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Aplicações da Psicologia Tomista à Psicologia Pastoral

quanto ao governo das emoções

Lamartine de Hollanda Cavalcanti Neto 1

Introdução

O tema da Psicologia Pastoral é de permanente atualidade para os que se dedicam à


evangelização. Com efeito, a vida cotidiana nos mostra que um dos problemas candentes nessa
área são as repercussões das emoções, sob suas mais variadas formas, tanto no comportamento
do agente, quanto no do paciente da ação evangelizadora. Elas fazem sentir sua presença e sua
força em qualquer atividade humana, e tal influência é tanto maior quanto mais elevado o caráter
da mesma. Não seria de estranhar, portanto, que elas também se fizessem sentir nessa que é uma
das mais altas, senão a mais elevada dessas atividades, sob certo ponto de vista.

O apóstolo hodierno depara-se com as influências das emoções quase que a cada passo. E
frequentemente encontra-as dentro de si mesmos, algumas vezes ajudando-o, mas em muitas
outras, dificultando-lhe a ação. Tomando os ensinamentos de São Tomás de Aquino por base,
pretendemos identificar propostas facilitadoras do governo das emoções que possam oferecer
benefícios práticos à Psicologia Pastoral, quer individual, quer coletiva, e procurar estimular, por
fim, o debate e a investigação nessa área tão notavelmente prática do conhecimento humano.

Conceitos básicos

Dois conceitos fundamentais na concepção aristotélico-tomista são os de ato e potência.


Segundo esses conceitos, todos os seres criados possuem potências que podem ou não
transformar-se em atos. Dito de outra forma, tudo que atualmente existe num ser criado
pressupõe a existência de uma ou mais potências correspondentes.

Aplicados aos seres humanos, tais conceitos acarretam tantas e tão ricas consequências, que
seria necessário outro trabalho apenas para apresentá-las e desenvolvê-las. Como isso
ultrapassaria os objetivos do presente texto, limitamo-nos a recordar que as potências do homem
podem ser muito sumariamente classificadas em quatro gêneros: o cognoscitivo, o apetitivo, o
locomotor e o vegetativo.

O cognoscitivo se subdivide em racional e sensitivo. O racional é também chamado de intelecto,


e o sensitivo engloba os sentidos externos (visão, audição, olfato, paladar e tato) e os internos
(sentido comum, memória, imaginação e cogitativa). Esse gênero de potências é que nos faculta
os atos cognitivos, ou seja, nos dão a capacidade de conhecer sensivelmente e entender a
essência dos seres.

O apetitivo, por sua vez, se divide em racional, sensitivo e natural. O apetite racional é o que
chamamos de vontade humana, o apetite sensitivo se desdobra em concupiscível e irascível
(sobre os quais nos deteremos mais adiante) e o apetite natural relaciona-se com nossa vida
vegetativa. É esse gênero de potências que nos faculta desejar ou rejeitar, tanto sensitiva quanto
racionalmente, os objetos dos quais tomamos conhecimento.

A potência locomotora, por sua vez, é a que nos permite pôr em prática aquilo que desejamos ou
rejeitamos em função do que conhecemos, e a vegetativa é a que nos dá a base para o
funcionamento das demais, permitindo-nos nutrir-nos, desenvolver-nos e reproduzir-nos.
As potências do homem se articulam entre si de modo a propiciar-lhe os atos necessários à vida
que lhe é própria, ou seja, racional e consciente de si mesma. Cada potência tem, portanto, o seu
papel peculiar. Os ensinamentos de São Tomás projetam uma luz notavelmente esclarecedora
sobre o assunto, em particular no tocante às potências apetitivas.

Para facilitar a compreensão da sua natureza e do seu papel, convém recordar também, ainda
que sumariamente, outra noção basilar da concepção tomista, que é a do ciclo da vida humana
consciente. Sobre ele, Brennan (1960) tece considerações que poderiam ser resumidas nos
seguintes termos:

Por suas faculdades, o ser humano é levado a procurar, primeiramente, conhecer a realidade que
o circunda. Conhecendo-a, propende para aquilo que lhe parece conveniente. E propendendo,
põe-se em ação de modo a obter aquilo que desejou, ou a evitar o que rejeitou.

Na primeira etapa, a pessoa põe em movimento suas faculdades cognoscitivas. Seus sentidos
externos, também chamados presentativos, captam o objeto e o apresentam aos sentidos
representativos, ou internos (sentido comum, imaginação, memória e cogitativa). Estes últimos o
transformarão numa imagem, ou phantasma na linguagem tomista, da qual o intelecto extrairá as
características que o singularizam para formar uma ideia abstrata.

Depois de formular o conceito abstrato e entender a essência do objeto conhecido, o intelecto


volta à imagem mental (phantasma) e considera as características peculiares daquele objeto
concreto, obtendo dessa maneira o conhecimento de sua singularidade.

Podemos exemplificar com o que ocorre quando um indivíduo vê uma mesa. Seu sentido
comum integra as informações dos sentidos externos. Com base nesta integração, sua
imaginação produz uma representação dela, auxiliada pela memória e pela cogitativa (que lhe dá
a avaliação da utilidade ou nocividade do objeto), e a pessoa forma uma imagem mental da
mesa. De tal imagem, o intelecto abstrai as características singulares, formulando a ideia abstrata
e universal de "mesa". Em seguida, se volta para a imagem mental e considera as características
singulares daquela mesa concreta, e assim conclui o processo do conhecimento, tanto universal
quanto singular do objeto.

Na etapa seguinte, suas potências apetitivas, tanto a natural quanto as sensitivas e a racional, o
moverão a desejar ou a rejeitar o objeto, como veremos mais detalhadamente logo adiante. Por
fim, sua potência locomotora o induzirá a se mover e agir em coerência com seu entendimento,
seus apetites e sua vontade, levando-o, por exemplo, a comprar a mesa, fechando, dessa forma, o
ciclo da vida humana consciente.

Tal ciclo pode, portanto, ser esquematizado, com base em São Tomás (apud BRENNAN, 1960,
com adaptações nossas), como segue:

CONHECER [Faculdades cognoscitivas: sentidos presentativos (ou externos)


? sentidos representativos (ou internos) ? conhecimento racional]
? APETECER [Faculdades apetitivas: 1) natural (comum a todos os seres vivos); 2) sensitiva
(comum aos animais): apetite concupiscível e irascível; 3) intelectiva (comum aos Anjos e
homens): decisões voluntárias que procedem do conhecimento racional] ? AGIR [Faculdade
locomotora: ação, comportamento].

As potências apetitivas
Em seu conjunto, as potências apetitivas são as que proporcionam ao homem a capacidade de
amar ou odiar, desejar ou rejeitar, e ter os demais movimentos emocionais consequentes.

Elas têm um papel fundamental por se encaixarem no ciclo da vida humana consciente, como o
elo entre as faculdades cognoscitivas e as executivas. Sem elas, de nada nos adiantaria conhecer
a realidade, sua nocividade ou conveniência para a vida. Permaneceríamos impávidos e imóveis
como os minerais e os vegetais.

A Psicologia Moderna focaliza sua atenção mais especialmente nos atos que tais potências
propiciam, ou seja, nas emoções. Mas se temos por objetivo conhecer a natureza do que está por
trás dessas últimas, nada melhor do que aprofundarmos o que São Tomás nos ensina a respeito.

Ele distingue três grandes gêneros de potências apetitivas (o natural, o sensitivo e o racional)
com base em suas diversas características. Dentre elas, podemos destacar as relacionadas com o
estimulo produzido pelos transcendentais do ser: o unum, o verum, o bonum e o pulchrum
(JOLIVET, 1959), sobre cada uma delas.

A inteligência é principalmente estimulada pelo verum (verdadeiro) do objeto, enquanto que a


vontade o é pelo bonum (bom). Por sua vez, a beleza (pulchrum), estimula tanto um quanto
outra, bem como os apetites sensitivos (concupiscíveis e irascíveis), promovendo uma interação
de todas essas potências (BRENNAN, 1969).

Quanto às diferenças entre o apetite sensitivo e o racional, podemos recordar que, em relação ao
estímulo, o primeiro requer uma imagem para incitar as paixões, e o racional necessita de uma
ideia para pôr em movimento a volição, o que explica que o objeto adequado desta seja o bem
razoável.

Outro modo de distingui-las é a identificação da tendência que motiva o apetite. Para isso, vale
recordar a definição proposta por Brennan (1969) de apetite (em geral) ou orexis: a tendência
para algo motivada por um desejo.

Em se tratando do apetite natural, tal tendência é provocada pela potência vegetativa, visando à
nutrição, ao desenvolvimento e à reprodução. No caso do apetite sensitivo, a tendência é
motivada pelos sentidos externos e internos. Quando a tendência é movida pelo intelecto, temos
o apetite racional, que tende a coordenar a ação dos demais apetites.

A posse física do objeto é a finalidade das potências apetitivas, enquanto a das cognoscitivas é
sua posse pelo conhecimento. Este, porém, determina aquela, como ensina São Tomás: "O
apetite sensitivo, de fato, pode ser movido naturalmente não somente pela estimativa nos
animais e pela cogitativa no homem, que a razão universal dirige, mas ainda pela imaginação e
pelos sentidos" (AQUINO, S. T., P. I. q. 81, a. 3, r. a obj. 2. 2002, p. 474).

O estudo do que se poderia chamar de psicologia das tendências é imensamente interessante,


quer por sua riqueza teórica, quer por suas repercussões práticas nos âmbitos individual e social.
Limitamo-nos aqui apenas ao registro de seus princípios básicos, esperando uma oportunidade
para aprofundá-lo mais adequadamente.

Apetite concupiscível e apetite irascível


Há dois tipos de apetite sensitivo: o concupiscível, que tende a obter bens necessários para a
subsistência, e o irascível, que atua na obtenção de bens difíceis de alcançar ou na luta contra
males árduos de evitar.

Como já referido, existe uma ação prévia dos sentidos (externos e internos) no estimulo dos
apetites. Dentre esses sentidos, destaca-se o papel da potência estimativa (no animal), ou da
cogitativa (no homem), que é o sentido interno que lhe confere a noção da utilidade ou
nocividade do objeto. Esta cognição, ainda não racional mas apenas sensitiva, é que
desencadeará os apetites, por meio da mobilização dos instintos. E os apetites, por sua vez,
desencadearão as paixões, na linguagem tomista; emoções ou afetos, na contemporânea. Por isso
a cognição propiciada pela potência cogitativa importa no chamado conhecimento afetivo
(MENEZES, 2000) ou por conaturalidade (MACINTYRE, 2003; LOBATO, SEGURA E
FORMENT, 1994), outro tema interessantíssimo que dá margem para vários novos estudos,
inclusive os relacionados com a psicologia das tendências.

Atos propiciados pelo apetite sensitivo

Como acabamos de ver, as potências apetitivas sensitivas estimuladas dão lugar a atos. São
Tomás chama esses atos de paixões.

Ele as define como: "A atividade do apetite sensível que resulta do conhecimento e que se
caracteriza pelas alterações corporais que produz" (AQUINO, S. T., P. I-II, q. 22, apud
BRENNAN, 1969, p. 246).

Tanto a linguagem corrente quanto a psicológica atual tendem a entender o termo paixão num
sentido diverso do que lhe dá São Tomás. Uma análise mais acurada deste último, entretanto,
evidencia a sua precisão, e até mesmo que está na raiz dos sentidos que lhe dá a terminologia
contemporânea.

O termo tomista paixão vem do Latim, passio, e indica as modificações orgânicas, aquilo pelo
que passa, sofre, a pessoa submetida a uma emoção. Se traduzirmos "paixão" por "emoção"
teremos, portanto, uma notável aproximação de conceitos.

Comparando os conceitos contemporâneos com o tomista, Brennan (1969) observa que os


autores de sua época distinguiam os sentimentos das emoções. Aqueles seriam equivalentes às
paixões que produzem menos alterações corporais, tais como algumas do apetite concupiscível.
As emoções o seriam às que produzem alterações mais intensas, como as do apetite irascível e
algumas outras do concupiscível.

Haveria entre elas, portanto, apenas uma diferença de grau, e não qualitativa, baseada na
intensidade das mudanças fisiológicas que as acompanham. Sua causa eficiente, porém, é
sempre a mesma: o conhecimento fornecido pela sinergia dos sentidos e, especialmente, da
potência cogitativa, que no homem é aliada à intelectual.

Desse modo, Brennan (1969) especifica os elementos e as etapas constitutivas das paixões: o
conhecimento, leva ao apetite ou desejo, e acarreta as mudanças fisiológicas.

Solução de dificuldades conceituais


Embora todos saibam o que significam, é curioso notar certa dificuldade para definir os afetos,
sentimentos ou emoções em termos racionais. Encontraremos a explicação, porém, recorrendo à
concepção tomista. Trata-se de operações de potências de ordens diferentes: a definição é um ato
da potência intelectiva e a paixão, da apetitiva. Tentar uma definição intelectiva de uma
realidade apetitiva seria como tentar explicar uma sinfonia com base apenas na sua partitura.
Para compreendê-la, é preciso ouvi-la.

Alia-se também a essa dificuldade o emprego corrente da palavra "sentir", tanto para a senso-
percepção quanto para se referir aos sentimentos ou paixões suaves. Ora, a senso-percepção está
relacionada com os sentidos, com o conhecimento sensitivo, enquanto o sentimento é o produto
de um apetite, que pressupõe um conhecimento.

O sentimento inclui, sem embargo, uma sensação, em geral tátil proprioceptiva, ou seja, o
indivíduo sente as alterações fisiológicas dentro de si, em especial as cardíacas, provocadas pela
ação de seus apetites. Daí, aliás, a associação do termo "coração" às emoções. Tais confusões se
desfazem, porém, quando iluminamos o assunto com o enfoque tomista.

"Matriz" das demais paixões: o amor

Um ponto interessante ressaltado por Brennan (1969) afirma, de acordo com São Tomás, não
haver paixão na alma do homem que não esteja fundada em algum tipo de amor. Pois, segundo o
Doutor Comum (P. I-II, q. 27, a. 4, 2003), toda outra paixão ou implica num movimento em
direção a um objeto ou no descanso nele. E isto provém de certa conaturalidade ou proporção
pertencente à natureza do amor.

Portanto, diz ele, é impossível alguma outra paixão ser universalmente causa de todo amor,
podendo acontecer, contudo, que outra paixão seja causa de um determinado amor, assim como
um bem é causa de outro.

Ainda nesta mesma questão, respondendo às objeções, o Doutor Angélico (P. I-II, q. 27, a. 4,
2003) desenvolve este tópico demonstrando que, embora a paixão desejo possa parecer ser o
primeiro movimento em relação a um objeto reconhecido como bom, tal desejo pressupõe o
amor ao objeto, pois ninguém deseja aquilo que não ama. Isto se verifica mesmo quando o
desejo de um objeto é causa de que se ame outro, como ocorre, por exemplo, com quem deseja
receber dinheiro, e por essa razão ama aquele de quem o recebe.

Em outras palavras, a primazia do amor sobre as demais paixões se verifica pelo fato de, no
ciclo da vida consciente, ela é a primeira a ser mobilizada após o processo cognitivo estimular o
apetite: quando o indivíduo percebe que algo lhe convém, ama-o. Percebendo que não lhe
convém, porque ama o bem oposto, rejeita o objeto em questão. Esse amor, ou ódio (decorrente
da rejeição) suscitado em contraposição a ele, desencadeará as demais paixões, conforme
examinaremos mais detidamente logo adiante.

"As paixões são geradas na consciência"

Roger Vernaux destaca um ponto importante da concepção tomista sobre as emoções. Ele afirma
que "as paixões são geradas na consciência" (VERNAUX, 1969, p. 81). Para alguns psicólogos
modernos isto poderia soar como uma solene declaração de "heresia". Mas Vernaux oferece uma
interessante demonstração. Para tanto, ele apresenta o processo de encadeamento das paixões
motivado pelo conhecimento de um bem árduo, separado do sujeito por um obstáculo. Para fins
didáticos, podemos acompanhar a demonstração com um exemplo concreto, analisando o que
pode ocorrer com uma pessoa que deseja recuperar uma joia roubada por um ladrão.

O primeiro movimento emocional que se apresenta ao indivíduo é o amor do bem considerado


em si mesmo, no nosso exemplo, o amor à joia. Pelo fato de o objeto ser amado, o obstáculo que
impede de alcançá-lo - o ladrão que a detém - apresenta-se como um mal, e, portanto, suscita o
ódio. Surgem, ao mesmo tempo, o desejo desse bem (a joia) e a aversão ao obstáculo (o ladrão).
Caso o objeto seja transponível, ou seja, se é possível alcançar o ladrão e retomar a joia, nascerá
a esperança. Caso seja intransponível, o desespero.

A esperança, por sua vez, desperta a audácia que impele a mover-se em direção ao obstáculo, a
correr atrás do ladrão, e em seguida a cólera ou ira aparece no momento de enfrentá-lo. Por fim
vem a deleitação ou alegria, após o obstáculo ser vencido e o bem ser possuído, ou seja, a joia
ter sido retomada do ladrão. Caso contrário, se o obstáculo for identificado como intransponível,
como pode ocorrer com um ladrão que se apresenta armado ou muito mais forte, a paixão
despertada será o desespero, este gerará o medo, que levará a recuar diante do obstáculo, e o
medo acarretará a tristeza, pelo fato de o objeto não ser possuído.

A demonstração de Vernaux (1969) é bem oportuna, pois nos permite avaliar a reversibilidade
de todas as paixões ou emoções, ou seja, como umas desencadeiam as outras e como, no final
das contas, todas elas têm origem na paixão-amor, até mesmo o ódio.

"Assim, o ódio se funda sobre o amor, porque uma coisa não aparece como um mal a não ser por
relação a um bem que é amado. Se não tendemos para um bem, não encontraremos nenhum
obstáculo sobre a sua rota" (VERNAUX, 1969, p. 82).

Vernaux conclui, portanto, que, se o desencadeamento emocional provém do amor, e esta é uma
das emoções de que mais facilmente se toma consciência, tal desencadeamento tem origem na
consciência humana, ou ao menos em dado momento é evidenciado para ela, quando o
indivíduo se dá conta do amor que tem pelo objeto.

Podemos acrescentar, em consequência, que a chave do controle emocional consiste no


adequado manejo da paixão-amor. A ênfase que os autores clássicos da vida espiritual dão ao
papel do amor encontra, aqui, uma demonstração científico-filosófica inescusável.

Porém, antes de examinar as consequências práticas deste e dos demais benefícios que os
aportes tomistas podem fornecer à Psicologia Pastoral, convém estabelecer o conceito e os
princípios norteadores desse ramo da Teologia Pastoral que passaremos a considerar.

Psicologia Pastoral

Segundo o Pe. WillibaldDemal, O.S.B. (1968), a Psicologia Pastoral é uma ciência auxiliar da
Teologia Pastoral que oferece os conhecimentos psicológicos necessários para a assistência
espiritual. De acordo com o Pe. Bless (1957), podemos ampliar sua aplicação a todos os
aspectos da vida religiosa. Como parte integrante da mesma, consideraremos ainda o conceito de
Psicologia do Apostolado oferecido pelo Prof. Ugo Sciascia, da Pontifícia Universidade
Lateranense, que o entende como: "Os ensinamentos da psicologia individual e social aplicados
a quanto concerne ao apostolado" (SCIASCIA, s. d., p. 10).
Apoiados no Pe. Bless (1957) podemos dizer que a Psicologia Pastoral tem por fim primordial
facilitar o desenvolvimento da vida espiritual e da atividade pastoral, tanto individual quanto
coletivamente, seja para as pessoas normais, seja para as que padecem de enfermidades,
especialmente as mentais.

A divisão didática do estudo da Psicologia Pastoral varia conforme os autores. O Pe. Roberto
Zavalloni, O.F.M. (1968), por exemplo, a divide em três grandes grupos: 1º) A Psicopedagogia
Pastoral, que aborda o estudo do fenômeno religioso (sic), sua evolução e diferenciação, bem
como a formação e a instrução religiosas. 2º) A Psicopatologia Pastoral, no qual investiga sua
utilidade, os fenômenos extraordinários da mística, os patológicos, a direção espiritual e a
casuística. 3º) A Psicosociologia Pastoral, em que analisa o papel da Psicologia na
evangelização, na propaganda religiosa, nos quadros e ambientes sociais.

Pe. Demal (1968), por sua vez, faz uma tríplice abordagem que enfatiza: 1º) A vida espiritual no
caminho da perfeição. 2º) A psicologia dos tipos individuais, enquanto diferenciados por sexo,
idade, profissão, índole pessoal. 3º) A Psicopatologia Pastoral.

Já Sciascia (s. d.) prefere dividir seu estudo em dois grandes grupos: 1º) O aporte da Psicologia
Individual, que analisa o papel de cada potência da alma, dos hábitos, da consciência e da
personalidade. 2º) O aporte da Psicologia Social, que discorre sobre a terminologia conceitual,
as interações das influências sociais e individuais, o estudo da opinião pública, da propaganda,
da adaptação às circunstâncias sócio-culturais, da liderança e de outros papéis sociais.

Desse modo, cada autor terá uma maneira própria de aprofundar a matéria, cabendo ao estudioso
saber aplicar também aqui aquelas palavras de São Paulo: "Examinai tudo: abraçai o que for
bom" (1Tes 5, 21).

Pe. Zavalloni (1968) destaca a necessidade de uma formação segura no campo psicológico para
que o sacerdote possa ser realmente aquele medicusanimae de que falam os Papas e Doutores da
Igreja. Ressalta também a utilidade de seu estudo para fazer frente ao problema de comunicar
aos demais as convicções religiosas, em meio às adversidades dos tempos presentes, sobretudo
face à perda do "senso do sagrado" (ZAVALLONI, 1968, p.13), que ele considera um dos
obstáculos mais graves à evangelização do mundo moderno.

Pe. Demal (1968) assinala que, a assistência espiritual tendo por objeto a alma humana, o
religioso terá tanto maior possibilidade de êxito quanto melhor conhecê-la.

Pe. Bless (1957) apresenta citações de vários autores, tais como De Sinéty, Schulte, Allers,
Bergmann, Carp, que ressaltam a necessidade do conhecimento da Psicopatologia e das técnicas
terapêuticas, tanto para a formação pessoal do sacerdote, quanto para seu apostolado.

Pe. Zavalloni (1968), e principalmente Sciascia (s.d.), enfatizam a utilidade das contribuições da
Psicologia Social para a atuação sobre a opinião pública e evangelização em termos coletivos,
tanto mais importantes quanto se considera que vivemos numa sociedade dominada pela
propaganda e pelos meios de comunicação de massa.

Ademais, aplicando e ampliando as considerações do Pe. Bless (1957) para a Psiquiatria


Pastoral, podemos concluir que o estudo e o desenvolvimento da Psicologia Pastoral requerem
conhecimentos em várias outras áreas, tais como a Teologia Moral, a Filosofia, a Psicologia
geral, a Psicopatologia, tanto individuais quanto coletivas, a Psiquiatria, as Psicoterapias, a
Pedagogia, a Antropologia, a Sociologia, a Biologia e ainda outras.

Uma vez que a Psicologia Pastoral tem fronteiras com tantas outras ciências, em sua aplicação
ao apostolado o religioso poderá, por vezes, encontrar-se na necessidade ou conveniência de
requerer o auxílio dessas mesmas ciências ou de algum profissional especializado.

Tal situação se dará muito com relação ao médico psiquiatra ou ao psicólogo. Diante dela, o
religioso se verá comumente diante de um problema criteriológico e mesmo moral, tantas vezes
de graves consequências.

Com efeito, a Psicologia e a Psiquiatria modernas são marcadas profundamente pela influência
de escolas que distam notavelmente dos princípios e da prática da Doutrina Católica. Embora a
psicanálise freudiana tenha perdido a posição hegemônica que desfrutava até as décadas de 1960
ou 1970, seus fundamentos filosóficos continuam a impregnar consideravelmente a maioria das
correntes psicológicas atuais, mesmo aquelas que se dizem dissidentes.

Ao sacerdote e ao apóstolo leigo convém ter presente o ensinamento da Igreja a respeito,


expresso mais claramente por Pio XII, o qual, por exemplo, na alocução de 13/9/1952 dirigida
aos membros do primeiro Congresso Internacional de Histopatologia do Sistema Nervoso,
declarou:

Para se libertar de recalques, de inibições, de complexos psíquicos, o homem não é livre de


despertar em si, para fins terapêuticos, todos e cada um desses apetites da esfera sexual, que se
agitam ou se agitaram no seu ser, e movem as suas vagas impuras no inconsciente ou no
subconsciente. [...] Para o homem e para o cristão existe uma lei de integridade e de pureza
pessoal, de estima pessoal de si, que lhe proíbe mergulhar-se assim totalmente no mundo das
representações e das tendências sexuais. O interesse médico e psicoterapêutico do paciente tem
aqui um limite moral. Não está provado, é mesmo inexato que o método pan-sexual de certa
escola de psicanálise seja parte integrante indispensável de toda a psicoterapia séria e digna
deste nome. (PIO XII, 1952, apud FRIEDRICHS, 1959, p. 145).

Quanto às demais escolas, todas aquelas que forem tendentes ao reducionismo da psicologia
humana à simples reatividade sensitiva animal, como o behaviorismo de Watson (1930) e suas
variantes, ou as que se limitam à administração de medicamentos, como a moderna
psicofarmacoterapia, bem como aquelas que são influenciadas por escolas filosóficas pouco
compatíveis com a Escolástica, como a Gestalt e a Humanista, também correm o risco de não
atingir os resultados esperados pela cosmovisão católica.

A negação da alma enquanto objeto da Psicologia e da Psicoterapia, e mesmo enquanto


realidade existente - presente na maioria dessas tendências - é, ademais, um obstáculo sério à
consciência moral de quem deseja fazer bem espiritual a qualquer pessoa.

Aplicações básicas dos aportes tomistas sobre as emoções à Psicologia Pastoral

Estabelecidos os conceitos e princípios da Psicologia Pastoral com que trabalharemos,


retornamos agora ao estudo tomista das emoções, notadamente aos aportes explicitados por
Vernaux (1969), para analisarmos suas contribuições à Psicologia Pastoral.
O referido autor ressalta que a chave do controle emocional consiste no adequado manejo da
paixão-amor, donde se deduz o surpreendente papel que a consciência pode ter no manejo das
emoções. Pois, se seu desencadeamento é no mínimo passível de se tornar consciente, pela
tomada de consciência daquilo que se ama na origem do processo, seu manejo torna-se muito
mais acessível do que comumente se imagina.

Um corolário necessário dessa proposição é que apenas o adequado domínio da inteligência e da


vontade sobre as emoções, e o benefício que estas, uma vez bem reguladas, são capazes de
oferecer àquelas, podem favorecer o desempenho humano, quer pontual, quer global, de modo
satisfatório.

Nesse particular, Tanquerey (1932), teólogo de orientação tomista, destaca os benefícios


propiciados pela boa ordenação das paixões sobre a inteligência e a vontade, e, em decorrência,
sobre o comportamento do indivíduo.

Com efeito, ele sustenta que a inteligência ganha em capacidade de compreensão e dedicação,
tanto no trabalho como no estudo, otimizando o desejo de conhecer a verdade, a facilidade em
apreender e a utilização da memória. E a vontade multiplica suas energias e capacidade de
decisão. O que, aliás, é de observação consensual.

Atuando em conjunto, elas terão condições de conduzir a paixão-amor às suas devidas


finalidades. E este amor bem ordenado, por sua vez, facilitará enormemente a atuação do
entendimento e do apetite racional, com o estabelecimento de uma espécie de círculo virtuoso.
Pois, como mostra a experiência, tudo que se faz com verdadeiro amor, se faz melhor, uma vez
que ele é a paixão-mestra que desencadeará o dinamismo das demais.

Trata-se, portanto, de aliar o apetite sensitivo, tanto concupiscível quanto irascível - conforme o
caso - com o apetite racional, ou seja, a vontade. Uma aplicação, aliás, do velho princípio de que
"a união faz a força". Tal aliança requer esforço, é bem verdade, mas é imensamente facilitada
pela ação da graça divina.

Os benefícios para a inteligência e a vontade, bem como para todo o comportamento individual
e social, são tão significativos, que seu estudo não pode ser negligenciado por quem se interesse
de fato pelo tema. O desenvolvimento deste particular, entretanto, requereria um estudo de
ampla envergadura, tal a sua riqueza e profundidade. Limitamo-nos a recordá-lo, aqui,
remetendo para autores que se estendem sobre ele, tais como o próprio Tanquerey (1932), ou
Marín (1968, 1977).

No conjunto de sua Obra, São Tomás trata do amor não somente enquanto paixão, mas também,
e sobretudo, enquanto virtude. Esta, também chamada caridade, é uma realidade que transcende
de longe o mero apetite sensitivo.

O amor-virtude concerne o amor-paixão, mas o primeiro está muito mais relacionado com a
inteligência, a vontade, e sobretudo com a graça e os dons divinos, enquanto o segundo é de tal
maneira próprio ao corpo humano, que encontra vivas analogias com o dos animais irracionais.

Vale ressaltar que a expressão "verdadeiro amor", usada mais acima, inclui tanto a paixão quanto
a virtude. Entendemo-la no sentido que lhe dá, por exemplo, Santo Agostinho (1961), que diz
não existirem mais que dois amores: o amor de Deus e o de si mesmo. Todos os demais são
variantes ou decorrências destes.
Essa concepção está na raiz da principal consequência lógica que podemos tirar de quanto foi
exposto até aqui: o egoísmo está literalmente na raiz do desequilíbrio emocional. Pois se a
paixão-amor tem a primazia sobre o desencadeamento das demais emoções, e ela pode ser
conscientemente governada, com o auxílio da graça, pela razão e pela vontade, compete a estas
buscar a prática do amor enquanto virtude para pôr em ordem todo o dinamismo das emoções.

Esta é uma das principais e mais básicas contribuições que a Psicologia Tomista pode fornecer à
Pastoral, ao menos no tocante ao governo das emoções, pois, como veremos, serve de alicerce
para as demais, como analisaremos a seguir.

Contribuições à Psicologia Pastoral aplicadas aos indivíduos

Para isso, devemos começar por recordar que os autores especializados acima citados aplicam a
Psicologia Pastoral a três campos distintos: 1º) à vida espiritual individual, 2º) à formação moral
e religiosa dos indivíduos, 3º) à equivalente formação das coletividades. Estas duas últimas
áreas constituem o que também se costuma chamar de apostolado ou evangelização.

Como ensina Dom Jean Baptiste Chautard (1930), a essência de todo apostolado é a vida
interior, ou seja, a vida espiritual individual bem cultivada. Ora, como não pode haver esta
última sem equilíbrio emocional, a utilidade dos aportes tomistas quanto a este particular se
torna evidente.

Por outro lado, tanto para o religioso que vai orientar a vida espiritual de um terceiro, quanto
para este último, o equilíbrio emocional é imprescindível. Em consequência, a direção espiritual
deve tanto basear-se quanto conduzir o dirigido para o equilíbrio emocional.

O diretor de almas se beneficiará, portanto, em conhecer e aprofundar o que nos ensina São
Tomás sobre o papel da paixão - amor (ou emoção, na terminologia moderna) e seu governo
consciente, por meio da inteligência e da vontade, sobre o dinamismo das demais paixões, de
modo a conduzi-las ao equilíbrio. E beneficiará seu dirigido na medida em que o faça conhecer e
praticar tais ensinamentos.

Se é verdade que o dinamismo das paixões será bem conduzido em âmbito individual na medida
em que a inteligência, iluminada pela Fé, oriente a vontade, e esta governe adequadamente os
sentidos e os apetites sensitivos (tanto concupiscíveis, quanto irascíveis) de modo a guiar o amor
para os bens intermediários que efetivamente conduzam ao Bem supremo, também será
verdadeiro que a multiplicação desses equilíbrios individuais só poderá ter um resultado
benéfico em termos sociais. Pois uma sociedade composta por indivíduos emocionalmente
equilibrados tem o principal elemento para ser uma coletividade equilibrada.

Porém, além do apostolado individual apoiado em tais princípios, tendo em vista a multiplicação
paulatina de indivíduos equilibrados, pode-se e deve-se lançar mão de recursos de evangelização
coletiva que também os leve em conta, para atingir seus objetivos de modo mais rápido e eficaz.

Tais métodos se caracterizarão, portanto, pelo conhecimento dos princípios tomistas que vimos
analisando e por seu emprego na mobilização das emoções de modo a não constituírem estorvos,
mas poderosos apoios ao predomínio da inteligência e da vontade no comportamento humano.

Aplicações à evangelização de coletividades e à psicopedagogia


Retomemos, agora, a noção dos transcendentais do ser (unum, verum, bonum, pulchrum). Como
vimos, o intelecto é estimulado predominantemente pelo verum (verdadeiro) do objeto,
enquanto que a volição o é pelo bonum (bom). Já o belo (pulchrum) estimula tanto um quanto
outra, como também os apetites sensitivos, promovendo uma sinergia dessas potências
(BRENNAN, 1969).

Ora, de todos esses transcendentais do ser, o mais acessível à apreensão humana é o pulchrum,
pois com mais facilidade mobiliza os sentidos externos e internos, bem como os apetites
sensitivos, que desse modo não só deixam de se tornar obstáculo para as potências superiores
(inteligência e vontade), como passam a ser aliadas.

A arte de mobilizar a paixão-amor por meio da utilização do pulchrum reveste-se, portanto, de


um alto significado no sentido de promover o equilíbrio emocional e, com a colaboração deste, o
progresso na vida espiritual. Progresso este que será potenciado pela utilização de tais princípios
nos métodos de evangelização coletivos.

Prova disso é o êxito obtido pelos movimentos católicos que se servem do que se convencionou
chamar de Via Pulchritudinis, isto é, a utilização da beleza como meio de evangelização. Com
efeito, tal expressão foi consagrada no documento final da Assembleia Plenária do Pontifício
Conselho para a Cultura (2006), o qual declarava que, face ao desafio atual da indiferença
religiosa e até da falta de Fé, a Igreja Católica passaria a intensificar a utilização de tal via como
meio de evangelização.

Pois enquanto a verdade e a bondade requerem maior participação da inteligência e da vontade


para ser compreendidas e aceitas, o pulchrum (a beleza) é de apreensão quase intuitiva, e está
acessível a pessoas dos mais diversos tipos de formação, ou mesmo sem ela, constituindo-se,
desse modo, uma porta de acesso fácil para os patamares doutrinários mais elevados do bonun e
do verum.

Trata-se, portanto, de uma das muitas aplicações à evangelização dos referidos princípios
tomistas, a qual tem conseguido atrair jovens, pessoas de todas as faixas etárias, encher
seminários, catedrais e eventos católicos, mesmo em dias de semana ou em locais de difícil
acesso.

Uma extensa e profunda análise da aplicação prática de tais princípios à psicopedagogia, que
explica sua eficácia e seus êxitos, pode ser encontrada na Dissertação de Mestrado em
Psicologia do Monsenhor João ScognamiglioClá Dias (2009), apresentada à Universidade
Católica da Colômbia, e intitulada "La ‘primera mirada' delconocimiento y laeducación:
unestudio de casos". Remetemos para ela o leitor interessado.

Aplicações até para uma Psiquiatria Preventiva

As contribuições tomistas à Psicologia revestem-se, inclusive, de um caráter preventivo quanto


às doenças mentais. Pois o desequilíbrio das emoções está relacionado com praticamente todas
as enfermidades do gênero.

Uma pedagogia baseada na adequada condução da paixão-amor tenderá a promover o


desenvolvimento saudável de todas as demais, bem como das virtudes morais, pois assim como
o amor, enquanto paixão, tem um papel regente no dinamismo das emoções, a virtude da
caridade o tem de modo análogo, no tocante às demais virtudes.
É o que ensina, aliás, o Divino Mestre quando afirma:

Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua alma, e com todo o teu
entendimento, e com todas as tuas forças. Este é o primeiro mandamento. E o segundo é
semelhante ao primeiro: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento
maior do que estes (Mc, 12, 30-31. BÍBLIA SAGRADA, 1985, p. 1235).

É o que corrobora também a seguinte afirmação de Sua Santidade o Papa Pio XII, na alocução
de 1/10/1953 aos participantes do Congresso Nacional de Enfermeiras Profissionais e das
Assistentes Sanitárias Visitadoras:

Que a sanidade mental seja um dos bens fundamentais da natureza, é coisa óbvia. Mas
igualmente evidente é que a mesma sanidade também é fundamental no campo religioso e
sobrenatural. De fato, não é concebível numa alma o pleno desenvolvimento dos valores
religiosos e da santidade cristã, se não se parte de uma mente sã e equilibrada nos seus impulsos.
[...] Apesar do que o sectarismo de outros tempos pretendia falsamente afirmar, é hoje admitido
que a vida em conformidade com os preceitos cristãos, preceitos cuja observância muitas vezes
requer graves lutas e sacrifícios, sempre superáveis mediante o auxílio da graça, é a melhor
garantia para salvaguardar, em indivíduos normais, a harmonia do espírito, ao passo que
reconquistar os costumes cristãos, constitui um corroborante das energias
psíquicas exaustas ou desmoronadas. (PIO XII, 1953, apud FRIEDRICHS, 1959, p. 385-386).

Em outras palavras, o Pontífice ensina que a melhor Psiquiatria preventiva não é a liberação dos
instintos, sugerida pela psicanálise e correntes afins, mas a prática das virtudes, propiciada,
como vimos, pelo adequado governo das emoções.

Conclusão

Esperamos que as presentes considerações possam servir para consolidar a convicção do valor
intrínseco dos ensinamentos de São Tomás de Aquino, em especial no tocante às ciências
psicológicas e suas aplicações à Psicologia Pastoral, quer no plano individual, quer no social. E
que elas possam ser de alguma utilidade para as atividades concretas de evangelização em
nossos dias, tão marcados pela influência das emoções e pelas consequências de seus distúrbios.

Vale ressaltar que não tivemos, nem podemos ter, a pretensão de esgotar a matéria. Pelo
contrário, temos bem presente que sua vastidão é um convite e um desafio para os
investigadores que, com espírito autenticamente científico e desprovido de preconceitos, possam
contribuir para descortinar novos horizontes
nesse ramo tão interessante do conhecimento e da atividade humana.

Nota:

1) Médico psiquiatra, especialista em Teologia Tomista e doutorando em Bioética. Professor de


Psicologia no Instituto Filosófico Aristotélico Tomista.

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