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Resumo: O propósito deste artigo é analisar as diversas escolas teóricas que permeiam o
universo da linguística como ciência da linguagem. A presente abordagem contemplou as
correntes teóricas conforme o processo histórico que delineou o papel de cada uma no
cenário científico. Ressalta-se, portanto, o registro de que a linguística tem sua origem na
filosofia grega e no remoto pensamento indiano, que será explicado nas linhas abaixo.
Palavras-chave: Linguística. Linguagem. Filologia. Saussure. Schlegel.
Abstract: The purpose of this article is to analyze the different theoretical schools that
permeate the universe of linguistics as a science of language. This approach included the
theoretical currents as the historical process that outlined the role of each one in the
scientific field. It is noteworthy, therefore, the record that the language has its origin in
Greek philosophy and in the remote Indian thought, which will be explained in the lines
below.
Keywords: Linguistics. Language. Philology. Saussure. Schlegel.
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Diversos autores denominam a teoria gerativa de formalista. Todavia, outros vários consideram
formalistas as teorias que divergem do funcionalismo e incluem, além do gerativismo, os diversos
estruturalismos praticados. Vale considerar o primeiro capítulo de CUNHA, M. A. F. et. al , Linguística
funcional: teoria e prática. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
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dizer que, apesar dos diversos momentos teóricos, a base do programa continua a mesma,
pois não houve alteração nos seus objetivos.
Tal programa inicia-se com o que se chama de teoria padrão, através da publicação
de Sintactic Structures, em 1971. Esse livro é fruto de anotações de Chomsky para um
curso de graduação no MIT americano, onde lecionava. Foi através dessa obra que seu
autor deixou claro o fato da sintaxe ser o centro de análise de uma língua. O objetivo do
linguista norte-americano era elaborar um modelo computacional capaz de explicar todas
as frases gramaticais de uma língua no plano de sua estrutura sintática, o que chamou de
gramática dos constituintes – um conjunto finito de regras que podem formar um conjunto
infinito de sentenças/frases.
Em outro momento, Chomsky lança o que chamou de modelo padrão. Ele propõe
um modelo mais profundo que o anterior introduzindo dois novos conceitos à sua teoria: as
distinções entre competência e desempenho; e entre estrutura profunda e estrutura
superficial.
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do linguista entender gramática como “um sistema de regras que une sinais fonéticos às
interpretações semânticas”. (Chomsky, 1966, p.12)
2 - As teorias funcionalistas
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Muito há que se comentar a respeito de Noam Chomsky e seus postulados, mas, por motivo de espaço,
procuramos mostrar um breve resumo do que seria esse programa de investigação e suas principais
colaborações para a ciência da linguagem. Alguns pontos como a semântica gerativa, a teoria X-barra,
dentre outros, ficaram de fora de nossa análise, mas não por menor relevância.
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Outra dicotomia revisitada pelos funcionalistas foi sincronia x diacronia. Para esse
grupo de estudiosos, a tendência é que se deve adotar uma visão pancrônica da mudança,
uma vez que ao lado de fenômenos que mudam com o tempo, existem outros que possuem
certa regularidade nas línguas. Afirmam Areas e Martelotta (2003, pp. 27 e 28):
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Evidentemente, os estudos funcionalistas não se esgotam nessa formalização, mas vale salientar a
proposta inicial deste artigo de destacar as teorias linguísticas em linhas gerais.
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Para diversos autores funcionalistas, o termo gramática não se refere à normatização, mas ao conjunto de
regularidades decorrentes de pressões cognitivas e de uso. (cf. CUNHA, M. A. F. et. al , Linguística funcional:
teoria e prática. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.)
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caracterizá-la realmente.” Já Kato5 (1998) afirma haver certo consenso no que tange às
funções gramaticais (sujeito,objeto, predicado); funções semânticas (agente, paciente,
locativo, tempo, animado, humano, definido/indefinido...); e funções textuais (tópico/ foco,
ou tema/rema, figura/fundo).
Outros diversos autores dedicaram seus estudos ao termo função. Não se pode
deixar de fazer digna menção aos estudos das funções da linguagem do psicólogo Karl
Buhler, e dos linguistas Roman Jakobson e M. A. K. Halliday. Apesar de abordagens um
pouco diversas, os três autores observam o termo função dentro de uma perspectiva
funcionalista por que consideram a língua em uso.6
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KATO, Mary A. Funcionalismo em sintaxe. DELTA , São Paulo, v. 14, n. spe, 1998 . Disponível em:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-44501998000300011&lng=en&nrm=iso>.
Acesso em: 31 Out 2007.
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Para melhor verificação dos três estudos, ver Neves (op. cit., pp.9-14)
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Por sua vez, um texto pode ter graus de informatividade, a depender de quem são os
interlocutores. Pode-se afirmar que uma sentença como O sol é sempre azul, possui baixo
grau de informatividade se considerarmos que todo falante em potencial conhece o céu e
suas propriedades de cor. Por outro lado, dependo da informação que se queira transmitir e
de quem são os interlocutores, o grau de informatividade pode variar. Se um médico relatar
a um leigo como foi a cirurgia que efetuou, utilizando-se do jargão médico, certamente o
grau de informatividade será baixo para tal ouvinte. Entretanto, se seu interlocutor for
outro cirurgião, o oposto ocorrerá.
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Apesar de também preocupar-se com a fala, o funcionalismo fica de fora dessas abordagens por tratar,
principalmente, da mudança linguística. Todavia, considera, como exposto, a interação e o discurso, mas
em diferentes perspectivas.
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sobre elas numa mesma seção pelo fato de dialogarem no que concernem aos fatos de
língua falada/escrita.
Em relação ao trabalho seminal de Grice (op. cit.). Antes de postular suas máximas
conversacionais, o referido autor faz distinção entre dois grupos: formalistas e
informalistas.
Por outro lado, o segundo grupo (dos informalistas) critica o primeiro pelo fato de o
mesmo propor uma medida científica à língua. Isso ocorre em razão de a lógica ser unívoca
e simbólica (falso x verdadeiro). Em outras palavras, para os formalistas a língua só existe
para servir à ciência.
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Contudo, o autor fala em “traços gerais do discurso”(op.cit. p. 86), mas não define
o que é discurso, o que nos deixa, de certa forma, livres para entender que há outros
elementos extralinguísticos depreendidos via contexto.
Após essas considerações, estabelece- se a máxima que vai reger todas as outras: o
PRINCÍPIO DE COOPERAÇÃO. “Faça sua contribuição conversacional tal como é
requerida (...)” (op. cit., p.86). Em outras palavras, os interactantes de uma dada conversa
precisam de propósitos comuns, mutuamente aceitos, para que a conversação seja relevante
para ambos. Eis as máximas:
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c) Máxima da Relação – “Seja relevante”. O próprio autor nos revela que essa
máxima é, no mínimo, perigosa, pois o conceito de relevância é vago. O que é
relevante para um dado falante, ou em uma situação de fala, pode não ser para
outro.
d) Máxima do Modo – Precisa-se ser claro naquilo que se fala. A maneira como o
discurso é construído pode acarretar sentidos diferentes. A ambiguidade é um
exemplo de violação dessa máxima. Vale ressaltar, porém, que a ambiguidade pode
ser um recurso, a propaganda também nos serve de exemplo. Esse gênero explora,
com certa frequência, o duplo sentido.
O trabalho de Grice ainda afirma haver outras máximas envolvidas nos atos de fala
que envolvem regras sociais e de polidez. De certo, essas existirão em face da necessidade
do contexto/situação comunicativa. Numa situação de formalidade, por exemplo, há
estratégias linguísticas e não linguísticas envolvidas no processo comunicativo. Alguns
contextos formais exigem, dentre outros fatores, certa economia e polidez no modo de
produzir o ato comunicativo.
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produtor/locutor não produz frases, mas sim texto.8 Nesse período, é importante verificar
os mecanismos que envolvem os componentes intratextuais, tais como a coesão e a
referenciação.
a) Verificação do que faz com que um texto seja um texto, ou seja, a busca da
determinação de seus princípios de constituição, dos fatores responsáveis por sua
coerência, das condições em que se manifesta a textualidade.
Atualmente, verifica-se que essas têm sido algumas das tarefas dos professores de
língua portuguesa dos ensinos fundamental e médio das escolas brasileiras, pois diversos
livros didáticos contemporâneos espelham-se nos pressupostos teóricos da LT.
Todavia, segundo Bentes (op. cit., p.251), era um “projeto ambicioso e pouco
produtivo, pois não contemplou algumas questões, tais como as regras capazes de
descrever todos e apenas todos os tipos de texto.” Chega-se então, à terceira fase da LT: a
fase denominada teoria do texto.
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Nesse contexto, o texto é a unidade linguística mais elevada, a partir da qual seria possível chegar a
unidades menores a serem classificadas.
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Beaugrande e Dressler são os autores dos sete princípios de textualidade, que são: Coesividade;
Coerência; Intencionalidade; Aceitabilidade; Informatividade; Situcionalidade e Intertextualidade.
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4 - O cognitivismo em linguística
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B) Desenvolvimento da representação;
3) permanência do objeto;
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e explanatório, seu lado prático, cobrado pela própria sociedade, e não deve ser diferente
com a ciência da linguagem. Muitos professores de língua portuguesa, por exemplo,
encontram-se atordoados por tão grande quantidade de estudos linguísticos com pouca, ou
nenhuma, abordagem prática para a sala de aula. Conforme Bittencourt (2002), os
professores de Língua Portuguesa encontram-se inseguros acerca do que devem ensinar
aos seus alunos. Os motivos são diversos, mas perpassam, principalmente, a questão do
número de teorias linguísticas, cujos variados recortes do mesmo objeto - linguagem verbal
- levam a diferentes proposições. A professora propõe alguns prováveis questionamentos
dos docentes de nossa língua, tais como (Op. Cit., p.1):
a) Que devo ensinar na disciplina de Língua Portuguesa, tendo em vista que o aluno
já conhece a língua ao chegar à escola?
b) Como tornar o aluno um efetivo produtor/intérprete de textos?
c) Devo ensinar gramática?
d) Caso a resposta à pergunta anterior seja negativa, o que devo, então, ensinar?
e) Caso a resposta seja positiva, como devo ensinar gramática?
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