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ENSAIO
Arnaldo Xavier
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)
The Construction of the Concept of the Criminal in Capitalist Society: a Debate for Social Work
Abstract: Violence, in some form, has always been present in human history, assuming different characteristics in different social and
economic contexts. It is the focus of the subject discussed in this article1, above all in contemporary urban capitalist society. Based on
a history of criminal law, this paper analyzes the central place of the concept of the criminal during the history of modern society. Based
on the observed data the article reflects on the eruption of individual violence in detriment to other forms of violence present in the
capitalist social order. It examines how the processes of criminalization and social control employed by the state apparatus elect a
common enemy to be combated: the delinquent. Supported by critical criminology theory, it discusses the contributions of these ideas
to Social Work and how social workers can use them in their education and professional activity.
Key words: critical criminology, criminalization, Social Work, violence.
A lei penal não é igual para todos, o status [...] construir, no âmbito do Serviço Social, uma pro-
de criminoso aplica-se de modo desigual aos posta de formação profissional conciliada com os
sujeitos, independentemente do dano social de novos tempos, radicalmente comprometida com os
suas ações e da gravidade das infrações à lei valores democráticos e com a prática de constru-
penal realizada por eles. ção de uma nova cidadania na vida social, isto é, de
Alessandro Baratta um novo ordenamento das relações sociais.
esse paradigma criminológico opera com a visão centrar-se a discussão na criminalidade e no crimi-
maniqueísta do bem e do mal na sociedade e com o noso (ANDRADE, 2003). Porém, para entendermos
consenso de que não há problemas no Direito Penal, os processos de criminalização, não basta apenas
antes, nos indivíduos que o violam (ANDRADE, 2003). entender o crime e o comportamento desviante como
Ao longo do século 20, sobretudo a partir dos anos produto da reação social, é fundamental pensá-lo
1960, tem-se a desconstrução desse paradigma etiológico conectado com toda realidade estrutural – social, políti-
com a introdução das teorias do labelling approach2. ca e econômica. Pois, se afirmarmos que o delinqüente
O paradigma positivo (etiológico) já vinha sofrendo uma se faz apenas pelo processo de criminalização, estare-
revisão desde o início daquele século pela criminologia mos negligenciando o fato de a ação desviante ser pri-
norte americana com influências da sociologia cultural e meiramente expressão de um conflito social. Desta
de correntes de origem fenomenológicas, bem como por forma, o reconhecimento dos limites postos pelas te-
reflexões históricas e sociológicas sobre o fenômeno orias do labelling nas análises macrossociológicas
criminal (ANDRADE, 2003). abriu caminhos para o surgimento da criminologia
Como tese central modelada pelo interacionismo crítica que, como informa Andrade (1997, p. 217),
simbólico e o construtivismo social, o labelling recupera “a análise das condições objetivas, estrutu-
approach afirma que rais e funcionais que originam, na sociedade capita-
lista, os fenômenos de desvio, interpretando-os sepa-
[...] o desvio – e a criminalidade – não é uma quali- radamente, conforme se tratem de condutas das clas-
dade intrínseca da conduta ou uma entidade ses subalternas ou conduta das classes dominantes”.
ontológica pré-constituída à reação (ou controle) Em suma, a criminalidade – segundo a visão da
social, mas uma qualidade (etiqueta) atribuída a de- criminologia crítica – revela-se
terminados sujeitos através de complexos proces-
sos de interação social; isto é, de processos for- [...] como um status atribuído a determinados indi-
mais e informais de definição e seleção (ANDRADE, víduos, mediante uma dupla seleção: em primeiro
1997, p. 205). lugar, a seleção dos bens protegidos penalmente, e
dos comportamentos ofensivos destes bens, des-
A criminalidade apresenta-se como um status dado critos nos tipos penais; em segundo lugar, a sele-
a alguns sujeitos, é parte de um processo duplo que, ção dos indivíduos estigmatizados entre todos os
inicialmente, define de forma legal o que é crime, atri- indivíduos que realizam infrações a normas penal-
buindo a algumas condutas o caráter criminal. Posteri- mente sancionadas (BARATTA, 2002, p. 161).
ormente, seleciona estes sujeitos conferindo-lhes uma
etiqueta que os estigmatiza como criminosos, entre os Destaca-se que a superação teórica do
muitos com as condutas criminalizáveis (ANDRADE, paradigma etiológico pelo crítico, como modelo de
2003). Uma conduta não é criminal em si mesma e, análise social, não se processou nos âmbitos do coti-
muito menos, seu autor um criminoso nato. A atribui- diano. Tanto isso é verdade que o paradigma etiológico
ção do caráter criminal a uma conduta e o posterior continua hegemônico na prática dos operadores do
rótulo de criminoso ao seu autor dependerá de certos sistema jurídico.
processos sociais de definição e de seleção. Considerando-se essas premissas em relação aos
O processo de etiquetamento e rotulação é perce- processos de criminalização, parte-se em direção à
bido, segundo Becker (1971 apud VELHO, 1974, p. 24), análise da vinculação desses processos com a vio-
como uma construção social na medida em que lência individual.
paradigma etiológico, sendo fundamental manter o Nós também fazemos parte da produção da vio-
sentimento do perigo (sentimento subjetivo de inse- lência, que vez por outra, está presente em nossas
gurança), gerando indignação e consensos silencio- ações, mesmo que dificilmente nos reconheçamos
sos entre os setores sociais. A mídia, como institui- como seres produtores dela. Antes, procuramos
ção informal, contribui para edificar esse processo combatê-la como um inimigo externo, uma entidade
por meio de programas, matérias e artigos sensaci- abstrata, alheia, que se materializa na figura do outro,
onalistas, em que centraliza, sem base científica,
dados alarmantes da violência urbana e do campo, [...] em geral, a fúria da violência tem algo a ver com
transformando-a em espetáculo. O comportamento a destruição do ‘outro’, ‘diferente’, ‘estranho’, com
violento de indivíduos é transformado, assim, na vi- o que se busca a purificação da sociedade, o exor-
olência a ser combatida, e o indivíduo – o criminoso cismo de dilemas difíceis, a sublimação do absurdo
praticante do delito – volta à centralidade como objeto embutido nas formas de sociabilidade e nos jogos
do direito penal (ANDRADE, 2003). das forças sociais (IANINI, 2004 apud SILVA, 2007,
A escola possui também, nesse contexto, um pa- p. 133, grifos do autor).
pel de formação ideológica, configurando-se como
uma das instituições de socialização da cultura domi- Portanto, entende-se a violência não apenas como
nante. Ela surge na sociedade brasileira, importada uma manifestação individual, mas inserida em “[...] uma
dos países centrais, no início do século 19, com o fenomenologia global da violência, esta é aqui compre-
objetivo de instruir e qualificar social e intelectual- endida como repressão de necessidades reais e, por-
mente os sujeitos. Ao longo de sua existência, conso- tanto, violação ou suspensão de direitos humanos”
lidou-se como um espaço de difícil acesso para os (ANDRADE, 2003, p. 126), em que necessidades reais
segmentos subalternizados socialmente. podem ser traduzidas por necessidades humanas4.
O sistema de ensino, em sua versão contempo- Nessas proposições, destacam-se sujeito e res-
rânea, continua exercendo a função declarada de ponsabilidade como conceitos-chave na compreen-
socialização cultural, ainda que possua uma nova são do processo de construção (legal, dogmático e
configuração com outras atribuições, como a for- ideológico) do conceito universal da criminalidade, em
mação profissional (SANTOS, 2004). E mesmo que que o indivíduo é concebido
a estrutura institucional tenha se flexibilizado e per-
mitido, ao longo dos anos, o acesso de diferentes [...] numa visão atomizada, isto é, com variáveis
grupos sociais aos seus bancos, esta condição por independentes e não dependentes das situações,
si só não garante a permanência dos novos inte- e a responsabilidade penal, por via de conseqüên-
grantes durante o processo de formação, pelo con- cia, como responsabilidade individual, baseada no
trário, muitos vão ficando pelo caminho, barrados livre-arbítrio, o sistema penal constrói um conceito
pelos mecanismos de seleção, baseados, dentre ou- de criminalidade ou violência criminal essencial-
tros aspectos, no conceito do mérito (BARATTA, mente vinculado à violência individual (esta con-
2002). Para a parcela dos que permanecem na ins- cebida com potencialidade para delinqüir)
tituição, ainda existem outras formas de seleção, (ANDRADE, 2003, p. 128).
como as barreiras socioeconômicas presentes na
sociedade capitalista. E ainda, suplementando:
A instituição escola também contribui para a ma-
nutenção da violência estrutural quando atua de for- [...] a violência de grupo e a institucional são consi-
ma violenta (violência institucional) contra os não deradas apenas em relação a ações de pessoas in-
aptos, rotulando-os como ‘alunos difíceis’, naturali- dividuais, e não no contexto do conflito social que
zando uma prática de punição, mesmo que subjetiva- elas expressam. A violência estrutural e, em sua maior
mente, para os ‘não-capazes’. Pode-se, assim, ob- parte, a violência internacional, é excluída do hori-
servar que a escola, como instituição de socialização zonte do conceito de crime, ficando assim imuniza-
cultural, em toda sua extensão de tempo na vida dos da a relação entre criminalidade e estas formas de
sujeitos, contribui para a conservação da realidade violência (ANDRADE, 2003, p. 128).
social utilizando mecanismos de
O resultado é o controle dos sujeitos e dos com-
[...] seleção, discriminação e marginalização. [...] Esta portamentos, quais sejam os criminosos e seus cri-
realidade se manifesta com uma desigual distribui- mes, através da aplicação da pena e da política cri-
ção dos recursos e dos benefícios, correspon- minal. Isso nos leva a considerar que “[...] a violên-
dentemente a uma estratificação em cujo fundo a cia criminal adquire, na atenção do público, a rele-
sociedade capitalista desenvolve zonas consisten- vância que deveria corresponder à violência estrutu-
tes de subdesenvolvimento e de marginalização ral e, em parte, contribui para ocultá-la e mantê-la”
(BARATTA, 2002, p. 171). (ANDRADE, 2003, p. 145).
Todo este processo esconde as causas da produ- nalizadas e, depois, a seleção, dentre todos os infra-
ção da violência, jogando sobre as classes subal- tores, daqueles a receberem o rótulo de criminoso.
ternizadas a responsabilidade sobre sua produção. Chama-se a atenção para isso, alertando que tal
Nessa perspectiva, o grande inimigo a ser combatido processo não é linear, e está perpassado por algu-
em busca da paz é, sem dúvida, o criminoso; não mas condicionalidades ligadas, sobretudo, aos mei-
qualquer um, mas o estigmatizado, o pobre e negro, os de acesso – geralmente, medido pelo poder eco-
aquele de quem já se espera que seja o criminoso nômico – que o sujeito selecionado possui em rela-
(BARATTA, 2002). ção ao poder judiciário. O que também nos leva a
Percebe-se que relacionar a violência com a dizer que tais condicionalidades serão ainda mais
criminalidade é lugar comum dos grandes veículos de relativas se somarmos características físicas –
comunicação. A repercussão e o poder que têm, soma- como a cor da pele – e sociais – como profissão,
dos a sua linha ideológica contribuem para consolidar o escolaridade, entre outras.
vínculo entre violência e criminalidade, quando estes Munidos dessas reflexões, voltemos para o Serviço
propagam que o aumento de um se dá pelo aumento do Social e a relevância desse debate para a categoria.
outro. Tal visão processa a violência de forma limitada,
e esconde o fato de suas expressões estarem intrinse-
camente ligadas à ordem social estabelecida. Em ou- Um debate para o Serviço Social
tras palavras, pode-se afirmar que os interesses de classe
presentes na sociedade capitalista concorrem, aliados Diante de uma realidade desafiadora, com muitos
às outras relações sociais, para a diferenciação do “[...] valores postos à prova em decorrência da
que é e o que não é violência, salientando, ao mesmo individualização progressiva, da dificuldade de aces-
tempo, formas de violência consideradas benéficas ou so à satisfação das necessidades básicas, de uma
prejudiciais para determinada ordem socialmente nova compressão do espaço-tempo, do aumento do
estabelecida” (SILVA, 2007, p. 132). desemprego, do medo etc, aumentam preocupações
Eis, em síntese, a fórmula dos culpados utilizada e instabilidades quanto à segurança física, justifican-
nessa equação social: a soma do comportamento in- do o recrudescimento do controle social da violência.
dividual mais a impunidade resultando no aumento Para a sociedade, de uma maneira geral, a percep-
da violência (criminalidade), tal decodificação laten- ção da violência se dá de forma equivocada, pois,
te está presente no credita ao criminoso a responsabilidade, origem e
propagação dos atos violentos, associando-os, dire-
[...] discurso oficial sobre violência que, colonizan- tamente com a pobreza. Dessa forma, escondem-se
do todos os demais possíveis, e usando para as causas, que deram origem ao ato criminoso, pre-
interpretação das diversas formas de ‘violência sentes na estrutura desigual da sociedade capitalista.
de rua’, é dominante no senso comum (político, Ao aproximarmos o Serviço Social desse debate,
jurídico, jornalístico etc.) da sociedade brasileira, percebe-se o grau de importância de sua participa-
obstaculizando a apreensão mais profunda do fe- ção nessas discussões, visto que o assistente social
nômeno (ANDRADE, 2003, p. 144). se configura como um profissional que é cotidiana-
mente chamado a intervir nas relações de violência,
São esses os elementos utilizados nos discursos sejam elas explícitas ou implícitas.
que insistem em apoiar o recrudescimento do con- O fazer profissional dos assistentes sociais é, de
trole social por meio da aplicação da legalidade do acordo com Nicolau (2004, p. 86), composto de pro-
direito penal. cessos de trabalho “[...] historicamente construídos
Uma atitude ou relação – ou mesmo um concei- e socialmente determinados pelo jogo de forças, que
to – quando é construída como criminal, passa a ser articulam uma dada totalidade social”. Num âmbito
enquadrada dentro da lógica violência e responsa- maior, esse fazer insere-se na reprodução material e
bilidade individual versus segurança pública, levan- espiritual da força de trabalho, incidindo “[...] sobre
do para escrutínio a descontextualização e a a consciência dos outros indivíduos sociais e de si
despolitização sociais. Da mesma forma que ao se próprio, objetivando a mudança de atos e comporta-
identificar a “[...] potencialidade da violência (o mal) mentos”. Tal profissional – em uma das suas muitas
na conduta individual do ‘criminoso’ abstrai-se a vi- funções – integra, ao lado de outros profissionais, as
olência definida como criminal de seu contexto e bases que movem a operacionalização do direito pe-
conteúdo global, das instituições e relações de po- nal. Com seus instrumentos técnico-operativos (por
der, das conjunturas etc.” (ANDRADE, 2003, p. 146). exemplo, pareceres e estudos sociais), o assistente
Pode-se afirmar, pelo exposto, que os processos que social intervém diretamente nos processos judiciais
atribuem a um sujeito a etiqueta de criminoso são que efetivam – ou não – direitos.
parte de um sistema de exploração social, em que, Não é objetivo deste artigo delimitar as formas
primeiro, há uma eleição das ações a serem crimi- que a atuação do assistente social contribui para a
Tal modelo criminológico continua possuindo status tanto, concordamos com Baratta (1997, p. 68), quan-
hegemônico no senso comum, sobretudo no dos ope- do este diz que:
radores do sistema penal, apesar de ter sido teorica-
mente superado e não encontrar, como paradigma, [...] é necessário sair do impasse, evitar, em primei-
nenhuma base teórica e empírica. Esse paradigma ro lugar o círculo vicioso do eficientismo penal e,
se mantém hegemônico porque confere ideologica- em segundo lugar, a criminalização da política soci-
mente sustentação a um modelo de combate à al. [...] Não se trata simplesmente de desenhar o
criminalidade. E é nesse sentido que se instaura uma direito penal da Constituição, mas sim de redefinir
problemática, pois sendo o assistente social um dos a política segundo o desenho constitucional, como
operadores do sistema penal, ele também é suscetí- política de realização dos direitos.
vel, assim como outros profissionais, a utilizar-se do
discurso do senso comum em É vital que todos nós, as-
relação à produção da cri- sistentes sociais ou não, como
minalidade, apoiado no Romper com o paradigma atores sociais que somos, pas-
paradigma etiológico quando etiológico é romper com a visão semos a considerar as rela-
de sua ação profissional. O ções de violência dentro de
que o levaria a uma apreen- de que existe um criminoso uma lógica global, e, nesse
são restrita do real, aportada sentido, observemos que
numa construção teórica que nato, e passar a ver essa figura
segmenta a sociedade por [...] a necessidade de segurança
meio da seleção entre os bons como uma construção social da cidadania não é somente uma
e maus, protegendo os bons e necessidade de proteção frente
punindo os maus. Apoiar-se que encerra em si diversos à criminalização e aos processos
em tais conceitos, para o as- de criminalização: é uma neces-
sistente social, solidifica um
fatores, e que é mantida e sidade de ser e sentir-se garan-
discurso que é contrário ao legitimada por interesses de tida em todos os direitos, o de
promulgado pelo seu código de existir, de ser livre, de desenvol-
ética profissional, que defen- classe, próprios da sociedade ver as próprias capacidades, de
de a sua ação na direção de se expressar e se comunicar, de
contribuir para a construção capitalista. ter uma qualidade de vida digna
de uma ordem societária pau- e gratificante, de ter voz e poder
tada na eqüidade e na justiça. influir sobre as condições das
Romper com o paradigma etiológico é romper quais, concretamente, depende a forma própria de
com a visão de que existe um criminoso nato, e pas- ser e existir (BARATTA, 1997, p. 69).
sar a ver essa figura como uma construção social
que encerra em si diversos fatores, e que é mantida E, para atuar nesse contexto, o assistente social
e legitimada por interesses de classe, próprios da precisa ser um profissional
sociedade capitalista. É, também, abrir espaços para
qualificar o debate sobre a violência, para além do [...] qualificado, que reforce e amplie a sua compe-
indivíduo. É perceber que seguindo o modelo tência crítica; não só executivo, mas que pensa,
criminológico da Escola Positiva não se discute a analisa, pesquisa e decifra a realidade. [...] O novo
violência, ou melhor, discute-se apenas parte das perfil é de um profissional afinado com a análise
relações de violência. dos processos sociais, tanto em suas mediações
Dentro desse contexto, a categoria violência ca- macroscópias quanto em suas manifestações quo-
mufla-se em duas questões: primeiro, no aumento da tidianas; um profissional criativo e inventivo, ca-
repressão social que incidirá sobre setores específi- paz de entender o ‘tempo presente, os homens pre-
cos da população, qual sejam os pertencentes às clas- sentes, a vida presente’ e nela atuar, contribuindo,
ses subalternas, muitas vezes por não possuírem meios também para moldar os rumos de sua história
para acessarem os mecanismos legais de defesa, ou, (IAMAMOTO, 1998, p. 49, grifos da autora).
simplesmente, por já serem selecionados pelo siste-
ma penal desigual; segundo, no processo que nega Reforçando o que foi dito, segue-se cantando com
às classes subalternas o direito ao exercício da cida- Mano Brown (2002) a esperança, quando este diz
dania plena8 e as condições para a construção da que é
autonomia, uma vez que não possuem acesso aos
bens e serviços sociais, como saúde, educação etc. [...] necessário sempre acreditar que o sonho é pos-
Em relação a essas duas questões é que a discus- sível,
são sobre a violência precisa ser realizada, e, para Que o céu é o limite e você, truta, é imbatível.
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Discursos sediciosos: crime, direito e sociedade, Instituto uma reforma democrática e emancipatória da Universidade.
Carioca de Criminologia. Rio de Janeiro: Revan, ano 2, n. 3, São Paulo: Cortez, 2004.
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6 Id.
Arnaldo Xavier
Graduando de Serviço Social, Departamento de Ser-
viço Social (UFSC)
Orientadora: Vera Regina Pereira de Andrade, Cen-
tro Ciências Jurídicas (CCJ/UFSC)
Bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET)
de Serviço Social