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Bellou̯esus Īsarnos
Comentários
a) Lugus
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“Roda de Prata” é a tradução mais comum do nome Arianrhod.
A grafia antiga do nome, usada acima (Aranrot), mostra que se
trata de uma hipótese equivocada, pois arian(t), “prata”, não é o
elemento que se acha no nome da mãe de Lleu, e sim aran, que
se traduz deste modo: “Aran, s. f. - pl. t. au (ar) A high place;
alp. It is the name of several of the highest mountains in Britain"
(Owen, William. A Dictionary of the Welsh Language,
Explained in English. Londres, 1803, v. I, p. 279). Portanto, aran
rot é “montanha da roda ou monte circular/redondo” e não “roda
de prata” (arian rhod).
Lug também era conhecido na tradição irlandesa como
Samildánach (“hábil em todas as artes”). A variedade de
seus atributos e a grandeza com que o seu festival,
Lughnasadh (fixado a 1º. de agosto), era comemorado na
Irlanda e na Grã-Bretanha indicam que Lugus é uma das
mais poderosas e impressionantes de todas as antigas
divindades célticas.
b) Belenos
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Província romana que incluía a Áustria e parte da Eslovênia
modernas.
Apolo gaulês, divindade “solar”, levou a que essa
designação fosse compreendida como “o
luminoso, o brilhante”, cf., p. ex., de Vries 45: “O
Apolo gaulês, possui, igualmente, estreitas
ligações com o sol; seu epíteto Belenus seria o
bastante para indicá-lo”. Faz-se a seguinte
interpretação etimológica pelas raízes i.-e. [indo-
europeias] imaginárias *gwel- “brilhar” (há um
*ĝwelH- “queimar”, nicht ganz sicher [“não muito
seguro”] no LIV 151, sânscrito jválati) ou o
incerto *bhal: grego phálos “branco”, armênio bal
“palidez”, sânscrito balâkâ “guindaste”, gótico
bala “cinzento”, letão báltas, “branco”, eslavo
antigo belo “id.”, que pressupõem, em todo caso,
uma raiz *bhēl- / *bhǝl- [*bheh1l- / *bhh1l-] ou,
graças à magia das “laringeais” com metátese
*bhelH- (Stübr 120), mas não *bhel-; portanto, a
raiz significa de modo constante “branco, cinzento,
pálido”, porém não “brilhante”; veja-se o
apanhado de Pokorny IEW 118-19. O provençal
belé, belet “relâmpago”, FEW 1, 322, não é o
bastante para criar-se uma palavra gaulesa. Sem
dúvida por causa da geminação, K. H. Schmidt,
KGP 147, terá visto em bello- uma forma curta de
belatu-, o que me parece muito improvável.
3
Delamarre, Xavier. Dictionaire de la Langue Gauloise; une
approche linguistique du vieux-celtique continental. 2 ed.,
Errance, Paris, 2003, p. 72.
4
Lá Bealtaine (gaélico irlandês), Là Bealltainn (gaélico
escocês), Laa Boaltinn/Boaldyn (manês) e ainda Beltaine e
Beltine.
5
Sanas Chormaic (“Narrativa/Glossário de Cormac”), atribuído
a Cormac Ua Cuileannáin (séc. X), bispo e rei de Caisel (Cashel,
Co. Tipperary), é um glossário irlandês antigo que explica as
etimologias de mais de 1.400 palavras que, na época de sua
composição, já estavam obsoletas ou eram de difícil
interpretação.
Apolo gaulês é iátros (“médico”) e mântis (“adivinho”), o
deus da cura e da profecia.
c) Brigindū
6
Brigit .i. banfile ingen inDagdai. iseiside Brigit baneceas (no
be neicsi) .i. Brigit bandee noadradís filid. arba romor 7 baroán
afrithgnam. isairesin ideo eam (deam) vocant poetarum hoc
nomine cujus sorores erant Brigit be legis Brigit bé goibnechta
.i. bandé .i. trihingena inDagdai insin. de quarum nominibus
pene omnes Hibernenses dea Brigit vocabatur. Brigit din .i.
breo-aigit no breo-shaigit (tradução: Brigit isto é, uma poetisa,
filha do Dagda. Essa é Brigit, a sábia [mulher da sabedoria], isto
é, Brigit, a deusa a quem os poetas adoravam, pois muito grande
e muito famosa era a proteção que concedia. Assim, é por essa
razão que chamam sua deusa dos poetas por esse nome, cujas
três irmãs eram Brigit, a médica [mulher da arte da cura], Brigit,
a ferreira [mulher da forja], de cujos nomes todos os irlandeses
denominavam uma certa deusa “Brigit”. Brigit, breo-aigit ou
breo-shaigit [‘seta flamejante’]; fim da tradução). Seu nome é
grafado de várias formas: Brigid, Brighid, Bríg, Bride. Como
indica o texto citado, Brigit é uma deusa da poesia, da metalurgia
e da arte de curar (baneceas, be legis, bé goibnechta .i. bandé .i.
trihingena in Dagdai, “mulher da sabedoria, mulher da cura,
mulher da forja, isto é, uma deusa, ou seja, três filhas do Dagda”,
bandee noadradís filid, “deusa a quem os poetas adoravam”). A
forma do nome em proto-céltico seria *Brigantī, significando “A
Sublime”, “A Enaltecida”, “A Elevada”, derivada do adjetivo
indo-europeu *bhergh, “alto”. É equivalente à Brigantia romano-
céltica, deusa tutelar da federação de tribos conhecida como
Brigantes, que dominou o norte da atual Inglaterra e foi
identificada a Victoria Caelestis e Minerua. Na Gália, seu nome
era Brigindo ou Brigandu. No conto “A Segunda Batalha de Mag
Tuired”, Brigit é a esposa de Bres mac Elathan, o rei meio
fomoir que veio a governar as Tuatha Dé e acabou deposto em
razão de sua mesquinhez. O casal teve um filho, Ruadán, que,
combatendo pelos Fomoirí, foi morto ao tentar matar o deus
ferreiro Goibniu. O lamento de Brigit por seu filho teria sido o
primeiro keening ouvido na Irlanda. O festival chamado Imbolc
(1o. de fevereiro), que celebra estação do nascimento e do
Brigindū/Brigindonā/Briganti̯ ā, porém com aspectos
guerreiros mais pronunciados face à identificação com
Victoria (a grega Nikē), personificação da vitória na
guerra, em jogos atléticos e também sobre a morte, e
Minerua (a grega Athēnā), deusa da sabedoria e protetora
das artes (incluindo-se a magia, quando Brigindū passa a
chamar-se Briχtā, “Magia, Encantamento”) e ofícios, do
comércio e da estratégia.
d) Taranus/Taranis
e) Toutatis/Teutatis
9
Máksimos de Tyros, retórico e filósofo grego, viveu na época
dos Antoninos e do imperador Commodus (fim do séc. II d. C.).
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Também conhecidos como “Escólios de Berna”, são
comentários ou notas escritos nas margens de um manuscrito do
séc. X preservado na Burgerbibliothek de Berna, Suíça. Esses
comentários relacionam-se a textos latinos clássicos, incluindo o
De Bello Ciuili (Lucanus), as Eclogae e os Georgicā (Vergilius).
O comentário elabora uma referência de Lucanus aos sacrifícios
humanos realizados pelos druidas a Toutatis (Mercurius), Esus
(Mars) e Taranis (Iuppiter), explicando que as vítimas de
Toutatis eram afogadas num caldeirão (cena que pode ser vista
no “Caldeirão de Gundestrup”), ao passo que as vítimas de Esus
eram enforcadas numa árvore e as de Taranis, queimadas.
(Toutatis?), Iuppiter (Taranis) e Minerua (Brigindu,
Brigantia, Brigit?).
f) Komenonā
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Galo-britônico koman, komenos (subst. neutro de tema em
nasal), cf. irlandês antigo cuimne, irlandês moderno cuimhne,
galês cof, córnico kov, bretão koun.
Mundo”12 (o carvalho ou alguma espécie de pinheiro). Os
três níveis do Universo localizavam-se na árvore: o céu em
sua copa, reino das divindades e corpos celestiais; o reino
dos mortais em seu tronco; o reino dos mortos nas raízes.
Esse era o eixo vertical da Árvore do Mundo.
O Céu
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Prennon Bitous (gaulês antigo), Pren in Bithu (gaulês
moderno).
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Esta é um interpretação pessoal e altamente especulativa.
Está associado aos corpos celestes: o Sol, a Lua, as
estrelas. É o reino onde habitam os Deuses e Deusas e liga-
se aos ciclos e padrões celestes. Os corpos celestes não
eram considerados deidades em si mesmos, mas reflexos
de tipos de poder associados a divindades específicas. Os
fogos do Sol estavam associados à forja e à inspiração. O
Céu traz prenúncios do futuro. O Espírito da Criação
reside em Magh Mór (a Grande Planície ou Mundo
Celeste), ou seja, Neamh (o Céu). Quatro maighne
(planícies) são as suas divisões, isto é, ...
A Terra
O Mar