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– Actos de fé.
O Senhor responde-lhe por fim com uma visão em que o exorta à paciência
e à esperança, pois chegará um dia em que os maus serão castigados: A visão
ainda está longe de cumprir-se, mas por fim cumprir-se-á e não falhará; se
tardar, espera, porque virá infalivelmente. Quem não tiver a alma reta
sucumbirá, mas o justo viverá pela fé. Mesmo que às vezes possa parecer que
o mal triunfa, e com ele os que o levam a cabo, como se Deus não existisse, a
cada um chegará o seu dia, e então se verá que quem se manteve fiel ao
Senhor, sendo paciente e pondo n’Ele a sua esperança, foi realmente
vencedor.
“Que diferença entre esses homens sem fé, tristes e vacilantes por causa da
sua existência vazia, expostos como cata-ventos à «variabilidade» das
circunstâncias, e a nossa vida confiante de cristãos, alegre e firme, maciça, por
causa do conhecimento e do absoluto convencimento do nosso destino
sobrenatural!”6 Que força comunica a fé! Com ela superamos os obstáculos de
um ambiente adverso e as dificuldades pessoais, que com muita frequência
são mais difíceis de vencer.
II. EXISTE UMA FÉ MORTA, que não pode salvar: é a fé sem obras 7, que se
põe de manifesto em actos realizados de costas para Deus, numa falta de
coerência entre aquilo que se crê e aquilo que se vive. Existe também uma “fé
adormecida”, “essa forma pusilânime e frouxa de viver as exigências da fé que
todos conhecemos pelo nome de tibieza. Na prática, a tibieza é a insídia mais
disfarçada que se pode armar à fé de um cristão”8.
Precisamos de uma fé firme, que nos leve a alcançar metas que estão acima
das nossas forças, que aplaine os obstáculos e supere os “impossíveis” na
nossa tarefa apostólica. É esta a virtude que nos dá a verdadeira dimensão dos
acontecimentos e nos permite julgar rectamente todas as coisas. “Só pela luz
da fé e pela meditação da palavra de Deus é que se pode sempre e por toda a
parte divisar Deus em quem vivemos e nos movemos e somos (Act 17, 28),
procurar a sua vontade em todos os acontecimentos, ver Cristo em todos os
homens, sejam próximos ou estranhos, e julgar com rectidão sobre o
verdadeiro significado e valor das coisas temporais, em si mesmas e em
relação ao fim do homem”9.
Nós também nos sentimos por vezes faltos de fé diante das dificuldades, da
carência de meios, como os Apóstolos... Precisamos de mais fé. E ela aumenta
com a petição assídua, com a correspondência às graças que recebemos, com
atos de fé. “Falta-nos fé. No dia em que vivermos esta virtude – confiando em
Deus e na sua Mãe –, seremos valentes e leais. Deus, que é o Deus de
sempre, fará milagres por nossas mãos. – Dá-me, ó Jesus, essa fé, que de
verdade desejo! Minha Mãe e Senhora minha, Maria Santíssima, faz que eu
creia!”14
A nossa Mãe Santa Maria será sempre o ponto de apoio onde alicerçarmos
a nossa fé e a nossa esperança, especialmente quando nos sintamos mais
fracos e necessitados, com menos forças. “Nós, pecadores, sabemos que Ela é
nossa Advogada, que nunca se cansa de estender-nos a sua mão uma vez e
outra, tantas quantas caímos e mostramos desejos de levantar-nos; nós, que
andamos pela vida aos trancos e barrancos, que somos fracos a ponto de não
podermos evitar que nos firam no mais íntimo essas aflições que são condição
da natureza humana, nós sabemos que Ela é a consolação dos aflitos, o
refúgio onde, em última análise, podemos encontrar um pouco de paz, um
pouco de serenidade, esse peculiar consolo que só uma mãe pode dar e que
faz com que todas as coisas voltem a correr bem novamente. Nós sabemos
também que, nesses momentos em que a nossa impotência se manifesta em
termos quase de exasperação ou de desespero, quando já ninguém pode fazer
nada por nós e nos sentimos absolutamente sozinhos com a nossa dor ou a
nossa vergonha, acurralados num beco sem saída, Ela é ainda a nossa
esperança, é ainda um ponto de luz. Ela é ainda o recurso quando já não há
ninguém a quem recorrer”16.
(1) Hab 1, 2-3; 2, 2-4; (2) 2 Tim 1, 6-8; 13-14; (3) São Tomás de Aquino, Comentário à
segunda Epístola aos Coríntios, 1, 6; (4) Missal Romano, Oração colecta da Missa; (5) ibid.; (6)
São Josemaría Escrivá, Sulco, n. 73; (7) cfr. Ti 2, 17; (8) Pedro Rodríguez, Fe y vida de fe, pág.
138; (9) Concílio Vaticano II, Decreto Apostolicam actuositatem, 4; (10) Mt 8, 26; 6, 30; (11) cfr.
Mt 8, 26; (12) cfr. Mt 6, 30; (13) Lc 17, 5; (14) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 235; (15) cfr.
Andrés Vázquez de Prada, O Fundador do Opus Dei, Quadrante, São Paulo, 1989, págs. 314 e
segs.; (16) Federico Suárez, La puerta angosta, 9ª ed., Rialp, Madrid, 1985, págs. 227-228.