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GILBERT SIMONDON
1
Simondon utiliza a palavra técnica para referir-se à tecnologia. Este último vocábulo tem para ele outra
significação, como se verá.
2
“O objeto técnico existe, pois, como um tipo específico obtido ao final de uma
série convergente. Esta série vai do modo abstrato ao modo concreto: ela tende
para um estado que faria do ser técnico um sistema completamente coerente
consigo mesmo, completamente unificado” (idem, p. 23).2
Dessa maneira os objetos técnicos evoluem na direção de tipos ou espécies
técnicas que são menos numerosas que os usos a que o homem as destina. Um pistão,
por exemplo, é uma espécie técnica de diversa utilização. Essa evolução responde a uma
lógica ou necessidade intrínseca (“a aviação é obrigada a produzir objetos técnicos mais
concretos a fim de aumentar a segurança de funcionamento e reduzir o peso morto”),
porém Simondon admite que as causas técnicas da evolução se combinam com causas
econômicas. Estas últimas, por sua vez, se misturam a motivações sociais (o gosto pelo
luxo, v.gr.). No entanto, para nosso autor são as causas técnicas as que predominam na
evolução dos objetos técnicos.
“Com efeito, as causas econômicas existem em todos os domínios; ora, são sobre
tudo os domínios onde as condições técnicas predominam sobre as condições
econômicas (aviação, material de guerra) os que constituem o lugar dos
progressos mais ativos”. (idem, p. 26)
Isso porque, quanto mais misturadas estejam as causas econômicas às
motivações sociais, menos estimulam o progresso propriamente técnico. Simondon
exemplifica o ponto com os aperfeiçoamentos do automóvel, amiúde devidos, não ao
afã de um melhor funcionamento (“sintético”) do veículo, mas a detalhes que o tornam
socialmente mais desejável. “O automóvel, objeto técnico carregado de inferências
psíquicas e sociais, não convém ao progresso técnico: os progressos do automóvel vêm
de domínios vizinhos, como a aviação, a marinha, os caminhões de transporte”. Por
outra parte, a evolução técnica não é nem completamente continuada nem descontínua.
Ela contém descansos (paliers) quando se logra uma reorganização estrutural
satisfatória. Entre essas reorganizações pode ocorrer uma evolução resultante de
diversos fatores, tais como a experiência e o uso do objeto, a produção de novas
matérias primas ou o desenvolvimento de dispositivos melhor adaptados.
O objeto técnico abstrato corresponde a um modo de produção ainda artesanal.
Trata-se de um objeto instável, imperfeito, “analítico”. 3 A formação de tipos estáveis
permite a industrialização, à que correspondem os objetos “concretos”. A concretização
dos objetos está sujeita ao estreitamento do intervalo entre a ciência e a técnica. Na fase
artesanal, há uma correspondência fraca entre conhecimento científico e produção
técnica. Na fase industrial, essa correlação é elevada. “A construção de um objeto
técnico determinado pode tornar-se industrial quando o objeto se tornou concreto, o que
significa que é conhecido de uma maneira quase idêntica, tanto segundo a intenção
construtiva quanto segundo o olhar científico”.4 De resto, o objeto técnico evolui
gerando uma família de objetos. Simondon sugere falar de uma “evolução técnica
natural”: “neste sentido, o motor a gás é o ancestral do motor a gasolina e do motor
Diesel”. No começo de uma linhagem de objetos técnicos há um ato de invenção que
constitui uma essência técnica, que permanece estável através da linhagem evolutiva
2
“(...) o objeto técnico concreto é aquele que não mais está em luta consigo mesmo, aquele em que
nenhum efeito secundário prejudica o funcionamento do conjunto nem é deixado fora desse
funcionamento” (ibid., p. 34).
3
No sentido de que suas partes são reciprocamente externas, como foi explicado.
4
O conhecimento científico deve, contudo, ser adaptado para servir ao progresso técnico, que pode
também ocorrer em ausência de desenvolvimento científico (idem, p. 27).
4
(uma mesma essência – a combustão interna - evolui do motor a gás até o motor
Diesel).
O objeto técnico ocupa um lugar intermediário entre o objeto natural e a
representação científica, ensina Simondon.
“O objeto técnico abstrato, vale dizer, primitivo, está longe de constituir um
sistema natural; ele é a tradução em matéria de um conjunto de noções e
princípios científicos separados uns de outros em profundeza e vinculados apenas
pela suas conseqüências que são convergentes para a produção de um efeito
buscado (...). Ao contrário, o objeto técnico concreto, vale dizer evolucionado, se
aproxima do modo de existência dos objetos naturais, tende para a coerência
interna, para o fechamento do sistema de causas e efeitos que se exercem
circularmente no interior do seu recinto (...). Este objeto, ao evoluir, perde seu
caráter de artificialidade: a artificialidade essencial de um objeto reside no fato de
que o homem deve intervir para manter o objeto na existência protegendo-o contra
o mundo natural...” (idem, p. 46-47).
É notável esta concepção que Simondon propõe da artificialidade. Ela não
consiste em que algo tenha sido fabricado pelo homem, em vez de surgir
espontaneamente da Natureza: “a artificialidade é aquilo que é interior à ação
artificializante (artificialisante) do homem, seja que essa ação intervenha sobre um
objeto natural ou sobre um objeto inteiramente fabricado”. Uma flor produzida em
estufa, que dá pétalas duplas e que não pode dar frutos é a flor de uma planta
artificializada, ilustra Simondon. O sistema constituído pela planta perdeu seus vínculos
naturais com o ambiente e depende agora dos vínculos criados pelo homem num
ambiente específico (a estufa). Neste sentido, o sistema tornou-se mais “abstrato”. Ao
contrário, quando ocorre a “concretização” técnica, o objeto (p.e., uma máquina) se
torna cada vez mais independente do ambiente em que inicialmente foi concebido e
funcionava (laboratório, oficina, usina). Por isso, o modo de existência dos objetos
técnicos é análogo ao dos objetos naturais.
“Eles [os objetos técnicos] não são apenas aplicações de certos princípios
científicos anteriores. Na medida em que existem, provam a viabilidade e a
estabilidade de certa estrutura que tem o mesmo estatuto que uma estrutura
natural, embora possa ser esquematicamente diferente de todas as estruturas
naturais. O estudo dos esquemas de funcionamento dos objetos técnicos
concretos5 representa um valor científico, porque esses objetos não são deduzidos
de um único princípio: eles são o testemunho de certo modo de funcionamento e
de compatibilidade que existe de fato e que foi construído antes de ter sido
previsto: essa compatibilidade não estava contida em cada um dos princípios
científicos separados que serviram para construir o objeto; ela foi descoberta
empiricamente...” (idem, p. 48).
Deve evitar-se, todavia, uma assimilação abusiva do objeto técnico com o
natural, particularmente com o ser vivo, adverte Simondon. Em sua opinião, são
particularmente perigosas as comparações de caracteres meramente exteriores (como
quando se compara os autômatos com os organismos). O que importa para compreender
o objeto técnico são os intercâmbios energéticos e de informação, tanto os internos ao
objeto, como os que ele mantém com seu meio, pois são eles os que definem seu grau
5
Lembre-se que neste estudo consiste, propriamente, a cultura técnica.
5
de “concretização”. Deve notar-se também que os seres vivos são concretos ab initio, ao
passo que os objetos técnicos tendem a uma concretização cada vez maior, porém nunca
completa, e assim, “todo objeto técnico possui em alguma medida aspectos de abstração
residuais” (idem, p. 49).
o meio que tornará possível o funcionamento do objeto técnico. Isso é possível porque o
próprio homem, enquanto ser vivo, produz um meio associado que possibilita a sua
vida. “Esta capacidade de condicionar-se a si mesmo está na base da capacidade de
produzir objetos que se condicionam a si mesmos”. Por sua vez, a individualidade
técnica se define pela existência de um meio de que depende seu funcionamento. Assim
vistos, é a máquina o indivíduo técnico em sentido estrito; um útil ou um dispositivo
(p.e., uma lâmpada) é apenas um elemento do mundo técnico, comparável a um órgão
com relação a um organismo.
Os objetos técnicos evoluem de maneira análoga à evolução das espécies vivas
(principalmente no que tange a não haver uma finalidade pré-determinada), mas essa
analogia não é perfeita, principalmente porque os objetos técnicos não têm a capacidade
de produzir seus próprios descendentes. A evolução técnica é possibilitada e explicada
pelo que Simondon denomina a “tecnicidade”.
“O objeto técnico não é feito apenas de forma e de matéria: ele é feito de
elementos técnicos elaborados conforme certo esquema de funcionamento e
reunidos em uma estrutura estável pela operação de fabricação. O útil recolhe em
si o resultado do funcionamento de um conjunto técnico. Para fazer uma boa
foice, é necessário o conjunto técnico da fundição, da forja e da afiação. A
tecnicidade do objeto é, pois, mais do que uma qualidade de uso; ela é aquilo que,
nele [no uso], se acrescenta a uma primeira determinação dada pela relação entre
forma e matéria (...). A tecnicidade é o grau de concretização do objeto...” (idem,
p. 72).
O que Simondon denomina tecnicidade é uma sorte de essência funcional do
objeto técnico enquanto tal, essência essa que pode ser transmitida de um objeto a outro
que lhe sucede e que aperfeiçoa o precedente. A tecnicidade é o que possibilita a
invenção e o progresso, e a imaginação técnica pode ser definida como “uma
sensibilidade particular para a tecnicidade dos elementos”. Por outra parte, diversas
tecnicidades podem ser reunidas num objeto técnico. “Um motor é um conjunto de
molas, de eixos, de sistemas volumétricos, cada um definido pela sua tecnicidade e não
pela sua materialidade”. As tecnicidades são condutas estáveis (p.e., a de uma mola),
capacidades específicas de produzir ou sofrer um determinado efeito.
Nas sociedades pré-industriais, afirma Simondon, a função de individuação
técnica é assumida pelo ser humano (o artesão).6 Nessa situação, homem é o depositário
da tecnicidade, sendo isso o que dá nobreza ao trabalho artesanal. A individualidade
técnica separada do ser humano (isto é, a máquina) é, notoriamente, algo recente. Ela
substitui o ser humano como agente portador de úteis, e a tecnicidade se transforma
num saber abstratamente formulável. Essa mudança é para Simondon mais importante
do que se crê, porque o ser humano perde assim, inadvertidamente, sua condição de
indivíduo técnico para passar a ser servente das máquinas ou organizador dos sistemas
técnicos. E embora o homem possa continuar a ser um indivíduo técnico ao usar certas
máquinas (p.e., uma furadeira), o deslocamento generalizado da tecnicidade para fora da
atividade humana provoca no homem um mal-estar ao qual voltaremos a nos referir.
6
Ocasionalmente, pode tratar-se de um grupo de indivíduos (ibid., p.77).
7
Conforme nosso autor, o objeto técnico pode estar vinculado à vida humana de
duas maneiras opostas, que denomina respectivamente “estatuto de minoridade” e
“estatuto de maioridade” (social) das técnicas. No primeiro, que corresponde à figura do
aprendiz que se torna artesão, o objeto técnico é objeto de uso e o saber técnico é algo
implícito, costumeiro, não reflexivo. Os objetos técnicos fazem parte do mundo em que
o ser humano cresce e se forma, entre outras coisas aprendendo a usar aqueles objetos.
Esta etapa corresponde à infância humana com relação à técnica. No “estatuto de
maioridade”, ou seja, de vida adulta livre, o homem tem uma consciência reflexiva do
objeto técnico, possibilitada pelo conhecimento científico. Corresponde à figura do
engenheiro. Ambos, o aprendiz e o engenheiro, são os fatores humanos pelos quais a
técnica se incorpora à cultura. Mas essa incorporação é diferente, e fonte de
dificuldades.
“(...) Até hoje, esses dois modos de incorporação não puderam dar resultados
concordantes, de modo que há como duas linguagens e dois tipos de pensamento
que surgem das técnicas e que não são coerentes entre si. Essa falta de coerência é
em parte responsável pelas contradições que contem a cultura atual na medida em
que ela julga e se representa o objeto técnico em relação com o homem” (ibid.,
86).
Por outra parte, sempre houve na história técnicas subestimadas e cujo saber não
era elevado a reflexão sistemática. Tal foi o caso das técnicas “servis”, relegadas aos
escravos, na Antigüidade. “O estado de maioridade não era concedido mais do que a
certas operações como a agricultura, a caça, a guerra e a arte da navegação. As técnicas
que empregavam úteis eram mantidas fora da cultura”. E apesar da racionalização das
técnicas artesanais na Modernidade, não se produziu uma unidade na valoração das
técnicas porque o objeto técnico foi aos poucos identificado com o artificial, o que
afasta o homem do natural. 7 Cabe, contudo, observar que o apreço do enciclopedismo
pelas técnicas frisou a diferença entre a técnica artesanal (a do mineiro, o agricultor, o
carpinteiro...) e a técnica do engenheiro. A primeira corresponde a um mundo em que o
homem está ainda integrado à Natureza, que não procura dominar despoticamente, mas
que ama. Trata-se de técnicas aprendidas e exercitadas dentro de sociedades fechadas
(comunidade rural, grêmio) as quais, por sua vez, as técnicas condicionam. Já a técnica
do engenheiro implica um conhecimento racional, teórico, universal, em princípio
aberto a todo homem (como o desejavam os redatores da Enciclopédia). A partir de
então é possível a existência e a percepção de um universo técnico, das técnicas em sua
vinculação recíproca (ibid., p. 94). E apesar de tudo, a consciência técnica tem para
Simondon continuidade, sendo seus pólos a técnica do artesão e a do engenheiro.
A incoerência do mundo técnico leva Simondon a pregar a necessidade de uma
simbiose, em nível da educação, entre os dois tipos de técnicas. Na sua análise, a
educação enciclopédica que caracteriza a cultura contemporânea visa dar ao adulto o
sentimento de ser um homem completo, mas faz isso ao preço de deixar de lado o
caráter temporal, sucessivo, da aquisição do saber (típico do aprendizado técnico
artesanal). Falta ao enciclopedismo a experiência de haver-se tornado adulto de maneira
progressivo. Reciprocamente, falta à educação tecnológica atual a universalidade de
formação a que aspira o espírito enciclopédico.8
7
Por isso, a agricultura e a criação do gado, “antigas técnicas nobres”, foram relegadas ao domínio do
não cultural (ibid., p. 87).
8
Simondon acreditava que a Teoria da Informação, enquanto tecnologia inter-científica, inter-técnica e
mediadora entre ciência e técnica, poderia constituir o vínculo entre especialização e enciclopedismo,
8
que, ou bem sabe lidar com os elementos técnicos como operário, mas ignora o
funcionamento do conjunto técnico (alienação do trabalhador), ou bem comanda o
conjunto técnico como dono, ignorante do modo de funcionamento dos elementos
(alienação do capitalista). Educado tecnologicamente, o homem participaria do mundo
técnico, não como ser que utiliza ou dirige as máquinas, mas como ser que as serve. Isso
implica que as funções de auto-regulação das máquinas sejam desempenhadas pela
relação homem-máquina. Também faria com que o homem, tecnologicamente cultivado,
estabelecesse a relação entre as máquinas, pois estas últimas sabem apenas agir umas
sobre outras, mas não podem pensar a sua relação. Em todo caso, para nosso autor “a
vida técnica não consiste em dirigir as máquinas, mas em existir ao mesmo nível do que
elas”.
Compreender as máquinas é clave nesta cultura tecnológica que Simondon
reivindica. Essa compreensão exige entender o caráter essencialmente dinâmico das
máquinas e dos conjuntos técnicos. Entender que os esquemas de funcionamento e sua
evolução são mais importantes do que as formas que momentaneamente tomam os
elementos e indivíduos técnicos. Simondon reclama uma sabedoria técnica a ser
desenvolvida pelos homens que sentem a sua responsabilidade para com o mundo
técnico: esses seriam os “tecnólogos”. Eles representariam os seres técnicos ante os que
elaboram a cultura, em sentido tradicional (escritores, artistas...) e contribuiriam a uma
mediação entre a técnica e o poder.
Na parte final do livro, declaradamente mais especulativa, Simondon defende
que a tecnicidade deve, em última instância, ser concebida como um modo específico de
relação do homem com o mundo (à semelhança de outros, como o modo religioso ou o
modo estético de existência).
“A existência dos objetos técnicos e as condições da sua gênese colocam ao
pensamento filosófico uma questão que ele não pode responder pela simples
consideração dos objetos técnicos em si mesmos: qual é o sentido da gênese dos
objetos técnicos por relação ao conjunto do pensamento, da existência do homem,
e de sua maneira de ser no mundo?” (ibid., p. 154).11
A tecnicidade é, para Simondon, uma das formas básicas em que o homem foi
estruturando a sua relação humana com a Natureza.12 Por isso, a tecnicidade não é um
mero conjunto de meios, mas um conjunto de condicionamentos da ação humana e um
conjunto de incitações a agir. Trata-se de “um universo mental e prático”, que não deve
ser subestimado nem rejeitado pela cultura. Presentemente, predomina com relação aos
objetos técnicos uma atitude alienada: a do mero uso que desconhece a sua essência. Se
esta última fosse compreendida (o que constitui a meta da educação tecnológica, como
já foi mencionado), os objetos técnicos seriam percebidos e usados como portadores de
informação sobre esquemas funcionais, sobre invenções que resolveram problemas.
Eles seriam as testemunhas da maneira como o ser humano foi estruturando de modo
cada vez mais complexo sua relação prática com o mundo. Os homens conscientes da
tecnicidade comunicar-se-iam entre si mediante o mundo técnico, numa relação que
11
Simondon compara esta sua posição com a de Heidegger, neste sentido (ibid., p. 221).
12
Simondon conjectura que houve uma relação de “união primária” do homem com o mundo, sem
separação entre sujeito e objeto, seguida de uma primeira estruturação humana da existência: a magia.
Tecnicidade e religião seriam modos complementares de vinculação do homem com o mundo, a partir da
magia, o primeiro desenvolvendo a capacidade humana de agir e o segundo fornecendo o pano de fundo
significativo para sua vida. Entre os dois, surgem, a modo de elos, o pensamento estético, primeiro, e a
ciência, depois. (ibid., pp. 156 ss.).
10
REFERÊNCIAS:
Simondon, G. 1989 (orig. 1958) Du mode d´existence des objets techniques. Paris:
Aubier.
Texto de autoria de Alberto Cupani, para uso exclusivo dos alunos do Curso de
Filosofia da Universidade Federal de Santa Catarina.
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