Entre a harmonia e a tensão: as relações entre antropologia
e imagem. Revista ANTHROPOLÓGICAS, ano 13, vol. 20: 9-26 (2009).
Aluno: Matheus Fernandes dos Santos Pereira
Curso: Psicologia – Vespertino Professor: Luiz Gustavo de Souza Correia Disciplina: Antropologia I Data: 05/04/2015
1. Credenciais da autora
Sylvia Caiuby Novaes possui graduação em Ciências Sociais pela Universidade
de São Paulo (1971), mestrado em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (1980), doutorado em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (1990) e livre docência na Universidade de São Paulo (2006). Professora Titular na área de Antropologia da Imagem da Universidade de São Paulo em (desde 2010). Pós doutorado na University of Manchester (Inglaterra) e na University of Saint Andrews (Escócia). Foi Professora Visitante no Musée du quai Branly e na University of Oxford. Atualmente é Professora Titular da Universidade de São Paulo. Coordenou o LISA - Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (1990-2014). É a coordenadora principal do terceiro projeto temático financiados pela FAPESP. (FAPESP, 1997-2002; 2003-2007; 2010-2015). Tem experiência na área de Antropologia, com ênfase em Etnologia Indígena e Antropologia da Imagem. Suas publicações tratam de temas como: sociedade Bororo, etnografia e imagem, antropologia visual, fotografia e cinema no mundo contemporâneo. Foi chefe do Departamento de Antropologia da FFLCH da USP (1999-2003; 2007-2009). Desde abril 2014 é Diretora do Centro Universitário Maria Antonia. 2. A antropologia e a imagem: um breve paralelo
A necessidade de se registrar fatos, acontecimentos e histórias data-se de
tempos remotos. O homem, como um ser pensante, contempla o mundo à sua volta e toma percepções diferentes do espaço e do tempo. É partir desse contexto que a antropologia estuda a visão do homem do seus arredores, da sua cultura, da sua história. A antropologia visual nada mais é do que a análise dos registros visuais sobre o homem e a humanidade de maneira totalizante, ou seja, abrangendo todas as suas dimensões. Ao considerarmos essas informações, podemos fazer um paralelo entre a evolução visual (os meios para se registrar imagens) e a antropologia como objeto de estudo da humanidade. É exatamente esse ponto que trata o artigo, fazendo um comparativo entre essas duas linhas de pensamento, comparando situações históricas e ressaltando a importância da antropologia visual para o desenvolvimento da própria antropologia como um todo. O texto da autora compara a busca pelo registro e o estudo do comportamento, o qual inicialmente estava atrelado ao costume e a cultura de determinada sociedade. Conseguir abstrair a essência de um grupo de indivíduos ou de um só isolados a partir de uma fotografia ou vídeo é no que se baseia o estudo visual da antropologia. Não apenas registrar pelo simples ato fazê-lo, mas sim para poder observar com mais clareza as situações necessárias para uma melhor compreensão no âmbito antropológico. Apesar de ser uma obra que abrange os fatos históricos que cercam a antropologia visual, o texto peca por não trazer uma análise mais profunda sobre esse ramo no Brasil. Além disso, a autora se preocupa em relatar esses fatos de forma linear progressiva, seguindo uma espécie de linha do tempo, para dar ao leitor uma ideia de continuidade, o que dá pouca dinâmica e não cria a ideia de hipertextos. Por muitas vezes a autora interrompe o raciocínio no parágrafo que se segue, quebrando a fluência do texto. Como ponto positivo destaca-se como ela cita o cinema e os meios visuais como formadores de opiniões, moldando assim o comportamento de uma determinada época, algo extremamente importante no estudo da antropologia. Também como o texto frequentemente lembra a resistência de antropólogos e estudiosos relacionados em utilizar recursos de imagem para registros em seus trabalhos e monografias, preterindo-os por relatos escritos.
3. O ponto de encontro
Queria finalizar essa resenha ressaltando a ótima capacidade de sintetizar os
fatos da autora, fazendo paralelo entre a antropologia e o desenvolvimento dos meios de captação visual. É importante frisar que ambas, antropologia e imagem, caminharam separadas por algum tempo até que finalmente houvesse uma integração entre elas, pois finalmente deu-se importância à percepção visual, através da a análise e interpretações das imagem, bem como na definição da realidade, ou seja, do que é real. A etnografia surgiu como importante meio nesse contexto e a antropologia respirou novos ares, evoluiu e modernizou-se, para expressar a ideia de observação do real pela imagem, que teoricamente seria mais fiel do que palavras. O conceito de antropologia visual evoluiu com o tempo, mas surgiu realmente desde que o homem é homem: No momento em que ele começou a se representar através de imagens.
4. Referências bibliográficas
CANEVACCI, M. Antropologia da comunicação visual. Rio de Janeiro, DP&A,
2001.
COLLIER, John. Antropologia visual, a fotografia como método de pesquisa.
São Paulo, EDUSP, 1973.
MARTINS, José de Souza. Sociologia da fotografia e da imagem. São Paulo,