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José Carlos Barbosa Moreira

A Conexão de Causas
como Pressuposto
I da Reconvenção

1979

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011840
A conexao de causas como
pressuposto da reconvencao
3~7 928 MB3Sc 1979

r-..~ORE1RA. JOSE CA~L.:JS BARBOSA

I 31BlIOTECA \
I
1111\111 1\ II 11111\
TJERJ
À Turma de Bacharéis de 1976 da
Faculdade de Direito da Universidade do
Estado do Rio de Janeiro, em sinal de
reconhecimento pela distinção que me
conferiu, ao eleger-me SEU patrono.
,

INDICE GERAL
Pág'.
Introdução •••••••••••••••• 0.0 •••••••••••••••••••••••••
J

PARTE I
O PROBLEMA EM PERSPECTIVA COMP..\RATISTICA
Capitulo I
EXAME DOS PRINCIPAIS SISTEMAS lURIDICOS
§ 1.0 Direito francês ................................. . 13
§ 2.° Direito espanhol e hispan.:ramericano ............. . 18
§ 3.° Direito italiano ................... . ........... . 24
§ 4.° Direito alemão (ocidental) ............ . ......... . 36
§ 5.° Direito .austríaco ................ ~, 44
§ 6.° Direito suíço .................. . 48
§ 7.° Direito português ............... . 51
§ 8.° Outros sistemas jurídicos 56
Capitulo II
TENTATIVA DE SISTEMATIZ.-\ÇÃO
§ 9.° Esquema de classificação .......... . 61
§ 10. Conclusões de ordem si5~emática .. . 65
PARTE II
O PROBLEMA NO DIREITO BRASILEIRO
Capítulo I
DIREITO ANTERIOR
§ 11. Até o Código de Processo Civil de 1939 73
§ 12. O Código de Processo Ci"il de 1939 81

Capitulo II
DIREITO VIGENTE
§ 13. Posição do problema .......... ...... .... ... 89
§ 14, O status qua.stionis , ....... , ..... , ....... ""... 92
PARTE III
TENTATIVA DE SOLUÇÃO
Capítulo I
EXAME DO PROBLEMA NO PLANO DOGMATICO
§ 15. Considerações lntr0dut6riat ' .. '" . , ........ , .. , , . , 101
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Pág,.

§ 16. O Código de Processo Civil de 1973 c o conceito de


conexão .......................... " 123
§ 1i. Confronto sistemático entre a disciplina da rcconvcn·
ção e o firt. 103 132

Capítulo II
EXAME DO PROBLE~IA AO ÂNGULO DA
VALORAÇÃO DOS II'TERESSES DI JOGO

§ 18. Considcraç0~s introdutvrias 139


§ 19. Os int~rcss('s em jogo 142
§ 20. Rcpcrcmsl\(,5 na cliscil,lin;! dll !...·qUlsltO ... uhst:mcial de
aJmissil'iliJ.\~fc da rC":l'll\'l'n..,'ú0
§ 21. Supcraçâ0 Jus limites d0 <lr!. 103
149
Ij 1
Introdução
Capítulo 11/
CO~SIDERAÇOES CONCLUSIVAS
§ 22. Balanço dos resultados 163
§ 23. A solução proposta c os \Jutros intcn,;s::,cs cm jogo 168

Apêndi.:~: Principais kxtos kgi~"Hi\'os estrangeiros l:itndos 181


Bibliegrafia 205
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____ o

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1. Citado em processo de conhecimento, procura o


réu, as mais das vezes, defender-se, e a isso em regra se
limita. Pode todavia acontecer que também ele queira,
por sua vez, acionar o autor. Em torno dessa eventuali-
dade gira importante problema de politica legislativa.
Deve aproveitar-se o processo já em curso entre as partes
para servir de instrumento à solução de ambos os lití-
gios? Em outras palavras: é proponh·el nele a ação do
primitivo réu em face do primitivo autor, a fim de pro-
cessar-se e julgar-se em conjunto com a outra?
O problema, como logo se percebe, é o da admissibili-
dade da reconvenção. Fique bem claro que se usa aqui
o nomen iuris no sentido estrito de ação intentada pelo
réu em face do autor, no mesmo processo em que está
sendo por este demandado. É o sentido generalizado no
direito moderno.. Tempos menos recentes conheceram
outra figura, a que se atribuía igual denominação, em-
bora não apresentasse aquela característica. Era a cha-
mada reconventio impropria ou imperfecta, que não con-
duzia a processamento e julgamento simultâneos '. A

1. Vide, no Código Filipino, a ordenação do tino III, TiL XXXllI.


§ 1.0, verbis "se a rcconvenção for comeÇ3.d:J, depois da ação C0n·
testada, e o autor tiver dado sua prova, a T..?cunvenção perderá sua
natureza, quanto a esta parte. e não andar;.'; igual passo, mas cada
uma fará seu curso, como pcr direito melh~-"r puder, sem uma aguar-

I
dar a outra", Cf., na literatura. ENDEMAl"~, Das deutsche Zil:ilpro-
zessrecht, p. 666-7; LOENIKG, Die Widerklage im Reichs - Ci-
vilprozess, in Zeitschrift liir deutschen Ci\'jlprozess, v. 4, p. 3 (e
,
nota 1); JAEGER, La riconvenzione nel processo civile. p. 59;
AMARAL SANTOS, Da reconvenção no direiro brasileiro. p. 73. 96.

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competente para aquela que o rén dcse!~ mo;er. ao a.utor:


única peculiaridade consistia ai em "erem ambas as on pela. menos se absoluto essa inc0:-~petencIa;. fIxara
açÕt·s - a primitiva e a reconvencional - propostas
coram "ode))l illd;"c, c\"Ontualmente por força de prorro-
, determinado prazo, após o qual se to:-::'1 Imposslvel re-
convir; negará o cabimento da reconv":-.,<io em processo
hal~üo da c(lmpelência llo órgão para julgar a segunda
qne observe talou qual ril,·; e assim 1':- diante.
(jorum rcco" !'entio"is I. Ainda hoje, algumas legislações
(t'."., a austriaea: ZPO, § 187) deixam cm princípio à Não é dessa espécie de restrições que ::05 vamos ocnpar.
discrição do órgão judicial processar uma e outra ação Interessa-nos outra possibilidade: a de que a lei, para
<'m conjunto ou separadamente. Mas entre nós a figura permitir que se reconvenha. estabele~3 ;'ressnposto. con-
da "recoll\"l'llção" sepa!'ada extravasa do âmbilo do ins- cernente à matéria de qne se há de c:::dar na açao do
tituto, como atualmen:e o temos, e dela faremos abstra- réu. Conforme oportunamclle se ver';. pelo exame do
ção no prC'sl'ntc contexto. problema em perspectiva comparatís:':,l. é mnito fre-
qüente o nso desse tipo de :'mitação - 3 que, por amor i,

2, \~:irÜl:3 pOSiÇÕL~S :3~lo a priori concebiveis 110 trata- à comodidade, chamaremos substancie:. em oposição ao
mento do prublema. PlJdc o ordenamento, em primeiro ontro, antes referido. Ele se manifesta. 5e m~neira cons-
lugar, excluir de mock,' radical, para o réu, a possibili- tante, por meio da exigênc''1 de certs :elaçao, de certo
dade de intentar a Sln ação no próprio feito em que vínculo, que precisará exi~:ir entre 8.3 duas causas, ,a
se vê demandado: se quiser acionar o autor, terá de ajuizada e a que pretende ajuizar o :-eCl, para autorI-
instaurar outro proce':-:3lJ , Diametralmente oposta a essa zá-Ia a valer-se da via recc:wenciona:
será a solução consistc:::C' cm só lhe admitir a ação pela
mencionada \·ia, proib:::do-o de demandar cm separado,
3. Tendo-nos expressado comO o fi:é:nOS no parágra-
fo anterior, corre-nos o de;er de co::s:;:nar desde logo
o que se resolve em \"('!'dadciro ónus de reconvir. Entre
uma advertência. Constante. de fato. ::os ordenamentos
as duas alitucle5 êxtremas, sobra espaço para extensa
de que agora cuidamos, é a idéia da :'. ecessidade de um
gama de disciplinas in:::>rrncdiáriQs, que abrirão ao réu . .
nexo para legItImar o uso d o I·nstrur.'"
.. ~ --'-o da reconven-
.
a oportunidade de deduzir a sua própria pretensão pela ção. Diversificam. porém. oe modo se::,;';el, as for~nulas
forma rccOll\'elH:iollal. ~ubon1inando-a entretanto à con- excogitadas para definir eSée nexo. Té:'omos ocaslao de
corrência de certos prt:'S3i.lpostos. F'aculta-se cm princí- verificar que algumas leis se preocuF ':"!:1 em caracten-
pio a recoll\'enc:ão, m:'13 limita-sc-lhl' a admissibilidade, .'
zá-lo com malar --o que 0'''-0-
rIgor, ao 1='9..:,,:, , •.• .:>." se contentam
em termos mais ou menos rigorosos. com indicações genéricas.
A adotar-se a terceira posição, diversos poderão ser,
naturalmente, os critérios empregados pelo legislador
para fixar os lindes dentro dos quais se admitirá a recon-
I
~
É precisamente a esse ãngulo que o p!'oble~a, ao no.ss~
ver, assume particular relevância prática. Nao CO~StItUl
qnestão acadêmica a de saber se se de~e conSIderar
venção. Bem se compreende que alguns digam respeito admissivel ou não nma den:anda recon,'enclOnal: na VIda
a aspectos puramente processuais; e os exemplos são forense, a cada passo têm de enfrentá-la e resolvê-Ia os
óbvios. A lei afastará a possibilidade de reconvir, v.g., juizes. Ora, é bastante simples, em regra, apurar se
se o órgão a que toca jnlgar a ação primitiva não for
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estão satisfeitos os pressupostos relacionados com a com- positivo, a consagrar um conceito de cone.:tão. Reza, com
petência do órgão, com o prazo de propositura, com a efeito, o art. 103: "Reputam-se conexas duas ou mais
espécie de procedimento, etc. Bem mais complexa pode ações, quando lhes for comum o objeto ou a causa de
revelar-se a averiguação da presença ou ausência do pedir". Ora, a primeira tendência, na i::terpretação do
requisito substancial de admissibilidade. E facilmente se art. 315, caput, será a de pedir ao art. 1[13 subsídios d~­
entende que assim seja. De um lado, afirmar ou negar cisivos para esclarecer, lá, o sentido da palavra "conexa";
o vinculo necessário entre a reconvenção e a ação ' pres- e tal inclinação na verdade se faz sentir, de forma latente
supõe, em geral, trabalho interpretativo realizado sobre ou patente, na doutrina surgida à luz do Código em
textos menos explícitos ou mais vagos do que os con- vigor. Resta averiguar se a estrita e cOe!'ente observân-
cernentes aos aspectos meramente processuais da ma- cia desse entendimento não levará pc:-ventura a um
téria. De outro, quando o legislador se esforça em fixar amesquinhamento da reconvenção, além de todo limite
com maior precisão a natureza do liame exigivel entre razoável; e, na hipótese afirmativa, se Si'!'a fora de pro-
as duas causas, delicada continua a ser a tarefa do apli- pósito cogitar de outra solução interpre:c.tiva, suscetível
cador da norma. de quem se há de esperar cuidadosa de prevenir tão grave inconveniente. Se:::telhantes inda-
avaliação dos dados do iu.s positum, para assegurar a gações, contudo, não se vêem postas, ao :::tenos de modo
utilização profícua da reconvenção, sem deixar-se deter explícito, nas obras doutrinárias pulc::cadas durante
por aparentes barreiras textuais, que possam confiná-la estes cinco anos de vigência do Código
em âmbito indevidamente restrito. Aliás, em termos mais genéricos, c?oe assinalar o
4. Com problema deste último tipo, ao nosso ver, é escasso interesse que tem suscitado, na ?rocessualística
que se defronta o intérprete, no Brasil, em face do esta- brasileira, a problemática da reconvençiJ. Poucas são
tuto processual de 1973. O pressuposto substancial da as monografias dedicadas ao assunto; e apenas de uma
admissibilidade da reconvenção acha-se expresso no art. delas, escrita sob o regime de 1939 3, peje-se dizer que
315, caput, onde se impõe que ela "seja conexa com a haja trazido ao estudo do instituto cOl::ribuição de re-
ação principal ou com o fundamento da defesa". Não levo. O que se afirma da reconvenção e::: geral também
suscitaria maiores dificuldades a formulação adotada, se afirmará, até a fortiori, do partiCl::~r aspecto que
caso não se houvesse abalançado o Código, noutro dis- " neste trabalho, com exclusividade, se focaliza. Os pró-
prios comentadores do Código atual, com raras exce-
Supérfluo tah-('z ressalvar c;u.:: nesta passagem, como noutras, em~
pr..:gamos a palavra "ação", rre\'ilatiç causa, para designar a primi-
ções, não têm julgado necessário demo:'~r-se em anali-
ri,'a ação, cuja propositura d<!u causa à formação do processo, sem
com isso prctcndcrmos, de longe sequer, pôr em dúvida a natu-
l sá-lo, a despeito da óbvia existência, na lei, de algo que
ousaríamos classificar como atrevido desafio herme-
reza de açeia que também â reconvcnção se reconhece. Nossa ma-
neira de dizer tem o abono do uso doutrinário (vide, por exemplo,
I nêutico.

I
em PONTES DE MIRANDA, Comentários ao Código de Proces- Todas essas razões justificam a presente tentativa de
so eh'i! de 1973, t. IV, p. 162, a rubrica do comentário n,O 3: "Lia- elaboração, cujo objeto já ficou, nas linhas anteriores,
me entre a ação e a reeon\'enção") e do próprio texto legal (ef. arta.
317 e 318 do vigente Código nacional). 3. Aludimos à obra de AMARAL SANTOS, pÇ1 reconv. no dir. bras.

6 7
I I
claramente delimitado, É tempo de pôr as indagações a 6, O problema de politica legislativa, " que vimos alu-
que acima nos referimos, e de buscar responder a elas, dindo, naturalmente se tem posto em numerosos siste-
ou quando menos de ministrar sugestões, ou de apontar mas ju;fdicos, Sendo comuns a muitos ddes as questões
caminhos, para o descobrimento de respostas satisfató- que influem na preferência por talou qual disciplina,
rias, Tal o propósito que nos anima, reveste-se de enorme interesse a pesquisa comparatística,
Antes de mais nada, ela ministra elementos para um
5, O estudo do problema, conquanto não deva des-
inventário de soluções, permitindo a respectiva distribui-
prezá-los, tampouco pode cingir-se aos dados puramente
ção esquemática, de acordo com traços essenciais cons-
textuais, Admitir ou não o ajuizamento de ação por via
tantes em grupos de ordenamentos e, mediante o con-
reconvencional, já o dissemos, é questão de política jurí-
fronto atento, a identificação das linhas de força, das
dica, diantc da qual inúmeras opções de conveniência se
tendências fundamentais dominantes, Como as fórmu-
deparam ao legislador, pressionado por fatores às vezes
las às vezes se repetem, com maior ou menor exatidão,
contraditório_s, uns a s{~licitá-lo no sentido de maior libe~
é sempre útil averiguar o sentido em que se vêm enten-
ralidade, outros a aconselhar-lhe moderação, A disci-
dendo e aplicando alhures textos semelhantes àqueie
plina legal espelha um juízo valorativo, resultante da
que constitui o objeto principal do nosso estudo - in
ponderação uos inll'l'esscs cm jogo e do balanceamento
casu, o vigente Código de Processo Ci\'il brasileiro, Mas
dos prós e dos contras, que - como quase tudo, no di-
até de regulamentações literalmente bem diversas podem
reito c na \'ida - oferece.a rcconvenção.
obter-se dados valiosos, na medida em que a análise con-
~!aspode suceder que a fórmula literal escolhida não siga revelar, por sob a pele de dispositi\'os redigidos em
seja a mais feliz, ou que - e o caso, na matéria, \é fre- termos discordantes, canais profundos de ligação,
qüente - a respectiva elasticidade, intencional ou não,
Parece-nos desnecessário, em contrapartida, retraçar
conceda ao intérprete mesmo ampla margem para o
nesta sede o histórico da reconvenção, em exposição cro-
exercício de sua própria atividade de valoração, Ter-
nologicamente ordenada, desde as origens até os dias
se-á de alcntar cuidadosamente, como é intuitivo, na
que correm, Tal exposição já foi feita em obras acessi-
razão de scr elo instituto e na finalidade prática a que
veis, às quais nada teríamos, por esse prisma, que acres-
ele visa. Entretanto. se se quiser enunciar uma diretriz
centar de substancial'. Por outro lado, os sistemas jurí-
básica, a que deve obedecer a tarefa hermenêutica, po-
dicos mais afastados no tempo encararam o problema
der-sc-á lalvcz dizer que ao intérprete cumpre empenhar-
se em descobrir, entre os variáveis entendimentos do
4. Consultar-sç-ão com proveito, entre OUtr03. DESJARDIl"S, De Ir.
texto legal, aquele que lhe enseje traçar à admissibili- compemario" cl des demandes reCOllVellfi~)n':(.·;·f:.'5, p. 13 e 5.; JA,E-
dade da reconvenção fronteiras capazes, tanto quanto GER, La riCOI/V. 11ft proe. cii'.. p. 47 e 5.: DI'SI, La domando r'·
possível, de deixar aberta a via de acesso, ou de man- convenzionale nel diritto processuale civile, p. :. c 5.; PEDRO PAL-
MEIRA, Da rccom'cnção, p. 6 r: 5.; AMAR.-\L SANTOS, Da reren',',
tê-la fechada, conforme predominem, respectivamente, no dir. bras., p. 63 e s. Uma brevíssima síntese cm BARBOSA ~10-
as vantagens ou as desvantagens da utilização desse RETRA, Reconvcnção, in Direito Proccssua: Civil (Ensaios e pa-
meio processual: receres), p. 113 e s.

8 9
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sob condições pollticas, sociais, econômlcas, tão diferen-
tes das de hoje, que o confronto das soluções se afigura
pouco frutlfero. Seria manifestamente arbitrário aplicar
a qualquer ordenamento moderno conclusões extraídas
de regras que se entendeu conveniente editar sobre a
admissibilidade da reconvenção, no governo de Justinia:

I
no ou durante a vigência do regime feudal. Assinalam,
por exemplo, os estudiosos do assunto que, em épocas
remotas, tiveram papel de relevo, como fontes inspira-
Parte
doras da disciplina da matéria, a imensa dificuldade das
comunicações, o funcionamento descontinuo ou mesmo
esporádico dos órgãos encarregados de administrar jus-
tiça, a rivalidade entre as diversas jurisdições (v. g.,
o
a eclesiástica e a leiga), que procuravam expandir-se
umas à custa das outras, e quejandas circunstàncias '.
problema em perspectiva
Os Estados contemporâneos praticamente desconhecem
problemas de tal índole, ou pelo menos não os conhecem compara tística
sob as mesmas formas; em compensação, defrontam-se
com outros, de superlativa gravidade, que dificilmente
terão preocupado os legisladores de outrora. Eis porque
só de modo c\'cntual e incidente nos interessarão, no cur-
so desta pesquisa) as referências de ordem histórica.

s. CmOVE1'-TOA, Principij di diritto processuafe civile, p. 1138~9;


SALVIOLI, Storia della procedura civi/e e criminale, v. III, parte
II, p. 205: JAEGER, La riconv. ncl proe. civ., p. 55, 57·8; DINI
La dom. riconv., p. 12; AMARAL SANTOS, Da recollv. no dir. bras.,
p. 71, 134.

10
I

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----,.
1
C!lPítulo 1
~~-----------------
EXAME DOS
PRINCIPAIS SISTEMAS JURíDICOS

§ 1.0 Direito francês


7. Na França, o antigo direito c05tnmeiro mostrava-
se refratário à reconvenção '. A Cc:.tttme de Paris, em
sna primeira redação (1510), formúnente a proscrevia
no art. 75: "Reconvenlioll en cour la;:c n'a poinl de lieu".
Com o passar do tempo atennon-se o rigor, e a segund:l
redação da mesma Coutume (1580) admitiu a demanda
reconvencional sob certas condições. no art. 106: "R e-
convention en cour lave n'a lieu, si file ne dépend d~
l'acfion el que la demande en recont:flltion soit la défense
Gonlre l'aclion premieremenl inlenter, el, en ce cas, le
défendeur, par le moye1! de ses défe1lSfS, se peul consti-
tuer demandeur". Já transparecia, ai, a idéia do vínculo
entre a causa originária e a recon\"e-nção, como pressu~
posto da admissibilidade. E mais: o r;exo vinha indicado
sob duas modalidades - relação entre a reconvenção
e a ação; relação entre a reconvenção e a defesa -, des-
dobramento que se voltará a deparar em numerosas le-
gislações modernas, inclusive no vigente Código de Pro-
cesso Civil brasileiro.

6. Ampla informação ao propósito cm DESJARDINS, De la compenso


eldes demo recanv., p. 327 e s.

13

.. -
A prática judiciária dos séculos XVII e XVIII pareoo separada. Hipótese particular de adtnisSibilidade da re-
haver entendido e aplicado com alguma liberalidade os convenção seria a de pedido de perdas e danos fundado
textos restritivos. Segundo autorizados depoimentos, na própria ação principal, ou mais exatamente no pre-
chegou-se a admitir com largueza a demanda reconven- juizo que, ao ver do réu, a propositura dela pudesse
cional, fora dos estritos limites em que ela se achava ter-lhe causado '.
expressamente prevista '.
9. O Código atual, de 1975, regula e:rpressis verbis a
8. O movimento favorável à admissão ampla da recon- matéria no art. 70. Após estatuir, na 1.a a1inea, que as
venção, contudo, não encontrou eco na legislação napoleâ- demandas reconvencionais "ne sont recevables que si
nica. Nenhum dispositivo do velho Code de procédure elles se rattachent aux prétcntions origi"aires par un lien
civile cuidou de disciplinar especificamente a matéria: suftisant", acrescenta na 2. 8 alínea que a "demande en
apenas o art. 464, ao tratar das demandes nouvelles no compensation" é admissivel mesmo na ausência de tal
juizo da apelação, consagrou regra que se reputaria aplicá- vínculo, ressalvado ao órgão judicial o poder de separá-Ia
vel ao pedido reconvencional, dispondo, na La alínea, que a .da ação primitiva; "si elle risque de re/arder ti l'exces le
demanda nova só seria admissível caso visasse à com- jugement sur le tout". Prevêem-se, pois, duas possibi-
pensação ou servisse de defesa contra a ação primitiva. lidades: a da reconvenção que tende à compensação e
Leis posteriores aludiram à reconvenção, sem no entan- a da reconvenção relacionada com a ação "par un lien
to se preocuparem com a delimitação genérica do seu suftisant". Constituindo a reconvenção uma espécie do
âmbito de cabimento. gênero "demandes incidentes" (cf. art. 63), a disposição
:\0 silêncio dos textos, dividiu-se a doutrina, forman- do art. 70 acerca do segundo caso bem se conjuga com
do-se três correntes principais. A mais liberal admitia a do art. 4.°, 2. 8 alínea, fine, que permite a modificação
a reconvenção sem 'quaisquer restrições além das conti- do "objet du UNge" por demandas incidentes, "lorsque
das no art. 464 do Código. Outra entendia subsistente o celles-ci se rattachent aux prétentions ol"iginaires par un
regime da nova Coutume de Paris. Predominou na ju- lien suftisant". Os dois textos, como se vê, empregam
risprudência uma terceira opinião, intermediária: a re- idênticas expressões.
convenção era admitida sob certas condições, menos ri- Abstraindo-se da hipótese de compensação, restaria de-
gorosas q~e as do sistema anterior; nomeadamente, terminar a área de atuação do outro requisito substan-
quando tendesse à compensação, valesse de qualquer mo- cial. A lei adotou fórmula elástica, provavelmente de
do como defesa ou fosse conexa com a ação originária. caso pensado. Quando se deve entender "suficiente" o
No caso de simples conexão, ficaria à discrição do juiz, nexo entre as causas, para reputar-se admissivel a re-
tendo em vista critérios de conveniência, receber a de-
8. Sobre todos esses pontos, DESJ ARDTNS, De la compenso et des
manda do réu sob a forma reconvencional ou, com base demo reconv., p. 491 e S.; GARSONNET e Ct::ZAR BRU, Précis
no art. 171 do diploma napoleónico, remetê-lo a via de procédure civile, p. 127-9; JAPIOT, Traité élémentaire de pro-
cédure civije eI commerciaJe, p. 539; MOREL. TraiIé éIémentaire
Vide ainda, a esse respeito, DESJARDINS, De Ia compenso eI des de procédure civile, p. 295-6 (e, nesta, nota 3); VINCENT, Procé.
tkm. reconv., p. 332 e S. dure civile. 15." ed., p. 708-9.

15
,

convenção? :\ão o esclarece o Código, que recorre, con- ble dans tous les caa ou eUe n'eat défcndue par la loi" ".
soante já se escreveu, a "UHe lIotion bicn vague" 9. Auto- Outra confirmação, ao menos parcial. extraí-se do dis-
rizado expositor do direito vigente alude a um "/ien de posto no art. 563, cuja 2. a alínea contém regra específica
cOllttcxité"J sem preocupar-se em oferecer qualquer defi- de competência para as "d!'mandes T(,"Jliventionelles qui,
nição ". O que aí se tem, indiscutivelmente, é um con- que! que soit lwr montan!, ( ... ) déril'cnt soit du con-
ceito jurídico indeterminado, cabendo ao aplicador da lei, trat, soit du fait qui sert d,' fondemcn! à la demande ori-
mo cada caso. à vista d~s peculiaridades da espécie, deci- ginaire"; daí se infere a possibilidade de reconvenções
di,· se o liame é ou não suficiente para legitimar o pro- que não derivem desse c01.trato ou d2sse fato 12, QU, em
cesso simultâneo. outras palavras, a desnece>sidade de :ulidamento comum
à reconvenção e à ação vimitiva, p~~"a tornar admissí-
10. Cabem aqui duas palavras a respeito de alguns vel aquela. Prevê-se de ,::odo expre>so, na 3. a aline:t
0",",nomcntos que têm afinidade com o francês. O mais do mesmo artigo, hipótese particular semelhante a uma
ir.:portantc deles é o be!ga, Deixando de lado o antigo das que consagrara a jur:5-prudência ~a111esaJ sob a vi-
(',Ale de procédure eh'ii,', mutuado da França, e concen- gência do estatuto napoleó::ico: a de ceconvenção funda-
t,'ando nossa atenção 100 Code Judiciairc de 1977, verifi- da sur le caractere vc.n~;oirc ou t;.-,."téraire d'une de-
H

ca'5e que o art. 14 defi:::e a reconvenção (aliás em termos mande".


bastante restritivos, df certo ponto de vista) como "la
A jurisprudência predon::nante na França, 'sob o velho
demande ilU'i(lente formée par le défendcur et qui tend
Código, parece haver inspi"ado outras legislações, que a
a falre prononcer UI'" condamnation à chargc du de-
receberam em medida mais ou m€1:05 estrita. Assim,
",",/deur", sem cuidar de fixar-lhe os pressupostos de v.g., o Código do Principado de ~'[ôna,o. de 1896, no art.
admissibilidade. A m"ii" legis parece ser a de admiti-la 382, limitou a três os caso> de admis>ibilidade da recon-
.sem limitações específicas, ao menos de ordem substan- venção: o de proceder da t:lesma causa que a ação prin-
cial. Confirma-o, em rrimeiro lugar, uma passagem do cipal (hipótese enquadrá"cl na de cO::ôão), o de servir
Relatório do Commiss.,úc Royal à la Réformc Judiciairc,
11. VAN REEPI:\'GHEN, Rar.'-·:~: du Comm. -,.:;_·~e Róyal (lia Ré/orme
consoante a qual a. def::::ição adotada reflete a concepção
Jlldiciaire, p. 20, no volum,: Projer de I,', :'::stiLuanF le Code lu-
que a Cour d€ la.ssafio,: :rancesa propusera ao Governo em diciaire. Cf. ainda FETTWEIS, LC5 h15: ·:.Li c1115 judiriair('s et la
seu projeto de 1806: a de uma contrapretensão "admissi- compétence. no volumo..: L- Code Judie',;,·:. p. 61, no dizer d,-,
qual o are 1~ "élargi! la ':."ion de de";..;.... }e récom'cl1fiOflllclle".
dI.! sorte qu..:: "/e juge saisi d:, principal pt;.: c:ml1laílrC plus souvent
9. BLANC - V'lATIE, !.ic:.4\'cau code de procédure ch'ile, t. I, p. 84.
des réclalllaliol/s que la par::e adrerse au.~;:: li formuler conlre It'
Vale assinalar que a observação não se inscreve propriamente em
pauta critica: "li lIe convient pas" - acrescentam os autores - demandeur" (destaque nos~,-' 'i.
"de toujours regrelter l'fmploi dalls les IcXlcS d'expressio/ls au ca- 12. A 2." alínea, parcialmente tr3.nscrita no 12:'\::0, refere-se à compe-
ractêre imprécis: UII lex:e ne peUl tou( prévoir et ii e51 préférable tência do tribunal do trabal::o. do tribunal do comércio c do juiz
de laisser au JURe le so:n d'une adaptation aux circonstances par- de paz. CL a L" alínea: "Lr tribunal de premiere instance connaít
ticulieres de chaq1J.e cause". des demandes reconventionnelles quel's qu'cn soiem la nature rI
le montam",
10. VINCENT, Procédure ci'llile. 18.- ed., p, 975.

17
16
1-
de defesa contra ela e o. de visar à compensação. Na tica processual". Alguns autores formulam ressalvas:
Tunísia, o Código de 1959 (art. 227, fine) admite a re- a prE'J;ensão reconvencional teria de ser "compatlvel com
convenção quando sin'a de defesa contra a ação prin- o objeto inicial do processo" lO; não seria admissível re-
cipal e quando tenda à compensação ou à reparação do convenção contraditória com a defesa, como no caso de
prejuízo causado pelo processo. Em ambos os diplo- o réu negar a existência do contrato afirmado pelo autor
mas, são bem perceptiveis os ecos da doutriua prevale- e, apesar disso, reconvir para reclamar prestação nele
cente nos tribunais franceses. A influência é menos sen- fundada lO. O requisito da conexão entre as duas causas,
sivel no Código da provincia canadense de Québec, onde dispensável em princípio, seria em todo caso exigível em
o art. 172 abre ao réu a via recol1vencional "pau r faire certos procedimentos especiais, por motivos relacionados
valoir contre le demandcur toute réelamalion lui résultant com a competência ou com O rito: assim, v.g., em tema
de la même source que la dcmande prinripale, ou d'une de arrendamentos rústicos ou urbanos, admitir a recon-
sourcC' conncxc As leis de alguns cantões suíços de lín-
H
• venção independentemente da conexidade importaria in-
gua francesa aludir-se-á no parágrafo reservado ao di- fringir normas sobre competência ou vulnerar "los prin-
reito helvético. cipias de identidad de trdmite" ".
12. A orientação adotada pelo direito espanhol in-
fluenciou, como é natural, inúmeras legislações proces-
§ 2. 0 Direito espanhol e hispano-americano suais hispano-americanas, em que continua a prevalecer
11. O ordenamento espanhol ministra bom ex~mplo a ampla admissibilidade da reconvenção do ponto de
de sistema que admite em termos amplíssimos a recon- vista substancial, isto é, independentemente da existência
venção. Não se. eucontra na Ley de Enjuiciamiento Civil de liame entre ela e a causa primitivamente ajuizada. Ne-
nhuma exigência dessa índole depara-se nos textos dos
qualquer disposição restritiva de ordem substancial: as
Códigos da Bolívia (arts. 348/9), do Chile (arts. 314/5),
únicas limitações dizem respeito à competência ratione
da Colômbia (art. 401), do Peru (art. 326), do Uruguai
materiae do órgão perante o qual pende a ação originária
(art. 324), para não falarmos no da '-enezuela, que vai
(art. 542, 3. a alínea) e ao prazo para reconvir (art. 543).
além, permitindo expl'essÍS verbis que a reconvenção ver-
A doutrina cinge-se em regra a acentuar a liberalidade se "sobre cosa distinta de la deZ juicio principal" (art.
do tratamento dado à matéria '" embora a critique de
lege ferenda,-- vendo nela a sobrevivência de· concepção
14. PRIETO-CASTRO, Derecho Procesal Civil, t. I, p. 338-9; Traba-
que já não corresponde às conveniências atuais de poli- jas y orientaciones de Derecho ProcesaI, p. 245-6; SANPONS
SALGADO, La reconvención. p. 7, 133 e s.
13. DE LA PLAZA, Der('cho Proccm! Ci~'iI espaliol. 1. I, p. 384; 15. GUASP, Derecho ProcesaJ Civil, p. 261.
RODRíGUEZ SOLAND, La demanda reconvencional CD la le-
16. SAMPONS SALGADO, La reconV., p. 9.
gislaci6n espaiíola, in Rev. de Der. Proc., 1950, n.O 2, p. 275-6, com
abonações jurisprudenciais. 17. RODRIGUEZ SOLANO, La demo reconv., p. 275-6.
J-
18 19
----_..- - _.,_.. __ ---_.,--
.. ,-'-- -- ,-- - --,---.---_._---------

pregada esta palavra em sentido largo, a apanhar tanto


226) ", Afastam-se dessa linha o ordenamento argentino os casos em que os pedidos se baseiam no mesmo titulo,
e o guatemalteco, dos quais se falará adiante em sepa- como àqueles em que resuitam de titulos diferentes, desde
rado.
que se trate da mesma "questão jurídica" ". Parece me-
Convém ressalvar, no entanto, que uma coisa é a letra nos rigorosa a atitude da literatura uruguaia, onde se
fria dos textos, outra a maneira como são eles entendi- admite com maior facilidade a inexistência de requisito
dos e aplicados na prática judiciária. Da ausência de substancial ", aludindo-se por vezes aos pressupostos da
regra escrita ao propósito não se pode pura e simples- cumulação originária de ações, os quais teriam de con-
mente concluir que em todos os paises mencionados se correr para que se admitisse a reconvenção "; mas são
faculte na verdade ao réu utilizar a via reconvencional irrelevantes no presente contexto, dada a sua índole
para qualquer ação que queira intentar contra o autor, formal ".
ainda que sem relação alguma com a ajuizada por este.
Assim, Jlor exemplo, os expositores do dircito colombia- 13. O Código nacional argentino, ao tratar da recon-
no, çonjugando as disposições do art. 401, 2. a alinea, venção no "praceso ordinario" (art. 357), nenhum requisi-
to substancial consagra para a respectiva admissibilidade.
principio, com as dos <lrts. 149 c 82, concernentes aos
Com referência ao HproCf'SO sumario", todavia, reza o art.
pressupostos da reunião de processos e da acumulacão
487 que ela será admissivel "si las pretensiones en e17a
de ações, respectivamcntl" ensinam que a admissibilid~de
deducidas derivaren de la misma reladón jurídica o fue-
da reconvenção se condiciona à existência de algum vín-
ren cone~'as con las invocadas en la demanda". Ter-se-
culo entre ambas as causas o'. Tal requisito deve ser
iam assim dois regimes diversos (mais precisamente,
apreciado "com critério amplo" c,,; a conexão pelo funda-
três, como logo se verá), dependendo do procedimento o re-
mento ou pelo objeto, embora suficiente, não é necessátia;
conhecer-se ou não relevância â existência de relação
entre as hispóteses de admissibilidade inclui-se a de
serem utilizáveis ""~s mesmas provas" 'na instrucão de
entre as duas causas. Tal disciplina não será tão arbi-
trária quanto pode à primeira vista parecer: se levar-
uma e de outra causa· a conexidade pode també~ ocor-
mos em conta que, no "proceso sumarísimo", a recon-
rer entre a pretensão reconvenclOnal e qualquer das
defesas ("excepcianes") da primitivo réu ". A doutrina 23. ALZAMORA VALDEZ, Derecho Procesal Civil - Teoría deI
peruana igualmente reclama a ocorrência de conexão , em- procesa ordinario, p. 73.
24. TE1TELBAUM, EI proccso acumulari\'(1 C·) iI, p. 26, 55 (nota 901
18. Ac\!ntua o plmll) CLT~C:\. {krccho Pr,'rcHlI Ci"j!, 1. 11, p. 89: e 160.
"la TCCOfll'CI1c1ÚI/ p/h>dl' ('''-ar fundada ('II c! mismo fífulo o C/I
25. GREIF, in Curso de Derccho Procesal. L II, p. 58.
título distinto, lefla (J fiO ,tlaciólI con la demanda".
19-:- DEVIS ECHANDIA, Compcndio de Dcrccho Proccsal, t. I, p. 402 26. Ressalve-se o primeiro. que diz respeito aos objetos das açõcs:
("conexión o atinidad";; MORALES, Curso de Derecho Proce.wl "que 110 sean contrarias entre si, de modo que por la una quede
Civil. Parte General, p. 360. excluída la otra, salvo el caso que se prDponga una coma subsi-
diaria de otra"; esse, porém, é obviamente inaplicável ao problema
20. DEVIS ECHANDlA. ibid.
da reconvenção, conforme observa TEITELBAUM, EI proc.
21. MORALES, ibid. acumulo civ., p. 56 (nota 95) e 160.
22. DEVIS ECHANDtA, ibid.

I
21
20

-", '.""" ." "",.~


venção se vê proibida em termos absolutos (art. 498, . Na doutrina, encontra-se quem conceitue a conexão
1.°), é licito conjecturar que a lei quis estabelecer uma como "ccnnunida4 en el título (GaIUSa) o 0\ eZ objeto""
gradação inspirada em compreensiveis motivos de poli- - modo de dizer que traz à mente, de imediato, a fórmula
tica legislativa, restringindo ou mesmo preexcluindo a do art. 103 do nosso vigente Código. Há quem prefira
possibilidade de reconvir nos processos a que pretendeu pôr a tónica na circunstância de haver relação entre as
assegurar mais rápido andamento, enquanto a ampliava questões suscitadas na reconvenção e na ação ", ou ainda
naqueles em que não se lhe afiguraram tão graves os entre as questões suscitadas na reconvenção e na defesa
riscos do retardamento que a reconvenção é capaz de do réu-reconvinte 30. Merece atenção esse critério, que
acarretar. I'
voltaremos a deparar na literatura italiana n.
Na literatura processual, contudo, o ponto tem sido 14. Posição clara, do ponto de vista que nos interessa,
objeto de controvérsias. Enquanto alguns autores se é a adotada pelo Código da Guatemala, cujo art. 119
conformam às indicações do texto, aceitando a variedade
da regulamentação ", outros há que subordinam a admis- 28. MORELLO . PASSI LANZA - SOSA . BERIZONCE, Có'
sibilidade da reeonvenção à presença de um vínculo en- digos procesa!fS ell lo cil'i1 y comerC'ial de la P-,'d"cia de BuC/loS
tre ela e a causa primitiva, inclusive no procedimento Ayres y de la l\'ación comentados y allotad(~5, :. 1\", p. 448-9. Aí se
acr~scenta que a con.::xão "exislirâ también c;,.o,;::Jo las decisiolles
ordinário. Aqui nos interessa muito menos tomar posi-
que hayan de recaer CI1I cada una de las callS..;..' .'ul'ieren el mismo
ção no debate do que apreender a significação do requisito fUlldamento y éste llcccsariamcnte fuere Ct~;':::·.ft'1lte, de manera
substancial, formulado pelo Código no que concerne às quc si se lo rcconocierc ell uno 110 podrá 5,-~ >:l.'gGdo en oIro y
ações de rito sumário e estendido por um setor da dou- viccvcrsa". Caso se enknda essa passagem e~'=: rderente à causa
trina - eventualmente com talou qual modificação , - pctendi, a hipótese subsume-se na expressa r--~ meio da fórmula
que o texto transcre\"e, l'crbis "comunidatl e: ,{ título (causa)".
às de rito ordinário.
Se se quer aludir simplesmente à existência ':: uma questão co·
O teor do art. 487 não se afigura muito preciso: fala-se mum, de fato ou de dirdto, o ensinamento 3.Y::::-:.ha-se da doutrina
aí em pretensões derivadas "da mesma relação jurídica" a seguir referida cm nossa exposição.
e em pretensões "conexas com as invocadas na deman": 29. UNO PALACIO, Manual de Dcrccho Proccs;: Civil, p. 392.
da", como se se tratasse de hipóteses perfeitamente dis- 30. l"ORBERTO PALACIO, La rcc(!llvcncióll (': ;.'; proceso civil y
tintas. Não ministrando o texto o conceito de conexão, comercial, p. 149-50, para quem é inconcebl'.';::: "que a través de
a impressão que se tem é a de q ue o legislador, de caso demanda, su contestación y rccolll'enciÓII, S2 !:batan cucsriones
que no tielletl entre si un solo punto de con:~':u". Acrescenta o
pensado, procurou fugir ao emprego de fórmula rígida,
autor: "Pero bastaría que ésle existiera, p-:lr r:inimo que fuese,
deixando fluidos os contornos da figura, em ordem a con- para admitir la recom·ención, ya seo que se d~; entre demanda y
ceder certa elasticidade à valoração judicial no caso reconvención, o entre defensas opuestas por el demandado y la
concreto. misma reconvención", Esse desdobramento em alternativa - lia-
me entre a causa rcconvencional e a origmária ou entre aquela e
a defesa oposta a esta - é característka, s.::gundo se verã, de
27. AREAL - FENOCHIETTO, Manual de Derecho Procesal, t. n,
mais de um texto legal expresso, inclusive c brasileiro (art. 315).
p. 216-7; CARLI, ~a demanda civil, p. 294 (embora com crítica
de lege 'erenda). 31. Mais precisamente na obra de JAEGER: l/ide, infra, R.O 19.

23

,,,.,~.
----,.
ti
dispõe: "Solamante ai contestarse la demanda podrá pr~ substituição do antigo diploma pelo atusl não provoco'u
ponerse la rcconvención, sicmpre qwe se llcnen los requt- sensível mudança de rumo. Em ambos ,'6 estatutos fi-
silos siguiClltcs: que la prctcnsión que se ejercite tenga guram na parte referente à competência os dispositivos
°
fonc.rión ]'or ra~ón dei objcto dei título eon la demanda que tratam da reconvenção, O art. 100 CJ velho Código,
y 110 deba scgllirsc por distintos trámites". Feita abstra- no particular, dizia competente a autor:lade judiciária
ção da parte derradeira, que entende cóm o procedimento, perante a qual pendesse a causa principa: para conhecer
vé-se que está nitidamente posta a necessidade de satis- "delZ'azione in riconvcnzione dipendente d"l titolo dedotto
fazer-se requisito substancial, expresso na fórmula "co- in giudizio dall'aftore, o daZ titolo che già ~ppartiene alla
°
IIc.rió" por razón de! objcto de! título eon la demanda". causa principale come mezzo di eceezio'éJ '. A regra é
Conforme esclarece o mail; autorizado expositor do quase ipsis vcrbis reproduzida no art. 36 da lei vigente,
àircito processual guatemalteco, a lei anterior seguia a com o acréscimo de exceção que não iI::porta aqui; no
tradiriío espanhola, permitindo ao réu intentar sob a for- mais, apenas se usaram a expressão "dorl"ande riconven~
ma r~'cOl1\·cncional qualquer açao contra o autor, ainda zionali" em vez de ua::ione in riconvenzio'i~-", a forma ana-
que nenhuma relação houvesse entre ela e a originária. lítica ache dipendono" em lugar de "dipt~;i.:nte", e o pro-
Dessa tradição desgarrou-se o Código em vigor desde nome "quello" na oração final, para evita:' a repetição do
1964, "para critar la cOn!plcjidad de los litigios" ", Vale substantivo "titolo",
notar, de passagem, que a dicção do art, 119 lembra o 16, Antes de enfrentarmos a questão capital, impõe-
conceito de conexão esposado pelo estatuto pátrio em se uma observação, À primeira vista, o :20r literal e a
vigor (ar!. 103); por outro lado, não se prevê no diploma colocação dos dispositivos aludidos POàf::! sugerir que
do país centro-americano a segunda hipótese co~tem­ os pressupostos indicados naqueles texto;; ::ão se refiram
piada em nOsso art. 315, qual seja a da conexidade entre propriamente à admissibilidade da reco::"."enção, mas à
a reconvenção e a defesa, competência do órgão perante o qual cor:-~ a ação origi-
nária para conhecer da causa reconvencóJ::aL A depen-
dência do "titolo" deduzido pelo autor, o;,: já pertencente
à matéria do processo como meio de de:fsa, seria rele-
§ 3.° Direito italiano
vante, sim, para aferir a posição dessa cs'.:;;a, em relação
15. A exposição relativa ao ordenamento peninsular, ao campo de competência do menciona à : órgão; a ine-
naquilo que aproveita à nossa pesquisa, pode ser feIta xistência do requisito, contudo, não sign:::caria necessa-
com abstracão da circunstãncia de se haverem sucedIdo riamente que o réu ficasse impedido de u::cizar a via re-
dois CÓdig;s, o de 1865 e o de 1940. Com efeito, são convencional, Permaneceria aberta seme:hante possibi-
muito semelhantes as disposições que num e noutro res- lidade, desde que, por outro razão, o órg-ão processante
peitam ao tema do presente tra_balho, o. que explica a da causa originária já fosse também competente para a
nítida continuidade da eIaboraçao doutrmárla, onde a reconvenção, descabendo, nessa hipótese, qualquer exi-
gência de ordem substancial. Em outras palavras: o anti-
32. AGUIRRE GODOY, Derccho Procesal Civil, t. I, p. 467. go art. 100 e o atual ari. 36 esgotariam sua função nor-

24
_. ----..

mativa na fixação de critério a cuja luz pudesse o ~uiz 17. Emprega-se com freqüência a pslavra "titulo"
da causa primitiva, em principio incompetente para a re- para designar a causa petendi ". Nessa perspectiva, a
convencional, afirmar ou negar a ocorrência de prorroga- primeir& hipôtese de admissibilidade da re:onvenção, no
ção, que o habilitasse a julgar a segunda. direito italiano, poderia entender-se como de conexão en-
tre a ação reconvencional e a primitiva, caracterizada
O problema - que, conforme veremos, se pÔ3 igual-
pela identidade do elemento causal, comum a ambas. A
mente no direito alemão - interessa ao estudo compa-
reconvenção seria admissível quando o réu-reconvinte se
ratístico na medida em que influi na classificação dos
ordenam~ntos. Entendido o requisito de que ora se cuida valesse da mesma causa petendi invocada pelo autor.
Bem percebeu a doutrina, porém, quão difícil se tornava
como atinente apenas à competéncia, teriam de incluir-se
construir sobre tal base. Quando o autor pleiteia a pres-
os Códirros italianos (e bem assim a ZPO de 1877) entre
tação jnrisdicional, narra um fato (ou conjunto de fatos)
os dipl;mas que dispensam vínculo de substância para
a que atribui aptidão para justificar a prondência reque-
admitir a reconvcnção; adotado o outro entendImento,
rida em face do réu; a esse próprio fato \0U conjunto de
diversa há de ser obviamente a colocação respectiva. O
fatos), sem qualquer alteração, acréscimo ou supressão,
exame da doutrina peninsular, quer anterior, quer pos-
teria o réu de atribuir, por sua vez, na po5:ulação recon-
terior à reforma processual de 1940, revela o predomínio
vencional, aptidão para justificar a provl::éncia requeri-
amplo da tese segundo a qual o art. 100 do. v,elho Códi_gCl
da em face do autor. Ora, soa estranho que o mesmo
e o ar\. 36 do vi crente não dizem respeito so a competen-
fato (ou conjunto de fatos) possa fund=entar ambos
cia para a recon~·enção. mas regulam a própria admissi-
os pedidos, o do autor e o do réu-reconvi::te.
bilidade desta", condicionada assim a um pressuposto
de índole substancial: que a pretensão do reconvinte, de- Tem-se falado, ao propósito, no caso de contrato bi-
penda do título deduzido em juízo pelo. a~tor-reconvindo lateral, em que cada uma das partes, resp52tivamente na
ou do título já pertinente à causa orlgmarm, como meio ação e na reconvenção, reclame da outra a prestação
de defesa do réu. a que se obrigou. Assim, V.g., se o comp!""ldor aciona o
vendedor para haver a coisa, e o segundo T"çconvém para
1\-~ssc scntidl). s:Jb o csta~l!tc! dI! 1865. MORTARA, COnTcntaria (MI cobrar o preço, a admissibilidade da reco::venção resul-
33. Codtcc c dcfIc Lcggi di prorcdura cil';/C, v. 11, p. 103; CHIO~f:N­
DA, Principii di ,iírirro prL,ccssualc civi/e, p. 1140; BETTI, D/ntlo p. 363 c s. Afiter, FRANCHI, DelJa competer::.;;. per connessionc,
proccssuale C;"L".'e italian,J, p. 141: JAEGER, La riCO/H'. 1/e! p~oc. 'n Commentario del Cad ice di procedura cid!, jirigido por AL.
ci\'., p. 144 \! 5.: sob (' r.:gim..: \"ig..:nt..:, CALAMANDREI, J.~fI.IU­ LORIO. v. I, p. 352·3. Oscilante CARNELUTIl. que no Sistema
-iolli di diriJ!c) proccssudc ci~'ilc, p. 155; ZANZUCCHI, Dmtto del diritlo processuale civile, v. I, p. 935, opi::::.... a em conformi.
-prOCCSSUGI ' ·'Ie
e eH I , v • I, P
. 197', . , DiriltO processualc
SA.TIA •. civilc, dadc com a doutrina prevalecente, mudou de P25ição nas lnstitu-
p. 40; LIEB~IA!'\. Manuale di dirilfo processuale cmle, v. I, p. ciones dei ~,uevo proceso civil j~aJiano. p. 234, e 5alvo engano vol-
157' MA~"'DRIOLI, Corso di diri/{o processuale civill', v. I, p. 100; tou à atitude inicial em Diritto e processo, p. 178, onde alude à re.
RIécA~BARBERIS, Preliminari e commento aI Cadice di proec- convenção como o meio pelo qual o réu ex~r.:ita "una pre/esa
dura civile, v. I, p. 79;. D'O~OFRIO, Commento ai Cadice di pro- connessa con la pre/esa deli' attore medesimo".
cedura civile, v. I, p. 78 (ci. p. 79-80); DINI, La dom. riconv., p.
34. v.g .. ZANZUCCID. Dir. proc. civ .• v. I, p. 198.
143 e S.; GIONFRIDA, La compelenza lIel IIUOl'O processo civile,

26 27
t
I .
taria da identidade da causa petendi, que se pretende
situar no contrato de compra e venda ". O ponto será assunto, no principio do século, pelo maior processualis-
objeto de exame atento no lugar adequado; note-se desde ta italiano ". Ai se começa por excluir que, aos olhos
já, todavia, que o contrato, só por si, não constitui a cau- da lei, devesse a reconvenção buscar fundamento "no
sa pctoldi nem da ação do comprador, nem da reconven- mesmo título". Assinale-se que a última expressão não
ção do vendedor. Aquela normalmente se fundará no parece corresponder conceptualmente, de maneira exata,
contrato e na drcunstâllcia de não ter sido entregue a a causa petendi: aludia o escritor â "relação jurídica que
coisa . esta, no contrato c 110 não-pagamento do preço. constitui o fundamento próprio da ação" _ ou seja,
Haverá. pois, ao menos uma parte em que não coincidem apenas ao primeiro elemento do seu próprio conceito
as causas de pedir. Dai as ressalvas eneontradiças na de causa petendi, tal como delineado noutro passo da
literatura italiana: vários autores tomam a precaução obra, onde se falava de "um direito" e de "um estado
de esclarecer que, para admitir-se a reconvenção, é bas- de fato contrário ao direito" 38. Ao dizer-se, por conse-
tante a identidade parcial do título, podendo o réu-recon- guinte, que não era indispensável sequer a identidade
vinte basear-se em elemento de fato alheio à fundamen- do título, ia-se além do ponto a que se chegaria se se dis-
tação do pedido do autor ",;, pensasse somente a identidade da cansa de pedir. Uma
vez que a relação entre "título" e causa petendi era vista
18. E oportuno examinar de perto as duas mais ela- como relação entre a parte e o todo, claro está que con-
boradas tcntatÍ\'as de sistematização da matéria na pe- siderar desnecessária a identidade até do parte constituía
nínsula, Datam ambas, curiosamente, da época em que atitude menos rigorosa do que a de quem só reputasse
vigia o Código de 1865; a doutrina mais moderna, a rigor, desnecessária a identidade do todo, exigindo eventual.
não tem trazido ao estudo do problema contribuiçãp de mente a da parte.
grande relevo.
Feita essa observação, vejamos como se distribuiriam,
Desde cedo há de ter-se percebido a necessidade de dar de acordo com a doutrina referida, as hipóteses de re-
sentido útil ao texto legal, na parte cm que subordinava convenção admissível porque "dipendel1tc dal titolo de-
a admissibilidade da reconvenção à circunstância de "d~­ dotto in giudizio dan'attore". Haveria, primeiro, o caso
pender" esta do "título" já deduzido em juízo pelo autor. de fundarem-se ambas as ações numa única relação juri-
Tal preocupação transparece nas linhas dedicadas ao dica (reitere-se: não propriamente na mesma causa pe_
tCl1ai!)' Aqui se procedia a um desdobramento: ou ocor-
35. ZA~'ZCCCHI, ob. c lug. cit. cm a. nota anterior.
reria identidade do direito em questão, com diversidade
36. Por sob formulações variáveis, aCclfdam cm considerar suficicnt!.!
a comunhão de parte do título, entre oUtro5, CALAMANDREI, de pedidos (exemplo: ação declaratória negativa, basea-
[stil.lio"i, p. 155; UEBMAN, M<7I.ale, v. I, p, 157; D'ONOFRIO,
COm"""lo, v, I, p. 79; DTNI, lA dom. ricO"v .. p, 170-1; FRANCm, 37, CHIOVENDA, Pri"cipii. p. 1140 e S.
Della compct. per cannes!., p. 354; GIONFRIDA, La campet. nel 38. CHIOVENDA, Principii. p. 63. ef. Instituições de Direito Proces.
nUQ\'o proc. civ., p. 360. Cf. a exata observação feita entre nós suai Civil, v. I, p. 32, onde o autor, referindo-se ao primeiro dos
por CALMO~ DE PASSOS, Comentários ao Código de Processo dois elementos que a seu ver habitualmente int~gram a causa pe_
Ctvll, v. m, p. 410-1, Bcen."a do exemplo referido no texto. telldi, usa a expressão "uma relação jurídica" em sentido equiva-
lente àquele em que, nos Principii, lug. Cit., aludira a "um direito",

28
29

~. .'
acepção muito ampla: bastava que o réu-reconvinte se
da em simulação; reconvenção para p~dir-se a condena-
reporlllsse a alguma relação jurídica afirmada, explicita
ção do autor à prestação devida por força do ato que
ou implicitamente, na demanda inicial, como pressuposto
de tacha de simulado), ou então variedade dc direitos,
(positivo ou negativo) do direito postulado pelo autor.
com ","dade apenas, da relação jurídica na qual ambos
S~ quiséssemos identificar o pensamento fundamental
se fundariam (exemplo: ação do vendedor para cobrar
inspirador da teoria, poderíamos descobri-lo na idéia de
o preço; rcconvenção do comprador para haver a coisa).
Em segundo lugar, ter-se-ia o caso de serem divcrsos quer que se deveria admitir a reconvenção quando o funda-
os direitos postulados, quer as relações jurídicas básicas mento invocado pelo réu fosse tal que o autor, pelos pró-
(exemplo: ação de um proprietário cm face do proprie- prios termos de sua postulação, ficass~ em condições de
tário vizinho para compeli-lo a obsel'\'ar a distância legal; prever o contra-ataque e de preparar-s.e para a defesa ".
rccol1venção do réu para que o autor, por sua ,"cz, obser- Teria de existir, por conseguinte, alg-.;m nexo entre os
ve tal distância). Viria por fim o caso de variedade de fundamentos de ambas as ações; não s~ adotava, entre-
vínculos juridicos postos cm relação de exclusão reci- tanto, atitude rigol'osa no tocante à CJracterização desse
proca (rccol1\'enção com função de açao declaratória in- nexo, que poderia ser mais ou menos estreito.
cidentc) 19. A outra tentativa de sistematização que neste
Não é mister analisar em seus pormenores o esquema contexto merece registro põe em ter~os mais explícitos
ehiovendiano. parcialmente inspirado na doutrina alemã, a necessidade de abandonar-se, por insltisfatória, a idéia
a que tcremos adiante ocasião de referir-nos. O que da identificação entre "título" e caUSJ petendi. Com re-
impcnde é ressaltar as linhas-mestras da constnução. ferência ao caso de obrigações deri\'adas de ~ontratos
Primeiro, registre:se que o escritor não exigia a conexão bilaterais, sublinha-se que "o autor não invoca, como
entre a causa orIginária e a reconvencional, abstendo-se
fundamento juridico de sua demanda. toda a relação
de condicionar a admissibilidade da reconvenção à iden-
obrigacional (bilateral), mas só algt.!ls pontos, aqueles
tidade da causa pctc'Ildi. A necessidade de "depender" ela
do "título" já deduzido em juízo via-se entendida em em razão dos quais subsiste o seu direito, e ( ... ) o réu,
por sua vez, se reconvém ao autor, JOão invocará prova-
39. CHIO\"E:\"O:\, Principij, p. 560-1 (no tcrccirn parágl:if,) 03 p. 560, velmente esses mesmos pontos, senão outros". Destarte,
p~lr .::yidcntc lap~o dI! n;:\'j)ão, lc-sl! "il1,l~ I!.'!i/ll') r.:m Y.:.' d~ "[dcl/- força é convir que ação e reconvençào têm aí fundamen-
firii"); Irlstir., v. II, p. 219-:!O. Ao esquema chiovcndianv filiam-se,
com fiddidadc mais ou menos estrita, a" c\:posiçi"lcs d..:: ANDRIO-
LI, CommeTlto aI Cadice di procedura chile, v. I, p. 125: de DINI, 40. Atente-se no lanço dos Principii, p. ll~), onde, ao justificar o
La dom. ricoMl'., p. 166 e 5.; e do próprio ZANZUCCHI, Dir. proe. entendimento atribuído ao texto do art. 100, 3.", prillc., aludindo
ci)-'., ..... I, p. 198-9. Da. concepção exposta, cm substância, também a "UII !irofo o rapporto giuridico dedotto in giudizio per la necessità
não parece muito afastado MANDRIOU, Corso, \". I, p. 100, dell'a;:ionc" (destaques do original), explicava o mestre: "tanto
quando, com referência ao "1;toio dedoHo ill giudido dall'attorc", basta perche ['auore debba prevedere che iI convenuto potrà pro-
considera suficiente a alegação, pelo réu, de "/atti file siano ge- porre ;n base a questo una demanda, e pre pararsi la di/tesa contra
nericamente colJega/j eon ., laJti costitutivi della domanda prjn~ di essa".
_ cipllk". ------ -
31
30
!•
tQS diversos Ú, circunstância bastante - permitimo-nOB nadas com a conveniência de assegurar a maior corres-
acrescentsr - para excluir a admissibilidade da segunda, pondên~ia possivel entre o processo e o seu e.~copo.
caso se pretendesse exigir a comunhão da causa petendi.
Adota-se aqui perspectiva eminentemente teleológica.
Por outro lado, a construção chiovendiana tampouco Uma razão essencial justifica a subsistência da recon-
satisfaria plenamente. Ela recaria por certa falta de venção: "a oportunidade para que o mesmo processo
clareza nos termos, abrindo na prática margem a dúvi- sirva simultaneamente à solução de várias controvérsias,
das. Ademais, o critério da previsibilidade da reconven- isto é, para que o funcionamento da máquina judiciária
ção pelo autor não se mostraria adequado ao deslinde - já posta em movimento quanto a uma controvérsia -
do problema das limitações l'0stas ao uso da via recon- tenha o maior rendimento, com o mesmo dispêndio de CD
,·"nciona!. Para bem resolvi",,). antes se deveria buscar tempo e de forças". Em síntese: a reconvenção justifi- ~
t:
inspiração num "principio SllFc:'ior de ordem e de regula- ca-se na medida em que atende à economia processual, O
-;
ridade dos juízos", e bem ass:::: t'm considerações relacio- e tal há de ser a medida de sua admissibilidade. Fora rn
C)
);>
de semelhantes limites, "a introdução de uma ação re-
C
"I JAEliER, La r c,,,,,'. ",.[ pr.: "',. p, 150. nnta I. A expnsição convencional no processo não serviria Eenão para com- O
a s.:guir rcsumid:l em nosso k\:.' .::-!c()ntra-~;.' Il:l.S p. 148 c S., especo plicar inutilmente o funcionamento da máquina, para .....
~J
153-5, do livro. É pnssívd K-:.: :.lmbém !ln c\)mcntárill a acórdãu,
sobrecarregá-la sem resultado e, por conseguinte, com Si
publicJ.do pdo autM, $\)b o L:.::' Ric(lnn~n7i\Hli..! di acccrtarncnto r.::
evidente prejuízo".
c su,li prctcsi limiti krritMi::... ~)ncn.' ddla prova; lk:kgazionc
g.::n.::rica per assunzin!lc di pr,',>:", in IVI', di dir. pme. dI'" V. VII,
""p
.-
Formuladas essas premissas, procura-se à luz delas
\93(\ parte II, p. 7J c S. (\) !~~.::"'\, que intl'r..::ss3. aqui está nas p. c
responder à indagação: quando se poderá dizer que a
80 e 5,), Em qu': pc~c a DI:"!. L,.; dom. nc,llll'" p. 166, nota. 35,
não parece que JAEGER h.'or.:1. ::1,JdificaUl) substancialmente o seu abertura da via reconvencional significa poupança de
''''
pensamento na ubrn poSh:riM D',iuo procC5slIalc cil'i/c, p, 151·2. energias? Para atingir a meta do processo (de conheci-
ldcntifica·sc aí o "Iilolo" na .... : '~!l:a:iollc dr!!c prclc5c Glllitctiche
mento, é óbvio), que consiste na emissão da sentença
dcllc par/i", c~lnsi,q..:nte cm "~:.:' pllllli addolli a sostcgno ddle
foro richicste c che pIJSSOIIO .i,-'~":.:;rc og!:,'.'(O di qucsLioll" intlucrl.li definitiva, cumpre esclarecer uma série de pontos duvi-
pcr la dccisiollc Jclla cOllfr,1\ ('.' . .1 prindpalt ". Pode haver varia- dosos, de questões de fato e de direito, que vão constituir
do a fórmula; m3S a idéia b..:,:,;..::.. s..:m dúvida. permanec..:u a mes- fundamentos da decisão. Ora, haverá economia se o tra-
ma. De qualqu~r Sl1rtc, nã,' 5"; ::.figuram consistentes as críticas
de DINI à sistl'matização d.: L--\EGER, qu;.:r na primeira vasão balho realizado pelas partes e pelo juiz, com aquela fina-
(La dom. ricoII\"., p. 165-6), G;':':~ ~J. mais rcc..:ntc (p. 166, nota 35 lidade, puder servir ao julgamento de mais de uma causa
CiL). SurpreendI! cm particular::. afirmação: "Noll la comunallza - especificamente, ao da ação primitiva e ao da recon-
di questioni, ossia di mOlin;.::::"-",c, e quclla che puo dar luogo
venção. Daí se infere que o elemento decisivo, para
all'ammissione della ricom·c!l::::~'.'=c, perchi: fZOIl la comunallza di
questioni dà luogo a que/Ia conr:essione che e n('cessaria per poter reputar-se admissível a reconvenção, deve residir na pre-
ammettere la ricom'cn::iotlc" - exemplo quase didático de petição sença de questões comuns a ela e à ação originária. O
de prinCípio, já que fica por d::!ITlJnstrar a necessidade da concxão,
termo vago de "título", empregado pela lei, resolver-se-ia
à qual não se referia o art. 100 do velho Código de 1865, nem se
refere o art. 36 d" diploma em '1igor. no conceito de questão.

32 33

. ,
____ o
____ o

20. Até aqui cuidamos das ~ipóteses enquadráveis na em condições de declarar admissível a reconvenção, nada
cláusula da lei italiana (da antiga e da atual) concer- importa que ela o seja por um motivo ou por outro,
nente à reconvcnção admissível por "dependência" em
que a "dependência" se configure em relação ao titulo
relação ao "título" deduzido pelo autor. Em ambos os
deduzido pelo autor ou ao pertencente à causa como meio
textos, o de 1865 e o de 1940, existe no entanto referên-
cia expressa a outro caso: o de depender a reconvenção de defesa. Não nos furtaremos, todavia, a uma obser-
de título já pertencente à causa "come mezzo di eccezio- vação: entre os casos a cujo respeito se controverte,
ne" - usada a palavra, ai. no sentido amplo de "defesa". figura o de ação de separação (ou de divórcio), pro-
O exemplo clássico é o do réu que alega compensação posta por um dos cônjuges com lastro em fato imputado
e, afirmando ser o valor do seu crédito superior ao do ao outro, à qual este oferece reconvenção, no intuito d ~
crédito do autor, recoll\'ém para pedir a condenação obter, por sua vez, a medida, com ba..-.e na culpa do côn-
deste ao pagamento do saldo. Tal hipótese é estreme de juge autor. Convém sublinhar a razão pela qual o en-
dúvida: com efeito, não se pode hesitar no reconheci- quadramento da hipótese se torna difícil, ou quand3
mento do' estreito nexo entre a defesa baseada na com- menos problemático, no direito italia::o: é que os textos
pensação e a cobrança por "ia rccon\'encional da eventual legais, aludindo unicamente a um I:exo entre ação e
diferença. reconvenção relacionado com o fundamento ("titolo") ,
O que se tem discutido. na literatura peninsular, é a omitem qualquer referência a outra modalidade de vín-
existência de outras hipóteses também suscetiveis de culo, contemplada expressis verbis em mais de um orde-
enquadramento na mencionada cláusula. Para mais de namento: o vínculo relacionado com o objeto. Havendo
um escritor, o caso da compensação é único -12, e os, de- cláusula desse gênero, nela encontra cômodo apoio a
mais exemplos que se têm sugerido corresponderiam a admissibilidade da reconvenção em h:póteses tais. Sua
recoll\'enções admissíveis par torça da dependência quan- ausência leva os intérpretes a procurar justificações um
to ao "título" deduzido pelo autor. Recairiam, pois, no
tanto artificiosas. Parece-nos que rea:mente não assistia
gr~po de hipóteses de que se tratou nos itens anteriores,
razão aos que, na Itália, tentavam e::quadrar o caso na
sendo inútil e descabido recorrer, para justificar a ad-
missibilidade, a cláusula final do art. 100, n. o 3, do velho moldura da "dependência" em face do título pertencente
Código, ou à do art. 36 do vigente. à causa qual "mezzo di eccezione"; mas tampouco soam
inteiramente satisfatórias as outras soluções propostas,
Nenhuma relevância prática apresenta a questão: con- como a de afirmar a identidade parcial de fundamento
forme exatamente já se assinalou'", desde que se esteja numa e noutra ação ", ou a de admitir que o julgamento
de ambas pressupõe o desate de uma ques t ao - comum " .
42. CHIOVENDA, Principii, p. 561, fala, com certa cautela, dI! "caso
típico", mas parece não admitir a existência de outro, refutando
como impertinentes os rl.!stan~es exemplos apontados cm doutrina. 44. CHIOVE'KDA, Priflcipii. p. 561 (a pane comum consistiria no
Mais categórico J.-'\EGER, La ricotH'. /lei pme:. civ., p. 159, 161. próprio casamento).
43. JAEGER, La ricom·. nel proc. ci~· .• p. 163. 45. JAEGER, La riconv. nel proc. civ .• p. 162

34 35

/1
'.I li
§ 4.° Direito alemão (ocidental) de qualquer nexo de substância, caso jã se possa afirmar
com outro fundamento a competência do mencionado
21. A sem eIhança dos Códigos peninsulares, também ., órgão para julgá-la; só para a eventual prorogatio fori
a ZPO da República Federal da Alemanha alude à recon-
é que se tornaria relevante a existência da conexão. Essa
venção na parte relativa à competência. Nos termos do
tese vem predominando na literatura: de acordo com
~ 33. La alínea. é possível reconvir perante o juízo da
ela, o ordenamento tedesco teria de incluir-se entre os
ação. quando a contrapretensão é conexa ("iII Zusammen-
que se abstêm de formular requisito substancial para
hang slrhl") com a pretensão que naquela se faz valer,
admitir a reconvenção.
ou com os meios de defesa contra ela aduzidos. A colo-
O problema importa-nos apenas ao ângulo do enqua-
cação do dispositivo e a redação um tanto ambígua
dramento da ZPO num esquema comparatístico. Muito
suscitaram na doutrina controvérsia análoga à de que
maior interesse tem para nós o exan:e. ainda que per-
S2 deu noticia no parágrafo atinente ao direito italiano.
functório, do sentido em que se ente::J". na Alemanha,
EnCjuanto uma corrente vê na conexão a que alude o § 33
a cláusula legal referente à conexão. Dessa pesquisa é
pressuposto de admissibilidade da reconvenção, outra
que se poderão extrair dados particuh:'mente úteis para
prefere atribuir:lhe o mero efeito de tornar competente
o desate das questões hermenêuticas ;;'-lscitáveis a pro-
para ri causa rcconvencional o órgão que processa a ação
pósito do nosso próprio texto em vig0~.
primitiva 4':. O segundo entendimento tem como corolário
22. A primeira observação cabível é a de que a ZPO
reputar-se admissivel a reconvenção independentemente
adotou formulação mais genérica do q:';e a das leis pro-
cessuais italianas. Nestas, conforme ;;2 explicou, a rela-
";'~,'. :'\:1. prim~ira CMr..::nte alinham·~..::. 1' ..1,'., W:'\CH. Atal/ual de Dcre-
ção entre a causa reconvencional e 3 originária vê-se
rh" Pr,lccsal Cl-i!, \". I, p. 31'7; HELLWIG, Lchrbuch dcs di'uf-
5ch('! Zil'ilpw;'t",lr,'clus, \". III, p. 56; Sy.\IC/I! des dcutschcll Zivil- posta em termos de dependência qua:::o ao título de~u­
pr,':.cssrcchls, Y. I~ P. )1(\: LE,\;T, Diriflo pr,'('cHua/C eh'ilc tcdcsco, zido pelo autor ou quanto àquele que já pertença ao feito
p. 188; BER:\HARDT, Gnll1driss dcs Zir:"!pro:.cssrcchIJ, p. 101; como meio de defesa. No que tange à ;;2gunda hipótese,
ROSE'\BERG·SCHWAB. iíl'ílpro:cssrcc!zr, p. 526; GRUNSKY, não parece haver divergência essellê:al entre os dois
Gnl'ldlar.;clI de.' l'crfuhrclIsrcch.'s. p. 140·]: cm sedio! monográfica.
sistemas; e a melhor prova disso é qt;e na doutrina ale-
HEI:\SHEI~1ER. Klag(' und Wid..:rklage, in Zcilschrilt liir deut.
schc!! Zil'l'lpf():~'\'. \'. )S. 19!19, p. 1 ..: s. A outra tem como prin- mã também se costuma apontar como exemplo típico o
cip:l.i~ r(,pfl.!~cntant('s KOHLER, ner Pro:'.".\5 G./s Rcchlsl"crhâltnis, da reconvenção oferecida com o esco:'J de obter a con-
p. }1)8; STEI'\', (;rlllldriss dcs Zil'ilpro:cHrc,ius ulld des KOllkurs- denação do autor ao pagamento da i:ferença entre o
rcc!tls, p. 289: STEI,\'-JO'\AS, J)ic Zil'ilpro:l'S~ordllul/g fiírdasdeut- seu crédito e o de maior valor, alegado em parte pelo
schc Rcich, v. I, p. 104·5; OERTMANN, Grundriss des Zivilpro-
:.essrcchIS, p. 143 (modificando opinião anterior: vide Dic Inzident-
réu para fim de compensação".
flo!ststcllungsklagc, in Zeilschrifr fiir deutschcn O\'ilprozess, v. 22,
TERBACH, Zivilprozessordnung, p. 80; WIECZOREK, Zivi/pro~
18%, p. 61); GOLDSCHMIDT. Zivilprozessrecht. p. 95. 173; NI-
zessordnung und Nebengesett.e, v. I, 1, p. ::!44; no plano mono-
KISCH, Ziviipro:.pssrecht, p. 98-9, 171; SCH5~KE, Derecho Pro-
gráfico, LOENING, Die Widerklage, p. Si e s.
cesa! Civil, p, 145, 177; BLOMEYER, Zh'ilprozessrecht, p, 293--4;
BRLTJ"..iS, Zivi!prozcssrecht, p. 205; JAUER~IG, Zivilprozessrecht, 47. Vide por todos HEINSHElMER. Klage und Widerklage, p. 38·9.
p. 156; ZEISS. ZMlprozessrecht, p. 38. 167; BAUMBACH.LAU. O autor formula outros exemplos, um ~Q! ~~I - °
da recon·

36 37
----,.

No que concerne ao outro grupo de casos, todavia, a outras análogas, se situa entre os mais caracteristicos
diferença é sensível. Os textos peninsulares só cogita- exemplos de conexão' pelo objeto.
ram' Cl'pressis t!CT~is de uma vinculação relacionada com • I

o fundamento da ação primitiva e da reconvenção - 23. Visto não suscitar problemas de grande vulto a
~em prejuízo do que ficou dito, no parágrafo anterior,
hipótese de admissibilidade resultante de vínculo entre
sobre a atitude prevalecente na doutrina, que com boas a reconvenção e a defesa, convém que nos detenhamos
razões se negou em geral a identificar as noções de "tito- por alguns momentos na análise do outro grupo de casos,
/o" e de causa petendi. Não se depara em qualquer dos a saber, o de conexidade entre a pretensão do reconvinte
dois Códigos, de 1865 e de 1940, alusão a nexo caracte- e a do autor, encarada, repita-se, ao ângulo do funda-
rizado pela eomunhão do objeto, e já foi oportunamente mento ou pelo prisma do objeto. Como bem se com-
registrado o artificialismo das construções a que a ciên- preende, o requisito da conexão entre as duas preten-
cia processual teve de recorrer para remediar a omissão sões envolve a necessidade de terem ambas algum traço
(ride, s"pra, o item n.o 20). comum. Dividiu-se a doutrina, contudo. quando tratou
A ZPO fala genericamente de conexão ("Zusarnmcn- de precisar em que deveria consistir esse lirune. A maio-
hal1çj"). Xenhuma dificuldade se opós, assim, a que ria dos autores, conjugando o disposto no i 33, l.a alínea,
desde cedo se reconhecesse em sede doutrinária mais de com a regra do § 145, 2. a alínea, da ZPO - a cuja luz fica
um tipo de parentesco entre a causa originária e a re- o órgão judicial autorizado a ordenar qc:e se processem
convenção. Os primeiros trabalhos importantes a res- separadamente a ação e a reconvenção, quando a pretensão
peito da matéria já assinalavam a possibilidade de que do reconvinte não esteja "em conexão juridica (in rechtli-
tal nexo dissesse respeito quer ao fundamento de uma chem Zu.sammenhang)" com a do auto!' -, inclinou-se a
e outra ação, quer ao respectivo objeto ". Na melhor exigir a comunhão numa rewção jurídico: mas não faltou
literatura" depara-Se referência ao caso da ação de di- quem se satisfizesse com a comunhão em fato 00.
vórcio a que se contrapõe reconvenção também tendente
à dissolução do casamento - espécie que, com algumas 50. Entre os qU;! adotam o prim;;iro entendim,,:::~'. sustentando-o em
termos explícitos ou pelo m;;;":0S fazendo ac~"'~panhar do adjetivo
h:nçl,) çon\!xa com o dir~ito de retenção oposto cm defesa - rechrlich, na exposição da m:l.:éria, o SUbSI3:":::\"(I Zusammenhang,
ap3.r.:ce inc1u .. j\',; na lit::ratura mais recente (r.f,'., ROSENBERG· podem citar-se: \V ACH, MGlw::;!, v. II, p. 2:- ·S: HELLWIG, Leltr-
SCrnV.-\.B, ZiI'i!w,J;:cssr,thr, p. 526). Obscrn.:--sc de passagem que, buch, v. II, p. 264 c nota lt: Y. III, p. 56: 5ys!em, v. I, p. 127,
na Itália, JAEGER, La ,':com'. ncl proe. cil'" p. lfí2. prdcrc in- 316; STEIN - JONAS, Dic ZPO iiir das lh:ursche Reich, v. I,
cluir a espécie cnlfl.! o!'t casos de "dcJX'nd.:':ncia" com relação ao p. 109; OERTMANN, GrunJriss, p. 79; GOLDSCHMIDT, Zivil-
"título" deduzido cm juízo pelo autor. prozessrecht, p. 95; NIKISCH. Zivilpro:.essrt·chr, p. 98; SCHõN-
KE, Der. Proc. Civ., p. 145; LENT, Dir. proc. civ. led., p. 187,
48. Vide. ainda no século passado, LOENING, Die Widerklage. p. 94.
188; BLOMEYER, Zil'ilpro:essrecht, p. 193: JAUERNIG, Zivil-
CC., em nosso!. dias, ROSENBERG-SCHW AB, ZiviLprozessreclu.
prozessrecht, p. 155; ZEISS, Zi.,:i1prozessrecht, p. 38; BAUR, Zi-
p. 525.
vilprozessrecht, p. 70; BAIDIBACH - LALiERBACH, ZPO, p.
49. V.g .. HELLWlG, L!hrbuch, v. II, p. 265; Sy,tem, V. I, p. 127. 81; GRUNSKY. Grund/agen. p. 141. À segunda corrente filiam-se

38 39

1
,
De maneira alguma convém exagerar, entretanto, o quer essa comunhão apenas subjacente: os direitos pos-
alcance da divergência: conforme se tem observado ". tulados são autônomos e de modo nenhum pressupõem
na prática, a interpretação bastante larga que se dá à ., relação jurídica comum ao autor-recam'indo e ao réu-
"conexão jurídica" quase elimina a distância entre as reconvínte.
duas posições. A amplitude com que se entende a ex- Por outro lado, os escritores que têm por suficiente
pressão aspeada já ressalta\'a, note-se, do esquema em a conexão fática em geral cuidam de frisar que não
que, no princípio do século, se traduzia uma das mais basta qualquer ponto de contacto, por mais secundário
articuladas tentativas de classificar sistematicamente as que seja, entre os conjuntos de fatos narrados para fun-
hipóteses de admissibilidade da reconwnção ". Deixando damentar as pretensões reciprocamente contrapoatas. É
de lado. por niio interessarem aqui, os casos de nexo entre necessária coincidência em ponto essencial, que se revista
esta l' a defesa, eis como se distribuiam as espécies: a) de significação jurídica assemelhada para ambas as pre-
idcl1fid',dc das relações juridicas deduzidas na ação e na tensões "". Nessa perspectiva, em face da ação de ressar-
rCCQI1\·( :1ç'ão (exemplo: ução declara :ória negativa; re- cimento de dano causado a uma coisa, não seria admis-
convcl:çlo com pedido de condenação ao pagamento do sível a reconvenção que pleiteasse reparação pecuniária
mesmo crédito); b) ori", III comum na mesma relação por lesão corporal, sob a alegação de constituir esta ()
jurídica (exemplo: ação do comprador para haver a mer- produto de vingança do dono da coisa danificada, A ser
cadoria. recom'enção do wndC'dor para cobrar o preço); verdadeira a afirmação, o elo consistiria em que do fato
c) referencia à mesma relação jurídica (exemplo: ação invocado na ação teria nascido o motivo do fato invocado
e reconwnção de divórcio): d) condicionamento recíproco na reconvenção; mas uma ligação tão remota, atinente
das relações jurídicas, que se excluiriam mutuam~nte a simples circunstância sem relevo para a apreciação
(exemplo: ação de condenação à entrega de uma coisa, judicial de conjuntos de fatos em si completamente dis-
reconwnção para fazer declarar a propriedade do réu tintos, não justificaria a abertura da via reconven-
sobre ela). Desde logo se percebe que. nos grupos b e c, cional. 54 ,
a relação jurídica comum (respectivamente: vínculo con-
Ainda uma observação importante, Sem preJUlzo do
tratual decorrente da compra e venda: vinculo matrimO-
que acima se expôs, não parece ter suscitado dúvida, na
niai) são meros pressupostos 'das pretensões das partes,
doutrina alemã, que seria pouco razoável. para reputar
mas não se vêem diretamr:nie subme~idos, em si mes-
configurada a conexão pelo fundamento, exigir a total
mos, à cognição judicial; e no ,,:rupo d não subsiste se-
identidade dos fatos (ou conjuntos de fatos) narrados
HEI~SHEIMER, Kiagc und Widcrklage, p. 25 c S., espec. 36~8;
ROSE.:"[BERG • SCHWAB, Zj~'i/p,ozcS5rccht, p. 525; c, salvo 53. HEINSHEIMER, Klage und Widerkiage, p. 29 .;: S., especo 35~6.
engano, WIECZOREK, ZPO und Nebcngeset:.e, v. I, 1, p. 260. 54. HEINSHEIMER, K/age und Widerk/age, p. 29. Cf., na mais re-
51. Por exemplo: BLOMEYER, Zjvilprozessr~chr, p. 293, nota 2, tine. cente doutrina, ROSENBERG. SCHWAB, Zi.·;!prozessrechl, p.
eL, já hã quase um século, LOENING. Die Widerklage. p. 93. 525: "Ein b/oss durch Motiv oder ZlVeck der Widerklage herge-
stellt Zusammenhang kann nicr.r geniigen (Não pude bastar uma
52. Referimo-nos à empreendida por HELLWIG, Lehrbuch, v. II, p.
conexão originada unicamente do motivo ou fim da reconvcnção)".
265-6, e SySlem, v .. I, p. 127.
""
41
pelo autor e pelo réu-reconvinte como bases de suas res- outras razões - é interessante observar - porque fal-
pccti\'us pretensões. Desde o' início se acentuou que o taria à ação declaratória incidente do re::. como pressu-
requisito fic3\'a satisfeito com a coincidência parcial posto nepessário, a conexão com a ação ;'r;mitiva, exigí-
desse' elcmrnto ~.;. vel na reconvenção propria~ente dita ",
24. ~!L'rece atenção particular a hipótese de rCCOll- Seria descabido tomar posi~ão aqui no ~ocante ao pon-
vençiio cm qUe' se deduz relação jurídica prejudicial da to; nem é esta a oportunidade própria par... examinar em
deduzida na a,.lo primitiva. Estava ela pn'vista de ma- p.rof~ndidade o problema suscitado pela cbjeção. Vamos
neira espeeifil':l no ~ 280 da ZPO, cm texto recentemente clllglr-nos por ora, antecipar:do em cerB medida algo
deslocado, sem alteração di' redaçiio, pela Vcrcinfa- que a seu tempo virá. a regis:,.ar que na wrdade o nexo
chu"g'"úvcl7c de 1976, para formar a 2 a a!inea do ~ 256. :ntre a rec~nvençào e a açio, no caso de declaração
Consoante o dispositivo, até o encerramento da audiência lllcldente, nao Se poderia cO!::i'r nos 'linà2$ angustos de
cm qt1l~ Sl~ publique a SCIÜCllÇ:1, pode o autor, mediante um conceito de cOl/c.tão qual 0 ministrad,', 1O.g., pelo art.
ampli:l'-:úu do pedido, ou o r~·"l, atra\"~,.; dl\ l'l'cull\'cllção, 103 do vigente diploma proc225ual civil ;'.;:rio. Quando
plcitl'ar quC' s.:..'j:1 dcclaraJa rL1t' sC'ntcIll:a uma l'claç:io exemplificativamente, o aute- pede o c.:.:nprimento d~
jurídil'<-l eOnlH'YCrtida no procl'ssO, ele cuja existência obrigação acessória C' o réu. ç:TI reconve::;ào, pleiteia a
ou illcxistênci3. dependa. no touo ou l'm parte, a solução dec~aração da inexistência c~:. obrigaçãc' ~)rincipal, por
do litígio originário. A figura que aí se contempla cor- nulldade do contrato de que ela se ter'.: originado, a
responde a aç'ão declaratória incidente, introduzida no causa reconvencional não ar::-e5enta em ":J-mum com a
direito brasileiro, em termo:, g'dlérico5. pelo Código de outra, quer no todo. quer en: parte, nem " fundamento,
1973: nem é prêciso grande C'sfol'ço para identificar no nem o objeto. Feita abstraçiJ de OUtrC2 aspectos, que
texto alemão a fonte elo nG~SO ar\. 5.0, de teor muito oportunamente se háo de c..:::sidcrar, !·~'~tariam duas
semelhante. possibilidades: ou entender C':.le a adn:'~5ibilidade da
rcconvenção decorre de vínc:;!o entre e:l e a defesa
Importa notar quc a lei tdoscu, aludindo ao caso de
não de vínculo entre ela e Q ,.!ção, ou e:::,~o flexibiliza;
ter o réu a iniciativa, adota o rótnlo expresso de "rocon- o próprio conceito de conexa-
. o,.mes mo ap::2a.. d o a. re1açao
-
venção (Widcrl:;,qc)". Em doutrina tem·se-Ihe aplicado a
denominac:ão de Zwischcllfeststcllnng81cidcrklagc (recon- 57. OERTl\fANN, D;'c I-::Jdc/ltfcs:: ,:."ungsk/agc. r' d: não tira in.
vençiio dcclarutória incidente) c,·, Kiio falton, porém, teresse à rdcr(;ncia <..", fato, já é..~'::-:3.Jado (vidt'- ::'pra, nota 46 ao
quem negasse a possibilidade de t.~quiparação, entre item n.~ 21), de qc:,: mais tar'::.~ ~sse autor :-:~-.:":~~u de opinião
d . '
passan o a consldcr':'í a concxidi:.~.: entre recom ;;::-:.'.::10 c acão Corno
simples pressuposto de' compci,·':.".:a. Para al'! __ :.s. a acão dccla~
55. T":dt', entre ,'~ primeiro,> monl1grafí5ta') dI) t..::m:\, LOE~I~G, Dic r~tórja., incidente do r~u constü:.:..:;"ia um "casc,- ;;~pçciar: ou "par~
Wi.lcrkfoRc, p. 94, nola 1:!2; HEINSHEL\tER. K{age IInd Wit!er- t1cular de rccon\"cn.;.l0: assim. p0r exemplo, STEIN _ JONAS
kfagc, p. 33. Die ZPO liir das Dcutsche R6:~, v. I, p. 7:0: BAUMBACH ~
56. F.g., DLO!\tEYER, Z;""ilpro:.essrcchl, p. :'.96: SCHi\TIDER, D;"c LAUTERBACH. Zin"lprozessord!::m.g, p. 588; K....-\DEL. Zur Ge~
Zuliissigkcit der Zwischenfcstsullunp('I'idcr!kla:;c. iI) .\1011l!!s:::cir- schichte und Dogmen,!cschichte '::>1' Feststeflun~_':;!a;e nael! § 256
jchrift liir Dcurschcs Recht, n. 4/1973, p. 270.
Q der Zivilprozessordnun:;, p. 100.

42 43
entre açães, em ordem a permitir que nele se encaixe
a hipótese. A questão, por enquanto, fic~ apenas equa-
Iização .dessa via a requisitos de orUt'm substancial.
cionada: adiante cuidaremos de enfrenta-la.
Olhemos alguns pontos mais de perto.
26. Posto em confronto com o da lei tedesca, uma
observação que desde logo sugere o te",to acima recor-
§ 5. 0 Direito austríaco dado prende-se à feição mais analítim da fórmula em-
25. O dispositivo capital para a nossa pesquisa, na pregada pelo legislador au,tríaco. Enq::~nto, na Alema-
lcgislal:áo austriaca, ê a 1." alínea do § 96 da Jzuis- nha, se alude sinteticamente a dois gr~pos de casos -
dikliol:s"orm. Também se referem à reconvenção a 2." um caracterizado pela conexão com a ~ção, outro pela
alinea desse dispositivo e o ~ 233, 2.a alínea, da ZPO, conexão com os meios de defesa - , ~.:;,:li se enunciam
onde. ,:1\retanto, se cuida apenas de questões relaciona- três hipóteses. Aparentemente se po-'2:;a concluir daí
das C,"" a competência e com os limites temporais de que na Austria a reconvel:ção é adr::::ida em termos
admi",'bilidade do pedido reconvencional, aspectos se- mais liberais. ~Ias, antes de mais l:.,ê~. aqui se têm
cund6,·:os na perspecti\'a deste trabalho. Consoante .o certamente verdadeiros pre55Upostos 02 3.dmissibilidade,
texto mencionado em primeiro lugar, pode-se rreonVlr não simples condições de uma eventu~: prorrogação de
peran,e o juízo da ação. caso a pretensã~ do reconvi~te competência para o julgamento do p2ê:io reconvencio-
seja CO!1eXa com a do autor, ou se preste a compen~açao, nal. E, mesmo a fazer-se abstração de::.;,l circunstância,
ou ainda caso a reconwnçao se dirija à declaraçao de seria arriscado o reconhecimento puro e ,,:mples de maior
relaçaJ jurídica ou direito controvertido no proce3~o. ~e largueza.
cuja Existência dependa. no todo ou cm parte, a declsao
Um dos grupos de casos, o primeiro, é comum a ambos
sobre o pedido originário.
os sistemas: o de conexidade entre a "2convenção e 3.
Deixe-se claro de início que na Austria não se registra, ação. O segundo grupo indicado na Z?O alemã ociden-
em sede doutrinária, controvérsia análoga à exposta
tal - o de conexidade entre aquela e 0" !lieios de defesa
quanto ao direito italiano e ao alemão, sobre o alcance
- não encontra par no texto austI:ê.êO, que em vez
dos pressupO'Stos arrolados na lei. Há unanimidade entre
dele menciona a hipótese da compen!Xlêio e a da ação
os autores no sentido de considerá-los exigíveis não ape-
nas para tornar compettntc, sendo o caso, o órgão ju~i­ declaratória incidente. Quanto a est" :.:Jtima, se a lei
cial que processe a ação primitiva, mas para fazer adll11S- entendeu necessário consagra-Ia expres"ê.::::lente, terá sido
sível a reconvenção o'. O ordenamento austriaco inser~­ porque não a reputou abrangida pela cláusula inicial,
se, pois, indubitavelmente, entre os que subordinam a utr- referente â conexidade entre a reconw::ção e a açâo, e
isso aponta no sentido de uma conceituação restrita de
58. WOLFF, Grundriss der oSlcrrcichischcll Zivilprozcssrcchts, p. 84-5; conexão. É bem verdade, por outro lado. que, a propósito
PETSCHEK - STAGEL, Der OSfcrrcichische Zivilprozess, p. 298; desta, se firmou no plano doutrinário a tese segundo a
FASCHlNG, Kommentar zu den Zivilprozcssgcsetzm, v. I, p. 469; qual nãO' se exige comunhão em relação jurídica, bas-
HOLZHAMMER, 6srerreichisches Zivilprozessrecht, p. 223,
tando a coincidência dos fatos ou conjuntos de fatos
em que se baseiam os pedidos do autor-reconvindo e do
44
45
i,k--
• _________ o

:!- ,

réu-reconvinte; suficiente, pois, a conexão fálica ". Há perseguido é, pois, comum à recom-i':lção do réu (na
quem sublinhe a possibilidade de coincidência apenas hipótese mencionada) e ao pedido que de faça com base
parcial "'. Não se deixa de aludir, ainda, à hipótese no § 259, 2. a alínea, da ZPO.
específica de conexão priv objeto ".
Nem por isso, entretanto, se confundi'm as duas figu-
No que tange aos casos de vinculação com a defesa,
ras, Embora possam tender ao mesm~ resultado, elas
é concebível que se tenha partido da idéia de não haver
se distinguem por mais de uma carac;i'rística. O traço
outro a levar em conta senão o da compensação - en-
discretivo principal talvez consista em que a reconven-
tcndimento que já tivemos oportunidade de ver esposado
ção é autônoma i'm face da ação pri:nitiva, ao passo
na literatura italiana (SlIi'nl, n,o 20), Outra suposição
que o Zwischenjcststellungsanlrag fica subordinado a
viável é a de que se haja considerado como pertencente
esta última, Destarte, se quanto à açã) vem a encerrar-
a cssa cspécie de concxáo a hipótese dc ação declara-
se o processo sem julgamento de mér::o, impossível se
tória incidcnte do réu - maneira de construir a que
torna a apreciação do reqUerimento Ílocidente de decla-
também já se fez menção, no parágrafo anterior. De
ração; a recon\"t'~:ç'ào, ao contrário, 5::bsiste, compor-
um ou de outro modo, fora de dúvida é que se restringe
tando julgamento independente ". Da: se conclui que
aqui, em comparação cono o sistcma da ZPO alemã, o
não é indiferente para o réu o uso di' um ou de outro
campo de admissibilidade da reconvcnção, para permi-
ti-la unicamente num caso, ou em dois, de conexidade meio; caso escolha a via mais simples io § 259, 2,a alí-
com os meios de defesa, nea, assume o risco de ver preexcluído ~~ exame da ma-
téria prejudicial: optando pela recollYó:oção, desde que
27. Ainda uma observação cabe no presente contexto.
concorram todos os respectiyos pressu;- ::stos, tem asse-
Em dois dispositivos (§ 236, La alinea, e § 259, 2,a alí-
nea) permite o C6digo austríaco, respectivamente ao gurado o respectiyo julgamento, A f3::a de autonomia
autor e ao réu, até o encerramento da audiência, requerer do Zwischcnfests!rlZnngsalllrag tem lendo autorizados
a declaração da existência ou inexistência de relação expositores do direito austriaco a nep~-lhe a natureza
jurídica prejudicial daque;a que se discute na ação, Tal de ação ", que à l'econvenção sem disc:·epância se reco-
nhece,
expediente ,e visa a provocar a cxtensão da auctoritas rei
iudícatac ao pronunciame::co sobre a prejudicial. Ora,
isso também ocorre, é c~aro, quando se rcconvém com da secção cOnstl;l:lJ3. pelo § 236, ao qU3: :-.::mctc o § 259, 2.-
fundamento na derradeira cláusula do § 96 JN, O fim alínea. Em doutrina costumam usar-se as ':~:-:Jminações de Zwi-
schellfeststel!ullg5r1!i~rag e Ifl:.identfeststcl!U':~5aJltrag: vide, por

59. POLLAK, Sysfem dcs OSferreichi5Chcn Zi~'ilpra::cssrechtcs, p. 335, exemplo, HOLZH:\~fMER, õsrcrr. Zivilprt':'-isrecht, p_ 185.
nota 22; PETSCHEK - STAGEL. Der osterr. Zivilprozess, p. 121, 63. KLEIN, Vorlesungen iiber die Praxis des Zil"ilprozesses, p. 201;
298; FASCHII'G, Kommcn,J'. v. I, p. 466, 469; HOLZHAMMER, PETSCHEK - STAGEL, Der {jsterr. Zil"ill--~o::.ess, p. 251; FA.
Õsterr. Zivilprozessrech/, p. 22-t SeHING, Kommctltar. v. I, p. 466-7, e v. III, p. 126-7; HOLZ-
60. PETSCHEK - STAGEL, Der osterr. Zil'ilprozess, p. 121. HAMMER, Os/err. Zh'ilpro:;essrecht, p. 224.
61. POLLAK, Syslem, p, 335, nota 22, 64, KLEIN, Vorlesungen, p. 200; PETSCHEK - STAGEL, Der
62. Zwischentmtrag oul Feststellung chama-lhe a lei: essa a rubrica osterr. Zivilprozess, p. 251, 262.. Menos categórico HOIZHAM.

48 47
...... _-~-----

Interessante notar que na Alemanha Ocidental tam- pretensões sejam compensáveis. Vários cantões adotam
bém se tem sustentado a impossibilidade de julgar-se a fórmulas equivalentes ou aproximadas. referindo-se, de
Zwischcnfcststcllungsklagc do § 256, 2. a alínea (antes, um lado, à hipótese de conexão entre a causa reconven-
§ 280), quando não se chegue a uma s0ntença de mérito cional e a originária e, de outro, ao C&SJ de reconvenção
sobre o pedido originário ". Aquela ficaria, assim, igual- relacionada com a compeIlSação. Enm os textos que
mente subordinada à Haul'tklage, em situação de certo mais se aproximam do federal estão o do Código de Fri-
modo assemelhada à do chamado "rccurso adesivo". E burgo (art. 133) e o da ZPO de Solothurn (§ 140, l.a alí-
isso, convém acrescentar, a despeito dc admitir-se que a nea). Também nos Código~ de Neuchitel (art. 180) e
Zwischcnfcststdlungsklagc é verdadeira ação "". Va ud (art. 272, La alínea) a parece a ::lesma dualidade
de hipóteses, com a ligeira diferença de que aí se alude
simplesmente a "conexão", sem o ad:2'tivo "jurídica".
§ 6. 0
Direito suíço Pouco se distancia, em su':::stância, o Código de Berna
28. Como é notório, existem na Suíça o ordenamento
(art. 170), que exige na re.:onvenção ;:::, "rapport a'Uee
processual federal e os ordenamentos processuais dos l'objet de la demande", mas ressalva: ".! moins qu'il ne
:/agisse de compcnsation".
diversos cantões. Tal circunstância normalmcnte difi-
culta a exposição sistemática; em nosso tema, porém, a A ZPO de Schwyz (§ 92. La alínea i. após referir-se
dificuldade afigura-se mais aparentc quc real, dados os aos casos de conexão entre as duas pr,,: é:Jsões e de com-
pontos de contacto, ou mesmo a coincidência, entre a ,dis~ pensabilidade, admite aind" a reconye::;ão, cm termos
ciplina adotada pela Uniào e a consagraua nas mais 'im- expressos, para a declara",.] de uma re:2ção jurídica ou
portantes legislações cantonais. direito controvertido, de clja existênci.' ou inexistência
dependa no todo ou em parce a decisà: sobre o pedido
De acordo eom o art. 31, La alínca, da Lei que rege o
(reconvenção com função c:2 declaratór'~ incidente). A
processo civil federal, para quc o réu possa reconvir,
extrema semelhança de for:nulação p<"rmite supor que
é necessário que sua pretensão tenha "ulle cOllncxité juri-
se haja tomado por modelo o § 96, La alínea, da Juri'l-
dique avec la demande principale", ou então que as duas
dikttonsnorrn autriaca.
29. O exame da doutriI:a faz-nos re,,"contrar concei-
ME R, Os!crr. 7i\'ilpr(l::cssrcchl, p. IRS. Enfa(icaml'nt~ contra, ME-
NESTRI'!\'A, La prq.:iudici"ic /lei processo cl\'ilc, p. 213-4.
tos e esquemas. já conhecidos. Um dos :nais autorizados
expositores do direito processual helvét:.:o, ao explicar a
65. BERGERHOFF, Die ZwischcnfcststcllulIgJklagc dcs § 280 ZPO,
p. 66-8. Excduarn-sc os casos cm que a declaratória incidente,
noção de "conexão jurídica", menciona os casos de pe-
porque satisfeitos os pressupostos, pode ser aproveitada como ação didos que se baseiam na mesma relação jurídica, ou que
declaratória comum ou como reconvcnção segundo o § 33. têm o mesmo objeto; e a esses acrescenta o de conexidade
66. Na literatura menos recente havia quem lhe recusasse tal caratcr; com os meios de defesa, de que serviria de exemplo o
vide a crítica dessa ,opinião em OERTMANN, Dic Inzidcnrfeststcl- da compensação" - entretanto considerado à parte,
lungsklage, p. 66-7. Quanto à doutrina predominante, vide por
todos BERGERHOFF. Die Zwischenfeststellungsklage, p. 44. 67. GULDENER, Schweizerisches Zivilprozessrechl. p. 264.

48 49
-', """
'"
como se viu, nos textos legais. Nessa construção, em
que é patente a influência alemã, vê-se encarada a co- , t, tensão do réu for estreitamente conexa (uin engem Z,,-
, I
nexão aos dois ângulos clássicos: o da conexão pelo fun- samme-nhang steht") com a do autor, ou ambas forem
damento e o da conexão pelo objeto. Na mesma pauta compensáveis. O outro dispositivo começa por indicar,
inscreve-se a mais moderna exposição do ordenamento como pressuposto de admíssibilidade da reconvenção, a
friburguense i" Há quem se refira, ademais, à hipótese competência do órgão que processa a ação para julgar
de se condicionarem reciprocamente as relações jurídicas também a causa reconvencionaI. A conjugação desses
deduzidas na reconvenção e na aç'ão co. Alhures, parece textos mostra no § 15 uma regra espt'c1al em face da
relacionar-se a idéia de conexão sobretudo com a de contida na parte inicial do § 60.
/wldamcnio comum ", sem que com isso se reclame a Fica assim desde logo resolvido um problema que se
absoluta identidade da callsa pctendi, conforme ressalta poderia pôr em termos análogos ao susdtado diante do
dos exemplos ministrados", § 33 da ZPO alemã (ocidental), a sabe,.: se os requisitos
substanciais seriam exigíveis para tOIC:ar admissível a
30. Merece consideração em separado a ZPO do Can-
tão de Zurique, entre outras razões por ser a mais re- reconvenção, ou apenas para prorroga,., sendo o caso, a
cente dentre as ordenações cantonais: editada em 1976, competência do órgão perante o qual orre a ação ori-
entrou cm vigor em 1. 0 de janeiro de 1977. Ela trata ginária (vide, supra, § 4.0, item n. o 21'. No Cantão de
da reconvenção nos §§ 15 e 60, De acordo com o primei- Zurique, é fora de dúvida que semelha:::es requisitos só
ro, é possível reconvir no foro da ação, quando apre- adquirem relevância quando se precc;;2 estabelecer a
\
prorogatio fori. Desde que a ação eEteja sendo proces-
68. DESCHENE:\LX - CASTELL\. LI.' 1I01l\'ell(' procálurc cid/e sada perante órgão já territorialmente competente, por
!rihourgcoisc, p. 17?: "/I y a ('(lt:,':CÚh: !onquc !cs deux demandes
procálcllf du n/(:II1(, rappor! jur;.f:<juc ou qu'dlcs cOl/ccmenf te
diverso motivo, para a causa recoll\'e:lcional, descabe
n/(~mc objct". qualquer outra indagação ". A nova ZPO pode, assim,
69. Assim KELLER, Bcilriigc ;:'Ilf Lchrc 1'011 der Widcrklagc, p. 32. incluir-se entre os diplomas que basiea::lente dispensam
70. KUMMER, Gnmdri'ts dn 7irilrr.l:.cssrcchls. p. 101. E~si.'! autor
requisitos de ordem substancial para ~dmitir a recon-
não di.'!ixa d .... aludir il. \"incubç5.,l p.:h) nbjdo, fazcndl)·o, porém, venção.
separadarncnk. ç\Jmn ~ .... a d.:iX.1~,": fura do c<lnccito de conexão.
Segundo POLDRET - WLRZBLRGER, a jurisprudência do
Cantãl) dI.:: Vaud dá por satisf.:itl) o requisito da eon.::xão quando
as pretensões do autor-reeonvindtl c do réu-reconvintc têm ori- § 7. 0 Direito português
gem "dans UIl même contra! ou dal/J dcs actl',~ cn rapport étroil
avcc cc contra!", ou ainda "dans le m(;me complex de faits ou de
31. O Código de Processo Civil de 1876 não estabele-
relatiolls d'allaires". cia qualquer requisito de ordem substancial para a admis-
71. A crer-se cm KELLER, Beirriigc, p. 32, a jurisprudência do Tri- sibilidade da reconvenção. Outra é a orientação do vi-
bunal Federal tampouco exige que as duas pretensões tenham gente ordenamento. Três casos de adm!5sibilidade prevê
idênticos fundamentos de fato, entendendo bastante, para reconhe-
cer a conexão, que .'eles sejam em parte comuns.
'! 72. Cf. WALDER-BOHNER, Der "eue Zürcher Zil"i/pro1.esl, p. 99, 140.
, ' L
50
51
4Ji!'Mh ad~
representava um abuso do díreito .de Bcionar e prejudi-

o art, 2H, 2," alínea, do atual estatuto, na redação de .


cara o réu em seu bom nome" '

1967: a) o d~ emergir o pedido reconvencional "do fato , \,'1 32, Feita abstração da hipótese riscada do texto em
1961, desde logo se impõem algumas observações acerca
J'urídico que serve de fundamento à acão ou à defesa'"
> ,

b) o de visar o réu a obter a compensação, ou a tornar das que remanescem, A prímeira e a terceira, em con-
cfetivo o direito a benfeitorias ou despesas relativas à junto, cobrem o espaço ocupado, noutras legislações, por
coisa l'uja entrega se lhe pede; c) o de tender o pedido dispositivos atinentes à "conexão" entre a reconvenção
e a causa primitiva; conexão pelo fundamento, na letra
recon\'l\I~l'ional a conseguir. cm benefício do réu, o mesmo
a do art. 274, n. o 2; conexão pelo objeto, na letra c, A
deito juridico pretendido pelo autor. Já vinha o texto,
letra a, todavia, contém um plus: não alude só ao funda-
ijisis t', rI,is, da reforma de 1961. O de 1939 (art, 279) mento da açâo, mas também ao da defesa, Ora, isso
l'0l1tf'n1r:~l\'a ('xl 1 ressamente uma quarta hipótese: "quan- parece fazer redundante, quando nada em parte, o texto
do o Jlc'diclo do réu tem por fim ampliar o objeto da ação da letra b, que se refere expr~ssis t'erbis ao caso da
de modo a apreciar-se a subsistência do ato ou da rela- compensação e ao de querer o réu "to:'nar efetivo O di-
ção jmidica fundamental". reito a benfeitor ias ou despesas relativas à coisa cuja
Essa fórmula. não muito clara, poderia sugerir, na entrega lhe é pedida",
parle derradeira, referência :i reconvenção para declarar- Com efeíto, A hipótese de reco!lwnção relacionada
se a existência ou inexistência de relação jurídica pre- com a compensação - ao menos quando se trate da cha-
judicial - ou seja, rccOl1\"cnção com função de decla- mada "compensação legal", e recon\"i::-.do o réu apenas
para obter a condenação do autor pe13 diferença entre
ratória incidente, à semclhan~·a do que se estabelece n~u­
os créditos - é exemplo clássíco de admissibilidade por
tras leis já passadas cm revista, como o ~ 96 da Juris-
força de conexão com a defesa, _\ssim tem sido ela
diktionsnorm austriaca, Xão era tal , contudo , o enten- encarada em mais de um país: consoar::e já se registroll,
dimento que lhe dava a doutrina. O maior comentador é justamente eEse O exemplo que se costuma dar com
do diploma port uguês, ao explicar a última alínea do art. maior freqüência, na Itália e na Alemanha, e até não
279, formulava primeiro o exemplo de ação de nulidade falta quem o considere o único (vid;:. ""pra, n,o 20), As
de determinado ato jurídico, com base em vício espe- leis que a mencionam em termos expressos, como a
cificado, à qual se oferecia reconvenção com pedido de austríaca e algumas das suíças, viram-se compelidas a
declaração de validade do ato, por não estar eivado fazê-lo porque não contêm cláusula genérica atinente
nem desse vício, nem de qualquer outro; e acrescentava
que a cláusula "ou da relação jurídica fundamental" 73. JOSÉ ALBERTO DOS REIS, Comentário ao Código de Processo
havia sido redigida "para abranger os casos em que a Civil, v. 3.", p. 113 e s. O passo asp.:ado e'itá na p. 116; o
exemplo, na crítica a acórdão do Suprem,:1 Tribunal de Justiça.
ação diz respeito, não a um ato jurídico propriamente
nota 1 à mesma página. Cf., do autor, Código de Processo Civil
dito, mas a um fat?", exemplificando com reconvenção anotado, v. I. p. 379-80.
oposta a ação de cobrança de dívida, com o fim de plei-
tear perdas e danos, sob a alegação de que a demanda I 53

I , . i'-_.
f- à conexidade entre a reconvenção e a defesa, mas apenas
à conexidade entre aquela e a ação primitiva. Também
ou acontecimento" ". A verdade, porém, é que, tão logo
se passa a exemplificar, aparecem hipóteses em que a
o pedido reconvencional fundado em benfeitorias, na rigor não oeorre identidade, mas simples coincidência
medida em que se relacione com os casos em que há parcial das cal/sae pc/endi. Assim, lJ.g., quando se alude
direito de retenção, pode ser visto como conexo com a à ação em que "A pede a B o pagamento duma quantia
defesa, se nela se invoca o mencionado direito. Opor- com fundamento em determinado contrato" e à recon-
tunamente se notou que na doutrina alemã ocidental venção em que "B, por sua vez, pede a A certa pres-
se aponta às vezeS esse - ao lado do referente à com- tação com fundamento no mesmo contrato" ", é lícito
pensação - como exemplo de reconvenção admissível observar que o contrato, por si s6, não constitui a causa
cm virtude de conexidade com os rerteidigungsmitfel de pedir nem de uma, nem de outra: q:.tanto à ação pri-
(supra, nota 47 ao n. o 22). mitiva, tem-se de acrescentar o não-p:lgamento; quanto
33. ~lais importa, entretanto, examinar a primeira à reconvenção, a omissão do outro cC':nraente com refe-
hipóll'sc da letra a, que em regra constitui um dos pon- rência à prestação por ele devida. A.::~!0gamente se deve
tos mais sensíveis da problemática relativa à admissi- raciocinar no tocante ao o,,:so de plei:ó3!'em autor-recon-
bilidade da reconvenção. A cláusula legal assim está vindo e réu-reconvinte, um do outro. i:::lcnização de pre-
redigida: "quando o pedido do réu emerge do fato jurí- juízos causados em acidente de trâns::a ": não é o sim-
dico que serve de fundamento à ação". Põe-se a questão ples fato do choque de viaturas que !'cpresenta a causa
petendi, quer na ação, qUer na rec.:-::wnção: o autor
de saber se com isso se exige que ação e reconvenção
invoca, sim, o dano que o acidente ~2 acarretou a ele,
tenham o mesmo fundamento fático - ou, em outras mais a relação de causalidade entre 0 comportamento
palavras, se deve haver identidade de causa petendi. do adversário e esse danDo mais ai::"" a culpa do réu;
Na literatura deparam-se claras afirmações nesse sen- este, ao reconvir, toma por base o d2.::J ao seu patrimâ-
tido. Ainda sob o regime de 1939, dizia-se com grande nio, mais a relação de causalidade, r:::ais ainda a culpa
autoridade que "um pedido só pode considerar-se emer- do autor. Um únieo elemento é com:.m a esses conjun-
gente de determinado ato ou fato jurídico quando tem o tos de fatos. A despeito, pois, do que S2 afirma, é razoá-
seu fundamento nesse ato ou fato", de modo que "o vel concluir que se reputa suficiente a comunhão pareia.l
dos fundamentos para justificar a a:E!'mra da via re-
pedido do réu há de tf?l' por fltluiamento o ato ou o fato,
convencional.
base da ação" ". Mais recentemente, continua-se a re-
clamar "a mesma causa de pedir":3, OU o "mesmo fato 76. SANTOS SILVEIRA, QucS[(lCS subseqiiC':.-,-' ,'.'r: processo civil, p.
141.
74. JOSÉ ALBERTO DOS REIS, Comentário. v. 3.", p. IDO e 99, res- 77. JOSÉ ALBERTO DOS REIS, Comentáric. Y. o.', p. 99. O reparo
pectivamente (sem grifo no original). feito cm nosso texto valeria igualmente para os exemplos de CAS-
TRO MENDES, Dir. Proc. Civ., p. 2~:.
75. RODRIGUES BASTOS, NOJOS ao Código de Processo Civil, v. II,
p. 26; semelhante, CASTRO MENDES, Direito Processual Cil'il, 78. Exemplo lembrado por SA~TOS SILVEIRA. Quest. subseq. em
v. T, p. 222-3. prac. CÜ!., p. 141.

54 55

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§ 8.° Outros sistemas jurídicos
34. Ordenamentos de "common law" - O direito in- . tiva (permissive counterclaim) Sl. A disciplina, como se
glês é bastante liberal no tratamento da reconvenção vê, fa v"rece enormemente o uso da via reconvencional.
(countcrclaim), ao ângulo que nos interessa aqui. Em Ainda aqui, todavia, cuida-se de evitar inconvenientes
princípio, o réu pode utilizar-se da via reconvencional de ordem prática mediante a autorização, conferida à
para intentar cm face do autor qualquer ação, sejam corte, de julgar separadamente as duas causas (R. 42, b).
quais forem o pedido e o fundamento (Rules of lhe Su- 35. Ordenamontos dos paÍ8es oocUllistns _ O Código
preme Courl, O. 15, r. 2. 1) ". Só em certos casos, nos de Processo Civil da República da Rússia estabelece re-
quais a reconwnção é admissível também em face de quisitos de índole substancial para a admissibilidade da
outra (s) pessoa (8) akm do autor, exige-se que a pre- reconvenção no art. 32. A via reconvencional é utilizá-
tensão do recondnte CO:1\r3 essa(s) outra(s) pessoa(s) vel: a) na hipótese de compensação; b) quando a pro-
se relacione ou sl'ja cone:", com a causa primitiva (O. 15, cedência da reconvenção tenha o efeito de excluir, no
r. 3, 11 -. Como contra,'cso dessa liberalidade, dá-se ao todo ou em parte, o acolhimento do pedido originário;
rccOll\'indo a possibilidaic de requerer ao órgão judicial c) quando haja coneltidade entre a reconwnção e a ação,
que dL'termine a separação das duas ações, para serem e as controvérsias possam ser mais fácil e adequadamen-
julgadas indcpcndcntcn~ç::l:l'. se a matéria da recanven- te resolvidas mediante julgamento conjunto. Os casos
ção é tal que deva ser de preferência apreciada à parte sob a e c são clássicos, convindo apenas registrar que,
(O. 15. r. 5, 2). em relação ao último, aparece na lei uma cláusula res-
1'\os Estados Lnidos, as Federal Rules of Civil Procc- tritiva, obviamente destinada a conter a utilização da via
dure consagram SiStCll13. curioso. Caso a pretensã,o do reconvencional nos limites que sugira a conveniência
réu contra o autor se o:':g:ne do negócio ou do aconte- prática; ela corresponde substancialme!1te às normas
cimento invocado na açio primiti"a, corre ao primeiro, que, noutras legislações, autorizam o juiz a ordenar o
eIll regra, o ónlls de propor a sua ação sob a forma re- processamento separado de uma. e outra causa. Quanto
convencional (R. 13, a): ademais, pode ele utilizar-se da à hipótese sob b, com a qual ainda não nos havíamos
mesma da, sem restrição de ordem substancial, para defrontado nesta pesquisa, é interessame verificar que
intentar qualquer ação que tenha em face do autor (R. corresponde à regra em vigor no direito canônico (Codex
13, b). Distinguem-se ass:rr. uma reconvenção necessária h;ris CalWnici, cãn. 1.690, § 1.0) e à do art. 190, 1.a
(cornplllsory cOllnterc/aim) e uma reconvcnção faculta- parte, do Código de Processo Civil brasileiro de 1939.
Suas peculiaridades serão oportunamente aS3inaladas.
79. Confúrrnc sublinha ODGERS. PrincipIes of plcadillg and practice,
p. 198, a rcconvcnção "m:::.i ,"!t}! re/ale ro or bc ;'1 ali)' way cOl/neel- 81. Vide a respeito JAMES, Civil procedure, p" ~79-80. Esse autor
ed wirh lhe plainliff's c1aim, ar arise oul of rhe same trcl1lSactioll". lembra exemplo sugestivo, que bem ilustra a largueza com que ~e
Cf. LEWIS, Civil and criminal proccdure, pâg. 29. admite a reconvenção no direito federal norte-americano: " .. "in
80. Cf. ODGERS, PrincipIes, p" 201; LEWIS, Civil and crimillal pro- QIl actioll by a wife against her husband on a note, or for iniuri~s
cedure, pág. 30; SCHRbDER, Widcrkiagc gcgen Drittc? ln sustail1cc! iII ali aUlomobile Decidem, lhe "husband could couflter-
Archil' tiir cll;i1istisehe Praxis, v. 164, 1964, p. 526. c!aim for divoree iI lhe court has jurisdiction Ol"er bOlh t)'pcs of
c!aims".
56
57
t
Os outros diplomas processuais dos ~,tíses socialistas 36. Outros OT"enamentos _ Na ::·.:~cia, o Código
não apresentam novidade em confronte ,om o panorama Processual, Cap. 14, Secção 3, diz adC:5sivel a recon-
até aqui descrito. Todos eles subordi,_,;-n a admissibili- venção quando \"erse sobre a mesma r.:stéria ou sobre
dade da recon\"Cnção a algum requisi:: mbstancial, que matéria relacionada com a da ação or:;inária, e ainda
crC'ralrnl'nte COIlsiste na conexào entre:;. ;ausa reconvcn- no caso de compensação. Segue, pois, dice:riz semelhante
"
ciol1al e a originária, ou na compens~ -:.jdade das pre- à de inúmeras outras legislações já pas>,;hs em revista.
tensões reciprocas: assim disciplinam c matéria os Có-
Mais restritivo é o sistema do Códi;0 do Estado do
digos da Hungria (§ 47) e da Polónia 'cc:. 204, § 1.0) ",
Vaticano, cujo art. 230, § 2. 0 , só adm::e reconvenções
enquanto o da Iugoslávia (art. 177), n' ':steira da Juris-
"depelldellti daZ titolo dedotto in giu.ài.:io dall'attore".
dil:tiollsnorm austríaca, ajunta às dl.:", hipóteses a da
A fórmula foi provavelmente mutuada ~0 ordenamento
recon\"pnção com função de declarató,·., incidente. Não
italiano; mas omitiu-se a outra cláusula. :-'21ativa ao nexO
se afasla muito desse padrão o Códig·. h Tcheco-Eslo-
entre a reconvcnção e o "título" já p~"':':;,:::.cente à causa
váquia: o ar!. 97, l.a alínea. autorize:. réu, aparente-
como H1nCZZO di (C'ce::-ione",
ml'nte sem rcstrições, a faze!' valer S(:-..:.~. direitos contra
o autor pela ,"ia reconvencional. mas a 2 c alínea permite No extremo oposto situa-se °
Códiç: ;rego, que ne-
ao órgão judicial determinar o proccsscmento separado nhum requisito c.c cunho substancia: ::emula para a
se não estiverem satisfeitos os preSSUVistos da cumula- admissibilidade do reconvenção, quer ,,_. i 34, quer no
ção de açõcs, entre os quais figura pr;;:~sarnen~e a "co- § 268 (antes da reforma de 1971, S ~~ 3,. atinentes à
nexão de fato" (art. 112, la alínea); e, art. 98 contem- matéria. Por oca>iào da elaboração de, -;;;ente diploma,
pla em separado o caso da compensaçã e, acompanhada de sugeriu-se a introdação da exigência d2 ,,::!exidade, mas
a maioria dos membros da Comiss3: :'cjeilou o al-
cabranca- , IlClo réu , do excesso de seu e~dilo sobre o do vitre M.
autor . O Código romeno (art. 119) também alude à
~.

conexidade com a ação primitiva, admitindo por outro Interessante o tratamento dado ao :2=" pelo direito
lado a reeonvenção vinculada aos meirJ' de defesa, sem canomco. Noutros tempos, mostroU->2 2ste extrema-
fazer referência especifica à hipótese de compensação; mente liberal quanto à admissibilidade é_, ceconvenção Só.
esclarece a doutrina que a conexão ("legatura") entre Hoje, no entanto. o cãn. 1.690, § l.o. OJ Godex luris
as duas ações deve ser apreciada à luz da finalidade da Canonici, já citado. fixa limites à recGi:"-":"-:'io, na medida
reconvcnção, não sendo indispensável que elas "se od- em que a define CC':::D "acho qWtlf/. relLS c::- ~_: .": rodem iudice
ginem da mesma causa, do mesmo contrato" q, in eodem iudicio iilstituit, ad submov€>l.i 11'1 veZ minuen-

82. O autor dl'st.: livro consigna a4ui ~.::u agradecimento aos Profcssü- 84. lnformação prcs:;:.d3. pelo Profl"ssor-Assis!cr_:-; "\"IKOLAOS KLA-
réS LÁSZLó :-;ÉVAI, d, Budop,,:c. c WITOLD BRONIEWICZ, MAR IS. de At..::-::.,. [\ quem o autor dcst.; ::-::.;;:üho se confessa
de Lódz, a0S quais deve as inform3çõcs sobre o direito húngaro grato.
c sobre o p01ün~s. respectivameme. 85. Vide ao propósi!~--, DESJARDII\'S, De la com,"' õ' ces demo rcconv.,
83. PORUMB, Codul de procedura civila comenta! si mlnotat, v. I, p. 219 e 5.; DI~I, La dom. ricom'. ncl dir. ;'-'_'c. civ., p. 14-15;
p. 273-4. AMARAL SAl\'TOS. Da recom-. 1/0 dir. brG.s .. p. 71 c !>,

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dam eius petitionem". A reconvenção apenas será admis- Capítulo 2


sível, pois, se, na eventualidade de procedência, for --~----------------
capaz de excluir o acolhimento do pedido do autor, ou TENTATIVA
ao menos de levar o órgão judicial a acolhê-lo em menor
extcns~o que a desejada. Tal disciplina parece estru- DE SISTEMATIZAÇAO
turada sob a influência da idéia de um vínculo necessá-
rio entre rcconvcnção e compensação ". De qualquer
modo, a fórmula distancia-se das outras até agora exa-
minadas peJa sua feição fillolistica: em vez de referir-se,
éomo em regra sucede, à origem da reconvenção, prefere
ll'va r cm conta o possível resllUado do seu julgamento.
Ao ;,;,'\,'ma do direito canô:ücO atual filiava-se, no parti- § 9.° Esquema de classificação
cubr, o antigo Código de Processo Civil pátrio, sobre 37. Se guisermos ordenar os dadüs l~:12 111inistra '1
cujo art. 190 - onde Se reconhecia, aproximadamente, exame dos principais ordenamento3 jüri,f.,>Y3, ao ân 6 ulo
a d:''''llb do cân. 1.690, la alinea - teremos ocasião relevante para a nossa pesquisa, podemos ài~tribuir esses
de fazer algumas observações, no capitulo dedicado ao ordenamentos em três grupos:
direito brasileiro (i11fra, ~ 12). a) ordenamentos que excluem de ll:c'cio expresso a
necessidade de sat,isfazer-se qualquer r~',,->:~i~o substan-
cial, pertinente à relação entre causa l'c-.,.:"::n·l'llt:ional e
causa originária, para tornar admissíL":"~ ~: L'''':OllycllÇão.
Aqui se inserem o direito venezuelanJ, o ::~;:e3J o llorte-
americano federal (no que concerne 8. ~"c: ': ~lJ.VCIIÇão fa-
cultativa) ;
b) ordenamentos que não exigem e::1 :erm03 expres-
sos a satisfação de requisito substa::c:cé. S2SiC caso
estão o direito espanhol e a maior pa:':2 :i03 si3~cmas
hispano-americanos, o belga, o grego, o ,~:J cantão d2
Zurique. No mesmo grupo ficará sitU[d~ ~ Z?O da Ale-
manha Ocidental, a adotar-se a interp:'e:éçã.o do § 33
que. vem predominando na doutrina;
c) ordenamentos que expressamente c"gcm algum
requisito substancial, e constituem a imens~~ maioria dos
acima examinados: o francês e vários doo que lhe so-
86. MORENO HERNA!\'DEZ, Derecho Proccsal Canónico, p. 175;
freram a influência, o guatemalteco, o italiano (segundo
AMARAL SANTOS, Da reconv. no dir. bras., p. 173-4.

61
60
,

a orientação prcvalecellh' em sede doutrinária), o austría- Ess~ díferença entre os efeitos que 5" atribuem à exis-
co, diversos dentre os suíç03, o porluguês, o norte-ame- tên~Ja do vínculo, na verdade, a padr de agora deixa
ricano federal (quanto à reconvenção neccssária), os de I~teressar-nos, por irrelevante, en: boa medída, para
dos países socialistas. " "Ieco. 0 do Estado do Vaticano, o~ f.ms da p:e~ente pesquisa. É fora de dúvida que, no

o canónico, Codlgo brasileiro, a relação entre as duas causas , tal


como a. descr~ve o art. 315, caput, e0nstitui pressuposto
Vê-se que prepondl'ra l'"m bastante nitidez a tendência
de admlsslbllidadc da reconvenção. O que essencialmen-
a subordinar a admissib'lidadc da reconvenção a requi-
te importa, contudo, é precisar em 'l"e consiste o liame;
sito(s) de ordem Sllbsta::,·ial. Essa afirmação encontra )
ora, nessa perspectiva, são tão apro,dtáveis os elemen-
base tanto mais sólida (j"danto é certo que, mesmo em tos colhidos em sistemas jurídicos c,ae, como o nosso.
países ondl~ a lei nüo 3. consagra C.l'jil',:ssis vcrbis, a exijam o nexo para tornar utilizá\-,,:. taut caurt a via
exigência tl'nd(~ a ser 1, :',:.1, com rnaior ou menor rigor, . '
reconvenelonal. quanto os colhidos e::: sistemas jurídicos
pda doutrina c 1l('l:J. ~·.;:·:.:31)nldell('ia: ~!.;sim, por exem- que, diversamente, só o exijam par;; torná-la utilizável
plo, conforme oportU!l~"!.!~:·, :lt,-' ;-;(' ;1 ~::;illalo11. na Colômbia, quando não ocorram circunstância:: ,-"'utras capazes de
no Peru c, com rcla~i~' ::'~~) pl'ol'l'dinwr:.to ordinário, na po;- si mes~as, fazer competente P':-2 a reconvenção ~
Argentina. Isso signifi,::1. C),lll' algulls dos ordenamentos JUIZO da açao originária. Cá e lá, eo,::ta-se de um requi-
arrolados como pcrt 121:.:'.:: >.'::; ao sl.~gtlndo grupo, à vista sito cuja significação pode ser exa:::inada independen-
do mero teor literal do.:: :vxlos. talv('z achem colocação temente de tal diversídade.
mais própria no tf'r('l':~\-', ::;l~ kvarmos cm conta a ma- Por outro lado, para não complica:- iesnecessariamente
neira pela qual são 01':0 c::',Qldidoo c aplicados. 1;. tanto o esquema, yamos deixar de lado um ::ê3 tipos de caracte-
acresce ainda a circu:::3:~~::cia de C}ue, quando não seja rização do vínculo com que nos defr2::tamos no capítulo
reclamada gcneriCanlC)!1:"::' para íazcr admissível a recon- anterior, quando aludimos ao direit0 -:anônico (item nO
venção, a existência dl~ vinculo (:ntro ela e a ação pri- 36) e, antes disso, a urna das fórmu::;3 empregadas pelo
mitiva pode tornar-sC' i::i:sPCllSá\·C'1 ao menos para abrir Código russo (item n. o 35). Trata-3e da definição do
ao réu a "ia rccol1vC'!:c:C'!:'3.1 nas hipóteses de faltar ao nexo em termos da eventual influe::2ia do julgamento
juízo da ação, em l'ri::ci~-,io, competência para apreciar da reconvenção sobre o julgamento á;; ação: aquela seria
igualmente a rccon\'Cncdc: é o caso. da ZPO de 1877, de admissível desde que, no caso de ,.'cocedência, pudesse
acordo com a opinião r.:o is difundida. obstar, no todo ou em parte, ao acc,:::imento do pedido
do autor. Semelhante critério, a ql.:2 chamamos finalis-
38. Concentremos agora nossa atenção no modo como tico, era o adotado no diploma pát:-:o de 1939; despre-
se vê caracterizado o nexo entre a reconvenção e a ação, zou-o, porém, o atual estatuto. A aLá:ise dos textos que I
feíta abstração do alcance variável que se lhe reconhece, o consagram seria de pouca ou nenhuma valía para a i,
ora para fundar a admis3ibilidadc da primeira, ora sim- interpretação do dispositivo em vigor entre nós.
plesmente para justificar a prorrogação da competência
39.Feitas essas observações, de3de logo ressalta a
do órgão perante o qual corre a segunda, habilitando-o
possibílídade de distinguir dois tipos básicos entre os
a processar e julgar também a causa reconvencional.

63
62
critérios empregados para caracterizar a rclaç5.o entre rios cantões, Suécia, alguDs países ~'Çialistas) .. Mas
a causa recollveI1cional c a primitiva: aparecem também especificações relaL..-J..S a benfeitorias
a) no primeiro tipo, a caracterização vê-se p03ta uni- e a despesas feitas com a coisa recla:::ada (Portugal).
camente cm termos de nexo entre a rt'Col1vcnção c a E não será fora de propósito meneio!::;: neste contexto
ação 0I i~inál'ia, o qual pode rl'ferir-sc a um ou a maIS o caso da reconvenção tendente à r"ps..-~ção dos prejuí-
de um dL)3 ('!emcIllos desta. Assim, o Código do Estado zos causados ao réu pela propositura .:ia ação (CÓdigo
do Vatkano alude de modo exclusivo ao título, enquanto da Tunísia, na "steira da antiga jur:,,-prudência fran-
() da Gmtemala admite indifl'rentemente a conexão pelo cesa) .
título l'U pelo objeto;
Merece exame à parte a hipótese Cc pleitear-se pela
b) I:\., scgunJo tipo, abrr-5t' uma alle1'll1.UvJ., cntcn- via reconvencional a declaração de re:.J.ção jurídica de
dcndo-s(' configurado o pn~SSllp03to 0/( pnr vÍn:.:alo entre cuja existência ou inexistênc;a depenà~ o julgamento do
8. l'C'cO!:\',-·nção c a w.;ão, ou 110:' vínculo l'llL l'L' ~l i'l:i.:_Ll\','Il'
pedido do autor (reconvençáo com fu~_:jo de declarató-
Ç:lO c 3. dt'fc.'w Ull réu.
ria incidente). Ela se depar" no § 256. ~.a alínea {antes,
ESSl' s<"gundo tipo, que é de lll:lgC o mais cllcontradiço, § 280), da ZPO tedesca, no S 96 da ;"r;sdiktionsnorm
compor: ~l subdivisões: austríaca, no ar!. 177 do Código iugos!: 7J. Uma vez que
b.I) em alguns ordcnarncn:03, o liame aparece enun- as duas relações jurídicas - a dedu~'':.J. pelo autor-re-
ciado SC-r!l ulteriores espccific1~Õ':3. Assim, a ZPO da convindo e a deduzida pelo ,·éu-reCOlH"'c.:e - se excluem
Alemanha Ocidental (§ 33) limita-se a [alar Ul' "21(- reciprocamente, em princípio concebe-se ~:.:e este se cinja
slOnrn( nh:lilg", e a lei romena de "lcgatura", sem euiJa-
a alegar a matéria apenas para tentcc 2vitar o acolhi-
l\.'nl de precisar ou restringir ~3.is conceitos; mento do pedido. Destarte. ao nosso ycc. o caso suporta
b.2) outros sistemas jurídicos prcferl'm fórmulas enquadramento no tipo b.2 acima dese:·' :c. e mais preci-
mais €3pecíficas, com indicações sobre a natureza do vín- samente no subtipo em que a especiL2c:.io do liame se
culo. Tais indicações podem dizer respeito ao nexO entre reporta ao confronto entre a reconve":~J e a defesa.
a reconvcnção e a ação, como no direito italiano (dcpcn-'
dência quanto ao título), ou - com maior freqüência
- ao nexo entre a reconvenção e a defesa. Com referên-
cia a e.s~0 último, costumam s:lr~ir nos texto3 determi- § 10. Conclusões de ordem sistemática
nações mais rigorosas. Difundidíssima é a tendência d 40. A análise dos dados resultantes .:: pesquisa com-
limitar-lhe o âmbito a uma única hipótese: a de compen- paratística permite-nos enunciar algun:~~ conclusões de
sabilidade entre os créditos cobrados reciprocamente pelo ordem sistemática. A primeira é a de ,!ue largamente
autor-reconvindo e pelo réu-reconvinte, desde que, é prevalece, no direito contemporâneo, a diretriz consis-
óbvio, pretenda o segundo obter a condenação do prí- tente em subordinar a admissibilidade da reconvenção
meíro quando menos ao pagamento do excesso a seu à existência de requisito substancial, a:'é.ente à relação
favor (exemplos: França, direito suíço federal e de vá- entre a causa reconvencional e a primi:iva. Em geral,

84 65
essp vInculo pode configurar-se entre a reconvenção e que os textos se apresentam mais ngorosos a respeito
a ação ou entre a reconvenç50 e a defesa. deste. último caso, a doutrina, às vezes. para contornar o
No que tange ao primeiro tipo de liame, os textos pm obstáculo e admitir a reconvenção, simplesmente desloca
regra se abstem de descl'r a especificações. As fórmulas a hipótese versada de um para outro campo: procura
adotadas são quase sempre elásticas, denotando o -pro- lastro para a afirmação da admissibilidade em liame
pósito de não cercear rm {"'xccsso o uso da rcconvcnção. entre a causa reconvencional e a própria ação primitiva.
Ainda quando se empregam termos como "conexão" ou Descabe aqui descer ao exame pormenorizado dos casos
outros que lhe correspondem, não se acorrenta o res- em que se tem recorrido, com proprie<hde mais ou menos
pectivo entendimento a definições legais vinculativas. discutivel, a tal expediente hermenêutico. Só nos interes-
Tudo indica subjazer a idéia de que é preferivel deixar sa pôr a nu a razão por que a ele se re-rorre: não pode ser
ao órgão judicial boa margem de libQl'dadc na aprecia- outra senão a necessidade. que se sente. de evitar os incon-
ção delS casos concretos. Havení. pelo menos uma faixa venientes práticos de uma disciplina ;-0r demais estreita.
"cillZl'ntu", L'm relação à qual a letra da lei nem exclui
41. Para dar um fecho a estas é,)nsiderações, --dire-
de modo categórico a admissibilidad('~ llt)m a rcconhec~ mos que se afigura possh-el. através ,,~ grande variedade
com absoluta explicitudc. Percebe-se que os ordenamen- de fórmulas, vislumbrar um ponto "" convergência, ao
tos querem confiar ao juiz, em casos tais. a tarefa de pro- menos relativa, dos sistemas examiE,Jos. Principalmen-
ceder à valoração dos intcreS3Cs cm jogo, para admitir
te se levarmos em conta menos o te2~ literal dos dispo-
ou não admitir a rcconvcnção, conforme lhe sugira uma
sitivos do que o sentido emergente ds :dtura doutrinária
ou outra atitude o resultado desse confronto valorativo,
no qual assumirá naturalmente particular relevo a, con- e jurisprudencial. não será arriscad,' concluir que, em
sideração dos fins do processo c da maior ou menor me- certa medida, é mais aparente do <r"~ real a distância
dida em que com eles se harmonize a abertura da via que separa, no particular. os vários c:-ienamentos. Com
recoll\·encional. efeito, diante dos textos que soam Iélis restritivos, fa-
Quanto ao segundo tipo de nexo - configurável entre zem-se esforços para ampliar, por \':' hermenêutica, o
a reconvenção e a defesa - , a orientação dominante âmbito de admissibilidade da recoll\'i':.ção; em face dos
parece mais restritiva. Conforme se assinalou, não é que parecem mais líberais. não raro Sé intenta, pela mes-
raro que se vejam especificadas na lei as hipóteses taxa- ma via, consagrar tais ou quais lim::"ções ao exercício
tivas - com manifesto rcalce para a da compcnsação dela.
- em que semelhante vinculo se reputa suficiente para Mesmo a extrema liberalidade do d:reito inglês, v.g. -
autorizar o réu a reconvir. Não convém, todavia, exage- onde em princípio se afastam quaisquer condicionamen-
rar a significação desse traço. Já se observou que não tos de ordem substancial à possibilidade de reconvir -,
é fácil (nem útil) traçar linha divisória nitida entre o vê-se notavelmente contrabalançada. como no devido
campo da reconvenção admissivel com base em relação tempo observamos, pelo poder, atrib',údo ao tribunal, de
com a ação originária e o campo da reconvenção admissi- determinar, a requerimento do recon,indo, a separação
vel com base em r~lação com a defesa. Nos países em das ações. Igual poder, exercitável até de ofício, confe-

66 67

\ -
... _, "

rem ao juiz várias outras legislações; e o confronto entre imperfeitas, da imagem ideal qué a;::de principio su-
os textos revela sensível afini,lade de idéias, na m~dida
gere; O trabalho interpretativo que s"ore elas realizam
em que faz ressaltar a I'rcocul':\,ão, COlllum aos diferen-
doutrina e jurisprudência é a tentatin, mais ou menos
tes legisladores, de evitar lldungas c t.l'ullslorn03 exces-
sivos, }.'oI'vcntul'a acarretado~ pelo processamento con- eficaz, de fazer coincidir, tanto quanto possível, as pro-
junto. ··Si la d, maude 1·CWI/Hl/liuulld/e cst de nature à jeções c a imagem. ~ão admira que as primeiras acabem,
faire subir UII traI' long rctard aI! jllge'lltcllt de la denwII- na prática, por assemelhar-se, ao meno> parcialmente, en-
de l'rill(ipalc, lcs dellx dental/des sunt jugécs séparémcnt·' tre si.
(Codc J",/iciairc belga, art. 810); "1'hc court, iII fll1·the-
ruuce nj COH~cHj(HCC or to aroid prejudicc, or whcn se-
paralc I riais will ue eOllduch,,, to c.1:l'cdilion Illld ecollo-
lIIY, uw;; order a Sf'J!a.r(llc irial af (lIIy dnim, cro8s-dai11l,
Cowltcr( :"LÍIiL, 01' iJúrd-ZH1rill d r /17m, 01' uI (lIIY ::iCJJ(Ji'(lfr
i.,,· . .nu' UI' uf (lHY iI1l11/,U("/ Df clf/:iil "i, ('J'()S,<;-c!UiIllS, coulllcr-
claims, thinl-party claims, or i,Ç;S/lCS, (f!ways jJI'c8crving
illvio/allrl the riyht of trial IJy j"ri a8 dcdarcd b.1l lhe Sc-
l'('J/{h A.iiilUdlilCllt to thr COi1.','t:flllio!t o)' as givcn by
a slal"le of lhe Uni/cd Sla/rs'· (F('(!cral Rulcs of Civil
Proccd"rc, R. 42, b); "Das Geri,'hl ]011111 dic Wirlcrlclagc
ab/renn c ", wcn" dadureh das rafah"cl! gef6rdcrl wird"
(ZPO do Cantão de Zurique, ~ 60, 3. u alínea): esses três
exemplos. colhidos crr; leis ele origem c feição superla-
tivamente diversas, e aos quais outros se poderiam
acrescentar, ilustram cm termo.3 sugestivos o que aca-
bamos de expor.
Descobre-se, CUl suma, um princípio inspirador comum.
A abertura da via rccol1vcl1cional tem óbvias vantagens
e não menos óbvios incol1vcnicntc.3; até cer~o ponto serve,
a partir dele desscrvc às necessidades práticas do pro-
cesso, e em particular às exigências de simplicidade, ra-
pidez e economia que cumpre ter sempre em vista na
regulamentação da .atividade jurisdicional. Procuram os
ordenamentos o ponto de equilíbrio, que reserve à recon-
venção nada mais, nada menos que a sua área útil. As
cambiantes fórmulas !egislativas são projeções, decerto

68 J 69
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Parte
- - - - -II
o problelna no direito
brasileiro

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11
Capítulo 1
1
--------------------
DffiElTO ANTERIOR

§ 11. Até o Código de Processo Ci>il de 1939


42. Fiéis à orientação traçada opo'-:'lnamente (Intro-
dução, n.O 6), nem sequer tentaremo>. neste passo, re-
capitular de modo exausti\·o a evo:'c:ão - histórica do
direito brasileiro em matéria de recc::venção '. Extra-
vasando do plano desta obra o estudo completo do insti-
tuto, nos seus vários aspectos, cabe :.:.:nitar as nossas
preocupações à pesquisa de elemento> :elacionados com
o lÍnico tópico que nos interessa: o d~ exigência de re-
quisito substancial (no sentido aci= definido) para
tornar admissível a utilização daquel~ via pelo réu.
Em tal perspectiva, não vale a peI" determo-nos <no
exame da legislação e da doutrina pré-~e~:.!blicanas. Quer
nas Ordenações Filipinas, quer na Disõ"csição provisória
acerca da administração da Justiça C:-;-:;, anexa ao Có-
digo do Processo Criminal de 1832, sejs no Regulamento
n. o 737, de 1850, seja na Consolidaçã: das disposições
legislativas e regulamentares concerne::tes ao processo
civil, de 1876, seja noutros diplomas me:1OS importantes,
seria vão procurar subsídios úteis. A li:eratura da época
eram também alheias cogitações relath'as ao nosso tema.

1. o leitor interessado consultam com pron';:::- a monografia de


AMARAL SANTOS, Da reconv. no dir. br~,~ p. 99 e 5., 170 e s.
Brevíssima notícia em BARBOSA MOREIR-\. Reconv., in DiT.
Proc. Civ. (Ens. e parec.J. p. 1134.
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Ninguém pensava em restringir o fl.mbito de cabimento por nós denominado firw.lístico (cf. """ora, os ns. 36 e
da reconvenção segundo critério baseado no confronto 38): o Jiame exigível entre as duas ca:;.,~ não era enun-
entre a lide que nela se pretendesse deduzir e a lide já ciado em termos concernentes à orig= da reeonvenção,
deduzida na ação originária. mas ao resultado prático alvejado, ou "'-ais precisamente
43. Mesmo após a República, demorou relativamente à potencial influência do julgamento dela sobre o da
ação.
a pôr-se a questão entre nós. Enquanto os juristas de
diversos países discutiam há muito o problema, o Brasil .44. Com efeito: ao tempo da duali.i3.de de competên-
prcci50u esperar o tournant de siecle para ver surgir cias - federal e estadual - para 1~5l:J.r sobre proces-
aquela que parece ter sido, neste contexto, a primeira so, alguns Estados inseriram em seu, Códigos disposi-
rcfl'rencia à conexão. Referência, aliás, ligeiríssima e tivos ao menos em parte finalisticar::õ::te concebidos a
nada l'5clareccdora: o autor, dos mais prestigiosos em respeito da admissibilidade da recon\"::25.0. Para obser-
seu t.:'mpo c até depois, afirmava não serem causas co- varmos a ordem cronológica, mellci':-:'.2.remos de início
ncxa~ a ação c a rcconvenção, "porque devem sempre o do Rio Grande do Sul, de 1908, ar: 305: "Não tem
ser julgadas por uma só sentença, cm contrário do que iugar a reconvenção: ( ... ) c) nos ca".:, em que não tem
sucede com as conexas, que muitas vezes o podem ser lugar a compensação, ou a rcconvençê: "ão tem por fim
por sentenças sucessivas" '. O lanço reflete claramente ilidir ou restringir o pedido da ação V,",··ipal". O Código
a pobreza das idéias que naqurle período se punham em da Organização Judiciária e do Procõ~';0 Penal, Civil e
circulação na matéria. Comercial do Estado do Rio de Jane:~:. de 1912, dispu-
Foi possivelmcnte na jurisprudência que mais ,cedo nha no art. 1.276: "O réu pode peci:~ 2m rcconvenção
se insinuou o pensamento da necessidade de certa ligação ao autor o cumprimento de qualquer : 'o:'igação para o
entre a causa reconvencional e a primitiva. Acôrdão do efeito de ilidir ou Teslringir o pedido '.0.' "ção principal".
Tribunal de São Paulo, de 1896, assim decidia: "Não Na mesma esteira seguiu o Côdigo mi=õ:co, de 1922, ar!.
há reconvenção, quando o réu ao invés de elidir o pedido 209: "O réu pode pedir ao autor, e= reconvenção, o
da ação, em parte ou em todo, pede cousa muito diversa, cumprimento de qualquer obrigação . .':Ta o efeito de
deixando de se firmar em direito existente" ". A fórmula ilidir ou restringir o pedido da ação .'- "cipal" (note-se
ai empregada, interessante registrar, preludiava os textos a identidade das fórmulas). Ainda o2 o jiente à diretriz
de leis que viriam a adotar o critério de caracterização finalística o Código do antigo Distritc- c2deral, de 1924,
art. 175: "Podem ser propostas em rõ:onvenção as de-
., JO.-\.O MONTEIRO, Teoria do processo civil e comercial, p. 840, mandas que têm por fim excluir, ou ",:lificar, o pedido
nota 2 (a 1." edição do livro é de 1899·1901). Curiosamente parece do autor".
o escritor atribuir à Ord~nação do L. III, Tit. XXXIII, o considerar
É manifesta a afinidade entre o pe::õamento refletido
"causas conexas" a ação c a reconvcnção; disso, porém, não se
yislumbra no texto filipino o mais leve traço. nesses textos e o que se espelha no cã::o 1.690, § 1.0, do
3. Citado por BENTO DE FARIA, Código Comercial Brasileiro ano-
vigente Codex [uris Canonici. Não se pode entretanto
tado, V. II, p. 72. . atribuir à influência desse diploma, que d~t& de 1917:

74 75
a opção de Código! estaduais brasileiros, .alguns do! rcconvenção tendente à compensação', não parece muito
quais mais antigos. ~ provável que o legislador c~nôn~­ exata, d,,o ponto de vista lógico, a inferência tirada; nos
I
co, e bem a.ssim os no.ssos, hajam todos buscado InSPI- casos cm que o réu pretende compensar créditos e obter
ração em fonte comum; e é possível que a tenham en- a condenação do autor ao pagamento da eventual dife-
contrado, segundo se inculca', na doutrina (ou talvez rença, a conexão que pode configurar-se existirá entre
mais exatamente na jurisprudência) francesa, que aludia a reconvenção e a defesa, não propriamente entre a re-
à hipótese de reconvenção tendente à compensação. Esse convenção e a ação; trata-se até de exemplo clássico
é, na verdade. o mais óbvio de todos os casos em que daquele tipo de liame, conforme oportunamente se assi-
a cwntual procedência do pedido reconvencional se mos- nalou. Mal se compreende, assim, o nexo que se preten-
tra c3.paz de ··ilidir ou restringir", "excluir ou modificar", deu estabelecer, ao dizer-se que a necessidade da cone-
não propriamente "o pedido" do autor, mas o respectivo xão de causas como pressuposto da re.."Onvenção "resul-
acolhimento )lelo juiz. ta" (sic) de ter esta a finalidade de "e:iminar ou ilidir"
o pedido do autor. Uma coisa não derin necessariamen-
n. A referência à cOIIC.l'ão como requisito de admis- te da outra.
sibilidade da demanda reconvencional aparece pela pri-
meira vcz em São Paulo, já na terceira década deste Tampouco fica bem clara a vinculação entre o escopo
scculo. Revchva o escrito!', sem dúvida, certo apego à con- atribuído à ação reconvencional e a exigência de fun-
cepção finalistica, tanto que atribuía à rcconvenção o dar-se a contrapretensão do réu "ou ::0 mesmo título
escopo de "eliminar ou ilidir, no todo ou cm parle, a em que se funda a pretensão do autor, ou em um título
ação principal"; mas clixergava justamente nisso fun- intimamente relacionado com aquele". A fórmula aí
damento para enunciar "O princípio assente na doutrina usada suscita ecos do direito italiano, e e muito provável
moderna" de que "a ação reconvcncional tem comO pres- que o escritor houvesse recebido a infl::é:::da deste, como
suposto a concxãó de causas", acrescentando qu: "só indicam as citações de jurisprudência e doutrina feitas
pode dar-se reconvenção, quando a contrapretensao do em notas'. Não se afigura exato, no e:::tanto, que para
réu for fundada ou no mesmo título em que se funda
"eliminar ou ilidir" o pedido originário precise o do re-
a pretensão cio autor, ou em título intimamente relacio-
convinte buscar apoio no mesmo titU:o. ou em título
nado com aquele" '. "intimamente relacionado". O crédito ':eduzido em re-
:t\ão é temerário apontar nesse trecho uma como ten- convenção, se existente, poderá "elimi.:::ar ou ilidir" a
tativa de conciliação entre várias idéias em voga na pretensão do autor, embora haja nascido de fato intei-
época. Se o propósito de "eliminar ou ilidir, no todo ou ramente diverso daquele que se invocou na ação primi-
em parte, a ação principal" sugere antes de mais nada tiva.

4. AMARAL SANTOS, Da recon". no dir. bras., p. 101-2. 6. Não obstante se esforçasse o jurista por dis:iz.guir reconvenção e
compensação: vide ob. cit., p. 475 e s.
5. AURELIANO DE GUSMÃO, Processo civil e comercial, v. I, p.
474. 7. Id .• ibid" p. 488-9.

77
76
,
A doutrina referida parece representar um compromis-. existência de particular liame entre as Causas '. Desses
50 entre concepções diversas, talvez não perfeitamente texto~, por conseguinte, não era licito inferir que a admis-
assimiladas. Reveste algum interesse na medida em que sibilidade da reconvenção ficasse sempre condicionada à
introduz, na literatura pátria, o parâmetro da conexão, ocorrência do mencionado nexo.
até então negligenciado como elemento relevante para
Restaria a hipótese de "concorrência", conceito de que
o controle da admissibilidade da reconvenção. Não se
se valia o estatuto paulista no art. 256 sem alhures defi-
pode dizer que a noção fique desenhada em nítido con-
ni-lo, ou pelo menos fornecer elementos bastantes para
torno; mas também não está demonstrado - teremos
caracterizá-lo. Propôs-se interpretar a cláusula como se
ocasião de voltar ao ponto - que a rigidez conceptual, remetesse aos casos de litisconsórcio ". Outra, porém,
no particular. seja antes uma. vantagem que um incon-
era a noção correntia na doutrina da época: falava-se
\'C'nientc.
de concorrência de ações como de um gênero do qual
46. Kcstc passo cabe aludir ao Código de Processo seriam espécies o concurso e a cumulação ", entendido o
Clyil c Comercial de São Paulo, de 1930, que teria so- I?rimeiro como o fenômeno ocorrente "quando uma pes-
frido. na matéria de que estamos tratando, a influência soa dispõe de mais de uma ação para o mesmo ou diver-
d03 clisinamentos acima recordados '. Não falava aquele so fim, mas não pode intentá-Ias conj:mtamente, porque
diploma, todavia, em c01!cJ.:ão, nem usava fórmula equi- uma exclui, total ou parcialmente, as outras, de maneira
valente. O art. 256 limitava-se a estatuir que não seria que a utilização de uma importa, em regra, na renúncia
admissível a reconvenção quando não ·0 fosse "a cumu- ou eliminação das demais" "; exemplo típico seria o das
lação ou a concorrência de açõcs". Ora, quanto à cumu-
lação. rezava o art. 20 que ela teria lugar quando as açõcs 9. Referia-se literalmente o art. 211 à cumulaç1: de pedidos, mas est3.,
fossem "ligadas de tal modo", quc o julgamento de uma ao menos cm regra, importa cumulação de .:;_;~'es, já que o pclifUlll
é elemento de individualização da ação e. ~,-1rtanto, ressalvado ('I
importasse o de outra; a sugestão que de imediato se caso de acessoriedade (ex.: pedido de cond~=J;ão ao pagamento d.:
tira é a de um nexo de prcjudicialidade entre as causas. custas), a cada petitum corresponde uma 2!--;10 (cf., infra, o item
~Ias não parece que aí se exaurisse o ãmbito da cumula- n." 71). Daí a crítica, talvez exagerada, d.: AMARAL SAl',rrOS.
ção: o citado dispositivo, inserto na parte do Código rela- Da rcconv. no dir, bras., p. 172, nota 113, i r.:dação do dispositi\-(l
cm foco. Convém advertir que, neste c r,c:..::rus trechos, falamos
ti"a à competência, visa"a prccipuamente a permitir ,!ue,
cm "elementos da ação" em obséquio ao G-=- e à própria lingm..
na hipótese figurada, o autor optasse pelo foro em prin- gem da lei (arts. 103, 104, 301, § 2.°), sem -,;=t>::l.fgo da crítica d0;';-
cípio competente para q"alq"cr das ações a cumular. trinária à expressão (vide, por exemplo, em ::2ssa recente literaturd,
Regulava, destarte, um caso de prorrogação de compe- HÉLIO TORNAGHI, Comentários ao Cód:;o de Processo eh'i!,
tência. Quando, porém, o mesmo órgão já fosse compe- v. 1., p. 343-4).
tente para conhecer das duas ou mais ações, a questão 10. AMARAL SANTOS, Da reco/lv. no dir. bras., p. 172, nota 11-t
não se punha em iguais termos: de acordo com o art. II. JOÃO MONTEIRO, Teoria do proe. civ. e com., p. 102; AGRE·
211, a cumulação era admissível independentemente da LlANO DE GUSMÃO, Proe. ciy. e com., p. 329.
12. AURELIANO DE GUSMÃO, Proc. civ. e com .. p. 329; cf. JOÃO
8. AMARAL SANTOS, Da recom'. no dir, bras" p. 103, 171. MONlELRO. Teoria do proe. eiY. e com., p. 102.

78 79
aeões redibitória e qll"nti mlnoris, na hipótese de vicio 224, critério de admissibilidade basead" na conexão, jUll-
o~ulto. Nesses termos, nenhum sub3ídio útil se descobri- tapun~a-lhe outro, heterogêneo, no art. ~26, verbis: "Po-
ria aí para o esclarecimento da questão concernente à derão ser propostas em reeonvenção as demandas que
admissibilidade da reconvenção. A aceitar-se a sugerida visem excluir ou modificar o pedido do autor". Rendia-se
corrdação entre o art. 256 e 03 dispositiv03 atinentes ao tributo, aí, à concepção que designamos como jinalística,
litiscc)nsórcio (arts. 5~ e 55) ", é possível vislumbrar, na voltada não para a origem da reconvenção, mas para o
ma:cria, talou qual rl'k\'ància da conexão; mas ter-se-á resultado prático alvejado pelo réu-re.:onvinte. A fór-
d·.' atribuir à palavra acc'pção mais elástica do que a fun- mula reproduzia quase ipsis verbís a do art. 175 do Códi-
daeb na 'idCllfi<ladc 'do objeto ou da causa petendi. De go do antigo Distrito Federal; a idéia, porém, conform~
qU:,:,;llcr modo, não parece que o diploma de 1930 haja se viu (supra, n. o 44), era comum a ruias legislações
l'~~-l'.;3.~lJO doutrina clara t? precisa acerca das relações en-
estaduais e afim à do Codex [UNS Ca~onici. Ela viria
lrl' :~ concxCw c a possibilidade de rcconvir.
a prevalecer no Código de 1939, que i::~orporou no art.
,-
". o Antcprojclo de Código dc Processo Civil na- 190 idéia e fórmula do art. 226 do Ar.:eprojeto, despre-
c:0::11, de 1939, pretendia, esse sim, consagrar em ter- zando, por outro lado, o que no art. ::24 deste se con-
mos explícitos a necessidade da conexão para tornar tinha.
admissível a demanda reconvcncional. Assim é que
preceituava no art. 224: "O réu poderá reconvir ao autor,
forr..}ülando o seu pedido na própria contestação, sempre § 12. O Código de Processo Civil de 1939
c:.uc tiver alguma ação conc:ca c compatível com '.a do
r':CC:l vindo". O que não se deparava no Anteprojeto - 48. Rezava o art. 190, La parte, éJ antigo estatuto
e o próprio Código abster-se-ia de adotá-la - é uma processual civil nacional: "O réu pc.lerá reconvir ao
definição de conexão. autor quando tiver ação que vise me-':'ficar ou excluir
o pedido". A propósito desse dispositi,o, o que mais nos
Poc outro lado, não se mostrava na verdade unívoca "
interessa aqui é verificar se e em q".l€ medida foi ele
pC3~~ào doutdnária do Antcprojcto, no ponto de que
entendido e aplicado mediante recurso à noção de cone-
es:amos tratando. Com efeito: tendo consagrado, no art.
xão. Não aparecia a palavra no texto: nem se indicava
o pressuposto substancial de cabimer::o em termos que
1:. "ArL 5.+. o autor rh)j,,'f:J. d..:maí1dar conjuntamente diversos ré'l~
\: 0 réu sef d..::mandJd,) por di\'..:rsos autores conjuntamente: facilitassem a aproximação com qualquer das espécies
I - Quando houwr c0munhão de interesse com relação ao objcto tradicionais de conexidade entre ações, no sentido mais
da lide; rigoroso da expressão, seja pelo fundamento, seja pelo
II - Quando as pretensões ou obrigações tiverem de fato ames· objeto. Os contornos estreitos do art. 190, La parte,
m.a origem c de direito o mesmo fundamento.
viram-se notoriamente ultrapassados na doutrina e na
Art. 55. Dá~sc o litiscons6rcio necessário sempre que a eficácia
da sentença depender da intervenção de todos os co·intercssados. jurisprudência: basta lembrar que se chegou a admitir
ativa ou passiva;inente." pedido de desquite em reconvenção a demanda de anula-

80 81
ção de casamento", embora inconcebível qU'e aquele - de 1939, impunha-se evitar "tanto a rderência à cone-
ainda fundado cm fato \·erdadeiro e idôneo, em tese, para xão quanto a referência à· compensação": não era esse
justificar a dissolução da sociedade conjugal - viesse "o conceito de reconvenção, no Código de Processo
a modificar ou a excluir o resultado prático atingível na Civil" 16.
hipótese de procedência do outro pedido: O contrário é
Segunda corrente, com mais prudência, abstinha-se
que seria possível, porque a questão da validade do casa- pura e simplesmente de falar em conexidade , sem contu-
mento é prévia em relação à da dissolução e, resolvida
do negar expressis verbis que ela precisasse configurar-
em certo sentido, tornaria radicalmente inviável o aco- se para tornar admissíyel a reconyenção H. OU não
lhimento do pedido de desquite ".. Repita-se, porém: o ocorreu o problema a esses autores, ou intencionalmente
que importa no presente contexto é menos aferir a fle-
se furtaram eles a enfrentá-lo.
xibilidade dada à interpretação do ar!. 190, 1." parte,
do que avaliar o papel representado nesse trabalho her- A opinião-mais interessante, para os fins deste estudo,
menêutico pda idéia de conexão. é a que atribuía relevância à conexão. Aqui, porém,
cumpre distinguir. A pesquisa de direito comparado e\·i-
PõC'm-se aqui, fundaml'ntalmcnLc, estas indagações:
denciou o freqüente recurso, na matéria. a uma dualidade
apesar do silencío do texto, buscaram os intérpretes o de enfoques: a reconvenção pode ser concebida como
auxilio de tal instrumento para demarcar a área de conexa com a ação originaria ou então com a defesa, sem
admissibilidade da reconvenção? No caso afirmativo, que se exclua o emprego concomitante de ambas as téc-
terão adotado conceito estrito de conexão, suscetível de nicas ~ conforme se dá, v.g., com absoluta nitidez, no
ser expresso em termos semelhantes aos do atual ar!. § 33 da ZPO da Alemanha Ocidental. feita abstração do
103, ou, ao contrário, atribuíram à palavra acepção alcance que se reconheça à exigência do Zusammenrnlllg
mais vaga e genérica, incompatível com definição ri- (vide, supra, o item n.o 21). Ora, o protótipo de recon-
gorosa? venção conexa com a defesa, já se assinalou, é a que
49. Não existiu, no particular, unanimidade entre os tende à condenação do autor ao pagamento do excesso
escritores. l-ma primeira posição, radicalmente negati- do contracrédito do réu sobre o crédito postulado na ação
va, afastava de modo categórico a possibilidade de uti- primitiva: reconvenção, portanto, relacionada com a com-
lizar-se a idéia de conexão para traduzir o requisito
substancial de admissibilidade da demanda reconvencio- 16. PONTES DE MIRANDA. Comentários .:~, Código de Pr<X:5S0
Civil (de 1939), t. III, p. 1i7 e s. (os paS5o..15 transcritos cstã2' n3
nal. Posta de lado semelhante idéia pelo Codcx Iuris Ca-
p. 179).
nonici, no qual se teria inspirado o art. 190 do diploma
17. Assim, por exemplo, CARVALHO SAl\TOS, Código de ProCtsso
Civil interpre/ado, v. III, p. 69 e S., o qual reproduzia basica-
14. AMARAL SANTOS, Da feCOl/V. no dir. bras., p. 238; Tribunal mente o esquema chiovendiano (vide, supra, item 0.° 18) e acen-
de Justiça do antigo Distrito Federal, 1.0 de dezembro de 1947, tuava: "O que não tem cabimento é a reconvenção visando a um
apud VlCE!'.'TE DE FARIA COELHO, O desquite na jurispru~ pedido completamente estranho ao objcto da ação principal"' (p.
dência dos tribunais, p. 453. 70); JORGE AMERICANO. Comentários ao Código de Proc~s­
15. lã o assinaláramos em nosso verbete Reconv., p. 118. so Civil do Brasil, 1.0 v.• p. 282 e s.

82 83
-~

-~~'!~,,~~~iÍ,.":J'f;!(±$
.
pensação. A admitir-se, pois, que o Código de 1939 visse questão que nos interessa aqui. Algurr.1S vezes se falava
na reconvenção, precipuamente, o instrumento da com- .na ne<;essidade de um vinculo atinente 01.0 fundamento ",
pensação '", ter-se-ia de reconheccr ao mcn03 que havia outras na de um nexo concernente ao ('bjeto "; mas nem
rcfcréncia implícita a uma das possíveis modalidades mesmo aí se concebia o liame com rig.:>r que exigisse a
de conexão. Afigura-se difícil, todavia, sustentar que a identidade da causa petelld' ou do peti....m. A ímpressão
isso ('xclusivaml~ntc se reduzisse, no sistema daquele di- que se tem é a de que comentadore5 e tratadistas -
ploma, o àmbito da rccol1\'cnção: como se ob3ervou com para não falar dos tribunais - aludi= à conexão como
procedência ll', a redução não se compadeceria com a a um "conceito jurídico indeterminab", como a uma
regra expressa do art. 192, n. o l, finc, de acordo COIOl a noção que podia assumir perfil ma:' largo ou mais
qual era licito re'eonvir nas ações de desquite (c de a::lI- angusto, dobrando-se plasticamente às ~ünveniências her-
laçál1 dl~ casan:c:lto), onde não teria sentido cogitar de menêuticas ditadas pelas peculiaridad~; do caso concre-
l'l"mpl'l1:::acô'o. :3l' aí cabia pensar de algulll modo tm to. A melhor exposição sistemática :) direito proces-
C,111l'xil.bdl\ dC(l..'rto n:1o era daquele tipo que se tratava. sual civil brasileiro, sob 0 regime df 1939, reconheceu
Rcs~aria
a cC!lcxão entre a causa rccoll\"c!1cional ê a com sinceridade, em te=os express:os. que os "laços
própria ação originária. Parece que a ela queriam aludir de conexão", necessários ii admissibi:C.hde da demanda
reconvencional, revestiam no contes:: "caracteres pró-
os que usavam a palavra, ao cuidarem do assunto. ~Ias
prios e especiais" ". E, de modo C1:.:'OSO, houve quem
o conceito não vinha explicado com fórmulas muito ní-
parecesse considerar que a conexidadf. aí, consistia pura
tidas. A rcferê!lCia à "conexão subjctiva", feita por um
e simplesmente no fato de uma das ,,:ões ser proposta
escritor ~ " nenr~uma luz lançava sobre o a.specto da
sob a forma de reconvenção à outra: ::essa perspectiva,
que invertia a costumeira. não era =:. conexão preexis-
1S C'n,,\:m\l.:: (1p::~~".J. AMAR ..\L SANTOS, Da rcn"J//I'. 1/0 dir. f>ras.,
tente que legitimava o u.so da via !",,:onvencional, mas
p. 17.'. 175, :'\:. ml.!sma orJ~'m UI.! iUl!ias, I.!mbor:l e,lm maior (.lU'
kl:i na fnrm:::.-:-:J.c:, o nu~~o própri,) n..:rbde R':CllJlV., p. 1 iS: era tal uso que levava a reputar co::,,,as a ação primi-
'·O~ ediltoflw5 J,) instilut'l parecem tC';':ld'lS sobre um pano de fun- tiva e a reconvenção ".
d~l .:m que n;!.' 52 ti\"c,~sem ainda apagad~) de todo as mare:l:; d;.> l:nú
C,ll,C':PÇ,:() pí~,j, à idl!ia de quI.! a rccdJlvcnção, na cssC:nci.:.. se 21, GABRIEL DE RESENDE FILHO, CU . . 5: .fe Direito Procc55uc.1
r.:Jl~7 Sl.'mpr~· 2 in~trllm ...'ntll da çlHnp~·maçãll". Tai ... crítica,;;. qUç Ci"il, v. 11, p. 150; DE PLACIDO E Sl \'A, Comelltúri(ls ao
g:::-::-.:,~i:lrn er;1 ;-r:ci<ip ,,<: m:tlilad::t., l'ln t()n~ mais "lllis, ao r.12n~)S Código de Processo Ci"il. 2.° V., p. 87.
p:n-:i:dm"':r1l"': ~.: ju":>tiric:!\·~,m. entr...: lll:lra-; razões, :1 vista d~~~ as· 22, "Não se admite rcconvenç5.0 quando L:·.. :. ao pedido reC0íi\"-2;"\~
s.::n~'s ljU':, CL';;'1 a rc:~p()ns~bi!iJadl.' d..:el)rrcnlc dI) papd ex.::r.:ido cional conexão com o obj,:w da ação" (T:--.:-. de JusL de S. Paulo,
na elaboração d0 diplonl.1, lançava BATISTA MARTI1\S, Co- 6~7-1959, iII Rev. dos Trit-., v. 292, p. 1':':-·.
mentários ao Código de Processo Cj~'il, v. II, p, 291·2,
23. JOSÉ FREDERICO MARQUES, [nstit. " III, p. 179.
19. JOSÉ FREDERICO MARQUES, Instituições de Direito Proces~ 24. Salvo engano, assim construía LOPES D.~ COSTA, Direito Pro-
suai Cil-'il. Y. III, p. 180, cessual Civil brasileiro,
Y. I, p. 187, ae ;;screver: "Há também

20. JOÃO BONV~1A, Direito Processual Civil. 2.° V., p. 266, que conexão entre a demanda proposta pelo ::':ltor contra o réu e a.
acrescentava dever existir "compatibilidade" (sic) "entre os pcdi~ que no mesmo processo move o réu c.:-=:ra o seu adversário",
dos, no sentido de' que um possa excluir ou m,xlificar o outro". limitando-se a aditar, à guisa de expliCição: "As duas causas
I

1 85
84

I
,.

50. Merece exame à parte a tentativa mais articula- enquadramento na moldura legal nenhu:na. dificuldade
da que se fez entre nós, sob o regime de 1939 .. de resol- suscitava a própria letra do art. 190, 1.s parte.
ver à luz da idéia de conexão o problema do requisito
No toc~nte a este caso nada há que observar. Quanto
substancial de admissibilidade da demanda reconvencio- I ao outro, impõe-se um reparo, à vista dos exemplos for-
nal ". Partia-se da premissa de serem irrsatisfatórios,
mulados. Tranqüilo o da conexão entre as duas ações
para delimitar o âmbito de cabimento da reconvenção,
por identidade de objeto: "A, casado com B, pede des-
os dados literais do art. 190, 1. a parte, e buscava-se cons-
quite por abandono do lar; B reconvém. propondo des-
cientemente outra via: "Do conteúdo da ação reconven-
quite por injúrias graves". Os pedidos são indubita-
cional resulta que ela deve ter por pressuposto um ponto
velmente idênticos. Mas veja-se o exen:plo de conexão
de li~ação com a ação originária, sem o que não pode
por identidade de causa de pedir: "A, ccrn fundamento
ser admitida. Resta saber no que pode consistir esse
em contrato de compra e venda pactuad.> com B, pede-
nexo qUL' prcnàl' a segunda à primeira".
lhe a entrega da coisa comprada; B, c,ro fundamento
Para deslindar a questão, recorreu-se à noção de COne- no mesmo contrato. pede o pagamento jo preço". Já
xidade. tal como a ministrava a clássica teoria da iden- nos defrontamos noutros passos com ~2:!lelhante hipó-
tificação das ações, havidas como conexas aquelas cujos tese, e só nos resta agora repetir a c':ljeção feita a
elementos fossem em parte diferentes. Afastaram-se, propósito dela. :\ão há supor idênticas. aí, as cau.sae
desde logo, por irrelevantes, as que não tivessem em petendi. O contrato de compra e venda. só por si, não
comum as pesso3.s: a conexão subjctiva era, sem dúvida, constitui a causa de pedir nem da açã,' do .comprador,
necessária, embora não suficiente. Sobrariam duas pos- nem da ação do wndedor. Aquela prfs3upõe, a mais,
sibilidadcs: a) terem reconvenção e ação as mesmas o descumprimento. pelo vendedor, da o':rigação de en-
pessoas e o mesmo objeto; b) terem uma e outra as tregar a coisa; esta, o descumprimento, ~,elo comprador,
mesmas pessoas e a mesma causa de pedir. A essas da obrigação de pagar o preço. A teceia da conexão,
hipóteses - de conexidade entre a reconvenção e a ação entendida em termos estritos, a exigir jj,ntidade de ele-
originária - somava-se naturalmente a de conexidade mentos, não justifica de maneira satisfa:ória a admissi-
entre aquela e a defesa, de que seria exemplo típico o bilidade da recoll\·enção.
da reconvenção envolvente de compensação, e a cujo Aliás, o autor mesmo parece haver si'::tido a deficiên-
cia da explicação. Com efeito: logo apjs ministrar os
são julgadas p:la ml.!srna sentença c dl.!vcm correr no mesmo exemplos acima reproduzidos, obtempera\'a que "a causa
processo". Afir:1 de tal concepção soava a de ELIÉZER ROSA,
wrbctc Rcconv.:nção, in Dicionário de Processo Civil, p. 315: "e.
de pedir, na primeira ação, pode ser uma relação jurídica
pois, a rcconvcnção pedido do réu, cm face de pedido do autor. complexa, que contenha em si, coexis:entes, diversas
É um caso de concx17o de ações. Toda rcconvcnção é um caso de relações jurídicas, bastando que uma delas seja a causa
ação conexa" (grifos do original). de pedir da segunda ação para que haja nexo jurídico
25. AMARAL SA!"ITOS, Da reCOnv. no dir. bras., p. 172 e S., especo com a primeira". E reportava-se à lição chiovendiana,
180 e S. O trecho transcrito ao fim deste periodo está na p. 180; oportunamente lembrada (supra, n,o 18). A conclusão
os exemplos, reproduzidos mais abaixo, na p. 181. vinha vazada em termos cautelosos, aludindo a "um tra-

86 87

.. l
ço de ligação", a "um nexo jurídico" entre a causa recon-
vencional e a originária. Já não se empregava aí a pala-
Capítulo 2
vra conexão. --~---------------
DIREITO VIGEl\'TE
Toda a elaboração se inspirava numa intuição correta:
a de que o trabalho interpretativo devia flexibilizar a
fórmula acanhada do art. 190, 1.a parte, para abrir
caminho a reconvençôes que nela mal se encaixariam,
mas que tudo aconselhava a considerar admissíveis.
Amarrar a solução do problema ao conceito clássico e
rigoroso de "conexão", entretanto, não constituía o me- § 13. Posição do problema
lhor meio de alcançar o fim colimado. O monografista 51. Os dados que se alinharam a propódo do direito
rendeu tributo à teoria; mas, bem examinadas as coisas, brasileiro anterior a 1974 autorizam a co::::usão de que,
não lhe prestou fidelidade estrita. Falou mais alto o em matéria de admissibilidade da reconve::;.io, o proce3-
bom senso. so civil pátrio nunca se havia deixado Í1:5~';rar por cri-
térios muito rígidos, no que concerne à !"elação entre
a causa reconvencional e a originária. D:ll"ante longo
tempo, nenhum pressuposto dessa índole "e exigiu. El
mesmo depois, quando começou a insim:o,.-se na dou-
trina e na jurisprudência a idéia da nece5"idade de um
liame, permaneceu distante a preocupação de especificar
em termos rigorosos a natureza de tal VL'1:"llo. Sem dú-
vida, falou-se de conexão nesse contexto: mas nem se
tinha definição legal que interferisse na~ elaborações,
nem se esforçaram os escritores em preci"ar o conceito.
Tudo indica que, ao dizer assim, o que se queria era
tão-só assinalar a existência de uma ligação. de um nexo,
de um traço de união entre as duas canoas. suficiente
para justificar, pelas vantagens do processamento e jul-
gamento conjunto, a permissão de reconvir. Desejava-se,
em outras palavras, evitar os inconvenie!ltes práticos
que ocorreriam se, aberta em quaisquer circunstâncias
a via reconvencional, se reunissem no mesmo processo
causas que nada tinham em comum.
Um único autor empenhou-se, sob o regime de 1939,
em erguer sua construção sobre conceito de conexão

88 1 89
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<o '''.Ii
delimitado Cl'm rigor'. Insatisfeito com a fórmula do por ora, a cláusula final, tem-se a conexidade entre re-
art. 190, 1.' parte, do antigo estatuto nacional, rccorrcu convenção· e ação expressamente arvorada em pressu-
àquela nOç3L' com o indisfarçado propósito de amplIar, posto ~ubstancial da admissibilidade daquela. O fato
por via lH'rmt'nêutiea. ~l àmbito de cabimento da rccon- não revestiria maior relevância se o diploma em vigor
\'('11('ÚO, que lhe pnrC'ci.1. literalmente traçado conl cxces- não houvesse tido a preocupação de, noutro dispositivo,
SiYL; acanhaml'nto. AI..) fazê-lo, utilizou-se da idéia de definir conexão. Mas a verdade é que o fez, no art. 103,
cor~L'xão tal L'L,ffiü a expusera a teoria clássica das rela- verbis: "Reputam-se conexas duas aÇÕ8s, quando lhes
ções entre :1ÇÕCS (1'( ctias: entre causas), h.aseada na for comum o objeto ou a causa de pedir".
i(!t:ntificucáo de três t.'lcmentos - partes, obJcto, caUsa
dt' pedir ' - l'uja eoil:,-'~dencia parcial C;ll~~ctc~izaria o
A conjugarem-se os dois textos, na sua Iiteralidade,
ft'!10rncno. E:nreialltl'. l'orno tivemos ocaSlao de obser- chegar-se-ia à conclusão de que someJ:te se admite re-
vaI' (.\'II/n'u, n.\..) 50), ate !lL'SSa obra é fúcil verificar, pelos
convenção quando tenha o mesmo objeto ou a mesma
t'X( r:lplos f,':":"':.llilados, (;Lh.' () princípio l'stava longe de
causa petendi da ação originária. Sem" lhante inferência
restringe de maneira notáwl a área útil da demanda
rL'l'l'bcl' apli\..':lÇão l'stri::1.
reconvencionaI. Ficam de fora hipótesê~ tradicionais de
Pode-se pt'l' cons(,.~:lli:'.tl' afirmar, Sl'm receio de crr?, cabimento, casos inúmeros em que, no Brasil e alhures,
qt::.:. no ten'.l. a situação do direito_ bra~ileir~,. ao sobrevI.r se vem permitindo ao réu reconvir. O Código de 1973
a reforma rrocessual de 1973, nao dlYCrSlflCava scns~~ teria adotado posição singular, pratica:nente isolado no
velmente c.a oricntaçJ.0 que se apontou como predoml~
extremo de um espectro em que pouquissimas legislações
nante no direito compor'ado (supra, § 10). o avizinhariam.
52. Ko Código vi;c:1te, cstatui o ar\. 315, çaput:
Está claro que, por si só, a circuns:áncia não autori-
"0 réu pode reconvir ao autor no mesmo processo, toda
zaria o intérprete a rejeitar a conclusio: bem se con-
vez que a reconvcnção seja conexa com a ação principal
cebe a possibilidade de uma opção desse gênero. O que
ou com o fundamento da defesa" '. Deixando de lado,
ela necessariamente sugere, no entanto. é que nos acau-
telemos da aceitação apressada. A estranheza que não
'<Irra. n:' 511). A\1ARAL SANTOS, Da pode deixar de causar tamanho desvio de rota por força
! "l-I. nos induz a meditar sobre a eventualidade de não ser
R.:Jac:J.,' ":.'.:.'rr.:ni<: d.1 [-~.:n.ia n." 241-CESP, d,l S..:nadnr ACCIO- exata a primeira impressão. O entendimento da cláu-
LY PILHe). R..:1:tt(l[ d" Pldi.:tl! !lU S~nad() F..:J..-ral. No Ant..:pro-
sula inserta no art. 315, l.a parte, torna-se ao menos
j..:w llCZ.-\ID 0..' !lU Prc'.;,:,,-l n." 810, d..: 1'172, ,1-; dispositivos cor-
r.:spond.:n:..::> (3rts. 344. caput, ç 319, capU!. rcsp~ctivamcntç) cra~ problemático.
rcdigidm. de modo particularmente infeliz: "0 réu pode reconv.,r
ao autor no mesmo proc':'iSO, toda wz que a ação principal seja
conexa com a reconvcnção. ou com o título cm que se funda a vencão ou com o fundamento da defesa" (pr0je1o). Vide ao pro-
defesa" (Antcprojcto): "0 réu pode rcconvir ao autor no mesmo pósito a crítica de CALMON DE PASSOS, Coment, ao C.P.c., v.
processo, toda vez que a ação principal seja conexa com a recon· III, p. 408.

90 91
-----:: ' I.
",i'

§ 14. O "status quaestionis" tação com base num contrato" e da reconve'nção em que
53. Importa verificar como se vem situando, diante o réu "exige outra prestação fundado no mesmo con-
da questão, a doutrina formada sob a égide do Código trato"': ali há o (alegado) inadimp:cmento do réu, aqui
atua!. Consoante já se frisou. l'scassa é a atenção dedi- o (suposto) inadimplemento do auto:.
cada, até agora, ao ('xanE' do ponto em profundidade. São em menor número os que se abstêm não só da
POLk·se quase duvidar de que SL' haja imposto à cons- remissão ao art. 103, mas também da exigência de ser
ciência dos escritores, cm termos nítidos, senão a exis- idêntico o objeto ou a causa de pedir.. Um desses auto-
tência do problema, ao menos a sua extensão c rele- res expõe conceito largo e genérico de conexão , enten-
váncia,
••
dida como "um traço de ligação, li::: nexo jurídico, que
Há quem siga, sem qualCllll'r vacilação, o caminho justifique a ( ... ) especialidade" li" reconvenção) "de
mais óbvio, conjugando o Lii~lll):-;to no nrt. 315, c((jlld, seguir no mesmo juízo e no mcsr=:~'" processo da acão
l'llm a regra definidora do art, 103 , Igual dirciriz ado- do autor" G. 1\outro, enfim, se ae:':; expresso, emb~ra
t~lm, substancialmente, os que', l'mbora sem alusão ex- em termos breves, o pensamento d;:: ."!·,le "a conexão exi-
pressa a este último dispo.:>itinJ, reclamam entre a re- gida para a reconvenção tem sen::~J mais amplo" que
convenção e a ação primitiva a identidade de C(LUsa ]1[- o do art. 103, "porquanto liga a a,se originária e o fun-
telldi ou de objeto'. A conclusão é sempre a mesma. damento da defesa'" - e desse po:C:J, que é relevante,
Note-se, porém, que esses próprios escritores, ao formu- trataremos oportunamente (intra, ;:~m n. o 71).
larem exemplos, nao raro se af.:lstam ela lJOsic;'ão rigorosa 54. Merece exame à parte a e:s ':Joração feita pelo
tomada em linha dc l'rindpio, de moelo que a simplici- comentador que mais aprofundou a s:lálise do art. 315,
dade da construção acaba por m051rar-se lnais ap~rente
que real. Kão se afigura exalo, v.g., como já várias
vezes se sublinhou, considerar "idênticas" as causas de 5. JOSÉ FREDERICO MARQUES, ob. e :-.;.;. cito cm a nota ante-
rior. 19ual observação pode fazer-s(' C::':.:..::~~~ aos exemplos ódcs
pedir da ação em que o autor "pede determinada pres-
por WELLINGTON MOREIRA PIMEYI"L c por HUMBERTO
TEODORO JR., nos passo~ acima indic..?':.'" O do último 3l.::0r é
A~~;m WELLI:\GTO:\ ~f()REIRA PI:'I1E'\TFL, C01l1cl1lríria.'í ao a clássica especificação: cm ycz de ' ..;~':-.:~:.:()" in gCl1crc. :,:C)-se
C(;jigo dc I'r.·,'(I.\"O r:: . . . \". III. p, ~ltJ: J:\CY DE ASSIS. proC(>- o caso da compra e venda, com as pr;::~::,~~s recíprocas d3.s par-
dinll'llfo od-":.:rio, p. 1',-; .: tambC:m. ad que parec.:, H(-:UO TOR- tcs à entrega da coisa e ao pagamento ':" ~~-:ço.
~AGHI, C'I':,'I/t. aI' c.p,c.. \". l. p. )·;5, a julgar p.:ln contexto cm 6. AMARAL SAI'iTOS, Primeiras linhas ,;·c' ::Xreito Proce.ssual Cil'il,
que alude il concxidad-: ~'í1tr(: r,:cl1n\".:n~·;lo c aç:io (comcnt~trio ao 3. a ed., 2.° V., p. 199, que não se rd':f2 i ddinição constantç do
art. 103). art. 103. Curioso registrar que o trectc- ;,,:r nós transcrito Tepr0-
4. JOSÉ FREDERICO MARQUES, Manual de Direito Processual duz ipsis verbi.s lanço da monografia Da :"",~onv. no dir. bras., p.
Civil. v. II, p. 93; StRGIO SAHIONE FADEL, Código de Pro- 183, onde no entanto se adotava, como Yi~,)S (supra, n.O 50), con-
ce.sso Civil comentado, 1. II, p. 167-8; HUMBERTO TEODORO ceito de coneXGO coincidente com o daqu~~,; dispositivo do vigente
JÚNIOR, Processo de conhecimento, v. II, p. 483-4; WILLARD DE estatuto processual.
CASTRO VILAR, Observações cm torno da rcconvenção, in Re- 7. COQUEIJO COSTA, Reconvcnção, in RCL·s'a Brasileira de Direi·
vista Brasileirll de Direito Proces.sual, V. 4. p. 169. to Processual, v. 2, p. 36.

92 93
_ .. ~
rapllt '. Os primeiros parágrafos que dedica ao assunto mo) ". A ressalva, correUssima, põe em xeque a constru-
dão a imprt'ssão de acomodar-se também ao mais sin- ção baseada no art. 103, pois já não há cogitar de ações
gelo alvitre. o da conjugação pura e simples daquele lt que é comum "a causa de pedir": a comunhão reduz-se

texto com " do art. 103. "Pela definição do art. 103", a um aspecto da causa pefendi.
_ lê-se ai - "reputam-se conexas duas ou mais ações Tem razão o escritor quando pOl;dera que "a rigor,
quando lhe;; for comum o objeto ou a causa de pedir. ( ... ), apenas haverá conexão, no particular, entre ação
A~'~l.o c rrc('lnvcnçâo. conseqüentemente, serão conexas e reconvenção, se tanto o pedido do autor, na ação prin-
quando tenham a mesma causa de pedir ou tenham o cipal, quanto o pedido do réu, na reconvenção, se apoia-
m,';mo abjdo". E Vem o desdobramento das hipóteses rem, dc modo absoluto, no mesmo fato jurídico", e tam-
,L admissibilidade da reconvenção, com apoio na pri- bém quando acrescenta qae "essa idcntidade absoluta
Jú'l':l part., do art. 315, capul: ou ela e a ação primitiva pode nem sempre ocorrer. t? normalmente não ocorre",
l'0mciden1 1:0 objeto, ou coincidem na causa pctcndi. Caberia um reparo: a prie;eira afirmação é exata se se
pressupõe que o conceito de conexão, no art. 315, caput,
O exemplo do primeiro caso não suscita qualquer pro-
tem de ser forçosamente decalcado sobre as linhas do
bkma: ação de desquite (hoje, dir-se-ia "separação judi-
art. 103. Caso se admita o contrário, tollitur quaestio.
cial", em obséquio à terminologia da Lei n.o 6.515, de
Toca-se assim, de chofre, o pltnctum !"uriens: que é "co-
26-12-1977\ proposta pelo marido, à qual reconvém a
nexa" no art. 315, capul?
mulher, que pede também, por outro fundamento, a dis-
solução da sociedade conjugal. Como exemplo da segun- Não vai além o comentário nessa ordem de indagação.
da hipótese. reaparece a tantas vezes mencionada recon- Os ensinamentos chiovendianos, que ele recorda, nenhu-
\'enção do vendedor, que reclama o pagamento do preço, ma luz se mostram capazes de projetar sobre o núcleo
à ação do comprador, que pleiteia a entrega da coisa. do problema, que nasce de uma peculiaridade do nosso
Adverte-se o comentador, porém, de que "não se cuida ·ius positum, evidentissimamente alheia às preocupações
de identidade absoluta, visto como para o autor a causa do processualista italiano. Registre-se, contudo, outra
de pedir é o contrato de compra e venda (fundamento observação do escritor, também rele\'ante como sintoma
remoto) e o inadimp~emento do réu quanto à entrega da de insatisfação com a maneira de construir que as suas
coisa (fundamento próximo); enquanto para o réu a palavras iniciais pareciam abonar. Refere-se ele a uma
causa de pedir é o contrato de compra e venda (mesmo "última espécie de relação" entre a ação originária e a
fundamento remoto) e o inadimplemento do autor quan- reconvenção: "a que decorre da existência, entre ambas,
to ao pagamento do preço (diverso fundamento próxi- de uma relação de exclusão, mas não de pura relação
de afirmação e negação, o que se situa no campo da
8. CALMON DE PASSOS, Comento ao c.P.c., v. m, p. 409 e '. chamada declaração incidente". Ora, a aceitar-se -
Na p. 409 encontram·s~ o primeiro trecho por nós transcrito c o por enquanto, em via hipotética, reservada nossa opinião
exemplo da reconvenção conexa pelo objcto com a ação principal; para o momento próprio - a possibilidade, sustentada
nas p. 410-1, os lanços relacionados com o outro caso de conexão no comentário, de pleitear-se a declaração incidente atra-
(pela causa de pedir); na p. 412, a referência à reconvcnção com
vés da reconvenção, ter-se-á sem dúvida aberto mais
função de declariltória inadeaIe.

94 95
uma brecha na mencionada construção. Com efeito, a advertem do problema, ou que se retn::lm, na exempli-
rccOlÍvenção ('l'm teor de dcclaratória incidente, posta ficação, da homenagem prestada em :õüria à tese se-
em confronto com a ação primitiva, nuo revela identi- gundo a qual se aplica às relações en= reconvenção e
dade de objdLl. nem de causa petendi. A conexio que ação primitiva o conceito de "ações co::,x:ls" ministrado
pOl'Yl"lllul'a Sl' houvesse de reconhecer entre uma e outra pelo art. 103.
de fl'rma alguma se enquadraria na moldura conceptual
do art. 103. Essa é a questão fundamental que se :~m de enfrentar,
e que se desdobra em dois itens. Preci= a reconvenção
5j. Com bas,' nos dados até aqui reunidos, é possivcl
c a ação originária ser "conexas" no se'r.:ido do art. 103,
firmal' certos pontos, a partir dos quais se terá de de-
isto é, coincidir no objeto ou na causa t~"tfndi? No caso
Sl'l1\-l'd\-l'l' nO:;:3:1 reflexão. A existência dJo definição legal
negativo, como se há de entender a Ex::;éncia de cone-
COIl:~::l;ltl' <10 ar!. 103 vem influindo - c isso era talvez
xidade entre ambas, posta no art. S:3. caput? Fica
inc\';:~í\'l'l - na intcrprf'iaç'ão do art. 315. cajlut. E muito
assim delimitado o âmbito da invesL:'c;lo que se vai
flll'l" :l tl'Jllal~,-u ue cünjllgar os dois di:3positiv05. para
seguir. Frise-se que da hipótese conli=?lada na parte
l'xi~::·. como requisito ~llbstancbl de admissibili(Ll.J~-' da
derradeira do texto legal - conexão E=- :,.e a reconven-
nT,"l~\-,-;lf:ao, um tipo de ncxo entre ('b c a aç5.o origi-
ção e "o fundamento da defesa" - 'c::icamente nos
miria que S(' caracterizo pela identidade ou do objeto ocuparemos na medida em que disso ,ci2rmos extrair
(,ll d~'. causa de pl?dir. Tal identidade, conforme se notou l
dados úteis ao deslinde do nosso probie=o.. Na tentativa
\"ê-s~' l'L'damad:-t mesmo por aUlorC3 que não lrazt?m à
de solução, cuidaremos de focalizá-lo, p:-.=e:ro, ao ângulo
COLll~~:O. cm tcrrnos expressos, o texto do art. 103.
dogmático, e em seguida pelo prisma :'0. \'aloração dos
SllCCJ.C, 110 cll:anto, que os excn1plos En1 geral formu- interesses em jogo. Eis ai, em sintese. :' programa da
lados nao se acomodam a tão rigorosa exigência. Com terceira parte deste trabalho.
uma única excc'cio, .devidamente ressaltada, os cxp0si-
tores do sistema vigente não dão mostras de perceber
essa p:::rcial incongruência entre a doutrina enunciada e,
algumas das hiVÓLCSCS que se supõem idôncas para ilus-
trá-la. O problcr::a 6 agudo no tocante à conexão pela
causa de pedir, segundo evidencia a insistência no exem-
plo do contrato bilateral (ou, especificamente, da compra
e venda), em que se baseariam as pretensões contrapos-
tas do autor que reclama uma prestação e do réu que
pleiteia outra. Poderia esperar-se que os escritores jus-
tificassem a afirmação da coincidência, que será tudo
menos óbvia, propondo alguma noção de causa peterul4
capaz de resolver a desarmonia. Visto que não se preo-
cupam em fazê-lo, só é lícito concluir ou que não se

96 97
... _".

, r.

- - - - ' - - - - -III
Parte
-
Tentativa de solução

I
1
ltt
! .
Capítulo 1
--~-----------------
EXAME DO PROBLEMA
NO PLANO DOG:\l-íTICO

§ 15. Considerações introdutórias


56. Tem-se assinalado a forte inclinaçio do legisla-
dor processual de 19,3 para inserir no Código disposi-
tivos de conteúdo definidor. Deparam-se nele, com efeito,
definições de continêacia (art. 104), de se:ltença, decisão
interlocutória e despacho (art. 162, §§ 1.0 a 3.°), de
Iitispendência e de coisa julgada considera:hs como obje-
ções (art. 301, §§ 1.0 a 3.°), de coisa julgada material
(art. 467). E nele também se depara a definição de
conexão de ações, ou mais precisamente de ações cone-
xas (art. 103: "Reputam-se conexas duas ou mais ações,
quando lhes for comum o objeto ou a causa de pedir").
Kão é este o lugar próprio para uma crítica dessa
orientação, em termos genéricos '. Vamos deter-nos uni-
camente no exame do ponto que nos interessa aqui. A
tal respeito, já a Exposição de 11otivos do Anteprojeto
cuidara de prevenir eventuais reparos. Recordando o
caso do Código de 1939, em cuja redação se desacolhera
a sugestão de definir a figura, declarava improcedentes
os argumentos utilizados pelo autor do respectivo pro-

1, Vide ao propósito noss3. palestra sobre o tema Antecedentes da


reforma processual c sistemática geral do novo Código de Processo
Civil, in Estudos sobre o novo C6digo de Procuro Ch!iI, P. 37-9.
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; I jeto para abster-se de conceituar a conexão, a que alu- na austríaca. no Codice di procedura civilc italiano '. na
diam vários textos', E concluía: "A conexão pode e deve Ley de. Enjuiciamiento Civil espanhola. no Código de
ser conceituada pelo legislador. precisamente para elimi- Processo Civil português,
nar as tergi""rsações da doutrina e da jurisprudência" " Afastam-se da diretriz predominante o Code Judiciai-
Diante da c'pção clara, ocorrem de imediato algumas rc belga e o recente Code de procédure civile francês,
indagações. Terá o Código feito seu, no art. 103. con- Naquele. o art. 30. embora não trace a rigor uma defi-
ceito firme no direito comparado e na ciência processual. nição. cuida em termos expressos da matéria. rezando:
com foros de cidadania nas leis modernas e na commn- "Drs demandes en justice peuvent être traitées comllle
nis opinio doclarum? Xa hipótese afirmativa. poderia COII'lGXeS lorsqu'elles sont liées entre elles par un rapport
duvidar-se da neccssidade de consagrar em termos ex- si elrait qu';Z Y a mtéret à lcs instrUire et J1lger em même
pressos uma définição universalmente aceita. ou pouco tel1lps afin d'éviter des sollLtions qui seraient suscepti-
menos; mas a regra definidora estaria em condições de blcs d'être inconciliables si lGS causes étaient jugées sé-
abonar-se com os sufrágios gerais. Terá o Código, ao parément", Este. ao tratar das "exceptions de litispen-
contrário, querido tomar l;osi,ão cm matéria polêmica. dai/ce et de connexité" (Livro I, Título Y. Capitulo II.
escolhendo um dos conceitos em circulação. ou forjando Secção II). assim dispõe acerca da segunda: "S'iZ existe
novo? Xeste caso. terá sido feliz a escolha. ao ãngulo elltre des affaíres portées devant dcux jl.ridictions dis-
científico e do ponto de vista prático? É fecundo o con- tillctes un lien tel qu'iZ soit de l'intérêt d'une bonne jus-
ceito que se elegeu? Revela-se na verdade capaz de "eli- tice de les faire instruire et juger ensemble, ii peut être
minar as vacilações da doutrina e da jurisprudência"? dflnandé à I'une de ces juridictions de se dessaisir et
Se não. o que agora se terá o direito de pôr em dúvida de renvoyer en Z'état la connaissance de Z'aflaíre à
é a utiliM-de da definição,
l'lllltre juridiction" (art. 101), Bem se vê. porém. que
ambos os códigos evitaram caracterizar a figura da cone-
57, No plano comparatístico. sem temor de erro.
xidade mediante procedimento rigidamente conceptualís-
cabe afirmar que é fenómeno absolutamente excepcional
tico, A noção que ministram é de índole funcional: deve
o de abalançar-se a lei a definir conexão. Quase nenhum
reconhecer-se a existência de conexão sempre que - a
dos principais diplomas estrangeiros contém regra desse
critério do órgão judicial - certas conveniências práti-
teor. Nada se descobre de parecido na ZPO alemã ou
cas aconselharem instrução e julgamento conjuntos ",

2. Esses argum~;-Hll<; foram expostos por BATISTA MARTINS, Co- 4. Do Projeto italiano da Subcomissão presidida por MORTARA fa-
mentário ao c.P.C, v. II. p. 46, ao justificar o não-acolhimento d;;:
laremos abaixo (item n.O 63).
sugestão de FRANCISCO MORATO, inspirada cm projeto italiano
(vide o respectivo teor na transcrição feita por BATISTA MAR- 5. Segundo SOLUS e PERROT, Droit Judiciaire Prh'é, t. II. p. 839.
TINS, oh. ~ .... cit., p. 45i. a fórmula legal francesa (já constante do art. 40 do Dec. D.o 72.684.
de 20-7-1972, do qual a mutuou, praticamente inalterada, o Código)
3. ALFREDO BUZAID, Anteprojeto de Código de Processo Civil, "exprime bien la finalité de la connexité", embora não possa cons-

... ~.
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'\"!, : ,, 102
Exposição de Motivos, D.O 16, p. 16 (na do Projeto, substituiu-se
"tergiversações" por' "vacilações") .
tituir, cm si, "un crítere juridique asse: précis", Os autores julgam-

103
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58. A cautela dos legisladores não se afigurará estra- to doutrinário na matéria de que esta.I!l.OS cuid!!ndo '.
nhável a quem esteja ad\'ertido das perplexidades que O empreendimento seria pouquissimo co~pensador. De
ao longo dos tempos têm assaltado os espíritos em tema modo algum nos domina a preocupação de identifica~,
de conexão. Há cerca de vinte anos escrevia um proces- entre as fórmulas definidoras propostas ao longo dos
sualista pátrio: "Está ainda por ser feita a construção anos, a menos imperfeita; e menos ainds a de sugerir
sistemática da doutrina da conexão de causas" '; e a uma nova, que nos pareça melhor. Como se tornará bem
afirmação permanece tão verdadeira como era no mo- claro adiante, é diversa nossa atitude metodológica em
mento em que surgiu. l\ão se nega que hajam brotado face do problema. Os dados que adiante se vão alinhar
ao propósito algumas teorias interessantes; numa delas, deixam de lado, intencionalmente, qualqUer empenho de
conforme se \'Orá, inspirou-se claramente o art. 103 do exaustividade; referem-se de modo exclus:yo àqueles que
nosso vigente diploma processual civil. O que se pre- nos parecem ser os pontos sensíveis, absL'":1indo de todas
tc'mk c frisa,' a imensa diiiculdade com que se defronta as minúcias que ao nosso wr poderian: sobrecarregar
a ciência par.1 formular cru_ termos precisos um conceito sem vantagem a exposição.
de conexão realmente satisfatório. Tal dificuldadc trans-
parece, antes de mais nada, na vagueza com que tantos 59. Durante longo tempo ficou alheic às cogitações
se expressam a esse respeito; mas transparece igual~ dos juristas elaborar um conceito preciso ::2 conexão, que
mente - c este será taln?z o ponto mais significativo abarcasse e unisse todas as hipóteses de relações passí-
- no fato de que mesmo a explícita adesão a determi- veis de configurar-se entre as .causas a o.·;e a linguagem
nada posição conceptual nio raro se vê desmentida, na tradicional, sem compromissos mais am~:ciosos, costu-
obra dos próp";os escrito,'cs que a declaram, pela admis- ma designar pela qualificação cómoda de "conexas".
são, noutros passo", de tipos ou modalidades de conexão Simplesmente deixava-se aos juízes, à r:-itica do foro,
a rigor insuscetíveis de enquadramento na moldura do reconhecer ou negar, em cada espécie, 4i ocorrência de
conceito que se disse adotar. A reiteração das infide- conexidade, para daí extrair as conseqü~::cias naturais,
lidades, que é constante, e quando nada se descobre nas no plano da competência, da cumulação ée ações e nou-
exemplificaçõ2s, revela quão pouco satisfeitos, cons- tros em que a questão se punha.
ciente ou inconscientemente, costumam eles afinal ficar Semelhante postura - a que, com evidente conotação
com as teorias a que rendem, bcm pesadas as coisas, pejorativa, se tem chamado '·empírica"; - não é coisa
homenagem apenas lJTO forrna. do passado: perdura na doutrina e na jll'~sprudência de
Kão é nosso intuito retratar aqui, em narração crono- vários países. Na França, por exemplo. ainda hoje, a
logicamente ordenada, a evolução histórica do pensamen-
7. ° leitor interessado consultará com proveito, em nossa literatura,
lhe superior, por menos vaga, a do Code ludiciairc belga, que ca- a monografia de PARA FILHO Estudo sobre D conexão de causas
racteriza o liam:: cntr~ as causas por meio da referência à possibili- 110 processo civil, passim. Breves jnformaÇt.~ em GARCEZ
dade de decisões contraditórias (oh. c t. cit., p. 593 e, aí, nota 1). NETO, verbete Conexão de causas ou de pedidos, in Repertório
6. BUENO VIDIGAL, A conexão no Código de Processo Civil bra- E11Ciclopédico do Direito Brasileiro, v. 11, p. 1 e s.
sileiro, in Revista de Direito Processual Civil, 2. 0 v., p. 12.

.
8. V.g .• PARÁ FILHO, Estudo. p. 11, 13 etc.
·
104 105
iL.
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I
. 60. 11: sobretudo na Itália que a doutraa se tem preo-
despeito da mudança de orÍentação assinalada no direito
positivo a partir de 1972, e confirmada pelo Código de cupado ~m conceituar a conexão. Ali se desenvolveu,
1975 (vide, supra, item n.o 57 e, ai, a nota 5), subsiste
\' ainda no século passado, uma teoria qUe se sói consi-
na literatura a inclinação para abrir aos órgãos judiciais derar como o fruto da primeira tentativa séria de assen-
boa margem de flexibilidade quando, diante de casos tar em bases "ci"ntíficas" o tratamento da matéria ".
concretos, tenham de pronunciar-se sobre a configuração Seu ponto de partida foi a identificação dos três elemen-
da connexité '. ~!as os processualistas alemães tampou- tos pelos quais Se individualizam as açôes (rectius: as
co se empenham em cunhar uma definição de Zusammen- causas): partes (pfTsonae), objeto (res) e fundamento
Mllg, não obstante apareça a palavra em mais de um (causa petendi). O confronto desses elementos permiti-
dispositivo da ZPO do antigo Reich e agora da República ria discernir casos de coincidência total e casos de coin-
Federal _ assim. v.g., nos §~ 33 e 145, 2. a alínea, a que cidência parcial - feita abstração, por irrelevantes, da-
oportunamente fizemos menção (supra, § 4.°), e ainda queles em que 1k":/"'m elemento comum se depare. A
coincidência dos tcés elementos configuraria a identida-
nos §§ 147 e 302 ".
de; a coincidência de dois ou de um só, a conexão. Com-
Q. J:í ~úb o n~~\~'" h"gim!."! L'f:.'.1. assim ,)pinam SOLUS c PERROT,
portaria esta, ass"". gradações, mostrando-se mais in-
Droit Jud. Pr ,t. II, p. ~'l-i: "011 r('/I!arqllcra en/iiI que la sofu- tensa quando a co:::cidência abranja dois elementos (com
tiOIl de [a .v:s{JrudcllC'c <;:1C fI,'IH ('.\timO/ls dCl'oir se mainlcllir as diversas comb:nações possíveis), e menos intensa
aprh 1(' d(:u,'; du 20 }lI:"::c'{ 197~. pn:!iclltc l'oVOlllogc de per- quando a tinja um só.
mOlre d'illTr. Juirc dall.1 :(1 /:,1::',JI/ de ("Olll/Cxi'(o, rI,ln! nous
Q\'0115 illJiqu. !cs aS[h",':S nwi!ir!t's. 1l/1C sOllplt'ssc ('['por/uI/c. A teoria exposta em apertada síntese obteve larga
Jl csr 110m!:;.: que la n,':,,"! dI' Ç"Il!lCxi{(; doil'c hrc apprf;ciée aceitação, não ape::as no país de origem ", mas também
avcc plus ('" 1ll0ÍlH dt' r;::,'IIt'11f ~d(!ll la grm'ité .lcs effc[s
qu'clle eH c.;,"d(:c. ti prc',!uirc; St'/t1/l, par ('x1'lllplc, qu'il s'agir
d'opácr L/11'- fUlrrogarit11: !l;galc dt' comphcl/ce dérogcant aut por CO~IGLIO. Lc contincnza de! processo r.dla doltrillG e nei
rêplcs de la c. 1Il!)(;rc/lc(' ,!' .. ::riburi"'l, oU selO/l, au n)nrrairc, qu'jJ progetrQ di ri/or,.:.;.. p, 6, à influência de PL\)l"CK, que na fa-
s'agir seu/cm,":: de n:a/;'s,'r ulle .i,ll:rtioll des ins/O/lces cngag(;cs mosa monografia D:c Mehrlleit dcr Rechtsstrcir;·:-·keiten im Prozess-
dC\,(l!1l des ci:;;.~!hrcs diU/'rc/ires d'lUle lIIt~lIIe jllridicrion". Quanfo
rcch!, p. 531, aWi2:ira de inidôneo para desen\'\"'lvimento cientifi-
à dirdriz pr.:':::.l.::ccntc r,,' 5i~t..:ml ant~rior, ride. por tod,)5 VIN-
co, merci! de sua ··vJ.ga generalidade", o prinCípio da competência
CE~T, Proe,}. civ" 15.' .:':: .. p. 3118: "La COI/I/(>.\";[(: L'sl el! prod-
por conexão.
dure une /l,-'.'. fOI/dome": .. :'" el ("rpoll!onl asse;: impn'cisc. ahol1-
donnéc ii la r:ldclIcc dcs n:..;;is:ra:s. "'I l'ah.H'lIcC de lOl/!C disposi- 11. A formulação orig.:,r::iria vê·se em geral atribuíd:!. a PESCATORE,
na S posizione C0f!!pt."ldiosa deIla procedura cil":le e commercia/e,
lioll légale".
de 1864 (v. I, par.:e I, p. 168 e s.), o qual, contudo, já a teria ex-
10, O Rechtswürterbuch dI.! CREIFELDS nem sequer contém verbete traído, em grande parte, de um autor do século XVI, DE AFFUC·
específico: registra apenas Zusammenhang, ursiichlichcr (conexão TIS (CONIGLIO, La continenza deI processo, p. 3, nota. 2). Di·
causal), com meras remissões aos verbetes Schadenersalz, quanto fundiu·a sobretudo, com remissão à fonte, MATTIROLO, TraUato
ao direito civil, e KausaJirQt, no tocante ao penal. Do sentido di diritto giudizian'o civile italiano, v. I, 799 e s.
amplo em que a jurisprudência toma a expressão dá notícia
WIECZOREK, ZPO ulld Nebengese"c, Y. I, parte I, p. 260-1. A 11. Na lit:.!ralura peninsular mais recente. com a ressalva que adiante
relutância do legislador tedesco em definir conexão é atribuída se fará, continuam a valer-se dela, entre outros, CALAMANDREI,

107
106
'. [
noutros do mundo latino ". Não faltaram, entretanto, resulta da incidência de uma norma :;obre determinado
objeções mais ou menos veementes, às quais se procurou, fat0'pu conjunto de fatos. A norna não precisa ser
algumas vezes, atender mediante retificações e ajusta- indicada pelo autor: iura novit CUrM_ O que lhe cabe
mentos que forcejaram por preservar a substância da apresentar ao juiz é O fato, ou O conjw:to de fatos, a que
construção. Não vamos recapitular aqui em pormcnor atribui aptidão para surtir o efeito Wrmado, ou para
as discussões travadas ao propósito. Limitar-nos-emos justificar a produção do efeito por meio da sentença.
a breves observações, concernentes a pontos que nos pa- Se nesse esquema, que é constante, M lugar para algo
recem ter maior relevância para os fins deste estudo. a que se chame causa petcradi, será eh necessariamente
o fato ou o conjunto de fatos invocaàJ pelo autor. Tal,
61. A primeira diz respeito ao problema da causa
ao nosso ver, o único conceito cienililcamente viável e
pcirndi. Certas dificuldades com que se defrontou a teo-
praticamente útil de causa de pedir H.
ria clássica relacionam-se com a conceituação, nada
(ranqüila, desse elcmen:o. É claro que a possibilidade Esta, porém, deve ser considerada em sua inteireza:
de encaixar-se talou qual espécie na moldura conceptual abrangerá tudo que seja indispensável. :lO plano fático, à
da conexão, construída sobrc a igualdade parcial dos ele- incidência da norma e, pois, ao n~~:mento do efeito.
mentos, pode depender cm muitos casos da noção que Quando, por exemplo, duas pessoas ~debram um con-
se tenha da causa de pedir. Para verificar se é a nwsma, trato de compra e venda, o negócio, p,'!" si só, não basta
cm duas ou mais ações. a causa petcndi, antes de tudo é para fundar a pretensão do comprador!;. entrega da coisa,
necessário, bem se compreende, saber em que ela con- ou a pretensão do vendedor ao pagami'=:o do preço. Uma
e outra obrigação pode perfeítamen;~ não ter cumpri-
siste.
Acerca da questão têm-se derramado rios d~ tinta. mento exigível de imediato. O efei:_' da exigibilidade
Pensamos, contudo, que o recurso a principias da teoria apenas ocorrerá com o \"encimento : mais a omissão,
geral do direito pode simplificá-la notavelmente. Quan- apesar dele, do devedor. Tudo isso i=:egra a cauoo pe-
do o autor propõe a ação. pretende que se reconheça ou tendi. Não será suficiente que o aute narre a celebra-
se produza um efeito juridico. Ora, todo efeito jurídico ção do contrato: ele precisa também :;.legar que a obri-
gação do outro contratante já se vence:.! e não foi espon-
Isritu:.iOlli, p. ISO, 152: LlEB\IA~ . .\1Ol1ualc. Y. 1, p. 154-5; A~­ taneamente cumprída. A causa de JBlir consistirá no
DRIOLI, Lc:io/li di d;~:'" l'rocc,\~w;!{' cil'i!c, v. I, p. 241; MA:'\- complexo de todos esses fatos, pOCe:ldO distinguir-se
DRIOLI, Corso, Y. I, i' 11.1.. nela dois aspectos complementares: o a.õpecto atioo (con-
13. Conforme escreve no Ln.:gl!ai TEITELBAUM, Ef prac. Qwmul.
civ., p. 86, "toda la d,y:rifla cspaiivla y lIuc;o/lQI, QllriguQ y mo~
dema, admite pacíficammre ai referirsc a la idclltidad o conc~
xión procesal a los clisicos trcs clcmC/l105". Interessante regis~ 14. Adotamo-Io em O novo processo civil brilS"::âro, v. I, p. 30. Não
trar que na França, não obstante o rumo tomado pelo direito parece afastar~se dele, na mais recente liLeratura, HUMBERTO
positivo desde 1972, rendem ainda hoje tributo à teoria da coin- TEODORO JR .. Prac. de conhec., v. II, p. 438: "O fato é, por-
tanto, a causa pelendi". eL, ainda, CALMON DE PASSOS,
cidência parcial de e1ementos BLANC - VIATfE, Nouveau code
Coment, ao c.P.c., v. Ill, p. 354: "ela é representada pelo fato
de proc, civ., t. l, p. 114; aliter, SOLUS e PERROT. Drait Jud.
ou pelos fatos que autorizam o pedido",
Privé, t, II,p: 588 e s..

109
108
trato) e o aspecto pr.ssivo (descumprimento da obrigação que 'se tenha de negar a ocorrência de "mexidade, caso
se aceitQ, ao menos em sua formulação r.gorosa, a teoria
vencida pelo devedor) ".
da coincidência de um ou dois dos elemfntos identifica-
Daí o reparo, que se tem feito com freqüência ao longo
dores: aí não há coincidência (total) CD! nenhum deles.
destas páginas ''', relati\'amente à hipótese acima indi-
cada e a outras análogas, quando se inculcam as ações 62. A verdade é que, se I\ominalmc ..te, como já se
de cada um dos contratantes em face do outro como disse, a teoria clá5sica, basesda nos elementos de indi-
exemplos de conexão pela causa petcndi. A coincidência, vidualização das a~ões (rect;;;;s: das cau5;lS), repercutiu
repita-se, é apenas parcinl: só o aspecto ativo da causa com certa intensidade na de.::cia processual italiana, a
de pedir é comum a ambas as ações. Tanto basta para leitura atenta das obras d05 escritores que lhe rendem
tributo permite wrificar sel dificuldade quão longe
15. D~ "("(lUsa pt'tendi ativa" . : "c.,;u~U' petoldi pas'iiva" falava, ainda ficam eles de g::~rdar-lhe ::jelidade <~trita. Embora
no iníci,) d,-1 século, ZA~Zl'CCHI, Num'c donwlllle, IIIW\'/.' cece-
aceitem a fórmu:a da iden:'i:J.de parci:il de elementos
::iolli t' 11l1c'n' prove iII ;;.t>,........ f:','. p. DI e S., embora aludisse à
primcirJ. c..ml,l J. "UII dir;":.-,'" - a<l nusso ver j-mldl:quadarncntc, c
quando ministram a noção ce conexão. pouco demoram
adernai .. cm dissnnância C,'::1 l) ç,mccito, bem próximo do nosso, a extravasar-lhe dos limites. :cgo que p,,",sam ao estudo
exposto na p. 336: "La C(;IHIl [,<::mdi dU1/quc e que! falto o com- analítico dos casos.
plesso di taui chc C 1!cC'CLi,;;rit c sulficicnfc a dare ragione deJla
'
mia prefcso". Cf. a tal r..:spcih1, na moderna literatura italiana,
Tomemos como exemplo '=a das ,,:ais autorizadas
GIAI\'~OZZI, La modITç~:.ill/!C dclla domam/a, p. 47 (o q:ml exposições do sistema penü:nlar". C:meça-se aí por
também usa as dcnomina.çJ..:s "causa pl'fcl1di ativa" e "causa dizer que se chama em ger": conexão i relação entre
,.
pclendi passiva": l'ide p. 5:1: ANDRIOLl, Lczioni, v, I, p, duas ou várias cau~as distÍloc"-3, quando têm cm comum
245-6; e, a des~ito da~ ap:H':ncias, PROTO PISANI, Ddl'eser-
um ou dois de seus elemelL:s. Em sef'",lida, observan-
cizio dell'azione, iII Comn:o:tario de! codice di procedura civile
,.
I dirigido por ALLORIO, L L 1. II, p. 1062-3: escreve esse autor do-se que não é possível p"-ssar em revista todas as
qUI! "la causa pefcndi e dü:a dagli eh·me1lli di falto e di ~:lirjtto "configurações variadíssimas" do feno:neno, propõe-se
della fartispccie da cu; dcr:ra jf diritto sasfallziale dedotto in giu- agrupar as hipóteses previ5:as na lei sob os rótulos
dizia", m3.S os "clemenli di dirilro" a que alude são sempre con· de "conexão própria" e de .. ::onexão :~própria".
siderados como integrantes \h "fauispccic", e portanto, cm última
análise, cumo dados de la:,'. embora juridicamente qualificados. Ora, o subseqüente desdc'c,amento !'evela que, das
Também entrl.! nós se tem falado de "cauJa pefelldi ativa" e "cau- sete espécies de "conexão pró~!'ia" arrohdas, só duas -
sa pClelldi passiva": assim, l" ..;'., PARÁ FILHO, Estudo, p. 39,
e BUE~O VIDIGAL, A conexiia no c.P.C, p. 10 (ambos expondo
a elaboração de ZANZCCCHI). Julgamos preferível dizer "aspec- 17. CALAMANDREI. 15tituzioni, p. 152 c S. As ;:s;>écies de "conexão
to ativo" e "aspecto passivo" da causa petendi, que é urna s6, própria" são examinadas nas p. 152·7; a "CDn..::\ão imprópria", nas
se bem que complexa. p. 157-8. O trech0 concernente.:. hipótese de garantia está na p.
154. Quanto às demais, vide s~"'brdudo, pelo interesse particular
16. E no lanço, já várias vezes citado, de CALMON DE PASSOS,
que reveste no pres..:nte context~'. a da rcconYl!nção, a cujo pro-
Comento ao c.P.c., v. ln, p. 410-1, onde se empregam as .expres·
p6sito se exemplifica com o ca5(1. tio freqüentçmente invocado, das
sões "fundamento remoto" e "fundamento próximo" para desig-
pretensões contrapostas das pan~ de um contrato bilateral, e se
nar, respectivamente, os aspectos da causa pe/endi a que chamamos
fala de "identità almeno parziaJe di titolo" (p. 155). ....
>

"ativo" e ·'passivo".:

111
110
r-·
a denominada "conexão subjetiva", por identidade das mos tão-só acrescentar que & exiatência de tais dissonàn-,
partes, e a chamada "conexão objetiva", por identidade cias entre conceituação e exemplificar.i.o não constitui
do objeto, ou do fúndamento, ou de ambos - correspondem defeito·de uma obra: reponta a cada pl...<so nas elabora-
à caracterização sugerida de início. As cinco restantes ções dos mais respeitados mestres ". .!. explicação pa-
(de "concxão. qualificada", segundo a nomenclatura do rece bem simples: esses autores percebem, mais ou me-
autor), em imensa maioria, transbordam do conceito que nos conscientemente, que a observância rigorosa do con-
se dissera adotar. Basta ver que uma delas consiste ceito custaria preço demasiado alto no plmo da conveniên-
na relação entre causa pri>lcipa! e causa de garantia, cia; sentem que expulsar do âmbito di conexão certos
assim entendida a ação proponívcl pelo sucumbente con- fenômenos não enquadráveis na mok.rra estreita im-
tra terceiro, para ressarcir-se do dano decorrentc da portaria o sacrifício de interesses dignc~ de preservação.
sucumbência: o exemplo tipico seria o do nexo entre a Não se dispondo, pura e simplesmente, J. romper os gri-
reivindicatória c a ação do comprador cvicto contra o lhões conceptuais. preferem, como ma: menor, a incoe-
vendedor. Assevera o escritor que entre as duas causas rência de homenageá-lo em teoria e ê.,"~rezá-lo na prá-
há conexão cm parte subjeti\'a, porque o garantido figu- tica. Deixam assim entrar de novo p':"" janela um co.:-
ra cm ambas, conquanto cm posições diversas, e cm tejo de figuras que haviam forçado a ;,.;,'.r pela porta ...
parte objetiva, porque, "embora tenham as duas deman- 63: Mas não são apenas esses cas:~ de rejeição in-
das difercntcs titulos e objétos diferentes, o acolhimento confessada que se devem recordar aqc;c )'lesmo a fazer-
da segunda, c até o qUflHt 1l1i/ da indcnizaçuo, dependem se abstração deles, seria inexato dizer ~'1c a construção
do acolhimento e do vulto cconômico da primeira". O dogmática fundada no confronto entre :" três elementos
asserto não pode deixar de causar perplexidade a q~em _ personae, res, causa petend.i - ten: o'2inado sem con-
quer que procure um mínimo de congruência clltr'e o traste na doutrina italiana.
exemplo e a noçãoqe conexão antes exposta. Com efeito:
para começar, se quiséssemos permanecer rigorosamente Bem se conhece outra tentativa que i margem dela se
fiéis ao conceito, teríamos de admitir, quando muito, fez de sistematizar a matéria. Partin:'>se da noção de
uma "conexão subjctiva" apenas parcial (não uma "co- "questão", entendida como "ponto dt:'.~:JSO de fato ou
nexão em part~ subjetiva", que é outra coisa); e, quanto de direito", em que se via não um elc;',."'lio da lide, mas
à "conexão objctiva", a única atitud~ coerente seria a uma causa ou uma condição desta", d, <0cou-se a tónica
de negá-la a pés juntos, uma vez que nem o fundamento, para o confronto entre as ql,estões qu, : juiz tem de re-
nem o objcto sequer parcialmente coincidem!
Reparo análogo poderia fazer-se com referência a 18. Assim, V.g., se não nos enganamos, em ZA'.'ZUCCm, Dir. proc.
civ., v. I, p. 204 e s.; e em LIEBMAN, M,;;>-_..;:e, v. I, p. 154 e s.,
outras hipóteses incluídas no gênero "conexão própria" ambos os quais principiam por enunciar u:::. :onceito de conexão
_ para não falarmos da "impropria", caracterizada pela e acabam por deixá-lo de lado, ao catalog~:" as diversas espécies.
simples identidade de "questões" relevantes para o jul- 19. CARNELUTTI, Le::ioni di diritta processu'=:'! civile, v. IV. p. 3.
gamento das duas ou mais causas. Mas seria correr sem A definição de "lides conexas" aparece na ;. 26; nessa e nas se-
necessidade o risco de enfadonha redundância. Ousare- guintes desenvolve-se o estudo do terna.

112 113
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solver a fim de compor a lide. Deveriam reputar-se co- sistemática e aludiu a elementos da.s.liJe3. Seriam elas
nexas as lides cuja decisão reclame a solução de ques- conexas quando tivessem um ou mais elementos em co-
tões comuns, ou idênticas. Dai a grande "amplitude ou mum, 'distinguindo-se três espécies: conexão pessoal,
elasticidade" da noção: é claro que a identidade pode quando idêntica ao menos uma das partes; conexão real,
referir-se a uma ou a todas as questões, à questão prin- quando idêntico o bem disputado; conexão oausal, quan-
cipal ou a um3 questão secundária, a uma questão de fato do idêntica a pretensão. Todavia, cuidou o escritor de
ou a uma questão de direito, comportando assim a co- ampliar o espectro assim desenhado: colocou, ao lado
nexão diversos graus. Ademais, a comunhão de questões dessas, outra figura, a que deu o nome de "conexão ins-
ora se apresenta como pura coincidência, ora como ma- trumental", e que ocorreria quando, feita abstração da
nifestação de verdadeira causalidade necessária: no pri- coincidência ou não dos respectivos e:Ementos, as lides
meiro caso, ter-se-ia a conexão imprópria, no segundo a fossem tais que os mesmos instrume::tos servissem à
conexão pról,ria. Esta sempre ocorreria nos casos de composição de ambas. Assim: no pr"'esso de conheci-
relações jurdicas derivadas do mesmo fato (conexão
mento, haveria conexão instrumental ~0r identidade de
caus"l) ou tendentes ao mesmo efeito (conexão final).
razões e por identidade de pruvas; no processo de exe-
Semelhante construção iria refletir-se no teor do Pro- cução, por identidade de bens.
jeto de Código redigido pela Subcomissão senatorial na
Não vem a pêlo analisar aqui os Frmenores de tal
terceira década de nosso século, e inspirado cm grande
parte, como Se sabe, nas idéias carneluttianas. Ali rezava construção. Um só ponto convém PÓ" em realce: nem
o art. 146: "Due li ti sono conncssc quando la dccisione mesmo escritor tão preocupado com o ~ ?uro dogmático e
di ciaseuna fsige l'aecertamcnfo, la costitu~ione o la mo- com a simetria das linhas arquitetôr.:cas logrou afinal
difica:ioni di dirifti, i quali dcrivano in tutto o in parte firmar-se em conceito absolutamente u:::\'oco de conexão.
dai 71lcdesi71lo titoZo o ja ti o. oppure ter/dono in tutto o Como os outros, logo após defini-la, ateia-se em conces-
in parte ai 1lI,dcsimo efjctto". sões que, a bem dizer, tornavam pouco menos que inútil
Reelaborando a matéria noutra oportunidade ''', cedeu a definição lançada. Por trás do biombo vê-se palpitar
o autor, em certa medida, ao peso da tradição, que {) a realidade multiforme que ele é incapaz de encobrir.
inclinava no sentido de dar relevei aos "elementos": não 64. Se passarmos da Itália ao Bras::. vamos verificar
se conformou ao uso generalizado, que fala de elementos que o fenómeno se repete. Os nossos peocessualistas, ao
das ações (ou das causas), mas adaptou-o à sua própria
menos de algumas décadas para cá, nâo se negam a enun-
ciar um conceito de conexão; e, ao fazê-Io, com freqüên-
20. CARNELUTrI, Sistema, v. I, p. 357. Cf., cm termos scmdhan- cia se valem da fórmula clássica, inscrita na pauta da
tes, lnstituciorles, p. 40-1. A mudança de atitude a que se rdere comparação entre os três elementos identificadores das
,. o nosso texto foi corretamentc assinalada, entre n6s, por XA-
ações (ou das causas). Isto e: prestam igualmente a sua
VIER DE ALBUQUERQUE. Ainda sobre a conexão: utilidade
e atualidade de uma lição centenária, in Revista do Tribunal de homenagem à doutrina tradicional, em que se foi ao
Justiça do Distrito Federal, 0,° 1, p. 7 da separata. ponto de enxergar "formas convizinhas da exatidão ma-

114 115
temática" ". 1\0 desdobramento da exposição, todavia, cidência parcial dos três clássicos elementos, acabavam,
curvam-se ii. sugestões da conveniência prática e atra- cedo ou tarde, por arquivá-lo de maneira mais OU menes
vessam sem muita cerimônia as divisas conceptuais que sub-repÚcia, reconhecendo foros de cidadania, no terri-
aparentemente se propunham respeitar. tório da conexão, a fenômenos insuscetiveis de rigoroso
O Código de 1939 absteve-se intencionalmente de con- enquadramento no molde preconizado.
ceituar a conexão, e já se registrou que foi por isso 65. Tal qual se fez no tocante à literatura peninsular
censurado. De censura também foi alvo a opinião se- (supra, item n.o 62), aqui também é possivel apontar,
gundo a qual nem todos os dispositivos em que aparecia em valiosíssima exposição sistemática do ordenamento
a palavra a empregavam no mesmo sentido ~:!. Tais crí- então vigente, exemplo didático, por assim dizer, dessa
ticas dariam azo à suposição de que, quando nada nos atitude n. Rejeita-se categoricamente a hipótese de "dua-
[
mais autorizados setorcs doutrinários, vigia uma noção lismo de conceitos". que constituiria "procedimento não
I determinada, precisa e i:'.variâ\'cl da figura. Nenhuma condizente com os princípios da técnica jurídica": o
impressão mais. :':':lganosa: os próprios escritores que pre- termo "conexão"~ :ç3.,Ssando de um dispositivo a outro,
conizavam a adoção de conceito ún-ico, ainda quando sole- não poderia sujeitar-se a "dessemelhança substancial em
nemente o enunc:assem, de ordinário cm termos de coin- seu conteúdo". E, r:lUito embora não se encontrasse de-
finição no Código, as referências esparsas ao longo do
:1 ~IA:\l'EL C\RLOS DE FIGlTIREDO ITRRAZ, Natas sobre texto permitiriam "a sistematização legal do instituto".
a [(llllpcrhlcfa ,"·_'r COf/CX,;,,, p. 4-:. Mais r.:ccnt.:mente, n3. me'i- Tal sistematiza cão vê-se de fato empreendida, sobre
ma linha bási':-l indicada cm nl)~~') texto, ride. \.'ntrc uutrl'lS, LO- a base tradicional· do confronto entre os três elementos.
PES DA CaST.-\., Dir. Pr,); Cr. "T(1I., \', I. p. IS\l c s.; CA.RV-:\-
LHO SA~TOS. c.P.c. III"er?r., \'. II. p. 2()9 c s. (o qual, entre-
Toma-se, porém, a cautela de falar em "conexão pró-
tantn, cuidava .:: regi~trar c;u..: "l:m pn:\"akciJ,) na juri~prudên­ pria": nesta é que "há parcial coincidência de duas ou
cia uma certa ;;b:rticídad..: no conc.:ito": p. 218); AMARAL mais lides, porque dos elementos constitutivos do litígio
SAI\TOS, Pr:n:_·.ras linhas de Direito Processual' Civil,!.' cd., um ou dois são idé:lticos ou comuns". \'em a seguir a
v. I, p. ::!95-6: Da rccnnl'lI:ç,;o n0 dirdto orcailciro, p. 180-1;
indicação de várias outras espécies de conexão: a "recí-
WALDE\IAR ~I~RIZ DE OLl\TIRA JC'iIOR. Curso de Di·
reillJ Pr(lccssu:;,: Cil'il, v. I ITt',-'f:u geral do proces.w ciri/), iJ.
proca", em que os eiementos comuns de uma e outra ação
182-_~: ARRCD-\ A.LVIM. CursfJ de Direilo Procc5.,lIa! Cil'il, v. ocupariam em cada qual posições inversas, servindo de
I, p. 30-1.-5; ~L;'CHADO GCI\1.-\R ..\.ES. Ao;; tr'::~ figura'i dL) litis- exemplo o caso da ação primitiva e da reconvenção; a
consórci~l, in [';';,,10s de D,"rt>itu PrOCl'ssUa.! Cil'i!, p. 209; GAR- "conexão por prejudicialidade", em que uma das causas
CEZ :'\ETO, C·,:t'xão de causas ou de pedidos, p, 11; XAVIER tem seu julgamento logicamente subordinado ao da
DE ALBUQL"ERQUE, AiTlda sobre a conexão, p. 11. Em sen-
tido crítico, Bl"E~O VIDIGAL, A conexão no c.P.c., passim;
outra; a "conexão por acessoriedade"; a "conexão 8U-
PARÁ FILHO, E5tudo, p. 51 e s. -Quanto às Instituições de
JOSÉ FREDERICO MARQUES, "ide intra, item n.' 65. 23. JOSÉ FREDERICO ~IARQUES, Instituições. \'. II, p. 235-6 (re-
22. Assim, V.g., PO:\lES DE MIRA~DA, Comen!. ao c.P.c. (de jeição da variabilidad~ conceptual); v. III, p. 254 e s. (caracteri~
1939). t. II, p. 291; GUILHERME ESTELITA, Do /iti,con,órcio zação da "conexão própria" nas p. 254-5; apresentação das outras
no direito brasileiro, I? 1634. modalidades nas p. 255-7). \"

j 117
118

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ee~siva", entre a ação de conhecimento e a ação de exe- 66. O panorama descrito nos itens anteriores sugere
cução da sentença; enfim, a "conexão pm: extensão sub- algumas .considerações criticas ao ângulo metodológico.
jetiva", característica das diversas modalidades de in- Parece fora de dúvida que a doutrina não conseguiu
tervenção de terceiros. forjar um conceito unívoco e tranqüilo de conexão, que
possa ser tomado como eixo de referência constante no
Ora, a segunda parte da elaboração - seja-nos per-
exame dos problemas relacionados com o fenômeno. Ne-
mitido observar - desmente a premissa de que se par-
nhum dos que se vêm propondo logrou obter aceitação
tira, É óbvio que nas figuras ai apontadas, conquanto
geral. Mas não é só isso. ~esmo os autores que nomi-
se continue a falar de "conexão", já se passou a usar o
nalmente aderem a um deles - e de maneira especial
termo em sentido diferente do primitivo. Em algumas,
os que escolhem o fundado na coincidência parcial dos
ainda se nota a identidade das partes; na última, entre-
elementos da ação (r'ectius: da causa) , que é, no presente
tanto, dita "conexão por extensão subjptiva", nem isso
contexto, o que mais interessa - cedo ou tarde termi-
resta: comum às duas causas será quando muito uma
nam por ultrapassar-lhe os Emites, admitindo como for-
das partes. o que não basta, à evidência, para tornar mas ou tipos de conexão figuras incongruentes com a
identico em ambas o elemento subjetivo. Certo que o
descrita na definição.
autor distingue tais casos dos de conexão "própria". Se
Tudo isso justifica a suspeita de ha\'er aí errO de mé-
há, porém, duas espécies do mesmo gênero, deve neces-
todo. Como quer que se conceba o fenômeno da conexão,
sariamente haver algo que, caracterizando o gênero, es-
nma coisa é certa: não se trata de uma" entidade, de algo
teja presente numa e noutra espécie. Esse 'lzúd daria a
que existe per se, mas de uma relação entre entidades.
nota essencial. por que se teria de definir o gênero (co-
Tal relação, quandO ocorra. poderá ter relevància para o
nexão). :\ão se diz, no entanto, em que consistirià o
desate de questões várias, em tema de competência, de
traço comum a toda.s as figuras de conexão; de qualquer
cumulação de ações, de litisconsórcio, e assim por diante
modo, fica fora de dúvida que ele não consiste na coin-
_ last but not least, de admissibilidade da reconvenção,
cidência entre um ou dois dos elementos clássicos.
que aliás, em última análise. constitui hipótese particular
Quer isso dizer, afinal de contas, que não se chegou a da cumulação. Ora, a premissa explícita ou implicita
isolar o conceito de "conexão". Sem embargo da enfática de que se parte é a de que. para resol\'21' todos os pro-
declaração de principios. lida-se, ainda e sempre, com blemas concebíveis, cumpre exigir, na n;encionada rela-
um "dualismo" - senão com um "pluralismo" - de con- ção, a presença de traços constantes e in\'ariáveis. Longe
ceitos :::-ô. está, porém, de fazer-se a demonstração de que seme-
lhante caminho é o que abre melhores perspectivas de
atingir em qnalquer caso resnltado satisfatório.
24. Também PARÁ FILHO, Estudo. p. 147 e s. critica a oplmao
dos que admitem a variabilidade conceptual, mas não logra tra- A preocnpação com a nnivocidade e a precisão do con-
duzir em fórmula precisa e univoca o que seria o conceito de ceito apresenta-se inteiramente justificada quando se
conexão no Código de 1939. Quanto ao pensamento do autor trata de um quid substancial. Dentro de determinado
cm nível puramente teórico, elaborado sob o influxo das idéias sistema jurídico, torna-se indispensável saber com exa-
cameluttiaDas, vid~" p. 51 e S., 65 e'., 153.
ii \'
119
:jI I 118

iH d--;,':7;IJII,
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I
I
I

tidão o qUl é um contrato, o que é um tributo, o que é valoração dos esquemas conceptuais que entre' si dispu-
uma sentcllça. Há noçÕ<'s, todavia, puramente instru- tam a Ilrimazia não se fará em nível teórico, mas em
'n-vclltak'i, que não desig113ID atos, acontecimentos, coisas nível prático. Afinal, o que importa é bem resolver a
materiais ou imateriai5, iastitutos, substâncias enfim. questão posta à cognição judicial; se, para tanto, é mis-
Sel'\'cm tão-só como 1'0":05 de apoio no trabalho herme- ter reconhecer ao juiz flexibilidade no manejo do instru-
nêutico c, sobretudo, na procura de soluções práticas mento, não terá o fenômeno sequer o poder de surpreen-
pa"" determinadas qucst0d. A noção de conexão perten- der que têm as coisas inéditas ou muito raras: ele
ce a essa cat('~oria::\ D:5cutir in abstracto sobre o "ver- ocorre todas as vezes - e não são poucas - que a lei
dadl'iro" ('(ll1cL'ito de ('('\~:cx~i.o é cair na armadilha da se vale de conceitos jurídicos indeterminados, deixando
mais C'xaCl'rb1cia Bcgrif.;~'.;'~'·i~'iil·lldolZ. Se o autor A cri- ao órgão judicial a tarefa de precisar-lhes, hipótese por
tica a df'finil;J.0 propos::-~ !"'~lo autor B alegando que ela hipótese, os contornos, levando em conta as peculiarida-
ckixa dl' 1'01':1 l'~l~OS que ::'_' \'L'!" de A são de conexão; ou, des da causa e sopesando os interesses em jogo. Ao con-
inVl'l'::,amrnte. que ela Í::-.: '.:: :10 âmbito da conexão casos trário do que inculca um preconceito arraigado, seme-
que ao \'cr dr ~-t não s5.C' ::':3. 3. crítica mostra-se incon- lhante 'procedimento não é menos "cientifico" do que o
sC'1lklltC no puro plm:o :';ico: B pode simplesmente consistente em querer meter na camisa-de-força de uma
virar o argunk!1to pelo ::-~ ',;-2:3:30 e replicar que o conceito definição apriorística a enorme variedade de questões
de A é que Si' mostro ,éc,,;osiado largo (ou estreito). que, por heterogêneas, repelem solução homogênea; nem
Nessas condiçõ·:s, é inf:",::l:t:ro o debate: cada um dos merece o rótulo de "empirismo" ou "casuísmo" na me ..
contendores de por den:c::o:cado o que nenhum demons- dida em que tais designações pejorativas implicam a su-
trou - nem ',em como (:êP.10nstrar - , ou seja, que a posição de escolha arbitrária e imotivada, pelo juiz, ao
conexão é aquilo a que (:~. '. h'JlI/(l. conexão. l\-Iera qucrclle sabor de caprichos ou idiossincrasias, hoje neste sentido
de mois, nada mais. e amanhã naquele, sem qualquer preocupação de coerên-
Só existe ai um prisr.:a através do qual se afigura cia, sem observâucia de critério algum - o que seria
legítimo dar preferência a uma posição sobre outras: grosseira caricatura, como fica evidente, da orientação
é o da maior ou menor ",::dão de cada qual para con- aqui sugerida.
duzir a cspéc;e a uma sc::.:,ão conveniente e justa. A 67. Convém recapitular e resumir as nossas conside-
rações. A indagação posta de início dizia respeito a ter
ou não o Código de 1973 recebido da tradição legislativa
25. Ao mcnll~ ;; ':-!~iJ,;r3cla c --, :;,',;:::'<.l jurídica: será talvez verdade
que, filo.\(lf;'~:;.mcnlc, "a ..:.,:;~",jL"\ é o que é", independentemente
e doutrinária um conceito, senão pacífico, ao menos tran-
de sua r...'p":í':Us~{io nl'.S ,f',,;,~~13 problemas processuais (ou, iI! qüilamente dominante, de conexão de causas. A luz dos
gCllere, jurídic0~), qu..:: t:. Ll comp..::tc disciplinar, negando-a ou dados que coligimos, é possivel dar com segurança res-
Jcconhecendcra, com mai0r cu menor intensidade, segundo cri~ posta negativa. As leis em geral se furtam a definir
térios variáwis, que ate:lj~rãJ inclusive às diferenças de grau conexidade e, quando dela consagram uma noção -
ohser.. á\'eis no fenômeno (X~ VIER DE ALBUQUERQUE, As-
como os vigentes Códigos belga e francês - , preferem
pelOS da conexão, p, 15 e s.). Aqui s6 nos ocupamos da proble-
rnãtica jurídica ~u antes, processulÚ) da conexão, formulá-la em termos puramente funcionais ou instru-

120 121
j
mentais, renunciando a uma rlgida caracterização con-
,
"
tese de universal aceitação, ou pelo menos de generali-
ceptual. A doutrina, estrangeira ou nacional, manteve-se zado ~restlgio. Semelhante consenso jamais existiu, na
distante, em larga medida, da preocupação definidora; .
~
matérut, em torno de qualquer conceito. Aliás, o Ante-
e, mesmo ao deixar-se fascinar por ela, ficou bem longe projeto do Código enunciara em termos expressos a
de atingir resultado firme: as mais elaboradas tentati- pretensão de "eliminar as tergiversações da doutrina e
vas de fixar o conceito cm linhas nltidas, bem examina- da jurisprudência", mediante a regra definidora da co-
das as coisas, acabaram por falhar na empreitada. nexão. Admitira, ipso facto, que se tratava de questão
Deve-se reconhecer a uma delas - a inspirada no con- polêmica. Não é ainda chegado o momento de perguntar
fronto entre os três clássicos elementos de individuali- se a inserção da norma terá sido bastante para instalar
zação das ações (rectius: das causas) - repercussão de a paz. Basta-nos por enquanto a certeza de que ela
certo modo extensa e duradoura. Mas, olbada em profun- até então, não reinava. '
didade. a sua influência tem sido mais nominal que real.
Conforme se documentou nas páginas precedentes, ainda
os autores que lhe declaram adesão costumam guardar §- 16. O Código de Processo Civil de 1973
boa margem de reserva, senão explicita, quando nada e o conceito de conexão
rendida em acréscimos incompativeis com a pureza con-
ceptual - como o que abre espaço a uma modalidade "im- 68. O art. 103 do Código atual p:ovém do art. 118
própria" de conexão, válvula de escape para certas difi- do Anteprojeto BUZAID e do art. lOS do Projeto reme-
culdades geradas pela estreiteza da definição -, ou tido ao Congresso NacionaL Entre o Projeto e o Código
patenteada na incongruência entre determinados exem- não há, no particular, diferença de reJa cão. Do Ante-
plos de uso constante e a severa arquitetura do conceito projeto ao Projeto, contudo. ocorreu :::mcÍança. Naque-
le, segundo o texto oficialmente pubEcaJo. rezava o art.
adotado.
Quanto à jurisprudência, seria notoriamente falso atri-
118: "Reputam-se conexas duas os ffi,,'S
ações, quando,
além de idênticas as partes. lhes for comum o objeto ou
buir-lhe, no particular, posição de estrita fidelidade a
o título". Diz-se que teria havido equi\'oco na publica-
esquemas conceptuais precisos. Ao contrário: sob a per.
ção: onde se lia "além de idênticas as partes", deveria
manente pressão de necessidades práticas, a sua atitude ler-se "além de idêntica =a das pa:-:es" '.l.
sempre se assinalou pela flexibilidade. Os tribunais, real-
A fonte inspiradora é, seI:: dúvida, a clássica doutrina
mente, não se apegam muito a fórmulas para afirmar
dos três elementos. Não recebeu ela, po,.ém, consagração
ou negar a ocorrência de conexão: deixam-se guiar so-
na sua forma pura, de acordo com a qual seria neces-
bretudo, quando não exclusivamente, pela convicção de
ser uma ou outra atitude mais capaz de propiciar solu-
ção conveniente para o problema sob exame. 26. Consoante informa XAVIER DE ALBUQl"ERQUE. Ainda so-
bre a conexão, p. 14, nota 40, o próprio autor do Antcprojcto
Nossa conclusão é a de que, ao redigir o art. 103, não esclareceu o ponto no Congresso Nacional de Direito Proces-
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"
L se cingiu o legislador pátrio de 1973 a referendar uma sual Civil, realizado em Campos do Jordão.

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sária e suficiente, para configurar a. conexão, a coinci-
. dência das causas em qualquer um dos elementos (per-
sonac, rcs, causa pctclldi) ". O Anteprojeto, na redação
oficial, exigia a ide.ntidade tofal de dois elementos: partes
crupulosamente OS lindes conceptuais tr3~ados no texto
legal 30. A maioria, preste embora homel:"gem ostensiva
à noção "de conexão baseada sobre a idE;!tidade parcial
dos elementos a que alude o art. 103, te=ina por dilatar
e objdo, ou partes e "titulo"; na redação que se aponta os contornos da figura, reconhecendo a ocorrência de
como verdadeira, a identidade total de um elemento (obje- conexidade entre as causas que não têm o mesmo objeto
nem o mesmo fundamento.
to ou titulo) e a identidade ao menos parcial de outro
(partes). O Projeto e o Código passaram a contentar-se Assim é que se persiste em falar de "c_'nexão sucessi-
com a coincidência ou no objeto", ou na causa de pedir va" a propósito da ação de conhecimen:~ e da ação de
(exprcss~o que substituiu a de "titulo"), silenciando execução de sentença", ou, em termos ::cais genéricos,
quanto às partes - do que se infere não ser bastante a de uma conexão em "sentido largo", que sbrangeria un1a
mC'ra identidade destas, embora total, para tornar cone- série de casos estranhos ao âmbito do ar:. 103 "; ou em
xas as açõcs ~8. reconhecer-se que na doutrina acolhida 1'<0 Código "não
se acha toda a tcoria da, conexão", imF~do-se admitir
6~. A posição da doutrina surgida sob o regime atual, a existência de "outras hipóteses", con~·.:J.nto "não su·
no entanto, não parece distanciar-se sensivelmente da ficientemente sistematizadas'· cc. Quando ::12nos, flexibi-
que se registrou na formada sob o anterior. São poucos liza-se o conceito, sob color de respeitá·::' na exemplifi-
os escritores que, ao versarem a matéria, observam es- cação: dizem-se conexas, v.g., a ação ~é nulidade do
contrato e a ação em que se pleiteia a cespectiva exe-
'2.7. l'iJc' ~IATIIROLO, TrQrr":ll, \". I, p. 80-1. e S., c:-,pCC. 809-11. cução ou a cOllsignatória do preço, e ber..: ,-1.3sinl a ação
28. A d,)~ltrilla pr,lp~'ndc p:.rJ. ,1 cntendim.:::nto de quI.; é wficicnh:\ a de despejo por falta de pagamento de a:::;'.:éis e a ação
id,-,n:i,Lu. .k Ull llbi.:to /11(.1:,;:,,, i,tn é, do bem a cuja obknç:"io ~C
de consignação destes, mas força-se maniffõ:amcnte a rea-
Vi:-:l. rúo se d..:\ ~ntl()~ nigir a J0 objctn imediato, quer dizer, de
prcJ\.:J~ncia judiciJ.l pkil':J.JJ: viJc CELSO AGR1COLA BAR-
lidade quando se pretende embutir tais c;õ C3 na moldura
BI. C 'n!clll(íriIJs tlU Cí.L',· de Pr(lCCSSO eh'i!, v. I, 1. J, p. 272; do art. 103, afirmando que é 10n só "o :'::0 jurídico (o
ARRl'DA AL\'nL Cvdi,,'lJ de Processo Civil comenlado, v. lT, . contrato) que serve de base às diversas ""·.1Sa3" ". Bas-
p. 3'8. ta pensar que o contrato não pode serde ~e base à ação
29. CL HÉLIO TOR'S"AGHI. ComeTI!. ao c.P.c., v. I, p. 345. A em que se pede a declaração de sua nu::iade: a causa
hipó~.:~.: sc:mpr.: cOn'itit,:il! font;,; d:: dificuldades para a teoria petendi será a incapacidade absoluta daõ partes, ou a
clá~,,;::t. Entr.: r,':'~~. c~cr..::'.j:l L':':. JOSÉ FREDERICO MARQUES,
preterição de solenidade essencial, e assin: ~or diante. E
III-';!i:., v. lII, p. 255, qu.:: "0 vir:cu10 entre as lid.:s é, aí, muito
t~nu~ e frágil, pdo que por si s6 não origina a prorrogação de
31. JOSÉ FREDERICO MARQUES, Manual, v. I .. j>. 225.
competência, embora seja fator suficiente para a cumulação de
pedidos". Tratar-se-ia, por assim dizer, de uma conexão de 32. PONTES DE MIRANDA, Comento ao c.P.c. (de 1973), t. II,
"segunda classe" ... p. 259 e S. (J,'ide, sobretudo, p. 260 e exemplos d3 p. 261).
30. Assim, salvo engano, HÉLIO TORNAGHI, ComeTlt. ao c.P.c., 33. AMARAL SANTOS, Primeiras linhas. v. I, 5.' ed., j>. 224.
V. I, p. 343-5; ARRUDA ALVIM, Manual de Djreito Processual
34. HUMBERTO TEODORO JR., Proc. de conhec. v. I, j>. 224.
Civil, v. I, P. 1114.

125
124
supor que tenham iglWI fundamento (a igualdade do obje-
to, está, à (".·idência, fora de questão) a ação de despejo Objeção desse teor faria vir .à mente , antes 'de mais
e a cons.ignatória de aluguéis é, com a devida vênia, nada, ? cepticismo com que a ciência jurídica, por alguns
desprezar afrontosan1l'l1t(1 o próprio senso comum! de seus maiores expoentes, encara a pretensão vincula-
tiva das definições legais. Para não sairmos do círculo
Mais sincera l' mí.'IlOS dt'SC()IlCcrtante é a atitude de
dos especialistas em direito processual, recordaríamos
quem, sem rodl'ios, aVt'rba Je insuficiente o conceito dado
as palavras de uma autoridade universa1mente respeita-
pelo art. 103, ponderando qUl' "" hil,ótese prevista é
da, de acordo com as qurus "nem mesmo o poder legis-
Çlpcnas uma, C'lltl'i. ' as vürias em que ocorre a conexão" ::;;
lativo consegue transformar em verdade erros manifes-
Em outras palavras: a Jefinil:üo nuo abrange todo o tos de definição científica" ".
definido.
No qlll~ tangf' à juri::prudt'lll'ia, é talvez ocioso notar Convém, toda via, que nos perguntemos se é necessá-
que nüo se \'l'm deix;lnd,") t\llh\.T tJl'lo teor do art. 103.
rio recorrer a semelhante ordem de co::,iderações. Quan-
~Iinistra l XPllll11u corriqlkll\) li CI::iO, mCllcionado adma,
do se fala, para afirmá-la ou para ne~j-la, na vincula ti-
vidade de conCeito fixado em lei, a r~2missa de que se
das nções de dl':';Pl'jO pt")r falta de pa~amento c de COn-
parte, obviamente, é a de que a lei t",·; na verdade con-
signac: üo de aluguéis, nas qllais não h~í idcntidauc nem
de fundamento, nem (iL' obj..:-to, mas que os nossos tri- ceito preciso e unívoco da figura ou do :':"stituto em foco.
bunais scmprl' considcraram (' continuam a considerar Para isso, entretanto, não basta que ~ depare no texto
conexas Xúo é prl'ci:::o dizer mais para patentear legal dispositi\'o de feição definidora. É mister que, ao
quão ilusória se tem rC\'l'l:::.do, afinal, a convicção do An- longo de todo o seu corpo, se mantenh;;o ela própria, fiel
teprojeto c cio Projl'lo, ele' que seria possível, COIl) a à definição, abstendo-se de empregar em sentido dife-
inserção da regra do art. 103, '\.'liminar as tergiversa- rente o termo que designa a figura o:: o instituto. Do
ções da doutrina e ila jurisprudência". contrário, já não haverá que cogitar de "". conceito legal,
70. Dir-se-á que, se subsistem as "tergiversações", a senão de dois 01, mais conceitos. Ke::: fará sentido, à
culpa é da doutrina c da jurisprudência, não do Código . evidência, exigir de doutrinadores e juizes que tratem o
Uma e outra erram quanJo se afastam do conceito legal, problema com maior reverência do ql:E a do legislador
que, de qualquer sorte" há de prevalecer. A fidelidade a mesmo - que sejam, se assim nos pc"<lemos exprimir,
tal conceito será a pedra-de-toque da legitimidade de mais realistas que O rei... Impõe-se. ?or conseguinte,
toda construção dogmática. O resto são descaminhos, perscrutar o sistema do Código de 19.3. a fim de veri-
que não se podem levar cm conta. ficar se de fato existe nele perfeita cO€rência no ponto
que nos interessa, quer dizer, se o conceito de conexão
35. CELSO AGRlCOLA BARB!, Comento ao c.P.c., v. I, t. n,
p. 465. é sempre invariável em todos os dispositivos onde apa-
rece o vocábulo ou qualquer de seus cognatos.
36, V.g., Tribunal de Justiça do antigo Estado da Guanabara, 28 de
novembro de 1974, A.I. n,Q 26,758, iII Rev, de Jurispr. do TJGB.
v. 36, p. 61-3. 37. CALAMANDREI, La Cassazione Civile, in Opere Giuridiche,
V. VII, p. 2%.

126
127
71. Feita abstração do próprio art. 103, tais dispo- do: ele teria a função restritiva de esclarecer que, para
sitivos são os seguintes: art. 46, n.o III, art. 90, art. o fim de tornar admí.sslvel o litisconsórcio, com funda-
102, ar!. 105, art. 253, art. 292, art. 301, n. o VII, art. mento no inciso III, nem todas as modalidades de cone-
315 e art. 842, § 3.0. Exclua-se de nossas cogitações, xão assumem relevância, mas apenas aquelas caracte-
desde logo, o último, cm que o adjctivo "conexo", aposto rizadas pela coincidência do objeto ou da causa de pedir.
a "direito", indica fcnomel1o só pertinente "ao direito Ora, não se pode é claro, eliminar a priori a possibilidade
malcrial, sem interesse p~ra esta pesquisa. Os arts. 102 de ser supérflua a cláusula, mas tampouco deve ela me-
e 105 inserem-se no mC3mo contexto do art. 103, razão recer, por força, a preferência do intérprete, já que,
pela qual não nos ministram, aqui, dados útcis. Os arts. segundo cânon hermenêutico tradicional, não se presu-
90. 253 e 301, n. O "II. cclmportam interprctação compa- mem supérfluas as palavras da lei. O ônus da prova
tiwl com a regra definidora do art: 103; nâo fica de-
caberá, em todo caso, a quem opte pela afirmação da
monstrado, só por isso. que devam J/C(:( 8sflriamenlc in-
superfluidade; e a única alternativa é admitir a brecha
il'vprL'tar-sC' assim, mas :ampouco se ('olhe' neles qualquer
nas barreiras conceptuais do art. 103.
C'kn1l'nto que nos oriente noutra dircção. Restam os art8.
46, n. o III, 292 e 315. O art. 292 alude à conexão entre pedidos, para excluí-la
O art. 46, n. o III, estatui que "duas Oll mais pessoas do rol dos requisitos de admissibilidade da respectiva
podem litigar, no mesmo processo, cm conjunto, aUva ou cumulação (verbis "ainda que entre eles não haja co-
lJas~i\'amcnte, quando ... entre u;:; causas houver cone- nexão"). Alguns comentadores do Código, ao analisarem
xão pelo objeto ou pcla causa de pedir". Afirma-sc que ,) o dispositivo, dão a impressão, mais ou menos nítida, de
dispositivo "é coerente com o art. 103, segundo o qual entendê-lo como se se referisse à conexào das oousas em
há conexão entrc duas ou mais açõ,'s, quando tivbrcm razão do pedido (recNus: do objeto), e também do fun-
o mesmo objeto <;>11 a mesma causa de pedir" 3.'1. No damento ". Não há dúvida de que, se O autor cumula
rigor da técnica, porém. a dicção do texto sugere um pedidos, também se cumulam. causas, a menos que O
reparo. Se a conexão, nos termos do art. 103, já importa pedido acrescentado ao principal seja mero acessório,
conceptualmente a comunhão no objcto ou na causa sobre que o juiz deva pronunciar-se ainda no silêncio
lJetendi, que significa a presença, no art. 46, n. o III, das da inicial, como acontece com as condenações em custas
palavras "pelo objeto ou pela causa de pedir"? A luz da
definição contida no outro dispositiYo, toda e qualquer
39. Assim PONTES DE MIRA"DA, Comento 00 c.P.C. (de 1973),
hipótese de conexão ou seria pelo objeto, ou pcla causa t. IV, p. 65 e s. (onde, aliás, vibram ecos ~rccptiveis do regime
de pedir. Uma de duas, por conseguinte: ou é supérflua anterior, e nomeadamente do art. 155 do estatuto de 1939, o qual,
a cláusula final do art. 46, n. o III, ou dá a entender um entretanto, reclamava a conexão entre os pedidos para consentir
conceito de conexão mais amplo que o do art. 103. Só na cumulação); CALMON DE PASSOS, Comento ao c.P.c.. v.
III, p. 200 (à yista da alusão aos arts. 105 e 106, que inegavel~
neste caso, com efeito, se justificaria o acréscimo aspea-
mente tratam de açõcs conexas);- MARCOS AFONSO BORGES,
Comentários ao Código de Processo Civil, v. I. p. 289 (a julgar
38. CELSO AGRíCOLA BARBI, Comento ao c.P.c., v. I, t. I, p. 269. pela remissão expressa ao art. 103).

128 129
processuais e honorários de advogado Oe', De qualquer palavra "conexão". Ninguém deve escandalizar-se com
sorte, porém, a expressão usada no texto legal parece tal asserto, A precisão e a univocidade da terminolo-
indicar uma relação não identificável com a que se gia constituem sem dúvida valores de peso em qualquer
configura entre ações conexas, nos tprmos do art. 103, obra legislativa. Cumpre reconhecer, no particular, o
ou, mais ge~ericamente, à luz da teoria clássica da coin- esforço do diploma de 1973. que pôs grande empenho
cidência parcial de elementos, já que os elementos do em evitar reincidir nos inúmeros defeitos criticados,
pedido. se assim Se pode dizer, não são os mesmos ele- desse ponto de vista, no estatuto de 1939 ", Não lo-
mentos d" ação (rcctins: da causa). grou, contudo, forrar-se por completo a certos desli-
zes. Podem record~r-se, a título exemplificativo, as va-
Mais importante, sobretudo porque versa justamente
a matéria objeto deste estudo. e o art. 315. Ai se exige, riações de sentiáo do termo "sentença" ao longo do
texto "; é evidente. v.g., que não é a cesma a respec-
para que se torne admissh'êl a reconvenção, quP ela
tiva acepção no acto 162, § 1.0, em que 5e define "sen-
"seja conexa com a ação pri"cipal ou com o fundamento
tença" como "o ato pelo qual o juiz põo termo ao pro-
da defl'sa". Sendo a recoI1\"l~:lçào uma ação, a primeira
cesso" (em primeiro grau de jurisdição: cf. o art. 163),
parle. em principio, não sU5CÍtaria dificuldades, no pla-
"decidindo ou não o mérito da causa"; no art. 588, n. o
no puramente exegético, em confronto com o teor do
III, onde "sentenÇ3" designa a decisão é2 grau superior
arl. 103; estar-se-ia sempre no âmbilo de conexão cl/trc
que modifica ou u!1ula a exeqüenda; o:.) art. 1.078, no
açõcs. A cláusula final, toda\'ia, refoge à possibilidade
qual "sentença" está por "laudo", que 1:2m sequer é ato
de semelhante enquadramento: o "fundamento da de-
judicial. E vale notar que se trata de c cllceito substan-
fesa ", que obviamente nào é acão, não tem, a rigor,
cial, correspondente a uma entidade, não a 5implrs relação
"objeto" nem "causa de pedir", de maneira que em
vão se pretenderia compará-lo com a reconvenção a fim - de conceito, portanto, que com ma:Of facilidade, e
de averiguar se qualquer dos dois elementos é comum também com maior necessidade, se que:' unívoco.
a esta e àquele. Isso mostra que, pelo menos com refe- Nenhuma obra humana é perfeita. Poucos monu-
rência à segunda hipótese de admissibilidade, o con-. mentos legislativos, no campo do processo civil, têm
eeito de "conexão" é diverso do consagrado no art. 103. suscitado tão profunda e generalizada admiração quan-
Voltaremos oportunamente ao ponto (vide, infra, os to a Ordenação alemã de 1877. No entanto, um dos
itens ns. 75 e 95). mais autorizados expositores do sisten:a dedicou pági-
nas e páginas à enumeração e à crítica das oscilações
72, ~ossa conclusão é a de que o Código de Pro-
semãnticas perceptiveis no emprego de palavras como
cesso Civil, apesar da preocupação definidora manifes-
"parte (Partei)", "pretensão (Ansprwh)" e quejan-
tada no art. 103, não usa sempre no mesmo sentido a
41. Vide a Exposição de Motivos do Anteproj~tc BUZAID. TI.O 14,
40. Doutrina autorizada nega que, em hipótc~c.<i tais, ocorra verda-
e a do Projeto remetido ao Congresso Nacional, n. o 6.
deira cumulação: vide CALMO~ DE PASSOS, Comellf. ao
c.P.c..v. III, p. 264 e S.; WELLl:-.lGTO:-.l MOREIRA PIMEN· 42. Extensamente, ao propósito, BARBOSA MOREIRA, Comentá-
TEI., Comento ao C,J'.C., v. m, p. 198-9. rios ao Código de Processo Cidl, v. V, p. 275 e s

:1li. \ I. 131
130
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das ".. E no que tange a. conceitos puramente instru- "conexa com a ação principal". Já saben:os que será
mentais ou funcionais, como indiscutivelmente é o de lícito, na interpretação desse texto, deixar de lado a
"conexão", parece mesmo duvidoso que se haja de con- regra definidora do art. 103 e procurar o:J!ro entendi-
siderar defeito a mudança ocasional .de sentido. O que mento para a relação de conexidade que a lei quer ver
antes se poderia estranhar é a veleidade de fixar uma entre as duas ações. Resta averiguar - por enquanto,
acepção rígida, conforme se intentou fazer ao redigir o \"ale a pena lembrar, ao ângulo puramente dogmático
art. 103. As eventuais infidelidades eram previsíveis, - se há na estrutura do Código elementos que apon-
quase diríamos inevitáveis. Não são elas que julgamos tem nessa direção.
merecedoras de censura.
74. Situa-se o art. 103 na Secção IV do Capítulo
referente à competência interna. Com eX~eção do art.
110 - corpo estranho no contexto" -, as normas aí
§ 17. Confronto sistemático entre a disciplina insculpidas versam todas sobre aspectos de uma pro-
da reconvenção e o ort. 103 blemática comum, claramente designada pela rubrica
73. Nas páginas autecedentes forcejamos por mos- "Das modificações da competência". Essminando-se
trar que, não obstante o teor do art. 103, inexiste no com atenção a seqüência dos dispositivos. sem dificul-
\"igente Código de Processo Civil um conceito constante dade se verifica que os cinco primeiros co:::stituem um
e unívoco de conexão. Tal circunstância é relevante no agrupamento dotado de individualidade própria. São os
sentido de lançar uma das premissas em que poderá únicos em que se depara a palavra "conexã,:,' ou algum
repousar o trabalho hermenêutico, a ser realizado sobre cognato e cuidam todos, basicamente, de = mesmo as-
dispositivos onde figura a pala na. A definição do art.·· pecto daquela problemática. Os quatro pr~eiros apre·
103 não é universalmente vinculativa. Fica o intérprete sentam até maior coesão entre si, e não seria impróprio
autorizado, em principio, a preferir à noção por ele que se reunissem num só artigo, com os parágrafos aca-
ministrada outra que lhe pareça mais idónea para re- so necessários. Como já se notou com acerto", a distin-
velar o conteúdo normativo do texto sob seu exame. ção feita no texto entre c01\exão e continência é pratica-
mente inútil, vista a identidade da discipli!:a. Bastaria
Não basta, porém, à solução do nosso problema, é
óbvio, assentar essa possibilidade. Demonstrar que não
à lei ter aludido à conexão: nenhum caso de continência
é obrigatório dar ao termo "conexão" (e aos respecti- ficaria de fora:
vos cognatos), só e sempre, o sentido que lhe (s) atribui o Os dispositivos de que se cogita têm a finalidade de
art. 103 não é ainda demonstrar que, em determinada permitir que, em ocorrendo conexão (incluída aí a conti-
hipótese específica, se deva entender diversamente o
vocábulo. Nossa pesquisa diz respeito in specie à cláu- 44. Com razão CELSO AGRíCOLA BARB!, Co,"",'. ao C.P.C.,
v. I, t. II, p. 478·9.
sula do art. 315 a cuja luz precisa a reconvenção ser
45. CELSO AGRICOLA BARBI, Coment. ao CP.C, v. I, t. II, p.
467. A continência, tal como definida no art. 1041 é mera espécie
43. WACH, Manual, t. I, p', 397 • s. do sênero "conexio".

132 l 133

~. I
tI
i:

nência), se reúnam as ações entre si relacionadas, para (supra, item n. O 71), no que concerne à re.,-:nvenção co-
correrem cm si"",Ua.rLC1/,8 prOt'CsgtlS, perante o mes- -
nelta "com o fundamento da defesa" , é i.I:::,ossível dar
mo juiz. Fica certo que não obsta à reunião ii circuns- ao adjetivo l'conexa" inteligência que se ha..'"!!loníze com
t<inda de ser porventura incomp<'tente para o julgamento a definição do art. 103: o "fundamento da defesa" não
eh' ,lguma delas o órgão judicial onde se haja de dar a é ação em que se possam discernir os três elementos
jum:ão, desde que apenas rclatit·" a incompetência. Esse, clássicos, para confrontá-los com os da rero:lvenção (cf.
e não outro, o alcance dos artigos em foco. aínda, ao propósito, o item n. o 95, intra).
Ora, se uma das hipótcses de admissibilidade da recon- Mas, na redação do art. 315, aquele adjttivo remete
"e-'1<:'lo é a de ser ela conexa com a ação primitiva (art. direta e simultaneameute a duas expressÕCE: "ação prin-
3151, a admitir-se que o conceito de conexão, aí, fosse cipal" e "fundamento da' defesa". A via !n'Onvencional
i":l1:\1 ao do art. 103, a disciplina da competência, em ma- estará aberta desde que a ação a ser prop0>ta pelo réu
tL':"::l I'l'(,ollYl'ncional, já estaria posta nesse textos, e contra o autor seja conexa com aquela ou e.o::! este. Não
1:j.'_1 haycria necessidade de insc!':r-sc na Secção IV dis- parece nada plausível entender que a m~.:J.a e única
p()~iti\'o autônomo para regulá-b. A verdade, todavia, é palavra ("conexa") signifique uma coisa ç::ando posta
qUe- se julgou indispensável tal ;::scrção, cuillando a lei em relação com um dos complementos e si~::.:fique coisa
l'xprcssamcnte do caso no art. 109. vcrbis: "O juiz da diversa quando posta em relação com o 0:::ro comple-
Lausa principal é também competente para a rcconven- mento. O problema não é idêntico ao que Sé põe quanto
ç'ãl), a ação dcclaratória incidcn:0, as ações de garantia a vocábulo empregado em contextos dive,-;:~: que "co-
(' coutras que respeitam ao terceiro interveniente", A não nexão" tenha sentidos desiguais no art. 103 é no art. 315
ser que ficasse excluída qualquer outra possibilidadc,. é algo que se pode aceitar sem espanto (cf.. ".pra, o ítem
afigura-se pouco razoável supor c:uc se hajam traçado' n. o 72); estranheza causaria, porém, a atrik.,,·ão de duas
ri",." regras para disçiplinar a mesma hipótese: uma acepções distintas e inconciliáveis ao adje::n "conexa"
elelos seria obviamente supérflua. o que não se presume no próprio art. 315, onde ele só uma vez ap2---ece. Sucede
- cabe repetir - cm texto legal. que tertium non datur: ou se opta por um désses enten-
A regulamentação à parte do caso da rcconvenção dimentos, ou pelo outro. Diante da alterna::;:",. qualquer
sugere, com grande veemência, que a lei não o reputou hesitação é, ao nosso wr, incabível. Cum,:e reconhecer
abrangido pela disciplina consagrada nos arts. 102 a 105. que a reconvenção e a ação não preciSaI!: ",r conexas
~Ias a definição de "coriexão" no ar:. 103 não tem outra no sentido do art. 103.
função que a de demarcar os limites da incidência de 76. O que se acaba de escrever não in:p0:-ta afirmar
semelhante disciplina. Se a reconvenção está fora desses que a reeonvenção não seja admissível q"""do efetiva-
limites, está igualmente fora do território coberto pela mente ocorra um nexo do tipo caracterizado :lO art. 103
definição do art. 103. A esta não se encontra jungido o entre a ação a ser proposta pelo réu em face do autor e
"conexa" do art. 315. a ação primitiva, proposta por este em face daquele. A
75. Tal conclusão vê-se confortada pela análise do derradeira cláusula do art. 315, referente ao fundamento
próprio texto do art. ~15. Consoante já se assinalou da defesa, inculca uma idéia. de COP.~Mo.me1IOS rigorosa
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134 135 I

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em suas notas conceptuais do que a baseada na identidade
parcial de elementos. Se essa mesma idéia deve preva-
lecer, conforme se explicou, para a outra hipótese pre-
r
l
cional. Quisemos, em suma, traduzir em tcalavraS' claras
e devi~amente fundamentadas uma convi:"ão que alhu-
res, nao ousando manifestar-se de maneb.l direta res-
vista no dispositivo - a de reconvenção conexa com a sumbra
. ' tímida e inconfe
_ ssa d a, em pequen2...5 . ' ,
lncongruell-
ação originária - , nem por isso fica excluído, mas tão-só elaS ou e~ decJaraçoes de insatisfação que se detêm a
dispensndo, o preenchimento do requisito de que trata melO cammho.
o art. 103. Assentar o que se há de entender por "ações O que se impõe, a seguir, é esclarecer em que consiste
conexas" para os fins do art. 315 é preocupação que n~ .verdade, o pressuposto da conexão de c:J.usas em ma~
por ora se apresenta manifestamente prematura: o dis- tena de_ admissibilidade da reconvenção • A""\.'-ent a t'lva, po-
, ~
positivo, cm si próprio, não ministra dados suficientes, rem, ~~o se nos afigura viável sobre basêS puramente
nem é possível extraí-los de qualquer outro texto legal. dog~atJcas. Impcnde proceder à valoraçãc comparati":l
A questão terá de ser enfrentada cm plano diverso do dos mter~sses em jogo _e procu:'ar o ponto de equilíbrio
puramente dogmático; a ela chegaremos oportunamente qu~ permita uma soluçao satisfatória do ,,,,ato de vista
(infra, ~ 21). p~atJco. É o que procuraremos fazer no c,,-;itulo subse-
quente.
A esta altura, tudo que cabe dizer e que não se exige,
para tornar admissível a recon\"t'cc,ão, a coincidência par-
cial com a ação originária, no uojeto ou na cau.sa pctendi.
A relação entre ambas poderá ser mais tênue, menos
vincada, isto é: bastar a despeito de não envolver igual-
dade de objeto, nem de causa de pedir. Numa palavr~,:
os contornos da figura são aqui mais amplos. Tal re-
sultado casa-se à per.feição - importa registrar - com
o que se obteve da pesquisa de direito comparado, e não
destoa nem da tradição jurídica brasileira, nem, afinal,
da atitude que vimos predominar na própria doutrina
formada a respeito do atual Código, ao me'nos tal qual
se revela, por sob a ilusória aparência de fidelidade, mais
nominal que real, à fórmula do art. 103, desde que se
levem em conta as restrições expressas ou latentes na
exemplificação (supra, itens ns, 53 e 54). A contribuição
que se oferece nestas páginas menos representa, pois,
um convite a radical mudança de posição do que uma
tentativa de fazer emergir a plena luz o pensamento às
vezes contido em zona obscura de elaboração ou de for-
mulação, miniBtrando-~e por outro lado justificação ra-
I

iII;
, ,
137

n:\ I'
l
II
• I
r
, Capítulo
--------------------
EXAME DO PROBLEMA AO ~~GULO
2

DA VALORAÇÃO DOS INTERESSES EM JOGO

§ 18. Considerações introdutórias


77. Toda r~gra de direito positivo cé'ITesponde a uma
tentativa do legislador de resolver pro:::ôma relacionado
com interesses que se defrontam. De crdinário, há pelo
menos dois sujeitos com interesses co:::rapostos, e além
deles pode haver o interesse da coletividade (interesse
público), suscetível de coincidir ou nãe'. no todo ou em
parte, com algum dos outros. No campo do processo, está
sempre presente, com maior ou menor :::ltensidade, esse
interesse público, sob a forma básica do interesse na
boa administração da justiça. Ao fix&:" a disciplina de
talou qual instituto, o legislador proc5>5ual pondera os
interesses das partes e procura o justo ,Jonto de equilí-
brio, ora dando predominância ao de ur":2 ou ao de outra,
ora esforçando-se por pô-los em pé de :,:-:.:aldade, através
de mecanismo a cujo respeito não seria:' era de propósito
falar, como noutro contexto se fala, de ":'reios e contra-
pesos". Nesse delicado trabalho, o legis;ador tem cons-
tantemente em vista o interesse público acima referido.
Nos casos em que ele é pouco relevante, de sorte que
nenhuma das possíveis soluções o favorece notavelmente
nem lhe acarreta grave detrimento, a opção será deter-
minada pela consideração prevalecente, senão exclusiva,

139
dos interesses das partes. Nas outras hipóteses, porém,
cumpre verificar se e até onde o interesse de cada parte dade da demanda l·econvencional em fl:ncào do rito obser-
se hannoniza com o interesse público ou, ao contrário; vado no processamento da ação orig;~iria: é o que faz
com de cntra em choque: como bem se compreende, a o vigente Código pátrio, no art. 315, § 2.°, com referência
SOllll:Úll lk\'e levar cm conta semelhantes circunstância:;, ao procedimento sumaríssimo. Já no que toca ao requi-
t ukJando dl' pl'L'fl'rência o interesse particular coincidcn- sito de admissibilidade a que chamamoo substancial (vide
h' ou eompa t Í\'cl com o público, na medida da COillCi~ supra, item n.o 2), a tendência predominante, segundo
Jéncia oU da compatibilidade. se mostrou ao longo de numerosas pi;inas, tem sido a
de formulá-lo em termos intencional:r::~::te elásticos, fle-
Es~;.1. \'alora~:J.ü nuo Sl' impõe apenas ao legislador:
xíveis, naturalmente por julgar-se qu< tal modo de pro-
talllhl'lll n illtl'rprC'lc a da Ill'cessariamcnlc se submete.
ceder melhor atende a razões de conv<::iência inspiradas
Di:lllt l'o (k l'l'rL13 Ilormas, lica cksdc h)go clara c incquí-
na cO!:sideração da imensa variedade ·ie características
\"('(';! :\ \:j'("-W k:,:'isl~lti\'a, a l'l't.'va!l'!ll:ia l'C'conhccida a cstt:'
das espécies submetidas à cognição j::iicial.
O!l : ;\' illt~'r\'_;St'; a intl\rl'i'l<::H. .'ÚO hü de dl'ixar-sc gui:11'
po!' t:ll hússola. Noutl'<1s hipóteses, é mais comph'xa a Peculiaridades textuais poderiam fa:,~ supor que dessa
j'\ll'l'n ('(,nfiacl:! ao intérprl'tl'. que terú, por assim dizcr) diretriz se haja desviado o diploma pi:~,o de 1973, onde
dl' J',' (' li!sl r/lir rnl'ntalnlCll~(, a opcrac:úo axiológ'ica, cujo se teria demarcado com rigor O âmbi:: ie cabimento da
l'l';;,lL~tdu ll~lO se gravou co:n tanta nitidez no texto legal. reconyenção, paI' meio da referência , uma figura (a
para d~l!' :1 cstl' inteligência consl'ntânea com os pCS03 "conexão") definida eXp1"essis verbis 1:: :crt. 103. A aná-
:'l,lati\'os dos intcrc;;scs cm jogo. lise sistemática revela que o caso é ou:::: foi o resultado
a que Se chegou no capítulo preceden:,. Também no di-
78. Xão ~"c:!p" à regr:! a questão da admissibilidade
reito positivo brasileiro, d<:\·e reputa:·-" elástica e fle-
da rccollvcllC:J.O. Se se dc\"c ou não abrir ao réu a opor-
xível a fórmula em que se traduz o re~·.::,ito substancial
tunidade de propor· ante o mesmo órgão judicial e no
mesmO processo a ac:ão que lhe couber em face do autor de admissibilidade da reconwnção. Hé. que reconhecer-
é problema que :::L'm dúvida envolve a apreciação de inte- lhe, em todo caso, um teor mínimo de i2terminação: os
resse3 ao menos parcialmente contrapo3tos. E, afirma- próprios '·conceitos jurídicos indeter:r:::.::ados" não dei-
tiva que' sl.'ja, cm princípio, a resposta - isto é, atribuí- xam de tê-lo. Averiguar em que cons,,:e a "conexão"
dos foro.3 de c:~ladalli;}., 110 sistema positivo, à reconven- exigida pelo art. 315 entre a causa r~::nvencional e a
cao -, rq)ctc-sc a situação no tocante ao estabelcci- primitiva, eis a próxima etapa do nosso estudo. Ela se
~ento dos limites dentro dos quais se lhe admitirá o empreenderá consoante o método valo:-ativo acima ex-
exercício. posto - o único, em nosso entendimento. capaz de levá-lo
a bom termo.
Alguns desses limites, conforme patenteia .o exame
comparatístico das legislações, são fixados em disposi- 79_ Cumpre-nos, destarte, passar em revista, antes de
çôes unívocas, de conteúdo perfeitamente determinado. mais nada, os interesses que podem assumir relevância
Assim, por exemplo, quando a lei exclui a admissibili- no presente contexto: os de cada uma das putea e o
público. Não aspiramos a levantamento absolutamente
i
; 140

l
, 141

n ~;-!
exaustivo: parece-nos que, se conseguirmos identificar sendo. entre nós facultativo o exerc.icio da ação por tal
os de mais freqücntc ocorrência e mais assinalada im- via, nenhum prejuízo é capaz de acarretar ao réu o alar-
portância, teremos reunido elementos suficientes para gamento das hipóteses de admissibilidade. A questão
~h('gar a conclusão segura.
naturalmente se porá em termos diversos no quadro de
É óbvio que não desperdiçaremos tempo e espaço com outr~ sistemática, em que a propositura da reconvenção
aspl'etos cuja influência unicamente Sé justificava sob constitua verdadeiro ónus, cujo descumprimento prive o
condições históricas, sociais. cconômicas c culturais mui- litigante da possibilidade de postular em juízo o seu su-
to diversas da'lue1as 'lue hojé nos circundam. Xenhuma posto direito, conforme acontece, em parte, nos Estados
contribuição valiosa se obteria para· esta pesquisa do Unidos, sob as Ffderal Rules of Civil Procedure (R. 13,
exame de circunstâncias pcculiarC's a outras épocas e a; cf., supra, o item n. o 34). Aí, é concebível que a ne-
ambit.'I1tl's, como 1'.U. a ~llISl;llda dc' continuidade no fun- cessidade de reconvir, em tais ou quaiE circunstâncias,
cionarnt.'llto dos órgãos incumbidos de administrar jus- se mostre inoportun~ para o réu, con.:rangendo-o, por
tiça, ou a disputa de causas por jurisdições rivais. Tra- exemplo, a inten:ar precipitadamente una ação para a
taremos dc manter fitos os olhos nos dados que ministra qual gostaria de preparar-se com mais \ligar.
a vida forense do nosso tempo. Nada de semelhante se pode imagin:u- no direito pá-
Por outro lado, se há qUl'stões que se podem dizer trio. Se maior é a largueza com que se admite a recon-
comuns à generalidade dos modernos ordenamentos pro- venção, uma de duas: ou ao réu parece conveniente re-
l'ssuais ou pelo n1L'l1O~ ít· ':a cultura cm que estamos convir, e o regime liberal à evidência ll:e aproveita; ou
imersos,' igualmente as há CFll' são peculiares à realidade não lhe parece tal. e nem por isso o prej"Jica a abertura
normativa nacional. Procuraremos ter presente, a cada da oportunidade, porque o fato de abs~er-se, por si só,
não lhe cortará o acesso a juí~o, quaJ:Jo se resolva a
momento da elaboração que se segue, essa dualidade de
propor, em separado, a sua ação. Daí o sentido único
eixos de referência, diligenciando sobretudo não esque-
em que - ao contrário, segundo veremo;. do que sucede
cer que ela se destina de modo essencial a lançar os pihi-
com o autor - se movem, no particula,. os seus inte-
res da solução de um problema de direito positivo bra- resses. Passamos a expô-Ios, sem preoc"pação de orde-
sileiro. ná-los de acordo com critério rigoroso de importância
decrescente, ao nosso ver muito difícil de fixar.
81. A permissão de reconvir pode atender ao interesse
§ 19. Os interesses em jogo do réu em:
80. Afigura-se próprio focalizar primeiro os interes- a) fazer menores gastos e poupar-se de incómodos
ses do réu, em cujo benefício se faculta a reconvenção. relativos à ação que quer intentar em face do autor: em
Esses interesses são todos unidirecionais, convergem no regra, é mais económico exercitá-la por ria reconvencio-
sentido da maior ap1plitude possível no respectivo cabi- nal do que em separado. Aspectos pa.rt.ic:ularw dessa
mento - o que bem se entende se se considerar que, vantagem consistirão eventualmente no aproveitamento

142
---_.-=-.;,

da prova produzida pelo autor e na dispensa da caução, a.l no sentido de ensejar, desde logo, a composição
para o litigante que resida fora do Brasil ou dele se global das lides entre ambos, no bojo do mesmo pro-
ausente na pendência do processo e não tenha no terri- cesso;
tório nacional bens imówis suficientes para garantir o
b) facilitando-lhe a atuação processual, quando a
pagamento das custas e dos honorários do advogado do
ação do réu, a ser proposta em separado, houvesse de
adl'L'rsário (Código de Processo Civil, arts. 835 e 836,
correr perante outro órgão judicial, e nomeadamente nou-
n. O II);
tro lugar 1 ;
li) submeter à cognição judicial, de uma só vez, toda
tornando menor, na hipótese de compensação, o
c)
a matéria litigiosa, cm ordl~m a conseguir a rcgularncnta-
desembolso a que talvez se visse forçado em virtude de
,ao global da situação das partes;
eventual condenação proferida noutro feito; e atenuar,
dificultar c retardar a marcha do proces3o instau- em seu favor, o risco da insolvência do réu, no caso de
raJo pelo aulor; haver saldo exigivel deste.
,I) obter com maior facilidade e rapidez a realização 83. Com mais freqüência interessará ao autor que o
de atos processuais como a cOll1unica,ão da propo3itura réu fique impedido de reconvir e, querendo ajuizar ação,
ao autor, a qual, na reCOll\'l'nção, se faz mediante sim- tenha de fazê-lo separadamente. Ka verdade, tal emer-
pJc.s intimação do procurador do reconvindo, e não por gência favorece o autor na medida em que:
citação (Código de Processo Civil, art. 316);
a)e\'ita as complicações e delongas que resultariam
() utilizar-se da reconwllção como instrumento de da inserção de nova causa na processo por ele instaurado,
barganha, na esperança de induzir o reconvindo a alguma pondo-o a salvo da surpresa de ver-se demandado por
concessão; motivos puramente protelatórios;
f) no caso de visar à compensação, evitar o desem- b) pode levar para o seu próprio foro, com vantagens
bolso que decorreria da e\'cntual execução em separado concebíveis, a ação a ser intentada pelo réu;
da sentença condenatória pornntura emitida cm prol do
c) impõe ao réu certos inconvenientes, como o de rea-
autor; e, quando reconhecidos ambos os créditos, com sal-
lizar maiores gastos, ter de promover a citação do autor,
do favorável ao reconvinte, .diminuir a probabilidade dê
em vez de simplesmente intimar-lhe o procurador, e, sen-
execução infrutífera contra o reconvindo, resguardando-
do o caso, prestar a caução do art. 835 - com a canse-
se do risco da insolvência deste;
g) se obtido o benefício da assistência judiciária, li- 1. Interessante registrar que esse aspecto do problema já merecera
vrar-se da necessidade de requerê-lo outra vez, para pro- a atenção do legislador filipino. Vide a Ord.:nação do L. III, Tit.
cesso distinto. XXXIII, § 2: " ... se o réu, durante a primeira demanda. quiser
demandar o autor, não o poderá demandar em outro Juízo, senão
82. É concebível que também o autor tenha interesse diante daquele mesmo Juiz, perante quem é demandado: porque
na admissibilidade da reconvenção. Esta, com efeito, não é justo. que o autor, pendendo a primeira dmnnd', haja de
poderá aproveitar;lbe: ser molestado por o reu em outro Juízo".

144 145
." 4 H . ' sz:'4' I
qüente possibilidade de que, diante de tais óbices, ele se
abstenha do ajuizamcnto, Os ill.teresses do réu que se voltam todos para a
admissibilidade da reconvenção - em princípio coinci-
84, Do ponto de vista do interesse públicc, a possi- dem com o interesse público atê onde visam à diminuição
bilidade de reconvir pode ser vantajosa: das despesas e à simplificação da atividade processual
a) por atender a exigências de economia processual, (item n,O 81, letras a, d e g; n. 0 84, letras a e b). Para
abrindo ensejo ao aproveitamento da atividade instrutó- o mesmo alvo pode convergir, eventualmente, o interesse
ria para a solução de mais de um litígio, diminuindo o do autor (item n. O 82, letra b). Outro tanto se pode dize~
do interesse em possibilitar o exame amplo da situação
número de- processos e, com isso, aliviando c desconges-
tionando o aparelho judiciário; jurídica das partes (item n,o 81, letra b,: n,O 82, letra a;
n,o 84, letra d), É de admitir-se, portanto, a reconven-
/J) por tornar mais barata a prestação jurisdicional; ção na medida em que atenda a esses interesses - des-
(,) por prevenir, não raro, a eventualidade de julga- prezados, por claramente antijurídicos, os que com_ eles
mentos contraditórios, capazes de desacreditar a atuação se coloquem em antagonismo (item n. O 81, letra c, e,
da Justiça aos olhos dos jlll'isdiciollados; tanto quanto se suponha fundada a pretemão do réu con-
tra o autor, item n,o 83, letra c) - mas com as restri-
d) por dar ensejo a uma apreciação conjunta, mais
ções acaso indispensáveis para preservar outros que se
abrangente e por isso pro\'a\'Clmellte mais justa, das re-
lações juridicas entre as partes, mostrem dignos de tutela.

8,i, Por outro lado, alinham-se razões de intereSlle Quanto ao interesse que p05sa ter o réu em usar a
público em sentido contrário à permissão de reconvir, reconvenção como arma para p~essionar o autor à acei-
Assim: tação de acordo (item n.o 81, letra e), não deve ser visto
a priori como contrário ao interesse. público; só o será
a) o oferecimento de reconvenção entrava a marcha quando vise a impor acordo ill,i"sto, ConCebe-se que isso
do feito; ocorra se os entraves criados pela reconw!lção à marcha
b) em processo com reconvenção, a atenção do órgão do processo forem de gravidade tal que i::duzam o autor
julgador vê-se solicitada por questões porventura distin- à rendição (parcial) pelo cansaço. Evita,. desembolso e
tas, pro\'ocando certa disl'ersão na atividade cognitiva; prevenir-se contra o risco da i!lsolvência do adversário
(item n. O 81, letra t; n. o 82, letra c) são interesses do
c) a propositura da ação pela via reconvencional pode
submetê-la a foro diverso daquele em que normalmente réu ou do autor que escassa relevância possuem do pon-
seria ela ajuizada, perturbando desse modo a sistemática to de vista do interesse público.
das competências, Dos interesses do autor na admissibilidade da recon-
venção, os indicados no item n,o 82 sob as letras a e b
86. Impende proceder ao confronto entre essas várias
harmonizam-se com o interesse público, enquanto o apon-
ordens de interesses, ao ângulo relevante para a presente
elaboração, tado sob a letra c lhe é indiferente, O interess~ oposto
de evitar perturbações e retardamentos (item D.O 83,
146 l
I 147
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, " '.:c,::~='JI,1III.IUlIIllI!7I1f1.,.!!IE!!',"""""-'I!'I '.,
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§ 20. Repercussões na disciplina do requisito


letra a) também concorre com O interesse público e mc-
s~bstancial de admissibilidade da reconvenção
rece tutela. O interesse relacionado com o foro (itcm n.O
83, letra b) não se afigura relcvante por este prisma: 87. Importa agora verificar corno repercute essa va-
dcsde qUe' se trate de compdência relativa, o dcsloca- loração de interesses no problema de que nos ocupamos.
mento é '''lcarado como normal pelo direito positivo. En- A questão fundamental que se põe é a de saber se por-
~im, ~. interessc e ventura corresponde aos interesses que vimos merecer
lll oncrar o réu (itlm n.o 83, letra c)
e antlJunLllco e nao deve ser lcvado em conta. tutela o entendimento segundo o qual o art. 315, ao for-
O interesse público no favorecimento da economia pro- mular o requisito substaneial de admissibilidade da re-
cl'ssual e no baratcamcnto da Justiça (item n. o 84, letras convenção, verbis "conexa com a ação principal", deve
ri c l» casa-se cm larga medida, como se viu, Com os interpretar-se em conformidade com o conceito de cone-
interesses tuteláveis de ambas as partes. Assume, dessa xão ministrado pelo art. 103. Em outras palavras: se se
mall('irJ., !'L'levo particular no presC'nLl~ contexto. O intc- há de exigir, para tornar utilizável a y:a reconvencional,
I'l'SSC l'nl prevenir a eventualidade de decisões contradi- que a ação do réu tenha o mesmo objeto ou a mesma
tórias (it,"m n. o 84, letra c) núo se ]lode dizer quc con- causa petondi da ação originária.
corra nccL'ssariamcntc COm o dos litigantes: se qualquer Nenhum dos interesses dignos de pro:eção necessaria-
deles se defrontasse com a alternativa de vencer ao me- mente postula semelhante modo de co::ocbcr o requisito.
nos um dos pleitos, perdendo só o outro, à custa de uma Não o postulam, decerto, os que apont:lm no sentido da
contradiç'::i.o. c perder ambos por força de scnt.en\~as logi. largueza na permissão de reconvir: ê53es, por si sós,
camente c0crcnlcs, com toda a probabilidade havcria dc antes repelem qualquer limitação. De forma alguma se
preferir o l'rimc\il'o termo. Todavia, ao ângulo do pl'C~ pode supor que as 'lantagens relacion?,C:as com a eCOno-
tígio c da credibilidade da Justiça, o intercsse pes" bas- mia processual, o barateamento da ath-,dade jUdiciária e
tante. A l'ossibilida:dé de abrir-se enscjo à composição a possibilidade de apreciação conjunta das relações jurí-
global dos litígios cntre as partes é ou pode ser do intc- dicas entre as pai-tes unicamente se fap'" sentir quando
resse de ::t:nbas, como sem dúYida é 00 intcrCSS0 público ocorra coincidência, na causa de pedir o" no objeto, entre
(item n.o 84, letra d). ação e reconvenção. Quanto à prevenção de contradições
Em contrário, o interesse público mais relevante é o nos julgados, um dos "pontos sensíveis" do problema é a
de evitar complicações e delongas no processo (itCD1 n.O cvcntualidade de configurar-se relaçâ~ de dependência
85, letra a). A circunstância de solicitar-se a alencão do lógica entre as soluções dos litígios, quer dizer, de carac-
juiz para assuntos difcrentes (item n. o 85, letra' b) é terizar-se nma das causas como prej1lcl'cial da outra ';
acídental e, em boa medída, suscetível de neutralizar-se ora, é difícil, senão impossível, que se verifiqne aí a
i, pela regulamentação legal do instituto. O deslocamento aludida coincidência. Não estamos com isso anteeipando
:i
do foro (item n.o 85, letra c), consoante já se assinalou, qualquer conclusão acerca da possibilidade de utilizar-se
é normalmente aceitável em regime de competência rela-
2. Sobre causas prejudiciais, vide MENESTRI~A, La pregiud. nel
tiva, e seus supostos inconvenientes são mais teóricos proe. ck, p. 151 e s.
que reais.

I
149
148
,
a via reconvencional em tema de causas prejudiciais (t'e- (art. 20, caput) , que talvez já bastem. nalguns casos,
convenção com função de declaratória incidente), nem para dissuadir o réu de uma aventur;J. reronvencional sem
fi respeito da circunstância que, no caso afirmativo, seria qualquer seriedade. Há, enfim, outras providências de
invocável para justificar a admissibilidade (conexão com que caberia aqui cogitar; mas, como o ponto exige mais
a nção primitil'l ou com o fllll</",,,.cnlo da defesa?): são amplo desenvolvimento, e por temor de quebrar a con-
questõcs que parece inoportuno enfrentar aqui. Sublinha- tinuidade da exposição, remetemos o leitor a passo sub-
mos apenas o fato de que a conveniência de evitar deci- seqüente (infra, itens ns. 98 e s.).
sões logicamente conflitantcs não sugere limitar-se a Resta uma referência ao receio de que se disperse a
admissibilidade da demanda rcconvencional às hipóteses atenção do juiz, solicitada por assuntos distintos. Para
de idc'ntidadc de objeto ou de causa de pedir.
~la, semclha!lte limitação tampouco sc vê imposta em
obs0,,~',:io a qua:qucr dos interesses merecf'dorcs de tutch
que d~'s:1cons('lham a permissão de rcconvir. O propósito
de 3.:::.star pO~5ivcis razões de complexidade c lentidão no
II obviá-lo, é necessário e suficiente restringir a admissibi-
lidade da reconvenção a casos em que a matéria nela
versada não se apresente, no todo ou e!ll máxima parte,
estranha à que já se submeteu, na a,iio primitiva, à
cognição judicial. :\ào será obrigatóri,' limitá-la às hi-
pro~ _:':30 cont:'~1-indical'ia radicalmente, pm princípio, a póteses do art. 103. Convém recordar que o argumento
própria recon\·e~ção, tOllt COllrt; não sendo possível sa- em foco tem o seu reverso: se pode reFesentar um mal
crific3.!"-lhe todos os outros valores, é razoável que se a multiplicidade de assuntos num único processo, mal
lhe éi' atendi~ento parcial mediante uma fixação de li- maior será com certeza a multiplicidade de processos
mites. Sada, rorém, é capaz de explicar que se julgue sobre um único assunto.
necê5sd,ria lJl'cc:.:;arncnte essa. Seria inteiramente arbi-
trário tirar da I:ccessidade de nlgnma restrição a inferên-
cia de que a resttfç4ão deve consistir cm reclamar identi- § 21. Superação dos limites do art. 103
dade de objeto ou de ,',wsa pcfflldi entre ação e reeon-
88. As considerações precedentes permitiram-nos uma.
venção. Salta aos olhos a brecha lógica no raciocínio.
conclusão: à lnz da valoração dos imeresses em jogo,
Acreoce que o interesse cm pauta já fica resguardado,
não está o intérprete obrigado a vincuhr à definição do
onde :3e faz s·:-!:'.:ir com maior premência, pela regra do
art. 103 o conceito de conexão na cláusu:a do art. 315 ati-
art. 315, § 2,°. que, pura e simplesmente, proíbe a recon-
nente ao liame que precisa existir, para tornar admissí-
venção, em ca!'2.:.er absoluto, nas causas de procedimento
vel a reconvenção, entre ela e a ação primitiva. Coincide
snmaríssimo. Adite-se ainda que outras normas do Có-
tal conclusão com aquela a que já se havia chegado, no
digo, ordenadas à repressão da chicana, podem muito
plano dogmático, mediante a elaboração desenvolvida ao
bem servir de freio à propositura de reconvenção COmo
longo do § 17.
manobra protelatória, contribuindo para reduzir a um
mínimo tolerável os inconvenientes de que se trata: assim É chegado o momento de dar um passo à frente. Não
os arts. 16 e seguintes. Isso para não falarmos do valor basta, com efeito, mostrar que, na interpretação do art.
íntimidativo das eominações relativas à sucumbência 315, se podem reconhecer como conexas a causa recon-

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iii .
150

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151
vencional e a originária, ainda quando não tenham em
t
em quaisquer circunstâncias, se justifique pela conexão
comum o objeto nem o fundamento. Cumpre agora pa-
tentear que se do'cm conshh'rar tais as duas causa.), p.1.ra , eom o fundamento da defesa '. Isso será verdade quando

,
ele, na contestação, suscite a exceptio non adimpleti con-
facultar ao réu o exercícil1 da l'l'convrnção, cm hirótcscs tractus, isto é, diga que o pedido do comprador é impro-
de nâo-cúincid~ncia dos aluJidu's clcml'lllos. cedente porque o preço ainda não foi pago e, em conse-
Como já se assinalou, lll':=ta cUlpa do n05.30 trabalho qüência, ele vendedor não está ainda obrigado a entregar
são de pouca valia os il1~truml'ntos t'xtraídos do texto a coisa. Aí, sim: o fato alegado para lastrear a defesa
legal. É ao âllpllo valorati\'ll que se descobrem m . .'lhorcs é o mesmo (não-pagamento do preço) em que se baseia,
pontos dt' apoieI. Temos dt' Yl'rificu' se há ('~so .., C111 quC', ao menos em parte, o pedido reconvenciorral. Mas essa
apesar da illcxi:::tência Ul' l,bjelo lHl dl' C(//UiU W ti 1~lli co- não é a única possibilidade: perfeitamente Se concene
mum, se impô~' a permiS~~l.l") dt~ re('ollvir Clual r:l,'io de que O vendedor, ao contestar, afirme que já entregou a
atendeT aos in:C'!'l'SSes qUL' ;.: ::tif!L'am03 como 1::.~· .,c\.\;..1o- coisa. Em semelhante hipótese, a sua causa de pedir,
res de tutela. Esses casos Y~l.!...l in~('n.'.:i;-)ar-lIo:; na E1.\Jida na reconvenção, não se vincula ao fundamc:üo da defesa.
em que o cabimento da l'l'l'('EVl'l1Ç3.0 não pndl'l' jnslifi- No entanto, ainda nesse caso, ninguém negará que
car-se à luz da conexâo COlii o .rumZall/cHio da (!t:"jcsa: haja vantagens claras em permitir-se ao wndedor o ajui-
como bem se compreende, ol":0lTcudo tal nexo, o uso da zamento de sua demanda sob a forma rcconvencional.
via reconvencional já estarei. ij'.')O facto lcgitim::-do, s:.:m Isso renderá ensejo à composição global de> situação con-
que se precise recorrer a outra justifica<;'ão. tenciosa entre as partes, evitando dualid1dê de feitos e
favorecendo assim a economia processuol: poderá con-
89. Comecemos, então. pela hipótese, tão frcrjücnte-
correr para afastar o risco de julgamen:," logicamentê
mente invocada, das ações em que as partes de contrat"
contraditórios, na medida em que interessê à solução de
bilateral reclamam .uma da o'ltra o cumprimento de obri-
ambos os litígios, por exemplo, o esclarec:mento da ques-
gações recíprocas: v.g., o comprador pcde a entrega da
tão relativa à entrega da coisa, afirmada pelo vendedor
coisa, ~e o vendedor o pagamento do preço. Suponhamos
e negada pelo comprador; possivelmente dará margem ao
que, instaurado processo pelo comprador, queira o ven-'
aproveitamento duplo da atividade instrutória, já que,
dedor reconvir. Será admissínl a reconvenção'? havendo quaestio facti comum. as fontc3 de prova utili-
Se nos ativermos ao estl'i;~o conceito do art. 103, não: záveis para uma das ações também o serão para a outra.
segundo repetidamente se obscr':ou, nem o objclo é. o Não admira, pois, que tão amiúde se depare o exemplo
mesmo, à evidência, nem é a mesma a causa de pedIr, na literatura processual. Tem toda a razão a doutrina
," , ..
que não consiste no contrato de compra e vcnda, ~or si em preconizar, aí, a admissibilidade da reconvenção; o
só, mas inclui, na ação do comprador, a omlssao do que não soa convincente é a justificação que em geral
vendedor em entregar a coisa, e na deste a omissão da- se invoca. Realmente: conexão no sentido do art. 103,
quele em pagar o preço. Haverá mera comunhão parcial
na causa petend';, insuficiente em face do art. 103. Tam-

·..
3. Como parece supor CALMON DE PASSOS, Comento ao c.P.C.
pouco é exato imagmar que a reconvenção do vendedor, v. UI, p. 413.
,


• i
153
152
~ .~. ,"
~.-----------------
'-11
por ident'idade de causa petendi, de maneira alguma se
'I:I de uma s6 vez, em globo, a situação juridica de Ticio e
configura: Não resta outra via senão a de admitir que Caio, evitando-se a instauração de outro feito, A econo-
há conexão no sentido do art. 315, bastando para caracte- i, mia proc~ssual é manifesta.
rizá-Ia a coincidência parcial dos fundamentos da recon"
venção e da ação primitiva. Com facilidade podem imaginar-se hipóteses análogas,
TÍcio reclama de Caio indenização pela morte de animal
90, Mais de uma das vantagens apontadas, contudo,
que diz ter-lhe pertencido, Defende-se o réu negando
pode subsistir inclusive em casos que não apresentam
que o haja matado: o animal, afirma, foi morto por
sequer essa comunhão parcial na causa lJctcndi. Formu-
terceiro quando investia contra um grupo de pessoas
lemos o\ttra hipótese, Ticio, inquilino de Caio, propõe
em que estava Caio, E reconvém assevera::do que O ani-
cm face deste a(:ão para ressarcir-se de danos l'\.~ssoais
que alega terem-lhe sido causados por agressão fisica do maI fora açulado por Ticio contra ele, Caio, éuja morte
locador. Caio lwga haver agredido Tido; diz que os feri- queria Ticio provocar; pede, por isso, a revogação de
mentos, ocorridos po:, ocasião dt~ um tumulto. tiveram doação que fizera a Ticio,
outra causa, Quer, por seu turno, demandar Ticio, afir-
Outro exemplo, Ticio, que comprara ,12 Caio certa
mando que esle, pelo comportamento escandaloso no epi-
sódio, infringiu o regulamento do edifício e por conse- máquina, ajuíza ação redibitória, alegandc' a existência
guinte o contrato de locação. que o obrigava a respeitá-lo; de vício oculto que lhe diminui consideraw""ente o valor,
deve, assim, ser despejado. Contesta Caio dizendo que o vício não era oculto, mas
patente, e foi até levado em conta na fis~çào do preço,
A causa de pedir na ação de perdas e danos intentada
Oferece, além disso, reconvenção, para h:1wr perdas e
por Ticio e a causa de pedir na ação de despejo q,ue
danos, porque Tício estaria fazendo funcio:::ar a máquina
Caio quer propor nem mesmo em parle coincidem. Aque-
de tal modo que lhe causa prejuÍzos a eie. Caio,
la consiste no prejuizo que o locatário atribui ao locador;
esta, na suposta infração contratuaL Por outro lado, Em ambas essas hipóteses, a despeito de não existir
inexiste conexão en tre a ação de Caio e o fundamento comunhão, ainda parcial, na calUla petendi, nem conexão
da sua defesa, que sr resume na negativa da agressão.' com o fundamento da defesa, a abertura da via reconven-
Afigura-se muito razoável, não obstante, permitir que ciona! parece justificar-se, pelos mesmos motivos que na
Caio utilize a via da reconvcnção. Os fatos im'ocados primeira. Ponha-se em relevo, sobretudo. a possibilidade
para lastre ar as pretensões de cada litigante, embora de aproveitar-se o material probatório para duplo fim,
distintos, inserem-se num todo continuo. Se há terceiros No caso do animal, as testemunhas que presenciaram a
que assistiram ao episódio, é lícito supor que possam cena estarão em condições de depor quer sobre a causa
prestar depoimentos relevantes para a solução de ambos da morte, quer sobre o incitamento alegado pelo recon-
OS litígios. Os próprios depoimentos pessoais das partes vinte, No outro, uma única perícia poderá esclarecer
autorizam igual expectativa. Ademais, ficará definida se era ou não oculto o vício da máquina e se os danos
I

,
154 155

:;;;-;-:---
acaso verificados se originam ou não do seu funciona- claratória incidente teria por objeto uma "pretensão
mento ". negativa" referente ao pressuposto da deduzida na ação
91. O interesse em evitar julgamento3 logicamente originária. Tal critério não encontra o menor amparo no
contraditórios manifesta-se de maneira particularmente texto legal e negligencia a circunstância de que também
SCl1sívl'1 (}l::1ndo exista entre :13 causas relação de pn"ju~ a ação do art. 5.0 - inclusive quando a proponha o réu
dicialidade. isto é. quando a solução que se der fi urna - pode muito bem visar à declaração da existência de
delas se reflita necessariamente no teor da solução que determinada relação jurídica, com a qual seja incompa-
se há de dar à outra. Se o julgamento da causa originá- tível o direito alegado pelo autor: pede este, v.g., como
ria depende do accrtarncnto da existência ou da inrxis- proprietário, a devolução da coisa, que diz pertencer-lhe,
téncia de relação jurídica subordinante, a cujo rCslL'ito e o réu, além de nega-lo, pleiteia o reeo::l!ecimento, sobre
surge co!~troyérsia, o caso é de ação dcclal'atól'ia inci- ela, de seu próprio domínio, deduzindo ~ssim "pretensão
dClltl' lC,--' ::;0 de Processo Civil, art. 5.°), Pode esta ~(,l' positiva" (l.

pr0l'0"'" l':o autor (d. ar\. 325), hipótes(' cm que nadct Mas aqui se põe em termos simples a questão do cabi-
tem 'lue Yd' com o tema do nosso trabalho. Intentada mento da demanda reconvencional. Xe::~·.lm problema se
pelo réu, rorém, a ação dcclaratória inddcnlc assume' precisa armar quantú à conexão entre , causa prejudi-
cm sub:3tà~:cia caráter recol1vcl1cional. cial e a causa primitiva, porque está r~·2sente, e basta,
"ão se ,,figura fundada a opinião que prctende distan- a conexão entre aquela e o flllldamfllic; da defe~a. No
ciá-la da l"(·convenção '-'o Diferença., sem dúvida, existe no exemplo figurado, o réu eOlltesta dizer:~o que não está
direito a::striaco. entre o Zwischcllfcs/8lc/lunqs'!)/'TfU] obrigado a restituir a coisa por ser de S'.la propriedade,
previsto ::·0 ~ 259, 2 a aUnea, da ZPO c a WidcrJclogr de e reconvém (isto é, propõe sob forma recc·:::vencional ação
que CU:d1 o ~ 96, 1." nUnca, última parte, da JllTis- declaratória incidente) para obter a declaração dessa
di7cUOilSi/,"i!l (r,:d::';~S'llpr(f, o item 11.° 27). No direito mesma propriedade. A hipótese enquaQ,'3.-se à perfeição
posili\"o b!'asilc'iro, entretanto, não se depara base cm que na outra cláusula do art. 315 ("conexa ... com o funda-
ela pOSS8. 3.1.loiar-3c. Sem embargo da autorid.ade com que,
se susci:(~. p:::.rccL' 8rbit!'ário o crilério discretivo Sll~C­
6. Procedente a crítica d..: ADROALDO FCRT\DO FABRíCIO, A
rido: a l'cconvcnc;ão veicularia sempre un1a "prcten:-;ão
arrio declara/ória incfd<,"'lfal, p. 189. Cf. C\L\10~ DE PASSOS,
positint'·, contrária à do autor, ao passo que a ação de· Comol/. ao c.P.c.. Y. III, p. 412, nota 2;),~ Sdbstancialmcnte de
acordo MARCOS AFO'lSO BORGES, C'n;,'" ao C.P.c., v. I,
p, 12-3: conquanto cntr;!nda que o réu pod..: :'.:-rmular na conteo;-
4. V:lnt;J~'::i:l J..:~s'.: g~ncHl não 5': manikstariJ. nl'c,,·~~aTjamcnL.' J1(1
tação o pedido declaratório, diz que o Céd:g,) quis dar àqucla
C'\Cr;,liJ:~l pr0po~to por
HEI:'\SHEIMER, Klage und Wid",klagc, P.
"efeitos reconvencionais". Escrcve, por seu :'~rno, PONTES DE
I \ 29, . : f.:produzido no item n.O 23, supra, cm rdação ao qual o
MIRANDA, Comell!. ao c.P.c. (de 1973), 1. I. p. 199, que "a
citado autor negava a admissibilidade da rcconvcnção .
..
... \. propositura da ação declarativa incidental há .:!~ satisfazer, se sus-
5. GALE~O LACERDA, O nm'o direito processual civil e os fei(().~ citada pelo autor, o que se exigiria à petiçãc: :se pelo réu, o que
pendcmes. p. 31-2; As defesas de direito material no novo Códign se exigiria à reconvclIção", sendo lícito inferir do trecho por nós
de Processo Civil, in Revista Forense. v. 246. p. 160 e s. grifado a idéia de subsunção de uma figura na outra.

156 157
'mento da defesa"), e por isso não nos interessa no pre- poderá cogitar Caio é de r8COlltlÍr para tentar obter-lhe
sente contexto. a anulatão.
92. Outro tanto não sucederá, porém, quando a reper- Ai, entretanto, para justificar a admissibilidade da re-
cussão logicamente necessária da solução de uma sobre convenção, não caberá recorrer à cláusula do art. 315 ati-
a de outra causa. em vez de prender-se à mera afirmação nente à conexão entre aquela e o fundamento da defesa,
ou negação da existência de relação jurídica prejudicial, já que a anulabilidade não é eficazmente invocável como
envolva o exame de alegação capaz de levar, se fundada, tal. A admitir-se a reconvenção, ter-se-á de buscar na
à desconstituição de ato juridico. Dois exemplos podem conexão entre ela e a ca'usa primitiva a razão legitiman-
realçar a diferença entre este caso e o anterior. .Tício te. Ora, inexiste coincidência, mesmo parcial, quer no
reclama de Caio cm juízo o cumprimento de obrigação objeto, quer na calLsa petendi: à luz do conceito minis-
contratual. Se> Caio considera ""Zo o contrato. negará trado pelo art. 103, ter-se-ia de negar a conexidade , e
na própria contestação a existência da divida. com fun- portanto o cabimento da demanda reconYencional.
damento na nulidade. Se, todavia, apenas o tem por Mas tndo aconselha a que se permita ao réu reconvir.
{olllfán1, não lhe aproveita alegar tal circunstância, pura A reconvenção atenderá precipuamente ao interesse em
e simplesmente. em defesa': enquanto não anulado. o prevenir eventual desarmonia entre julgados, além de
contrato subsiste e produz efeitos. Caso o pedido de Tício ensejar a regnlamentação global da situação das partes
se refira apenas a uma obrigação derivada, como a de e evitar dualidade de processos. Deve ter-se por sufi-
juros. é licito a Caio defender-se com a afirmação da ciente para satisfazer o reqnisito do art. 315 o vínculo,
nulidade do contrato e. eventualmcnte, propor a ação do ainda que mais tênue, existente entre as duas causas.
art. 5.0 (sob a forma de reconvcnção) para pedir a 'de-
Considerações análogas poderiam fazer-se para o caso
claração da inexistência da divida principal; não assim,
de ações rescisórias tendentes à desconstituição de sen-
contudo, se unicamcnte dispõe de motivo para afirmar
tenças distintas, mas proferidas em causas Íigadas por
a anulabilidade do contrato. Nesta hipótese, o de que nexo de prejudicialidade '. Pleiteia Tício que se rescinda,
por falsidade de prova, a sentença favorável a Caio no
7. "E\.i!!ind\H': 2.,1 qu~ h.'m ação dt: anulação, c nflo na propôs. algum
processo em que se discutia a existência de servidão sobre
d~s ~fcitos do :lhJ jurídico anul:'tsd" - escreve PONTES DE MI- o prédio de Caio em favor do prédio de Tido. Quer Caio,
R A:'\' DA, Tra:ado d{' Direito Prinuio, 1. IV, p. 38 - "não pode o por sua vez, obter a rescisão de sentença posterior, que,
réu - salvo Sé cabe, aí, rcconn::nção, o que dcpcndc do direito pro· com ofensa à coisa julgada da primeira. o condenou a
Cl.!ssual, - opür a anulabilidade", Correta aplicação desse prin~ pagar a Tício perdas e danos pelo descumprimento da
cípio faz HAMILTON DE MORAES E BARROS, Comelltários
ao Código de Processo Civil, v. X, 366-7, a problema não raro mal
resolvido pela jurisprudência: o da possibilidade - que o autor 8. Quanto à admissibilidade in lhesi da reconvenção em processo de
nega com fmo - de acolher-se, cm embargos de terceiro, defesa ação rescisória, vide BARBOSA MOREIRA, Comentários ao Có-
consistente em alegar que se praticou em fraude contra credores digo de Processo Civil, v. V, 220-1, com abonações doutrinárias
o ato que scf'oiu de título à aquisição do direito afirmado pelo cm a nota 272, às quais é oportuno acrescentar COQUEIJO COS-
TA, Reconvenção. p. 39.
embarpnle.

158 159
,
""
.
:...-,
.

servidão declarada inexistente no outro feito. Não é pre- fatos) possa, sem diferença alguma, qualitativa ou quan-
ciso frisar as· enormes vantagens do processamento e titativa, -ser invocado qual fundamento de pretensões
julgamento em conjnnto de ambas as rcscisórias. Ape- contrárias: cumpriria que duas normas jurídicas lhe
sar de não coincidentes, nem mesmo em parte, o objeto atribuíssem, simultaneamente, efeitos opc.;tos. A gene-
c a 'causa de pedir, hão de considerar-se cOllexas, para ralidade das hipóteses apontadas na doutrina, segundo
os fins do art. 315, as duas a,ões. tantas vezes se frisou, é de coincidência apenas parcial:
ao menos um elemento não comum sempre se discerne.
93. Afigura-se desnecessário prosseguir na formula-
ção de hipóteses. Nosso propósito era mostrar a razoa- Já a identidade de objeto configura-se com relativa
bilidaue do entendimento segundo o qual o conceito d~ freqüência. O caso típico é o de açõe3 coutitutivas, que
COIll'xão entre ac:õcs, como pressuposto do cabimento visam, por fundamentos diversos, à prodl:.;ão do mesmo
da l'l'l'Onvcnçào, não devc limitar-se ao perfil estreito efeito jurídico. Por exemplo: ações de sepração judicial
qlH' t1':1('a o art. 103, Em outras llalavras: que são de propostas por ambos os cônjuges, um em :::tce do outro;
reputar-se conexas a causa rccol1VL'l1CiOllal e a primitiva ações tendentes à anulação ou à resolnçL, de contrato,
ainda ('m cnS03 cm qUl' 11:.10 exista identidade de objelo cm que cada um dos eontraentes alega U!:: defeito deste,
nem Lh' (','w:::.rl jJcf( IIdi. Os exemplo3 lembrados nas pági- ou, respectivamcnte, um fato onde a seu Vêr se espelha
nas antl\riol'cs parecem suficientes para jU3tificar c ilus- o inadimplemento do outro.
trar a ~ug('rida inteligência da cláusula do art. 315.
QU:l'sL' supérfluo reiterar que está longe de nosso pcn-
I' Saml'l1to ncg~r fi possibilidade de legitimar-se a dcmand,a
I
rCeOE\·('llcional pela ocorrência de yíllCulo suscetível de
enquadrar-se na definição do arL 103. ",cm todas as hi-
póteses de conexidadc bastantes para a incidência do art.
315 se contêm na moldura coneept'.ml do arL 103; mas
todas as que nela se contenham são, a farUori, bastantes
para a incidência do art. 315. Se o do mcnos apertado
já faz utilizávcl a via rcconvencional, não pode deixar
+ de fazé-ia utilizável o mais apertado. Dcstarte, a exis-
tência do pressuposto a que alude o arL 103 é suficiente,
embora não seja necessária, para firmar a admissibili-
dade da reconvenção (cf., supra, o item n. o 76).
Conforme noutra oportunidade se assinalon, será abso-
lutamente excepcional, se porventura se concebe, a coin-
cidência total na causa de pedir. Não se logra com faci-
lidade compreender como o mesmo fato (ou conjunto de
,
160 • 161
Capítulo 3
-------------------
CONSIDERAÇÕES CONCLUSIVAS

§ 22. Balanço dos resultados


94. A esta altura, impõe-se um balanço dos resulta-
dos a que conduz a elaboração precedente. Assentado
que a fórmula do art. 103 é insuficiente para abarcar
todas as hipóteses de conexão capazes de justificar a
abertura da via reconvencional, cabe indagar se existe
outra, de contornos precisos, que a possa substituir na
interpretação do art. 315. Quer-nos parecer que, se
propuséssemos aqui nova definição do fenômeno da cone-
xidade, em termos inelásticos, reicindiriamos no mesmo
equívoco que cuidamos de denunciar. De tudo que ficou
dito ressalta a inconveniência de amarrar a figura da
conexão de causas a um leito de Procusto, assinando-lhe
dimensões rigorosas e inalteráveis. Qualquer tentativa
de conceptualização rígida será pouco idônea, em nossa
opinião, para le\'ar a solução satisfatória o problema da
admissibilidade da reconvenção, ao ângulo do requisito
a que chamamos substa-ncial. Tal problema só pode ser
bem resolvido na perspectiva da valoração dos interesses
em jogo. A ela procederá, diante da espécie, o órgão
judicial, não de maneira arbitrária, mas à luz dos cri-
1 térios que procuramos delinear, com a maior clareza
li possível.
Quem se aventure à proposição de uma fórmula assu-
mirá o risco de deixar de fora, eventualmente, casos em

163
que venha a revelar-se Yantajosa, de modo inequívoco, 3 cial de sentido, compor ambas as expressões (vide, supra,
petm issão de reconvir. O que se pode e deve fazer é, à o item n.o 75).
g-uisa de recapitulação e resumo, traçar o quadro sinóp- Cumilre verificar, então, se na cláusula "conexa com o
tico das "hipóteses srI13ivl'is'\ isto é, daquelas cm qlL'. fundamento da defesa" integra necessariamente o con-
ao r'!.:l'1103 em linha de p:'i!~L'Ípio, Sl' afigura razoável r-('- ceito de "conexa" alguma nota incompatível com a com-
codL'\.'l'r a prl'valência (k3 intrl'l'::5Sl'3 Ln'orúveis à admis- preensão que propusemos para ele na cláusula "conexa
sibil:dadc d:l dt'mmllJa r(,-'~l!l\·cJlcioJl:1l. São elas, 2m ap(':-- com a ação principal". Tudo indica que não. Poderia
tada sintose: supor-se, é verdade, que, para tornar cabível a recon-
'" as de ;cknlidade \ ~,ltal 01\ p,,·'al) do abjdo 0.: venção nos termos da primeira cláusula, precisasse a
d:1 l':l~lsa dt' l'ldil' na a",-'l) Ol'igjll~l:'::l l' na n'eonv(,l1ç,-h~. respectiva causa pctcndi ser idêntica ao fundamento da
defesa; a ser assim, conquanto não se possa estabelecer
(, J a:; lk l'omunhüo l'~l l'ntl'l'l:ll',~:~L'I1to dQ quC,tÔ,'3
correspondência perfeita entre "element03" de uma ação
I\;~ ·,",l:HI'.~, V\lm alll'o\,«:::'i:1,'nlo da :~. ~\-:daLh' instl'lltórL"
e de uma defesa, talvez ocorresse pensar, através de ra-
i::,; ..~ ':.-.:,-i\'l::lll rr:,,;pcl':."'-' dl':;lilldv. ! .lra a fOl'lnaç'ão c:_,
L'(l!: \", ::,-' ;nll'r: Ln jwlicial l r~l amba'i :: -3 causa8;
ciocínio analógico, que entre a reconwnção e a ação
principal também devesse existir identidade de funda-
I, as inter-l't.'laç.-;,-" lógica l'!::~'L' 0;3 jul~'am'-'lltC.3,
dl'
mento, ou, na melhor hipótese, de alg"m dos clássicos
CC1!~: :'lTI,s::o de ~()ntradiç:~2 :h':,Sl' llbrjiJ, se decididas sep~'.· elementos de individualização. Recair-se-ia, desse modo,
ra'J.'.:-:::;;:::tL' 3,3 hdcs. na exigência de enquadramento na fórmula do art. 103.
o ::~Yl\ntário. ocioso l~,-,::lr, 11ão pL"~(nd.c ser cxaus~ivc, Tal suposição, contudo, não se mantém de pé. Mesmo
x(~: ::C:1
excluída a po.'=-::.:L:lidauc dl' que com rcfcrên2::-. no exemplo mais incontroverso de conexidade com o fun-
:l li:;:::' úniL'a eSiJécic se l',--::~'i~'ul'('m ao mesmo tl'mp() do~.':' damento da defesa - o da reconyenção tendente à com-
UO.3 icnômenos indicado:s. ou até o:::; três: não se trata 2: pensação -, é inexato dizer que são idêllticos aquele
um? ~'L!_'j,si.r :c:I~'ão: no Ú:1lido rig._i!'Ü3amCnLc lógico àa fundamento e a causa de pedir na ação do réu. Ticio
palan·a. pede a condenação de Caio a pagar-lhe a importância de
95. Há, contudo, um compromi~so de ordem dogmá- Cr$ 100.000,00; Caio contesta alegando que também é
tica a que não nos é líci:o fugir. Fi.:ou assinalada a se:: credor de Ticio, pela soma de CrS 120.000,00, portant0
te:r..:l:G a necessidade de atribuir-se ao termo "conexa", nada lhe tem de pagar; e reconvém para cobrar o saldo de
110 a!':. 315, signifieação cOllscntânl':l CEJm a dualidade dI? Cr$ 20.000,00. O fundamento da defesa de Caio, a rig·or,
comp:t:mentos que ele tem no texto legal: seria pouco é a existência de um contracrédito que alcança o valor
razoáxel entender que, ao falar de n::L'onvenção "conexa de Cr$ 100.000,00: basta-lhe isso para refutar o pedido
com a ação principal", cle queira aludir a um tipo de de condenação, sendo irrelevante, em tal persp2ctiva, a
liame diverso do designado mediante a referência à re- existência de excesso a seu favor. A causa petendi na
convenção "conexa com o fundamento da defesa". Ao reconvenção, por sua vez, compõe-se de dois elementos:
adjetivo "conexa", que aparece uma só vez, tem de dar- o fato a que se atribui o efeito de haver gerado para Caio
se inteligência tal que lhe permita, sem variação substan- o crédito de Cr$ 120.000,00 e o não-pagamento dessa

164 165
..
-"';

dívida por Ticio. Conforme se vê, identidade não há; o . Conclui-se que a noção flex1vel proposta neste trabalho
que há, sim, é relação que se manifesta em mais de uma para o "conexa" bem se presta a caracterizar tanto o
circunstância: a prova dos fatos que por hipótese apro- 'I víncnlo entre a reconvenção e a ação principal quanto o
veitam a Caio serve para formar a convicção do juiz vínculo entre ela e o fundamento da defesa _ pressu-
assim no tocante ao pt.. .,jido originário como ao rcconven~ postos alternativos, segundo o art. 315, do cabimento da
cional: haveria contradição lógica entre as decisões que, demanda reconvencional. Em suma: a interpretação su-
I".!l., julgassem improce'dente o pedido de Ticio, por exis- gerida permite dar ao texto legal inteligência homogê-
tência do crédito de Caio. e improcedente também o pedido nea e não suscita qualquer dificuldade do ponto de vista
de'5te. por inexistência do mesmo crédito. Ademais, a per- dogmático.
missão de' re'convir dri ensejo à composição global da si-
96. O panorama geral até aqui descrito põe de ma-
tmção entre as parles. e\'itando a dualidade de processos.
S~10 (>3:3:1:3 :1:-3 razões qUl' justificam o entendimento de estar
nifestO' notável convergência de linhas. Recapitulemos,
:33.tÍsft..'>ito o n">quisito I..h conexidade entre a reconvenção e em brevíssima síntese, o itinerário da nossa pesquisa.
o fundamento da defesa. Ora, elas não diferem das que Vimos primeiro que, no plano comparatistico, é possí-
acima indicamos como bastantes para justificar a afir- vel, por sob a variedade das formulações, descobrir uma
mação de conexidade entre a reconvenção e a ação prin- tendência largamente predominante nas leis processuais:
cipal. a admissibilidade da reconvenção em regra está, sim,
-/- Vejamos outro exemplo, que se depara na mais recente condicionada à existência de um vinculo - chamemo-lo
doutrina processual pátria': Tido aciona Caio para exi- de conf!xão - entre as duas causas; mas a caracteri-
gir-lhe o cumprimento de obrigação contratual; Çaio de- zação desse vínculo não se faz em termos rigidamente
fende-se averbando de nulo o contrato, e reconvém para conceptualísticos. Passando ao exame do direito brasi-
pedir perdas e ·danos. O fundamento da defesa de Caio leiro, mostramos que nunca houve adesão perfeita a um
é a nulidade do contrato; a causa petendi de sua recon- conceito preciso de conexão, ainda por parte da doutrina
venção, porém, não pode limitar-se a isso: se ele pretende inclinada a render homenagem nominal à clássica teoria
ser indenizado, deve alegar a ocorrência de dano conse- da coincidência parcial de elementos; que, em matéria d~
qÜente à celebração do contrato nulo. Aqui, a fartiori, cabimento da reconvenção, a ruretriz prevalecente sem-
seria fora de propósito considerar idênticos o tundamento pre foi a da flexibilidade, e mesmo na vigência do Código
da defesa e a causa de pedir na reconvenção. A admissi- atual continuam a ministrar-se exemplos de impossível
bilidade desta fundar-se-á, sim, na conexão entre um e enquadramento na fórmula estreita do art. 103; que, pelo
outra, já que, ex hypothesi, Caio sofreu dano por ser nulo prisma dogmático, nada obriga o intérprete - muito ao
o contrato; mas tal conexão de modo algum se resolve contrário - a ler o art. 315 como se se reportasse a seme-
em identidade. lhant.e fórmula; enfim, que, ao ângulo dos interesses em
jogo e da valoração respectiva. tudo aconselha a que se
Jost. FREDF,RICO MARQUES, Manual. v. II, p. 93. dê à cláusula do art. 315 compreensão mais elástica.

186 167

1-
Todos os vetores apontam no mesmo sentido, e com vidade cognitiva, solicitada que ficaria a atenção do juiz
isso temos por demonstrada a nossa proposição central, por assuntos diversos (item n. o 85, letra b), é inconve-
a saber, a de que o conceito dc~ conexão entre causas, niente que, nos casos por nós lembrados, ou de nenhum
como pres"ll'0sto da admissibilidade da reconvenção, é modo ~e configura, ou apenas se manifestará em escassa
m:\i, amplo do que n conceito subministrado pclo art. 103, medida, vista a relação mais ou menos íntima que sempre
não r,'c1amaodo a id,'ntidade de qualquer dos elementos há de existir entre as matérias submetidas à cognição
de individualização das ações. judicial na ação e na reconvenção.
A única objeção ponderável seria a que se extraísse do
interesse em evitar o retardamento da marcha do feito
§ 23. A solução proposto e os outros (itens ns. 83, letra a, e 85, letra a). É inegável que a
interesses em jogo admissão da reconvenção torna mais complexo e lento
o processo, contrariando um dos postulados que se reco-
fI-:-. Rl'sta-no::; a contrapro\"<l da razoabilidadl' da solu-
(~i.\) l"!'l11 l o::;ta,
pdo confronto ClHll 0,-; outros illtlTl~S:~cs ('111
nhecem como fundamentais em politic:> processual: o da
rapidez na adminiscração da justiça '. O problema, repi-
jc:.::,', l'lJlltl'~iriü~ à lal'~uczn l1a admissibilidauC' da rCCOl1-
ta-se de passagem. ficou em parte reso:,·ido com a proi-
Y.:. do',. IJ,-" (Fh' OP(\;-'tllllal~1l'!l~l; alinhamo;;; (,'Wjirn, itens
bição de reconvir nas causas de proced':nento sumaríssi-
n~. 83 (' 85), ,1lgllnR, COllsoaritL' Se' mostrou, não são me-
mo (arl. 315, § 2.°). Significa isso que. onde a lei julgou
reccclores de lulela, c deks podemos aqui fazer abslra-
particularmente necessária a proteção do interesse em
ção: aS.3im o do autor cm onerar o réu com maiores
foco, cuidou de prover no sentido de obstar-lhe ao sacri-
gasto;; c cm criar-lhe difiellldadc3 processuais (item n./)
fício. Não significa, porém, que fora de :al âmbito poss~
83. letra c). Dentre os inleresse" l!/iulil'Os quc se opõem
ele ver-se sacrificado sem qualquer escrúpulo. Resta
ao fa\"orcC'!rncuto dn, l'cconvcnc:ão, não faz jus a gx:ande
apurar se será essa a única possibilidade.
consideração o que se pretende enxergar na preservação
da ordem das competências (item n.o 85, letra r): já s~ 98. Desde logo cabe advertir que a necessidade :1e
sublinhou que, cm regime dr COml)ctência relativa - o resguardar o processo de embaraços decorrentes do ofe-
único que no momento nos interessa, pois a incompetên- recimento da reconvenção já se pode ver satisfeita, em
cia absoluta do órgão perante o qual corre a ação origi-
nária para julgar a causa reconvencional sem dúvida Lino II do C(.ldir.~ di proccdura civile, [;: R:'.'. di dir. prae" v.
XXXII, 1977, p. 4f'J: "TulIi i giudici ${!/1C' ~'_-':5iderati oggi eguali
imp2de o réu de recol1vir - , o deslocamento é visto como (' cgua/mclIfc dcg!:i c 11011 si giustificallo r:~i. queiJe illtcrmhlabili
fenômeno inteiramente normal, que o ordenamento ac:::d- dispute pcr sapae se una causa debba C55U-..- .:'-..'cisa da un giudice
ta sem qualquer relutãncia'. Quanto à dispersão da ati- piuttasto che da lal a/Iro, c!ir 50110 mOlh',) .;:i frequente pro/ul!-
gameI/lo deI/e li/j",

2, Anks scri:l mais exato dizer que começa a declinar a ênfase in- 3. "Só um processo célere é um bom processo-, diz categoricamente
justifjcav.:lm2i1tc cxagerad:l com que s\.! costumava tratar a ques- BAUR, Transformações do processo civil em nosso tempo, in
tão da comp~tCncia, iII gel/ere. Vejam-se as lúcidas palavras de Revisra Brasileira de Direito Processual, Y. 7, p. 60 - e nessa
LlEBMAN, na rc/azionc introdutória da proposta de reforma do frase singela ecoam centenas de vozes, que seria supérfluo nomear.

168 ~ 169
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~_. __ ~ C~.~".·_"~=-==·=~~"~~ .~_,_--lol~_


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certa medida, pelo poder, inquestionavelmente reconheci- :.;: claro que, nesse momento, só lIDl juizo, de probabi-
do ao juiz, de. indeferir in limine a demanda reconven- lidade estará o órgão judicial em condições de fazer.
cional. Desse poder, correspondente ao que ele tem com Pode acontecer que a sua previsão se veja mais tarde
relação a quaisquer petições iniciais, ser-lhe-á licito desmentida: o nexo entre reconvenÇão e ação vem a
fazer uso para indeferir a reconvenção, tanto que apre- revelar-se menos intenso do que a principio parecia, e
sentada, com base na inexistência de qualquer dos res- com isso ameaçam os inconvenielltes superar as vanta-
pectivos pressupostos de admissibilidade. Não se supo- gens da simultaneidade. Pensamos que, em tal emergên-
nha que o controle judicial sobre a petição de reconven- cia, é dado ainda ao juiz pôr termo à reconvenção sem
ção haja de cingir-se com exclusividade aos aspectos julgamento do mérito, com base na circunstância que
enumerados no art. 295, com referência ao indeferimento lhe escapara (ou que apreciara mal) no primeiro contato
liminar iI! gcncrc. Para ser admissível, a postulação do com ela. Realmente: o deferimento da inicial não gera
reconvinte precisa satisfazer esses requisitos, que são preclusão que impeça o órgão judicial de reexaminar a
gC!léricos, c também os específicos 4. Ninguém duvidará, ocorrência de algum dos motivos que o autorizariam a
rO!' exemplo, de que, se é sumaríssimo o procedimento indeferir liminarmente a petição '. O princípio é exten-
da causa principal, deva o juiz indeferir a reconvcnção sivo à demanda reconvencional e, prudentemente apli-
I'J"wnlum oférecida, a despeito de não se enquadrar a cado, pode inspirar soluções úteis no presente contexto.
h;pótese cm qualquer dos incisos do art. 295. Não são, entretanto, as únicas viáwis.
Entre os requisitos específicos, cuja ausência legitima 99. Ao enunciarmos as conclusões de ordem sistemá-
o indeferimento da rcconvenção, está a ocorrência da "co- tica extraídas da pesquisa de direito comparado, mos-
nexão" entre ela e a ação originária. Entendido o pres- tramos que se têm preocupado os legisladores com os
suposto nos termos amplos e elásticos acima explicados, inconvenientes da admissão larga de demandas recon-
a vigilância do juiz, no particular, já será capà'Z, não vencionais, do ponto de vista da celeridade processual.
raro, de prevenir: ab IlIitio riscos indesejáveis. Verificará Procura-se conjurar o risco de um entorpecimento ex-
ele. à luz da n~rração do reconvinte, se o liame entre cessivo do feito, no caso de complicações procedimentais
as duas causas é tal que 'justifique o processamento con- ou delongas sensíveis, relacionadas I:.g. com a ampliação
junto, tornando suportáveis as desvantagens relacionadas da atividade instrutória a pontos nO\'os, porventura irre-
COm o eventual retardamento da marcha do feito. No levantes para o julgamento da causa primitiva. E o ex-
caso negativo, indeferirá a reconvenção por falta do pediente de que em regra se valem os ordenamentos, à
requisito da conexidade. guisa de antídoto para o mal, consiste em atribuir ao
4. CL AMARAL SANTOS, Primeiras linhas, 3.- cd., 2." V., p. 201: juiz o poder de determinar que as ações se processem
"Submetida a petição da rccon"cnção ao juiz, este a dderirá ou ou passem a processar-se separadamente, desde que, a
indeferirá. Cumprir·lhe·â indefcri·la uma vcz incida num dos seu ver, a marcha da ação originária possa vir a ser ou
casos do art. 295 do mesmo Código, ou porque não satisfaça os
pressllpo.HOS ou condições de admissibilidade da recollvenção"
(sem grifo no original). 5. CALMON DE PASSOS, Comento ao c.P.c.. v. III, p. 313-4.

170 171

-- .. _. L .. _
{...,-----,--_._.--'----' ..' - " -" .. _,

esteja sendo embaraçada além do limite razoável pela existêricia de dispos'lÇao


- expressa Assim
embora o art' 458 do vig en '. ' por exemplo,
recon\'enção. repita a c'láusula do Ih te estatuto processual nãô
ve o art 280 ~.f
everá ser clara e pr . " ' . ,~l'-, verbis "que
Oportunamente mencionamos, ao propósito, o direito
inglés, o Code Jlldiciairc belga, as Federal Rules of Civil d eClsa , a nmguém
que, no atual sistema presc' d . ocorrerá supor
procedllTC norte-americanas e a nova ZPO do Cantão de Iidades. , m a a sentença dessas qua-
Zurique. Na mesma linha inserem-se disposições de
outras leis processuais, como as dos códigos dos cantões Em nosso entendimento subsiste -
de B~rna (art. 171), Friburgo (art. 134), Ticino (art. o poder de desmembrar ;ro para o órgao judicial
173. 1.a alínea). Nem seria fora de propósito lembrar a a fim de cortar procrast' ce~sos, quando indispensável
cláusula final do art. 132, letra a, do estatuto processual °
mento no art. 125 n II maçoes indendas, com funda-
" I ,. , segundo o qual co t
ci\'il russo. Duas circunstâncias abonam de mancira par- ve ar pela rápida solução do n' . mpe e ao juiz
tic",ar a credibilidade do remédio: a sua adoção em um poder-dever do o' _ . .1, 19lO·'. Trata-se aí de
rgao JUdICIal cUJo .
ordenamentos de feiçáo c inspiração muito diversas naturalmente postula que , o cumpnmento
exclui a hipótese de que ela se explique por simples afi- ção formal'" do proce se lhe reconheçam, na "dire-
, sso, os poderes in't
nidade ou influência de um sobre outro; a persistência cessarios. ao atingimento d o escopo fixado ' rumentais
AI ne-
de leis recentíssimas em consagrá-lo atesta que não é poderes mstrumentais c t't .. . guns desses
'f' ons 1 uem obJeto d
ie!1ómeno do passado a confiança na eficácia de sua pec! lcas: assim o de ".m def erIr . as di)'a"e normas . , es-
o~ puramente protelatórias" ( ,loenclas muteis
utuação. fIcar se o serventuário exc ed euart.sem
130,motiv
filie), o de "veri-
100. Seria conveniente, de lege fcrcnda, que entre nós I ,.
prazos" estabelecidos em I . ( 't
o eglttmo, os
se previsse a possibilidade da separação, para a bipótese ao feito unicamente e el ~r. 193), o de dar impulso
de retardar-se"demasiado a solução da causa originária, m rel açao ao den . t
se proceder no devido prazo' . _ unclan e, se não
em virtude de complexidades inerentes ao processamento (art. 72 § 20)' o d d ~ Cltaçao do denunciado
da reconvenção. Falta, no atual Código, dispositivo cor- , ., e man ar pras- .
vencido um ano de s _ ,egulr no processo
uspensao por qualqu d '
respondente ao do art. 116, parte final, do diplmna de arrolados no art 265 IV ' ° er . os motivos
1939, que permitia ao órgão judicial ordenar, "antes de esperado (art. 265 §,~. 0) ,sem que sobrevenha o fato
finda a instrução, o desmembramento dos processos reu- , ' "etc Mas o art 125
nidos". Pensamos que semelhante regra ministrava b'iSe
t'
nao deve interpretar-se como a mente 50 a tais hipóteses ,.,
n.o II,
sólida para afirmar-se a viabilidade da separação a que
aludimos. É pena que o legislador de 1973 não haja 6. Sobre a terminologia vide BAU
p, 311: CAPPELLETn L MBACH - L-\UTERBACH, ZPO,
reproduzido o texto. Mas cabe notar que nem sempre a ' ., ' a testlmoman-a d li
e oralEta, v. I. p. 71-2; COMOGLIO" . c ,a parle nel sistenw
d II
ausência, na lei nova, de prescrição constante da antiga responsabilità de! giudice . R'
p 17
. ' . Direz.lOne deI processo e
• ln IV. di dlr proc XXX
significa mudança real da posição do ordenamento. A . ,nota 7; entre nós PONTES' . ., v. II, 1977

supressão p'ode comportar explicações muito diversas,


CP;,C (de 1973), t, II, p: 335, A li DE MIRANDA, Comento ,.;
de dlfCção formal" e a d "d' nha dl'\lsona entre a atividad'"
t e Ifeçllo ma . 1" -
entre 811 quaiS a de ter-se considerado desnecessária a raçada segundo critério uni! tena nem sempre se vc
orme..

172 1'13
-,' ,
- entendimento que o tornaria supérfluo. J!: óbvio que
q~e a reconvenção prosseguirá. t perfeitamente conce-
as providências contempladas em termos expressos nou- b.lvel, também, a hipótese inversa, que deve merecer idên-
'tros dispositivos não esgotam o repertório das que podem
vir a tornar-st' aconselháveis, ou até imprescindíveis, .
tIca regulamentação
. '. Em todos esses casos , haverá
um pronunclamento do juiz que homologue a desistência
para o resguardo da celeridade processual; e essas outras quanto à ~ção primitiva, ou quanto à reconvenção, ou que
eneontrarúo na fórmula genérica do art. 125, n. o II, o Julgue extmto o processo, com referencia a esta ou àque.
seu esteio lC'ga1. Aliás, em nossos dias cada vez mais se la; e, depois, a sentença na causa remanescente. E é
firma, praticanll'nte cm toda parte, a convicção de que, ISSO mesmo que acontece quando o órgão judicial inde-
para abrir caminho à realização dos princípios funda- fere iI! limine a petição do reconvinte.
nwntais da l101itica processual, cumpre reforçar e am-
pliar. na medida do possivel, os poderes de "direção for- O art. 318 alude unicamente à h'rótese de sobrevive_
mal" que cabem ao juiz. Não há como negligenciar esse rem ambas as causas - a originár~3. e a reconvenciollal
dadll na intC'IT!'l'tação dos textos vigl'ntes: o entendi· - a vicissitudes do tipo das mencic':l:ldas. Tanto basta,
nlcllto mvl11tH' ::::l'rá o que mais favoreça a liberdade de contudo, para excluir a solução do iesmembramento do
atll.:1CÜO do ór~<1.o judicial, salvo, é claro, o respeito aos pro."esso, que teria como conscqüh.:ia normal a pro-
c1il't.:·i~o;.; c ga~·.:111tias impostcrgúvcis das partes e de laçao de sentenças definitivas não ~penas substancial-
outras pessoas por\"l'lltura envolvidas na atividade pro- mente ~istintas (o que sempre aeo:::ece quando se jul-
c('ssual. gam açao e reconvenção, e não é, n,~; poderia ser proi-
bido pelo art. 318), mas também for:-:::limente sepa~adas.
101. Esse ''''0 é. pois, o óbice que ao nosso ver barra Ora, foi justamente essa possibilidaé,' que a lei quis, de
o caminho para o reconhecimento, de lC!Je lata, do poder, modo inequívoco, afastar.
que noutros VaÍ.3CS se atribui ao órgão judicial, de man-
Xa impossibilidade de recoC!,endar o remédio
102.
dar processar (·m separado a rcconvenção, quando ne-
mais eficaz, vejamos se há outro que. embora não exclua
cessário' para preservar de excessiva demora o julga-
tão radicalmente o resultado indesejá\'d, pelo menos se
mento da caUS:l originária. A grande dificuldade é a
que se depara na categórica norma do art., 318, vcrbi,s mo~t:e idôneo par~ reduzir-lhe em &"au intenso a pro-
bab,lJdade de ocorrencia. ~ão há dÚ\':ia de que os casos
"Julgar-sc-ão na mesma sentença a ação e a recon-
\"ençao" ... mais freqüentes de reeom'enção se w:':ficam no procedi-
mento ordinário, ao qual é lícito equip2.~ar, na perspecti-
AprcSS:.lmO-Eo:; a ressalvar que a regra não se afigura va aqUl relevante, os procedimentos especiais que nele
absoluta. O art. 317 contempla eXl'ressis verbis a even- eventualmente recaem, ou a que Se a,)!icam em certa
tualidade de ocorrer desistência com relação à ação prin-
cipal, ou extinguir-se esta por "qualquer causa" (rectiu8:
S. PO:--;rrs DE MIRANDA, Comento ao c.p.c (de 1973), t. IV, p.
por qualquer oltlra causa de extinção), deixando certo 172.3; CALMON DE PASSOS. Comento ao c.P.C., V. III, p. 436:
JOSE FREDERICO MARQVES, Mallual, v'. lI, p. 95; AMARAL
7. Assim também par~ce pensar CALMON DE PASSOS, Comento SAI\TOS, Primeiras linhas, 3." cd., 2." Y., I'. .:O~; BARBOSA MO.
ao C.I'.c.. v. Ill, p. 436·7. REIRA. O novo pme. civ. bras., v. I, p . . _.

174
175
medida - como sucede no da ação rescisória (art. 491, Um setor da doutrina entende-o como alusivo unicamente
2. a parte) - as disposições a ele relativas. Ora, o pro- às causas de extinção sem. julgamento de mérito, isto é,
blema "sensível" em tais hipóteses é o que se configura às enumeral1as no art. 267 '. A ser exato esse entendi-
quando estejam prescntcs no que tangc à ação primitiva mento, não se mostraria praticável o julgamento ante-
os pressupostos do julgamento antecipado da lide, mas cipado da lide, em processo com reconvenção, senão
haja ue prosseguir cm etapa complementar a marchada quando satisfeitos os respectivos pressupostos quanto a
recon\"ençáo. servindo de exemplo típico a hipótese de ambas as causas. Mesmo que o comporte a ação primi-
somentc rara esta scr ainda nccessária a produção de tiva, terá o juiz de aguardar a realização da audiência,
prova pericial ou oral. Esses são os casos realmente reclamada pela reconvenção, e vice-versa ".
graves, CI:: que a existência da causa rcconvencional se Semelhante inteligência, todavia, não parece ser a úni-
CO:lverte "'1 fator importante de procrastinação do jul- ca suscetível de harmonizar-se com o preceito do art.
g3.mcnto c !)or isso contravém de maneira intolerável ao 318. Não sendo absoluto o regime neste previsto, con-
i:::cresse ::Cc rapidez da prestação jurisdicional. Resol- soante já se frisou (supra. item n. O 101). ao menos em
y:..:103 que ~~jam. 1)~ll'eCen1-110S desprezíveis na prática as relação a algumas hipóte'ses é imperioso reconhecer que
d:.:.s\'anta~-·'::·;;:3 rOlTcntura remanescentes.
ação e reconvcnção lião serão julgadas na mesma sen-
A said1 de que se pode cogitar aqui consistiria em tença: assim na de desistir o autor ou o reconvinte, e
abrir ao juiz a oportunidadc de jnlgar antecipadamente em geral nas de cessar uma delas em virtude de causa
a lide SUb:-::0tida à sua cognição através da ação origi- de extinção sem julgamento de mérito. Inexiste, pois,
n.:iria, l'eT...J.:::2ndo para outro en3cjo a reconvcnção. Tal objeção de princípio a que a ação chegue a seu termo
expedientE tem, sobre o indeferimento puro e simples antes da reconvenção, ou vi ce-versa. Toda a questão
dC5"c.a (sui-'tu. item n,o 98), a nllltagcrn de não cortar o resume-se em saber se é mais ou menos numeroso o rol
caminho para o respectivo julgamento dc mcritis, e por- dos casos em que isso acontece, afastada, é óbvio, a pos-
tanto não forçar o recol1vinte a novo ajuizamento, em sibilidade de estendê-lo ilimitadamente, o qne esvaziaria
separado. ce sua demanda. Se ele for viável, poderá ter-se o art. 318.
por exorcizado o mais assustador fantasma, e já não
O teor literal do art. 317 não inculca dis:inção algu-
subsistirá razão de peso que contra-indique a solução ma: nele se fala em "causa que a extinga", mas de ne-
sugerida 1'.0 presente trabalho para a iuterpretação do
art. 315. C~mpre, destarte, a\'erigu~r SC o procedimento
9. CALMO" DE PASSOS. Com,nt. 00 C.P.C .• \'. III. ? 436; HUM·
alYitrado se compadece com o sistema do Código. No BERTO TEODORO JR., Prae. de conhcc., v. II, p. 487·8. Tam-
., caso afirmativo, estará confirmada a nossa proposição. bém assim nos cxpr~ssamos em obra anterior: O I:<J~'O prac. civ .
bras., v. I, p. 76.
103. Reza o art. 317: "A desistência da ação, ou a
10. Nesse sentido, declaradamente, CALMON DE PASSOS, Comento
existência de qualquer causa que a extinga, não obsta ao c.P.c.. V. m. p. 438·9; JOSÉ FREDERICO MARQUES,
ao prosseguimento da reconvenção". Põe-se a questão Manual, V. II, p. 96; AMARAL SANTOS, Primetras linhas, 3. B

de saber a que causas de extinção se refere o dispositivo. cd., 2." V., p. 201.

176 177
l t!
nhum modo se acrescenta "sem julgamento de mérito", fiugcrida pela emenda". O~a, 00 arts. 268 e 270 do Prc-
como seria de esperar se houvesse na mcns Zegi.s propó- ·icto, a flue aludia a jU3tific:l~ão, correspondem SlG. art3.
sito restritivo. Dado o relevo que o Código imprimiu à 207 e 269 do C6digo, o primeiro relativo à extinção do
distinção, formulando-a nitidamente em disposições se- procc3so SCD1 julgamento do mérito, o segundo à l'stinção
paradas (arts. 267 e 269), a presunção é a de qne, qnan- com julgamento do mérito. É manifesto que a ,menda
do noutros lugares pretendeu aludir só a uma dessas
visou ambos 03 grupos de hipóteses.
duas modalidades de extinção, a lei a indieou c'·pressis
Last bul not leas!, a interpretação larga do o..rt. 317
vcrbis: assim. r.g., nos arts. 28 e 459, caput, 2. a parte.
conduz a resultados muito melhores do ponto (!e vista
Reciprocamente, qnando não haja indicação expressa,
prático. Veja-se, por exemplo. o caso da transaç.lo, que,
presume-se que a referência abrange ambas as espécies
segundo o art. 269, 11. 0 III, aCJ.rrcta a extinção do pro-
de extinção.
cessO corn julg:l1nsnto do mérito 1~. Suponharr.v3 que,
Dos trabalhos preparatórios - que, isoladamente, não oferecida reconvenção, venham as partes a transiflr uni-
assunwm gra:ld0 relevância, mas podem rc[orc;ar outros camente quanto a esta, ou só no tocante à lide 2.2duzida
elemento3 com que concorram - colhe-se indicação no na ação principal. Não tem sentido pretender qUe' ambas
mesmo sentido. O Projeto em·iado ao Congresso limita- as causas prossigam, para que a transação apeDs seja
va-se. no art. 318, fi reproduzir Q texto do art. 194 do homologada por oca3ião do julgamento do litígio rema-
Código de 1939: "A desistência da ação não obstará ao nescente. Ao contrário, tudo faz preferível a homolo-
prosseguimento da reconvenç'ão", ~Ta Emenda n,o 206~ gação imediata, prosseguindo-se no pro.cesso e"dusi~a­
CESP, o Relator Geral no Senado. Senador Accioly Filho, mente com relação à outra causa. TaiS conslderaçoes
propôs o acréscimo da cláusula ··ou a existência de qual- aplicam-se, mutatis mutandis, às hipóteses d; reco~heci­
quer outra causa que lhe ponh" termo", afinal substitui- menta do pedido (art. 269, n. o II) e de renunCI3 a pre-
da pela que se lê na atual redação, em tudo equivalente. tensão (art. 269, n. o V), irmãs gêmeas da transação U.
E, na justificação da emenda, escreveu: "A desistência Mas não há por que deixar de rara os casos r23tantes
da ação pelo autor, que o art. 318 diz não obstar ao (art. 269, ns. I e IV): nenhum motivo impõe 01: sequer
aconselha tratamento diverso "~o
prosseguimento da reconvenção, é apenas um dos moti-
vos de extinção do processo antes de atingido o momento 11. Vide Código de Processo Cidl - Históric(' da lc; ;':l';:ll) da
culminante do arco do procedimento: os :lrts. 268 e 270 Subsccrct3.fia d~ Ediçõ::s Técnicas do 5:::nado Fcd~ral. '> r. t. li,
enumeram outros fa~os que ordinarian1ente conduzem ao p. 1342.
12. Sobre o candD cnt<.:nd!m~nln da c:\pn;ssã~). \·idc D-\R!3C'::\ ~,10-
mesmo resultado. Assim, levando-se em conta que a re-
REIRA, CO/llcmt. no c.P.c.. , .. V, p. 132-3, c C5 al::."~, n.í ci-
convenção não é mera defesa, mas uma verdadeira e tadllS cm a nota 152.
autónoma ação do réu contra o autor, no mesmo pro- 13. Cr., no concernente " renúncia. MO"IZ DE ARAG\C1. Comc:l-
cesso, é insuficiente aludir apenas à desistência, para fúrias au Código de Processo Civil, v. II, p. 545.
consignar que ela não obsta ao normal desenvolvimento 14. Com razão, pois, WELLlNGTO:-i MOREIRA PI\IE'- rEL. Co-
da reconvenção". Daí a "fórmula bastante genérica" mei/t. ao c.P.c., v. lU, p. 324.

178 179
;r-------.. -.._-_ . -_. . = ;;"'\i,
.~~'

c,,~ta II
101. Sc é
mf'n('~onadas no art,
interpretação proposta, as hipóteses
317 situam-3e corno C1X'( çõcs à regra I
Apêndice
do ~rt. 318. Açào c rcconvcnçao julgam-se na ll1€sma r
f,_-n~ll:~:-l, s,:lvo lFl<ll1do ocorra. alguma e~usa de extinção Principais Textos Legislativos Estrangeiros Citados
do prOCt~SSO, Sl~m julgamento do mérito ou com ele, lcla-
tiyamentc a uma das duas. Sucede que, entre as causas
lle extinc:ão, estão as arroladas nos arts. 329 e 330. Com
efeito: muito em hora só aquele fique subordinado ii ru-
brica "Da extinção do processo", não há negar que o
j111~·:u:L·nto alltcdpado da lide constitua igualmente uma
forma ue pôr tC'rrno à atividadc processual, no l'cspcdivo 1. Alemanha (República Federal!
grau dL' jurisdição.
Zivilprozessordnung, de 30 de ja!O.eiro de 1877, com
O coso que nos interessa aqui é o do ar\. 330, n.o L a redação resultante das alteraçÕes introduzidas até
Quando. na ação principal, "a qurstão for unicamente de a Vereinfachungsno"c:lc de 3 de .õezembro de 1976:
dirl'ito. ou, sendo de direito e de fato, não houver n€ccs-
sidadt.") de produzir prova cm audiência", competirá ao § 33, l.a alínea. " Be: dem Ger:c,:: der Klage kann
ór,;'lo judicial conhecer diretamcnte do pedido, proferin- eine Widerklage erhG~én werde::. ""enn der Gegen-
do nào a "sentença" de que fala o texto legal - pois, ansprueh mit dem ii: der Klage f:e:tend gemachten
aqui. não é o lJrocesso que se extingue, senão apenas uma Anspruch oder mit den gegen :~ vorgebrachten
das ações nele exercitadas -, mas decisão imediata quan- Verteidigungsmitteln in Zusa=enhang steht"
to à causa primitiva, sem aguardar que se realize a ativi- (Pode ser proposta rõ20nvenção ~",ante o juízo da
dade instrutória ainda necessária com referência à reCQn- ação, caso a contrapre':211são seja .2J!1exa eom a pre-
venção. Desse modo se evitará que esta embarace e pro- tensão deduzida na aeia ou com L'O meios de defesa
crastine o julgameJlto daquela. Com isso fica afastada, contra ela alegados).
no essencial, a objeção que se poderia suscitar, ao ângulo § 145. "(1) Das Gtricht ka:::-. anordnen, daso
dos interesses em jogo, contra o entendimento que preco- mehrere in einer Klage erhobene _".nsprüche in ge-
nizamos para a cláusula do ar\. 315 relativa ao requisito' trennten Prozessen vé,,,andelt "e'::2n. (2) Das glei-
substancial de admissibilidade da reconvenção. É o bas- che gilt, wenn der Bfklagte eine '\,,"iderklage erho-
tante. ao nosso ver, para que a tese se possa considerar ben hat und der Ge;enanspruc': :::lit dem in der
demonstrada. Klage geltend gemact:en Anspri:e:, nicht in recht-
lichem Zusammenhang steht".
[(1) O tribunal pode ordenar q::e se discutam em
processos separados as várias pre:cnsões deduzidas
numa ação. (2) Aplica-se a me;,::::ra regra quando
o réu haja proposto reconvenção e a contrapreten-

130 181
são não seja juridicamente conexa com a pretensão pretensiones en eJla deducidas derinren de la mis-
deduzida na ação.] ma relación jurldica o fueren coneX3.S con las invo-
§ 256, 2. a alínea (anti1'0 ~ 280): "Bis zum Schluss cadas en la demanda, De la recon",nción se dará
derjenigen mündlichen "erhandlung, auf die das traslado por diez días".
l'rteil ergeht, kann der KEiger durch Erwciterung Art. 498, 1.0 (relativo ao "proceso ~-!",zarísimo"):
des Klageantrags, der Bàlagte durch Erhcbung "No será admisible reco!lyención !li éscepciones de
~"iner \Viderklagc bcant!"agcn, class cin im Lau- previa y especial pronunciamiento".
fe dcs Prozcsses str.:i:ig gcwordcncs Rcchts-
Fonte: Código ProoeslJ,l Civil y Come"L'ial de la Na-
yerhaltnis, von desscn Bc3tehen oder Nichtbestehen
ción, Ed. Víctor P. de Zavalía, Bue,_:~ Aires, 1970.
die Entschcidung des Rcchtsstreits ganz ode r zum
Tcil abhungt, durch rich,,·rlichc Entscheidung fest- 3. Áustria
gestellt wcrde" (Até o '"cerramento da audiência Jurisdiktionsnorm, de 1.0 de agosto de 1895:
cm que se profere a scntt:::ça, o autor, mediante am- § 96, La alínea: "Bei dem Ger::':::e der Klage
pliaçüo do pedido, c o ~-~"J. mediante rCCOll\'cIH:ão, ka!ln eine Widcrklage an,:cbracht w,~'_;en, wenn der
podem requerer que se ~-:~"L'larc por dt'cis<lo judicial mit letzterer geltend gc,,:achten A::;c:':;ch mit dem
uma relação juddica C0:::,'on'rtida no curso do pro- Anspruch der Klage in Zusammen::.'2:'" steht oder
cesso, dl' cuja l'xistênC':3 ou inexistência dependa, sich sonst zur Kompensation eigne::. würde, ferner
110 todo ou em parte, o ju:;amcnto da lide).
wenn die Widerklage auf Fcststellu::: eines im Lau-
Fonte: Zit'ilprozcssordlllln:: mil Gcrichisvrrfassungs- fe des Prozesses streitig gewordene:: Rechtsverh1ilt-
g,selz, Rcchtspflegergcsct: und Kostcnrrcht, 11. a nisses oder Rechtes gerichtet ist, ",-:: dessen Beste-
ed., C. H, Bcch, :\Iünchc::, hen oder Nichtbestehen die Entsche:::.mg übcr das
Kla bcrebecrehren
b bcranz oder zum Teile '~:ÚJlgt" (Pode
_
2, Argentina ser proposta reconvenção perante c' ::lÍzo da açao,
Código Procesai Civil y Comercial de la Nación (Lei caso a pretensão deduzida naquela ;': a conexa com
° 17.454, de 20.9.1967) :
11. a desta ou então se preste à compeJ:;.:.:;io, e também
Art. 357 (relativo ao ",'1'oc8so ordinario"): "Rc-' caso a reeonvenção vise à decla:-,:':] de relação
conv€11ción. En el mismo escrito de contestación de- jurídica ou direito controvertido I:: :"rso do pro-
berá cI demandado dedu::,. reconvencióu, cu la for- cesso, de cuja existência ou inexisté~_ ,'" dependa, no
ma prescripta para la demanda, si se crcyere con todo ou em parte, a decisão sobre: :edido).
derecho a proponerla. X o haciéndolo cutonces, no Zivilprozessordnung, de ].0 de ago;:: de 1895:
podrá dedueirla después. sal\'o su derecho para ha- § 233, 2. a alínea: "Nach dem Ein:,'::e der Streit-
cer valer su pretensión e" otro juicio". hangigkeit kann der Beklagte, we:::. die sonstigen
Art. 487 (relativo ao "proceso sumario"): "Re- gesetzlichen Bedingungen des Geriétsstandes der
convención. La reconvención será admisible si las Widerklage vorhanden si::Jd, bei de", Gerichte der

182 183
t.
I

Klage insolange eine Widerklage anbringen, ais nicht I Les demandes reconventionnelles fondées SUl' le
die mUndliche Verhandlung in erster lnstanz geschlos-
sen ist" (Após a formação da litispendência, se j caractere vexatoire ou téméraire d'une demande
sont po~tées devant le juge qui a été saisi de cette
concorrerem os OUITOS pressupostos legais da compe- ãemande."
tência para a. rc.con\·t~nção, pode o réu rcconvir pe-
Fonte: Belgisch Gercchtlijk WetbOl'k - Code Judi-
rante o juizo da açào, enquanto niio encerrado o
ciaire Belge, 2. a ed., Van ln, Lier, 1977.
debate oral de primeira instância).
§ 259, 2." alínea: "Wlihrend der mündlichen 5. Bolívia
Strcit"el'handlung kann der Bl'klagte, ohne der Zu- Código de Proeedimiento Civil, de 6 de agosto de
stimmullg' dl'S Kli.:i.gl'rs Zll bedürfell, cinC'1l Antrag unf 1975:
Fcstsldlung im Sinnc' des ~ 236 slcllcn" (Durante Art. 348. "(Oportul! idad para rcconvenir) - En
o debate oral pode o rl;u, Sl'111 l1eCCi:isital' elo conSCll- el mismo escrito de contestación el demandado po-
timCll!1) do autor. f('~'m\llar lll'dido dl' lkL'la1'3Ção drá deducir reconvención en la forma prescrita para
nos lermos do § 23G l. la demanda. Fuera de esta oportunidad no podrá
Fonte: Dic JuristlikUoi/.'morm 1lJul dic Ziril/lro,:;'rs8- deducirla, quedando a salvo Sll derecho para hacerlo
ordll/lI/!1 srrnd (/(/1 EillliihnUl!/Sf!f'sd,:;ClI. 7.0. ed., valer en proceso distinto."
~'Íanzschc VCl'lags- und Uni\'cl'siUHsbuchhandlung, Art. 349. "( Admisibilidad) - La reconvención
1966. sólo será admisible en los procesos ordinarios y
siempre que correspondiere, por razón de la mate-
4. Bélgica
ria, a la competencia dei juez qUe conociere la de-
Cad e J",l;c;airc, de 10 lle outubro de 1967: manda, aunque por la euantía debiera ventilarse
Art. 14. "La demande rcconventionnelle est la ante un juez inferior."
demande 'ilíeidcnte formée )Jar Ic défenucur el qui Fonte: Código de Proeedimiento Cidl, ed. da Gaceta
tcnd :i fairc prononcl'l' une conclamnatioll à charge Oficial de Bolívia, 1975.
du ucmJ.llUCllr."
Art. 563. "Le tribunal de premiere instnnec con-
6. Canadá
Code de proeédure civile da Província de Québec, de
nait des demandes rcconvcntionncllcs quel;; qu'en
soient la nature et le montant. 1965:
Art. 172: "La défendeur peut faire valo ir par sa
Le tribunal du tra\'ail, le tribunal de commcrcc ct
défense tous moyens de droit ou de !ait qui s'oppo-
le juge de paix connaissent des demandes rcconvcn-
sent au maintien, total ou parti e!. des conclusions
tionnelles qui, quel que soit leur montant, entrent
dans leur compétence d'attribution ou dérivent soit de la demande.
du contrat, soit du fait qui sert de fondement à la II peut aussi, et dans le même aete, se porter de-
demande originaire. mandeur reconventionnel pour faire valoir contre

184 185
le demandeur toute réclamation lui résultant de la
même source que I~ demande principale, ou d'une 8. Codex luris Canonici, de 27 de maio de 1917:
sourcc connexc. Le tribunal reste saisi de la deman- Cân. 1.690, § 1.0 "Actio quam reus coram eodem
de reconventionnelle, nonobstant un désistement de .iudice in eodem iudicio instituit contra actorem ad
la demande principale." submovendam vel miuuendam eius petitionem, dici-
tur reconveutio."
Fonte: Code de 1)l'Océdurc civile de la Province de
Québcc - Code of Civil Proccdure of lhe Provin~e Fonte: COIk.l' luri8 CaPlonici, Typis Polyglottis Vati-
canis, Roma, 1918.
of Quebee, edição revista de outubro de 1976, WIl-
son & Lafleur Limitée, Montréal. 9. Colômbia
7. Chile Código de Procedimicnto Civil lDec. ns. 1.400, de
Código de Procedilllicl1to Civil, de 25 de agosto de 6-8-1970, c 2.019, de 26 de outubco de 1970):
1902, no texto aprovado pelo Decreto n. O 1.093, de Art. 82. "A.cumulación de l'r(tensiones. El de-
9 de julho de 1970: mandante podrá acumular en u::~ misma demanda
varias pretensiones contra el den:3ndado, aunque no
Art. 314: "Si cl demandado reconvicne aI actor,
sean conexas, siempre que conc'-,rran los siguientes
deberá haccrlo cn el escrito de contestación, suje- req uisi tos:
tándose a las disposicioncs de los artículos 254, 255
Y 261; Y se considerará, para este decto, como de- 1. Que el juez sea competente para conocer de
mandada, la parte contra quicn se deduzca la recon- todas; sin embargo, podrán acu!Olularse pretensio-
vención." nes de menor cuantia a otras de C3.yor cuantia;
2. Que las pretensiones no se excluyan entre si
Art. 315. "No podrá deducirse reconvención sino
salvo que se propongan como pr:!1cipales y subsi-
cuando el tribunal tenga compctencia para COnocer diarias.
de ella, estimada como demanda, o cuando sea ad-
misible la prórroga de jurisdicción. Podrá también 3. Que todas puedan tramitarse por el mismo
procedimiento.
deducirse aún cuando por sua cuantía la reconven-
ción deba ventilarse ante un juez inferior. ................... ......... , ............ . "
"

Para estimar la competcncia, se considerará el Art. 149. "Proeedencia de la acumulación. Po-


monto de los valores reclamados por vía de recon- drán acumularse dos o más procesos especiales de
vención separadamente de los que son materia de igual procedimiento o dos o más ordinarios, a peti-
la demanda," ción de quien sea parte en cualquiera de ellas, siem-
pre que se encuentren en la misma instancia:
Fonte: C6digo de Procedimiento Civil, Editorial Ju-
1. Cuando las pretensiones formuladas habrlan
ridica de Chile, 1970. podido acumularse en la misma demanda.

188 187
............................................ . which at the time of aervlng the pleading the plead-
Art. 401. ·"Rcconvcnción.. Durante el término pa- er has against any opposing party, if it arises out
~a contestar la demanda podrá el demandado pro- of the transactian or occurrence that is the subject
poner la reconvención contra uno o varios de los '!natter of the opposing party's claím and do~s not
demandantes, siempre que sea de competencia dei require for its adjudication the presence of third
mismo juez y pueda tramitarse por la via ordinaria. parties of whom the court cannot acquire jurisdiction.
Sin embargo, podrá reconvenirse sin consideración But the pleader need not state the claím if (1) at the
a la cuantía y ai factor territorial. time the action was commenced the claim was the
subject of another pending action, or (2) the oppo-
La reconvención deberá reunir los requisitos de sing party brought suit upon his claim by attach-
toda demanda y será admisible cuando de formu- ment or other process by which the court did not
larso on proceso separado procederia la acumula- acquire jurisdiction to render a personal judgement
ción. ( ... )." on that claim, and the pleader is not stating any
Fonte: Código dr Pl'occdimicnto Civil, 3. a ed., Edi- counterclaim under this Rule 13.
torial Temis, Bogotá, 1972.
(b) Perm issive Cowdcrcla·ims. A pleading may
10. Espanha state as a counterclaim any claim against an oppos-
Lcy de Enjlliciamirnto Civil, de 3 de fevereiro de ing party not arising out of the transaction or
1881 : occurrence that is the snbject matter of the oppos-
ing party's claim."
Arl. 542, 3." alínea. "No procederá la reconven-
ción cuando cl J uez no sea competente para conu- Fonte: The Jndicial Codc and Rulcs Df Provcdure in
the Federal Conrts, The Foundation Press, Mineola,
cer de dia por razón de la materia."
New York, 1976.
Art. 513. "Después de la contestación a la de-
manda no podrá hacerse uso de h reconvención, que- 12. França
dando ti salvo ai demandado su derecho, que podrá. Code de procédure civile de 14 de abril de 1806:
ejercitar cn el juicio correspondiente." Art. 464, La alínea. "II ne pourra être formé, en
Fonte: Enjlliciamicnto Civil, Ediciones Civitas en cause d'appel, aucune demande nouvelle, à moins
Re\'ista de Occidente, Madri. 1974. qu'il ne s'agisse de compensation, ou que la deman-
de nouvelle ne soit la défense à raction principale".
11. Estados Unidos
Fonte: Code de procédllre C'iv'ile, Dalloz, 63. a ed., Pa-
Federal RlIles of Civil Procedllre de 1938, com a re-
ris, 1966-7.
dação resultante das alterações introduzidas até 1.°
de abril de 1976: Code de procédure civí!e de 5 de dezembro de 1975:

R. 13, a e b. "(a) Compuloory Countcrclaims. A Art. 4.0. "L'objet du litige est déterminé par les
pleading shall state as a counterclaim any c1aím prétentions respectives des parties.

188 189
r,
Ces prétentions sont fixées par I'acte introductlt 3, Eine Sache, für d1e elne besondere Prozessart
d'instance et par les conclusions en défense, Toute- vorgeschrieben ist, kann nicht im "ege der Wider-
fois I'objet du Iitige peut être modifié par des de- kll}ge gegen eine Klage anhãngig gemacht werden,
mandes incidentes lorsque celles-ci se rattachent die im allgemeinen oder in einem anderen besonde-
am< prétentions originaires par un lien suffisant." ren Verfahren verhandelt wird. Das gleiche gilt im
Art. 70. "Les demandes rcconvenlionnelles ou ungekehrten Falle."
aditionnelles ne sont recevables que si elles se rat- .............................................
tachent aux prétentions originaires par un lien suf- (1. Após a formação da litispen';êneia e até o
fisant. encerramento do primeiro debate oral público pode
Toutefois la demande en compensation cst rece- o réu oferecer reconvenção,
"abIe même en l'absence d'un leI lien, sauf au juge 2. No caso de litisconsórcio necessário, a recon-
i h disjoindre si elle risque de relarder à I'c. ~s le venção só é admissível se for propo;:a por todos ou
j~;ement sur le tout.·'
contra todos os litisconsortes.
3. Uma causa para a qual se prescreva procedi-
Fonte: X ouvcau cude de procédurc civilc, Dalloz,
mento especial não pode ser ajuizada sob a forma
,O" ed., Paris, 1976. de reconvenção a ação que obedeça ao procedimento
comum ou a outro procedimento especial, e vice-
13. Grécia
versa.
Código de Processo Civil, de 20-26 de junho de 1967:
, .. , . , ....... , , ......... , , . , , , .......... , , . , ) .
Art. 34. "Widerklage kêinnen bei dem Geri,eht Fonte: BAUMGÀRTEL - RAMMOS, Das gricchische
erhoben werden, vor dem die Klage anhangig 1st, Zivilprozess-Gesetzbuch mit Ei,,-'ührungsgesetz,
sofern sic ZUl" sachlichen Zustandigkeit des glei- Carl Heymanns Verlag, Colônia - l3€rlim - Bonn
chen oder eines unteren Gericht gehêiren" (Podem - Munique, 1969 (as alterações de redação no art.
ser propostas reconvenções perante o juízo em qu~ 34 e a mudança de numeração do ar:. 278, resultan-
pende a ação, .desde que sejam da competência ma- tes da reforma de 1.°-10-1971, foram gentilmente
terial desse juízo ou de um juízo inferior). comunicadas ao autor pelo Professor Assistente Dr.
NIKOLAOS KLAMARIS, da Universidade de Atenas),
Art. 268 (antigo 278). "1. Kach dem Eintritt der
Rechtshangigkeit und bis zum Schluss der ersten 14. Guatemala
êiffentlichen mündlichen Verhandlung kann der Be- Código Procesal Civil y Mercantil (Dec.-Iei n. o 107,
klagte Widerklage erheben. de 14-9-1963):
li, 2. Im Falle der notwendigen Streitgenossen- Art. 119. "Reconvención - Solamente ai contes-
Bchaft ist eine Widerklage nur zuliissig, wenn sie von tarse la demanda podrá proponerse la reconvención,
,
,\

aIlen oder gegen a.lIe Streitgenossen erhoben wird, siempre que se lIenen los requisitos siguientes: que

190 191
.Ff-·
la pretensi6n que se cjcrcitr tcnga conCXlOn por terclaim ought for any reason to be disposed of by
razón deI objeto o dei título con la demanda y no a separate action, the Court may order the, counter-
deba seguirsc por distintos tl'ámitcs." c1aim to be struck out or may order it to be tried
Fonte: Código P/'ocrsal Civil y Mercantil y o/ras separately or make such other order as may be ex-
leycs vigentes, alloladús y ,'o'l<'o,.,/",los 1iO/' MARIO pedient".
AGUIRRE GODOY e CARLOS ENRIQuE PERALTA MENDEZ, Fonte: LEwIS F. STURGE, Basic RII1e8 of the Supre-
Guatemala, 1973. me Court, 3. a ed., Butterworths, Londres, 1966.

15. Inglaterra 16. Itália


Rules of the Suprem c Court, de 1965: Codice di procedwa civile de 25 de junho de 1865:
Art. 100. "L'autorità giudiziaria, davanti cui pen-
Order 15, rule 2 (1): "Countcrc/"im against plain-
de la causa principale, ê competente a conoscere,
/ift - (1) Subjcct to Rulc 5 (2), a defendanl in
eccetuato ii caso d'incompetenza per materia o va-
any action who allcgcs lhaL Ill' Iws an,' daim 01' is
lore, e salvo quanto ê stabilito negli articoli 101 e
cntitled to any rclid 01' rcmedy again~t a plaintiff
102.
in the aetion in rcspcet of any maltcl' (whcncvcr •
1.0 dell'azione in garantia;
and howcvcr arising) may, instcau af bringing a
scparate aetion, makc a cOllnlcl'claim in rcspect of
°
2. della compensazione;
3.0 della azione in riconvenzione dipendente daI
that matter; and whel'e he does so hc must add the
titolo dedotto in giudizio dall'attore, o daI titolo che
counterclaim to his defensc".
già appartiene alia causa principale come mezzo di
Order 15, rulc 3 (1): "Collntcrclaim against ad- eccezione. "
di/ianal partics - (1) Whcre a dcfendant to an
Fonte: Cadice di procedura civile deI Regno d'Italia,
aetion who m~kes a eounterclaim against the plain-
Stamperia Reale, Roma, s/do
tiff alleges lhat any othcr l'erson (whcthcr or not
a party to the action) is liablcd lo him along with Codioe di procedura civilR de 28 de outubro de 1940:
the plaintiff in respect of the subjcet-matter of the Art. 36. "(Cause riconvenzionali) - II giudice
eounterclaim, ar claims against such other person competente per la causa principale conosee anehe
any relief relating to ar connccted \Vith the original delle domanda riconvenzionali ehe dipendono daI
subjeet-matter of the aetion. then, subjcel to Rule titolo dedotto in giudizio dall'attore o da quello ehe
5 (2), he may join that other persoll as a party già appartiene alia causa come mezzo di eecezione,
against whom the countercJaim is made". purchê non eccedano la sua competenza per materia
Order 15, role 5 (2): "Caurt may order separate o valore; altrimenti appliea le disposizioni dei due
tria'ls etc. - (1) ........ (2) If it appears on the articoli precedenti."
application of any party against whom a counter- Fonte: Codiae di '[T1'ocedura civile e leggi comple-
claim is made that the subjeet-matter of the coun- mentari, 4. a ed., Giuffrê Editore, Milão, 1965.

192 193

....----_.....ç--,;...~----_._. ,-.
17. Iugoslóvia Si ellea tendent à obtenir la, béDéfice de la. cam-
Código de Processo Civil, de 8 de dezembro de 1956: pensa.tion."
. -
Art. 177, 1. a alinea. "Der Beklagte kann vor Fonte: Code de procédure civile, lmprimerie de Mo-
Schluss der Hauptverhandlung vor dem gleichen Ge- haco, 1896.
richt dIle Widel'klage erheben, Wenn der Wider- 19. Peru
klageanspruch im Zusammenhang mit dem Kla-
Código de Procedimientos Civilea de 1912:
geanspruch steht. oder Wenn sich diese Ansprüche
zusammenrechnen lassen. oder wenn mit der Wider- Art. 326. "La reconvención se interpone en el
klage die Feststdlung eines Rechtsverhiiltnisses escrito de contestación a. Ia demanda."
oder eines Rechts verlangt wird. von deren Bestehen Fonte: Código de Procedimienios Civiles, 5. a ed.,
ode r ;>;ichtbestehen ganz oder teilweise die Ent- Editorial Mercurio S. A., Lima, 1973.
schridung übcr die Klagcforderung abhangt" (O réu
pode oferccer rcconvl~nção perante o mesmo juízo, 20. Portugal
antes de' encerrada a audiência principal. quando a Código de Processo Civil (Dec.-Iei n.o 29.637, de
llfctcnS3.o rcconvcJlcional for conexa com a da ação, 28-5-1939) :
quando :1;:) duas prl~tcnsõcs forem compensáveis, ou Art. 279. (Em que casos é admissível a reconven-
quando na reconvenção se pedir a declaração de ção) - "O réu pode, em recon..-enção, deduzir pe-
uma relação juridica ou de um direito de cuja exis- didos contra O autor. A reconvenção é admissível:
tência ou inexistência dependa. no todo ou cm parte. 1.0 Quando o pedido do réu emerge do ato ou
a decisão sobre a pretensão do autor). fato jurídico que serve de fundamento à ação ou à
Fonte: Zivil)il'oocssordlZung der Fodcrativen VOlks- defesa;
rcpubli): Jugosla1cin., trad. alemã de H. W. POLL. 2,0 Quando o réu se propõe obter a compensação
cd. do Osteuropa-Institut da Universidade Livre de judicial ou tornar efetivo o direito a benfeitprias ou
Berlim. Berlim, 1957. despesas relativas à cousa cuja entrega lhe é pe-
dida;
18, Mónaco 3.0 Quando o pedido do réu tende a conseguir,
Code de procédurc C'Íl'ilc, de 5 de setembro de 1896: em seu benefício, o mesmo efeito jurídico que o
Art. 382, "Les demandes reconventionnelles ne autor se propõe obter;
seront reçues que dans les cas suivants: 4.0 Quando o pedido do réu tem por fim ampliar
Si elles procedent de la même cause que la de- o objeto da ação de modo a apreciar-se a subsistên-
mande principale; cia ou insubsistência do ato ou da relação jurídica
fundamental.
Si elles forment une défense contre cette deman-
de; .............................................. "
194 195

ç
. I-
I,
Fonte: Código de ProoollllO Civil portugldll, 6. 8 ed., Art. 132. "Conditiom I(1/' tM accepta'/lOll 01 II
Coimbra Editora, Coimbra, 1960. oounterclaim. A judge will accept a cQunterclaim:
Código de Processo Civil (Dec.-Iei n. o 44.129, de (1) íf the counterclaim is to be set off against
28-12-1961, com a redação dada pelo Dec.-Iei n.o tlie original claim;
47.690, de' 11-5-1967): (2) if the satisfaction of the counterclaim would
Art. 2:4, 2." alínea. "A rcconvenção é admissí- wholly or partly exhaust the original claim;
vel nos ,scguintes casos:
(e) if there is a mutual connection between the
a)Quando o pedido do réu emerge do fato ju- original claim and counterclaim and the disputes
rídico que servc de fundamento à ação ou à defesa; would be more expeditiously and properly tried if
/)) Ql:31ll1o o réu se propõe obter a compensação they were tried together."
0:1 tornar ('lclivo o direito a benfeitorias ou despe-
Fonte: The Civil Code and too Codc of Civil Proce-
S;:t.s :"clativas à coisa cuja entrcga lhe é pedida;
dure Df the RSFSR, trad. inglesa de A. K. R. Kr-
c) Qt;C1"do o pedido do réu tende a conseguir, RALFY, Law in Eastern Europe n. O 11, A. W. Sijt-
cm scu l.:ncficio, o mesmo efeito jurídico que O . hoff, Leyden, 1966.
G. utor se provõe obt cr.·'

Fonte: C,'><ligo de Prorc,so Civil, Livraria Almedína, 23. Suécia


Coimbra, 1967. Código Processual de 18 de julho de 1942:

21. Romênia Cap. 14, Secção 3. "If the defenda:!}! requests joint
processing with the plaintiff's clain: of a claim insti-
Codul de Forrdum ciriln, de 11 de setembro de 1865,
tuted by the defendant against the (:üntiff concern-
com a rcdação resultante da reforma de 12 de feve-
ing the sarne 01' a related subjec: matter, or of a
reiro de 1948 e posteriores alterações:
debt that. may be set-off against the plaintiff"s
Art. 119, La alínea. "Daca piritul are pretentii claim, and his request is presented prior to the com-
in legatura cu cererea sau cu mijloaeele de aparare mencement of the main hearing, the claims shall be
ale reelamantului, el poate sa faca cerere recom'en-
joined in a single action. A claim thus joine'd with
tionala" (Se o réu tem pretensões em conexão COm
the main claim (huvudkiiromal) is a counterclaim
o pedido ou com os meios de defesa do autor, pode
formular pedido reeonvencional). ( genkiiromal)."
Fonte: Too Swedish Code Df Judicial Procedure,
Fonte: PORUMB, Codul de procedura civila comentat
trad. inglesa de ANDERS BRUZELIT:S e RUTH BADER
si ad'llOtat, Editura Stiintifica, Bucareste, 1960.
GrNSBURG, Fred B. Rothman & Co., South Hackan-
22. Rússia sack, N. J., e Sweet & Maxwell Limited, Londres,
Código de Processo Civil de 11 de junho de 1964: 1968.

196 197

G
24. Suíça de princlpale ou les deux prétentiaIIB doivent être
compensables."
Loi fédérnle de procéduro civile fédérale, de 4 de
dezembro de 1947: Àrt. 134. "En cas de cumul de demandes ou en
caa de reconvention, le juge peut en tout temps or-
Art. 31, La alínea. "Le défendcur peut former
donner la division de la cause, s'U estime que la
une demande rccon\'cntionnelle pour ks prétentions jonction des demandes est de nature à entraver la
visées aux articles 41 et 42 de la loi fédérale d'orga- marche du procês; il statue en la forme sommaire."
nisation judiciaire du 16 décembre 1943. Sa pré-
tention doit avoir une connexité juridique avec la Fonte: Code de procédure civile dai canton de Fri-
demande principale ou les deux prétcntions doivent bourg (cd. oficial).
étre compensables." Code de procédure civile do Cantão de Neuchâtel,
Fonte: Procédurc fédéralc, cd. da Chancellerie fé- de 7 de abril de 1925:
déralc, Berna, 1976. Art. 180. "Sauf I'exception de eompensation, les
Code de procédurc cirilc do Cantão de Berna, de demandes reconventionnelles n'e sont admises que
7 de julho de 1918: pour causes connexes à la demande principale."
Art. 170. "La reconvention est une réclamation Fonte: Code de procédure civile, ed. de junho de
que le défendeur oppose au demandeur. Celle-ci doit 1969, Imprimerie A. & W. Seiler, Xeuchâtel.
être cxigible ct, à moins qu'il ne s'agissc de com- Zivilproze8Bordnung do Cantão de Schwyz, de 3 de
pensation, être en rapport avec I'objet de la de- dezembro de 1915:
mande,"
§ 92, La alínea. "Bei dem Gericht der Klage
Art. 171. :',eour prévenir la confusion ou lorsqu'i1 kann eine Widerk1age angebracht werden, wenn der
le trouve opportun, le juge instructeur a la faculté mit letzterer geltend gemachte Anspruch mit der
de renvoyer la demande reconventionnelle à une ins- Klage im Zusammenhang steht oder sich sonst zur
truction spéciale. II fixe un délai au défendeur pOIIT Kompensation eignet, und ferner, wenn die Wider-
faire valo ir sa réconvention conformément à la loi. klage auf Feststellung eines streitigen Rechtsver-
La même faculté compéte au tribunal lors des dé- hãltnisses oder Rechtes gerichtet ist, von dessen
bats. ( ... )". Bestehen oder Nichtbestehen die Entscheidung über
Fonte: Code de procédure civile du canton de Berne, das Klagebegehren ganz oder zum Teil abhãngt"
ed. de 1952. (Pode ser proposta reconvenção perante o juízo da
Code de procédure civile do Cantão de Friburgo, de ação, caso a pretensão deduzida naquela seja cone-
28 de abril de 1953: xa com esta ou então se preste à compensação, e
também caso a reconvenção vise à declaração de
Art. 133, 3.a alínea. "La demande reconvention-
nelle doit !Ue en connexité juridique avec la deman-
I relação jurídica ou direito controvertido, de cuja
j
• 199
188
quérant également par voie de requête reconvention- 27. Uruguai
nelle, (2) Le tribunal peut disjoindre la requête Cód'Jgo ele Procedimiento ai il d
• 1878: tJ, e 17 de janeiro de
reconventionnelle, pour procédure indépendante, si
les conditions de jonction des causes n'étaient pas
Art, 324. "Puede el reo h
réunies." tua petición' ,aeer reconvención o mu-
_ ' pero preCisamente en I t'
Art, 98, "Constitue également une requête re- nalado para contestar." e ermino se-
conventionneUe la déclaration de l'adversaire oppo-
Fonte: Código de Pr d' .
sant au requérant la compensation de sa créance, Instituto de Der h oce Imwnto Civil anotado por el
mais uniquement dans la mesure ou ii conclut à ec o Procesal de la F1 ltad
recho Y Ciencias S - le acu· de De-
rallocatio:J de plus de ce que le requérant a mis en , OCIa 8, Monteridéu, 1976.

,'aleur, S;non, le tribunal ne considere une teUe dé- 28. Vaticano


claration que comme une défense contre la requête," Codice di procedura civile, de 1,o e
d maIO ' de 1946'
Alt, 112, 1. a alínea, "Dans I'intérêt de la ratio- Art. 230 § 2 0 "Le d '
cui aI parag'rafo' l' n 4 omande riconvenzionali di
~.3Iisatioll de la procédure, lc tribunal peut joindre, , . ,sono propo 'b T
pour proc~durc communc, les causes cngagées de- do siano dipendenti daI titol0 ded~tt~I, .so10, qu:u:-
daU'attore," m glUdlzlO
yant lui é: qui sont en connexité de fait ou concer-
Fonte: Ordinamento Giudiziario c Cod' ..
nent lcs r:lêmes parties."
Fonte: Code de procédure civile, trad, francesa de
dura Civile dello Stato dello Città elel
pografia Poliglota Vaticana, 1946.
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outubro de 1959: ,~~tua petlclOn, expresando con toda c1aridad
Ar!. 227, "Lc droit de formcr une demande recon- Y Preclslon el objeto y s f d
sobre cosa distinta d us un .a~entos; si versare
ventionnclle apparlient áu défendcur. EUe peut êlre terminándola como se e la deI JlllCIO principal, de-
présentée jusqu'à la c1ôture de I'instruction; eUe expresa en el artículo 237,"
n'est recevable qui si elle sert de défense à I'action a d Código
Fonte: E de Proood'Imwn
. t o CI~'I1
" veneoola
principale, ou si eUe tend à la eompensation ou à 5, e" ditorial "La Torre" , Caracas, s/d, no,
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