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Professor Gilson Lima

Especialização em Interpretação Bíblica

Hermenêutica Avançada

Professor : Gilson Lima


Mestre em Teologia

Especializado em Hermenêutica

Especializado em Hebraico Bíblico

Especializado em Grego Bíblico

Especializado em Exegese Judaica

Licenciando em História Geral


Professor Gilson Lima

Introdução
Definição Etimológica
O termo hermenêutica tem sua origem em duas palavras gregas:O verbo
hermeneuein, usualmente traduzido por “interpretar” e o substantivo hermeneia
que significa interpretação.Sendo assim podemos definir a hermenêutica de
maneira prática como a ciência da interpretação de textos,em nosso caso
textos sagrados.

Coisas que devem ser evitadas ao se fazer a hermenêutica de um Texto


1-Sentimentalismo: Interpretação pelas emoções.
2-Influência da propaganda: O ser humano pode ser manipulado pelo
“marketing.”
3-O Preconceito:Juízo formulado previamente.
4-Forçar o texto dizer o que ele não diz.
5-Impaciência.
6-Preguiça.

Razões pelas quais devemos aprender as regras da hermenêutica


1-Para entendermos corretamente a Palavra de Deus
2-Para evitarmos ensino de inverdades quanto aos textos bíblicos
3-Evitar manipulações humanas
4-Para ensinarmos e pregarmos com segurança

Materiais indicados para aplicação da Hermenêutica


1-Chaves e concordâncias bíblicas,servem para localizar termos e partes de
frases de textos bíblicos.
2-Dicionários bíblicos,servem para definir,palavras as quais algumas fezes são
estranhas ao nosso conhecimento.
3-Versões bíblicas,servem para comparar a passagem em apresso afim ,de
chegar a um entendimento mais claro do texto.Nesse caso das versões é
recomendável que não se deixe de usar as mais próximas às línguas originais
,hebraico e grego.
4-Manuais de cultura e costumes dos tempos bíblicos.Serve para conceder
esclarecimentos de costumes e culturas diferentes do nosso cotidiano,pois
existem muitos costumes inseridos os textos bíblicos que ao nosso ver
parecem estranhos.
5-Comentários bíblicos ,esses devem ser avaliados com cuidado.
6-Histórias de Israel,para compreendermos o contexto históricos de muitos
livros bíblicos.
7-Livros de Geografia bíblica,para localizar corretamente regiões bíblicas
8-Gramática da Língua portuguesa,pois as nossas versões foram traduzidas
para o português. 2
Professor Gilson Lima

Lição 1
Contexto Paralelo
A Bíblia está repleta de passagens paralelas, ou seja,versículos, palavras e
personagens que não estão somente em um lugar, mas também em outros.O
contexto paralelo vai analisar uma passagem a qual está em outros textos
citados,levando em consideração suas diferenças,semelhanças e detalhes.

Marcos 10.46-52 Lucas 18.35-43 Mateus 20.29-34


46 Depois, foram para Jericó. 35 E aconteceu que chegando 29 E, saindo eles de Jericó,
E, saindo ele de Jericó com ele perto de Jericó, estava um seguiu-o grande multidão.
seus discípulos e uma grande cego assentado junto do 30 E eis que dois cegos,
multidão, Bartimeu, o cego, caminho, mendigando. assentados junto do caminho,
filho de Timeu, estava 36 E, ouvindo passar a ouvindo que Jesus passava,
assentado junto do caminho, multidão, perguntou que era clamaram, dizendo: Senhor,
mendigando. aquilo. Filho de Davi, tem
47 E, ouvindo que era Jesus de 37 E disseram-lhe que misericórdia de nós!
Nazaré, começou a clamar, e a Jesus Nazareno passava. 31 E a multidão os
dizer: Jesus, filho de Davi, tem 38 Então clamou, dizendo: repreendia, para que se
misericórdia de mim. Jesus, Filho de Davi, tem calassem; eles, porém, cada
48 E muitos o repreendiam, misericórdia de mim. vez clamavam mais, dizendo:
para que se calasse; mas ele 39 E os que iam passando Senhor, Filho de Davi, tem
clamava cada vez mais: Filho repreendiam-no para que se misericórdia de nós!
de Davi! tem misericórdia de calasse; mas ele clamava 32 E Jesus, parando,
mim. ainda mais: Filho de Davi, tem chamou-os, e disse: Que
49 E Jesus, parando, disse que misericórdia de mim! quereis que vos faça?
o chamassem; e chamaram o 40 Então Jesus, parando, 33 Disseram-lhe eles:
cego, dizendo-lhe: Tem bom mandou que lho Senhor, que os nossos olhos
ânimo; levanta-te, que ele te trouxessem; e, chegando ele, sejam abertos.
chama. perguntou-lhe, 34 Então Jesus, movido
50 E ele, lançando de si a sua 41 Dizendo: Que queres que de íntima compaixão, tocou-
capa, levantou-se, e foi ter com te faça? E ele disse: Senhor, lhes nos olhos, e logo viram;
Jesus. que eu veja. e eles o seguiram.
51 E Jesus, falando, disse-lhe: 42 E Jesus lhe disse: Vê; a
Que queres que te faça? E o tua fé te salvou.
cego lhe disse: Mestre, que eu 43 E logo viu, e seguia-o,
tenha vista. glorificando a Deus. E todo o
52 E Jesus lhe disse: Vai, a tua povo, vendo isto, dava
fé te salvou. E logo viu, e louvores a Deus.
seguiu a Jesus pelo caminho.

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Professor Gilson Lima

Marcos 10.35-41 Mateus 20.20-24

35 E aproximaram-se dele Tiago e 20 Então se aproximou dele a mãe


João, filhos de Zebedeu, dizendo: dos filhos de Zebedeu, com seus
Mestre, queremos que nos faças o filhos, adorando-o, e fazendo-lhe
que te pedirmos. um pedido.
36 E ele lhes disse: Que quereis 21 E ele diz-lhe: Que queres? Ela
que vos faça? respondeu: Dize que estes meus
37 E eles lhe disseram: Concede- dois filhos se assentem, um à tua
nos que na tua glória nos direita e outro à tua esquerda, no
assentemos, um à tua direita, e teu reino.
outro à tua esquerda. 22 Jesus, porém, respondendo,
38 Mas Jesus lhes disse: Não disse: Não sabeis o que pedis.
sabeis o que pedis; podeis vós Podeis vós beber o cálice que eu
beber o cálice que eu bebo, e ser hei de beber, e ser batizados com o
batizados com o batismo com que batismo com que eu sou batizado?
eu sou batizado? Dizem-lhe eles: Podemos.
39 E eles lhe disseram: Podemos. 23 E diz-lhes ele: Na verdade
Jesus, porém, disse-lhes: Em bebereis o meu cálice e sereis
verdade, vós bebereis o cálice que batizados com o batismo com que
eu beber, e sereis batizados com o eu sou batizado, mas o assentar-se
batismo com que eu sou batizado; à minha direita ou à minha
40 Mas, o assentar-se à minha esquerda não me pertence dá-lo,
direita, ou à minha esquerda, não mas é para aqueles para quem meu
me pertence a mim concedê-lo,. Pai o tem preparado.
mas isso é para aqueles a quem 24 E, quando os dez ouviram isto,
está reservado indignaram-se contra os dois
41 E os dez, tendo ouvido isto, irmãos.
começaram a indignar-se contra
Tiago e João.

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Professor Gilson Lima

Marcos 5.25-34 Lucas 8.43-48 Mateus 9.20-22

25 E certa mulher que, havia 43 E uma mulher, que tinha um 20 E eis que uma mulher que
doze anos, tinha um fluxo de fluxo de sangue, havia havia já doze anos padecia
sangue, doze anos, e gastara com os de um fluxo de sangue,
26 E que havia padecido médicos todos os seus chegando por detrás dele,
muito com muitos médicos, e haveres, e por nenhum pudera tocou a orla de sua roupa;
despendido tudo quanto ser curada, 21 Porque dizia consigo: Se
tinha, nada lhe aproveitando 44 Chegando por detrás dele, eu tão-somente tocar a sua
isso, antes indo a pior; tocou na orla do seu vestido, e roupa, ficarei sã.
27 Ouvindo falar de Jesus, logo estancou o fluxo do seu 22 E Jesus, voltando-se, e
veio por detrás, entre a sangue. vendo-a, disse: Tem ânimo,
multidão, e tocou na sua 45 E disse Jesus: Quem é que filha, a tua fé te salvou. E
veste. me tocou? E, negando todos, imediatamente a mulher
28 Porque dizia: Se tão- disse Pedro e os que estavam ficou sã.
somente tocar nas suas com ele: Mestre, a multidão te
vestes, sararei. aperta e te oprime, e dizes:
29 E logo se lhe secou a fonte Quem é que me tocou?
do seu sangue; e sentiu no 46 E disse Jesus: Alguém me
seu corpo estar já curada tocou, porque bem conheci
daquele mal. que de mim saiu virtude.
30 E logo Jesus, conhecendo 47 Então, vendo a mulher que
que a virtude de si mesmo não podia ocultar-se,
saíra, voltou-se para a aproximou-se tremendo e,
multidão, e disse: Quem prostrando-se ante ele,
tocou nas minhas vestes? declarou-lhe diante de todo o
31 E disseram-lhe os seus povo a causa por que lhe havia
discípulos: Vês que a tocado, e como logo sarara.
multidão te aperta, e dizes: 48 E ele lhe disse: Tem bom
Quem me tocou? ânimo, filha, a tua fé te salvou;
32. E ele olhava em redor, vai em paz.
para ver a que isto fizera
33 Então a mulher, que sabia
o que lhe tinha acontecido,
temendo e tremendo,
aproximou-se, e prostrou-se
diante dele, e disse-lhe toda a
verdade.
34 E ele lhe disse: Filha, a tua
fé te salvou; vai em paz, e sê
curada deste teu mal.

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Lição 2
Contexto imediato
Existem alguns tipos de contextos que devem ser aplicados na interpretação
bíblica para que haja o correto entendimento na passagem analisada .Contexto
é aquilo que vem antes ou depois de um texto,aquilo que está envolvendo um
texto.Um texto sem contexto é pretexto para heresia.Muitas são as falsas
interpretações de versículos bíblicos por não se conhecer o contexto.
Um bom exemplo para entender a função do contexto seria utilizar o vocábulo
manga, o qual pode estar se referindo a uma “fruta” ou talvez a uma “camisa.”
Se vê que são termos com o mesmo “som” e “grafia”, porém de significado
distinto. Somente o contexto é que determinará se a palavra deve ser
interpretada como manga fruta, ou, manga de uma camisa.

O primeiro tipo de contexto sobre qual iremos discorrer se chama Contexto


Imediato,conhecido também como Contexto próximo.
O Contexto Imediato são versículos que precedem e sucedem de maneira
próxima a um versículo ou texto.

Exemplo: Isaías. 55:8” Porque os meus pensamentos não são os vossos


pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o
SENHOR”..

Se utilizarmos o versículo isolado, verdadeiramente se afirmará que Deus não


pensa como os seres humanos pensam. Mas, se observar o contexto, se verá
que esta afirmativa é incoerente e cai em descrédito.
Em primeiro lugar para analisar um versículo se deve antes iniciar com o
contexto antecedente, ou seja, o versículo 7, que diz: "Deixe o ímpio o seu
caminho, e o homem maligno, os seus pensamentos e se converta ao Senhor,
que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em
perdoar".

O contexto não está se referindo aos pensamentos dos justos e muito menos
aos seus caminhos, dos quais trilham o caminho da justiça, portanto está claro
que o profeta está se referindo a pessoas que mudaram sua conduta.

Sendo mais específicos naquilo que estamos falando ,o contexto imediato de


um versículo ou mais é o parágrafo pelo qual é formado,chamado na exegese
de perícope.
O contexto de um parágrafo é o capítulo que o forma,um contexto de um
capítulo é todo o livro.

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Outro exemplo:

ISAÍAS 14”.12 Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva!
Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações!
13 E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de
Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei,
aos lados do norte.
14 Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo”.
Acima temos o texto de Isaías 14.12-14 para analisarmos qual é o seu
parágrafo,onde o texto começa onde ele termina.

O contexto imediato ou parágrafo desse texto começa no versículo 3 e termina


no versículo 24.Uma leitura cuidadosa do Contexto Imediato desse texto nos
fará entender corretamente essa passagem.

Na leitura de um contexto Imediato ou qualquer outro contexto é necessário


prestar atenção quais personagem estão descritos ,suas ações, reações e
acontecimentos que fazem parte da vida de tais personagens.Saber quem
esta descrevendo os fatos também é importante.Vamos agora está fazendo
isso com os nossos exemplos ,começando por Isaías 14.12-14.

Vamos a prática em Sala de Aula:

1-Quem está descrevendo os fatos?


2-Onde o parágrafo começa onde termina?
2-Quais são os personagens descritos?
3-Quais são as suas ações?
4-Quais acontecimentos estão ligados aos personagens?
5-Há alguma outra interpretação fora de contexto já existente?

Para praticar essa analise vamos fazer um resumo respondendo tais perguntas
descritas acima.

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Lição 3

Contexto Remoto e Histórico-Cultural

Contexto Remoto

O contexto remoto é mais amplo e mais distante do que o contexto imediato de


uma passagem bíblica.Esse contexto é formado pelas passagens que não vêm
imediatamente antes ou depois do texto,mas que se referem ao assunto do
texto.

O contexto remoto trabalha geralmente a mesma idéia ou assunto em


passagens paralelas em que muitas vezes estão em contextos diferentes.

Exemplo: Verifica-se esse procedimento em Mc. 7:6. "E ele, respondendo,


disse-lhes: Bem profetizou Isaías acerca de vós, hipócritas, como está escrito:
este povo honra me com lábios, mas seu coração está longe de mim". Jesus
fez a citação de Isaías 29.13.

Percebemos que essa citação de Jesus ,foi uma aplicação do texto de Isaías
29.13,para os fariseus.Ao analisarmos o público alvo foram especificamente
diferentes.O de Isaías está falando de Judá em geral,e Jesus dos fariseus.

Porém observamos que o assunto é o mesmo:O culto hipócrita e a cegueira


espiritual.

Outro exemplo é de Mateus 2.15 que faz a citação de Oséias 11.1

“E esteve lá, até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que foi dito da
parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho”.

Mateus aplica esse texto a pessoa de Jesus ,o qual na verdade esta falando
sobre Israel,quando o mesmo foi resgatado do Egito.

Segundo alguns hermeneutas no contexto remoto pode ser usadas passagens


diferentes fazendo o paralelo entre elas desde que as mesmas tenham
unanimidade sobre o assunto principal.Esse tipo de método deve ser usado
com coerência para que não haja,exageros no tipo de interpretação,excedendo
os limites hermenêuticos.

É importante ressaltar que pode-se também ser chamado de contexto remoto


um texto que está ligado a outro texto no mesmo livro,ou um texto que está
resumindo o conteúdo de todo o livro.

Exemplo: Atos 1.8 “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir
sobre vós; e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e
Samaria, e até aos confins da terra”.

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O Contexto Remoto desse versículo é o restante do conteúdo do Livro de Atos
dos Apóstolos.Para aplicarmos a técnica do contexto remoto desse
texto,precisamos dividi-los em partes e traçar paralelos ao restante do livro.
1ª “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo que há de vir sobre vós ”
Todo o livro de Atos nos fala sobre as obras realizadas pelo poder do Espírito
Santo.

2ª “e ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e


Samaria, e até aos confins da terra”.

Percebemos que os seguidores de Cristo fizerem jus a esse texto,pois


discorrendo o livro percebemos que o evangelho chegou a essas regiões de
fato.

Contexto Histórico-Cultural

O contexto histórico de uma passagem contem algumas coisas que devem ser
analisadas com detalhe.Para que isto seja possível, deve-se procurar
determinar no mínimo, quem foi o autor da passagem, em que ocasião a
proferiu ou produziu, em quais épocas viveram os personagens envolvidos,
quando foi escrito, qual a localização geográfica, qual a situação
econômica,cultural, social, religiosa e política da época dos acontecimentos ou
da escrita.Geralmente para determinar tais analises se utiliza comentários
bíblicos que contêm introdução ao livro onde determinada passagem está
inserida ou Histórias de Israel .Para questões culturais deve-se usar manuais
de cultura bíblica.

Exemplo
Jeremias 1.17 “Tu, pois, cinge os teus lombos, e levanta-te, e dize-lhes
tudo quanto eu te mandar; não te espantes diante deles, para que eu não
te envergonhe diante deles.
18 Porque, eis que hoje te ponho por cidade forte, e por coluna de ferro, e
por muros de bronze, contra toda a terra, contra os reis de Judá, contra
os seus príncipes, contra os seus sacerdotes, e contra o povo da terra.
19 E pelejarão contra ti, mas não prevalecerão contra ti; porque eu sou
contigo, diz o SENHOR, para te livrar”.

Contexto Histórico-Cultural

1-Autor da passagem: Jeremias


2-Data de composição do Texto:627-580 AC
3-Destinatário:Judá em geral
4-Cenário religioso:Apostasia da nação
5-Geografia:Anatote-Jerusalém-Judá
6-Aspecto cultural: será desenvolvido no texto em apresso.
7-Tema:Rebelião final de Judá e sua retirada da Terra Prometida.
8-Propósito Geral:Advertir ao povo sobre seus pecados contra Deus.

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Lição 4

Contexto Literário
O contexto analisará a questão da influência de uma literatura existente na
época sobre o texto escrito por um autor bíblico.Havia na época dos escritores
bíblicos muitas literaturas que foram base para o desenvolvimento dos escritos
bíblicos.
Nos escritos paulinos ocorrem certas alusões aos poetas e escritores gregos e
latinos como Píndaro, Aristófanes, Epimênedes, Sêneca e muitos outros.

Em Atos dos Apóstolos (17.28), Paulo faz citação de um texto poético familiar
aos atenienses: “... como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois
dele também somos geração”.

O uso do pronome na segunda pessoa plural indica que mais de um poeta


havia se expressado nesses termos. Nesse texto, Paulo cita a poesia
“Fenômenos/Phainomena” de Arato (315-240 a.C.), poeta, astrônomo e filósofo
estóico, origina- rio da Cilícia, onde o apóstolo nascera, e também, a poesia
“Hino a Zeus”, de Cleantos (331-232 a.C.), filósofo, discípulo e sucessor de
Zenão, o fundador da escola estóica.
“Enche ele (Zeus) também o mar, todo o ribeiro e baía;E todos, em tudo,
precisamos da ajuda de Zeus,Pois também somos sua geração” (Fenômenos,
1-5)

O contexto histórico e o literário as vezes, convergem simultaneamente


esclarecendo o sentido de determinados textos.E o que ocorre em Romanos
7.24: “Miserável homem que eu sou! quem me livrara do corpo desta morte?”

O sentido literal que o corpo, por meio da alma pecaminosa controlado pelo
princípio do pecado-morte. Mas o sentido histórico pode também facilitar o
entendimento da mensagem. No mundo antigo, costumava-se castigar um
assassino por seu crime, amarrando-o membro a membro com a sua vítima.
Na medida em que o cadáver se decompunha, o criminoso sentia todo o horror
sufocante desse estado. É provável que o versículo 24 seja o próprio grito do
condenado.

O contexto literário também pode auxiliar a interpretação desse versículo.


Virgílio (Eneida) escreve sobre essa prática também como uma forma bárbara
de tratar prisioneiros de guerra: “Que língua pode descrever tais barbaridades,
Ou enumerar os massacres da espada implacável dele. Não foi bastante que
os bons, os inocentes sangrassem; Ainda pior, ele amarrou os mortos aos
vivos;
Estes, membro a membro, rosto a rosto, ele fixou;O crime monstruoso! crime
sem precedente.
Os vivos, sufocados com fedor, miseráveis deitado lá;
E, neste abraço repugnante, aos poucos, morreram!”

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Em I Coríntios 15.32, “comamos e bebamos, porque amanhã.morreremos” a
mesma expressão que se encontra em Isaías 22.13. Escavações
arqueológicas descobriram numa aldeia vizinha aTarso, Anquiale, uma estátua
de Sardanapalo fundador da cidade de Tarso) com a seguinte inscrição:
“Come, bebe, desfruta a vida. O resto nada significa”. E bem provável que além
da citação de Isaías, Paulo tivesse consciência dessa declaração, tendo visto a
estátua por mais de uma vez.

Devemos considerar que Paulo, ao fazer citação de um trecho de qualquer


fonte literária, está usando um recurso retórico comum em seus dias. O filósofo
e escritor Sêneca fez largo uso deste método, e em Cartas a Lucilio faz citação
de Virgílio quando diz:
“No coração de cada homem de bem ‘habita um deus’. Qual .dele' Não
sabemos; mas um deus”

Ainda na mesma obra, Sêneca orienta ao seu aluno para que depure a sua
idéia da divindade. Segundo o filósofo, Deus desce entre os homens. Escreve:
“Os deuses não têm por nós nem desprezo, nem inveja; eles nos querem junto
de si e nos estendem a mão para nos ajudar em nossa ascensão. Admiraste
que um homem possa chegar junto dos deuses: E Deus que vem entre os
homens. Além disso, ele se faz próximo, desce neles. Sem Deus, não existe
alma sábia”.
Ao lermos este texto, somos capazes de estatuir que o mundo do Novo
Testamento anelava pela presença real de Deus entre eles. Qual não foi o
impacto da mensagem de João I.I- 14,16-18 e Marcos 10.1-11 no mundo de
então?

Em Tito 1.12, o apóstolo afirma: “Um deles, seu próprio profeta, disse: Os
cretenses são sempre mentirosos, bestas ruins, ventres preguiçosos”.
O apóstolo Paulo faz citação, nesse texto, de um preconceito já existente no
ambiente helenista contra os cretenses. Esse hexâmetro é atribuído a
Epimênides de Cnossos, poeta do século VI a.C., escritor dos poemas Minos,
Teogonia e uma coleção de oráculos. A tradição grega chamava-o de profeta,
outros consideravam-no poeta, e até mesmo reformador religioso. Champlin
afirma que alguns o tem como um dos sete homens mais sábios da cultura
grega. E a citação de que os cretenses são mentirosos .é porque, veja só, eles
gabavam-se de guardar a tumba de Zeus! O apóstolo Paulo conhecia tanto a
cultura e caráter dos habitantes de Creta que confirmou o poema no versículo
13: “Esse testemunho .verdadeiro”.

Os escritores sagrados usaram vez por outra, não somente a poesia e filosofia
do seu tempo, mais também provérbios e textos apócrifos.
Em 2 Pedro 2.22, o apóstolo cita provérbios 26.11 a, e complementa: “e a
porca lavada volta a revolver-se no lamaçal”. A segunda parte desse provérbio
combinado . de fonte não bíblica e desconhecida. Entretanto, os dois animais
(cão e porco) já haviam sido usados por Cristo em Mateus 7.6, e devido aos
seus hábitos imundos, serviram para os filósofos e poetas ilustrarem os vícios
morais — um indivíduo era chamado de cachorro por causa do desregramento
moral vivido por essa pessoa. E o caso por exemplo, do pai da filosofia cínica

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(cinismo), Diógenes de Sinope, que foi chamado de kumkos, isto é, “parecido
com um cão” (daí cinismo), por satisfazer seus desejos publicamente.

Certa ocasião masturbou-se em público a fim de mostrar como é fácil a pessoa


satisfazer seus desejos libidinosos.

Um outro exemplo que devemos ressaltar é o texto de Judas 1.14 “E


destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis
que é vindo o Senhor com milhares de seus santos;
15 Para fazer juízo contra todos e condenar dentre eles todos os ímpios,
por todas as suas obras de impiedade, que impiamente cometeram, e por
todas as duras palavras que ímpios pecadores disseram contra ele”.
ENOQUE 2.1
“Eis que Ele vem com dezenas de milhares dos Seus santos para
executar julgamento sobre os pecadores e destruir o iníquo, e reprovar
toda coisa carnal e toda coisa pecaminosa e mundana que foi feita, e
cometida contra Ele”.

Veja também uma fala de Jesus

Mateus 5.34 “Eu, porém, vos digo que de maneira nenhuma jureis; nem
pelo céu, porque é o trono de Deus;
35 Nem pela terra, porque é o escabelo de seus pés; nem por Jerusalém,
porque é a cidade do grande Rei;
36 Nem jurarás pela tua cabeça, porque não podes tornar um cabelo
branco ou preto.
37 Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa
disto é de procedência maligna”.

O trecho sobre os essênios

Esse desejo sério de evitar tudo que envolve profanidade,no mínimo grau e
que pudesse interpor-se entre eles e a Divindade fez com que se obtivessem
de proferir juramentos,porque consideravam a invocação,nos juramentos,do
céu ou do trono celestial ,ou de qualquer coisa que representasse a glória de
Deus,como um sacrilégio.Sua conversação era sim,sim;não,não; o que quer
que fosse mais do que isso,provinha do mal.

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Lição 5

Contexto Gramatical
O contexto gramatical estuda as regras para a construção e coordenação das
frases, exclusivamente através da análise léxico-sintática (é o estudo do
significado de palavras tomadas isoladamente), da sintaxe e dos conectivos
(conjunções, preposições, pronomes demonstrativos etc). Os conectivos são os
que mais aparecem no texto, ou seja, sua função é ligar orações subordinadas
e coordenadas à anterior. O propósito do contexto gramatical é verificar o nexo
dos termos com outros na mesma frase, e a relação da oração com outras do
mesmo período.

Esse tipo de contexto é muito importante para entendermos de maneira eficaz


e profunda as funções das palavras em um determinado texto,trazendo assim
uma interpretação coerente gramaticalmente falando.

Vejamos alguns conetivos usados na gramática para ligar palavras em uma


oração:

Conectivos Lógicos:

Causais

São conjunções subordinativas que ligam uma oração principal a uma


subordinada na relação de causa e efeito.
I) Podem designar a razão pela qual algo acontece:
a) porque:Em I João 2.8-16, encontramos nove vezes a conjunção causal
“porque”. Quando João afirma que aquele que odeia a seu irmão “está em
trevas, anda em trevas, e não sabe para onde deva ir;” a causa disto é “porque
as trevas lhe cegaram os olhos”.
b) por causa: Paulo afirma aos coríntios que o motivo pelo qual muitos nas
igrejas estavam fracos e enfermos, era porque não discerniam o corpo de
Cristo (v. 29): “Por causa disto há entre vós muitos fracos e enfermos, e muitos
que dormem” (I Co 11.30). Enquanto o versículo 29 aborda a causa, o versículo
30 aborda o efeito.
c) porquanto: O uso do conectivo causai “porquanto” refere-se ao julgamento
sobre aqueles que não crêem no unigênito Filho de Deus: “Quem crê nele não
é condenado; mas quem não crê já está condenado; porquanto não crê no
nome do unigênito Filho de Deus” (Jo 3.18). A causa deste julgamento-morte
não é porque foram predestinados a isso, mais sim, por uma decisão voluntária
de não crer no Filho de Deus.Noutra ocasião, Paulo ordena aos efésios que
usem prudentemente as oportunidades, “porquanto os dias são maus”
(Ef 5.16).

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Conclusivas

São conjunções coordenativas que ligam orações coordenadas conclusivas.

2) Designam a conclusão da primeira oração:


a) portanto: Essa conjunção, como as demais que se seguem, ligam à oração
anterior uma oração conseqüente que exprime conclusão.“Pelo que, como por
um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também
a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram.” (Rm 5.12).
No parágrafo anterior (6-11), Paulo refere-se ao homem em sua condição de
pecador: ímpios (v. 6), ninguém morreria por um pecador (v. 7), Cristo morreu
pelos pecadores (v. 8), pecadores justificados pelo sangue (v. 9), os pecadores
são inimigos de Deus (v. 10), os pecadores s.o reconciliados (v. II).
Paulo conclui seu argumento anterior, “portanto”, e inicia uma segunda oração
usando um conectivo de subordinação “assim como”, ao mesmo tempo que
conclui o período explicando a razão porque todos os homens morrem, “por-
quanto”. O encadeamento lógico das proposições que compõem este versículo,
leva ao seguinte silogismo:Pelo pecado entrou a morte no mundo Todos os
homens pecam Logo, todos os homens morrem.Confira os outros “portanto” de
Paulo aos Romanos: 2.1;5.18; 8.1,12; 14.13; 15.2,7.
b) assim: Uma outra conjunção muito freqüente nas orações seguidas por
conjunções coordenativas conclusivas .é o conectivo “assim”. Vejamos:
“Pois, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem,
que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o
Espírito de Deus” (I Co 2.11).No versículo 10, Paulo já atestara que o Espírito
Santo é aquele que “esquadrinha todas as coisas, mesmo as profundezas de
Deus”. A demonstração que ele ainda não interrompeu o seu argumento é o
uso do conectivo conclusivo “pois”. Esse conectivo não apenas relaciona-se ao
aspecto discursivo da linguagem, mas cria naquele que lê ou ouve, uma
expectativa para o que sucede imediatamente. Assim como somente o espírito
do homem entende as coisas do homem por causa da relação íntima existente
entre ambos, Paulo conclui, afirmando que somente o Espírito de Deus
compreende as coisas de Deus, devido a sua relação íntima, ou seja,
indissociável com Deus. Neste exemplo, Paulo parte de uma dedução primária,
física e inferior, para uma outra, superior e metafísica. Mas a surpresa que
espera o leitor est. no argumento que sucede:“Mas nós não recebemos o
espírito do mundo, mas o Espírito que provem de Deus, para que pudéssemos
conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus” (v. 12).

A conjunção explicativa “ora” prossegue o argumento antecedente designando


a relação lógica entre ambos. Se o Espírito de Deus, que nele está, conhece os
mistérios de Deus, este mesmo Espírito que também habita em nós,
procedente de Deus, revela-nos gratuitamente o conhecimento de Deus (v. 10).
Outros conectivos correspondentes:
* Por isso: “Por isso, Deus entregou tais homens a imundícia”( Rm 1.24).
*Pois: “Se, pois, que ensinas a outrem, não te ensinas a ti mesmo?” (Rm 2.26;
3.28)

14
Adversativas

São conjunções coordenativas que ligam orações coordenadas que expressam


adversidade.

3) Designam adversidade:

a) mas: Essa conjunção e as da mesma classe ligam dois termos ou duas


orações de igual função, acrescentando-lhes, porém, uma idéia de contraste.
“Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos
amou” (Rm 8.37).
Paulo alista dez inimigos contra o soldado cristão: opositores (v.3I), acusadores
(v.33), condenadores (v.34), tribulação, angústia, perseguição, fome, nudez,
perigo, espada (v.35), porém, através da adversativa “mas”, acrescenta que
“em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos
amou”.
Nos textos de Romanos 7.19-25, Paulo usa quatro vezes o conectivo “mas”,
sempre contrastando uma sentença com a outra: “Não faço o bem... mas o mal
que não quero, esse faço” “Mas, se eu faço o que n.o quero”
“Mas vejo nos meus membros, outra lei...”
“Sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne”. “Mas” é o tipo de
conjunção adversativa que nitidamente indica adversidade de pensamentos ou
idéias. Dentre esses conectivos, é este o mais ácido.
b) contudo: “Por isso, não desanimamos; pelo contrário, mesmo que o nosso
homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de
dia em dia” (Rm 4.16).As idéias de adversidade e contraste nesse versículo
ficam evidenciadas pela oposição: homem exterior/homem interior,
corromper/renovar,ânimo/desânimo, estagnação/ renovo (dia a dia).Vejamos a
adversidade demonstrada pelo texto paulino de 2 Coríntios 13.4, onde
“contudo” e “mas” se intercalam:“Porque, ainda que tenha sido crucificado por
fraqueza, vive, contudo, pelo poder de Deus. Porque nós também somos fracos
nele, mas viveremos com ele pelo poder de Deus em vós”.
A primeira sentença, “crucificado em fraqueza”, é contrastada (contudo) com a
sentença de oposição “vive pelo poder de Deus”, enquanto por meio da
adversativa “mas”, o contraste ocorre entre somos fracos/mas viveremos, com
ele.

Outros conectivos:
* porém: “uns, para honra; outros, porém, para desonra” (2 Tm 2.20)
* entretanto: “E, entretanto, os seus discípulos lhe rogaram, dizendo: Rabi,
come” (Jo 4.31)
* ainda: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos” (I Co I3.I)
* senão: “Quem pode perdoar pecados, senão Deus?”
(Mc 2.7)Deve-se distinguir entre o “senão” de Marcos 2.7 do “se n.o” de I
Coríntios 13.1. Enquanto o primeiro pode ser traduzido por “mas sim”, o
segundo contudo, o “não” . advérbio de negação e o “se” conjunção, que pode
ser substituído por “e”, tal qual encontramos na ARC.
* aliás :“..para serdes vistos por eles; ali.s [‫־‬ARA — “doutro modo”], não tereis
galardão junto de vosso Pai, que está nos céus” (Mt 6.1)

15
Comparativas

São conjunções subordinativas que ligam orações subordinadas comparativas.


4) Designam comparação:
a) assim, (assim) como, assim também: Assim, como e assim também são
conectivos subordinativos de comparação. Estes geralmente,iniciam uma
oração adverbial que encerra uma comparação.
“[Assim] Como se dissipa a fumaça, assim tu os dispersas; como se derrete a
cera ante o fogo, assim de presença de Deus perecem os iníquos” (SI 68.2
ARA).
“[Assim] Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó
Deus, suspira a minha alma” (SI 42.1 ARA) Nesse dístico, a segunda linha
poética desenvolve a primeira elevando-a a um nível superior através do uso
de um conectivo de comparação “assim”. Como figura literária,é claro estar se
tratando de um símile, ou seja, uma comparação entre dois objetos ou ações,
normalmente precedido por uma conjunção de comparação, a fim de
impressionar o ouvinte com algo semelhante. Tomamos a liberdade de
decompor esse dístico como se segue:
“[Assim] Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti, ó
Deus, suspira a minha alma” (SI 42.1).
Além da símile, a beleza poética desse canto está na sugestão verbal do
suspiro da corça. O salmista evoca uma imagem auditiva que projeta
sentimentos de ansiedade, expectativa e necessidade. Esse recurso poético
chamado de onomatopéia também é usado no Salmo 93.3,4:
“Os rios levantam, ó Senhor, os rios levantam o seu ruído, os rios levantam as
suas ondas. Mas o Senhor nas alturas é mais poderoso do que o ruído das
grandes águas e do que as grandes ondas do mar”.

Em Eclesiastes 7.6 pode-se ouvir o riso tolo:“Porque qual o crepitar dos


espinhos debaixo de uma panela, tal é o riso do tolo; também isso é vaidade”.
A imagem, típica do cenário palestino nos períodos de seca e praga, foi usada
como palco profético por Joel (LI 7- 20), especificamente no verso 20:“Também
todos os animais do campo bramam a ti; porque os rios se secaram, e o fogo
consumiu os pastos do deserto”.
Qual uma solitária corça suspira audivelmente por água, não escondendo sua
sede e necessidade, assim o salmista não consegue disfarçar sua paixão e
sede pela “fonte de águas vivas” (Jr 2.13):
“A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me
apresentarei ante a face de Deus? (SI 42.2)
O anelo pela presença de Deus é comparado ao suspiro audível da corça, tal
qual o salmista se expressa.
b) qual, (tal) qual, (tanto) quanto: Esses conectivos de comparação são
usados em diversas ocasiões. No Cântico dos Cânticos, . usado principalmente
para exaltar a graça e a beleza do cônjuge. Vejamos:
“Qual o lírio entre os espinhos, tal é a minha amiga entre as filhas. (Tal) Qual a
macieira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado entre os filhos” (Ct
2.2,3).Nesse epitalâmio, o esposo e a amada exaltam mutuamente as
qualidades um do outro. Em 2.1, ela se expressa afirmando ser “a rosa de
Sarom”. Sarom era a planície costeira do Mediterrâneo entre Jope e Cesaréia.

16
Era uma planície fértil com muita água e vegetação rica. Ao afirmar que era a
“rosa de Sarom”, provavelmente esteja falando de algum tipo de rosa que se
destacava das demais pela sua singeleza e beleza. O esposo responde à
amada, afirmando que assim como o lírio se destaca entre os espinhos, tal é a
amada entre as demais virgens. Ela responde declarando que assim como,
uma macieira se destaca entre as árvores da floresta, assim o amado entre os
demais jovens.Cada uma dessas comparações evoca uma imagem de
contraste, a fim de dignificar e exaltar as qualidades do cônjuge. A amada, ao
escolher floresta em vez do pomar, o faz para que o contraste mais se acentue.
O valor de uma macieira numa floresta é muito superior aquela encontrada no
pomar.

Condicionais

São conjunções subordinativas adverbiais que ligam orações subordinadas


condicionais.
5) Designam condição:
a) exceto, excetua: As conjunções condicionais ligam duas orações, principal
e subordinada, pondo a subordinada em relação de condição em que se indica
uma hipótese ou uma condição necessária para que seja realizado ou não o
fato principal.“... e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e da Samaria,
exceto os apóstolos” (At 8.1c).
exceto Calebe, filho de Jefoné, o quenezeu, e Josué, filho de Num, porquanto
perseveraram em seguir ao Senhor”.
(Nm 32.12).“Exceto”, em cada um desses textos, pode ser substituído por
“salvo”. O versículo de Números 32.12 biparte o versículo 11, e não deve ser
considerado distinto deste, ao contrário, segue a linha lógica da narrativa.
Em I Coríntios 15.27, Paulo, tratando da subordinação de todos e tudo à Cristo,
condiciona esse domínio nestes termos:“Porque todas as coisas sujeitou
debaixo de seus pés. Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas,
claro está que se excetua aquele que sujeitou todas as coisas.”
Vejamos as três divisões lógicas deste discurso, exemplificado pelos uso dos
conectivos:
1) Explicativo: Porque todas as coisas sujeitou debaixo de seus pés.
2) Adversativo: Mas, quando diz que todas as coisas lhe estão sujeitas,
3) Condicional: claro está que se EXCETUA aquele que sujeitou todas as
coisas
b) contanto que: “A mulher casada, est. ligada pela lei todo o tempo em que o
seu marido vive; mas, se falecer o seu marido, fica livre para casar com quem
quiser, contanto que seja no Senhor” (1 Co 7.39).
“Mas em nada tenho a minha vida por preciosa, contanto que cumpra com
alegria a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus, para dar
testemunho do evangelho da graça de Deus” (At 20.24).

Em cada um dos dois textos, “contanto que” pode ser substituído por “desde
que”. No primeiro texto, a viúva, é livre para casar-se. No entanto, Paulo
admoesta que ela não seja precipitada, condicionando a nova união “no
Senhor”. “Contanto”, inicia a oração subordinada estabelecendo uma condição
necessária para o novo matrimônio: “no Senhor”.

17
Texto célebre, usado por diversos missionários e pastores, o versículo 24 de
Atos 20, o doutor dos gentios, estabelece uma condição para expor-se ao
martírio: “contanto que cumpra com alegria a minha carreira e o ministério que
recebi do Senhor Jesus, para dar testemunho do evangelho da graça de Deus”.
Paulo n.o era um cavaleiro errante a procura de redemoinhos para a batalha, e
dispõe sua própria vida sob a condição de cumprir alegremente a carreira e o
ministério recebido da parte do Senhor, não de outro modo.

QUADRO DE ALGUNS CONECTIVOS LÓGICOS

RAZÃO Porque
Por causa
Porquanto

CONCLUSÃO Portanto
Assim
Por isso
Pois

ADVERSIDADE Mas
Contudo
Porém
Entretanto
Ainda
Senão
Aliás

COMPARAÇÃO Assim,assim como


Assim também
Como,qual,tal qual
Tanto quanto,tanto

CONDIÇÃO Exceto
Excetua
Contanto que
Desde que
Se

18
Lição 6
Figuras de Linguagem
Figuras de linguagem, são recursos usados para ênfase ou realce de um
pensamento ,frase ou idéia,que tal escritor ou autor usou para chamar atenção
dos que recebem sua mensagem ou escrito.É de suma importância
conhecermos esse tipo de recurso para discernirmos quando autor está usando
uma figura de linguagem ou o mesmo está falando literalmente sobre algo.
Símile: Há quem diga que essa figura de linguagem é a mais simples. Simples
devido a sua presença estar patente e constantemente nos textos, e de fácil
observação. A palavra símile tem sua etimologia do latim a palavra símilis que
significa: semelhante ou parecido a outro. As palavras que mais aparecem no
texto para descrever o símile são: como e semelhante.Exemplo: Is. 57:20. "Mas
os perversos são como o mar agitado que não se pode aquietar, cujas águas
lançam de si lama e lodo". O que podemos extrair dessa figura de linguagem?
Quem ou o que está sendo comparado? Qual a figura que está em foco no
versículo?
Resposta: O versículo em estudo está classificando a conduta dos perversos
concernente as suas práticas. A figura que está em foco é o mar agitado, veja,
não é um mar calmo e sim agitado. Portanto o texto faz menção do símile
ensinando que os perversos vivem em movimentos constantes, incansáveis,
causando problemas (mar agitado que não se pode aquietar) lançando de si
palavras malignas e impuras para derrubar os fiéis etc. (cujas águas lançam de
si lama e lodo)

Metáfora: A palavra metáfora significa: mudança, transporte e estender. É um


tipo que consiste em atribuir à palavra um significado por meio de comparação.
Relacionam-se duas palavras ou elementos através de uma qualidade comum
atribuída a ambas. Exemplo: Sl. 84:11. "Pois o Senhor Deus é sol e escudo".
Quais são as figuras abordadas nesse versículo?
Resposta: O sol é a fonte de vida, luz, calor etc. Sem ele não haveria vida
vegetal e também alimento para o ser humano. Imagine os homens sem luz e
calor, grandes catástrofes poderiam acontecer. O escudo é uma das
ferramentas de defesa para um bom soldado, com ela, o soldado se protege do
que se lança contra ele. Sintetizado, vemos que na maioria das metáforas é
costume utilizar o verbo ser em afirmações como: "Pois o Senhor é sol e
escudo." Temos que tomar muito cuidado de não dizer literalmente que Deus é
um sol como fazem os politeístas, pois isso é uma aberração.

Hebraísmos: Por hebraísmos entendemos certas expressões e maneiras


peculiares do idioma hebreu que ocorrem em nossas traduções da Bíblia, que
originalmente foi escrita em hebraico e em grego. Alguns conhecimentos
destes hebraísmos são necessários para poder fazer uso devido das regras de
interpretação.Hebraísmos seriam adágios que eram comuns na língua
hebraica,assim como há adágios populares usados em nossa língua,assim
também havia na língua hebraica.
Exemplos:Em Gênesis 6:12, lemos: "Porque toda carne havia corrompido o
seu caminho sobre a terra" (versão revista e corrigida). Tomando aqui as
19
palavras carne e caminho em sentido literal, o texto perde o significado por
completo. Porém tomando em seu sentido comum, usando-se como figuras,
isto é, carne em sentido de pessoa e caminho no sentido de costumes, modo
de proceder ou religião, já não só tem significado, mas um significado
terminante, dizendo-nos que toda pessoa havia corrompido seus costumes.
Salmo 60.8” Moabe é a minha bacia de lavar; sobre Edom lançarei o meu
sapato; alegra-te, ó Filístia, por minha causa”.
Nesse texto lançar o sapato refere-se ao ato de tomar posse de alguma coisa
ou ter domínio sobre algo.Devemos acrescentar que para os hebreus era
símbolo de poder.O símbolo deriva-se do ato do vencedor colocar o pé sobre a
nuca do vencido.

Josué 7.19 “Então disse Josué a Acã: Filho meu, dá, peço-te, glória ao
SENHOR Deus de Israel, e faze confissão perante ele; e declara-me agora o
que fizeste, não mo ocultes”.
Inicialmente pensamos que a frase dá glória a Deus seria,verbalizar em
louvor,mas esse termo em tal texto juntamente com João 9.24,significa:Diga a
verdade.

1 Reis 4.25”E Judá e Israel habitavam seguros, cada um debaixo da sua


videira, e debaixo da sua figueira, desde Dã até Berseba, todos os dias de
Salomão”.

Era comum usar essa fala em Israel:”cada um debaixo da sua videira, e


debaixo da sua figueira”, a qual significa: paz e segurança.

Êxodo 8.19”Então disseram os magos a Faraó: Isto é o dedo de Deus. Porém


o coração de Faraó se endureceu, e não os ouvia, como o SENHOR tinha dito.

Dedo de Deus,equivale a dizer:autoridade ou obra de Deus.

Existe também um tipo de hebraísmo muito interessante que se utiliza a filiação


para designar o que uma pessoa era.

Colossenses 3.6” Pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da
desobediência;”

Isso equivale a dizer:Pessoas desobedientes.

Lucas 10.6” E, se ali houver algum filho de paz, repousará sobre ele a vossa
paz; e, se não, voltará para vós”.

Filho de paz:Uma pessoa pacífica.Esses são alguns dos hebraísmos usados


na Bíblia.

Hipérbole: Esta figura de linguagem consiste em um exagero para dar maior


força ,maior impressão,para mais ou para menos ,afim de apresentá-la viva a
imaginação.

20
Exemplos: Salmos 6.6” Já estou cansado do meu gemido; toda noite faço
nadar a minha cama; molho o meu leito com as minhas lágrimas”

Você já viu uma cama flutuar em lágrimas ou ser alagada pelas mesmas?
Perceba que o salmista está enfatizando o seu choro intenso.

Mateus 19.24” E outra vez vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo
fundo de uma agulha do que entrar um rico no Reino de Deus”.

Existem muitas teorias teológicas sobre esse texto,mas é preferível afirmar que
se trata de uma hipérbole.Pois Jesus está falando da tamanha dificuldade que
há um rico entrar no reino do céus ,caso o mesmo priorize suas riquezas ao
invés de buscar o reino do céus.Analise o contexto imediato dessa
passagem,para melhor compreensão.

Prosopopéia: A prosopopéia é uma figura de linguagem cujo uso é dar


características humanas para coisas que logicamente não possuem tais
características por si mesmas.

Exemplos:

Provérbios 8.1” Não clama, porventura, a Sabedoria? E a Inteligência não dá


a sua voz? “

Veja que sabedoria não é um ser humano ,uma pessoa,mas aqui ela é dita
como se fosse. Isso é feito para que a sabedoria seja algo mais vivo e patente
para seus leitores.

Isaías 55.12 “Porque, com alegria, saireis e, em paz, sereis guiados; os


montes e os outeiros exclamarão de prazer perante a vossa face, e todas as
árvores do campo baterão palmas”.

Alguém já viu montes exclamando de prazer e árvores batendo palmas?

Esse texto está relacionado a volta do cativeiro babilônico,em que haveria


alegria e restauração dos judeus a sua terra natal.

Eufemismo: Tal figura de linguagem usa palavras mais brandas para


descrever atos,que segundo o escritor poderia caso fosse dito declaradamente
soaria de maneira pesada,constrangedora ou dura.

Exemplos:

Mateus 27.52” E abriram-se os sepulcros, e muitos corpos de santos que


dormiam foram ressuscitados;”

O termo dormir é um eufemismo que traz o significado de morte.

21
Gênesis 4.1” E conheceu Adão a Eva, sua mulher, e ela concebeu, e teve a
Caim, e disse: Alcancei do SENHOR um varão”.

O verbo conhecer neste texto significa ter relação sexual.

Tipologia:
Este método é usado por muitos sem um devido cuidado.Pois por exemplo,
exageradamente tem se colocado muitos personagens ou coisas como se
fosse tipologia de Cristo.Mas existe alguns critérios básicos para nós
identificarmos uma tipologia.

1-Precisa haver referencias bíblicas ligado ao tipo e o antítipo.Isso ocorre


quando há citações do Antigo Testamento no Novo Testamento.

2-Existe um limite das ações entre o tipo e o antítipo.

Exemplos:

João 3.14” E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa


que o Filho do Homem seja levantado, “

A serpente de bronze é o tipo ,Cristo o antítipo.Veja que o limite das ações esta
exatamente no verbo levantar.

Mateus 12.40” pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre da
baleia, assim estará o Filho do Homem três dias e três noites no seio da
terra.”

Jonas é o tipo,Cristo o antítipo.Perceba que o limite das ações está no numeral


três .

Sinédoque: Confere a um termo maior extensão do que seu significado


original.Os casos mais importantes são: o todo pela parte e vice-versa,o plural
pelo singular e vice-versa e o concreto pelo abstrato.

Exemplos:

Daniel 2.36” Este é o sonho; também a interpretação dele diremos na


presença do rei”.

Leia o contexto imediato do capitulo dois de Daniel e perceba que somente ele
diz e o sonho e sua interpretação ao rei Nabucodonosor.
Sendo assim eu tomou o plural (diremos) pelo singular (direi).

22
1 Coríntios 11.26” Porque, todas as vezes que comerdes este pão e
beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até que venha.

Beber o cálice nesse caso seria beber o que estava dentro do cálice.

Gênesis 6.5 “E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara


sobre a terra e que toda imaginação dos pensamentos de seu coração era só
má continuamente.

Homem nesse caso refere-se a humanidade que havia se corrompido e não


apenas o homem no sentido do sexo masculino.

Metonímia : É o uso de um termo no lugar do outro ,com o qual tem uma


relação imediata de causa e efeito e vice-versa.Em alguns casos ,a metonímia
é confundida com a sinédoque ,pela sutil diferença entre ambas as figuras.

Exemplo
Lucas 16.29 “Disse-lhe Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.

Este versículo retrata a causa pelo efeito. Quando diz que tinham Moisés e os
profetas,está falando dos seus escritos.

Alegoria:Tal tipo de figura de linguagem é uma sucessão de metáforas ou uma


metáfora estendida,geralmente combinada em forma de narração.

Exemplos

João 15. 1 Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.


2 Toda vara em mim que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto,
para que dê mais fruto.
3 Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.
4 Estai em mim, e eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto,
se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim.
5 Eu sou a videira, vós, as varas; quem está em mim, e eu nele, este dá
muito fruto, porque sem mim nada podereis fazer.
6 Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e
os colhem e lançam no fogo, e ardem.
7 Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis
tudo o que quiserdes, e vos será feito.
8 Nisto é glorificado meu Pai: que deis muito fruto; e assim sereis meus
discípulos.

Percebe-se que nessa Alegoria existem 3 metáforas


1-Jesus é a videira
2-O pai é o lavrador
3-Os discípulos as varas
23
Mateus 5. 13 Vós sois o sal da terra; e, se o sal for insípido, com que se há
de salgar? Para nada mais presta, senão para se lançar fora e ser pisado
pelos homens.
14 Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada
sobre um monte;
15 nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no
velador, e dá luz a todos que estão na casa.
16 Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as
vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus.

Luz do mundo e sal da terra ,com os quais os discípulos são comparados.


Parábolas O vocábulo παραβάλλωPARABÁLO significa colocar ao lado de
outra coisa e compará-lo. É uma comparação ,uma símile ampliada.A
comparação é desenvolvida através de uma narrativa entre dois fatos para
explicar o que é desconhecido e escondido,sempre visado uma fim prático.Era
um método usado no Oriente. A parábola exige,somente ,corresponder no seu
todo com a verdade central que pretende ensinar.Através desta historieta
contada é fornecida uma lição de mora.

Exemplo

Lucas 15. 1 E chegavam-se a ele todos os publicanos e pecadores para o


ouvir.
2 E os fariseus e os escribas murmuravam, dizendo: Este recebe pecadores e
come com eles.
3 E ele lhes propôs esta parábola, dizendo:
4 Que homem dentre vós, tendo cem ovelhas e perdendo uma delas, não
deixa no deserto as noventa e nove e não vai após a perdida até que venha a
achá-la?
5 E, achando-a, a põe sobre seus ombros, cheio de júbilo;
6 e, chegando à sua casa, convoca os amigos e vizinhos, dizendo-lhes:
Alegrai-vos comigo, porque já achei a minha ovelha perdida.
7 Digo-vos que assim haverá alegria no céu por um pecador que se arrepende,
mais do que por noventa e nove justos que não necessitam de
arrependimento.

Existem alguns perguntas básicas que devem ser feitas ,a fim de aplicarmos a
interpretação de uma parábola.Vejamos:

1-Para quem foi dirigida a parábola ?


2-O que motivou a sua citação?
3-Quais aspectos culturais estão inseridos nela?
4-Qual é a sua verdade central ?

24
Ironia : Essa figura de linguagem tem o intuito de apresentar o contrário
daquilo que está sendo falado,expressa o oposto do que se quer dizer.Para
percebermos uma ironia no texto precisamos analisar o contexto.

Exemplo:
1 Reis 18.27 “E sucedeu que, ao meio-dia, Elias zombava deles e dizia:
Clamai em altas vozes, porque ele é um deus; pode ser que esteja falando, ou
que tenha alguma coisa que fazer, ou que intente alguma viagem; porventura,
dorme e despertará”

A ironia nesse texto é bem explícita,pois Elias pediu aos profetas pagãos para
que clamassem alto,mesmo sabendo que Baal não ia os ouvir.

Pleonasmo : É uma figura de linguagem em que se emprega a redundância


,vocábulos desnecessários á repetição elegante certas frases ou idéias ,a fim
de dar maior ênfase a uma parte da frase.
Exemplo:
Gênesis 40.23” O copeiro-mor, porém, não se lembrou de José; antes, se
esqueceu dele.
Veja que o texto já diz que o copeiro-mor não havia se lembrado de José,mas o
autor quer dar uma ênfase sobre tal esquecimento ,repetindo a mesma idéia na
segunda parte dizendo que ele se esqueceu de José.

25
Lição 7
Métodos de Estudo na Hermenêutica
Método Temático: O método temático lida com um assunto específico.Por
exemplo :Cristo,arrependimento,fé,arrebatamento,santidade ,etc. A medida da
aplicação desse método,há de ser verificada ,a variedade e quantidade de
informações disponíveis ,a cerca de vários temas da Bíblia.Esse método tem
que ser usado com cautela ,observando o contexto de cada texto vinculado ao
tema abordado.

Exemplos:O verbo salvar tem mais de um sentido, isso vai depender do


contexto.

Êxodo 14.30 “Assim, o SENHOR salvou Israel naquele dia da mão dos
egípcios; e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar”.

O verbo salvar nesse texto ,tem o sentido de livramento físico.Isto é bem claro
pelo contexto.

Deuteronômio 1.35-36” Nenhum dos homens desta maligna geração verá


esta boa terra que jurei dar a vossos pais, salvo Calebe, filho de Jefoné; ele a
verá, e a terra que pisou darei a ele e a seus filhos; porquanto perseverou em
seguir ao SENHOR.

Neste texto o verbo salvar tem o sentido de exceção.

Mateus 9.22” E Jesus, voltando-se e vendo-a, disse: Tem ânimo, filha, a tua fé
te salvou. E imediatamente a mulher ficou sã.

Muitos tem dado ao verbo salvar neste texto um sentido de vida eterna,mas
veja que o contexto fala sobre uma mulher que buscava a cura para sua
enfermidade,ela então usa a sua fé que a livra daquele flagelo terrível.Sendo
assim salvar nesse texto tem o sentido de curar.

Romanos 10.9” a saber: Se, com a tua boca, confessares ao Senhor Jesus e,
em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo.

João 3.17” Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo não para que
condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele.

Esses dois versículos usam o verbo salvar no sentido de vida eterna em Cristo.

Método Biográfico: O método Biográfico tem como propósito estudar cada


detalhe da vida de um personagem bíblico.Em tal método nos podemos
analisar os seguintes detalhes de determinados personagens: Significado do
nome,origem,função,contexto em que viveu,caráter etc.

26
Sendo assim através desses detalhes podemos extrair lições para as nossas
vidas hodiernas.

Vamos aplicar o método em dois personagens ,Daniel e Noé.

Noé
Gênesis 6.
8 Noé, porém, achou graça aos olhos do SENHOR.
9 Estas são as gerações de Noé: Noé era varão justo e reto em suas
gerações; Noé andava com Deus. 10 E gerou Noé três filhos: Sem, Cam e
Jafé.
11 A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a
terra de violência. 12 E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque
toda carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra.
13 Então, disse Deus a Noé: O fim de toda carne é vindo perante a minha
face; porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra.
14 Faze para ti uma arca da madeira de gofer; farás compartimentos na arca e
a betumarás por dentro e por fora com betume. 15 E desta maneira farás: de
trezentos côvados o comprimento da arca, e de cinqüenta côvados a sua
largura, e de trinta côvados a sua altura. 16 Farás na arca uma janela e de um
côvado a acabarás em cima; e a porta da arca porás ao seu lado; far-lhe-ás
andares baixos, segundos e terceiros. 17 Porque eis que eu trago um dilúvio
de águas sobre a terra, para desfazer toda carne em que há espírito de vida
debaixo dos céus: tudo o que há na terra expirará.

Daniel

Daniel 1
1 No ano terceiro do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, veio Nabucodonosor,
rei da Babilônia, a Jerusalém e a sitiou. 2 E o Senhor entregou nas suas mãos
a Jeoaquim, rei de Judá, e uma parte dos utensílios da Casa de Deus, e ele os
levou para a terra de Sinar, para a casa do seu deus, e pôs os utensílios na
casa do tesouro do seu deus.
3 E disse o rei a Aspenaz, chefe dos seus eunucos, que trouxesse alguns dos
filhos de Israel, e da linhagem real, e dos nobres, 4 jovens em quem não
houvesse defeito algum, formosos de aparência, e instruídos em toda a
sabedoria, e sábios em ciência, e entendidos no conhecimento, e que tivessem
habilidade para viver no palácio do rei, a fim de que fossem ensinados nas
letras e na língua dos caldeus. 5 E o rei lhes determinou a ração de cada dia,
da porção do manjar do rei e do vinho que ele bebia, e que assim fossem
criados por três anos, para que no fim deles pudessem estar diante do rei.
6 E entre eles se achavam, dos filhos de Judá, Daniel, Hananias, Misael e
Azarias. 7 E o chefe dos eunucos lhes pôs outros nomes, a saber: a Daniel
pôs o de Beltessazar, e a Hananias, o de Sadraque, e a Misael, o de Mesaque,

27
e a Azarias, o de Abede-Nego.
8 E Daniel assentou no seu coração não se contaminar com a porção do
manjar do rei, nem com o vinho que ele bebia; portanto, pediu ao chefe dos
eunucos que lhe concedesse não se contaminar.

Método indutivo

Esse método analisa o texto para chegar ao tema do mesmo.Para o uso


adequado desse método,é necessário ler todo o texto que observando qual
assunto o texto está abordando.

Exemplos:

Amós 4. 1 Ouvi esta palavra, vós, vacas de Basã, que estais no monte de
Samaria, que oprimis os pobres, que quebrantais os necessitados, que dizeis a
seus senhores: Dai cá, e bebamos. 2 Jurou o Senhor JEOVÁ, pela sua
santidade, que dias estão para vir sobre vós, em que vos levarão com anzóis e
a vossos descendentes com anzóis de pesca. 3 E saireis pelas brechas, uma
após outra, e vos lançareis para Hermom, disse o SENHOR.
4 Vinde a Betel e transgredi; a Gilgal, e multiplicai as transgressões; e,
cada manhã, trazei os vossos sacrifícios e, de três em três dias, os vossos
dízimos. 5 E oferecei sacrifício de louvores do que é levedado, e apregoai
sacrifícios voluntários, e publicai-os; porque disso gostais, ó filhos de Israel,
disse o Senhor JEOVÁ.
6 Por isso, também vos dei limpeza de dentes em todas as vossas cidades e
falta de pão em todos os vossos lugares; contudo, não vos convertestes a mim,
disse o SENHOR.
7 Além disso, retive de vós a chuva, faltando ainda três meses para a ceifa; e
fiz chover sobre uma cidade e sobre outra cidade não fiz chover; sobre um
campo choveu, mas o outro, sobre o qual não choveu, se secou. 8 E andaram
errantes duas ou três cidades, indo a outra cidade, para beberem água, mas
não se saciaram; contudo, não vos convertestes a mim, disse o SENHOR.
9 Feri-vos com queimadura e com ferrugem; a multidão das vossas hortas, e
das vossas vinhas, e das vossas figueiras, e das vossas oliveiras foi comida
pela locusta; contudo, não vos convertestes a mim, disse o SENHOR.
10 Enviei a peste contra vós, à maneira do Egito; os vossos jovens matei à
espada, e os vossos cavalos deixei levar presos, e o fedor dos vossos
exércitos fiz subir ao vosso nariz; contudo, não vos convertestes a mim, disse o
SENHOR.
11 Subverti alguns dentre vós, como Deus subverteu a Sodoma e Gomorra, e
vós fostes como um tição arrebatado do incêndio; contudo, não vos
convertestes a mim, disse o SENHOR.
12 Portanto, assim te farei, ó Israel! E, porque isso te farei, prepara-te, ó Israel,
para te encontrares com o teu Deus.

Observando o texto qual tema ele levaria ?

28
Lição 8
Os gêneros Literários da Bíblia
Introdução
Neste material abordaremos sobre os gêneros literários da Bíblia e suas
aplicações interpretativas. Podemos entender por gênero literário, um tipo
específico de literatura ou documento que está em voga a fim de ser lido,
estudado ou analisado. Por exemplo: Não podemos ler um livro de poesia
como se fosse um livro de história ou vice versa, pois cada um deles tem um
gênero literário diferente. Gênero é, pois, um padrão de linguagem, que tanto
pode ser oral quanto escrito, que se repete e pode ser reconhecido a partir de
certas características.
Na Bíblia encontramos os seguintes gêneros literários: Narrativa, Poesia,
Profecia, Provérbios, Leis, Cartas,Parábolas ,Apocalipse.

Narrativa bíblica

Narrativas são historias significativas que recontam os eventos históricos do


passado com a intenção de dar sentido e direção a um determinado povo no
presente. Isso sempre aconteceu com todos os povos e em todas as culturas.

A forma literária encontrada com mais freqüência na Bíblia é a narrativa. Dentro


da tradição judaico-cristã, esse gênero literário possui uma importância única.
Muitas pessoas se deparam primeiramente com a Bíblia por meio de suas
histórias. Essas histórias, tanto de José, Moisés, Sansão, Davi, Isaías, Jesus
ou Paulo são narrativas bíblicas. A Bíblia, na sua maior parte, constitui-se
dessa forma literária. Mais de quarenta por cento do Antigo Testamento e,
aproximadamente, sessenta por cento do Novo Testamento consistem de
narrativas. Envolve livros, tais como Gênesis, Êxodo, Josué a Ester, Mateus a
Atos e grande porção de Números, Deuteronômio e os profetas.

Propósito singular da narrativa bíblica


O propósito da narrativa bíblica não é simplesmente contar o que aconteceu no
passado. Ao contrário, seu objetivo é relacionar esses eventos com a fé bíblica.
Desta forma, o significado de tais textos não envolvem simplesmente “o que
aconteceu”, mas a interpretação do que aconteceu.

Considerações a serem feitas sobre as narrativas


1-Narrador
Nós começaremos prestando atenção em uma parte que não é diretamente
mencionada na extensão da narrativa: o narrador. Para você entender como a

29
narrativa se desenvolve, você precisa estar consciente do papel do narrador no
decorrer da historia.
Em primeiro lugar, uma vez que ele e o único que escolhe o que dizer na
história, ele e, do mesmo modo, “onisciente”; ele esta em todos os lugares e
sabe tudo sobre a historia narrada, contudo ele nunca compartilha tudo que ele
sabe, e muito menos comenta, explica ou avalia algo durante o decorrer da
narrativa. Seu papel e contar a historia de forma que você entre na narrativa e
visualize os fatos por si mesmo.

Em segundo lugar, o narrador e responsável pelo “ponto de vista”da história,


isto e, pela perspectiva a partir da qual a historia e narrada.É claro que, ao
final, ele apresenta o ponto de vista divino. Algumas vezes o ponto de vista de
Deus e revelado diretamente, como e o caso da repetição “o Senhor estava
com Jose” (Gn 39.2,3,21,23);

Outro exemplo é o de 1 Samuel 1.4” E sucedeu que, no dia em que Elcana


sacrificava, dava ele porções do sacrifício a Penina, sua mulher, e a todos
os seus filhos, e a todas as suas filhas. 5 Porém a Ana dava uma parte
excelente, porquanto ele amava Ana; porém o SENHOR lhe tinha cerrado a
madre. 6 E a sua competidora excessivamente a irritava para a embravecer,
porquanto o SENHOR lhe tinha cerrado a madre.

Cena(s)
Mais do que construir a historia em torno do “caráter” de qualquer uma das
personagens, o modo predominante da narrativa hebraica e o “cênico”. A ação
e desenvolvida por uma serie de cenas que juntas perfazem o todo. Isso se
compara a um drama de cinema ou televisão que conta uma historia através de
uma sucessão de cenas. Cada cena tem sua própria inteireza, mas e a
combinação progressiva das cenas que perfazem a historia como um todo. / <
Observe, por exemplo, como isso acontece no episodio de abertura narrado em
Genesis 37. Na cena de abertura, Jose torna-se delator de seus irmãos (v. 2),
logo em seguida você e informado acerca da razão básica de seus irmãos o
odiarem: o favoritismo do pai — novamente! (v. 3,4). Rapidamente, a cena se
desloca para duas cenas em que Jose conta dois sonhos (v. 5 a 11), que já
preparam você para a próxima cena (v. 12-17) em que Jose procura seus
irmãos, mas não os encontra.

Personagens
Na natureza cênica da narrativa hebraica, as personagens são o elemento
absolutamente central. No entanto, você também notara que a “caracterização”
tem bem pouco a ver com a aparência física — isso e tão evidente que se um
dia ela aparecer (e. g., como o caso de Eúde, que era “canhoto”, Jz 3.15) você
sempre precisa perguntar por que? A narrativa hebraica não esta simplesmente
interessada em criar uma imagem visual das personagens. Mais importantes
são as questões de posição (sábio, rico, etc.) ou profissão (“capitão da guarda”,
Gn 37.36; “esposa”, “copeiro”, “padeiro”, caps. 39—40) ou designação das
tribos (“midianitas”, 37.36).

30
Princípios para interpretação da narrativa bíblica
1-Princípios da ênfase por meio da repetição
Precisamos está atentos quanto a repetição de personagens dentro de um
texto narrativo, pois isso indica que a intenção do escriba é dá ênfase a dá
ênfase a determinado personagem ,sendo ele então o foco do assunto.
Exemplo :
Em Gênesis capítulo 1 ,o escriba fala da criação da terra no geral.Mas no
capítulo 2 sua intenção é falar sobre a criação de Adão,pois o mesmo é
repetido diversas vezes no decorrer d texto.
Veja abaixo –Gênesis 2.4-25.
4 Estas são as origens dos céus e da terra, quando foram criados; no dia
em que o SENHOR Deus fez a terra e os céus. 5 Toda planta do campo ainda
não estava na terra, e toda erva do campo ainda não brotava; porque ainda o
SENHOR Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para
lavrar a terra. 6 Um vapor, porém, subia da terra e regava toda a face da terra.
7 E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus
narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.

8 E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, da banda do Oriente, e


pôs ali o homem que tinha formado. 9 E o SENHOR Deus fez brotar da terra
toda árvore agradável à vista e boa para comida, e a árvore da vida no meio do
jardim, e a árvore da ciência do bem e do mal.
10 E saía um rio do Éden para regar o jardim; e dali se dividia e se tornava em
quatro braços. 11 O nome do primeiro é Pisom; este é o que rodeia toda a
terra de Havilá, onde há ouro. 12 E o ouro dessa terra é bom; ali há o bdélio e
a pedra sardônica. 13 E o nome do segundo rio é Giom; este é o que rodeia
toda a terra de Cuxe. 14 E o nome do terceiro rio é Hidéquel; este é o que vai
para a banda do oriente da Assíria; e o quarto rio é o Eufrates.
15 E tomou o SENHOR Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para o
lavrar e o guardar.
16 E ordenou o SENHOR Deus ao homem, dizendo: De toda árvore do
jardim comerás livremente, 17 mas da árvore da ciência do bem e do mal, dela
não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
18 E disse o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei
uma adjutora que esteja como diante dele.
19 Havendo, pois, o SENHOR Deus formado da terra todo animal do
campo e toda ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes
chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu
nome. 20 E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo
animal do campo; mas para o homem não se achava adjutora que estivesse
como diante dele.

31
21 Então, o SENHOR Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este
adormeceu; e tomou uma das suas costelas e cerrou a carne em seu lugar. 22
E da costela que o SENHOR Deus tomou do homem formou uma mulher; e
trouxe-a a Adão.
23 E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne;
esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada.
24 Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua
mulher, e serão ambos uma carne.
25 E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se
envergonhavam.

Muitas vezes o narrador vai dá ênfase a um acontecimento ,repetindo o mesmo


através de algum personagem.

Gênesis 42 Gênesis 42
8 José, pois, conheceu os seus irmãos; 29 E vieram para Jacó, seu pai, na
mas eles não o conheceram. 9 Então, terra de Canaã; e contaram-lhe tudo
José lembrou-se dos sonhos que havia o que lhes aconteceu, dizendo: 30 O
sonhado deles e disse-lhes: Vós sois varão, o senhor da terra, falou
espias e viestes para ver a nudez da
conosco asperamente e tratou-nos
terra.
10 E eles lhe disseram: Não, senhor como espias da terra. 31 Mas
meu; mas teus servos vieram a comprar dissemos-lhe: Somos homens de
mantimento. 11 Todos nós somos retidão; não somos espias; 32 somos
filhos de um varão; somos homens de doze irmãos, filhos de nosso pai; um
retidão; os teus servos não são espias. não é mais, e o mais novo está hoje
12 E ele lhes disse: Não; antes, viestes com nosso pai na terra de Canaã. 33
para ver a nudez da terra. E aquele varão, o senhor da terra,
13 E eles disseram: Nós, teus servos, nos disse: Nisto conhecerei que vós
somos doze irmãos, filhos de um varão sois homens de retidão: deixai
da terra de Canaã; e eis que o mais comigo um de vossos irmãos, e
novo está com nosso pai, hoje; mas um tomai para a fome de vossas casas,
já não existe.
e parti; 34 e trazei-me vosso irmão
14 Então, lhes disse José: Isso é o que
mais novo; assim, saberei que não
vos tenho dito, dizendo que sois espias.
sois espias, mas homens de retidão;
15 Nisto sereis provados: pela vida de
então, vos darei o vosso irmão, e
Faraó, não saireis daqui senão quando
vosso irmão mais novo vier aqui. negociareis na terra.

32
O narrador poderia ter evitado a repetição do acontecimento nesse
texto,dizendo que os irmãos de José falou a seu pai tudo o que
acontecera.Como se faz no texto abaixo:

Exodo .4. 28 E anunciou Moisés a Arão todas as palavras do SENHOR, que


o enviara, e todos os sinais que lhe mandara.
29 Então, foram Moisés e Arão e ajuntaram todos os anciãos dos filhos de
Israel. 30 E Arão falou todas as palavras que o SENHOR falara a Moisés e
fez os sinais perante os olhos do povo.

Temos também repetição de palavras-chave

Gênesis 37 5 Sonhou também José um sonho, que contou a seus irmãos;


por isso, o aborreciam ainda mais. 6 E disse-lhes: Ouvi, peço-vos, este sonho,
que tenho sonhado: 7 Eis que estávamos atando molhos no meio do campo, e
eis que o meu molho se levantava e também ficava em pé; e eis que os vossos
molhos o rodeavam e se inclinavam ao meu molho.
8 Então, lhe disseram seus irmãos: Tu, pois, deveras reinarás sobre nós? Tu
deveras terás domínio sobre nós? Por isso, tanto mais o aborreciam por seus
sonhos e por suas palavras.
9 E sonhou ainda outro sonho, e o contou a seus irmãos, e disse: Eis que
ainda sonhei um sonho; e eis que o sol, e a lua, e onze estrelas se inclinavam
a mim.
10 E, contando-o a seu pai e a seus irmãos, repreendeu-o seu pai e disse-lhe:
Que sonho é este que sonhaste? Porventura viremos eu, e tua mãe, e teus
irmãos a inclinar-nos perante ti em terra?

O termo sonho é repetido 11 vezes no texto,sendo assim a palavra chave para


esse texto,é sonho.

2-Princípio da literalidade do texto narrativo

Em vez de se concentrarem no significado claro da narrativa, as pessoas


relegam o texto para meramente refletir acerca de outro significado que vai
alem do texto. Ha trechos alegóricos na Escritura (e.g., Ezequiel 23 e partes do
Apocalipse), mas nenhuma das narrativas históricas e ao mesmo tempo uma
alegoria.

3-Princípio do contexto cultural

Gênesis 16. 1 Ora, Sarai, mulher de Abrão, não lhe gerava filhos, e ele
tinha uma serva egípcia, cujo nome era Agar. 2 E disse Sarai a Abrão: Eis que
o SENHOR me tem impedido de gerar; entra, pois, à minha serva; porventura,
terei filhos dela. E ouviu Abrão a voz de Sarai.
3 Assim, tomou Sarai, mulher de Abrão, a Agar, egípcia, sua serva, e deu-a
por mulher a Abrão, seu marido, ao fim de dez anos que Abrão habitara na
terra de Canaã.

33
Um texto de Nuzi, do séc. XV, é um exemplo de um costume horreu,
similar a este invocado por Sara: "Se Gilimininu dá à luz crianças,
Shennima não deve tomar uma nova esposa. Mas se Gilimininu falha em
dar à luz filhos, Gilimininu deveria pegar uma mulher para Shennima do
interior do país por nome Lullu (i.e., uma escrava jovem), para servir
como concubina. Neste caso, a própria Gilimininu terá autoridade sobre a
descendência".

A questão da insistência de Sara para que Abraão tomasse Hagar na


tentativa de se obter prole é explicada através cláusulas encontradas
nas leis familiares em Nuzi, onde se prescreve que a esterilidade da
esposa permitiria ao marido tomar outra mulher de tal sorte que o filho
viesse de sua linhagem. Além disto, observa-se a responsabilidade da
esposa em prover uma “substituta”208 nestas situações. “A criança nesta
situação seria considerada herdeira plena.”

34
Lição 9
Poesia bíblica
A poesia prima pela linguagem concisa, o uso de imagens vívidas, tudo isso
colocado na forma adequada. A poesia hebraica, por sua própria natureza, era
dirigida à mente através do coração (i.e., boa parte da linguagem é
intencionalmente emotiva e figurada). Várias características a distinguem da
prosa.

Para nossa satisfação, há pelo menos dois lugares na Bíblia em que o mesmo
evento aparece descrito, lado a lado, em prosa e poesia. Isto nos permite
comparar ambos os gêneros no mesmo contexto e ver que funcionam de modo
diferente, embora transmitam em cada exemplo exatamente o que o autor quis
dizer pelos símbolos verbais empregados.

No quarto capítulo do livro de Juízes, o autor descreve em forma de prosa a


derrota de Sísera, com andante do exército cananeu, pelas tribos israelitas de
Naftali e Zebulom. O exército de Israel é conduzido pela profetisa Débora e
pelo relutante Baraque. A batalha é descrita sob a forma de narrativa histórica
nos versículos 12-16, bem como a m orte de Sísera, nos versículos 17-22. Um
resumo conclui o relato nos versículos 23 e 24. No capítulo 5, todavia, a
linguagem para descrever o mesmo fato é bastante diferente. A prosa do
capítulo 4 dá lugar à poesia, como se vê declarado no versículo 1: “Naquele
dia, cantaram Débora e Baraque...” (Revista e Atualizada). Cântico é uma
forma de poema.
Quando comparamos a descrição poética do capítulo 5 com a prosa do
capítulo 4, usando a mesma versão, notamos várias diferenças.

Lemos, por exemplo, em 5-4,5:


Saindo tu, ó Senhor, de Seir marchando desde o campo de Edom,
a terra estremeceu; os céus gotejaram, sim,
até as nuvens gotejaram águas.
Os montes vacilaram diante do Senhor,
E até o Sinai, diante do Senhor,
Deus de Israel.

Aqui, em contraste com o capítulo 4, lemos que “a terra estremeceu” e “os


montes vacilaram”, quando Deus conduziu o seu povo para a batalha. No
passado, alguns comentários interpretaram a passagem literalmente, como se
terremotos tivessem contribuído para a derrota de Sísera e o seu exército. É
interessante notar, todavia, que não há nenhum a referência a abalos sísmicos
na descrição em prosa do capítulo 4. Mas, ao apropriar-se do gênero poético,
no capítulo 5, o autor faz uso da liberdade de lançar mão de simbolismos para
descrever o que pretendia. Assim, não podem os interpretar essa linguagem de
forma literal, mas em seu significado simbólico.As expressões “a terra
estremeceu” e os “montes vacilaram” implicam em que o povo de Israel, sob o
com ando de Deus, teve uma vitória decisiva e inquestionável sobre os seus
inimigos,que ficaram amedrontados.

35
A utilização do gênero, portanto, teve como principal finalidade levar o povo ao
regozijo, ao invés de compartilhar informações sobre os detalhes técnicos
da batalha. Encontramos, também, em Juizes 5-19,20, a seguinte descrição:

Vieram reis e pelejaram;


pelejaram os reis de Canaã
em Taanaque,
junto às águas de Megido;
porém não levaram
nenhum despojo de prata.
Desde os céus pelejaram
as estrelas contra Sísera,
desde a sua órbita fizeram

Princípios para interpretação de uma poesia

1-Observar as figuras de linguagem presentes no texto analisado

Exemplos de figuras de linguagem

a)Símile : COMO,SEMELHANTE.

Salmo 5.12 “Pois tu, SENHOR, abençoas o justo e, como escudo, o cercas da
tua benevolência”

b) Metáfora: Se utiliza o verbo ser ligando o sujeito com figura de


comparação.

Salmo 92.15” para anunciarem que o SENHOR é reto; ele é a minha rocha, e
nele não há injustiça”.

2-Observar os paralelismos:Enquanto grande parte de nossa poesia


moderna apóia- se na rima e no paralelismo sonoro, a hebraica enfatiza o ritmo
e o paralelismo de idéias ou pensamentos. Paralelismo seria o ato de usar
duas ou mais freses em que podem trazer a mesma
idéia,complemento,contraste ou mudança de ordem nas palavras .

Existem três tipos principais de paralelismos na poesia hebraica .

a) Paralelismo Antitético : O paralelismo antitético tende a ilustrar uma


realidade ou qualidade mediante a evoca..o do seu oposto, especialmente no
âmbito da conduta religiosa e moral. O segundo verso faz agudo contraste com
o primeiro. São os tipos mais comuns de paralelismo, principalmente no livro de
Provérbios. “

*O filho sábio alegrará seu pai,

*mas o homem insensato despreza a sua m.e” (Pv 15.20)


*Melhor é a com ida de hortaliça onde há amor

36
*do que o boi gordo e, com ele, o ódio (Pv 15.17).

*Toda mulher sábia edifica a sua casa,

*mas a tola derriba-a com as suas mãos.(Pv 14.1)

b) Paralelismo Sinônimo: Nesse tipo de paralelismo, os versos expressam


pensamento semelhante ao precedente.

*Em Deus louvarei a sua palavra,

* no Senhor louvarei a sua palavra” (SI 56.10)

*Do Senhor . a terra


e toda a sua plenitude,

*o mundo e aqueles que nele habitam” (SI 24.1)

c) Paralelismo culminante :

Nesse paralelismo percebemos a conseqüência de um acontecimento

*Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo,

*à sombra do Onipotente descansará.( Sl 91.1)

*Deus está no meio dela;

*não será abalada;( Sl 46.5 a )

3-Observar as Anáforas (Repetições propositais em poesias )

Salmo I3.I,2s (“Até quando”):


“Até quando te esquecer.s de mim, Senhor?
Até quando esconder.s de mim o teu rosto?
Até quando consultarei com a minha alma...
Até quando se exaltar. sobre mim o meu inimigo?”
Outros exemplos podem ser identificados:
1) No Salmo 3.2s: “muitos”;
2) No Salmo 124.1,2: “Não fora o Senhor”;

37
Lição 10
Delimitação de Perícope
Perícope é o nome que se dar ao texto em sua inteireza,ou seja,um texto do
começo ao fim.Delimitar texto significa estabelecer limites ao mesmo.

Não podemos entender um texto se ele não estiver completo.Por isso a


importância de sabermos onde está o começo e o fim de um determinado texto.

1.Critérios que indicam início perícope


Ao iniciar um novo relato ou um novo argumento, o autor lança mão de alguns
detalhes, pois precisa chamar a atenção do leitor para isso. Ele faz isso da
seguinte forma:

a.Tempo e espaço
Como todo episódio narrado se desenvolve dentro dessas coordenadas, tempo
e espaço são indícios importantes. O tempo pode indicar o início, a
continuação, a conclusão ou a repetição de um evento. O espaço localiza
fisicamente a ação e concede a noção de movimento. Exemplos disso são os
textos de 2Sm 11.1 (“Decorrido um ano, no tempo em que os reis costumam
sair para a guerra, enviou Davi a Joabe, e seus servos, com ele, e a todo o
Israel, que destruíram os filhos de Amom e sitiaram Rabá; porém Davi ficou em
Jerusalém.”) e Mateus 4.1 (“Então Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto,
para ser tentado pelo Diabo.”).

b.Novos personagens
Em textos narrativos, a nova ação pode se iniciar com a chegada, a percepção
ou a mera aparição de um novo personagem, ou com a atividade de alguém
que até agora estava inativo na narração. Alguns exemplos são: “Veio um
homem de Baal-Salisa, trazendo ao homem de Deus vinte pães de cevada,
feitos dos primeiros grãos da colheita, e também algumas espigas verdes.
Então Eliseu ordenou ao seu servo: ‘Sirva a todos’” (2Rs 4.42); “Todos os
publicanos e pecadores estavam se reunindo para ouvi-lo. Mas os fariseus e os
mestres da lei o criticavam: ‘Este homem recebe pecadores e come com eles’.”
(Lc 15.12).

c.Argumento
Podemos identificar uma nova perícope pela mudança de assunto, geralmente
introduzida por fórmulas de passagem como “finalmente...”, “quanto a...”, “a
propósito...”, “por essa razão...”, “portanto...”, etc. Encontramos esse uso em
Oséias 2.14(“Portanto, agora vou atraí-la; vou levá-la para o deserto e falar-lhe
com carinho.”) e 1Cor 12.1 (“Irmãos, quanto aos dons espirituais,não quero que
vocês sejam ignorantes.”). Um destaque importante a fazer é que em alguns
casos não acontece a mudança de argumento, mas apenas a mudança de
perspectiva. Isso é muito comum nas cartas de Paulo e acontece através do
uso da diatribe, que é a introdução de um interlocutor fictício, com o qual
mantém-se uma discussão e responde as questões que tal personagem
propõem. Um exemplo de diatribe é Romanos 7.1: “Que diremos então? A Lei
é pecado? De maneira nenhuma! De fato, eu não saberia o que é pecado, a

38
não ser por meio da Lei. Pois, na realidade, eu não saberia o que é cobiça, se
a Lei não dissesse: ‘Não cobiçarás’.”

d.Anúncio do tema
Alguns textos introduzem ou antecipam os assuntos que serão tratados a
seguir. Um bom exemplo encontramos em Hebreus 3.1 (“Portanto, santos
irmãos, participantes do chamado celestial, fixem os seus pensamentos em
Jesus, apóstolo e sumo sacerdote que confessamos.”), que é anunciado em
2.1718 e que é o tema de 3.1 – 5.10.

e.Título
Alguns autores apresentam explicitamente o título que demarca parte
importante do texto. Encontramos esses “títulos”, por exemplo, em Isaías 21:
“Advertência contra o deserto junto ao mar” (21.1), “Advertência contra Dumá”
(21.11) e “Advertência contra a Arábia” (21.13). No Novo Testamente
encontramos esse “título” em Apocalipse 2: “Ao anjo da igreja em Éfeso
escreva” (2.1), “Ao anjo da igreja em Esmirna escreva” (2.8), “Ao anjo da igreja
em Pérgamo escreva” (2.12), “Ao anjo da igreja em Tiatira escreva”(2.18).

f.Vocativo e/ou novos destinatários


Um novo oráculo profético ou uma nova mensagem podem ser apresentados
por um vocativo que explicita a quem tais palavras são dirigidas. Esses
destinatários podem ser os mesmos de até então (“Ó gálatas insensatos!
Quem os enfeitiçou? Não foi diante dos seus olhos que Jesus Cristo foi exposto
como crucificado?” Gl 3.1) ou novos destinatários (“Ouvi isto, ó sacerdotes;
escutai, ó casa de Israel; e dai ouvidos, ó casa do rei, porque este juízo é
contra vós outros, visto que fostes um laço em Mispa e rede estendida sobre o
Tabor”. Os 5.1). Esses mesmos indícios podem indicar uma nova fase na
argumentação, como podemos perceber em Efésios 6.19: “Filhos, obedeçam a
seus pais no Senhor, pois isso é justo. ‘Honra teu pai e tua mãe’ – este é o
primeiro mandamento com promessa – ‘para que tudo te corra bem e tenhas
longa vida sobre a terra’. Pais, não irritem seus filhos; antes criemo-nos
segundo a instrução e o conselho do Senhor. Escravos, obedeçam a seus
senhores terrenos com respeito e temor, com sinceridade de coração, como a
Cristo. Obedeçam-lhes, não apenas para agradá-los quando eles os observam,
mas como escravos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus. Sirvam
aos seus senhores de boa vontade, como servindo ao Senhor, e não aos
homens, porque vocês sabem que o Senhor recompensará cada um pelo bem
que praticar, seja escravo, seja livre. Vocês, senhores, tratem seus escravos da
mesma forma. Não os ameacem, uma vez que vocês sabem que o Senhor
deles e de vocês está nos céus, e ele não faz diferença entre as pessoas.”

g.Introdução ao discurso
É a introdução da fala de um dos personagens. Essas introduções
encontramos em Jó 6.1 (“Então Jó respondeu”) e Mateus 23.1 (“Então, Jesus
disse à multidão e aos seus discípulos”). Porém, nem sempre a introdução da
fala de um personagem marca o
início de uma nova perícope, pois pode apenas separar o ocorrido ou contado
pelo personagem e o comentário que este mesmo
personagem faz (cf. Lc 18.6).

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h.Mudança de estilo
O texto pode sofrer uma mudança de estilo literário quando o autor mescla dois
tipos diferentes de exposição. Isso acontece quando se passa da narrativa para
o discurso (“Simão, o zelote, e Judas Iscariotes, que o traiu. Jesus enviou os
doze com as seguintes instruções: “Não se dirijam aos gentios, nem entrem em
cidade alguma dos samaritanos.” Mt 10.45). A mudança também ocorre da
poesia para a narrativa:
“Eu a plantarei para mim mesmo na terra; tratarei com amor aquela que chamei
Não amada. Direi àquele chamado Não meu povo: Você é meu povo; e ele
dirá: ‘Tu és o meu Deus’.” (Os 2.23) “O SENHOR me disse: “Vá, trate
novamente com amor sua mulher, apesar de ela ser amada por outro e ser
adúltera. Ame-a como o SENHOR ama os israelitas, apesar de eles se
voltarem para outros deuses e de amarem os bolos sagrados de uvas passas”.
(Os 3.1)

Outra mudança ocorre da narrativa para a poesia (Os 3.5 – 4.1): “Depois disso
os israelitas voltarão e buscarão o SENHOR, o seu Deus, e Davi, seu rei. Virão
tremendo atrás do SENHOR e das suas bênçãos, nos últimos dias.” (Os 3.5)
“Israelitas, ouçam a palavra do SENHOR, porque o SENHOR tem uma
acusação contra vocês que vivem nesta terra: “A fidelidade e o amor
desapareceram desta terra, como também o conhecimento de Deus.” (Os 4.1).

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