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Direito Ambiental e Crimes Ambientais

Descrição:

As questões ambientais são tidas atualmente como tema de singular importância em todo o
mundo. Por isso, torna-se necessário o estudo de assuntos correlacionados ao tema.

Do ponto de vista jurídico, vários são os desdobramentos e situações em que o meio


ambiente, bem jurídico de titularidade difusa, está inserido. E, sendo o JurisWay um site
eminentemente jurídico, nos reservamos ao estudo do meio ambiente, enquanto bem jurídico
tutelado.

Assim, o estudo temático a que ora nos propomos, tem como escopo apresentar ao leitor, os
crimes ambientais, estes por sua vez previstos, no Brasil, através da Lei 9.605/98,
popularmente conhecida como Lei dos Crimes Ambientais- LCA.

Em última análise, o presente Estudo Temático, visa esclarecer, orientar e informar sobre as
questões relativas à prática dos crimes ambientais, como por exemplo, quem pode ser tido
como sujeito ativo na prática do crime ambiental, quais são as modalidades de penas
restritivas de direitos que o legislador colocou à disposição da sociedade, dentre outros.

Por isso, o importante do curso não será somente apreender regras ou decorar artigos de lei, e
sim, muito especialmente, entender o verdadeiro sentido de cada um dos tantos reflexos
irradiados pela norma.

Carga Horária Estimada: 18 horas

Tipo de Certificado Escolhido: Ornamental

Conteúdo Programático:

Sujeitos do crime ambiental (sujeito ativo, sujeito passivo, concurso de pessoas); a


responsabilidade penal da pessoa jurídica; crime de perigo e de dano; elemento subjetivo do
tipo (dolo e culpa); elemento normativo; Princípio da Legalidade (Reserva Legal); as penas na
Constituição Federal; as penas previstas na Lei dos Crimes Ambientais; a pena privativa de
liberdade; as penas restritivas de direito (prestação de serviços à comunidade, interdição
temporária de direitos, suspensão parcial ou total das atividades, prestação pecuniária,
recolhimento domiciliar); circunstâncias atenuantes das penas; circunstâncias agravantes das
penas; causas de excludentes de ilicitude; os crimes em espécie (crimes contra a fauna, a flora,
o ordenamento urbano e patrimônio cultural, crimes de poluição).

Orientações 1ª Semana
1º) Seja bem vindo (a)!

Em primeiro lugar, receba nossos cumprimentos pelo seu cadastro no Sistema de Estudos
Temáticos do Jurisway com expedição de certificados.

Meu nome é Ana Rodrigues e sou a coordenadora dos Cursos de Direito Ambiental.
Nosso objetivo é focar os crimes ambientais, legalmente previstos na Lei 9605/98.

A partir desta data estarei lhe indicando material atualizado, como doutrina, jurisprudência,
notícias e um rol de informações que poderão lhe ser úteis no exame desta matéria tão
importante.

Todas as informações que serão indicadas a partir do tema escolhido já se encontram


disponíveis no Jurisway e podem ser acessadas gratuitamente. Sugiro que comece por ler o
seu conteúdo, depois passe a imaginar a aplicação de cada artigo da lei em um caso específico
qualquer.

O JurisWay e eu esperamos lhe proporcionar algum acréscimo de conhecimento ou, no


mínimo, conseguir tornar mais fácil a sua tarefa de entender como funcionam as sociedades
modernas globalizadas, as relações jurídicas privadas e públicas, bem como os caminhos para
o efetivo exercício do direito.

2º) Considerações gerais sobre a Lei dos Crimes Ambientais

Diante da ausência de um Código Ambiental, as leis de cunho ambiental, no Brasil, se


apresentam de forma esparsa, isto é, difundida em várias leis.

A Lei dos Crimes Ambientais teve por mérito dispor sobre as sanções penais e administrativas
derivadas das condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, o que, em termos
práticos, significa afirmar que em um único diploma legislativo, passamos a ter disciplinados os
crimes contra o meio ambiente de forma sistematizada.

A Lei dos Crimes Ambientais ou LCA (Lei 9.605/98) foi divida em diferentes seções, as quais
estipularam os crimes contra a fauna, flora, contra o ordenamento urbano e cultural, além dos
crimes de poluição e outros crimes ambientais.

A LCA ainda pune a ação e a omissão em relação ao dano ambiental. Entenda-se, pune aquele
que sabendo da conduta criminosa de outrem não impede sua prática, quando podia agir para
evitar o fato.

A LCA prevê tanto tipos penais apenados a titulo de dolo quantos tipos penais aonde a
modalidade culposa é admitida.

Em vários tipos penais presentes na LCA, optou o Legislador por utilizar a norma penal em
branco, de modo que a conduta proibida está vagamente prevista, isto é, pendente de uma
complementação por outros dispositivos legais ou atos normativos.

Podem ser ainda, os crimes ambientais classificados em crimes de perigo, bastando a


existência da mera probabilidade do dano para que o mesmo seja configurado; em crimes de
mera conduta, para os quais a consumação se dará com a simples ação ou omissão, não sendo
necessário a ocorrência de nenhum resultado naturalístico da ação.

Mas, não restam dúvidas de que a grande polêmica da LCA diz respeito à inclusão da pessoa
jurídica como sujeito ativo do crime ambiental, atacando frontalmente o principio clássico de
direito penal, "societas delinquere non potest", ou seja, a Lei dos Crimes Ambientais fez surgir
uma nova mentalidade incriminadora, que rompeu com os clássicos esquemas jurídicos penais
e passou a julgar as infrações ambientais sobre a ótica especialíssima da educação ambiental,
como forma de prevenção aos abusos e usos indiscriminados e incorretos dos bens
ambientais.

Portanto, pesquise, estude, formule questionamentos e entenda a sua matéria temática, uma
vez que se trata de assunto corriqueiro na vida dos cidadãos.

À vontade e a persistência são os elementos que o conduzirão pelos caminhos do direito e


também, sem qualquer dúvida, por todos os momentos da sua vida em sociedade.

3º) Curso: Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais- Módulo I

Segue relacionando material vinculado com o tema para você comece a se orientar e sanar
algumas dúvidas e curiosidades.

Sugiro que você inicie examinando o curso Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais-
Módulo I, que é a base para você ampliar seus conhecimentos sobre o tema "Crimes
Ambientais".

Veja um trecho do curso:

"No que tange a Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, objeto dessa série de cursos, a
popularmente conhecida como Lei dos Crimes Ambientais- LCA, é correto afirmar ser a mesma
considerada o marco do direito penal ambiental no Brasil, posto que deu tratamento às
sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente,
tipificando os crimes ecológicos.

Além disso, incluiu a pessoa jurídica como sujeito ativo do crime ambiental (Artigo 3º),
superando o princípio clássico de direito penal, "societas delinquere non potest", ou seja, a Lei
dos Crimes Ambientais fez surgir uma nova mentalidade incriminadora, que rompeu com os
clássicos esquemas jurídicos penais e passou a julgar as infrações ambientais sobre a ótica
especialíssima da educação ambiental, como forma de prevenção aos abusos e usos
indiscriminados e incorretos dos bens ambientais."

1 - Introdução ao estudo dos Crimes Ambientais- Módulo I

1.1 - Comentários Iniciais


A legislação ambiental é bastante recente no Brasil e, de modo geral, pode ser caracterizada
como esparsa, devido à ausência de um diploma legal único (Código Ambiental), disciplinando
as questões ambientais.

É bem verdade que existem e vigoram até hoje leis anteriores ao advento da Lei da Política
Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/81), como é o caso do Código Florestal (Lei 4.771/65),
do Código de Pesca ((Decreto- Lei nº 221/67), dentre outras, mas sem dúvida alguma, as mais
importantes leis ambientais brasileiras, cronologicamente são:

- Lei 6.938/81 (Lei da Política Nacional do Meio Ambiente);

- Lei 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública);

- Constituição Federal de 1.988 (Art. 225);


- Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais- LCA).

No que tange a Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, objeto dessa série de cursos, a
popularmente conhecida como Lei dos Crimes Ambientais- LCA, é correto afirmar ser a mesma
considerada o marco do direito penal ambiental no Brasil, posto que deu tratamento às
sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente,
tipificando os crimes ecológicos.

Além disso, incluiu a pessoa jurídica como sujeito ativo do crime ambiental (Artigo 3º),
superando o princípio clássico de direito penal, "societas delinquere non potest", ou seja, a Lei
dos Crimes Ambientais fez surgir uma nova mentalidade incriminadora, que rompeu com os
clássicos esquemas jurídicos penais e passou a julgar as infrações ambientais sobre a ótica
especialíssima da educação ambiental, como forma de prevenção aos abusos e usos
indiscriminados e incorretos dos bens ambientais.

A Lei dos Crimes Ambientais contém 82, distribuídos em 08 (oito) capítulos, a saber:

O Capítulo trata das disposições gerais que englobam o sujeito ativo (quem pratica o crime
ambiental?).

O Capítulo II cuida da Aplicação da Pena (tipos de penas, conseqüências do crime,


culpabilidade, circunstâncias agravantes e atenuantes).

O Capítulo III cuida da apreensão do produto e do instrumento de infração administrativa do


crime ou instrumentos e produtos do crime.

Por seu turno, o Capítulo IV dimensiona a ação e o processo penal, em que pese a observação
de que todos os crimes desta lei são de ação penal pública incondicionada, permitindo a
aplicação dos dispositivos dos Artigos 74, 76 e 89 da Lei 9.099/ 98, Lei dos Juizados Especiais
Criminais.

Art. 74- A composição dos danos civis será reduzida a escrito e, homologada pelo Juiz
mediante sentença irrecorrível, terá eficácia de título a ser executado no juízo civil
competente.

Art. 76- Havendo representação ou tratando-se de crime de ação penal pública


incondicionada, não sendo caso de arquivamento, o Ministério Público poderá propor a
aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multas, a ser especificada na proposta.

§ 1º Nas hipóteses de ser a pena de multa a única aplicável, o Juiz poderá reduzi-la até a
metade.

§ 2º Não se admitirá a proposta se ficar comprovado:

I - ter sido o autor da infração condenado, pela prática de crime, à pena privativa de liberdade,
por sentença definitiva;

II - ter sido o agente beneficiado anteriormente, no prazo de cinco anos, pela aplicação de
pena restritiva ou multa, nos termos deste artigo;
III - não indicarem os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como
os motivos e as circunstâncias, ser necessária e suficiente a adoção da medida.

§ 3º Aceita a proposta pelo autor da infração e seu defensor, será submetida à apreciação do
Juiz.

§ 4º Acolhendo a proposta do Ministério Público aceita pelo autor da infração, o Juiz aplicará a
pena restritiva de direitos ou multa, que não importará em reincidência, sendo registrada
apenas para impedir novamente o mesmo benefício no prazo de cinco anos.

§ 5º Da sentença prevista no parágrafo anterior caberá a apelação referida no art. 82 desta Lei.

§ 6º A imposição da sanção de que trata o § 4º deste artigo não constará de certidão de


antecedentes criminais, salvo para os fins previstos no mesmo dispositivo, e não terá efeitos
civis, cabendo aos interessados propor ação cabível no juízo cível.

Em seu Capitulo V, "Dos crimes contra o meio ambiente", tipificou os crimes em espécie da
seguinte maneira:

Seção I: Dos crimes contra a fauna (Compreendidos entre os Artigos 29 ao 37);

Seção II: Dos crimes contra a flora (Compreendidos entre os Artigos 38 ao 53);

Seção III: Da poluição e outros crimes ambientais (Compreendidos entre os Artigos 54 ao 61);

Seção IV: Dos crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural (Compreendidos
entre os Artigos 62 ao 65);

Seção V: Dos crimes contra a Administração Ambiental (Compreendidos entre os Artigos 66 ao


69).

O Capítulo VI disciplina as infrações administrativas. O Capítulo VII cuida da cooperação


internacional para a preservação do meio ambiente.

O Capítulo VIII trata das disposições finais onde o Legislador ficou restrito a revogar as
disposições em contrário.

Eis um breve apanhado do que seja a Lei dos Crimes Ambientais.

1.2 - Os Sujeitos do Crime Ambiental


Os sujeitos do crime ambiental abrangem o sujeito ativo, o sujeito passivo, o concurso de
pessoas e a controversa questão da responsabilidade penal da pessoa jurídica.

1.2.1 - O Sujeito Ativo


Consoante o Artigo 2º da Lei dos Crimes Ambientais, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa
física imputável. Uma pessoa imputável é aquela que tem capacidade de entender a licitude do
fato e se agir em conformidade com o referido entendimento.

No caso das pessoas físicas, podem ser a elas aplicadas como sanções as penas privativas de
liberdade, as restritivas de direitos e as multas.
Art. 2º- Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei,
incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade, bem como o diretor, o
administrador, o membro de Conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o mandatário
de pessoa jurídica, que sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua
prática, quando podia agir para evitá-la.

Ainda, de acordo com a LCA, mais precisamente seu Artigo 3º, a pessoa jurídica também pode
ser sujeito ativo nos crimes ambientais, a despeito da Teoria Clássica do Direito Penal, acima
aludida.

Art. 3º- As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente


conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu
representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou beneficio de sua
entidade.

Parágrafo Único: A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas,
autoras, co-autoras ou participes do mesmo fato.

A pessoa jurídica pode ser compreendida como um ente fictício, cujos estatutos estão
previamente arquivados nas Juntas Comerciais competentes (Junta Comercial Local) e que
desenvolve uma atividade econômica.

Como as pessoas físicas, as pessoas jurídicas também possuem sanções penais ambientais
especificas, a saber: penas de multa, restritivas de direito (prestação de serviços à
comunidade, interdição temporária de direitos, suspensão total ou parcial das atividades e
prestação pecuniária).

1.2.2 - Sujeito passivo


O sujeito passivo dos crimes ambientais pode ser a União, os Estados, os Municípios e o titular
do bem jurídico lesado.

Exemplo de titular do bem jurídico lesado está expresso no Artigo 49 da LCA: um dos sujeitos
passivos do tipo penal previsto é o proprietário do imóvel que teve suas plantas de
ornamentação destruídas, danificadas, lesadas ou ainda maltratadas.

Estes são considerados os sujeitos passivos diretos.

Também pode figurar como sujeito passivo dos crimes ambientais a coletividade, que por sua
vez é tida como sujeito passivo indireto.

1.2.3 - Concurso de pessoas


O concurso de pessoas é admitido pela Lei dos Crimes Ambientais, conforme se comprova da
leitura do Artigo 2º acima transcrito.

De se notar, entretanto, que o Artigo 2º é praticamente apenas uma transcrição do Artigo 29


do Código Penal, exceto no que tange às pessoas diretamente responsáveis pela empresa
(dirigentes) ou aqueles que indiretamente tem poder de decisão (os prepostos ou
mandatários).
Art. 29- Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas,
na medida de sua culpabilidade.

§ 1º- Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um
terço.

§ 2º- Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada à
pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o
resultado mais grave.

Não há dúvidas com relação ao concurso de pessoas quando o crime ambiental é praticado por
pessoas físicas, onde se aplica subsidiariamente a regra acima transcrita: a do Artigo 29 do
Código Penal.

Entretanto, há controvérsias quanto à responsabilidade da pessoa jurídica e seus dirigentes e


mandatários, já que o Artigo 3º da LCA, ao prever a responsabilidade da pessoa jurídica, não
subtraiu a das pessoas físicas, autoras, co-autoras e participes do fato.

Em suma: tem-se a responsabilidade penal cumulativa entre a pessoa jurídica e a pessoa física.

De acordo com a Lei, todas as pessoas que tiverem conhecimento da conduta criminosa de
outrem e, não impedir sua prática, quando podia fazê-lo, também serão responsabilizadas,
tendo em vista a conduta omissiva em relação ao dano ambiental praticado.

1.3 - Crime de perigo e de dano


Classifica-se o crime de perigo em:

Concreto (perquirido caso a caso);

Abstrato ou presumido (por vontade da lei).

O crime de perigo é consubstanciado na mera expectativa de dano, isto é, reprime-se para


evitar a prática de danos ao meio ambiente, bastando à mera conduta independentemente de
ser o resultado produzido ou não.

Os crimes de perigo abstrato marcam os crimes previstos na tutela penal ambiental, vez que
há a preocupação de se antecipar a proteção penal, reprimindo-se, inclusive, as condutas
preparatórias.

Como observação, vale destacar que somente o dano efetivo poderá ser objeto de reparação
na esfera civil e não o mero perigo abstrato ou presumido. A Doutrina tem se firmado no
sentido de que a maioria dos delitos praticados é de mera conduta, sendo certo que sua
inobservância configura o delito de desobediência, este também plausível de punição,
consoante o disposto no Artigo 330 do Código Penal.

Art. 330- Desobedecer à ordem legal de funcionário público:

Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, e multa.


1.4 - Elemento Subjetivo do Tipo: O dolo e a culpa
O Código Penal é o diploma legal responsável pelo conceito de dolo e culpa.

Segundo o Artigo 18:

Art. 18- Diz-se o crime:

I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;

II - culposo, quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou


imperícia.

Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por fato previsto
como crime, senão quando o pratica dolosamente.

O Principio da Culpabilidade é a estrutura da responsabilidade penal. A Lei dos Crimes


Ambientais também reflete tal afirmação, pois contem tipos penais punidos a título de dolo e
de culpa.

Logo, existem tipos penais descritos que somente serão consumados se o crime for praticado
dolosamente, isto é, se o agente ou infrator tinha vontade e consciência de querer praticar o
delito: a intenção subjetiva deve estar harmonizada com a conduta exteriormente observada.

A despeito que ninguém pode se escusar da lei, um parênteses deve ser aberto em se tratando
da legislação ambiental, posto que o Brasil possui uma legislação ambiental muito recente e é
ainda desprovido de uma educação ambiental condizente.

A culpa é caracterizada pela imprudência, imperícia ou negligencia.

Na Lei dos Crimes Ambientais todos os crimes são praticados a titulo de dolo, salvo quando a
lei expressamente admitir a modalidade culposa.

4º) Curso: Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais- Módulo II

Concluído o Módulo I, você se torna apto a prosseguir seus estudos. Assim, para dar uma
continuidade lógica, sugiro agora, a leitura do Módulo II que é mais amplo e se aprofunda em
alguns temas importantes da matéria.

Veja um trecho do curso:

"Segundo o Código Penal, as penas comportam as seguintes modalidades: privativas de


liberdade, restritivas de direito e multa".

"Como veremos adiante, a Lei dos Crimes Ambientais, busca sempre que possível, substituir a
pena privativa de liberdade por pensa restritivas de direitos que por sua vez, poderão ser
cumuladas com as penas de multa."

1 - Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais- Módulo II

1.1 - Elemento normativo


Os tipos penais ambientais, via de regra, exigem a presença do elemento normativo.
Deste modo, não há como se falar em crime se o agente possui previamente permissão,
licença ou autorização da autoridade ambiental competente para matar, perseguir, apanhar,
utilizar espécies da fauna silvestre, consoante o Artigo 29 da Lei, por exemplo.

De outro modo, é considerado crime a ação do agente que extrai de florestas de domínio
público ou as consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização do órgão
ambiental competente, areia, pedra, cal ou qualquer espécie mineral, de acordo com o Artigo
44 da Lei.

Segundo Sirvinskas, é crime ainda receber ou adquirir, para finalidade comercial ou industrial,
madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem a exibição de licença do
vendedor, outorgada pela autoridade competente (...), Artigo 46, assim como comercializar
motosserra ou utilizá-la em florestas (...) sem licença ou registro da autoridade competente,
Artigo 51, e também penetrar em unidades de conservação conduzindo substâncias ou
instrumentos próprios para a caça ou para a exploração de produtos ou subprodutos florestais,
sem licença da autoridade competente, Artigo 52. É crime, por fim, executar pesquisa, lavra ou
extração de recursos minerais sem a competente autorização, permissão, concessão ou
licença, ou produzir, processar, etc. substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana, ao
meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou nos regulamentos,
ou construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território
nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou
autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando normas legais e
regulamentos pertinentes, vide Artigos 55, 56 e 60 da Lei 9.605/ 98.

1.2 - Princípio da Legalidade ou Principio da Reserva Legal


Antes de adentrar propriamente na questão penal ambiental, se faz necessário tecer
comentários acerca do Principio da Legalidade.

Diz o Artigo 5º, XXXIX da Constituição Federal:

Art. 5º- (...)

XXXIX- Não há crime sem que lei anterior o defina. Não há pena sem sua previa cominação
legal.

O Artigo supramencionado define o Principio da Legalidade ou Principio da Reserva Legal, a


mais importante conquista política, tida como norma basilar do Direito Penal moderno,
retratada também no Artigo 1º do Código Penal (Decreto- Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de
1.940).

Pelo Princípio da Legalidade ("Nullum crimen, nulla poena sine praevia lege"), é assegurado
que não pode ser considerado crime o fato que não estiver previsto na lei e, da mesma
maneira, não pode ser aplicada sanção penal alguma que não aquela cominada abstratamente
nessa regra jurídica, por mais imoral ou danoso que possa parecer.

Em suma: não há como imputar ao suposto autor a prática de um crime ou aplicar-lhe uma
sanção penal, se a lei assim não estipular.
Na lição de Mirabette:

"(...) Principio da Reserva Legal relativo ao crime e à pena, têm, entre vários significados, o da
reserva absoluta da lei (emana do Poder Legislativo, por meio de procedimento estabelecido
em âmbito constitucional, Artigos 61 e seguintes) para a definição dos crimes e a cominação
das sanções penais, o que afasta não só outras fontes de direito, como as regras jurídicas que
não são leis em sentido estrito (decretos, regulamentos, portarias, etc.), mesmo as que tenham
o mesmo efeito, como ocorre, por exemplo, com a medida provisória, instrumento jurídico
totalmente inadequado para tais finalidades diante do principio constitucional. É vedada,
portanto, a aplicação da analogia "in malam partem" no direito penal incriminador, bem como
a interpretação integrativa ou ampliativa. Ao contrario, devem ser interpretadas estritamente
as disposições incriminadoras e cominadoras de pena. Exige o Principio da Legalidade que lei
defina abstratamente um fato, ou seja, uma conduta determinada, de modo que se possa
reconhecer qual o comportamento considerado ilícito."

Segundo a Jurisprudência:

Princípio da Legalidade em crime de sonegação fiscal- TRF da 4ª Região:

I- É vedada a interpretação integrativa de norma penal em prejuízo de acusado.


II- II- Principio Constitucional da Legalidade (Artigo 5º, XXXIX, CF/88), insculpido no Artigo
1º do Código Penal/ 1940: "não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem prévia cominação legal."
III- III- (...)
IV- IV- (...)
V- (Ap. nº 95.04.13085- PR, DJU de 16/11/95)

Principio da Legalidade em crime militar- STF

"Ofende o Principio da Reserva Legal "não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena
sem sua previa cominação legal" (Art. 5º, XXXIX da CF/88)- a construção jurisprudencial
castrense baseada na aplicação subsidiaria da norma contida no § 2º do Art. 190 do COM,
concluindo que não obstante o dispositivo referido não expressar reprimenda para os
desertores que retornem em lapso de decênio, o militar faltoso teve que ultrapassar os dez
dias de ausência previsto no tipo penal incursionado."

(HC 73.257-7- RJ- DJU de 03/05/02).

Principio da Legalidade em Crime Ambiental- STF

EMENTA: RECURSO ORDINÁRIO EM HABEAS CORPUS. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.


VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. INEXISTÊNCIA. CRIME PERMANENTE VERSUS CRIME
INSTANTÂNEO DE EFEITOS PERMANENTES. SÚMULA 711. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO
PUNITIVA. INOCORRÊNCIA. RECURSO DESPROVIDO.

1. A conduta imputada ao paciente é a de impedir o nascimento de nova vegetação (art.


48 da Lei 9.605/1998), e não a de meramente destruir a flora em local de preservação
ambiental (art. 38 da Lei Ambiental). A consumação não se dá instantaneamente, mas,
ao contrário, se protrai no tempo, pois o bem jurídico tutelado é violado de forma
contínua e duradoura, renovando-se, a cada momento, a consumação do delito. Trata-
se, portanto, de crime permanente.
2. Não houve violação ao princípio da legalidade ou tipicidade, pois a conduta do
paciente já era prevista como crime pelo Código Florestal, anterior à Lei n° 9.605/98.
Houve, apenas, uma sucessão de leis no tempo, perfeitamente legítima, nos termos da
Súmula 711 do Supremo Tribunal Federal.
3. 3. Tratando-se de crime permanente, o lapso prescricional somente começa a fluir a
partir do momento em que cessa a permanência. Prescrição não consumada. 4.
Recurso desprovido.
(RHC 83.437/ SP, Relator: Min. Joaquim Barbosa, DJU 18/02/2004)

3 - Apontamentos sobre as penas na Constituição Federal


A Constituição de 1988 estabeleceu através de seu Artigo 5º que as normas
infraconstitucionais deverão regular a individualização da pena.

Vejamos:

Art. 5º- (...)

XLV- Nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano
e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e
contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido;

XLVI- A lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) Privação ou restrição da liberdade;


b) Perda de bens;
c) Multa;
d) Prestação social alternativa;
e) Suspensão ou interdição de direitos.

O inciso XLVI é responsável por apontar alguns exemplos de penas, entretanto, a Constituição
autorizou o legislador infraconstitucional federal a estabelecer outras hipóteses, como bem
aponta o inciso I do Artigo 22:

Art. 22- Compete privativamente à União legislar sobre:

I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial
e do trabalho.

Assim, foi possível que o Legislador infraconstitucional estabelecesse os critérios e


modalidades das penas na Lei dos Crimes Ambientais, o que vamos efetivamente, começar a
tratar.

1.4 - Breves considerações sobre as penas


Segundo o Código Penal, as penas comportam as seguintes modalidades: privativas de
liberdade, restritivas de direito e multa.
Art. 32- As pensa são:

I- Privativas de liberdade;
II- Restritivas de direito;
III- De multa.

Como veremos adiante, a Lei dos Crimes Ambientais, busca sempre que possível, substituir a
pena privativa de liberdade por pensa restritivas de direitos que por sua vez, poderão ser
cumuladas com as penas de multa.

1.5 - As penas previstas na Lei dos Crimes Ambientais


A autoridade competente se vale de certos critérios para impor e gravar uma pena ao infrator
ambiental. Tais critérios estão previstos nos incisos I, II e III do Artigo 6º da Lei 9.605/98 e são
os seguintes:

A gravidade do fato, observados os motivos da infração e suas conseqüências tanto para a


saúde publica e o meio ambiente;

Os antecedentes do infrator ambiental, especificamente com relação ao cumprimento da


legislação de interesse ambiental;

No caso de multa, a situação econômico-financeira do infrator ambiental.

Quando se tratar de crime culposo ou for aplicada a pena privativa de liberdade inferior a 04
(quatro) anos ou a culpabilidade, os antecedentes a conduta social e a personalidade do
condenado, bem como os motivos e as circunstancias do crime indicar que a substituição seja
modo hábil para a reprovação e prevenção do crime, é possível a aplicação das penas
restritivas de direitos.

As penas restritivas de direitos são autônomas, ou seja, não são aplicadas conjuntamente com
a pena privativa de liberdade (reclusão e detenção). Também não são cominadas
abstratamente para cada tipo penal, mas aplicáveis às infrações penais, em substituição à pena
privativa de liberdade, desde que preenchidos os pressupostos legais.

Em um caso concreto, o juiz, após fixar a pena privativa de liberdade cominada de modo
abstrato para o ilícito penal decide sobre a possibilidade de substituí-la por uma pena restritiva
de direitos ou multa.

A substituição da pena privativa de liberdade por uma restritiva de direitos não é um direito
subjetivo assistido ao condenado, mas caso o juiz não a conceda, deverá quando da
individualização da pena expuser em sua sentença as razões que o motivaram a não conceder
a substituição da pena. Deste modo, pode o condenado, via recurso defender o cabimento da
medida de substituição.

A multa é também meio hábil para substituir a pena privativa de liberdade, conforme o Artigo
44, § 2º do Código Penal, pelo qual se a condenação for igual ou inferior a um ano, a
substituição poderá ser realizada por uma multa ou uma restritiva de direitos. Sendo a pena
superior a um ano, a pena privativa de liberdade poderá ser substituída por uma pena
restritiva de direitos e multa ou por duas penas restritivas de direitos.
As penas restritivas de direito terão a mesma duração da pena privativa de liberdade
substituída por ocasião do cumprimento dos requisitos ou critérios acima aludidos.

Mais uma vez, fazendo uns parênteses com a legislação penal comum, temos que as penas
restritivas de direitos, que como veremos a seguir, são exaustivamente utilizado nos casos de
infrações ambientais, são autônomas e comportam as seguintes modalidades, como aponta o

Artigo 43 do Código Penal:

Art. 43- As penas restritivas de direito são:

I- Prestação pecuniária;
II- Perda de bens e valores;
III- (Vetado)
IV- Prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas;
V- Limitação de fim de semana.

Assim nos ensina Mirabete:

"Diante da falência da pena privativa de liberdade, que não atende aos anseios de
ressocialização do condenado, a tendência moderna é procurar substitutivos penais para essa
sanção, ao menos no que se relaciona com os crimes menos graves e ais criminosos cujo
encarceramento não é aconselhável. No Brasil, vigoram tais idéias e a Lei 7.209/ 84 inseriu no
Código Penal, ainda que timidamente, o sistema de penas alternativas (ou substitutivas) da
pena privativa de liberdade, denominadas penas restritivas de direitos, classificadas no Artigo
43 como prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, acrescentou a elas as
penas de prestação pecuniária e perda de bens e valores e aumentou extraordinariamente sua
incidência (Artigo 44). No projeto desse diploma legal, previam-se também as penas de
recolhimento domiciliar e de advertência, mas os dispositivos correspondentes foram vetados
pelo Executivo por se considerar não terem elas o mínimo necessário de força punitiva,
afigurando-se desprovidas da capacidade de prevenir nova prática delituosa.

Como já visto, a Lei dos Crimes Ambientais, Lei 9.605/98, dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas das condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente,
estabelecendo como penas restritivas de direitos as penas de prestação de serviços à
comunidades, a interdição temporária de direitos, a suspensão parcial ou total de atividades, a
prestação pecuniária e o recolhimento domiciliar. Vale lembrar que as penas de suspensão
parcial ou total de atividades, de interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividade
e a pena de proibição de contratar, obter subsídios, subvenções ou doações do Poder Público
são aplicáveis às pessoas jurídicas, estas por seu turno, plausíveis de responsabilização penal,
civil e administrativa, nos casos em que a infração for cometida por seu representante legal ou
contratual, bem como de órgão colegiado, em beneficio ou em prol dos interesses da
organização.

Segundo o Artigo 8º da Lei de Crimes Ambientais- LCA, as penas restritivas de direitos são:

Art. 8º- As penas restritivas de direitos são:


I- Prestação de serviços à comunidade;
II- Interdição temporária de direitos;
III- Suspensão parcial ou total de atividades;
IV- Prestação pecuniária;
V- Recolhimento domiciliar.

5º) Próxima Semana

Na Próxima semana passarei para você algumas outras dicas de estudos. Contudo, para há
primeira semana, estes dois cursos são suficientes.

Comece agora. Invista bem o seu tempo, tenha bons estudos e garanta todo o sucesso do
mundo. Não deixe de ler a Lei 9.605/98, popularmente conhecida como Lei dos Crimes
Ambientais.

Orientações 2ª Semana

1º) A Segunda Semana

Nessa segunda semana, nossa tarefa continua sendo o exame da parte introdutória para a
correta compreensão do estudo dos crimes ambientais.

Assim, seguem mais materiais e orientações para que juntos continuemos a prosseguir em
nosso intuito.

Bons estudos!

2º) Considerações gerais sobre as Penas Restritivas de Direito

Avançando em nossas considerações, chegamos neste momento, aos debates sobre as penas
restritivas de direito, que diante da falência da pena privativa de liberdade, se tornam uma
tendência, na qual se procura substitutivos penais para os crimes menos graves, aonde o
encarceramento não é aconselhável.

Já é notória a idéia de que com o advento da Lei dos Crimes Ambientais, Lei 9.605/98, passou a
se ter em uma lei ordinária a disposição sobre as sanções penais e administrativas derivadas
das condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente.

Estabeleceu-se como penas restritivas de direitos as penas de prestação de serviços à


comunidade, a interdição temporária de direitos, a suspensão parcial ou total de atividades, a
prestação pecuniária e o recolhimento domiciliar.

As penas de suspensão parcial ou total de atividades, de interdição temporária de


estabelecimento, obra ou atividade e a pena de proibição de contratar, obter subsídios,
subvenções ou doações do Poder Público são aplicáveis às pessoas jurídicas, estas por seu
turno, plausíveis de responsabilização penal, civil e administrativa, nos casos em que a infração
for cometida por seu representante legal ou contratual, bem como de órgão colegiado, em
beneficio ou em prol dos interesses da organização
3º) Curso: Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais- Módulo III

Veja um trecho do Curso que você estudará agora:

"Conforme já tratado, as penas restritivas de direito, muito aplicadas na esfera penal


ambiental, comportam as seguintes modalidades: prestação de serviços à comunidade,
interdição temporária de direitos, suspensão parcial ou total de atividades, prestação
pecuniária e recolhimento domiciliar."

1 - Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais- Módulo III

1.1 - Comentários iniciais


Antes de adentrar aos novos temas, vale reforçar que de acordo com o Artigo 8º da Lei de
Crimes Ambientais- LCA, as penas restritivas de direitos são:

Art. 8º- As penas restritivas de direitos são:

I- Prestação de serviços à comunidade;

II- Interdição temporária de direitos;

III- Suspensão parcial ou total de atividades;

IV- Prestação pecuniária;

1.2 - A Pena Privativa de Liberdade


A Pena Privativa de Liberdade (PPL) subtrai do condenado o direito constitucional da
liberdade.

Estipula o Artigo 33 do Código Penal:

Art.33- A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi- aberto ou aberto. A
de detenção, em regime semi- aberto ou aberto, salvo necessidade para transferência a
regime fechado.

§ 1º- Considera-se:

a) Regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média;

b) Regime semi- aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento


similar;

c) Regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado.

§ 2º- As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo
o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de
transferência a regime mais rigoroso:

a) O condenado à pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime


fechado;
b) O condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8
(oito) anos, poderá desde o principio, cumpri-la em regime semi-aberto;

c) O condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá,
desde o inicio, cumpri-la em regime aberto.

§ 3º- A determinação inicial de cumprimento da pena far-se-à com observância dos critérios
previstos no Artigo 59 do Código.

De acordo com Mirabette, ainda que presente o a tendência moderna de se abolir a


diversidade de espécies de penas privativas de liberdade, na última reforma penal, esta datada
de 1.984, manteve-se no código Penal a distinção entre a reclusão e a detenção. Essa
diferença, porém, é puramente formal no que diz respeito à execução de não se possibilitar,
na pena de detenção, o regime inicial fechado, permitindo-se, porém, a regressão a tal regime
nos termos do Artigo 118 da LEP.

Ainda explica que a lei, ao adotar o sistema progressivo na execução das penas privativas de
liberdade, estipula três regimes, a saber: fechado, semi- aberto e aberto, de acordo com o
estabelecimento penal em que a pena é executada. Logo, cumpre-se a pena em regime
fechado em penitenciarias de segurança máxima ou media, em regime semi- aberto em
colônias agrícolas, industriais ou estabelecimento similar, e em regime aberto em casa do
albergado ou estabelecimento adequado. Por regra especial, a pena de prisão simples,
aplicada ao autor de contravenção só pode ser cumprida em regime semi- aberto ou aberto,
sendo impossível ser fixado para ela o regime fechado.

1.3 - As Penas Restritivas de Direitos


Conforme já tratado, as penas restritivas de direito, muito aplicadas na esfera penal ambiental,
comportam as seguintes modalidades: prestação de serviços à comunidade, interdição
temporária de direitos, suspensão parcial ou total de atividades, prestação pecuniária e
recolhimento domiciliar.

1.3.1 - Prestação de serviços à comunidade


A prestação de serviços à comunidade ou prestação social alternativa é prevista
constitucionalmente no Artigo 5º, XLVI, d:

Art. 5º- (...)

XLVI - a lei regulará a individualização da pena e adotará, entre outras, as seguintes:

a) privação ou restrição da liberdade;

b) perda de bens;

c) multa;

d) prestação social alternativa;

e) suspensão ou interdição de direitos.


Consiste em trabalho gratuito em determinadas instituições, sejam tais organizações criadas
pelo Estado ou pela própria sociedade, como as Organizações Não- Governamentais (ONGS).

Deve-se ressaltar que no caso de ser o infrator condenado à prestação de serviços à


comunidade não será configurada, em nenhuma hipótese, relação de emprego ou trabalho
forçado, mas ônus imputado ao condenado para afastar-lhe a pena privativa de liberdade.

Via de regra, as tarefas são estipulas pelo juiz competente, de acordo com as aptidões do
condenado.

Esta modalidade de pena restritiva de direitos está prevista no Artigo 46 do código Penal.

A Lei Ambiental Penal (Lei 9.605/98) disciplinou a questão em seu 9º Artigo o qual afirma que a
prestação de serviços à comunidade consiste na atribuição ao condenado se tarefas gratuitas
junto a parques e jardins públicos e unidades de conservação, e, se for o caso de dano da coisa
particular, pública ou tombada, na restauração desta, se possível.

Exemplo disso é a condenação à prestação de serviços ambientais, por si, pelo período de 10
(dez) horas a serem cumpridas em 01 (um) mês, em entidade púbica a ser indicada pela
Fundação de Parques Municipais.

Este exemplo foi extraído de processo real, no qual, a infratora, uma dona de casa que
matinha em cativeiro ave silvestre, sem a devida autorização da autoridade competente, teve
que varrer o Parque Municipal da Cidade de Belo Horizonte, obedecendo o período acima
citado.

1.3.2 - Interdição temporária de direitos


A interdição temporária de direitos também possui assento Constitucional, vide Artigo 5º,
XLVI, alínea "e", supra transcrito.

No Código Penal está expressa no Artigo 47, pelo qual:

Art. 47 - As penas de interdição temporária de direitos são:

I - proibição do exercício de cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo;

II - proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação


especial, de licença ou autorização do poder público;

III - suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo.

IV - proibição de freqüentar determinados lugares.

Com relação à primeira das interdições, a proibição do exercício de cargo, função, atividade
pública e mandado eletivo, temos que o cargo público é o lugar instituído dentro do serviço
público com denominação própria e atribuições especificas. Já a função pública é atribuição ou
conjunto de atribuições que a Administração Pública a cada categoria profissional ou comete
individualmente a determinados servidores para a execução de serviços eventuais. Por seu
turno, a atividade pública é tida como aquela efetuada em beneficio do Estado, mediante ou
ausente remuneração, e que dependa de nomeação, escolha, designação, dentre outras, por
parte do Poder Público, estando incluídos nesta categoria os chamados empregos públicos,
onde ocorre à admissão de servidores para serviços temporários em regime especial, etc.

Os mandatos eletivos são aqueles exercidos pelos membros do Legislativo ou do Executivo,


eleitos por prazos pré-determinados na lei. Uma vez aplicada à pena de interdição temporária
de direitos, ocorrerá uma suspensão dos direitos políticos, isto é, o de ser o condenado vetado
ou proibido de continuar ou passar a exercer qualquer mandato púbico, mesmo que
regularmente eleito, durante certo período.

Entretanto, não se confunde tal pena com as interdições, proibições ou suspensões aplicadas
através de medidas administrativas ou políticas, tampouco com a perda do cargo, função
pública ou mandato eletivo como efeito de condenação.

Com relação à proibição do exercício de profissão, atividade ou oficio, que para efeito do
presente estudo é tida como segunda modalidade de interdição temporária de direitos, temos
que a mesma consiste na proibição do exercício de profissão, atividade ou oficio que
dependam de habilitação especial, licença ou autorização do Poder Público.

Uma vez aplicada à referida pena, o condenado se torna privado de exercer a profissão,
atividade ou oficio, enquanto durara a pena, ainda que legalmente apto para a referida
execução.

Todavia, são diferentes a pena de interdição temporárias de direitos, modalidade proibição do


exercício de profissão, atividade ou oficio com as medidas que possam acarretar as mesmas
conseqüências, porém, advindas de processos administrativos dos respectivos conselhos de
classe.

A suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo figura como a última das
modalidades dentro da pena de interdição temporária de direitos.

A título de uma breve elucidação, temos que a referida pena só poderá ser aplicada nos crimes
culposos de trânsito, em substituição à pena privativa de liberdade, quando se tratar de
infração cometida em veículo automotor. Assim, tal interdição só poderá ser aplicada ao
agente que, habilitado para dirigir veículo automotor, pratica crime de trânsito na condução
de veículo, inclusive os de tração humana e animal.

De volta à seara da Lei dos Crimes Ambientais, assim dispõe o Artigo 10 da referida Lei:

Art. 10- As penas de interdição temporária de direitos são a proibição de o condenado


contratar com o Poder Público, o de receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios,
bem como de participar de licitações, pelo prazo de 05 (cinco) anos, no caso de crimes dolosos,
e de 03 (três) anos no de crime culposos.

Portanto, são modalidades de interdição temporária de direitos, sob a ótica do Direito


Ambiental Penal:

Proibição de contratar com o Poder Público;

Proibição de recebimento de incentivos fiscais e demais benefícios;


Proibição de participar de licitações, por 05 (cinco) ou 03 (três) anos, de acordo com o caso.

Como ensina o Professor Paulo Affonso Leme Machado, as penas de interdição temporária de
direitos são a de proibição de o condenado contratar com o Poder Público, de receber
incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios, bem como de participar de licitações, pelo
prazo de cinco anos, no caso de crimes dolosos e três anos nos crimes culposos.

Tal pena, descrita no Artigo 10 é semelhante com a pena descrita no Inciso III, do Artigo 22 da
Lei.

A proibição de o condenado receber incentivos fiscais ou quaisquer outros benefícios pode ser
entendida como sendo uma vedação de receber doações, subvenções e subsídios de todos os
órgãos públicos, inclusive de bancos e agências de financiamentos estatais.

Utilizando a interdição temporária de direitos estará ocorrendo o explicito impedimento do


condenado contratar com o Poder Público e por conseguinte, o de participar de licitações.

1.3.3 - Suspensão parcial ou total de atividades


A Lei dos Crimes Ambientais estabeleceu em seu Artigo 11:

Art. 11- A suspensão de atividades será aplicada quando estas não estiverem obedecendo às
prescrições legais.

A suspensão parcial ou total das atividades é modalidade de pena restritiva de direitos


direcionadas às pessoas jurídicas que desenvolvem suas atividades, ao revés da legislação
ambiental vigente.

Neste sentido, aponta o Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais (TJMG):

MEIO AMBIENTE. OFENSA. IMPOSSIBILIDADE DE PROIBIÇÃO DE ATIVIDADE LEGAL. - É possível


impor-se proibição concreta a atividades que possam afetar o meio ambiente, mas nunca
proibir atividades que a lei não proíbe. - Recurso a que se dá parcial provimento.

(1.0012.05.003395-5/001, Desembargador Ernane Fidélis, 25/11/2005).

AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ATIVIDADE POLUIDORA. INOBSERVÂNCIA DAS CONDICIONANTES


DEFINIDAS PELO ÓRGÃO AMBIENTAL, QUANDO DO LICENCIAMENTO. IMPOSIÇÃO DE MULTA
DIÁRIA. DESNECESSIDADE, POR HORA. PODER DE POLÍCIA QUE COMPETE À ADMINISTRAÇÃO.
POSSIBILIDADE DE ATUAÇÃO SUPLETIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO, PELAS VIAS PRÓPRIAS, SE
FOR NECESSÁRIO.

(1.0027.92.00210- 7/ 002, Desembargador Brandão Teixeira, 27/01/2006)

1.3.4 - Prestação pecuniária


A prestação pecuniária, de acordo com o Artigo 12 da Lei dos Crimes Ambientais, consiste no
pagamento em dinheiro a vitima ou à entidade pública ou privada com fim social, de
importância, fixada pelo juiz, não inferior a 01 (um) salário mínimo nem superior a 360
(trezentos e sessenta) salários- mínimos.
O valor pago será deduzido do montante de eventual reparação civil a que for condenado o
infrator.

A prestação pecuniária conforme consta da LCA modificou a destinação da condenação do


dinheiro, previsto pelo Artigo 13 da Lei 7.347/ 85 (Lei da Ação Civil Pública).

Art. 13- Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado reverterá a um
fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão
necessariamente o Ministério Público e representante da comunidade, sendo seus recursos
destinados à reconstituição dos bens lesados.

Parágrafo único. Enquanto o fundo não for regulamentado, o dinheiro ficará depositado em
estabelecimento oficial de crédito, em conta com correção monetária.

Pela Lei da Ação Civil Pública só era possível destinar a indenização ao Fundo de Defesa dos
Interesses Difusos.

Tome-se como exemplo, o caso da infratora ambiental, residente em Belo Horizonte, que
mantinha sem a devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente, espécie
da fauna silvestre em cativeiro.

Além da composição cível, prevista no Artigo 27 da Lei 9605/98, foi condenada a infratora no
pagamento da prestação pecuniária, no valor de R$ 380, 00 (trezentos e oitenta) Reais, em 03
(três) parcelas mensais e consecutivas, através de deposito judicial, a ser destinado ao Projeto
Ambiental "Águia não é Galinha", desenvolvido pela Fundação de Parques Municipais de Belo
Horizonte- MG.

1.3.5 - Recolhimento domiciliar


O recolhimento domiciliar é também uma das modalidades de penas restritivas de direitos
possibilitando a pena privativa de liberdade.

A Lei dos Crimes Ambientais a prevê em seu Artigo 13 sendo que a mesma é baseada na
autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado, que deverá sem vigilância,
trabalhar, freqüentar curso ou exercer atividade autorizada, permanecendo recolhido nos dias
e horários de folga em residência ou qualquer local destinado a sua moradia habitual,
conforme estabelecido em sentença condenatória.

Ensina Paulo Affonso Leme Machado que nos comportamentos que revelem manifesta
inadaptação social do condenado a pena de recolhimento domiciliar poderá apresentar-se
como uma tentativa de evitar-se a prisão. É pena cuja aplicação será mais eficaz se somada à
outra pena restritiva de direitos, se diretamente voltados para a recuperação do meio
ambiente.

Segundo o Penalista Damásio de Jesus, é admissível a substituição da pena privativa de


liberdade por uma ou duas pena (s) restritiva (s) de direitos.
4º) Notícias dos Tribunais

No Jurisway, no ícone "Notícias dos Tribunais", localizamos também algumas informações que
são oportunas para a nossa matéria.

5º) TJ/ SC- 09/07/2008- Madeireira tem atividades suspensas por crimes ambientais

Veja um trecho da notícia:

"O representante do Ministério Público ofereceu denúncia contra a empresa, que resultou em
sua condenação em 1º Grau. A ré apelou sob alegação de insuficiência de provas. O relator do
processo, desembargador Sérgio Paladino, entretanto, constatou que o conjunto probatório
demonstrou que a apelante é contumaz na prática de crimes ambientais e, por este motivo,
manteve a condenação de um ano e quatro meses de suspensão total de suas atividades.
(Apelação Criminal n. 2008.017595-4)".

A 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, em decisão unânime, confirmou sentença da


Comarca de Rio do Campo que suspendeu por um ano e quatro meses as atividades da
Industrial Elisa Ltda - empresa atuante no ramo da exploração madeireira na cidade de Santa
Terezinha - pela prática contumaz de crimes ambientais. Conforme apurado no processo, a
empresa funcionava sem a indispensável Licença Ambiental de Operação - LAO, fornecida pela
Fundação do Meio Ambiente (Fátima). Segundo os autos, em julho de 2002, a Polícia
Ambiental registrou a apreensão de um lote de toras nas dependências da empresa sem
qualquer documentação que atestasse sua legal extração por parte dos fornecedores. Ao
retornar ao local, em agosto daquele ano, praticamente toda a madeira nativa apreendida
havia desaparecido. O representante do Ministério Público ofereceu denúncia contra a
empresa, que resultou em sua condenação em 1º Grau. A ré apelou sob alegação de
insuficiência de provas. O relator do processo, desembargador Sérgio Paladino, entretanto,
constatou que o conjunto probatório demonstrou que a apelante é contumaz na prática de
crimes ambientais e, por este motivo, manteve a condenação de um ano e quatro meses de
suspensão total de suas atividades. (Apelação Criminal n. 2008.017595-4)

6º) TJ/ RS- 06/07/2007- Levantado segredo de justiça em processo criminal por crimes
ambientais em Estância Velha

A 4ª Câmara Criminal do TJRS decidiu que não há segredo de justiça nas denúncias criminais a
que respondem o Curtume Paquetá Ltda. e outras empresas acusadas de crimes contra o meio
ambiente, no Foro de Estância Velha. As denúncias buscam a condenação de possíveis
causadores da grande mortandade de peixes ocorrida no Rio dos Sinos, em outubro de 2006.

"A decretação de sigilo profissional, que é medida excepcional, requer a comprovação de


relevante interesse social ou necessidade de preservação da intimidade, principalmente das
vítimas." Com esse entendimento, o Colegiado denegou o Mandado de Segurança impetrado
pelo Curtume Paquetá Ltda. em que pedia que o processo criminal nº 207900000068
tramitasse em segredo de justiça, com resguardo do sigilo e vedação de divulgação do nome
da empresa, até o julgamento da ação.
O pedido de liminar foi deferido. O curtume Kern Mattos S/A e a PSA Indústria de Papel S/A
requereram habilitação como litisconsortes ativos. As empresas requereram o
estabelecimento de segredo de justiça sob a alegação de prejuízo à imagem, diante da
gravidade das imputações.

Relatou o Desembargador Gaspar Marques Batista que o Curtume Paquetá foi acusado da
prática de crimes contra o meio ambiente, descritos nos ares. 54, § 2º, V, art. 58, inc. I, e art.
60, c/c art. 15, inc. II, alíneas "a" e "o", da Lei nº 9.605/98.

Para o magistrado, "não há direito líquido e certo para que a ação penal ajuizada tramite em
segredo de justiça, uma vez que, a priori, o direito à informação e à publicidade sobrepõe-se
ao direito de preservação da imagem". Ressaltou também que a decisão que autorizou o
segredo de justiça na seara cível não vincula o juízo criminal.

O Desembargador considerou também que a publicidade dos atos processuais é a regra,


exatamente como se infere da leitura dos arts. 5º, inc. LX e art. 93, inc. IX da Constituição
Federal. "Em casos extremos, quando houver interesse social e para a defesa da intimidade,
possível a restrição do princípio", afirmou. "Mas não é o caso dos autos."

"Inexiste fundamento a ensejar a medida, ou seja, não há demonstração de interesse público


relevante, tampouco necessidade de preservação da intimidade", considerou. "Este caso é
daqueles que exige publicidade, para que o tema seja submetido a debate e a população tome
consciência da severa degradação ambiental imputada à empresa."

Os Desembargadores Constantino Lisboa de Azevedo e Vladimir Giacomuzzi acompanharam o


voto do relator.

O Desembargador Giacomuzzi, que havia concedido à liminar inicialmente, na condição de


plantonista do Tribunal de Justiça, também entende que a decisão determinando o segredo de
justiça na esfera civil, não vincula as decisões na esfera criminal.

"Decorridos mais de seis meses desde então, hoje a realidade é outra, tendo-se ultrapassado a
etapa das investigações ou levantamento de dados na esfera administrativa, ingressando-se na
fase judicial, estando à empresa a responder ação penal intentada pelo Ministério Público",
ressaltou o Desembargador Vladimir.

A decisão do Colegiado é de 28/6 e foi unânime.

Proc. 70018874735 (João Batista Santafé Aguiar)

7º) STF- 11/11/2006- Deferida a liminar a empresário denunciado por crimes ambientais

"O empresário alega constrangimento ilegal, pois está respondendo por duas imputações,
segundo a defesa, equivocadas - uma com base na Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais) e
a outra referente aos artigos 2º, da Lei 8.176/91, e 21, da Lei 7.805/89. Na ação, ele explica
que a pena imposta teria sido revogada pela Lei dos Crimes Ambientais.

Segundo a defesa, antes da entrada em vigor da Lei 9.605/98 aplicavam-se várias normas para
coibir práticas predatórias ao meio ambiente. Porém, várias delas se entrelaçavam, tipificando
de formas diversas a mesma conduta delituosa. O empresário afirma que a existência de duas
normas tipificando uma conduta não leva a crer que o acusado deva ser processado pelas
duas. Ao contrário, o juiz deve "concluir qual a mais adequada ao fato", afirma."

O ministro Eros Grau, do Supremo Tribunal Federal (STF), deferiu liminar no Habeas Corpus
(HC) 89878, impetrado por sócio de uma empresa do setor de minérios, em Taubaté (SP), para
suspender o andamento de ação penal que tramita na 1ª Vara Federal da Subseção Judiciária
de Taubaté (SP), até o julgamento final do HC. O empresário M.F.A. foi denunciado pelo
Ministério Público Federal (MPF) pelos supostos crimes de extração de substâncias minerais,
no caso, areia, e exploração de matéria-prima pertencente à União, sem autorização legal.

O empresário alega constrangimento ilegal, pois está respondendo por duas imputações,
segundo a defesa, equivocadas - uma com base na Lei 9.605/98 (Lei dos Crimes Ambientais) e
a outra referente aos artigos 2º, da Lei 8.176/91, e 21, da Lei 7.805/89. Na ação, ele explica
que a pena imposta teria sido revogada pela Lei dos Crimes Ambientais.

Segundo a defesa, antes da entrada em vigor da Lei 9.605/98 aplicavam-se várias normas para
coibir práticas predatórias ao meio ambiente. Porém, várias delas se entrelaçavam, tipificando
de formas diversas a mesma conduta delituosa. O empresário afirma que a existência de duas
normas tipificando uma conduta não leva a crer que o acusado deva ser processado pelas
duas. Ao contrário, o juiz deve "concluir qual a mais adequada ao fato", afirma.

Dessa forma, M.F.A. entende que o único delito que lhe poderia ser imputado deveria ser o de
usurpação de matéria-prima pertencente à União, previsto no artigo 55 da Lei dos Crimes
Ambientais, que, segundo a defesa, estaria prescrito. Por fim, o HC aponta a nulidade do
processo, desde o recebimento da denúncia, em razão da tipificação dos fatos.

Em sua decisão, o ministro Eros Grau entendeu haver plausibilidade jurídica nas razões da
impetração, bem como a demonstração do perigo na demora [periculum in mora], mas
considerou satisfatório (que antecipa o provimento final) o pedido liminar de trancamento da
ação penal. Assim, deferiu a liminar tão-somente para suspender o andamento da ação penal,
até a decisão final do habeas.

RS/EC

Processos relacionados : HC-89878

8º) Curso: Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais- Módulo IV

O Módulo IV encerra a fase introdutória ao estudo dos crimes ambientais.

Veja um trecho do curso ora sugerido:

"Deste modo, a Lei dos Crimes Ambientais entendeu que não é crime o abate de animal,
quando realizado em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;
bem como para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de
animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente e, por ser
nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente."
1 - Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais- Módulo IV

1.1 - Circunstâncias atenuantes das penas


O Artigo 14 da Lei dos Crimes Ambientais, assim prevê:

Art. 14- São circunstâncias que atenuam a pena:

I- Baixo grau de instrução ou escolaridade do agente;

II- Arrependimento do infrator, manifestado pela espontânea reparação do dano, ou


limitação significativa da degradação ambiental causada;

III- Comunicação prévia do agente do perigo iminente de degradação ambiental;

IV- Colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental.

O Artigo 14 da LCA tomou por seu paradigma os Artigos 65 e 66 do Código Penal, abaixo
transcritos:

Art. 65 - São circunstâncias que sempre atenuam a pena:

I - ser o agente menor de 21 (vinte e um), na data do fato, ou maior de 70 (setenta) anos, na
data da sentença;

II - o desconhecimento da lei;

III - ter o agente:

a) cometido o crime por motivo de relevante valor social ou moral;

b) procurado, por sua espontânea vontade e com eficiência, logo após o crime, evitar-lhe ou
minorar-lhe as conseqüências, ou ter, antes do julgamento, reparado o dano;

c) cometido o crime sob coação a que podia resistir, ou em cumprimento de ordem de


autoridade superior, ou sob a influência de violenta emoção, provocada por ato injusto da
vítima;

d) confessado espontaneamente, perante a autoridade, a autoria do crime;

e) cometido o crime sob a influência de multidão em tumulto, se não o provocou.

Art. 66 - A pena poderá ser ainda atenuada em razão de circunstância relevante, anterior ou
posterior ao crime, embora não prevista expressamente em lei.

1.2 - Circunstâncias agravantes das penas


A pena será sempre agravada, quando não constituir ou não qualificar o crime, tal como
preconiza o Artigo 15 da LCA.

Segundo Mirabette:

"(...) uma circunstância elementar (elemento) ou qualificadora, que faz parte da estrutura do
tipo básico ou qualificado, não pode ao mesmo tempo, torná-lo mais grave, com o
reconhecimento dessa circunstância como agravante genérica da pena, o que é vedado pelo
princípio do non bis in idem".

Art. 15- São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o
crime:

I - reincidência nos crimes de natureza ambiental;

II - ter o agente cometido a infração:

a) para obter vantagem pecuniária;

b) coagindo outrem para a execução material da infração;

c) afetando ou expondo a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente;

d) concorrendo para danos à propriedade alheia;

e) atingindo áreas de unidades de conservação ou áreas sujeitas, por ato do Poder Público, a
regime especial de uso;

f) atingindo áreas urbanas ou quaisquer assentamentos humanos;

g) em período de defeso à fauna;

h) em domingos ou feriados;

i) à noite;

j) em épocas de seca ou inundações;

l) no interior do espaço territorial especialmente protegido;

m) com o emprego de métodos cruéis para abate ou captura de animais;

n) mediante fraude ou abuso de confiança;

o) mediante abuso do direito de licença, permissão ou autorização ambiental;

p) no interesse de pessoa jurídica mantida, total ou parcialmente, por verbas públicas ou


beneficiada por incentivos fiscais;

q) atingindo espécies ameaçadas, listadas em relatórios oficiais das autoridades competentes;

r) facilitada por funcionário público no exercício de suas funções.

O Artigo 15 da LCA tem por correspondente os Artigos 61 e 62 do Código Penal, abaixo


descritos:

Art. 61- São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam
o crime:

I - a reincidência;
II - ter o agente cometido o crime:

a) por motivo fútil ou torpe;

b) para facilitar ou assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro


crime;

c) à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação, ou outro recurso que dificultou ou


tornou impossível a defesa do ofendido;

d) com emprego de veneno, fogo, explosivo, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
que podia resultar perigo comum;

e) contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge;

f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de relações domésticas, de coabitação ou de


hospitalidade;

g) com abuso de poder ou violação de dever inerente a cargo, ofício, ministério ou profissão;

h) contra criança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida;

i) quando o ofendido estava sob a imediata proteção da autoridade;

j) em ocasião de incêndio, naufrágio, inundação ou qualquer calamidade pública, ou de


desgraça particular do ofendido;

l) em estado de embriaguez preordenada.

Art. 62 - A pena será ainda agravada em relação ao agente que:

I - promove, ou organiza a cooperação no crime ou dirige a atividade dos demais agentes;

II - coage ou induz outrem à execução material do crime;

III - instiga ou determina a cometer o crime alguém sujeito à sua autoridade ou não-punível em
virtude de condição ou qualidade pessoal;

IV - executa o crime, ou nele participa, mediante paga ou promessa de recompensa.

Poderão ocorrer ainda as causas de aumento de pena, conforme o Artigo 58 da Lei dos Crimes
Ambientais:

Art. 58- Nos crimes dolosos previstos nesta Seção, as penas serão aumentadas:

I - de um sexto a um terço, se resulta dano irreversível à flora ou ao meio ambiente em geral;

II - de um terço até a metade, se resulta lesão corporal de natureza grave em outrem;

III - até o dobro, se resultar a morte de outrem.

Parágrafo único. As penalidades previstas neste artigo somente serão aplicadas se do fato não
resultar crime mais grave.
Nelson Bugalho afirma que:

"(...) tais causas somente são aplicáveis aos crimes dolosos previstos na Seção III e dispostos
nos Artigos anteriores (Artigos 54, 55 e 56), posto que se pretendesse o legislador incidissem
também nos crimes definidos nos Artigos 60 e 61, teria disposto os Artigos de forma diversa.
(...) São resultados que advêm a título de culpa, respondendo o autor pelo resultado mais grave
quando podia prever sua ocorrência (Artigo 19 do Código Penal. Outra não poderia ser a
conclusão face o se resulta e o resultar insculpidos nos incisos. Ocorrendo uma daquelas
circunstâncias por culpa do sujeito ativo, obrigatório será o aumento da pena. Cuida-se, pois,
de crime preterdoloso (preterintencional), em que a ação causa um resultado mais grave que o
pretendido pelo agente. O sujeito quer um minus e seu comportamento produz um majus, de
forma que há dolo na conduta antecedente e culpa no resultado."

1.3 - Causas excludentes de ilicitude


O fato típico (fato que se amolda ao conjunto de elementos descritivos do crime, contidos na
lei) perde a ilicitude (antijuridicidade: é antijurídico, a não ser que se configure em uma da
causas de excludentes) quando diante de causa excludente da antijuridicidade.

A Lei Ambiental é subsidiaria a Lei Penal, como estabelece o Artigo 79 da LCA, e, portanto,
indispensável à leitura do Artigo 23 do Código Penal.

Art. 23- Não há crime quando o agente pratica o fato:

I - em estado de necessidade;

II - em legítima defesa;

III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.

Segundo o Parágrafo Único do Artigo 23, o excesso de punível se dá quando, o agente, em


qualquer das hipóteses deste artigo, age dolosa ou culposamente.

Deste modo, a Lei dos Crimes Ambientais entendeu que não é crime o abate de animal,
quando realizado em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;
bem como para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de
animais, desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente e, por ser
nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

A despeito de toda a evolução na legislação ambiental vigente no Brasil, uma curiosidade: O


inciso III do Artigo 37 da Lei dos Crimes Ambientais foi vetado, impedindo a legitima defesa
contra ataque de animais ferozes.

Uma vez aceito o inciso III, estaria o Brasil sendo o pioneiro em todo o mundo a reconhecer
como sujeito de direitos e deveres os animais ferozes, já que a legitima defesa pressupõe
agressão humana.

Em suma: se o inciso III fosse aprovado, estaríamos diante de uma aberração jurídica sem
precedentes.
9º) Próxima Semana

Acabamos de concluir a fase introdutória dos crimes ambientais. Aproveite para revisar algum
ponto que possa ter-lhe causado alguma dúvida.

Orientações 3ª Semana

1º) A Terceira Semana

Tendo em vista a conclusão da parte introdutória, nas próximas duas semanas nos
dedicaremos arduamente ao estudo dos crimes ambientais em espécie.

Você deverá ler atentamente esse material, pois o conteúdo é realmente interessante e
imprescindível para quem pretende conhecer os crimes ambientais.

2º) Considerações gerais sobre a Lei 9.605/98

Como já visto nos cursos introdutórios da matéria, a Lei dos Crimes Ambientais, Lei 9.605/98,
dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas das condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente, estabelecendo como penas restritivas de direitos as
penas de prestação de serviços à comunidade, a interdição temporária de direitos, a
suspensão parcial ou total de atividades, a prestação pecuniária e o recolhimento domiciliar.

A Lei dos Crimes Ambientais contém 82, distribuídos em 08 (oito) capítulos, a saber:

O Capítulo trata das disposições gerais que englobam o sujeito ativo (quem pratica o crime
ambiental?).

O Capítulo II cuida da Aplicação da Pena (tipos de penas, conseqüências do crime,


culpabilidade, circunstâncias agravantes e atenuantes).

O Capítulo III cuida da apreensão do produto e do instrumento de infração administrativa do


crime ou instrumentos e produtos do crime.

Por seu turno, o Capítulo IV dimensiona a ação e o processo penal, em que pese a observação
de que todos os crimes desta lei são de ação penal pública incondicionada, permitindo a
aplicação dos dispositivos dos Artigos 74, 76 e 89 da Lei 9.099/ 98, Lei dos Juizados Especiais
Criminais.

Em seu Capitulo V, "Dos crimes contra o meio ambiente", tipificou os crimes em espécie da
seguinte maneira:

Seção I: Dos crimes contra a fauna (Compreendidos entre os Artigos 29 ao 37);

Seção II: Dos crimes contra a flora (Compreendidos entre os Artigos 38 ao 53);

Seção III: Da poluição e outros crimes ambientais (Compreendidos entre os Artigos 54 ao 61);

Seção IV: Dos crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural (Compreendidos
entre os Artigos 62 ao 65);
Seção V: Dos crimes contra a Administração Ambiental (Compreendidos entre os Artigos 66 ao
69).

O Capítulo VI disciplina as infrações administrativas.

O Capítulo VII cuida da cooperação internacional para a preservação do meio ambiente.

O Capítulo VIII trata das disposições finais onde o Legislador ficou restrito a revogar as
disposições em contrário.

3º) Curso: Crimes Ambientais em Espécie- Módulo I: Crimes contra a Fauna

Prosseguindo nossos estudos, vamos adentrar-nos tão comentados crimes contra a fauna.

Veja um trecho do Curso que você estudará agora:

"Aos Crimes contra a Fauna forma reservados nove Artigos, nos quais, foram tipificadas as
condutas e atividades delituosas praticadas contra as espécies da fauna silvestre."

1 - Os Crimes Ambientais em Espécie - Módulo I


1.1 - Considerações Iniciais
Após vencidos os quatro Módulos denominados "Introdução ao Estudo da Lei dos Crimes
Ambientais", aonde se pretendeu construir um alicerce para se chegar aos crimes em espécie,
propriamente ditos, previstos nesta Lei.

A Lei 9.605/98 foi publicada aos 13 de fevereiro de 1998, permanecendo em vacância (período
entre a publicação da lei e sua entrada em vigor) por 45 (quarenta e cinco) dias.

A Lei 9.605/98 é popularmente conhecida como Lei dos Crimes Ambientais, porém, é, na
verdade, um instrumento normativo de natureza híbrida, uma vez que se deu tratamento
também às infrações administrativas, além de ter cumprido dois importantes papéis perante o
cenário de preservação ambiental: efetivou as exigências Constitucionais, no sentido de
apenar as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente, pelo Artigo 225, bem
como, atendeu as recomendações constantes da Carta da Terra e da Agenda 21, ambas
aprovadas no Rio de Janeiro, na ECO/ 92.

Como já visto nos cursos introdutórios à matéria, a Lei dos Crimes Ambientais, Lei 9.605/98,
dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas das condutas e atividades
consideradas lesivas ao meio ambiente, estabelecendo como penas restritivas de direitos as
penas de prestação de serviços às comunidades, a interdição temporária de direitos, a
suspensão parcial ou total de atividades, a prestação pecuniária e o recolhimento domiciliar.

Vale lembrar que as penas de suspensão parcial ou total de atividades, de interdição


temporária de estabelecimento, obra ou atividade e a pena de proibição de contratar, obter
subsídios, subvenções ou doações do Poder Público são aplicáveis às pessoas jurídicas, estas
por seu turno, plausíveis de responsabilização penal, civil e administrativa, nos casos em que a
infração for cometida por seu representante legal ou contratual, bem como de órgão
colegiado, em beneficio ou em prol dos interesses da organização.
Também é relevante a inclusão da pessoa jurídica como sujeito ativo do crime ambiental
(Artigo 3º), superando o princípio clássico de direito penal, "societas delinquere non potest",
ou seja, a Lei dos Crimes Ambientais fez surgir uma nova mentalidade incriminadora, que
rompeu com os clássicos esquemas jurídicos penais e passou a julgar as infrações ambientais
sobre a ótica especialíssima da educação ambiental, como forma de prevenção aos abusos e
usos indiscriminados e incorretos dos bens ambientais.

A Lei dos Crimes Ambientais contém 82, distribuídos em 08 (oito) capítulos, a saber:

O Capítulo trata das disposições gerais que englobam o sujeito ativo (quem pratica o crime
ambiental?).

O Capítulo II cuida da Aplicação da Pena (tipos de penas, conseqüências do crime,


culpabilidade, circunstâncias agravantes e atenuantes).

O Capítulo III cuida da apreensão do produto e do instrumento de infração administrativa do


crime ou instrumentos e produtos do crime.

Por seu turno, o Capítulo IV dimensiona a ação e o processo penal, em que pese à observação
de que todos os crimes desta lei são de ação penal pública incondicionada, permitindo a
aplicação dos dispositivos dos Artigos 74, 76 e 89 da Lei 9.099/ 98, Lei dos Juizados Especiais
Criminais.

Em seu Capitulo V, "Dos crimes contra o meio ambiente", tipificou os crimes em espécie da
seguinte maneira:

Seção I: Dos crimes contra a fauna (Compreendidos entre os Artigos 29 ao 37);

Seção II: Dos crimes contra a flora (Compreendidos entre os Artigos 38 ao 53);

Seção III: Da poluição e outros crimes ambientais (Compreendidos entre os Artigos 54 ao 61);

Seção IV: Dos crimes contra o ordenamento urbano e patrimônio cultural (Compreendidos
entre os Artigos 62 ao 65);

Seção V: Dos crimes contra a Administração Ambiental (Compreendidos entre os Artigos 66 ao


69).

O Capítulo VI disciplina as infrações administrativas.

O Capítulo VII cuida da cooperação internacional para a preservação do meio ambiente.

O Capítulo VIII trata das disposições finais onde o Legislador ficou restrito a revogar as
disposições em contrário.

Passemos agora ao estudo dos Crimes contra a Fauna, previstos na Seção I da Lei dos Crimes
Ambientais.

1.2 - Dos Crimes contra a Fauna


A Seção I, do Capítulo V, da Lei dos Crimes Ambientais substituiu o Código de Caça (Lei
5.197/67) e o Código de Pesca (Decreto- Lei 221/67), cujas penas consideravam inafiançáveis
os delitos empreendidos contra a fauna silvestre, estabelecendo sanções tão rigorosas, a
ponto de inviabilizar e comprometer a própria execução da pena, se tornando instrumentos
pouco hábeis para atender as necessidades ambientais atuais, em especial, a questão do
desenvolvimento baseado na sustentabilidade.

Como afirma Edis Milaré:

"(...) por não haver uma justa relação de proporcionalidade entre a falta cometida pelo infrator
e a sanção prometida, via de regra os juízes, para evitar uma punição desarrazoada, acabavam
por se socorrer dos conhecidos Princípios da Insignificância e da Irrelevância Penal do Fato ou
Delito de Bagatela, desconsiderando como crime o abate de um ou alguns exemplares de
animais silvestres. (...) Daí, a busca do legislador de 1998 em trilhar o entendimento de que a
proteção que dispensa à fauna só pode ser efetivada se estendida a cada um de seus
exemplares, pois a agressão a cada individuo é que põe risco a própria espécie."

Aos Crimes contra a Fauna forma reservados nove Artigos, nos quais, foram tipificadas as
condutas e atividades delituosas praticadas contra as espécies da fauna silvestre.

Faz-se necessário e oportuno abrir um parêntese para definir o que seja considerado fauna.

Fauna, conforme o Glossário Ambiental de Milaré é considerado o conjunto de animais que


vivem em um determinado ambiente, região ou época. A existência e conservação da fauna
estão vinculadas à conservação dos respectivos "habitats".

No entendimento de Sirvinskas, a fauna é tida como o conjunto de animais próprios de um


país ou região que vive em determinada época.

Também necessário estabelecer a diferenciação do que é considerado como animal silvestre,


animal em rota migratória, animal exótico e animal doméstico.

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis-
IBAMA:

Animais Silvestres: são aqueles pertencentes às espécies nativas, migratórias e quaisquer


outras, aquáticas ou terrestres, que tenham a sua vida ou parte dela ocorrendo naturalmente
dentro dos limites do Território Brasileiro e suas águas jurisdicionais.

Exemplos: mico, morcego, quati, onça, tamanduá, ema, papagaio, arara, canário-da-terra, tico-
tico, galo-da-campina, teiú, jibóia, jacaré, jabuti, tartaruga-da-amazônia, abelha sem ferrão,
vespa, borboleta, aranha e outros. O acesso, uso e comércio de animais silvestres são
controlados pelo IBAMA.

Animais exóticos: são aqueles cuja distribuição geográfica não inclui o Território Brasileiro. As
espécies ou subespécies introduzidas pelo homem, inclusive domésticas, em estado selvagem,
também são consideradas exóticas. Outras espécies consideradas exóticas são aquelas que
tenham sido introduzidas fora das fronteiras brasileiras e suas águas jurisdicionais e que
tenham entrado espontaneamente em Território Brasileiro.
Exemplos: leão, zebra, elefante, urso, ferret, lebre-européia, javali, crocodilo-do-nilo, naja,
píton, esquilo-da-mongólia, tartatuga-japonesa, tartaruga-mordedora, tartaruga-tigre-d'água,
cacatua, arara-da-patagônia, escorpião-do-Nilo, entre outros.

Animais domésticos: são aqueles animais que através de processos tradicionais e


sistematizados de manejo e melhoramento zootécnico tornaram-se domésticas, possuindo
características biológicas e comportamentais em estreita dependência do homem, podendo
inclusive apresentar aparência diferente da espécie silvestre que os originou.

Exemplos: gato, cachorro, cavalo, vaca, búfalo, porco, galinha, pato, marreco, peru, avestruz,
codorna-chinesa, perdiz-chucar, canário-belga, periquito-australiano, abelha-européia,
escargot, manon, mandarim, entre outros.

O controle de animais domésticos é feito pelas Secretarias e Delegacias vinculadas ao


Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e das Gerências de Zoonoses, por sua vez,
vinculadas ao Ministério da Saúde ou às Secretarias Estaduais de Saúde. Casos de animais
domésticos que estejam causando problemas à saúde pública ou à agricultura devem ser
comunicados a esses órgãos.

O IBAMA poderá controlar animais domésticos em casos em que seja verificada possibilidade
de causarem danos à fauna silvestre e aos ecossistemas, quando em vida livre.

Entretanto, nem todos os animais são protegidos pela Lei dos Crimes Ambientais, que optou
por proteger seguintes espécies:

Fauna silvestre;

Fauna aquática;

Animais domésticos ou domesticados;

Exóticos;

Em rota migratória.

Diz a LCA, em seu Artigo 29, que comete crime ambiental, cuja pena é a de detenção de seis
meses a um ano e multa, quem mata, persegue, caça, apanha e utiliza espécimes da fauna
silvestre, nativos ou em rota migratória, exceto aos atos de pesca, sem a devida permissão,
licença ou autorização da autoridade competente, ou em desacordo com a obtida:

Incorre nas mesmas penas:

Quem impede a procriação da fauna, sem licença, autorização ou em desacordo com a obtida;

Quem modifica, danifica ou destrói ninho, abrigo ou criadouro natural;

Quem vende, expõe à venda, exporta ou adquire, guarda, tem em cativeiro ou depósito, utiliza
ou transporta ovos, larvas ou espécimes da fauna silvestre, nativa ou em rota migratória, bem
como produtos e objetos dela oriundos, provenientes de criadouros não autorizados ou sem a
devida permissão, licença ou autorização da autoridade competente.
No caso de guarda doméstica de espécie silvestre não considerada ameaçada de extinção,
pode o juiz, considerando as circunstâncias, deixar de aplicar à pena.

Em sua decisão, o Desembargador Edivaldo George dos Santos (TJMG), no processo


1.0024.04.395265-4/001, publicado em 05/06/2007, assim entendeu:

Apelação Cível - Lei de Crimes Ambientais - Médico Veterinário que resgatou animal silvestre
maltratado na intenção de salvá-lo - Análise das circunstâncias fáticas trazidas aos autos -
Situação de exceção - Ausência de comprovação de dano efetivo - Aplicação dos princípios da
razoabilidade e proporcionalidade. - A busca pela efetividade do art. 225 da Constituição da
República não pode fechar os olhos à realidade demonstrada nos autos, cumprindo atribuir o
valor que se deve à adequada avaliação, sob pena de se promover o desequilíbrio entre a
aparente boa fé do agente em salvar animal abandonado, e a preservação do meio ambiente. -
A análise acerca da existência de dano ou crime ambiental não pode se afastar dos princípios
da proporcionalidade e da coerência. - Em sede de proteção coletiva e de interesses difusos
não se aceita a responsabilização sem a ocorrência de dano efetivo, sabido que o chamado
dano hipotético não enseja indenização, ainda que a lei de regência disponha que a
responsabilidade se escora na teoria do risco e não na teoria aquiliana.

São considerados espécimes da fauna silvestre todos aqueles pertencentes às espécies nativas,
migratórias e quaisquer outras, aquáticas ou terrestres, que tenham todo ou parte de seu ciclo
de vida ocorrendo dentro dos limites do território brasileiro, ou águas jurisdicionais brasileiras.

Todavia, a pena é aumentada de metade, se o crime é praticado:

Contra espécie rara ou considerada ameaçada de extinção, ainda que somente no local da
infração;

Em período proibido à caça;

Durante a noite;

Com abuso de licença;

Em unidade de conservação;

Com emprego de métodos ou instrumentos capazes de provocar destruição em massa.

A pena, contudo, é aumentada até o triplo, se o crime decorre do exercício de caça


profissional.

Pelo Artigo 30 tem-se que:

Art. 30- Exportar para o exterior peles e couros de anfíbios e répteis em bruto, sem a
autorização da autoridade ambiental competente:

Pena - Reclusão, de um a três anos, e multa.

Edis Milaré, ao analisar o dispositivo acima mencionado assim afirma:


"Exportar (do latim exportare) significa mandar transportar para fora de um país, estado ou
município. Ao utilizar a expressão exportar para o exterior, o legislador, se não foi redundante
porque apoiado nos léxicos, como visto, foi imprevidente ao deixar descobertas aquelas
práticas tão conhecidas de comercio interno de peles e couros de anfíbios e répteis originários
dos mais variados rincões, como o Pantanal e o Norte do País. Sirva de exemplo ocorrência
noticiada pelo Jornal do Brasil, envolvendo um casal de brasileiros, de Manaus- AM, que trazia
duas caixas de papelão com seis iguanas e duas jibóias originarias da Floresta Amazônica (...)

Diz ainda que a pena prometida para o indigitado comportamento- reclusão, de um a três anos
e multa, não guarda nenhuma relação de proporcionalidade com prática semelhante
relacionada com exportação de produtos e objetos confeccionados com peles e couros
daqueles espécimes, como por exemplo, cintos, bolsas e sapatos, conforme descrito no Artigo
29, § 1º, III, cuja sanção não vai além de seis meses a um ano de detenção e multa."

Segundo o Artigo 32, é considerado crime a prática de ato de abuso, maus-tratos, bem como,
ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos, cuja pena
é de detenção, de três meses a um ano, e multa.

Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal vivo, ainda
que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos, sendo que a
pena é aumentada de um sexto a um terço, se ocorre morte do animal.

Provocar, pela emissão de efluentes ou carregamento de materiais, o perecimento de


espécimes da fauna aquática existentes em rios, lagos, açudes, lagoas, baías ou águas
jurisdicionais brasileiras é crime estipulado pelo Artigo 33 da LCA, cuja pena é a detenção, de
um a três anos, ou multa, ou ambas cumulativamente.

Todavia, incorre nas mesmas penas:

Quem causa degradação em viveiros, açudes ou estações de aqüicultura de domínio público;

Quem explora campos naturais de invertebrados aquáticos e algas, sem licença, permissão ou
autorização da autoridade competente;

Quem fundeia embarcações ou lança detritos de qualquer natureza sobre bancos de moluscos
ou corais, devidamente demarcados em carta náutica.

Pelo Artigo 34 é considerado crime a atividade de pesca em período no qual seja proibida ou
em lugares interditados por órgão competente, sendo os infratores apenados com sanções de
detenção de um ano a três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Incorre nas mesmas penas quem:

- Pescam espécies que devam ser preservadas ou espécimes com tamanhos inferiores aos
permitidos;

- Pescam quantidades superiores às permitidas, ou mediante a utilização de aparelhos,


petrechos, técnicas e métodos não permitidos;
- Transporta, comercializa, beneficia ou industrializa espécimes provenientes da coleta, apanha
e pescas proibidas.

Ainda é considerado crime, punido com pena de reclusão de um a cinco anos, a pesca
mediante a utilização de:

Explosivos ou substâncias que, em contato com a água, produzam efeito semelhante;

Substâncias tóxicas, ou outro meio proibido pela autoridade competente:

Cabe dizer que para os efeitos desta Lei, considera-se pesca todo ato tendente a retirar,
extrair, coletar, apanhar, apreender ou capturar espécimes dos grupos dos peixes, crustáceos,
moluscos e vegetais hidróbios, suscetíveis ou não de aproveitamento econômico ressalvado as
espécies ameaçadas de extinção, constantes nas listas oficiais da fauna e da flora.

Por fim, o Artigo 37, estipulou não se tratar de crime o abate de animal, quando realizado:

Em estado de necessidade, para saciar a fome do agente ou de sua família;

Para proteger lavouras, pomares e rebanhos da ação predatória ou destruidora de animais,


desde que legal e expressamente autorizado pela autoridade competente;

Por ser nocivo o animal, desde que assim caracterizado pelo órgão competente.

4º) Curso: Crimes Ambientais em Espécie- Módulo II: Crimes contra a Flora

Veja um trecho do Curso que você estudará agora:

"À Seção II do Capitulo V, onde estão localizados os crimes contra a flora, destinou o
Legislador, quinze Artigos tipificando as condutas e atividades lesivas contra as Unidades de
Conservação, de Proteção Integral e as de Usos Sustentável, incluindo as Reservas Biológicas,
as Estações Ecológicas, os Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, os Monumentos
Naturais, os Refúgios da Vida Silvestre, as Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, as Áreas
de Proteção Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Reservas Extrativistas, as
Reservas da Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável, as Reservas Particulares do
Patrimônio Natural ou outras a serem criadas pelo Poder Público."

1 - Os Crimes Ambientais em Espécie- Módulo II

1.1 - Considerações Iniciais


Dando prosseguimento ao estudo sistemático da Lei dos Crimes Ambientais, trataremos agora
dos Crimes contra a Flora, estes disciplinados a partir do Artigo 38.

A Seção II do Capitulo V, onde estão localizados os crimes contra a flora, destinou o Legislador,
quinze Artigos tipificando as condutas e atividades lesivas contra as Unidades de Conservação,
de Proteção Integral e as de Usos Sustentável, incluindo as Reservas Biológicas, as Estações
Ecológicas, os Parques Nacionais, Estaduais e Municipais, os Monumentos Naturais, os
Refúgios da Vida Silvestre, as Florestas Nacionais, Estaduais e Municipais, as Áreas de Proteção
Ambiental, as Áreas de Relevante Interesse Ecológico, as Reservas Extrativistas, as Reservas da
Fauna, as Reservas de Desenvolvimento Sustentável, as Reservas Particulares do Patrimônio
Natural ou outras a serem criadas pelo Poder Público.

Conforme a Lei 9.985/ 2000, a popular Lei do SNUC (Sistema Nacional de Unidades de
Conservação), as unidades de conservação são tidas como o espaço territorial e seus recursos
ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes,
legalmente instituídas pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos,
sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.

Seguem abaixo outros conceitos importantes dentro do estudo da flora, entretanto, aqui
abordados de modo extremamente superficial.

O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de unidade
de conservação:

- Estação Ecológica;

- Reserva Biológica;

- Parque Nacional;

- Monumento Natural;

- Refúgio de Vida Silvestre.

Constituem o Grupo das Unidades de Uso Sustentável as seguintes categorias de unidade de


conservação:

- Área de Proteção Ambiental;

- Área de Relevante Interesse Ecológico;

- Floresta Nacional;

- Reserva Extrativista;

- Reserva de Fauna;

- Reserva de Desenvolvimento Sustentável;

- Reserva Particular do Patrimônio Natural.

A Proteção Integral é tida como a manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas
por interferência humana, admitido apenas o uso indireto dos seus atributos naturais.

O uso sustentável se consubstancia na exploração do ambiente de maneira a garantir a


perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a
biodiversidade e os demais atributos ecológicos, de forma socialmente justa e
economicamente viável;

A Reserva Biológica tem como objetivo a preservação integral da biota e demais atributos
naturais existentes em seus limites, sem interferência humana direta ou modificações
ambientais, excetuando-se as medidas de recuperação de seus ecossistemas alterados e as
ações de manejo necessárias para recuperar e preservar o equilíbrio natural, a diversidade
biológica e os processos ecológicos naturais.

A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas


científicas.

Quanto aos Parques Nacionais, possuem o objetivo básico de garantir a preservação de


ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a
realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e
interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico.
Cabe lembrar que as unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município,
serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal.

Já o Monumento Natural tem como objetivo básico preservar sítios naturais raros, singulares
ou de grande beleza cênica.

O Refúgio de Vida Silvestre tem como objetivo proteger ambientes naturais onde se
asseguram condições para a existência ou reprodução de espécies ou comunidades da flora
local e da fauna residente ou migratória.

A Floresta Nacional é uma área com cobertura florestal de espécies predominantemente


nativas e tem como objetivo básico o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a
pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas,
sendo que a unidade desta categoria, quando criada pelo Estado ou Município, será
denominada, respectivamente, Floresta Estadual e Floresta Municipal.

A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com certo grau de ocupação
humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente
importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como
objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e
assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais

A Área de Relevante Interesse Ecológico é uma área em geral de pequena extensão, com
pouca ou nenhuma ocupação humana, com características naturais extraordinárias ou que
abriga exemplares raros da biota regional, e tem como objetivo manter os ecossistemas
naturais de importância regional ou local e regular o uso admissível dessas áreas, de modo a
compatibilizá-lo com os objetivos de conservação da natureza.

A Reserva Extrativista é uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja
subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e
na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de
vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da
unidade.

A Reserva de Fauna é uma área natural com populações animais de espécies nativas, terrestres
ou aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos técnico-científicos sobre o
manejo econômico sustentável de recursos faunísticos.
A Reserva de Desenvolvimento Sustentável é uma área natural que abriga populações
tradicionais, cuja existência baseia-se em sistemas sustentáveis de exploração dos recursos
naturais, desenvolvidos ao longo de gerações e adaptados às condições ecológicas locais e que
desempenham um papel fundamental na proteção da natureza e na manutenção da
diversidade biológica.

A Reserva Particular do Patrimônio Natural é uma área privada, gravada com perpetuidade,
com o objetivo de conservar a diversidade biológica.

1.2 - Os Crimes contra a Flora


Quem destrói ou danifica floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em
formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção ambiental comete crime
ambiental, previsto no Artigo 38 da LCA e pode ser penalizado com sanção que varia de
detenção, de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Se o crime for culposo, a pena será reduzida à metade.

Assim entendeu o Desembargador Armando Freire (TJMG), no processo 1.0334.03.000365-4/


001, cuja decisão foi publicada em 19/04/2005:

APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME AMBIENTAL. DESMATAMENTO. ARTIGO 38 DA LEI 9.605/98.


INTERPRETAÇÃO DA NORMA. PROVA DA AUTORIA E MATERIALIDADE. ABSOLVIÇÃO
REJEITADA. CONDIÇÕES FINANCEIRAS DO ACUSADO. REDUÇÃO MÍNIMA DA MULTA.
REFORMA PARCIAL DA SENTENÇA. Constitui crime tipificado no artigo 38 da Lei 9.605/98,
"destruir ou danificar floresta considerada de preservação permanente, mesmo que em
formação, ou utilizá-la com infringência das normas de proteção". Não há que se estreitar o
alcance das expressões destruírem ou danificar floresta e utilizá-la com infringência das
normas de proteção, contidas no artigo 38 da Lei nº 9.605/98. A interpretação de tais
expressões deve transcender os moldes gramaticais e se aperfeiçoar em prol da efetividade
que merece a proteção ao meio ambiente, consoante previsão constitucional, sem se
descuidar do princípio da legalidade. A norma do artigo 38 da Lei nº 9.605/98, prevê a pena de
detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. A multa
será calculada segundo os critérios do Código Penal (art. 18). E o Código Penal estabelece, em
seu art. 60 que, na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação
econômica do réu. O montante do prejuízo também deve ser considerado, para o fim de se
obter a quantificação da multa, conforme previsto no artigo 19 da mesma Lei nº 9.605/98.

Mas, se o agente destrói ou danifica a vegetação primária ou secundária, em estágio avançado


ou médio de regeneração, do Bioma Mata Atlântica, ou utilizá-la com infringência das normas
de proteção incorrerá na pena de detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, ou multa, ou ambas as
penas cumulativamente, sendo certo que tal qual ocorre na primeira situação, se o crime for
culposo, a pena será reduzida à metade.

Também está a praticar crime o agente que cortar árvores em floresta considerada de
preservação permanente, sem permissão da autoridade competente, cuja pena é de detenção,
de um a três anos, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.
Em decisão publicada em 24/05/2007, a Desembargadora Márcia Milanez, no Processo nº
1.0303.06.000478-3/001, entendeu que:

APELAÇÃO CRIMINAL - CRIME AMBIENTAL - ART. 39 DA LEI 9.605/98 - ABSOLVIÇÃO -


INADMISSIBILIDADE EM RELAÇÃO AO PRIMEIRO APELANTE - MATERIALIDADE E AUTORIA
DEVIDAMENTE COMPROVADAS - POSSIBILIDADE NO TOCANTE AO SEGUNDO APELANTE -
INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA - DESCLASSIFICAÇÃO PARA O TIPO PENAL PREVISTO
NO ART. 48 DA LEI 9.605/98 - DESCABIMENTO - RECURSOS CONHECIDOS, DESPROVIDO O DO
PRIMEIRO APELANTE E PROVIDO O DO SEGUNDO. Cortar árvores em floresta considerada de
preservação permanente, sem permissão da autoridade competente constitui crime tipificado
no artigo 39 da Lei 9.605/98, pelo que, havendo efetivamente o desmatamento, não há que se
falar em desclassificação para o disposto no art. 48 do mesmo estatuto legal. Merece guarida a
pretensão absolutória, quando o agente contribui para a prática criminosa obedecendo a uma
ordem expressa do patrão, proprietário da fazenda, não havendo como exigir-lhe conduta
diversa, haja vista a ameaça, ainda que implícita, de perder o emprego.

Se o infrator causar com sua conduta dano direto ou indireto às Unidades de Conservação e às
áreas de que trata o art. 27 do Decreto nº 99.274, de 6 de junho de 1990, independentemente
de sua localização será o mesmo apenado com reclusão de um a cinco anos.

Mas, se o dano acaba por afetar espécies ameaçadas de extinção no interior das Unidades de
Conservação de Proteção Integral será considerada circunstância agravante para a fixação da
pena.

Comum na estação seca, os incêndios provocados em matas ou florestas, estes também


considerados crimes, com pena de reclusão, de dois a quatro anos, e multa.

Em se tratando de crime culposo, a pena é de detenção de seis meses a um ano, e multa.

De acordo com o Artigo 42 da Lei dos Crimes Ambientais, fabricar, vender, transportar ou
soltar balões que possam provocar incêndios nas florestas e demais formas de vegetação, em
áreas urbanas ou qualquer tipo de assentamento humano, prática bastante comum por
ocasião das festividades juninas, é também crime ambiental, cuja pena é de detenção de um a
três anos ou multa, ou ambas as penas cumulativamente.

Se o agente infrator extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação


permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais, será o
mesmo apenado com detenção, de seis meses a um ano, e multa.

O Artigo 45 estabelece que corte ou transformar em carvão madeira de lei, assim classificada
por ato do Poder Público, para fins industriais, energéticos ou para qualquer outra exploração,
econômicos ou não, em desacordo com as determinações legais, enseja a pena de reclusão de
um a dois anos, e multa.

Quem recebe ou adquire para fins comerciais ou industriais, madeira, lenha, carvão e outros
produtos de origem vegetal, sem exigir a exibição de licença do vendedor, outorgada pela
autoridade competente, e sem munir-se da via que deverá acompanhar o produto até final
beneficiamento é apenado com detenção, de seis meses a um ano, e multa.
Incorre nas mesmas penas quem vende, expõe à venda, tem em depósito, transporta ou
guarda madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal, sem licença válida para
todo o tempo da viagem ou do armazenamento, outorgada pela autoridade competente.

Impedir ou dificultar a regeneração natural de florestas e demais formas de vegetação é


conduta típica, cuja pena prevista no Artigo 48 é a detenção, de seis meses a um ano, e multa.

É também punido com detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas
cumulativamente, quem destrói, danifica, lesa ou maltrata, por qualquer modo ou meio,
plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia:

Sendo o crime culposo, a pena é de um a seis meses, ou multa.

Destruir ou danificar florestas nativas ou plantadas ou vegetação fixadora de dunas, protetora


de mangues, objeto de especial preservação, enseja pena de detenção, de três meses a um
ano, e multa.

Desmatar, explorar economicamente ou degradar floresta, plantada ou nativa, em terras de


domínio público ou devolutas, sem autorização do órgão competente é conduta típica
apenada com reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos e multa, salvo se a conduta praticada
quando necessária à subsistência imediata pessoal do agente ou de sua família.

Sendo a área explorada superior a 1.000 ha (mil hectares), a pena será aumentada de 1 (um)
ano por milhar de hectare.

A comercialização de motosserra, bem como a sua utilização em florestas e nas demais formas
de vegetação, sem licença ou registro da autoridade competente é crime ambiental definido
no Artigo 51 da Lei, cuja pena é a detenção, de três meses a um ano, e multa.

Incorre em crime ambiental aquele que penetra em Unidades de Conservação conduzindo


substâncias ou instrumentos próprios para caça ou para exploração de produtos ou
subprodutos florestais, sem licença da autoridade competente. Tal crime é punido com
detenção, de seis meses a um ano, e multa.

O Artigo 53, ao contrário dos demais crimes previstos nesta Seção, trata das causas especiais
de aumento de pena, sendo a mesma é aumentada de um sexto a um terço se:

I - do fato resulta a diminuição de águas naturais, a erosão do solo ou a modificação do regime


climático;

II - o crime é cometido:

a) no período de queda das sementes;

b) no período de formação de vegetações;

c) contra espécies raras ou ameaçadas de extinção, ainda que a ameaça ocorra somente no
local da infração;

d) em época de seca ou inundação;


e) durante a noite, em domingo ou feriado.

5º) Curso: Crimes Ambientais em Espécie- Módulo III: Crimes de Poluição

Veja um trecho do Curso que você estudará agora:

"A conduta punível do crime de poluição, tal qual aponta o Artigo supramencionado é dar
causa à poluição de qualquer natureza ou tipo (poluição atmosférica, poluição do solo,
poluição sonora, poluição hídrica e poluição visual) e em níveis que resultem em danos à saúde
humana, mortandade de animais e destruição da flora."

1 - Os Crimes Ambientais em Espécie- Módulo III: Crimes de Poluição

1.1 - Considerações Iniciais:


Dos estudos anteriormente realizados sobre a parte introdutória do direito penal ambiental,
talvez o leitor possa se encontrar em dúvida no que pertence à competência para legislar
sobre o direito penal ambiental. Portanto, antes de adentrar nos crimes de poluição,
propriamente ditos, um parêntese acerca da competência para legislar sobre o direito penal
ambiental.

Em seu artigo 22, inciso I, estabelece a Constituição Federal ser de competência privativa da
União, legislar sobre Direito Penal.

Art. 22- Compete privativamente à União, legislar sobre:

I- Direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico,


espacial e do trabalho.

II- Legislar sobre direito penal significa estabelecer quais são as atividades
consideradas criminosas pelo Estado, e, portanto, repudiadas pela sociedade, bem
como, quais serão as penas imputadas àqueles que praticam condutas
consideradas criminosas.

Como estudado no Curso Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais- Módulo II, tanto os
crimes como as penas devem estar estabelecidos na lei, sob pena de infringir o Principio da
Legalidade ou da Reserva Legal.

Nesse sentido, o ilustre Professor Paulo Affonso Leme Machado aponta que:

"Ao definir o direito penal ambiental na lei federal, o crime nela previsto pode depender, para
sua integração de lei estadual. Parece-me que não há ofensa ao Artigo 22, I, da Constituição
Federal, pois a mesma constituição federal prevê a competência concorrente para legislar
sobre a proteção do meio ambiente e controle da poluição para a União, os Estados e o distrito
Federal, segundo o Artigo 24, "caput" e inciso VI). Plenamente aceitável que as leis estaduais
venham integrar o tipo penal, pois a União limitar-se-á a estabelecer normas gerais de meio
ambiente (Artigo 24, VI e § 1º), não excluindo a competência suplementar ambiental dos
Estados (Artigo. 24, § 2º)".

Art. 24- Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre:
V- Floretas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos
recursos naturais, proteção ao meio ambiente e controle da poluição;

§ 1º- No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a


estabelecer normas gerais.

§ 2º- A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência
suplementar dos Estados.

Feitas essas observações iniciais, passemos a análise dos crimes de poluição.

1.2 - O conceito de poluição


Poluir, do latim, "polluere", quer significar manchar; conspurcar; macular; corromper;
perverter; profanar; sujar e contaminar o ambiente com produtos resultantes da atividade
humana.

O conceito legal de poluição, diz o inciso III, do Artigo 3º, da Lei da Política Nacional de Meio
Ambiente (PNMA), Lei 6.938/81, é a degradação da qualidade ambiental resultante de
atividades que direta ou indiretamente prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da
população ou que criem condições adversas às atividades sociais e econômicas, bem como as
atividades que afetem desfavoravelmente a biota ou as condições estéticas ou sanitárias do
meio ambiente, e, ainda lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
ambientais pré-estabelecidos pela legislação.

1.2.1 - Classificação da poluição


Uma vez conhecido o conceito de poluição, pode-se estabelecer como exemplos da mesma:

a) Despejar resíduos sólidos, líquidos ou gasosos no ar, nas águas e no solo, causando danos à
saúde humana, a mortandade de animais e a destruição da flora;

b) Despejar detritos (óleos ou substancias oleosas) no ar, nas águas e no solo, causando danos
à saúde humana, a mortandade de animais e a destruição da flora.

Considerando ainda:

Poluição hídrica: Toda modificação de características do meio ambiente aquático, de modo a


torná-lo impróprios às formas de vida que normalmente abriga.

Poluição atmosférica: Lançamento, num ecossistema, de agentes poluidores como gases,


fumaça, poeira, provocando sérios problemas para o equilíbrio ecológico e,
conseqüentemente, para a vida humana: efeito estufa, chuvas acidas, alterações
meteorológicas descabidas, etc.

Poluição do solo: Despejo junto ao solo de detritos sólidos ou líquidos, material orgânico ou
inorgânico, causando poluição no solo e no subsolo, incluindo também o lençol freático;

Poluição sonora: Toda vibração emitida acima dos níveis suportáveis pelo ser humano,
causando lesões no sentido auditivo;
Poluição Visual: Alteração exterior do meio ambiente através de colocação de engenhos
publicitários em lugares inapropriados.

Na biosfera, esta por sua vez entendida como um sistema integrado de organismos vivos e
seus suportes, que compreendem o planeta Terra, inclusive no que tange à atmosfera
circundante, estendendo-se para cima e para baixo, até aonde exista, de modo natural, de
qualquer forma de vida, a poluição pode ser enquadrada nas seguintes categorias:

Poluição pelos detritos industriais;

Poluição pelos pesticidas;

Poluição por queimadas;

Poluição radioativa;

Poluição por ondas eletromagnéticas.

1.3 - O crime de poluição


O crime de poluição está previsto no Artigo 54 da Lei dos Crimes Ambientais.

Art. 54- Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar
em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou destruição
significativa da flora.

Pena - Reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º - Se o crime é culposo:

Pena - Detenção, de seis meses a um ano, e multa.

§ 2º- Se o crime:

I - Tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;

II - Causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos
habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;

III - Causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de
água de uma comunidade;

IV - Dificultar ou impedir o uso público das praias;

V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou


substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:

Pena - Reclusão, de um a cinco anos.

§ 3º- Incorrem nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar,
quando assim exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de
dano ambiental grave ou irreversível.
A conduta punível do crime de poluição, tal qual aponta o Artigo supramencionado é dar causa
à poluição de qualquer natureza ou tipo (poluição atmosférica, poluição do solo, poluição
sonora, poluição hídrica e poluição visual) e em níveis que resultem em danos à saúde
humana, mortandade de animais e destruição da flora.

Os danos à saúde humana, a mortandade de animais e a destruição da flora forma protegidos


com bastante intensidade no Artigo 54, vez que visa resguardar o direito constitucional à sadia
qualidade de vida, celebrado no Artigo 225 da Constituição Federal, como veremos adiante.

Tanto as pessoas físicas quanto as pessoas jurídicas podem ser sujeitos ativos do crime de
poluição.

Entretanto, da análise do Artigo 54 da LCA, surgem algumas observações:

O comportamento do poluidor (infrator ambiental que comete o crime de poluição) pode ser
configurado de forma simples, esta prevista no "caput" do Artigo 54 da LCA;

O comportamento do poluidor pode ser configurado nas formas qualificadas previstas no § 2º


do Artigo 54 da LCA;

O comportamento do poluidor pode ser configurado a partir da análise de outros artigos.

Corroborando com o que foi estudado, passemos a análise jurisprudencial.

APELAÇÃO CRIMINAL - CRIME AMBIENTAL - RECEPTAÇÃO QUALIFICADA - ABSOLVIÇÕES


MANTIDAS - DESPROVIMENTO.

- À determinação da tipicidade do crime previsto no art. 54, §2º, V da Lei 9.605/98, não
bastará lançar resíduos sólidos em desacordo às exigências legais como determina o inciso,
mas atender ao comando do caput, gerando dano à saúde ou a mortandade de animais ou
mesmo a destruição significativa de flora. O simples depósito de sólidos em área de
preservação permanente não basta à tipicidade da conduta. - Impõe-se a absolvição do
acusado pela prática de receptação qualificada se não restam comprovados a materialidade
delitiva e o dolo específico da conduta a ele imputada. - Nos termos da Súmula nº 423 do STF,
não se aplica, na segunda instância, os institutos jurídicos do art.384 do CPP.

(TJMG- Processo: 1.0281.02.001779-0/001, Desembargador Walter Pinto da Rocha,


16/01/2008).

Em outra decisão:

APELAÇÃO CRIMINAL - CRIME AMBIENTAL - ARTIGO 54 DA LEI N. 9.605/98 - CRIME DE


NATUREZA MATERIAL - PROVA INSUFICIENTE A RESPEITO DA PRÁTICA DELITUOSA.

Por se tratar de crime de natureza material, o aperfeiçoamento do tipo descrito no artigo 54


da Lei 9.605/98 exige a demonstração da existência de efetiva situação de perigo ou dano à
saúde humana, bem como da destruição de animais ou flora, o que deve ser evidenciado
através de prova pericial específico.
(TJMG- Processo: 1.0637.03.021559-3/001, Desembargadora Beatriz Pinheiro Caires,
16/01/2008).

Para o Professor Paulo Affonso Leme Machado, o "caput" do Artigo 54 pode ser estudado sob
dois pontos de vista distintos, já que em sua primeira parte estão descritos os crimes de
resultado e o crime de perigo. E exemplifica: É crime causar poluição em níveis tais que
resultem danos à saúde humana, como, também é crime causar poluição que possam resultar
danos à saúde humana.

Na segunda parte do Artigo 54, diz o mestre, é considerado crime causar poluição em níveis
que provoquem a mortandade de animais ou a destruição significativa da flora, não ficando
caracterizado o crime de perigo e excluindo a fauna aquática, por seu turno protegida pelo que
reza o Artigo 33 da Lei.

A poluição causada (crime de resultado) ou que possa ser causada (crime de perigo) é apurado
no inquérito policial ou no processo penal.

O inquérito civil tem sua relevância por fornecer à autoridade dados importantes para os
esclarecimentos acerca da autoria e da materialidade do crime.

1.3.1 - Crime de poluição qualificado


A qualificadora do crime de poluição está prevista no § 2º do Artigo 54 da LCA, onde o
legislador contemplou cinco hipóteses distintas, cuja pena será a reclusão, de um a cinco anos.
Vale lembrar que de acordo com o caso concreto, o poluidor poderá ser apenado por uma
pena restritiva de direitos, em substituição à pena privativa de liberdade, conforme estudado
nos cursos sobre Introdução ao Estudo dos Crimes Ambientais.

De se notar que a multa não foi prevista, como também não são admitidas as formas culposas
de tal crime.

Logo, o crime será punido na forma dolosa quando o agente quis o resultado ou assumiu o
risco de produzi-lo.

1.3.2 - Proteção das áreas urbanas e rurais para a ocupação humana


Diz o Artigo 54, § 2º, I que é crime causar poluição que torne uma área urbana ou rural
inapropriada para a ocupação humana.

Assim, mesmo que haja uma posterior reparação do dano, o fato de tornar a área inadequada
para a ocupação, por si, já consuma o crime.

1.3.3 - Poluição atmosférica qualificada


Segundo o Artigo 54, § 2º, II, causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que
momentânea, dos habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da
população.

Entretanto, não é necessário para a configuração deste tipo penal que a poluição atmosférica
tenha provocado danos à saúde, bastando apenas à existência de perigo sério de ocorrer o
evento danoso.
Cabe dizer ainda que a saída dos habitantes pode se dar por interveniência do Poder Público
ou por decisão do grupo de moradores.

1.3.4 - Poluição hídrica qualificada


Diz o § 2º, inciso II, do Artigo 54 da LCA que causar poluição hídrica que conduza a interrupção
do abastecimento público de água para uma determinada comunidade constitui crime
qualificado.

A interrupção do abastecimento será configurada ainda que ocorra por poucas horas, tendo
em vista que para a ocorrência deste crime não se faz necessário de que a poluição tenha
causado danos à saúde humana, mas somente o fato interrupção do abastecimento de água.

6º) Curso: Modelos de Termo de Ajustamento Conduta- TAC

Finalizando essa etapa, gostaria de lhe apresentar alguns modelos de Termo de Ajustamento
de Conduta- TAC.

O TAC é um acordo extrajudicial, firmado geralmente entre o representante do Ministério


Público ou qualquer outro órgão público, desde que legitimado para propor a Ação Civil
Pública e o interessado, por ocasião do inquérito civil ou procedimento avulso, afim de que a
Ação Civil Pública seja evitada.

Por que verificar isso agora?

Pelo simples fato: o cometimento de um crime ambiental enseja, via de regra, a confecção de
um TAC.

Vamos agora verificar alguns modelos de termos de ajustamento de conduta: um deles


tratando da proteção de animais submetidos a maus tratos e outro por ocasião de poluição
sonora, decorrente de cultos religiosos.

Termo de Ajustamento de Conduta/ Proteção à Animais- Maus Tratos

TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA AMBIENTAL/ PROTEÇÃO À


ANIMAIS- MAUS TRATOS
Aos...... dias do mês de ..................... de 2006, comparecem a este ato o
................................................... (Órgão Público legitimado) e a Prefeitura Municipal de
.............................., na condição de compromissada, neste ato representada pelo
Excelentíssimo Senhor ......................., Prefeito Municipal, sendo que esta, tomando ciência do
teor das investigações das investigações levadas a efeito nos autos do procedimento nº xxxx,
relacionado à PRÀTICA DE ATIVIDADES DE MAUS TRATOS A ANIMAIS NESTE MUNICIPIO,
pretendendo ajustar- se aos regramentos legais, evitando com isso sujeição ao pólo passivo
em sede de Ação Civil Publica de que trata a Lei 7347/85, firma o presente titulo extrajudicial,
à luz do que dispõe o § 6º, do Art. 5º do referido estatuto, e o inciso II, do Art. 585 do CPC,
bem como nos Artigos. 127 e 129 da Constituição Federal, Art. 91 da Constituição do Estado de
São Paulo, na Declaração dos Direitos dos Animais, na Lei 6938/81, na Lei 9605/98 e na Lei
Orgânica do Município de ......................., nos seguintes termos:
A Prefeitura Municipal de............................ firma o presente compromisso de
ajustamento de conduta, se responsabilizando em:

1 - Obrigação de não fazer: proibição de morte de animais no Serviço de Controle de


Zoonoses, através da Câmara de gás ou de qualquer outro meio que possa causar
demora e sofrimento no sacrifício dos animais. A morte dos animais deverá se dar
imediatamente, com a aplicação de barbitúricos.

2 - Obrigação de não fazer: proibição de morte de animais que não sejam nocivos à saúde
e à segurança de seres humanos, bem como de animais que não estejam em fase
de doença terminal ou que não apresentem quadro reversível de saúde (eutanásia
imediata).

3 - Obrigação de não fazer: proibição de captura de animais que não sejam nocivos à saúde
e à segurança de seres humanos, e de animais que não apresentem quadro
reversível de saúde (eutanásia), salvo na captura de animais recolhidos para
vacinação, tratamento médico e castração.

4 - Obrigação de fazer: efetuar o controle de população felina e canina do Município


de............................... Através de implantação de procedimentos cirúrgico de
castração no Serviços de Zoonoses, serviço essencial à saúde pública e que deverá
ser mantido de forma permanente, no mínimo, uma vez por semana, à disposição
da população comprovadamente carente e das entidades de proteção animal. Nos
demais dias úteis da semana, a Municipalidade procederá à castração dos animais
de rua. Com relação ao atendimento da população de baixa renda da periferia, ao
menos uma vez por mês, a municipalidade manterá o atendimento de castração
na própria localidade. Das entidades de proteção animal e da população de baixa
renda não poderão ser cobradas quaisquer quantias para a realização da
castração. O Centro de Controle de Zoonoses deverá proceder à castração de, no
mínimo............................ Animais por mês. Prazo: 90 dias.

5 - Obrigação de fazer: nos casos de necessidade de sacrifício de qualquer animal no


Serviço de Controle de Zoonoses, a emissão de laudo médico veterinário que
deverá ser assinado pelo médico veterinário executor do ato, atestando as
características do animal, o seu estado de saúde e a causa da necessidade da
morte do animal, a qual somente poderá ter como fundamento a nocividade à
saúde pública ou a eutanásia. Prazo para a implantação: 30 (trinta) dias.

6 - Obrigação de fazer: treinamento trimestral com acompanhamento de entidade da


sociedade civil de proteção de animais, de todos os funcionários do Serviço de
Controle de Zoonoses do Município de ........................., de forma didática, para
que adquiram técnica e conhecimento adequado ao exercício de suas funções, de
modo a evitar a prática de crimes de maus tratos e prevenir a ocorrência de
sofrimento desnecessário à animais apreendidos e sob a sua guarda. Neste
treinamento, obriga-se a municipalidade a implantar normas de procedimentos de
triagem de animais capturados. Prazo para implantação: 60 (sessenta) dias.
7 - Obrigação de fazer: implantação de campanhas trimestrais e periódicas sob o
acompanhamento das entidades de proteção animal, informando à população a
respeito de posse responsável de animais, necessidade de vacinação periódica, e
controle de zoonoses, através de castração. Prazo para implementação: 90
(noventa) dias.

8 - Obrigação de fazer: implantação de serviço de atendimento medico veterinário


gratuito, de modo a atender no mínimo de dez consultas diárias; e de
programação de castração, vacinação contra raiva e óctupla (V8), bem como,
vermifugação de animais a toda a população de baixa renda. Prazo para
implementação: 30 (trinta) dias.

9 - Obrigação de fazer: implantação de serviço de registro de animais (felinos e caninos;


inclusive de rua) e de concessão de licenças aos proprietários de animais no
município anualmente, mediante a comprovação de estarem vacinados contra a
raiva e leptospirose de que as taxas previstas de acordo com a legislação municipal
tenham sido recolhidas, salvo nos casos de gratuidade. Fixa o prazo de 30 (trinta)
dias para que a Municipalidade apresente à Câmara..............................., o projeto
de lei para instituir a forma de imposição das penalidades pecuniárias e instituir o
preço público e outras sanções administrativas. Após a entrada em vigor da lei,
esta obrigação referente aos animais com dono será de prazo imediato.

10 - Obrigação de fazer: imposição de penalidades pecuniárias administrativas e cassação


de licenças concedidas a proprietários, em caso de abandono, maus tratos e
quaisquer condutas irresponsáveis (negligentes, imprudentes ou dolosas) de
proprietários com seus animais. O recolhimento de multas decorrentes da
atividade de controle e fiscalização, bem como taxas de registro e de licença
recolhidas ao erário, como parte do Fundo Municipal de Saúde e,
preferencialmente, serem revertidas no financiamento das atividades de controle,
manejo e alojamento de animais apreendidos em vias públicas ou mantidos em
observação clinica em canis de isolamento. Prazo para implantação: 180 (cento e
oitenta) dias.

11 - Obrigação de fazer: deverá a Municipalidade, após observação clinica do animal


apreendido, por tempo razoável, atestando dois médicos veterinários do Serviço
de Controle de Zoonoses que o mesmo não apresenta qualquer nocividade à saúde
pública e tampouco apresenta necessidade de ser eutanasiado, encaminhá-lo a
tratamento medico adequados, castração, vacinação, vermifugação e registro,
inserindo-o no programa de doação. Caso decorrido o prazo razoável, conforme
orientação técnica veterinária e com acompanhamento de entidade de proteção
animal, não seja o animal encaminhado à doação, inseri-lo no meio da comunidade
local, dando preferência à localidade de sua origem. Prazo de implementação: 60
(sessenta) dias.

12 - Obrigação de fazer: higienização de ambientes, celas e veículos do Serviço de Controle


de Zoonoses, mantendo o ambiente adequado e livre de infecções, bem como,
permitindo a exposição diária do animal sob a guarda da municipalidade, ao sol.
No que tange à higienização das celas, a mesma deverá ser feita, além dos
procedimentos regulares, através do método denominado “vassoura de fogo”.
Prazo: 30 (trinta) dias.

13 - Obrigação de fazer: manutenção adequada de ração de boa qualidade e própria para


consumo dos animais abrigados pela Municipalidade, e água potável, através do
tratamento diário dos animais abrigados. Prazo: imediato.

14 - Obrigação de fazer: destinação adequada de carcaças e resíduos de saúde animal,


providenciando para que tenham o mesmo destino dos resíduos hospitalares e de
saúde do Município de........................., vedado, de qualquer forma, o destino do
aterro sanitário. Prazo: imediato.

15 - Obrigação de fazer: implantar sistema de fiscalização de estabelecimentos que


comercializam animais, de modo que:

• Sejam mantidas instalações adequadas à permanência de animais;

• Haja o fornecimento de água potável e alimento adequado aos animais, nas


quantidades recomendadas para as idades e as respectivas espécies;

• Haja diária remoção de resíduos dos compartimentos destinados aos animais em


referidos estabelecimentos e suas instalações, inclusive nas denominadas
feiras de exposição e de venda de animais;

• As instalações deverão ser providas em dimensões adequadas aos animais,


sendo que os compartimentos de permanência de cães e gatos não poderão
ser inferiores a um metro de largura, 0,80 m de altura e 0,80 m de
profundidade, por animal, calculando-se um acréscimo de metade da área
equivalente, por animal excedente. As dimensões dos compartimentos
destinados à permanência de aves não poderão ser inferiores a 0,80m de
largura, 0,60 m de altura e 0,60 m de profundidade, por ave, calculando- se
um acréscimo de um terço da área equivalente, por ave excedente.

• Não ocorra sobreposição de compartimentos destinados à permanência de cães


e gatos;

• Seja proibida a permanência de animais em compartimento no interior das casas


comerciais e instalações de feiras de exposições, durante os períodos em que
não estejam em funcionamento;

Para tanto, a municipalidade se obriga a utilizar dos meios administrativos


necessários à correta realização do Poder de Polícia da fiscalização, através da
imposição de advertência, multas e cassação do alvará de funcionamento e
localização. Prazo para a implantação: 30 (trinta) dias.

16 - Obrigação de fazer: proibição de concessão de alvará para funcionamento de


exposição em estabelecimentos comerciais e em feiras, de animais doentes,
debilitados ou em condições precárias de higiene. Em se tratando de cães e gatos,
e obrigatória a observância de idade mínima para o desmame, para posterior
comercialização. É também obrigatória a apresentação, quando da venda, de laudo
atestando a saúde dos animais, devidamente assinado por medico veterinário e
comprovação de vacina atualizada. Prazo: imediato.

17 - Obrigação de fazer: destinar espaço diário para o exercício de entidades da sociedade


civil com finalidade de proteção animal no Serviço de Controle de Zoonoses do
Município de............................. . Prazo: imediato.

18 - Obrigação de fazer: fornecer e manter, de forma permanente e adequada,


instrumentos, medicamentos, inclusive anestésicos, e funcionários de assistência
aos médicos veterinários que desempenhem suas atividades no Serviço de
Controle de Zoonoses, bem como, equipamentos e instalações adequadas à
cirurgias e atendimento clinico. Prazo: 20 (vinte) dias.

19 - Obrigação de fazer: para atendimento adequado das obrigações ora contraído,


também se obriga a Municipalidade a providenciar as reformas necessárias nas
instalações do Serviço de Controle de Zoonoses ou de outras instalações
destinadas às finalidades previstas neste Compromisso de Ajustamento de
Conduta, par que, inclusive haja destinação de maior área para exposição de
animais que aguardem sua doação, após a castração. Também deverão ser
contempladas nas reformas: implantação de sala de anestesia e tricotomia, uma
ante- sala de assepsia e uma sala de recepção e espera. Prazo: 365 (trezentos e
sessenta e cinco dias).

20 - Obrigação de fazer: Quanto às feiras de filhotes e de exposição de animais, a


municipalidade se compromete a realizar fiscalização diária, por meio de plantão,
adotando as providências inerentes ao Poder de Policia, através de imposição de
multas e cassação de alvará, verificando, após previa solicitação aos organizadores
de evento:

 Se há presença de médico veterinário responsável e de entidade protetora durante


todo o evento;
 Proibição de brindes e de sorteio de animais;
 Se há manutenção de limpeza e desinfecção do local antes do evento ter início.;
 Se houve comunicação, pelos promotores do evento, com antecedência mínima de 10
dias, à entidade protetora, fornecendo copias dos modelos de contrato de compra e
venda dos animais à mesma;
 Implantação de cercas protetoras para impedir que os visitantes toquem os animais;
 Que na veiculação de todo o material publicitário do evento seu texto contenha
normas básicas de educação de proteção animal e de posse responsável;
 Vedação de entrada dos animais com os visitantes;
 Dar ciência dos Promotores do evento do Termo de Ajustamento de Conduta, firmado
pelo Ministério Publico, fornecendo-lhe copia do original assinado. Prazo para
implantação: 30 (trinta) dias.
21 - Obrigação de fazer: comunicar por escrito à autoridade policial e à Promotoria de
Justiça a respeito de casos de maus tratos de animais, que cheguem ao
conhecimento do Serviço de Controle de Zoonoses, fornecendo a qualificação do
autor dos fatos e endereço, para que possam ser adotadas as medidas criminais
cabíveis. Prazo de implementação: 30 (trinta) dias.

22 - Obrigação de fazer: veicular em todo edifício público municipal, escolas e praças, em


cartazes e quaisquer outros meios de comunicação de divulgação (jornais, rádio,
televisão e internet), permanentemente, informativos sobre a campanha de
Adoção de Animais e Castração, indicando à população, o local onde possam
buscar informações a respeito. Prazo para implantação: 30 (trinta) dias.

23 - Obrigação de fazer: fiscalização de circos com animais, no desempenho das atividades


administrativas decorrentes da auto- executoriedade e obrigatoriedade do Poder/
Dever de Policia, através de imposição de multas e cassação de alvará, de modo a
prevenir a prática de abuso e maus tratos a animais. Prazo de implantação: 10 dias.

24 - Obrigação de fazer: compromete-se a Municipalidade a comunicar as entidades de


proteção animal do Município de.............................. A respeito de toda e
qualquer autorização e alvará referente a eventos que envolvam a exposição de
animais, seja para a comercialização, seja para apresentação de lazer, como no
caso dos circos, de modo a permitir a participação da sociedade civil na fiscalização
do cumprimento do presente Termo.

25 - Obrigação de não fazer: não ceder animais abrigados no serviço de Controle de


Zoonoses para realização de vivisseção, ou de qualquer forma de experimento.
Prazo imediato.

26 - Obrigação de fazer: Alterar mediante decreto, o valor da taxa de retirada de animais


apreendidos, reduzindo seu valor de sorte a possibilitar que pessoas de baixa
renda possam proceder à retirada do animal sem comprometimento da satisfação
de suas necessidades básicas, podendo, entretanto, a taxa ser progressiva para o
caso de reincidência. Prazo: 30 (trinta) dias.

27 - Eventual descumprimento ou violação de qualquer compromisso assumido, desde que


comprovado por relatório técnico elaborado por Assistente Técnico de confiança
deste Órgão Público (Ministério Público, Estado, União, etc.) ou indicado por
entidade protetora, implicará no pagamento diário de multa de........................
(estipular unidade fiscal ou monetária, bem como, quantidade e valor) a cada dia
de irregularidade, com reajuste de acordo com índice oficial incidente da data da
violação até o dia do efetivo desembolso a titulo de cláusula penal, enquanto
perdurar a irregularidade.

28 - O descumprimento de qualquer obrigação ora assumida, outrossim, caso não redunde


no voluntário pagamento da multa incidente e na realização da obrigação de fazer
ou abstenção da obrigação de não fazer, implicará na sujeição às medidas judiciais
cabíveis, incluindo execução específica, na forma estatuída no § 6º, do Art. 5º da
Lei 7347/ 85 e Art. 585, II do CPC, inclusive, por associação co- legitimada.
29 - Este acordo produzira efeitos legais imediatos, muito embora deva ser objeto de
homologação pelo Conselho Superior do Ministério Público (caso o órgão tomador
seja o MP).

Os depósitos eventualmente feitos deverão ser revertidos em benefício do Fundo


Estadual para Reparação de Interesses Difusos Lesados de que a Lei 7347/85, junto a conta
corrente nº........... (descrever os dados do correntista).

.........................................., ....... de ............................. de 2006.

___________________________

Prefeito Municipal de Órgão Público

7º) Modelo Termo de Ajustamento de Conduta Poluição Sonora decorrente de cultos


religiosos

Termo de Ajustamento de Conduta/ Poluição Sonora Decorrente de Cultos Religiosos

TERMO DE COMPROMISSO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA AMBIENTAL/ POLUIÇÃO SONORA


DECORRENTE DE CULTOS RELIGIOSOS
Aos...... dias do mês de ..................... de 2006, comparecem a este ato o
................................................... (Órgão Público legitimado) e IGREJA......................................,
pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/ MF sob o nº ......................, com sede na
cidade de ....................................., neste ato representada pelo (Cardeal, Bispo, Presbítero,
Pastor, Rabino, etc.), brasileiro (a), estado civil, inscrito no RG sob o nº.................. e no CPF/
MF sob o nº .........................., residente neste município (descrever endereço), a qual, após
tomar conhecimento das investigações levadas a efeito nos autos do procedimento nº zzzz,
relacionado a poluição sonora oriunda de cultos religiosos na Igreja acima descrita, e visando
submeter-se aos regramentos legais, com isto evitando sujeitar-se ao pólo passivo em sede de
Ação Civil Pública de que trata a Lei 7347/85, firma o presente título extrajudicial, à luz do que
dispõe o § 6º do Art. 5º do referido estatuto, bem como o inciso II, do Art. 585 do CPC, nos
termos abaixo discriminados:

1 - A Igreja signatária reconhece a ocorrência de emissão e propaganda de sons e ruídos


acima dos níveis estabelecidos pela Norma NBR- 10151 da Associação Brasileira de
Normas Técnicas- ABNT, preconizada pela Resolução CONAMA 001/1990, em
decorrência de seus cultos religiosos ocorridos naquele local.

2 -Com a finalidade de respeitar os níveis dispostos na norma técnica acima mencionada,


o estabelecimento ajustante se compromete a, no prazo de ...... dias, realizar e
terminar as obras de contenção acústica no local acima descrito, com a finalidade
de conter sons e ruídos a serem emitidos, de sorte que os mesmos estejam abaixo
do Maximo permitido pela NBR- 10151, da ABNT.

3 - O descumprimento ou violação dos compromissos assumidos implicará no pagamento


de uma multa diária de .................................. (fixar a unidade fiscal ou monetária e
a quantidade ou valor acordados) ao dia do efetivo desembolso a titulo de cláusula
penal, enquanto perdurar.

4 - A vulneração de qualquer dos compromissos assumidos, outrossim, implicará na


sujeição às medidas judiciais cabíveis, incluindo execução específica na forma
estatuída no § 6º, Art. 5º da Lei 7347/85 e no Art. 585, inciso II do CPC.

5 - Este acordo produzira efeitos legais imediatos, muito embora deva ser objeto de
homologação pelo Conselho Superior do Ministério Público (caso o órgão tomador
seja o MP).

Os depósitos eventualmente feitos deverão ser revertidos em benefício do Fundo


Estadual para Reparação de Interesses Difusos Lesados de que a Lei 7347/85, junto a conta
corrente nº........... (descrever os dados do correntista).

..........................................., ....... de ............................. de 2006.

__________________

Ajustante

___________________

Órgão Público

8º) Próxima Semana

Bons estudos e até a próxima semana com as últimas orientações antes do teste de aferição.

Orientações 4ª Semana

1º) Quarta Semana

Chegamos à última semana de estudos. Entretanto, apesar de ser nossa última etapa antes dos
testes de aferição, nosso ritmo de estudo e dedicação continuarão intensos, uma vez que
nossa matéria é bem extensa, importante e complexa.

2º) Curso: Crimes Ambientais em Espécie- Módulo IV: Crimes de Poluição

Veja um trecho do Curso que você estudará agora:

"a conduta punível do crime de poluição, tal qual aponta o Artigo supramencionado é dar
causa à poluição de qualquer natureza ou tipo (poluição atmosférica, poluição do solo,
poluição sonora, poluição hídrica e poluição visual) e em níveis que resultem em danos à saúde
humana, mortandade de animais e destruição da flora."
1 - Os Crimes Ambientais em Espécie- Módulo IV

1.1 - Considerações Iniciais:


Conforme já estudado no Módulo III do Curso Crimes Ambientais em Espécie, o crime de
poluição tem sua previsão no Artigo 54 da Lei dos Crimes Ambientais, abaixo descrito.

Art. 54- Causar poluição de qualquer natureza em níveis tais que resultem ou possam resultar
em danos à saúde humana, ou que provoquem a mortandade de animais ou destruição
significativa da flora.

Pena - Reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º - Se o crime é culposo:

Pena - Detenção, de seis meses a um ano, e multa.

§ 2º- Se o crime:

I - Tornar uma área, urbana ou rural, imprópria para a ocupação humana;

II - Causar poluição atmosférica que provoque a retirada, ainda que momentânea, dos
habitantes das áreas afetadas, ou que cause danos diretos à saúde da população;

III - Causar poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público de
água de uma comunidade;

IV - Dificultar ou impedir o uso público das praias;

V - ocorrer por lançamento de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos, óleos ou


substâncias oleosas, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis ou regulamentos:

Pena - Reclusão, de um a cinco anos.

§ 3º- Incorrem nas mesmas penas previstas no parágrafo anterior quem deixar de adotar,
quando assim exigir a autoridade competente, medidas de precaução em caso de risco de
dano ambiental grave ou irreversível.

Recapitulando: a conduta punível do crime de poluição, tal qual aponta o Artigo


supramencionado é dar causa à poluição de qualquer natureza ou tipo (poluição atmosférica,
poluição do solo, poluição sonora, poluição hídrica e poluição visual) e em níveis que resultem
em danos à saúde humana, mortandade de animais e destruição da flora.

Os danos à saúde humana, a mortandade de animais e a destruição da flora forma protegidos


com bastante intensidade no Artigo 54, vez que visa resguardar o direito constitucional à sadia
qualidade de vida, celebrado no Artigo 225 da Constituição Federal, como veremos adiante.

Tanto as pessoas físicas quanto as pessoas jurídicas podem ser sujeitos ativos do crime de
poluição.

Entretanto, da análise do Artigo 54 da LCA, surgem algumas observações:


- O comportamento do poluidor (infrator ambiental que comete o crime de poluição) pode ser
configurado de forma simples, esta prevista no "caput" do Artigo 54 da LCA;

- O comportamento do poluidor pode ser configurado nas formas qualificadas previstas no §


2º do Artigo 54 da LCA;

- O comportamento do poluidor pode ser configurado a partir da análise de outros artigos.

1.2 - Crime qualificado de poluição


As qualificadoras do crime de poluição estão descritas no § 2º e seus cinco incisos do Artigo 54
da LCA, o que também forma objeto do estudo empreendido no Módulo III deste Curso.
Seguem abaixo o estudo dos incisos IV e V.

1.2.1 - Proteção do uso das praias


Conforme o Artigo 10 da Lei 7.661/88, a qual institui Plano Nacional de Gerenciamento
Costeiro, as praias são consideradas bens públicos de uso comum do povo, sendo assegurado,
sempre, livre e franco acesso a elas e ao mar, em qualquer direção e sentido, ressalvado os
trechos considerados de interesse de segurança nacional ou incluídos em áreas protegidas por
legislação específica, sendo que não será permitida a urbanização ou qualquer forma de
utilização do solo na Zona Costeira que impeça ou dificulte o acesso assegurado no caput deste
artigo.

Entende-se por praia (marítimas e fluviais) a área coberta e descoberta periodicamente pelas
águas, acrescida da faixa subseqüente de material detrítico, tal como areias, cascalhos, seixos
e pedregulhos, até o limite onde se inicie a vegetação natural, ou, em sua ausência, onde
comece outro ecossistema.

O Artigo 20, III da Constituição Federal assim estabelece:

Art. 20- São bens da União:

III- Os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, ou que
banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou se estendam
a território estrangeiro ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as
praias fluviais;

Em decisão, o STJ, assim entendeu:

ADMINISTRATIVO E AMBIENTAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. DESASSOREAMENTO DO RIO ITAJAÍ-


AÇU. LICENCIAMENTO. COMPETÊNCIA DO IBAMA. INTERESSE NACIONAL. 1. Existem atividades
e obras que terão importância ao mesmo tempo para a Nação e para os Estados e, nesse caso,
pode até haver duplicidade de licenciamento. 2. O confronto entre o direito ao
desenvolvimento e os Princípios do direito ambiental devem receber solução em prol do
último, haja vista a finalidade que este tem de preservar a qualidade da vida humana na face
da terra. O seu objetivo central é proteger patrimônio pertencente às presentes e futuras
gerações. 3. Não merece relevo a discussão sobre ser o Rio Itajaí-Açu estadual ou federal. A
conservação do meio ambiente não se prende a situações geográficas ou referências
históricas, extrapolando os limites impostos pelo homem. A natureza desconhece fronteiras
políticas. Os bens ambientais são transnacionais. A preocupação que motiva o presente causa
não é unicamente o rio, mas, principalmente, o mar territorial afetado. O impacto será
considerável sobre o ecossistema marinho, o qual receberá milhões de toneladas de detritos.
4. Está diretamente afetada pelas obras de dragagem do Rio Itajaí-Açu toda a zona costeira e o
mar territorial, impondo-se a participação do IBAMA e a necessidade de prévios EIA/RIMA. A
atividade do órgão estadual, in casu, a FATMA, é supletiva. Somente o estudo e o
acompanhamento aprofundado da questão, através dos órgãos ambientais públicos e
privados, poderá aferir quais os contornos do impacto causado pelas dragagens no rio, pelo
depósito dos detritos no mar, bem como, sobre as correntes marítimas, sobre a orla litorânea,
sobre os mangues, sobre as praias, e, enfim, sobre o homem que vive e depende do rio, do
mar e do mangue nessa região. 5(...) (RESP 585022/ SC- Ministro José Delgado, Primeira
Turma, DJ 05/04/2004, p. 217).

Feitas essas considerações, retomemos o Artigo 54, § 2º, inciso IV, o qual considera ser crime
dificultar o uso público das praias, bem como, impedir o uso público das praias em virtude de
poluição.

O Professor Paulo Affonso Leme Machado assim exemplifica:

"Os municípios poderão ser réus quando lançarem esgotos públicos nas praias, dificultando o
uso das mesmas, como também, deverão ser responsabilizadas as pessoas privadas que
fizerem tais despejos. Os donos de bares ou aqueles que comercializem produtos nas praias ou
nas suas adjacências poderão ser incriminados se lançarem, de forma esporádica e/ou
habitual, poluentes que dificultem e/ou impeçam o uso das praias. O dificultar o uso público
das praias não diz respeito somente às condições sanitárias das praias, mas abrange suas
condições estéticas, como se vê no Artigo 3º, III, d da Lei 6.938/81. Neste caso, exige-se que a
poluição seja mensurada segundo os padrões ambientais estabelecidos."

1.2.2 - Lançamentos de resíduos sólidos, líquidos ou gasosos, ou detritos ou óleos ou


substancias oleosas
Prevê a Lei dos Crimes Ambientais, em seu Artigo 54, § 2º, V que o lançamento de resíduos
sólidos, líquidos ou gasosos ou de substancias oleosas, precisa ocorrer conforme as exigências
estabelecidas nas leis e regulamentos.

A Jurisprudência do STJ assim estabelece (HC 75329/PR, Rel. Min. Felix Fischer, DJU
18/06/2007, p. 292):

PENAL E PROCESSUAL PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ORDINÁRIO. ART.


54, § 2º, INCISO V, DA LEI Nº 9.605/98. DENÚNCIA. INÉPCIA. TRANCAMENTO DA AÇÃO PENAL.
JUSTA CAUSA. IMPROCEDÊNCIA. I - É inepta a denúncia que não descreve as circunstâncias do
fato supostamente delituoso, ex vi do art. 41 do CPP. II - Na hipótese, a peça exordial, embora
classifique a conduta do paciente como crime de poluição previsto no art. 54, § 2º, inciso V, da
Lei nº 9.605/ 98, não descreve onde o paciente teria lançado os mencionados efluentes
líquidos, qual o nível de poluição supostamente verificado, nem se a atividade poluidora
causou dano ou risco de dano à saúde humana, mortandade de animais ou destruição de flora.
III- (....) IV - (...)
Entende-se por resíduo, inclusive, aqueles produtos ou subprodutos que descartados ou
abandonados, ainda que exista a possibilidade de posterior emprego de processo de
reutilização ou de reciclagem.

1.3 - Ausência de medidas de precaução


A ausência de medidas de precaução é crime previsto no Artigo 54, § 3º da Lei dos Crimes
Ambientais, a qual afirma que incorre na pena de reclusão de um a cinco anos, aquele que
deixar de adotar medidas de precaução em caso de risco de dano ambiental grave ou
irreversível, quando a autoridade competente assim exigir.

Tal criminalização vai de encontro ao Principio 15 da Declaração do Rio de Janeiro, elaborado


por ocasião da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento.

Principio 15- Para proteger o meio ambiente, medidas de precaução devem ser largamente
aplicadas pelos Estados, segundo suas capacidades. Em caso de riscos de danos graves e
irreversíveis, a ausência de certeza cientifica absoluta não deve servir de pretexto para
procrastinar a adoção de medidas visando prevenir a degradação do meio ambiente.

Mais uma vez, recorremos à lição do ilustre Professor Paulo Affonso Leme Machado, o qual
afirma que a inovação da necessidade de medidas de precaução não deverá ocorrer
ordinariamente, uma vez que o legislador está a oferecer um instrumento para as emergências
ambientais, o que significa não ter deixado ao arbítrio da autoridade, sendo que a mesma
deverá fundamentar-se no risco de dano ambiental grave e irreversível. Para ele, a precaução
nada mais é do que a prevenção executada no presente, sem adiamento.

A consumação do crime previsto no § 3º do Artigo 54 se dá pelo descumprimento das normas,


o que sujeitarão o infrator a medidas como suspensão das atividades de seu empreendimento,
mudança de itinerário na circulação de veículos motores ou até mesmo a restrição à referida
circulação, etc.

Por fim, as medidas de precaução devem ser proporcionais ao risco, bem como, devem ser
eqüitativas em relação aos destinatários. Além disso, as medidas de precaução poderão se
constituir em ordens motivadas da autoridade competente.

3º) Curso: Crimes Ambientais em Espécie- Módulo V: Os Crimes Ambientais na Exploração


Ambiental

Veja um trecho do Curso que você estudará agora:

"Pelo Artigo 55 da LCA, todo o tipo de trabalho em que os recursos minerais estejam
envolvidos, incidido sobre a pesquisa, a lavra ou a extração desses bens, sem que haja a prévia
intervenção do Poder Público, materializada através da autorização, permissão, concessão ou
licença, ou em desacordo com a obtida, enseja na prática de crime ambiental ali tipificado."
1 - Os Crimes Ambientais em Espécie- Módulo V: Crimes na Exploração Mineral

1.1 - Introdução:
Antes de continuar o estudo dos crimes ambientais em espécie, mas uma vez teremos que
lançar nosso olhar para outras áreas afetas ao direito ambiental, especificamente ao direito
minerário, o qual disciplina a exploração e correta utilização dos recursos minerais.

Estabelece nossa Lei Maior, em seu Artigo 20, IX que, são bens da União, os recursos minerais,
inclusive o subsolo.

Em seu Artigo 22, XII, estatui que:

Art. 22- Compete privativamente à União legislar sobre:

(...)

XII- jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia.

Parágrafo Único: Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões
especificas das matérias relacionadas a este artigo.

Nesse sentido, apontamos a Jurisprudência abaixo, retirada do STJ:

PROCESSUAL PENAL - EXTRAÇÃO ILEGAL DE RECURSOS MINERAIS - RIO DE DOMÍNIO DA


UNIÃO - ARTIGO 20, IX, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. - O artigo 20, IX, da Constituição Federal,
dispõe que os recursos minerais, inclusive os do subsolo, são bens da União. Assim sendo, a
competência a para o processo e julgamento do caso é da Justiça Federal. - Ordem concedida
para, anulando o feito processado perante a Justiça Estadual, determinar a competência da
Justiça Federal, prosseguindo-se, assim, somente a denúncia oferecida pelo parquet federal no
processo nº 1999.61.13.004979-4. (HC 23.286/SP, Rel. Ministro Jorge Scartezzinni, 5ª Turma,
DJ 19/03/2003, p. 513).

Inicialmente, cabe afirmar que os recursos minerais, por princípio constitucional, são
propriedade distinta do solo e pertencem à União, conforme estabelece o Art. 176 da
Constituição Federal.

Art. 176 - As jazidas, em lavra ou não, e demais recursos minerais e os potenciais de energia
hidráulica constituem propriedade distinta da do solo, para efeito de exploração ou
aproveitamento, e pertencem à União, garantida ao concessionário a propriedade do produto
da lavra.

§ 1º - A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o aproveitamento dos potenciais a que se


refere o caput deste artigo somente poderão ser efetuados mediante autorização ou
concessão da União, no interesse nacional, por brasileiros ou empresa constituída sob as leis
brasileiras e que tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que estabelecerá as
condições específicas quando essas atividades se desenvolverem em faixa de fronteira ou
terras indígenas.

§2º - É assegurada participação ao proprietário do solo nos resultados da lavra, na forma e no


valor que dispuser a lei.
§3º - A autorização de pesquisa será sempre por prazo determinado, e as autorizações e
concessões previstas neste artigo não poderão ser cedidas ou transferidas, total ou
parcialmente, sem prévia anuência do poder concedente.

O DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral) é o órgão encarregado de aplicar a


legislação relativa ao aproveitamento dos recursos minerais, normatizando e fiscalizando os
procedimentos necessários a esse aproveitamento.

Ficam sujeitas à fiscalização direta do DNPM todas as atividades concernentes ao


aproveitamento dos recursos minerais, devendo as pessoas naturais ou jurídicas que exerçam
atividades relativas a esse aproveitamento, ou seja, pesquisa, lavra, beneficiamento,
distribuição, consumo ou industrialização, facilitar aos agentes competentes a inspeção de
instalações, equipamentos e trabalhos, bem como a lhes fornecer informações sobre:

Volume da produção;

Características qualitativas dos produtos;

Condições técnicas e econômicas da execução dos serviços;

Condições técnicas e econômicas da exploração das atividades minerárias;

Quantidade e condições técnicas e econômicas do consumo de produtos minerais.

1.2 - Pesquisa, jazida e lavra


Conforme o Decreto-Lei 227/67, o conceito de pesquisa, lavra e extração de recursos minerais
é assim entendido:

 Pesquisa é a execução dos trabalhos necessários à definição da jazida, sua avaliação e


a determinação da exeqüibilidade do seu aproveitamento econômico.
 Jazida é toda a massa individualizada de substância mineral ou fóssil, aflorando à
superfície ou existente no interior da terra e que tenha valor econômico.
 Lavra é o conjunto de operações coordenadas objetivando o aproveitamento industrial
da jazida, desde a extração de substâncias minerais úteis que contiver, até o
beneficiamento das mesmas.

1.3 - O crime de exploração mineral


A Lei dos Crimes Ambientais cuidou dos crimes de exploração mineral, em seu Artigo 55, a
seguir transcrito:

Art. 55. Executar pesquisa, lavra ou extração de recursos minerais sem a competente
autorização, permissão, concessão ou licença, ou em desacordo com a obtida:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem deixa de recuperar a área pesquisada ou
explorada, nos termos da autorização, permissão, licença, concessão ou determinação do
órgão competente.
O crime contra os bens minerais, cuja propriedade, conforme já mencionado, pertence à
União, era anteriormente à LCA tratado pela Lei 7.805/ 89, a qual alterou o Decreto-Lei nº 227,
de 28 de fevereiro de 1967, criando o regime de permissão de lavra garimpeira e extinguindo o
regime de matrícula.

Na Lei 7.805/89, estabelecia seu Artigo 21 que:

Art. 21- A realização de trabalhos de extração de substâncias minerais, sem a competente


permissão, concessão ou licença, constitui crime, sujeito a pena de reclusão de três meses a
um ano e multa.

O Artigo 55 da Lei dos Crimes Ambientais revogou o Artigo 21 da Lei supracitada.

Pelo Artigo 55 da LCA, todo o tipo de trabalho em que os recursos minerais estejam
envolvidos, incidido sobre a pesquisa, a lavra ou a extração desses bens, sem que haja a prévia
intervenção do Poder Público, materializada através da autorização, permissão, concessão ou
licença, ou em desacordo com a obtida, enseja na prática de crime ambiental ali tipificado.

O Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais em julgamento à Apelação Criminal nº


1.0026.02.005137-6/001, assim se manifestou:

CRIME CONTRA O MEIO AMBIENTE - EXTRAÇÃO DE RECURSOS MINERAIS - DELITO


COMPROVADO - CONDENAÇÃO CONFIRMADA - PENA - REDUÇÃO - RECUPERAÇÃO DA ÁREA
DEGRADADA. A extração de recursos minerais sem a devida autorização da autoridade
administrativa competente configura o delito previsto no art. 55 da Lei 9.605/98. A
recuperação voluntária da área atingida pela atividade mineradora constitui circunstância
atenuante da pena.

(Relator Desembargador Paulo Cezar Dias: 11/01/2006).

O crime descrito pelo Artigo 55 não é configurado pela obtenção de substâncias materiais, mas
a realização dos trabalhos de pesquisa, lavra ou extração mineral.

Paulo Affonso Leme Machado assim ensina:

"(...) Se houver trabalhos sem a concordância da Administração Pública e não se conseguir a


extração de minerais ou os mesmos não forem encontrados, já há a tipificação do crime."

Também comete crime aquele que obteve perante o Poder Público a respectiva autorização,
permissão, concessão ou licença, mas age em desacordo com o que lhe foi outorgado.

Para que o crime seja consumado, não é necessária a prévia sanção por parte da
Administração Pública, uma vez que diagnosticado o vício e não existindo qualquer ato
administrativo válido que conceda prazo para a correção da infração, incorre em crime aquele
pessoa física ou jurídica que lhe deu causa.

Para que o crime estipulado no Artigo 55 seja caracterizado não se faz necessário também que
ocorra a poluição ao meio ambiente.
Entretanto, uma vez constatada a poluição, que também pode ser enquadrada como crime
ambiental, se obedecidos os critérios do tipo penal constante do Artigo 54 da LCA, será
instalado o concurso formal, pois dois crimes foram cometidos: o previsto no Artigo 54 e o
previsto no Artigo 55 da Lei dos Crimes Ambientais.

1.3.1 - Concurso Formal


O Artigo 55 permite a ocorrência do concurso formal. O concurso formal ou concurso ideal de
crimes está previsto no Artigo 70 do Código Penal. É praticado quando o agente numa só
conduta (ação ou omissão) causa dois ou mais resultados típicos.

Art. 70- Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma
delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se,
entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes
resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior.

Parágrafo Único: Não poderá a pena exceder o que seria cabível pela regra do Artigo 69 do CP.

1.3.2 - Elemento subjetivo do tipo


O elemento subjetivo (fim especial de agir) é o dolo direto (é o dolo propriamente dito que se
caracteriza pela vontade livre e consciente de um indivíduo de praticar uma conduta tipificada
na legislação penal) ou o dolo eventual (quando o agente assume o risco de produzir o
resultado).

Voltando ao Artigo 55, o agente, seja uma pessoa física ou jurídica, que executa a pesquisa,
lavra ou extração de recursos minerais antes da emissão da licença, autorização ou concessão
e executa esse trabalho de modo contrário do que obteve junto à Administração Pública, está
a praticar o crime ali descrito.

O Professor Paulo Affonso Leme Machado diz que a intenção do agente é materializada no agir
ou deixar de agir sem o prévio consentimento do Poder Público. No que se refere à segunda
parte do Artigo, o agente age ou se omite intencionalmente ao descumprir os termos da
autorização, permissão, concessão ou licença, ou assume o risco de descumpri-los.

1.4 - A recuperação das áreas pesquisadas


No Parágrafo Único do Artigo 55 está estabelecido que incorre nas mesmas penas quem deixa
de recuperar a área pesquisada ou explorada, nos termos da autorização, permissão, licença,
concessão ou determinação do órgão competente.

Tal dever, o de recuperação é previsto constitucionalmente, como se pode observar no § 2º,


do Artigo 225:

Art.225- Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum
do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever
de defendê-lo e preservá-lo para os presentes e futuras gerações.

(...)
§ 2º- Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperara o meio ambiente
degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público competente, na forma
da lei.

Em suma: a ausência da recuperação ambiental caracteriza o crime do Parágrafo Único do


Artigo 55 da LCA, deve ocorrer conforme os ditames do órgão competente ou consoante os
termos outorgados pela autorização, permissão, licença e/ ou concessão.

O elemento subjetivo do tipo (fim especial de agir) é a conduta do agente omisso na execução
do trabalho de recuperação da área ou se o mesmo agente o executa contrariando o plano de
recuperação da área degradada, estipulado por órgão competente.

Entretanto, se o órgão competente se mantiver omisso quanto ao apontamento do modo de


se proceder a recuperação ao ser emitida a autorização, permissão, licença ou concessão,
poderá tal órgão fazê-lo em momento posterior.

4º) Curso: Crimes Ambientais em Espécie- Módulo VI: Substâncias que comportem risco para
a vida

Veja um trecho do Curso que você estudará agora:

"O Artigo 56 da Lei dos Crimes Ambientais veio dar tratamento penal para quem produz,
processa, embala, importa, exporta, comercializa, fornece, transporta, armazena, guarda, tem
em depósito ou utiliza produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao
meio ambiente em desacordo com a legislação.

A Constituição Federal prevê a obrigatoriedade para o Poder Público controlar as substâncias


que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente."

1 - Os Crimes Ambientais em Espécie- Módulo VI- Substâncias que competem risco para a
vida

1.1 - Introdução
O Artigo 56 da Lei dos Crimes Ambientais veio dar tratamento penal para quem produz,
processa, embala, importa, exporta, comercializa, fornece, transporta, armazena, guarda, tem
em depósito ou utiliza produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva à saúde humana ou ao
meio ambiente em desacordo com a legislação.

A Constituição Federal prevê a obrigatoriedade para o Poder Público controlar as substâncias


que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente.

Art. 225- Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso
comum do povo e essencial à qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade
o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º- Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

(...)
IV- Controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e
substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente.

A Constituição também estabeleceu em seu Artigo 24, a competência legislativa concorrente


(Compete à União, Aos Estados e ao Distrito Federal) sobre a produção e consumo no campo,
tornando inequívoca a competência dos Estados para legislar plenamente, quando a União
assim não proceder ou ainda suplementando as normas gerais federais existentes.

Em julgamento, corroborando com o acima aludido, o Supremo tribunal Federal, assim


entendeu:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO. COMPETÊNCIA ESTADUAL E DA UNIÃO. PROTEÇÃO À SAÚDE E AO


MEIO AMBIENTE. LEI ESTADUAL DE CADASTRO DE AGROTÓXICOS, BIOCIDAS E PRODUTOS
SANEANTES DOMISSANITÁRIOS. LEI Nº 7.747/2-RS. RP 1135.

1. A matéria do presente recurso já foi objeto de análise por esta Corte no julgamento da RP
1.135, quando, sob a égide da Carta pretérita, se examinou se a Lei 7.747/82-RS invadiu
competência da União. Neste julgamento, o Plenário definiu o conceito de normas gerais a
cargo da União e aparou as normas desta lei que superavam os limites da alçada estadual.

2. As conclusões ali assentadas permanecem válidas em face da Carta atual, porque as regras
remanescentes não usurparam a competência federal. A Constituição em vigor, longe de
revogar a lei ora impugnada, reforçou a participação dos estados na fiscalização do uso de
produtos lesivos à saúde.

3. A lei em comento foi editada no exercício da competência supletiva conferida no parágrafo


único do artigo 8º da CF/69 para os Estados legislarem sobre a proteção à saúde. Atribuição
que permanece dividida entre Estados, Distrito Federal e a União (art. 24, XII da CF/88).

4. Os produtos em tela, além de potencialmente prejudiciais à saúde humana, podem causar


lesão ao meio ambiente. O Estado do Rio Grande do Sul, portanto, ao fiscalizar a sua
comercialização, também desempenha competência outorgada nos artigos 23, VI e 24, VI da
Constituição atual.

5. Recurso extraordinário conhecido e improvido.

(RE 286.789/ RS- Relatora: Ministra Ellen Gracie, 2ª Turma, DJ 08/04/2005, p. 0038).

1.2 - Conceitos importantes


Entende-se por agrotóxicos, os produtos e os agentes de processos físicos, químicos ou
biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento
de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou implantadas, e de
outros ecossistemas e também de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade
seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres
vivos considerados nocivos;

Também se enquadram nesta classificação, as substâncias e produtos, empregados como


desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento.
Por componentes, temos os princípios ativos, os produtos técnicos, suas matérias-primas, os
ingredientes inertes e aditivos usados na fabricação de agrotóxicos e afins.

Os agrotóxicos, seus componentes e afins só poderão ser produzidos, exportados, importados,


comercializados e utilizados, se previamente registrados em órgão federal, de acordo com as
diretrizes e exigências dos órgãos federais responsáveis pelos setores da saúde, do meio
ambiente e da agricultura.

O registro para agrotóxicos, seus componentes e afins é especial e temporário quando se


destinarem à pesquisa e à experimentação.

Aquele que pleiteia o registro, bem como, o titula de registro deverão fornecer,
obrigatoriamente, à União, as inovações concernentes aos dados fornecidos para o registro de
seus produtos.

O registro para novo produto agrotóxico, seus componentes e afins, será concedido se a sua
ação tóxica sobre o ser humano e o meio ambiente for comprovadamente igual ou menor do
que a daqueles já registrados, para o mesmo fim, segundo os parâmetros fixados na legislação.

Entretanto, é vedado o registro de agrotóxicos, seus componentes e afins, nos seguintes casos:

- Para os quais o Brasil não disponha de métodos para desativação de seus componentes, de
modo a impedir que os seus resíduos remanescentes provoquem riscos ao meio ambiente e à
saúde pública;

- Para os quais não haja antídoto ou tratamento eficaz no Brasil;

- Que revelem características teratogênicas, carcinogênicas ou mutagênicas, de acordo com os


resultados atualizados de experiências da comunidade científica;

- Que provoquem distúrbios hormonais, danos ao aparelho reprodutor, de acordo com


procedimentos e experiências atualizadas na comunidade científica;

- Que se revelem mais perigosos para o homem do que os testes de laboratório, com animais,
tenham podido demonstrar, segundo critérios técnicos e científicos atualizados;

- Cujas características causem danos ao meio ambiente.

1.3 - Responsabilidades administrativas


As responsabilidades administrativa, civil e penal pelos danos causados à saúde das pessoas e
ao meio ambiente, quando a produção, comercialização, utilização, transporte e destinação de
embalagens vazias de agrotóxicos, seus componentes e afins, que não cumprirem o disposto
na legislação pertinente, cabem:

- Ao profissional, quando comprovada receita errada, displicente ou indevida;

- Ao usuário ou ao prestador de serviços, quando proceder em desacordo com o receituário ou


as recomendações do fabricante e órgãos registrantes e sanitário-ambientais;
- Ao comerciante, quando efetuar venda sem o respectivo receituário ou em desacordo com a
receita ou recomendações do fabricante e órgãos registrantes e sanitário-ambientais;

- Ao registrante que, por dolo ou por culpa, omitir informações ou fornecer informações
incorretas;

- Ao produtor, quando produzir mercadorias em desacordo com as especificações constantes


do registro do produto, do rótulo, da bula, do folheto e da propaganda, ou não der destinação
às embalagens vazias em conformidade com a legislação pertinente;

- Ao empregador, quando não fornecer e não fizer manutenção dos equipamentos adequados
à proteção da saúde dos trabalhadores ou dos equipamentos na produção, distribuição e
aplicação dos produtos.

Aquele que produzir, comercializar, transportar, aplicar, prestar serviço, der destinação a
resíduos e embalagens vazias de agrotóxicos, seus componentes e afins, em descumprimento
às exigências estabelecidas na legislação pertinente estará sujeito à pena de reclusão, de dois a
quatro anos, além de multa.

O empregador, profissional responsável ou o prestador de serviço, que deixar de promover as


medidas necessárias de proteção à saúde e ao meio ambiente, estará sujeito à pena de
reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, além de multa de 100 (cem) a 1.000 (mil) MVR (maior
valor de referência).

Em caso de culpa, será punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, além de multa
de 50 (cinqüenta) a 500 (quinhentos) MVR.

Cabe dizer que sem prejuízo das responsabilidades civil e penal, a infração de disposições
administrativas acarretará, isolada ou cumulativamente, nos termos previstos em
regulamento, independente das medidas cautelares de estabelecimento e apreensão do
produto ou alimentos contaminados, a aplicação das seguintes sanções:

- Advertência;

- Multa de até 1000 (mil) vezes o Maior Valor de Referência - MVR, aplicável em dobro em
caso de reincidência;

- Condenação de produto;

- Inutilização de produto;

- Suspensão de autorização, registro ou licença;

- Cancelamento de autorização, registro ou licença;

- Interdição temporária ou definitiva de estabelecimento;

1.4 - O crime previsto no Artigo 56


Art. 56- Produzir, processar, embalar, importar, exportar, comercializar, fornecer, transportar,
armazenar, guardar, ter em depósito ou usar produto ou substância tóxica, perigosa ou nociva
à saúde humana ou ao meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas em leis
ou nos seus regulamentos:

Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.

§ 1º- Nas mesmas penas incorre quem abandona os produtos ou substâncias referidos no
caput, ou os utiliza em desacordo com as normas de segurança.

§ 2º- Se o produto ou a substância for nuclear ou radioativa, a pena é aumentada de um sexto


a um terço.

§ 3º- Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a um ano, e multa.

As exigências legais a serem seguidas tanto por pessoas físicas quanto por pessoas jurídicas,
em relação aos produtos ou substâncias tóxicas que podem ser ou apresentar nocividade à
saúde humana e ao meio ambiente estão, via de regra, estipuladas nas Leis 7.802/89 e no
Decreto 98.816/ 90, especificamente nos caos dos agrotóxicos e seus componentes.

O Artigo 56 da Lei dos Crimes Ambientais pode ser considerado uma grande novidade dentro
do direito penal ambiental brasileiro, posto que passou a incriminar o agente que:

Produz;

Fornece;

Transporta;

Armazena;

Guarda;

Tem em deposito;

Utiliza produto ou substância

Onde cada uma dessas condutas, em conjunto ou isoladamente, coloca em risco a saúde
humana ou o meio ambiente, em desacordo com as exigências estabelecidas nas leis ou nos
regulamentos.

Entretanto, o tipo penal acima descrito, apesar de tido como inovador, é, na verdade, uma
norma penal em branco, ou seja, depende de lei ou regulamento para a tipificação pretendida.

O abandono dos produtos ou substâncias tóxicas, perigosas ou nocivas à saúde humana ou ao


meio ambiente também enseja na prática de crime ambiental. Assim, esse agente ao
abandonar tais produtos ou substâncias está a praticar o crime, e, nesse caso, não se
demonstra necessário a existência de lei ou regulamento repetindo que não pode haver o
abandono de tal produto ou substância.
Em suma: pelo Artigo 56 fica vedado, deixar, jogar, esquecer, não remover para deposito
autorizado os produtos ou substâncias tóxicas, perigosas ou nocivas, bem como, deixar em
lugares impróprios, os quais se sujeitam à ação das chuvas, enxurradas, ventos, etc., o referido
material.

5º) Notícia

Finalizando mais essa jornada de estudos, selecionei para você uma matéria publicada no
Jornal O Estadão, pela quais certos animais silvestres poderão ser criados em cativeiro,
atendidas novas exigências a serem estabelecidas pelo IBAMA até o final de 2008.

22 / 09 / 2008 IBAMA vai autorizar criação de animal silvestre


Animais silvestres nativos do Brasil, como o papagaio verdadeiro, o bicudo, o canário-da-terra
e o trinca-ferro, terão a criação doméstica e a venda comercial autorizadas pelo Instituto do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) até o fim do ano. A medida visa a
combater o tráfico de animais silvestres, que movimenta milhões e alimenta uma máfia
internacional, disse João Pessoa Rio-grandense Júnior, coordenador de Fauna do IBAMA.

Da lista deverão constar outros espécimes não só de psitacídeos, como o papagaio verdadeiro
(Amazona aestiva), que tem coloração geral verde, fronte azul, vértice, face e garganta
amarelos, base da cauda vermelha e ponta das asas pretas, e passeriformes, como o bicudo e
o trinca-ferro. Mas o IBAMA ainda não concluiu a lista. É certo que não constará nenhum tipo
de primatas nem felídeos, como onças e jaguatiricas. É possível que na lista apareça algum tipo
de cobra, pois várias delas são nativas do Brasil (não exclusivamente), como a jararaca e a
jararacuçu.

A liberação da criação e comércio das espécies silvestres nativas do Brasil como animais
domésticos obedece à Resolução 394/07, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA).
Ela foi tomada em cumprimento à Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), da
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Rio-92), realizada
no Brasil. Visa prevenir e combater na origem as causas da redução ou perda da diversidade
biológica, controlar ou erradicar e impedir que se introduzam espécies exóticas que ameacem
os ecossistemas, habitats ou espécies.

Para João Pessoa, internamente pode ser um importante instrumento de combate ao


contrabando de animais, pois oferecerá a quem quiser ter um desses em casa a oportunidade
de criá-lo em condição legal, sem risco de prisão e de pagamento de multa. Os animais só
poderão ser vendidos por criadouros com atividades autorizadas pelo IBAMA. O comércio de
animais em feiras ou beira de estrada continua ilegal.

Do mesmo modo, não será autorizado que eles sejam recolhidos no campo e levados para
casa. O nascimento de filhotes, mesmo que de animais comprados legalmente, terá de ser
comunicado ao governo. De acordo com dados do IBAMA, o contrabando nacional e
internacional de animais silvestres é o terceiro tipo de tráfico mais lucrativo no Brasil,
perdendo apenas para o de drogas e de armas. Com isso, a biodiversidade do País vem sendo
constantemente ameaçada pela perda anual de uma quantia incalculável de animais. Dados da
organização não-governamental Rede Nacional contra o Tráfico de Animais Silvestres (Renctas)
mostram que, ao contrário do que se pensa, a maior parte se destina ao mercado interno, e
não ao externo.

O valor de venda de um animal raro no Brasil dificilmente ultrapassa R$ 360, enquanto no


mercado externo pode chegar até a US$ 15 mil (ou R$ 19 mil). Ainda conforme levantamento
feito pela Renctas, um dos animais com maior procura no exterior é o mico-leão-dourado, que
no Brasil sai por cerca de US$ 180, enquanto na Europa chega a US$ 15 mil. O melro
(Gnorimopsar chopi, também conhecido por pássaro preto e assum preto), ave que nas feiras
livres do Sul e Sudeste do País é vendido por US$ 150, chega a US$ 13 mil nos Estados Unidos.
(Fonte: João Domingos/ Estadão Online)

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