos criados para obra de arte, arte e história da
arte não podiam se encaixar nessa produção artística gerando questionamentos acerca da
assertividade desse enquadramento e com isso abrindo espaço para o surgimento de uma
nova narrativa.
Os gêneros, que sempre ofereceram o enquadramento sólido que a arte
necessitava, se dissolvem. A história da arte era um enquadramento de outro
tipo, que fora escolhido para ver em perspectiva o acontecimento artístico.
Por isso, o fim da história da arte é o fim de uma narrativa: ou porque a
narrativa se transformou ou porque não há mais nada a narrar no sentido
entendido até então. (BELTING, 2006, p.46)
Para Belting, o “desenquadramento” da arte faz com que se crie uma nova abertura nesse
mundo artístico, tornado-o mais indeterminado, mais criativo e também mais incerto, tanto na
narrativa feita dele quanto na confecção das artes em si.
O autor passa então a tratar das mudanças da relação arte-cultura nesse cenário de
“enquadramento” colocado acima.
A cultura se torna fator determinante para a organização de exposições e de obras de arte,
derrubando então, o enfoque na arte e na história da arte para essa produção. Dessa maneira, a
arte antes “livre” e “autônoma” passa a sofrer tentativas de “reivindicação” por parte da
cultura, o que a torna “testemunha” confirmadora da validade dessa cultura, ou seja, um meio
de representação de identidades culturais.
Belting aborda, por fim, os diferentes personagens (artista, historiador da arte, crítico da arte
e etc) envolvidos na produção dessa história, destacando principalmente que eles não têm
uma mesma imagem da história da arte. Cada um deles queria escrever essa narrativa a sua
maneira tornado vastas as discussões e também, as teorias da arte.
Na terceira parte chamada “O comentário de arte como problema da história da arte”, Belting
aborda o espaço que o comentário vai adquirindo na arte. O comentário, para ele, tem suas
origens na écfrase dos antigos que buscavam recriar uma obra a “pintando” com suas
palavras, essas descrições se tornaram, com o tempo, interpretações de arte como
conhecemos hoje.
Os comentários sempre quiseram se colocar como arte por si só e ocupar assim o lugar das
obras de arte, a tentativa de estabelecer uma relação mimética com elas se intensificou no
momento que as obras não se mostravam na forma “acabada” que o enquadramento
cristalizou, as “novas formas de arte” por vezes deixavam sua essência ser transmitida através
do comentário (inicialmente do artista depois dos críticos de arte e historiadores).
Essa inversão fez com que a crítica de arte cumpri-se o papel da teoria da arte, contribuindo
assim para a grande quantidade de teorias criadas. Como ilhas reinadas individualmente,
essas diferentes teorias coabitavam nesse período: cada uma com seu próprio “caminho
certo” para a arte, excluindo os demais e se declarando superior ao modelo antes adotado.
Os artistas ligados a cada movimento vinculava suas obras nas teorias exaltadas por seu
grupo, de modo que não se podia falar de um sem citar o outro. Belting pontua: “A arte
parecia restringir-se, no fundo, às zonas livres isoladas, cujas cercas eram demarcadas pelas
teorias.” (BELTING, 2006, p.53)
Nesse cenário, o trabalho do historiador se limita, já que todas as obras vinham definidas e
ligadas a movimentos pelos seus próprios criadores, sem contar que não cabia mais a ele
explicar esse cenário, seus métodos serviam apenas para a realização de trabalhos científicos
específicos, não mais para o todo.
Outro tema tratado por Belting neste capítulo é a mudança do “fazer artístico” para a arte
conceitual, onde fazer arte se tornava criar questionamentos e comentários sobre a arte e sua
conceituação. A obra de arte torna-se um veículo para a crítica, a qual guarda em si o que se
entende por arte, deslocando-se os limites entre as duas coisas.
Para Belting, os comentários são um problema na narrativa da história da arte na medida em
que guardam uma interpretação própria e tentam passá-la como a verdade absoluta. Assim:
“Fato, informação e interpretação tornam-se uma única coisa e os autores utilizam, aliás,
exatamente como os artistas, o seu próprio material de pesquisa.” (BELTING, 2006, p.59)
No quarto e último capítulo analisado, “A herança indesejada da modernidade: estilo e
história”, Belting volta a discorrer acerca da compreensão que a modernidade tinha sobre a
arte e como esta se tornou a concepção aceita. Tratando, principalmente, do conceito de
História (herdado do século XIX) e de Estilo (desenvolvido na virada do século XIX para
XX).
Ele cita Alois Riegl, Henrich Wölfflin, ambos historiadores da arte, mostrando que o querer
artístico e o olhar para as formas, desenvolvidos por eles em suas obras, reportavam para uma
“explicação estilística”, ou seja tentavam explicar a arte tendo em mente o conceito de estilo
e seguindo o desenvolvimento considerado “natural” para essa narrativa de história da arte.
Dessa maneira, cria-se uma análise onde o estilo se mostra mais importante do que o
conteúdo propriamente, sua finalidade era mostrar uma história em evolução (de formas e de
estilos) olhando o passado como o grande antecessor.
No par conceitual história e estilo é dada a conhecer a verdadeira fisionomia
da modernidade, à qual hoje se repreende por ter possuído uma imagem
unilateral da história e uma vontade de estilo tirânica que não podia ser
contestada. (BELTING, 2006, p.65)
Belting define o estilo como oposto ao indivíduo e voltado para uma “visão pura” inerente
aos homens e desligada dos saberes culturais, uma pretensão universalista herdada da
modernidade. Apesar disso, pontua Belting, o estilo se tornou um definidor de identidades e
portanto, confrontador de outros movimentos.
Conclusão
Ao unir todos os argumentos dos capítulos supracitados, é possível perceber o
posicionamento do autor: a favor de uma nova narrativa da arte bem mais abrangente que o
modelo eurocêntrico. No prefácio, Belting deixa claro que há a necessidade de se construir
uma “ciência da imagem” como solução para o fim desse modelo tão difundido. Sua análise
de trabalhos historiográficos, fontes escritas e imagéticas traz um grande brilho para o texto
auxiliando na compreensão dos panoramas mostrados.
Ele levanta grandes temas de discussão e ao mesmo tempo não cai em uma visão
“pessimista” sobre a arte. Para ele, o referido “fim” era de um modo de abordar determinado
recorte de fenômenos articulando os processos com a finalidade de mostrar linearidade e
coerência no “desenvolvimento” da arte. Esta forma de olhar não pode mais ser utilizada
levando em conta a arte moderna e a arte contemporânea, bem como as artes de outras
culturas diversas da europeia. Belting quer mostrar que a “história da arte” é muito mais
complexa, vasta e indeterminada do que se supõe o antigo modelo. Faz parte do trabalho do
historiador encarar a sua própria maneira de olhar as artes e evitar limitações (como a não
análise de certos tipos de arte) que possam ser causadas por isso.
Portanto, a leitura dessa obra é extremamente recomendável, no momento em que traz uma
nova visão das complexas relações existentes no universo artístico bem como a existência de
outros tipos de arte, conquistando assim o objetivo pretendido: Mostrar que a história da arte
não se resume à difundida narrativa europeia e que é possível sim visualizar novos métodos e
maneiras de compor essa nova narrativa. Fica ainda o questionamento futuro de como
desenvolver essa história mais abrangente e como conseguir superar essa herança da
modernidade.

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