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CETCC- CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO-

COMPORTAMENTAL

RAQUEL CABIANCA BEREZOWSKI ALVES

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NA PREVENÇÃO E


TRATAMENTO DE ANSIEDADE INFANTIL

São Paulo
2017
RAQUEL CABIANCA BEREZOWSKI ALVES

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NA PREVENÇÃO E


TRATAMENTO DE ANSIEDADE INFANTIL

Trabalho de conclusão de curso Lato Sensu


Área de concentração: Terapia Cognitivo-
Comportamental
Orientadora: Profa. Dra. Renata Trigueirinho
Alarcon
Coorientadora: Profa. Msc. Eliana Melcher
Martins

São Paulo
2017
Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a fonte.

Alves, Raquel Cabianca Berezowski.

TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE


ANSIEDADE INFANTIL

Raquel Cabianca Berezowski Alves, Renata Trigueirinho Alarcon, Eliana Melcher Martins
– São Paulo, 2017.

37 f. + CD-ROM

Trabalho de conclusão de curso (especialização) - Centro de Estudos em Terapia


Cognitivo-Comportamental (CETCC).

Orientadora: Profª. Drª. Renata Trigueirinho Alarcon


Coorientadora: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins

1 Ansiedade infantil, 2. Terapia Cognitivo-Comportamental. I. Alves, Raquel Cabianca


Berezowski. II. Alarcon, Renata Trigueirinho. III. Martins, Eliana Melcher.
Raquel Cabianca Berezowski Alves

Terapia Cognitivo-Comportamental na prevenção e tratamento de ansiedade


infantil

Monografia apresentada ao Centro de


Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental
como parte das exigências para obtenção do título
de Especialista em Terapia Cognitivo-
Comportamental

BANCA EXAMINADORA

Parecer: _______________________________________________________

Prof. _____________________________________________________

Parecer: _______________________________________________________

Prof. _____________________________________________________

São Paulo, ___ de ___________ de _____


Para minha família e meu marido, por todo amor, incentivo e
compreensão.
AGRADECIMENTOS

Ao CETCC e seus professores, facilitadores e instigadores de conhecimento.


Ao meu amado marido, pelo amor, cuidado e compreensão imensuráveis.
Aos meus queridos irmão e cunhada, pelas palavras de incentivo e carinho.
Ao meu precioso sobrinho e afilhado, fonte de inspiração da sensibilidade e
interesse pelas crianças.
E, em especial, aos meus pais, pelo amor e apoio de uma vida toda e pelo
bem mais precioso que me proporcionaram: a educação.
RESUMO

A presente pesquisa teve por finalidade analisar as possibilidades de prevenção e


tratamento da ansiedade infantil. Percorreu o caminho de esclarecer o conceito de
ansiedade, para depois distinguir a ansiedade normal daquela considerada
patológica. Ainda, detalhou a ansiedade na infância e, após isso, verificou a
aplicação da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) no tratamento dos sintomas
da ansiedade infantil. Além disso, pontua a manifestação da ansiedade infantil no
contexto escolar, explorando as possíveis intervenções através de um programa de
prevenção universal o qual se baseia na abordagem da TCC. Como metodologia
científica, foi utilizado o levantamento bibliográfico de livros, artigos e dissertações
envolvendo a referida temática. O estudo realizado demonstra a importância da
prevenção e tratamento de sintomas ansiosos na infância, objetivando evitar o
desenvolvimento de transtornos na vida adulta, promovendo, dessa forma, maior
saúde mental na população como um todo.

Palavras-chave: Ansiedade infantil; Ansiedade no contexto escolar; Terapia


Cognitivo-Comportamental nos transtornos de ansiedade na infância.
ABSTRACT

The present research aim is to analyze the possibilities of prevention and treatment
of childhood anxiety. It goes along the way of clarifying the concept of anxiety, to
distinguish normal anxiety from what is considered pathological. It also details the
anxiety in childhood and, after that, verifies the application of Cognitive-Behavioral
Therapy (CBT) in the treatment of symptoms of childhood anxiety. In addition, it
points to the manifestation of childhood anxiety in the school context, exploring
possible interventions through a universal prevention program which is based on the
CBT approach. As a scientific methodology, the bibliographical survey of books,
articles and dissertations involving the aforementioned topic was used. The study
demonstrates the importance of the prevention and treatment of anxious symptoms
during childhood, aiming to avoid the development of disorders in adult life, thus
promoting greater mental health in the population as a whole.

Keywords: Child anxiety; Anxiety in the school context; Cognitive-Behavioral


Therapy in childhood anxiety disorders.
SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS

RESUMO

ABSTRACT

1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................1

2. OBJETIVOS.............................................................................................................4

2.1 Objetivo Geral..............................................................................................4

2.2 Objetivo Específico......................................................................................4

3. METODOLOGIA......................................................................................................5

4. RESULTADOS........................................................................................................6

4.1 Definição de ansiedade...............................................................................6

4.2 Ansiedade patológica na infância................................................................9

4.3 Breve histórico e descrição da terapia cognitivo-comportamental............16

4.4 Tratamento da ansiedade na infância através da terapia cognitivo-


comportamental..........................................................................................................17

4.5 Possibilidades de intervenções com a terapia cognitivo-comportamental


em contexto escolar...................................................................................................22

5. DISCUSSÃO..........................................................................................................30

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................34

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................35

ANEXO.......................................................................................................................37
1.INTRODUÇÃO

O tema que aqui se propõe estudar – Ansiedade Infantil – originou-se do


grande interesse particular enquanto psicóloga pelos estudos e atuação clínica
envolvendo a infância. O assunto tornou-se inquietante a partir da observação,
por meio de leituras científicas e relatos de colegas, de um aparente aumento
dos Transtornos de Ansiedade na infância.
Os transtornos de ansiedade são os que mais afetam crianças e
adolescentes, com um predomínio entre 4 e 20% (KRAIN et al., 2007, apud
PETERSEN et al, 2011). Cabe ressaltar que as taxas podem ser muito
maiores, pois existem muitas crianças e adolescentes com transtornos
ansiosos não diagnosticados e não tratados, não constando, assim, nessas
estatísticas (PETERSEN et al, 2011).
A atenção aos sintomas ansiogênicos infantis é de extrema importância,
já que a presença de ansiedade na infância pode evoluir para transtornos de
ansiedade na vida adulta. O diagnóstico clínico segue os mesmos critérios
aplicados aos adultos, excetuando-se o transtorno de ansiedade de separação,
o qual é típico da infância e adolescência (WALKUP et al, 2008, apud
PETERSEN et al, 2011).
Contudo, em termos psicopatológicos, a distinção entre ansiedade
normal e patológica na infância é uma linha um tanto quanto tênue. Existem os
medos próprios das crianças, considerados normais, e que tendem a
desaparecer na adolescência, pois, do contrário, podem se tornar patológicos
(BARBOSA; GAIÃO, 1999).
Segundo Angelotti (2011), o aumento dos casos de ansiedade pode
estar ligado ao estilo de vida predominante atualmente. A sociedade moderna
vivencia estímulos cada vez mais complexos, rápidos e intensos e as
consequências disso são percebidas por uma tendência dos indivíduos a
anteciparem e se preocuparem excessivamente com os acontecimentos,
temendo-os de forma intensa.
As crianças, por sua vez, não estão imunes às pressões da sociedade
atual. Ainda que elas não estejam imersas em situações extremas de

1
adversidade ou trauma, provavelmente sofrerão algum grau de pressão ao seu
redor (Goldstein e Brooks, 2005, apud IIZUKA; BARRET, 2011).
A ansiedade infantil pode se percebida mais claramente no contexto
escolar. Nesse ambiente, se apresentam inúmeras situações causadoras de
ansiedade para as crianças, especialmente as situações novas, não
experenciadas antes no convívio familiar (OLIVEIRA; SISTO, 2002). Talvez
algumas alterações psicopatológicas desapareçam no retorno da criança ao
contexto familiar, o qual, normalmente, apresenta menos exigências
potencialmente geradoras de ansiedade (BARBOSA; GAIÃO, 1999).
Considerando-se a observação da ansiedade das crianças no ambiente
escolar, as escolas de educação infantil e de ensino fundamental podem
desempenhar papel fundamental na promoção e prevenção da saúde mental
por meio da implementação de programas universais que objetivem um
aumento do aprendizado de habilidades sociais e emocionais (PETERSEN et
al., 2011).
Antes de expor as possibilidades de prevenção e tratamento da
ansiedade infantil com a terapia cognitivo-comportamental (TCC) cabe apontar
brevemente que a TCC foi criada por Aaron Beck, no início da década de 60,
com estudos voltados ao tratamento da depressão (BECK, J., 2013).
A TCC enquadra-se como uma psicoterapia estruturada, de curta
duração, voltada para o presente, direcionada à solução de problemas atuais e
a modificação de pensamentos e comportamentos disfuncionais (aqueles
inadequados, inúteis) (Beck, 1964 apud BECK, J., 2013). Essa terapia mostra-
se aplicável a populações diversas, abrangendo inúmeros transtornos e
problemas (BECK, J., 2013).
Nesta abordagem é papel do terapeuta auxiliar o paciente a produzir
uma mudança cognitiva, uma mudança de pensamentos e sistema de crenças
que, por sua vez, provocará uma mudança emocional e comportamental
(BECK, J., 2013).
Ao final da década de 70, Beck começou a estudar a ansiedade,
descobrindo que o foco para tal psicopatologia se diferenciava um pouco do da
depressão. Estudos científicos demonstraram a eficácia da terapia cognitivo-
comportamental para transtornos de ansiedade (Clark e Beck, 2010, apud
BECK, J., 2013, p. 26).

2
A TCC utilizada no tratamento dos transtornos de ansiedade envolve
diferentes técnicas, tanto comportamentais, como cognitivas. Nos transtornos
de ansiedade na infância, a TCC busca ensinar a criança a reconhecer sinais
de ansiedade, utilizando-os para enfrentá-la (PETERSEN et al., 2011).
O presente Trabalho de Conclusão de Curso orienta-se para um estudo
teórico, utilizando a metodologia de pesquisa de revisão bibliográfica. Tem por
finalidade analisar as possibilidades de prevenção e tratamento da ansiedade
infantil através da TCC, bem como discutir a manifestação dos sintomas
ansiosos no contexto escolar e, ainda, explorar as possibilidades de prevenção
e tratamento dos sintomas ansiosos em crianças com as técnicas da TCC no
ambiente escolar.

3
2. OBJETIVOS

2.1 Geral
O presente trabalho pretende, através de revisão bibliográfica, analisar a
aplicação da Terapia Cognitivo-Comportamental na prevenção e no tratamento
dos sintomas da ansiedade infantil.

2.2 Específicos
 Verificar a presença de ansiedade infantil no contexto escolar;
 Explorar possíveis intervenções da Terapia Cognitivo-Comportamental
para prevenção e redução da ansiedade infantil no contexto escolar.

4
3. METODOLOGIA

Os dados para o desenvolvimento deste estudo e alcance dos


resultados foram coletados por meio de levantamento bibliográfico de livros,
artigos científicos e dissertações.
O levantamento bibliográfico coletado por meio eletrônico foi realizado
nas bases: Scielo, Google Acadêmico, Bireme e Lilacs.
As Palavras-chave utilizadas foram: Ansiedade Infantil; Ansiedade no
Contexto Escolar e Terapia Cognitivo-Comportamental nos transtornos de
ansiedade na infância.
Dos artigos e dissertações encontrados, 11 foram selecionados, além de
dois livros acadêmicos, como fonte de dados para a confecção deste trabalho
científico.
Os critérios de inclusão se basearam na escolha de artigos que
abordassem a ansiedade na infância e as possibilidades de prevenção e
tratamento pela abordagem da TCC. Artigos que focaram seu tema na
ansiedade na idade adulta ou formas de tratamento baseadas em outras
abordagens foram excluídos.

5
4. RESULTADOS

4.1 Definição de Ansiedade

A palavra ansiedade apresenta a raiz indo-germânica “Angh”,


indicando estreitamento ou constrição. O termo grego Anshein
significa estrangular, sufocar, oprimir. O termo angústia origina-se do
latim angere, exprimindo desconforto. Todos esses termos referem-se
à experiência subjetiva característica da ansiedade (KOZASA, 2011,
p. 223).

A ansiedade é um sentimento vivenciado, em maior ou menor grau, por


todas as pessoas. O conjunto de reações gerado por tal sentimento foi
desenvolvido ao longo do processo evolutivo do ser humano, com o objetivo de
preparar o homem para enfrentar os perigos da vida de forma mais adequada,
preservando, dessa forma, a integridade física dos indivíduos (MUSSOI;
RANGÉ, 2011).
Num passado distante, os perigos enfrentados pelo homem eram,
principalmente, relacionados às catástrofes naturais ou predadores famintos.
Nesses casos, a reação de ansiedade preparava os organismos para lutar ou
fugir dessas ameaças, provocando efeitos no corpo (como aumento de
suprimento de sangue e oxigênio para os músculos grandes) capazes de
auxiliar no enfrentamento da situação de emergência (MUSSOI; RANGÉ,
2011).
Atualmente, contudo, os homens estão propensos a diversos tipos de
perigos e ameaças, os quais vão além daqueles de ordem natural. Os perigos
e ameaças atuais podem estar relacionados à vida em sociedade (como fazer
uma prova difícil ou falar em público) e, apesar de não deixarem de ser reais,
de uma forma geral, dizem respeito a uma ameaça ao bem-estar subjetivo
(MUSSOI; RANGÉ, 2011).
De acordo com Holmes, 2001: “É provável que todos tenhamos
experimentado ansiedade em algum momento, o que não significa sofrermos
de transtornos de ansiedade”. Dessa forma, a ansiedade é considerada uma
reação esperada do organismo diante de vivências conflituosas (Holmes, 2001,
p. 92, apud NITZCHE, 2012, p. 11).
Para Barbirato e Dias, 2009, “a ansiedade natural é necessária para a
sobrevivência e sem essa não lutaríamos para conquistar melhorias, não

6
procuraríamos superar obstáculos, não fugiríamos em situações perigosas”
(Barbirato e Dias, 2009, apud RODRIGUES, 2011, p. 31).
Portanto, a ansiedade pode ser funcional quando dispara
comportamentos de enfrentamento eficazes. Contudo, ao se tornar grave a
ponto de afetar o funcionamento normal, é denominada de Transtorno de
Ansiedade, psicopatologia mais comum de todos os transtornos psiquiátricos
(Pinel, 2005, apud MUSSOI; RANGÉ, 2011).
A reação de ansiedade disfuncional se apresenta diante de um perigo ou
ameaça percebida pelo indivíduo que não deve ser solucionado através da
fuga nem da luta física e, sim, pela utilização de habilidades sociais e de
raciocínio. Cabe apontar que essas últimas habilidades necessárias para o
enfrentamento da situação ameaçadora podem ser inibidas pela ansiedade
(MUSSOI; RANGÉ, 2011).
Para Heldt et al (2013):
A ansiedade passa a ser patológica quando se torna uma emoção
desagradável e incômoda, que surge sem estímulo externo
apropriado ou proporcional para explicá-la, ou seja, quando a
intensidade, duração e frequência estão aumentadas e associadas ao
prejuízo no desempenho social ou profissional do paciente (Heldt et
al., 2013, p. 114).

Assim, confirmando o que foi dito acima, quando a ansiedade se


evidencia em situações inapropriadas ou de forma desproporcional, podem
aparecer prejuízos consideráveis em diversos âmbitos da vida de uma pessoa
(MUSSOI; RANGÉ, 2011).
A ansiedade patológica leva o paciente ao desenvolvimento de
estratégias compensatórias, as quais objetivam a evitação daquilo que causa
temor. Além do prejuízo funcional imediato, consequências de médio e longo
prazo possíveis são a diminuição de autoestima e o desinteresse pela vida
(APA, 2000, apud VIANNA; CAMPOS; LANDEIRA-FERNANDEZ, 2009).
Segundo Asbahr, apud RODRIGUES (2011), as reações exageradas
provenientes da ansiedade disfuncional frequentemente se desenvolvem
quando há uma predisposição neurobiológica herdada.
Em relação aos sintomas da ansiedade, esses podem se apresentar
somatizados no organismo, através de reações fisiológicas tais como
taquicardia, palpitação, dificuldade respiratória, tremores, calorões, calafrios,

7
tensão muscular, náuseas, dor de cabeça, sudorese etc. Além disso, a
ansiedade possui também sintomas cognitivos, os quais são percebidos como
dificuldade de concentração, pensamento catastrófico, hipervigilância, medo de
perder o controle etc (HELDT et al., 2013).
Ainda, podem estar presentes os sintomas comportamentais, os quais
se caracterizam por inquietude, isolamento e esquiva. Também se observam
sintomas emocionais, tais como medo, apreensão, irritabilidade e impaciência.
Por fim, se podem apontar os sintomas perceptivos, como despersonalização,
desrealização e hiper-reatividade aos estímulos (HELDT et al., 2013).
De acordo com o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais), os transtornos de ansiedade são agrupados como:
Transtorno de ansiedade de separação; Mutismo Seletivo; Fobia Específica;
Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social); Transtorno do Pânico;
Agorafobia; Transtorno de Ansiedade Generalizada; Transtorno de Ansiedade
Induzido por Substância/Medicamento; Transtorno de Ansiedade Devido à
Outra Condição Médica; Outro Transtorno de Ansiedade Especificado;
Transtorno de Ansiedade Não Especificado. Cada transtorno de ansiedade
citado é apresentado pelo DSM-V com os seguintes subtítulos: critérios
diagnósticos; características diagnósticas; características associadas que
apoiam o diagnóstico; prevalência; desenvolvimento e curso; fatores de risco e
prognóstico; questões diagnósticas relativas à cultura; questões diagnósticas
relativas ao gênero; risco de suicídio; consequências funcionais do transtorno;
diagnóstico diferencial; comorbidade; especificadores; procedimentos para
registro; marcadores diagnósticos (DSM-5, 2014).
Segundo o DSM – 5:
Os transtornos de ansiedade diferem entre si nos tipos de objetos ou
situações que induzem medo, ansiedade ou comportamento de
esquiva e na ideação cognitiva associada. Assim, embora os
transtornos de ansiedade tendam a ser altamente comórbidos entre
si, podem ser diferenciados pelo exame detalhado dos tipos de
situações que são temidos ou evitados e pelo conteúdo dos
pensamentos ou crenças associados.
Os transtornos de ansiedade se diferenciam do medo ou da
ansiedade adaptativos por serem excessivos ou persistirem além de
períodos apropriados ao nível de desenvolvimento. Eles diferem do
medo ou da ansiedade provisórios, com frequência induzidos por
estresse, por serem persistentes (p. ex., em geral durando seis
meses ou mais), embora o critério para a duração seja tido como um
guia geral, com a possibilidade de algum grau de flexibilidade, sendo
às vezes de duração mais curta em crianças (como no transtorno de

8
ansiedade de separação e no mutismo seletivo). Como os indivíduos
com transtornos de ansiedade em geral superestimam o perigo nas
situações que temem ou evitam, a determinação primária do quanto o
medo ou a ansiedade são excessivos ou fora de proporção é feita
pelo clínico, levando em conta fatores contextuais culturais. Muitos
dos transtornos de ansiedade se desenvolvem na infância e tendem a
persistir se não forem tratados. A maioria ocorre com mais frequência
em indivíduos do sexo feminino do que no masculino (proporção de
aproximadamente 2:1). Cada transtorno de ansiedade é
diagnosticado somente quando os sintomas não são conseqüência
dos efeitos fisiológicos do uso de uma substância/medicamento ou de
outra condição médica ou não são mais bem explicados por outro
transtorno mental (DSM-5, 2014, p. 230)

A partir do que foi exposto até o momento, a ansiedade deve ser


avaliada e, se identificada como patológica, é necessário que haja tratamento
de acordo com sua especificidade (NITZCHE, 2012).

4.2 Ansiedade patológica na infância

Com a evolução da história, as definições dos transtornos ansiosos se


modificaram. Os conceitos dos transtornos ansiosos, assim como outras
psicopatologias, buscam caracterizar, através de linguagem objetiva,
determinadas vivências subjetivas. As alterações conceituais se apresentam na
medida em que há maior compreensão sobre o fenômeno explorado (Bernstein
et al., 1996, apud VIANNA; CAMPOS; LANDEIRA-FERNANDEZ, 2009).
Até a década de 80 predominava a ideia de que os medos e
preocupações infantis eram transitórios e benignos. Atualmente, há o
reconhecimento de que tais medos e preocupações, se excessivos, podem
fazer parte de quadros patológicos (Souza et al., 2005, apud RODRIGUES,
2011).
Hoje, a teoria prevalente aponta para a possibilidade de os transtornos
de ansiedade diagnosticados na vida adulta terem se iniciado ainda no período
da infância e adolescência (Alpert & cols., 1994; Manfro & cols., 2002; Vasa &
Pine, 2004, apud VIANNA; CAMPOS; LANDEIRA-FERNANDEZ, 2009). Essa
visão atual é positiva, pois estimula estudos da evolução do quadro clínico da
primeira infância até a idade adulta (Bernstein et al., 1996, apud VIANNA;
CAMPOS; LANDEIRA-FERNANDEZ, 2009).
Assim, as doenças psiquiátricas na infância são precursoras de uma
grande variedade de resultados negativos. Se uma criança apresenta sintomas

9
de uma doença psiquiátrica e ela não é tratada, existe um maior risco do
desenvolvimento de outros transtornos emocionais ao longo de sua vida adulta
(Sourander et al., 2007, apud RODRIGUES, 2011).
Os transtornos de ansiedade são patologias comumente identificadas
em crianças e adolescentes, podendo ocasionar prejuízos no funcionamento
familiar, social e escolar. A prevalência dos transtornos de ansiedade na
infância e na adolescência gira em torno de 13% (GONÇALVES; HELDT,
2009). Contudo, não se sabe ao certo a prevalência desses transtornos na
população infanto-juvenil brasileira, já que, no Brasil, ainda existem poucos
estudos sobre o tema ansiedade em crianças e adolescentes (VIANNA;
CAMPOS; LANDEIRA-FERNANDEZ, 2009).
Antes de se realizar o diagnóstico de algum Transtorno de Ansiedade na
infância é importante que se conheçam as etapas do desenvolvimento infantil,
as quais são influenciadas por diferentes aspectos: hereditários, ambientais,
culturais, sociais etc. Deve-se compreender o que é esperado para cada faixa
etária, distinguindo aquilo que é considerado um desenvolvimento saudável
daquilo que é considerado um desenvolvimento disfuncional, patológico
(Barbirato e Dias, 2009, apud RODRIGUES, 2011).
Os medos mais constantes, considerando-se o estágio evolutivo, são os
seguintes: do nascimento aos 6 meses - perda de contato físico com a mãe e
ruídos intensos; dos 7 aos 12 meses - pessoas ou situações estranhas e
ansiedade de separação; dos 2 aos 3 anos - medo de animais; dos 3 aos 6
anos - medo de escuro, tormentas, criaturas imaginárias e perda de entes
queridos; dos 6 aos 10 anos - preocupação acerca de dano físico, de perigos e
da escola; dos 10 aos 12 anos - preocupações a respeito das relações com o
sexo oposto, independência e planos de vida (Sroufe e Rutter, 1984, apud
PETERSEN et al, 2011). Normalmente, à medida que as crianças crescem,
seus medos tendem a diminuir (Kendall, 2006 a, apud PETERSEN et al.,
2011).
Segundo Barbirato e Dias (2009):
A ansiedade identificada como patológica relaciona-se à
angústia antecipada e a um comportamento de esquiva, ou seja, a
criança sofre por antecipação e não faz nada que a amedronta. É um
sentimento incômodo, uma preocupação com o fato de que algo
inesperado pode, a qualquer momento, acontecer. Necessariamente

10
implica prejuízos no dia-a-dia desses jovens (Barbirato e Dias, 2009,
apud RODRIGUES, 2011, p. 32-33).

Avaliar a ansiedade patológica em crianças e adolescentes é difícil, pois,


muitas vezes, eles não conseguem expressar verbalmente suas preocupações,
medos e pânicos. Os pais dessas crianças e adolescentes podem informar
sobre suas percepções de sintomas de ansiedade em seus filhos, o que auxilia
na avaliação de um possível transtorno ansioso (Costello et al., 2005, apud
RODRIGUES, 2011).
Afirmando o exposto acima, Assumpção e Resch, colocam que “as
crianças, especialmente as menores, podem não reconhecer seus medos
como exagerados ou irracionais” (Assumpção e Resch, 2006, apud
GONÇALVES e HELDT, 2009, p.2). Ainda, como já apontado, como o
diagnóstico depende de uma diferenciação com a própria ansiedade
proveniente do processo de desenvolvimento, os transtornos de ansiedade na
infância comumente não recebem diagnóstico, avaliação adequada e, por
vezes, são tratados de forma insatisfatória.
O diagnóstico clínico dos transtornos de ansiedade na infância segue os
mesmos critérios aplicados aos adultos, com exceção do Transtorno de
Ansiedade de Separação (TAS), que é típico da infância e adolescência
(PETERSEN, 2011). O TAS apresenta remissão dos sintomas na vida adulta
ou evolui para outras psicopatologias, principalmente o Transtorno de
Ansiedade Generalizada (TAG), o Transtorno do Pânico ou Depressão (Suveg
et al., 2005, apud VIANNA; CAMPOS; LANDEIRA-FERNANDEZ, 2009).
Apesar dos métodos para o diagnóstico dos Transtornos Ansiosos em
crianças serem semelhantes àqueles utilizados em adultos, a avaliação e o
tratamento da ansiedade disfuncional na infância deve respeitar questões
particulares dessa faixa etária, como já citado anteriormente (ASBAHR, 2004).
De acordo com mesmo autor, em termos epidemiológicos, em crianças e
adolescentes, os quadros mais frequentes são: o TAS, com prevalência em
torno de 4%; o Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), com prevalência
entre 2,7 a 4,6% e as Fobias Específicas (FE), com prevalência entre 2,4 a
3,3%. A prevalência de Fobia Social (FS) fica em torno de 1%, e a de
Transtorno de Pânico (TP), em 0,6% (ASBAHR, 2004).

11
A distribuição entre os sexos é equivalente de modo geral, exceto para
Fobias Específicas, Transtorno de Estresse Pós Traumático e Transtorno do
Pânico, os quais apresentam predominância do sexo feminino. O Transtorno de
Ansiedade de Separação e as Fobias Específicas são mais comumente
diagnosticados em crianças, enquanto o Transtorno do Pânico, a Fobia Social
e o Transtorno de Ansiedade Generalizada aparecem mais frequentemente em
adolescentes. Caso os Transtornos Ansiosos na Infância e na Adolescência
(TAIA) não sejam tratados, os mesmos tendem a apresentar um curso crônico,
embora costumem aparecer de forma flutuante ou episódica (ASBAHR, 2004).
Abrindo um parêntese para breve atualização, de acordo com o DSM-5,
os transtornos de ansiedade não abrangem mais o transtorno obsessivo-
compulsivo (TOC), o qual se encontra agora no novo capítulo "Transtorno
Obsessivo-compulsivo e Transtornos Relacionados". O transtorno de estresse
pós-traumático (TEPT) e o transtorno de estresse agudo (TEA) também não
estão mais agrupados com os transtornos de ansiedade, sendo que estão no
novo capítulo "Transtornos Relacionados a Trauma e a Estressores" (DSM-5,
2014).
Além dessas modificações acima, cabe apontar que o transtorno de
pânico e a agorafobia não estão juntos no DSM-5. Ainda, o transtorno de
ansiedade de separação e o mutismo seletivo são agora classificados como
transtornos de ansiedade (DSM-5, 2014).
Ainda se tratando da epidemiologia dos TAIA, o TAS é mais comum que
o TAG em crianças menores, na faixa de 6 a 8 anos, enquanto nos
adolescentes o TAG predomina em relação ao TAS. Esse dado pode ser
explicado pelo desenvolvimento de maior maturidade social dos adolescentes
(LAST et al., 1992; WESTENBERG et al., 1999, apud ASBAHR, 2004).
Estudos realizados com crianças e adolescentes que sofrem de
ansiedade apontam uma variedade ampla quanto à idade de início dos
transtornos ansiosos. A fobia específica, a ansiedade generalizada e a fobia
social se manifestam comumente no início da idade escolar. Transtornos como
a agorafobia e o transtorno obsessivo compulsivo começam dos 9 aos 11 anos.
Aproximadamente aos 11 anos pode surgir o transtorno do pânico (COSTELLO
et al., 1996, apud PETERSEN et al, 2011).

12
Seguindo os estudos que apontam os TAIA como precursores de
Transtornos Ansiosos nos adultos: o TAS na infância pode indicar quadro de
TP e agorafobia na vida adulta; os adolescentes com FE têm risco aumentado
para a FE quando adultos; e adolescentes com FS apresentam maior risco de
terem FS na idade adulta. Além disso, adolescentes com TAG, TP ou
Depressão maior têm maiores chances de desenvolver esses transtornos, ou a
combinação deles, durante a fase adulta (ASBAHR, 2004).
As pesquisas também demonstram que crianças na faixa etária de 4 a 5
anos possuem chance significativa de desenvolverem um Transtorno de
Ansiedade (11,9%) em comparação a crianças na faixa etária de 2 a 3 anos
(7%). Como já mencionado, as meninas apresentam maiores probabilidades de
se enquadrarem nos TAIA do que os meninos. Essa diferença, demonstrada
clínica e estatisticamente, aponta uma taxa duas vezes maior nas meninas
quando se trata dos Transtornos Ansiosos (COSTELLO et al., 2005, apud
RODRIGUES, 2011).
A presença de mais de um transtorno juntamente a um Transtorno de
Ansiedade (comorbidade) é comum durante a infância. Os estudos indicam que
no mínimo 30% dos jovens que possuem um Transtorno de Ansiedade
apresentam outro transtorno ansioso associado (RODRIGUES, 2011).
As possíveis explicações da presença frequente de transtornos
múltiplos de ansiedade incluem a ocorrência de um transtorno de
ansiedade que age como um fator de risco para outros, de tal
maneira que diferentes transtornos de ansiedade têm a mesma
etiologia ou sintomas sobrepostos, fato pelo qual os sujeitos atendem
os critérios diagnósticos múltiplos (Kashani e Orvaschel, 1990, apud
RODRIGUES, 2011, p. 34).

As crianças que possuem um transtorno de ansiedade apresentam um


risco 8,2 vezes maior de desenvolverem Depressão, sendo esta a comorbidade
mais comum relacionada aos transtornos ansiosos. Quanto a outros
transtornos, a chance de presença do Transtorno de Conduta e do Transtorno
Desafiador Opositivo (TDO) é 3,1 maior e do TDAH é 3,0 maior (Costello et al.,
2005, apud RODRIGUES, 2011).
A etiologia dos transtornos de ansiedade na infância envolve múltiplos
fatores, como os biopsicológicos e ambientais diversos (GONÇALVES; HELDT,
2009). Segundo Petersen, “o modelo diátese estresse de psicopatologia

13
ressalta que a história da aprendizagem tem um papel fundamental”
(PETERSEN, 2011, p. 3).
Determinados fatores de risco se relacionam com os transtornos de
ansiedade, como estilos de apego inseguro, temperamento da criança,
presença de transtorno de ansiedade nos pais, determinadas características
dos estilos parentais (superproteção e comportamentos de evitação). Estudos
mostram que um temperamento de inibição no bebê, por exemplo, está
associado à irritabilidade, medos difusos entre 18 e 30 meses e tem se
mostrado correlacionado aos Transtornos de Ansiedade (PETERSEN, 2011).
Ainda, características ansiosas nos pais podem ser preditoras de
características semelhantes nas crianças. Estilos parentais de comportamentos
superprotetores e controladores em excesso se associam à baixa autoeficácia
em crianças, questão diretamente relacionada aos Transtornos de Ansiedade
(ASBAHR, 2004).
De acordo com Petersen (2011), o modelo etiológico dos Transtornos de
Ansiedade pode ser descrito resumidamente pela interação dos fatores:
influências genéticas e ambientais; circuitos neurais envolvidos nas emoções;
processos psicológicos; tendências comportamentais incluindo temperamento
(PETERSEN, 2011).
A etiologia comportamental é baseada no paradigma da evitação
aprendida. Dois fatores combinados explicam esse fenômeno:
condicionamento clássico e operante. O pareamento do estímulo
causador de medo com um lugar pode resultar em medos fóbicos
específicos. Por outro lado, reforçamentos resultantes de evitações
desse lugar pela redução de desconforto caracterizam a
aprendizagem operante (Shapiro; Bardenstein, 2006, apud
PETERSEN, 2011, p. 3).

O reforçamento de comportamentos de evitação da criança pode vir,


também, por parte de seus cuidadores. A técnica mais utilizada no tratamento
dos transtornos ansiosos é a chamada exposição (o contrário da evitação).
Com a intervenção expositiva consegue-se uma nova aprendizagem, mais
adaptada (PETERSEN, 2011).
A etiologia cognitiva explica-se pelas percepções não realísticas e
interpretações ameaçadoras dos fatos. O diálogo interno das crianças
ansiosas comumente é marcado por previsões de falhas e perigo.
Normalmente, o erro de processamento de informação clássico do
indivíduo ansioso é o catastrofismo. Além de superestimar eventos
externos, o ansioso subestima sua capacidade de enfrentamento a
respeito de eventos negativos (PETERSEN, 2011).

14
Esclarecendo a informação acima, aqueles que vivenciam os sintomas
de ansiedade acreditam estar sofrendo algum tipo de ameaça relacionada a um
dano físico ou social. A forma ameaçadora como o indivíduo interpreta o evento
ou estímulo é característica comum nos Transtornos de Ansiedade
(PETERSEN, 2011).
Normalmente, nessas circunstâncias, existe o denominado viés
atencional, que se apresenta na hipervigilância da criança aos estímulos
corporais e/ou potencialmente perigosos. Para Shapiro e Bardenstein (2006),
“a pessoa ansiosa percebe mais sinais de perigo e pode erroneamente
interpretar o aumento de ameaças eminentes, aumentando sua preocupação e
reforçando ainda mais a interpretação superdimensionada” (Shapiro;
Bardenstein, 2006, apud PETERSEN, 2011, p. 4).
Quanto aos sintomas da ansiedade infantil são observadas diferentes
manifestações dos mesmos: fisiológicas (respiração alterada, sofrimento
abdominal difuso, rubor, urgência urinária, tremor, distúrbio gastrointestinal);
comportamentais (evitação da situação que causa ansiedade, voz trêmula,
postura rígida, choro, roer as unhas, chupar o dedo); e cognitivas
(pensamentos auto-referentes negativos, no sentido de estar sendo ameaçado,
ferido ou criticado). Normalmente os sintomas de ansiedade em crianças são
variados e confusos e são relatados, na maior parte das vezes, como queixas
somáticas (OLIVEIRA, 2008).
Cabe destacar que o alto nível de ansiedade infantil pode influenciar
negativamente no desempenho de diversas funções cognitivas. Dessa forma,
portadores de Transtorno de Ansiedade possuem maiores chances de
apresentarem déficits cognitivos. Por meio de testagens neuropsicológicas
pode-se mensurar o desempenho individual e descrever potenciais alterações
de funções cognitivas. As maiores alterações cognitivas, segundo estudos,
estão presentes nos processos de atenção, memória e funções executivas
(RODRIGUES, 2011).

15
4.3 Breve histórico e descrição da Terapia Cognitivo-Comportamental

No início da década de 1960, Aaron Beck criou uma forma de


psicoterapia originalmente denominada de “terapia cognitiva”, hoje usada por
muitos como sinônimo de “terapia cognitivo-comportamental”. Os estudos de
Beck se iniciaram vislumbrando possibilidades de tratamento para depressão
(BECK, J., 2013).
Trata-se de uma psicoterapia estruturada, de curta duração, voltada para
o presente, direcionada para a solução de problemas atuais e a modificação de
pensamentos e comportamentos disfuncionais (aqueles inadequados, inúteis)
(Beck, 1964 apud BECK, J., 2013). Essa terapia mostra-se aplicável para
populações diversas, abrangendo inúmeros transtornos e problemas.
Ao longo do tempo, algumas adaptações foram realizadas por certos
autores, as quais alteram o foco, as técnicas e a duração dos tratamentos,
embora mantenham a base teórica em si. Segundo Alford e Beck “em todas as
formas de terapia cognitivo-comportamental derivadas do modelo de Beck, o
tratamento está baseado em uma formulação cognitiva, as crenças e
estratégias comportamentais que caracterizam um transtorno específico”
(Alford e Beck, 1997, apud BECK, J., 2013).
Ainda, o tratamento da terapia cognitivo-comportamental apresenta uma
conceituação (compreensão) de cada caso, ou seja, as crenças específicas e
padrões de comportamento que cada paciente possui. É papel do terapeuta
auxiliar o paciente a produzir uma mudança cognitiva, uma mudança de
pensamentos e sistema de crenças que, por sua vez, provocará uma mudança
emocional e comportamental (BECK, J., 2013).
Como já apontado acima, a terapia cognitivo-comportamental (TCC)
pode ser adaptada a pacientes de diversos níveis de educação, renda, culturas
e idades. Percebe-se uma tendência atual maior para sua aplicação em
cuidados primários e outras especializações da saúde, escolas, programas
vocacionais e prisões etc. Além de individual, pode ser realizada em grupos,
casal e família (BECK, J., 2013).
A TCC se baseia no denominado “modelo cognitivo”, pelo qual todos os
transtornos psicológicos apresentam os ditos pensamentos disfuncionais (os
quais afetam o humor e demais pensamentos). Dessa forma, ao aprender a

16
identificar e analisar seu pensamento disfuncional de forma mais real e
adaptada, o paciente pode obter emoções e comportamentos também mais
adaptados e funcionais. Para uma melhora mais duradoura no humor,
pensamentos e comportamentos do paciente, os terapeutas poderão trabalhar
com as crenças básicas do paciente sobre si mesmo, seu mundo e as outras
pessoas (as crenças são um nível mais profundo de cognição) (BECK, J.,
2013).
Ao final da década de 70, Beck começou a estudar a ansiedade,
descobrindo que o foco para tal psicopatologia se diferenciava um pouco do da
depressão. Para Beck, os pacientes com sintomas ansiosos devem avaliar
melhor o risco das situações temidas, levando em consideração seus recursos
de enfrentamento internos e externos, buscando sempre melhorá-los. Além
disso, tais pacientes precisam reduzir suas evitações, enfrentando as situações
temidas e testando, assim, suas previsões negativas.
De acordo com Clark e Beck:
O modelo cognitivo da ansiedade tem sido aperfeiçoado para cada
um dos vários transtornos de ansiedade; a psicologia cognitiva
confirmou esses modelos, e estudos científicos demonstraram a
eficácia da terapia cognitivo-comportamental para transtornos de
ansiedade (Clark e Beck, 2010, apud BECK, J., 2013, p. 26).

J. Beck (2013, p.24), afirma que “mais de 500 estudos científicos


demonstraram a eficácia da terapia cognitivo-comportamental para uma ampla
gama de transtornos psiquiátricos, problemas psicológicos e problemas
médicos com componentes psicológicos”.

4.4 Tratamento da Ansiedade na Infância através da Terapia Cognitivo-


Comportamental

Anteriormente já foi colocado que a ansiedade se expressa em quatro


dimensões bem definidas: emoções, comportamento, pensamentos e corpo
(Kendall, 2006a, apud PETERSEN et al., 2011). Sendo assim, os objetivos da
TCC em crianças e adolescentes procuram a redução dos sintomas cognitivos,
comportamentais e somáticos da ansiedade (Kendall, 1994 apud
GONÇALVES; HELDT, 2009).

17
As técnicas utilizadas pela abordagem auxiliam no reconhecimento dos
sentimentos e reações fisiológicas ligadas a ansiedade. Ainda, promovem a
percepção dos pensamentos ou cognições em situações disparadoras da
ansiedade, bem como desenvolvem habilidades para lidar com a ansiedade e
avaliar os resultados obtidos (Kendall, 1994 apud GONÇALVES; HELDT,
2009). Durante as sessões de psicoterapia, a criança aprenderá que a
ansiedade é como um sistema de alarme que pode soar sem aviso em
algumas situações (pode-se utilizar da analogia do alarme falso) (PETERSEN
et al., 2011).
É importante que o terapeuta tenha flexibilidade ao utilizar essas
técnicas, considerando sempre as características individuais dos pacientes e
de sua família, ainda que respeite o protocolo no qual se baseia. Para Kendall:
A TCC não é uma receita de bolo a ser aplicada na qual os
terapeutas têm as respostas. É um processo de descoberta guiada
em que o envolvimento da criança, a relação terapêutica e a
flexibilidade do terapeuta são preditores do sucesso do tratamento.
Os fatores que podem predizer o êxito na relação terapêutica são
colaboração, não ter foco exagerado na ansiedade e atitude
verdadeira dos terapeutas (Kendall, 2010b, apud PETERSEN,
2011, p. 3).

A TCC tem seu foco na flexibilização de pensamentos disfuncionais, no


treino de habilidades sociais, além de exposições graduais e prevenção de
respostas baseadas em uma hierarquia de sintomas (a qual é feita pela
listagem dos sintomas menos intensos até os mais intensos e, gradualmente, o
paciente é exposto aos sintomas mais graves). O tratamento abrange três
principais fases: a psicoeducacional, a qual proporciona informações a respeito
da patologia e de seus aspectos neurobiológicos e psicológicos; a
reestruturação cognitiva e as intervenções baseadas em exposições e
prevenções de resposta ao estímulo fóbico (ASBAHR, 2004).
A técnica denominada de dessensibilização é a técnica da TCC mais
comum usada para o tratamento da ansiedade infantil, e envolve o
contracondicionamento. Realiza-se o treinamento de relaxamento, a
construção de uma hierarquia das evitações por grau de desconforto, a
dessensibilização na imaginação e a dessensibilização in vivo. Essa técnica
pode ser de difícil aplicação com crianças com menos de nove anos, devido ao

18
fato dessas crianças ainda não terem claras as noções de hierarquia (Boettcher
e Piacentini, 2006, PETERSEN et al., 2011).
Nos casos de crianças mais novas, outras técnicas podem ser
empregadas, como o role play com fantoches. Personagens que provocam
sensações de pavor nas crianças, como bruxas, dinossauros, podem
representar os medos, enquanto outro personagem pode representar a criança,
por exemplo (tal técnica abrange inundação e estratégias de coping). Uma
estratégia possível para se utilizar ao se perceber que a criança possui
dificuldade em enfrentar seus medos é a inversão de papéis: o terapeuta
apresenta saídas possíveis e de autoinstrução, as quais a criança poderá se
inspirar em momentos posteriores de conflito (PETERSEN et al., 2011).
Outra técnica utilizada e que é fundamental para o trabalho com crianças
ansiosas é o relaxamento, o qual pode ser realizado através do treinamento da
respiração diafragmática ou de relaxamento progressivo muscular. A
respiração diafragmática pode ser orientada para a criança da seguinte forma
metafórica: pede-se à criança que ela imagine a presença de um tubo que se
localiza na ponta de seu nariz e vai até sua barriga, onde há um balão, o qual
terá que inflar (contando até cinco) e desinflar (PETERSEN et al., 2011).
No relaxamento progressivo dos músculos (RPM), os pacientes
aprendem a interferir ativamente no seu estado corporal para controlar sua
ansiedade. Para Sandor “o RPM de Jacobson mostra uma orientação mais
fisiológica do que psicológica, em que a pessoa aprende a avaliar as tensões
nos diferentes grupos musculares e consequentemente aprende a relaxá-los”
(SANDOR, 1982, apud, PETERSEN et al., 2011).
Assim, o paciente refina sua percepção das sensações do corpo e,
consequentemente, aprende a registrar a diminuição da tensão muscular,
enxergando o relaxamento de forma consciente. Com a repetição frequente
dos exercícios, o paciente acaba tornando o procedimento automático
(PETERSEN et al., 2011).
Cabe pontuar a importância de o terapeuta utilizar metáforas quando
trata de crianças. Jogos e recursos visuais adequados à idade e aos interesses
da criança podem favorecer o autoquestionamento cognitivo, a autorregulação
emocional e o enfrentamento independente (PETERSEN et al., 2011).

19
A TCC aborda o transtorno ansioso como o problema a ser amenizado,
fortalecendo a criança para lidar com as dificuldades do transtorno no dia-a-dia.
O foco não está sobre a criança em si ou sua família como sendo o problema
(ASBAHR, 2004).
Ao contrário do que é preconizado no tratamento da ansiedade em
adultos, os medicamentos psicotrópicos não são a primeira opção para o
tratamento de crianças e adolescentes com tal transtorno. Contudo, nos casos
nos quais os sintomas se apresentam de forma muito intensa e/ou o paciente
não adere às técnicas de exposição, somente a utilização da abordagem
Cognitivo-Comportamental não se mostra suficiente e eficaz (ASBAHR, 2004).
Procura-se, então, a farmacoterapia, a qual pode ou não estar associada
à TCC. As evidências clínicas demonstram os benefícios da combinação do
uso de medicamentos com a TCC, mas a literatura, por falta de estudos
controlados, não comprova a eficácia da TCC, da farmacoterapia e da
combinação das duas (March, 1995, apud ASBAHR, 2004). Os antidepressivos
inibidores seletivos da recaptação de serotonina têm sido, atualmente, os
medicamentos de primeira escolha (Isolan et al., 2007 apud GONÇALVES;
HELDT, 2009).
Os protocolos de TCC são geralmente de 10 a 20 semanas (Kendall,
1994, apud GONÇALVES; HELDT, 2009). A estrutura da sessão de TCC com
crianças é fundamental, sendo que o roteiro clássico é aplicado. Sendo assim,
inicia-se a sessão com um questionamento sobre o humor do paciente. Depois,
deve-se abordar a tarefa de casa. Em seguida, elabora-se a agenda da sessão
com o paciente e, antes do fim da sessão, se faz um resumo do que foi
abordado e, por último, a indicação de um novo exercício para casa
(PETERSEN; WAINER, 2011).
Segundo Petersen, “os fundamentos empíricos para a TCC dos
transtornos de ansiedade iniciaram em 1994 com o primeiro ensaio clínico
randomizado que avaliou o programa de intervenção Coping Cat”. Participaram
da pesquisa 47 crianças entre 8 e 13 anos portadoras de Transtorno de
Ansiedade Social, Ansiedade Generalizada, e com comportamentos de
evitação (PETERSEN, 2011).
Os resultados demonstraram uma significativa melhora dos sintomas
ansiosos no grupo citado. Após as intervenções, 66% da amostra não

20
preenchiam mais os critérios diagnósticos para os transtornos ansiosos. Os
resultados foram mantidos após um ano de tratamento (PETERSEN, 2011).
Um segundo estudo com 94 crianças entre 7 e 14 anos foi realizado e
indicou que 50% das crianças tratadas tiveram diminuição dos sintomas de
ansiedade. Estudos sobre o modelo Coping Cat foram realizados em outras
culturas na Austrália, onde foi denominado Coping Koala, e no Canadá, onde
foi denominado Coping Bear, sendo que em todos os estudos as intervenções
realizadas foram eficazes (PETERSEN, 2011).
Como já exposto, o tratamento para os transtornos de ansiedade tem
como finalidade principal ensinar a criança a reconhecer sinais de ansiedade e
a utilizar esses sinais para enfrentar a mesma. Para alcançar tais objetivos,
algumas estratégias têm demonstrado efetividade e algumas delas foram
reunidas no modelo de tratamento Coping Cat (PETERSEN, 2011).
O programa Coping Cat define-se como um protocolo manualizado de
TCC para os transtornos de ansiedade na infância, o qual demonstrou bons
resultados baseados em evidências bem estabelecidas, segundo os critérios da
American Psychological Association (PETERSEN, 2011).
Antes de se apresentar a estrutura e as técnicas desse programa,
destaca-se que o terapeuta deve observar algumas variáveis significativas
durante a avaliação inicial, como as comorbidades, o nível de desenvolvimento,
os estressores familiares e ambientais e, ainda, a condição socioeconômica.
Vale lembrar, ainda, que o ajuste da fidelidade das técnicas e da flexibilidade
do terapeuta são essenciais para uma boa condução de cada caso. Os
protocolos podem guiar o terapeuta em seu trabalho, mas o tratamento terá
maior eficácia se conduzido com empatia, habilidade e boa formação, sempre
se considerando a subjetividade de cada paciente (PETERSEN et al., 2011).
O protocolo do Coping Cat tem em sua estrutura determinadas técnicas
que embasam o tratamento. Primeiramente, trabalha-se auxiliando a criança a
reconhecer suas reações corporais como um identificador de ansiedade
(Kendall; Hedtke, 2006, apud PETERSEN, 2011).
Depois a criança aprende a identificar e nomear seus sentimentos, tanto
os negativos quanto positivos. O próximo passo é o desenvolvimento de
possíveis estratégias para a administração da ansiedade, as quais irão
promover o enfrentamento dos sintomas ansiosos e a modificação das

21
emoções (envolvem o treinamento comportamental de relaxamento, a
hierarquização dos temores e as exposições) (PETERSEN, 2011).
A introdução da autoinstrução auxilia na reestruturação cognitiva, de
forma que os gatilhos anteriores da ansiedade deixam de ser ativados. Além
disso, a autoavaliação e a autorecompensa pelos sucessos do paciente, ainda
que parciais, podem ser eficazes no tratamento (PETERSEN, 2011).
Segundo Kendall e Hedtke:
As estratégias básicas são técnicas de role-play, educação afetiva,
modelagem para uso de estratégias de coping mais eficazes,
identificação de reações corporais, técnicas de relaxamento, controle
de contingências pelo uso de recompensas, exposição na imaginação
e in-vivo (Kendall; Hedtke, 2006, apud PETERSEN, 2011).

De forma geral, a TCC baseia-se em modelos teóricos abertos a novas


evidências, na postura terapêutica colaborativa e ativa, no tempo determinado,
no foco no aqui e agora, na preocupação com o problema ou sintomas, na
descoberta e experimentação guiada e é capaz de fornecer estrutura para
avaliar a mudança. No contexto dos atendimentos infantis, a TCC tem tido
resultados satisfatórios, pelos seguintes motivos: suas práticas envolvem
aprendizagens mediadas por ações e avaliação de novas habilidades;
apresenta concretude na observação de situações e problemas reais, tendo
alta validade para as crianças, que tendem a se preocupar apenas com o
momento; facilita descobertas guiadas, promovendo a autocompreensão e
maior independência para o encontro de soluções; tem curto prazo,
característica que conversa com a perspectiva de tempo da criança e com a
brevidade da própria infância (Stallard, 2010, apud PETERSEN, 2011).

4.5 Possibilidades de intervenções preventivas com a Terapia Cognitivo-


Comportamental em contexto escolar

A ansiedade infantil comumente se manifesta no ambiente escolar. Ela é


percebida especialmente em momentos como o início do ano, a volta das férias
ou de um feriado prolongado. Os comportamentos dos alunos de choros e
medos aparentemente sem motivo, as queixas de dores de cabeça ou
abdominais e outros sintomas podem ser expressão da ansiedade (OLIVEIRA,
2008).

22
Tais sintomas ansiosos podem ser confundidos pelos pais ou
professores como birra ou manha, fator que pode piorar o quadro de ansiedade
da criança. É importante que adultos tentem compreender o que as crianças
estão sentindo. Para a criança, um adulto que inspire confiança e ouça os seus
medos pode aliviar sua ansiedade (OLIVEIRA, 2008).
As cobranças por bom desempenho escolar podem estar associadas à
ansiedade no contexto escolar. Em alunos que apresentam alguma dificuldade
de aprendizagem, a repetição das situações de fracasso pode causar um
aumento da ansiedade. Por sua vez, essa ansiedade colabora para um pior
desempenho escolar. No entanto, cabe apontar que os transtornos de
ansiedade atingem também alunos com alto rendimento escolar (OLIVEIRA,
2008).
A ansiedade afeta os alunos de forma considerável na época das provas
escolares, podendo causar dificuldade para recordar ou recuperar um
determinado conteúdo aprendido. Segundo Oliveira, 2008, “a criança divide sua
atenção entre as exigências da tarefa e sentimentos de cobrança, diminuindo o
nível de concentração e o desempenho em situações estressantes de
avaliação” (OLIVEIRA, 2008).
Atualmente as crianças recebem pressão para satisfazer padrões
uniformes, sendo também avaliadas no contexto escolar por provas
padronizadas. Caso não se adequem a esse sistema imposto pode haver a
rotulação da criança como incompetente e, como se tem visto muito, como
hiperativa (BUENO, 2011).
Pode-se dizer que o acréscimo de atividades diárias na rotina da criança
e o seu ingresso cada vez mais precoce na escola são fatores que
possivelmente têm provocado uma intensificação do estresse infantil na
contemporaneidade. Além disso, os adultos (pais e professores, por exemplo)
vêm se mostrando cada vez mais estressados e, por serem modelos para seus
filhos e alunos, contribuem para essa intensificação do estresse infantil (Tricoli,
2000, apud BUENO, 2011).
Deve-se considerar o dinamismo dos fatores de risco e proteção: a
escola atua como fator de proteção em determinado aspecto da vida de uma
criança, mas também pode atuar como fator de risco em outro. Casos de

23
bullying, por exemplo, podem estar conectados a sintomas ansiosos na infância
(IIZUKA; BARRET, 2011).
Dessa forma, é interessante a oferta de programas de intervenção
precoce para indivíduos, famílias e comunidades na prevenção do
desenvolvimento de transtornos de ansiedade e depressão. Esses programas
de prevenção costumam se basear no desenvolvimento de resiliência
emocional e de habilidades de enfrentamento, capazes de auxiliar na
manifestação de dificuldades emocionais (BARRET e OLLENDICK, 2004, apud
IIZUKA; BARRET, 2011).
Observa-se um crescimento das pesquisas envolvendo a eficácia dos
programas de prevenção em escolas, abrangendo diversos transtornos
psicológicos (La Greca et al., 2009, apud IIZUKA; BARRET, 2011). Atualmente,
considera-se que o tratamento da ansiedade, por exemplo, quando os seus
sintomas já estão instalados não é a maneira mais adequada de diminuir a
incidência dos transtornos de ansiedade infantis (BARRET e TURNER, 2001
apud IIZUKA; BARRET, 2011).
A intervenção precoce não só pode melhorar a saúde mental das
crianças no momento como também pode auxiliar no desenvolvimento de
resiliência ao longo do tempo. Ainda, os programas de intervenção precoce
possuem ótima relação custo-benefício, pois propiciam a redução de possíveis
gastos futuros com serviços especializados e, também, diminuem a incidência
de depressão, transtorno comumente comórbido à ansiedade (Bienvenu e
Ginsburg, 2007; Flannery Schroeder, 2006, apud IIZUKA; BARRET, 2011).
Programas de intervenção e prevenção precoces em crianças são
extremamente importantes, umas vez que se sabe que os primeiros
sinais do desenvolvimento de transtornos de ansiedade podem
ocorrer muito cedo na vida da criança. Fornecer tais programas pra
pais e crianças, com o intuito de que todos aprendam a manejar suas
ansiedades e enfrentar situações desafiadoras de forma positiva, tem
o potencial de reduzir o impacto negativo que a ansiedade pode
causar ao longo da vida da pessoa e evitar que se torne transtorno de
ansiedade. Além disso, pode aumentar as chances de que a criança
seja mais bem-sucedida acadêmica e socialmente (Derryberry e
Reed, 1994, apud IIZUKA; BARRET, 2011).

As intervenções com finalidade preventiva podem ser subdivididas em


indicada, seletiva e universal, sendo que cada uma delas apresenta seus
pontos positivos e negativos. Os programas de intervenção indicada envolvem
indivíduos ou grupos os quais foram anteriormente identificados com sintomas

24
de determinado transtorno mental ou biológico (Mrazek e Haggerty, 1994, apud
IIZUKA; BARRET, 2011). Os programas de intervenção seletiva se referem a
indivíduos ou grupos expostos a fatores de risco, por exemplo, crianças com
pais ansiosos ou divorciados (Spen, 1996, apud IIZUKA; BARRET, 2011).
Esses dois tipos de programas de intervenção citados abrangem indivíduos
que possuem fatores de risco.
Já os programas de intervenção universal podem ser utilizados
independentemente da presença de determinados sintomas, abrangendo toda
a população a ser beneficiada pelo mesmo. Atualmente, os pesquisadores tem
dado atenção especial à aplicação desse tipo de programa no contexto escolar
(McLoone,Hudson e Rapee, 2006; Owens, Slee e Shute, 2002, apud IIZUKA;
BARRET, 2011).
Como já citado, as escolas podem auxiliar de forma significativa na
promoção do desenvolvimento social e emocional de seus alunos. Os
programas de intervenção precoce têm por finalidade o aumento de resiliência
e saúde mental em geral (Barret e Turner, 2001, apud IIZUKA; BARRET,
2011).
Os programas de intervenção precoce universais apresentam alguns
pontos positivos, tais como: os conteúdos estão inseridos na grade curricular, o
que não exige a implementação de horários extras para sua aplicação e de
transporte para chegada ao local; alcança todas as crianças e adolescentes da
escola, independente dos possíveis fatores de risco aos quais estejam
expostos; impede a estigmatização das crianças e adolescentes, que
comumente ocorre quando as mesmas precisam de tratamento psicológico;
facilita o encorajamento entre os aluno e atenua dificuldades de habilidades
sociais em sala de aula (Masia-Warner, Nangle e Hansen, 2006, apud IIZUKA;
BARRET, 2011).
Portanto, através da implementação de programas de intervenção
precoce universais, as escolas de educação infantil e de ensino fundamental
podem auxiliar de forma significativa na promoção de saúde mental de seus
alunos. A seguir, será apresentado um programa do tipo universal para
prevenção de transtornos de ansiedade em crianças e adolescentes,
denominado FRIENDS (IIZUKA; BARRET, 2011).

25
De acordo com Goldstein e Brooks:
Nenhuma criança está imune a algum tipo de pressão na sociedade
atual. Mesmo as crianças que não estão expostas a situações
extremas de adversidade ou trauma provavelmente vivenciarão
algum grau de pressão ao seu redor” ( Golstein e Brooks, 2005, apud
IIZUKA; BARRET, 2011).

Considerando-se a citação, o programa FRIENDS se baseia na ideia de


que toda criança estará propensa a alguma situação de pressão durante seu
desenvolvimento, sendo importante o aperfeiçoamento de habilidades para
enfrentar tais situações de forma apropriada. Dessa forma, ao surgirem
momentos desafiadores (mudança de escola, divórcio dos pais etc) a criança já
terá um conjunto de habilidades adequadas (habilidades para soluções de
problemas, pensamento positivo e relaxamento, por exemplo) para dominar
essas circunstâncias (IIZUKA; BARRET, 2011).
Além do desenvolvimento de habilidades e comportamentos positivos, o
programa também foca na manutenção e fortalecimento das habilidades e
comportamentos adequados que os indivíduos já possuem. Há a consideração
da interação da criança com os contextos nos quais ela participa, como a
família e a comunidade. Sendo assim, o programa envolve ativamente
crianças, pais e professores, tornando-os capazes de lidar com desafios e
adversidades da vida (Garmezy, 1985; Werner e Smith, 1982, 1992, apud
IIZUKA; BARRET, 2011).
O programa tem como objetivo principal o aprimoramento da resiliência
emocional. A resiliência emocional define-se como a capacidade do indivíduo
em se reestabelecer de situações adversas de forma saudável e construtiva
(Atkinson, Martin e Rankin, 2209, apud IIZUKA; BARRET, 2011). Para
Goldstein e Brooks, “resiliência se refere a respostas positivas e adaptadas
frente a situações de risco, adversidade ou estresse significativo” (Goldstein e
Brooks, 2005, apud IIZUKA; BARRET, 2011).
Ainda, o programa FRIENDS emprega os conceitos da Terapia
Cognitvo-Comportamental (TCC). A aplicação da TCC na infância dá especial
importância para o desenvolvimento e manutenção de habilidades e
comportamentos produtivos, não se focando na redução do comportamento
desajustado (IIZUKA; BARRET, 2011).

26
Além disso, o programa absorve as características da TCC da ação
diretiva e educativa (Seligman e Ollendick, 2005, apud IIZUKA; BARRET,
2011). Incorpora, também, alguns aspectos da TCC relacionados a áreas de
aprendizagem socioemocional, direcionando-o para: o ensino de habilidades
cognitivas para solução de problemas; identificação e controle de respostas
fisiológicas; reestruturação cognitiva; treinamento de atenção; exposição
gradual a situações de medo e suporte da família e amigos (IIZUKA; BARRET,
2011).
Por exemplo, se uma criança irá mudar de escola e perceber essa
situação como ameaçadora (cognição), seu corpo irá responder
coerentemente a essa percepção (fisiologia: sudorese na palmas das
mãos, dor de barriga ou aumento dos batimentos cardíacos). Essa
situação pode levar a criança a evitar contato com outras crianças
(apego), o que irá dificultar o processo de aprendizado e impedir que
ela se divirta na escola. O programa FRIENDS procura cobrir cada
um desses processos (cognição, fisiologia, apego e aprendizagem)
individualmente, por meio do ensino de técnicas e habilidades
específicas (IIZUKA; BARRET, 2011).

Quanto à estrutura, o programa FRIENDS é composto por 10 sessões


principais e 2 sessões de reforço (Barret, 2008a, 2008b, 2010a, 2010c, 2010d,
apud PETERSEN; WAINER, 2011). Apresenta três versões que se adequam a
diferentes faixas etárias, as quais abrangem: a criança pré-escolar (4 a 6 anos -
o denominado Fun FRIENDS); os anos iniciais do ensino fundamental (7 a 10
anos – o denominado FRIENDS for life); o segundo ciclo do ensino
fundamental e o ensino médio (11 a 17 anos - My FRIENDS). Os fundamentos
do programa são os mesmos para todas as faixas etárias, mas há uma
adequação de atividades de acordo as características próprias de cada estágio
de desenvolvimento (IIZUKA; BARRET, 2011).
O programa pode ser executado tanto em contexto clínico (chamado de
programa indicado) como em contexto escolar (chamado de programa de
prevenção universal). Em escolas, a duração de cada sessão do programa
deve ser de uma hora a uma hora e meia e a frequência indicada é de uma ou
duas sessões por semana, pelo período de um ou dois bimestres escolares.
Nas sessões deve estar presentes um professor e um auxiliar, este último a
depender do tamanho do grupo (IIZUKA; BARRET, 2011).
Depois da realização das sessões principais, serão aplicadas duas
sessões de reforço, que objetivam revisar os principais aspectos do programa e
auxiliar na manutenção das habilidades aprendidas em seu decorrer.

27
Preconiza-se que a primeira sessão de reforço seja feita após um mês da
última sessão principal (décima) e que a segunda sessão de reforço seja feita
após três meses da décima sessão do programa. Os professores que aplicarão
as sessões de reforço podem aproveitá-las para reforçar o preparo dos alunos
para futuros eventos desafiadores e/ou para discuti-los (IIZUKA; BARRET,
2011).
O desenvolvimento do programa em escolas se dá através do
treinamento dos funcionários da mesma por uma equipe credenciada pelo
programa. Considera-se que o programa tem uma boa relação custo-benefício,
pois abrange o custo do treinamento de professores e funcionários e o material
(manual para professores e livro de atividades para os alunos) (IIZUKA;
BARRET, 2011).
O programa utiliza-se do acrônimo FRIENDS para auxiliar os
participantes a recordarem as habilidades desenvolvidas durantes as sessões,
aplicando-as em outros contextos. Dessa forma, cada letra da palavra faz
referência a uma habilidade específica e cada uma dessas habilidades facilita o
aprendizado da próxima: F (Feelings - Emoções); R (Remember to relax -
Lembre de relaxar); I (I can do it! I can try my best! - Eu posso!); E (Explore
solutions and coping step plan - Explore soluções e planeje enfrentamento); N
(Now reward yourself! - Agora se recompense!); D (Don´t forget to practice -
Não se esqueça de praticar); S (Smile! Stay calm for life! - Sorria! Fique calmo!)
(IIZUKA; BARRET, 2011).
Além do envolvimento da criança no programa, a participação dos pais
também é indicada, como já mencionado. Assim, são preconizadas duas
sessões para os pais, as quais têm aproximadamente duas horas de duração e
objetivam ensinar os pais sobre aspectos do desenvolvimento infantil, como: a
transição de medos e preocupações para cada faixa etária; conhecimentos
básicos de fatores de risco e proteção para ansiedade infantil e os conteúdos
abordados no programa (IIZUKA; BARRET, 2011).
A primeira sessão com os pais deve ocorrer antes do início do programa
com as crianças, para que os pais já tenham algum conhecimento sobre o
programa, enquanto a segunda sessão deve ocorrer no meio do programa.
Essas sessões com os pais auxiliam-nos a lidarem com os comportamentos

28
ansiosos de seus filhos e também a reconhecerem e modificarem os seus
próprios comportamentos disfuncionais (IIZUKA; BARRET, 2011).
Ainda, ao final de cada sessão os pais podem conversar com os
professores para se inteirarem daquilo que foi abordado na respectiva sessão,
transportando os conceitos trabalhados para o ambiente de casa. Sugere-se a
prática diária (10 a 15 minutos) dos conceitos expostos durante a semana para
maior fixação das habilidades de enfrentamento e resiliência adquiridas, as
quais devem ser utilizadas em situações de vida real (IIZUKA; BARRET, 2011).
Estudos a respeito do programa explorado acima demonstraram uma
redução importante dos sintomas de ansiedade após a finalização da
intervenção em crianças que, anteriormente, apresentaram altos índices de
ansiedade (quando comparadas a grupos controles) (IIZUKA; BARRET, 2011).
Há um crescente número de pesquisas evidenciando que a TCC,
como forma de intervenção em escolas para prevenção de
transtornos de ansiedade e depressão, tem enorme potencial para
melhorar a saúde e o bem-estar de crianças, adolescentes e suas
famílias. Depende de psicólogos, pesquisadores, professores e
diretores implementarem tais programas em suas respectivas
instituições ou de argumentarem a favor da criação de politicas e
estratégias universais de prevenção para saúde mental e melhor
bem-estar dos alunos e funcionários (IIZUKA; BARRET, 2011).

29
5. DISCUSSÃO

Os resultados obtidos após a revisão da literatura abrangendo o tema


principal deste trabalho – As possibilidades de tratamento da ansiedade
através da TCC- apontaram que a ansiedade é inerente ao ser humano. Sendo
assim, trata-se de um sentimento vivenciado, em maior ou menor grau, por
todas as pessoas (MUSSOI; RANGÉ, 2011).
É esperado que um indivíduo sinta-se ansioso diante de vivências
conflituosas na vida, não significando que exista necessariamente a presença
de um transtorno de ansiedade (NITZCHE, 2012). Inclusive, segundo alguns
autores, a ansiedade é necessária para a sobrevivência humana, pois mobiliza
o homem a enfrentar obstáculos, alcançando melhores condições de vida
(Barbirato e Dias, 2009, apud RODRIGUES, 2011).
No entanto, a ansiedade pode deixar de ser funcional, afetando
diretamente a qualidade de vida do indivíduo em diversos âmbitos. Os casos
nos quais a ansiedade se apresenta em situações inapropriadas ou de forma
desproporcional enquadram-se nos transtornos de ansiedade, sendo essencial
a busca por apoio psicológico (MUSSOI; RANGÉ, 2011).
Os transtornos de ansiedade também são comumente identificados em
crianças e adolescentes. Estudos mostram que, se uma criança apresenta
sintomas de uma doença psiquiátrica na infância e não é tratada, existe um
maior risco do desenvolvimento de outros transtornos emocionais ao longo de
sua vida (Sourander et al., 2007, apud RODRIGUES, 2011).
Por isso, a prevenção e o tratamento da ansiedade na infância são
primordiais, já que evitam possíveis adoecimentos psíquicos na vida adulta. No
entanto, para o diagnóstico de um transtorno de ansiedade na infância, deve-se
levar em consideração o momento de desenvolvimento da criança, assim como
aspectos hereditários, ambientais, culturais, sociais, entre outros. A
compreensão daquilo que é esperado para cada faixa etária é fundamental
para que haja a distinção entre o saudável e o patológico (Barbirato e Dias,
2009, apud RODRIGUES, 2011).
De acordo com a pesquisa realizada, é comum a presença de
comorbidade com o transtorno de ansiedade na infância, ou seja, observa-se a

30
presença de outro(s) transtorno(s) somando-se ao transtorno de ansiedade
(RODRIGUES, 2011). Dessa forma, a prevenção e o tratamento de um
transtorno ansioso também podem amenizar/tratar os sintomas de outro
transtorno ou prevenir o surgimento dessas comorbidades.
Ainda, pesquisadores apontam para a influência de características
ansiosas nos pais em seus filhos, os quais podem também apresentar
sintomas semelhantes (ASBAHR, 2004). Sendo assim, pode-se dizer que a
prevenção e o tratamento de crianças ansiosas evita futuros pais ansiosos e,
portanto, futuros filhos menos ansiosos.
Da mesma forma que nos adultos, a ansiedade nas crianças pode
influenciar negativamente diversos aspectos de suas vidas, como o
desempenho de variadas funções cognitivas (atenção, memória e funções
executivas, principalmente) (RODRIGUES, 2011). Por isso, a ansiedade pode
afetar diretamente o sucesso escolar de uma criança, assim como a falta de
sucesso escolar influencia na ansiedade, ocorrendo, então, um ciclo que se
retroalimenta.
As possibilidades de tratamento dos transtornos ansiosos na infância
envolvem a utilização da teoria da Terapia Cognitivo-Comportamental, a qual
pode ser aplicada tanto no contexto clínico, como no contexto institucional
(escolas, por exemplo). As técnicas utilizadas pela referida abordagem
enfatizam o reconhecimento dos sentimentos e reações fisiológicas ligadas à
ansiedade. Promovem a percepção dos pensamentos ou cognições em
situações disparadoras da ansiedade, bem como desenvolvem habilidades
para lidar com a ansiedade e avaliar os resultados obtidos (Kendall, 1994 apud
GONÇALVES; HELDT, 2009).
A TCC aborda o transtorno ansioso como o problema a ser amenizado,
fortalecendo a criança para lidar com as dificuldades do transtorno em seu
cotidiano (ASBAHR, 2004). Reafirmando esse conceito: a aplicação da TCC na
infância dá especial importância para o desenvolvimento e manutenção de
habilidades e comportamentos produtivos, não se focando na redução do
comportamento desajustado. Cabe lembrar, ainda, que o terapeuta infantil deve
se valer das metáforas e atividades lúdicas quando trata de crianças
(PETERSEN et al., 2011).

31
A ansiedade infantil comumente se manifesta no ambiente escolar.
Através da implementação de programas de intervenção precoce universais (os
quais utilizam técnicas da TCC), as escolas de educação infantil e de ensino
fundamental podem auxiliar de forma significativa na promoção de saúde
mental de seus alunos (IIZUKA; BARRET, 2011).
Sabe-se que a intervenção precoce não só pode melhorar a saúde
mental das crianças no momento como também pode auxiliar no
desenvolvimento de resiliência ao longo do tempo. Assim, facilita-se a redução
de possíveis gastos futuros com serviços especializados e, também, diminui-se
a incidência de depressão, transtorno comumente comórbido à ansiedade
(Bienvenu e Ginsburg, 2007; Flannery Schroeder, 2006, apud IIZUKA;
BARRET, 2011).
Para alguns autores, todas as crianças, em algum momento de suas
vidas, irão se expor a algum tipo de pressão, de situação adversa ou trauma
possivelmente disparadores de ansiedade (Goldstein e Brooks, 2005, apud
IIZUKA; BARRET, 2011). Levando-se em consideração essa afirmação, é
importante que as crianças estejam preparadas para lidar com esses
momentos, através de habilidades desenvolvidas capazes de auxiliar nesse
enfrentamento.
No presente trabalho, citou-se o programa de prevenção universal
denominado FRIENDS, o qual propõe exatamente esse desenvolvimento,
manutenção e fortalecimento de habilidades adequadas para dominar
circunstâncias adversas da vida. O programa citado também envolve de forma
ativa todos aqueles os quais participam do entorno da criança, como familiares
e professores (IIZUKA; BARRET, 2011).
Portanto, diante de tudo o que foi analisado na presente pesquisa,
estudar a manifestação, a prevenção e o tratamento da ansiedade na infância é
extremamente importante para uma sociedade adulta mais saudável
psiquicamente. Todavia, observa-se que ainda são poucos os estudos que
abrangem essas questões.
As escolas precisam compreender que seu papel vai além de educar
seus alunos para os conhecimentos tidos como tradicionais. Sendo um dos
ambientes mais frequentados pelas crianças e adolescentes, é fundamental
sua participação na educação psicológica de seus alunos, até porque, o

32
sucesso escolar dos mesmos está diretamente relacionado com o equilíbrio
emocional.
Assim, a inserção da psicologia no cotidiano não deve se dar somente
por psicólogos e psiquiatras, no tratamento de quadros graves e agudos, mas
também para promover, no dia-a-dia da sociedade, melhores condições de
vida, maior qualidade de saúde mental.

33
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho analisou, através de revisão de literatura, as


possibilidades da aplicação da TCC na prevenção e no tratamento dos
sintomas da ansiedade infantil. Além disso, verificou a presença de ansiedade
infantil no contexto escolar, bem como explorou possíveis intervenções com
técnicas da TCC para prevenção e redução da ansiedade infantil na clínica e
no ambiente escolar.
A revisão teórica realizada apontou diversos aspectos relacionados à
ansiedade, como a importância não só de sua identificação e tratamento, mas
também de sua prevenção em busca de maior saúde mental da população
infantil e adulta. Ainda, destacou-se a manifestação dos transtornos ansiosos
infantis nas instituições escolares, as quais podem participar de forma mais
ativa na prevenção e tratamento da ansiedade de seus alunos.
A luta pela prevenção e promoção de uma saúde mental satisfatória não
cabe somente aos profissionais da Psicologia ou da Psiquiatria. Ela pode ser
incorporada por instituições que possuem grande influência social e cultural,
como as escolas, formadoras de jovens em desenvolvimento.
Para tanto, torna-se imprescindível o aumento de pesquisas na área e
de divulgação das mesmas, informando, psicoeducando toda a população
sobre a importância do cuidado com a saúde mental. Deve-se buscar uma
psicologia mais acessível, que carregue cada vez menos estigmas, sendo vista
como essencial para a melhora na qualidade de vida subjetiva.

34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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estatístico de transtornos mentais. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 992p.

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IIZUKA, Cristina Akiko; BARRET, Paula M. Programa FRIENDS para


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NITZCHE, Vanessa. Dialogando com a sociedade e os comportamentos


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VIANNA, Renata Ribeiro Barboza; CAMPOS, Angela Alfano; LANDEIRA-


FERNANDEZ, Jesus. Transtornos de ansiedade na infância e adolescência:
uma revisão. Rev. Brasileira de Terapias Cognitivas, Rio de Janeiro, v.5, n.1,
2009.

36
ANEXO

Termo de Responsabilidade Autoral

Eu RAQUEL CABIANCA BEREZOWSKI ALVES, afirmo que o

presente trabalho e suas devidas partes são de minha autoria e que fui

devidamente informado da responsabilidade autoral sobre seu conteúdo.

Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho

de Conclusão de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo

Comportamental, sob o título “TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

NA PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE ANSIEDADE INFANTIL”, isentando,

mediante o presente termo, o Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-

Comportamental (CETCC), meu orientador e coorientador de quaisquer ônus

consequentes de ações atentatórias à "Propriedade Intelectual", por mim

praticadas, assumindo, assim, as responsabilidades civis e criminais

decorrentes das ações realizadas para a confecção da monografia.

São Paulo, __________de ___________________de______.

_______________________

Assinatura do (a) Aluno (a)

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