Documente Academic
Documente Profesional
Documente Cultură
4ª edição
ISSN 2359-2311
UDESC
FLORIANÓPOLIS
2018
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Ficha catalográfica:
E56a
CDD:
910
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
COMISSÃO ORGANIZADORA
HISTÓRICO DO EVENTO
Vale ressaltar que foi a partir da segunda edição que os anais do evento passaram
a contar com o número de ISSN disponibilizado pelo Centro Brasileiro do ISSN/ IBICT,
já que, segundo as regras de registro a primeira edição de evento não carregava numeração
por não comprovar periodicidade.
esclarecimentos.
Atenciosamente,
EIXO 1
Formação de professores, diretrizes e
propostas curriculares
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
1
Doutorando em Geografia pela Universidade Federal de Santa Maria, Professor da Rede Estadual de
Ensino do Rio Grande do Sul, Canoas, leonardoufsm@hotmail.com.
2
Doutoranda em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Professora da Universidade
Federal de Pelotas, Pelotas, victoriasabbado@gmail.com.
3
Doutora em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Professora da Faculdade de
Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, ro.paulo@terra.com.br.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
abrir espaço para que sua voz e seus escritos permitam o reconhecimento de suas práticas
conciliadas pelos recortes temporais de suas vidas. Os documentos pessoais terão um
valor significativo porque serão guardiões de memórias carregadas de significados,
deixando em evidência a construção de cada um enquanto professor.
Referências
GAGNEBIN, Jeanne M. Lembrar, escrever, esquecer. São Paulo: Editora 34, 2006.
Resumo:
A presente pesquisa – em elaboração pelo Grupo de Pesquisa da Professora
Roselane Zordan Costella e vinculada ao Programa de Pós-Graduação em
Geografia/UFRGS, na Linha de Pesquisa em Ensino de Geografia – de cunho
exploratório, tem o intuito de conhecer o perfil do profissional que ministra o componente
curricular de Geografia nas escolas públicas de ensino básico de Porto Alegre. A
relevância de tal estudo se apresenta, de imediato, ao se propor traçar um panorama
referente à situação atual do ensino de Geografia nas instituições escolares públicas da
capital gaúcha no que diz respeito ao sujeito professor responsável por esta disciplina
escolar. Ou seja, quem é/são a(s)/o(s) professoras(es) de Geografia da educação básica?
Quem são estes que constroem, produzem e praticam os fazeres docentes em Geografia
nas escolas? Qual sua formação? Que caminhos percorrem desde a conclusão da
graduação até começarem a lecionar?
Destarte, a história da Geografia revela que sua gênese ocorreu no espaço escolar
com a finalidade de ensino para, posteriormente, sistematizar-se na condição de ciência.
A Geografia escolar precede a Geografia científica, o que ratifica a necessidade premente
de um diagnóstico sobre a realidade hodierna do ensino de Geografia com o enfoque sobre
o profissional docente que se dedica a tal tarefa. Essa preocupação centra-se no
compromisso que se deve ter com o campo da Geografia escolar em função da
importância social e política que assumiu ao longo dos períodos históricos no processo
de formação dos sujeitos, bem como na estruturação e nos rumos da Geografia científica.
A pesquisa, ao procurar delinear um perfil do profissional que leciona Geografia,
não se restringe a um levantamento de dados quantitativos. Visa, por meio dos dados
coletados, propor questionamentos e inquietações a fim de também elaborar uma análise
qualitativa e provocar reflexões teóricas. Por isso, o estudo torna-se fundamental ao
revelar onde estão os egressos de Geografia da UFRGS e PUCRS, qual ocupação
13
profissional possuem, quantos deles estão lecionando em escolas, entre outras
informações, assim como indicar quem são os sujeitos que ocupam a vaga de professor/a
de Geografia, mas apresentam formação em outra área. Essa investigação poderá
contribuir de forma significativa na construção de um conhecimento que possibilite
aprofundar a discussão concernente ao ensino de Geografia e à formação de professores.
Diante de um contexto marcado pela profusão de mudanças educacionais como
propõem a Reforma do Ensino Médio e a Base Nacional Comum Curricular, por exemplo,
as atenções estão sendo direcionadas para um (re)pensar a formação docente. Posto isto,
corrobora o propósito da pesquisa a necessidade de um olhar cauteloso e fortificado sobre
o espaço deste componente curricular junto às demais disciplinas que compõem o
currículo da Educação Básica. A presente pesquisa se apresenta como fundamental ao
tentar explorar uma determinada realidade a fim de que esta se torne conhecida e, assim,
forneça subsídios para a elaboração de diretrizes e medidas voltadas às licenciaturas
condizentes com o quadro atual do ensino de Geografia nas escolas. Tem o potencial de
produzir contribuições aos licenciandos e professores de Geografia por explicitar um
diagnóstico do profissional que trabalha com esta disciplina, provocar reflexões acerca
da carreira docente, da formação universitária e do ensino de Geografia.
Além disso, pode orientar os professores formadores das licenciaturas para
mudanças de comportamento e construção de um fazer pedagógico que vise formar
professores competentes e preparados para o complexo contexto educacional
contemporâneo. É digno de nota que esta pesquisa incipiente centrará suas análises em
Porto Alegre com os egressos de Geografia da PUCRS e da UFRGS. Como se trata de
uma pesquisa inédita, de caráter exploratório, destina-se ao estudo da escala local.
Contudo, as inquietações e os objetivos que norteiam essa investigação são tão relevantes,
conforme já explicitado, que se pretende, futuramente, dar continuidade ao estudo no
sentido de adotar escalas mais abrangentes. Portanto, dar-se-á início a uma caminhada
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
que irá percorrer um longo trajeto, o qual será marcado por descobertas, angústias,
questionamentos, mas também pela possibilidade de que novos caminhos profícuos sejam
construídos.
O caminho metodológico desta pesquisa será através da dialética, ao ter em vista
a colocação de problemas e a verificação das hipóteses levantadas, caminho essencial
para gerar novos conhecimentos, objetivo último desta e de toda pesquisa científica. A
dialética, como método de análise dos fenômenos sociais, faz uso de categorias analíticas
14
essenciais como Matéria, Consciência e Prática Social. Os demais conceitos, quantidade,
qualidade, essência, fenômeno, contradição, entre outras, vão remeter-se às três
principais.
A Matéria é a primeira categoria da dialética. Significa a relação objetiva do
homem com o mundo e com a sociedade. O processo de conhecimento da realidade deve
ser iniciado pelo concreto, apreendendo as categorias mais simples e concretas,
identificando as falsas representações, as contradições e os conflitos, superando o mundo
real e transformando-o. A segunda categoria é a Consciência. Essa trata das relações do
homem com o mundo, além de expressar as representações da própria superação dos
conflitos. Já a terceira categoria é a Prática Social. Triviños (2001) explica que esta possui
um sentido amplo e variado na dialética e pressupõe um elo entre a prática individual e a
prática social. A individual pode realizar-se e desenvolver-se com êxito unicamente sobre
a base da prática histórico-social, acumulada pela humanidade ao longo dos séculos. A
social se desenvolve e enriquece através da atividade prática e teórica dos diferentes
indivíduos.
Kosik (2002) entende a dialética como o método que trata da coisa em si. Todavia,
ela não se manifesta imediatamente ao homem, é ocultada, fugindo à percepção imediata.
É necessário um esforço, um desvio para compreendê-la. O que temos é a aparência do
fenômeno, não é o mundo real, porém, tem consistência e validez deste mundo, o que
autor conceituou de pseudoconcreticidade. A aparência é para Kosik (2002) um claro-
escuro de verdade e engano. Exibe um duplo sentido: o fenômeno indica a essência e, ao
mesmo tempo, a esconde. A essência apresenta-se de forma inadequada e parcial, não
evidenciando determinados aspectos do fenômeno, mas se manifesta neste ao revelar seu
movimento, uma vez que não é passiva. Na tratativa de montagem deste quebra-cabeça
se valendo da Dialética, precisamos de outras ferramentas que nos auxiliem no mover em
direção ao desvelamento dos anseios que perturbam nosso ir e vir de pesquisadores.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
desempenhando seu papel social de formar professores para atuar na educação básica?
Como esses questionamentos são pouco pesquisados dentro da bibliografia atual, a
exploratória ganha relevo por ela ser aplicada geralmente em tipos de pesquisa em que o
tema é pouco explorado, fazendo com que o pesquisador se aproxime do objeto a ser
analisado, dando o fundamento para o prosseguimento de sua pesquisa. Assim sendo, a
pesquisa exploratória aqui inserida se constitui como a primeira etapa de uma
investigação mais ampla, que ao envolver sujeitos professores, se faz necessária. Por meio
16
desse tipo de pesquisa, visa-se estabelecer o primeiro contato com a situação a ser
pesquisada na qual seu principal objetivo é a descoberta. Nela, seu propósito de pesquisa
dá-se de forma não específica com necessidade e origem de seus dados, não sendo rígida
e utilizando-se de processos qualitativos para as diferentes análises.
Referências
KOSIK, Karel. Dialética do concreto. Trad. NEVES, Célia; TORÍBIO, Alderico. 7. ed.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
17
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID), tem como
objetivo fazer a articulação do ensino superior com a educação básica, possibilitando que
graduandos de licenciatura tenham contato com seu futuro ambiente de trabalho
agregando aperfeiçoamento prático, e reconhecendo o espaço da escola pública. O
programa proporciona aos estudantes de graduação a oportunidade de vivenciar o
cotidiano da escola, experimentar práticas pedagógicas, vivenciar a sala de aula através
de monitorias e trabalhar em projetos pedagógicos em parceria com o professor da
educação básica. Este trabalho tem como objetivo socializar uma experiência vivenciada
por mim enquanto bolsista PIBID do curso de Geografia na Universidade do Estado de
Santa Catarina (UDESC), ligado ao Laboratório de Estudos e Pesquisas de Educação em
Geografia (LEPEGEO), no ano de 2017.
5
Graduanda em Licenciatura em Geografia, Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis,
gabiluana@hotmail.com.
6
Professora do Departamento de Geografia da FAED/UDESC, professora do Programa de Pós-Graduação
em Educação da FAED/UDESC, Florianópolis, rosa.martins@udesc.br.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
As atividades que serão descritas foram desenvolvidas com o sexto e o sétimo ano.
Em ambas as turmas encontramos grandes dificuldades de aprendizagem. Os estudantes
apresentavam também grande disparidade entre suas idades, sendo que, muitos eram
repetentes, já haviam tido contato com aquele assunto e já apresentavam grandes
dificuldades dos anos anteriores e muitos estavam tendo um primeiro contato com aquela
matéria. Sendo assim, decidimos intervir nas turmas com monitoria, aulas mais dinâmicas
e oficinas práticas. Buscamos atender os perfis que encontramos na sala, construindo uma
relação prazerosa entre os estudantes e a geografia escolar.
muitas vezes eram as atividades do livro didático, organizamos duplas para facilitar o
trabalho. Buscando sempre mesclar os estudantes entre aqueles que estavam fazendo as
atividades pela primeira vez com aqueles que eram repetentes. Deste modo, conseguimos
perceber que muitas vezes os repetentes tinham o domínio sobre os conteúdos e conceitos
abordados e seus problemas se limitavam a problemas comportamentais. Sendo assim, os
repetentes conseguiam auxiliar os estudantes que estavam tendo o primeiro contato com
aquela matéria e se sentiam valorizados por ajudar os colegas. Outra característica
19
importante em trabalhar desta forma, foi a atenção maior que conseguíamos dar a cada
dupla.
O primeiro tema trabalhado em sala de aula foi, com o sétimo ano, as regiões do
Brasil. Para introduzir o conteúdo, cada estudante ia expondo o que já sabia e, assim,
construímos em conjunto o conceito de região. Repetimos então o mesmo processo com
o conceito de regionalização. Com o uso do mapa do Brasil, conversamos sobre cada
região, agregando às informações expostas por nós o conhecimento individual de cada
estudante da turma. Ainda usando o mapa político do Brasil, iniciamos a brincadeira
intitulada de “cabra cega”. Solicitamos que as crianças se dividissem em três grupos.
Separamos anteriormente uma venda, cinco marcadores e cinco papeis com o nome de
cada uma das regiões escrita. Após os grupos formados, pedimos que um dos integrantes
tivesse os olhos vendados, enquanto o grupo recebia em forma de sorteio uma das regiões.
A partir deste momento, os integrantes do grupo deveriam guiar o colega vendado até a
região que foi sorteada. Ao acertar a localização da região, o grupo deveria destacar três
características da região que foram escolhidas em conjunto anteriormente na aula. Foram
cinco rodadas de jogo com cada grupo, contemplando as cinco regiões. A cada rodada,
um estudante diferente era vendado, para proporcionar a todos do grupo a participação
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
como a “cabra cega”. Com esta brincadeira buscamos localizar cada região no mapa no
Brasil, além de trabalhar com as características regionais, identificando a origem regional
de cada um em sala. Começamos a observar então como a turma tinha uma participação
mais efetiva com o tema da aula e como participava e contribuía com informações
pertinentes sobre o que estava sendo abordado.
Com o intuito de fazer uma avaliação que fugisse da tradicional prova, propomos
também uma outra atividade com a mesma turma. Levamos os estudantes à quadra de 20
esportes da escola e solicitamos que os mesmos se organizassem em 3 grupos, resultando
6 componentes em cada grupo. Confeccionamos nos dias anteriores da aula, no
LEPEGEO, um mapa do Brasil com divisão regional, com tamanho aproximado de
1,5mx1,5m com os materiais oferecidos pelo laboratório. Através deste mapa, montamos
uma brincadeira similar a um “caça ao tesouro”. Espalhamos pela quadra as 5 regiões, e
junto com cada região deixamos uma folha com 10 questões no formato de resposta de
verdadeiro ou falso. Ao acharem todas as regiões e respondido todas as questões, os
grupos deveriam apresentar o mapa montado de forma correta. O grupo que finalizasse a
atividade em menor tempo ganhava meio ponto extra, o grupo que respondesse a maior
quantidade de questões corretas também ganharia meio ponto extra. Demos início a
atividade, todos os grupos no mesmo tempo. Após este “caça ao tesouro”, colocamos as
peças do mapa em um dos cantos da quadra e posicionamos os grupos em outro canto.
Lançamos então uma característica da região e um dos integrantes do grupo, após decidir
em conjunto com os demais, deveria ir até aonde estava localizado o mapa e buscar a
região que correspondia à característica. O grupo que montasse primeiro o mapa, ganhava
então meio ponto na nota.
Com intuito de exemplificar de forma lúdica as três camadas da Terra para o sexto
ano, montamos uma prática utilizando ovo cozido como um comparativo. Os estudantes
se organizaram em duplas e cada dupla recebeu um ovo cozido. Com o auxílio dos
professores o ovo foi cortado ao meio, sendo assim, cada aluno ficou com uma metade
de ovo cozido. A atividade consistia em fazer o reconhecimento das camadas da Terra,
comparando-a com o ovo cozido, onde a gema se compara ao núcleo, a clara com o manto
e a casca com a crosta. Após reconhecer as semelhanças, os estudantes representaram a
Terra e suas camadas através de um desenho no caderno para consultas posteriores e
maior fixação do conteúdo.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Com o objetivo de finalizar o ano nas turmas e fazer uma retrospectiva de todo o 21
conteúdo que foi trabalhado em sala de aula no ano de 2017, observando o domínio que
os estudantes apresentavam, trabalhamos com um “jogo da forca geográfico”. Foram
separadas palavras-chave referentes a todos os conteúdos aprendidos durante o ano de
2017. Com estas palavras fizemos a brincadeira da “forca”, aonde eram colocados traços
referentes a cada letra da palavra escolhida e o jogador tenta decifrar qual letra se encaixa
em cada espaço e consequentemente qual é a palavra, antes de que na forca seja desenhado
todo seu boneco. Cada erro equivale a uma parte do corpo a ser desenhado. Os estudantes
competiram entre si de forma individual e cada palavra acertada equivalia a uma
premiação. Mas, a parte mais gratificante desta atividade, foi observar como os estudantes
lembravam de cada assunto/conceito que foi trabalhado ao longo do ano.
Referências
VINÃO FRAGO, A. Tempos Escolares, tempos sociais. Barcelona: Arial, 1998.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Procedimentos Metodológicos
Nessa pesquisa, o objeto de investigação foi a organização e a operacionalização
do estágio curricular supervisionado do curso de Geografia da Universidade Estadual do
Paraná – UNESPAR- campus União da Vitória. A pesquisa privilegiou a abordagem
23
qualitativa com objetivo descritivo. Do ponto de vista técnico, a pesquisa é do tipo
bibliográfica com levantamento e coleta de dados a partir de questionário com questões
abertas (ANDRÉ,2005), direcionado a oito professores de Geografia da rede estadual de
ensino de União da Vitória/PR, dezessete acadêmicos do 4º ano do curso de Geografia
licenciatura da instituição de ensino superior mencionada e dois professores supervisores
de estágio do curso de Geografia da mesma instituição. A fundamentação metodológica
esteve em Gil (1999), Ludke e André (1986). O tratamento dos dados, tomou como base
o método de análise proposto por Bardin (2010) fragmentado em Três fases. O recorte
espacial esteve no município de União da Vitória-PR. A seleção dos sujeitos em posições
distintas frente ao estágio, teve como objetivo a triangulação dos dados. A coleta de dado
se deu no ano de 2016, 2017 e 2018. Nesse texto os sujeitos são representados como: AL
(acadêmico licenciatura) P (professor), S (supervisor) o número que segue é somente de
ordem. Isso por conta de preservar a identidade dos mesmos.
Resultados e discussões
Três questões abertas foram oferecidas aos professores da escola básica e
acadêmicos do 4º ano do curso de Geografia licenciatura e, duas questões aos professores
supervisores de estágio da instituição mencionada.
Questões direcionadas aos acadêmicos (AL):
A primeira questão abordou os conhecimentos proporcionados pelo momento do
estágio e sua importância na futura profissão: “O estágio realizado na escola básica lhe
proporcionou conhecimentos teórico-metodológico para a futura profissão? ”. Dezessete
questionários entregues aos acadêmicos foram devolvidos respondidos (100%), cinco,
disseram que proporcionou, cinco disseram que não e seis deles disseram que o estágio
ofereceu apenas uma noção do que é o contexto da escola e de sala de aula e um não
soube responder. Entretanto, nas respostas é possível perceber a existência de uma prática
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Questões aos prof. (s) supervisores de estágio no curso de Geografia da IES (S)
Sobre a importância do estágio, da integração/diálogo IES e escola básica e ainda
articulação teoria-prática-teoria nas aulas planejadas e dadas pelos acadêmicos do curso
de Geografia da instituição acima mencionada. Todos os supervisores de estágio
reconhecem e reafirmam a importância, contudo, existe a observância da necessidade de
reconhecer a existência de “fragilidades” que “ comprometem o trabalho em especial,
em virtude da falta de recursos humanos” (Supervisor 1, 2017). Sobre relação teoria-
prática-teoria nas aulas planejadas e dadas pelos acadêmicos a observação recai sobre “O
emprego, a distância da Universidade, a falta de recursos, o acúmulo de funções e as
particularidades de alguns interferem diretamente na construção desses momentos de
ação direta na Educação Básica” (Supervisor 1, 2018).
Contudo, o P2 (2018) entende que. “O mercado atualmente demanda
profissionais com visão técnica abrangente, sistêmica e interdisciplinar, o que requer
uma formação capaz de proporcionar resultados nesta direção”. Porém, observa-se que
“A perspectiva teórica construída para tramitação estágio tem gerado um
distanciamento da vida e do trabalho cotidiano nas escolas” pois, “muitas disciplinas
que formam o curso de Licenciatura nem sempre estabelecem nexos entre os conteúdos
escolares”. O que do seu ponto de vista é uma situação preocupante e que precisa ser
refletida.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Considerações finais
É possível observa a existência de uma harmonia de pensamento entre o
acadêmico do curso, o professor da escola básica e os professores supervisões sobre as
fragilidades do estágio supervisionado do curso de Geografia da Unespar/União da
Vitória. Contudo, todos reconhecem sua importância e necessidade de melhora e dentro
do que é possível diante das dificuldades enfrentadas pelas licenciaturas, o curso procura
26
fazer o seu melhor até que existam condições de fazer melhor ainda. Assim, o estágio é o
lugar do efetivo exercício da profissão (professor), em adequação com a modalidade de
estágio efetivada é entendido como âmbito de integração da teoria e da prática um local
da construção da prática educativa.
Referências
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 4. ed. Lisboa: Edições70, 2010
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo:
Atlas,1999.
LÜDKE, M.; ANDRÉ, Marli Eliza Dalmazo Afonso de. Pesquisa em educação:
abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
27
Introdução
O uso de mapas, para além de ilustrações decorativas de salas de aula, necessita
de mediação e de contextualização dos conteúdos da Geografia. Assim é possível que
ocorra uma interação do aluno com a Ciência e a eles oportunizando a compreensão do
significado do sentido das representações cartográficas.
A linguagem cartográfica no ensino de Geografia precisa estar incluída desde os
anos iniciais, para que os alunos, durante o desenvolvimento cognitivo, compreendam
questões espaciais locais e globais a partir de representações. Discutimos nesse trabalho
o papel do professor e as representações no ensino de Geografia nos Anos Iniciais. A
pesquisa foi desenvolvida na cidade de Francisco Beltrão – PR, onde foi entrevistada uma
professora dos anos iniciais do Ensino Fundamental e alunos da turma em que ela leciona,
para assim compreendermos, nesse estudo de caso, a relação entre a formação do
professor e o ensino de Geografia em sala de aula.
8
Doutoranda em Geografia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, e-mail:
gabi_geron@hotmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
analisar e sintetizar informações sobre o meio geográfico, contribuindo também, para que
ajam, pensem, comuniquem-se e construam no espaço em que vivem.
Percebemos, a partir de leituras, a necessidade da relação entre as representações,
as categorias geográficas e a contextualização com o cotidiano desde as séries iniciais.
Com as categorias bem definidas e o uso das representações cartográficas
contextualizadas, o ensino de Geografia ocorre de forma mais clara e fácil de ser
compreendido pelos alunos.
28
Dando início a pesquisa foi solicitado para que os alunos investigados
representassem cartograficamente o país, o estado e o município em que residem, e todos
sentiram dificuldades ao desenhar, o que está diretamente ligado à falta de capacitação
docente, tanto inicial quanto continuada, em relação à metodologia do ensino de
Geografia, o que leva os professores a sentirem dificuldades ao trabalhar com categorias
geográficas e com mapas em sala de aula.
As dificuldades apresentadas sobre a leitura das representações pelos alunos são
reflexos do ensino e da aprendizagem. A professora relatou não lembrar da Geografia
na grade curricular do curso em que se formou, assim como não possuía outras áreas de
conhecimento da História, da Física, da Matemática e da Química, enfatizando: “A gente
não estudou isso!” (PROFESSORA, 2015).
Francischett, Pires e Biral (2012), no texto da pesquisa por eles realizada
apresentam que no curso de Pedagogia, da Unioeste do Campus de Francisco Beltrão,
existe formação para disciplina de Metodologia de Ensino de Geografia. Porém é
restrita, com carga horária de 68 horas e é ministrada por professor pedagogo.
A única lembrança que a Professora (2015) diz ter de trabalhar metodologia de
ensino de Geografia e mapas, foi durante o magistério: Aprendi Geografia no magistério
e no Ensino Fundamental como aluna, desde a sétima série, quando ela começou a
trabalhar com mapas. A professora cobrava bastante, explicava bem. Mas foi no ensino
médio que me esclareceu mais coisas, pois ela pedia pra gente desenhar uma espécie de
atlas, pra gente desenhar e pintar mapas. Aí fomos aprendendo na verdade, como pintar
só hidrografia de azul... Ela cobrava, mandava jogar fora e fazer de novo. Errando a gente
foi aprendendo. A dificuldade era geral! Apresentávamos miniaulas, eu lembro que tinha
as duplas e quando ia apresentar com o mapa, falávamos olhando no caderno e colocava
o mapa no quadro. E falava assim: ‘aqui está o estreito... ’, mas apontávamos pro nada no
mapa. Aí a professora dava nota baixíssima e umas ‘xingadas’ dizendo: ‘Tu estás
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Considerações
Sobre as representações e o ensino há necessidade de ser levada para a sala de aula
uma metodologia de ensino que auxilie, principalmente com as cartográficas, também
citadas nas Diretrizes e na Proposta Curricular da Rede Municipal de Ensino, ressaltam
que as situações de aprendizagem são apoiadas em diferentes recursos, entre eles a
Cartografia. Mas para que isso aconteça a formação em Geografia de professores de os
anos iniciais é algo necessário, principalmente sobre metodologia do ensino de Geografia,
mas muitos conceitos ainda permanecem confusos para os professores, e na rotina da sala
de aula isso fica evidente.
É necessário que haja formação continuada que englobe a Geografia e a
Cartografia com materiais atualizados que sirvam como base para a elaboração de aulas
e atividades que sirvam como base para a elaboração de aulas e atividades para alunos
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
dos anos iniciais com conteúdos sobre o lugar, o município e os limites, para se tornem
significativos para os alunos.
Ainda faltam muitos fatores para que os professores consigam obter
conhecimentos necessários para ensinar Geografia nos anos iniciais. Mas somente com
uma formação inicial e continuada que envolva uma educação geográfica integral e
próxima da realidade escolar conseguiremos obter a qualidade na Geografia desenvolvida
desde os anos iniciais.
31
Referências
Carina Copatti9
Alana Rigo Deon10
Ana Maria de Oliveira Pereira11
9
Doutoranda em Educação nas Ciências. Professora da rede municipal de Charrua/RS. E-
mail:c.copatti@hotmail.com
10
Doutoranda em Educação nas Ciências. Professora Substituta na Universidade Federal da Fronteira Sul,
Campus Erechim. E-mail: alanardeon@gmail.com.
11
Graduada em Geografia, Mestre em Educação e Doutora em Diversidade Cultural e Inclusão Social.
Professora Adjunta na Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Erechim; E-mail:
ana.pereira@uffs.edu.br.
12
A práxis no contexto aqui mencionado se alinha às discussões de Selma G. Pimenta quando se refere à
indissociabilidade entre teoria e prática.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
13
A referida pesquisa envolveu 10 professores de geografia formados em universidades situadas no norte
do estado do Rio Grande do Sul, a partir de um questionário com perguntas estruturadas no sentido de
compreender como se construiu a sua formação acadêmica, a inserção na pesquisa e se, na atualidade,
realizam atividades, no contexto da prática de ensino em âmbito escolar, que envolvam a pesquisa, tanto
em suas atividades, construindo e publicando resultados, quando ao estimular nos estudantes a prática da
pesquisa.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Considerações finais
REFERÊNCIAS
14
Doutorando em Geografia pela Universidade Federal de Santa Maria, Professor da Rede Estadual de
Ensino do Rio Grande do Sul, Canoas, leonardoufsm@hotmail.com.
15
Doutoranda em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Professora da Universidade
Federal de Pelotas, Pelotas, victoriasabbado@gmail.com.
16
Doutora em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Professora da Faculdade de
Educação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, ro.paulo@terra.com.br.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Referências
Ademar Graeff17
Gerson Junior Naibo18
Ederson Nascimento19
Dentre os sentidos humanos, o canal visual é de suma importância para a vida, por
seu caráter sintético e abrangente. É por meio da percepção visual – síntese da luz visível
refletida nos objetos e sensibilizada pela estrutura ocular – que os indivíduos compõem,
de modo mais imediato, imagens do mundo a partir do arranjo espacial das formas
naturais e antrópicas, da dinâmica (movimento) dos fenômenos, assim como das
expressões culturais impressas pelas sociedades (escrita, artes gráficas, entre outras
formas). Estima-se que a maior parte das informações do mundo concreto recebidas por
uma pessoa o são por este sentido (CARMO, 2011). Portanto, uma pessoa que possui
alguma dificuldade ou impedimento do uso deste canal tem a necessidade de utilizar
outros meios para fazê-lo, incluindo a aquisição de informações e a construção de
conhecimentos sobre o espaço.
Como ciência que se preocupa com a organização espacial – os agentes e
condicionantes sociais e naturais responsáveis pela organização do espaço geográfico
(CORRÊA, 1998) –, na Geografia o mapa se faz presente tanto para investigação de
hipóteses, como para a constatação de seus dados, contribuindo, portanto, para a produção
de seu conhecimento e para uma compreensão mais abalizada do mesmo. Neste sentido,
o uso de materiais e linguagem cartográficos é igualmente essencial na Geografia escolar,
uma vez que consistem em um instrumental que potencializa o desenvolvimento do
raciocínio espacial pelos estudantes (NASCIMENTO; LUDWIG, 2015). Entretanto, em
17
Acadêmico no curso de Geografia - Licenciatura, Universidade Federal da Fronteira Sul, Chapecó - SC,
ademargref12@gmail.com.
18
Acadêmico no curso de Geografia - Licenciatura, Universidade Federal da Fronteira Sul, Chapecó - SC,
gersonjrnaibo@outlook.com.
19
Doutor em Geografia, Universidade Federal da Fronteira Sul, Chapecó-SC,
ederson.nascimento@uffs.edu.br.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
20
A ministração da oficina ficou a cargo dos dois primeiros autores deste artigo.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
46
3. Considerações Finais
47
A realização da oficina sobre Cartografia Tátil no âmbito da região abrangida pela
UFFS surge devido à escassez e a indisponibilidade de materiais para este fazer
pedagógico em relação aos estudantes com necessidades. Muito além disso, a formação
do professor talvez seja o fator mais relevante devido, por exemplo, as lacunas em seu
processo de formação enquanto docente, perante a educação de pessoas cegas ou com
baixa visão. Isso acaba por dificultar e prejudicar a relação professor/aluno e por
consequência o processo de ensino-aprendizagem dos saberes e conhecimentos
geográficos.
Eventos como semanas acadêmicas de cursos e projetos como o PIBID
apresentam-se como oportunidades para debater e ampliar conhecimentos e práticas
inclusivas de pessoas com necessidades educativas especiais em classes regulares. Trata-
se de uma demanda pedagógica crescente posta pela realidade escolar, cujo
enfrentamento a educação geográfica não pode se furtar.
Referências
CORRÊA, Roberto L. Região e organização espacial. 6 ed. São Paulo: Ática, 1998.
NOGUEIRA, Ruth Emilia. Cartografia Tátil: mapas para deficientes visuais. Portal da
Cartografia, v. 1, n.1, maio/ago., p. 35-58, 2008.
48
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
A PEDAGOGIA WALDORF
O relato a seguir é sobre observações e pesquisas realizadas durante o estágio de
licenciatura em Geografia na Escola Waldorf Anabá, localizada em Florianópolis-SC.
Ocorreu no ano letivo de 2011, onde observei aulas de geografia nos 5º e 6º anos (fot.
1). Tem como objetivo mostrar como a Geografia foi ensinada no currículo Waldorf.
Florianópolis, julianacristinabertoloto@gmail.com.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
intenção de agradecer o dia e a vida). Além do mais, eram escolhidos alunos que fariam
parte da equipe da limpeza (quadro, pia, carteiras) após o término da aula.
Estavam estudando a região nordeste. Os conteúdos da aula anterior foram
relembrados. Em seguida, a prof. traz conteúdo novo com riqueza de imagens,
despertando no aluno sentimentos diversos. A cada estado desenhado, a explicação era
envolvida por comparações, do tipo: “Paraíba é uma dama cuidada por dois homens:
Rio Grande do Norte e Pernambuco”. Em seguida, eles fizeram atividades no caderno
51
(fot. 3). Conforme a prof. explicava as diferentes características da região nordeste,
desenhava o mapa na lousa, sempre fazendo comparações com a região sul, já estudada
em época passada. As profs. trabalham com conteúdos de características que se
contrastam, para torná-las mais evidentes, por exemplo, a região sul e depois o nordeste.
Os cadernos dos estudantes são de folha branca, pois permite o uso “artístico”
do caderno, onde eles desenham mapas e imagens, criando seu próprio livro didático. O
prof. não utiliza multimídias como material de apoio. Na sala ele arruma a “mesa de
época” (fot. 2) com materiais relacionados ao assunto que está sendo exposto para
consulta (ex.: fotos, livros, artesanato, revista, objetos e etc.)
Foto. 2: Mesa com materiais de consulta: fotos, artesanato, maquetes. Fonte: Arquivos da autora, 2018.
Foto. 3: Mapa político da região nordeste feito por estudante no caderno. Fonte: Arquivo da autora, 2018.
Foto. 4: Pintura em tela feita por estudante. Fonte: Arquivos da autora, 2018)
Foto. 5: mapa da região norte feito na lousa. Fonte: Arquivos da autora, 2018.
A prof. diz que existem mais de 100 tribos diferentes na Amazônia, que devido
aos rios e às florestas é muito difícil chegar aos lugares e controlar o desmatamento. Ela
compara dizendo que já é difícil controlar a poluição da Lagoa da Conceição, que não é
tão grande quanto a Bacia Amazônica. Diz que em Macapá passa a Linha do Equador,
e que lá existe um campo de futebol chamado Zerão.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste artigo está um pequeno recorte de toda riqueza teórica e prática que
vivenciei na escola. As profs. têm uma postura afetiva com seus alunos. Não vi
momentos de broncas severas. Acredito que a alternância de atividades que exigem
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
REFERÊNCIAS
Antroposófica, 1987.
Introdução:
22
Licenciada e Bacharel em Geografia, Universidade da Região de Joinville (Univille), professora da Rede
Municipal de Ensino de Joinville SC. e-mail: leia_alves6@hotmail.com.
23
Professora Associada do Departamento de Geografia da Universidade do Estado de Santa Catarina
(UDESC) e-mail: isa.rocha@udesc.br.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Referências
MORAN, José Manuel. A Educação que Desejamos: novos desafios e como chegar lá.
Campinas, SP: Papirus, 2007.
57
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Gabriel Durante24
Gian Carlos Foss25
Nathan Gustavo Mari da Silva26
Introdução
Metodologia
Em um primeiro momento foi elaborado o questionário que seria aplicado às 04
(quatro) professoras supervisoras do PIBID, este foi feito englobando todos os critérios
que buscávamos investigar. Em seguida foram realizadas leituras de obras para embasar
as análises dos questionários, utilizando como embasamento teórico Girotto & Mormul
(2016) para a reflexão sobre os saberes experiências e a diferença entre o aluno que se
insere apenas no momento do estágio e o bolsista que está durante o ano todo inserido na
escola, Burggrever & Mormul (2016) sobre o Pibid, e seus objetivos.
Após as leituras, foram realizadas as análises dos questionários, embasado pelos
autores já citados, observando e identificando a posição e visão das professoras
supervisoras sobre os pontos apresentados e levantados no questionário. Dos 04 (quatro)
questionários entregues apenas 03 (três) foram entregues respondidos, sendo que não foi
apresentado nem uma justificativa sobre o quarto questionário.
Resultados e Discussão
Alguns resultados foram alcançados com os questionários, no que tange a questão
levantada sobre os saberes experienciais, às professoras frisaram que o programa tem
permitido sim, o contato dos acadêmicos de graduação com a realidade escolar. Fazendo
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
com que estes levem para a prática seus conhecimentos teóricos, e também possibilitando
a reflexão da prática junto com a professora supervisora e com demais professores do
colégio.
Ainda sobre os saberes experienciais, as professoras afirmaram que sua formação
acadêmica apenas lhe serviu de alicerce, não sendo suficiente para prepara-las para a
realidade escolar, pois foram desenvolver seus conhecimentos experienciais apenas
quando se inseriram na realidade escolar, já como professoras efetivas, vale citar uma das
60
respostas
Aprendi a ser professora no cotidiano escolar, sou como descreve Tardiff “os
saberes experienciais”, acredito que minha formação se deu a partir de erros
e acertos e de uma vontade imensa de contribuir para a educação das
crianças.
No que diz respeito ao principal objetivo do PIBID, que seria “contribuir para que
os estudantes de licenciatura se insiram na cultura escolar do magistério, por meio da
apropriação e da reflexão sobre instrumentos, saberes e peculiaridades do trabalho
docente” (BURGGREVER & MORMUL, 2016, p. 04), procurou-se verificar se este está
sendo alcançados nos colégios, e se aos bolsistas tem-se permitido o contato com a
realidade, com base nas respostas é possível observar que as professoras têm consciência
da finalidade do programa, e permitem que esta seja alcançada por meio das intervenções
que os bolsistas realizam nos colégios, como coloca uma das supervisoras os bolsistas
Podem realizar ações didáticas pedagógicas utilizando os recursos
metodológicos definidos por eles, desde que atendam a matriz curricular da
série e a idade dos alunos envolvidos nas classes.
E por meio destas intervenções os bolsistas têm contribuído para com a melhoria
do processo ensino-aprendizagem e também permitido que alunos dos colégios estaduais
entrem em contato com alunos universitários, como coloca uma das professoras.
A – A aproximação universidade e escola é extremamente enriquecedor este
diálogo entre as instituições;
B – Os projetos implementados pelos PIBIDs sempre dinamizam as regências
de classe melhorando o processo de ensino aprendizagem;
C – O intercâmbio entre PIDIB e alunos da escola pública incentiva a entrada
na universidade, continuar estudando mostrando que e possível sim cursar
uma universidade pública
Conclusão
Com esse trabalho foi possível observar a dimensão da contribuição do PIBID,
tanto para a formação de futuros professores, quanto para aqueles que já estão algum
tempo na área da educação. Sendo um programa que em sua essência introduz acadêmicos
a realidade do colégio, para que estes observem e vivenciem experiências relevantes e
construtivas para seu futuro de modo geral, e que também tem permitido a professores
repensar suas ações e práticas.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
62
Referências
Resumo
A presente pesquisa – em elaboração pelo Grupo de Pesquisa da Professora
Roselane Zordan Costella e vinculada ao Programa de Pós-Graduação em
Geografia/UFRGS, na Linha de Pesquisa em Ensino de Geografia – de cunho
exploratório, tem o intuito de conhecer o perfil do profissional que ministra o componente
curricular de Geografia nas escolas públicas de ensino básico de Porto Alegre. A
relevância de tal estudo se apresenta, de imediato, ao se propor traçar um panorama
referente à situação atual do ensino de Geografia nas instituições escolares públicas da
capital gaúcha no que diz respeito ao sujeito professor responsável por esta disciplina
escolar. Ou seja, quem é/são a(s)/o(s) professoras(es) de Geografia da educação básica?
Quem são estes que constroem, produzem e praticam os fazeres docentes em Geografia
nas escolas? Qual sua formação? Que caminhos percorrem desde a conclusão da
graduação até começarem a lecionar?
Destarte, a história da Geografia revela que sua gênese ocorreu no espaço escolar
com a finalidade de ensino para, posteriormente, sistematizar-se na condição de ciência.
A Geografia escolar precede a Geografia científica, o que ratifica a necessidade premente
de um diagnóstico sobre a realidade hodierna do ensino de Geografia com o enfoque sobre
o profissional docente que se dedica a tal tarefa. Essa preocupação centra-se no
compromisso que se deve ter com o campo da Geografia escolar em função da
importância social e política que assumiu ao longo dos períodos históricos no processo
de formação dos sujeitos, bem como na estruturação e nos rumos da Geografia científica.
A pesquisa, ao procurar delinear um perfil do profissional que leciona Geografia,
não se restringe a um levantamento de dados quantitativos. Visa, por meio dos dados
coletados, propor questionamentos e inquietações a fim de também elaborar uma análise
qualitativa e provocar reflexões teóricas. Por isso, o estudo torna-se fundamental ao
revelar onde estão os egressos de Geografia da UFRGS e PUCRS, qual ocupação
64
profissional possuem, quantos deles estão lecionando em escolas, entre outras
informações, assim como indicar quem são os sujeitos que ocupam a vaga de professor/a
de Geografia, mas apresentam formação em outra área. Essa investigação poderá
contribuir de forma significativa na construção de um conhecimento que possibilite
aprofundar a discussão concernente ao ensino de Geografia e à formação de professores.
Diante de um contexto marcado pela profusão de mudanças educacionais como
propõem a Reforma do Ensino Médio e a Base Nacional Comum Curricular, por exemplo,
as atenções estão sendo direcionadas para um (re)pensar a formação docente. Posto isto,
corrobora o propósito da pesquisa a necessidade de um olhar cauteloso e fortificado sobre
o espaço deste componente curricular junto às demais disciplinas que compõem o
currículo da Educação Básica. A presente pesquisa se apresenta como fundamental ao
tentar explorar uma determinada realidade a fim de que esta se torne conhecida e, assim,
forneça subsídios para a elaboração de diretrizes e medidas voltadas às licenciaturas
condizentes com o quadro atual do ensino de Geografia nas escolas. Tem o potencial de
produzir contribuições aos licenciandos e professores de Geografia por explicitar um
diagnóstico do profissional que trabalha com esta disciplina, provocar reflexões acerca
da carreira docente, da formação universitária e do ensino de Geografia.
Além disso, pode orientar os professores formadores das licenciaturas para
mudanças de comportamento e construção de um fazer pedagógico que vise formar
professores competentes e preparados para o complexo contexto educacional
contemporâneo. É digno de nota que esta pesquisa incipiente centrará suas análises em
Porto Alegre com os egressos de Geografia da PUCRS e da UFRGS. Como se trata de
uma pesquisa inédita, de caráter exploratório, destina-se ao estudo da escala local.
Contudo, as inquietações e os objetivos que norteiam essa investigação são tão relevantes,
conforme já explicitado, que se pretende, futuramente, dar continuidade ao estudo no
sentido de adotar escalas mais abrangentes. Portanto, dar-se-á início a uma caminhada
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
que irá percorrer um longo trajeto, o qual será marcado por descobertas, angústias,
questionamentos, mas também pela possibilidade de que novos caminhos profícuos sejam
construídos.
O caminho metodológico desta pesquisa será através da dialética, ao ter em vista
a colocação de problemas e a verificação das hipóteses levantadas, caminho essencial
para gerar novos conhecimentos, objetivo último desta e de toda pesquisa científica. A
dialética, como método de análise dos fenômenos sociais, faz uso de categorias analíticas
65
essenciais como Matéria, Consciência e Prática Social. Os demais conceitos, quantidade,
qualidade, essência, fenômeno, contradição, entre outras, vão remeter-se às três
principais.
A Matéria é a primeira categoria da dialética. Significa a relação objetiva do
homem com o mundo e com a sociedade. O processo de conhecimento da realidade deve
ser iniciado pelo concreto, apreendendo as categorias mais simples e concretas,
identificando as falsas representações, as contradições e os conflitos, superando o mundo
real e transformando-o.A segunda categoria é a Consciência. Essa trata das relações do
homem com o mundo, além de expressar as representações da própria superação dos
conflitos. Já a terceira categoria é a Prática Social. Triviños (2001) explica que esta possui
um sentido amplo e variado na dialética e pressupõe um elo entre a prática individual e a
prática social. A individual pode realizar-se e desenvolver-se com êxito unicamente sobre
a base da prática histórico-social, acumulada pela humanidade ao longo dos séculos. A
social se desenvolve e enriquece através da atividade prática e teórica dos diferentes
indivíduos.
Kosik (2002) entende a dialética como o método que trata da coisa em si. Todavia,
ela não se manifesta imediatamente ao homem, é ocultada, fugindo à percepção imediata.
É necessário um esforço, um desvio para compreendê-la. O que temos é a aparência do
fenômeno, não é o mundo real, porém, tem consistência e validez deste mundo, o que
autor conceituou de pseudoconcreticidade. A aparência é para Kosik (2002) um claro-
escuro de verdade e engano. Exibe um duplo sentido: o fenômeno indica a essência e, ao
mesmo tempo, a esconde. A essência apresenta-se de forma inadequada e parcial, não
evidenciando determinados aspectos do fenômeno, mas se manifesta neste ao revelar seu
movimento, uma vez que não é passiva. Na tratativa de montagem deste quebra-cabeça
se valendo da Dialética, precisamos de outras ferramentas que nos auxiliem no mover em
direção ao desvelamento dos anseios que perturbam nosso ir e vir de pesquisadores.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
desempenhando seu papel social de formar professores para atuar na educação básica?
Como esses questionamentos são pouco pesquisados dentro da bibliografia atual, a
exploratória ganha relevo por ela ser aplicada geralmente em tipos de pesquisa em que o
tema é pouco explorado, fazendo com que o pesquisador se aproxime do objeto a ser
analisado, dando o fundamento para o prosseguimento de sua pesquisa. Assim sendo, a
pesquisa exploratória aqui inserida se constitui como a primeira etapa de uma
investigação mais ampla, que ao envolver sujeitos professores, se faz necessária.Por meio
67
desse tipo de pesquisa, visa-se estabelecer o primeiro contato com a situação a ser
pesquisada na qual seu principal objetivo é a descoberta. Nela, seu propósito de pesquisa
dá-se de forma não específica com necessidade e origem de seus dados, não sendo rígida
e utilizando-se de processos qualitativos para as diferentes análises.
Referências
KOSIK, Karel. Dialética do concreto. Trad. NEVES, Célia; TORÍBIO, Alderico. 7. ed.
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002.
Josiane Manchur28
Luiz Martins Junior29
INTRODUÇÃO
Debater sobre o ensino de Geografia é tema recorrente de diversas pesquisas
como: formação acadêmica, as práticas didáticas, os conteúdos curriculares e também a
os manuais que os professores da educação básica utilizam, porém pouco se discute e se
pesquisa o professor de Geografia e suas estratégias de ensino.
28
Mestre em Geografia , UFSC, Florianópolis, docente de Geografia da Rede Estadual de Educação Básica/
SEED- PR em Ponta Grossa, e-mail: josianemanchur@gmail.com
29
Doutorando em Educação, UDESC, Florianópolis, luizmartins.jr@hotmail.com.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O grande desafio da formação docente é articular esses saberes base da profissão
docente com as dinâmicas e demandas que a escola do século XXI vem apresentando,
com os vários problemas como a falta de infra-estrutura, sobrecarga de educar uma grande
massa da população, falta de políticas pública que inviabilizam investimentos na
formação inicial e continuada na área da licenciatura, refletindo diretamente nas práticas
pedagógicas desenvolvidas pelos professores no ambiente escolar.
O professor de Geografia, diante de tal realidade e autonomia para articular os
diversos saberes, imprime sua identidade única, busca desvendar os caminhos para uma
aprendizagem significativa e transformadora, na qual os conhecimentos também
geográficos permitam aos alunos uma compreensão partindo da realidade e leitura do
espaço geográfico.
REFERÊNCIAS
72
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
INTRODUÇÃO
30
Mestranda em Geografia pelo Programa de pós Graduação da Universidade Estadual do Centro-Oeste –
UNICENTRO, Guarapuava, email: josildacnsilva@hotmail.com.
31
Mestre em Geografia pelo Programa de pós-Graduação da Universidade Estadual do Centro-Oeste –
UNICENTRO, Guarapuava, email: Leonides-silva@hotmail.com.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
DESENVOLVIMENTO
Neste resumo, apresenta-se algumas conclusões apresentadas nas pesquisas
analisadas buscando uma diversificação de trabalhos que tratam do mesmo tema
abordado.
No intuito de investigar o início da trajetória profissional dos professores de
Geografia, Pessoa (2017), em sua tese de doutorado, traz um panorama dos docentes
recém-egressos da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), campus Cajazeiras
– PB, buscando relacionar os percursos de formação inicial e os desafios no contexto de
atuação onde estão inseridos. Assim, entre outros aspectos, a pesquisa revelou que:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse ensaio permitiu verificar que diversos estudos se assemelham no sentido de
buscar compreender as inquietudes e anseios dos profissionais em início de carreira,
trazendo resultados relevantes que permitem uma reflexão tanto em relação à formação
inicial quanto ao processo de acompanhamento na inserção desses no ambiente escolar.
Estas questões são inerentes à profissão, da qual o professor de Geografia é parte,
entender seus desafios de modo geral, e aqueles próprios da área é o nosso objetivo da
pesquisa que ainda está em andamento, cujo levantamento aqui apresentado nos dá pistas
quanto aos aspectos a considerar, tais como: história de vida do professor, formação
acadêmica, forma de inserção no campo de trabalho, perspectivas futuras.
REFERÊNCIAS
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
LEONE, Naiara Mendonça; LEITE, Yoshie Ussami Ferrari. O início da carreira docente:
implicações à formação inicial de professores. Revista Eletrônica Pesquiseduca, v. 3,
n. 6, p. 236-259, 2011.
LIMA, Francielly Dornelas C. et al. O choque com a realidade: dormi contador e acordei
professor..REICE. Revista Iberoamericana sobre Calidad, Eficacia y Cambio
enEducacion, v. 13, n. 1, p. 49-67, 2015.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho compreende o registro das atividades na preparação à
docência desenvolvidas durante a disciplina intitulada Estágio de Docência em
Geografia – Ensino Médio, ministrada pelo professor Nestor André Kaercher da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
A proposta do estágio esteve em realizar a docência elaborando uma proposta
pedagógica que viesse ao encontro de uma forma produtiva e prazerosa de análise,
organização e utilização de recursos didáticos empregados em práticas inovadoras para
o Ensino Médio ao passo que para os alunos essa proposta pudesse renovar suas
expectativas quanto ao ensino da geografia dentro de sala de aula.
Atualmente tem-se uma grande variedade em mapas, gráficos, fotos, charges,
dicas de vídeos e música que os atuais livros didáticos possibilitam explorar,
mostrando-se como ótimas ferramentas para comparações, perguntas, discussões e
produção de trabalhos, mas entende-se que quanto aos questionamentos, não há livro
didático que traga todas as nuances e discussões que podem ser empregadas em sala
de aula. Da mesma maneira, também se almeja que na avaliação discente seja
valorizada a reflexão e a compreensão histórica do processo de produção do espaço ao
invés de apenas listar, nomear e repetir questionários previamente elaborados.
32
Licenciado em Geografia, aluno especial no Programa de Pós-Graduação em Geografia Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, tyrone.mello@gmail.com
33
Bacharel, Licenciada e Mestre em Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre, carolineguedes3@hotmail.com
34
Professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade de Educação, Porto Alegre,
nestorandrek@gmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
O segredo não está isolado nas práticas geográficas inovadoras, mas a partir de
proposições em que os alunos possam ir construindo e reformulando seus argumentos
desde o início, que se posicionem engajadamente. Com isso a função dos professores
está em incentivar e organizar as opiniões/descobertas dos alunos, fazer sínteses
parciais, tensionar opiniões preconceituosas, elogiar posições embasadas, incentivar
participações, e coordenar a ordem e vez das falas (KAERCHER, 2014).
Diante desse argumento, pretende-se apresentar como foram trabalhadas
79
metodologicamente as ideias propostas pela disciplina do estágio e os resultados
advindos dos alunos, tanto para o aprendizado deles como para os licenciandos, em
suas primeiras expectativas como docentes.
gênero, capaz de romper com os estereótipos até então contidos nos textos e imagens
dos livros de Geografia.
Sem dúvida, os alunos foram desafiados a não somente introjetar o conteúdo, mas
sim, passaram a produzir conhecimentos através da abertura da forma de ministrar a
Geografia, tornando-os atores de seus conhecimentos e sendo ouvidos diante de seus
questionamentos. Para os alunos, essas aulas puderam transcender suas perspectivas
sobre o conteúdo.
82
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Frente à experiência adquirida junto aos alunos, percebeu-se que as práticas
levadas para dentro de sala de aula foram envolventes e criaram maior interação na
turma. Observou-se que foi chamada a atenção para os conteúdos, motivando-os a
participar e a estarem mais presentes nas aulas, suscitando curiosidades e novos
aprendizados.
Por fim, a análise feita a partir dessas abordagens em sala de aula permitiu
considerar que foi valorizado o protagonismos dos alunos para a construção das aulas
de geografia, pois suas criações, ideias, discussões, opiniões, formas de lidar com o
conteúdo e as próprias avaliações realizadas por eles foram extremamente importantes
para o entendimento das questões levantadas e por haver trocas de saberes e
experiências entre os colegas da turma e com os licenciados. Para os autores, os
trabalhos desenvolvidos junto aos alunos foram fundamentais para o estímulo e união
entre professor-alunos, uma vez que foi e é positivo podendo melhorar as lacunas no
processo escolar, possibilitando mudanças na aprendizagem escolar, passando
confiança e afetividade no desenvolvimento da geografia.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. PNLD 2017: Geografia - Ensino fundamental anos
finais. Brasília, DF: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação, 2016.
INTRODUÇÃO
O tema da formação de professores aparece com relevância nas discussões
teóricas atuais na área de Ensino de Geografia, configurando-se como uma problemática
contemporânea importante para os pesquisadores desse campo. Dentre os debates que
emergem, o estudo dos múltiplos saberes docentes pertinentes na prática de professores
tem servido como subsídio para se pensar em uma formação que contemple os complexos
desafios presentes na docência (VIEIRA; ARAÚJO, 2016).
No campo da Educação, os trabalhos de Tardif (2014), Gauthier (1998) e Shulman
(2014) são referências importantes, as quais dissertam sobre as bases que fundamentam
os saberes docentes. Na Geografia, Lana Cavalcanti (2012) destaca que, pensando na
formação de um profissional competente e crítico, os saberes mencionados devem ser
abordados nos cursos de licenciatura, levando em consideração três tipos de saberes: os
saberes experienciais, os saberes específicos e os saberes pedagógico-didáticos
(CAVALCANTI, 2012, p. 33). Nesse sentido, o presente trabalho apresenta um diálogo
envolvendo os saberes docentes, relacionando-os com uma das problemáticas
evidenciadas na formação inicial, a partir de uma revisão de literatura feita em artigos
sobre a temática, que é a necessidade de promover uma maior formação nos saberes
pedagógico-didáticos aos futuros docentes de Geografia. Por fim, trazer proposições da
teoria do Conhecimento Pedagógico do Conteúdo (CPC) de Shulman interligadas a essa
discussão, buscando contribuir teoricamente para mobilizar reflexões acerca de avanços
possíveis e pertinentes na formação inicial de professores de Geografia.
35
Mestre em Geografia, doutorando do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul (UFRGS), Porto Alegre - RS, igorrock.14@hotmail.com
36
Doutora em Geografia, professora associada do Departamento de Geografia da Universidade Federal de
Pelotas (UFPel), Pelotas - RS, lizcdias@gmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
METODOLOGIA
Como metodologia, é utilizada a pesquisa qualitativa; a Revisão Sistemática de
Literatura, embasada especialmente em Garza-Reyes (2015); e a Análise Textual
Discursiva, orientada a partir de Moraes (2003). Reconhecendo que esta pesquisa
trabalhou com o campo do Ensino da Geografia e a formação inicial, que são temáticas
que contemplam inúmeras variáveis em seus conteúdos e discursos, é evidente que era
necessária a interpretação e um abordagem crítica dos diálogos que se inter-relacionam
84
na construção da pesquisa. Por isso, denota-se que essas particularidades compõe um tipo
de pesquisa qualitativa, posto que a análise “corresponde a um espaço mais profundo das
relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à
operacionalização de variáveis. (MINAYO, 2001, p. 22)”
Para a revisão sistemática de literatura um total de 25 trabalhos científicos foram
selecionados: 10 provenientes de periódicos científicos classificados com Qualis CAPES
B2 ou superior e os outros 15 oriundos dos anais dos XI e XII Encontro Nacional de
Prática de Ensino em Geografia (ENPEG) de 2011 e 2013, respectivamente. Para
responder as questões do trabalho, optou-se por buscar artigos que tinham em suas
palavras-chave “Ensino de Geografia” “Formação de Professores” e/ou “Formação
Inicial de Professores”, a fim de encontrar artigos que tivessem relação com a temática.
A Análise Textual Discursiva é feita com base nos escritos dos autores supramencionados
– Cavalcanti, Tardif, Gauthier, Shulman entre outros – e dos dados obtidos a partir da
Revisão Sistemática de Literatura. Após esse momento, é projetada a interpretação do
conteúdo analisado que, em sua leitura, traz a proposição de um “novo emergente”, isto
é, ideias produzidas com base na reunião das leituras, interpretações e novas análises
(MORAES, 2003, p. 191).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
A revisão de literatura resultou em um apontamento que é considerado, pelos
autores, uma problemática na formação inicial em Geografia, que foi evidenciada nas
obras revisadas, a saber: promover uma formação com maior ênfase nos saberes
pedagógico-didáticos aos futuros docentes de Geografia. A totalidade dos artigos
analisados trouxeram dados que explicitam fragilidades nessa questão. Um dos exemplos
é trazidos por Nunes (2015), quando analisa os reflexos que essa lacuna gera na formação
inicial em Geografia:
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Continuar examinando tais questões é fundamental, uma vez que a partir de estudos,
podem ser articuladas mudanças/reflexões sobre diretrizes, currículos e, especialmente,
na postura e ação ante a formação de professores de Geografia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da pesquisa realizada, destaca-se que os pressupostos do Conhecimento
Pedagógico do Conteúdo podem contribuir de maneira concreta para a formação inicial
de professores de Geografia. Primeiramente, pois aborda em seu conteúdo muitas das
problemáticas que teóricos do Ensino da Geografia, como Kaercher (2014) e Cavalcanti
(2012), apontam em seus escritos. Mais que isso, o CPC oferece um modelo sistematizado
e didático de vincular os saberes docentes na formação inicial. Naturalmente, essa é uma
tarefa complexa, porém o diálogo acadêmico pode apontar estratégias que, com esforço
e novas pesquisas e debates, podem ser efetivadas.
REFERÊNCIAS
GARZA-REYES, J. A. Green lean and the need for Six Sigma. EUA: International
Journal of Lean Six Sigma, 226–248, 2015
37
Doutor em Geografia – Pontifícia Universidade Católica, PUC/RIO, Rio de janeiro,
epmenezes30@gmail.com
38
Doutorando em Geografia, Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Florianópolis,
abasquerote@yahoo.com.br
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
REFERÊNCIAS
INTRODUÇÃO
Com este trabalho buscamos compreender a percepção de acadêmicos e
supervisores de estágio do curso de Licenciatura em Geografia da Unespar, Campus de
Campo Mourão sobre o Estágio Curricular Supervisionado, a fim de discutir a
importância do professor supervisor do campo de estágio, ou seja, as escolas.
Neste sentido, justificamos este trabalho por consideramos o papel do supervisor
de estágio fundamental na vida acadêmica do licenciando. E muitos professores de
Geografia da educação básica oferecem certa resistência em receber estagiários em suas
turmas. Por outro lado, para o estagiário aprender a lecionar, é importante a experiência
com a prática efetiva de sala de aula. Além disso, os estagiários, se bem orientados e
preparados podem contribuir positivamente com o trabalho do professor e com o ensino-
aprendizagem na educação básica.
39
Licenciada em História e graduanda de Geografia-Universidade Estadual do Paraná, Campus de Campo
Mourão; Campo Mourão; jocimara_maciel@hotmail.com.
40
Mestre em Geografia- Universidade Estadual de Maringá; professora na Unespar, Campus de Campo
Mourão; sandramalysz@hotmail.com.
³
Mestrando em Geografia- Universidade Estadual de Maringá; lucas_salmeron@hotmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
METODOLOGIA
Este trabalho é um recorte de uma pesquisa de iniciação científica em andamento.
O projeto foi desenvolvido por meio de pesquisa qualitativa, a partir de pesquisa
bibliográfica e aplicação de questionário para graduandos do Curso de Licenciatura em
Geografia da Unespar e professores supervisores do Estágio Supervisionado do curso,
Campus de Campo Mourão. Os professores supervisores são professores regentes de sala
em escolas da Educação Básica da região de Campo Mourão que também auxiliam na
95
orientação dos estágios. Além destes professores, os estagiários contam com um professor
da Universidade para orientá-los nas atividades do estágio.
No primeiro momento da pesquisa foi aplicado um questionário aos acadêmicos
matriculados no primeiro e segundo ano do curso de Licenciatura em Geografia, a fim de
compreender suas expectativas com relação ao estágio obrigatório do curso, antes de
efetuarem esta prática.
Foi aplicado outro modelo de questionário para os professores de Geografia
inseridos nos colégios estaduais, nos quais orientavam estagiários do curso de Geografia
e faziam um curso de formação para supervisão de estágio. O objetivo do questionário
era compreender as dificuldades encontradas por estes professores no momento de
orientação/supervisão dos estagiários e, sugestões de melhorias para o estágio obrigatório.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os cursos de Licenciatura são fundamentais no processo de formação docente.
Diante disso, concordamos com Sampaio et al (2016, p. 202) que “é notável que quando
não há uma boa formação docente, consequentemente isso se refletirá na construção da
identidade profissional, além de determinar a qualidade da formação que se realizará no
espaço escolar”.
Compreendemos que uma das principais etapas do acadêmico durante o curso de
licenciatura é o estágio curricular supervisionado, além de ser importante para a formação
docente, também pode ser uma atividade integradora do curso de licenciatura. Segundo
Pimenta,
ambiente escolar. Porém, enfrentam dificuldades por não possuírem tempo em sua carga
horária escolar para orientação dos estagiários.
Alguns professores relatam que existem acadêmicos que não se dedicam na
realização do estágio, e acabam deixando muitas vezes lacunas na realização do estágio.
Compreendemos que isso é o reflexo de que muitos acadêmicos do curso de licenciatura
não se sentem atraídos pela prática escolar. Para Almeida (2016, p.262-263), “esse fato
se dá pela falta de intenção de ingressar na profissão após o término do curso,
97
caracterizando uma falta de compromisso e de dedicação às atividades que envolvem essa
etapa de formação”.
Além desses aspectos, assim como os acadêmicos, os professores apontaram a
importância da ligação entre a Universidade e as escolas, que como coloca Foerste (2003,
p.21), são as “abordagens teórico-práticas que possibilitam a indissociabilidade entre a
formação inicial e continuada, enfim, entre a dimensão acadêmica e dos saberes da prática
docente”. E esta articulação ocorre na efetivação do Estágio Supervisionado, quando na
escola, na sala de aula, os acadêmicos vivenciam que para ser professor, além do
conhecimento teórico conceitual da disciplina de Geografia, é necessário o conhecimento
pedagógico e articulação deste com a prática do processo de ensino-aprendizagem, a
práxis pedagógica.
Mesmo sem ainda ter a experiência com o estágio curricular supervisionado, os
alunos que responderam ao questionário, já se preocupam com o fato de terem que fazer
o estágio fora do município de residência. Muitos trabalham e terão que ausentar por mais
tempo considerando o deslocamento até a escola no município de Campo Mourão, onde
o estágio será realizado. Colocam como alternativa a realização do estágio em seu
município.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
Resumo
O presente artigo, é produto das reflexões ocorridas durante o período de Estágio
Obrigatório de Licenciatura em Geografia. Desenvolvido durante o ano de 2017 no
Instituto Estadual de Educação (IEE), escola pública localizada no centro da cidade de
Florianópolis (SC). Durante esse processo formativo um tema nos inquietou: autonomia
docente e discente. Acreditamos que, apreender e promover a autonomia em nós
(professores), e em nossos alunos é um dos grandes desafios a serem enfrentados no
exercício da profissão. Assim, este trabalho tem como objetivo compartilhar nossa
experiência de estágio supervisionado no que se refere à nossa busca por processos
pedagógicos que levassem ao desenvolvimento da autonomia em sala de aula e para fora
dela.
Introdução
Como estudantes de escola pública, nos enxergar em nossos alunos, era recorrente
durante o estágio. Assim, como nós, os estudantes eram por vezes distantes e sonhadores,
cuja sensação era de que, a universidade pública era algo possível, porém, bastante
longínquo de acontecer. E nos aconteceu, hoje somos professores de geografia. É nesse
universo formativo e profissional recheado de problemas estruturais, que nos situamos
como estudantes e profissionais. Neste contexto, nossas reflexões permeiam questões
relacionadas ao desenvolvimento da autonomia em sala de aula, de modo que, nós e
nossos alunos buscamos estabelecer relações conscientes, cooperativas e de aprendizado
mútuo. Metodologicamente, enquanto docente investigamos, pesquisamos e planejamos
atividades que auxiliassem nossos alunos a desenvolver e pensar de forma crítica,
capacitando-os a estabelecer relações a partir de seus conhecimentos prévios e
41
Graduação, mestrado e doutorado em Geografia, UFSC, Florianópolis, springer.kalina@gmail.com
42
Licenciatura Plena em Geografia, UFSC, Florianópolis, pedrovergasta@gmail.com
43
Licenciatura Plena em Geografia, UFSC, Florianópolis, thaisbarretoufsc@gmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Fundamentação Teórica
100
O entendimento da autonomia docente, desde o processo formativo, até o
exercício docente é indispensável ao exercício profissional. Segundo Mendonça (2013) a
autonomia, não se adquire nem se promove de uma hora para outra, ela se constrói nos
fundamentos teóricos e orientação pedagógica, ou seja, é uma construção que se dá
durante toda a vida escolar. No caso do docente, o estímulo a autonomia que este recebe
é estendida aos estudantes no percurso da profissão, sobretudo, quando esta autonomia é
entendida e praticada (MENDONÇA, 2013). Neste contexto, a consciência da dimensão
histórica e política do papel ativo do docente, são cruciais ao desenvolvimento do
conhecimento para a autonomia. No entanto este conhecimento se constrói não somente
de forma individual, mas também, e, principalmente de modo coletivo (MARTINS,
2013).
A aposta é a de que o professor que tem essa capacidade, sem cair no senso
comum, abre em suas aulas espaços de debate que vão além de descrever
experiências individuais e subjetivas e de emitir opiniões sem fundamentação,
buscando sempre trabalhar essas experiências e opiniões dos alunos como uma
dimensão da análise a se considerar, mas não como a única e imutável. Ao
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Desenvolvimento
No percurso do estágio obrigatório nos desenvolvemos como sujeitos, procurando
estabelecer uma clara colaboração com o desenvolvimento dos alunos. Desta forma
apostamos em atividades reflexivas empreendendo um desenvolvimento crítico e
101
autônomo. Sobre esta perspectiva, seguimos Freire que coloca que para transformar é
preciso “construir, reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao
risco e aventura do espírito". (p.69, 2004, apud. MARTINS, p. 3157, 2013).
Assim, fundamentamos nossas aulas em processos pedagógicos que pudessem
levar nossos alunos ao desenvolvimento e exercício de sua autonomia. Ao propor uma
leitura, permitimos que, eles escolhessem o que seria lido; propomos atividades e
dinâmicas de grupo, as quais, eles, alunos determinariam as regras; permitimos que
criassem e testassem teorias contrapondo-as; incentivamos a produção de textos cujos
temas eram escolhidos por eles, incentivamos a trabalho colaborativo ao invés do
competitivo. Trabalhamos com e melhora da autoestima individual, já que ela também se
constitui como fator para se chegar a autonomia. Sem necessariamente convergir
concepções, estimulamos que os alunos idealizassem um projeto de futuro para além do
mercado de trabalho. Isso, sem anular a importância da preparação dos indivíduos para o
mercado de trabalho.
Considerações Finais
Durante nossa experiência de estágio procuramos refletir sobre nossa ação como
docentes e como cidadãos nos questionamos sobre os temas, as metodologias, as práticas
pedagógicas e também nossa relação com os alunos. E, isto exigia o entendimento da
autonomia, conceito determinante para definição do papel da educação e do professor
(MARTINS,2013). A prática autônoma em sala de aula pode auxiliar para uma formação
do cidadão de maneira reflexiva. Além disso, compreender que um estudante, não é
apenas um estudante, mas sim sujeito da sociedade, cidadão ativo, contribuiu muito para
nossa formação profissional.
Desta maneira, buscou-se reconhecer na educação a possibilidade de desenvolver
a criticidade e o firmamento da autonomia que são imprescindíveis para se transformar a
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
sociedade atual. Motivação trazida da nossa história, de nosso objetivo como professores
na promoção da cidadania. Por fim, durante o processo de docência no estágio obrigatório
houve uma mudança com relação ao entendimento da prática docente. No decorrer do
estágio na escola, nossa postura se tornou mais reflexiva, do que critica, o que colaborou
para a proposta de uma metodologia autônoma, como menciona Barbosa e Ramos, sobre
a prática crítica que orientam os professores a investigar quais são as restrições que a
prática institucional impõe às nossas próprias concepções sobre o ensino, de maneira a
102
despertar o potencial transformador que esta deve e pode ter (2002, apud CONTRERAS,
p.101, 2003).
[...] com isso, tem-se um trabalho social, não restrito somente à sala de aula,
em transferência de conteúdo curricular, mas também considerado o educador
e educando, incentivando-os e valorizando-os como sujeitos ativos do meio em
que estão inseridos (BARBOSA; RAMOS, p.10, 2012)
Referências Bibliográficas
44
Doutoranda em Geografia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
tamara.regis@hotmail.com.
45
Professora Doutora, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, ruthenogueira@gmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
saber. Desta forma nos propomos a oportunizar com as oficinas pedagógicas, diálogos e
práticas centradas no aprendiz e na aprendizagem almejando despertar profissionais
sensibilizados e comprometidos com a educação inclusiva.
Concordamos com Martins Jr (2016) quando este, ao trazer as oficinas
pedagógicas para a Geografia, afirma que a oficina pode estabelecer uma independência
das ações educacionais em relação aos modelos que priorizam mais uma área do saber do
que outra, ou seja, oportuniza estratégias de resistência à qualificação ou desqualificação
104
de saberes. Visualizamos esta prioridade de determinadas áreas do saber em detrimento
a outras na seleção de conteúdos observados nos currículos dos cursos de licenciatura, em
especial de Geografia. A temática de inclusão escolar nos currículos é apresentada de
forma pontual e desconectada da realidade escolar, consequentemente não prepara o
futuro professor para atuar com a diversidade dos estudantes encontrados no sistema
regular de ensino. Esse lapso na formação inicial de professores colabora na reprodução
de ações de exclusão, pois a quase ausência de oportunidades de o futuro professor
debater ou mesmo entender as particularidades dos estudantes impostas pelas distintas
lesões, cria nele um temor de como agir ao se deparar com alunos nessa condição quando
em sala de aula. Esse despreparo por parte dos professores contribui para que se
perpetuem ações de integração escolar, em detrimento a almejada inclusão escolar.
A integração na perspectiva de Sassaki (1997) configura-se na adaptação das
pessoas ao meio ao qual estão inseridas. Desta forma a integração configura-se como o
oposto da inclusão que traz como prerrogativa de que haja as adaptações necessárias ao
meio para atender as particularidades das pessoas com deficiência, sendo assim as
deficiências se perpetuam quando o meio social não está preparado para atender as
pessoas, visão defendida pelo ModeloSocialda Deficiência.
Suprir tal carência na formação inicial de professores, tornou-se uma justificativa
válida para propor as oficinas pedagógicas de Cartografia Tátil e Inclusão Escolar. As
oficinas são ofertadas considerando a perspectiva da educação inclusiva, onde discutimos
estratégias metodológicas que possam ser empregadas pelos professores para lidar com
os estudantes com deficiência, em especial a deficiência visual.
As oficinas de Cartografia Tátil trazem como objetivos proporcionar através da
confecção do mapa tátil, um momento de discussão acerca da deficiência visual, o ensino
de geografia e o papel do professor neste processo de inclusão escolar, assim como
mostrar metodologias e propostas de trabalho no viés da educação geográfica inclusiva.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Referências
46
Geógrafa licenciada pela Universidade do Estado de Santa Catarina, lariiianjos@gmail.com
47
Doutora em Geografia Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e professora do
Departamento do Geografia da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC).
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
alunos por turma, número de horas/aula, docentes com formação superior, construção e
melhoria das dependências da escola, existência de bibliotecas, [laboratórios] ou salas de
leitura [...]” (SATYRO, SOARES, 2008, p. 09) – atuam com agentes responsáveis na
atuação do professor e no aprendizado dos estudantes em sala de aula. Sendo assim e,
partindo da análise de Monteiro e Silva (2015) os insumos escolares são muito relevantes
na definição dos resultados educacionais e não devem ser tratados como inutilidade.
As perguntas elencadas foram as seguintes: 1. Você considera que a estrutura
109
física da escola atende as demandas para trabalhar os conteúdos programáticos?2. O que
você acha da quantidade de aulas de Geografia na Matriz Curricular? E quantos
estudantes você possui, em média, por turma? 3. Quais materiais você utiliza para
preparar suas aulas? (recursos didáticos, fontes bibliográficas, documentos...)4. No ano
escolar em que atua atualmente, você percebe a presença de temáticas referentes ao relevo
nos conteúdos propostos?5. Se houver, como você avalia a disposição e os apresentação
dessa temática?6. O que você acha de ensinar esse conteúdo?7. Você acredita que os
estudantes possuem alguma dificuldade para aprender o conteúdo?
Em relação ao primeiro questionamento, referente a infraestrutura da escola, as
professoras relataram que a instituição apresenta uma qualidade superior às escolas
públicas que já lecionaram, pois oferece aos docentes biblioteca com acervo de mapas,
laboratório específico à disciplina de Geografia, sala informatizada e outros. Contudo,
segundo estas, ainda não proporciona o ambiente de trabalho ideal, pois há diversos
pontos que podem ser aperfeiçoados. As docentes enfatizaram também que o fato de
possuírem mais de trinta estudantes em sala pode acarretar em um aprendizado não tão
proveitoso por parte dos estudantes, pois sabe-se que cada sujeito possui o seu processo
de aprendizagem e que, com um grande número de estudantes por sala dificulta o
atendimento e o olhar cauteloso sobre cada um destes.
Quando questionadas sobre a quantidade de aulas de Geografia em relação ao
conteúdo programático proposto no planejamento anual, as professoras descreveram
situações distintas. A professora II relatou que três aulas por semana são o suficiente para
trabalhar o conteúdo proposto, em contrapartida a professora I respondeu que:
O número de aulas é mínimo eu acho, são 3 aulas por semana para um conteúdo
que é muito extenso. Além de que os conteúdos se repetem nos anos, então
quando a gente fez o planejamento, eu mais os outros professores fizemos uma
divisão que achávamos coerente. No sexto ano foi uma coisa, eu foquei mais
nessa questão da formação da Terra, dessa parte da geomorfologia, na
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
atmosfera, depois vou entrar com a questão de clima e depois disso entro na
questão da cobertura vegetal. Então é muita coisa, como que ainda vou ter
tempo para falar da questão urbano e rural?
Relato da professora I
Essa professora ainda enfatizou que a quantidade de aulas por semana destinada a
disciplina dificulta a efetivação das relações entre os conteúdos do livro didático e as
vivências dos estudantes, tendo em vista que, para realizar tal abordagem é necessário
estabelecer pontes entre o descrito e o vivido, que em alguns casos podem possuir
discursos distintos. 110
Ao perguntar acerca do planejamento das aulas, as professoras relataram que
utilizam diversos materiais de apoio como fonte de pesquisa e como inspiração para
produzir suas atividades, tais como materiais impressos, sendo estes livros didáticos,
fornecidos ou não pela escola, livros em geral, revistas e jornais, além de acesso a diversos
conteúdos na internet e trocas de experiências com outros professores. Todavia, no que
tange a realização da aula, as professoras descreveram que utilizam mapas, banners e
recursos multimídia disponíveis no laboratório e na sala informatizada. Contudo, segundo
as mesmas, a utilização desses materiais e espaços não é realizada de maneira diária e,
portanto, o livro didático se configura como a ferramenta mais prática e usual nas salas
de aula.
Após conceber a dimensão da realidade em que as professoras estão inseridas e as
possibilidades e/ou dificuldades que estas possuem em relação aos insumos escolares,
voltou-se as perguntas para a temática de ensino de relevo.
Sobre a presença da temática em questão nos anos em que ministram a disciplina,
as professoras relataram visões diferentes à cada ano escolar. No sexto ano, a professora
I relatou que o livro didático trabalha bem o conteúdo de relevo, mas complementa ao
mencionar que “ele até, eu acho, aprofunda demais para um sexto ano. Ele é muito
conteudista assim, então tu tens que saber filtrar” (professora I). Já alusivo ao sétimo, a
mesma professora relata: “não percebo a presença no livro didático, o que eu faço é mais
na fala, na parte mais teórica em sala, numa aula mais expositiva, ou levo alguma
atividade que aborde o assunto (Professora I). Referente aos oitavos e nonos anos, a
professora II citou que “eles têm. Sempre no início aparece a parte física dos continentes,
mas é trabalhada a parte física toda junta, relevo, clima, hidrografia e vegetação. Então,
eles não dão muita ênfase porque já foi um conteúdo trabalhado nos anos anteriores, é só
tipo uma revisão” (professora II).
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Referências
Por entendermos que “os materiais trazem práticas discursivas que organizam os
modos de pensar, com efeitos de ser e agir, num recorte de tempo e para um grupo social
específico” (PENSIN, 2017. p.19) e que, portanto, a formação profissional dos
professores também pode operar pelo tripé discurso-norma-normalização, uma vez que o
que a instituição [neste caso o Ministério da Educação] diz/discursa sobre a formação do
professor.
De antemão, alertamos que não há, de nossa parte, dúvidas sobre o mérito do
Documento em relação à construção teórica trazida, principalmente em relação às
concepções de mundo, sujeito, sociedade, relações humanas e educação. Estes aspectos,
mencionados reiteradas vezes, utilizando-se de múltiplas estratégias argumentativas e em
conformidade com as recentes pesquisas acerca das necessidades do Ensino Médio
brasileira.
Por outro lado, cumpre problematizar alguns elementos que, em nossa concepção,
merecem advertência no rol das discussões que o documento discute, podendo inclusive
contribuir para a objetivação das questões pedagógicas propostas para o Ensino Médio.
48
Mestre e Doutorando em Geografia, Universidade Federal da Fronteira Sul, Erechim(RS),
robson.paim@uffs.edu.br
49
Mestrando em Educação, Universidade do Estado Santa Catarina, Florianópolis,
lgonzagageo@gmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
nossa avaliação, está em silenciar sobre como ser interdisciplinar sem antes ter uma densa
discussão disciplinar sobre estas categorias: de quais conceitos, categorias, temas é
abordagens é possível discuti-los na constituição do espaço geográfico e coloca-los em
diálogo com as abordagens da História, da Filosofia e da Sociologia para análises
interdisciplinares?
Do ponto de vista da integração curricular, observamos certa fragilidade de
diálogo entre os textos das diferentes das áreas. A princípio, nossa preocupação é o trato
117
com as categorias, conceitos, linguagens e temáticas específicas dos componentes
curriculares com as categorias centrais propostas pela área de Ciências Humanas
(Ciência, trabalho e tecnologia). Como dialogar/integrar sem perder a essência do
componente curricular? Em nosso ponto de vista, o documento necessita de maior ênfase
pedagógica neste sentido, a fim de não tornar-se uma carta de intenções.
Referências
TONINI, Ivaine. Geografia Escolar: uma história sobre seus discursos pedagógicos. 2
ed. Ijuí: Editora Unijuí, 2006.
PENSIN, Daniela Pederiva. Agenciamento e docência na educação superior. p.19).
Tese (Doutorado em Educação). Universidade do Vale do Rio dos Sinos. São Leopoldo
(RS), 2017.
______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Pacto Nacional pelo
Fortalecimento do Ensino Médio. Ciências Humanas. Caderno II. Etapa II. 2014.
50
Graduanda em Geografia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
ana.theisges@gmail.com
51
Graduanda em Ciências Biológicas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
anacarolinabosio@gmail.com
52
Graduanda em Geografia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis,
taniabeatrizhoffmann@gmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Introdução
Metodologia
respondido pela direção, coordenação e/ou professores que possuem algum envolvimento
com o assunto. Nas Escolas 2, 3 e 4 as respostas foram redigidas por professores e/ou
professores e na Escola 1, pela coordenadora.
Resultados e discussão
Com esta pesquisa foi possível observar a diferença que existe entre instituições
públicas de ensino quando se trata de abordar temas básicos relacionados ao meio 121
ambiente e aplicar de forma prática o que está descrito em seus PPPs (Projetos Político-
Pedagógicos). O contraste se dá principalmente no esforço empregado para realizar
atividades de EA, contempladas na proposta curricular, na busca de parcerias com
instituições externas às escolas. De modo geral todos demonstraram com suas respostas
que consideram importante estimular discussões não somente nas disciplinas de
Geografia, Ciências e Biologia, as quais incluem a própria temática, mas também, em
outras disciplinas e atividades extraclasse.
As respostas redigidas pela coordenadora da Escola 1, demonstraram que apesar
do interesse e consciência socioambiental, pouco é feito para promover a EA na escola.
As principais dificuldades relatadas são a falta de tempo e questões administrativas, que
envolvem tanto a falta de interesse por parte da direção escolar, como o enrijecimento do
planejamento curricular proposto no início do ano letivo. É importante ressaltar que uma
das iniciativas de atividade ocorridas na escola foi uma horta escolar junto à disciplina de
Geografia.
Na Escola 2 o envolvimento com questões ambientais é mais efetivo, são
realizadas oficinas, reciclagem e destino do lixo, saídas de campo, horta escolar,
composteira, exibição de filmes e documentários. Além disso, o assunto é problematizado
com os estudantes nas disciplinas de Geografia e Biologia. Nessa segunda escola as
principais dificuldades estão relacionadas à falta de apoio para organização e manutenção
dos espaços e materiais. As saídas de campo ocorrem através de parcerias firmadas com
os locais a serem visitados como: ambientes costeiros (Projeto Escola do Mar), parques
ecológicos (Parque Ecológico do Córrego Grande), estações de tratamento de água e
esgoto (ETA e ETE), para a casa sustentável da Eletrosul e para a Companhia
Melhoramentos da Capital (COMCAP).
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Referências
123
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
53
Graduanda em Licenciatura em Geografia, Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis,
gabiluana@hotmail.com.
54
Professora do Departamento de Geografia da FAED/UDESC, professora do Programa de Pós-Graduação
em Educação da FAED/UDESC, Florianópolis, rosa.martins@udesc.br.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
As atividades que serão aqui relatadas foram desenvolvidas em uma escola 125
pública estadual na área urbana de Florianópolis. A escola atende crianças do primeiro a
nono ano, sendo estas, grande parte proveniente de comunidades localizadas ao entorno
da escola. No cotidiano destas comunidades, podemos observar grandes problemas
sociais, como a violência. Esta realidade é vivenciada por estas crianças e jovens, que
acabam considerando “isso” como algo “normal”, pois faz parte do meio que vivem o dia
a dia.
As atividades que serão descritas foram desenvolvidas com o sexto e o sétimo ano.
Em ambas as turmas encontramos grandes dificuldades de aprendizagem. Os estudantes
apresentavam também grande disparidade entre suas idades, sendo que, muitos eram
repetentes, já haviam tido contato com aquele assunto e já apresentavam grandes
dificuldades dos anos anteriores e muitos estavam tendo um primeiro contato com aquela
matéria. Sendo assim, decidimos intervir nas turmas com monitoria, aulas mais dinâmicas
e oficinas práticas. Buscamos atender os perfis que encontramos na sala, construindo uma
relação prazerosa entre os estudantes e a geografia escolar.
atendimento mais personalizado. Para fazer as atividades propostas pelo professor, que
muitas vezes eram as atividades do livro didático, organizamos duplas para facilitar o
trabalho. Buscando sempre mesclar os estudantes entre aqueles que estavam fazendo as
atividades pela primeira vez com aqueles que eram repetentes. Deste modo, conseguimos
perceber que muitas vezes os repetentes tinham o domínio sobre os conteúdos e conceitos
abordados e seus problemas se limitavam a problemas comportamentais. Sendo assim, os
repetentes conseguiam auxiliar os estudantes que estavam tendo o primeiro contato com
126
aquela matéria e se sentiam valorizados por ajudar os colegas. Outra característica
importante em trabalhar desta forma, foi a atenção maior que conseguíamos dar a cada
dupla.
O primeiro tema trabalhado em sala de aula foi, com o sétimo ano, as regiões do
Brasil. Para introduzir o conteúdo, cada estudante ia expondo o que já sabia e, assim,
construímos em conjunto o conceito de região. Repetimos então o mesmo processo com
o conceito de regionalização. Com o uso do mapa do Brasil, conversamos sobre cada
região, agregando às informações expostas por nós o conhecimento individual de cada
estudante da turma. Ainda usando o mapa político do Brasil, iniciamos a brincadeira
intitulada de “cabra cega”. Solicitamos que as crianças se dividissem em três grupos.
Separamos anteriormente uma venda, cinco marcadores e cinco papeis com o nome de
cada uma das regiões escrita. Após os grupos formados, pedimos que um dos integrantes
tivesse os olhos vendados, enquanto o grupo recebia em forma de sorteio uma das regiões.
A partir deste momento, os integrantes do grupo deveriam guiar o colega vendado até a
região que foi sorteada. Ao acertar a localização da região, o grupo deveria destacar três
características da região que foram escolhidas em conjunto anteriormente na aula. Foram
cinco rodadas de jogo com cada grupo, contemplando as cinco regiões. A cada rodada,
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Com o intuito de fazer uma avaliação que fugisse da tradicional prova, propomos 127
também uma outra atividade com a mesma turma. Levamos os estudantes à quadra de
esportes da escola e solicitamos que os mesmos se organizassem em 3 grupos, resultando
6 componentes em cada grupo. Confeccionamos nos dias anteriores da aula, no
LEPEGEO, um mapa do Brasil com divisão regional, com tamanho aproximado de
1,5mx1,5m com os materiais oferecidos pelo laboratório. Através deste mapa, montamos
uma brincadeira similar a um “caça ao tesouro”. Espalhamos pela quadra as 5 regiões, e
junto com cada região deixamos uma folha com 10 questões no formato de resposta de
verdadeiro ou falso. Ao acharem todas as regiões e respondido todas as questões, os
grupos deveriam apresentar o mapa montado de forma correta. O grupo que finalizasse a
atividade em menor tempo ganhava meio ponto extra, o grupo que respondesse a maior
quantidade de questões corretas também ganharia meio ponto extra. Demos início a
atividade, todos os grupos no mesmo tempo. Após este “caça ao tesouro”, colocamos as
peças do mapa em um dos cantos da quadra e posicionamos os grupos em outro canto.
Lançamos então uma característica da região e um dos integrantes do grupo, após decidir
em conjunto com os demais, deveria ir até aonde estava localizado o mapa e buscar a
região que correspondia à característica. O grupo que montasse primeiro o mapa, ganhava
então meio ponto na nota.
Com intuito de exemplificar de forma lúdica as três camadas da Terra para o sexto
ano, montamos uma prática utilizando ovo cozido como um comparativo. Os estudantes
se organizaram em duplas e cada dupla recebeu um ovo cozido. Com o auxílio dos
professores o ovo foi cortado ao meio, sendo assim, cada aluno ficou comuma metade de
ovo cozido. A atividade consistia em fazer o reconhecimento das camadas da Terra,
comparando-a com o ovo cozido, onde a gema se compara ao núcleo, a clara com o manto
e a casca com a crosta. Após reconhecer as semelhanças, os estudantes representaram a
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Com o objetivo de finalizar o ano nas turmas e fazer uma retrospectiva de todo o
conteúdo que foi trabalhado em sala de aula no ano de 2017, observando o domínio que
os estudantes apresentavam, trabalhamos com um “jogo da forca geográfico”. Foram
separadas palavras-chave referentes a todos os conteúdos aprendidos durante o ano de
2017. Com estas palavras fizemos a brincadeira da “forca”, aonde eram colocados traços
referentes a cada letra da palavra escolhida e o jogador tenta decifrar qual letra se encaixa
em cada espaço e consequentemente qual é a palavra, antes de que na forca seja desenhado
todo seu boneco. Cada erro equivale a uma parte do corpo a ser desenhado. Os estudantes
competiram entre si de forma individual e cada palavra acertada equivalia a uma
premiação. Mas, a parte mais gratificante desta atividade, foi observar como os estudantes
lembravam de cada assunto/conceito que foi trabalhado ao longo do ano.
Referências
55
Licenciada em Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, ivaine@terra.com.br
56
400 horas de Estágio Curricular Supervisionado, a partir do início da segunda metade do curso.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Isto deve gerar certa desestabilização na ordem com que as disciplinas são
apresentadas e suas ementas e convoca todos os docentes do curso a pensar sobre estes
outros contextos não escolares como locais de aprender e ensinar.
Referências
Introdução 132
134
Figura 1Gráfico 1
conteúdo”; “Ter boas notas”; “Conseguir relacionar os conteúdos estudados com o meio”;
“Não ter faltas”.
O resultado segue no gráfico abaixo:
135
Figura 2Gráfico 2
Portanto, para que a escola tenha sentido para o aluno, é preciso também que o
professor ofereça condições e provoque situações que o leve a pensar, criticar e
desenvolver o pensamento, baseando-se na sua experiência de vida. Embora, a realidade
da educação brasileira esteja pautada no modelo de perguntas e respostas – como, por
exemplo, os vestibulares que pedem um ensino quantitativo e a curto prazo – e o professor
se sinta muitas vezes impotente diante das dificuldades, ele deve persistir e acreditar que,
gerando a dúvida no aluno, o conhecimento se concretizará, transformando-se em
136
experiência vivida.
Dentre outros, o educador deve fazer a ponte entre a teoria e a prática; e deve
refletir sobre seu papel na constituição do conhecimento de seu aluno e sobre a forma de
desenvolver seu trabalho, com o intuito de levar seus alunos a serem questionadores e
cidadãos que farão a diferença no mundo.
Referências
137
EIXO 2
Práticas de ensino contemporâneas
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
59
Licenciada em Geografia e Doutora em Geografia, Universidade estadual de Londrina, Londrina,
<lveiga.geo@gmail.com>
60
Licenciada em Geografia e Doutora em Geografia, Universidade estadual de Londrina, Londrina,
<elotorres@hotmail.com>
61
Bacharel em Direito, Mestre em Geografia e Doutoranda em Geografia, Universidade Estadual de
Londrina, Londrina, <claragmassi@gmail.com>
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
LIBÂNEO, J.C. Pedagogia e Pedagogos: para quê? 7. ed. São Paulo: Cortez, 2004.
SANTOS, M. A Natureza do Espaço: técnica e tempo / razão e emoção. 2ª ed. São Paulo:
Editora Hucitec, 1996.
62
Graduanda do Curso de Licenciatura em Geografia, Universidade do Estado de Santa Catarina,
Florianópolis, agatharosasantos@gmail.com
63
Professora Doutora, .Diretora de Extensão, Cultura e Comunidade da Departamento de Geografia -
FAED/UDESC, Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, rosamilitzgeo@gmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
No nosso jornal publicamos uma atividade que um dos grupos da nossa turma
realizou. A dinâmica pensada para uma turma de 6° ano do ensino fundamental se baseia
em: vendado, um aluno se posicionar sobre uma Rosa dos Ventos desenhada no chão
(foto. 01) e auxiliado por outros colegas teria que “preencher” nela onde ficava o norte, o
sul, o leste e o oeste com dicas como “a biblioteca fica pra que lado?”. Essa é outra
atividade muito válida nos anos iniciais do Ensino Fundamental, aprender brincando, e
utilizando elementos do cotidiano como referência cartográfica faz com que os alunos
144
tenham mais interesse no assunto, sendo uma forma divertida de fixar os conteúdos
aprendidos em sala de aula.
O espaço vivido de cada criança fará que tenha sua própria visão de mundo.
Segundo Callai (2005), a criança, ao crescer e se desenvolver, amplia sua visão do mundo,
reconhece os espaços e suas particularidades, e no que diz respeito à cartografia, o espaço
não é neutro, ele está em constante mudança, então a cartografia não é neutra, e as
projeções cartográficas muitos menos, todas elas são representações distorcidas da Terra.
O projeto do “CARTA-GRAFIA’’ foi desde o início uma oportunidade de poder
mostrar produções e vivências nossas e dos outros colegas por meio de um jornal. As
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
etapas de criação acabaram sendo muito naturais para nós, eu de imediato tive a ideia de
fazer uma matéria sobre mapas táteis da FCEE (Fundação Catarinense de Educação
Especial) e do LabTATE (Laboratório Tátil) da UFSC. Esses espaços produzem materiais
inclusivos (livros didáticos, mapas, plantas, maquetes, e outros) para alunos com cegueira
e baixa visão. Nossa turma teve a oportunidade de visitar esses dois espaços no primeiro
semestre de 2017, na disciplina de Educação Inclusiva com a professora Ana Paula
Chaves, e foi sem dúvida muito enriquecedor para nós, tivemos aprendizados para quando
145
no futuro nos depararmos com uma situação de um aluno cego ou com baixa visão, por
isso, ter essas duas instituições disponíveis para apoio é muito importante. Durante nossas
pesquisas para a produção da matéria sobre os mapas táteis, localiamos no Facebook do
LabTATE UFSC fotos nossas no dia da nossa visita (foto 02).
Outro ponto muito interessante contido no nosso jornal foi a entrevista feita com
o bolsista do PET Geografia, Mário Faria. Ele nos relatou sobre sua experiência
vivenciada através de uma prática pedagógica aplicada aos anos iniciais referente a
iniciação cartográfica. Quando perguntado qual foi a principal dificuldade dos estudantes
com relação aos conteúdos/conceitos de geografia, ele respondeu que as apresentam
dificuldades com as atividades que envolvem as escalas dos mapas. Como foi dito aqui
anteriormente, a escala foi o conceito da cartografia que o grupo mais teve dificuldades
de assimilar. A fala do colega Mário revela que o ensino da cartografia ainda apresenta
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
fragilidades na educação básica, isso pode ser corroborado quando alguns alunos que ele
estava dando aula, não sabiam onde o Brasil estava localizado no mapa.
Acreditamos que para a Cartografia não pode ser considerada “um monstro” no
ensino de geografia. As atividades práticas e as dinâmicas têm que cada vez mais fazer
parte das aulas e contribuir para sanar as dificuldades dos estudantes. Somente assim as
crianças poderão ter o pleno aprendizado das diferentes categorias da geografia. As
pesquisas já comprovaram que as crianças aprendem melhor brincando, e como foi
146
relatado anteriormente existem muitas opções de dinâmicas para serem aplicadas em sala
de aula.
Referências
CALLAI, Helena Copetti. Aprendendo a ler o mundo: a geografia nos anos iniciais do
ensino fundamental. Campinas: Cad.Cedes, 2005.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Introdução 147
Fazemos parte de uma sociedade caracterizada pela ubiquidade e hipermobilidade
(SANTAELLA, 2013), na qual estamos conectados a outras pessoas e recebemos
informações que mudam a todo instante. Um contexto que Santos chama de “meio
técnico-científico-informacional”, no qual “a ideia da ciência, a ideia da tecnologia e a
ideia do mercado global devem ser encarados conjuntamente” (2006, p. 159).
Em meio a este cenário se encontra a escola. Uma instituição que instiga a
competitividade ao mesmo tempo em que mantem as relações de desigualdade em países
emergentes, gerando desmotivação para aqueles que não atingem a nota mínima para
aprovação, independente do que tenham aprendido e construído a partir das aulas. A
escola, em grande parte, é descontextualizada da sociedade a qual está inserida e possui
práticas que, muitas vezes, incluem a transmissão direta de conteúdos aos estudantes.
Assim, torna-se necessário resgatar o interesse dos adolescentes, sistematizando a
grande quantidade de informações acessíveis no dia a dia, organizando diferentes visões
do mundo de uma forma mais ampla. Nesse desafio aproximamos os conteúdos da
disciplina de Geografia (espaço geográfico e paisagem) e as atividades de interesse destes
estudantes, através de uma prática pedagógica realizada com jogos eletrônicos em uma
escola pública em Cachoeirinha, no Rio Grande do Sul, no contexto do projeto de
Mestrado em Educação, desenvolvido na metodologia de Pesquisa Ação. Este método,
para Engel “procura unir a pesquisa à ação ou prática, isto é, desenvolver o conhecimento
e a compreensão como parte da prática” (2000, p. 181), transformando a sala de aula em
objeto de pesquisa e possibilitando a ação e reflexão direta entre professor e turmas,
64
Professor de Geografia no Colégio Agrícola Estadual Daniel de Oliveira Paiva, Cachoeirinha, e
mestrando em Educação na linha de pesquisa Culturas, Linguagens e Tecnologias na Educação na
Universidade La Salle, em Canoas. E-mail: dudu.carneiro@gmail.com.
65
Professora do Programa de Pós-Graduação em Educação UNILASALLE - Canoas e
Pesquisadoraconvidada do Laboratoire Sciences, Société, Historicité, Education, Pratiques (S2HEP)
Université Claude Bernard Lyon 1. Doutora em Educação (UNISINOS) e em Sciences de l'Education
(Université Lumière Lyon 2). E-mail: luciana.backes@unilasalle.edu.br
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
149
150
Figura 2: Trabalhos desenvolvidos no jogo “Minecraft” pelas turmas de sexto e sétimo ano.
Fonte: Acervo do autor, 2017.
quando o usuário atribui valor a ela. Ao tomar decisões diferentes ou realizar construções
distintas, mesmo se tratando do mesmo jogo, o enredo traz consequências únicas para
cada turma. Espaço e paisagem se constroem e reconstroem de maneiras distintas. O jogo
deixa de ser o mesmo e passa a trazer as características atribuídas por cada jogador. Ou
por cada turma, neste caso.
Referências
151
ENGEL, Guido Irineu. Pesquisa-ação. Educar. Curitiba, n. 16, p. 181-191. 2000. Editora
da UFPR.
MCGONIGAL, Jane. A Realidade Em Jogo: Por Que Os Games Nos Tornam Melhores
e Como Eles Podem Mudar o Mundo. Rio de Janeiro: Bast Seller, 2012.
SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tempo, Razão e Emoção. 4 ed. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2006.
UBISOFT. Far Cry 4. Montreal: Ubisoft Montreal, 2014. Dirigido por Alex Hutchinson.
Disponível para PlayStation 3, PlayStation 4, Xbox 360, Xbox One e PC.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
O mito de um país formado por três raças (“democracia racial”) – indígena, branca
e negra – é uma identidade geográfica (MORAES, 1989) que constituem as primeiras
interpretações de nação e de território dos brasileiros desde a metade do século XX. A
história parece bastante inclusiva, mas que não abrange as representações de outros etnias
igualmente formadoras do território brasileiro está ligada a uma concepção de mundo
para a coletividade branca e dominante daquela época – e até hoje - (MORAES, 1989;
HISSA, 2002). Para alguns, essa narrativa nos “limpa a barra” frente a outras
organizações espaciais de outros países e em suas relações próprias com o racismo em
que este e o etnocentrismo parecem mais “cruéis” do que o Brasil na constituição de seus
espaços sociais. É possível afirmar que estes ideários se encontram em “Geografia
fictícia”, expressão usada por Said (1990).
66
Licenciado e Bacharel em Geografia pela UFRGS, Mestre em Geociências pela UFRGS, professor da
E.E.E.M. Heitor Villa Lobos, Gravataí (RS), marceloleite.geociencias@gmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Isso tem reflexo direto na reinterpretação da formação étnica, racial, social e territorial
brasileira, bem como de situações que flutuam por diferentes escalas desde conflitos de
terra em escala local, passando por segregação sócioespacial e a formação de lugares
étnicos (expressões espaciais das identidades marginalizadas).
Com relação às diretrizes quanto ao trabalho com a educação das relações étnico-
raciais, a escola baseia-se (embora nunca tenha-o usado até então) em seu Projeto
Político-Pedagógico (PPP) no documento “Orientações e Ações para a Educação das
Relações Étnico-Raciais” (BRASIL, 2004), o qual destaca-se o seguinte trecho:espaço
privilegiado de inclusão, reconhecimento e combate às relações preconceituosas e
discriminatórias. Apropriação de saberes e desconstrução das hierarquias entre as
culturas... Reconhecimento e resgate da história e cultura afro-brasileira e africana como
condição para a construção da identidade étnico-racial brasileira.
Os dizeres referentes ao PPP, que são escassos e genéricos, fazem clara referência
à lei 10.639/2003, que tornou obrigatórios o ensino da História e Cultura Africana e Afro-
brasileira na educação básica, em sintonia com os ensejos dos dizeres sobre a educação
nacional da Constituição Federal (BRASIL, 1988) e da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB, 1996). Entretanto, assim como constatou Ramos in Kaercher & Furtado
(2014), esta lei e sua complementação (Lei 11.645/2008) ainda carecem de maior
discussão e do estabelecimento de suas bases com maior clareza, para que possam
extrapolar o campo da generalização e da restrição de suas ações a um evento anual e que
seja mais do que um mero “cumpridor de cota” e sim efetivamente um projeto pedagógico
contínuo.
alcança a prática docente. Tais inquietações e a sede de “fazer diferente” para que “algo
diferente” chegue à juventude e assim esse algo consiga sair realmente “diferente” da
escola, desde a época de estudante de licenciatura em Geografia e nos primeiros anos
como docente, fizeram-nos encarar o belo e tortuoso caminho que é professor de escola
pública.
Neste sentido, o presente texto traz como principal reflexão a abordagem de temas
relacionados ao papel das ações pedagógicas antirracistas em processos de educação das 154
relações étnico-raciais, em um contexto de ensino de jovens e adultos trabalhadores do
Ensino Médio da periferia de Gravataí, estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio
Adelaide Pinto de Lima Linck, tendo como objeto empírico propostas pedagógicas
presentes em materiais didáticos e discussões sobre o tema produzidas a partir do curso
de formação de professores UNIAFRO, realizado pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFRGS) em 2016. As reflexões apresentadas partem do princípio de que
o processo de ensino-aprendizagem alunos trabalhadores da periferia, mesmo do Ensino
Médio regular, demanda práticas pedagógicas distintas da escola dita regular e muito
conectadas com a dura realidade vivenciada pelos educandos, por isso compreende-se
que os temas ligados à Geografia no contexto das relações étnico-raciais podem ter papel
de destaque na elaboração de propostas e na implementação de ações curriculares e
didáticas.
Dessa forma, esse texto traz reflexões acerca do papel da Geografia no contexto 155
da educação das relações étnico-raciais de alunos trabalhadores de Gravataí, RS, região
metropolitana de Porto Alegre, RS, a partir de propostas desenvolvidas pelo projeto de
educação antirracista UNIAFRO, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS). Primeiramente, foi apresentado o lugar da Geografia Escolar na educação das
relações étnico-raciais e do aluno trabalhador, realizando um breve panorama do que vem
norteando a ação da Geografia nos dois âmbitos. Em seguida, particularizamos o projeto
pedagógico desenvolvido, descrevendo, ilustrando e discutindo as atividades. São
destacados nesta etapa a identidade e contexto sócioeconômico dos jovens e da
comunidade escolar inseridos no projeto, bem como as concepções pedagógicas da
escola. Por fim, são apresentados e discutidos os resultados, bem como a percepção do
professor e dos alunos construídas com as atividades e com a discussão. Para tanto, são
expostas considerações acerca de produções e de debates protagonizados pelos estudantes
nas aulas de preparação do projeto, no seu transcorrer e do que foi produzido nas próprias
atividades.
Referências
HISSA, Cássio. A Mobilidade das fronteiras. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
MORAES, Antonio Carlos Robert. 2ª. Ed.. Ideologias geográficas. São Paulo, 1989.
Introdução
Este trabalho contempla algumas ideias da dissertação de mestrado, fato que
evidencia minha preocupação com essa temática desde a graduação, e também enquanto
professora de Geografia. Este foi um dos motivos pelos quais escolhi o tema para estudo
em minha pós-graduação.
Dentre as pesquisas existentes sobre o ensino-aprendizagem de Geografia nos
anos inicias, é frequente a constatação de que os conteúdos de Cartografia são de difícil
aprendizagem pelos estudantes. Da mesma forma, a literatura relacionada a esta questão,
aponta muitos obstáculos a serem superados no que se referem aos conhecimentos
cartográficos no âmbito do ensino de Geografia. Destacamos um apontamento
apresentado pela literatura e observado empiricamente Ludwig (2014), Nascimento,
Ludwig (2015), Ludwig, Nascimento (2016), a grande dificuldade de estudantes, a partir
do 6º ano, no entendimento dos conhecimentos geográficos, sobretudo aos relacionados
com a Cartografia.
Para tanto, o objetivo geral da pesquisa, foi analisar através dos mapas mentais
elaborados pelos estudantes, o nível de desenvolvimento das relações espaciais dos
estudantes do quinto ano, avaliando como estes usam os conhecimentos cartográficos na
prática. Destaco que énecessário incentivar a percepção dos estudantes no espaço que
construímos e circulamos, elaborando suas próprias representações e pontos de
referencias que são considerados como pré-requisitos para contribuir com o
desenvolvimento das noções cartográficas.
Metodologia
67
Mestre em Geografia, Secretaria Municipal de Educação, Chapecó, ludwig.aline@gmail.com.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
159
Resultados e discussões
Através dos mapas mentais foi possível analisar o nível de desenvolvimento das
relações espaciais dos estudantes, avaliando como estes usam os conhecimentos
cartográficos na prática. Ao analisar a forma como os estudantes representam o espaço a
partir da sua percepção, é importante também que se tome como base concepções que
interagem tanto em questões da percepção que os estudantes têm da configuração do
espaço como o processo de construção dos mapas. Vários autores, dentre eles Almeida e
Passini (2015), Passini (2012) e Paganelli (2010), Oliveira (2005), Castrogiovanni (2014),
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
tomam como base as teorias de análise do espaço desenvolvidas por Piaget que
influenciou o ensino de Geografia com as relações topológicas, projetivas e euclidianas.
Estas concepções são fundamentais ao ensino das noções cartográficas, pois apontam o
estágio de desenvolvimento perceptivo e representativo que a criança se encontra. Neste
sentido é preciso levar em conta não apenas o real observado, mas a capacidade de
abstração que a criança apresenta ao transpor o real para o papel.
Em algumas das representações observadas, é possível notar um alto grau de
160
fragmentação dos elementos do espaço, as construções não foram representadas com uma
continuidade, apresentam uma confusão na posição dos elementos, verifica-se que os
discentes apresentam defasagem em relação às relações espaciais topológicas.
Nos mapas mentais coletados o que mais predominou nas observações foram as
misturas de perspectivas nas representações, como por exemplo, ruas vistas a partir da
vertical e construções, elementos da natureza rebatidos.
Levando em consideração a idade dos estudantes e com base nos apontamentos
da literatura, a maioria dos estudantes ainda está na fase do desenvolvimento cognitivo
das noções que precedem o entendimento dos conhecimentos cartográfico. No entanto,
os estudantes com mais idade no grupo não necessariamente apresentaram mapas mentais
mais desenvolvidos.
Esses desenhos são considerados representações gráficas de registros da memória,
mesmo não havendo preocupação rígida com perspectivas, escala entre outras
convenções, estas por sua vez aparecem voluntariamente na medida em que os conceitos
vão sendo internalizados pelas crianças.
Conclusões
As considerações sugerem que os estudantes participantes da pesquisa, ainda não
estão preparados para trabalhar com representações cartográficas. Tal fato indica a
necessidade de desenvolver mais atividades direcionadas no sentido de aprimorar as
noções topológicas, projetivas e euclidianas, necessárias para a passagem do
entendimento de representações gráficas para as cartográficas. Assim, no âmbito escolar,
a cartografia deve, primordialmente, visar à leitura e à interpretação de documentos
cartográficos que correspondem à representação de uma realidade vivida.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Referências
ALMEIDA, R.D; PASSINI,E.Y. O Espaço Geográfico: Ensino e Representação. 15ª ed.
São Paulo: Contexto, 2015 - (Repensando o Ensino).
Introdução
Percebemos que na maioria das vezes os professores da Educação Básica possuem
a tendência de desenvolverem suas aulas de forma tradicional, com aulas expositivas em
que só o professor fala. Como lembra Freire (2015) depositando nos alunos seus saberes,
sem questionar e/ou trabalhar os saberes trazido pelos alunos, fazendo com que a
aprendizagem não seja algo construído, mas transferido, sem haver de fato a
aprendizagem. Como destaca Castoldi e Polinarski (2009) “a maioria dos professores tem
uma tendência em adotar métodos mais tradicionais de ensino, por medo de inovar ou
mesmo pela inércia a muito estabelecida em nosso sistema educacional”.
É importante que os professores sejam motivadores dos alunos no processo de
ensino e aprendizagem, que instigam sua vontade de aprender. Contudo é importante
ressaltar que isso é um trabalho árduo e deve acontecer durante todas as aulas.
Nesse sentido, atividades didáticas diferenciadas e recreativas são uma ferramenta
importante na motivação dos alunos e como consequência à melhoria da aprendizagem.
Um exemplo disso é o jogo. Por meio de jogospodemos alcançar uma maior interação e
participação dos alunos na aula. Em 20017 como atividade de intervenção realizada no
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid), subprojeto de
Geografia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus de Francisco Beltrão
elaboramos em uma das escolas parceiras um Geojogo com alunos do 9ºano. O objetivo
68
Acadêmico do 3º ano do curso de Geografia Licenciatura da UNIOESTE e bolsista do Subprojeto do
Pibid de Geografia da UNIOESTE – Campus de Francisco Beltrão. E-mail:Alisson_bava@hotmail.com
² Acadêmica do 2º ano do curso de Geografia Licenciatura da UNIOESTE e bolsista do Subprojeto do Pibid
de Geografia da UNIOESTE – Campus de Francisco Beltrão. E-mail: Alinefranz21@hotmail.com
³ Acadêmica do 3º ano do curso de Geografia Licenciatura da UNIOESTE e bolsista do Subprojeto do Pibid
de Geografia da UNIOESTE – Campus de Francisco Beltrão. E-mail:andrecorrazza@hotmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
desta intervenção foi oferecer aos alunos um material didático diferenciado para aprender
Geografia.
Acreditamos que a aplicação de atividades lúdicas como os jogos, fazem com que
as aulas se tornem mais atrativas podendo despertar no aluno a assimilação do conteúdo
estudado e ao mesmo tempo a construção de um conhecimento significativo.
Além de desenvolver a parte cognitiva dos alunos, os jogos também possuem
importância no que se diz respeito a interação entre alunos e professores, pois permite
163
que haja o envolvimento de ambas das partes para a construção do conhecimento. De
acordo com Castellar e Vilhena (2010).
Os jogos e as brincadeiras são situações de aprendizagem que
propiciam a interação entre alunos e entre alunos e professor,
estimulam a cooperação, contribuem também para o processo
contínuo de descontração, auxiliando na superação do
egocentrismo infantil, ao mesmo tempo em que ajudam na
formação de conceitos. Isso significa que eles atuam no campo
cognitivo, afetivo, psicomotor e atitudinal. (CASTELLAR;
VILHENA, 2010, p.44)
O uso de jogos didáticos de certa forma atende à necessidade dos professores, pois
ao se tratar de algo diferente e capaz de prender a atenção dos alunos despertando a
curiosidade e oportunizando a aprendizagem. Nota-se com isso que o uso de jogos no
ensino da Geografia se configura como um rico recurso didático no processo de ensino e
aprendizagem, pois funciona como um facilitador tornando tal processo mais prazeroso e
interessante, e foi nesse sentido que elaboramos o Geojogo que será explicado a seguir.
164
Considerações finais
A partir da utilização de metodologias lúdicas, a exemplo do jogo Geojogo, o qual
associou os conteúdos trabalhados durante o ano de 2017 pelos Pibidianos, notou-se que
o seu uso pode tornar as aulas mais atrativas e facilitar a socialização dos conteúdos
trabalhados pelo professor.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Referências
CALADO, Flávia M. O Ensino de Geografia e o uso dos Recursos Didáticos e
Tecnológicos; Fortaleza: Revista Geosaberes; Universidade Federal do Ceará, 2010.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 59 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2015.
INTRODUÇÃO
167
Ser professor hoje no Brasil é um ato de rebeldia. Estar em sala de aula atuando
com a ciência geográfica é assumir um compromisso não somente com a Educação, mas
com o próprio território em que se vive. Com o intuito de realizar uma Geografia Escolar
que provoque a reflexão sobre o espaço geográfico, levo para a sala de aula no ano de
2016 uma proposta de estudo da cidade a partir da sua observação, descrição e análise.
O NASCER DE UMA AULA
Em 2016, atuando com turmas de ensino fundamental como professora de
Geografia, realizo um projeto de reconhecimento da cidade, oportunizando aos estudantes
das turmas de 6º anos uma vivência prática dos conceitos de lugar, paisagem e espaço
geográficos trabalhados em sala de aula.
Este projeto nasceu da minha vivência, a partir de inquietações que surgiam em
mim sobre a cidade onde estava atuando. Primeiro o que instiga é a sua geomorfologia
diferenciada, rodeada de morros e cercada pelo oceano Atlântico por quase todos os lados,
fazendo desta cidade um refúgio do barulho e movimento da capital. Segundo que os
bairros são separados naturalmente pelos morros que os cercam, seus limites são muito
bem delimitados, sem precisar de nenhuma linha imaginária, a natureza já faz isso.
Terceiro é que a cidade não possui uma linha municipal de ônibus para circular, fazendo
com que os moradores do Sul para chegar ao Norte tenham de se descolar à cidade vizinha
e retornar com outra linha de ônibus. Essas situações diferentes instigam, criam-me
dúvidas que somente os moradores poderiam responder.
Em sala, pergunto aos estudantes quais bairros eles conheciam, e muitos deles
responderam os bairros próximos à escola, ou seja, a maior parte desconhecia o outro lado
da cidade devido ao problema de deslocamento. Como um dos objetivos da Escola em
69
Professora de Geografia e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Educação da FAED/UDESC na
linha Educação, Comunicação e Tecnologia, sob orientação da Prof. Dra. Ana Maria Hoepers Preve, EEB
Prof.ª Mª Amália Cardoso, Governador Celso Ramos, vanesca.correa@edu.udesc.br.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Neste dia foram visitados o total de cinco bairros, os estudantes tinham como
objetivo a captura de imagens e coordenadas geográficas, além de conhecer os bairros,
que para eles eram desconhecidos. Vale ressaltar que para a autora, imagem capturada
pelos estudantes não se configura como a paisagem daquele espaço, mas sim uma
mediação da paisagem daquele lugar, conforme Oliveira Jr. (2009) ressalta
precisamos cuidar para que não continuemos a dizer aos nossos
alunos que as fotografias de um lugar nos mostram a paisagem
daquele lugar. Elas nos mostram sim, imagens que tem como um
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
lado da cidade, que antes era desconhecido e agora torna-se parte deles. O que ficou
registrado em mim como educadora nas diversas falas dos estudantes foram: A cidade
não tem só um tipo de paisagem; aprendi a dar valor ao nosso município; o projeto me
mostrou muitos lugares que eu não conhecia; aprendi a trabalhar em grupo; aprendi que
legenda é importante porque cada lugar tem uma coisa especial.
Na Geografia Escolar, muito mais que compreender conceitos, vivenciá-los é
imprescindível, pois “criar memórias que permaneçam é um ato político fundamental para
170
mediar – induzir, direcionar – nossas práticas espaciais” (OLIVEIRA JR, 2009. P. 7)
REFERÊNCIAS
OLIVEIRA JR, Wenceslao de. Fotografias, Geografias e Escola. In: CONGRESSO DE
LEITURA DO BRASIL,17., 2009, Campinas. Anais do 17º COLE, Campinas, SP: ALB,
2009. Disponível em: http://www.alb.com.br/portal.html. Acesso em: 02 de fevereiro de
2018. ISSN: 2175-0939.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Camila Camargo70
Para isso, um roteiro de oficinas foi construído para levar os alunos do terceiro
ano do Ensino Fundamental I da Escola de Educação Básica Simão José Hess até o
manguezal do Itacorubi, ambos localizados em Florianópolis, em uma das regiões de
crescente valorização e especulação imobiliária.
Dentro dessas oficinas, a ideia inicial era, junto aos alunos, (re)conhecer as
informações e imagens que tínhamos sobre o ecossistema em questão, para assim
chegar o momento onde eles desenharíam a primeira ideia que possuíam a respeito dos
mangues. Na oficina seguinte, partimos rumo a saída exploratória no qual in locco
investigaríamos o meio e nos limparíamos de algumas das ideias clichês que o
ecossistema ainda tem, tendo em vista que, o ambiente mangue está por vezes –
erroneamente, associado a ideia de sujeira, podridão, esgoto a céu aberto e sem função
dentro de uma cidade em crescimento.
70
Professora de Geografia na Escola SESC/SENAC – Palhoça/SC e mestranda no Programa de Pós-
Graduação em Educação da FAED/UDESC na linha Educação, Comunicação e Tecnologia, sob orientação
da Prof. Dra. Ana Maria Hoepers Preve do Laboratório de Estudos e Pesquisas de Educação em Geografia
– LEPEGEO. Contato:camila.profgeo@gmail.com
71
Trabalho de Conclusão de Curso intitulado “O mangue que não é cenário: Limites e Possibilidades de
uma Educação Ambiental no Ensino Fundamental”.
72
“É onde os castores vivem”, um dos alunos quando questionado sobre onde fica o manguezal do Itacorubi.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
172
73
Texto de Jörn Seemann intitulado Histórias da Cartografia, Imersão em Mapas e Carto-falas:
Métodos para estudar culturas cartográficas.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
173
do meio, tendo como uma de suas ramificações a saída de campo, “é uma metodologia
de ensino interdisciplinar na qual se buscam alternativas à compartimentalização do
conhecimento escolar e à excessiva segmentação do trabalho docente. Seu ponto de
partida, então, é a reflexão individual e coletiva sobre as práticas pedagógicas
desenvolvidas em determinada escola e o desejo de melhorar a formação do aluno,
construindo um currículo mais próximo dos seus interesses e da realidade vivida.”
(PONTUSCHKA, 2009, p.179). E assim, trazendo a relação entre os distintos saberes
174
para dentro da estrutura escolar.
Referências
LOPES, Claudivan Sanches; PONTUSCHKA, N. N. Estudo do Meio: teoria e prática.
Geografia (Londrina), 2009.
74
Graduando do curso de Geografia Licenciatura na Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(UNIOESTE), campus Francisco Beltrão- PR, e-mail: saggiorato38@gmail.com
75
Graduando do curso de Geografia Licenciatura na Universidade Estadual do Oeste do Paraná
(UNIOESTE), campus Francisco Beltrão- PR, e-mail: gio.kafer@hotmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
E para que pudéssemos realizar as atividades de forma que, ao mesmo tempo que
chamasse a atenção dos alunos, lhes fizesse sentido prático e lógico – na primeira situação
quando trabalhado com a observação do espaço que nos rodeava e na segunda quando
trabalhadas teorias sobre a formação e transformação do relevo terrestre dentro da sala de
aula –, pensamos em atividades que estivessem ao alcance do entendimento dos alunos,
uma vez que proporcionara uma visão concreta/palpável do tema em questão, o relevo.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Outro objetivo de tal atividade era que os alunos observassem ao seu redor as
formas que o relevo assumiu no decorrer dos anos na cidade em que moram e estudam, 178
Francisco Beltrão -PR. Durante a observação, os alunos foram questionados de como se
comportara o relevo daquela região, se fora sempre assim ou se houve mudanças De volta
para a sala de aula, algumas explicações foram feitas através de imagens ilustrativas,
textos exibidos no multimídia e de forma oral a respeito de como a paisagem que tínhamos
presenciado a pouco ficara daquele jeito.
Tal atividade, mesmo simples e rápida, foi benéfica no sentido de que pudemos
mostrar que o relevo fazia parte de suas vidas diretamente. Além disso, tentamos lhes
mostrar que aquela paisagem não foi sempre da forma como estavam vendo e que o tempo
natural dessas transformações significava centenas de milhares de anos.
Idealizamos outra atividade fora da sala de aula. Essa tinha por intuito mostrar na
prática e de forma simples os principais atores endógenos (internos) e exógenos
(externos) do planeta. Bem como mostrar de que forma na contemporaneidade a espécie
humana relaciona-se com a natureza no contexto do empreendimento de suas atividades
econômicas e os impactos na transformação da paisagem.
A ideia foi ilustrativamente expor os conteúdos descritos acima. Para isso fizemos
uso de alguns materiais, de fácil acesso e baixo custo: 3 tábuas pequenas, uma de
aproximadamente 35cm x 30cm e as demais 20cm x 15cm; 2 kg de argila; Porções
pequenas de solo arenoso; Água; 1 trator de esteira de brinquedo.
ilustrar os principais agentes externos, fizemos uma pequena montanha com a argila e sob
a mesma pusemos solo arenoso, impulsionando a ação do vento demonstramos de que
forma as partículas menores deslocam-se. Em seguida despejamos a água sob a montanha
e mostramos como a água age sob o relevo. Por fim, nesta mesma montanha de argila
utilizamos o trator de esteira para demonstrar a ação humana de forma geral.
Referências
Apesar disso, a luta por uma educação de qualidade para os povos do campo
avançou e nesse processo a instituição escola é interrogada por sua dinâmica. E é
reconhecida como essencial na construção de um projeto de desenvolvimento do campo,
pois se configura um espaço privilegiado de formação de conhecimento, cultura, valores
e identidades. (ARROYO et. al., 2008). Nas palavras de Callai (2013, p.21) a escola “é
uma instituição formal que tem em si a responsabilidade de oportunizar o acesso ao
76
Doutoranda de Geografia, Universidade Estadual de Maringá – UEM, Maringá/PR, email:
elainesurmacz@gmail.com
77
Professor do Departamento de Geografia e do Programa de Pós-Graduação em Geografia na
Universidade Estadual de Maringá (UEM), Maringá/PR, email: claudivanlopes@gmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
182
Fundamentação teórica
Entende-se que a pedagogia pode levar a uma prática educativa libertadora ou
conservadora. Se, conforme Freire (1987), não há nenhuma prática neutra, logo, a
pedagogia também não o é, pois é ela quem dá a direção às práticas educativas e
formativas. Nesse sentido, a Educação do Campo tornou-se uma base formadora de novas
ideias, subsidiadas nas reinvindicações que refletem a luta da classe
trabalhadoracamponesa.
perspectivas, desde o período da ditadura militar. Período esse que trouxe modificações
significativas no que diz respeito à questão agrícolanacional.
A partir dos anos 70, do século XX, com o movimento da Geografia Crítica, em 183
Considerações finais
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Numa percepção ainda muito primária da pesquisa, o que se observa é que o ensino
de Geografia para as escolas do campo tem condições de estabelecer uma relação com o
cotidiano e as especificidades do campo, com compreensão dos processos históricos que
resultaram na produção do espaçorural. Entretanto, para além da afirmação do discurso
geográfico, seus temas, conceitos e procedimentos no currículo escolar, é preciso destacar
a formação inicial e continuada dos professores de Geografia para as escolas de Educação
Básica do Campo.
184
Vale ressaltar que não pretendemos afirmar a inexistência de experiências
pedagógicas significativas, nessa área, que buscamos compreender. As indagações, nesse
momento, visam problematizar o papel do ensino de Geografia na Educação Básica do
Campo e, posteriormente, identificar o saber/fazer pedagógico dos professores de
Geografia nessa modalidade de ensino.
Referências
ARROYO, M. G. et. al. Por uma Educação do Campo. 3ª ed. Petrópolis, Rio de Janeiro,
2008.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido, 17ª ed., Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
PIRES, A. M. Educação do Campo como direito humano. Ed. Cortez. São Pailo, 2012.
SOUZA, M. A. Práticas educativas do/no campo. Editora UEPG. Ponta Grossa, Paraná,
2011.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
INTRODUÇÃO
Na interface entre geografia e a educação a viabilidade de desenvolver técnicas
diferenciadas de construção de recursos instrucionais básicos para o ensino
fundamental e médio de geografia contribui para a reflexão e o aprendizado sobre as
matérias em que a geografia tem a competência de ministrar. As atividades teórico-
práticas em situações de ensino são tão importantes para o desenvolvimento discente
que tornam-se primordiais para o entendimento do conteúdo de forma agradável,
criativa e instigante.
Diante do contexto sociológico, algumas questões sobre as metodologias
aplicadas em sala de aula são relevantes de serem discutidas. Giordani et al. (2014)
enfatizam:
78
Bacharel, Licenciada e Mestre em Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
Porto Alegre, carolineguedes3@hotmail.com.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Dessa forma, o presente trabalho visa contribuir para a preparação dos alunos de
educação básica para as situações de interpretação do espaço geográfico, dentro e fora
de sala de aula, possibilitando o entendimento das dinâmicas sociais, econômicas,
ambientais, culturais, etc. através de forma crítica e reflexiva dos fatos. Como meio
para alcançar o determinado fim, utiliza-se, como instrumento, os jornais impressos
uma vez que eles constituem poderosos recursos que podem ser trabalhados
didaticamente no intuito de construir o aprendizado junto aos alunos.
186
PARA ALÉM DO LIVRO DIDÁTICO
Sem dúvida, o grande aliado na educação é o livro didático, que muito auxilia
no preparo e nas ideias práticas para o ensino da geografia. No entanto, a Geografia
vai sendo concebida sob outras abordagens, visando a incorporação de temáticas e a
pluralização de outras leituras, o que abriu possibilidade de renovação para que a
disciplina passasse a instigar o estudante na leitura e análise do mundo, estabelecendo
relações entre natureza e sociedade, de modo reflexivo e discutido com abordagem
sobre o cotidiano e a vida em sociedade. Isso foi muito produtivo para a Geografia,
com a introdução do seu autoquestionamento e a permanente renovação das
abordagens, analisando os fatos não com uma verdade ou uma realidade para explicar
o “mundo como ele é”, mas com a complexidade que integra o mundo. Além disso,
admitir as múltiplas possibilidades de dialogar com os principais conceitos e categorias
da Geografia (espaço geográfico, lugar, paisagem, território e região) e com essa
concepção avançar o olhar sobre o lugar, em especial o lugar de vivências, entendendo
que o mundo é a relação entre os lugares, entre os espaços e seus habitantes (BRASIL,
2016). Eis a Geografia com sua essência pura e de significativa relevância para o
entendimento do mundo.
Porém, trazer os alunos à compreensão dos fenômenos que percorrem do local
ao global não é uma tarefa tão simples assim, mas a sua busca deve ser continuamente
observada e procurada pelos professores de Geografia no intuito de melhor ajudar os
alunos no desenvolvimento de suas habilidades de percepção, discernimento e
entendimento. Outras observações também são importantes no ensino da Geografia:
perceber se há outras formas de produção do espaço, outros modelos de sociedade e
de organização espacial, outras comunidades, povos e civilizações, a conversa franca
sobre temática do gênero, da diversidade religiosa, das divergências político-
ideológicas, da educação ambiental, dentre outros temas.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
FORMAS METODOLÓGICAS
O desenvolvimento aqui relatado foi realizado junto aos alunos do 7º ano de uma
Escola Estadual de Ensino Fundamental em Porto Alegre/RS. Foram utilizadas para
as aulas denominadas Notícias Geográficas diversos jornais de circulação da cidade.
Foi pedido aos alunos, divididos em grupos, que eles encontrassem a Geografia através
das páginas dos jornais, recortassem a notícia, colassem em cartazes, nominassem o
tema e constituíssem um resumo baseado nos seus entendimentos sobre o assunto
reportado. Após, foram feitas apresentações de cada grupo e debatido na turma a
notícia no seu aspecto local e global.
189
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos dias atuais, mostra-se ser necessário entender como se dá a produção
espacial de outras formas de ser e de estar no mundo, de saber sobre os outros povos,
sobre outras culturas. É necessário construir com o estudante as muitas representações
possíveis do indivíduo sobre a sua realidade e também, pensar e fortalecer a identidade
dos estudantes, assumindo um compromisso inserido numa autonomia ética que
valoriza um mundo plural, diverso, divergente, mas socialmente justo. Concorda-se
que ao reconhecer a importância dos estudantes como sujeitos ativos no processo e a
relevância de seus conhecimentos prévios, o cotidiano e as vivências dos estudantes
dão um sentido mais rico para Geografia ensinada e produzida na escola. Por isso a
importância para a Geografia promover a interpretação de um fenômeno de maneira
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
plural. Mais do que fatos, há que expandir as formas de ver e sentir os processos que
levam os espaços e sociedades a terem as características que têm.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. PNLD 2017: Geografia - Ensino fundamental anos
finais. Brasília, DF: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação, 2016.
79
Artigo desenvolvido como requisito parcial para conclusão do Curso de Geografia Licenciatura.
Orientado pela Professora Dr. Geliane Toffolo no ano de 2017.
80
Graduado em Geografia Licenciatura da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE -
Campus de Francisco Beltrão/PR, e Acadêmico do curso de Geografia Bacharel da Universidade Estadual
do Oeste do Paraná – UNIOESTE – Campus de Francisco Beltrão/PR, Email: tauamgaspar@hotmail.com
81
Professora Doutora em Ciências (Doutorado Interdisciplinar), Pela UNICAMP. Professora no regime de
PSS na Universidade Estadual do Oeste do Paraná –UNIOESTE – Campus de Francisco Beltrão/PR.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
(7,6%), Funk (4,4%), Pop (2,5%), Eletrônico (1,7%), Rap (1,7%), Gospel (1,7%),
Internacional (0,8%), Sertanejo Universitário (0,8%), MPB (0,8%) e Rock (0,8%).
A escola como um ambiente público apresenta de fato uma diversidade de sujeitos
na qual o estilo musical também se faz diverso e de acordo com cada gênero musical
desses alunos. Dessa maneira Jourdain (1998, p. 335, apud Vieira, 2004, pg. 62, 63) nos
dizem. “As escolhas, em sua maioria, acontecem por influência dos valores sociais, as
pessoas ouvem para se ajustarem, assumindo a música como um emblema de
193
solidariedade social com seus pares [...]”. Dessa forma, o professor por exemplo, pode
utilizar da diversidade musical dos estudantes pesquisados, possibilitando a construção
do conhecimento científico a partir da vivência dos mesmos.
Em relação às influências sofridas no dia a dia dos estudantes quanto aos estilos
musicais que ouvem, 70,08% dos pesquisados dizem que sofrem influências musicais dos
estilos que costumam ouvir, e “com as ideias e as letras” que as músicas transmitem.
Ser influenciado pelo “próprio” estilo musical demonstra ser também uma forma
de representação da visão própria do sujeito em relação a sua visão de mundo.
Identificamos então no Rap, um sentido forte, já que nesse estilo musical permeia a crítica
social, demonstrado por Góes (2013, p. 126), “O rap tirou o debate do campo restrito em
que ocorria e levou-o para as ruas, através de músicas elaboradas por diversos grupos;
denunciou a desigualdade social e racial pelo canto falado; [...]”.É nesse sentido que se
explica a racionalidade dos conteúdos trazidos em alguns gêneros musicais. Do total de
estudantes 25,64% relataram não sofrer nenhum tipo de influência pelo gênero musical
que ouvem. E 4,2% não responderam ao questionamento.
A família também influencia os estudantes nos seus gostos, na sua formação e isso
fica evidente nos relatos da maioria (70,28%), no local onde residem seus pais costumam
ouvir música diariamente. A resposta de um dos estudantes pesquisados “Sim, minha
família é movida a música e as lembranças e sensações que elas nos trazem”. Nesse
sentido percebemos que o ambiente familiar também influencia os estudantes a
construírem seus gostos e preferências musicais e artísticas.
Desta forma, Correia (2009) relata a música possui um grande valor social, além
do papel informativo e social, ela contribui com a formação crítica do estudante. Os
24,13% dos estudantes que relataram que suas famílias não costumam ouvir músicas em
casa, citaram como os principais motivos, a rotina de trabalho e as atividades realizadas
por todos os familiares.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Referências
CORAZZA, Sandra Mara. Manifesto por uma dida-lé-tica. Contexto e Educação, Ijuí,
vol. 6, n. 22, abr.-jun. 1991.
FERREIRA, Martins. Como usar a música em sala de aula. São Paulo: Contexto, 2001.
SILVA, Renágila Soares Da. A importância da música nas aulas de geografia: práticas
e métodos diferenciados no uso da música como metodologia de ensino nas aulas de
Geografia. Cajazeiras: editora, 2015.
INTRODUÇÃO
82
Graduando em Geografia, UFSC, Florianópolis, testoni.carvalho@outlook.com.
83
Graduando em Licenciatura em Matemática, UFSC, Florianópolis, yurifarias10297@gmail.com.
84
Doutora em Educação, UFSC, Florianópolis, regrando@yahoo.com.br
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
professores por meio de encontros, nos quais foram abordados assuntos que se articulam
por ambas as áreas, com a presença de estudantes das respectivas ciências.
Tendo em vista o que foi dialogado, concebeu-se oficinas integradas entre
Geografia e Matemática com vistas à: disponibilizar momentos diferenciados de
aprendizagem para os alunos do Ensino Fundamental; tornar os estudantes agentes ativos
na absorção dos saberes.
METODOLOGIA 197
RESULTADOS E DISCUSSÃO
199
CONCLUSÕES
REFERÊNCIAS
Josiane Manchur85
Marcos Aurélio Pelegrina86
Roger Anderson da Silva87
INTRODUÇÃO
Com advento de novas tecnologias a sociedade transformou e as atividades diárias
foram facilitadas. É impossível dizer que essas mudanças passam despercebidas na vida
do estudante, o qual está em contato, cotidianamente, com instrumentos eletrônicos e
tecnologias inovadoras. Mas essas mudanças foram boas? Como é possível fazer uso
desses instrumentos no ensino básico? Essas são algumas das indagações que buscaremos
responder com possíveis propostas para o professor de Geografia na educação básica.
Diante desse contexto o objetivo do artigo é apresentar a realidade virtual como
instrumento para o docente trabalhar em sala de aula na educação básica através do uso
dos aplicativos Google Street View e Cardboard como meios de interação na análise do
espaço geográfico. O trabalho foi dividido em dois momentos: inicialmente com um
levantamento bibliográfico acerca da utilização da tecnologia para o conhecimento
geográfico e softwares: Google Street View e Cardboard como uma possível ferramenta
para a leitura o espaço geográfico na terceira dimensão e em seguida com atividades
desenvolvidas pelos docentes, juntamente com os alunos em sala de aula com internet
livre e uso do celular explorando Google Street View como uma ferramenta para o ensino
de conteúdos geográficos sobre a temática do espaço geográfico brasileiro.
85
Licenciada em Geografia pela Universidade Estadual do Centro Oeste- UNICENTRO. Mestre em
Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina- UFSC, docente de Geografia da Rede Estadual
de Educação Básica/ SEED- PR em Ponta Grossa, e-mail: josianemanchur@gmail.com
86
Bacharel em Geografia pela Universidade Federal do Paraná. Mestre e Doutor pela Universidade Federal
de Santa Catarina e Pós-Doutorado em Geografia pela Universidade Nova de Lisboa. Docente na
UNICENTRO, e-mail: marcospelegrina@gmail.com
87
Licenciado em Geografia pela Universidade Federal do Paraná. Pós-graduando pela Universidade
Positivo em Gestão Escolar. Docente de Geografia no Colégio Positivo, e-mail:
geografia.roger@gmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
O trabalho busca o diálogo com diferentes autores que tratam da tecnologia como
recurso no ensino de geográfico, destacando a importância da geotecnologia para o
professor da disciplina em questão pois fundamenta-se o uso das tecnologias no sistema
educacional brasileiro pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação nº 9394/96 a
necessidade de a educação trabalhar com recursos e conteúdo que instrumentalize o aluno
para viver em uma sociedade moderna e tecnológica.
202
TECNOLOGIA COMO RECURSO NO ENSINO DE GEOGRAFIA NO
COTIDIANO ESCOLAR
O trabalho docente não se restringe apenas a transmitir conhecimentos elencados
nos manuais como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCEs), Caderno de Aprendizagem entre outros, mas em uma
articulação dos conteúdos expresso nos currículos e também a transformação destes em
estratégias de ensinar pedagogicamente, nesse contexto o ambiente escolar carrega a
preocupação com o ensino aprendizagem do aluno numa sociedade em constante
transformação de instrumentos, técnicas e necessidades. Diante dessas articulações a
profissão docente é um trabalho intelectual, onde o professor está em constante formação
e construção, sendo assim uma ator na dinâmica educacional para ensinar.Lecionar exige
criatividade, ou seja, não é somente nos anos iniciais que práticas lúdicas - jogos e outros
instrumentos - devem fazer parte de estratégias de ensino, mas em todo o momento ao
longo dos anos se faz necessária a incorporação de novas ferramentas para o ensino. E
atualmente um desafio para o professor é a incorporação de recursos tecnológicos como
instrumentos de ensinar em sala de aula, como meios de articulação entre teoria e prática.
Utilizar recurso didático é uma possibilidade de atrair a atenção do educando e
motivar a aprender, como coloca Cavalcanti (2010) sendo uma das tarefas do docente
motivar os alunos durante as aulas potencializando assim a aprendizagem e cabe ao
profissional buscar essa formação e instrumentos para serem utilizados durante o
exercício em sala de aula. Com o avanço tecnológico surgiram diversos instrumentos de
cunho pedagógico como ferramentas de potencialidade para a educação fomentando as
aulas com diversos software e programas gratuitos o qual despertam o interesse dos
alunos a uma inserção da tecnologia e que levem os sujeitos não só a interagirem por meio
de instrumentos digitais, mas a refletirem sobre o modo de interagir nas diferentes formas
de mídia.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Promover atividades que despertem nos alunos interesse por conhecimento
geográfico presente na realidade é fundamental para uma formação pautada na autonomia
e reflexividade desse sujeito na sociedade. O conhecimento geográfico pode despertar o
interesse dos alunos por conhecer o espaço através da imagem em 3D levando a uma
percepção e compreensão do espaço através da RV.
205
As utilizações de recursos tecnológicos na sala de aula contribuem para motivar os
alunos, instigando e quebrando a rotina “tradicional” das aulas e promover práticas em
que os alunos participem ativamente dessas atividades permite a eles conhecer e
desenvolver novos saberes, potencializando e instrumentalizando para suas criações.
O uso adequado da tecnologia, nas metodologias pedagógicas, contribuiu para
ampliar os horizontes dos estudantes e, além disso, permitiu aos professores envolvidos
no projeto reconhecer que as diferentes técnicas podem contribuir muito e de diversas
formas nas práticas educacionais.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. E. B. de. Currículo, tecnologia e cultura digital: espaços e tempos de web
currículo. Revista e-curriculum. Porto Alegre, 2011.
RESUMO
Seja no ensino público ou privado há uma carência de conteúdo regional/estadual
dentro da grade curricular do ensino da geografia. A maior parte dos estudantes possui
dificuldades com o conteúdo de geografia de Santa Catarina. Face a este contexto, é
necessário uma melhor abordagem do tema dentro do ambiente escolar, sendo objetivo
deste texto apresentar material didático construído adequadamente para aproximar os
estudantes com os conteúdos que retratam o espaço geográfico que eles vivenciam
diariamente.
INTRODUÇÃO
Este trabalho é resultado da experiência de estágio supervisionado realizado no
Instituto Estadual de Educação com uma turma de 3º ano do Ensino Médio. A escolha do
tema Geografia de Santa Catarina para as regências foi baseada na presença do conteúdo
como parte integrante do currículo da disciplina no terceiro ano de ensino médio. E a
opção pela turma do terceiro ano do ensino médio foi feita a partir do desejo em trabalhar
com a temática, mesmo sabendo das dificuldades que poderíamos enfrentar.
Muitas vezes nos perguntamos como podemos fazer para atingir nossos alunos da
melhor maneira possível, para que estes consigam compreender conceitos e ideias que
queremos ressaltar em sala de aula. Diante disso, preciso inserir o estudante nas
88
Graduação em Geografia, UFSC, Florianópolis, luiz1710@gmail.com
2
Graduando em Geografia, UFSC, Florianópolis, leonardo.fsa@gmail.com
3
Graduação, mestrado e doutorado em Geografia, UFSC, Florianópolis,
springer.kalina@gmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
experiências do seu cotidiano para que o mesmo tenha uma compreensão mais clara dos
conteúdos.
A geografia de Santa Catarina muitas vezes é abordada de maneira superficial pelo
estudante em sua trajetória escolar, tendo em vista que os estudos sobre as dinâmicas do
estado ainda estão em fase de pesquisas. A partir disso, observou-se também a carência
de materiais didáticos no ensino médio, especificamente, que sejam capazes de propor o
aprofundamento nesta temática.
207
Assim, propõe-se neste artigo a apresentação de um guia de estudos sobre
geografia de Santa Catarina para os alunos, construído a partir de artigos científicos, o
material inclui textos informativos, mapas e esquemas com o objetivo de tornar o
conteúdo atrativo e menos subjetivo e mais significativo para o aluno.
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
O estágio obrigatório de licenciatura em Geografia realizado nos semestres 2017.1
e 2017.2 pelos licenciandos Leonardo e Luis ocorreu nas dependências do Instituto
Estadual de Educação. Como disciplina obrigatória, ele é parte do processo de
aproximação de teoria e prática após quatro anos de curso. Do ponto de vista da carreira,
o estágio obrigatório é a etapa que mais se aproxima da realidade da profissão docente,
ainda que as adversidades variem de acordo com cada escola. E é por isso que o estágio
não é uma etapa que deve ser superficial, desprendida da realidade ou baseada apenas no
que se vê em gabinete, pois
[...] o estágio prepara para um trabalho docente coletivo, uma vez que o ensino
não é um assunto individual do professor, pois a tarefa escolar é resultado das
ações coletivas dos professores e das práticas institucionais, situadas em
contextos sociais, históricos e culturais.” (PIMENTA e LIMA, p.21, 2006,).
A ligação entre teoria e prática deve estar sempre presente na carreira docente,
desde a formação inicial até o exercício da função com a formação continuada. A luz para
educação está certamente na troca de experiências entre todos os níveis de educação, na
aproximação com as teorias e práticas do campo docente, buscando reconhecer os alunos,
a comunidade escolar e planejar assim as melhores estratégias de superação da atual
conjuntura de formação e carreira. E essa troca não deve se limitar somente a ida de
estagiários até as escolas, mas também é relevante ampliar a presença de professores da
rede nas universidades, seja com cursos de formação continuada, em mesas e debates,
enriquecendo ambos os lados.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Para se ensinar geografia, assim como todas as outras matérias precisamos partir
do concreto. Segundo Callai (2000, p.55), “a geografia é uma ciência social. Ao ser
estudada, tem que considerar o aluno e a sociedade em que vive”. Acredita-se que
considerar esse aspecto tanto no ensino de Geografia como em outras disciplinas, torna o
processo de escolarização mais adequado à realidade em que os educandos estão
inseridos.
Nos escritos de Callai (1999) nota-se a preocupação com um ensino que esteja
208
entrelaçado na realidade dos alunos, ou seja, um ensino que parta do lugar para a
compreensão do mundo. Assim, a literatura educacional tem destacado a importância da
inovação e da aplicação de materiais didáticos diferenciados nos processos de ensino e
aprendizagem.
Segundo Perrenoud (1996) é necessário que o educador invista na construção de
novas práticas e dispositivos alternativos de ensino. Neste contexto, é preciso propor na
prática docente a aproximação do estudante com seu espaço geográfico para produzir
novos conhecimentos, assim como aponta Lopes e Pontuschka:
Esta atividade pedagógica se concretiza pela imersão orientada na
complexidade de um determinado espaço geográfico, do estabelecimento de
um diálogo inteligente com o mundo, com o intuito de verificar e de produzir
novos conhecimentos. (LOPES E PONTUSCHKA, p.174, 2009)
209
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para além as problemáticas evidenciadas durante a trajetória do estágio com a
temática de Geografia de Santa Catarina, o desafio primeiro foi a falta de materiais
didáticos para auxiliar no processo. Pontuschka, Cacete e Paganelli (2009) denominam
de recursos didáticos vários tipos de materiais e linguagens como livros didáticos, livros
paradidáticos, mapas, gráficos, imagens de satélite, literatura, música, poema, fotografia,
filme, videoclipe e jogos dramáticos.
Esta falta de materiais cria diversas barreiras para alunos e professores. E se o
desafio do ensino de geografia é tornar os conteúdos mais próximos da realidade dos
alunos utilizando de materiais e informações do cotidiano, essa carência limita o objetivo
da disciplina.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
REFERÊNCIAS
LOPES, Claudivan S.; PONTUSCHKA, Nídia N. Estudo do meio: teoria e prática. In:
Geografia (Londrina) v. 18, n. 2, 2009.
Henrique Pitt89
Durante muito tempo a escola teve por única tarefa transmitir à criança os
conhecimentos adquiridos pelas gerações precedentes e exercitá-las nas
técnicas especiais do adulto. (...) Nessa concepção, a escola por certo supõe
uma relação social indispensável, mas apenas entre o professor e os alunos:
sendo o professor o detentor dos conhecimentos exatos e o perito nas técnicas
a serem utilizadas, o ideal é a submissão da criança a sua autoridade, e todo
contato intelectual das crianças entre si nada mais é que perda de tempo e risco
de deformações e erros (p. 138).
89
Licenciado e Bacharelado em Geografia, professor na E. M. Profª Neusa M. R. Vieira, Navegantes-SC,
pitthenrique@gmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
quanto pelo viés contemporâneo dos agentes diretamente envolvidos, no caso estudantes
de 9ºs (nonos) anos do ensino fundamental da rede pública do município de Navegantes-
SC, ao construtivismo teorizado pelo autor supracitado, ofertando autonomia de gestão
sobre ela em todas as suas instância evolutivas e dicotômicas, partindo de uma proposta
inicial celular e fragmentada, proporcionando tomadas de decisões imediatas, inclusive,
na aceitação do experimento, e posteriormente afastando-se como figura de professor
(controlador):
212
Porventura se pretende formar indivíduos submetidos à opressão das tradições
e das gerações anteriores? Nesse caso bastam a autoridade do professor e,
eventualmente, as "lições" de moral, com os sistemas de encorajamentos e das
sanções punitivas para reforçar essa moral da obediência. Pretende-se, pelo
contrário, formar simultaneamente consciências livres e indivíduos
respeitadores dos direitos e das liberdades de outrem? Então é evidente que
nem a autoridade do professor e nem as melhores lições que ele possa dar sobre
o assunto serão o bastante para determinar essas relações intensas,
fundamentadas ao mesmo tempo na autonomia e na reciprocidade. Unicamente
a vida social entre os próprios alunos, isto é, um autogoverno levado tão longe
quanto possível e paralelo ao trabalho intelectual em comum, poderá conduzir
a esse duplo desenvolvimento de personalidades donas de si mesmas e de seu
respeito mútuo. (Piaget [2], p. 71)
Eis que o conteúdo didático que se apresenta, conforme a apostila adotada pelo
município, para o primeiro bimestre dos 9ºs (nonos) anos é enfaticamente o processo de
globalização econômica vivenciado ao longo dos últimos séculos. No tomo relativo ao
segundo bimestre o material didático brevemente enviesa para a temática dos conflitos
territoriais historicistas, e em seguida pretende geograficizá-los, incluindo as instituições
internacionais/mundiais de poder; na sequência há destaque aos meios de transporte,
fontes de geração de energia, questões ambientais, e práticas e movimentos sociais que
supostamente rumam a um futuro alternativo para o planeta. É possível, portanto, dar
sequência aos conteúdos introduzindo-os associativamente à temática globalizante,
eventualmente corrigindo desatenções que afastam ou criam vácuos entre conteúdos, e
até a inversão dos mesmos, através da atividade experimental proposta.
esta apresenta-se como a única fonte bibliográfica ao alcance, e também por isso
distanciar-se e desestimular o interesse dos estudantes. Aqui, em paralelo ao ideário
psico-didático e metodológico buscado em Piaget, procuramos trazer também a
contribuição crítica de Milton Santos para a contemporização ativa da geografia:
Planeta 2: Colmeia - é o mais estruturado para a produção de mel, apesar de não possuir
jardins, logo, flores, consequentemente, néctar. Possui sistemas de defesa/ataque
moderados, adquiridos de outros planetas. Não faz parte do Conselho de Segurança da
OsPunidores.
- Planeta 10: semente - possui pequenos jardins e colmeias, limitados pelas condições
naturais do planeta. há uma abundante e excedente produção de sementes de flores. Não
tem sistemas de defesa/ataque. Faz parte do Conselho de Segurança da OsPunidores.
- Situação 1: a produção de mel não está sendo suficiente para atender as necessidades
totais do Universo, afetando principalmente os Ursos, e em consequência, os Caçadores.
Os Planetas devem apresentar propostas, individuais ou coletivas, as quais irão para
votação no Conselho da OsPunidores. 215
- Resultados (Anexo): Após duas aulas, entre a exposição, o conhecimento por parte dos
estudantes, e o desenvolvimento da situação-problema, os Planetas organizaram a
primeira reunião do Conselho, sugerindo e decidindo para a criação do posto de
presidente do Conselho, para situações de "voto de minerva", e também para organização
de pautas e documentações, posto que tem a rotatividade eleita a cada três reuniões. Os
Planetas apresentaram três propostas para a resolução da crise de produção, as quais se
mostraram semelhantes a blocos econômicos, e formação de redes, sendo que, sob
eleição, a proposta aceita abarca cinco planetas e envolve relações mercantis e bélicas.
Após cada etapa ocorre a discussão teórica dos conteúdos. A teoria e a prática são
invertidas para que as relações germinadas no experimento possam ser isentas de
influência prévia, e também para serem observadas e percebidas como exemplos e
comparativos quando vistas em situações semelhantes oriundas das informações
bibliográficas ou dos meios informativos sociais e midiáticos. Os resultados, propostas e
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Referências 216
Geografia: 9º ano / Francisco Carlos Rehme, Mauro Michelotto Braga; Curitiba: Positivo,
2014.
PIAGET, Jean; Para onde vai a educação?; Editora José Olympio, 3ª ed. Rio de Janeiro;
1975.
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como finalidade relatar a metodologia utilizada para
criação de um projeto pedagógico feito na disciplina Geografia Escolar II do curso de
Licenciatura em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
ministrada pela professora Roselane Zordan Costella e sua orientanda de doutorado,
Victoria Sabbado Menezes. Para criação deste projeto temos como pano de fundo o
desenvolvimento de competências e habilidades (COSTELLA, 2011). Para tal, achamos
adequado a utilização do método regressivo-progressivo, de Henri Lefebvre (MARTINS,
1996). Após sua elaboração, este projeto será apresentado como avaliação final para
disciplina.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
As competências e habilidades consistem em etapas do processo de aprendizagem.
As habilidades são pré-requisitos que possibilitam a assimilação de novos conteúdos
tratados a fim de que sejam utilizadas na construção de um novo pensamento. Esta
assimilação tensionada com o conhecimento prévio do aluno faz com que ele construa
um terceiro momento de seu pensamento sobre o assunto a ser abordado. Sendo assim,
“Uma competência é uma habilidade mais abrangente, mais complexa e uma habilidade
é reconhecida como uma competência de menor alcance.” (COSTELLA, 2011, p. 229).
Mas para que, afinal, servem as competências? Primordialmente, elas servem para
estabelecer uma direção a ser tomada no planejamento pedagógico, ou seja, ao final da
implantação deste o aluno deve ser capaz de utilizar o conteúdo construído, criando assim
uma competência em tal tema. Posteriormente, na construção de um novo pensamento,
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
O MÉTODO REGRESSIVO-PROGRESSIVO
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
identificar as relações verticais que fazem com que esta cotidianidade seja experienciada,
ou seja, quais os aspectos históricos que fazem com que parte da cultura asiática esteja
no seu dia a dia. Para tal, a atividade proposta será, inicialmente, que se pesquise a história
da Ásia, principalmente de suas relações com o mundo e sobretudo com o Brasil,
buscando entender a influência étnica, cultural e comercial exercida por este continente.
Posteriormente, que se busque identificar no espaço elementos referentes ao continente
asiático, tais como centros religiosos, lojas, etc., e reconhecer esta materialidade como
221
elementos que podem refletir uma influência cultural. Além disso, deve-se identificar,
também, produtos fabricados e marcas comerciais do continente, verificando de que país
elas vêm, atentando para a averiguação de quais produtos são apenas confeccionados
neste país e quais produtos são de fato lá produzidos e registrados. Chegamos neste
momento no desenvolvimento da habilidade 2 e 3.
Conclusões
Por se tratar da construção de um projeto a ser implantado, não conseguimos afirmar
com precisão os resultados de sua execução, porém conseguimos exercitar/refletir sobre
o ponto de vista metodológico e teórico, e além, sobre os caminhos a serem seguidos em
sala de aula, e acreditamos que a atividade de planejamento pedagógico é de essencial
importância para o trabalho docente.
Referências
222
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Introdução
É de consenso que a Educação Geográfica deve oportunizar aos estudantes
espaços para que compreendam as transformações no/do espaço geográfico e ao mesmo
tempo proponham possíveis soluções para os problemas nele existentes. Callai (2014)
destaca a importância do professor geografia, como um mediador entre os conceitos
científicos e a realidade imediata do estudante, bem como uma postura que propicie
espaços de debate e de proposições contextualizadas sobre a realidade imediata. Nesse
sentido, a Educação Geografia contribui na formação de uma sociedade com indivíduos
que pensam criticamente, que argumentam, que analisam a realidade em que estão
inseridos e que estão instrumentalizados para proporem soluções para os problemas
(CALLAI; MORAIS, 2017, CAVALCANTI, 2002).
Ao relacionar a Geografia e a realidade do estudante Martins (2014) destaca a
potencialidade que ela oferece para a compreensão social, por meio das relações de
trabalho e pela apropriação do espaço. Na mesma direção, Callai e Morais (2017, p.86)
destacam que a ação pedagógica contextualizada gera a “possibilidade de fazer uma
educação cidadã, uma vez que o objetivo é abordar os conteúdos da geografia,
construindo conceitos para fazer a análise geográfica com o olhar numa postura de
formação para a cidadania”. Nessa direção, entende-se de cidadania, como um conjunto
de direitos e deveres universais, os quais os indivíduos, enquanto seres sociais encontram-
se submetidos (NABAIS, 2005).
90
Doutorando em Geografia – Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Florianópolis,
abasquerote@yahoo.com.br.
91
Doutor em Geografia – Pontifícia Universidade Católica, PUC/RIO, Rio de janeiro,
epmenezes30@gmail.com
92
Doutora em Engenharia de Produção – Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, Florianópolis,
rosemy.nascimento@gmail.com.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Os resultados e a discussão
Ciente de que a prática docente deve ser pautada na emancipação e
instrumentalização dos estudantes para atuar de forma ativa e cidadã, a Educação
Geográfica deve promover a análise crítica da realidade. Nessa direção, coaduna-se à
concepção de Callai (2014) quando defende, que a educação Geográfica deve
instrumentalizá-lo para que o mesmo sinta-se como participante do espaço que estuda, se
considere-se sujeito ativo do seu processo de ensino e de aprendizagem e capaz de discutir
e propor soluções para os problemas de sua comunidade. Nesse sentido, a intervenção
pedagógica possibilitou que os estudantes analisassem a realidade onde vivem e
mencionassem os problemas existente. O estudante (E6) apresentou como emergencial,
o problema da dificuldade de qualificação profissional no município.
E6: Atrair universidades para o município.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
E2: Nosso município possui menos de 4000 mil habitantes, não comporta um polo universitário,
mas poderia haver investimento municipal para o deslocamento dos estudantes para outras
cidades ou auxílio na compra de livros, cópias, etc.
Grupo: A prefeitura municipal ter um ônibus que faça o transporte dos estudantes universitários
até a cidade polo da região onde encontram-se o maior número de cursos universitários.
(E10): Falta diversão para os jovens. (E3): Lugares para os jovens se distraírem. (E20): Faltam
opções de espaços pra diversão dos adolescentes. (E2): faltam opções de profissionalização para
os jovens.
(E7): Nós adolescentes e jovens temos a necessidade de diversão. Então, deveriam ser promovidos
retiros, acampamentos, palestras direcionadas aos jovens e adolescentes, com temas de interesse
pra essa faixa de idade. (E11): Como a universidade é um pouco longe, buscar trazer cursos
técnicos para a cidade.
Grupo: Trazer eventos pra cidade, reformar o ginásio de esportes, mais academias ao ar livre.
A Prefeitura buscar parcerias com entidades como SENAI, SENAC, Epagri, para oferecer cursos
de capacitação, seja na parte da agricultura, seja na indústria e comércio. Incentivar programas
como “jovem aprendiz”.
baseados em referenciais construídos sobre seu lugar de vida cotidiana, sobre suas
práticas locais, sobre seu país, e é para essa meta que os conteúdos da geografia devem
servir”. Ne mesma direção, outra preocupação mencionada pelos estudantes é a falta de
opções de emprego na cidade, em especial para os jovens. Por ser um município
essencialmente agrícola, existem poucas opções de trabalho além da agricultura. Nesse
sentido, os estudantes relataram:
(E8): Falta oportunidade para os jovens na questão do emprego. (E18): Falta postos de trabalho. 226
(E20): Falta emprego para os jovens que acabam tendo que sair pra outra cidade, para conseguir
trabalho.
(E11), (E8), (E15): A prefeitura incentivar a vinda de empresas para a cidade. (E9): capacitar
os jovens para se tornarem empreendedores.
Grupo: Prefeitura dando incentivos fiscais.
Considerações finais.
Esse estudo objetiva analisar as percepções dos estudantes acerca dos problemas
locais e das possíveis soluções apresentadas por eles sob o viés da Educação Geográfica
e da Cidadania.
Evidenciou-se que para esses estudantes a intervenção pedagógica sob o viés da
Educação Geográfica possibilitou à eles conhecer e estabelecer relações entre o lugar em
que se vivem e os problemas nele existentes e propor alternativas para solucioná-los. Tal
assertiva evidencia-se na preocupação com a qualidade das estradas de terra, à medida
que a maior parcela destes estudantes são oriundos da zona rural do município e utilizam
o transporte escolar público para ir à escola.
Constatou-se que a educação geográfica, pode favorecer o desenvolvimento da
cidadania na Educação Básica e que seus estudantes são capazes de refletir criticamente
sobre os problemas do cotidiano. Assim, ao permitir que eles manifestem suas angústias,
interesses, preocupações, emergem problemas que porventura não apareceriam, se os
sujeitos fossem de outras faixas etárias, ou outras cidades, entre outros. Como por
exemplo, a necessidade de investimentos em entretenimento, foi citada por sete
estudantes. No entanto, não foram mencionados problemas como violência, favelização,
mobilidade urbana, entre outros, problemas amplamente enfrentados por adolescentes e
jovens de municípios mais populosas, ou de centros urbanos maiores.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Referências
CALLAI, H. C. A geografia é ensinada nos anos iniciais? aprende-se geografia nos anos
iniciais? In: TONINI, Ivaine Maria et al. (Orgs). O ensino de geografia e suas
composições curriculares. Porto Alegre: Mediação, 2014. p. 31-42.
228
Eixo: 2 Práticas de ensino contemporâneas
Introdução
Considerando o fenômeno da urbanização, sua ocorrência, intensificação nas
últimas décadas, e pensando nesta como um conteúdo parte da geografia escolar, é
importante perceber que este fenômeno faz parte do cotidiano de uma expressiva parte
dos discentes da educação básica. Frente a isto, de acordo com Sposito (1988, p.56):
“Tomamos [...] o uso do termo urbanização no sentido de aumento da população que vive
em cidades em relação à população total”. Sendo assim, salienta-se a importância em se
realizar o estudo deste fenômeno e sua ocorrência no cotidiano.
Diante disso, pensando na urbanização, neste caso esta é trabalhada à luz da
perspectiva da dinâmica espaço-temporal, que de acordo com Costa (2015, p.39) se
apresenta como: “[...] as mudanças ocorridas nos últimos [...] anos na área de estudo com
base no uso e ocupação do solo [..]”. Sendo assim, sobre esta ótica, pensou-se em
trabalhar as mudanças ocasionadas pela intensificação do processo de urbanização nas
últimas décadas no espaço.
Deste modo, pensando em propor novos recursos e novas metodologias para aulas
as aulas de geografia, de modo a torna-las mais dinâmicas, pensa-se nas imagens de
satélite e fotografias aéreas como instrumentos para observação do fenômeno da
urbanização. Diante disso, problematiza-se a maneira em que o uso destes dois recursos
nas aulas de geografia pode contribuir para se trabalhar a dinâmica espacial e temporal
da urbanização.
93
Licenciada em Geografia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, E-mail:
stefany_freitas96@hotmail.com
94
Doutorando em Geografia, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Curitiba, E-mail
ramonbieco@hotmail.com.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Sendo assim, desenvolveu-se uma prática pedagógica com uma turma de oitavo
ano do Ensino Fundamental afim de verificar o potencial agregador do uso das imagens
de satélite e fotografias aéreas pelos docentes ao ministrar aulas que trabalhem a questão
na urbanização e o espaço urbano.
Figura 01: Cartaz produzido pelos estudantes após a realização da prática pedagógica
Fonte: Os Autores, 2018
Como encerramento, cada grupo socializouo que produziu para a turma relatando
como foi o processo de elaboração dos cartazes e o que puderam aprender com a
atividade.
Considerações Finais
Tendo em vista a problematização inicial feita,e com base na proposta da inserção
do uso das imagens de satélite e fotografias aéreas nas aulas de geografia, torna-se
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Referências
233
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Este artigo pretende expor a metodologia de uma capacitação feita pelo projeto
Expedições Geográfica, da UFPR. O projeto surgiu em 2006 com o objetivo de aumentar
o número de aulas de campo para os alunos da graduação em geografia na UFPR, visando
somente à região da serra do mar. Em 2007 o projeto foi vinculado ao programa licenciar
da universidade, que apóia o desenvolvimento de projetos voltado à melhoria de ensino
nas licenciaturas, sempre buscando relacionar os três pilares da universidade, a pesquisa,
o ensino, e a extensão. Em 2008 o projeto passou a trabalhar com os colégios da rede
pública, com a realização de trilhas pela serra do mar (ainda sendo o único local de
campo). Em 2010 os locais de aula de campo se expandiram além da serra, indo até o
segundo planalto paranaense, com o apoio de ônibus da universidade. Entre 2013 e 2015
o projeto passou por uma reformulação pelo corte de verbas e transporte, buscando
alternativas para continuar trabalhando com os alunos e a rede pública de ensino. A
proposta foi trabalhar com a geografia do cotidiano/do dia a dia, no próprio ambiente da
escola, do seu entorno e do bairro dos alunos, buscando modificar a visão sobre a
organização do espaço vivenciado. Por exemplo: o córrego de água não é uma valeta, e
sim um rio. A metodologia de trabalho, então estabeleceu três procedimentos: um pré-
campo (uma exposição teórica em sala com conceitos), o campo (para a observação, uma
prática), e o pós-campo (para gerar reflexões e produtos de materiais relacionando os dois
itens anteriores) “Se nossos alunos puderem ter na Geografia um instrumento útil de
95
Graduando em Geografia (3º período) pela Universidade Federal do Paraná, em Curitiba –
roberto85am@gmail.com
96
Graduanda em Geografia (7º período) pela Universidade Federal do Paraná, em Curitiba -
krul.jeniffer@gmail.com.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
leitura do mundo estaremos ajudando a construir não só uma escola como uma sociedade
mais crítica e indignada contra toda e qualquer miséria humana”.(Kaercher, 1996).
Como as atividades do Projeto expedições sempre tiveram relação direta com os
ambientes de ensino básicos público, foi possível observar algumas dificuldades para o
trabalho em sala de aula. Por demanda dos próprios profissionais de ensino, foram
oferecidas capacitações que envolveram desde as construções de maquetes com papelão
e isopor, até o uso de programas/softwares.
235
O trabalho que será descrito a seguir foi criado para profissionais de pedagogia
que dão aula de geografia para o ensino infantil, e que não tem uma formação específica
em tal matéria. A proposta de capacitação teve como título: “Uso de geotecnologias em
sala de aula tendo como ferramenta o Google Earth”, com a seguinte ementa: aplicação
do software Google Earth para uso em sala de aula, com a intenção de aprender a capturar
imagens, criar layouts, gravar vídeos que ficam disponíveis off-line, além da aplicação de
contextos básicos de cartografia e fotogrametria. Foram agendadas três datas para essa
capacitação com três caminhos pedagógicos diferentes. No primeiro encontro buscava-se
como tema geral a ‘visão horizontal x visão vertical’, em seguida o entendimento da
‘dinâmica da paisagem’, e por último o ‘mapa temático’.
No tema da ‘visão horizontal x visão vertical’ busca-se trabalhar com elementos
da cartografia, apresentar o software, e aplicar uma atividade denominada ‘Vocês
reconhecem?’, usando como recurso didático os seguintes itens: computador, internet,
Google Earth Pro, projetor, e impressões coloridas. Na área da cartografia busca-se a
explicação de determinados conceitos, considerando as definições do IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) sendo eles: carta, planta, mapa, croqui, escala,
legenda, orientação, projeções cartográficas (Mercator, Peters,...), hipsometria, latitude,
longitude, paralelos, meridianos, coordenadas geográficas, e curvas de níveis, podendo
haver mais conceitos apresentados.
Na apresentação do Google Earth, a proposta teve como objetivo apresentar de
maneira sucinta o programa, mostrando como abrir, fazer pesquisas de locais, e uma fala
rápida sobre o significado de cada ícone, para posteriormente se aprofundar na captura de
uma imagem vertical e o uso do ‘streetview’ para a obtenção de uma imagem horizontal.
A atividade ‘vocês reconhecem?’ têm como objetivo o reconhecimento de locais a partir
de uma visão vertical, para que se entenda a relação entre a visão horizontal e a visão
vertical dos objetos. Pois a forma é um elemento de reconhecimento, que favorece a
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
236
sala de aula com os alunos, sendo guiado diretamente pelo operador do software. E esse
método possibilita trabalhar com as questões dos conceitos expostos acima. Como
conclusão dessa aula foi realizada uma discussão de conceitos como transformação de
paisagem pela urbanização e os impactos ambientais e sociais decorrentes desta. Foram
citados como exemplo, as ocupações irregulares nas margens de rios, que leva tanto a
alteração do fluxo do corpo hídrico, como, em eventos extremos, a possibilidade de
inundações.
237
Referências
97
Graduando em Geografia pela Universidade Federal do Paraná, Curitiba, andre.pr.cwb@gmail.com
98
Graduando em Geografia pela Universidade Federal do Paraná, Curitiba, julia.kelli.lopes@gmail.com
99
Google Street View é um recurso do Google Maps e do Google Earth.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
imagens as mudanças necessárias na paisagem para tornar aquele lugar o mais ideal
possível. Essa é uma atividade que exige do aluno uma leitura espacial acerca dos
problemas encontrados nas imagens, assim como a proposição de soluções. A experiência
no uso dessa ferramenta, como procedimento didático, permitiu observar que há uma
possibilidade de o aluno experimentar e se reconhecer como cidadão ativo na sociedade
e que pense sobre o espaço a partir de uma alfabetização geográfica.
Sabendo que o processo de urbanização é algo que vem se intensificando no
240
decorrer do último século, trazer o estudo acerca deste tema, como parte do cotidiano
vivenciado, é uma experiência notável. Em seguida, se elaborou uma atividade que
consistiu em imagens de satélites retirada pelo Google Earth em diferentes anos,
buscando observar as mudanças ocorridas ao longo do tempo. Antes de mostrar as
imagens, uma aula teórica foi proposta elencando os elementos de fotointerpretação
geográfica (textura, cor, forma, etc.) para que os discentes pudessem então analisar as
imagens do Google Earth.
A aula expositiva dialogada seguiu de maneira a mostrar aos alunos as diferentes
imagens ao longo do tempo, perguntando a eles como era o seu bairro, como está
atualmente, o que eles conseguiam observar de mudança nas imagens e como isso
coincidia com os conhecimentos prévios dos alunos. Durante esta aula, foi possível
concluir, em conjunto com os alunos, que o bairro Campo de Santana tem uma
urbanização recente em Curitiba, sendo muito dinâmico e de crescimento rápido, sendo a
especulação imobiliária da região uns dos principais fatores dessa aceleração.
Após a percepção vertical dos elementos das imagens pelos alunos, efetuou-se
uma atividade que contextualizasse o que eles observam da realidade. Posto isto, se
construiu um jogo de tabuleiro com imagem de satélite, de perguntas e respostas. O
processo criativo do jogo seguiu da seguinte maneira: com o software Quantum GIS
(Qgis), criou-se um arquivo em formato Keyhole Markup Language (KML), que
mostrasse os rios, a divisão dos bairros e dos municípios. Esses elementos foram
transpostos para o Google Earth. No Google Earth foram escolhidos pontos específicos
identificados pelos marcadores do próprio software (fig. 1). Essa imagem serviu de base
como tabuleiro do jogo. Para cada ponto plotado foram feitas 15 perguntas afirmativas
sobre ele.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
241
Figura 1: Imagem gerada pelo Qgis e Google Earth para o tabuleiro do jogo.
Fonte: Autores.
O jogo funcionou da seguinte maneira: os alunos se dividiram em grupos, e cada
grupo tinha 1 minuto para responder uma pergunta sorteada sobre um determinado ponto
do tabuleiro. Se o grupo acertasse ele ganhava uma moeda correspondente à cor do ponto,
passava a vez para o próximo grupo e não respondia mais perguntas sobre aquele ponto,
apenas sobre outros pontos. Se o grupo errasse, ele apenas passava a vez. Venceria o
grupo que conseguisse adquirir todas as moedas correspondentes a cada cor dos pontos
do jogo. Dessa proposta de jogo se reduziu um recurso educacional aberto (REA),
publicado por Souza e Silva (2018).
A adoção de imagens de satélite pode enriquecer o ensino da Geografia e imprimir
o dinamismo necessário ao estudo do espaço geográfico, pelas várias vantagens que
apresenta, dentre as quais, a possibilidade de se observar a paisagem de uma forma menos
abstrata do que a apresentada no mapa. (CARVALHO; CRUZ, 2001). As imagens de
satélite foram utilizadas de maneira a tornar a aula dinâmica e também divertida. Foi
colocado em prática o proposto por Celso Antunes (2017), onde se alternem aulas
expositivas com jogos operatórios, atividades dinâmicas e trabalhos em grupo, que
tenham a finalidade de simular a realidade do aluno e fazer com que os mesmos debatam
o assunto, decifrem os códigos e aprendam significativamente, tornando a aula mais
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Referências
SOUZA, André da Silva de; SILVA, Julia Kelli Lopes da. “Novo Olhar - conhecendo o
meu bairro.” Uso de jogo de tabuleiro com imagem de satélite para as percepções das
dinâmicas espaciais do bairro em que o colégio está inserido. REA Paraná UFPR. 2018.
Disponível em: <https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/54264>
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
100
Graduanda em Geografia, na Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC, situada em
Florianópolis/SC, barbara.grando@gmail.com
101
Graduando em Geografia, na Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC, situada em
Florianópolis/SC, mdearaujo22@gmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
O Brasil possui paisagens muito diversas, tanto no que se refere aos aspectos
naturais quanto aos aspectos econômicos e culturais. O que vemos numa
paisagem é resultado de uma combinação dinâmica entre elementos naturais e
elementos culturais. (GARCIA & BELLUCCI, 2015)
Geografia, assim como defende a BNCC, quando esta fala de competências específicas
de Geografia para o Ensino Fundamental.
Apesar de, na prática, não ser possível haver uma aprofundada discussão sobre
cada ponto abordado nos livros didáticos, esses pontos devem ser relacionados,
trabalhados em conjunto (até mesmo com outras matérias), para que assim possa se ter
uma maior percepção da realidade das relações que acontecem e que vivenciamos.
e/ou textos, buscando expor a nova ideia construída em grupo e a partir da aula ministrada
anteriormente. Os alunos devem buscar responder a questionamentos como: “Como é a
região amazônica?”; “Que pessoas vivem ali?”; “Como elas vivem ali?”; “Quais são as
atividades desenvolvidas?”; “Qual é a minha percepção sobre a região após a aula?”.
Com esta atividade, espera-se o desenvolvimento de uma noção mais ampla e
crítica sobre a região amazônica e as relações que lá acontecem entre a sociedade e o meio
- com o intuito de quebrar o pensamento clichê que existe sobre esta região do país e as
248
comunidades tradicionais que lá residem. Além disso, busca-se a criação de uma relação
entre as atividades e modos de vida presentes no norte e no sul do país que na realidade,
tornam-se indissociáveis.
Referências bibliográficas
PINA, Paula Priscila Gomes do Nascimento. A relação entre o ensino e o uso do livro
didático de geografia. 2009. Dissertação (Mestrado), Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências Exatas e da Natureza Programa de Pós-Graduação em Geografia,
UFPB, João Pessoa, 2009.
102
Daiane Peluso, Graduada em Geografia Licenciatura Plena pela Universidade Estadual do Oeste do
Paraná (2017), discente do Programa de Pós – Graduação em Geografia nível mestrado, linha de pesquisa
Educação e Ensino de Geografia, sob orientação da professora Dr ª Marli Terezinha Szumilo Schlosser em
Universidade Estadual do Oeste do Paraná campus Francisco Beltrão – Paraná, e-mail:
daiane_peluso@hotmail.com
103
Marli Terezinha Szumilo Schlosser, Doutora em Geografia, professora do curso de Geografia e
Mestrado/Doutorado em Geografia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE - campus
de Marechal Cândido Rondon e Francisco Beltrão/PR. Integrante do Laboratório de Pesquisa LEG –
Laboratório de Ensino de Geografia e Linha/Grupo de Pesquisa ENGEO – Ensino e Práticas de Geografia,
número do grupo 34953/2011, cadastrado junto à Unioeste, e-mail: marlisch20@hotmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Assim sendo, para Freire (2016), o ato de ensinar não é a atividade pura e
simplesmente de transferir conhecimento, é também criar possibilidades par o seu
desenvolvimento.
Callai (2013 p.20) elenca três categorias que possibilitam o desenvolvimento do
ensino e aprendizagem:
104
Dionísio, mitologia grega era o Deus do Vinho e das festividades relacionadas às épocas de colheita,
segundoFiest (2005), é considerado pai do Teatro
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Com base em Travaglia (2017), considera-se o Esquete como uma peça teatral
curta, e em alguns casos com delimitação de duração de no máximo 10 minutos, sendo
que o mesmo é apresentado em diversos locais como, por exemplo, teatros de revista,
circos, televisão, escolas, igrejas, etc., sua representação geralmente é de cunho
humorístico ou cômico.
Desta forma tanto a sala de aula, como o saguão e os demais espaços da escola
se transformam em palcos, onde se estabelecem diversas formas de comunicação,
expressões e troca de conhecimentos entre outras coisas, que enfim proporcionam ao
aluno o contato com o que vem sendo trabalhado, possibilitando o debate e a conversa,
que são as bases da aprendizagem.
A finalidade do esquete pode ser introdutória de um tema que posteriormente a
apresentação englobe o diálogo e discussão sobre os problemas encenados, ou aspectos
da vida e vividos no momento pelo grupo receptor.
Com as articulações teóricas, em especial o olhar sobre Esquete, desenvolve-se
atividades práticas e pesquisa no Colégio Estadual do Campo Aprendendo com a Terra e
com a Vida, com sujeitos desta escola do campo. No contente embolam-se questões
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
REFERÊNCIAS
253
BOAL, Augusto. Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas.Editora Civilização
Moderna. 06ª edição Rio de Janeiro, 1991.
CALDART, Roseli Salete. Por Uma Educação do Campo: traços de uma identidade em
construção. In: KOLLING, Edgar Jorge; CERIOLI, Paulo Ricardo osfs; CALDART,
Roseli Salete (orgs) Por Uma Educação do Campo: educação do campo: identidade
e políticas públicas. Articulação Nacional por uma Educação do Campo. Brasília – DF.
2002. Disponível em:
<http://www.forumeja.org.br/ec/files/Vol%204%20Educa%C3%A7%C3%A3o%20B%
C3%A1sica%20do%20Campo.pdf>. Acesso em: 20 abril 2018.
FIEST, Hildegard. Pequena viajem pelo mundo do Teatro. Editora: Moderna. São
Paulo, 2005.
GRANERO, Vic Vieira. Como usar o teatro na sala de aula. São Paulo: Contexto, 2011.
MOURA, Manoel O. de. et. al. A Atividade orientadora de ensino como unidade entre
ensino e aprendizagem. In: Moura, Manoel O. de. A atividade pedagógica na Teoria
Histórico-Cultural. Brasília: Liber Livro, 2010.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Introdução
A Ciência Geográfica, quase sempre, foi ou ainda é rotulada como uma somatória
de conhecimentos decorados. Conforme salienta Carvalho (2007) o ensino de geografia
sempre foi baseado na memorização de nomes, quer de rios, de montanhas, de cidades,
ou de qualquer outro aspecto do espaço, desde o seu surgimento como disciplina escolar.
Visando quebrar este estereótipo, cabe ao professor na sala de aula questionar qual
geografia foi ensinada ao longo dos tempos e qual geografia está se ensinando, ou
tentando se ensinar.
Ainda citando Carvalho (2007, p. 21), ao descortinar esta situação anacrônica, os
estudos voltados ao ensino de Geografia, na maioria das vezes, indicam que a ciência
geográfica está em crise. Será que realmente está em crise? Para a mesma autora para se
entender esta crise é preciso compreender o momento em que estamos vivendo, marcado
por informações em abundância, onde tudo acontece de forma rápida, onde o novo sempre
pode ser substituído, quase que imediatamente, por algo ainda mais novo.
Vale ressaltar, que para se desfazer deste rotulo, o professor precisa encontrar
formas teóricas e metodológicas de tornar o ensino de geografia mais próximo dos alunos,
com conteúdo mais atrativo. Esta aproximação se faz necessária porque os alunos vivem
um momento onde tudo para eles é passageiro.
A busca por diferentes metodologias deve fazer parte do planejamento cotidiano
do professor e de seu constante processo de atualização. Que estas diferentes
metodologias “possam ser compostas de estratégias de ensino e técnicas de ensino,
entendidas como meios e não fins e, portanto, podem e devem ser alteradas sempre que a
105
Mestrando em Geografia pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE),Marechal
Cândido Rondon – Paraná, eliton.nvais@gmail.com.
106
Professor/Orientador da Graduação e Pós-Graduação em Geografia da Universidade Estadual do Oeste
do Paraná (UNIOESTE), Marechal Cândido Rondon, edeziocunha@hotmail.com.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
reflexão crítica do professor sobre a sua prática pedagógica cotidiana sugerir” (NÉRICI,
1986 apud. SURMACZ e ANDRADE, 2015, p. 33).
Visando aumentar o leque de opções disponíveis a seu favor, o professor deve se
renovar, buscar infindáveis estratégias de ensino. Entre as muitas estratégias que podem
ser utilizadas, surgem os jogos como uma alternativa de dinamização do processo de
aprendizagem. Assim, o objetivo deste trabalho é apresentar os jogos como estratégia de
ensino em Geografia, onde adotamos como metodologia a revisão bibliográfica.
256
Revisão bibliográfica
A palavra jogos possui inúmeras definições e variações. Para Strapason (2011, p.
13) quando pensamos em jogos na maioria das vezes o associamos
[...] à atividade física ou mental associada a passatempo ou divertimento, tais
como jogos de bola, jogo de cartas, jogo de memória, jogos de damas, de
xadrez ou mais atualmente a jogos computacionais. Associamos então, aos
jogos, atividade de lazer ou, no máximo, atividades mentais que desenvolvem
o raciocínio. Todas essas atividades possuem a principal característica dos
jogos, que é a de obedecer a regras previamente combinadas e possuir sempre
um ganhador e um perdedor.
Citando Dinello (2004, p. 19), Strapason (2011, p. 14) o jogo além de ser
considerado um passatempo, atividade ou ocupação voluntária, também representa:
Um âmbito de socialização, com uma grande liberdade de inventar
regras e relações, possibilitadas pelo fato de situar-se à distância de
determinismos convencionais. É a ocasião de interiorização de atitudes,
de tomar iniciativas pessoais e de dar respostas aos demais. Por
momentos, divergindo do grupo, assumindo compromissos de lealdade
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Referências
258
BREDA, Thiara Vichiado. O uso de jogos no processo de ensino aprendizagem na
Geografia escolar / Campinas, SP.: [s.n.], 2013.
CARVALHO, Maria Inez da Silva de Souza. Fim de século: a escola e a geografia / Ijuí:
Ed. Unijuí, 2007.
HUIZINGA, Johan. Homo ludens: o jogo como elemento de cultura. São Paulo: EDUSP,
1971.
NÉRICI, Imídio Giuseppe. Metodologia do ensino: uma introdução. São Paulo: Atlas,
1986.
107
Acadêmica do curso de graduação em geografia, Universidade Federal da Fronteira Sul, Erechim,
carnielalexandra@gmail.com
108
Acadêmico do curso de graduação em geografia, Universidade Federal da Fronteira Sul, Erechim,
darlanlccn@gmail.com
109
Acadêmica do curso de graduação em geografia, Universidade Federal da Fronteira Sul,
Erechim ,nediane.f.busatta@gmail.com
4Acadêmica do curso de graduação em geografia, Universidade Federal da Fronteira Sul,
Erechim,jairsandrabortolassi@gmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
263
forma pensar no uso da água, na forma como está distribuída. E de que maneira a
disponibilidade hídrica e de outros recursos interfere no ordenamento e planejamento
territorial, na organização da sociedade, nas atividades econômicas desenvolvidas, na
cultura, no lazer e na vida cotidiana.
Referências
ANEXO I
110
Acadêmico no curso de Geografia - Licenciatura, Universidade Federal da Fronteira Sul, Chapecó - SC,
gersonjrnaibo@outlook.com.
111
Acadêmico no curso de Geografia - Licenciatura, Universidade Federal da Fronteira Sul, Chapecó - SC,
romuloscariot@gmail.com.
112
Acadêmica no curso de Geografia - Licenciatura, Universidade Federal da Fronteira Sul, Chapecó - SC,
vanessaioriati@hotmail.com.
113
Doutor em Geografia, Universidade Federal da Fronteira Sul, Chapecó-SC,
ederson.nascimento@uffs.edu.br.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na realidade brasileira, cada vez mais a educação tem se mostrado uma tarefa
complexa e desafiadora. Ao mesmo tempo, é fato que nunca se teve à disposição tantas
ferramentas para auxiliar nesse processo. Cabe ao professor, então, definir quais dessas
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
didática fora da escola, a qual pode ser, por sua vez, resultante da inexistência de uma
cultura de aulas de campo na educação básica. Afinal, apesar de os licenciandos
geralmente tomarem contato com atividades de campo nos cursos de formação de
professores, estas tendem, em sua maioria, a complementar as abordagens teóricos e
técnicas dos conteúdos acadêmicos, de modo que o estudo da replicação desta prática na
escola para quando eles estiverem lá atuando acaba, não raro, ficando comprometido.
Esperamos, com este trabalho, fornecer uma contribuição para estudantes licenciandos e
271
professores (da educação básica e dos cursos de licenciaturas), a fim de que se possa
aprofundar as reflexões e ações nesta matéria.
REFERÊNCIAS
Apresentação
A educação especial, entre os parâmetros que a regem, demanda com extrema
relevância da inclusão. Diante disso, a forma de avaliação e a metodologia exercida pelo
professor(a) de igual forma necessita ser reconfigurada, no intuito de distanciar-se das
práticas padronizadas e a fim de alcançar as múltiplas habilidades presentes na turma.
Logo, ressalta-se que a educação especial possui indivíduos com habilidades e
expressividades singulares. Neste viés, esse trabalho tem como objetivo auxiliar no
processo de renovação de atividades ao propor dois exercícios que se relacionam com a
geografia, e sobretudo, com a espacialização e orientação.
Contextualização
114
Graduanda em Geografia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, larissahadassa88@gmail.com
115
Graduanda em Geografia, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, maira.ufpr@gmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Metodologia
uso de uma mapa municipal/regional da cidade em que encontra-se a escola, a partir disso
o professor(a) pergunta para cada aluno em que bairro ele(a) reside, e de acordo com a
resposta pontua no mapa o bairro e região em que o mesmo situa-se. Por conseguinte, o
professor(a) consegue contextualizar sobre os pontos cardeais. Outro material possível
para auxiliar esse momento é o desenho/imagem de uma rosa dos ventos em um tamanho
maior (pois geralmente o norte do mapa é pequeno), para que a cada resposta o
professor(a) aproxime a rosa dos ventos sobre o bairro citado e a turma juntamente com
274
o professor(a) possa identificar em que direção encontra-se. Recomenda-se que o mapa
seja colocado no chão e que a turma sente ao redor, como uma roda, para facilitar a
visualização do mapa e aproximar o diálogo. Para além disso, os discentes podem contar
sobre o seu trajeto até a escola, visualizando a origem e o destino do deslocamento que
ele(a) percorre.
Considerações finais
métodos diferenciados. Para além disso, a educação especial inclusiva de igual forma
demanda de metodologias que estimulem a autonomia do aluno, bem como sua
expressividade sobre a absorção do conteúdo. É notório que esse não é um caminho fácil,
trata-se de uma trajetória em constante processo de modificação, onde a configuração
sobre a avaliação padronizada começa a ser superada. Neste sentido, a geografia faz parte
desse caminho, sobretudo ressalta e dá voz à respeito das experiências e percepções
vivenciadas pelo indivíduo em seu espaço.
275
Referências
Introdução
Observa-se que atualmente a sociedade vivencia o espaço geográfico a partir da
interação social, frente às dinâmicas naturais e culturais, e suas intervenções na paisagem
geográfica. Neste contexto, a compreensão do conteúdo de Geografia lecionado nas
escolas e colégios que ofertam o ensino fundamental e médio é de grande importância na
formação dos(as) discentes de modo, que após a conclusão do processo, a pessoa se torna
um(a) cidadão(ã) com plenas condições para sua vivência crítica na sociedade. Neste
sentido, conforme exposto por Libâneo (2013, p.15), “Não há sociedade sem prática
educativa nem prática educativa sem sociedade”.
Diante disso, a pesquisa objetivou analisar como a literatura pedagógica interpreta
a dinâmica pedagógica do(a) docente de Geografia e suas interconexões ao processo
Ensino-Aprendizagem, bem como compreender as práticas de ensino utilizadas
atualmente e seus níveis de adaptação aos conteúdos específicos.
Salienta-se que a pesquisa se justifica por evidenciar o debate teórico acerca do
trabalho pedagógico na docência da Geografia na educação básica, considerando a
emergente lacuna da discussão da construção e reestruturação do currículo. Assim sendo,
metodologicamente, realizou-se um levantamento bibliográfico acerca dos livros, leis e
artigos que subsidiam as reflexões teóricas acerca do processo ensino e aprendizagem de
Geografia.
116
Acadêmico em Geografia, Centro Universitário Campos de Andrade, Curitiba, E-mail:
henriquegarcia.geo@outlook.com
117
Graduado e Doutor em Geografia,Centro Universitário Campos de Andrade, Curitiba, E-mail:
denecir.dutra@terra.com.br
118
Graduado, Mestre e Doutorando em Geografia, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Curitiba, E-
mail: ramonbieco@hotmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Estado do Paraná
A pesquisa compreende que a prática educativa engloba diversos processos
formativos, por meio da coexistência das pessoas com o coletivo que se dá o
desenvolvimento de tais modos gradativos e pontuais frente ao processo sistêmico, da
sociedade perante seus atributos funcionais inerentes à Geografia.
Considerando o currículo da educação básica no estado do Paraná, de acordo com
as Diretrizes Curriculares da Educação Básica de Geografia (PARANÁ, 2008), o ser
277
humano é o resultado do espaço, e da paisagem onde está inserido, de modo que é o
reflexo de sua convivência social.
Desse modo, o mesmo documento indica que as mais distintas pessoas, devem ter
a possibilidade da aquisição do conhecimento alçando pelo ser humano. Todavia, nas
instituições de ensino a instrução de tais avanços, se dá por meios distintos como, por
exemplo, os conteúdos específicos fragmentados nos currículos que são organizados por
ano e também o encaminhamento metodológico utilizado pelos(as) docentes de Geografia
(PARANÁ, 2008).
Partindo desse pressuposto, afere-se que o(a) docente tem o objetivo de ensinar, e
o(a) discente de aprender. Acresce que por meio da interação entre docente e discente,
surge o processo chamado ensino-aprendizagem. Logo, a prática pedagógica utilizada no
processo de ensino-aprendizagem, tem relevância para o(a)docente, discente, que é o
resultado do processo ensino-aprendizagem, pois a escolha do método apropriado se torna
um instrumento indispensável no auxílio docente.
Desse modo, à docência geográfica compromete-se com toda a sociedade na
formação dos(as) discentes, que, por meio de sua compreensão e suas práticas
pedagógicas, instrui, gradativamente ao longo de todo o período em que o mesmo está
inserido no processo escolar.
Porém, é difusa na sociedade brasileira as carências do ensino público e das
situações de trabalho a qual os(as) docentes estão expostos entre os vários fatores como,
por exemplo, a remuneração (que exorta os(as) profissionais a se submeterem a excessiva
e estressante carga horária semanal de docência), a falta de infraestrutura perante as
condições de trabalho, além de uma pedagogia inadequada às realidades das escolas
periféricas, pois está atrelada a falta de investimentos por parte dos governos e suas
esferas, e no meio privado também há falta de investimento a qual se relaciona de forma
direta e indireta com a qualidade de ensino.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Esta pesquisa tem como foco analisar as identidades musicais juvenis e suas
representações como possibilidades para o desenvolvimento de práticas pedagógicas nas
aulas de Geografia, denominadas: Pedagogias Geoculturais. A análise está direcionada
para entender como esses jovens são interpelados pela música através das mídias sociais
e suas formas de manifestação da musicalidade para mediar análises espaciais contextuais
que possam estabelecer pertencimentos territoriais.
Observando os jovens da periferia urbana da região Metropolitana de Porto
Alegre, percebi o quanto a música, por ser uma expressão da linguagem pode ser
constitutiva desses sujeitos, produzindo representações culturais, como por exemplo,
identificar-se com o rap121 por expressar contestações acerca do modo de vida no espaço
urbano, suas mazelas e territorialidades.
A identidade musical desses jovens é percebida na sala de aula, que mesmo com
legislações vigentes acerca da proibição do uso de aparelhos celulares e com o acesso
restrito à internet nesses locais, utilizam constantemente seus telefones celulares, para
ouvir músicas, demonstrando que esse artefato cultural é significativo em seu cotidiano.
Como professora me inquieto com o olhar dos jovens sobre o mundo, quero conhecer
suas subjetivações, para saber quem são os sujeitos que interpelo pelo diálogo geográfico
para utilizar linguagens significativas e contribuir de algum modo na leitura espacial que
produzem em seu cotidiano.
119
Acadêmica do Programa de Pós-Graduação em Geografia Universidade Federal do Rio Grande do
Sul.Porto Alegre. E-mail de contato: karen.s.soares@gmail.com
120Docente do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Porto Alegre. E-mail de contato: ivaine@terra.com.br
121
Rap -abreviação derhythm and poetry - ritmo e poesia.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Mas que músicas ouvem? Quais representações culturais são construídas com ou
por meio dessa prática cotidiana? A sociedade globalizada consumista, estética e da
imagem chega por esse meio aos nossos alunos? De quais formas? O entendimento desse
processo pode contribuir para um discurso pedagógico mais direcionado que possibilite
a compreensão de mundo de nossos alunos jovens?
Para que a Geografia possa ser apreendida no cotidiano a que pertencem os
sujeitos jovens imersos na cultura contemporânea, precisamos entender e construir os
282
signos que partilham, para significar a linguagem geográfica. É significativo se apropriar
do território para entender o mundo, a Geografia passa pelas territorialidades e pelo
entendimento que o jovem faz desse recorte espacial que pode estar restrito ao bairro, a
casa, a escola ou compartilhado nas redes, mas que constitui território, espaço onde
operam relações de poder. O nível de abstração desse processo demanda conhecer mais a
fundo as culturas juvenis, a realidade do bairro, os conhecimentos prévios dos alunos, as
marcas identitárias da juventude contemporânea.
Para isso a linguagem musical como artefato cultural da juventude foi analisada
para compreender as interpelações dessa forma de expressão na constituição dos sujeitos
jovens alunos estudantes no primeiro ano do ensino médio, na rede pública estadual no
município de Viamão/RS. Esse percurso pedagógico apresenta-se como uma potência
para outras práticas pedagógicas, que aproximem a Geografia Escolar da realidade,
mobilizando emoções, por meio da música, desenvolvendo assim Pedagogias Culturais.
música como artefato cultural possibilita analisar sentidos atribuídos à coisas do mundo,
significar o conhecimento geográfico contribuindo na elaboração de discursos.
Trilhar esse percurso investigativo justifica-se pela necessidade de aproximação
entre as práticas escolares e as identidades dos sujeitos cada vez mais fluidas no sólido
espaço escolar, constituído na modernidade, sendo importantes novas práticas escolares
que produzam diferentes olhares ao que está posto. O sentido dessa pesquisa revela-se
pela importância em compreendermos melhor quem são os jovens que ocupam os bancos
escolares na atualidade, quais discursos produzem suas subjetividades e práticas. Como
professora, almejo que a Geografia Cultural ocupe seu espaço na condução dos sujeitos
por meio do conhecimento, como ciência social subjetivadora (FOUCAULT, 1999). A
importância desse enunciado está no fato de que ao final dessa pesquisa é desejo que:
professora e alunos estejamos diferentes do que éramos devido à construção mútua de
conhecimento mobilizando sentidos compartilhados.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
122
Haesbaert traz essa expressão para a interpretação dos processos espaciais no mundo globalizado, refere
que “nossos marcos de referência e controle espaciais parecem estar sendo perpassados por múltiplas
escalas de poder e identidade, o que resulta numa geografia complexa, numa realidade multiterritorial”
(2012, p.27).
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
A questão territorial precisa ser analisada sob outra ótica no mundo globalizado.
Segundo Tonini (2002, p.120): “A hierarquia territorial é um dos objetos centrais da
racionalidade moderna, pretendendo dividir o mundo em territórios superiores e
inferiores – os civilizados versus os selvagens”. Numa abordagem multiterritorial os
processos de construção de identidade não podem mais seguir essa lógica da
modernidade: rico e pobre, negro e branco, morador da periferia e da zona nobre, ou seja,
os modelos sólidos da modernidade. O viés é o da multiplicidade não da bipolaridade. Ao
284
olhar o processo identitário do jovem estudante analiso sua singularidade de sujeito
múltiplo contemporâneo em suas múltiplas territorialidades.
Nesse movimento os processos identitários assumem um caráter
predominantemente híbrido, de vida no limite, na cultura contemporânea, evidenciando
uma nova forma de construção identitária, moldada no caráter móvel e múltiplo. Nossos
territórios/territorialidades, não oferecem como no passado, referenciais estáveis para
construção de nossas identidades sociais/territoriais, há uma multiplicidade de
possibilidades que se colocam produzindo multiterritorialidades.
Nos processos de pesquisa e escrita busco desenvolver formas para mobilizar o
ensino-aprendizagem em Geografia. Analisando as territorialidades de nossos jovens
alunos, nativos digitais que vivem num mundo interligado pelas tecnologias de
comunicação, onde as redes se formam e fluem permeando diferentes contextos e
territórios, o que pode produzir trânsitos identitários e diferentes formas de subjetivação
socioespaciais, no processo de construção de significados.
A articulação teórica entre os Estudos Culturais e a Geografia, desenvolve-se com
base nos conceitos de: cultura, representação e identidade para compor o papel dos
artefatos e pedagogias culturais nessa construção teórico-metodológica. Na Geografia
trago o conceito de território, para focar na identidade territorial, que pelo viés da corrente
Cultural está relacionada ao entendimento dos conceitos Lugar – pela compreensão dos
eventos cotidianos transpondo escalas - e de Paisagem – como uma marca das ações, onde
os sujeitos interpretam a si mesmos e aos outros, constituindo territorialidades.
Analiso identidades musicais juvenis, a partir da leitura das representações ali
presentes ou não permeadas pelas preferências musicais. Faço isso por entender que o
ensino-aprendizagem se desenvolve de maneira significativa quando identifico as formas
de apreender de meus alunos. Encontrei no conceito de representação um caminho para
compreender as formas de construção dos sentidos.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
287
Esse caminho investigativo que está em fase de análise dos resultados do projeto
desenvolvido, demonstrado na figura, possibilitou conhecer o jovem estudante, sua
realidade, como esse a percebe e age espacialmente conforme os significados que atribui
a esse território, à suas paisagens, a seu lugar. Representando nesse conjunto complexo
uma potência para práticas pedagógicas ditas Pedagogias Geoculturais. Camozzatto
(2014, p. 573) argumenta que: “As pedagogias parecem atuar para forjar os sujeitos do
presente”. A autora diz que a multiplicação dos modos de olhar e ser olhado, de falar e
ser falado, implicando numa multiplicação mesma das diferenças produz diversidade de
nomes e lugares em que se ancoram as pedagogias. O uso do conceito de pedagogia vem
sendo cada vez mais utilizado para explicar como determinados artefatos educam por
meio das representações que mobilizam. A pedagogia envolve um conjunto de saberes e
práticas que interpela cada indivíduo a agir sobre si para tornar-se sujeito de determinados
discursos, conforme as exigências que seu tempo, na cultura que participa e que lhe
interpõe significados.
Referências
CALLAI, Helena Copetti et all (Orgs.). Educação Geográfica – Reflexão e Prática. Ijuí:
Ed. Unijuí, 2011.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
HALL, Stuart. Cultura e Representação. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio: Apicuri, 2016.
INTRODUÇÃO
289
Fotografar não consiste apenas em apertar botões em uma câmera. Para captar
momentos inéditos e singulares é necessário trazer uma sensibilidade sobre aquilo que se
apresenta a frente das lentes. A fotografia desenvolve uma leitura de mundo diferenciada
das outras formas de expressão, onde seu observador, a partir de sua bagagem de vida a
interpretará de maneira única.
“A fotografia tem a capacidade de “desacelerar o olhar” (DANTAS, 1995, p. 5
apud FURTADO, PINTO, CALIXTO, 2012), permitindo enxergar detalhes do cotidiano,
que ao olhar acostumado, parecem não portar sentido no processo de modificação do
espaço geográfico.
Com base no relato descrito anteriormente o presente artigo pretende abordar a
fotografia como uma ferramenta educacional, trabalhando com alunos do ensino
fundamental da rede municipal de educação em Balneário Camboriú, buscando
desenvolver um olhar crítico sobre a realidade evidenciada por eles dentro da cidade,
trabalhando através dessa ferramenta o conceito de educação ambiental.
Através do documentário-biografia, o Sal da Terra (2014) que retrata Sebastião
Salgado, foi iniciada a discussão a respeito de seus registros sobre a condição humana em
diferentes lugares do mundo, fotografias que apresentavam a realidade impiedosa e
alguns casos, mas como também belíssimos momentos de superação, fazendo os alunos
refletirem sobre alguns aspectos apresentados como por exemplo:
E essa relação só acontece com o tempo. “Quem quer ser fotógrafo não pode
ter pressa. É preciso descobrir o prazer da paciência” (MARIUZZO, 2014)
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados do projeto foram enriquecedores, os aluno realmente se
interessaram pela proposta e fizeram trabalhos excelentes. Discurso comum entre as
apresentações foi enfatizar que a partir da proposta eles passaram a ter uma visão
completamente diferente da própria realidade, situações encontradas no cotidiano tiveram
um outro olhar, outro enfoque e melhor do que isso, uma busca para resolver os problemas
encontrados. O trabalho fez o educando sair de casa, caminhar por ruas que ainda não
291
tinham passado, reparar em situações até então permaneciam na invisibilidade e o fato de
apresentarem o trabalho para os colegas fez com que toda a turma se colocasse no lugar
dos colegas e entendessem o que eles gostariam de passar através daquele retrato retido
de um retalho da realidade cotidiana.
Podem ser evidenciado em alguns discursos dos próprios alunos analisando o que
a postura de uma pessoa pode significar no momento da fotografia. Reflexões acerca do
lixo descartado incorretamente e a consequência disso na natureza ou ainda as expressões
contidas nos traços faciais das pessoas fotografadas, que podem até mesmo representar
problemas sociais.
292
O trânsito caótico também apareceu como um dos temas explorados pelos alunos,
caracterizando-o como um dos principais problemas ambientais, conversando sobre a
poluição gerada pelos veículos e empregando outras formas de transporte em nosso
município, o segundo menor do estado de Santa Catarina, onde poderia ser feito um
investimento muito maior para oferecer a sua população um transporte público de
qualidade e também na renovação da infraestrutura municipal para utilização de
bicicletas.
Por outro lado, comprovar também que não somente de problemas vive Balneário
Camboriú. Destacar também as belas paisagens e a riqueza cultural de nossa cidade.
Conversando com habitantes de nosso município que puderam destacar aos educandos as
belíssimas vivências que tiveram por aqui, pessoas que estavam presentes durante o
processo de crescimento e desenvolvimento da cidade, desde o pequeno balneário, onde
algumas pessoas possuíam uma segunda residência até virar esse grande destaque
turístico de nosso estado.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
293
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
DIAS, Inez Reptton; GUIDO, Lucia de Fátima Estevinho. Narrativas fotográficas sobre
ambiente e cultura. Revista Eletrônica do Mestrado em Educação Ambiental. Ed.
Especial Impressa - Dossiê Educação Ambiental. 2014.16p.
O Sal da Terra: Uma viagem com Sebastião Salgado. Direção de Wim Wenders e
Juliano Ribeiro Salgado. Brasil, 2014. DVD.
294
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
124
Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC: Professor da EEB Prof
Marcílio Dias S. Thiago, Imbituba – SC, email: danielassisfreitas@gmail.com
125
Doutorado em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Brasil (2010)
Professora na Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado de Santa Catarina, Brasil, email:
rosamilitzgeo@gmail.com
126
O termo curta-metragem está relacionado ao tempo de duração das produções audiovisuais produzidas
pelos estudantes e não como técnica cinematográfica.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
127
A discussão do uso do cinema nas salas de aula no Brasil, não é nova. Sendo uma realidade desde os
anos de 1930. (ORLANDI, 2012).
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
NAPOLITANO, Marcos. Como usar o cinema na sala de aula. 5. ed. São Paulo:
Contexto, 2013. 251 p.
VEIGA-NETO. Alfredo. Pensar a escola como uma instituição que pelo menos garanta a
manutenção das conquistas fundamentais da modernidade. In: COSTA, Marisa Vorraber
(org). A escola tem futuro? Rio de Janeiro: DP&A, 2003. p.103-126.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
128
Graduando do Curso de Licenciatura em Geografia, Universidade do Estado de Santa Catarina,
Florianópolis, moronifernandess@gmail.com
129
Professora Doutora, .Diretora de Extensão, Cultura e Comunidade da Departamento de Geografia -
FAED/UDESC, Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis, rosamilitzgeo@gmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Para o último momento da aula, é planejar o momento de avaliação, para poder saber,
através da percepção dos estudantes, qual a compreensão deles sobre tudo que havia sido
trabalhado. Sobre como os conceitos de geografia física trabalhados de forma prática,
302
contribui para a aprendizagem e compreensão dos mesmos.
Referências
130
Percurso orientado pela Professora Doutora Ana Maria Hoepers Preve.
131
Graduanda do curso de Geografia Licenciatura, Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC,
Florianópolis, lari.marchesan@hotmail.com.
132
Graduanda do curso de Geografia Licenciatura, Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC,
Florianópolis, livselhane@gmail.com.
133
A realização desta oficina contou também com a participação da oficineira Bárbara Feitosa Feijó,
graduanda de Geografia – UDESC.
134
Livro “Para viver juntos: Geografia” 6° Ano Ensino Fundamental, editora SM. 2015 (N. do A.)
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
acho que o quintal onde a gente brincou é maior do que a cidade. A gente só
descobre isso depois de grande. A gente descobre que o tamanho das coisas há
que ser medido pela intimidade que temos com as coisas. Há de ser como
acontece com o amor. Assim, as pedrinhas do nosso quintal são sempre
maiores do que as outras pedras do mundo. Justo pelo motivo da intimidade.
(...) Sou hoje um caçador de achadouros da infância. Vou meio dementado e
enxada às costas cavar no meu quintal vestígios dos meninos que fomos (...)
(BARROS, p. 151, 2015)
305
Fotografia 1: Mapa de “cabeça pra baixo”
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
Fotografia 2: “1...2...3...”
Fonte: Acervo pessoal, 2017.
A próxima fotografia (fot. 3) registra apenas um momento, uma distribuição
geográfica da procura, o instante onde todos se movimentam e ninguém permanece
estático. Representa a frase dita depois de contar até 20: “lá vou eu”.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Referências
BARROS, Manoel de. Meu quintal é maior do que o mundo. Alfaguara / Objetiva.
2015.
LARROSA, Jorge. Notas sobre a experiência e o saber de experiência. Tradução de
João Wanderley Geraldi. Revista Brasileira de Educação, n. 19, jan./abr. 2002.
307
PREVE, Ana Maria Hoepers. Cartografias intensivas: notas para uma educação em
geografia. Geografares, Espirito Santo, v. 12, p.50-75, 02 jul. 2012.
REIGOTA, M. O que é educação ambiental. Editora Brasiliense. São Paulo: 1994
TUAN, Y. - F. Espaço e Lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: DIFEL, 1983.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
RESUMO
INTRODUÇÃO
135
Licenciada em Geografia pela Universidade Federal da Fronteira Sul, professora na rede municipal de
ensino de Campinas do Sul (RS), cherlin_bertella@yahoo.com.br.
136
Doutorando em Geografia pela UFSC, professor da Universidade Federal da Fronteira Sul – campus
Erechim. Robson.paim@uffs.edu.br
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
137
Por questões éticas da pesquisa nominamos os licenciandos autores dos relatórios analisados como L1
(Licenciando 1), até L12, numeração equivalente ao número de relatórios analisados.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
elaboração das aulas, pois “permite articular saberes da teoria com a prática, propiciando
o conhecimento sistematizado do ambiente escolar, das práticas pedagógicas e da
importância do planejamento das ações educativas” (L2, p. 03)
A pesquisa destaca-se como complementar no planejamento das aulas
contribuindo para a construção de saberes do conhecimento pelo licenciando na relação
com a seleção de conteúdos, pois dão, “[...]suporte para desenvolver, colocar em prática
nossas habilidades docentes e aperfeiçoá-las e direcioná-las” (L4, p.10).
311
Nota-se ainda que através do estágio o licenciando é desafiado a explorar a
docência tendo como base para isso os saberes do conhecimento. Assim o licenciando
L11 (p. 03), expressa que o estágio é o momento de “[...] aplicar na prática os
conhecimentos teóricos adquiridos ao longo da formação, contribuindo com aspectos
indispensáveis a construção da identidade, dos saberes e das posturas docentes.”
312
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir do exposto concluímos que a atividade de estágio permite ao licenciando
trabalhar os conteúdos geográficos de maneira a buscar métodos e técnicas para que os
temas possam ser observados por diferentes visões, onde o estudante faça parte do ensino,
possa construir saberes, e desenvolver estratégias de ensino e ao questionarem-se sobre
as mesmas, tinha condições de avaliá-las.
Nota-se a partir dos relatos, que a atividade de estágio proporcionou grande
contribuição aos licenciandos quando vão para a sala de aula percebem-se desafiados a
exercer o trabalho docente com isso ao estudar os temas que serão desenvolvidos nas
aulas e procurar por estratégias que possibilitem uma aproximação do seu aluno com o
conteúdo e deste com a realidade desenvolvem o ensino e também seus saberes sobre a
profissão.
REFERÊNCIAS
Resumo
138
Graduação em Geografia, UFSC, Florianópolis, ravena95@gmail.com
139
Graduação, mestrado e doutorado em Geografia, UFSC, Florianópolis, springer.kalina@gmail.com
140
Conceito definido para especificar como o racismo se manifesta nas estruturas de organização da
sociedade e nas instituições.
141
Conceito inicialmente apresentado nos estudos de Gilberto Freyre, na obra Casa-Grande e Senzala,
publicado em 1933
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
(…) nos filmes, nas histórias em quadrinhos, nos seriados de tevê e nos
romances, a África é sempre um continente misterioso e mágico, onde são
possíveis todas as aventuras. A imagem que nos transmitem diariamente os
jornais e os noticiários de rádio e televisão é outra coisa: a de uma parte do
mundo assolada por secas, fomes, epidemias, guerras e tiranos. Uma visão não
desmente a outra, e ambas são incompletas. Se uma região da África for
atacada por nuvens de gafanhotos que devoram todas as plantações, e nela há
fome, nas outras a colheita se fez normalmente [...]. Se em determina do lugar
há uma feroz luta armada, noutros as crianças vão regularmente à escola, de
roupas limpas e sapatos lustrados. (SILVA, 2008. p.11)
A partir dessas reflexões podemos concluir que não é de hoje que os livros
escolares e as notícias da imprensa apresentam uma África um tanto equivocada, seja na
intenção de exaltá-la ou depreciá-la. As Áfricas têm muito a nos revelar, pois se os
cientistas estiverem corretos, toda a humanidade descende de lá, e muito do conhecimento
que obtivemos tem a contribuição dos povos africanos, o Ocidente apenas sistematizou
este conhecimento.
Face a este contexto e fruto das lutas sociais dos atores e sujeitos negros e brancos,
particularmente dos movimentos negros institui-se a Lei 10.639/03 criando a
obrigatoriedade do ensino de conteúdos de matriz africana e afro-brasileira nas escolas
do Brasil, sejam elas públicas ou privadas. Para SANTOS (2011, p.5) a Lei
10.639reposiciona o negro e as relações raciais na educação, transformando em denúncia
e problematização o que é silenciado.
Segundo Silva (2001, p.10) os currículos, programas, materiais e rituais
pedagógicos privilegiam os valores europeus em relação aos grupos étnico-raciais na
sociedade. Em consequência disso os próprios grupos excluídos podem privilegiar os
valores da história e cultura dominantes, desconhecendo sua própria história. Neste
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
315
A partir dessa perspectiva forjou-se no Brasil uma educação na qual se excluiu
dos conteúdos das disciplinas escolares a contribuição real da população negra e de sua
imagem positivada para a formação da sociedade brasileira. De acordo com Cunha Junior
(2011) até o século XVI, o desenvolvimento africano era superior ao europeu em várias
áreas do conhecimento. De acordo com o mesmo autor as contribuições na área da
matemática, astronomia e medicina. No século XVII, países como o Congo e o Kano já
colonial só foi possível graças aos africanos.
Esta invisibilidade ou negatividade explícita nos livros didáticos geram violência.
Quando se faz referência a população negra, as imagens, valores e costumes são descritos
comumente com viés racista e depreciativo, tomando como referência o padrão de
civilidade imposto pelo homem branco ocidental.
Neste sentido a contribuição do ensino de Geografia pode ser pautada em uma
educação que não reproduza os pilares racistas comumente ensinados nos currículos.
Dessa forma como Santos (2011) reforça, a Geografia pode ser um instrumento para uma
educação que visa a construção da igualdade racial. Como ele mesmo nos lembra,
“aexistênciada lei não garantirá uma educação antirracista, mas uma mudança na
construção no campo das práticas curriculares concretas” (Santos, 2011, p.5).
Face a este contexto, é pertinente refletir sobre o papel das imagens como formas
de expressão e comunicação nos livros didáticos de Geografia (JOLY, 1996). Como
produtoras de sentido refletem teorias e condicionantes ideológicos subjacentes e
contribuem para a formação discursiva em uma dada direção, ao passo que silencia outros
dizeres (ORLANDI, 2007). E, articulam-se à ideia de que a língua serve tanto para
comunicar, como para não comunicar (PÊCHEUX, 1997). Assim, segundo Orlandi
(2007) o foco da análise de discurso é compreender a língua enquanto produtora de
sentido, cujos quais, não existem por si mesmos, são determinados pelas relações de poder
que se colocam em jogo no cenário sócio-histórico em que as palavras são ditas.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Conclui-se que diante de tais fatos, nós professores devemos incluir em nossas
aulas uma perspectiva que desconstrua a imagem negativada da população negra no
Brasil.
Referenciais
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Conferência: O perigo de uma história única. iN: TED
Technology, Entertainment, Design. EUA. Disponível em:
https://www.ted.com/talks/chimamanda_adichie_the_danger_of_a_single_story/transcri
pt?language= pt Acesso em: 08/09/2017.
JOLY, Matine. Introdução à análise da Imagem. São Paulo: Papirus, 1996. JUNIOR
CUNHA, Henrique. Tecnologia Africana na Formação Brasileira. CEAP. 1ª Ed. Rio 317
de Janeiro, 2010.
ORLANDI, Eni. As formas do silêncio: nos movimentos dos sentidos. Campinas, SP:
Editora da Unicamp, 2007. PÊCHEUX, M.Semântica e discurso: uma crítica à afirmação
do óbvio. Campinas: Ed da Unicamp, 1997.
SILVA, Alberto da Costa e.A África explicada aos meus filhos. 2ª Ed. Editora Agir. Rio
de Janeiro: 2008. SILVA, Ana Célia da.Desconstruindo a discriminação do negro no livro
didático. 1ª Ed. Editora UFBA. Bahia: 2001
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
318
EIXO 3
O conhecimento da Geografia escolar e
suas diferentes linguagens
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Guilherme Estevão142
Ilson Furtado143
Luiz Martins Junior144
Rosa Elisabete Militz W. Martins145
PRIMEIROS CLICS
Este texto apresenta um relato de experiência vivida no PIBID146 do curso de
graduação de Geografia - Licenciatura, em uma turma do nono ano do Ensino
Fundamental II da Escola Hilda Teodoro na cidade de Florianópolis/SC, no segundo
semestre de 2017, abordando os conteúdos sobre a União Europeia por meio da
ferramenta tecnológica do Google Earth. A ferramenta, por sua vez, fornece uma riqueza
de imagens tridimensionais que permite o estudante na percepção visual, analisar
virtualmente o espaço geográfico em diferentes escalas geográficas. Tanto entendendo a
Geografia física, paisagística quanto compreendendo a Geografia arquitetônica do seu
bairro, da sua cidade ou até mesmo do seu país, ou seja, tornando um explorador e/ou um
pedestre virtual de informações, de dados e de imagens (GIORDANI, 2014).
Sendo assim, a experiência procurou questionar: Como o Google Earth pode
auxiliar a dinâmica escolar nas aulas de Geografia? Nesse propósito, tivemos como
objetivo geral analisar as potencialidades do Google Earth no processo de ensino
aprendizagem, portanto definimos para a prática três objetivos específicos: (1) Trabalhar
com Google Earth na sala de aula para ensinar o conteúdo sobre “os países não alinhados
à união europeia”; (2) compreender como se dá a relação do estudante e o uso do Google
Earth como uma ferramenta pedagógica; (3) avaliar o processo de construção dos
conteúdos geográficos por meio do uso Google Earth.
142
Graduando em Geografia – Licenciatura pela UDESC, Florianópolis/SC, guiestevao97@gmail.com
143
Licenciado em Geografia, Florianópolis/SC.
144
Licenciado em Geografia – Univille, Mestre em Geografia – UFSC e Doutorando em Educação –
UDESC, Florianópolis/SC, luizmartins.jr@hotmail.com
145
Licenciada em Geografia; Mestre em Educação; Doutora em Geografia; Professora da área do ensino de
Geografia, Florianópolis/SC, rosamilitzgeo@gmail.com
146
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
PLANEJAMENTO
Objetivo: Elaborar uma carta Geográfica postal
Desenvolvimento: a) explicação e contextualização do conceito de bloco econômico
europeu e suas relações com os países não pertencentes; b) Formação de equipes e divisão
dos países para a construção de uma carta fictícia147, contendo os seguintes requisitos:
aspectos físicos, econômicos, culturais, o motivo pelo qual o país não faz parte do bloco
econômico da União Europeia; c) Pesquisa in locuo no laboratório de informática; d)
Elaboração da carta a partir dos dados e informações coletadas, da qual resultou em oito
cartas; e) troca e socialização das cartas na sala de aula.
147
Elaboração da carta respeito à mesma estrutura tradicional de uma carta postal.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
“Achei bom, pois com a tecnologia fica tudo mais fácil, já que estamos na era
da tecnologia avançada.” “Achei interessante e bom, porque pude me
aprofundar mais nos assuntos.” “Sim, o uso da tecnologia nos ajuda a
conhecer as coisas de uma maneira muito mais fácil. Por exemplo, podemos
ver e saber sobre outro país sem sair do nosso próprio.” “Boa, pois assim nós
pudemos saber sobre os países com mais facilidade, sem precisar viajar”
“Boa, porque pudemos aprender muito na internet, um pouco ruim por causa
da conexão que estava fraca”.
321
Como podemos notar nos relatos dos estudantes, os apontamentos giraram em
torno da forma facilitadora, acessível e epistêmica que as ferramentas tecnológicas
proporcionam para o ensino de Geografia. Com isso notou-se que o uso das ferramentas
tecnológicas é, sem dúvida alguma, a chance de possibilitar o estudante associar as
informações, os dados, as ideias e as imagens do assunto estudado com outros níveis de
escalas geográficas. Porém, os estudantes também relataram a fraca conexão da rede de
internet que interferiu no processo de coleta de informações e dados para construção das
cartas postais fictícias.
Ainda nessa questão, identificamos que alguns estudantes conseguiram detectar,
discutir e aprofundar o assunto, evidenciado as diferenças sociais, paisagísticas, físicas,
climáticas, culturais e geológicas existentes no país. Também é preciso destacar o
domínio dos estudantes no processo de garimpo e compartilhamento das informações
necessárias para edificação da carta postal fictícia. Nesse sentido, Fava (2014) relembra-
se aqui que, esses estudantes são da chamada Geração Z, que nasceram e cresceram com
a tecnologia digital, e que por isso não demonstram dificuldades de acessar, garimpar e
compartilhar informações.
Questão 02 – Você acredita que a tecnologia digital ajudou a compreender os
conteúdos sobre os países que não pertencem ao bloco da União Europeia? Os
estudantes colocaram a importância da tecnologia como facilitadora para conhecerem tal
conteúdo. Evidenciam-se as respostas:
“Sim, se não fosse pela tecnologia digital, não teríamos conseguido tais
informações sobre os países.” “Sim, eu compreendi mais e achei bem
interessante, sem contar que é bem mais divertido” “Sim, sem a tecnologia
todo mundo ia precisar viajar ou falar com quem já viajou para o país” “Sim,
pois muitas coisas que não encontraríamos nos livros e com a tecnologia
conseguimos desvendar melhor os países”.
Com base nos registros, podemos constatar que atividade pedagógica baseado em
conexões contemporâneas despertam maiores interesses e motivação para aprender
Geografia, que é uma disciplina que não desperta tanto interesse por parte dos estudantes.
Os apontamentos pelos estudantes coadunam com as palavras de Tonini (2013) de que as
tecnologias presentes na cultura escolar de forma direta ou indireta promovem outras
formas educativas de aprendizado, ora fazendo uso de aplicativos, ambientes virtuais,
plataformas educacionais, ora trabalhando com jogos digitais, ora explorando quiz
(pergunta e resposta) de modo colaborativo, ora propondo pesquisa na rede do
ciberespaço.
REFLEXÕES FINAIS
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
REFERÊNCIAS
FAVA, Rui. Educação 3.0: Aplicando o PDCA nas instituições de ensino. São Paulo:
Savaira, 2014.
GIORDANI, Ana Claudia; SILVIA, Vanessa Oliveira da; TONINI, Ivaine Maria.
Tecnologia de informação e comunição disponíveis no ciberespaço para ensinar e
aprender geografia. Porto Alegre: Evangraf, 2014.
TONINI, Ivaine Maria. Movimentando-se pela Web 2.0 para ensina Geografia. In:
CASTROGIOVANNI, Antônio Carlos; TONINI, Ivanie Maria; KAERCHER, Nestor
André. (Org.) Movimentos no ensino de geografia. Porto Alegre: Imprensa Livre:
Compasso Lugar-Cultura, 2013.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Nessa permanência nas salas do primeiro, segundo e terceiro ano do Ensino Médio
noturno, percebi a larga utilização dos celulares Smartphones, por parte dos alunos –
mesmo existindo uma Lei149 estadual proibindo o uso dos celulares nas redes privadas e
148
Graduada em Geografia (Licenciatura) e mestranda em Educação no Programa de Pós-Graduação em
Educação (PPGE) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), Florianópolis,
eninyam@hotmail.com
149
Lei Nº 14.363, DE 25 DE JANEIRO DE 2008 ”Art.1° Fica proibido o uso de telefone celular nas salas
de aula das escolas públicas e privadas no Estado de Santa Catarina.” Para mais informações, acesse:
<http://www.leisestaduais.com.br/sc/lei-ordinaria-n-14363-2008-santa-catarina-dispoe-sobre-a-proibicao-
do-uso-de-telefone-celular-nas-escolas-estaduais-do-estado-de-santa-catarina> Acesso em: 6 de novembro
de 2016.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
públicas de ensino. Esses disparadores fizeram com que eu adentrasse nesse estudo, e
propusesse atividades que chamei de exercícios de possibilidades utilizando os celulares
Smartphones, nas aulas de Geografia. A pesquisa de possibilidades é:
325
A ideia de pesquisa de possibilidades, conforme Corrêa (1992) é o exercício de
enxergar os acontecimentos do cotidiano como possíveis e potentes temas de estudo.
Minha ideia partiu justamente desse princípio de transformar a sala de aula, através do
uso pedagógico de aparelhos Smartphones, utilizados por grande parte dos alunos, dentro
e fora da sala de aula, fazendo com que essa fronteira seja superada e os estudantes passem
a ver Geografia não somente dentro da sala de aula, mas em suas vidas e em seus
celulares. Dessa forma os celulares passam a adquirir novas funções, sendo também um
produtor de conhecimentos geográficos. Os exercícios, resumidamente, ocorreram da
seguinte forma:
Foi no segundo exercício, quando criei o grupo no Facebook e propus no fim do 326
exercício a elaboração de um vídeo ou de uma imagem reflexiva sobre a aula, o momento
em que não obtive muita participação da turma. Apenas quatro alunos responderam minha
proposição. Contudo cabe ressaltar que, no período das aulas, eles foram muito
participativos, gostaram de sair da sala e de interagir com o mapa exposto na mesa do
refeitório – traçando as rotas que os celulares faziam para chegar ao nosso país e
imaginaram se essa rota seria de navio ou avião. Os exercícios possibilitaram utilizar
esses celulares não apenas como ferramenta de pesquisa, mas construir a partir deles e
com eles leituras geográficas, sem o uso da internet, isto é, utilizando simplesmente os
recursos básicos contidos neles.
Após toda essa minha vivência nas monitorias e nos exercícios de possibilidades com
o terceiro ano do ensino médio, ouso dizer que os celulares podem ser muito mais que
instrumentos didáticos (não desconsiderando essa potencialidade). Os Smartphones,
fazendo uma interface com o pensamento de Oliveira Jr. e Girardi (2011), podem ser
usados além de uma linguagem criativa, como mencionada anteriormente, uma 327
linguagem criadora, ou seja, viabilizadora de novas produções de mundo:
De acordo com os mesmos autores, nos trabalhos em que aparece a linguagem como
criadora, os pesquisadores estão preocupados com a produção dos conhecimentos
geográficos nas mais diversas linguagens em que se apresenta, podendo ser nas escolas
ou não. Acredito que esse trabalho tenha sido um ensaio com vistas a apresentar algumas
possibilidades para modificar algo no modo tradicional de se fazer aulas de Geografia,
utilizando os celulares Smartphones como diferente linguagem. A partir dos resultados
dessa pesquisa é possível afirmar que os Smartphones possuem um grande potencial para
serem trabalhados em sala, tanto como linguagem criativa, como criadora.
Referências
328
A (im)possibilidade do mapa (DAL PONT, 2018)se refere a minha pesquisa de
doutorado realizada entre os anos de 2014 a 2018, realizada junto ao Programa de Pós
Graduação em Educação da Universidade Federal de Santa Catarina. Trata-se de
combatesos modos predominantes como a cartografia é ensinada nas escola. Seja pela
reprodução como imagem estática dos fenômenos espaciais, ou como discurso que fixa a
leitura do mundo, a cartografia escolar é considerada um problema nesta tese. Porém,
mais do que definir outro meio didatizante de ensinar cartografia, aposto na criação de
resistências pela educação geográfica ao se aproximar da arte contemporânea. O que pode
a arte contemporânea diante do que parece não se mover com a cartografia escolar?
Trago para este texto fragmentos de momentos significativos formando uma rede
de relações que dão suporte a tese que movimento com esta pesquisa: a (im)possibilidade
do mapa. Esta tese pode ser lida de duas formas: a primeira ao manter os parênteses e
seguir com a cartografia oficial e seus modos de representar o espaço compreendendo que
o mapa é impossível. Sigo com Félix Guattari e Suely Rolnik afirmando que tudo o que
nos rodeia é produzido pela “subjetivação capitalística” –“trata-se de sistemas de conexão
direta entre grandes máquinas produtivas, as grandes máquinas de controle social e
instâncias psíquicas que definem a maneira de perceber o mundo” (GUATTARI;
ROLNIK, 2011, p. 35). E o mapa e a cartografia oficial, e os modos como ainda são
ensinados nas escolas, são mais uma parte dessas “máquinas de controle” que definem
“maneiras de perceber”, ler e compreender o mundo. Quando tomamos um mapa em
nossas mãos o que vemos são cores, símbolos, linhas, palavras que buscam, pela forma
como estão organizadas, nos mostrar como o mundo é realmente. Mas ao passarmos as
mãos nessa folha, todas as elevações se tornam planas. Faltam as texturas, os cheiros, os
150
Doutora em Educação pela UFSC, Mestra em Geografia pela UFMG, Licenciada em Geografia pela
UDESC. Professora da Rede Municipal de Educação de São José e do Centro Universitário de São José
(USJ), Florianópolis, karinardalpont@gmail.com.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
gostos, a vida que anima o espaço. Na escola, quantas vezes fomos colocados diante de
um atlas com uma folha de papel vegetal e lápis de cor para reproduzir o que víamos ali?
O mapa é uma coisa impossível, e sigo com Denis Wood ao dizer que mesmo os mapas
sendo construídos como modos de mostrar uma realidade espacial, seguimos
"continuamente mapeando o invisível, o inacessível, o apagável,o tudo-o-que-não-está-
presente-aqui-para-nossos-sentidos. Fazemos tudo isso pela dádiva do mapa, ao
transmutá-lo em tudo o que o mapa não é ...no real, no cotidiano". (WOOD, 2013.p.36).
329
Afirmo minha tese também ao retirar os parênteses e dizer que o mapa é possível
quando atravessado pelo “processo de singularização” (GUATTARI; ROLNIK,
2011,p.42). É possível pela relação de expressão e pela produção de subjetividades,
considerando os atravessamentos das obras de arte contemporânea em práticas
pedagógicas desenvolvidas tanto na Educação Básica como no Ensino Superior. O mapa
é possível por esses encontros intercessores da cartografia oficial atravessando a arte e
pela arte atravessando a educação cartográfica. Como as obras "Universallis
Cosmographia" (Figura 1) compostapelo artista Marcelo Moscheta, na qual "o mapa é
feito de paisagens, de vistas ao nível do chão, é irracional e incompleto.
331
Referências
WOOD, Denis. Dogma Visualizado: Estado-nação, Terra, Rios. In: CAZETTA, Valéria;
OLIVEIRA JR, Wenceslao Machado de. Grafias do espaço:imagens da educação
geográfica contemporânea. Campinas: Alínea, 2013. p. 23-52.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
151
Doutor em Educação, Professor do Centro de Ciências da Educação da Universidade Federal de Santa
Catarina (CED-UFSC), Florianópolis, rodrigo.rosa.silva@ufsc.br.
152
Ver: SILVA, 2013; FERRER Y GUARDIA, 2014.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
e aprender pela observação direta dos fenômenos naturais e sociais. Considera que a
experiência de cada indivíduo deve ser levada em consideração no processo educativo.
No prefácio diz:
o jovem estudante passeará com seus pais, com seus companheiros ou com
seus professores; verá praias e escarpas, ilhas e penínsulas, grutas, costas,
riachos, barrancos, vales, e quando escutar o relato de alguma viagem,
comparará em seu pensamento às suas próprias (RECLUS, 2011c, p. 30).
Em sua última obra, aquela que resume suas reflexões políticas e científicas, El
Hombre y la Tierra, editada na Espanha pela editora da Escola Moderna, afirma que a
criança só pode compreender “sob a forma concreta” e que ela mesma solicitará o
conhecimento abstrato após ter sido suscitada pela curiosidade.
Odón de Buen, no livro Nociones de Geografia Física, ressalta que aquela é uma
obra destinada à formação dos professores da Escola Moderna e um suporte para as aulas
de geografia, mostrando novamente seguir, assim como Ferrer, as orientações de Élisée
Reclus sobre o assunto. A insistente recusa do texto como primeira e principal maneira
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
153
Ver SILVA, 2016.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Reclus não era totalmente contrário à utilização de todo tipo de livro pelas crianças
nos processos pedagógicos. Ele escreveu livros infanto-juvenis como História de um
Riacho e História de uma Montanha. Da mesma maneira Francisco Ferrer utilizava como
leitura destinada às crianças as obras As Aventuras de Nono e Terra Livre, ambas escritas
pelo anarquista francês Jean Grave. Tal literatura era carregada de aventuras, poesia e
metáforas com base em conceitos científicos e fórmulas ou leis naturais. Reclus e Ferrer
acreditavam que o estímulo à imaginação infantil através da leitura de livros em que as
próprias crianças ou a Natureza são os protagonistas de diferentes experiências,
pensamentos, sentimentos e, acima de tudo, ação, alimentaria o desejo pelo conhecimento
científico.
Apontamentos finais
Referências
BUEN, Odón de. Nociones de Geografía Física. Prólogo Eliseo Reclus. Barcelona:
Publicaciones de la Escuela Moderna, 1905.
FERRER Y GUARDIA, Francisco. A Escola Moderna. São Paulo: Biblioteca Terra 337
Livre, 2014.
_____. O Ensino da Geografia, In: RECLUS, Élisée; KROPOTKIN, Piotr. Escritos sobre
Educação e Geografia. São Paulo: Biblioteca Terra Livre, 2011a.
_____. Carta a Francisco Ferrer y Guardia. In: RECLUS, Élisée; KROPOTKIN, Piotr.
Escritos sobre Educação e Geografia. São Paulo: Biblioteca Terra Livre, 2011b.
_____. Prefácio a Noções de Geografia Física. In: RECLUS, Élisée; KROPOTKIN, Piotr.
Escritos sobre Educação e Geografia. São Paulo: Biblioteca Terra Livre, 2011c.
_____. Élisée Reclus e a Escola Moderna de Francisco Ferrer y Guardia. In: Terra
Brasilis (Nova Série). Revista da Rede Brasileira de História da Geografia e Geografia
Histórica, v. 1, p. 19, 2016.
154
Professora Doutora do Curso de Geografiada Universidade Estadual do Oeste do Paraná, campus de
Francisco Beltrão, email: najlamehanna@gmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
por meio dela tantos outros temas podem ser abordados e problematizados. Nesta mesma
direção, remetemo-nos a tese do mesmo autor, quando ele reforça que a população é um
tema menosprezado na Geografia, pois segundo Trewartha (1953) os geógrafos,
especialmente os americanos, não fizeram da população uma de suas principais
preocupações.
A título de corroborar com Trewartha (1953) pode-se enfatizar, por exemplo, que
nos desenvolvidos estudos por Hartshorne (1899- 1992), várias partes do campo da
339
Geografia, tais como: Geografia Física, Geografia Política e Geografia Econômica,
possuem tratamento especial, mas não é feita referência à Geografia da População como
uma subdivisão sistemática, portanto, merecedora de atenção. Todavia, Hettner eleva a
Geografia da População a uma posição importante, porque, para ele a população tem uma
grande influência sobre todos os outros elementos geográficos, e a partir dessa premissa
torna-se imperioso repensar o lugar dos estudos populacionais na educação geográfica.
Posto isto, vale ponderar que a população se entendida alinhavada com os outros
elementos do espaço geográfico, pode atribuir sentido ao ensino da Geografia. Ao propor
análises integradoras, inclusive entre os elementos físicos e humanos, promove-se uma
leitura geográfica do mundo, em que a população pode ser abordada por diferentes
perspectivas.
Guidugli (1997) relembra que contribuições qualificadas sobrea denominação de
Geografia da População se difundiram pelo mundo, e contou com a colaboração de
diferentes autores que difundiram diferentes abordagens teóricas e metodológicas para os
estudos da população. Com isso, pode-se afirmar que o debate em prol de valorizar a
população na Geografia vem sendo posto no âmbito da ciência geográfica já algum
tempo. Todavia, ao traçarmos um paralelo com a Geografia praticada na escola, é possível
perceber que os estudos da população quando trabalhados nas aulas de Geografia, pauta-
se predominantemente na observação de dados quantitativos, provocando-nos a pensar o
sentido e valor desse conteúdo para a Geografia escolar. E, ainda, o que é possível fazer
para superar alguns dos ranços históricos, como, por exemplo, a falta de análise e critérios
que auxiliem no entendimento dos fenômenos espaciais produzidos pela população.
Logo, a Geografia sendo uma ciência que estuda a produção do espaço geográfico,
nada mais relevante, que discutir como a população produz e se apropria do espaço, ou
seja, as representações e configurações espaciais entendidas à luz da dinâmica da
população. Conforme reforça Zelinsky (1969, p.02).
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
ocorre a produção do espaço. Destaca-se, por oportuno, que para além de uma leitura
determinista ou fatalista, deve-se entender a essência das relações humanas,
aprofundando-as para além da aparência.
Ressalta-se, portanto, que não basta apenas indicativos numéricos para entender a
população, saber se a população cresce ou não, se a mortalidade caiu, ou a natalidade
subiu, só será importante se com isso possamos identificar os porquês das coisas. A
riqueza do estudo da população está em entender que os comportamentos demográficos
342
alteram-se em virtude de ações e necessidades, sejam essas ditadas pelo sistema
econômico dominante, ou não. Estudar população não é possível a partir de uma lógica
formal-racional, pois esta descaracteriza a população daquilo que ela tem de mais
interessante, ou seja, seu dinamismo, sua heterogeneidade, enfim, a capacidade de
proporcionar aos sujeitos à reflexão e entendimento das relações humanas representadas
no espaço geográfico.
Referências
TREWARTHA, G.T. The case for population Geography. Ann. of. Assoc. of Am.
Geographers, 1953, 43: 71-97.
155
Doutoranda em Geografia/Posgea/UFRGS; Professora anos finais Colégio ULBRA/Cristo Redentor e
Colégio Sinodal; Porto Alegre; vivianerpires@hotmail.com
156
Doutorando em Geografia/Posgea/UFRGS; Porto Alegre; henriquegorziza@gmail.com
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
osujeito consiga ler um mapa, contanto que, ao pensar a Geografia como ciência humana
reveladora das práticas espaciais, que cria e recria objetos no espaço, essa leitura
cartográfica não se faz suficiente. É uma parte do processo que precisa dar conta da leitura
espacial/cartográfica tanto da aquisição, reconhecimento e entendimento dos signos
cartográficos, mas também, necessita entender as relações estabelecidas entre os objetos,
as subjetividades sociais, os sentimentos, as relações entre os grupos sociais, enfim,
enxergar além dos mapas. “A leitura do mundo precede a leitura da palavra” (FREIRE,
344
1982, p. 11).
Sendo assim, o letramento geográfico, para Castellar e Vilhena (2012) é, portanto,
o ponto de partida (e parte integrante do processo de alfabetização) para estimular o
raciocínio espacial do aluno articulando a realidade com os objetos e os fenômenos que
querem representar na medida em que se estrutura por meio das noções cartográficas (ou
problemas cartográficos). Tal concepção desenvolvida, com relação ao processo de
letramento geográfico, tem como base área, ponto e linha; escala e proporção; legenda,
visão vertical e oblíqua, imagem bidimensional e tridimensional. Além de que, quando o
aluno inicia sua alfabetização escolar (técnicas de ler e escrever) nas áreas de
conhecimento, a Geografia também faça parte dando sentindo e significado ao que está
espacializado.Um exemplo que define a alfabetização e letramento como processos
complementares para a leitura e representação do espaço pode ser traçado ao pensarmos,
na vivência escolar, quando solicitamos ao aluno que represente em uma folha de papel
o caminho de sua casa até a escola. Esse aluno apontará somente alguns elementos que
são percebidos por ele e deixará outros que muitas vezes não são aceitos ou
despercebidos. Como a igreja, ou o presídio, ou um prédio antigo. O aluno identifica os
elementos do espaço, porém ele não percebe que cada elemento ali construído tem uma
função social/espacial/temporal. A leitura da paisagem e dos mapas não é apenas uma
técnica, mas se utiliza dela com o objetivo de dar condições não, apenas do sujeito ler e
escrever sobre o que vê, mas de conseguir interpretar e compreender os conceitos que
estão implícitos nele.Ensinar a ler o mundo conforme afirma Castellar; Vilhena (2012, p.
80) possui uma dimensão espaço-temporal, à medida que o aluno necessita estruturar “as
redes conceituais”, por exemplo, tendo que reconhecer a localização do lugar, os símbolos
utilizados e a distância entre os lugares, conseguindo identificar paisagens cartografadas
e atribuindo sentindo ao que está escrito.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
157
Na proposta piagetiana busca-se que na ação o sujeito compreenda estas ações e não simplesmente o faça
por imitação: saber fazer e compreender.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Referências
ALMEIDA, R.D. de; JULIASZ, P.C.S. Espaço e tempo na educação infantil. São
Paulo: contexto, 2014.
348
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Ederson Nascimento158
Aline Beatriz Ludwig159
158
Doutor em Geografia, Universidade Federal da Fronteira Sul, Chapecó-SC,
ederson.nascimento@uffs.edu.br.
159
Mestra em Geografia, Secretaria Municipal de Educação, Chapecó-SC, ludwig.aline@gmail.com.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
atividade, foi realizada uma socialização na qual os estudantes tiveram que caracterizar a
economia brasileira orientados em textos e utilizando-se dos mapas elaborados. Neste
momento, eles também explicaram como cartografaram o fenômeno.
As atividades de representação compreenderam: reconstrução de um mapa base,
com a ampliação/redução da escala (utilizando a técnica de desenho quadriculado) e a
seleção de variáveis específicas deste mapa, a fim de impedir a mera cópia do mapa base;
a representação de dados tabulares sobre mapas mudos, com os alunos sendo orientados
352
a utilizar adequadamente as variáveis visuais cor e valor para representar os dados,
respectivamente segundo sua natureza dissociativa ou quantitativa. As atividades
possibilitaram ainda exercitar outras noções cartográficas importantes, como a
espacialização de coordenadas geográficas, a construção de legenda e a orientação e
menção dos locais a partir do norte geográfico.
A construção de mapas – se for desenvolvida priorizando a análise – e a
classificação e a espacialização de informações – em detrimento da mera cópia de dados
e contornos de um mapa para outro – permitem que o aluno deixe de ser um mero leitor
e passe a produzir e utilizar mapas em vários momentos de seu desenvolvimento cognitivo
(SIMIELLI, 2007). No entanto, as dificuldades apresentadas pelos estudantes na
realização das atividades revelaram o parco conhecimento dos mesmos acerca da
Cartografia, fato que evidencia a importância do trabalho com a Educação Cartográfica.
Considerações Finais
Referências
160
Licenciada e Mestre em Geografia, Doutoranda na linha de pesquisa Ensino de Geografia/Programa de
Pós-graduação em Geografia – UFRGS e Professora de Geografia na rede municipal de ensino de Porto
Alegre- RS. debora.sdf@gmail.com
161
Licenciada em Geografia, Mestre e Doutora em Educação pela UFRGS com pós-doutorado pela
Universidade de Barcelona. Atua no Programa de Pós-graduação em Geografia e na Faculdade de Educação
-UFRGS.ivaine@terra.com.br
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Referências
AZEVEDO, Ana Francisca de; RAMÍREZ, Rosa Cerarols; OLIVEIRA JR. Wenceslao
Machado de. Intervalo I: entre geografias e cinemas. UMDGEO - Departamento de
Geografia, Universidade do Minho. Braga-Portugal: 2015
KIAROSTAMI, Abbas. Fotografia e natureza. In: Abbas Kiarostami: duas ou três coisas
que sei de mim. São Paulo: Cosac Naify, 2013. p. 180-189
MASSEY, Doreen. Pelo espaço: por uma política da espacialidade. Rio de Janeiro:
Bertrand Brasil, 2009.
Introdução
162
Licenciado em Geografia;aluno de Mestrado pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da
Universidade Estadual de Maringá; Campo Mourão;lucas_salmeron@hotmail.com.br.
163
Licenciada, bacharel e mestre em Geografia;professora na Universidade Estadual do Paraná, Campus de
Campo Mourão;sandramalysz@hotmail.com.
164 Graduanda em Geografia; Campo Mourão; jocimara_maciel@hotmail.com.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
enfrentados, pois existem determinadas permanências que precisam ser superadas para
que essa disciplina de fato seja de relevância para os educandos. É importante também
que destaquemos o que há de positivo no ensino e procurar entender o que motiva os
alunos para estudar a Geografia e, assim discutir os caminhos para que esta disciplina
continue avançando em busca da melhoria do ensino-aprendizagem no contexto escolar.
Para analisar as percepções e perspectivas para com a Geografia Escolar, bem
como caracterizar o contexto social, econômico e familiar, destes alunos, um questionário
360
foi aplicado inicialmente com duas turmas de Ensino Médio.
Optou-se pela escolha do Ensino Médio pois este se constitui como a etapa final
do ensino básico, sendo um momento em que os conteúdos de aprendizagem
desenvolvidos no ensino fundamental devem ser consolidados, complementados e
aprofundados, ampliando o domínio cognitivo, instrumental e afetivo/valorativo, dos
alunos (REICHWALD JR; SCHÄFFER; KAERCHER, 2003).
Resultados e discussões
A escola selecionada para a pesquisa é um colégio de periferia, que atende alunos,
na sua maioria, de famílias de baixa renda. O questionário foi respondido por 51 alunos
do 2º e 3º ano do Ensino Médio, na faixa etária de 14 a 18 anos. Alguns destes já trabalham
para ajudar os pais com os gastos financeiros, dividindo-se entre trabalho e estudos.
Destes alunos, 84,3% afirmaram gostar da escola. Questionados sobre o gostar ou
não de estudar, 30,2% alunos afirmaram gostar muito de estudar e apenas 6,7% afirmaram
não gostar. Mesmo gostando da escola, 83,7% gostam de estudar somente algumas
disciplinas.
Nem sempre o problema maior é a escola ou o “não gostar de estudar”, mas outros
fatores corroboram com esta questão. O ensino de uma forma geral, está estruturado sobre
bases ainda muito tradicionais, que não despertam o desejo e a vontade daqueles alunos
que não gostam de estudar, não sendo, portanto, um problema exclusivo das diferentes
disciplinas escolares. O fato de não gostar de estudar ou o fato de gostar ou não da escola
vai muito além, relacionando-se com a comunidade escolar, a estrutura social, econômica
e familiar dos alunos, entre outros fatores.
O sistema escolar, por vezes em descompasso com os anseios destes alunos,
precisa ser repensado, sendo um desafio despertar nos educandos o desejo pelo ensino e
pela aprendizagem. Muitas vezes os alunos possuem o desejo de aprender, mas nem
sempre o como e o que é ensinado vêm de encontro com as expectativas de aprendizagem.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
com 8,9% e maquetes com 6,9%, considerando que cada aluno poderia marcar mais de
uma opção. Outras respostas assinaladas, ainda que em menor proporção, foram filmes e
documentários, charges, seminários e aula de campo.
Ao questionar o que os discentes gostam nas aulas de Geografia, as respostas mais
comuns foram: aulas com uso de mapas, desenhos e maquetes; aulas com a utilização de
vídeos e slides; o gosto por determinados conteúdos e; a boa explicação do professor.
Dentre aquilo que os educandos não gostam, as respostas mais comuns foram: aulas com
362
mapas ou atividades de desenhar mapas; aulas com uso do livro didático e, aulas com uso
de slides. Diante disso podemos então perceber a importância de uma reflexão sobre as
metodologias utilizadas, bem como uma diversificação das mesmas.
Por fim, solicitamos que os alunos escrevessem aquilo que eles gostariam que
houvesse nas aulas de Geografia. Nas respostas verificamos a necessidade de
metodologias alternativas, quando a mais destacada foi a necessidade de ocorrer mais
aulas de campo (29,4%); seguido da necessidade do governo destinar maiores recursos
para educação (15,7%), a necessidade de mais aulas práticas (9,8%), dentre outras
respostas que apareceram numa proporção menor.
Considerações finais
Com o levantamento realizado com este grupo de 51 alunos, constatamos que que
a Geografia, na escola selecionada, vem cumprindo com seu papel, seja por meio da
importância de seus conteúdos ou por meio da forma como vem sendo trabalhada. Ficou
evidente que a Geografia em si não é um problema ou uma dificuldade para os alunos,
mas pelo contrário, os alunos gostam desta disciplina e reconhecem sua importância,
como foi possível analisar em suas respostas ao ressaltarem a relevância da Geografia
para compreensão do espaço e para o entendimento do que nele existe.
Do mesmo modo, a escola também não se mostrou como uma problemática a estes
alunos, já que os mesmos mencionaram gostar da escola e gostar de aprender, ainda que
algumas disciplinas não sejam do agrado dos educandos. Daí a importância de se pensar
em estratégias didáticas que aproximem os discentes para com a disciplina, seja por meio
da seleção dos conteúdos, por meio da diversificação das metodologias e assim por diante.
De tal modo, a Geografia Escolar é uma disciplina importante e interessante,
porém precisa estar inserida na esfera dos desejos destes educandos, e como estes mesmos
colocaram, existe uma necessidade de ocorrer mais aulas em campo, aulas práticas e
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Referências
INTRODUÇÃO 364
O ensino de Geografia tem a façanha de ser desenvolvido através de variados
métodos e instrumentos que provocam um aprendizado diferente do convencional,
adotando meios de abordar assuntos complexos e, muitas vezes, de difícil
entendimento que facilite o entendimento pelos alunos. Sabe-se que formas de
abordagem e aprendizagem devem estar constantemente pautadas no interesse dos
professores e que os recursos intrínsecos à geografia são relativos aos mapas, globos
terrestres, gráficos, documentários, livros didáticos, imagens, músicas, o que muito
contribui para uma educação prodigiosa. O recurso das linguagens proporciona
significado ao mundo, através da sua percepção e interpretação fundamentada. Nesse
sentido, Alves (2016) coloca:
Diante das possibilidades no ensino da geografia, uma forma que mostra ter
potencial em despertar no aluno o interesse e a aprendizagem de conteúdos geográficos
é o trabalho com literatura. O uso de obras literárias no ensino da geografia valoriza o
conhecimento interdisciplinar, estimula a reflexão crítica dos alunos, incentiva a
elaboração de argumentos diante das situações apresentadas, fomenta a criatividade
para a construção de textos e desenvolve habilidades para a escrita. De forma comum
à educação literária e ao ensino da Geografia,o uso dessa ferramenta permite que os
alunos possam ponderar e conversar sobre o que foi lido,possam expor suas opiniões
e concepções, possam analisar, reformular e ampliar suas hipóteses sobre a leitura com
165
Bacharel, Licenciada e Mestre em Geografia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS),
Porto Alegre, carolineguedes3@hotmail.com.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
367
CONSIDERAÇÕES FINAIS
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
REFERÊNCIAS
MELO NETO, J. C. de. Poemas para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.
239p.
INTRODUÇÃO
166
Graduando em Geografia Licenciatura, Universidade do Estado de Santa Catarina, Florianópolis.
iankamala@hotmail.com
167
" Graduando em Geografia Licenciatura, Universidade do Estado de Santa Catarina,
Florianópolis.giovani.maciel96@gmail.com
168
SM Brasil - Livro Digital - Edições SM.". Acesso em 25 abril. 2018.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
A sociedade vive em meio a riscos de forma permanente, de maneira tal que eles
fazem parte da vida e da evolução de toda e qualquer sociedade. Conforme
Monteiro (1996), a existência do risco é em função do ajustamento humano aos
eventos naturais extremos, de modo que os movimentos de massa não seriam
perigosos se as encostas não fossem intensamente ocupadas, com formas
espontâneas, precárias em sítios perigosos (DEMARTINO, 2016, p.7).
370
Segundo o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT, 1991), “áreas de risco são
aquelas áreas que apresentam possibilidades de perigo, perda ou dano, do ponto de vista
social e econômico, na qual a população esteja submetida caso ocorra processos físicos
naturais”. A capital catarinense apresenta condicionantes como a geomorfologia e clima
que favorecem a ocorrência destes fenômenos naturais, a ocupação urbana desordenada
também amplifica as áreas de risco em encostas.
Acredita-se que a fase de prevenção é uma das mais importantes para evitar
acidentes, desastres e/ou catástrofes, de acordo com a Defesa Civil a fase preventiva é
uma fase de extrema importância, por ser o momento de elaboração de planos e dos
exercícios simulados, destinados ao desenvolvimento e aperfeiçoamento do sistema de
autodefesa, conforme os riscos de cada região ou município, elaborando medidas
adotadas visando a não ocorrência de desastres ou a preparação da população para os
inevitáveis.
A proposta da atividade é uma articulação entre o teórico e o campo, a necessidade
de ensinar o saber sem que seja um monstro de sete cabeças para o estudante é um dos
desafios de ser um professor-educador. A transposição didática é fundamental neste
processo. De acordo com o trabalho: Aula de Campo Como Prática de Ensino -
Aprendizagem: Sua Importância Para o Ensino da Geografia, 2016:
169
Morro da Cruz – O Morro da Cruz é componente do maciço do Morro da Caixa, situado na região
central de Florianópolis, em Santa Catarina.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
tempo contém ocupações de alto padrão, assim podendo-se observar a segregação social.
Escolhemos o Maciço do Morro da Cruz como campo por trabalharmos em escala local.
Entendemos que trabalhar em uma escala local, consiga sistematizar o conhecimento, não
ficando o saber distante do real e tangível para a turma, assim fomentando uma prática de
ensino contemporânea. Diferente como é colocado nos livros didáticos o relevo sendo
sempre distante do homem. Nos apropriaremos deste contexto para exemplificar como
um local suscetível apresenta diferentes graus de risco para as pessoas nele inserido em
372
decorrência de sua vulnerabilidade, bem como a resiliência estrutural do local.
RESULTADOS ESPERADOS
Com esta atividade espera-se que os estudantes possam se tornar agentes atuantes
em prevenção de riscos e desastres, de maneira que o conhecimento se perpetue de
maneira natural entre familiares, amigos, vizinhança e etc. Observamos que é
imprescindível o teórico e o campo para melhor formação do saber para o estudante,
esperamos que com essa atividade os estudantes consigam analisar e compreender os
fenômenos relacionados ao movimento de massa.Também que tenham o conhecimento
que nem todas as esferas sociais têm os mesmos direitos e recursos, que o estudante
entenda a falta de políticas habitacionais e prevenção de riscos e desastres, assim
conseguindo compreender as diferenças socioeconômicas e como estas impactam e
esculpem a vida das pessoas tanto de forma direta como indireta.
REFERENCIAIS
GUEDES, U.C; GOMES, M.J; BRITO, P.J.M; BRITO J.S; RAMOS M.V. A
importância das aplicações da transdisciplinaridade na educação humana. Feira
Santana/BA: UEFS, v1. N1. jun/dez 2010. Disponível em:
http://www2.uefs.br/dla/graduando/1ed.htm. Acesso em: 25 abril 2018.
373
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
170
Graduanda do curso de Geografia da UDESC, Florianópolis, gabimmarques@hotmail.com;
171
Graduando do curso de Geografia da UDESC, Florianópolis, matheusvsagaz@gmail.com;
172
Graduanda do curso de Geografia da UDESC, Florianópolis, thalirm95@gmail.com;
173
Professora do Departamento de Geografia da UDESC, Florianópolis, ana.chaves@udesc.br.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
arrancada pela raiz decorrente da passagem de fortes rajadas de ventos, que segundo
relatos de moradores locais, veio solapando.
174
As entrevistas fazem parte dos procedimentos de pesquisa do projeto “Experiências educativas da
paisagem: uma cartografia do Parque Municipal da Lagoa do Peri, Florianópolis/SC”, coordenado pela
professora Ana Paula Nunes Chaves.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC
Este local também era um antigo ponto de encontro das mulheres da comunidade, pois ali
elas se encontravam para lavar as roupas e interagirem entre si, conforme citado por Seo
Mazinho, morador tradicional da comunidade, em entrevista realizada no dia
04/11/2017175. Neste local propomos uma roda de conversa sobre as experiências
vivenciadas na trilha e sobre a utilização de espaços não formais, como o parque e o
Caminho do Saquinho, para práticas de educação geográfica.
379
Diante do exposto, acreditamos que este roteiro de saída de estudos pode instigar
conexões entre as diferentes áreas do conhecimento geográfico ali presente, como a
Geomorfologia, a Biogeografia, a Geologia, a Geografia Cultural, a Educação Ambiental,
a Oceanografia etc.
Ao sugerir esse roteiro, buscamos incentivar a valorização da área do Parque Municipal
da Lagoa do Peri e criar aberturas para pensar espaços não formais de educação como
uma possibilidade de laboratório de estudos ao ar livre, onde é possível conhecer e
aprender sobre as características naturais e culturas tradicionais presentes na Ilha de Santa
Catarina.
Portanto, as saídas de campo são possibilidades metodológicas para a educação
geográfica, tanto no ensino básico como superior. A partir da análise das paisagens
naturais e culturais na primeira parte do Caminho do Saquinho, o profissional de
geografia pode utilizar este espaço como forma de construção do saber geográfico.
Referências
CABRAL, Luiz O. Bacia da Lagoa do Peri: sobre as dimensões da paisagem e seu valor.
Dissertação (Mestrado em Geografia). Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 1999.
175
A entrevista faz parte dos procedimentos de pesquisa do projeto de pesquisa anunciado anteriormente.
IV Encontro de Práticas de Ensino de Geografia da Região Sul -ENPEG-SUL
ENSINO DE GEOGRAFIA E POLÍTICAS CURRICULARES
De 11 a 13 de junho de 2018 – Florianópolis-SC