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MUSEU NACIONAL
Os g~riios da pe10ta
,
Rio de Janeiro '1' .zyxwvutsrqponmlkjihgfe
J,
/
1980zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHG
G~NIOS DA PELOTA
OS zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
OS GÊNIOS DA PELOTA
Rio de JaneirozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPO
1980
Aqradecim entos
Esta dissertação resulta de uma antiga relação, marcada
gostaria de agradecer.
dêmico que sempre recebi das suas duas diretoras, Celina Ama -
uma das melhores coisas que conheci nos -últimos anos. Quero
Lins e Barros.
meus originais.
sem nunca me negar seu amor. Foi provavelmente por isso que
...............................................
INTRODUÇÃOzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1 zyxwv
CAPíTULO I
Cálculo e prazer ............................... zyxwvutsrqponmlkjihgfedcba
.......... 4 zyxwvu
CAPÍTULO 11
Arte e ofIcio . . . . . .. . . . .... . . . . . . . . . . . . . . . .. . . .. . .. . . . . 27
CAPÍTULO 111
O lado escuro . . . .. . . .................................. 66
CONCLUSÃO . . . .. . . . .................................. 83
urbana.
deles.
:;"..1edes:
1977, Vogel: 1977, Soares: 1979, Lever: 1969 e 1975,Ba~
EntretantozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQ
l embora evidentemente desempenhasse um papel
outro chegou a afirmar que "só foi jogar porque o pai obrigou,
(1) Nos 01' to casos es tud ad os, C1nco d os palS eram favorave1S
-. a que seus f 1- í
lhos jogassem futebol, dois eram contra, e um foi classificado como "in-
diferente". Registre-se ainda que, dos cinco primeiros, três praticamen-
te "empurraram" seus filhos para o futebol profissional, pois eram torc~
dores "fanáticos", adoravam futebol. Num desses casos, inclusive, o fi-
lho não queria de forma nenhuma tornar-se profissional, pretendia ser e~
e depois de ter
genheiro, só aceitando depois de muita pressão, em casa,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZY
percebido as "vantagens" financeiras que o futebol poderia lhe trazer.
7. zyxwvut
"mesmozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
form ado em engenharia eletrônica, nesse +em po que eu
parei para jogar futebol, que foi de 69 até hoje (79), nunca
teria ganho o dinheiro que ganhei. Em 69 ainda não havia en-
trado na faculdade, só ia entrar em 70, o curso dura seis
anos, nao e, teria de esperar esse teIDfX)
todo para começar a
ganhar..."
nrnf'i
~
c: c: r.p c: rO lO
~
f'nr;:,m ;:,h;:,nrln
(2)Todo;:,
~ tr-es Jogavam
.. na pon t a d ri r e ri t a, e, se r i. am ent e m ac 1rue a d os quan d o es-
tavam no auge da sua "form a",foram obrigados a abandonar a profissão.
8 . zyxwvutsr
que se ganhezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
a gente vivezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLK
"geralrrente m m ritmo de vida da classe quase ri
é simplesmente
pretender,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o que chamam de independência finan -
79)zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
r
mo
xar o futebol.
estude, o que nem sempre acontece, o tempo que ele dispõe para
nico(e que gostava muito desta profissão), mais o outro que qu~
(3)Os dois foram os que mais chamaram a atenção para a necessidade de uma
utilização mais "produtiva" do dinheiro, procurando maximizar seus lu -
cros de todas as maneiras. Ambos, inclusive, pretendiam tornar-s~ empre
sãrios, "l;otaralgum negócio", o que, logic~ente, pode ter relaçao com
sua decisao de seguir o curso de administraçao de empresas.
1 3 . zyxwvut
rada, trabalha hoje num dos orgaos que presta assistência aos
dor.
dito que tenha ficado bastante c~aro que esta escolha foi feit~
se encerrar.
1 4 . zyxwvuts
reza do seu conteúdo. Ora, pelo que foi visto, o projeto dos
Temos, portanto, -
uma opçao profissional resolvida dentro
.Jv'::JU .I!.LU!:-'ULC.l.Ulld. •
\.....I
leiros:
da:
Este conjunto -
de emoçoes que marca de uma forma muito pe-
racterizado.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCB
dependéncia, e
mos capitulos.
gel, 1977).zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
rar aqui, nos limites desta dissertação" talvez seja tentar en-
- zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTS
"Hoje em dia quem nao tan diplana nao tem nada".
(cf. Schutz, 1962), sem que seja necessário dispender muito es-
(5)..- .
Estes Jogadores estao sempre englobados por uma outra flgura: entram no
futebol "vidrados" nos seus grandes Idolos e clubes, sem se colocar qual
quer outra alternativa, sem escolha, sem projeto. Pretendiam apenas jo-
gar ao lado de "fulano" ou "sicrano", ou "defender as cores" dedetermi-
nado clube. Dominados por essa ilusão, acreditando piamente que iam con
seguir o mesmo sucesso dos grandes jogadores, eles esbanjam tudo o que
ganham e passam às mãos dos agiotas, endividam-se, ate que, ao terminar
a carreira, são praticamente transferidos para os "cuidados" paternalis-
ta1 dos órgãos ele assistência. Como se ve, nunca houve escolha, cons
e uma carreira feita ã sobra da hierarquia.
ciencia, ou autonomia -zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
24. zyxwvutsrq
J.ltc...L...L':::> zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPO
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r------' -- '-"'-"'::;J "--~Lt u c::: W -..L J.l!......ct C U IU ;::l ••• lld IlOSSd
"racional".
"Eu erazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFE
im cara ingênuo, recém-chegadode uma cidadezinha do
eles apresentado.
zar, que apesar de toda ênfase com que este lado racional e cal
futebolzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
r sem qualquer cálculo das vantagens que a carreira pode
L e l!L -c t.L
,.
te capítulo.
ê
(l)Um dos meus entrevistados foi comprado por grande clube do Rio na mesmazyxwvutsrqpon
poca em que uma das maiores estrelas do nosso futebol também se transfe -=
ria para lã, e mostrou-se extremamente impressionado pelo fato de ter si-
do tratado com a mesma consideração que foi dispensada ao craque.
30. zyxwvutsr
"Deus deu o dcxna eles de ser fora de série, pelo talento que
.elestem dentro de campo...",
se pode afirmar com certeza e que o talento é um dom inato '. que
e,
"náo precisa ser filho de peixe pra jogar bem futebol, é inde
é hereditário de forma nenhuma
pendente, nãozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA li •
ração de craques para outra (cf. Simmel, 1971, capo 14). Exis-
1
3 2 . zyxwvutsr
(2)
O "b1Cho
. " ~
, entao, -
e uma modalidade de pagamento complementar -
a do salã-
rio, pois funciona como uma remuneraçao coletiva.
3 3 . zyxwvutsr
tes, tem sua distinção sublinhada, por sua vez, pelo nome dos
mo se fosse um sobrenome.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
poucos jogadores nascem, indo mantê-lo atª o fim das suas vi-
dores.
I.~
I
o talento, assim, seria a "qualidade"
lar de cada craque,. e sua livre "realização"
exclusiva e singu -
talismo.
.MattazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1 1979, p. 179), o individualismo será articulado com a habi
a fortuna.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
sencialmente "orgânica", onde "todo jogador tem que ter uma fun
·to invulgar.
singularidadeszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIH
e possam jogar "por música". Mesmo assim, nes-
f
dos entrevistados:
do talento.
hostil.
trata de jogar num clube grande, que entra nas disputas "pra g.§.
bre o jogador. Ele sabe que qualquer falha, mesmo pequena, se-
Gluckman (1959)zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGF
f o que permite mais tranquilidade e menos poss!
l
38. zyxwvuts
hostil.
trata de jogar num clube grande, que entra nas disputas "pra g~
bre o jogador. Ele sabe que qualquer falha, mesmo pequena, se-
Gluckman (1959)zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
r O que permite mais tranquilidade e menos possi
- zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
cara se apaga, nao e o mesmo jogador, e o que eu lhe disse
falta de personalidade".
fos.
li
!~
I zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
1 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
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1
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA 40.
o zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
preparador e o médico imediatamente afastaram o jogador dali,
vam trabalhando, que o que faziam era coisa séria, etc. O jog~
sua torcida, pelo menos na epoca em que estive lá, parecia es-
ou então,
41.
do futebol.
"Afinal, tem muito ban jogador que teve sua carreira prejudi-
cada porque, as vezes, nao se entendia direito com os repor+e
resr eu não, eu não rre importo muito com eles não, mas trato
bem';
.
mente sensível, toda vez que recebe um ataque mais forte fica
abandonar o futebol.
i zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
,
I zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
43. zyxwvutsr
o abatimento.
jogador.
gundo.
vai, fatalmentezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
r levar o jogador a se mascarar. A máscara, porzyxwvuts
-
tanto, vai esconder,no seu interior, emoçoes cujo ponto de par-
o jogador mascarado é
~ zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
çoes bastante diferentes.
do vai quebrar.
46. zyxwvutsrqp
tados, que seu talento ~ tão grande que ele pode se preocupar
pr6prios adversários.
nho", ele se torna uma "peça nula", pois não consegue realizarzyxwvutsrqpon
as tarefas - especificamente
que lhe sao exigidas, e acaba tornag
res.
derarzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
r a existência efetiva dos seus próprios adversários. Fa-
fissional ou não, que é o fato dele, por ser mesmo um jogo, im-
tre os oponentes.
3) I j2i quezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
riao se deve "facilitar" í .o .
nunca com o adve r s â.r Es-
muns dessa esfera social" (cf. Matta, 1979, p. 159), e que pro-
mento das pessoas que, sem terem poder ou condições para tanto,
tígio", chegam at~ a utili zar o ritual do "você sabe com que es
49. zyxwvutsrq
çao da confiança?
juntamentezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
cbm a auto-confiança, uma dupla de sentimentos alta-
50. zyxwvutsr
"quantidadezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
de humildade e de confiança.
11 Existem jogadores que
.-
sao muito mais confiantes que humildes,e vice-versa. Entretan-
tambem faz parte dos depoimentos que colhi, embora de forma mui
to menos enfática.
que ter para perseguir a vitória num jogá tão competitivo quan-
gir da raia".zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
minado por essas emoções, ele pode pretender agredir outros jo-
seus oponentes.
bitro. Ele deve, então, ser humilhado, com uma sucessão de drizyxwvutsrqponml
~!
bles, por exemplo (3)zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPO
para perceber que está disputando um jogo
I
Ir
I1
de futebol, no qual se privilegia o talento e nao a força físi-
;1
~I,I.:.I,.
I
, ca. Note-se, contudo, que, nos dois casos, tanto a violência
1,11
'lI
quanto a máscara deixam de conduzir paix6es dominadoras, que e~
I'
seu uso.
quipe, pois, mesmo que seja um grande craque, seu talento fica-
mas sim o exagero de cada um deles, o que faz com que a auto~s
ciplina, o auto-controle -
(uso as duas expressoes. como equivalen
à idéia de auto-disciplina.
valor especialzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
bém numa outra dimensão, mais voltada para o corpo do que parazyxwvutsrqponm
-
as emoçoes.
~ u..lJ.~ C : O jo g a d o r
zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
y u c U IL U C L J Il"C e r a s e m o ç o e s . d ev e lev a r um a v id a
~
"cerco" :zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
sao esperados no fim do treinamento, recebem presentes,
zar as "maravilhaszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQ
que o talento determina.
ll
plementariedade.
dade, portanto, est~ muito longe de ser uma entidade que a pes-
co e a esposa .
prio poder que detém sobre o seu destino neste mundo, já que e
do.
5 9 . zyxwvutsrq
casa.
tivamente, dos outros jogadores que não tinham nascido com esta
conhecidas e poderosas.
, I
a forma física e a carreira profissional do jogador.
i (4)
,I zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Note-se que o comportamento dos nossos jogadores protestantes, como Bal-
thazar, do Grêmio, João Leite, do Atlético e Tita,do Flamengo, um compor-
tamento ex t remame n t e as ce t i co , com í.;nfaseespecial na d cd i.caçao e no tra-
balho "duro", vem sendo constantemente elogiado por treinadores e pela
cr~nica esportiva (cf. PLACAR, n9 473).
62. zyxwvutsrqpon
futebol possibilitava.
não pode ser dividida com mais ningu~m. "Premiados" com esse
les que não possuem nenhum talento especial para o futebol. são
entre si que se tornam praticamente Lnt.e r-c amb í.âve í.s , tanto faz
ditam que essa possa ser a tendência dominante, pois tem sido
exaus tivamente comprovado, a t~ mesmo pela "per f o rrnanoo " das nos-
sas seleções nas duas últimas copas do mundo, segundo meus en-
a personalidade.
que esteja jogando mal pode perder o lugar, como todo dia po-
que encarar o futebol não só como arte, mas também como oficio,
pois acredito que elas estao mais próximas das "pessoas" norte-
t
.
.
, zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
americanas, figuras hierárquicas num universo individualista/do
que todos pretendem ter, mas que apenas uns poucos possuem, e,
,
67. zyxwvutsrq
enCarillTI
a sua carreira e as condições em que ela se desenvolve,
sua vzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLK
i sao dos clubes e dos dirigentes, para que possamos enten-
a sua profissão.
aqui apresentada.
jetos.
~ . ~
Isso acontece porque, salvo rarlSSlmas exceçoes, os diri-
corpo e alma" aos clubes, sem receber um tostão por isso. Cons
mente marcada pela paixão, uma "devoção" pelo clube que, prati-
70. zyxwvutsrqp
coisa parecida.
Ora, nessazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
~pocaf e mesmo algrun tempo depois, no iníciodo
bo L "obrigado":
fazer com que eles voltem aos clubes ainda "intoxicados" de bo-
Ia:
de cooperaçao.
tado por urna 6tica afetiva e pessoal, que pensa o clube corno
uma grande casa, pela qual todos os seus ocupantes devem sentir
a mesma paix~o.
" tem mui. to dirigente qU2 quer ser deputado, vive distri
com o dí.nhea.ro
buindo saco de cimento por aIzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSR
f do clube".
carreira polltica.
"o jogador é vendido por dez milhões, mas so vai seis pro cl~
be, os outros quatro sao divididos entre o pessoal da transa-
çáo, e depois o contador lá dá um jeito".
Saliente-se - e apenas
que nao o clube que o dirigente pre-
73. zyxwvutsr
gos" .
" eles querem que você tenha amor a camisa quando você vai
pedir pro clube, agora, na hora deles exigirem, eles querem
que vore seja profissional...".
colhi. Apresentando-sezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
com uma fachada extremamente aristocrá-
uma casa, wna família, mas sim como uma empresa. Além disso ,
ele não estaria interessado em usar o clube e o jogador para se
ta possível.
tolas e dos mecanismos criados por eles, que vão definir o "qu~
Leis do Trabalho.
zendo com que este perca uma boa soma em dinheiro. Além disso,
do jogador.
nas porque ele já deu muitas vit6rias ao time, marcou o gol de-
serva, ganhando pouco e n~o sendo muito útil ao clube, não será
com ele. Num caso como noutro! sao as emoçoes que dominam so-
bre o cálculo.
e os treinamentos.
desaparecerá, e entao,
" sabendo que o passe é dele, sabendo que vai acabar o con
ele vai dar o máximo, e, dando o máximo, vai aparecer
tratozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQP
I
suas representaç6es.
cida", que,
~2.zyx
li
entusiasmadoscan a possibilidadede atuar num time gré'~
de, de ser profissional de futebol, aceitam qualquer coisa
que os dirigentes queiram, assinam até contrato em branco".
dos seus ídolos, e que acabam por se constituir num grande pon-
reiras.
futebol era também urna atividade pela qual todos eles, desde p~
sonalidade.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
o primeiro, original e singular, termina por dife-
Na verdadezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFE
r parece ser exatamente este o caso dos jogado-
que sua origem talvez seja mais modesta do que tentaram fazer
dos com a ascenç~o social, bem como uma anâlise das representa-
tebol.
B zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTS
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