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CONHECIMENTO s específicos

CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais


O sistema educacional formal é aquele construído dentro da
1. SISTEMA EDUCACIONAL: instituição socialmente reconhecida como escola. O processo en-
sinoaprendizagem traduzido por este sistema é obrigatoriamente
LEGISLAÇÃO; ESTRUTURA;
sistematizado, ou seja, vem organizado dentro de parâmetros es-
ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIAS. pecíficos encontrados no mundo da escola, ou seja: currículo, dis-
ciplinas, metodologias, objetivos, avaliação e planejamento, num
corpo de recursos humanos tecnicamente preparado para alcançar
O Sistema Escolar Brasileiro a eficiência e eficácia desse processo. O corpo normativo de sus-
tentação deste sistema é a LDBEN.
A estrutura e o funcionamento da educação no Brasil são es- O sistema educacional não formal está vinculado às demais
tabelecidos sob a forma de um sistema. Por isso, num primeiro instituições socialmente reconhecidas como: família, igreja, mídia,
momento, é necessário entender o conceito de sistema. partidos políticos, associações. O processo ensinoaprendizagem
Lalande apud Silva (2006) apresenta uma das definições mais que se estrutura nesse modelo sistêmico dispensa o rigor da siste-
didáticas e de fácil compreensão sobre o termo. Ele o define como matização das ações presentes no sistema educacional formal, po-
“conjunto de elementos, materiais ou não, que dependem recipro- rém o processo de aprendizagem se estrutura efetivamente a partir
camente uns dos outros, de maneira a formar um todo organizado”. das especificidades de cada uma dessas instituições.
Essa definição apresenta o sistema como um todo formado de par- O sistema educacional informal se estrutura basicamente nas
tes interdependentes e harmônicas, mas tem sua atenção voltada relações interpessoais travadas no cotidiano de cada indivíduo e se
apenas para o interior do sistema, ignorando o que se passa a sua pauta no senso comum, no conhecimento ou cultura popular, nas
volta. interpretações, nas deduções que o homem faz das coisas e dos
Drew apud Silva (2006), em seu conceito, incorpora as rela- acontecimentos do seu mundo diário.
ções com o meio externo à noção de sistema, ao defini-lo como Sistema de ensino: diz respeito ao “como” o aluno percorre
“conjunto de componentes ligados por fluxos de energia e funcio- o sistema educacional formal em seus diferentes níveis e moda-
nando como uma unidade [...] se o sistema recebe energia exterior lidades. O sistema de ensino pode ter uma composição múltipla,
e devolve energia, diz-se que é um sistema aberto. Se a energia é ou seja, admite-se a organização do sistema de ensino brasileiro
em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular
retida dentro do sistema, diz-se que é um sistema fechado”.
de períodos de estudos, com base na idade, na competência e em
Assim, um sistema aberto apresenta, necessariamente, fron-
outros critérios, sempre que o processo de aprendizagem assim re-
teira permeável ao ambiente, ou seja, existe um movimento de
comendar (Art. 23 da LDBEN).
entrada e saída de elementos através das fronteiras. Ele recebe do
Sistema escolar: diz respeito a uma rede de escolas e sua es-
ambiente externo novos elementos (inputs) e devolve ao ambiente
trutura de sustentação.
produtos do sistema (outputs).
O sistema escolar brasileiro é um sistema aberto, pois se inse-
Na realidade, não podem existir sistemas absolutamente fe-
re num supersistema mais amplo (a sociedade) e possui subsiste-
chados nem completamente abertos. Um sistema absolutamente mas de fronteira que selecionam os elementos que entram e saem
fechado tenderia à destruição (entropia), por não conseguir reno- do sistema. Como exemplo, podem ser citados os vestibulares e os
var-se. Um sistema completamente aberto, em que os elementos exames finais, no caso do Ensino Superior.
entrem e saiam livremente, já não seria um sistema, por não con- A sociedade insere no sistema escolar alguns elementos, den-
seguir manter um mínimo de organização, sendo assim, o sistema tre os quais se destacam:
aberto sempre dispõe de um subsistema de fronteira, que lhe per- - objetivos – expressam os anseios e as tradições da sociedade;
mite selecionar os inputs e outputs. (RODRIGUES, 2008) - conteúdo cultural – extraído da história e do desenvolvimen-
Em geral, o sistema está contido dentro de um sistema mais to tecnológico social, gera os currículos e programas;
amplo, que pode ser chamado de seu “supersistema”. Por outro - recursos humanos – devem atender às exigências do subsis-
lado, ele é constituído de partes que também são sistemas de me- tema de fronteira “seleção de pessoal”;
nor magnitude e podem ser chamados de subsistemas. - recursos financeiros – enormes orçamentos públicos e parti-
A estrutura sistêmica exige, para seu bom funcionamento, um culares, que tendem a crescer cada vez mais;
conjunto de regras orientadoras, normatizadoras da vida em so- - alunos – há uma pressão constante, exercida pela população,
ciedade. Isso significa dizer que a base de sustentação do super- para novas oportunidades educacionais, o que gera o gigantismo
sistema ou macrossistema vem traduzida na Constituição Federal. do sistema;
Nessa mesma linha de compreensão focamos a educação em sua No sistema, esses elementos são trabalhados durante anos e
composição formal (escola), e apresentamos como base de susten- saem preparados para cumprir seu novo papel social. Assim, após
tação normativa a LDBEN. esse período, o sistema escolar devolve à sociedade elementos que
propiciam entre outras coisas:
Tipos de sistemas existentes em relação à educação - melhoria do nível cultural da população – os alunos, quan-
do saem do sistema, assumem novos valores, novas aspirações e
Sistema educacional: é o mais amplo de todos os sistemas, interesses;
pois abrange processos de ensinar e de aprender que tem raiz na - aperfeiçoamento individual – se, do ponto de vista coletivo,
família, na escola, nos partidos políticos, na mídia, nas relações a sociedade vai se aprimorando, o mesmo ocorre do ponto de vista
interpessoais, nas associações em geral. O sistema educacional, individual, com a reinserção na sociedade de pessoas com uma
portanto, vincula-se à educação formal, informal e não formal. visão mais ampla do mundo e de tudo o que a cerca;

Didatismo e Conhecimento 1
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- formação de recursos humanos – qualificação para o merca- Vários fatores contribuem para que esse conjunto de elemen-
do de trabalho, que gera crescimento econômico; tos seja reconhecido como um sistema: ele prevalece sobre todo o
- resultados de pesquisas – no Brasil, a maioria das pesquisas território nacional, está a serviço da cultura e da sociedade brasi-
é realizada dentro de universidades, ou seja, dentro do sistema es- leira, baseado numa mesma língua, segue uma legislação comum,
colar, e seus resultados são devolvidos à sociedade. apresenta uma articulação entre os níveis e modalidades de ensi-
Outro aspecto relevante é a discussão sobre a terminologia no etc. No entanto, algumas dificuldades ainda debilitam a noção,
correta a se adotar. pois ela necessariamente deveria incorporar a noção de ordem.
“Sistema de ensino” é o termo que possui mais adeptos no Ainda há um longo caminho a ser percorrido para se atingir
Brasil, além de ser a expressão consagrada na LDB, porém, para uma condição ideal de funcionamento do sistema. Isto requereria,
que correspondesse à realidade, teria que abranger, além das es- por exemplo:
colas, professores particulares, catequistas, entre outros. O termo - quantidade suficiente de recursos financeiros;
“sistema educacional”, por sua vez, é amplo demais, chegando - pessoal devidamente qualificado e em número adequado;
a confundir-se com a própria sociedade. Assim, parece-nos mais - atendimento de 100% da clientela, sem falta nem sobra;
correto utilizar o termo “sistema escolar”, pois reflete mais a rea- - atualização constante de currículos e programas;
lidade do que ele representa, ou seja, uma rede de escolas e a sua - pessoal docente com qualificação adequada às atribuições;
estrutura de sustentação. - bons índices de desempenho dos estudantes;
- ausência de evasão e de repetência;
Estrutura do sistema escolar brasileiro - formação de profissionais em número adequado às necessi-
dades sociais;
De modo geral, a estrutura do sistema escolar brasileiro apre- - capacitação suficiente para cada indivíduo expressar-se por
senta: escrito e oralmente com fluência e elegância;
- Estrutura propriamente dita – constituída por uma rede de - orientação individual para o exercício de uma vida plena
unidades escolares em seus vários níveis e modalidades, que se com o emprego dos próprios recursos.
dedica à atividade fim do sistema. Possui uma estrutura didática Ainda estamos muito longe desse patamar, em decorrência de
com duas dimensões: erros acumulados no passado, falta de visão adequada e de planeja-
- vertical – diferentes níveis de ensino (Educação Básica e mento. O desafio é grande e o país conta com todos na preparação
Ensino Superior); de uma sociedade melhor, com base numa educação forte. Este é o
- horizontal – diferentes modalidades de ensino (Educação de estímulo que você deve ter, ao ingressar na carreira docente.
Jovens e adultos, Educação Profissional, Educação Especial, Edu-
cação à Distância, etc.). Referência:
- Estrutura de sustentação – refere-se à estrutura administrati- SILVA, W. S. da. Estrutura e Funcionamento da Educação Bá-
va e normativa que sustenta o sistema e compreende: sica.
- elementos não materiais – normas, diplomas legais, metodo- *Texto adaptado de SILVA, W. S. da.
logia de ensino, currículos programas, etc.;
- entidades mantenedoras – Poder Público, entidades particu-
lares, autarquias;
- administração – Ministério da Educação, Conselho Nacional
de Educação, conselhos estaduais e municipais de educação, se-
cretarias de educação etc.
Essa estrutura representada pela esfera administrativa do en-
sino e pela esfera normativa tem vinculação com as diferentes es-
truturas de poder, ou seja: Poder Federal, Estadual e Municipal.
Na esfera federal temos o Ministério da Educação (MEC), como
órgão máximo da administração do ensino brasileiro, cabendo-lhe
formular e avaliar a política nacional e zelar pela qualidade do
ensino. Esse órgão se comunica diretamente com o Conselho Na-
cional de Educação (CNE), o qual possui atribuições normativas,
deliberativas e de assessoramento ao MEC.
No nível estadual, no polo administrativo, temos a Secretaria
Estadual de Educação (SEE), a qual possui, no estado, competên-
cia no que se refere à administração, coordenação e supervisão das
políticas educacionais na sua esfera. No polo normativo estadual
temos o Conselho Estadual de Educação (CEE), órgão consultivo,
deliberativo e fiscalizador do sistema estadual de educação.
No nível municipal, temos a Secretaria Municipal de Educa-
ção (SME), como órgão executivo da administração do ensino.
Como órgão normativo municipal temos o Conselho Municipal de
Educação (CME), com competência para orientar normativamente
toda a rede municipal de ensino.

Didatismo e Conhecimento 2
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so ao ensino superior é realizado através de processos seletivos,
2. ENSINO SUPERIOR: ESTRUTURA E como o concurso vestibular que avalia conhecimentos comuns do
FUNCIONAMENTO; PROGRAMAS E ensino médio. Os cursos de graduação oferecem formação em ní-
vel de bacharelado, licenciatura e tecnológica. Também faz parte
AÇÕES DE ACESSO; LEI FEDERAL Nº
desse nível de ensino a pós-graduação, que compreende programas
10.861, DE 14/04/2004 - SISTEMA NACIONAL de mestrado, doutorado e cursos de especialização. Cabe ressaltar
DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO SUPERIOR o crescimento intenso dos cursos de graduação à distância, nos
- SINAES; ASPECTOS GERAIS E últimos anos.
CONTRIBUIÇÕES DAS DIRETRIZES As IES são classificadas segundo dois critérios: o da orga-
CURRICULARES NACIONAIS DOS nização acadêmica e de categoria administrativa. De acordo com
CURSOS DE GRADUAÇÃO. o primeiro critério, distinguem-se em instituições universitárias,
- as universidades: que tem como função o ensino, a pesquisa e
a extensão; devem ter 1/3 dos professores com título de mestre
ou doutor e 1/3 trabalhando em dedicação exclusiva; e – os cen-
tros universitários: que se caracterizam pela oferta qualificada do
ENSINO SUPERIOR: ensino, não precisam manter atividades de pesquisa e gozam de
ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO, autonomia para criar cursos ou vagas. As IES não-universitárias
PROGRAMAS E AÇÕES DE ACESSO compreendem as faculdades e centros tecnológicos, voltados basi-
camente para as atividades de ensino e não tem autonomia. Depen-
As Características do Ensino Superior Brasileiro dem do Conselho Nacional de Educação para aprovação de novos
cursos e vagas.
A estrutura atual da educação superior no Brasil foi formaliza- Quanto à categoria administrativa, como já se mencionou, as
da e normatizada na Constituição Federal de 1988 e na Lei de Di- IES podem ser públicas federais, estaduais ou municipais total-
retrizes e Bases Nacional de 1996 e numa série de decretos oficiais mente gratuitas e mantidas pelos respectivos poderes; ou privadas,
e resoluções do Conselho Nacional de Educação. Ranieri (2000)
com distintos tipos como comunitárias, confessionais, filantrópi-
mostra como de fato a Constituição Federal ao definir o dever do
cas e particulares. Os três primeiros tipos de IES privada referem-
Estado com a educação (art. 205) e o seu comprometimento com o
se a instituições sem fins lucrativos. As IES particulares podem
desenvolvimento nacional e a construção de uma sociedade justa
estar vinculadas as mantenedoras com fins lucrativos em sentido
e solidária (art.3) individualiza a educação superior como um bem
estrito, tanto quanto àquelas sem fins lucrativos, mas que não se
jurídico. A Constituição Federal garante a gratuidade do ensino nas
enquadram no tipo filantrópico (LDB 9.394/96 e decretos 3.860/01
Instituições de Ensino Superior/IES públicas (art.206). Permite a
e 2.406/97).
vinculação de receita tributária para manutenção e desenvolvimen-
Uma outra característica do sistema superior de educação
to do ensino público (70% dos 18% de receitas de impostos são
empregados na educação superior) e franquia a atividade de educa- dá-se pelo tipo de vinculação das IES ao sistema federal ou aos
ção superior à iniciativa privada dentro dos limites fixados na lei. sistemas estaduais e municipais. O sistema federal (art.16 LDB
O princípio da gratuidade aparece como obrigação cons- 9.394/96) compreende as IES mantidas pelo poder público; as IES
titucional, pela primeira vez, na Constituição de 1988, fruto do criadas e mantidas pelo setor privado; e os órgãos federais de edu-
trabalho do Fórum da Educação na Constituinte que apresentou cação. Ou seja, estão submetidas às leis e regulamentações do po-
emendas populares à Assembleia Constituinte em defesa do ensino der público com relação à criação, autorização e reconhecimento
público e gratuito em todos os níveis respaldadas por mais de 270 de cursos e o credenciamento e recredenciamento de IES.
mil assinaturas. As IES estaduais e municipais encontram-se fora da alçada
O argumento em favor da gratuidade ressaltava como mostra do MEC e do CNE, pois estão vinculados aos respectivos sistemas
Amaral (2003), que “o entendimento é de que a educação superior estaduais e municipais. No entanto, sujeitam-se as leis e normas
é um bem público e que, portanto os recursos públicos deveriam federais, pois disputam recursos públicos federais, de bolsas e pes-
ser gastos até o limite da riqueza nacional, de modo a atender ao quisas.
maior número possível de jovens”. Cabe trazer algumas informações sobre as características ge-
A Constituição de 1988 assegura, ainda, a participação da rais de funcionamento desses segmentos, público e privado, no
iniciativa privada no ensino superior, mas veda recursos públicos tocante ao financiamento.
no financiamento das atividades desse setor. No entanto, no art. As IES públicas federais são mantidas pelo governo federal.
213, está prevista a destinação de recursos públicos às escolas co- O ensino é totalmente gratuito e apenas 3,5% do orçamento global
munitárias, confessionais ou filantrópicas, em caráter de fomento, dessas instituições é constituído por recursos diretamente arreca-
atendidas as condições fixadas nos seus incisos e, no parágrafo 2, dados (Schwartzmann, 2002). O financiamento provém do Fun-
é afirmado que as atividades universitárias de pesquisa e extensão do Público Federal que reúne os recursos financeiros arrecadados
poderão receber apoio financeiro do Poder Público. da população mediante tributos – impostos, taxas e contribuições
O Brasil consolidou, assim, seu sistema de educação superior (CPMF, por ex.).
com dois segmentos bem definidos e distintos: um público e um As instituições estaduais são financiadas pelos governos es-
privado, abarcando hoje um sistema complexo e diversificado de taduais e o ensino é igualmente gratuito. Entre as IES estaduais,
instituições públicas (federais, estaduais e municipais) e privadas destacam-se as dos estados de São Paulo (3), Santa Catarina (3),
(confessionais, particulares, comunitárias e filantrópicas). O aces- Paraná (5), Rio de Janeiro (2), Ceará (3), Bahia (4).

Didatismo e Conhecimento 3
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O financiamento público para a educação em geral é estabe- Esta situação está clara para os órgãos oficiais quando afir-
lecido em lei para todas as esferas do governo e corresponde a um mam que o Brasil não poderá depender unicamente da força iner-
percentual de receita de impostos. Segundo a Constituição brasi- cial instalada no sistema. Considerando a necessidade de inclu-
leira, artigo 212: “a União aplicará anualmente nunca menos de 18 são social de um grande contingente de jovens oriundos de clas-
% e os estados, o distrito federal e os municípios, 25%, no mínimo, ses baixas, o governo reafirma que a educação é um bem público
da receita resultante de impostos compreendida a proveniente de e não uma mercadoria e toma inúmeras iniciativas (políticas de
transferência na manutenção e desenvolvimento do ensino” (RA- inclusão) com impacto tanto sobre o segmento público e gratui-
NIERI, 2000). to como sobre o segmento privado. A motivação é a ampliação
O financiamento das IFES mantidas pelo MEC envolve gas- das oportunidades de acesso para os contingentes de estudantes
tos com pessoal, ativo e inativo, e outros custeios e capital (OCC) provenientes das camadas de baixa renda e grupos social e racial-
(Schwartzmann, 2002). As universidades estaduais paulistas são
mente discriminados.
financiadas com recursos de impostos de circulação de mercado-
rias/ICMS, nunca inferior a 9% do total arrecadado.
O financiamento no setor privado depende fortemente da co- A Expansão do ensino superior no Brasil
brança de mensalidades, anuidades e taxas pelos cursos oferecidos
(graduação, latu sensu, mestrado, doutorado, etc.). A legislação Dois aspectos merecem ser mencionados nesse item: a ex-
brasileira concedeu às IES privadas a oportunidade de fixar suas pansão do sistema de ensino superior e o caráter ainda elitista
próprias mensalidades, desvinculando as negociações da área edu- dessa expansão.
cacional e transferindo para os setores de relação com o consumi- Ao longo da década de 60, começa a ocorrer o crescimento
dor e o produto consumido (Amara, 2003:104). O custo do ensino quantitativo da matrícula produzindo a abertura do ensino supe-
privado varia de forma significativa em função do tipo de curso rior à extratos ou camadas sociais médias. À pressão por mais
(medicina, odontologia, direito são cursos caros e administração, vagas, o poder público (Ministério da Educação/ MEC e Conse-
economia, pedagogia, ciências sociais, por ex. são cursos baratos) lho Federal de Educação/CFE) respondeu com a autorização para
da região, e do tipo de instituição (universidade, centro universi- a multiplicação dos estabelecimentos mantidos pela iniciativa
tário, faculdades). privada, sem qualquer pretensão ou mesmo qualificação para a
A fonte de sustentação mais visível das IES privadas é, pois, pesquisa. A demanda, como mostram as análises da época, é sa-
a das mensalidades. Porém há inúmeras fontes indiretas (isenções tisfeita com a oferta do setor privado, até porque ela apresentava
fiscais e previdenciárias e renúncia fiscal/PROUNI) de recursos razoável poder aquisitivo.
públicos para as IES privadas filantrópicas e fontes diretas como Até início dos anos 80, o crescimento da matrícula no en-
o crédito educativo/ FIES o que contribui significativamente para
sino superior deu-se de modo acelerado, podendo se identificar
sua expansão e manutenção.
uma primeira onda de expansão. O crescimento foi retomado
Diferentemente da experiência de alguns países que tem pro-
gramas de apoio fortemente concentrados nos estudantes, através no final da década de 1990 quando ocorre uma segunda onda
de empréstimos ou bolsas, no Brasil o apoio dá-se significativa- de expansão. Esses períodos de expansão foram marcados pelo
mente às instituições de ensino superior através da isenção tributá- crescimento do segmento privado de IES, definindo o padrão ge-
ria e previdenciária para as consideradas filantrópicas. ral dessa expansão. É interessante observar que na expansão dos
A imunidade tributária para as IES sem fins lucrativos está dois segmentos – o público e o privado – ambos cresciam sem
prevista na Constituição Federal de 1988, artigo 150. A principal qualquer envolvimento um com o outro. Conviviam, mas não in-
isenção federal é a do imposto de renda e a estadual é a do ICMS. teragiam. A atitude leniente dos governos militares (1964- 1985)
Para conseguir a imunidade, a instituição precisa aplicar seus que oportunizou a expansão do setor privado e pago, de fato per-
eventuais lucros na própria atividade educacional. Consequente- mitia a defesa do caráter de elite do ensino público. No início da
mente poder-se-ia esperar que a IES pudesse cobrar mensalidades sua criação as instituições privadas de ensino não contavam com
menores e oferecer um ensino de melhor qualidade. apoios ou subsídios governamentais. Sua sustentação dependia
Segundo o MEC até 2004, as IES sem fins lucrativos gozavam das mensalidades cobradas. Apenas mais tarde foi introduzida
de isenções fiscais, com baixo controle pelo poder público. As IES a figura social da instituição filantrópica no ensino superior que
concediam bolsas de estudos, mas eram elas que definiam quem ganhava vantagens no tocante à isenção de encargos sociais e im-
seriam os beneficiários, em que cursos, o número de bolsas e os postos em troca do oferecimento de bolsas para estudantes sem
descontos concedidos. Raramente era concedida uma bolsa inte- recursos.
gral. E quase nunca em curso de medicina. O que se observava é
A década de 1980 foi conhecida como a “década perdida”
que, em muitos casos, os beneficiados eram filhos de professores e
marcada pela instabilidade econômica e a inflação, impactando
de funcionários e raramente na proporção do valor devido (Davies,
2002). negativamente também na procura pelo ensino superior. O ano
No momento atual, percebem-se sinais de esgotamento des- de 1985 foi marcado pela abertura democrática e o fim do regime
se modo estabelecido de custeio do ensino superior. O segmento militar. Com o objetivo de controlar a hiperinflação que assolava
privado apresenta ociosidade de vagas e altas taxas de evasão e o país, neste período, foi elaborado um programa brasileiro de
inadimplência o que obriga à diminuição dos valores das mensa- estabilização econômica: o Plano Real. Iniciado oficialmente em
lidades e põe em risco a capacidade de investimento do setor. O 1994, com a publicação da Medida Provisória nº 434, o Plano
setor público apresenta, também, taxas de evasão o que revela a estabeleceu regras de conversão e uso de valores monetários, ini-
dificuldade de parte dos alunos de acompanharem os estudos, mes- ciou a desindexação da economia e determinou o lançamento de
mo sendo gratuito. uma nova moeda, o Real.

Didatismo e Conhecimento 4
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Somente em 1994, com a criação do Plano Real, a economia tornou a se estabilizar e registrou o aumento do bem-estar geral da
população acompanhado pela redução da desigualdade social. Assim, somados o aumento do nível de escolarização da população, o
crescimento da matricula no ensino médio e a estabilização da economia, obtém-se os elementos necessários para que tenha início a segunda
onda de expansão do ensino superior no Brasil. Uma diferença fundamental, nesse momento, é a crescente demanda das classes de menor
poder aquisitivo pelo acesso ao ensino superior.
O Brasil conta, atualmente, com 2.378 IES que apresentam grandes diferenças entre si. Apenas 278 destas são públicas, as demais
(89%) são privadas.

Tabela 1: Número de Instituições de Educação Superior, por Organização Acadêmica e Categoria Administrativa.

O crescimento da matrícula nos cursos de graduação presenciais por dependência administrativa, no período de 1960 a 2010, pode ser
observado no gráfico abaixo. Na primeira fase da expansão observa-se que a matrícula, que em 1960 era de 93.000 estudantes, concentrava-
se no setor público com 55,9% do total. Em 1970, a matrícula saltou para 425.478 estudantes. Desse total, 49% estavam no setor público.
Já em 1975, a matrícula alcançou o número de 1.072.548 estudantes, com cerca de 62% das matrículas no setor privado.
Após um período de estagnação, que vai de 1975 a 1995, constata-se nova explosão da matrícula no setor privado que cresceu 70,6%
contra 26,6% do setor público até o ano 2000. Entre os anos de 2000 e 2007, novamente o maior crescimento ocorreu no setor privado, que
cresceu cerca de 100%. Em contraste, no mesmo período, o setor público cresceu apenas 40%.

Gráfico 1: Evolução da matrícula por categoria administrativa

O Brasil não possui um sistema pós-secundário diversificado. A matrícula no ensino superior concentra-se na graduação em cursos
presenciais (85%) de quatro anos (ou mais) de duração. O restante da matrícula está dividida em cursos tecnológicos (de dois ou três anos)
e cursos vocacionais de dois anos (sequenciais de formação específica). A educação à distância em 2006, já contava com 4,4% da matrícula
da graduação (207.206 estudantes) e em 2010, com 15% das matrículas (930.0179 estudantes).
Os últimos dados disponíveis revelam, em 2010, a existência de 5.449.120 matrículas no ensino de graduação, das quais 75% no setor
privado. A distribuição da matrícula por tipo de instituição é a seguinte: em universidades: 2.809.974 matrículas (54,3%); em Centros Uni-
versitários: 741.631 e Institutos Tecnológicos 68.572 (14,5%); e em Faculdades 1.828.943 (31,2%) (INEP/MEC 2011).

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No ensino de pós-graduação estão registrados 173.408 estudantes, dos quais 108.820 no mestrado e 64.588 no doutorado. Formam-se
por ano cerca de 40.000 mestres e 11.000 doutores (INEP/MEC, 2011). Ao contrário da graduação, a concentração das matrículas dá-se em
IES públicas federais e estaduais.
Outra característica que distingue ambos os setores diz respeito ao turno das vagas oferecidas. As IES públicas concentram a oferta de
vagas predominantemente no turno diurno, enquanto que nas IES privadas 70% das vagas são para os cursos noturnos.
Um aspecto relevante a ser considerado é o crescimento das vagas e a relação candidatos/vagas. No período 1998-2010 o número de
vagas no setor público cresceu 116, 4 % enquanto no setor privado o crescimento foi de 369,02%.
Tabela 2: Número de vagas oferecidas, candidatos e ingressos em graduação presencial por categoria administrativa, 1998-2010.

As razões para este crescimento da oferta são inúmeras, mas especialmente cabe destacar a estabilidade da economia, a partir de meados
dos anos 90. O setor público federal retoma o crescimento das vagas a partir de 2007 com o programa Reuni, como veremos mais adiante.
Até o ano 2000, o crescimento das vagas no setor privado parecia consistente com o aumento da demanda. No entanto, em meio ao
processo, começou a se dar um descolamento entre um e outro. No setor privado esta razão vem diminuindo sendo de apenas 1.2 candidatos
por vaga em 2010. Também no setor público a razão candidato/vagas é decrescente desde 2000, mas alcançando em 2010, 7,6 candidatos por
vaga. Aqui é preciso apontar para o crescimento constante da oferta de vagas, o que resulta num aumento crescente de vagas não preenchidas
no setor privado, chegando em 2010 a 56% das vagas e 8, 26 % em IES públicas.
É bem verdade que o não preenchimento de vagas no setor privado, não indica imediatamente crise na instituição atingida, pois uma
parte do número de vagas funciona, de um modo geral, como reserva estratégica para o caso de acirramento da concorrência. A sustentação
financeira da IES pode estar assegurada com o preenchimento de número menor de vagas. De qualquer modo, os dados recentes são alar-
mantes até mesmo para os mais otimistas. A situação atual traz à tona o fato de que está havendo um descompasso entre as condições de
realização do ensino superior, maior acesso e inclusão, e a capacidade socioeconômica dos candidatos.
Além do problema do acesso e do preenchimento das vagas, outro problema complexo é a oferta de cursos no ensino superior. É preciso
ressaltar que no Brasil as profissões são regulamentadas pelos Conselhos Profissionais. No caso da medicina e do direito para exercer a pro-
fissão é preciso realizar o exame da ordem profissional. Porém o curso de direito, como os demais que se enquadram na categoria de Ciências
Sociais Aplicadas, são de menor custo e podem ser classificados como “genéricos”. Com um diploma desta área é possível trabalhar em
distintos empregos, como gerencias, recursos humanos, etc. A tabela abaixo mostra o crescimento e a concentração de cursos nesta área.

Didatismo e Conhecimento 6
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Tabela 3: Total de matrículas na graduação presencial por grande área de curso e crescimento no período (2000-2010).

Gráfico 2: Participação de cada grande área no total de matrículas na graduação presencial (2010).

Esses dados revelam uma particularidade do Brasil quando comparado a outros países emergentes. É muito baixo o percentual da ma-
trícula nas carreiras tecnológicas e de engenharias.
A expansão do sistema de ensino superior no Brasil no tocante à questão da democratização do acesso aponta para um outro problema.
Os dados relativos à expansão da matrícula no nível superior revelam que essa expansão trouxe algumas mudanças na composição social
dos estudantes. Tomando-se como indicador a renda familiar dos alunos, entre os matriculados no ensino superior público e privado, como
indica o gráfico abaixo, os dados mostram que não há diferença significativa entre um setor e outro. Mais de 50 % dos estudantes são do
último quintil, ou seja, oriundos das classes abastadas.

Didatismo e Conhecimento 7
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais

Gráfico 3: Estudantes que frequentam o Ensino Superior por categoria administrativa e quintos de renda familiar

Os dados mostram que está havendo um crescimento, ainda que pequeno, da presença de alunos de baixa renda em ambos os setores
de ensino, seja público como privado, especialmente a partir de 2005, quando começam a ser implantados programas de inclusão social nas
IES. Comparando-se os dados entre 2002 e 2009, constata-se uma maior presença de alunos dos quintis mais baixos no setor público, mas
especialmente no setor privado, resultado do Programa ProUni, apresentado mais adiante.
Os dados da tabela abaixo, apontam para a acentuada diferença étnico-racial entre os estudantes que frequentam o ensino superior. Mais
da metade (62,6%) dos estudantes brancos de 18 a 24 anos estão no ensino superior, em contraponto apenas 28,2% dos estudantes negros,
desta faixa etária, estão neste nível de ensino. Evidencia-se também um atraso série-idade da população não branca, onde metade ainda está
no ensino médio e um percentual significativo (18,2%) ainda frequentando a educação básica.

Tabela 4: Estudantes de 18 a 24 anos por de nível de ensino frequentado e por cor ou raça, 2009.

Nesse sentido, a expansão recente revela que o acesso à educação superior ainda se mostra bastante concentrado nos jovens das camadas
de faixas de renda alta e média e brancos, revelando o ainda o baixo significado da expansão como processo de democratização.
Conclui-se este item, chamando atenção para o fato de que o alto grau de exclusão escolar no ensino superior tem a ver com a própria
estrutura e organização desse nível. As instituições públicas são gratuitas e disputadas por grandes quantidades de candidatos. A organiza-
ção da oferta do ensino nas IES particulares, por sua vez, sempre levou em conta as necessidades de uma clientela que dependia do próprio
sustento para se manter no ensino superior. Entretanto, o impedimento para um maior acesso dos estudantes de baixa renda era o valor das
mensalidades cobradas. O estatuto da filantropia que propiciava bolsas e auxílios de várias ordens teve papel importante, porém limitado na
democratização do acesso ao ensino superior.
A questão que vem sendo debatida, por pesquisadores e gestores de políticas públicas é como enfrentar o desafio da ampliação do aces-
so ao ensino superior, especialmente para jovens excluídos do processo vigente. É importante ressaltar, como mencionado por Fernandes
(1991, p. 49), que “as diferenças são compatíveis com as democracias, aparecendo mesmo como uma das suas condições de existência.
As desigualdades, ao contrário, são sinal de que a democracia formal não é acompanhada da democracia real”.

Didatismo e Conhecimento 8
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
As Novas Políticas de Inclusão Social no Ensino Superior: - o Programa Universidade para Todos ProUni
desafios recorrentes O Programa Universidade para Todos/ProUni é um projeto
do governo federal que tem como objetivo a concessão de vagas
Entre os estudiosos, há consenso em torno da afirmação de para estudantes de baixa renda em instituições privadas de ensino
que a desigualdade só será reduzida através de políticas públicas superior, com ou sem fins lucrativos. Em contrapartida, as IES que
efetivas no que diz respeito a serviços sociais fundamentais, como receberem alunos beneficiados pelo Programa terão isenção de al-
educação, saúde, saneamento, habitação etc. e de políticas com- guns tributos. O programa foi regulamentado por meio de Medida
pensatórias que distribuam renda (como o bolsa família). Também Provisória n° 213/2004 em 2004, e institucionalizado pela Lei nº
Schwarztman (2007) ressalta que “as profundas diferenças sociais 11.096, de 13 de janeiro de 2005.
que existem no Brasil justificam a adoção de políticas de inclusão O Programa prevê a concessão de bolsas de estudo integrais
social que estimulem o interesse e o acesso ao ensino superior de e parciais (de 50% e 25%), para cursos de graduação tradicionais
pessoas, grupos, setores sociais e habitantes de regiões aonde o (duração de quatro anos) e sequenciais de formação específica
ensino superior é menos acessível”. (dois anos). Desde 2007, possibilita, também, aos bolsistas par-
A garantia de acesso à educação superior precisa se funda- ciais que recorram ao financiamento do valor restante das men-
mentar, portanto, a partir de uma equitativa igualdade de oportu- salidades através do Financiamento Estudantil (FIES) da Caixa
Econômica Federal.
nidades a todos os membros da população que desejam e tenham
Para concorrer a bolsas integrais, o candidato deve ter renda
condições de cursar este nível de ensino. Cabe questionar se as
familiar bruta mensal de até um salário mínimo e meio por pessoa.
políticas de inclusão social no ensino superior, no Brasil, podem
Para as bolsas parciais (50%), a renda familiar bruta mensal deve
ser consideradas políticas de redistribuição de oportunidades.
ser de até três salários mínimos por pessoa.
Segundo McCowan, o sistema educacional opera de forma O candidato é selecionado por sua pontuação no Exame Na-
equitativa quando garante que todos tenham oportunidades ade- cional do Ensino Médio – ENEM. O cadastramento do candidato
quadas, sem quaisquer tipos de discriminação socioeconômica e ocorre exclusivamente pela internet, podendo fazer a escolha de
racial. A equidade, como uma justa igualdade de oportunidades, até 3 cursos na ordem de sua preferência na mesma instituição
ocorre quando os cidadãos têm acesso equitativo aos bens escas- ou em instituições diferentes, credenciadas pelo MEC. A seleção
sos e limitados da vida. Quando não há condições de oferecer dos bolsistas é realizada em duas etapas. Anteriormente, exigia-se
esses bens a todos os indivíduos que assim o desejam, é neces- que o candidato tivesse obtido, no mínimo, 45 pontos na média
sária a criação de políticas sociais para amenizar tais carências e entre as duas partes da prova (objetiva e redação) num total de 100
que atendam aos menos privilegiados. Entende-se por políticas de pontos cada. A partir de 2009, com as reformulações do Exame,
inclusão social no ensino superior, políticas extraordinárias vol- passa a ser exigido o mínimo de 400 pontos (num total de 1.000)
tadas à ampliação das oportunidades de ingresso de candidatos na média das 5 notas obtidas nas provas do ENEM. Cabe ressaltar
discriminados por renda, raça ou sexo. que, quanto maior a nota obtida, maiores as chances de o candidato
escolher o curso e a instituição em que irá estudar. A segunda etapa
- as políticas afirmativas é realizada pelas próprias instituições que definem a lista final dos
Hoje existem diferentes modelos de políticas afirmativas selecionados a partir dos nomes enviados pelo MEC (MEC, Revis-
(PA): cotas raciais, cotas sociais para alunos oriundos de escolas ta do ProUni, 2008).
públicas e o modelo de acréscimo de bônus. Até 2010, 88 IES
haviam implantado ações afirmativas em seus processos seletivos. - O programa REUNI
Destas, 45 são estaduais, 33 federais e 5 são municipais. Com re- A principal política governamental para o ensino superior, ins-
lação às IES federais constata-se que 28 universidades já possuem tituída em 2007, foi o Programa de Apoio aos Planos de Reestru-
PA em seus processos seletivos, das quais, 24 adotaram o sistema turação e Expansão para as Universidades Federais (Reuni). Seu
de cotas e 4 adotaram o sistema de acréscimo de bônus. No caso objetivo era a expansão do acesso e a ampliação das matrículas
das cotas sociais e raciais, há reserva de 10 a 50% das vagas a nas instituições públicas, a partir de um melhor aproveitamento da
todos que frequentaram o ensino médio em escola pública e que estrutura física e de recursos humanos existentes nas universidades
federais. O Programa também tem como meta a elevação gradual
se autodeclararam pretos/pardos ou indígenas.
da taxa de conclusão média dos cursos de graduação presenciais
A modalidade de acréscimo de bônus no vestibular também é
para 90%. As despesas são financiadas com as dotações orçamen-
adotada pelas IES paulistas. Na Universidade de Campinas, todos
tárias anualmente consignadas ao Ministério da Educação.
os candidatos que estudaram em escola pública no ensino médio
A expansão recente das universidades federais brasileiras e de
recebem 30 pontos de acréscimo na nota final do vestibular e mais reestruturação da infraestrutura contou com a adesão da totalidade
10 pontos se se autodeclararem pretos ou pardos. A Universidade das 54 instituições federais de ensino superior. Implicou na criação
de São Paulo utiliza o sistema de pontuação, na qual um fator de de novas universidades federais em todas as regiões e na criação e
acréscimo de 3% é aplicado às notas da fase 1 e 2 do processo de consolidação de campi universitários. Outros aspectos a destacar
seleção, apenas para alunos da rede pública (INCLUSP, 2006). são a preocupação com a redução das taxas de evasão, ocupação de
As políticas afirmativas são políticas que visam maior diver- vagas ociosas e a reestruturação acadêmico-curricular, empreen-
sidade e inclusão social ocupando, no entanto, as vagas já existen- didas por 85% das IES que aderiram ao REUNI. Como se pode
tes. Uma consequência da política de cotas é o redirecionamento observar, esse é um Programa que atinge apenas as universidades
dos candidatos que disputariam as vagas por mérito, para outras federais e trata prioritariamente de expansão da matrícula e criação
IES, com grande probabilidade, destas serem privadas. de novos cursos de graduação.

Didatismo e Conhecimento 9
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
No tocante ao tema da inovação, o REUNI deixa a cada uni- LEI FEDERAL Nº 10.861, DE 14/04/2004
versidade estipular medidas concretas nesse campo ou não. Seu SISTEMA NACIONAL DE AVALIAÇÃO DA
impacto é, portanto, difuso e aleatório. EDUCAÇÃO SUPERIOR - SINAES
Além disso, os resultados gerais do programa em termos de
expansão de matrículas e ganhos de eficiência têm sido criticados. Institui o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Supe-
rior – SINAES e dá outras providências
- FIES
O objetivo do Fundo de Financiamento ao Estudante do En- O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
sino Superior (Fies) é financiar a graduação na educação superior gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
de estudantes que não têm condições de arcar com os custos de
sua formação. Para candidatar-se ao Fies, os alunos devem estar Art. 1º Fica instituído o Sistema Nacional de Avaliação da
regularmente matriculados em instituições pagas, cadastradas no Educação Superior - SINAES, com o objetivo de assegurar pro-
programa e com avaliação positiva nos processos avaliativos do cesso nacional de avaliação das instituições de educação superior,
MEC. dos cursos de graduação e do desempenho acadêmico de seus es-
tudantes, nos termos do art 9º, VI, VIII e IX, da Lei no 9.394, de
- PIBID 20 de dezembro de 1996.
O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência § 1º O SINAES tem por finalidades a melhoria da qualidade
(Pibid) oferece bolsas de iniciação à docência para alunos de cur- da educação superior, a orientação da expansão da sua oferta, o au-
sos presenciais que se dedicam ao estágio nas escolas públicas e mento permanente da sua eficácia institucional e efetividade aca-
que, quando graduados, se comprometam a trabalhar no magis- dêmica e social e, especialmente, a promoção do aprofundamento
tério da rede pública de ensino. O objetivo é antecipar o vínculo dos compromissos e responsabilidades sociais das instituições de
entre os futuros mestres e as salas de aula. Com essa iniciativa, o educação superior, por meio da valorização de sua missão pública,
Pibid faz uma articulação entre a educação superior (por meio das da promoção dos valores democráticos, do respeito à diferença e
licenciaturas), a escola e os sistemas estaduais e municipais. à diversidade, da afirmação da autonomia e da identidade institu-
cional.
- PROMISAES
§ 2º O SINAES será desenvolvido em cooperação com os sis-
O Projeto Milton Santos de Acesso ao Ensino Superior (Pro-
temas de ensino dos Estados e do Distrito Federal.
misaes) pretende fomentar a cooperação técnicocientífica e cul-
tural entre o Brasil e os países – em especial os africanos – nas
Art. 2º O SINAES, ao promover a avaliação de instituições, de
áreas de educação e cultura. O programa oferece apoio financeiro
cursos e de desempenho dos estudantes, deverá assegurar:
(no valor de um salário mínimo mensal) para alunos estrangeiros
I – avaliação institucional, interna e externa, contemplando
participantes do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação
a análise global e integrada das dimensões, estruturas, relações,
(PEC-G), regularmente matriculados em cursos de graduação em
compromisso social, atividades, finalidades e responsabilidades
instituições federais de educação superior
Os investimentos públicos nas IFES cresceram de 9,6 bilhões sociais das instituições de educação superior e de seus cursos;
de reais em 2003 para 23,6 bilhões. Esse investimento serviu para II – o caráter público de todos os procedimentos, dados e re-
um aumento expressivo do número de IES públicas, sobretudo sultados dos processos avaliativos;
universitárias e para um crescimento do número de vagas e ma- III – o respeito à identidade e à diversidade de instituições e
trículas iniciais nessas instituições. Não garantiu, até agora, no de cursos;
entanto, uma redução expressiva da evasão e um aumento de efi- IV – a participação do corpo discente, docente e técnico-ad-
ciência geral do segmento. ministrativo das instituições de educação superior, e da sociedade
Assim, não se pode desconhecer que essa forte onda de expan- civil, por meio de suas representações.
são no setor público e no segmento privado não mudou de modo Parágrafo único. Os resultados da avaliação referida no caput
categórico a taxa líquida de matrícula no ensino superior brasileiro deste artigo constituirão referencial básico dos processos de regu-
para jovens com idade entre 18 e 24 anos. Ela continua em torno lação e supervisão da educação superior, neles compreendidos o
de 14%, bem abaixo da taxa de países da região com níveis de credenciamento e a renovação de credenciamento de instituições
desenvolvimento inferiores ao do Brasil. Mais ainda, nota-se uma de educação superior, a autorização, o reconhecimento e a renova-
redução na taxa de crescimento geral da matrícula em instituições ção de reconhecimento de cursos de graduação.
universitárias onde a dominância é de instituições públicas. De
1995 a 2005, a taxa média de crescimento da matrícula foi de 11% Art. 3º A avaliação das instituições de educação superior terá
ao ano. A partir de 2005, o crescimento tem sido de somente 0,2% por objetivo identificar o seu perfil e o significado de sua atuação,
ao ano. Esse novo cenário ameaça os esforços correntes com vistas por meio de suas atividades, cursos, programas, projetos e setores,
à expansão e compromete as políticas de inclusão social. considerando as diferentes dimensões institucionais, dentre elas
obrigatoriamente as seguintes:
Fonte: NEVES, C. E. B. Ensino Superior no Brasil: expansão, I – a missão e o plano de desenvolvimento institucional;
diversificação e inclusão. Texto preparado para apresentação no II – a política para o ensino, a pesquisa, a pós-graduação, a
Congresso de da LASA (Associação de Estudos Latino America- extensão e as respectivas formas de operacionalização, incluídos
nos), em São Francisco, Califórnia. os procedimentos para estímulo à produção acadêmica, as bolsas
de pesquisa, de monitoria e demais modalidades;

Didatismo e Conhecimento 10
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
III – a responsabilidade social da instituição, considerada § 2º O ENADE será aplicado periodicamente, admitida a uti-
especialmente no que se refere à sua contribuição em relação à lização de procedimentos amostrais, aos alunos de todos os cursos
inclusão social, ao desenvolvimento econômico e social, à defesa de graduação, ao final do primeiro e do último ano de curso.
do meio ambiente, da memória cultural, da produção artística e do § 3º A periodicidade máxima de aplicação do ENADE aos es-
patrimônio cultural; tudantes de cada curso de graduação será trienal.
IV – a comunicação com a sociedade; § 4º A aplicação do ENADE será acompanhada de instrumen-
V – as políticas de pessoal, as carreiras do corpo docente e to destinado a levantar o perfil dos estudantes, relevante para a
do corpo técnico-administrativo, seu aperfeiçoamento, desenvol- compreensão de seus resultados.
vimento profissional e suas condições de trabalho; § 5º O ENADE é componente curricular obrigatório dos cursos
VI – organização e gestão da instituição, especialmente o fun- de graduação, sendo inscrita no histórico escolar do estudante so-
cionamento e representatividade dos colegiados, sua independên- mente a sua situação regular com relação a essa obrigação, atestada
cia e autonomia na relação com a mantenedora, e a participação pela sua efetiva participação ou, quando for o caso, dispensa oficial
dos segmentos da comunidade universitária nos processos deci-
pelo Ministério da Educação, na forma estabelecida em regulamen-
sórios;
to.
VII – infraestrutura física, especialmente a de ensino e de pes-
§ 6º Será responsabilidade do dirigente da instituição de edu-
quisa, biblioteca, recursos de informação e comunicação;
VIII – planejamento e avaliação, especialmente os processos, cação superior a inscrição junto ao Instituto Nacional de Estudos e
resultados e eficácia da autoavaliação institucional; Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP de todos os alunos
IX – políticas de atendimento aos estudantes; habilitados à participação no ENADE.
X – sustentabilidade financeira, tendo em vista o significado § 7º A não-inscrição de alunos habilitados para participação no
social da continuidade dos compromissos na oferta da educação ENADE, nos prazos estipulados pelo INEP, sujeitará a instituição à
superior. aplicação das sanções previstas no § 2o do art. 10, sem prejuízo do
§ 1º Na avaliação das instituições, as dimensões listadas no disposto no art. 12 desta Lei.
caput deste artigo serão consideradas de modo a respeitar a diversi- § 8º A avaliação do desempenho dos alunos de cada curso no
dade e as especificidades das diferentes organizações acadêmicas, ENADE será expressa por meio de conceitos, ordenados em uma
devendo ser contemplada, no caso das universidades, de acordo escala com 5 (cinco) níveis, tomando por base padrões mínimos es-
com critérios estabelecidos em regulamento, pontuação específica tabelecidos por especialistas das diferentes áreas do conhecimento.
pela existência de programas de pós-graduação e por seu desempe- § 9º Na divulgação dos resultados da avaliação é vedada a
nho, conforme a avaliação mantida pela Fundação Coordenação de identificação nominal do resultado individual obtido pelo aluno
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES. examinado, que será a ele exclusivamente fornecido em documento
§ 2º Para a avaliação das instituições, serão utilizados proce- específico, emitido pelo INEP.
dimentos e instrumentos diversificados, dentre os quais a autoava-
§ 10. Aos estudantes de melhor desempenho no ENADE o
liação e a avaliação externa in loco.
Ministério da Educação concederá estímulo, na forma de bolsa de
§ 3º A avaliação das instituições de educação superior resul-
estudos, ou auxílio específico, ou ainda alguma outra forma de dis-
tará na aplicação de conceitos, ordenados em uma escala com 5
(cinco) níveis, a cada uma das dimensões e ao conjunto das di- tinção com objetivo similar, destinado a favorecer a excelência e a
mensões avaliadas. continuidade dos estudos, em nível de graduação ou de pós-gradua-
ção, conforme estabelecido em regulamento.
Art. 4º A avaliação dos cursos de graduação tem por objetivo § 11. A introdução do ENADE, como um dos procedimentos
identificar as condições de ensino oferecidas aos estudantes, em de avaliação do SINAES, será efetuada gradativamente, cabendo
especial as relativas ao perfil do corpo docente, às instalações físi- ao Ministro de Estado da Educação determinar anualmente os cur-
cas e à organização didático-pedagógica. sos de graduação a cujos estudantes será aplicado.
§ 1º A avaliação dos cursos de graduação utilizará procedi-
mentos e instrumentos diversificados, dentre os quais obrigato- Art. 6º Fica instituída, no âmbito do Ministério da Educação e
riamente as visitas por comissões de especialistas das respectivas vinculada ao Gabinete do Ministro de Estado, a Comissão Nacional
áreas do conhecimento. de Avaliação da Educação Superior – CONAES, órgão colegiado
§ 2º A avaliação dos cursos de graduação resultará na atribui- de coordenação e supervisão do SINAES, com as atribuições de:
ção de conceitos, ordenados em uma escala com 5 (cinco) níveis, I – propor e avaliar as dinâmicas, procedimentos e mecanis-
a cada uma das dimensões e ao conjunto das dimensões avaliadas. mos da avaliação institucional, de cursos e de desempenho dos
estudantes;
Art. 5º A avaliação do desempenho dos estudantes dos cursos
II – estabelecer diretrizes para organização e designação de
de graduação será realizada mediante aplicação do Exame Nacio-
comissões de avaliação, analisar relatórios, elaborar pareceres e en-
nal de Desempenho dos Estudantes - ENADE.
caminhar recomendações às instâncias competentes;
§ 1º O ENADE aferirá o desempenho dos estudantes em rela-
III – formular propostas para o desenvolvimento das institui-
ção aos conteúdos programáticos previstos nas diretrizes curricu-
lares do respectivo curso de graduação, suas habilidades para ajus- ções de educação superior, com base nas análises e recomendações
tamento às exigências decorrentes da evolução do conhecimento e produzidas nos processos de avaliação;
suas competências para compreender temas exteriores ao âmbito IV – articular-se com os sistemas estaduais de ensino, visando
específico de sua profissão, ligados à realidade brasileira e mundial a estabelecer ações e critérios comuns de avaliação e supervisão da
e a outras áreas do conhecimento. educação superior;

Didatismo e Conhecimento 11
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
V – submeter anualmente à aprovação do Ministro de Estado I – o diagnóstico objetivo das condições da instituição;
da Educação a relação dos cursos a cujos estudantes será aplicado II – os encaminhamentos, processos e ações a serem adotados
o Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes - ENADE; pela instituição de educação superior com vistas na superação das
VI – elaborar o seu regimento, a ser aprovado em ato do Mi- dificuldades detectadas;
nistro de Estado da Educação; III – a indicação de prazos e metas para o cumprimento de
VII – realizar reuniões ordinárias mensais e extraordinárias, ações, expressamente definidas, e a caracterização das respectivas
sempre que convocadas pelo Ministro de Estado da Educação. responsabilidades dos dirigentes;
IV – a criação, por parte da instituição de educação superior,
Art. 7º A CONAES terá a seguinte composição: de comissão de acompanhamento do protocolo de compromisso.
I – 1 (um) representante do INEP; § 1º O protocolo a que se refere o caput deste artigo será pú-
II – 1 (um) representante da Fundação Coordenação de Aper- blico e estará disponível a todos os interessados.
feiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES; § 2º O descumprimento do protocolo de compromisso, no todo
III – 3 (três) representantes do Ministério da Educação, sendo ou em parte, poderá ensejar a aplicação das seguintes penalidades:
1 (um) obrigatoriamente do órgão responsável pela regulação e I – suspensão temporária da abertura de processo seletivo de
supervisão da educação superior; cursos de graduação;
IV – 1 (um) representante do corpo discente das instituições II – cassação da autorização de funcionamento da instituição
de educação superior; de educação superior ou do reconhecimento de cursos por ela ofe-
V – 1 (um) representante do corpo docente das instituições de recidos;
educação superior; III – advertência, suspensão ou perda de mandato do dirigente
VI – 1 (um) representante do corpo técnico-administrativo das responsável pela ação não executada, no caso de instituições pú-
instituições de educação superior; blicas de ensino superior.
VII – 5 (cinco) membros, indicados pelo Ministro de Estado § 3º As penalidades previstas neste artigo serão aplicadas pelo
da Educação, escolhidos entre cidadãos com notório saber científi- órgão do Ministério da Educação responsável pela regulação e
co, filosófico e artístico, e reconhecida competência em avaliação supervisão da educação superior, ouvida a Câmara de Educação
ou gestão da educação superior. Superior, do Conselho Nacional de Educação, em processo admi-
§ 1º Os membros referidos nos incisos I e II do caput deste nistrativo próprio, ficando assegurado o direito de ampla defesa e
artigo serão designados pelos titulares dos órgãos por eles repre- do contraditório.
sentados e aqueles referidos no inciso III do caput deste artigo, § 4º Da decisão referida no § 2o deste artigo caberá recurso
pelo Ministro de Estado da Educação. dirigido ao Ministro de Estado da Educação.
§ 2º O membro referido no inciso IV do caput deste artigo será § 5º O prazo de suspensão da abertura de processo seletivo
nomeado pelo Presidente da República para mandato de 2 (dois) de cursos será definido em ato próprio do órgão do Ministério da
anos, vedada a recondução. Educação referido no § 3º deste artigo.
§ 3º Os membros referidos nos incisos V a VII do caput deste
artigo serão nomeados pelo Presidente da República para mandato Art. 11. Cada instituição de ensino superior, pública ou pri-
de 3 (três) anos, admitida 1 (uma) recondução, observado o dispos- vada, constituirá Comissão Própria de Avaliação - CPA, no prazo
to no parágrafo único do art. 13 desta Lei. de 60 (sessenta) dias, a contar da publicação desta Lei, com as
§ 4º A CONAES será presidida por 1 (um) dos membros re- atribuições de condução dos processos de avaliação internos da
feridos no inciso VII do caput deste artigo, eleito pelo colegiado, instituição, de sistematização e de prestação das informações soli-
para mandato de 1 (um) ano, permitida 1 (uma) recondução. citadas pelo INEP, obedecidas as seguintes diretrizes:
§ 5º As instituições de educação superior deverão abonar as I – constituição por ato do dirigente máximo da instituição
faltas do estudante que, em decorrência da designação de que trata de ensino superior, ou por previsão no seu próprio estatuto ou re-
o inciso IV do caput deste artigo, tenha participado de reuniões da gimento, assegurada a participação de todos os segmentos da co-
CONAES em horário coincidente com as atividades acadêmicas. munidade universitária e da sociedade civil organizada, e vedada
§ 6º Os membros da CONAES exercem função não remune- a composição que privilegie a maioria absoluta de um dos seg-
rada de interesse público relevante, com precedência sobre quais- mentos;
quer outros cargos públicos de que sejam titulares e, quando con- II – atuação autônoma em relação a conselhos e demais órgãos
vocados, farão jus a transporte e diárias. colegiados existentes na instituição de educação superior.

Art. 8º A realização da avaliação das instituições, dos cursos Art. 12. Os responsáveis pela prestação de informações falsas
e do desempenho dos estudantes será responsabilidade do INEP. ou pelo preenchimento de formulários e relatórios de avaliação
que impliquem omissão ou distorção de dados a serem fornecidos
Art. 9º O Ministério da Educação tornará público e disponível ao SINAES responderão civil, penal e administrativamente por es-
o resultado da avaliação das instituições de ensino superior e de sas condutas.
seus cursos.
Art. 13. A CONAES será instalada no prazo de 60 (sessenta)
Art. 10. Os resultados considerados insatisfatórios ensejarão dias a contar da publicação desta Lei.
a celebração de protocolo de compromisso, a ser firmado entre a Parágrafo único. Quando da constituição da CONAES, 2
instituição de educação superior e o Ministério da Educação, que (dois) dos membros referidos no inciso VII do caput do art. 7º
deverá conter: desta Lei serão nomeados para mandato de 2 (dois) anos.

Didatismo e Conhecimento 12
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Art. 14. O Ministro de Estado da Educação regulamentará os 4) Incentivar uma sólida formação geral, necessária para que o
procedimentos de avaliação do SINAES. futuro graduado possa vir a superar os desafios de renovadas condi-
ções de exercício profissional e de produção do conhecimento, permi-
Art. 15. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. tindo variados tipos de formação e habilitações diferenciadas em um
mesmo programa;
Art. 16. Revogam-se a alínea a do § 2º do art. 9º da Lei no 5) Estimular práticas de estudo independente, visando uma pro-
4.024, de 20 de dezembro de 1961, e os arts 3º e 4º da Lei no 9.131, gressiva autonomia profissional e intelectual do aluno;
de 24 de novembro de 1995. 6) Encorajar o reconhecimento de conhecimentos, habilidades e
competências adquiridas fora do ambiente escolar, inclusive as que se
Brasília, 14 de abril de 2004; 183º da Independência e referiram à experiência profissional julgada relevante para a área de
116º da República. formação considerada;
7) Fortalecer a articulação da teoria com a prática, valorizando a
ASPECTOS GERAIS E CONTRIBUIÇÕES DAS DIRE- pesquisa individual e coletiva, assim como os estágios e a participação
TRIZES CURRICULARES NACIONAIS em atividades de extensão;
Incluir orientações para a condução de avaliações periódicas que
DOS CURSOS DE GRADUAÇÃO
utilizem instrumentos variados e sirvam para informar a docentes e a
discentes acerca do desenvolvimento das atividades didáticas.”
Relatório
O MEC/SESu também em dezembro de 1997 lançou Edital 4
estabelecendo modelo de enquadramento das propostas de diretrizes
A Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de curriculares tendo recebido cerca de 1200 propostas bastante hetero-
Educação tem, da Lei 9.131, de 1995, competência para “deliberar gêneas que foram sistematizadas por 38 comissões de especialistas.
sobre as diretrizes curriculares propostas pelo Ministério da Edu- Destaca-se a variedade em termos de duração dos cursos em semes-
cação e do Desporto, para os cursos de graduação”. tres: de quatro até 12, e de carga horária, de 2000 até 6800 h.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9.394, O Plano Nacional de Educação, define nos objetivos e metas: “...
de dezembro de 1996, assegura ao ensino superior maior flexibili- 11. Estabelecer, em nível nacional, diretrizes curriculares que assegu-
dade na organização curricular dos cursos, atendendo à necessida- rem a necessária flexibilidade e diversidade nos programas oferecidos
de de uma profunda revisão de toda a tradição que burocratiza os pelas diferentes instituições de ensino superior, de forma a melhor
cursos e se revela incongruente com as tendências contemporâneas atender às necessidades diferenciais de suas clientelas e às peculiari-
de considerar a formação em nível de graduação como uma etapa dades das regiões nas quais se inserem...”.
inicial da formação continuada; bem como à crescente heteroge- A Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Edu-
neidade tanto da formação prévia como das expectativas e dos in- cação decidiu adotar uma orientação comum para as diretrizes que co-
teresses dos alunos. meça a aprovar e que garanta a flexibilidade, a criatividade e a respon-
O Decreto 2.026, inciso II do artigo quatro, de outubro de sabilidade das instituições ao elaborarem suas propostas curriculares.
1996, bem como no artigo 14 do Decreto 2.306, de 1997, estabele- Portanto, é fundamental não confundir as diretrizes que são
cem que as Diretrizes Curriculares são referenciais para as avalia- orientações mandatórias, mesmo às universidades, LDB, Art. 53:
ções de cursos de graduação. “No exercício de sua autonomia, são asseguradas às universi-
O Parecer CNE/CES 776/97 estabeleceu orientação geral para dades, sem prejuízos de outras, as seguintes atribuições: II - fixar os
as diretrizes curriculares dos cursos de graduação e entre outras currículos dos seus cursos e programas, observadas as diretrizes gerais
considerações assinala: pertinentes...” com parâmetros ou padrões –standard- curriculares que
“Além do mais, os currículos dos cursos superiores, formu- são referenciais curriculares detalhados e não obrigatórios.
lados na vigência da legislação revogada pela Lei 9.394, de de-
zembro de 1996, em geral caracterizam-se por excessiva rigidez Voto do(a) relator(a)
que advém, em grande parte, da fixação detalhada de mínimos
Tendo em vista o exposto, o relator propõe:
curriculares e resultam na progressiva diminuição da margem de
1- A definição da duração, carga horária e tempo de integraliza-
liberdade que foi concedida às instituições para organizarem suas
ção dos cursos será objeto de um Parecer e/ou uma Resolução especí-
atividades de ensino” e destaca: “Visando assegurar a flexibilidade fica da Câmara de Educação Superior.
e a qualidade da formação oferecida aos estudantes, as diretrizes 2- As Diretrizes devem contemplar:
curriculares devem observar os seguintes princípios: a- Perfil do formando/egresso/profissional - conforme o curso o
1) Assegurar às instituições de ensino superior ampla liberda- projeto pedagógico deverá orientar o currículo para um perfil profis-
de na composição da carga horária a ser cumprida para a integra- sional desejado.
lização dos currículos, assim como na especificação das unidades b- Competência/habilidades/atitudes.
de estudos a serem ministradas; c- Habilitações e ênfases.
2) Indicar os tópicos ou campos de estudo e demais experiên- d- Conteúdos curriculares.
cias de ensinoaprendizagem que comporão os currículos, evitando e- Organização do curso.
ao máximo a fixação de conteúdos específicos com cargas horárias f- Estágios e Atividades Complementares.
pré-determinadas, as quais não poderão exceder 50% da carga ho- g- Acompanhamento e Avaliação.
rária total dos cursos;
3) Evitar o prolongamento desnecessário da duração dos cur- Fonte: MEC: Despacho do Ministro, publicado no Diário
sos de graduação; Oficial da União de 29/10/2001.

Didatismo e Conhecimento 13
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais

Legislação é o conjunto de leis que


3. EDUCAÇÃO BÁSICA: ESTRUTURA regula certa matéria. Assim, legislação
E FUNCIONAMENTO; SISTEMA DE educacional é o conjunto de diplomas
AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO legais que tratam da Educação.
BÁSICA - SAEB.
Ciclo evolutivo de uma lei

No caso brasileiro, a estrutura do sistema escolar é estabele-


cida por um diploma legal específico, chamado “Lei de Diretrizes
A estrutura e o funcionamento da educação básica apoiam-
e Bases da Educação Nacional - LDBEN”. Sendo assim, é im-
se numa estrutura definida pela legislação. De início, portanto,
portante contextualizar esse diploma legal denominado “Lei” na
é necessário obter um conhecimento sobre noções básicas de 30
estrutura legal vigente no país, para sabermos qual o seu poder de
legislação para entender esse funcionamento.
influência sobre outros diplomas legais e o seu grau de importância
A estrutura e o funcionamento da educação básica são defi-
na hierarquia legal.
nidos legalmente. Por outro lado, apenas a compreensão históri-
A partir do surgimento de uma ideia, até passar a vigorar no
ca do tratamento dado à educação nos principais diplomas legais
país, uma lei passa por etapas de um processo que é apresentado
que tratam do assunto no país poderá promover o aprendizado e
sucintamente a seguir:
a compreensão adequada da questão. Por isso, num segundo mo-
- Iniciativa - pode partir de um legislador (vereador, deputado
mento, esse aspecto do tema será devidamente apresentado neste
ou senador) ou de todo o Legislativo.
texto.
- Discussão - no Legislativo:
Toda essa trajetória é necessária para entender os caminhos
- esfera municipal – Câmara Municipal;
trilhados pela legislação educacional até redundar no atual siste-
- esfera estadual – Assembleia Legislativa;
ma, definido pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
- esfera federal – Câmara dos Deputados, Senado ou Congres-
– LDBEN, vigente no país atualmente. Os detalhes a respeito do
so Nacional.
tratamento dado ao assunto nessa lei comporão, portanto, o res-
- Votação - no Legislativo.
tante deste texto, com ênfase no sistema educacional brasileiro.
- Sanção - prerrogativa do Poder Executivo (Prefeito, Gover-
O tema é de fundamental importância para você, futuro pro-
nador ou Presidente). Trata-se da aprovação da deliberação do le-
fessor, pois a estrutura e o funcionamento da educação básica re-
gislativo, que levará em conta:
presentam o “pano de fundo” de toda a sua atuação profissional
- a constitucionalidade;
no futuro. Há assuntos correlatos que permeiam o tema. Por isso,
- a oportunidade;
aqui e ali será necessário recorrermos a eles, com o intuito de
- a necessidade do projeto de lei.
esclarecer essa questão de tão grande importância para a sua for-
- Promulgação – trata-se da autenticação da regularidade da
mação.
lei e a ordem para a sua execução. É um ato do poder executivo,
Legislação é o conjunto de leis que regula certa matéria. As-
pelo qual a lei adquire força obrigatória.
sim, legislação educacional é o conjunto de diplomas legais que
- Publicação - divulgação da lei em Diário Oficial para que se
tratam da Educação.
torne conhecida por todos.
De modo geral, a disciplina Estrutura e Funcionamento da
- Veto - prerrogativa do chefe do Poder Executivo, ou seja, sua
Educação Básica, ora em desenvolvimento, visa propiciar as con-
manifestação contrária à conversão do projeto de lei em lei. Pode
dições para que você compreenda esse sistema, reconheça-o como
ser em parte ou na sua totalidade. O veto provoca um novo exame
um elemento de reflexão sobre a realidade educacional brasileira
da lei no legislativo, onde pode ser rejeitado por voto da maioria
e se sinta estimulado a acompanhar as medidas que alteram o sis-
dos legisladores.
tema, pois isso altera o pano de fundo do seu futuro profissional.
Evidentemente esse é um processo demorado, afinal, quanto
Aqui, você tomará conhecimento da evolução histórica da
mais importante for o assunto, a tendência é de que mais acalora-
educação brasileira, aprenderá a conceituar palavras-chave para
dos sejam os debates políticos sobre a lei, pois, nesse processo,
a sua formação, como “sistema” e “sistema escolar”, conhecerá
agentes sociais de interesses diferentes discutem um assunto de
alguns dos motivos que levaram à atual estrutura administrativa e
interesse comum até chegarem a um texto final.
didática do sistema, entre outros aspectos relevantes.
Classificação e hierarquia das leis
Legislação – Noções Básicas
- Classificação
Legislação é a “parte da ciência do Direito que se ocupa espe-
Quanto à classificação, há uma relação direta entre os diferen-
cialmente do estudo dos atos legislativos”. É também “o conjunto
tes níveis de poder, que podem ser assim sintetizados:
das leis que regulam particularmente certa matéria”. Legislação
- Leis federais – as mais importantes.
educacional pode ser definida, portanto, como o conjunto de di-
- Leis estaduais – podem complementar as federais, sem con-
plomas legais e documentos correlatos que regulam a educação.
trariá-las.
Legislar é atribuição do Poder Público, principalmente do
- Leis municipais – podem complementar as estaduais, sem
Poder Legislativo. Num regime democrático, inclusive, é indele-
contrariá-las.
gável a outro poder.

Didatismo e Conhecimento 14
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
- Hierarquia regido por normas constitucionais próprias, ou seja, num certo sen-
Quanto à hierarquia entre os diplomas legais, a relação que se tido passou a definir o seu próprio futuro em todos os aspectos,
estabelece é a seguinte: inclusive a educação. No período do império, os principais fatos a
- Constitucionais – as mais importantes. serem destacados são sucintamente apresentados a seguir:
- Complementares – regulamentam normas constitucionais, 1822 – Independência do Brasil – com o advento da indepen-
ou seja, complementam a Constituição e se aderem a ela, como se dência, surgiu uma nova política para a instrução popular;
fossem suas partes integrantes. 1824 – promulgação da Constituição do Império – aqui, pela
- Ordinárias – leis comuns que regulamentam dispositivos primeira vez, reconhece-se o direito de todo cidadão brasileiro
constitucionais, porém, sem aderirem à Constituição. à instrução primária gratuita. Este princípio repetiu-se em quase
Ficou demonstrado que, quanto à hierarquia, as normas cons- todas as demais constituições brasileiras, exceto a de 1891, que
titucionais são as mais importantes. A Constituição é entendida silenciou a esse respeito. Essa Constituição garantia, também, a
como a “Lei Suprema” e fundamental do Estado e da vida jurídica existência de colégios e universidades onde se ensinassem os “ele-
de um país. Nela são estabelecidas as normas fundamentais, às mentos das ciências, belas artes e artes”;
quais todos os demais diplomas legais devem conformar-se, cum- 1837 – criação do Colégio Pedro II - instituiu o modelo dos
prindo o “princípio de constitucionalidade”. estudos secundários;
A LDBEN é uma lei ordinária federal, portanto, subordinada 1854 – Reforma Couto Ferraz - estruturou a instrução primá-
apenas à Constituição Federal e suas leis e decretos-leis comple- ria elementar gratuita, garantida na Constituição, em dois níveis;
mentares. Todo o restante da legislação educacional do país deve 1878 – Reforma Leôncio de Carvalho - consagrou o regime
seguir as diretrizes e normas nela estabelecidas. de exames parcelados no ensino médio. Em 1889 foi proclamada
a república. A partir de então, gradativamente a educação passou
A Educação nas Constituições Brasileiras a crescer em importância no cenário político e social do país. A
seguir, são apresentados os principais fatos ocorridos entre esse
No Brasil, em pleno século XXI, a educação escolar ainda é momento histórico e a promulgação da atual Constituição da Re-
um produto social desigualmente distribuído. O acesso a um pa- pública Federativa do Brasil, em 1988:
drão elevado de qualidade ainda depende de fatores como classe 1889 – Proclamação da República – o advento do novo regi-
socioeconômica, sexo, etnia, local de residência etc. Tais fatores me, num primeiro momento, não trouxe significativas alterações
estão diretamente ligados, inclusive, ao tipo de rede escolar a ser para a instrução pública.
frequentado, seja pública ou particular. 1891 – promulgação da primeira Constituição da República
Pode-se afirmar que, a partir de um certo momento da história Brasileira - a nova Constituição pouco modificou a partilha de
(o advento da república), o discurso político que insistia sobre a atribuições entre o governo central e os governos locais. Mesmo
função homogeneizadora e igualitária da escola, que fabrica cida- assim, concedeu competência ao Congresso Nacional para legislar
dãos iguais, foi-se esvaziando progressivamente de sua substância. sobre o ensino superior e estabeleceu ensino leigo, a ser ministrado
Passamos a vivenciar uma heterogeneidade provocada pela atual nos estabelecimentos públicos;
fragmentação da estrutura do sistema escolar brasileiro em várias 1924 – criação da Associação Brasileira de Educação – ABE
redes, reproduzindo e acentuando as desigualdades sociais e com- – essa agremiação passou a reunir elementos de todo o país na
prometendo o desenvolvimento econômico e social do país. discussão de uma política nacional de educação;
Como cada rede se dirige a consumidores diferentes, a estru- 1930 – fim da chamada “República Velha”: Getúlio Vargas
tura do sistema deixa de ser de livre mercado concorrencial e passa no poder – Getúlio pôs fim ao sistema oligárquico e esvaziou o
a acentuar, cada vez mais, disparidades sociais que se refletem em regionalismo, além de redefinir o papel do Estado a partir de uma
estatísticas educacionais muito diferenciadas. ação mais intervencionista em todos os setores da vida nacional,
A atual estrutura da educação básica é o reflexo de um histó- sobretudo na educação;
rico de acontecimentos cujas raízes remontam ao descobrimento 1931 – criação do Ministério da Educação e Saúde Pública e
do país. Por isso, na sequência, serão apontados os principais fatos do Conselho Nacional de Educação. Ainda nesse ano, ocorreu a
históricos do processo que geraram a atual estrutura: Reforma Francisco Campos, promovendo a educação em caráter
A partir do Descobrimento e até a Independência, o Brasil foi nacional;
uma colônia de Portugal. Desse modo, não dispunha de uma cons- 1932 – Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova – nesse
tituição própria. Nesse período, dentre os principais fatos relacio- manifesto, a educação foi reconhecida como direito de todos e de-
nados à educação que ocorreram, destacam-se: ver do Estado;
1549 – chegada dos jesuítas ao Brasil – período marcado pela 1934 – Constituição outorgada por Vargas – aqui, pela pri-
educação para a catequese e a instrução dos “gentios”, através de meira vez, inúmeros dispositivos constitucionais foram dedicados
escolas de primeiras letras e colégios; à educação, dentre os quais se destacam: a difusão, por parte da
1759 – expulsão dos jesuítas pelo Marquês de Pombal - tenta- União e dos estados, da instrução pública em todos os seus graus;
tiva de laicização do ensino. A educação deveria ser posta a serviço a isenção de qualquer tributo aos estabelecimentos particulares
dos interesses civis e políticos do império lusitano; de educação gratuita ou profissional, oficialmente considerados
1808 – chegada da família real ao Brasil – a partir dessa data, idôneos; a criação de fundos para auxílio a alunos necessitados,
a administração de D. João VI passou a privilegiar os estudos téc- mediante fornecimento gratuito de material escolar, bolsas de es-
nico-militares e a deixar em plano inferior à instrução elementar. tudo, assistência alimentar, dentária e médica; estabelecimento da
Finalmente, em 1822 o país se tornou independente, ou melhor, educação como direito de todos; a liberdade de ensino a todos os
parte integrante do império português. Desde então, passou a ser graus; o planejamento nacional da educação; a ministração do en-

Didatismo e Conhecimento 15
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
sino em idioma pátrio; a tendência à gratuidade do ensino posterior 1961 – promulgação da Primeira Lei de Diretrizes e Bases da
ao primário; a laicidade do ensino primário, secundário, profissio- Educação Nacional – LDB (Lei 4.024) – finalmente a educação
nal e normal, nas escolas públicas; a exigência de concursos de passa a ter um conjunto de diplomas legais que regulam o assunto.
títulos e provas para provimento dos cargos do magistério oficial; a Trata-se de um importante passo no sentido da unificação do siste-
liberdade de cátedra; a aplicação de recursos na manutenção e de- ma de ensino e da eliminação do dualismo administrativo herdado
senvolvimento dos sistemas educativos; a destinação de recursos do Império. Nesse ano, também foram criados o Conselho Federal
à educação nas zonas rurais; a garantia de ensino primário gratuito de Educação e os conselhos estaduais de educação;
aos operários ou aos filhos destes, por parte das empresas indus- 1964 – implantação da Ditadura Militar – a partir dela, passou
triais ou agrícolas; o desenvolvimento das ciências, das artes, das a ocorrer uma progressiva centralização política e administrativa,
letras e da cultura em geral pelos poderes públicos. na contramarcha do processo de descentralização estabelecido
1937 – segunda Constituição outorgada por Vargas – apesar pela LDB. Criou-se o Ministério do Planejamento, que passou a
de restringir liberdades individuais, dedicou alguns dispositivos à liderar o processo de planejamento da educação;
educação, dentre os quais se destacam: a substituição do conceito 1967 – promulgação da Constituição – com a mudança im-
de educação como “direito de todos” pelo de educação como “de- posta pelo regime militar, esperavam-se grandes mudanças na
ver e direito natural dos pais”, atribuindo à família a responsabili- Constituição, mas foram mantidos os principais dispositivos sobre
dade primeira pela educação integral da prole e, ao Estado, o de- a educação consagrados pela Constituição de 1946, com exceção
ver de colaborar com a execução desta responsabilidade, suprindo feita ao dispositivo que trata da aplicação de recursos públicos
as deficiências e lacunas da educação particular; dedicou atenção no ensino. Merecem destaque: a ampliação das possibilidades da
à infância e à juventude, ao dispor sobre a garantia da assistência iniciativa privada, em relação ao desenvolvimento do ensino, ga-
física, moral e intelectual, a ser-lhes prestada pelos responsáveis rantindo amparo técnico e financeiro do poder público, inclusive
e, na falta destes, pelo Estado; a garantia de educação de crianças através de bolsas de estudos; o estabelecimento da faixa etária de
e adolescentes carentes em estabelecimentos federais, estaduais e obrigatoriedade escolar primária, entre os sete e os quatorze anos;
municipais; a destinação do ensino público pré-vocacional e pro- 1968 – Promulgação da Lei nº 5.540, que organizou e norma-
fissional aos menos favorecidos e o ensino particular acadêmico tizou o ensino superior;
às classes privilegiadas; a obrigatoriedade da educação física, do 1969 – promulgação da Emenda Constitucional nº 1 – esse
ensino cívico e dos trabalhos manuais em todas as escolas primá- diploma legal não trouxe, no que se refere à educação, grandes
rias e médias, como requisito para a sua autorização e reconheci- novidades. Os principais destaques são os seguintes: acréscimo da
mento; estabelecimento de gratuidade e obrigatoriedade do ensi- expressão “é dever do Estado” ao dispositivo que trata do “direito
no primário; instituição, para os mais ricos, de uma contribuição de todos à educação”, o que passou a garantir este direito; a extin-
“módica e mensal” para o caixa escolar; estabelecimento da lai- ção da liberdade de cátedra, restringindo a liberdade de comuni-
cidade do ensino ministrado nas escolas primárias e médias. Esta cação de conhecimentos; a omissão sobre a aplicação de recursos
Constituição omitiu-se, no entanto, quanto à aplicação de recur- tributários ao ensino; a instituição do salário-educação;
sos públicos para a manutenção e o desenvolvimento do ensino; 1971 – promulgação da Segunda LDB brasileira (Lei nº 5692)
1942 – Reforma Gustavo Capanema – por meio dela, sur- – no cerne da ditadura militar, essa lei apresentava uma tendência
giram o “ginásio” e o “colégio”. Dentro do colégio, houve uma centralizadora;
subdivisão em dois cursos: o clássico e o científico. 1982 – promulgação da Lei 7.044 – aboliu a obrigatoriedade
1946 – promulgação da Constituição Pós “Ditadura Vargas” da profissionalização no ensino de segundo grau;
- em 1945, após a queda da Ditadura Vargas, retoma-se a orien- 1983 – promulgação da Emenda Constitucional nº 24 – recu-
tação descentralista e liberal da Constituição de 1934. Merecem perou o dispositivo constitucional de 1946, que tratava da aplica-
destaque os seguintes dispositivos: estabelecimento de que “cabe ção de recursos tributários ao ensino;
à União legislar sobre as diretrizes e bases da educação nacional e 1988 – promulgação da Constituição da República atualmente
organizar o sistema federal de ensino, de caráter supletivo, esten- em vigor – com o fim da ditadura militar, a nova Carta Magna
dendo-se a todo o país, nos estritos limites das deficiências locais estabelece que a responsabilidade pela organização dos sistemas
(art. 5 e 170)”; estabelecimento do princípio da obrigatoriedade de ensino deixa de ser exclusiva dos estados, reconhecendo-se a
do ensino primário para todos, com gratuidade nas escolas públi- existência dos sistemas municipais. Além disso, estabelece a con-
cas; o estabelecimento da laicidade do ensino primário e médio vivência entre as redes pública e particular;
oficial; a prioridade da família na educação; a liberdade da inicia- 1996 - promulgação da atual LDB (Lei 9.394) – apoiada na
tiva privada com relação ao ensino; a obrigatoriedade da minis- nova Constituição, é considerada uma lei completa.
tração do ensino na língua nacional; a vitaliciedade e a liberdade
de cátedra; a aplicação de recursos provenientes de impostos no As Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBS
desenvolvimento do ensino; o desenvolvimento dos sistemas de
ensino federal e dos territórios através de Fundo Nacional; a au- No total, três leis de diretrizes e bases da educação nacional
tonomia dos estados e do Distrito Federal na organização de seus foram promulgadas no Brasil, todas em tempos recentes, a partir
sistemas de ensino; a assistência educacional aos necessitados; a de 1961. Até então, o Brasil possuía apenas leis e decretos que
manutenção obrigatória, por parte das empresas, do ensino primá- organizavam ou disciplinavam determinados níveis de ensino, se-
rio gratuito aos servidores e seus filhos; a criação de institutos de paradamente.
pesquisas; o amparo à cultura como dever do Estado.

Didatismo e Conhecimento 16
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Primeira LDB – Lei Federal nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961 A obrigatoriedade da profissionalização do Ensino de 2º Grau
foi abolida em 1982, já que fora um completo fracasso, devido à
Esta primeira LDB foi considerada uma lei completa, pois es- falta de condições e de recursos necessários, por parte da maioria
tabelecia diretrizes e bases para toda a educação nacional, ou seja, das escolas.
para todos os níveis de ensino, desde a pré-escola até o ensino su- Essa lei, conhecida como “colcha de retalhos”, esteve em
perior. Foi apresentada ao Congresso Nacional em 1948 e somente vigor até 1.996, quando foi aprovada uma nova LDB, em vigor
aprovada 13 anos depois, após várias discussões entre os setores até os dias de hoje.
interessados da sociedade.
Seus títulos tratavam de questões educacionais amplas, como: Terceira LDB – Lei Federal nº 9.394 de 20 de dezembro de
- os fins da educação; 1.996
- o direito à educação; Trata-se da lei atualmente vigente, que estabelece as diretri-
- a liberdade do ensino; zes e bases da educação nacional e norteia a estrutura e o funcio-
- os deveres do Estado para com a educação; namento da educação no país em todos os níveis, da Educação
Estabeleceu a seguinte estrutura para o ensino:
Infantil ao Ensino Superior.
- Cursos
De modo geral, a estrutura do ensino apresenta a seguinte
- Primário – obrigatório e gratuito nas escolas públicas, com
configuração:
duração de quatro anos.
- Ginásio – não obrigatório e gratuito nas escolas públicas, com - Educação Básica, compreendendo:
duração de quatro anos. Em razão do número insuficiente de vagas, - Educação Infantil – gratuita na escola pública, não obri-
havia a necessidade de realização de “exames de admissão”. gatória;
- Colegial – Subdividido em “clássico” e “científico”, não era - Ensino Fundamental – gratuito na escola pública e obri-
obrigatório, mas era gratuito nas escolas públicas, com duração de gatório;
três anos. - Ensino Médio – gratuito na escola pública, não obrigatório,
- Superior – não obrigatório e gratuito nas escolas públicas. mas com tendência à progressiva obrigatoriedade. Envolve o en-
sino profissionalizante, desvinculado do propedêutico, sendo que
Segunda LDB – Lei Federal nº 5.692, de 11 de agosto de 1.971 a profissionalização pode-se dar paralelamente ou após o aluno
ter concluído o Ensino Médio.
A primeira mudança introduzida, com relação à anterior, dizia - Ensino Superior.
respeito à unificação do ensino primário com o ginásio, constituin- A LDB é o diploma legal que define as regras gerais a serem
do o primeiro grau, o que significou o prolongamento da escola seguidas nas políticas educacionais do país.
única, comum e contínua de oito séries. A elaboração dessa nova LDB surgiu da necessidade da edu-
Essa lei não renovou toda a anterior, mas vários de seus arti- cação atender e adequar-se à realidade brasileira e às exigências
gos, principalmente os que tratavam dos antigos ensinos primário, de um mundo cada vez mais globalizado. Do mesmo modo, era
ginasial e colegial. Revogou 86 artigos da lei anterior, sendo que 34 necessário elaborar uma lei que fosse mais adequada aos disposi-
permaneceram em vigor. tivos constitucionais que tratam da educação.
Essa lei não foi considerada completa, pois limitou-se a estru- A partir da sua entrada em vigor, novas medidas e regula-
turar apenas dois níveis de ensino, não tratando do ensino superior. mentações vêm surgindo, tanto por parte do Ministério da Edu-
Foi elaborada e aprovada durante o regime militar, sem discussões cação quanto do Conselho Nacional de Educação e dos conselhos
ou sugestões por parte da sociedade e por “decurso de prazo”, em estaduais e municipais, visando adequar seus dispositivos às con-
40 dias. A reforma do ensino foi realizada com base em dois eixos: dições locais e regionais.
- adequação do sistema educacional à política socioeconômica
da época, o chamado “milagre econômico”;
Breve histórico do encaminhamento e tramitação
- necessidade de atender à demanda da sociedade por mais es-
colaridade.
A atual LDB foi proposta no final de 1988, durante o Go-
Seu grande mérito foi unificar os antigos cursos primário e gi-
nasial, transformando-os no “curso de 1º Grau”, abolindo, assim, as verno Sarney, após a promulgação da atual Constituição da Re-
barreiras do exame de admissão. pública.
Seus títulos tratavam de questões específicas de 1º e 2º Grau, O então denominado “Projeto de Lei Otávio Elísio” tramitou
como: no Congresso Nacional e recebeu 1.263 emendas até sua primei-
- objetivos desses níveis de ensino; ra votação na Comissão de Educação do Congresso, cujo relator
- objetivos das matérias de ensino; era o então Deputado Federal Jorge Hage, em junho de 1990.
- mínimo de dias letivos e carga horária anual dos cursos; O projeto de lei continuou a ser discutido durante todo o go-
- normas para o financiamento desses níveis de ensino; verno Collor / Itamar, agora com novo congresso que havia sido
- normas para a formação de docentes. reformulado em 1.990. Nesse período, o Senador Darcy Ribeiro
Essa lei estabeleceu a seguinte estrutura para o ensino: colocou em discussão o seu primeiro projeto sobre o assunto em
- Ensino de 1º Grau – obrigatório e gratuito nas escolas públi- maio de 1.992, o qual foi aprovado na Câmara dos Deputados
cas, com duração de oito anos; em maio de 1.993, tendo como relatora da Comissão a Depu-
- Ensino de 2º Grau – não obrigatório, mas gratuito nas esco- tada Federal Ângela Amin. No senado, foi alvo de um Parecer
las públicas, com duração de 3 a 4 anos e obrigatoriamente profis- do Senador Cid Saboia em novembro de 1.994, postergando sua
sionalizante; aprovação.

Didatismo e Conhecimento 17
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
No Governo F.H.C., em fevereiro de 1.996, o projeto de lei O artigo 2º caracteriza a educação como dever da família e do
do Senador Darcy Ribeiro foi aprovado no Senado, tendo ele Estado. Na verdade, mais que dever, ela é uma função da família e
mesmo como relator, e na Câmara dos Deputados em dezembro do Estado, que dela não se podem alienar. Esse artigo trata de três
de 1.996, tendo como relator o Deputado Federal Jorge Hage. O assuntos ao mesmo tempo (dever de educar, princípios inspirado-
projeto recebeu a sanção presidencial sem vetos e foi publicado res da educação e fins da educação).
no Diário Oficial da União em 20 de dezembro de 1.996, passando O artigo 3º arrola os princípios que devem presidir a orga-
a vigorar na forma de lei. nização e o funcionamento escolar. Um breve comentário se faz
necessário para um melhor entendimento dos mesmos.
Títulos I- Se o ensino fundamental é obrigatório e universal, há que
se insistir nessa igualdade de acesso e permanência a fim de que
Na sequência serão abordados os principais aspectos de cada eventuais diferenças de natureza socioeconômica não venham a
título, no que concerne à sua formação e atuação profissional. privilegiar uns em detrimento dos outros. Não basta oferecer va-
Ressalta-se que é do seu maior interesse a leitura atenta do con- gas para todos na faixa etária de 6 a 14 anos na primeira série do
teúdo completo da lei, de modo a propiciar a reflexão adequada. ensino fundamental, também é preciso assegurar a permanência do
Aqui, serão apenas citados os principais aspectos e, eventualmen- educando na escola. É um alerta contra a evasão e pela retenção
te, alguns deles são comentados. escolar.
II- A liberdade de aprender, ensinar, pesquisar, bem como de
- Título I – Da Educação divulgar a cultura, o pensamento e o saber é inerente ao sistema
Basicamente apresenta o conceito do termo “educação” com democrático e não pode ser cerceada de forma alguma. É desse
um sentido bastante amplo e, segundo alguns críticos, com certa princípio que nasce, por exemplo, a possibilidade de haver cursos
ambiguidade terminológica. Além disso, define os limites da lei e livres diversos e o direito da iniciativa privada de implantar rede
registra que a educação escolar deverá vincular-se ao mundo do de escolas particulares.
trabalho e à prática social. III- O pluralismo de ideias e concepções é outro princípio bá-
Ao afirmar que a educação é um somatório de processos for- sico da democracia, que deve ser livremente buscado e pesquisado
mativos que ocorrem na sociedade, e se desenvolvem mediante a pelo confronto de diferentes ideias e concepções.
interação do educando com a vida familiar, a convivência humana IV- O respeito à liberdade e o apreço à tolerância é conse-
no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimen- quência do inciso anterior, pois sem o respeito a esse apreço, o
tos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações pluralismo se tornaria inviável.
culturais, o artigo procura abranger todas as fontes de estímulo V- A coexistência de instituições públicas e privadas de ensino
educativo a que estão sujeitos os indivíduos no seu processo for- reflete, na prática, a liberdade de ensinar. Abrir escolas é direito de
mativo. qualquer cidadão, atendidos os requisitos legais.
No § 1º, o artigo destaca a abrangência da LDB, que se refere VI- A gratuidade do ensino público em estabelecimentos ofi-
exclusivamente à educação escolar, uma vez que essa é uma lei
ciais, expressa a preocupação social da universalização da oferta
destinada a regulamentar a estrutura e funcionamento dos siste-
de oportunidades educacionais, apesar da limitação da capacidade
mas de ensino. As instituições próprias a que se refere este pará-
de atendimento das escolas públicas, devido à escassez dos recur-
grafo são as escolas regulares que integram tais sistemas.
sos orçamentários destinados à educação.
O § 2º, ao declarar que a educação escolar se deve vincular
VII- A valorização dos profissionais da educação se faz ur-
ao mundo do trabalho e à prática social, preconizou a formação
gente na atualidade brasileira. Não se pode ter qualidade de ensino
concomitante do cidadão e do trabalhador.
sem se dispor de professores qualificados. A qualificação docente
Título II – Dos Princípios e Fins da Educação Nacional Defi-
diz respeito tanto à sua maior titulação, quanto à sua melhor re-
ne os seguintes princípios:
- igualdade de condições para acesso e permanência na es- muneração.
cola; VIII- A gestão democrática visa à participação da comunidade
- liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultu- escolar – professores, funcionários, alunos, pais ou membros da
ra, o pensamento, a arte e o saber; comunidade - no governo da escola. Só se aplica obrigatoriamente
- pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; às escolas públicas, por definição constitucional (artigo 206, inciso
- respeito à liberdade e apreço à tolerância; VI da Constituição Federal).
- coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IX- A garantia do padrão de qualidade do ensino supõe a
- gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; formulação desse padrão pelos sistemas de ensino. O padrão de
- valorização do profissional da educação escolar; qualidade deve conquistar patamares cada vez mais altos de quali-
- gestão democrática do ensino público; ficação pelas escolas.
- garantia de padrão de qualidade; X- A valorização da experiência extraescolar, não apenas para
- valorização da experiência extraescolar; permitir matrícula inicial dos alunos em séries mais avançadas do
- vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas processo de escolaridade, ou para eliminar matérias equivalentes
sociais. do currículo, ou ainda para a certificação de equivalência com sé-
E as seguintes finalidades: ries e cursos, sobretudo no campo das habilitações profissionais, é
- pleno desenvolvimento do educando; • preparação para o um princípio flexibilizador da ação educativa.
exercício da cidadania; XI- Já comentado no artigo 1º § 2º da mesma Lei.
- qualificação para o trabalho.

Didatismo e Conhecimento 18
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
- Título III – Do Direito à Educação e do Dever de Educar Além do oferecimento de vagas, no Ensino Fundamental pú-
Nesse título define-se “Educação” como “dever do Estado”. É blico, deverá ser garantido o atendimento por meio de programas
importante notar que o Ensino Superior não aparece nesse título, suplementares de material didático, transporte, alimentação e as-
o que pode significar que não seja dever do Estado. O conteúdo se sistência à saúde.
atém especificamente à Educação Básica e define cada elemento Deverão ainda ser garantidos os padrões mínimos de qualida-
da seguinte forma: de de ensino, definidos como a variedade e quantidade mínimas
- Educação Infantil – atendimento gratuito às crianças de zero por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do pro-
a cinco anos (de acordo com a legislação correlativa mais atua- cesso ensino - aprendizagem.
lizada);
- Ensino Fundamental – obrigatório e gratuito nas escolas - Título IV – Da Organização da Educação Nacional
públicas (ou seja, caso não haja vagas, o sistema é obrigado a A organização é apresentada para as diferentes esferas de go-
criá-las para prover o atendimento nessa faixa escolar, inclusive verno, definindo os limites de cada sistema e suas respectivas in-
para os que a ele não tiveram acesso na idade própria); cumbências, da seguinte forma:
- Ensino Médio – progressiva extensão da obrigatoriedade e - União
gratuidade; - Sistema federal, que compreende:
- Educação especial – atendimento especializado gratuito aos - escolas federais;
educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede - escolas particulares de Educação Superior.
regular de ensino. - Órgãos federais de educação.
Deve-se ressaltar que, com base neste título da lei, qualquer - Incumbências:
pessoa pode exigir do Poder Público o direito ao acesso ao Ensi- - elaboração do Plano Nacional de Educação, em colaboração
no Fundamental. Acrescenta-se, ainda, que a educação é definida, com os Estados, Distrito Federal e Municípios;
também, como dever da família, com matrícula a partir dos seis - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, Distrito
anos (legislação correlativa atualizada). Federal e Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de
O Estado, entendido no caso como o Poder Público (União, ensino e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória;
Estados, Município e Distrito Federal), para dar efetividade à - estabelecer competências e diretrizes curriculares para asse-
obrigatoriedade inscrita na Constituição, assume o ônus de man- gurar a formação básica comum;
ter gratuitamente as escolas de ensino fundamental de qualidade - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar,
desejável, de modo a assegurar matrícula a todas as crianças em respectivamente, os cursos das instituições de Educação Superior
idade escolar, e àquelas que não puderam estudar na idade pró- e os estabelecimentos do seu sistema de ensino.
pria. Para que melhor se cumpra este dever, estados e municípios, - Estados
com a assistência da União, deverão recensear periodicamente a - Sistema estadual, que compreende:
população em idade escolar, bem como jovens e adultos que não - escolas estaduais;
estudaram na idade própria, fazer-lhes a chamada pública por oca- - escolas municipais de Educação Superior;
sião da matrícula e atuar junto a pais e responsáveis para que os - escolas particulares de Ensino Fundamental e médio;
encaminhem à escola. - órgãos estaduais de educação.
O Ensino Médio, que sucede ao Fundamental, ainda apresen- - Incumbências:
ta insuficiência de oferta de vagas nas escolas públicas. A lei fala - assegurar o Ensino Fundamental e oferecer com prioridade
em progressiva extensão da obrigatoriedade desse ensino, tendo o ensino médio;
em vista que os países mais avançados mantêm escolaridade obri- - assegurar a formação dos profissionais da educação;
gatória de mais de doze anos. Como toda obrigatoriedade passa - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar os
a implicar gratuidade, há que se estendê-la progressivamente e cursos das instituições de Educação Superior e os estabelecimen-
sem prejuízo de que o ensino fundamental venha a ser plenamente tos do seu sistema de ensino;
satisfeito em sua demanda. - Municípios
O atendimento especializado aos educandos com necessi- - Sistema municipal, que compreende:
dades especiais se fará não só gratuitamente, como também na - escolas municipais de Educação Básica; — escolas parti-
escola comum. Somente nos casos extremos é que se justificaria culares de Educação Infantil; — órgãos municipais de educação.
a oferta de vagas em escolas especiais. O texto legal privilegia o - Incumbências:
atendimento em classes comuns de alunos e não trata de casos - oferecer Educação Infantil em creches e pré-escolas e, com
clínicos. prioridade, o Ensino Fundamental;
As creches e pré-escolas mantidas pelo Poder Público atende- - autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do
rão crianças de zero a cinco anos de idade, de modo inteiramente seu sistema de ensino.
gratuito, embora não se trate de nível obrigatório. Nesse contexto, portanto, a União, os Estados, o Distrito Fe-
O ensino noturno deverá ser ofertado pelo Poder Público, e deral e os Municípios organizarão, em regime de colaboração, os
sua estrutura e funcionamento devem sempre levar em conta as respectivos sistemas de ensino.
condições do aluno. Esse ensino é uma alternativa de escolaridade Caberá à União a coordenação da política nacional de edu-
destinada de preferência aos alunos trabalhadores e se reveste de cação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo a
um alto sentido social, garantindo as condições de acesso e per- função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais
manência na escola. instâncias educacionais.

Didatismo e Conhecimento 19
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Ainda dentro deste título, a lei estabelece as incumbências dos A jornada escolar no Ensino Fundamental incluirá pelo menos
estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas comuns e as do 4 horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo progressiva-
seu sistema de ensino, entre elas a de elaborar e executar sua propos- mente ampliado o período de permanência na escola para o tempo
ta pedagógica, administrar seu pessoal e seus recursos financeiros e integral, a critério dos sistemas de ensino.
materiais, assegurar o cumprimento dos dias letivos, oferecer meios - Ensino Médio – como etapa final da educação básica, com
para a recuperação dos alunos, criar processo de integração escola X duração mínima de 3 anos. Apresenta as seguintes finalidades:
comunidade; também estabelece as incumbências dos docentes como: - consolidação e aprofundamento dos conhecimentos adqui-
participar da elaboração da proposta pedagógica da escola, elaborar ridos;
e cumprir o plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica, zelar - preparação básica para o trabalho e para a cidadania, para
pela aprendizagem dos alunos, estabelecer estratégias de recuperação continuar aprendendo;
dos alunos de menor rendimento, colaborar com as atividades de arti- - aprimoramento do educando como pessoa humana, incluin-
culação escola X comunidade. do a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual
De acordo com suas peculiaridades, os sistemas de ensino defini- e do pensamento crítico;
rão as normas da gestão democrática do ensino público, conforme os - compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos
princípios de participação: processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no en-
- dos profissionais da educação na elaboração do projeto peda- sino de cada disciplina.
gógico da escola; O currículo do Ensino Médio observará as seguintes dire-
- das comunidades (escolar e local) em conselhos escolares ou trizes:
equivalentes. - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do
significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico
- Título V – Dos Níveis e das Modalidades de Educação e En- de transformação da sociedade e da cultura; a língua portugue-
sino sa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e
A educação escolar se divide em: exercício da cidadania;
- Educação Superior: Envolvem cursos sequenciais por campo - adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimu-
do saber, de graduação, extensão e pós-graduação.
lem a iniciativa dos estudantes;
- Educação Básica, subdividida em:
- incluirá uma língua estrangeira moderna, como disciplina
- Educação Infantil – como primeira etapa da Educação Bási-
obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma segunda,
ca, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até
em caráter optativo, dentro das disponibilidades da instituição;
seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual
- incluirá a filosofia e a sociologia como disciplinas obrigató-
e social, complementando a ação da família e da comunidade. Será
rias em todas as séries do ensino médio.
oferecida em:
Ao término do Ensino Médio, o aluno deve demonstrar: -
- pré-escola para crianças de 4 a 5 anos. Nessa etapa não há
obrigatoriedade de cumprir a carga horária mínima anual de 800 ho- domínio dos princípios científicos e tecnológicos que presidem a
ras distribuídas nos 200 dias letivos, como não há também avaliação produção moderna;
com objetivo de promoção. A avaliação na educação infantil destina- - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem;
se ao acompanhamento e registro do desenvolvimento da criança. - domínio dos conhecimentos de filosofia e sociologia, neces-
- Ensino Fundamental: Como segunda etapa da educação básica, sários ao exercício da cidadania.
com duração de 9 anos, obrigatório e gratuito na escola pública ini- Deve também prestar o Exame Nacional do Ensino Médio –
ciando-se aos 6 anos de idade, tem como objetivo a formação básica ENEM e participar de processos seletivos para evoluir ao Ensino
do cidadão, mediante: Superior.
- o desenvolvimento da capacidade de aprender, pelo domínio da O nível médio de ensino comporta diferentes concepções:
leitura, da escrita e do cálculo; uma concepção propedêutica destina-se a preparar os alunos para
- a compreensão do ambiente natural e social, do sistema polí- o prosseguimento dos estudos no curso superior; para a concepção
tico, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a técnica, no entanto, esse nível de ensino prepara a mão de obra; na
sociedade; compreensão humanística e cidadã, o Ensino Médio é entendido
- o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em no sentido mais amplo, que não se esgota nem na dimensão da
vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação de universidade, nem na do trabalho, mas compreende as duas – que
atitudes e valores; constroem e reconstroem pela ação humana, pela produção cultu-
- o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solida- ral do homem cidadão – de forma integrada e dinâmica.
riedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta a vida Essa concepção está expressa em alguns documentos oficiais
social. sobre as competências e habilidades específicas esperadas do alu-
O Ensino Fundamental é ministrado em língua portuguesa, asse- no deste nível de ensino. De acordo com as Diretrizes Curriculares
gurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas mater- Nacionais, instituídas pela Resolução nº 3, de 26 de junho de 1998,
nas e processos próprios de aprendizagem. a base nacional comum dos currículos do Ensino Médio será orga-
O ensino religioso, de matrícula facultativa, é parte integran- nizada em áreas de conhecimento, a saber: a) linguagens, códigos
te da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários e suas tecnologias; b) ciências da natureza, matemática e suas tec-
normais das escolas públicas de Ensino Fundamental, assegurado o nologias; c) ciências humanas e suas tecnologias.
respeito à diversidade cultural religiosa. Cabe aos sistemas de ensino Os princípios pedagógicos que estruturam os currículos do
definir os conteúdos do ensino religioso, ouvida a entidade civil, Ensino Médio são: identidade, diversidade, autonomia, interdisci-
constituída pelas diferentes denominações religiosas. plinaridade e contextualização.

Didatismo e Conhecimento 20
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Identidade: supõe o reconhecimento das escolas que oferecem Ressalta-se que a Educação Básica envolve, também, a Edu-
esse nível de ensino, como instituições de ensino de adolescentes, cação de Jovens e Adultos e a Educação Especial.
jovens e adultos, respeitadas suas condições e necessidades de es- A Educação de Jovens e Adultos é destinada para educar aque-
paço e tempo de aprendizagem. les que não tiveram, na idade própria, acesso ou continuidade de
Diversidade e autonomia: referem-se à diversificação de pro- estudos no Ensino Fundamental e Médio. Preferencialmente deverá
gramas e tipos de estudos disponíveis, estimulando alternativas, de articular-se com a Educação Profissional.
acordo com as características do alunado e das demandas do meio Haverá exames para a conclusão do Ensino Fundamental e Mé-
social. dio, exigindo, no mínimo, 15 e 18 anos respectivamente. Também
Interdisciplinaridade: relaciona-se ao princípio de que todo os conhecimentos e habilidades adquiridos por meios informais po-
conhecimento mantém diálogo permanente com outros conheci- derão ser aferidos e reconhecidos, mediante exames.
mentos. A Educação Especial é a modalidade de educação escolar, ofe-
Contextualização: significa que a cultura escolar deve permi- recida preferencialmente na rede regular de ensino, para alunos por-
tir a aplicação do conhecimento às situações da vida cotidiana dos tadores de necessidades especiais, com início na faixa etária de zero
alunos, de forma que relacione teoria e prática, vida de trabalho e a seis anos. Quando não for possível a integração dos alunos nas
exercício da cidadania. classes comuns de ensino regular, o atendimento educacional será
A LDB estabelece que o Ensino Médio poderá preparar o alu- feito em classes, escolas ou serviços especializados. Quando neces-
no para o exercício de profissões técnicas, desde que atendida a sário, haverá serviços de apoio especializado, na escola regular, para
sua formação geral. Essa preparação para o trabalho e a habilitação atender às peculiaridades dessa clientela.
profissional poderá ser desenvolvida nos próprios estabelecimentos Condições que os sistemas de ensino deverão oferecer para os
de Ensino Médio ou em cooperação com instituições especializadas educandos com necessidades especiais:
em educação profissional. Essa educação profissional técnica será - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organiza-
desenvolvida ou articulada com o Ensino Médio ou subsequente ção específica para atender às suas necessidades;
a ele, em cursos específicos, observados os objetivos e definições - para os alunos que não puderem atingir o nível exigido para
contidas nas diretrizes curriculares nacionais, as normas comple- a conclusão do ensino fundamental, será oferecida a terminalidade
mentares dos respectivos sistemas de ensino e as exigências de específica de acordo com suas capacidades;
cada instituição de ensino, nos termos de seu projeto pedagógico. - os superdotados terão possibilidade de terminar o curso em
menor tempo;
Os diplomas de cursos de educação profissional técnica de nível
- professores especializados para atendimento a esse tipo de
médio, quando registrados, terão validade nacional e habilitarão ao
educando;
prosseguimento de estudos na educação superior.
- educação especial para o trabalho e efetiva integração na vida
A Educação Profissional e Tecnológica integra-se aos diferen-
em sociedade, no trabalho e em cursos posteriores;
tes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho,
- acesso do aluno especial aos benefícios dos programas sociais
da ciência e da tecnologia. Abrangerá os seguintes cursos:
suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
- de formação inicial e continuada ou qualificação profissional;
Instituições privadas sem fins lucrativos, que atendam à educa-
- de Educação Profissional técnica de nível médio;
ção especial, poderão ter apoio técnico e financeiro do Poder Públi-
- de Educação Profissional tecnológica de graduação e pós- co. A oferta de educação especial é dever constitucional do estado.
graduação. De modo geral, a Educação Básica tem por finalidade o de-
A Educação Profissional será desenvolvida em articulação com senvolvimento do educando, assegurando-lhe a formação comum
o ensino regular ou por diferentes estratégias de educação conti- indispensável ao exercício da cidadania e proporcionar meios para
nuada, em instituições especializadas ou no ambiente de trabalho. progredir no trabalho e em estudos posteriores.
Destina-se ao aluno matriculado no Ensino Fundamental, Médio Deve-se organizar em séries anuais ou semestrais, ciclos, gru-
ou Superior, ou egresso deles, bem como ao trabalhador em geral, pos por idade ou competência, conforme interesse do processo de
jovem ou adulto. aprendizagem. A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive
Portanto, a Educação Profissional insere-se entre a Educação quando tratar de transferência, tendo como base as normas curricu-
Básica e Educação Superior, ou seja, não pertence a um ou a outro, lares gerais.
especificamente. Essa modalidade visa conduzir o aluno ao perma- O calendário escolar deve ser adequado às peculiaridades lo-
nente desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva. Divide- cais, inclusive climáticas e econômicas, da região onde a escola se
se em três níveis: insere, a critério do respectivo sistema de ensino.
- Básico – visa à qualificação, atualização e profissionalização, Nos níveis Fundamental e Médio, a carga mínima anual será de
apresenta currículo variável e representa a educação não formal. Ao oitocentas horas, distribuídas por um mínimo de duzentos dias de
final, o aluno recebe um “certificado de qualificação”. efetivo trabalho escolar, excluindo-se o tempo reservado aos exames
- Técnico – visa à habilitação profissional. É estudado em mó- finais.
dulos, é regido por diretrizes curriculares nacionais, sendo que 70% O currículo deve ser composto por uma base nacional comum,
das disciplinas compõem um currículo básico e 30% das disciplinas mais uma parte diversificada, de acordo com as características re-
são escolhidas pela escola. Ao final, o aluno recebe um “diploma gionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.
técnico”. Obrigatoriamente os currículos devem abranger o estudo de: língua
- Tecnológico – áreas especializadas voltadas a alunos forma- portuguesa, matemática, conhecimento do mundo físico e natural,
dos em Ensino Médio ou Técnico. Ao final, o aluno recebe um “di- conhecimento da realidade social e política, arte, educação física
ploma de tecnólogo”. (facultativa nos cursos noturnos) e língua estrangeira moderna.

Didatismo e Conhecimento 21
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
O ensino da arte constituirá componente curricular obrigató- - aperfeiçoamento profissional continuado;
rio, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o - piso salarial profissional;
desenvolvimento cultural dos alunos. A música deverá ser conteú- - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e
do obrigatório, mas não exclusivo do ensino da arte. na avaliação do desempenho;
A educação física, integrada à proposta pedagógica da escola, - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, in-
é componente curricular obrigatório da Educação Básica, sendo cluído na carga de trabalho;
sua prática facultativa ao aluno: que cumpra jornada de trabalho - condições adequadas de trabalho.
igual ou superior a seis horas; maior de trinta anos; que estiver
prestando serviço militar, que tenha prole. - Título VII – Dos Recursos Financeiros
A escolha obrigatória de pelo menos uma língua estrangeira Neste título são tratados os dispositivos dos mais fundamen-
moderna, a partir da quinta série, ficará a cargo da comunidade tais, pois define-se de onde deve vir o dinheiro para financiar a
escolar, dentro das possibilidades da instituição. educação no país.
Ainda nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio, São definidos os percentuais constitucionais de recursos para
públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da história e cul- a educação em geral, as despesas para manutenção e desenvolvi-
tura afro-brasileira e indígena (Lei nº 11.645/2008). Os conteúdos mento do ensino, o padrão mínimo de oportunidades educacionais
referentes a esses estudos serão ministrados no âmbito de todo o para o Ensino Fundamental e o custo mínimo por aluno, de modo
currículo escolar, em especial nas áreas de educação artística e de a se atingir um mínimo de qualidade no ensino.
literatura e história brasileiras. Os recursos públicos destinados à educação são originados
A avaliação deve ser contínua e cumulativa, com prevalência das receitas: de impostos próprios da União, dos Estados, do Dis-
dos aspectos qualitativos e dos resultados ao longo do período. trito Federal e dos Municípios; de transferências constitucionais e
A recuperação é obrigatória e, de preferência, paralela ao período outras; do salário-educação e de outras contribuições sociais; de
incentivos fiscais e de outros recursos previstos em lei.
letivo. Há, ainda, a obrigatoriedade de frequência mínima a 75%
A arrecadação, aplicação desses recursos, repasse de valores,
do total de horas/ano.
despesas com manutenção e desenvolvimento do ensino, com-
preendendo aí, entre outras, a remuneração e aperfeiçoamento do
- Título VI – Profissionais da Educação
pessoal docente e demais profissionais da educação, serão assun-
Nesse título, a LDB aponta os fundamentos para a formação tos tratados especificamente na disciplina Planejamento e Políticas
de educadores e para a sua valorização. Define como profissionais Públicas da Educação no próximo semestre.
da educação e objeto das disposições desse título:
- docentes para a Educação Básica;
- docentes para o Ensino Superior; - Título VIII – Das Disposições Gerais
- educadores ligados à: Assuntos de âmbito geral são tratados nesse título. Dentre
- administração; eles, destacam-se:
- planejamento; - Estabelecimento de programas intensivos de ensino e pes-
- inspeção; quisa para oferta de educação escolar bilíngue e intercultural aos
- supervisão; povos indígenas.
- orientação. - Incentivo ao desenvolvimento e a veiculação de programas
A formação de docentes para atuar na Educação Básica será de ensino à distância em todos os níveis e modalidades de ensino,
feita em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação ple- e de educação continuada.
na, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, - Permissão de organização de cursos ou instituições de ensino
como formação mínima para exercício do magistério na Educação experimentais.
Infantil e nas quatro primeiras séries do Ensino Fundamental, a - Aproveitamento dos discentes da educação superior em tare-
oferecida na modalidade Normal. (Decreto nº 3276/99-regulamen- fas de ensino e pesquisa pelas respectivas instituições, exercendo
tação). funções de monitoria, de acordo com o seu rendimento e seu plano
A formação de profissionais de educação para administração, de estudos.
planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para
a Educação Básica será feita em cursos de graduação em peda- - Título IX – Das Disposições Transitórias
gogia ou em nível de pós-graduação, a critério da instituição de Aqui são tratadas as disposições provisórias, ou seja, por tem-
ensino. po definido. É instituída a “década da educação” entre dezembro
A formação docente, exceto para a Educação Superior, inclui- de 1.996 e dezembro de 2.006. Nesse período, por exemplo, as
instituições escolares devem aproveitar o período de transição es-
rá prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas.
tabelecido para adequarem-se às novas regras estabelecidas na Lei
A preparação para o exercício do magistério superior será fei-
9394/96.
ta em nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de
mestrado e doutorado.
Referência:
Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profis- SILVA, W. S. da. Estrutura e Funcionamento da Educação Bá-
sionais da educação, assegurando-lhes: sica.
- ingresso exclusivamente por concurso público de provas e *Texto adaptado de SILVA, W. S. da.
títulos;

Didatismo e Conhecimento 22
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
SISTEMA DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO BÁSICA - SAEB.

O Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) tem como principal objetivo avaliar a Educação Básica brasileira e contribuir para
a melhoria de sua qualidade e para a universalização do acesso à escola, oferecendo subsídios concretos para a formulação, reformulação
e o monitoramento das políticas públicas voltadas para a Educação Básica. Além disso, procura também oferecer dados e indicadores que
possibilitem maior compreensão dos fatores que influenciam o desempenho dos alunos nas áreas e anos avaliados.

O Saeb é composto por três avaliações externas em larga escala:

Avaliação Nacional da Educação Básica – ANEB: abrange, de maneira amostral, alunos das redes públicas e privadas do país, em áreas
urbanas e rurais, matriculados na 4ª série/5ºano e 8ªsérie/9ºano do Ensino Fundamental e no 3º ano do Ensino Médio, tendo como principal
objetivo avaliar a qualidade, a equidade e a eficiência da educação brasileira. Apresenta os resultados do país como um todo, das regiões
geográficas e das unidades da federação.
- Avaliação Nacional do Rendimento Escolar - ANRESC (também denominada “Prova Brasil”): trata-se de uma avaliação censitária
envolvendo os alunos da 4ª série/5ºano e 8ªsérie/9ºano do Ensino Fundamental das escolas públicas das redes municipais, estaduais e fede-
ral, com o objetivo de avaliar a qualidade do ensino ministrado nas escolas públicas. Participam desta avaliação as escolas que possuem, no
mínimo, 20 alunos matriculados nas séries/anos avaliados, sendo os resultados disponibilizados por escola e por ente federativo.
- A Avaliação Nacional da Alfabetização – ANA: avaliação censitária envolvendo os alunos do 3º ano do Ensino Fundamental das esco-
las públicas, com o objetivo principal de avaliar os níveis de alfabetização e letramento em Língua Portuguesa, alfabetização Matemática e
condições de oferta do Ciclo de Alfabetização das redes públicas. A ANA foi incorporada ao Saeb pela Portaria nº 482, de 7 de junho de 2013
A Aneb e a Anresc/Prova Brasil são realizadas bianualmente, enquanto a ANA é de realização anual.

Características do Saeb

Em 2005, a Portaria Ministerial n. º 931 alterou o nome do histórico exame amostral do Sistema Nacional de Avaliação da Educação
Básica (Saeb), realizado desde 1990, para Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb). Por sua tradição, entretanto, o nome do Saeb foi
mantido nas publicações e demais materiais de divulgação e aplicação deste exame.
As avaliações do Saeb produzem informações a respeito da realidade educacional brasileira e, especificamente, por regiões, redes de en-
sino pública e privada nos estados e no Distrito Federal, por meio de exame bienal de proficiência, em Matemática e em Língua Portuguesa
(leitura), aplicado em amostra de alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamental e da 3ª série do ensino médio.
Desenvolvido pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), autarquia do Ministério da Educação
(MEC), o Saeb é a primeira iniciativa brasileira, em âmbito nacional, no sentido de conhecer mais profundamente o nosso sistema educa-
cional. Além de coletar dados sobre a qualidade da educação no País, procura conhecer as condições internas e externas que interferem no
processo de ensino e aprendizagem, por meio da aplicação de questionários de contexto respondidos por alunos, professores e diretores, e
por meio da coleta de informações sobre as condições físicas da escola e dos recursos de que ela dispõe.
As informações obtidas a partir dos levantamentos do Saeb também permitem acompanhar a evolução da qualidade da Educação ao
longo dos anos, sendo utilizadas principalmente pelo MEC e Secretarias Estaduais e Municipais de Educação na definição de ações voltadas
para a solução dos problemas identificados, assim como no direcionamento dos seus recursos técnicos e financeiros às áreas prioritárias, com
vistas ao desenvolvimento do Sistema Educacional Brasileiro e à redução das desigualdades nele existentes.

Fonte: http://portal.inep.gov.br/web/guest/caracteristicas-saeb

Didatismo e Conhecimento 23
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais

4. GESTÃO, ELABORAÇÃO E
COORDENAÇÃO DE PROCESSOS
EDUCATIVOS.

A administração da escola, envolvendo recursos físicos, materiais, financeiros e humanos, foi o foco da ação do gestão no tempo da es-
cola conservadora, elitista e orientada pelo paradigma Positivismo, que via os processos educacionais fragmentados e atuava sobre eles, um
de cada vez e como um valor em si mesmo, para garantir a qualidade do ensino. Segundo essa concepção paradigmática limitada, o diretor
escolar dedicava a maior parte do seu tempo buscando garantir esses recursos para a escola, na expectativa de que os processos educacionais
fluíssem naturalmente.
Houve, porém, uma mudança paradigmática na dinâmica humana, associada a mudanças substanciais no modo de ser e fazer e nas
dinâmicas sociais e de todos os empreendimentos humanos, implicando em mudanças da superação da ótica limitada da administração em si
para a da gestão de caráter abrangente e interativo (Lück, 2007). Esta mudança paradigmática coloca a administração como uma dimensão
de papel subsidiário para a ação educacional, no contexto de várias outras dimensões da gestão.
A gestão administrativa, portanto, se situa no contexto de um conjunto interativo de várias outras dimensões da gestão escolar, passando
a ser percebida como um substrato sobre o qual se assentam todas as outras, mas também percebido com uma ótica menos funcional e mais
dinâmica.
A passagem de uma ótica fragmentada da educação, para uma ótica organizada pela visão de conjunto (Lück, 2007), tem implicações de
grande repercussão sobre a gestão da escola, demandando a contínua articulação entre o modo de pensar e de fazer o trabalho educacional
e a necessidade de promoção de articulações e interações, análise conjunta dos diferentes aspectos da realidade, análise do relacionamento
entre os objetivos específicos de cada área de atuação, com os objetivos gerais da educação e do projeto pedagógico escolar e a associação
desses objetivos com o uso educacional de espaços, bens materiais e físicos e recursos financeiros, voltados para a sua realização. Nesse
sentido, há uma mudança de significado dos recursos, que passam a valer não por sua existência na escola, mas pelo uso que se faz deles no
processo educacional, conforme definido no quadro a seguir.

Quadro 9
Mudança de significado de recursos utilizados em educação, diante da mudança de paradigma de administração para gestão

ADMINISTRAÇÃO GESTÃO
Recursos não valem por si mesmos,
A disponibilidade de recursos a servirem
mas pelo uso que deles se faz, a par-
como insumos constitui-se em condição que
tir do significado a eles atribuído pelas
garante a qualidade do ensino. Uma vez ga-
pessoas e a forma como são utilizados
rantidos os recursos, estes, naturalmente, ga-
por elas na realização do processo edu-
rantiriam a qualidade do ensino.
cacional.

FONTE: LÜCK, Heloísa. Gestão educacional: uma questão paradigmática

Portanto, a gestão administrativa ganha perspectivas dinâmicas e pedagógicas. Essa gestão é referida pelo Prêmio Nacional de Referên-
cia em Gestão Escolar (Consed, 2007) como sendo gestão de serviços e recursos, abrangendo “processos e práticas eficientes e eficazes de
gestão dos serviços de apoio, recursos físicos e financeiros”. São destacados como indicadores de qualidade dessa dimensão: “a organização
dos registros escolares; a utilização adequada das instalações e equipamentos; a preservação do patrimônio escolar; a interação escola/co-
munidade e a captação e aplicação de recursos didáticos e financeiros”.
Esses indicadores serão a seguir comentados.

A organização dos registros e documentação escolar

Nenhuma organização pode realizar bem o seu trabalho e prosperar, sem que tenha bons registros e documentação sobre todo o trabalho
que realiza, de modo que possa, a qualquer momento, fazer uso das informações correspondentes, tomar decisões objetivas e também prestar
contas de seu trabalho. Essa documentação, em geral se concentra na Secretaria da escola, cujos objetivos funcionais devem ir além daqueles
referentes à documentação escolar dos alunos, destacando-se que cabe à secretaria escolar integrar informações de várias fontes internas da
escola como também de fontes externas, tais como correspondências e documentos legais.

Didatismo e Conhecimento 24
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
De importância especial, destaca-se a documentação da vida a variação de rendimento entre alunos e da turma como um todo,
escolar dos alunos, pela qual podem evoluir em sua caminhada em um período de tempo, mas, como são sínteses que reduzem de
escolar. Do descuido e falta de organização desses registros e con- modo acentuado as informações, não permitem perceber as varia-
ferência de documentação dos alunos, registra-se a ocorrência de ções de aprendizagem e aspectos que necessitam mais reforço ou
sérios prejuízos na vida escolar deles, de que resulta, por certo, a recuperação. Em vista disso, para esse objetivo, são necessários
perda de credibilidade da escola. Esse registro envolve não apenas outros registros voltados para a orientação da aprendizagem e que
organização, cuidado e conferência, mas, sobretudo, lisura, ho- focalizam os seus desdobramentos.
nestidade e sigilo. Cabe, portanto, a gestão escolar supervisionar A partir dos diários de classe também deve ser feito o acompa-
e orientar continuamente o trabalho de documentação, escritura- nhamento pedagógico diário da evolução das aulas, de modo a se
ção, registros de alunos, diários de classe, de modo que estejam manter o seu ritmo regular e observar possíveis dificuldades com
corretos e prontamente disponíveis aos alunos, suas famílias e relação a alguns professores ou turmas, que devem ser prontamen-
autoridades sempre que solicitados. Dos dados gerais dos alunos te orientados para superação.
devem ser produzidas estatísticas, que serão continuamente atua-
lizadas e tabuladas, de modo que se possa ter mapas descritivos Gestão dos recursos físicos, materiais e equipamentos da es-
gerais dos alunos, dos turnos escolares, das turmas, assim como cola
de disciplinas, mensalmente atualizados. O mesmo deve ser feito
em relação ao quadro de professores e funcionários. Esses mapas A gestão do espaço físico e do patrimônio escolar, trata os
são fundamentais para se ter uma visão geral da escola e de suas recursos físicos, materiais e equipamentos no contexto do patrimô-
peculiaridades demográficas, importantes para subsidiar a tomada nio escolar, envolvendo nesse foco o patrimônio material e o ima-
de decisões em sua gestão. terial, duas vertentes do patrimônio escolar inter-influentes, que se
Com o acesso gradual das escolas a ferramentas de informáti- condicionam reciprocamente. O patrimônio imaterial diz respeito
ca, a sua secretaria pode manter mapas informativos continuamen- ao “conjunto de experiências acumuladas do trabalho de muitas
te atualizados. Essas ferramentas não apenas facilitam o trabalho pessoas que lutaram por ideais, desenvolveram planos e projetos,
realizado como dão agilidade ao processo e garantem maior di- alcançaram êxitos e amargaram fracassos” (Martins, 2001). Já o
vulgação da vida da escola, suas ações e resultados, condição para patrimônio material, objeto desta dimensão, diz respeito a todos os
sua democratização (Amaral, 2006) e criação de uma identidade bens e os recursos físicos que possibilitam a realização do trabalho
caracterizada pela credibilidade. educacional e contribuem para a sua qualidade.
O uso de ferramentas da informatização na gestão da escola, A gestão do patrimônio material escolar deve merecer uma
requer a familiaridade com essa ferramenta e suas possibilidades atenção educacional, na medida que não apenas se observe o bom
de arquivamento, catalogação, mapeamento, análise e descrição uso dos bens disponíveis para subsidiar e enriquecer as experiên-
de informações, de modo que possa orientar a secretaria da escola cias de aprendizagens, torná-las mais efetivas e dinâmicas, como
nesse trabalho, assim como estimular e orientar na divulgação dos também para construir uma cultura escolar e formação de valores
mapas e descrições de informações disponíveis. Essa demanda relacionados ao respeito aos bens públicos, ao uso correto e ade-
está de acordo com o proposto como um indicador de qualidade da quado dos mesmos, associados à sua conservação e manutenção.
gestão escolar apontado pelo Prêmio Nacional de Referência em Anualmente as escolas demandam, no início do ano letivo,
Gestão Escolar que aponta para ser avaliada, a medida em que é a reposição de carteiras escolares, de modo a ter condições para
“colocada à disposição da comunidade escolar serviço ágil e atua- começar um novo período de aulas. Essa reposição pode indicar,
lizado de documentação, escrituração e informação escolar, devi- de um lado, a compra de carteiras de estrutura fraca para um uso
damente organizado – registros, documentação dos alunos, diários intensivo. Porém, muitas vezes, representam uma falta de orien-
de classe, estatísticas, legislação e outros” (Consed, 2007). tação na escola para a cultura do uso adequado dos equipamentos
Os diários de classe fornecem dois conjuntos de informação: escolares, como para a sua conservação, mediante reparos assim
um referente ao aluno e outro referente ao processo de orienta- que acontecem os primeiros danos. Eis, pois, o registro de práticas
ção de sua aprendizagem dada pelo professor. Esse registro tem educacionais que, quando ocorrem de forma regular, estabelecem
o objetivo de permitir o monitoramento e avaliação do processo uma identidade da escola como instituição em que o respeito e o
ensino-aprendizagem, de modo a possibilitar a realização de ajus- cuidado com os bens são constantes e fazem parte de seu modo
tes contínuos nesse processo, como condição para a aprendizagem de ser e de fazer, isto é, faz parte de sua cultura organizacional
efetiva pelo aluno, desde o início do ano letivo e a manutenção e (patrimônio imaterial).
melhoria dessa aprendizagem. Em vista disso, devem permanecer O cultivo de uma cultura adversa à educação existe, portanto,
na escola e serem preenchidos regulamente e de forma correta e em ambientes escolares, onde não há programas e ações corres-
completa a cada aula, a fim de que o responsável escolar possa pondentes, relacionados ao bom uso dos espaços físicos; à conser-
liderar e orientar a melhoria do processo ensino-aprendizagem. vação de sua pintura, de móveis, equipamentos, materiais didáti-
Destaca-se, a partir dos diários de classe, a necessidade de ta- cos e utensílios; à manutenção dos seus bens, mediante consertos
bular e acompanhar a frequência dos alunos diariamente, de modo imediatos a possíveis estragos; ao uso pleno dos materiais didáti-
que se possa tomar as providências necessárias a eventuais casos cos existentes, dentre outros aspectos. Isso porque, não apenas, “o
de faltas seguidas de alunos, a fim de restaurar a regularidade des- patrimônio material bem formado e bem gerido é condição para o
sa frequência. Quanto ao aproveitamento dos alunos nas aulas, o desenvolvimento do processo pedagógico com qualidade” mas é
mesmo é traduzido nesses diários, de forma simplificada e reduzi- elemento para o cultivo de valores de respeito aos bens públicos,
da, por notas ou conceitos, o que permite apenas ter uma percep- relacionados à cidadania e espírito ecológico, pelo uso adequado,
ção vaga sobre essa aprendizagem. Esse registro permite observar sem desperdício e com espírito de conservação. Mediante o en-

Didatismo e Conhecimento 25
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
volvimento dos alunos em comitês variados para a conservação Cabe destacar aqui a importância da colaboração da comuni-
e manutenção do patrimônio escolar, propõem-se para eles expe- dade e dos pais dos alunos nessa gestão, não apenas para superar
riências de cultivo da gestão democrática e participativa, com re- eventuais limitações da escola nesses aspectos, mas também como
percussões educacionais para além da manutenção e conservação uma condição de estreitar o relacionamento entre essas pessoas
do patrimônio escolar. e a escola, condição que tem sido indicada, a partir de pesquisas
Eis algumas questões que devem ser levadas em consideração internacionais, como sendo uma das características de escolas efi-
no cotidiano escolar, a respeito da gestão do seu patrimônio: cazes.
- Há na escola a utilização plena de seus espaços, equipamen- Algumas questões utilizadas para orientar a gestão relaciona-
tos e recursos didáticos? da aos serviços de apoio são:
- A gestão desses equipamentos e recursos didáticos é orienta- - Os servidores da escola responsáveis por atuar diretamente
da por planos para seu uso definidos de forma participativa? em relação ao patrimônio escolar, serviços de apoio e secretaria
- Os livros da escola estão em contínuo uso pelos alunos? são continuamente integrados na realização do Projeto Político-
- Os equipamentos eletrônicos da escola estão em contínuo -Pedagógico da escola?
uso? - O planejamento das ações dos setores ligados à gestão ad-
- A escola é mantida continuamente limpa? ministrativa está relacionado com a realização do Projeto Políti-
- Os participantes da comunidade escolar são orientados e en- co-Pedagógico da escola?
volvidos na conservação da limpeza escolar? - Esses servidores sentem que fazem parte de uma equipe res-
- É feita vistoria contínua dos bens e equipamentos escolares e ponsável pela formação aprendizagem dos alunos?
providenciada a sua revisão ou conserto quando necessário? - Quais as perspectivas de promover maior participação des-
- Há na escola comitês de apoio à gestão do patrimônio es- ses servidores no atendimento das necessidades de organização do
colar? espaço educacional para maior apoio ao trabalho dos professores?
- As salas de aula, corredores e outros espaços escolares man- - Quais as demandas de serviço de apoio desatendidas na es-
têm expostas estimulação visual (cartazes, mapas, figuras, traba- cola?
lhos escolares) sobre os objetos de aprendizagem pelos alunos? - Como organizar a escola de modo a envolver a comunidade
- A estimulação visual com esses materiais é periodicamente e pais na realização desses serviços?
renovada?
O patrimônio escolar, em sentido restrito, corresponde ao con- Gestão financeira
junto de bens móveis e imóveis, que formam a parte física e ma-
terial da escola, obtidos através de compra, doação ou outra forma A gestão financeira da escola, a partir dos esforços pela de-
de aquisição e que são suscetíveis de depreciação. mocratização da educação e da gestão escolar e dos movimen-
tos de descentralização da gestão e construção da autonomia da
Gestão dos serviços de apoio escola, ganhou uma expressão especial, favorecendo à escola a
É muito variável o número de funcionários em relação ao resolução de muitos de seus próprios problemas de consumo, ma-
número de alunos por escolas, carecendo os sistemas e redes de nutenção e reparos, pelo repasse de recursos a ela feito. A partir
ensino de uma definição dessa relação. Em geral, há na escola um desse enfoque, os sistemas de ensino têm destinado recursos para
quadro enxuto de funcionários. Porém, sem um plano de gestão do as escolas, em proporção ao número de alunos nela matriculados,
uso e aplicação de seu tempo e competência para o atendimento a fim de que possam realizar despesas diversas.
Pelo Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE) que é do
das demandas educacionais, nenhuma escola funciona bem.
governo federal, pelo qual a escola pública com mais de 50 alunos
Embora a contratação de funcionários para os serviços de
e com uma unidade executora (UEX), como por exemplo, Conse-
apoio na escola seja feita por força de sistemas conservadores de
lho Escolar, Associação de Pais e Mestre, pode registrar-se para o
contratação e concurso de pessoal no serviço público, para funções
repasse anual de recursos, cuja utilização deve ser feita de acordo
específicas, o que se demanda na escola é a realização de trabalho
com as decisões dos órgãos colegiados da escola.
em equipe, focado na construção de ambiente educacional positivo
Esses recursos podem ser utilizados para as seguintes fina-
para a formação e aprendizagem dos alunos e atendimento dessas
lidades:
necessidades. Os funcionários dos serviços de apoio são todos co-
- aquisição de material permanente;
laboradores do processo educacional independente de sua função - manutenção, conservação e pequenos reparos da unidade
específica e a gestão desse segmento funcional, deve ser orientada escolar;
com essa perspectiva. Equipes bem lideradas mantêm-se motiva- - aquisição de material de consumo necessário ao funciona-
das nesse objetivo e trabalham colaborativamente, de modo a se mento da escola;
apoiarem reciprocamente na realização de seu trabalho. - capacitação e aperfeiçoamento de profissionais da educa-
Fazem parte do serviço de apoio, além de uma secretaria ção;
eficaz, que ultrapassa o trabalho com a documentação escolar, - avaliação de aprendizagem;
funcionários responsáveis pela limpeza, manutenção do prédio e - implementação de projeto pedagógico e desenvolvimento
serviços gerais, pela cantina e merenda escolar, pelo apoio ao tra- de atividades educacionais.
balho pedagógico, etc. Manter essa equipe focada na construção O valor transferido a cada escola é determinado com base
de ambiente escolar como um ambiente social positivo em que no número de alunos matriculados no ensino fundamental ou na
todos se sentem responsáveis por construir a formação do aluno, é educação especial estabelecido no Censo Escolar do ano anterior
condição fundamental. ao do atendimento.

Didatismo e Conhecimento 26
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Além dos valores recebidos do governo federal, as escolas A dimensão administrativa é condição para a qualidade da
públicas podem receber recursos advindos do sistema de ensino gestão pedagógica da educação
ou rede à qual pertencem e que por ventura mantenham programa
com tal objetivo. Esses recursos variam de acordo com os progra- Muito embora a gestão administrativa seja uma dimensão
mas. meio, e se esteja evidenciando a importância e necessidade da ges-
Além dos recursos recebidos de fontes públicas, a unidade tão escolar dedicar especial atenção à gestão pedagógica, por ser
executora da escola pode receber recursos oriundos de várias fon- mais próxima da promoção da finalidade da educação, a relevância
tes, como por exemplo, de doações, de resultado de campanhas das suas competências para a efetividade do apoio logístico e ad-
diversas. ministrativo não diminui. O que se destaca é que sem a execução
Portanto, a gestão da escola assume responsabilidade pela ges- desse apoio de forma zelosa e no tempo certo, perde qualidade
tão de recursos financeiros de montante variável, de acordo com o a dimensão fim, mais diretamente voltada para a promoção da
número de seus alunos e as fontes de recursos disponíveis. Essa aprendizagem e formação dos alunos.
gestão é exercida com o apoio de uma estrutura colegiada (Caixa Sabe-se que muitos gestores escolares dedicam a maior parte
Escolar, Conselho Escolar, Associação de Pais e Professores ou do seu tempo às questões administrativas da escola e que deixam
semelhante), que se constitua em uma personalidade jurídica pró- de dedicar atenção às pedagógicas, delegando-as a coordenadores
pria, sem fins lucrativos, formada por pais, professores, alunos e ou supervisores educacionais. No entanto, ao assumirem as ações
funcionários da escola uma das estratégias. de gestão administrativa, muitas vezes o fazem desconsiderando
Questões como as a seguir apresentadas podem ser emprega- os princípios da administração, perdendo efetividade.
das no monitoramento e avaliação da gestão financeira da escola:
- Quais são as fontes e o montante de recursos de que a escola Fonte: Lück, H. Dimensões de gestão escolar e suas compe-
dispõe? tências. – Curitiba, 2009
- Como é decidido o seu gasto? – por quem e tendo por base
o quê?
- É feito um orçamento de gastos possíveis da escola no seu
5. DESENVOLVIMENTO,
Plano de Desenvolvimento?
- Esse orçamento é definido com base numa perspectiva rea-
ELABORAÇÃO E AVALIAÇÃO
tiva ou proativa, isto é, depende do que é dado pelo governo, ou DE PROJETOS.
também leva em consideração a possibilidade e o esforço de levan-
tar novos recursos, a partir de iniciativas da escola e da unidade
executora?
“O planejar é uma realidade que acompanhou a trajetória his-
- A decisão da distribuição de recursos leva em conta a defi-
tórica da humanidade. O homem sempre sonhou, pensou e imagi-
nição de prioridades educacionais, isto é, sua contribuição para a
nou algo na sua vida”.
melhoria da qualidade do ensino? Segundo Moretto, percebe-se que o planejamento é funda-
- Os gastos são corretamente calculados e de acordo com as mental na vida do homem, porém no contexto escolar ele não tem
prioridades? tanta importância assim: “o planejamento no contexto escolar
- As compras realizadas pela escola são feitas de modo a aten- não parece ter a importância que deveria ter”. Este fato acontece
der as disposições legais orientadoras de compras pelo serviço pú- porque o planejamento só passou a ser bem definido a partir do
blico? século passado, com a revolução comunista que construiu a União
- Os registros e documentações financeiras da escola são man- Soviética.
tidos organizados e atualizados? No mundo capitalista, segundo Gandin (2008), o planeja-
- Que situações podem assegurar o uso mais satisfatório dos mento passa a ser utilizado pelo governo, após a segunda guerra
recursos? mundial, para a resolução de questões mais complexas. A adoção
A gestão financeira da escola pública, mesmo que descentrali- do planejamento pelo governo teve uma adesão tão grande que as
zada, deve receber todos os cuidados estabelecidos pela legislação outras instituições se sentiram motivadas e passaram a se preocu-
do serviço público, tal como estabelecido na legislação. Em vista par com a importância do planejamento, uma vez que ele visava
disso, deve-se conhecer a legislação nacional, a estadual e as nor- a suprir as necessidades de um comércio em ascensão que exigia
matizações do sistema ou rede de ensino a que pertença. uma nova organização. Com isso pode-se dizer que foi a partir
Cabe aqui destacar a determinação da Lei 8.666/93, que ins- desta época que o planejamento se universalizou.
titui normas para licitações e contratos da Administração Pública. Na educação esta realidade também não poderia ter sido
Segundo essa Lei, as compras efetuadas por instituições públicas diferente, uma vez que, segundo Kuenzer “o planejamento de
devem respeitar os princípios de legalidade, impessoalidade, mo- educação também é estabelecido a partir das regras e relações da
ralidade, igualdade, publicidade e probidade. Isto é, devem ser produção capitalista, herdando, portanto, as formas, os fins, as ca-
feitas segundo as normas legais, ser destinadas a finalidade de in- pacidades e os domínios do capitalismo monopolista do Estado. ”
teresse público que se contraponha a qualquer interesse particular, Aqui no Brasil, Padilha explica que “Durante o regime au-
obedecer a critérios éticos, ser divulgadas e zelar pelo bom uso dos toritário (1964-1985), eles foram utilizados com um sentido
recursos públicos. autocrático. Toda decisão política era centralizada e justifica-
da tecnicamente por tecnocratas à sombra do poder. ” Kuenzer

Didatismo e Conhecimento 27
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
complementa a citação acima explicando que “A ideologia do como: planejar, planejamento e planos que segundo Menegolla &
Planejamento então oferecida a todos, no entanto, escondia essas Sant’Anna (2001) “são palavras sofisticadamente pedagógicas e
determinações político-econômicas mais abrangentes e decididas que “rolam” de boca em boca, no dia-a-dia da vida escolar. ” Po-
em restritos centros de poder. ” rém, para Padilha (2003, p. 29), estes termos têm sido compreen-
O regime autoritário fez com que muitos educadores criassem didos de muitas maneiras. Dentre elas destaca-se:
uma resistência com relação à elaboração de planos, uma vez que - Planejamento:
esses planos eram supervisionados ou elaborados por técnicos que “É um instrumento direcional de todo o processo educacio-
delimitavam o que professor deveria ensinar, priorizando as neces- nal, pois estabelece e determina as grandes urgências, indica as
sidades do regime político. “Num regime político de contenção, o prioridades básicas, ordena e determina todos os recursos e meios
planejamento passa a ser bandeira altamente eficaz para o controle necessários para a consecução de grandes finalidades, metas e ob-
e ordenamento de todo o sistema educativo”. jetivos da educação. ”
Apesar de se ter claro a importância do planejamento na for- - Plano Nacional de Educação:
mação, Fusari (2008) explica que: “Nele se reflete a política educacional de um povo, num de-
“Naquele momento, o Golpe Militar de 1964 já implantava a terminado momento histórico do país. É o de maior abrangência
repressão, impedindo rapidamente que um trabalho mais crítico porque interfere nos planejamentos feitos no nível nacional, esta-
e reflexivo, no qual as relações entre educação e sociedade pu- dual e municipal. ”
dessem ser problematizadas, fosse vivenciadas pelos educadores, - Plano de Curso:
criando, assim, um “terreno” propício para o avanço daquela que “O plano de curso é a sistematização da proposta geral de tra-
foi denominada “tendência tecnicista” da educação escolar. ” balho do professor naquela determinada disciplina ou área de estu-
Mas não se pode pensar que o regime político era o único do, numa dada realidade. Pode ser anual ou semestral, dependendo
fator que influenciava no pensamento com relação à elaboração da modalidade em que a disciplina é oferecida. ”
dos planos de aulas; as teorias da administração também refletiam - Plano de Aula:
no ato de planejar do professor, uma vez que essas teorias traziam “É a sequência de tudo o que vai ser desenvolvido em um
conceitos que iriam auxiliar na definição do tipo de organização dia letivo. (...) é a sistematização de todas as atividades que se
educacional que seria adotado por uma determinada instituição. desenvolvem no período de tempo em que o professor e o aluno
No início da história da humanidade, o planejamento era utili- interagem, numa dinâmica de ensinoaprendizagem. ”
zado sem que as pessoas percebessem sua importância, porém com - Plano de Ensino:
“É a previsão dos objetivos e tarefas do trabalho docente para
a evolução da vida humana, principalmente no setor industrial e
um ano ou um semestre; é um documento mais elaborado, no qual
comercial, houve a necessidade adaptá-lo para os diversos setores.
aparecem objetivos específicos, conteúdos e desenvolvimento me-
Nas escolas ele também era muito utilizado; a princípio, o plane-
todológico. ”
jamento era uma maneira de controlar a ação dos professores de
- Projeto Político Pedagógico:
modo a não interferir no regime político da época. Hoje o planeja-
“É o planejamento geral que envolve o processo de reflexão,
mento já não tem a função reguladora dentro das escolas, ele serve
de decisões sobre a organização, o funcionamento e a proposta
como uma ferramenta importantíssima para organizar e subsidiar
pedagógica da instituição. É um processo de organização e coor-
o trabalho do professor, assunto este que será abordado mais deta- denação da ação dos professores. Ele articula a atividade escolar e
lhadamente nos próximos capítulos desta pesquisa. o contexto social da escola. É o planejamento que define os fins do
trabalho pedagógico. ”
Planejamento, Plano (s), Projeto (s) – Compreensão Neces- Os conceitos apresentados têm por objetivo mostrar para o
sária professor a importância, a funcionalidade e principalmente a rela-
ção íntima existente entre essas tipologias. Segundo Fusari (2008),
“Hoje vivemos a segunda grande onda do planejamento. A “Apesar de os educadores em geral utilizarem, no cotidiano do tra-
primeira entra em crise na década de 70. A década de 80, embora, balho, os termos “planejamento” e “plano” como sinônimos, estes
na prática, se apresente como uma grande resistência ao planeja- não o são. ” Outro aspecto importante, segundo Schmitz (2000) é
mento, contém os mais efetivos anos em termos da compreensão que “as denominações variam muito. Basta que fique claro o que
da necessidade, do estudo, do esclarecimento e da confirmação se entende por cada um desses planos e como se caracterizam. ” O
desta ferramenta. ”. que se faz necessário é estar consciente que:
A citação demonstra a dimensão da necessidade de se com- “Qualquer atividade, para ter sucesso, necessita ser planejada.
preender a importância do ato de planejar, não apenas no nosso O planejamento é uma espécie de garantia dos resultados. E sen-
dia-a-dia, mas principalmente, no dia-a-dia de sala de aula. do a educação, especialmente a educação escolar, uma atividade
Para Moretto (2007), planejar é organizar ações. Essa é uma sistemática, uma organização da situação de aprendizagem, ela ne-
definição simples, mas que mostra uma dimensão da importância cessita evidentemente de planejamento muito sério. Não se pode
do ato de planejar, uma vez que o planejamento deve existir para improvisar a educação, seja ela qual for o seu nível. ”
facilitar o trabalho tanto do professor como do aluno.
O planejamento deve ser uma organização das ideias e infor- Plano de Aula: do senso comum à consciência filosófica
mações.
Gandin (2008) sugere que se pense no planejamento como Considerando que o planejamento deve ser pensado como um
uma ferramenta para dar eficiência à ação humana, ou seja, deve ato político- -social, não se pode conceber que o professor não
ser utilizado para a organização na tomada de decisões e para me- realize o mínimo de planejamento necessário para seus alunos, afi-
lhor entender isto precisa-se compreender alguns conceitos, tais nal, o planejamento, no processo educativo, segundo Menegolla

Didatismo e Conhecimento 28
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
& Sant’Anna (2001), não deve ser visto como regulador das ações Outro grupo que deve estar atento à importância de se elaborar
humanas, ou seja, um limitador das ações tanto pessoais como so- planos de aula são os professores em início de carreira, pois, para
ciais, e sim ser visto e planejado no intuito de nortear o ser humano Schmitz (2000), esses profissionais iniciando sua carreira no ma-
na busca da autonomia, na tomada de decisões, na resolução de gistério adquirem confiança para dar aula, uma vez que, no plano
problemas e principalmente na capacidade de escolher seus ca- de aula, é possível esclarecer os objetivos da mesma, sistematizar
minhos. as atividades e facilitar seu acompanhamento.
“Essencialmente, educar/ensinar é um ato político. Entenda- Mediante todos os fatos pesquisados até agora, não se discu-
mos bem essa proposição: a essência política do ato pedagógico te a necessidade e a importância de se elaborar o plano de aula,
orienta a práxis do educador quanto aos objetivos a serem atin- porém, segundo Schmitz (2000), ele não precisa ser descrito mi-
gidos, aos conteúdos a serem transmitidos e aos procedimentos nuciosamente, mas deve ser estruturado, escrito ou mentalmente.
a serem utilizados, quando do trabalho junto a um determinado “Trata-se de fazer uma organização mental e uma tomada de cons-
grupo de alunos. ”. ciência do que o professor de fato pretende fazer e alcançar. Se
Menegolla & Sant’Anna (2001) ainda completam argumen- tiver esse planejamento presente, evitará ser colhido de surpresa
tando que o plano das aulas visa à liberdade de ação e não pode por acontecimentos imprevistos. A sua criatividade, a sua intuição,
ser planejado somente pelo bom senso, sem bases científicas que torna-se mais aguçada e com mais facilidade percebe novas opor-
norteiem o professor. Segundo Gutenberg (2008) essa base cientí- tunidades. ”
fica utilizada para organizar o trabalho pedagógico são os pilares Alguns autores sugerem que o planejamento tenha algumas
e princípios da Educação, anunciados e exigidos pela Lei de Dire- etapas principais, pois serão estas etapas que darão uma visão do
trizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96); por este motivo faz-se que é necessário e conveniente ao professor e aos alunos. São elas:
necessário conhecê-los e compreendê-los muito bem.
“Todo mestre precisa entender que esse conjunto de regras, - Objetivos:
embora pareça muito burocrático e teórico para uns, ou mesmo “Os objetivos indicam aquilo que o aluno deverá ser capaz
inútil para outros, trata-se de uma tentativa clara para que os alu- como consequência de seu desempenho em atividades de uma de-
nos aprendam e apreendam o que for necessário durante o período terminada escola, série, disciplina ou mesmo uma aula. ”
escolar. ” - Conteúdo:
Partindo do princípio de que o professor deve ensinar os con- “É um conjunto de assuntos que serão estudados durante o
teúdos e também formar o aluno para que ele se torne atuante na curso em cada disciplina. Assuntos que fazem parte do acervo cul-
sociedade, ele deve organizar seu plano de aula de modo que o alu- tural da humanidade traduzida em linguagem escolar para facilitar
no possa perceber a importância do que está sendo ensinado, seja sua apropriação pelos estudantes. Estes assuntos são selecionados
num contexto histórico, para o seu dia-a-dia ou para seu futuro. e organizados a partir da definição dos objetivos, sendo assim
É claro que integrar estes dois aspectos, senso comum e cons- meios para que os alunos atinjam os objetivos de ensino”.
ciência filosófica, nem sempre é tão fácil. Para que isso aconteça - Metodologia:
faz-se necessário muito empenho por parte do professor. “Tratam-se de atividades, procedimentos, métodos, técnicas e
“(...) um mínimo de intimidade com a realidade concreta das modalidades de ensino, selecionados com o propósito de facilitar a
escolas é necessário à formação do educador. Sem isso, abre-se a aprendizagem. São, propriamente, os diversos modos de organizar
possibilidade de improvisação ou, o que é pior, de experimentação as condições externas mais adequadas à promoção da aprendiza-
para ver se “dá certo” em termos do encaminhamento do ensino. gem. ”
Até que o professor se situe criticamente no contexto de sala de - Avaliação:
aula, os alunos passam a ser cobaias desse profissional. ” “Na verdade, a avaliação acompanha todo o processo de
Menegolla & Sant’Anna (2001) explicam que o planejamento aprendizagem e não só um momento privilegiado (o de prova ou
também serve para desenvolver tanto nos professores como nos teste) pois é um instrumento de feedback contínuo para o educan-
alunos uma ação eficaz de ensino e aprendizagem, uma vez que do e para todos os participantes. Nesse sentido, fala da consecução
ambos são atuantes em sala de aula. Porém é de responsabilidade ou não dos objetivos da aprendizagem. (...) O processo de ava-
do professor elaborar o plano de aula, pois é ele quem conhece as liação se coloca como uma situação frequentemente carregada de
reais aspirações de cada turma. ameaça, pressão ou terror. ”
“O preparo das aulas é uma das atividades mais importantes A partir das definições das principais etapas que devem conter
do trabalho do profissional de educação escolar. Nada substitui a um planejamento, o professor já tem condições necessárias para
tarefa de preparação da aula em si. (...) faz parte da competência fazê-lo e utilizá-lo adequadamente. Vale lembrar, porém, que se-
teórica do professor, e dos compromissos com a democratização gundo Menegolla & Sant’anna (2001, p. 46), não existe um modelo
do ensino, a tarefa cotidiana de preparar suas aulas (...)” único de planejamento e sim vários esquemas e modelos. Também
Moretto (2007) acredita que o professor, ao elaborar o plano não existe um modelo melhor do que o outro, cabe ao professor
de aula, deve considerar alguns componentes fundamentais, tais escolher aquele que melhor atenda suas necessidades bem como as
como: conhecer a sua personalidade enquanto professor, conhecer de seus alunos, que seja funcional e de bons resultados.
seus alunos (características psicossociais e cognitivas), conhecer
a epistemologia e a metodologia mais adequada às características Considerações finais
das disciplinas, conhecer o contexto social de seus alunos. Conhe-
cer todos os componentes acima possibilita ao professor escolher O objetivo principal ao estudar o tema “A importância do
as estratégias que melhor se encaixam nas características citadas planejamento para a organização do trabalho do professor em sua
aumentando as chances de se obter sucesso nas aulas. prática pedagógica” era analisar se o plano de aula é realmente

Didatismo e Conhecimento 29
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
importante ou apenas uma questão burocrática exigida pelas es- As instituições escolares além de incorporarem novas tecno-
colas para aumentar o trabalho do professor. Para tanto foi preci- logias têm a possibilidade de desenvolver uma prática que leve o
so compreender o contexto histórico do planejamento na vida das educando a reflexão sobre os conhecimentos e usos tecnológicos.
pessoas, sua influência e importância ao longo da evolução huma- Em nossos dias atuais, a informação, o uso das tecnologias são
na, desde a sua utilização de forma inconsciente nos primórdios, ferramentas para a elaboração do conhecimento. As tecnologias,
até os dias atuais no qual o planejamento é utilizado para nortear os recursos digitais são meios para a obtenção de informações e
um caminho a ser percorrido para se atingir objetivos traçados ou matéria prima para a elaboração do conhecimento.
resolver alguma situação. Assim, é importante destacar que o conceito de conhecimento
Foi possível também compreender que as tipologias utilizadas se diferencia do conceito de informação, pois o conhecimento tem
têm suas diferenças e devem ser usadas de acordo com a necessi- seu caráter enraizado na subjetividade, ultrapassando o limite de
dade de delimitar o tipo de plano e a que ele se destina. um rol de informações e de um caráter mais objetivo.
Com relação ao fato do plano de aula ser inimigo ou aliado Destacar a diferença entre conhecimento e informação é de
do professor, pode-se observar que ele é um aliado, uma vez que é suma importância, visto que a utilização das tecnologias amplia
por intermédio do planejamento que o professor vai delinear suas a possibilidade de não apenas obtermos informações, mas sim, as
ações para alcançar seus objetivos ao longo de um período. múltiplas possibilidades de elaboração do conhecimento, mesmo,
Outro aspecto importante abordado foi com relação ao fato que não haja garantias de que esse acesso seja efetivado com su-
de que o planejamento não deve ser usado como um regulador cesso.
das ações humanas e sim um norteador na busca da autonomia, na (...) A tecnologia amplia as condições de acesso às fontes de
tomada de decisões, nas resoluções de problemas e nas escolhas informações, mas não há nenhuma garantia que tal recurso seja
dos caminhos a serem percorridos partindo de o senso comum até suficiente, por si mesmo, para efetivar a síntese representada pela
atingir as bases científicas. cognição.
Conhecer as principais etapas do planejamento também foi Assim, surgem novos desafios para a prática educativa, sina-
de suma importância, pois através do conhecimento dessas etapas lizando para a necessidade de uma competência mais adequada
o professor poderá descrever com maior clareza seus objetivos, para o educador que é repensar sua ação perante esses desafios
a forma com que irá aplicar o conteúdo, os conteúdos que serão de nossa sociedade, que é regida pela informação e comunicação,
ministrados e como fará o diagnóstico dos resultados obtidos ao ou seja, pelas TIC.
longo do processo. De forma geral, espera-se que a educação esteja em sintonia
Com esta pesquisa foi possível perceber que o plano de aula com os desafios ditados pela sociedade na qual a escola está inse-
é realmente importante na prática pedagógica do professor como rida, caso contrário pode-se gerar consequências negativas, erros
organizador e norteador do seu trabalho. É o plano de aula que dá que podem favorecer a exclusão social.
ao professor a dimensão da importância de sua aula e os objetivos As tecnologias de informação e da comunicação (TIC) podem
a que ela se destina, bem como o tipo de cidadão que pretende produzir mudanças significativas para a sociedade, influenciando
formar. Por este motivo, pensar que a experiência de anos de do- culturas, o mercado de trabalho e padrões de consumo. No entan-
cência é suficiente para a realização de um bom trabalho é um dos to, enquanto o acesso a uma tecnologia não for estendido a uma
principais motivos que levam um professor a não obter sucesso parte mais expressiva da sociedade, permanecerá o estigma de ser
em suas aulas. um benefício das classes privilegiadas. Por outro lado, pensar as
tecnologias apenas sob o aspecto econômico é desconsiderar suas
Referência: influências sobre a educação.
CASTRO, P. A. P. P. de; TUCUNDUVA, C. C.; ARNS, E. M. E para além do aspecto econômico, as TIC podem ser vistas
como forma de atingir as exigências da sociedade em que vive-
mos, no entanto, garantias quanto às transformações qualitativas
6. UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA na prática pedagógica é outra questão que ainda merece ser discu-
INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO. tida com cautela.
A apropriação educacional das novas tecnologias exige a mu-
dança do modelo de comunicação que tem sustentado as práticas
escolares.
Reconhecer que vivemos em uma sociedade cada vez mais As TIC não podem ser analisadas de forma autônoma e des-
tecnológica é reconhecer também a importância da capitação e das vinculadas das condições políticas, humanas e sociais, mas, como
habilidades do educador em lidar com as novas tecnologias. meio de contribuição da minimização das restrições relacionadas
As tecnologias da informação e da comunicação (TIC) reque- ao tempo e ao espaço e da agilização da comunicação entre educa-
rem do educador novas formas de organização de trabalho, arti- dores e educandos.
culação dos saberes, transdiciplinaridade, interdisciplinaridade e a A sala de aula é a “ferramenta” mestra quando falamos de es-
consideração de que o conhecimento tem um valor precioso nesse cola, ensino e aprendizagem e com as TIC surgem novos espaços
processo de organização. para o processo de ensinoaprendizagem que modificam a “ação”
Agora, a educação e o educador ganham novos conceitos do educador em sala de aula, com isso, novas propostas vêm sur-
frente ao uso das tecnologias. O educador pode desenvolver um gindo, tanto tecnológicas quanto pedagógicas.
trabalho buscando práticas pedagógicas mais próximas do uso das As informações adquiridas por essas tecnologias pelo educa-
tecnologias, auxiliando o educando na aprendizagem dessas “no- dor e educando tem modificado o processo de ensino-aprendiza-
vas” ferramentas. gem?

Didatismo e Conhecimento 30
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Agora, a tarefa do educador não precisa delimitar-se ao espa- Ao contrário de deturpar, a introdução que esses novos con-
ço de sala de aula, mas, gerenciar atividades a distância, técnicas, ceitos tendem a enriquecer os propósitos centrais do processo
projetos, flexibilizando o tempo das aulas e da aprendizagem. pedagógico no desenvolvimento humano, cultural, científico e
É preciso garantir o direito a TV, vídeo, computador, etc. (Al- tecnológico. Lembrando-nos do conceito que educar é também
ves apud Barreto, 2000) porque a esmagadora maioria dos alunos oportunizar novas formar de conhecermos o mundo, a necessidade
tem na escola a única possibilidade de acesso ao conjunto destas de domínio das TIC torna-se fundamental.
tecnologias. O mundo não é. O mundo está sendo. Como subjetividade
Os recursos tecnológicos devem estar a serviço de mudanças curiosa, inteligente, interferidora na objetividade com que diale-
na postura do educador, que não é apenas coletar informações, mas ticamente me relaciono, meu papel no mundo não é só de quem
trabalhá-las, selecioná-las e aplicá-las às situações de interesse do constata o que ocorre, mas também o de quem intervém como su-
educando, confrontando visões, metodologias e resultados. O edu- jeito de ocorrências. (Freire, 1996).
cador terá que se atualizar e abrir-se para o que o educando trazer, A diferença não está no uso ou não uso das novas tecnologias,
aprender acerca das TIC e interagir com este, ou seja, redefinir a mas na compreensão das suas possibilidades. Mais ainda, na com-
sua própria prática, incorporando a esta as TIC no processo de sua preensão da lógica que permeia a movimentação entre os saberes
formação. no atual estágio da sociedade tecnológica.
Barreto (2002) afirma que precisamos de ferramentas cada O educador, além da possibilidade de difundir o conhecimen-
vez mais sofisticadas, não para operar mágicas, mas sim para não to, em todos os aspectos do ensino, conhecimento este que tenha
permitir a simplificação da matéria a ser trabalhada. como proposta a melhoria da qualidade de vida da sociedade, ser
Segundo Barreto (2002) a atratividade e a interatividade são produtor de si próprio e reconhecer também que o conhecimento, a
características atribuídas à presença das TIC nas salas de aula e cultura e a sociedade são conceitos que indissociáveis.
que para, além disso, as TIC incluem possibilidades de mudanças
Referência:
no espaço escolar que se opõem as velhas tecnologias, onde as car-
ALMEIDA, N. R. de. A atuação do educador e as tecnolo-
teiras em filas dão espaço para uma organização em semicírculo,
gias: uma relação possível? CNPq. Disponível em: http://www.
possibilitando uma relação de interações verbais e não - verbais
educacaoecomunicacao.org/leituras_na_escola/textos/oficinas/
incluindo novas possibilidades de troca e discussão.
textos_completos/a_atuacao_do_educador.pdf
A ação pedagógica não se resume a uma representação linear
e sequencial de conteúdos. A formação de conceitos, envolvendo
articulações, rupturas e superação para a elaboração do conhe-
cimento, no plano individual e social são pontos importantes na 7. CURRÍCULO: DIVERSIDADE
aprendizagem do educando. CULTURAL E INCLUSÃO SOCIAL;
Do ponto de vista metodológico o educador precisa aprender CONCEPÇÕES; PLANEJAMENTO E
a equilibrar processos de organização e de “provocação” na sala ORGANIZAÇÃO; TEORIAS.
de aula e buscar novos desafios, posicionamentos, valores. No en-
tanto, o educador tem utilizado essas tecnologias como um agente
provocador de mudanças tanto na educação formal ou informal
ou tem as utilizado como apenas um complemento, uma incorpo- Diversidade cultural na escola: existe equidade sem respeito
ração? às diferenças?
Educar para além da burocratização, impulsionando, questio-
nando, inovando, esse pode ser um dos caminhos das “ações” do Durante algum tempo, fazer ciência significava qualificar
educando frente as TIC. dados da realidade e garantir a generalidade e a objetividade do
As TIC nas escolas podem ter diferentes finalidades, por conhecimento. Nesse processo, com a preocupação voltada ao
exemplo, ser utilizadas como forma de aperfeiçoar o trabalho saber científico – do cognoscível como representação do real –,
educativo que já feito outrora; como parte do projeto educacional; esqueciam-se o sujeito do conhecimento, sua subjetividade, seus
como implantação efetiva da integração das TIC no projeto educa- condicionamentos histórico-sociais. A ideia de unidade das ciên-
cional, entre outras. cias, naturais e sociais (já que elas partilham da mesma fundamen-
O educador possui domínio técnico-pedagógico para fazer a tação lógica e metodológica), foi um esforço que não resultou em
gestão das novas tecnologias no contexto de ensino - aprendiza- acordos, uma vez que o cientificismo não leva em conta que tanto
gem? o processo de percepção quanto o pensamento têm seus próprios
Combinar o que podemos fazer melhor em sala de aula, pen- mecanismos de produção.
É óbvio que o sujeito do conhecimento é, também, um ser da
sar o currículo de cada projeto educacional, ampliar conceitos de
natureza e, como tal, possui um corpo dotado de estrutura bioló-
teoria-prática é uma forma de compreender e vivenciar a “ação”
gica programada geneticamente, de maneira a continuar a espécie.
do educador.
No entanto, segundo Nilda Teves (2002), esse corpo não é uma
No sentido do preenchimento do que ficou em aberto, vale in-
máquina, um instrumento que registra as informações do mundo
sistir que trabalhar os novos textos, a multimídia e as novas tecno- exterior na forma de um decalque. Ao contrário, sua especificidade
logias implicam novos multidesafios que não podem ser desvincu- se situa exatamente no processo relacional entre sujeito e mundo,
lados da discussão do trabalho como um todo, com seus materiais que procede da sua existência concreta de sentir, pensar, agir, so-
e ferramentas. nhar, imaginar, desejar, seduzir.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Por isso, podemos questionar a ideia de fazer ciência apenas Interessante é observar que, no bojo dos movimentos recentes
com o intuito de identificar as regularidades dos fenômenos e elabo- de promoção da igualdade e do fortalecimento dos direitos huma-
rar equações que as expressem como se fôssemos descrever o mundo nos, tem se constituído um movimento de homogeneização dos
a partir de uma única visão, de uma única linguagem. indivíduos, no qual se tenta neutralizar diferenças, vistas como
Balandier reconhece que nem mesmo “a natureza é linear, que o indesejadas, pois, erroneamente, os conceitos de igualdade e de di-
caos não é apenas o enigma que precisa ser decifrado”. ferença são tidos como antagônicos, quando, na verdade, são coad-
Assim, inferimos que todo ser está em constante organização, juvantes na caminhada para uma sociedade plural e democrática.
numa incessante turbulência em que se entrecruzam a ordem e a de- Nesse contexto, a finalidade deste trabalho é discutir o respeito
sordem. Isso deveria implicar novas representações acerca do conhe- às diferenças, que são, ao mesmo tempo, individuais e coletivas.
cimento e das ciências em geral. A diversidade cultural diz respeito ao conjunto, à multiplicidade
As abordagens compreensivas, como as que remetem ao imagi- de identidades e à não aceitação da homogeneização instalada nas
nário social, vêm oferecendo aos pesquisadores e cientistas sociais práticas sociais.
uma opção para entender os processos que regulam a vida em estu-
dos das sociedades modernas, tornando-se necessárias à investiga- Diversidade cultural: perspectivas e definições
ção do invisível que existe na realidade social. Nessa perspectiva,
os acontecimentos são vistos como algo em construção, que foge à
A defesa da legitimidade da diversidade cultural, embora seja
percepção imediata do pesquisador. Segundo Teves (2002), a partir
antiga, começou a avolumar-se a partir de mobilizações de grupos
dessas concepções, teóricos como Castoriadis, Morin, Balandier, Du-
sociais que reivindicavam seus direitos civis, na década de 1960.
rand, Bathers, Lefebvre e outros trazem a importância dos estudos do
Essas lutas sociais travadas no campo político tornaram-se o berço
imaginário social para as ciências sociais.
Teves (2002) afirma que, para os grupos sociais, o imaginário do multiculturalismo. Vários autores mantêm distintas posições
representa verdades e, na busca do conhecimento, muitas vezes o com relação às diferentes concepções e propostas do multicultu-
real aparece como mentiroso, ilegítimo e até odioso. Dessa forma, o ralismo, mas, devido à complexidade do tema, não será possível
imaginário, por sua própria lógica, tudo pode justificar – afinal, ele abordá-las em sua totalidade, o que fugiria ao escopo deste ca-
serve de alívio à opressão e à violência do real. pítulo – que é o de refletir sobre algumas questões associadas às
De acordo com a autora, nem sempre o imaginário social é a interfaces da diversidade e sobre as possibilidades de trabalhá-la
aproximação dos quereres coletivos. Por ser um sistema simbólico, na escola.
ele reflete e integra as práticas sociais nas quais há um encontro en- Refletir sobre cultura, multiculturalismo, diversidade cultural
tre ideias diversas e entendimento, crença e ritualização diferentes. e diferença é uma tarefa complexa, uma vez que, ao adentrarmos o
Assim, conforme comportamentos, identificação e distribuição de campo semântico, encontraremos múltiplos significados para cada
papéis, esse imaginário passa a existir como algo que transforma e uma dessas palavras – alguns ambíguos, outros inclusive contradi-
representa o que significa ser verdadeiro para o grupo. tórios –, atribuídos ao longo do tempo e em diferentes contextos.
Dessa maneira, as relações hierárquicas da sociedade são con- Acreditamos, como Castaño, Moyano & Del Castillo (1997),
cebidas por intermédio dos cotidianos ritualizados e, por sua vez, fa- que a concepção que temos de cultura origine e norteie as ações a
zem-nos acreditar que tais relações se estabeleçam de modo natural. serem desenvolvidas na escola; consequentemente, antes de elabo-
Por causa do imaginário social, as relações de poder acabam sendo rarmos tais ações, é preciso pensar de forma crítica nas acepções
protegidas contra aqueles que pensam o contrário. de cultura. Nesse sentido, refletir sobre o conceito de cultura é im-
Para Lefebvre (1991), as organizações modernas se concretizam prescindível.
sem o uso necessário de coerção física, graças a essas “imposições” A palavra cultura é polissêmica, teve, ao longo do tempo, di-
sociais. Como produção discursiva, o imaginário social se expressa ferentes acepções e pode ser empregada com diferentes intenções,
mediante gestos de linguagem enunciativos, sonoros e pictóricos, e até mesmo para desencadear atitudes preconceituosas e discrimi-
suas falas podem assumir dimensão religiosa, filosófica, política, ar- natórias. Para ilustrar, apontamos a concepção derivada do senso
quitetônica. Para Castoriadis (1982), “imaginário é criação incessan- comum, que relaciona cultura aos processos de educação com a
te e essencialmente indeterminada (social – histórica e psíquica) de
finalidade de rotular os sujeitos: cultos, aqueles que “têm cultura”,
figuras, de formas, de imagens, a partir das quais somente é possível
e incultos, aqueles que “não têm cultura”.
falar-se de alguma coisa” (Castoriadis, 1982).
Os diferentes conceitos de cultura nos fazem imaginar se seja
Os violentos processos de segregação, infelizmente ainda tão
possível conceber a ideia de cultura como algo perfeitamente de-
comuns em nossa sociedade e geradores de inúmeros conflitos, legi-
timam a luta por relações de equidade nas diversas instâncias sociais. finido. Todavia, como veremos adiante e de acordo com Castaño,
Dessa forma, o sentido de equidade abriga, neste trabalho, os concei- Moyano & Del Castillo (1997), o fato é que a observação de práti-
tos de igualdade e de diferença. cas culturais cotidianas nos mostra as dificuldades, a quase impos-
Nesse sentido, todos devem ser tratados de modo equânime e sibilidade de definir claramente uma cultura.
justo, respeitando-se suas características e peculiaridades individuais A palavra cultura é latina e se origina do verbo colo, que sig-
e subjetivas, em busca de uma sociedade mais solidária e pacífica. nifica cultivo do solo. Segundo Vila Nova (2000), na linguagem
Portanto, o desafio da garantia da equidade, baseada no conceito própria da sociologia, “cultura é tudo o que resulta da criação hu-
de igualdade, está posto e deve ser enfrentado por todos nós. Há que mana. A cultura, portanto, tanto compreende ideias quanto artefa-
evitar que concepções segregativas – relativas a classes sociais, cre- tos”. Esse conceito, por ser abrangente, abarca inclusive alguns
dos, etnias, gêneros e outras, que surgem e se reproduzem todos os dos significados atribuídos ao termo cultura pelo senso comum:
dias – imobilizem esforços para assegurar direitos e deveres iguais um vasto conhecimento erudito e/ou as realizações no campo da
de acordo com as especificidades de cada um. arte, ciência e filosofia.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Nessa acepção, a cultura é considerada pertencente ao do- Contudo, se considerarmos a cultura como o resultado de dife-
mínio artificial e convencional. Artificial por fazer parte do am- rentes traços culturais – porque cada indivíduo integrante do grupo
biente originado da intervenção humana no mundo natural, que possui uma trajetória histórica particular –, teremos consciência de
compreende todos os tipos de conhecimento próprios de um povo, que os sujeitos, mesmo sendo “continuadores de ‘outros’”, podem
suas técnicas de manejo e alteração da natureza, princípios, cren- ser semelhantes a nós.
ças, normas, ou seja, tudo o que homens e mulheres precisaram Seria possível projetar determinada cultura – no sentido de um
criar e desenvolver para que pudessem se adaptar às circunstâncias único universo de representações legitimadas pelo consenso e ti-
ambientais. Convencional porque, ao mesmo tempo, a cultura é o das como modelo – em cada um dos indivíduos que, formalmente,
próprio ambiente social. pertencem a ela? Será que reconheceríamos, nos comportamentos,
Diferentemente, Woodward (2008) define cultura como os sis- ações ou atividades nas quais esses indivíduos realizam uma re-
temas de significados partilhados entre membros de uma socieda- produção de tal cultura? Essa seria uma tarefa impossível, pois
de e enfatiza o aspecto imaterial da cultura: o significado, a inter- cada indivíduo elabora, a sua maneira, a cultura à qual pertence,
pretação. Para a autora, cada cultura classifica o mundo de forma manifestando essa versão individual por meio de comportamentos
distinta e, a partir dessa classificação, propicia possibilidades de e manifestações específicas, que podem divergir do que foi dado
estabelecer significados e sentidos aos respectivos mundos sociais. como certo no discurso homogeneizado.
Tendo como objetivo manter alguma ordem social, os mem- Dessa forma, cada indivíduo possui sua versão pessoal e sub-
bros de uma sociedade compartilham certo grau de consenso, e jetiva da cultura que lhe é atribuída, e essa versão é diferente da-
esses sistemas de significados partilhados são, na verdade, o que quela constituída pelos outros que compõem o seu grupo.
Para Castaño, Moyano & Del Castillo (1997), é impossível
se entende por cultura. Nessa concepção, a cultura estabelece um
delimitar onde começa ou termina cada cultura, por isso afirmam
forte vínculo social, uma vez que aproxima aqueles que comparti-
que “é necessário insistir em um conceito de cultura como algo
lham as mesmas representações do mundo.
difuso, inacabado e em constante movimento”. Os membros de
Tanto a definição centrada nas realizações humanas como a
um grupo cultural têm uma identidade, mas que não correspon-
que enfatiza o aspecto imaterial acabam por preterir a diversidade de à cultura desse grupo, pois apenas descreve a versão e a visão
ao considerar que cada cultura constitui-se em um todo homogê- que compartilham. O processo de constituição da identidade de
neo, isto é, que todos os sujeitos inseridos em determinado espa- um grupo realiza-se, principalmente, perante o outro: a partir de
ço social e/ou geográfico possuem o mesmo discurso, os mesmos enfrentamentos e tensões, ela é forjada, mantida e transformada
valores, a mesma cultura. Em outros termos, desconsideram que constantemente.
o discurso predominante é estabelecido por determinados grupos As sociedades modernas são compostas da diversidade, e esse
que se constituem maioria ou que estão no poder e menosprezam a é um dos motivos pelos quais a educação multicultural é um enor-
existência de outros grupos inseridos nesse contexto que não com- me desafio para educadores e educadoras, já que discussões e re-
pactuam com o discurso hegemônico. flexões sobre esse assunto são imprescindíveis.
Para Castaño, Moyano & Del Castillo (1997), os sistemas de Entretanto, será que essa pluralidade cultural é característica
significados partilhados definem a identidade de uma cultura, e exclusiva das sociedades modernas? Se analisarmos a história da
não a cultura em si, pois esses autores consideram que o signifi- espécie humana desde a sua adaptação ao mundo natural, observa-
cado e a realidade de uma cultura são algo mais complexos que a remos que a pluralidade é historicamente construída. Vários siste-
sua identidade. É interessante notar que, quando nos definimos aos mas de cultura foram criados pelos ancestrais nômades dos seres
outros, àqueles que não pertencem ao nosso grupo, utilizamos uma humanos, em virtude da necessidade que tinham de se adaptar a
série de referências que nos assemelham aos indivíduos do grupo novos ambientes. Esses diferentes grupos humanos reagiam de
ao qual pertencemos. Por meio de um discurso homogeneizado, diversas e intrincadas formas ao se encontrar enquanto viajavam.
selecionamos determinadas características pertinentes à formação Dissertar sobre o tema nos trouxe à memória as imagens do
de “um genérico ‘nós social’”. Provavelmente, não utilizaríamos filme A guerra do fogo (1981), que acreditamos serem oportunas
essas mesmas referências para nos definir como indivíduos. para ilustrar os encontros dos primitivos ancestrais humanos. O
Em contrapartida, se empregássemos as mesmas referências primeiro clã exibido no filme, após ter a sua fonte de fogo extinta
que nos descrevem como indivíduos para nos definir como mem- por não dominar a técnica de produzi-lo, envia três de seus in-
bros de um grupo, os outros membros do grupo fariam objeções, tegrantes em busca de nova fonte. A viagem leva-os a encontrar
uma vez que não se sentiriam representados por essas referências bandos e tribos com diferentes conhecimentos, os quais acabaram
sendo assimilados.
de caráter pessoal. Por isso, ao nos definirmos como um grupo
Como no filme, os encontros dos nossos ancestrais eram mar-
perante outro, “não invocamos as diferenças que existem dentro
cados pela curiosidade e podiam culminar em “comércio, colabo-
de ‘nós’ [do nosso grupo] que geram diversidade dentro dele, mas,
ração, festa, alegria, união, aculturação, criação de comunidade,
pelo contrário, nós invocamos as semelhanças que nos aproxi-
assimilação, prevenção, violência e negociação”. Em outras pa-
mam”. lavras, as interações entre os primeiros grupos humanos geravam
Nesse sentido, a cultura é capaz de aproximar ou distanciar novas culturas.
os sujeitos, podendo tanto unir quanto dividir. Isso porque o modo Nessa perspectiva, pensar que um indivíduo poderia pertencer
como percebemos os outros está relacionado à imagem que temos exclusivamente a uma única cultura ou que um grupo socialmente
de cultura. Se considerarmos que a cultura se resuma às formas constituído poderia ser monocultural acaba sendo discutível, pois,
culturais dominantes de um grupo social, esperaremos que todos sem dúvida alguma, todos nós estamos vinculados a vários grupos
os sujeitos sejam idênticos a nós. culturais de maneira simultânea.

Didatismo e Conhecimento 33
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
O multiculturalismo e as estratégias multiculturais McLaren (1997) explicita diversas razões pelas quais esse
tipo de multiculturalismo deve ser rejeitado, das quais destacamos
O assunto multiculturalismo é um universo complexo e pode duas: a utilização da cultura branca como medida de referência
ser visto por diversos ângulos. Segundo Gonçalves & Silva (1998), (invisível) – por meio da qual todas as outras etnias são julgadas
opositores e defensores do multiculturalismo assumem diversas – e o emprego do termo diversidade para esconder a ideologia de
posições a seu respeito, não havendo consenso nem mesmo entre assimilação, que consiste em “acrescentar” os grupos étnicos à
aqueles que estão contra o movimento ou a favor dele. Dos que cultura dominante, mediante a condição de eles, primeiramente,
se opõem, uns consideram a proposta política “ingênua e leviana assimilarem e aceitarem as normas da cultura hegemônica.
porque parte de uma falsa consciência acerca dos reais problemas Nesse sentido, McLaren (1997) ainda destaca que alguns
culturais”; outros temem que o movimento incite a fragmentação programas educacionais estadunidenses os quais apoiam diretri-
social, o que resultaria na desintegração nacional. zes que têm como base o multiculturalismo conservador:
Da mesma forma, não existe acordo entre os que defendem a) exigem, de todos os jovens, padrões de desempenho per-
o movimento. Há um grupo que compreende o multiculturalismo tencentes ao capital cultural da elite anglo-americana;
como estratégia política de integração social e que valoriza a plu- b) são a favor da adoção da língua inglesa como única língua
ralidade, mas seus integrantes se dividem ao divergirem quanto oficial dos Estados Unidos;
à necessidade ou não de manter, em âmbito nacional, um núcleo c) fazem oposição a programas educacionais bilíngues;
comum de valores. d) priorizam o conhecimento elitizado, que é valorizado pela
Outro grupo que defende o multiculturalismo o considera classe média branca norte-americana;
“uma espécie de corpo teórico”, que deve nortear os diversos ti- e) não questionam o discurso e as práticas culturais e sociais
pos de produção do conhecimento, gerados e transmitidos tanto dos regimes dominantes, que, vinculados à dominação global,
pelas instituições organizadoras da cultura (escolas, universida- difundem ideias racistas, classistas, sexistas e homofóbicas.
des, museus, entre outras) quanto pelos veículos de comunicação O multiculturalismo humanista liberal fundamenta-se na
de massa. Candau (2008) reforça essa premissa, explicando que igualdade intelectual, na equivalência cognitiva dos seres hu-
“uma das características fundamentais das questões multiculturais manos – independentemente da etnia. Assim, aqueles que cor-
é exatamente o fato de estarem atravessadas pelo acadêmico e pelo roboram a visão liberal não consideram que exista igualdade de
social, pela produção de conhecimentos, pela militância e pelas
oportunidades sociais e educacionais brancos, afro-americanos,
políticas públicas”.
latinos, asiáticos e de outras etnias, o que as impede de competir
Com o intuito de sistematizar essas diferentes visões, diver-
em condições de igualdade no mercado capitalista.
sos autores, dos quais destacamos McLaren (1997), Hall (2003) e
O que difere essa concepção daquela conservadora é que,
Candau (2008), classificam e definem alguns tipos de multicultura-
como a desigualdade está centrada nas condições econômicas e
lismo. De acordo com McLaren (1997), existem quatro formas de
socioculturais, e não na etnia, tais condições podem ser alteradas
multiculturalismo: o conservador, o liberal, o liberal de esquerda e
e reformadas com a finalidade de obterem uma igualdade relati-
o crítico de resistência. Embora essas formas se misturem na rea-
va. McLaren (1997) tece uma crítica à visão liberal ao conside-
lidade social, o autor transcodificou e mapeou tais multiculturalis-
mos com o objetivo de auxiliar no estudo das “múltiplas maneiras rar que essa visão resulta, frequentemente, em um humanismo
pelas quais a diferença é tanto construída quanto engajada”. etnocêntrico e opressivamente universalista, no qual as normas
O multiculturalismo conservador, também denominado em- legitimadoras que governam a substância da cidadania são iden-
presarial, é aquele cuja visão colonialista descende diretamente da tificadas mais fortemente com as comunidades político-culturais
herança de doutrinas da supremacia branca. Nessa visão, a África anglo-americanas.
é retratada como um continente selvagem e bárbaro, habitado por O multiculturalismo humanista liberal de esquerda enfatiza
criaturas inferiores, privadas das graças redentoras da civilização que a diferença cultural não deve ser ignorada e enaltece a im-
ocidental. portância da diferença dos “comportamentos, valores, atitudes,
Essa postura pode ser visualizada nas teorias evolucionistas estilos cognitivos e práticas sociais” que se originam da diversi-
que apoiam o ideário estadunidense do “destino manifesto” – dade cultural.
crença de que o expansionismo americano seja o cumprimento de No entanto, o autor aponta dois problemas com relação à
vontade divina –, da benevolência imperial e do expansionismo visão liberal de esquerda. O primeiro diz respeito à tendência da-
cristão. As representações que pactuam com essa visão são aque- queles que apoiam essa perspectiva a essencializar as diferenças
las estereotipadas, que retratam os africanos como escravos/as ou culturais e, ao ter as diferenças como uma questão de “essên-
serviçais. McLaren (1997) ainda esclarece: cia”, a desconsiderar as condições históricas, sociais, culturais e
Mesmo que se distanciem das ideologias racistas, os multicul- também aquelas referentes às relações de poder. O segundo diz
turalistas conservadores disfarçam falsamente a igualdade cog- respeito à formação da identidade política, pois, na concepção
nitiva de todas as raças e acusam as minorias malsucedidas de humanista liberal de esquerda, aspectos pessoais, classe, etnia,
terem ‘bagagens culturais inferiores’ e ‘carência de fortes valores gênero e experiências são considerados mais importantes que a
de orientação familiar’. teoria, como se fossem suficientes para conferir legitimidade aos
Essa posição ‘ambientalista’ ainda aceita a inferioridade cog- argumentos.
nitiva negra com relação aos brancos como uma premissa geral e As experiências são relevantes na formação da identidade
oferece aos multiculturalistas conservadores um meio de raciona- política, mas McLaren (1997) ressalta que a autoridade acadêmi-
lizarem o fato pelo qual alguns grupos minoritários são bem-suce- ca “tem sido substituída por um elitismo populista baseado nos
didos enquanto outros não. papéis de identidade da pessoa que está realizando o trabalho”.

Didatismo e Conhecimento 34
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
O multiculturalismo crítico e de resistência, segundo McLa- Segundo Candau (2008), uma educação pautada por essa pers-
ren (1997), é fundamentado a partir da perspectiva de uma abor- pectiva promove a universalização da escolarização, mas não ques-
dagem de significado pós-estruturalista de resistência, na qual se tiona “o caráter monocultural presente na sua dinâmica”, portanto
enfatiza o papel que a língua e a representação desempenham na as escolas não questionam seus valores, conteúdos ou estratégias,
construção do significado e da identidade. O insight pós-estrutura- apenas permitem a inclusão daqueles que ainda não tinham acesso
lista no qual o autor está embasado estabelece-se em um contexto a elas.
mais amplo da teoria pós-moderna, qual seja: O multiculturalismo diferencialista ou monoculturalismo plu-
[...] arquipélago de disciplinas que está disperso no oceano ral alegam que qualquer política de assimilação acaba negando ou
da teoria social – que afirma que signos e significações são essen- ocultando as diferenças, por isso propõem que elas, em determi-
cialmente instáveis e em deslocamento, podendo apenas ser[em] nado contexto, sejam enfatizadas de modo que as expressões das
temporariamente fixados, dependendo de como estão articulados distintas identidades reconheçam-se e manifestem-se.
dentro das lutas discursivas e históricas particulares. Nessa abordagem, privilegia-se o desenvolvimento de comuni-
O multiculturalismo crítico e de resistência, defendido por dades culturais homogêneas – bairros, escolas, igrejas e outras – or-
McLaren, também denominado pós-modernizado ou pós-colonial, ganizadas de forma particular. Candau (2008) adverte, porém, que,
não apenas focaliza a diversidade cultural e de identidade nem só “na prática, em muitas sociedades atuais, terminou-se por favorecer
os discursos pelos quais as identidades e as próprias diferenças a criação de verdadeiros apartheids socioculturais”.
são formadas, mas também pretende afirmar a diversidade den- O multiculturalismo interativo ou interculturalidade é uma
tro de uma política de crítica e compromisso com a justiça social, proposta mais aberta, que considera tanto a importância das políti-
de modo que as relações sociais, culturais e institucionais sejam cas de igualdade como a das de identidade. Nesse sentido, esse tipo
transformadas. de multiculturalismo é mais apropriado para o desenvolvimento de
Do ponto de vista de Hall (2003), o termo multiculturalismo sociedades democráticas e inclusivas. Essa perspectiva diverge da
pode tanto ter uma significação plural – quando utilizado para se posição diferencialista ao considerar que os diferentes grupos de
determinado contexto devem, deliberadamente, inter-relacionar-se,
referir às diferentes estratégias e políticas adotadas para gerir pro-
rompendo, desse modo, com a visão essencialista das culturas e das
blemas de diversidade e multiplicidade advindos das sociedades
identidades culturais.
multiculturais – quanto ser utilizado no singular, para significar “a
Nessa concepção, as raízes das culturas são tidas como históri-
filosofia específica ou a doutrina que sustenta as estratégias mul-
cas, mas também dinâmicas, não estáticas e, portanto, em contínua
ticulturais”.
elaboração, construção e reconstrução. Os que apoiam tal perspec-
Hall (2003) classifica os multiculturalismos, a partir de Gol-
tiva sustentam o conceito de que não existem culturas puras, partin-
dberg, em conservador, liberal, pluralista, comercial, corporativo
do do pressuposto de que os intensos processos de hibridização cul-
(público ou privado) e crítico ou “revolucionário”, explicando tural vivenciados na atualidade (século XXI) propiciam a formação
que o multiculturalismo conservador [...] insiste na assimilação de identidades abertas, permanentemente em construção.
da diferença às tradições e costumes da maioria. O multicultura- De acordo com Candau (2008), a educação nessa perspectiva
lismo liberal busca integrar os diferentes grupos culturais o mais promove o reconhecimento do outro, o diálogo entre os diferentes
rápido possível ao mainstream, ou sociedade majoritária, baseado grupos sociais e culturais e a negociação cultural para “favorecer
em uma cidadania individual universal [...]. O multiculturalismo a construção de um projeto comum, pelo qual as diferenças sejam
pluralista, por sua vez, avaliza diferenças grupais em termos cultu- dialeticamente integradas”. Ao tratarmos do multiculturalismo, em
rais e concede direitos de grupo distintos a diferentes comunidades qualquer instância (acadêmica, social ou política), é imprescindível
dentro de uma ordem política comunitária ou mais comunal. O explicitar o sentido que estamos dando ao termo, que, como vimos,
multiculturalismo comercial pressupõe que, se a diversidade dos é polissêmico e passível de muitas interpretações, razão pela qual é
indivíduos de distintas comunidades for publicamente reconheci- inclusive adjetivado.
da, então os problemas de diferença cultural serão resolvidos (e No âmbito escolar, ao planejar ações que serão desenvolvidas,
dissolvidos) no consumo privado, sem nenhuma necessidade de é preciso examinar o nosso ponto de partida, isto é, questionar:
redistribuição do poder e dos recursos. O multiculturalismo cor- como estão sendo direcionados e resolvidos os atuais problemas re-
porativo (público ou privado) busca ‘administrar’ as diferenças lacionados à diversidade na escola? Somente depois desse diagnós-
culturais da minoria, visando aos interesses do centro. O multicul- tico e a partir da definição da perspectiva que se pretende assumir
turalismo crítico ou ‘revolucionário’ enfoca o poder, o privilégio, a – que, a nosso entender, deve ser feita dialógica e coletivamente – é
hierarquia das opressões e os movimentos de resistência [...] (Hall, que se começa a planejar ações e políticas que serão pautadas pela
2003, p. 53, grifos nossos). visão do multiculturalismo eleito.
Para Candau (2008), o multiculturalismo pode ser abordado a Escola, diversidade cultural e multiculturalismo
partir de três perspectivas: a assimilacionista, a diferencialista ou Conforme Ballengee-Morris, Daniel & Stuhr (2005), educação
plural e a interativa, também denominada intercultural. As duas multicultural é um conceito, uma filosofia e um processo que se
primeiras são mais frequentemente encontradas nas sociedades do originou das lutas dos movimentos sociais nos Estados Unidos, na
século XXI. década de 1960 – mais especificamente, o movimento dos negros,
O ponto de partida do multiculturalismo assimilacionista são a que exigiam o reconhecimento dos direitos civis de todas as pes-
sociedade multicultural e seus problemas, entre eles a privação que soas, e o movimento estudantil, marcado por reivindicações que
alguns grupos minoritários sofrem ao não terem acesso a determi- almejavam o fim do tratamento desigual gerador de mecanismos de
nados bens, serviços e direitos básicos. Uma política na perspecti- exclusão. A essa época, acrescentam-se ainda as questões advindas
va assimilacionista pretende integrar todos os diferentes grupos na da intensa migração de trabalhadores à procura de melhores con-
sociedade e incorporá-los à cultura hegemônica. dições de vida.

Didatismo e Conhecimento 35
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
A educação multicultural foi, na época, e continua sendo um balho escolar: o Projeto Políticopedagógico (PPP) e o Conselho
processo educacional que propõe reformas com a finalidade de Escolar (CE), assegurando “progressivos graus de autonomia pe-
criar oportunidades igualitárias para que todos e todas, indepen- dagógica e administrativa e de gestão financeira” (Brasil, 1996, p.
dentemente da identidade cultural – grupo social, etnia, identidade 56) às escolas públicas.
de gênero, cultura, crença religiosa, orientação sexual –, possam Boufleuer (1998) entende que “a ação educativa escolar não
obter sucesso escolar. é um fazer por fazer, mas um fazer intencional”, portanto trata-se
Segundo Candau (2005), cabe à escola a difícil tarefa de tra- da intencionalidade de um coletivo de sujeitos. Ao concordar com
balhar a negação da padronização, ao mesmo tempo que luta con- essa afirmativa, sabe-se que a ação educativa não se reduz a apenas
tra todas as formas de desigualdade e discriminação presentes na um componente curricular mas deve ser responsável também por
sociedade. A igualdade que se pretende trabalhar na escola não conduzir as questões diretamente pertinentes ao universo escolar e
está alicerçada apenas no reconhecimento dos direitos básicos de à realidade do entorno. É daí que surgem as condições para a cons-
todos e todas, mas também no das diferenças, pois, como as pes- trução da democracia no âmbito escolar. Tais ações intencionais
soas não são idênticas, precisam ter suas diferenças reconhecidas precisam acontecer em espaços que caracterizem a vida escolar,
e consideradas inclusive no decorrer do processo de conquista da como a construção coletiva do projeto políticopedagógico, das
igualdade. ações democráticas dentro do conselho escolar, entre outros.
Certamente, uma das funções da escola é a transmissão dos Uma instituição escolar permite que estudantes se apropriem
conteúdos culturais, e, por conseguinte, ela se torna um instrumen- do patrimônio cultural da humanidade pela transmissão de con-
to de reprodução social. No entanto, esse papel pode ser desempe- teúdos e por exemplos práticos adotados na solução das distintas
nhado em uma perspectiva dialógica, de modo que a difusão cultu- situações que se projetam no dia a dia. Assim, esses alunos, muitas
ral possa promover a compreensão de como se dão as relações de vezes, aprendem e apreendem mais vivenciando exemplos concre-
poder e de como elas se reproduzem na sociedade. tos de atitudes democráticas do que lendo textos teóricos a respeito
Embora, em muitas ocasiões, a realidade pareça intransponí- da democracia.
vel e imutável, é inegável que sua reprodução se dá por meio dos Paulo Freire (1994) também propõe uma aprendizagem da
próprios indivíduos. Em outras palavras, o sistema ao qual somos democracia por meio do seu exercício e da sua própria existên-
submetidos foi e continua sendo criado e reproduzido por homens cia, “aprendendo democracia pela prática da participação” (Freire,
e mulheres, e, para que haja a transformação desse sistema, é pre- 1994) – uma pedagogia democrática, de educação para e pela de-
ciso que cada um compreenda de que forma tem colaborado para mocracia, através de práticas dialógicas e do exercício da partici-
sua reprodução. É nesse aspecto que a escola pode contribuir para pação, contra a passividade e com tomada de decisão voltada para
a transformação da sociedade, cooperando para que os sujeitos se a responsabilidade social e política (Freire, 1967).
tornem, gradativamente, mais conscientes da realidade e das pos- Compreende-se que o Projeto Políticopedagógico (PPP) con-
sibilidades de mudança. siste nos atos de planejar e pensar o que vai ser realizado com
Logo, a escola – lócus do ensino e da aprendizagem – deve antecedência, de acordo com as intenções e possibilidades de seus
promover encontros em uma perspectiva multicultural e, gradual elaboradores. A dimensão política refere-se às finalidades da esco-
e pacificamente, desconstruir as desigualdades, injustiças, aban- la. As dimensões política e pedagógica são indissociáveis, porque
donos, estratégias e procedimentos homogeneizadores. Como ins- é na prática pedagógica que se efetua o caráter político da escola.
tância social, a escola é dinâmica e múltipla e, por ser espaço de Se o PPP for elaborado só por especialistas, ele não representará as
confluências, também histórica, capaz, então, de contribuir para a aspirações e objetivos da comunidade escolar, por isso ele deve ser
formação de uma sociedade mais rica e complexa em termos cultu- entendido como um processo no qual são discutidos os objetivos,
rais, com mais possibilidades de promover os ideais de igualdade as prioridades e os problemas a serem superados pelo coletivo.
(sem homogeneizar), de respeito e de solidariedade. Assim, a participação e a busca da autonomia têm de ser ga-
rantidas em todos os espaços e tempos escolares: salas de aula,
Diversidade cultural e os espaços democráticos na escola reuniões e formações de professores, secretaria e reuniões com os
pais, daí a centralidade dos colegiados. Grêmio estudantil, Asso-
Quando escola e sociedade caminham rumo à democracia, há ciação de Pais e Mestres (APM) e Conselho Escolar (CE) são ins-
que buscar a equidade como um denominador comum nas relações tâncias privilegiadas do fomento tanto da participação quanto da
de poder. Um dos riscos na busca desse objetivo é a tendência ho- autonomia. Segundo esse pressuposto, o conselho escolar tem se
mogeneizante, já explicitada neste texto. Subverter essa tendência constituído como o principal espaço e tempo escolar no processo
reconhecendo e acolhendo as diferenças entre as individualidades de elaboração, acompanhamento e avaliação do PPP.
presentes no espaço escolar tem sido um desafio cotidiano às equi- Para tornar exequível um projeto de democratização no am-
pes escolares. biente escolar, é necessário que se visualizem instrumentos para
Um primeiro passo nessa caminhada são o reconhecimento e a construção de alternativas que fortaleçam um modelo cultural
a valorização da comunidade pela equipe escolar, para que, unidas, democrático na escola.
equipe e comunidade possam, de maneira efetiva, colaborar para Neste capítulo, optou-se pelo conselho escolar como ferra-
que a escola venha a ser um local de encontro e construção de menta para essa finalidade. A existência humana implica a conju-
culturas, de desenvolvimento global do ser humano e, consequen- gação de verbos como compreender, aprender e apreender, racio-
temente, de pleno exercício da democracia. cinar, atuar, contemplar, transcender etc., e é para dar conta desse
Na perspectiva de uma gestão democrática, a Lei de Diretri- conjunto de ações que a escola, enquanto condutora dos atos in-
zes e Bases da Educação (LDB), no 9.394, de 20 de dezembro tencionais, educa e ensina os seres humanos durante certo período
de 1996, estabelece duas formas relevantes na organização do tra- da vida.

Didatismo e Conhecimento 36
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
A possibilidade de construir, por meio do diálogo, um espaço O artigo 208 da Constituição brasileira especifica que é dever
em que sujeitos sejam capazes de falar e agir no ambiente escolar do Estado garantir “atendimento educacional especializado aos
torna o conselho escolar um colegiado que pode atingir o ideal de portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de en-
uma construção efetivamente democrática, com o objetivo de solu- sino”, condição que também consta no artigo 54 do ECA (Estatuto da
cionar questões pertinentes ao universo escolar e a sua realidade de Criança e do Adolescente).
entorno. Um modelo de ação que adote o diálogo e a construção A legislação também obriga as escolas a terem professores de
coletiva como instrumento de democratização poderá atender à ensino regular preparados para ajudar alunos com necessidades espe-
necessidade de uma educação verdadeiramente democrática. ciais a se integrarem nas classes comuns. Ou seja, uma criança porta-
O conselho escolar é um aliado fundamental para a constru- dora de deficiência não deve ter de procurar uma escola especializada.
ção da democracia no país de forma ampla e no âmbito escolar Ela tem direito a cursar instituições comuns, e é dever dos professores
de forma específica. Assim como também é certo que a simples elaborar e aplicar atividades que levem em conta as necessidades es-
elaboração de dispositivos legais não é suficiente para tornar um pecíficas dela.
conselho de escola ativo e operante, como é necessário. No caso da alfabetização para cegos, por exemplo, o aluno tem
direito a usar materiais adaptados ao letramento especial, como livros
Considerações finais didáticos transcritos em braille para escrever durante as aulas. De
acordo com o decreto 6.571, de 17 de setembro de 2008, o Estado
Na tentativa de responder ao questionamento gerador deste deve oferecer apoio técnico e financeiro para que o atendimento es-
texto, referente à possibilidade de existência da equidade sem pecializado esteja presente em toda a rede pública de ensino. Mas o
respeito às diferenças, após a discussão teórica levada a efeito gestor da escola e as Secretarias de Educação e administração é que
pode-se responder negativamente: a equidade só é possível pelo precisam requerer os recursos para isso.
e no respeito às diferenças. E mais, a equidade – que não signi- Às vezes o atendimento escolar especial (AEE) deve ser feito
fica igualar a todos, mas atender todos dentro dos princípios da com um profissional auxiliar, em caso de paralisia cerebral, por exem-
igualdade e da diferença – não pode ser promovida sem que, na plo. Esse profissional auxilia na execução das atividades, na alimenta-
escola, seja desenvolvida uma perspectiva multicultural, abrigan- ção e na higiene pessoal. O professor e o responsável pelo AEE devem
do a diversidade. Trata-se de uma tarefa hercúlea, mas factível, coordenar o trabalho e planejar as atividades. O auxiliar não foge do
a ser engendrada nos âmbitos do conselho escolar e do projeto tema da aula, que é comum a todos os alunos, mas o adapta da melhor
políticopedagógico. forma possível para que o aluno consiga acompanhar o resto da classe.
Mas a preparação da escola não deve ser apenas dentro da sala de
Espera-se, assim, que, com este trabalho, tenha sido possí-
aula: alunos com deficiência física necessitam de espaços modifica-
vel contribuir para a escola nessa tarefa, por meio de uma dis-
dos, como rampas, elevadores (se necessário), corrimões e banheiros
cussão conceitual sobre igualdade, diferença, multiculturalismo
adaptados. Engrossadores de lápis, apoio para braços, tesouras espe-
e diversidade cultural. Tal discussão deve, ainda, possibilitar a
ciais e quadros magnéticos são algumas tecnologias assistivas que
pesquisadores, professores e gestores novas perspectivas acerca
podem ajudar o desempenho das crianças e jovens com dificuldades
de como o conselho escolar constitui-se em um espaço de defesa
motoras.
dos interesses coletivos ampla e humanamente, em um exercício
de alteridade, fazendo que cada sujeito seja visto como um ser Educação Inclusiva – pessoa com deficiência
único e, portanto, com direito a sua própria identidade.
A inclusão é uma inovação, cujo sentido tem sido muito distor-
Referência: cido e um movimento muito polemizado pelos mais diferentes seg-
Renata Maria Moschen NASCENTE, R. M. M.; FERRARI- mentos educacionais e sociais. No entanto, inserir alunos com déficits
NI, M. C. L.; BRITO, M. P. de. Diversidade cultural na escola: de toda ordem, permanentes ou temporários, mais graves ou menos
existe equidade sem respeito às diferenças? In: Conselho escolar severos no ensino regular nada mais é do que garantir o direito de
e diversidade: por uma escola mais democrática / organizadoras: todos à educação - e assim diz a Constituição!
Maria Cecília Luiz, Renata Maria Moschen Nascente. ── São Inovar não tem necessariamente o sentido do inusitado. As gran-
Carlos: UFSCar, 2013. des inovações estão, muitas vezes na concretização do óbvio, do sim-
ples, do que é possível fazer, mas que precisa ser desvelado, para que
O QUE É INCLUSÃO SOCIAL ESCOLAR? possa ser compreendido por todos e aceito sem outras resistências,
senão aquelas que dão brilho e vigor ao debate das novidades.
Inclusão escolar é acolher todas as pessoas, sem exceção, O objetivo de nossa participação neste evento é clarear o sentido
no sistema de ensino, independentemente de cor, classe social e da inclusão, como inovação, tornando-o compreensível, aos que se in-
condições físicas e psicológicas. O termo é associado mais comu- teressam pela educação como um direito de todos, que precisa ser res-
mente à inclusão educacional de pessoas com deficiência física e peitado. Pretendemos, também demonstrar a viabilidade da inclusão
mental. pela transformação geral das escolas, visando a atender aos princípios
Recusar-se a ensinar crianças e jovens com necessidades edu- deste novo paradigma educacional. Para descrever o nosso caminho
cacionais especiais (NEE) é crime: todas as instituições devem na direção das escolas inclusivas vamos focalizar nossas experiências,
oferecer atendimento especializado, chamado de Educação Espe- no cenário educacional brasileiro sob três ângulos: o dos desafios pro-
cial. No entanto, o termo não deve ser confundido com escolari- vocados por essa inovação, o das ações no sentido de efetivá-la nas
zação especial, que atende os portadores de deficiência em uma turmas escolares, incluindo o trabalho de formação de professores
sala de aula ou escola separada, apenas formadas de crianças e, finalmente o das perspectivas que se abrem à educação escolar,
com NEE. Isso também é ilegal. a partir de sua implementação.

Didatismo e Conhecimento 37
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Uma educação para todos condicionalmente. O que existe em geral são projetos de inclusão
parcial, que não estão associados a mudanças de base nas escolas
O princípio democrático da educação para todos só se evi- e que continuam a atender aos alunos com deficiência em espaços
dencia nos sistemas educacionais que se especializam em todos escolares semi ou totalmente segregados (classes especiais, salas
os alunos, não apenas em alguns deles, os alunos com deficiência. de recurso, turmas de aceleração, escolas especiais, os serviços de
A inclusão, como consequência de um ensino de qualidade para itinerância).
todos os alunos provoca e exige da escola brasileira novos posi- As escolas que não estão atendendo alunos com deficiência
cionamentos e é um motivo a mais para que o ensino se moderni- em suas turmas regulares se justificam, na maioria das vezes pelo
ze e para que os professores aperfeiçoem as suas práticas. É uma despreparo dos seus professores para esse fim. Existem também as
inovação que implica num esforço de atualização e reestruturação que não acreditam nos benefícios que esses alunos poderão tirar da
das condições atuais da maioria de nossas escolas de nível básico. nova situação, especialmente os casos mais graves, pois não teriam
O motivo que sustenta a luta pela inclusão como uma nova condições de acompanhar os avanços dos demais colegas e seriam
perspectiva para as pessoas com deficiência é, sem dúvida, a qua- ainda mais marginalizados e discriminados do que nas classes e es-
lidade de ensino nas escolas públicas e privadas, de modo que se colas especiais.
tornem aptas para responder às necessidades de cada um de seus Em ambas as circunstâncias, o que fica evidenciado é a neces-
alunos, de acordo com suas especificidades, sem cair nas teias da sidade de se redefinir e de se colocar em ação novas alternativas e
educação especial e suas modalidades de exclusão. práticas pedagógicas, que favoreçam a todos os alunos, o que, im-
O sucesso da inclusão de alunos com deficiência na escola plica na atualização e desenvolvimento de conceitos e em aplicações
regular decorre, portanto, das possibilidades de se conseguir pro- educacionais compatíveis com esse grande desafio.
gressos significativos desses alunos na escolaridade, por meio da Muda então a escola ou mudam os alunos, para se ajustarem às
adequação das práticas pedagógicas à diversidade dos aprendizes. suas velhas exigências? Ensino especializado em todas as crianças
E só se consegue atingir esse sucesso, quando a escola regular as- ou ensino especial para deficientes? Professores que se aperfeiçoam
sume que as dificuldades de alguns alunos não são apenas deles, para exercer suas funções, atendendo às peculiaridades de todos
mas resultam em grande parte do modo como o ensino é minis- os alunos, ou professores especializados para ensinar aos que não
trado, a aprendizagem é concebida e avaliada. Pois não apenas as aprendem e aos que não sabem ensinar?
deficientes são excluídas, mas também as que são pobres, as que
não vão às aulas porque trabalham, as que pertencem a grupos dis- As ações
criminados, as que de tanto repetir desistiram de estudar.
Visando os aspectos organizacionais, ao nosso ver é preciso
Os desafios mudar a escola e mais precisamente o ensino nelas ministrado. A es-
cola aberta para todos é a grande meta e, ao mesmo tempo, o grande
Toda criança precisa da escola para aprender e não para mar- problema da educação na virada do século.
car passo ou ser segregada em classes especiais e atendimentos à Mudar a escola é enfrentar uma tarefa que exige trabalho em
parte. A trajetória escolar não pode ser comparada a um rio peri- muitas frentes. Destacaremos as que consideramos primordiais, para
goso e ameaçador, em cujas águas os alunos podem afundar. Mas que se possa transformar a escola, em direção de um ensino de qua-
há sistemas organizacionais de ensino que tornam esse percurso lidade e, em consequência, inclusivo.
muito difícil de ser vencido, uma verdadeira competição entre a Temos de agir urgentemente:
correnteza do rio e a força dos que querem se manter no seu curso
principal. - Colocando a aprendizagem como o eixo das escolas, porque
Um desses sistemas, que muito apropriadamente se denomina escola foi feita para fazer com que todos os alunos aprendam;
“de cascata”, prevê a exclusão de algumas crianças, que têm défi- - Garantindo tempo para que todos possam aprender e repro-
cits temporários ou permanentes e em função dos quais apresen- vando a repetência;
tam dificuldades para aprender. Esse sistema contrapõe-se à me- - Abrindo espaço para que a cooperação, o diálogo, a solida-
lhoria do ensino nas escolas, pois mantém ativo, o ensino especial, riedade, a criatividade e o espírito crítico sejam exercitados nas es-
que atende aos alunos que caíram na cascata, por não conseguirem colas, por professores, administradores, funcionários e alunos, pois
corresponder às exigências e expectativas da escola regular. Para são habilidades mínimas para o exercício da verdadeira cidadania;
se evitar a queda na cascata, na maioria das vezes sem volta, é - Estimulando, formando continuamente e valorizando o pro-
preciso remar contra a correnteza, ou seja, enfrentar os desafios fessor que é o responsável pela tarefa fundamental da escola - a
da inclusão: o ensino de baixa qualidade e o subsistema de ensino aprendizagem dos alunos;
especial, desvinculada e justaposto ao regular. - Elaborando planos de cargos e aumentando salários, realizan-
Priorizar a qualidade do ensino regular é, pois, um desafio que do concursos públicos de ingresso, acesso e remoção de professores.
precisa ser assumido por todos os educadores. É um compromisso
inadiável das escolas, pois a educação básica é um dos fatores do Que ações implementar para que a escola mude?
desenvolvimento econômico e social. Trata-se de uma tarefa pos-
sível de ser realizada, mas é impossível de se efetivar por meio dos Para melhorar as condições pelas quais o ensino é ministrado
modelos tradicionais de organização do sistema escolar. nas escolas, visando, universalizar o acesso, ou seja, a inclusão de
Se hoje já podemos contar com uma Lei Educacional que todos, incondicionalmente, nas turmas escolares e democratizar a
propõe e viabiliza novas alternativas para melhoria do ensino nas educação, sugerimos o que, felizmente, já está ocorrendo em mui-
escolas, estas ainda estão longe, na maioria dos casos, de se tor- tas redes de ensino, verdadeiras vitrines que expõem o sucesso da
narem inclusivas, isto é, abertas a todos os alunos, indistinta e in- inclusão.

Didatismo e Conhecimento 38
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
A primeira sugestão para que se caminhe para uma educação si mesmo, na medida de seus interesses e necessidades, seja para
de qualidade é estimular as escolas para que elaborem com auto- construir uma ideia, ou resolver um problema, realizar uma tarefa.
nomia e de forma participativa o seu Projeto Político Pedagógico, Eis aí um grande desafio a ser enfrentado pelas escolas regulares
diagnosticando a demanda, ou seja, verificando quantos são os alu- tradicionais, cujo paradigma é condutista, e baseado na transmis-
nos, onde estão e porque alguns estão fora da escola. são dos conhecimentos.
Sem que a escola conheça os seus alunos e os que estão à O trabalho coletivo e diversificado nas turmas e na escola
margem dela, não será possível elaborar um currículo escolar que como um todo é compatível com a vocação da escola de formar
reflita o meio social e cultural em que se insere. A integração en- as gerações. É nos bancos escolares que aprendemos a viver entre
tre as áreas do conhecimento e a concepção transversal das novas os nossos pares, a dividir as responsabilidades, repartir as tarefas.
propostas de organização curricular consideram as disciplinas aca- O exercício dessas ações desenvolve a cooperação, o sentido de se
dêmicas como meios e não fins em si mesmas e partem do respeito trabalhar e produzir em grupo, o reconhecimento da diversidade
à realidade do aluno, de suas experiências de vida cotidiana, para dos talentos humanos e a valorização do trabalho de cada pessoa
chegar à sistematização do saber. para a consecução de metas comuns de um mesmo grupo.
Como essa experiência varia entre os alunos, mesmo sendo O tutoramento nas salas de aula tem sido uma solução natural,
membros de uma mesma comunidade, a implantação dos ciclos de que pode ajudar muito os alunos, desenvolvendo neles o hábito de
formação é uma solução justa, embora ainda muito incompreendi- compartilhar o saber. O apoio ao colega com dificuldade é uma
da pelos professores e pais, por ser uma novidade e por estar sendo atitude extremamente útil e humana e que tem sido muito pouco
ainda pouco difundida e aplicada pelas redes de ensino. De fato, desenvolvida nas escolas, sempre tão competitivas e despreocupa-
se dermos mais tempo para que os alunos aprendam, eliminando a das com a construção de valores e de atitudes morais.
seriação, a reprovação, nas passagens de um ano para outro, estare- Além dessas sugestões, referentes ao ensino nas escolas, a
mos adequando o processo de aprendizagem ao ritmo e condições educação de qualidade para todos e a inclusão implicam em mu-
de desenvolvimento dos aprendizes - um dos princípios das esco- danças de outras condições relativas à administração e aos papéis
las de qualidade para todos desempenhados pelos membros da organização escolar.
Por outro lado, a inclusão não implica em que se desenvolva Nesse sentido é primordial que sejam revistos os papéis de-
um ensino individualizado para os alunos que apresentam déficits sempenhados pelos diretores e coordenadores, no sentido de que
intelectuais, problemas de aprendizagem e outros, relacionados ao ultrapassem o teor controlador, fiscalizador e burocrático de suas
desempenho escolar. Na visão inclusiva, não se segregam os aten- funções pelo trabalho de apoio, orientação do professor e de toda
dimentos, seja dentro ou fora das salas de aula e, portanto, nenhum a comunidade escolar.
aluno é encaminhado às salas de reforço ou aprende, a partir de A descentralização da gestão administrativa, por sua vez, pro-
currículos adaptados. O professor não predetermina a extensão e move uma maior autonomia pedagógica, administrativa e financei-
a profundidade dos conteúdos a serem construídos pelos alunos, ra de recursos materiais e humanos das escolas, por meio dos con-
nem facilita as atividades para alguns, porque, de antemão já pre- selhos, colegiados, assembleias de pais e de alunos. Mudam-se os
vê q dificuldade que possam encontrar para realizá-las. Porque é rumos da administração escolar e com isso o aspecto pedagógico
o aluno que se adapta ao novo conhecimento e só ele é capaz de das funções do diretor e dos coordenadores e supervisores emerge.
regular o seu processo de construção intelectual. Deixam de existir os motivos pelos quais que esses profissionais
A avaliação constitui um outro entrave à implementação da ficam confinados aos gabinetes, às questões burocráticas, sem tem-
inclusão. É urgente suprimir o caráter classificatório da avaliação po para conhecer e participar do que acontece nas salas de aula.
escolar, através de notas, provas, pela visão diagnóstica desse pro-
cesso que deverá ser contínuo e qualitativo, visando depurar o en- INTEGRAÇÃO X INCLUSÃO: ESCOLA (DE QUALI-
sino e torná-lo cada vez mais adequado e eficiente à aprendizagem DADE) PARA TODOS
de todos os alunos. Essa medida já diminuiria substancialmente o
número de alunos que são indevidamente avaliados e categoriza- Sabemos que a situação atual do atendimento às necessidades
dos como deficientes, nas escolas regulares. escolares da criança brasileira é responsável pelos índices assus-
A aprendizagem como o centro das atividades escolares e o tadores de repetência e evasão no ensino fundamental. Entretanto,
sucesso dos alunos, como a meta da escola, independentemente no imaginário social, como na cultura escolar, a incompetência de
do nível de desempenho a que cada um seja capaz de chegar são certos alunos - os pobres e os deficientes - para enfrentar as exi-
condições de base para que se caminha na direção de escolas aco- gências da escolaridade regular é uma crença que aparece na sim-
lhedoras. O sentido desse acolhimento não é o da aceitação pas- plicidade das afirmações do senso comum e até mesmo em certos
siva das possibilidades de cada um, mas o de serem receptivas a argumentos e interpretações teóricas sobre o tema.
todas as crianças, pois as escolas existem, para formar as novas Por outro lado, já se conhece o efeito solicitador do meio
gerações, e não apenas alguns de seus futuros membros, os mais escolar regular no desenvolvimento de pessoas com deficiências
privilegiados. (Mantoan:1988) e é mesmo um lugar comum afirmar-se que é
A inclusão não prevê a utilização de métodos e técnicas de en- preciso respeitar os educandos em sua individualidade, para não
sino específicas para esta ou aquela deficiência. Os alunos apren- se condenar uma parte deles ao fracasso e às categorias especiais
dem até o limite em que conseguem chegar, se o ensino for de de ensino. Ainda assim, é ousado para muitos, ou melhor, para a
qualidade, isto é, se o professor considera o nível de possibilidades maioria das pessoas, a ideia de que nós, os humanos, somos seres
de desenvolvimento de cada um e explora essas possibilidades, por únicos, singulares e que é injusto e inadequado sermos categoriza-
meio de atividades abertas, nas quais cada aluno se enquadra por dos, a qualquer pretexto!

Didatismo e Conhecimento 39
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Todavia, apesar desses e de outros contrassensos, sabemos pados em escolas especiais para deficientes, ou mesmo em classes
que é normal a presença de déficits em nossos comportamentos e especiais, grupos de lazer, residências para deficientes. Por tratar-
em áreas de nossa atuação, pessoal ou grupal, assim como em um se de um constructo histórico recente, que data dos anos 60, a in-
ou outro aspecto de nosso desenvolvimento físico, social, cultural, tegração sofreu a influência dos movimentos que caracterizaram e
por sermos seres perfectíveis, que constroem, pouco a pouco e, reconsideraram outras ideias, como as de escola, sociedade, educa-
na medida do possível, suas condições de adaptação ao meio. A ção. O número crescente de estudos referentes à integração escolar
diversidade no meio social e, especialmente no ambiente escolar, é e o emprego generalizado do termo têm levado a muita confusão a
fator determinante do enriquecimento das trocas, dos intercâmbios respeito das ideias que cada caso encerra.
intelectuais, sociais e culturais que possam ocorrer entre os sujei- Os movimentos em favor da integração de crianças com defi-
tos que neles interagem. ciência surgiram nos países nórdicos, quando se questionaram as
Acreditamos que o aprimoramento da qualidade do ensino práticas sociais e escolares de segregação, assim como as atitudes
regular e a adição de princípios educacionais válidos para todos sociais em relação às pessoas com deficiência intelectual.
os alunos, resultarão naturalmente na inclusão escolar dos defi- A noção de base em matéria de integração é o princípio de
cientes. Em consequência, a educação especial adquirirá uma nova normalização, que não sendo específico da vida escolar, atinge o
significação. Tornar-se-á uma modalidade de ensino destinada não conjunto de manifestações e atividades humanas e todas as etapas
apenas a um grupo exclusivo de alunos, o dos deficientes, mas da vida das pessoas, sejam elas afetadas ou não por uma incapa-
especializada no aluno e dedicada à pesquisa e ao desenvolvimen- cidade, dificuldade ou inadaptação. A normalização visa tornar
to de novas maneiras de se ensinar, adequadas à heterogeneidade accessível às pessoas socialmente desvalorizadas condições e mo-
dos aprendizes e compatível com os ideais democráticos de uma delos de vida análogos aos que são disponíveis de um modo geral
educação para todos. ao conjunto de pessoas de um dado meio ou sociedade; implica a
Nessa perspectiva, os desafios que temos a enfrentar são inú- adoção de um novo paradigma de entendimento das relações entre
meros e todas e quaisquer investidas no sentido de se ministrar um as pessoas fazendo-se acompanhar de medidas que objetivam a
ensino especializado no aluno depende de se ultrapassar as con- eliminação de toda e qualquer forma de rotulação.
dições atuais de estruturação do ensino escolar para deficientes.
Em outras palavras, depende da fusão do ensino regular com o Modalidades de inserção
especial.
Ora, fusão não é junção, justaposição, agregação de uma mo- Uma das opções de integração escolar denomina-se mains-
dalidade à outra. Fundir significa incorporar elementos distintos treaming, ou seja, “corrente principal” e seu sentido é análogo a
para se criar uma nova estrutura, na qual desaparecem os elemen- um canal educativo geral, que em seu fluxo vai carregando todo
tos iniciais, tal qual eles são originariamente. Assim sendo, instalar tipo de aluno com ou sem capacidade ou necessidade específica.
uma classe especial em uma escola regular nada mais é do que uma O aluno com deficiência mental ou com dificuldades de aprendi-
justaposição de recursos, assim como o são outros, que se dispõem zagem, pelo conceito referido, deve ter acesso à educação, sua
do mesmo modo. formação sendo adaptada às suas necessidades específicas. Existe
Outros obstáculos à consecução de um ensino especializado um leque de possibilidades e de serviços disponíveis aos alunos,
no aluno, implicam a adequação de novos conhecimentos oriun- que vai da inserção nas classes regulares ao ensino em escolas es-
dos das investigações atuais em educação e de outras ciências às peciais. Este processo de integração se traduz por uma estrutura
salas de aula, às intervenções tipicamente escolares, que têm uma intitulada sistema de cascata, que deve favorecer o “ambiente o
vocação institucional específica de sistematizar os conhecimentos menos restritivo possível”, dando oportunidade ao aluno, em todas
acadêmicos, as disciplinas curriculares. De fato, nem sempre os as etapas da integração, transitar no “sistema”, da classe regular ao
estudos e as comprovações científicas são diretamente aplicáveis ensino especial. Trata-se de uma concepção de integração parcial,
à realidade escolar e as implicações pedagógicas que podemos re- porque a cascata prevê serviços segregados que não ensejam o al-
tirar de um novo conhecimento também precisam de ser testadas, cance dos objetivos da normalização.
para confirmar sua eficácia no domínio do ensino escolar. De fato, os alunos que se encontram em serviços segregados
O paradigma vigente de atendimento especializado e segre- muito raramente se deslocam para os menos segregados e, rara-
gativo é extremamente forte e enraizado no ideário das institui- mente, às classes regulares. A crítica mais forte ao sistema de cas-
ções e na prática dos profissionais que atuam no ensino especial. cata e às políticas de integração do tipo mainstreaming afirma que
A indiferenciação entre os significados específicos dos processos a escola oculta seu fracasso, isolando os alunos e só integrando os
de integração e inclusão escolar reforça ainda mais a vigência do que não constituem um desafio à sua competência. Nas situações
paradigma tradicional de serviços e muitos continuam a mantê-lo, de mainstreaming nem todos os alunos cabem e os elegíveis para
embora estejam defendendo a integração! a integração são os que foram avaliados por instrumentos e profis-
Ocorre que os dois vocábulos - integração e inclusão - con- sionais supostamente objetivos. O sistema se baseia na individua-
quanto tenham significados semelhantes, estão sendo empregados lização dos programas instrucionais, os quais devem se adaptar às
para expressar situações de inserção diferentes e têm por detrás necessidades de cada um dos alunos, com deficiência ou não.
posicionamentos divergentes para a consecução de suas metas. A A outra opção de inserção é a inclusão, que questiona não so-
noção de integração tem sido compreendida de diversas maneiras, mente as políticas e a organização da educação especial e regular,
quando aplicada à escola. Os diversos significados que lhe são atri- mas também o conceito de integração - mainstreaming. A noção
buídos devem-se ao uso do termo para expressar fins diferentes, de inclusão não é incompatível com a de integração, porém institui
sejam eles pedagógicos, sociais, filosóficos e outros. O emprego a inserção de uma forma mais radical, completa e sistemática. O
do vocábulo é encontrado até mesmo para designar alunos agru- conceito se refere à vida social e educativa e todos os alunos de-

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
vem ser incluídos nas escolas regulares e não somente colocados Na definição do Projeto Político-Pedagógico, materializam-
na “corrente principal”. O vocábulo integração é abandonado, uma se os diferentes momentos do planejamento: a definição de um
vez que o objetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que marco referencial; a elaboração de um diagnóstico; e a proposição
já foram anteriormente excluídos; a meta primordial da inclusão de uma programação com vistas à implementação das ações neces-
é a de não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o sárias à realização de uma prática pedagógica crítica e reflexiva.
começo. As escolas inclusivas propõem um modo de se constituir A concepção de planejamento escolar sustentada na idéia de
o sistema educacional que considera as necessidades de todos os Projeto Políticopedagógico emerge, em nosso país, a partir da crí-
alunos e que é estruturado em função dessas necessidades. A in- tica ao modelo de planejamento técnico-burocrático, que se con-
clusão causa uma mudança de perspectiva educacional, pois não solidou ao longo do regime militar. Esse modelo buscava produzir
se limita a ajudar somente os alunos que apresentam dificuldades uma maior aderência entre as proposições da esfera governamental
na escola, mas apoia a todos: professores, alunos, pessoal admi- e as ações das escolas propriamente ditas. Com essa finalidade, o
nistrativo, para que obtenham sucesso na corrente educativa geral. planejamento, no interior das escolas, adquiria os contornos de ins-
O impacto desta concepção é considerável, porque ela supõe a trumentos a serviço da viabilização do controle. Em virtude dessa
natureza burocrática, o planejamento passou a ser tido como mero
abolição completa dos serviços segregados. A metáfora da inclu-
instrumental técnico, amplamente criticado durante o processo
são é a do caleidoscópio. Esta imagem foi muito bem descrita
de redemocratização do país. Nesse momento, para se contrapor
no que segue: “O caleidoscópio precisa de todos os pedaços que a essa concepção tecnicista, sem negar, porém, a necessidade do
o compõem. Quando se retira pedaços dele, o desenho se torna planejamento, é que se passa a disseminar a necessidade de elabo-
menos complexo, menos rico. As crianças se desenvolvem, apren- ração do Projeto
dem e evoluem melhor em um ambiente rico e variado”. Político-Pedagógico como forma de democratizar o planeja-
A inclusão propiciou a criação de inúmeras outras maneiras mento na escola, incorporando o princípio da participação.
de se realizar a educação de alunos com deficiência mental nos Nesse momento de redemocratização do país, outras políticas
sistemas de ensino regular, como as “escolas heterogêneas”, as educacionais passam a ser implementadas, e, desse modo, nos ve-
“escolas acolhedoras”, os “currículos centrados na comunidade”. mos diante da indagação: como se constituem as relações entre o
Resumindo, a integração escolar, cuja metáfora é o sistema planejamento no âmbito do sistema e o planejamento nas unidades
de cascata, é uma forma condicional de inserção em que vai de- escolares?
pender do aluno, ou seja, do nível de sua capacidade de adaptação A intervenção do Estado na educação ocorre por meio de
às opções do sistema escolar, a sua integração, seja em uma sala ações que buscam produzir alterações no sistema educacional.
regular, uma classe especial, ou mesmo em instituições especiali- Quando essas proposições abarcam um conjunto significativamen-
zadas. Trata-se de uma alternativa em que tudo se mantém, nada te amplo de ações, elas caracterizam um processo de reforma edu-
se questiona do esquema em vigor. Já a inclusão institui a inserção cacional. Tais proposições se pautam em determinadas concepções
de uma forma mais radical, completa e sistemática, uma vez que de educação, de escola, de trabalho docente, de currículo e são,
com frequência, o resultado de mediações oriundas das relações de
o objetivo é incluir um aluno ou grupo de alunos que não foram
poder que se estabelecem no processo de constituição das proposi-
anteriormente excluídos. A meta da inclusão é, desde o início não
ções. Essas concepções e mediações se explicitam na forma como
deixar ninguém fora do sistema escolar, que terá de se adaptar às passam a ser incorporadas pelas escolas.
particularidades de todos os alunos para concretizar a sua metáfo- Tendo em vista a implementação das proposições oficiais,
ra - o caleidoscópio. tem-se, geralmente, na sequência, um conjunto de ações que com-
põem o planejamento no âmbito dos sistemas e redes de ensino.
Referências: No entanto, as propostas e ações têm sobre as escolas alcance limi-
MANTOAN: M T. E. Todas as crianças são bem-vindas à tado, ainda que sejam capazes de atuar como um forte componente
escola. Universidade Estadual de Campinas/ Unicamp. ideológico que pode conferir legitimidade às mudanças propostas.
MANTOAN: M T. E. Integração x Inclusão: Escola (de qua- O alcance relativo do planejamento, no âmbito do sistema
lidade) para Todos. Universidade Estadual de Campinas - Facul- educacional sobre as escolas, se verifica à medida que as mudanças
dade de Educação. Departamento de Metodologia de Ensino. propostas se confrontam com as práticas já consolidadas. Nesse
processo, as escolas atribuem às proposições oficiais significados
O PLANEJAMENTO NO ÂMBITO DA muitas vezes distintos daqueles das formulações originais.
UNIDADE ESCOLAR Ainda que as escolas reinterpretem, reelaborem e redimensio-
nem as proposições oficiais, não se pode menosprezar a impor-
O planejamento da escola se concretiza pela elaboração de tância desse nível do planejamento no que se refere à produção
seu Projeto Políticopedagógico (estudado na Sala Ambiente Pro- de transformações no sistema educacional. Tem sido capaz de ad-
quirir legitimidade, seja ao assumir o discurso de inovação educa-
jeto Vivencial). Na perspectiva aqui desenvolvida, o planejamen-
cional, seja ao articular-se a um ideário pedagógico já legitimado.
to deve pautar-se pelo princípio da busca da unidade entre teoria
Martins (2001) realizou uma interessante pesquisa em que se
e prática, e se institui como momento privilegiado de tomada de propôs analisar os limites e as possibilidades de gestão autôno-
decisões acerca das finalidades da educação básica. O planeja- ma da escola pública da rede estadual de ensino paulista, tomando
mento, no âmbito da unidade escolar, caracteriza-se como meio, como base as relações que se estabeleciam, no contexto investi-
por excelência, do exercício do trabalho pedagógico de forma co- gado, entre as medidas legais e os programas do governo, e a sua
letiva, ou seja, como possibilidade ímpar de superação da forma materialização pelos educadores. Entre as conclusões da autora,
fragmentada e burocrática de realização desse trabalho. destacamos:

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
O acompanhamento cotidiano das ações que movimentam a desses conteúdos. Como afirma Lopes, “essa relação, inclusive,
unidade escolar possibilitou o desvendamento dos problemas que mostra-se como condição necessária para que ao mesmo tempo
atingem a rede de ensino, pois, com efeito, as questões de ordem em que ocorra a transmissão de conhecimentos, proceda-se a sua
burocrática - aliadas às graves questões sociais e econômicas que reelaboração com vistas à produção de novos conhecimentos”.
afetam boa parte da clientela que a frequenta - dominaram o ce- Desse modo, o planejamento de ensino passa a ser compreen-
nário e as relações de trabalho, ocupando espaço central em de- dido de forma estreitamente vinculada às relações que se produ-
trimento de questões pedagógicas. Nesse sentido, a observação zem entre a escola e o contexto histórico-cultural em que a educa-
do cotidiano escolar propiciou uma visão mais ampla do campo ção se realiza. Nessa perspectiva, deve-se levar em conta, ainda,
de tensão constituído pelo imbricamento entre a norma formal e as articulações entre o planejamento do ensino e o planejamento
a norma vivida, ou entre a instituição imaginada e a instituição global da escola, explicitado em seu Projeto Político-Pedagógico.
vivida, pois esta (re)significa aquela. O planejamento de ensino se verifica, portanto, como um ele-
Compreender as representações em tela, tecidas por um in- mento integrador entre a escola e o contexto social. Em virtude
trincado e ambíguo jogo de resistências, contradições e conflitos, desse seu caráter integrador, é fundamental que (o planejamento)
permitiu vislumbrar parte de um universo turbulento que extra- se paute em alguns elementos: no estudo real da escola em re-
pola, invariavelmente, os limites dos relatórios oficiais. [...] A lação ao contexto, o que demanda a caracterização do universo
equipe aceitou e rejeitou, ao mesmo tempo, as orientações da sociocultural da clientela escolar e evidencia os interesses e as
Secretaria de Estado da Educação, compreendendo que a sobre- necessidades dos educandos na organização do trabalho didático
vivência da instituição escolar dependerá permanentemente des- propriamente dito, o que implica:
sa relação ambígua, pois a necessidade cotidiana de (con)viver a) definir objetivos - em função dos três níveis de aprendiza-
com os rituais que materializam as medidas políticas não per- gem: aquisição, reelaboração e produção de conhecimentos
mite ilusões: mergulhados na necessidade de cumprimento das b) prever conteúdos - tendo como critérios de seleção a finali-
formalidades burocráticas, transitaram pela escola obedecendo dade de que eles atuem como instrumento de compreensão crítica
a horários rígidos estabelecidos pela Secretaria de Educação, da realidade e como elo propiciador da autonomia
preenchendo quantidades infindáveis de papéis, planilhas, enca- c) selecionar procedimentos metodológicos - considerando os
minhando processos e fazendo negociações com a comunidade diferentes níveis de aprendizagem e a natureza da área do conhe-
em torno da escola para doações, colaborações e trocas de notas cimento
fiscais. [...] Observou-se, ainda, que professores e equipe de di- d) estabelecer critérios e procedimentos de avaliação - con-
reção procuravam explicitar à comunidade as medidas impostas, siderando a finalidade de intervenção e retomada no processo de
de um lado, mas, de outro, demonstravam cumprir de maneira ensino e aprendizagem, sempre que necessário.
ritual as normas e a regulamentação legal, alegando terem sido Nessa forma de planejamento de ensino, a avaliação da apren-
demandados apenas para executarem tarefas. dizagem adquire especial relevância, uma vez que não pode cons-
Observa-se, assim, um distanciamento entre as proposições tituir-se unicamente em forma de verificação do que o aluno apren-
do planejamento ao nível do sistema educacional e sua incorpo- deu. Antes de mais nada, deve servir como parâmetro de avaliação
ração pelas escolas, ao planejar suas próprias ações. Isso implica do trabalho do próprio professor.
que se considere que, na relação entre esses dois âmbitos do pla- Estabelecer critérios mais ou menos rigorosos de avaliação
nejamento, produzem-se mediações que muitas vezes escapam não é tarefa difícil. Difícil é saber trabalhar com os resultados ob-
ao controle puro e simples dos propositores das políticas edu- tidos, de modo a construir instrumentos de análise que permitam
cacionais. É nesse movimento, muitas vezes, que se consolida intervir no processo de ensino e aprendizagem, no momento em
a autonomia das escolas, que se constitui, no entanto, de forma que ele está ocorrendo.
sempre relativa. A avaliação da aprendizagem, nessa acepção, não pode ocor-
rer somente após ter-se concluído um período letivo (bimestre,
O planejamento no âmbito do ensino semestre etc.), mas é processo, sem o qual se compromete, irreme-
diavelmente, a qualidade do ensino.
Lopes (1992) indica alguns pressupostos para um planeja- Avaliar o desempenho do educando não pode se tornar, ain-
mento de ensino que considere a dinamicidade do conhecimento da, mecanismo de coerção, por parte do professor, num exercício
escolar e sua articulação com a realidade histórica. São eles: pro- arbitrário de poder. A avaliação, enquanto mecanismo disciplinar,
duzir conhecimentos tem o significado de processo, de reflexão traumatiza e anula individualidades, mediante a imposição da vi-
permanente sobre os conteúdos aprendidos buscando analisá-los são de mundo daquele que pretensamente detém o saber.
sob diferentes pontos de vista; significa desenvolver a atitude de Desse modo, a avaliação da aprendizagem deve constituir-se
curiosidade científica, de investigação da realidade, não aceitan- em instrumento por meio do qual o professor possa ter condições
do como conhecimentos perfeitos e acabados os conteúdos trans- de saber se houve, e em que medida houve, a apropriação do co-
mitidos pela escola. nhecimento de forma significativa por parte do aluno.
O processo de seleção da cultura, materializado no currículo Deve permitir, ainda, ao professor reconhecer se houve ade-
e, em especial, nos conhecimentos a serem trabalhados, deverão quação em termos de suas opções metodológicas, bem como evi-
estar intimamente relacionados à experiência de vida dos alunos, denciar em que medida as relações pedagógicas estabelecidas
não como mera aplicabilidade dos conteúdos ao cotidiano, mas contribuíram para o processo de ensino e aprendizagem. Torna-se,
como possibilidade de conduzir a uma apropriação significativa assim, elemento ímpar para o planejamento das ações docentes.

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CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Essa perspectiva de planejamento de ensino toma, ainda, constituem enquanto portadores das dimensões física, cognitiva,
como principais diretrizes: afetiva, social, ética, estética, situados em contextos sociocultu-
1) que a ação de planejar implica a participação de todos os rais, históricos e institucionais. Buscar saber como esses contextos
elementos envolvidos no processo atuam em processos de ensino e aprendizagem de modo a formar
2) a necessidade de se priorizar a busca da unidade entre teoria o desenvolvimento cognitivo, afetivo e moral dos indivíduos com
e prática base em necessidades sociais é uma forte razão para o cotejamento
3) que o planejamento deve partir da realidade concreta e estar entre o “clássico” da pedagogia e as novas construções teóricas
voltado para atingir as finalidades da educação básica definidas no lastreadas no pensamento “pós-moderno”.
projeto coletivo da escola A pedagogia quer compreender como fatores socioculturais e
4) o reconhecimento da dimensão social e histórica do traba- institucionais atuam nos processos de transformação dos sujeitos
lho docente. mas, também, em que condições esses sujeitos aprendem melhor.
Nessa abordagem, o planejamento ultrapassa o caráter de Destaca-se no contexto social contemporâneo a contradição entre
instrumental meramente técnico e adquire a condição de conferir a pobreza de muitos e a riqueza de poucos, entre a lógica da gestão
materialidade às ações politicamente definidas pelos sujeitos da empresarial e as lógicas da inclusão social, ampliando as formas
escola. explícitas e ocultas de exclusão. As escolas e as salas de aula têm
Diante dessas dificuldades, muitos professores fazem a opção contribuído pouco para a superação dessas contradições, especial-
pelo isolamento, comprometendo, dessa forma, a possibilidade de mente estão falhando em sua missão primordial de promover o
potencialização do trabalho pedagógico pelo não reconhecimento desenvolvimento cognitivo dos alunos, correndo o risco de terem
que assumir o ônus de estarem ampliando a exclusão com medidas
de sua natureza coletiva.
aparentemente bem intencionadas como a eliminação da organi-
É justamente nesse momento que a força do coletivo deve-
zação curricular em séries, a promoção automática, a integração
se mostrar não como imposição, mas como elo catalisador, com
de alunos portadores de necessidades especiais, a flexibilização da
vistas a orientar um trabalho pedagógico consistente e orgânico ao
avaliação escolar, a transformação da escola em mero espaço de
Projeto Político-Pedagógico da escola. vivência de experiências socioculturais. Um posicionamento peda-
gógico requer uma investigação das condições escolares atuais de
Referência: formação das subjetividades e identidades para verificar onde estão
SOUZA, Ângelo Ricardo de. [et al.]. Planejamento e trabalho as reais explicações do sentimento de fracasso, de mediocridade,
coletivo. Universidade Federal do Paraná, Pró-reitoria de Gradua- de incompetência, que vai tomando conta do alunado. Não haverá
ção e Ensino Profissionalizante, Centro Interdisciplinar de Forma- mudanças efetivas enquanto a elite intelectual do campo científico
ção Continuada de Professores; Ministério da Educação, Secreta- da educação e os educadores profissionais não se derem conta de
ria de Educação Básica. Curitiba: UFPR. 2005, p.27-42. algo muito simples: escola existe para formar sujeitos preparados
para sobreviver nesta sociedade e, para isso, precisam da ciência,
As exigências da pedagogia em um mundo em mudança da cultura, da arte, precisam saber coisas, saber resolver dilemas,
ter autonomia e responsabilidade, saber dos seus direitos e deve-
Aos que se ocupam da educação escolar, das escolas, da res, construir sua dignidade humana, ter uma autoimagem positiva,
aprendizagem dos estudantes, é requerido que façam opções pe- desenvolver capacidades cognitivas para se apropriar criticamente
dagógicas, ou seja, assumam um posicionamento sobre objetivos dos benefícios da ciência e da tecnologia em favor do seu trabalho,
e modos de promover o desenvolvimento e a aprendizagem de su- da sua vida cotidiana, do seu crescimento pessoal. Mesmo saben-
jeitos inseridos em contextos socioculturais e institucionais con- do-se que essas aprendizagens impliquem saberes originados nas
cretos. Os educadores, tanto os que se dedicam à pesquisa quanto relações cotidianas e experiências socioculturais, isto é, a cultura
os envolvidos diretamente na atividade docente, enfrentam uma da vida cotidiana.
realidade educativa imersa em perplexidades, crises, incertezas, Três coisas são, portanto, necessárias de serem ditas para quem
pressões sociais e econômicas, relativismo moral, dissoluções de quiser ajudar e não dificultar as condições do agir pedagógico. A
crenças e utopias. Pede-se muito da educação em todas as classes, primeira é que práticas pedagógicas implicam necessariamente de-
grupos e segmentos sociais, mas há cada vez mais dissonâncias, cisões e ações que envolvem o destino humano das pessoas, reque-
divergências, numa variedade imensa de diagnósticos, posiciona- rendo projetos que explicitem direção de sentido da ação educativa
e formas explícitas do agir pedagógico. Quem se dispuser ao agir
mentos e soluções. Talvez a ressonância mais problemática disso
pedagógico estará ciente de que não se pode suprimir da pedagogia
se dê na sala de aula, onde decisões precisam ser tomadas e ações
o fato de que ela lida com valores, com objetivos políticos, morais,
imediatas e pontuais precisam ser efetivadas visando promover
ideológicos.2 A segunda é que não é suficiente, quando falamos
mudanças qualitativas no desenvolvimento e na aprendizagem dos
em práticas escolares, a análise globalizante do problema educa-
sujeitos. Pensar e atuar no campo da educação, enquanto atividade tivo. Aos aspectos externos que explicitam fatores determinantes
social prática de humanização das pessoas, implica responsabili- da realidade escolar é necessário agregar os meios educativos, os
dade social e ética de dizer não apenas o porquê fazer, mas o quê e instrumentos de mediação que são os dispositivos e métodos de
como fazer. Isso envolve necessariamente uma tomada de posição educação e ensino, ou seja, a didática. E a terceira: dada a natureza
pela pedagogia. dialética da pedagogia, ocupando-se ao mesmo tempo da subjeti-
Nenhum investigador e nenhum educador prático poderá, vação e da socialização, da individuação e da diferenciação, cum-
pois, evadir-se da pedagogia, pois o que fazemos quando intenta- pre compreender as práticas educativas como atividade complexa,
mos educar pessoas é efetivar práticas pedagógicas que irão cons- uma vez que se encontram determinadas por múltiplas relações e
tituir sujeitos e identidades. Por sua vez, sujeitos e identidades se necessitam, para seu estudo, do aporte de outros campos de sabe-

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res. A pedagogia, assim, há que se abrir para que toda contribuição Temas emergentes das teorias educacionais contemporâneas
ajude a explicitar as peculiaridades do fenômeno educativo e do ato em embate com as teorias modernas
de educar num mundo em mudança. Tal como escrevi em outro texto:
(A pedagogia) constitui-se como campo de investigação específi- As teorias e correntes que tentamos agrupar suscitam impor-
co cuja fonte é a própria prática educativa e os portes teóricos providos tantes temas que tangenciam as teorias modernas da educação, seja
pelas demais ciências da educação e cuja tarefa é o entendimento glo- como negação seja como incorporação. A partir de algumas ideias
bal e intencionalmente dirigido dos problemas educativos. [...] Com- comuns, o “pensamento pós-moderno” acaba se desdobrando em
põe o conjunto das ciências da educação, mas se destaca delas por correntes bastante diversificadas, não havendo nada parecido com
assegurar a unidade e dar sentido à contribuição das demais ciências, uma formulação unitária de conceitos. Apesar disso, é possível
já que lhe cabe o enfoque globalizante e unitário do fenômeno educa- identificar temas e ideias que repercutem fortemente no campo
tivo. Não se trata de requerer à pedagogia exclusividade no tratamen- conceitual da educação. Vejamos alguns desses temas.
to científico da educação; quer-se, no entanto, reter sua peculiaridade Crise da noção de totalidade e valores e objetivos da educação
em responsabilizar-se pela reflexão problematizadora e unificadora As teorias pós-modernas rejeitam as superteorias e as visões
dos problemas educativos, para além dos aportes parcializados das totalizantes que advogam certezas absolutizadas. Isso levaria ao
demais ciências da educação. Nossa posição é de que a multiplicida- fim da preocupação com ideais e objetivos da educação, porque
de de enfoques e análises que caracteriza o fenômeno educativo não não faz sentido buscar o fundamento das coisas. A visão pós-mo-
torna desnecessária a pedagogia, antes ressalta seu campo próprio de derna recusa essas explicações totalizantes porque não estariam
investigação para clarificar seu objeto, seu sistema de conceitos e sua levando em conta a experiência particular das pessoas, a vida co-
metodologia de investigação, para daí poder apropriar-se da contribui- tidiana, a diferença.
ção específica das demais ciências (Libâneo, 2002). Entretanto, algumas pedagogias modernas vêm acentuando
A tarefa crucial dos pesquisadores e dos educadores profissionais sua preocupação com os ingredientes das culturas particulares, de
preocupados com o agir pedagógico está, portanto, em investigar cons- modo a apreender as representações pelas quais os indivíduos e
tantemente o conteúdo do ato educativo, admitindo por princípio que grupos dão sentido ao seu mundo. Mas faz isso sem desconectar
ele é multifacetado, complexo, relacional. Sendo assim, educamos ao o particular do universal. As pedagogias modernas podem admitir
que os tempos atuais não comportam mais certezas absolutizadas,
mesmo tempo para a subjetivação e a socialização, para a autonomia
mas não aceitam que se caia num relativismo ético e, por isso, in-
e para a integração social, para as necessidades sociais e necessidades
vestem na importância de objetivos educacionais. A educação im-
individuais, para a reprodução e para a apropriação ativa de saberes,
plica um comprometimento com uma atividade prática, com alto
para o universal e para o particular, para a inserção nas normas sociais
grau de intencionalidade, implicando um comprometimento moral
e culturais e para a crítica e produção de estratégias inovadoras. Isso
com a prática educativa.
requer portas abertas para análises e integração de conceitos, captados
de várias fontes – culturais, psicológicas, econômicas, antropológicas,
A crítica da razão e a consciência individual autônoma
simbólicas, na ótica da complexidade e da contradição, sem perder
de vista a dimensão humanizadora das práticas educativas. Charlot Os pós-modernos rejeitam uma razão universal como critério
(2000) sintetiza assim seu entendimento da natureza da educação: de orientação da conduta humana. Junto com isso, vem a descons-
É o processo por meio do qual um membro da espécie humana, trução da possibilidade de uma consciência individual autônoma.
inacabado, desprovido dos instintos e das capacidades que lhe permi- Não é que ignorem a razão, o que propõem é tomá-la como cons-
tiriam sobreviver rapidamente sozinho se apropria, graças à mediação trução histórica, socialmente construída, produzida em circuns-
dos adultos, de um patrimônio humano de saberes, práticas, formas tâncias localizadas, particulares. A crítica pós-moderna argumenta
subjetivas, obras. Essa apropriação lhe permite se tornar, ao mesmo também que a razão precisa ser considerada junto com as dimen-
tempo e no mesmo movimento, um ser humano, membro de uma so- sões afetivas, morais, estéticas que identificam o sujeito.
ciedade e de uma comunidade, e um indivíduo singular, absolutamen- As pedagogias modernas têm sido criticadas pelas suas práti-
te original. A educação é, assim, um triplo processo de humanização, cas disciplinadoras, baseadas na racionalidade, na moral do dever,
de socialização e de singularização. Esse triplo processo é possível do autocontrole. Mas hoje podem já admitir que a razão não pode
apenas mediante a apropriação de um patrimônio humano. Isso quer desconhecer a subjetividade, a sensibilidade. Os teóricos da teo-
dizer que educação é cultura, em três sentidos que não podem ser dis- ria crítica dizem que a razão que produz o saber tem dimensões
sociados. emocionais, afetivas, irracionais e é produzido no jogo das rela-
As tarefas mais visíveis do agir pedagógico, considerando a rele- ções objetivas e subjetivas que envolvem o indivíduo e a sociedade
vância da formação geral básica como um dos elementos determinan- ao mesmo tempo. Mas, ao mesmo tempo, querem manter a razão
tes da condição de inclusão ou exclusão social, podem ser sintetizadas crítica como meio insubstituível de conhecer. Escreve Rouanet
nestes objetivos: (1986): o homem não é somente um ser pensante, e a consciência
a. Provimento de mediações culturais para o desenvolvimento neomoderna sabe que o homem integral é uma unidade de razão e
da razão crítica, isto é, conhecimento teórico-científico, capacidades sensibilidade; mas se quiser conhecer, não tem outro instrumento
cognitivas e modos de ação; que a razão. Fica o desafio e, frequentemente, a tensão entre uma
b. Desenvolvimento da subjetividade dos alunos e ajuda na cons- escola que se organiza para a difusão e articulação dos conheci-
trução de sua identidade pessoal e no acolhimento à diversidade social mentos regida por normas profissionais e organizacionais e as prá-
e cultural; ticas que envolvem a subjetividade, a diversidade sociocultural e
c. Formação para a cidadania e preparação para atuação na os projetos pessoais dos alunos.
realidade.

Didatismo e Conhecimento 44
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
A noção de ciência e os conteúdos escolares As pedagogias modernas são depositárias do paradigma da
consciência, mas aquelas desenvolvidas no âmbito do pragmatis-
A crítica pós-moderna afirma que o modelo de racionalidade mo, da fenomenologia e do marxismo não recusam a participação
científica da modernidade se esgotou. Desconfia da ciência e da da linguagem na atividade humana, embora não como protagonis-
possibilidade objetiva do conhecimento, levando a uma resistência ta. Uma visão aberta em relação ao papel da linguagem e da cultu-
ao saber sistematizado em favor de conhecimentos que emergem ra na educação escolar precisa reconhecer o peso da compreensão
das culturas particulares. O que se tem a fazer é problematizar o das práticas discursivas no interior da escola, não colocando exclu-
mundo, no sentido de analisar como os discursos e as práticas se sivamente na totalidade social a explicação das questões culturais
constituem. envolvidas na aprendizagem dos alunos e professores. Trata-se,
As pedagogias modernas não precisam necessariamente acre- no entanto, de não reduzir a realidade a discursos e às análises
ditar numa ciência inquestionável. Nem ignoram os vínculos entre dos discursos. A linguagem é manifestação da subjetividade e de
o saber e o poder. Mas não podem recusar toda a ciência e sua grupos sociais, étnicos, comunidades, mas não é suficiente para
conversão em conteúdos científicos para uso escolar. Acreditam o ensino de uma interpretação da realidade que se prenda a prá-
que o mundo da escola é o mundo dos saberes: saber ciência, saber ticas discursivas. Não convém substituir o contexto pelo texto ou
cultura, saber experiência, saber modos de agir. uma interpretação social por uma interpretação linguística, mas
Uma das características do novo paradigma de ciência é a in- compreender como se interpenetram as práticas educativas na sua
terdisciplinaridade, que alguns preferem chamar de “inter-relação internalidade, mas sempre como históricas, portanto, intencionais
entre os saberes científicos”. Há muitas interpretações da interdis- (Nóvoa, 1966). Não existem identidades culturais particulares na-
ciplinaridade, mas poder-se-ia vê-la numa perspectiva epistemo- turais.
lógica – integração entre os saberes contra a fragmentação disci- A questão central da pedagogia é a formação humana, envol-
plinar – e numa perspectiva instrumental – busca de um saber útil, vendo o destino das pessoas a partir de seus processos de desen-
aplicado, para enfrentamento de problemas e dilemas concretos. volvimento e aprendizagem. E a for mação humana é um empreen-
dimento prático, portanto implicando intencionalidades, valores,
Do paradigma da consciência à filosofia da linguagem que não podem ser cingidos aos discursos de grupos particulares,
ao mundo cotidiano dos alunos e à sua subjetividade. A educação
A precedência da linguagem sobre a consciência como ele- escolar lida com o conhecimento enquanto constituinte das condi-
mento constitutivo da relação do ser humano com a realidade é ções de liberdade intelectual e política. O saber, ao mesmo tempo
uma das mais fortes características do pensamento pós-moderno, em que se propõe como desvendamento dos nexos lógicos do real
conhecida como virada linguística. A virada linguística, desenvol- tornando-se então instrumento do fazer, ele se propõe, também,
vida no âmbito da filosofia da linguagem desde a metade do sé- como desvenda mento dos nexos políticos do social, tornando-se
culo passado, representa uma mudança provocada pelos estudos instrumento do poder. E é através do trabalho com os conteúdos
linguísticos que investigam as formas complexas através das quais escolares e com os processos de construção do pensamento que os
o sentido se constitui, se transmite e se transforma num conjunto professores podem ajudar a desenvolver esse poder, certa mente
heterogêneo e complexo de universos de sentido ao que se deno- não deixando de ou vir as vozes e a experiência social concreta
mina cultura. Diz-se, assim, que a linguagem não apenas reflete dos alunos. Não existe forma de compreender o real, fazer crítica
significados, já que se articula a fatores sociais e culturais, mas política das instituições e relações de poder, sem passar por pro-
constitui significados que, compartilhados por grupos sociais e co- cessos de desenvolvimento cognitivo através da internalização de
munidades, vão caracterizando a cultura desses grupos específicos conceitos, teorias, habilidades, valores.
(Nóvoa, 1966). O fortalecimento do conceito de linguagem no dis-
curso pós-moderno indica a constatação do enfraquecimento das Sociedade do conhecimento, novas tecnologias, qualidade da
pretensões da razão, da ciência, em compreender a complexidade educação
do real. Daí que a constituição dos significados pela linguagem
e sua manifestação nas culturas particulares leva à busca de uma A ideia de sociedade do conhecimento está ligada à de intelec-
compreensão intersubjetiva, dialogal, com base na pluralidade de tualização do processo produtivo. Os profissionais necessitariam
linguagens, nas diferenças. O conhecimento e o currículo escolar, um alto grau de desenvolvimento das capacidades intelectuais:
na perspectiva pós-moderna, colocam os saberes experienciais de- abstração, rapidez de raciocínio, visão global do processo de tra-
correntes da vida cotidiana, da cultura, das subjetividades como balho. Algumas propostas de educação influenciadas pelo impacto
base de sua formulação. das tecnologias da informação e comunicação teriam como ob-
Tal compreensão opõe-se ao paradigma da consciência que jetivo desenvolver competências cognitivas e operacionais com a
privilegia a ação do sujeito sobre o objeto, o sujeito torna-se quase utilização de computadores. Essa tendência colocaria em questão
absoluto, autônomo, na construção do conhecimento e do pensa- o conceito de formação geral. Diriam que a criança de hoje vive
mento. No extremo, esse paradigma defende o primado explicati- inserida num mundo técnico-informacional, alimentando-se de
vo das ideias, a autossuficiência do sujeito pensante, sem conside- imagens e textos e, com isso, estaria superada a ideia iluminista
rar as condições históricas e objetivas que envolvem a construção de educação geral, as sim como a figura social do indivíduo de
do conhecimento. Por causa disso, a filosofia da consciência ou do formação universal. Nesse caso, o novo paradigma de aprendiza-
sujeito tende a privilegiar uma única linguagem, a linguagem da gem estaria centra do mais no saber fazer do que no saber, o pensar
razão, o conhecimento organizado, o sistema, o modelo, a visão eficientemente se ria uma questão de aprender fazendo, aprender
sistemática da realidade. comunicando, aprender a usar.

Didatismo e Conhecimento 45
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
As pedagogias modernas reconhecem o impacto do desenvol- As relações de poder, os modos de dominação social e cultural
vimento tecnológico na vida social e, em particular, nos processos – em termos macro e micro – precisam ser considerados porque
de formação das pessoas. Mas não aceitam que haja uma crise da efetivamente os processos sociais são controlados pelas relações
noção de formação geral. A democratização da sociedade supõe de poder. Eles são ingredientes na constituição das subjetividades,
uma educação básica como necessidade imperativa de desenvol- das identidades. O currículo está imerso em relações de poder im-
ver nos jovens capacidades cognitivas, de modo que aprendam a plicadas nas relações de classe, etnia, gênero.
se expressar, a compreender diferentes contextos da realidade, a O próprio currículo constitui relações de poder. Elas não es-
relativizar certezas, a pensar estrategicamente. Aspectos em que tão apenas no poder da instituição, das pessoas, da legislação, mas
a lógica do mundo técnico-informacional pode ajudar, mas sem naquelas relações que impregnam as rotinas organizacionais, os
subsumir nela todo o processo formativo que implica o crescimen- rituais cotidianos. Daí o realce que se tem dado à cultura da escola,
to do ser humano, domínio gradativo de conhecimentos, técnicas, além da cultura na escola.
habilidades, o desenvolvimento da capacidade de se apropriar da Há importantes aportes desta temática às pedagogias moder-
realidade. nas. Não é estranho a algumas dessas pedagogias a relação entre
Não há uma crise de formação; há um contexto concreto de o ensino e o cotidiano, a consideração da experiência vivida dos
alunos, as práticas discursivas veiculadas na linguagem de pro-
transformações sociais, econômicas, políticas que tendem a privar
fessores e alunos. Mas não dispensam a necessidade da mediação
a humanidade e, portanto, os processos formativos, de perspec-
cognitiva. É preciso que os professores compreendam as formas
tivas de existência individual e social. A formação global do ser
de como o conhecimento escolar se constitui, as relações de poder
humano, portanto, continua sendo condição de humanização e ta-
que impregnam os vários contextos. Mas importa, também, que
refa da pedagogia, onde se inclui certamente o desenvolvimento da prestem uma ajuda efetiva aos alunos no desenvolvimento de seus
razão. Mas trata-se de uma racionalidade que resgata a subjetivida- processos cognitivos internos. Para isso, a cultura é um nutriente
de, a autonomia da consciência humana, assentada no desenvolvi- dos processos cognitivos, para ajudar os alunos a atribuírem signi-
mento das capacidades cognitivas e afetivas de problematização e ficado aos fenômenos, aos acontecimentos, à informação.
apreensão da realidade. Quanto à linguagem, cumpre reconhecer sua importância en-
quanto mediação das realidades pessoais e sociais. Mas as peda-
O currículo e sua interface com a cultura, o poder e a lin- gogas modernas não aceitariam reduzir as práticas de ensino aos
guagem discursos e à análise dos discursos. Afirmam que o conhecimento
também pode ser constituinte das condições subjetivas de liberda-
O currículo ocupa importante lugar entre os conceitos centrais de intelectual e política.
da pedagogia, desde que começou a se firmar mundialmente a par-
tir dos anos 1970 com o desenvolvimento da Sociologia Crítica Totalidade do ser e subjetividade fragmentada
do Currículo e, no Brasil, nos anos 1980 (Moreira; Silva, 1994).
O tema da cultura em suas articulações com a da linguagem, da A integralidade do ser põe-nos frente a uma visão unitária,
ideologia e do poder é, certamente, a principal referência dos não fragmenta da do ser humano, em oposição a um sujeito divi-
estudos sobre currículo, na perspectiva pós-moderna, o que não dido, fragmentado, especializado, produzido pela modernidade. O
significa afirmar sua ausência de outras orientações teóricas. Tais discurso pós-moderno apresenta uma diversidade de compreensão
temas estão presentes no processo de construção do conhecimento, dessa unidade entre o sujeito e o mundo, mas mantém-se a ideia de
com seus ingredientes ideológicos, políticos e culturais, de forma interdependência de ele mentos que constituem um todo, conside-
a se recusar a qualquer currículo a alegação de neutralidade. É o rando-se que o todo não é a mera soma das partes, já que cada par
mundo da cultura em que as pessoas estão inseridas que permite te tem suas peculiaridades que podem modificar-se na interação
saber por que pais, professores, alunos expressam certas maneiras entre si e na relação com o todo.
de agir, sentir, falar e ver o mundo. Quando se pensa num currículo
Relativismo cultural, diferença, universalidade
numa perspectiva pós-moderna, pensa-se como são construídos os
saberes particulares, quais práticas discursivas constroem os sen-
O pensamento pós-moderno, ao dar peso à cultura e à lingua-
tidos que as pessoas dão às coisas. Destacam-se, nesse quadro, as
gem, afirma que os significados que as pessoas dão às coisas sem-
questões do multiculturalismo, desdobradas na diversidade social,
pre são construídos dentro das práticas cotidianas correntes. Nesse
no relativismo cultural, na valorização de experiências intersub- sentido, as aprendizagens escolares seriam vivamente afetadas pe-
jetivas. los significados que se produzem não apenas no cotidiano escolar,
O tema da linguagem aparece sob várias modulações. A partir mas em todos os contextos de vida. Contra um posicionamento
do entendimento comum da linguagem como o elemento estru- etnocentrista em que uma cultura se impõe sobre outras, relativis-
turador da relação indivíduo-realidade, abrem-se diferentes cami- mo cultural considera valores e práticas morais como resultantes
nhos na interpretação pós-moderna. Sendo a natureza da lingua- de uma determinada cultura e de determinadas circunstâncias, por-
gem cultural, advoga-se a pluralidade de linguagens na sociedade. tanto, variando no espaço e no tempo, sem referência a valores
Com base nisso, há orientações teóricas que valorizam o cotidiano universais. No extremo, tais significados, valores, comportamen-
e a experiência pessoal. Outras defendem que o conhecimento le- tos vinculam-se a condições singulares de cada grupo social e seus
gítimo é aquele intersubjetivamente partilhado. Outras, ainda, con- sujeitos, de cada comunidade, não se requerendo critérios válidos
sideram como principal desdobramento do conceito de linguagem universalmente. Boa parte das teorias pedagógicas contemporâ-
o tema da diferença e, em consequência, a crítica dos diferentes neas compartilha desse relativismo cultural, em que se dá visibili-
discursos. dade à diferença, às culturas locais, às subjetividades.

Didatismo e Conhecimento 46
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Algumas das pedagogias modernas incorporam a investiga- incapacidade de fazer uso do próprio juízo sem a direção de outro.
ção cultural, principalmente as teorias sociocríticas. Orientações Na tradição da filosofia alemã, esse princípio refere-se à conquista
pedagógicas vinculadas ao pensamento de Vygotsky acentuam a da mais elevada formação geral (bildung) que visa melhorar a si
importância da cultura no desenvolvimento mental e na aprendi- próprio, cultivar-se a si mesmo. Os pós-modernos criticam a possi-
zagem bem como das atividades socioculturais compartilhadas em bilidade dessa busca de autonomia no mundo contemporâneo. Há
situações de ensino. Mas afirmam, também, que o respeito às cul- restrições à autonomia do sujeito face às relações de poder, à vi-
turas particulares não leva a excluir importantes aspectos comuns gilância das ações individuais, à burocratização, à racionalidade ins-
da experiência humana traduzidos em conteúdos culturais e valo- trumental, à subjugação da subjetividade. Todavia, aposta-se precisa-
res universais. mente na possibilidade de desenvolvimento de uma razão crítica para
Um pensamento moderno humanista e universalista também desvelar as restrições à autonomia no contexto do mundo moderno.
não admite afirmação da diferença sem ter como referência a afir- Por isso mesmo, a escola continua sendo o caminho para a igualdade
mação da semelhança, a identidade do gênero humano. Em rela- e a inclusão social, a esperança da formação cultural, do progresso, da
ção ao respeito às diferenças culturais, Charlot (2000) sugere que, conquista da dignidade, da emancipação, para toda a sociedade.
melhor do que organizar escolas culturalmente diferentes, é rece- O segundo princípio é que tal capacitação implica prover as con-
ber a diversidade numa escola para todos. Segundo suas palavras, dições, para todos, do domínio da cultura geral de base, da ciência e
uma escola que faça funcionar, ao mesmo tempo, os dois princí- da arte. Ao conceito de sujeito ou autodeterminação, deve-se agregar
pios da diferença cultural e da identidade enquanto ser humano; a noção de uma cultura geral para todos. Ou seja, racionalidade, au-
os princípios do direito à diferença e do direito à semelhança. [...] todeterminação, liberdade intelectual e política não procedem do su-
A diferença é um direito apenas se for afirmada em relação à se- jeito individual, mas das conquistas humanas objetivadas na cultura,
melhança, i.e., de universalidade do ser humano. Nesse sentido, a expressas em conhecimentos, modos de ação, numa prática educativa
consideração irrestrita a culturas do outro estaria ignorando que válida para todos os homens. Vem daí a força do termo educação geral
há culturas que não reconhecem nem respeitam o outro, portan- ou formação geral para todos. Escreve Kant (2000):
to, ferem traços da universalidade do ser humano. As culturas não Não se deve educar as crianças segundo o presente estado da es-
são, pois, homogêneas, são portadoras de contradições e conflitos, pécie humana, mas segundo um estado melhor possível no futuro, isto
daí a busca de “metavalores”, critérios de escolha fundamentais, é, segundo a ideia de humanidade e de sua inteira determinação [...]
que garantam a racionalidade e a universalidade na formação dos (Os pais) deveriam dar (aos seus filhos) uma educação melhor, para
indivíduos. Uma visão crítica da cultura consiste em promover a que possa acontecer um estado melhor no futuro.
reflexão compartilhada sobre as próprias representações e facilitar Trata-se de um princípio iluminista bastante legítimo para orien-
a abertura ao entendimento e à experimentação de representações tar os sistemas de ensino, a organização escolar e a didática. Há que
alheias, distantes e afastados no espaço e no tempo, o que supõe a considerar, todavia, quais são as condições concretas de sua viabiliza-
apropriação teórico-crítica da cultura sistematizada. ção. Estão disponíveis condições econômicas, sociais, políticas, cul-
turais, que tornam efetiva essa reivindicação de educação geral para
todos? Como viabilizar uma universalização não apenas nominal,
Objetivismo epistemológico e saberes da experiência
abstrata, mas uma universalização real que abranja todas as minorias,
todos os grupos sociais marginalizados, e não só a masculina, branca,
Correntes pós-modernas propõem o conhecimento como um
ocidental, católica? Evidentemente, levar a sério esse princípio impli-
processo, a realidade concebida como fluxo, superando a visão
ca a adoção de políticas sociais eficazes quanto à postulação da edu-
objetivista, individualista. A noção de conhecimento passa por
cação básica para todos, por uma cultura “comum” como lastro para
considerá-lo como relação entre sujeitos e proposições e não entre
inserção em várias instâncias da vida social. Isso significa na prática a
sujeito e objeto. Com isso, é valorizada a experiência subjetiva, o
exigência de proporcionar a todas as crianças e jovens meios cogniti-
diálogo, a comunicação, o entendimento linguístico entre as pes- vos e operacionais de desenvolvimento e de aprendizagem.
soas. Há uma relativização da ciência e do caráter disciplinar das O terceiro princípio sustenta a dialética entre o individual e o co-
ciências, pondo em destaque o modo de conhecimento narrativo no letivo. A teoria clássica da educação liberal diz que a concretização
qual vão sendo expressos e criados significados compartilhados. da capacidade de autodeterminação do indivíduo é condição prévia
São esses os temas que, na minha opinião, perpassam as teo- para se chegar à universalidade do humano. Não defende, portanto,
rias pedagógicas contemporâneas, com sugestões de interfaces um isolamento autocentrado, antes se estabelece uma relação entre
com as teorias modernas, ainda que estas sustentem suas premissas o individual e o geral, entre o particular e o universal. Acentua-se a
epistemológicas e seus princípios orientadores. Por exemplo, uma individualidade, no entanto, ela está referida à coletividade, à relação
pedagogia crítica, emancipatória, poderá abdicar de alguns concei- inter-humana, é um indivíduo frente aos outros, em comunicação com
tos formulados no âmbito das pedagogias modernas? Há conceitos os outros.
que as teorias modernas não poderiam negociar? Mesmo sendo ou- O quarto propõe a educação como formação de todas as poten-
sadia, arrisco-me a sugerir cinco pontos dos quais uma pedagogia cialidades humanas, a educação onilateral, que contempla as dimen-
moderna crítica não poderia se afastar. sões física, cognitiva, afetiva, moral e estética.
O primeiro é a crença na educação como capacitação para a O quinto princípio considera que, sendo o currículo expressão da
autodeterminação racional. As pedagogias modernas constituíram- cultura sóciohistórica, e ao mesmo tempo, situado num determinado
se com base nos princípios da emancipação humana, da autonomia, contexto de cultura, de relações, de conhecimento, consuma-se uma
da razão, da liberdade intelectual e política. A autodeterminação concepção crítica de educação apostando em práticas educativas
do pensamento é herança iluminista, condição para a busca da su- que aliem os conteúdos à experiência sociocultural concreta dos
peração da menoridade, como dizia Kant (1996): Menoridade é a alunos.

Didatismo e Conhecimento 47
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A questão crucial que desponta desses conceitos “modernos” e o discurso técnico (técnico no sentido de “modo de fazer, modo
é: quais conteúdos? É preciso um investimento competente dos de funcionar”), propostas que marcaram no passado as lutas de
educadores na definição dos saberes necessários de serem ensina- educadores de esquerda são assumidas nos textos de orientação
dos, que abram aos educandos possibilidades de uma existência neoliberal (autonomia, cidadania, trabalho em equipe, projeto pe-
humanizada, isto é, de uma autodeterminação guiada pela razão e dagógico, participação de pais, gestão democrática etc.). Algumas
orientada para: dessas práticas passam por uma confusão de linguagem (o que se
- A liberdade reciprocamente reconhecida; quer dizer, por exemplo, quando se fala em cidadania), outras mal
- A justiça; disfarçam um cunho fortemente diversionista no uso dos termos (o
- A tolerância crítica; tema autonomia da escola, da descentralização, por exemplo, pode
- A multiplicidade cultural; significar na prática uma ação concreta de diminuição do papel do
- A redução da opressão do poder e o desenvolvimento da paz; Estado). Por sua vez, educadores de esquerda, com medo de uma
- O encontro com o outro e a vivência da experiência de feli- identificação com orientações neoliberais, ou criticam arbitraria-
cidade e satisfação. mente quaisquer iniciativas de renovação das escolas ou repetem
velhos discursos que não ajudam as escolas e os professores no seu
Onde estamos e para onde vamos? trabalho cotidiano.

O quadro atual da produção intelectual e do debate em torno O hibridismo ajuda?


das teorias da educação é bastante explícito, com campos teóricos
e posicionamentos pedagógicos bem distinguíveis. De um lado, Tem se difundido no campo das pedagogias pós-modernas a
um olhar sobre as práticas pedagógicas que acontecem no dia-a- ideia de que, num contexto da pluralidade de linguagens, de dis-
dia das escolas mostra que as tendências pedagógicas modernas tintas vozes dos vários grupos sociais, de distintas interpretações
mantêm-se bastante estáveis. Mesmo quando sistemas de ensino da realidade, um currículo deve ser híbrido, isto é, deve aceitar e
tornam oficiais teorias pedagógicas, no interior das salas de au- incorporar diferentes teorias e práticas e todas as formas de diver-
las as atitudes pedagógicas e as metodologias se mantêm intocá- sidade,11 considerando-se as condições históricas particulares em
veis.10 O que me leva a afirmar que a pesquisa universitária, a que é posto em prática. Lopes e Macedo (2002) indicam o hibri-
produção editorial, os cursos de aperfeiçoamento, os sistemas de dismo como marca do campo investigativo do currículo no Brasil
ensino, quando muito, introduzem na prática dos professores algu- a partir dos anos 90, expresso pela presença no mesmo campo de
mas mudanças curriculares, novas habilidades, uma nova técnica, diferentes tendências e orientações metodológicas. Por exemplo,
uma instrumentalização a mais, mas sem afetar o núcleo forte das mesclam-se o discurso pós-moderno e as teorias críticas, em que
tendências pedagógicas mais impregnadas na prática dos profes- convivem orientações assentadas na filosofia do sujeito, da cons-
sores. Por outro lado, constata-se o aparecimento de novas teorias ciência, com a filosofia da linguagem, paradigmas epistemologica-
e correntes, tal como mostramos neste texto, seja atualizando ou mente opostos. Têm sido constantes, nesse campo, interfaces com
complementando teorias geradas na modernidade, seja introduzin- discursos fora do campo da educação como a sociologia, a filoso-
do conceitos e práticas com base no pensamento “pós-moderno”, fia, os estudos culturais. A par das possibilidades de enriquecimen-
seja apenas instigando dúvidas na cabeça dos professores. Nesse to das temáticas do campo e de multiplicação das as referências
último caso, é forçoso reconhecer que boa parte dessas teorias não para a prática da educação, há que se reconhecer no hibridismo
desenvolveu suficiente base pedagógico-didática para ajudar os alguns riscos: desvio da especificidade da educação e dos proces-
professores em suas decisões e ações cotidianas. Outras tendem sos curriculares, aplicações simplistas de teorias psicológicas ou
a se centrar em temas tão específicos, frequentemente transforma- sociológicas, deter o pensamento em uma ingênua celebração da
dos em modismo ou em reducionismos, como pode ocorrer com o pluralidade e da transgressão.
multiculturalismo, o ensino por projetos etc. Têm sido frequentes,
também, eventuais propostas novas ou alternativas que não pro- A teoria histórico-cultural e a pesquisa cultural
cedem do mundo prático, mas do mundo acadêmico. Com isso,
novas tendências não têm sido capazes de unir suas formulações Numa perspectiva claramente imbuída do paradigma mo-
teóricas com propostas operativas que sirvam de referência aos derno da consciência, a teoria histórico-cultural iniciada com Vy-
professores. Em outros casos, propostas mais voltadas ao campo gotsky e expandida por várias gerações de seguidores formula a
da prática, ainda que com pouco lastro teórico, acabam por res- integração entre o mundo sociocultural e a subjetividade, entre a
ponder mais diretamente a necessidades imediatas do trabalho dos racionalização e a subjetivação. A atividade humana supõe, para
professores, como é o caso de oficinas pedagógicas. se desenvolver, as mediações culturais. A atividade de aprendiza-
Os professores que atuam na linha de frente, por sua vez, se gem, ao se apropriar da experiência sociocultural, assegura a for-
veem confusos em face da diversidade de discursos e posições dos mação do pensamento teórico-científico dos indivíduos, median-
que falam sobre a sua própria prática e, frequentemente, não con- te atividades socioculturais, já que as ações individuais ocorrem
seguem saber sequer do que se está falando. Ora se sensibilizam em contextos socioculturais e institucionais. Não se separam as
com discursos críticos em relação à escola, que ela é reprodutora pessoas que atuam e o mundo social e cultural em que realizam
do sistema capitalista, é instrumento do neoliberalismo, é explo- sua atividade. A partir dessas premissas, recentes estudos da teoria
radora do trabalho do professor, mas frustram-se por não ouvir histórico-cultural da atividade têm realçado temas como atividade
algo que responda mais concretamente a suas dificuldades profis- situada em contextos, a participação como condição de compreen-
sionais. Há muita confusão, por exemplo, entre o discurso crítico são na prática (como aprendizagem), a identidade cultural, o papel

Didatismo e Conhecimento 48
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das práticas institucionalizadas nos motivos dos alunos, a diver- às manifestações culturais. Em face desse dilema, seria pedago-
sidade cultural etc. Essas questões adquirem particular relevo em gicamente viável prover os alunos dos conteúdos científicos sem
face dos processos de globalização e particularização que marcam deslegitimar os discursos dos alunos a partir de seus contextos de
nossa época, dos quais resultam diferentes formas de atribuição vida? Haverá efetiva incompatibilidade entre a aprendizagem dos
de sentido, de valores, de manifestações culturais e atividades. A conteúdos científicos associados aos processos de pensamento e a
articulação de uma perspectiva desenvolvimentista do ensino, vol- incorporação no currículo da experiência sociocultural e caracte-
tada para a autonomia e emancipação dos sujeitos por meio da rísticas sociais e psicológicas dos alunos?
formação do pensamento teórico-científico e a pesquisa cultural e, Uma posição sobre os objetivos de ensino e as formas de or-
especialmente a diversidade cultural, abre espaços para a incorpo- ganização curricular leva a um terceiro dilema, referente às formas
ração no pensamento crítico de temas como a linguagem, a cultura, de organização institucional da escola. Vários estudos têm aponta-
a complexidade, a valorização da experiência corrente, as relações do o efeito dos contextos socioculturais e institucionais nas apren-
de poder, a integralidade do ser humano. dizagens, por ex., Engestrom (2002) e Lave e Wengler (2002). As
práticas de organização escolar serão diferentes conforme opções
Para concluir, os dilemas a enfrentar... tomadas em relação aos dilemas anteriores. De um lado, se porá
a necessidade de as escolas terem seu funcionamento submetido a
Todavia, a rica produção intelectual proveniente das mais regras mínimas racionalmente justificadas em função de se estabe-
diversas orientações teóricas, a par de abrir as possibilidades de lecer um clima adequado ao trabalho intelectual, acompanhando
melhor compreensão da natureza e das funções da educação e do a postulação universalista da formação científica e cultural para
ensino, lança, também, aos pedagogos, uma série de dilemas tanto todos. De outro, se argumentará que essa moral universal válida
teóricos quanto práticos, já que o pedagogo de profissão é quem “per se” não pode existir, precisamente porque ela depende de con-
carrega o ônus de decidir em situações concretas. Seja com po- textos particulares da vida dos alunos e da comunidade. Em defesa
sição favorável ao hibridismo ou partindo-se de uma teoria que da primeira posição, há que se considerar que o aspecto universa-
oferece caminhos de abertura à multiplicidade de contribuições de lista de se postular processos e procedimentos de regulação da vida
outras teorias, as possibilidades de avanço em relação aos proces- escolar e das atividades do ensino pode ser um elemento de con-
sos e procedimentos mais eficazes de aprendizagem escolar de- tenção de certos efeitos do contexto social e do funcionamento ins-
penderiam de se buscar consensos possíveis sobre quais objetivos titucional que atuam na lógica da discriminação e da desigualdade.
efetivamente se buscam em relação à educação escolar para todos, O quarto dilema resume os anteriores. Ele põe a questão da es-
já que é razoável supor que objetivos e formas de organização das colha entre dois significados que se pode dar à educação inclusiva.
Num primeiro significado, a educação inclusiva significa, antes de
escolas devem ser pautados pela concepção de aprendizagem de-
tudo, a vivência de experiências socioculturais e afetivas. A esco-
sejada para os alunos.
la seria espaço de socialização, de reconhecimento da diferença,
O primeiro dilema é entre o universalismo e o relativismo. Ele
de respeito ao ritmo de cada criança, independentemente de suas
está presente na educação, na cultura e na ética, atingindo especial-
condições mentais, físicas, psicomotoras. Os conhecimentos siste-
mente os objetivos da educação escolar. Por um lado, refere-se à
matizados estariam subordinados às necessidades de compreender
existência de uma cultura e de valores universais; por outro, à con-
melhor ou vivenciar melhor as experiências de socialização. Num
sideração do pluralismo das culturas e das diferenças. Defender os
segundo significado, a educação inclusiva consistiria em prover
conteúdos científicos e o desenvolvimento do pensamento teórico
as condições intelectuais e organizacionais para se garantir a qua-
equivale a desconsiderar as culturas particulares ou a proceder a lidade cognitiva das aprendizagens. A qualidade de ensino teria
uma imposição cultural? Será possível conciliar a posição rela- como tônica ajudar os alunos a aprender a pensar teoricamente,
tivista, em que os valores e práticas são produtos socioculturais, a dominar as ações mentais conectadas com os conteúdos, a ad-
portanto, decorrentes do modo de pensar e agir de grupos sociais quirir instrumentos e procedimentos lógicos pelos quais se chega
particulares, com a exigência “social” de prover a cultura geral, aos conceitos e ao desenvolvimento cognitivo. Esse entendimento
acessível a todos, independentemente de contextos particulares? de educação inclusiva não estaria em desacordo com a ideia de se
O segundo dilema decorre do anterior e diz respeito a formas considerar as características pessoais dos alunos, sua motivação,
de organização curricular, em que se põe, de um lado, um currí- bem como os contextos socioculturais da aprendizagem. Essa se-
culo baseado na formação do pensamento científico e, de outro, gunda posição é a meu ver, a mais adequada para se entender uma
um currículo baseado na experiência sociocultural. Se o dilema escola democrática, inclusive penso que as concepções de escola
anterior procede do campo ético, aqui nos colocamos frente a po- que desfocam a centralidade do conhecimento e da aprendizagem
sições em relação ao currículo e a práticas escolares. Para quem podem estar incorrendo em riscos de promover a exclusão social
põe o foco nas mediações cognitivas como instrumento para de- das crianças.
senvolvimento do pensamento, o currículo e as práticas escolares As apostas teriam que ser consideradas com base num enten-
estariam voltados para a internalização de elementos cognitivos, dimento muito explícito de que o trabalho pedagógico pressupõe
de bases conceituais, para lidar com a realidade, sem descartar a intencionalidades políticas, éticas, didáticas em relação às qualida-
motivação do aluno, sua subjetividade e contextos de vida. Para des humanas, sociais, cognitivas esperadas dos alunos que passam
quem defende um currículo experiencial, o conhecimento escolar pela escola. Em face aos velhos temas da didática como a relação
estaria na experiência sociocultural, na convivência e nas práticas conteúdo e forma, a ênfase ora nos aspectos materiais ora nos as-
de socialização, isto é, a cultura “escolar” estaria subordinada aos pectos formais do ensino, entre a formação cultural e científica
saberes de experiência de que são portadores os alunos, dissolven- e a experiência sociocultural dos alunos, caberia, ainda, a aposta
do-se a disciplinaridade em favor de um conteúdo mais próximo na universalidade da cultura escolar de modo que à escola cabe-

Didatismo e Conhecimento 49
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
ria transmitir saberes públicos a todos, que apresentam um valor, obtidas com vistas a planejar o futuro. Portanto, medir não é ava-
independentemente de circunstâncias e interesses particulares, em liar, ainda que o medir faça parte do processo de avaliação. Avaliar
função da formação geral. Mas, junto a isso, permeando os conteú- a aprendizagem do estudante não começa e muito menos termina
dos, caberia considerar a diversidade cultural, a coexistência das quando atribuímos uma nota à aprendizagem.
diferenças, a interação entre indivíduos de identidades culturais dis- A educação escolar é cheia de intenções, visa a atingir deter-
tintas, incorporando noções de “prática”, de cultura, de comunidade minados objetivos educacionais, sejam estes relativos a valores,
de aprendizagem. atitudes ou aos conteúdos escolares.
A avaliação é uma das atividades que ocorre dentro de um
Referência: processo pedagógico. Este processo inclui outras ações que im-
LIBÂNEO, José Carlos. As Teorias Pedagógicas Modernas plicam na própria formulação dos objetivos da ação educativa, na
Revisitadas pelo Debate Contemporâneo na Educação. Disponível definição de seus conteúdos e métodos, entre outros. A avaliação,
em: http://www.ia.ufrrj.br/ppgea/conteudo/T1SF/Akiko/03.pdf portanto, sendo parte de um processo maior, deve ser usada tanto
no sentido de um acompanhamento do desenvolvimento do estu-
dante, como no sentido de uma apreciação final sobre o que este
estudante pôde obter em um determinado período, sempre com
8. CONCEPÇÕES DE AVALIAÇÃO. vistas a planejar ações educativas futuras. Quando a avaliação
acontece ao longo do processo, com o objetivo de reorientá-lo,
recebe o nome de avaliação formativa e quando ocorre ao final do
processo, com a finalidade de apreciar o resultado deste, recebe o
A AVALIAÇÃO E O PAPEL SOCIAL DA EDUCAÇÃO nome de avaliação somativa. Uma não é nem pior, nem melhor que
ESCOLAR a outra, elas apenas têm objetivos diferenciados.
Que relações se estabelecem? A concepção de educação e a avaliação
Até que ponto refletimos sobre nossas ações cotidianas na es- Para se instaurar um debate no interior da escola, sobre as
cola, nossas práticas em sala de aula, sobre a linguagem que utiliza-
práticas correntes de avaliação, é necessário que explicitemos nos-
mos, sobre aquilo que pré-julgamos ou outras situações do cotidia-
so conceito de avaliação. Qual a função da avaliação, a partir do
no? Muitas vezes, nosso discurso expressa aquilo que entendemos
papel da educação escolar na sociedade atual? Às vezes, aquilo
como adequado em educação e aquilo que almejamos. Isso tem seu
que parece óbvio não o é tanto assim. Para que é feita a avalia-
mérito! Contudo, nossas práticas, imbuídas de concepções, repre-
ção na escola? Qual o lugar da avaliação no processo de ensino e
sentações e sentidos, ou seja, repletas de ações que fazem parte
aprendizagem?
de nossa cultura, de nossas crenças, expressam um “certo modo”
Tradicionalmente, nossas experiências em avaliação são mar-
de ver o mundo. Esse “certo modo” de ver o mundo, que está im-
bricado na ação do professor, traz para nossas ações reflexos de cadas por uma concepção que classifica as aprendizagens em cer-
nossa cultura e de nossas práticas vividas, que ainda estão muito tas ou erradas e, dessa forma, termina por separar aqueles estudan-
impregnados pela lógica da classificação e da seleção, no que tange tes que aprenderam os conteúdos programados para a série em que
à avaliação escolar. se encontram daqueles que não aprenderam.
Um exemplo diz respeito ao uso das notas escolares que co- Essa perspectiva de avaliação classificatória e seletiva, muitas
locam os avaliados em uma situação classificatória. Nossa cultura vezes, torna-se um fator de exclusão escolar. Entretanto, é possí-
meritocrática naturaliza o uso das notas a fim de classificar os me- vel concebermos uma perspectiva de avaliação cuja vivência seja
lhores e os piores avaliados. marcada pela lógica da inclusão, do diálogo, da construção da au-
Em termos de educação escolar, os melhores seguirão em fren- tonomia, da mediação, da participação, da construção da responsa-
te, os piores voltarão para o início da fila, refazendo todo o caminho bilidade com o coletivo.
percorrido ao longo de um período de estudos. Essa concepção é Tal perspectiva de avaliação alinha-se com a proposta de uma
naturalmente incorporada em nossas práticas e nos esquecemos de escola mais democrática, inclusiva, que considera as infindáveis
pensar sobre o que, de fato, está oculto e encoberto por ela. possibilidades de realização de aprendizagens por parte dos es-
Em nossa sociedade, de um modo geral, ainda é bastante co- tudantes. Essa concepção de avaliação parte do princípio de que
mum as pessoas entenderem que não se pode avaliar sem que os todas as pessoas são capazes de aprender e de que as ações educa-
estudantes recebam uma nota pela sua produção. tivas, as estratégias de ensino, os conteúdos das disciplinas devem
Avaliar, para o senso comum, aparece como sinônimo de me- ser planejados a partir dessas infinitas possibilidades de aprender
dida, de atribuição de um valor em forma de nota ou conceito. Po- dos estudantes.
rém, nós, professores, temos o compromisso de ir além do senso Pode-se perceber, portanto, que as intenções e usos da avalia-
comum e não confundir avaliar com medir. Avaliar é um processo ção estão fortemente influenciados pelas concepções de educação
em que realizar provas e testes, atribuir notas ou conceitos é apenas que orientam a sua aplicação.
parte do todo. Hoje, é voz corrente afirmar-se que a avaliação não deve ser
A avaliação é uma atividade orientada para o futuro. Avalia-se usada com o objetivo de punir, de classificar ou excluir. Usualmen-
para tentar manter ou melhorar nossa atuação futura. Essa é a base te, associa-se mais a avaliação somativa a estes objetivos exclu-
da distinção entre medir e avaliar. Medir refere-se ao presente e ao dentes. Entretanto, tanto a avaliação somativa quanto a formativa
passado e visa obter informações a respeito do progresso efetuado podem levar a processos de exclusão e classificação, na dependên-
pelos estudantes. Avaliar refere-se à reflexão sobre as informações cia das concepções que norteiem o processo educativo.

Didatismo e Conhecimento 50
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
A prática da avaliação pode acontecer de diferentes manei- A avaliação formativa, assim, favorece os processos de au-
ras. Deve estar relacionada com a perspectiva para nós coerente toavaliação, prática ainda não incorporada de maneira formal em
com os princípios de aprendizagem que adotamos e com o enten- nossas escolas.
dimento da função que a educação escolar deve ter na sociedade. Instaurar uma cultura avaliativa, no sentido de uma avaliação
Se entendermos que os estudantes aprendem de variadas formas, entendida como parte inerente do processo e não marcada apenas
em tempos nem sempre tão homogêneos, a partir de diferentes vi- por uma atribuição de nota, não é tarefa muito fácil.
vências pessoais e experiências anteriores e, junto a isso, se enten- Uma pergunta, portanto, que o coletivo escolar necessita res-
dermos que o papel da escola deva ser o de incluir, de promover ponder diz respeito às concepções de educação que orientam sua
crescimento, de desenvolver possibilidades para que os sujeitos prática pedagógica, incluindo o processo de avaliação. Qual o en-
realizem aprendizagens vida afora, de socializar experiências, de tendimento que a escola construiu sobre sua concepção de educação
perpetuar e construir cultura, devemos entender a avaliação como e de avaliação?
promotora desses princípios, portanto, seu papel não deve ser o de Há pelos menos dois aspectos sobre os quais a escola precisa
classificar e selecionar os estudantes, mas sim o de auxiliar pro- refletir, como parte de sua concepção de educação. Um diz respeito
fessores e estudantes a compreenderem de forma mais organizada à exclusão que ela pode realizar, caso afaste os estudantes da cul-
seus processos de ensinar e aprender. Essa perspectiva exige uma tura, do conhecimento escolar e da própria escola, pela indução da
prática avaliativa que não deve ser concebida como algo distinto evasão por meio de reprovação, como já foi abordado no texto sobre
do processo de aprendizagem. currículo e cultura.
Entender e realizar uma prática avaliativa ao longo do proces- Aqui os processos de avaliação podem atuar para legitimar a
so é pautar o planejamento dessa avaliação, bem como construir exclusão, dando uma aparência científica à avaliação e transferindo
seus instrumentos, partindo das interações que vão se construindo a responsabilidade da exclusão para o próprio estudante.
no interior da sala de aula com os estudantes e suas possibilidades 1. É fundamental transformar a prática avaliativa em prática
de entendimentos dos conteúdos que estão sendo trabalhados. de aprendizagem.
A avaliação tem como foco fornecer informações acerca das 2. É necessário avaliar como condição para a mudança de
ações de aprendizagem e, portanto, não pode ser realizada apenas prática e para o redimensionamento do processo de ensino/apren-
ao final do processo, sob pena de perder seu propósito. Podemos dizagem.
chamar essa perspectiva de avaliação formativa. 3. Avaliar faz parte do processo de ensino e de aprendizagem:
Segundo Allal (1986), “os processos de avaliação formativa não ensinamos sem avaliar, não aprendemos sem avaliar. Dessa
forma, rompe-se com a falsa dicotomia entre ensino e avaliação,
são concebidos para permitir ajustamentos sucessivos durante o
como se esta fosse apenas o final de um processo.
desenvolvimento e a experimentação do curriculum”. Perrenoud
Outro aspecto diz respeito ao papel esperado dos estudantes na
(1999) define a avaliação formativa como “um dos componentes
escola e o desenvolvimento de sua autonomia e auto direção. Neste
de um dispositivo de individualização dos percursos de formação
caso, a avaliação pode ser usada para gerar a subordinação do estu-
e de diferenciação das intervenções e dos enquadramentos peda-
dante e não para valorizar seu papel como sujeito de direitos com
gógicos”.
capacidade para decidir.
Outro aspecto fundamental de uma avaliação formativa diz
A escola, portanto, não é apenas um local onde se aprende um
respeito à construção da autonomia por parte do estudante, na determinado conteúdo escolar, mas um espaço onde se aprende a
medida em que lhe é solicitado um papel ativo em seu proces- construir relações com as “coisas” (mundo natural) e com as “pes-
so de aprender. Ou seja, a avaliação formativa, tendo como foco soas” (mundo social).
o processo de aprendizagem, numa perspectiva de interação e de Essas relações devem propiciar a inclusão de todos e o desen-
diálogo, coloca também no estudante, e não apenas no professor, a volvimento da autonomia e auto direção dos estudantes, com vistas
responsabilidade por seus avanços e suas necessidades. Para tal, é a que participem como construtores de uma nova vida social.
necessário que o estudante conheça os conteúdos que irá aprender, A importância dessa compreensão é fundamental para que se
os objetivos que deverá alcançar, bem como os critérios que serão possa, no processo pedagógico, orientar a avaliação para essas fina-
utilizados para verificar e analisar seus avanços de aprendizagem. lidades. Entretanto, isso não retira, nem um pouco, a importância da
Nessa perspectiva, a autoavaliação torna-se uma ferramenta im- aprendizagem dos conteúdos escolares mais específicos e que são
portante, capaz de propiciar maior responsabilidade aos estudantes igualmente importantes para a formação dos estudantes. Se, por um
acerca de seu próprio processo de aprendizagem e de construção lado, a escola deve valorizar a capacidade dos estudantes de criar e
da autonomia. expressar sua cultura, por outro, vivendo em um mundo altamente
A avaliação formativa é aquela em que o professor está atento tecnológico e exigente, as contribuições já sistematizadas das varia-
aos processos e às aprendizagens de seus estudantes. O professor das ciências e das artes não podem ser ignoradas no trabalho escolar.
não avalia com o propósito de dar uma nota, pois dentro de uma
lógica formativa, a nota é uma decorrência do processo e não o seu A característica processual da avaliação
fim último. O professor entende que a avaliação é essencial para
dar prosseguimento aos percursos de aprendizagem. Normalmente, a noção de avaliação é reduzida à medição de
Continuamente, ela faz parte do cotidiano das tarefas propos- competências e habilidades que um estudante exibe ao final de um
tas, das observações atentas do professor, das práticas de sala de determinado período ou processo de aprendizagem. Vista assim, a
aula. Por fim, podemos dizer que avaliação formativa é aquela que avaliação é uma forma de se verificar se o estudante aprendeu ou
orienta os estudantes para a realização de seus trabalhos e de suas não o conteúdo ensinado. Embora isso possa fazer parte do conceito
aprendizagens, ajudando-os a localizar suas dificuldades e suas po- de avaliação, ela é mais ampla e envolve também outras esferas da
tencialidades, redirecionando-os em seus percursos. sala de aula.

Didatismo e Conhecimento 51
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
É sabido, por exemplo, que o professor procura respaldo na vação oficializada em uma prova, por exemplo, é de fato, apenas a
avaliação para exercer o controle sobre o comportamento dos estu- consequência de uma relação professor-aluno malsucedida durante
dantes na sala de aula. Isso acontece porque a sala de aula isolou-se o processo de ensino-aprendizagem.
tanto da vida real que os motivadores naturais da aprendizagem Quando o estudante é reprovado em uma situação de prova, de
tiveram que ser substituídos por motivadores artificiais, entre eles a fato, ele já havia sido reprovado, antes, no processo. Foi a relação
nota. Assim, o estudante estuda apenas para ter uma nota e não para professor-aluno que o reprovou. Isso deve alertar o professor para
ter suas possibilidades e leitura do mundo ampliadas. Isso, é claro, a necessidade de uma relação bem-sucedida, motivadora e positi-
limita os horizontes da formação do estudante e da própria avalia- va para com o estudante durante o processo de aprendizagem, no
ção. O poder de dar uma nota não raramente é usado para induzir qual se evite o uso de procedimentos e ações que contribuam para
subordinação e controlar o comportamento do estudante em sala. a criação de uma autoimagem negativa.
Além disso, nem sempre o professor avalia apenas o conheci- Pode-se afirmar, igualmente, que mesmo nas situações de or-
mento que o estudante adquiriu em um determinado processo de ganização curricular baseada em ciclos e em progressão continua-
aprendizagem, mas também seus valores ou atitudes. Dessa forma, da, o fato de se eliminar o poder de reprovação dos instrumentos
ao conceituarmos a avaliação escolar, realizada nas salas de aula, avaliativos não significa que não esteja havendo avaliação.
devemos levar em conta que são vários os aspectos incluídos nesta Tanto os ciclos quanto a progressão continuada, em algumas
definição: o conhecimento aprendido pelo estudante e seu desen-
situações, permanecem fazendo uso de técnicas informais de ava-
volvimento, o comportamento do estudante e seus valores e atitu-
liação (observações, trabalhos sem critérios muito definidos etc.)
des.
inerentes ao processo de ensino-aprendizagem que podem até ser
Alguns desses aspectos são avaliados formalmente (em pro-
mais perversos que as próprias provas formais, quando usadas
vas, por exemplo), mas outros são avaliados informalmente (nas
conversas com os estudantes, no dia-a-dia da sala de aula). Investi- com propósito classificatório e excludente.
gar, portanto, como está ocorrendo a avaliação em sua sala de aula Dessa forma, podemos perceber o quanto é fundamental ava-
– considerando os aspectos formais e informais – pode ser um bom liar os processos de aprendizagem dos estudantes na escola em
começo para aprimorar as práticas avaliativas usadas. ciclos. Como fazer com que os estudantes aprendam aquilo que
Em decorrência desses aspectos informais, avaliamos muito não vêm conseguindo aprender? É preciso, antes de mais nada,
mais do que pensamos avaliar. Nas salas de aulas, estamos perma- avaliar. Depois, traçar estratégias e maneiras de intervenção junto
nentemente emitindo juízos de valor sobre os estudantes (frequen- aos estudantes que favoreçam a aprendizagem.
temente de forma pública). Esses juízos de valores vão conforman- Um equívoco que parece persistir, ainda entre parte dos edu-
do imagens e representações entre professores e estudantes, entre cadores, desde as primeiras experiências com ciclos básicos e
estudantes e professores e entre os próprios estudantes. promoção automática no Brasil, é o de que combater a reprovação
Devemos ter em mente que, em nossa prática, não estamos implica em não avaliar o processo de ensino-aprendizagem dos
avaliando nossos estudantes e crianças, mas as aprendizagens que estudantes, em não fazer provas, em não fazer testes, em não atri-
eles realizam. Entre o formal e o informal na avaliação vimos que buir notas ou conceitos que reflitam tal processo.
todo processo avaliativo implica na formulação de juízos de valor Um outro equívoco ainda parece relacionar-se com essa
ou em apreciações. É próprio do ser humano projetar o seu futuro questão: há uma máxima de que os estudantes, ao não serem re-
e, depois, comparar com o que conseguiu, de fato, realizar e emitir provados, não aprendem e saem da escola sem aprender o básico
um juízo de valor. Pode-se dizer que, nesse sentido, a avaliação faz de leitura, escrita e matemática.
parte do ser humano. Diz o senso comum que “os estudantes estão saindo da escola
Porém, é importante chamar a atenção para o fato de que se o sem aprender, porque não são avaliados e não são reprovados!”
juízo de valor é algo inerente ao ser humano, o uso que é feito de Tal equívoco nos remete a outra máxima, que já faz parte de nossa
tal juízo, com o objetivo de classificar e excluir, não é. Em páginas cultura escolar: a de que a reprovação é garantidora de uma maior
anteriores, vimos como isso depende da concepção de educação qualidade do ensino. Poderíamos reduzir toda a riqueza do ato
que se quer utilizar. de educar ao momento da promoção ou retenção dos estudantes?
Na sala de aula, boa parte das atividades que vão sendo rea-
Ora, o que viabiliza uma melhor qualidade de ensino são
lizadas tende a gerar juízos de valor por parte de professores e es-
professores bem formados e informados; condições de trabalho;
tudantes. Não é apenas em uma situação de prova que os juízos se
recursos materiais; escolas arejadas, claras e limpas, com mobi-
desenvolvem tendo por base as respostas dadas pelos estudantes.
liário adequado, com espaços de estudo, de pesquisa e prazer para
Esses juízos de valor interferem (para o bem ou para o mal) nas
relações entre os professores e os estudantes. Não são raras as si- professores e estudantes, sempre, é claro, fazendo uso dessas con-
tuações em que os professores começam a orientar suas estratégias dições com seriedade e responsabilidade, de maneira a garantir a
metodológicas em função de seus juízos de valor sobre os estudan- aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes.
tes, configurando uma situação delicada, principalmente quando os
juízos negativos de valor passam a comandar a ação metodológica O cotidiano e suas possíveis práticas de avaliação das
do professor. Nesses casos, há um contínuo prejuízo do estudante, aprendizagens
pois o preconceito que se forma sobre ele termina por retirar as
próprias oportunidades de aprendizagem do estudante. Inúmeras práticas avaliativas permeiam o cotidiano esco-
O acompanhamento dessas situações revela que, ao agirem lar. Em uma mesma escola, ou até em uma sala de aula, é pos-
assim, esses professores terminam por afetar negativamente a au- sível identificarmos práticas de avaliação concebidas a partir
toimagem do estudante, o que representa um fator contrário à mo- de diferentes perspectivas teóricas e concepções pedagógicas
tivação do aluno para a aprendizagem. Podemos dizer que a repro- e de ensino.

Didatismo e Conhecimento 52
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Isso é natural, uma vez que nossas práticas incorporam dife- LEI Nº 9.394, DE 20 DE DEZEMBRO DE 1996
rentes vivências e modelos, bem como são permeadas por nossas
crenças e princípios, nem sempre tão coerentes assim. A escola, ao Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
longo das décadas, vem passando por inúmeras transformações do
ponto de vista das concepções pedagógicas e correntes teóricas. O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con-
A cada período, podemos considerar que a escola incorpora gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
determinadas práticas, rejeita outras, perpetua outras tantas. No
entanto, é importante perceber que, mais do que defender uma ou TÍTULO I
outra corrente teórica, a busca pela coerência nas ações educativas Da Educação
deve ser o norte do professor. Por exemplo, se, como professor,
propicio sempre estudos em grupo em sala de aula, no momento de Art. 1º A educação abrange os processos formativos que se
avaliar também devo manter uma certa coerência com essa meto- desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no traba-
dologia implementada em sala de aula. Se mobilizo os estudantes lho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais
a estarem sempre identificando informações e pouco promovo si- e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais.
tuações de análise e reflexão, tal competência não será cobrada no
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se desenvolve,
momento da avaliação. Primeiro ela terá que ser vivenciada pelos
predominantemente, por meio do ensino, em instituições próprias.
estudantes no seu nível de desenvolvimento.
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo do tra-
balho e à prática social.
Referência:
BRASIL: Ministério da Educação. Indagações sobre cur-
rículo: currículo e avaliação / [Cláudia de Oliveira Fernandes, TÍTULO II
Luiz Carlos de Freitas]; organização do documento Jeanete Beau- Dos Princípios e Fins da Educação Nacional
champ, Sandra Denise Pagel, Aricélia Ribeiro do Nascimento. –
Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos
2007. princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem
por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

9. LEI FEDERAL Nº 9.394, DE 20/12/1996 - Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes prin-
LEI DE DIRETRIZES E BASES DA cípios:
EDUCAÇÃO NACIONAL. I - igualdade de condições para o acesso e permanência na
escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cul-
tura, o pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
A Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96) - LDB - é a lei orgâ- IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
nica e geral da educação brasileira. Como o próprio nome diz, dita V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
as diretrizes e as bases da organização do sistema educacional. O VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos ofi-
mais interessante da LDB é que ela foge do que é, infelizmente o ciais;
mais comum na legislação brasileira: ser muito detalhista. A LDB VII - valorização do profissional da educação escolar;
não é detalhista, ela dá muita liberdade para as escolas, para os VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta
sistemas de ensino dos municípios e dos estados, fixando normas Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
gerais. IX - garantia de padrão de qualidade;
A primeira Lei de Diretrizes e Bases foi criada em 1961. Uma
X - valorização da experiência extraescolar;
nova versão foi aprovada em 1971 e a terceira, ainda vigente no
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as prá-
Brasil, foi sancionada em 1996.
ticas sociais.
Alguns pontos da LDB vigente, desde então, são considerados
XII - consideração com a diversidade étnico-racial. 
ganhos importantes para os cidadãos: “a União deve gastar no mí-
nimo 18% e os estados e municípios no mínimo 25% de seus orça-
mentos na manutenção e desenvolvimento do ensino público” (art. TÍTULO III
69); o Ensino fundamental passa a ser obrigatório e gratuito (art. 4) Do Direito à Educação e do Dever de Educar
e; a educação infantil (creches e pré-escola) se torna oficialmente
a primeira etapa da educação básica. Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será
efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17
(dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma: 
a) pré-escola; 
b) ensino fundamental; 
c) ensino médio; 

Didatismo e Conhecimento 53
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as se-
de idade;  guintes condições:
III - atendimento educacional especializado gratuito aos edu- I - cumprimento das normas gerais da educação nacional e do
candos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento respectivo sistema de ensino;
e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, II - autorização de funcionamento e avaliação de qualidade
etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino;  pelo Poder Público;
IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e mé- III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o previsto
dio para todos os que não os concluíram na idade própria;  no art. 213 da Constituição Federal.
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e
da criação artística, segundo a capacidade de cada um; TÍTULO IV
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições Da Organização da Educação Nacional
do educando;
VII - oferta de educação escolar regular para jovens e adultos, Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
com características e modalidades adequadas às suas necessidades organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas
e disponibilidades, garantindo-se aos que forem trabalhadores as de ensino.
condições de acesso e permanência na escola; § 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de
VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas da edu- educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo
cação básica, por meio de programas suplementares de material função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais
didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde;  instâncias educacionais.
IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, definidos como § 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos
a variedade e quantidade mínimas, por aluno, de insumos indispen- termos desta Lei.
sáveis ao desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem.
X – vaga na escola pública de educação infantil ou de ensino Art. 9º A União incumbir-se-á de: (Regulamento)
fundamental mais próxima de sua residência a toda criança a partir I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração
do dia em que completar 4 (quatro) anos de idade. com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições
Art. 5° O acesso à educação básica obrigatória é direito pú-
oficiais do sistema federal de ensino e o dos Territórios;
blico subjetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, as-
III - prestar assistência técnica e financeira aos Estados, ao
sociação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou
Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de seus
outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acio-
sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade obri-
nar o poder público para exigi-lo.   
gatória, exercendo sua função redistributiva e supletiva;
§ 1o O poder público, na esfera de sua competência federativa,
IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito
deverá: 
Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educa-
I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em idade
ção infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão
escolar, bem como os jovens e adultos que não concluíram a edu-
cação básica;  os currículos e seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar for-
II - fazer-lhes a chamada pública; mação básica comum;
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o Distrito
escola. Federal e os Municípios, diretrizes e procedimentos para identifi-
§ 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Público as- cação, cadastramento e atendimento, na educação básica e na edu-
segurará em primeiro lugar o acesso ao ensino obrigatório, nos cação superior, de alunos com altas habilidades ou superdotação;
termos deste artigo, contemplando em seguida os demais níveis e (Incluído pela Lei nº 13.234, de 2015)
modalidades de ensino, conforme as prioridades constitucionais e V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a educa-
legais. ção;
§ 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo VI - assegurar processo nacional de avaliação do rendimento
tem legitimidade para peticionar no Poder Judiciário, na hipótese escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração
do § 2º do art. 208 da Constituição Federal, sendo gratuita e de rito com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades
sumário a ação judicial correspondente. e a melhoria da qualidade do ensino;
§ 4º Comprovada a negligência da autoridade competente VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação e pós-
para garantir o oferecimento do ensino obrigatório, poderá ela ser graduação;
imputada por crime de responsabilidade. VIII - assegurar processo nacional de avaliação das institui-
§ 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de en- ções de educação superior, com a cooperação dos sistemas que
sino, o Poder Público criará formas alternativas de acesso aos tiverem responsabilidade sobre este nível de ensino;
diferentes níveis de ensino, independentemente da escolarização IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar,
anterior. respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e
os estabelecimentos do seu sistema de ensino.      
Art. 6° É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula § 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho Nacional
das crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de de Educação, com funções normativas e de supervisão e atividade
idade.  permanente, criado por lei.

Didatismo e Conhecimento 54
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
§ 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a IX, a V - prover meios para a recuperação dos alunos de menor ren-
União terá acesso a todos os dados e informações necessários de dimento;
todos os estabelecimentos e órgãos educacionais. VI - articular-se com as famílias e a comunidade, criando pro-
§ 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser de- cessos de integração da sociedade com a escola;
legadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que mantenham VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus fi-
instituições de educação superior. lhos, e, se for o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e
  rendimento dos alunos, bem como sobre a execução da proposta
Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de: pedagógica da escola;
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições ofi- VIII – notificar ao Conselho Tutelar do Município, ao juiz
ciais dos seus sistemas de ensino; competente da Comarca e ao respectivo representante do Minis-
II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na ofer- tério Público a relação dos alunos que apresentem quantidade de
ta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a distribuição faltas acima de cinquenta por cento do percentual permitido em lei.
proporcional das responsabilidades, de acordo com a população a
ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma des- Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
sas esferas do Poder Público; I - participar da elaboração da proposta pedagógica do estabe-
III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em lecimento de ensino;
consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação, in- II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta
tegrando e coordenando as suas ações e as dos seus Municípios; pedagógica do estabelecimento de ensino;
IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de
os estabelecimentos do seu sistema de ensino; menor rendimento;
V - baixar normas complementares para o seu sistema de en- V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além
sino; de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamen-
VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com priorida- to, à avaliação e ao desenvolvimento profissional;
de, o ensino médio a todos que o demandarem, respeitado o dispos- VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com
to no art. 38 desta Lei;  as famílias e a comunidade.
VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede estadual. 
Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as compe- Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão
tências referentes aos Estados e aos Municípios. democrática do ensino público na educação básica, de acordo com
as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: I - participação dos profissionais da educação na elaboração
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições do projeto pedagógico da escola;
oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas e II - participação das comunidades escolar e local em conse-
planos educacionais da União e dos Estados; lhos escolares ou equivalentes.
II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas;
III - baixar normas complementares para o seu sistema de en- Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unidades esco-
lares públicas de educação básica que os integram progressivos
sino;
graus de autonomia pedagógica e administrativa e de gestão finan-
IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos
ceira, observadas as normas gerais de direito financeiro público.
do seu sistema de ensino;
V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e,
Art. 16. O sistema federal de ensino compreende:(Regula-
com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em ou-
mento)
tros níveis de ensino somente quando estiverem atendidas plena-
I - as instituições de ensino mantidas pela União;
mente as necessidades de sua área de competência e com recursos
II - as instituições de educação superior criadas e mantidas
acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Fede- pela iniciativa privada;
ral à manutenção e desenvolvimento do ensino. III - os órgãos federais de educação.
VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal. 
Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, por se Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito Fe-
integrar ao sistema estadual de ensino ou compor com ele um siste- deral compreendem:
ma único de educação básica. I - as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo
Poder Público estadual e pelo Distrito Federal;
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas II - as instituições de educação superior mantidas pelo Poder
comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de: Público municipal;
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; III - as instituições de ensino fundamental e médio criadas e
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais e finan- mantidas pela iniciativa privada;
ceiros; IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal,
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula es- respectivamente.
tabelecidas; Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de edu-
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada cação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada, integram
docente; seu sistema de ensino.

Didatismo e Conhecimento 55
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Art. 18. Os sistemas municipais de ensino compreendem: § 1º A escola poderá reclassificar os alunos, inclusive quando
I - as instituições do ensino fundamental, médio e de educação se tratar de transferências entre estabelecimentos situados no País
infantil mantidas pelo Poder Público municipal; e no exterior, tendo como base as normas curriculares gerais.
II - as instituições de educação infantil criadas e mantidas pela § 2º O calendário escolar deverá adequar-se às peculiaridades
iniciativa privada; locais, inclusive climáticas e econômicas, a critério do respectivo
III – os órgãos municipais de educação. sistema de ensino, sem com isso reduzir o número de horas letivas
previsto nesta Lei.
Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis classi-
ficam-se nas seguintes categorias administrativas: (Regulamento) Art. 24. A educação básica, nos níveis fundamental e médio,
I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorporadas, será organizada de acordo com as seguintes regras comuns:
I - a carga horária mínima anual será de oitocentas horas, distri-
mantidas e administradas pelo Poder Público;
buídas por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar,
II - privadas, assim entendidas as mantidas e administradas
excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver;
por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado. II - a classificação em qualquer série ou etapa, exceto a primeira
do ensino fundamental, pode ser feita:
Art. 20. As instituições privadas de ensino se enquadrarão nas a) por promoção, para alunos que cursaram, com aproveitamen-
seguintes categorias: (Regulamento) to, a série ou fase anterior, na própria escola;
I - particulares em sentido estrito, assim entendidas as que são b) por transferência, para candidatos procedentes de outras es-
instituídas e mantidas por uma ou mais pessoas físicas ou jurídicas colas;
de direito privado que não apresentem as características dos inci- c) independentemente de escolarização anterior, mediante ava-
sos abaixo; liação feita pela escola, que defina o grau de desenvolvimento e ex-
II - comunitárias, assim entendidas as que são instituídas por periência do candidato e permita sua inscrição na série ou etapa ade-
grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, quada, conforme regulamentação do respectivo sistema de ensino;
inclusive cooperativas educacionais, sem fins lucrativos, que in- III - nos estabelecimentos que adotam a progressão regular por
cluam na sua entidade mantenedora representantes da comunida- série, o regimento escolar pode admitir formas de progressão par-
de;  cial, desde que preservada a sequência do currículo, observadas as
III - confessionais, assim entendidas as que são instituídas por normas do respectivo sistema de ensino;
grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com alunos de sé-
que atendem a orientação confessional e ideologia específicas e ao ries distintas, com níveis equivalentes de adiantamento na matéria,
para o ensino de línguas estrangeiras, artes, ou outros componentes
disposto no inciso anterior;
curriculares;
IV - filantrópicas, na forma da lei.
V - a verificação do rendimento escolar observará os seguintes
critérios:
TÍTULO V a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho do aluno,
Dos Níveis e das Modalidades de Educação e Ensino com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e
CAPÍTULO I dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas
Da Composição dos Níveis Escolares finais;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos com atra-
Art. 21. A educação escolar compõe-se de: so escolar;
I - educação básica, formada pela educação infantil, ensino c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries mediante ve-
fundamental e ensino médio; rificação do aprendizado;
II - educação superior. d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito;
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de preferência
CAPÍTULO II paralelos ao período letivo, para os casos de baixo rendimento es-
DA EDUCAÇÃO BÁSICA colar, a serem disciplinados pelas instituições de ensino em seus
Seção I regimentos;
Das Disposições Gerais VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, conforme
o disposto no seu regimento e nas normas do respectivo sistema de
ensino, exigida a frequência mínima de setenta e cinco por cento do
Art. 22. A educação básica tem por finalidades desenvolver
total de horas letivas para aprovação;
o educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para
VII - cabe a cada instituição de ensino expedir históricos esco-
o exercício da cidadania e fornecer-lhe meios para progredir no lares, declarações de conclusão de série e diplomas ou certificados
trabalho e em estudos posteriores. de conclusão de cursos, com as especificações cabíveis.
Art. 23. A educação básica poderá organizar-se em séries Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades responsáveis
anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos alcançar relação adequada entre o número de alunos e o professor, a
de estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na compe- carga horária e as condições materiais do estabelecimento.
tência e em outros critérios, ou por forma diversa de organização, Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de ensino, à vista
sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o re- das condições disponíveis e das características regionais e locais,
comendar. estabelecer parâmetro para atendimento do disposto neste artigo.

Didatismo e Conhecimento 56
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino funda- luta dos negros e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e
mental e do ensino médio devem ter base nacional comum, a ser indígena brasileira e o negro e o índio na formação da sociedade
complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabeleci- nacional, resgatando as suas contribuições nas áreas social, econô-
mento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas caracte- mica e política, pertinentes à história do Brasil. 
rísticas regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e § 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasileira
dos educandos.  e dos povos indígenas brasileiros serão ministrados no âmbito de
§ 1º Os currículos a que se refere o  caput  devem abranger, todo o currículo escolar, em especial nas áreas de educação artísti-
obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, ca e de literatura e história brasileiras.
o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e
política, especialmente do Brasil. Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica obser-
§ 2o O ensino da arte, especialmente em suas expressões re- varão, ainda, as seguintes diretrizes:
gionais, constituirá componente curricular obrigatório nos diversos I - a difusão de valores fundamentais ao interesse social, aos
níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao bem comum e à
cultural dos alunos ordem democrática;
§ 3o A educação física, integrada à proposta pedagógica da es- II - consideração das condições de escolaridade dos alunos em
cola, é componente curricular obrigatório da educação básica, sen- cada estabelecimento;
do sua prática facultativa ao aluno:  III - orientação para o trabalho;
I – que cumpra jornada de trabalho igual ou superior a seis IV - promoção do desporto educacional e apoio às práticas
horas;  desportivas não-formais.
II – maior de trinta anos de idade; 
III – que estiver prestando serviço militar inicial ou que, em Art. 28. Na oferta de educação básica para a população rural,
situação similar, estiver obrigado à prática da educação física; os sistemas de ensino promoverão as adaptações necessárias à sua
IV – amparado pelo  Decreto-Lei no  1.044, de 21 de outubro adequação às peculiaridades da vida rural e de cada região, espe-
de 1969; cialmente:
V – (Vetado)  I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais
VI – que tenha prole. necessidades e interesses dos alunos da zona rural;
§ 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as contri- II - organização escolar própria, incluindo adequação do ca-
buições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo lendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáti-
brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e euro- cas;
peia. III - adequação à natureza do trabalho na zona rural.
§ 5º Na parte diversificada do currículo será incluído, obriga- Parágrafo único.   O fechamento de escolas do campo, indí-
toriamente, a partir da quinta série, o ensino de pelo menos uma genas e quilombolas será precedido de manifestação do órgão
língua estrangeira moderna, cuja escolha ficará a cargo da comuni- normativo do respectivo sistema de ensino, que considerará a jus-
dade escolar, dentro das possibilidades da instituição. tificativa apresentada pela Secretaria de Educação, a análise do
§ 6o As artes visuais, a dança, a música e o teatro são as lingua- diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da comunidade
gens que constituirão o componente curricular de que trata o § 2o escolar. (Incluído pela Lei nº 12.960, de 2014)
deste artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.278, de 2016).
§ 7o Os currículos do ensino fundamental e médio devem in- Seção II
cluir os princípios da proteção e defesa civil e a educação ambiental Da Educação Infantil
de forma integrada aos conteúdos obrigatórios.   
§ 8º A exibição de filmes de produção nacional constituirá Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação bási-
componente curricular complementar integrado à proposta pedagó- ca, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de
gica da escola, sendo a sua exibição obrigatória por, no mínimo, 2 até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual
(duas) horas mensais. (Incluído pela Lei nº 13.006, de 2014) e social, complementando a ação da família e da comunidade.
§ 9o Conteúdos relativos aos direitos humanos e à prevenção de
todas as formas de violência contra a criança e ao adolescente serão Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
incluídos, como temas transversais, nos currículos escolares de que I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três
trata o caput deste artigo, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 anos de idade;
de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), observada II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos
a produção e distribuição de material didático adequado. (Incluído de idade.  
pela Lei nº 13.010, de 2014)
Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as
Art. 26.A-  Nos estabelecimentos de ensino fundamental e de seguintes regras comuns: 
ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo da I - avaliação mediante acompanhamento e registro do desen-
história e cultura afro-brasileira e indígena. volvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para
§ 1o  O conteúdo programático a que se refere este artigo in- o acesso ao ensino fundamental; 
cluirá diversos aspectos da história e da cultura que caracterizam II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, dis-
a formação da população brasileira, a partir desses dois grupos ét- tribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho edu-
nicos, tais como o estudo da história da África e dos africanos, a cacional; 

Didatismo e Conhecimento 57
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental incluirá pelo
diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada in- menos quatro horas de trabalho efetivo em sala de aula, sendo pro-
tegral;  gressivamente ampliado o período de permanência na escola.
IV - controle de frequência pela instituição de educação pré- § 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das formas
-escolar, exigida a frequência mínima de 60% (sessenta por cento) alternativas de organização autorizadas nesta Lei.
do total de horas;  § 2º O ensino fundamental será ministrado progressivamente
V - expedição de documentação que permita atestar os proces- em tempo integral, a critério dos sistemas de ensino.
sos de desenvolvimento e aprendizagem da criança.  
Seção IV
Seção III Do Ensino Médio
Do Ensino Fundamental
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com
Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 duração mínima de três anos, terá como finalidades:
(nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) I - a consolidação e o aprofundamento dos conhecimentos ad-
anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, me- quiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento
diante:  de estudos;
I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do edu-
meios básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo; cando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adap-
II - a compreensão do ambiente natural e social, do sistema tar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfei-
político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se funda- çoamento posteriores;
menta a sociedade; III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, in-
III - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, ten- cluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia inte-
do em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a forma- lectual e do pensamento crítico;
ção de atitudes e valores; IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos
IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no
ensino de cada disciplina.
solidariedade humana e de tolerância recíproca em que se assenta
a vida social.
Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na
§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino
Seção I deste Capítulo e as seguintes diretrizes:
fundamental em ciclos.
I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por
significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico
série podem adotar no ensino fundamental o regime de progres-
de transformação da sociedade e da cultura; a língua portugue-
são continuada, sem prejuízo da avaliação do processo de ensi-
sa como instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e
no-aprendizagem, observadas as normas do respectivo sistema de exercício da cidadania;
ensino. II - adotará metodologias de ensino e de avaliação que estimu-
§ 3º O ensino fundamental regular será ministrado em língua lem a iniciativa dos estudantes;
portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização de III - será incluída uma língua estrangeira moderna, como
suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. disciplina obrigatória, escolhida pela comunidade escolar, e uma
§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a segunda, em caráter optativo, dentro das disponibilidades da ins-
distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em tituição.
situações emergenciais. IV – serão incluídas a Filosofia e a Sociologia como discipli-
§ 5o O currículo do ensino fundamental incluirá, obrigatoria- nas obrigatórias em todas as séries do ensino médio.
mente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adoles- § 1º Os conteúdos, as metodologias e as formas de avaliação
centes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, serão organizados de tal forma que ao final do ensino médio o
que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, observada a educando demonstre:
produção e distribuição de material didático adequado. I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos que pre-
§ 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído como sidem a produção moderna;
tema transversal nos currículos do ensino fundamental. II - conhecimento das formas contemporâneas de linguagem;
III- (Revogado)
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, é par- § 2º (Revogado)
te integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina § 3º Os cursos do ensino médio terão equivalência legal e ha-
dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, bilitarão ao prosseguimento de estudos.
assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, § 4º (Revogado)
vedadas quaisquer formas de proselitismo.
§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos Seção IV-A
para a definição dos conteúdos do ensino religioso e estabelecerão Da Educação Profissional Técnica de Nível Médio
as normas para a habilitação e admissão dos professores.
§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída Art. 36.A-  Sem prejuízo do disposto na Seção IV deste Ca-
pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos con- pítulo, o ensino médio, atendida a formação geral do educando,
teúdos do ensino religioso. poderá prepará-lo para o exercício de profissões técnicas.

Didatismo e Conhecimento 58
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Parágrafo único.  A preparação geral para o trabalho e, facul- § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a
tativamente, a habilitação profissional poderão ser desenvolvidas permanência do trabalhador na escola, mediante ações integradas
nos próprios estabelecimentos de ensino médio ou em cooperação e complementares entre si.
com instituições especializadas em educação profissional.  § 3o A educação de jovens e adultos deverá articular-se, pre-
ferencialmente, com a educação profissional, na forma do regula-
Art. 36.B-  A educação profissional técnica de nível médio mento.
será desenvolvida nas seguintes formas:
I - articulada com o ensino médio; Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exames su-
II - subsequente, em cursos destinados a quem já tenha con- pletivos, que compreenderão a base nacional comum do currículo,
cluído o ensino médio. habilitando ao prosseguimento de estudos em caráter regular.
Parágrafo único.  A educação profissional técnica de nível mé- § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-se-ão:
dio deverá observar: I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para os maio-
I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes curricula- res de quinze anos;
res nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação;  II - no nível de conclusão do ensino médio, para os maiores
II - as normas complementares dos respectivos sistemas de de dezoito anos.
ensino;  § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos educan-
III - as exigências de cada instituição de ensino, nos termos de dos por meios informais serão aferidos e reconhecidos mediante
seu projeto pedagógico.  exames.
CAPÍTULO III
Art. 36.C-  A educação profissional técnica de nível médio ar- DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
ticulada, prevista no inciso I do caput do art. 36-B desta Lei, será Da Educação Profissional e Tecnológica
desenvolvida de forma:
I - integrada, oferecida somente a quem já tenha concluído o Art. 39. A educação profissional e tecnológica, no cumpri-
ensino fundamental, sendo o curso planejado de modo a conduzir mento dos objetivos da educação nacional, integra-se aos diferen-
o aluno à habilitação profissional técnica de nível médio, na mes- tes níveis e modalidades de educação e às dimensões do trabalho,
ma instituição de ensino, efetuando-se matrícula única para cada
da ciência e da tecnologia.
aluno; 
§ 1o Os cursos de educação profissional e tecnológica poderão
II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino médio
ou já o estejam cursando, efetuando-se matrículas distintas para ser organizados por eixos tecnológicos, possibilitando a constru-
cada curso, e podendo ocorrer:  ção de diferentes itinerários formativos, observadas as normas do
a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as oportu- respectivo sistema e nível de ensino.
nidades educacionais disponíveis; § 2o A educação profissional e tecnológica abrangerá os se-
b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se as guintes cursos: 
oportunidades educacionais disponíveis; I – de formação inicial e continuada ou qualificação profis-
c) em instituições de ensino distintas, mediante convênios de sional;
intercomplementaridade, visando ao planejamento e ao desenvol- II – de educação profissional técnica de nível médio;
vimento de projeto pedagógico unificado. III – de educação profissional tecnológica de graduação e pós-
graduação. 
Art. 36.D-  Os diplomas de cursos de educação profissional § 3o Os cursos de educação profissional tecnológica de gradua-
técnica de nível médio, quando registrados, terão validade nacio- ção e pós-graduação organizar-se-ão, no que concerne a objetivos,
nal e habilitarão ao prosseguimento de estudos na educação supe- características e duração, de acordo com as diretrizes curriculares
rior. nacionais estabelecidas pelo Conselho Nacional de Educação.
Parágrafo único.  Os cursos de educação profissional técnica
de nível médio, nas formas articulada concomitante e subsequente, Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em articu-
quando estruturados e organizados em etapas com terminalidade,
lação com o ensino regular ou por diferentes estratégias de educa-
possibilitarão a obtenção de certificados de qualificação para o tra-
ção continuada, em instituições especializadas ou no ambiente de
balho após a conclusão, com aproveitamento, de cada etapa que
caracterize uma qualificação para o trabalho.  trabalho.    (Regulamento)

Seção V Art. 41. O conhecimento adquirido na educação profissional e


Da Educação de Jovens e Adultos tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ser objeto de avaliação,
reconhecimento e certificação para prosseguimento ou conclusão
Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles de estudos.
que não tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fun-
damental e médio na idade própria. Art. 42. As instituições de educação profissional e tecnológi-
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jo- ca, além dos seus cursos regulares, oferecerão cursos especiais,
vens e aos adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade abertos à comunidade, condicionada a matrícula à capacidade de
regular, oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as aproveitamento e não necessariamente ao nível de escolaridade. 
características do alunado, seus interesses, condições de vida e de
trabalho, mediante cursos e exames.

Didatismo e Conhecimento 59
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
CAPÍTULO IV § 2º No caso de empate no processo seletivo, as instituições
Da Educação Superior públicas de ensino superior darão prioridade de matrícula ao can-
didato que comprove ter renda familiar inferior a dez salários míni-
Art. 43. A educação superior tem por finalidade: mos, ou ao de menor renda familiar, quando mais de um candidato
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito preencher o critério inicial. (Incluído pela Lei nº 13.184, de 2015)
científico e do pensamento reflexivo;
II - formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, Art. 45. A educação superior será ministrada em instituições
aptos para a inserção em setores profissionais e para a participa- de ensino superior, públicas ou privadas, com variados graus de
ção no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua abrangência ou especialização.
formação contínua;
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação cientí- Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos, bem
fica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da como o credenciamento de instituições de educação superior, terão
criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendi- prazos limitados, sendo renovados, periodicamente, após processo
mento do homem e do meio em que vive; regular de avaliação. (Regulamento)
IV - promover a divulgação de conhecimentos culturais, cien- § 1º Após um prazo para saneamento de deficiências even-
tíficos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e co- tualmente identificadas pela avaliação a que se refere este artigo,
municar o saber através do ensino, de publicações ou de outras haverá reavaliação, que poderá resultar, conforme o caso, em de-
formas de comunicação; sativação de cursos e habilitações, em intervenção na instituição,
V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento cultural em suspensão temporária de prerrogativas da autonomia, ou em
e profissional e possibilitar a correspondente concretização, inte- descredenciamento.
grando os conhecimentos que vão sendo adquiridos numa estrutu- § 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo respon-
ra intelectual sistematizadora do conhecimento de cada geração; sável por sua manutenção acompanhará o processo de saneamento
VI - estimular o conhecimento dos problemas do mundo pre- e fornecerá recursos adicionais, se necessários, para a superação
sente, em particular os nacionais e regionais, prestar serviços es- das deficiências.
pecializados à comunidade e estabelecer com esta uma relação de
reciprocidade; Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, indepen-
VII - promover a extensão, aberta à participação da popula- dente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos dias de trabalho
ção, visando à difusão das conquistas e benefícios resultantes da acadêmico efetivo, excluído o tempo reservado aos exames finais,
criação cultural e da pesquisa científica e tecnológica geradas na quando houver.
instituição. § 1º As instituições informarão aos interessados, antes de cada
VIII - atuar em favor da universalização e do aprimoramen- período letivo, os programas dos cursos e demais componentes
to da educação básica, mediante a formação e a capacitação de curriculares, sua duração, requisitos, qualificação dos professores,
profissionais, a realização de pesquisas pedagógicas e o desenvol- recursos disponíveis e critérios de avaliação, obrigando-se a cum-
vimento de atividades de extensão que aproximem os dois níveis prir as respectivas condições, e a publicação deve ser feita, sendo
escolares. (Incluído pela Lei nº 13.174, de 2015) as 3 (três) primeiras formas concomitantemente: (Redação dada
pela lei nº 13.168, de 2015).
Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes cursos e I - em página específica na internet no sítio eletrônico oficial
programas:  da instituição de ensino superior, obedecido o seguinte: (Incluído
I - cursos sequenciais por campo de saber, de diferentes níveis pela lei nº 13.168, de 2015)
de abrangência, abertos a candidatos que atendam aos requisitos a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter como título
estabelecidos pelas instituições de ensino, desde que tenham con- “Grade e Corpo Docente”; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
cluído o ensino médio ou equivalente; b) a página principal da instituição de ensino superior, bem
II - de graduação, abertos a candidatos que tenham concluí- como a página da oferta de seus cursos aos ingressantes sob a for-
do o ensino médio ou equivalente e tenham sido classificados em ma de vestibulares, processo seletivo e outras com a mesma finali-
processo seletivo; dade, deve conter a ligação desta com a página específica prevista
III - de pós-graduação, compreendendo programas de mes- neste inciso; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
trado e doutorado, cursos de especialização, aperfeiçoamento e c) caso a instituição de ensino superior não possua sítio eletrô-
outros, abertos a candidatos diplomados em cursos de graduação e nico, deve criar página específica para divulgação das informações
que atendam às exigências das instituições de ensino; de que trata esta Lei; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam aos requi- d) a página específica deve conter a data completa de sua últi-
sitos estabelecidos em cada caso pelas instituições de ensino. ma atualização; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015)
§ 1º. Os resultados do processo seletivo referido no inciso II II - em toda propaganda eletrônica da instituição de ensino
do caput deste artigo serão tornados públicos pelas instituições de superior, por meio de ligação para a página referida no inciso I;
ensino superior, sendo obrigatória a divulgação da relação nominal (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)
dos classificados, a respectiva ordem de classificação, bem como III - em local visível da instituição de ensino superior e de
do cronograma das chamadas para matrícula, de acordo com os fácil acesso ao público; (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)
critérios para preenchimento das vagas constantes do respectivo IV - deve ser atualizada semestralmente ou anualmente, de
edital. (Incluído pela Lei nº 11.331, de 2006) (Renumerado do pa- acordo com a duração das disciplinas de cada curso oferecido, ob-
rágrafo único para § 1º pela Lei nº 13.184, de 2015). servando o seguinte: (Incluído pela lei nº 13.168, de 2015)

Didatismo e Conhecimento 60
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
a) caso o curso mantenha disciplinas com duração diferencia- Art. 51. As instituições de educação superior credenciadas
da, a publicação deve ser semestral; (Incluída pela lei nº 13.168, como universidades, ao deliberar sobre critérios e normas de sele-
de 2015) ção e admissão de estudantes, levarão em conta os efeitos desses
b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês antes do início critérios sobre a orientação do ensino médio, articulando-se com
das aulas; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) os órgãos normativos dos sistemas de ensino.
c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo docente
até o início das aulas, os alunos devem ser comunicados sobre as Art. 52. As universidades são instituições pluridisciplinares de
alterações; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa,
V - deve conter as seguintes informações: (Incluído pela lei nº de extensão e de domínio e cultivo do saber humano, que se carac-
13.168, de 2015) terizam por: (Regulamento)
a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição de ensi- I - produção intelectual institucionalizada mediante o estudo
no superior; (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) sistemático dos temas e problemas mais relevantes, tanto do ponto
b) a lista das disciplinas que compõem a grade curricular de de vista científico e cultural, quanto regional e nacional;
cada curso e as respectivas cargas horárias; (Incluída pela lei nº II - um terço do corpo docente, pelo menos, com titulação
13.168, de 2015) acadêmica de mestrado ou doutorado;
c) a identificação dos docentes que ministrarão as aulas em III - um terço do corpo docente em regime de tempo integral.
cada curso, as disciplinas que efetivamente ministrará naquele cur- Parágrafo único. É facultada a criação de universidades espe-
so ou cursos, sua titulação, abrangendo a qualificação profissional cializadas por campo do saber. (Regulamento)
do docente e o tempo de casa do docente, de forma total, contínua
ou intermitente. (Incluída pela lei nº 13.168, de 2015) Art. 53. No exercício de sua autonomia, são asseguradas às
§ 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveitamento nos universidades, sem prejuízo de outras, as seguintes atribuições:
estudos, demonstrado por meio de provas e outros instrumentos de I - criar, organizar e extinguir, em sua sede, cursos e progra-
avaliação específicos, aplicados por banca examinadora especial, mas de educação superior previstos nesta Lei, obedecendo às nor-
poderão ter abreviada a duração dos seus cursos, de acordo com as mas gerais da União e, quando for o caso, do respectivo sistema de
normas dos sistemas de ensino. ensino; (Regulamento)
§ 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores, salvo II - fixar os currículos dos seus cursos e programas, observa-
nos programas de educação a distância. das as diretrizes gerais pertinentes;
§ 4º As instituições de educação superior oferecerão, no perío- III - estabelecer planos, programas e projetos de pesquisa
do noturno, cursos de graduação nos mesmos padrões de qualidade científica, produção artística e atividades de extensão;
mantidos no período diurno, sendo obrigatória a oferta noturna nas IV - fixar o número de vagas de acordo com a capacidade
instituições públicas, garantida a necessária previsão orçamentária. institucional e as exigências do seu meio;
V - elaborar e reformar os seus estatutos e regimentos em con-
Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhecidos, quan- sonância com as normas gerais atinentes;
do registrados, terão validade nacional como prova da formação VI - conferir graus, diplomas e outros títulos;
recebida por seu titular. VII - firmar contratos, acordos e convênios;
§ 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão por elas VIII - aprovar e executar planos, programas e projetos de
próprias registrados, e aqueles conferidos por instituições não-uni- investimentos referentes a obras, serviços e aquisições em geral,
versitárias serão registrados em universidades indicadas pelo Con- bem como administrar rendimentos conforme dispositivos insti-
selho Nacional de Educação. tucionais;
§ 2º Os diplomas de graduação expedidos por universidades IX - administrar os rendimentos e deles dispor na forma pre-
estrangeiras serão revalidados por universidades públicas que te- vista no ato de constituição, nas leis e nos respectivos estatutos;
nham curso do mesmo nível e área ou equivalente, respeitando-se X - receber subvenções, doações, heranças, legados e coope-
os acordos internacionais de reciprocidade ou equiparação. ração financeira resultante de convênios com entidades públicas e
§ 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expedidos por privadas.
universidades estrangeiras só poderão ser reconhecidos por uni- Parágrafo único. Para garantir a autonomia didático-científica
versidades que possuam cursos de pós-graduação reconhecidos e das universidades, caberá aos seus colegiados de ensino e pesquisa
avaliados, na mesma área de conhecimento e em nível equivalente decidir, dentro dos recursos orçamentários disponíveis, sobre:
ou superior. I - criação, expansão, modificação e extinção de cursos;
II - ampliação e diminuição de vagas;
Art. 49. As instituições de educação superior aceitarão a trans- III - elaboração da programação dos cursos;
ferência de alunos regulares, para cursos afins, na hipótese de exis- IV - programação das pesquisas e das atividades de extensão;
tência de vagas, e mediante processo seletivo. V - contratação e dispensa de professores;
Parágrafo único. As transferências ex officio dar-se-ão na for- VI - planos de carreira docente.
ma da lei. (Regulamento)
Art. 54. As universidades mantidas pelo Poder Público goza-
Art. 50. As instituições de educação superior, quando da ocor- rão, na forma da lei, de estatuto jurídico especial para atender às
rência de vagas, abrirão matrícula nas disciplinas de seus cursos peculiaridades de sua estrutura, organização e financiamento pelo
a alunos não regulares que demonstrarem capacidade de cursá-las Poder Público, assim como dos seus planos de carreira e do regime
com proveito, mediante processo seletivo prévio. jurídico do seu pessoal.

Didatismo e Conhecimento 61
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
§ 1º No exercício da sua autonomia, além das atribuições as- Art. 59.  Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos
seguradas pelo artigo anterior, as universidades públicas poderão: com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
I - propor o seu quadro de pessoal docente, técnico e admi- habilidades ou superdotação: 
nistrativo, assim como um plano de cargos e salários, atendidas as I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organi-
normas gerais pertinentes e os recursos disponíveis; zação específicos, para atender às suas necessidades;
II - elaborar o regulamento de seu pessoal em conformidade II - terminalidade específica para aqueles que não puderem
com as normas gerais concernentes; atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em
III - aprovar e executar planos, programas e projetos de investi- virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor
mentos referentes a obras, serviços e aquisições em geral, de acordo tempo o programa escolar para os superdotados;
com os recursos alocados pelo respectivo Poder mantenedor; III - professores com especialização adequada em nível médio
IV - elaborar seus orçamentos anuais e plurianuais; ou superior, para atendimento especializado, bem como professo-
V - adotar regime financeiro e contábil que atenda às suas pe- res do ensino regular capacitados para a integração desses educan-
culiaridades de organização e funcionamento; dos nas classes comuns;
VI - realizar operações de crédito ou de financiamento, com IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva
aprovação do Poder competente, para aquisição de bens imóveis, integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas
instalações e equipamentos; para os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho
VII - efetuar transferências, quitações e tomar outras providên- competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins,
cias de ordem orçamentária, financeira e patrimonial necessárias ao bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior
seu bom desempenho. nas áreas artística, intelectual ou psicomotora;
§ 2º Atribuições de autonomia universitária poderão ser esten- V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais su-
didas a instituições que comprovem alta qualificação para o ensino plementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
ou para a pesquisa, com base em avaliação realizada pelo Poder
Público. Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro nacional
de alunos com altas habilidades ou superdotação matriculados na
Art. 55. Caberá à União assegurar, anualmente, em seu Orça-
educação básica e na educação superior, a fim de fomentar a exe-
mento Geral, recursos suficientes para manutenção e desenvolvi-
cução de políticas públicas destinadas ao desenvolvimento pleno
mento das instituições de educação superior por ela mantidas.
das potencialidades desse alunado. (Incluído pela Lei nº
13.234, de 2015)
Art. 56. As instituições públicas de educação superior obede-
cerão ao princípio da gestão democrática, assegurada a existência
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino estabe-
de órgãos colegiados deliberativos, de que participarão os segmen-
lecerão critérios de caracterização das instituições privadas sem
tos da comunidade institucional, local e regional.
fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em edu-
Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocuparão se-
tenta por cento dos assentos em cada órgão colegiado e comissão, cação especial, para fins de apoio técnico e financeiro pelo Poder
inclusive nos que tratarem da elaboração e modificações estatutá- Público.
rias e regimentais, bem como da escolha de dirigentes. Parágrafo único.  O poder público adotará, como alternativa
preferencial, a ampliação do atendimento aos educandos com de-
Art. 57. Nas instituições públicas de educação superior, o pro- ficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habili-
fessor ficará obrigado ao mínimo de oito horas semanais de aulas. dades ou superdotação na própria rede pública regular de ensino,
(Regulamento) independentemente do apoio às instituições previstas neste artigo.  

CAPÍTULO V TÍTULO VI
DA EDUCAÇÃO ESPECIAL Dos Profissionais da Educação

Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos des- Art. 61. Consideram-se profissionais da educação escolar bá-
ta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencial- sica os que, nela estando em efetivo exercício e tendo sido forma-
mente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, dos em cursos reconhecidos, são: 
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou su- I – professores habilitados em nível médio ou superior para a
perdotação.   docência na educação infantil e nos ensinos fundamental e médio; 
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializa- II – trabalhadores em educação portadores de diploma de pe-
do, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de dagogia, com habilitação em administração, planejamento, super-
educação especial. visão, inspeção e orientação educacional, bem como com títulos de
§ 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas mestrado ou doutorado nas mesmas áreas; 
ou serviços especializados, sempre que, em função das condições III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de
específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim. 
comuns de ensino regular. Parágrafo único.  A formação dos profissionais da educação,
§ 3º A oferta de educação especial, dever constitucional do de modo a atender às especificidades do exercício de suas ativida-
Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a des, bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades
educação infantil. da educação básica, terá como fundamentos: 

Didatismo e Conhecimento 62
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
I – a presença de sólida formação básica, que propicie o co- Art. 64. A formação de profissionais de educação para admi-
nhecimento dos fundamentos científicos e sociais de suas compe- nistração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educa-
tências de trabalho;  cional para a educação básica, será feita em cursos de graduação
II – a associação entre teorias e práticas, mediante estágios em pedagogia ou em nível de pós-graduação, a critério da institui-
supervisionados e capacitação em serviço; ção de ensino, garantida, nesta formação, a base comum nacional.
III – o aproveitamento da formação e experiências anteriores,
em instituições de ensino e em outras atividades. Art. 65. A formação docente, exceto para a educação superior,
incluirá prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas.
Art. 62.  A formação de docentes para atuar na educação bási-
ca far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de gradua-
Art. 66. A preparação para o exercício do magistério superior
ção plena, em universidades e institutos superiores de educação,
far-se-á em nível de pós-graduação, prioritariamente em progra-
admitida, como formação mínima para o exercício do magistério
na educação infantil e nos 5 (cinco) primeiros anos do ensino fun- mas de mestrado e doutorado.
damental, a oferecida em nível médio na modalidade normal.   Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por universida-
§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, de com curso de doutorado em área afim, poderá suprir a exigência
em regime de colaboração, deverão promover a formação inicial, a de título acadêmico.
continuada e a capacitação dos profissionais de magistério.
§ 2º A formação continuada e a capacitação dos profissionais Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos
de magistério poderão utilizar recursos e tecnologias de educação profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos
a distância. dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público:
§ 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas
preferência ao ensino presencial, subsidiariamente fazendo uso de e títulos;
recursos e tecnologias de educação a distância. II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com
§ 4o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios licenciamento periódico remunerado para esse fim;
adotarão mecanismos facilitadores de acesso e permanência em III - piso salarial profissional;
cursos de formação de docentes em nível superior para atuar na IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação,
educação básica pública. e na avaliação do desempenho;
§ 5o A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação,
incentivarão a formação de profissionais do magistério para atuar
incluído na carga de trabalho;
na educação básica pública mediante programa institucional de
VI - condições adequadas de trabalho.
bolsa de iniciação à docência a estudantes matriculados em cursos
de licenciatura, de graduação plena, nas instituições de educação § 1o A experiência docente é pré-requisito para o exercício
superior.  profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos termos
§ 6o O Ministério da Educação poderá estabelecer nota míni- das normas de cada sistema de ensino.
ma em exame nacional aplicado aos concluintes do ensino médio § 2o Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no § 8o do
como pré-requisito para o ingresso em cursos de graduação para art. 201 da Constituição Federal, são consideradas funções de ma-
formação de docentes, ouvido o Conselho Nacional de Educação gistério as exercidas por professores e especialistas em educação
- CNE.  no desempenho de atividades educativas, quando exercidas em es-
§ 7o (Vetado).  tabelecimento de educação básica em seus diversos níveis e moda-
lidades, incluídas, além do exercício da docência, as de direção de
Art. 62. A-  A formação dos profissionais a que se refere o unidade escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico.
inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos de conteúdo técni- § 3o A União prestará assistência técnica aos Estados, ao Dis-
co-pedagógico, em nível médio ou superior, incluindo habilitações trito Federal e aos Municípios na elaboração de concursos públicos
tecnológicas.   para provimento de cargos dos profissionais da educação.  
Parágrafo único.  Garantir-se-á formação continuada para os
profissionais a que se refere o caput, no local de trabalho ou em TÍTULO VII
instituições de educação básica e superior, incluindo cursos de Dos Recursos financeiros
educação profissional, cursos superiores de graduação plena ou
tecnológicos e de pós-graduação.  
Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação os ori-
Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão:  ginários de:
I - cursos formadores de profissionais para a educação básica, I - receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Dis-
inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docen- trito Federal e dos Municípios;
tes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino II - receita de transferências constitucionais e outras transfe-
fundamental; rências;
II - programas de formação pedagógica para portadores de di- III - receita do salário-educação e de outras contribuições so-
plomas de educação superior que queiram se dedicar à educação ciais;
básica; IV - receita de incentivos fiscais;
III - programas de educação continuada para os profissionais V - outros recursos previstos em lei.
de educação dos diversos níveis.

Didatismo e Conhecimento 63
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoi- Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e desenvol-
to, e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, vinte e cinco vimento do ensino aquelas realizadas com:
por cento, ou o que consta nas respectivas Constituições ou Leis I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de ensino,
Orgânicas, da receita resultante de impostos, compreendidas as ou, quando efetivada fora dos sistemas de ensino, que não vise, pre-
transferências constitucionais, na manutenção e desenvolvimento cipuamente, ao aprimoramento de sua qualidade ou à sua expansão;
do ensino público. II - subvenção a instituições públicas ou privadas de caráter
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida pela assistencial, desportivo ou cultural;
União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos III - formação de quadros especiais para a administração públi-
Estados aos respectivos Municípios, não será considerada, para ca, sejam militares ou civis, inclusive diplomáticos;
efeito do cálculo previsto neste artigo, receita do governo que a IV - programas suplementares de alimentação, assistência mé-
transferir. dico-odontológica, farmacêutica e psicológica, e outras formas de
§ 2º Serão consideradas excluídas das receitas de impostos assistência social;
mencionadas neste artigo as operações de crédito por antecipação V - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para beneficiar
de receita orçamentária de impostos. direta ou indiretamente a rede escolar;
§ 3º Para fixação inicial dos valores correspondentes aos mí- VI - pessoal docente e demais trabalhadores da educação,
nimos estatuídos neste artigo, será considerada a receita estimada quando em desvio de função ou em atividade alheia à manutenção
na lei do orçamento anual, ajustada, quando for o caso, por lei que e desenvolvimento do ensino.
autorizar a abertura de créditos adicionais, com base no eventual
excesso de arrecadação. Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e desenvolvi-
§ 4º As diferenças entre a receita e a despesa previstas e as mento do ensino serão apuradas e publicadas nos balanços do Poder
efetivamente realizadas, que resultem no não atendimento dos per- Público, assim como nos relatórios a que se refere o § 3º do art. 165
centuais mínimos obrigatórios, serão apuradas e corrigidas a cada da Constituição Federal.
trimestre do exercício financeiro. Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, prioritariamente,
§ 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do caixa da na prestação de contas de recursos públicos, o cumprimento do dis-
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios ocorrerá posto no art. 212 da Constituição Federal, no art. 60 do Ato das Dis-
imediatamente ao órgão responsável pela educação, observados os posições Constitucionais Transitórias e na legislação concernente.
seguintes prazos:
I - recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de cada
Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o Distrito
mês, até o vigésimo dia;
Federal e os Municípios, estabelecerá padrão mínimo de oportuni-
II - recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigésimo dia
dades educacionais para o ensino fundamental, baseado no cálculo
de cada mês, até o trigésimo dia;
do custo mínimo por aluno, capaz de assegurar ensino de qualidade.
III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao final de
Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este artigo será
cada mês, até o décimo dia do mês subsequente.
calculado pela União ao final de cada ano, com validade para o ano
§ 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a correção
subsequente, considerando variações regionais no custo dos insu-
monetária e à responsabilização civil e criminal das autoridades
competentes. mos e as diversas modalidades de ensino.

Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e desenvolvi- Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e dos Esta-
mento do ensino as despesas realizadas com vistas à consecução dos será exercida de modo a corrigir, progressivamente, as dispari-
dos objetivos básicos das instituições educacionais de todos os ní- dades de acesso e garantir o padrão mínimo de qualidade de ensino.
veis, compreendendo as que se destinam a: § 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a fórmula
I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docente e de- de domínio público que inclua a capacidade de atendimento e a
mais profissionais da educação; medida do esforço fiscal do respectivo Estado, do Distrito Federal
II - aquisição, manutenção, construção e conservação de ins- ou do Município em favor da manutenção e do desenvolvimento
talações e equipamentos necessários ao ensino; do ensino.
III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados ao en- § 2º A capacidade de atendimento de cada governo será defini-
sino; da pela razão entre os recursos de uso constitucionalmente obriga-
IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas visando tório na manutenção e desenvolvimento do ensino e o custo anual
precipuamente ao aprimoramento da qualidade e à expansão do do aluno, relativo ao padrão mínimo de qualidade.
ensino; § 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e 2º, a
V - realização de atividades-meio necessárias ao funciona- União poderá fazer a transferência direta de recursos a cada estabe-
mento dos sistemas de ensino; lecimento de ensino, considerado o número de alunos que efetiva-
VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas públi- mente frequentam a escola.
cas e privadas; § 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser exercida
VII - amortização e custeio de operações de crédito destinadas em favor do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios se estes
a atender ao disposto nos incisos deste artigo; oferecerem vagas, na área de ensino de sua responsabilidade, con-
VIII - aquisição de material didático-escolar e manutenção de forme o inciso VI do art. 10 e o inciso V do art. 11 desta Lei, em
programas de transporte escolar. número inferior à sua capacidade de atendimento.

Didatismo e Conhecimento 64
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no artigo an- § 3o No que se refere à educação superior, sem prejuízo de
terior ficará condicionada ao efetivo cumprimento pelos Estados, outras ações, o atendimento aos povos indígenas efetivar-se-á, nas
Distrito Federal e Municípios do disposto nesta Lei, sem prejuízo universidades públicas e privadas, mediante a oferta de ensino e de
de outras prescrições legais. assistência estudantil, assim como de estímulo à pesquisa e desen-
volvimento de programas especiais.
Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às escolas pú-
blicas, podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessio- Art. 79-A. (Vetado)
nais ou filantrópicas que:
I - comprovem finalidade não-lucrativa e não distribuam re- Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de novembro
sultados, dividendos, bonificações, participações ou parcela de como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’.
seu patrimônio sob nenhuma forma ou pretexto;
II - apliquem seus excedentes financeiros em educação; Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a
III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis
comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no e modalidades de ensino, e de educação continuada. (Regulamento)
caso de encerramento de suas atividades; § 1º A educação a distância, organizada com abertura e regime
IV - prestem contas ao Poder Público dos recursos recebidos. especiais, será oferecida por instituições especificamente creden-
§ 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser desti- ciadas pela União.
nados a bolsas de estudo para a educação básica, na forma da § 2º A União regulamentará os requisitos para a realização de
lei, para os que demonstrarem insuficiência de recursos, quando exames e registro de diploma relativos a cursos de educação a dis-
houver falta de vagas e cursos regulares da rede pública de do- tância.
micílio do educando, ficando o Poder Público obrigado a investir § 3º As normas para produção, controle e avaliação de progra-
prioritariamente na expansão da sua rede local. mas de educação a distância e a autorização para sua implemen-
§ 2º As atividades universitárias de pesquisa e extensão pode- tação, caberão aos respectivos sistemas de ensino, podendo haver
rão receber apoio financeiro do Poder Público, inclusive mediante cooperação e integração entre os diferentes sistemas. (Regulamen-
bolsas de estudo. to)
§ 4º A educação a distância gozará de tratamento diferenciado,
TÍTULO VIII que incluirá:
I - custos de transmissão reduzidos em canais comerciais de
Das Disposições Gerais
radiodifusão sonora e de sons e imagens e em outros meios de co-
municação que sejam explorados mediante autorização, concessão
Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colaboração
ou permissão do poder público;
das agências federais de fomento à cultura e de assistência aos
II - concessão de canais com finalidades exclusivamente edu-
índios, desenvolverá programas integrados de ensino e pesquisa,
cativas;
para oferta de educação escolar bilíngue e intercultural aos povos
III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder Público,
indígenas, com os seguintes objetivos:
pelos concessionários de canais comerciais.
I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, a
recuperação de suas memórias históricas; a reafirmação de suas Art. 81. É permitida a organização de cursos ou instituições de
identidades étnicas; a valorização de suas línguas e ciências; ensino experimentais, desde que obedecidas as disposições desta
II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o acesso Lei.
às informações, conhecimentos técnicos e científicos da socieda-
de nacional e demais sociedades indígenas e não-índias. Art. 82. Os sistemas de ensino estabelecerão as normas de rea-
lização de estágio em sua jurisdição, observada a lei federal sobre
Art. 79. A União apoiará técnica e financeiramente os sis- a matéria.
temas de ensino no provimento da educação intercultural às co-
munidades indígenas, desenvolvendo programas integrados de Art. 83. O ensino militar é regulado em lei específica, admitida
ensino e pesquisa. a equivalência de estudos, de acordo com as normas fixadas pelos
§ 1º Os programas serão planejados com audiência das comu- sistemas de ensino.
nidades indígenas.
§ 2º Os programas a que se refere este artigo, incluídos nos Art. 84. Os discentes da educação superior poderão ser apro-
Planos Nacionais de Educação, terão os seguintes objetivos: veitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas respectivas institui-
I - fortalecer as práticas socioculturais e a língua materna de ções, exercendo funções de monitoria, de acordo com seu rendi-
cada comunidade indígena; mento e seu plano de estudos.
II - manter programas de formação de pessoal especializado,
destinado à educação escolar nas comunidades indígenas; Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação própria
III - desenvolver currículos e programas específicos, neles poderá exigir a abertura de concurso público de provas e títulos
incluindo os conteúdos culturais correspondentes às respectivas para cargo de docente de instituição pública de ensino que estiver
comunidades; sendo ocupado por professor não concursado, por mais de seis anos,
IV - elaborar e publicar sistematicamente material didático ressalvados os direitos assegurados pelos arts. 41 da Constituição
específico e diferenciado. Federal e 19 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.

Didatismo e Conhecimento 65
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Art. 86. As instituições de educação superior constituídas Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
como universidades integrar-se-ão, também, na sua condição de
instituições de pesquisa, ao Sistema Nacional de Ciência e Tecno- Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs 4.024, de 20
logia, nos termos da legislação específica. de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novembro de 1968, não
alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24 de novembro de 1995 e 9.192,
TÍTULO IX de 21 de dezembro de 1995 e, ainda, as Leis nºs 5.692, de 11 de
Das Disposições Transitórias agosto de 1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982, e as demais leis
e decretos-lei que as modificaram e quaisquer outras disposições
Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se um em contrário.
ano a partir da publicação desta Lei.
§ 1º A União, no prazo de um ano a partir da publicação desta
Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, o Plano Nacional de
Educação, com diretrizes e metas para os dez anos seguintes, em 10. LEI FEDERAL Nº 13.005, DE
sintonia com a Declaração Mundial sobre Educação para Todos. 25/06/2014 - PLANO NACIONAL
§ 2º (Revogado) DE EDUCAÇÃO.
§ 3o O Distrito Federal, cada Estado e Município, e, supletiva-
mente, a União, devem:
I - (Revogado)
a) (Revogado)  PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO (LEI
b) (Revogado)  13.005/2014)
c) (Revogado)
II - prover cursos presenciais ou a distância aos jovens e adul- O Plano Nacional de Educação (PNE) determina diretrizes,
tos insuficientemente escolarizados; metas e estratégias para a política educacional dos próximos dez
III - realizar programas de capacitação para todos os profes- anos. O primeiro grupo são metas estruturantes para a garantia do
sores em exercício, utilizando também, para isto, os recursos da
direito a educação básica com qualidade, e que assim promovam
educação a distância;
a garantia do acesso, à universalização do ensino obrigatório, e à
IV - integrar todos os estabelecimentos de ensino fundamental
ampliação das oportunidades educacionais. Um segundo grupo de
do seu território ao sistema nacional de avaliação do rendimento
metas diz respeito especificamente à redução das desigualdades
escolar.
e à valorização da diversidade, caminhos imprescindíveis para a
§ 4º (Revogado)
equidade. O terceiro bloco de metas trata da valorização dos pro-
§ 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando a pro-
fissionais da educação, considerada estratégica para que as metas
gressão das redes escolares públicas urbanas de ensino fundamen-
tal para o regime de escolas de tempo integral. anteriores sejam atingidas, e o quarto grupo de metas refere-se ao
§ 6º A assistência financeira da União aos Estados, ao Dis- ensino superior.
trito Federal e aos Municípios, bem como a dos Estados aos seus O Ministério da Educação se mobilizou de forma articulada
Municípios, ficam condicionadas ao cumprimento do art. 212 da com os demais entes federados e instâncias representativas do se-
Constituição Federal e dispositivos legais pertinentes pelos gover- tor educacional, direcionando o seu trabalho em torno do plano em
nos beneficiados. um movimento inédito: referenciou seu Planejamento Estratégico
Institucional e seu Plano Tático Operacional a cada meta do PNE,
Art. 87.A- (Vetado).   envolveu todas as secretarias e autarquias na definição das ações,
dos responsáveis e dos recursos. A elaboração do Plano Plurianual
Art. 88. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- (PPA) 2016-2019 também foi orientada pelo PNE.
pios adaptarão sua legislação educacional e de ensino às disposi-
ções desta Lei no prazo máximo de um ano, a partir da data de sua LEI Nº 13.005, DE 25 DE JUNHO DE 2014
publicação.
§ 1º As instituições educacionais adaptarão seus estatutos e Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá outras
regimentos aos dispositivos desta Lei e às normas dos respectivos providências.
sistemas de ensino, nos prazos por estes estabelecidos.
§ 2º O prazo para que as universidades cumpram o disposto Art. 1º É aprovado o Plano Nacional de Educação - PNE, com
nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos. vigência por 10 (dez) anos, a contar da publicação desta Lei, na
forma do Anexo, com vistas ao cumprimento do disposto no art.
Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que venham a 214 da Constituição Federal.
ser criadas deverão, no prazo de três anos, a contar da publicação
desta Lei, integrar-se ao respectivo sistema de ensino. Art. 2º São diretrizes do PNE:
I - erradicação do analfabetismo;
Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o regime II - universalização do atendimento escolar;
anterior e o que se institui nesta Lei serão resolvidas pelo Con- III - superação das desigualdades educacionais, com ênfase
selho Nacional de Educação ou, mediante delegação deste, pelos na promoção da cidadania e na erradicação de todas as formas de
órgãos normativos dos sistemas de ensino, preservada a autonomia discriminação;
universitária. IV - melhoria da qualidade da educação;

Didatismo e Conhecimento 66
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
V - formação para o trabalho e para a cidadania, com ênfase cionais Transitórias, bem como os recursos aplicados nos progra-
nos valores morais e éticos em que se fundamenta a sociedade; mas de expansão da educação profissional e superior, inclusive na
VI - promoção do princípio da gestão democrática da educa- forma de incentivo e isenção fiscal, as bolsas de estudos concedi-
ção pública; das no Brasil e no exterior, os subsídios concedidos em programas de
VII - promoção humanística, científica, cultural e tecnológica financiamento estudantil e o financiamento de creches, pré-escolas e
do País; de educação especial na forma do art. 213 da Constituição Federal.
VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recursos pú- § 5º Será destinada à manutenção e ao desenvolvimento do en-
blicos em educação como proporção do Produto Interno Bruto - sino, em acréscimo aos recursos vinculados nos termos do art. 212
PIB, que assegure atendimento às necessidades de expansão, com da Constituição Federal, além de outros recursos previstos em lei, a
padrão de qualidade e equidade; parcela da participação no resultado ou da compensação financeira
IX - valorização dos (as) profissionais da educação; pela exploração de petróleo e de gás natural, na forma de lei específi-
X - promoção dos princípios do respeito aos direitos humanos, ca, com a finalidade de assegurar o cumprimento da meta prevista no
à diversidade e à sustentabilidade socioambiental. inciso VI do art. 214 da Constituição Federal.

Art. 3º As metas previstas no Anexo desta Lei serão cumpri- Art. 6º A União promoverá a realização de pelo menos 2 (duas)
das no prazo de vigência deste PNE, desde que não haja prazo conferências nacionais de educação até o final do decênio, precedidas
inferior definido para metas e estratégias específicas. de conferências distrital, municipais e estaduais, articuladas e coor-
denadas pelo Fórum Nacional de Educação, instituído nesta Lei, no
Art. 4º As metas previstas no Anexo desta Lei deverão ter âmbito do Ministério da Educação.
como referência a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios § 1º O Fórum Nacional de Educação, além da atribuição referida
- PNAD, o censo demográfico e os censos nacionais da educação no caput:
básica e superior mais atualizados, disponíveis na data da publica- I - acompanhará a execução do PNE e o cumprimento de suas
ção desta Lei. metas;
Parágrafo único. O poder público buscará ampliar o escopo II - promoverá a articulação das conferências nacionais de edu-
das pesquisas com fins estatísticos de forma a incluir informação cação com as conferências regionais, estaduais e municipais que as
detalhada sobre o perfil das populações de 4 (quatro) a 17 (dezes- precederem.
sete) anos com deficiência. § 2º As conferências nacionais de educação realizar-se-ão com
intervalo de até 4 (quatro) anos entre elas, com o objetivo de avaliar
Art. 5º A execução do PNE e o cumprimento de suas metas se- a execução deste PNE e subsidiar a elaboração do plano nacional de
rão objeto de monitoramento contínuo e de avaliações periódicas, educação para o decênio subsequente.
realizados pelas seguintes instâncias:
I - Ministério da Educação - MEC; Art. 7º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
II - Comissão de Educação da Câmara dos Deputados e Co- atuarão em regime de colaboração, visando ao alcance das metas e à
missão de Educação, Cultura e Esporte do Senado Federal; implementação das estratégias objeto deste Plano.
III - Conselho Nacional de Educação - CNE; § 1º Caberá aos gestores federais, estaduais, municipais e do
IV - Fórum Nacional de Educação. Distrito Federal a adoção das medidas governamentais necessárias
§ 1º Compete, ainda, às instâncias referidas no caput: ao alcance das metas previstas neste PNE.
I - divulgar os resultados do monitoramento e das avaliações § 2º As estratégias definidas no Anexo desta Lei não elidem a
nos respectivos sítios institucionais da internet; adoção de medidas adicionais em âmbito local ou de instrumentos
II - analisar e propor políticas públicas para assegurar a imple- jurídicos que formalizem a cooperação entre os entes federados, po-
mentação das estratégias e o cumprimento das metas; dendo ser complementadas por mecanismos nacionais e locais de
III - analisar e propor a revisão do percentual de investimento coordenação e colaboração recíproca.
público em educação. § 3º Os sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e
§ 2º A cada 2 (dois) anos, ao longo do período de vigência dos Municípios criarão mecanismos para o acompanhamento local
deste PNE, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacio- da consecução das metas deste PNE e dos planos previstos no art. 8º.
nais Anísio Teixeira - INEP publicará estudos para aferir a evolu- § 4º Haverá regime de colaboração específico para a implemen-
ção no cumprimento das metas estabelecidas no Anexo desta Lei, tação de modalidades de educação escolar que necessitem considerar
com informações organizadas por ente federado e consolidadas em territórios étnico-educacionais e a utilização de estratégias que levem
âmbito nacional, tendo como referência os estudos e as pesquisas em conta as identidades e especificidades socioculturais e linguísti-
de que trata o art. 4º, sem prejuízo de outras fontes e informações cas de cada comunidade envolvida, assegurada a consulta prévia e
relevantes. informada a essa comunidade.
§ 3º A meta progressiva do investimento público em educação § 5º Será criada uma instância permanente de negociação e coo-
será avaliada no quarto ano de vigência do PNE e poderá ser am- peração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
pliada por meio de lei para atender às necessidades financeiras do § 6º O fortalecimento do regime de colaboração entre os Estados
cumprimento das demais metas. e respectivos Municípios incluirá a instituição de instâncias perma-
§ 4º O investimento público em educação a que se referem o nentes de negociação, cooperação e pactuação em cada Estado.
inciso VI do art. 214 da Constituição Federal e a meta 20 do Anexo § 7º O fortalecimento do regime de colaboração entre os Mu-
desta Lei engloba os recursos aplicados na forma do art. 212 da nicípios dar-se-á, inclusive, mediante a adoção de arranjos de de-
Constituição Federal e do art. 60 do Ato das Disposições Constitu- senvolvimento da educação.

Didatismo e Conhecimento 67
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Art. 8º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deve- § 3º Os indicadores mencionados no § 1º serão estimados por
rão elaborar seus correspondentes planos de educação, ou adequar etapa, estabelecimento de ensino, rede escolar, unidade da Federa-
os planos já aprovados em lei, em consonância com as diretrizes, ção e em nível agregado nacional, sendo amplamente divulgados,
metas e estratégias previstas neste PNE, no prazo de 1 (um) ano ressalvada a publicação de resultados individuais e indicadores
contado da publicação desta Lei. por turma, que fica admitida exclusivamente para a comunidade
§ 1º Os entes federados estabelecerão nos respectivos planos do respectivo estabelecimento e para o órgão gestor da respectiva
de educação estratégias que: rede.
I - assegurem a articulação das políticas educacionais com as § 4º Cabem ao Inep a elaboração e o cálculo do Ideb e dos
demais políticas sociais, particularmente as culturais; indicadores referidos no § 1º.
II - considerem as necessidades específicas das populações do § 5º A avaliação de desempenho dos (as) estudantes em exa-
campo e das comunidades indígenas e quilombolas, asseguradas a mes, referida no inciso I do § 1º, poderá ser diretamente realizada
equidade educacional e a diversidade cultural; pela União ou, mediante acordo de cooperação, pelos Estados e
III - garantam o atendimento das necessidades específicas na pelo Distrito Federal, nos respectivos sistemas de ensino e de seus
educação especial, assegurado o sistema educacional inclusivo em Municípios, caso mantenham sistemas próprios de avaliação do
todos os níveis, etapas e modalidades; rendimento escolar, assegurada a compatibilidade metodológica
IV - promovam a articulação Inter federativa na implementa- entre esses sistemas e o nacional, especialmente no que se refere
ção das políticas educacionais. às escalas de proficiência e ao calendário de aplicação.
§ 2º Os processos de elaboração e adequação dos planos de
educação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de que Art. 12. Até o final do primeiro semestre do nono ano de vi-
trata o caput deste artigo, serão realizados com ampla participação gência deste PNE, o Poder Executivo encaminhará ao Congresso
de representantes da comunidade educacional e da sociedade civil. Nacional, sem prejuízo das prerrogativas deste Poder, o projeto de
lei referente ao Plano Nacional de Educação a vigorar no período
Art. 9º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão subsequente, que incluirá diagnóstico, diretrizes, metas e estraté-
aprovar leis específicas para os seus sistemas de ensino, discipli- gias para o próximo decênio.
nando a gestão democrática da educação pública nos respectivos
âmbitos de atuação, no prazo de 2 (dois) anos contado da publica- Art. 13. O poder público deverá instituir, em lei específica,
ção desta Lei, adequando, quando for o caso, a legislação local já
contados 2 (dois) anos da publicação desta Lei, o Sistema Nacio-
adotada com essa finalidade.
nal de Educação, responsável pela articulação entre os sistemas de
ensino, em regime de colaboração, para efetivação das diretrizes,
Art. 10. O plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os
metas e estratégias do Plano Nacional de Educação.
orçamentos anuais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios serão formulados de maneira a assegurar a consignação
Art. 14. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
de dotações orçamentárias compatíveis com as diretrizes, metas e
estratégias deste PNE e com os respectivos planos de educação, a
fim de viabilizar sua plena execução. ANEXO
METAS E ESTRATÉGIAS 
Art. 11. O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica,
coordenado pela União, em colaboração com os Estados, o Distri- Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-es-
to Federal e os Municípios, constituirá fonte de informação para a cola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e am-
avaliação da qualidade da educação básica e para a orientação das pliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender,
políticas públicas desse nível de ensino. no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três)
§ 1º O sistema de avaliação a que se refere o caput produzirá, anos até o final da vigência deste PNE.
no máximo a cada 2 (dois) anos:
I - indicadores de rendimento escolar, referentes ao desempe- Estratégias:
nho dos (as) estudantes apurado em exames nacionais de avaliação, 1.1) definir, em regime de colaboração entre a União, os Es-
com participação de pelo menos 80% (oitenta por cento) dos (as) tados, o Distrito Federal e os Municípios, metas de expansão das
alunos (as) de cada ano escolar periodicamente avaliado em cada respectivas redes públicas de educação infantil segundo padrão na-
escola, e aos dados pertinentes apurados pelo censo escolar da edu- cional de qualidade, considerando as peculiaridades locais;
cação básica; 1.2) garantir que, ao final da vigência deste PNE, seja inferior
II - indicadores de avaliação institucional, relativos a carac- a 10% (dez por cento) a diferença entre as taxas de frequência
terísticas como o perfil do alunado e do corpo dos (as) profissio- à educação infantil das crianças de até 3 (três) anos oriundas do
nais da educação, as relações entre dimensão do corpo docente, do quinto de renda familiar per capita mais elevado e as do quinto de
corpo técnico e do corpo discente, a infraestrutura das escolas, os renda familiar per capita mais baixo;
recursos pedagógicos disponíveis e os processos da gestão, entre 1.3) realizar, periodicamente, em regime de colaboração, le-
outras relevantes. vantamento da demanda por creche para a população de até 3 (três)
§ 2º A elaboração e a divulgação de índices para avaliação da anos, como forma de planejar a oferta e verificar o atendimento da
qualidade, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Bási- demanda manifesta;
ca - IDEB, que agreguem os indicadores mencionados no inciso I 1.4) estabelecer, no primeiro ano de vigência do PNE, normas,
do § 1º não elidem a obrigatoriedade de divulgação, em separado, procedimentos e prazos para definição de mecanismos de consulta
de cada um deles. pública da demanda das famílias por creches;

Didatismo e Conhecimento 68
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
1.5) manter e ampliar, em regime de colaboração e respeitadas 1.17) estimular o acesso à educação infantil em tempo inte-
as normas de acessibilidade, programa nacional de construção e gral, para todas as crianças de 0 (zero) a 5 (cinco) anos, conforme
reestruturação de escolas, bem como de aquisição de equipamen- estabelecido nas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educa-
tos, visando à expansão e à melhoria da rede física de escolas pú- ção Infantil.
blicas de educação infantil; Meta 2: universalizar o ensino fundamental de 9 (nove) anos
1.6) implantar, até o segundo ano de vigência deste PNE, ava- para toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e garan-
liação da educação infantil, a ser realizada a cada 2 (dois) anos, tir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dos alunos
com base em parâmetros nacionais de qualidade, a fim de aferir a concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de
infraestrutura física, o quadro de pessoal, as condições de gestão, vigência deste PNE.
os recursos pedagógicos, a situação de acessibilidade, entre outros
indicadores relevantes; Estratégias:
1.7) articular a oferta de matrículas gratuitas em creches cer- 2.1) o Ministério da Educação, em articulação e colaboração
tificadas como entidades beneficentes de assistência social na área com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, deverá, até o
de educação com a expansão da oferta na rede escolar pública; final do 2o (segundo) ano de vigência deste PNE, elaborar e enca-
1.8) promover a formação inicial e continuada dos (as) pro- minhar ao Conselho Nacional de Educação, precedida de consulta
fissionais da educação infantil, garantindo, progressivamente, o pública nacional, proposta de direitos e objetivos de aprendizagem
atendimento por profissionais com formação superior; e desenvolvimento para os (as) alunos (as) do ensino fundamental;
1.9) estimular a articulação entre pós-graduação, núcleos de 2.2) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e Municí-
pesquisa e cursos de formação para profissionais da educação, de pios, no âmbito da instância permanente de que trata o § 5º do art.
modo a garantir a elaboração de currículos e propostas pedagógi- 7º desta Lei, a implantação dos direitos e objetivos de aprendiza-
cas que incorporem os avanços de pesquisas ligadas ao processo gem e desenvolvimento que configurarão a base nacional comum
de ensino-aprendizagem e às teorias educacionais no atendimento curricular do ensino fundamental;
da população de 0 (zero) a 5 (cinco) anos; 2.3) criar mecanismos para o acompanhamento individualiza-
1.10) fomentar o atendimento das populações do campo e das do dos (as) alunos (as) do ensino fundamental;
comunidades indígenas e quilombolas na educação infantil nas 2.4) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do aces-
respectivas comunidades, por meio do redimensionamento da dis- so, da permanência e do aproveitamento escolar dos beneficiários
tribuição territorial da oferta, limitando a nucleação de escolas e o de programas de transferência de renda, bem como das situações
deslocamento de crianças, de forma a atender às especificidades de discriminação, preconceitos e violências na escola, visando ao
dessas comunidades, garantido consulta prévia e informada; estabelecimento de condições adequadas para o sucesso escolar
1.11) priorizar o acesso à educação infantil e fomentar a oferta dos (as) alunos (as), em colaboração com as famílias e com órgãos
do atendimento educacional especializado complementar e suple- públicos de assistência social, saúde e proteção à infância, adoles-
mentar aos (às) alunos (as) com deficiência, transtornos globais do cência e juventude;
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, assegurando 2.5) promover a busca ativa de crianças e adolescentes fora
a educação bilíngue para crianças surdas e a transversalidade da da escola, em parceria com órgãos públicos de assistência social,
educação especial nessa etapa da educação básica; saúde e proteção à infância, adolescência e juventude;
1.12) implementar, em caráter complementar, programas de 2.6) desenvolver tecnologias pedagógicas que combinem, de
orientação e apoio às famílias, por meio da articulação das áreas de maneira articulada, a organização do tempo e das atividades di-
educação, saúde e assistência social, com foco no desenvolvimen- dáticas entre a escola e o ambiente comunitário, considerando as
to integral das crianças de até 3 (três) anos de idade; especificidades da educação especial, das escolas do campo e das
1.13) preservar as especificidades da educação infantil na or- comunidades indígenas e quilombolas;
ganização das redes escolares, garantindo o atendimento da crian- 2.7) disciplinar, no âmbito dos sistemas de ensino, a organi-
ça de 0 (zero) a 5 (cinco) anos em estabelecimentos que atendam zação flexível do trabalho pedagógico, incluindo adequação do
a parâmetros nacionais de qualidade, e a articulação com a etapa calendário escolar de acordo com a realidade local, a identidade
escolar seguinte, visando ao ingresso do (a) aluno(a) de 6 (seis) cultural e as condições climáticas da região;
anos de idade no ensino fundamental; 2.8) promover a relação das escolas com instituições e movi-
1.14) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do mentos culturais, a fim de garantir a oferta regular de atividades
acesso e da permanência das crianças na educação infantil, em es- culturais para a livre fruição dos (as) alunos (as) dentro e fora dos
pecial dos beneficiários de programas de transferência de renda, espaços escolares, assegurando ainda que as escolas se tornem po-
em colaboração com as famílias e com os órgãos públicos de as- los de criação e difusão cultural;
sistência social, saúde e proteção à infância; 2.9) incentivar a participação dos pais ou responsáveis no
1.15) promover a busca ativa de crianças em idade correspon- acompanhamento das atividades escolares dos filhos por meio do
dente à educação infantil, em parceria com órgãos públicos de as- estreitamento das relações entre as escolas e as famílias;
sistência social, saúde e proteção à infância, preservando o direito 2.10) estimular a oferta do ensino fundamental, em especial
de opção da família em relação às crianças de até 3 (três) anos; dos anos iniciais, para as populações do campo, indígenas e qui-
1.16) o Distrito Federal e os Municípios, com a colaboração lombolas, nas próprias comunidades;
da União e dos Estados, realizarão e publicarão, a cada ano, levan- 2.11) desenvolver formas alternativas de oferta do ensino fun-
tamento da demanda manifesta por educação infantil em creches damental, garantida a qualidade, para atender aos filhos e filhas
e pré-escolas, como forma de planejar e verificar o atendimento; de profissionais que se dedicam a atividades de caráter itinerante;

Didatismo e Conhecimento 69
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2.12) oferecer atividades extracurriculares de incentivo aos 3.8) estruturar e fortalecer o acompanhamento e o monitora-
(às) estudantes e de estímulo a habilidades, inclusive mediante mento do acesso e da permanência dos e das jovens beneficiários
certames e concursos nacionais; (as) de programas de transferência de renda, no ensino médio,
2.13) promover atividades de desenvolvimento e estímulo a quanto à frequência, ao aproveitamento escolar e à interação com
habilidades esportivas nas escolas, interligadas a um plano de dis- o coletivo, bem como das situações de discriminação, preconceitos
seminação do desporto educacional e de desenvolvimento espor- e violências, práticas irregulares de exploração do trabalho, consu-
tivo nacional. mo de drogas, gravidez precoce, em colaboração com as famílias
Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar para e com órgãos públicos de assistência social, saúde e proteção à
toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, adolescência e juventude;
até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de 3.9) promover a busca ativa da população de 15 (quinze) a 17
matrículas no ensino médio para 85% (oitenta e cinco por cento). (dezessete) anos fora da escola, em articulação com os serviços de
assistência social, saúde e proteção à adolescência e à juventude;
Estratégias: 3.10) fomentar programas de educação e de cultura para a po-
3.1) institucionalizar programa nacional de renovação do en- pulação urbana e do campo de jovens, na faixa etária de 15 (quin-
sino médio, a fim de incentivar práticas pedagógicas com aborda- ze) a 17 (dezessete) anos, e de adultos, com qualificação social e
gens interdisciplinares estruturadas pela relação entre teoria e prá- profissional para aqueles que estejam fora da escola e com defasa-
tica, por meio de currículos escolares que organizem, de maneira gem no fluxo escolar;
flexível e diversificada, conteúdos obrigatórios e eletivos articula- 3.11) redimensionar a oferta de ensino médio nos turnos diur-
dos em dimensões como ciência, trabalho, linguagens, tecnologia, no e noturno, bem como a distribuição territorial das escolas de
cultura e esporte, garantindo-se a aquisição de equipamentos e la- ensino médio, de forma a atender a toda a demanda, de acordo com
boratórios, a produção de material didático específico, a formação as necessidades específicas dos (as) alunos (as);
continuada de professores e a articulação com instituições acadê- 3.12) desenvolver formas alternativas de oferta do ensino mé-
micas, esportivas e culturais; dio, garantida a qualidade, para atender aos filhos e filhas de pro-
3.2) o Ministério da Educação, em articulação e colaboração fissionais que se dedicam a atividades de caráter itinerante;
com os entes federados e ouvida a sociedade mediante consulta 3.13) implementar políticas de prevenção à evasão motivada
pública nacional, elaborará e encaminhará ao Conselho Nacional por preconceito ou quaisquer formas de discriminação, criando
de Educação - CNE, até o 2o(segundo) ano de vigência deste PNE, rede de proteção contra formas associadas de exclusão;
proposta de direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvi- 3.14) estimular a participação dos adolescentes nos cursos das
mento para os (as) alunos (as) de ensino médio, a serem atingidos áreas tecnológicas e científicas.
nos tempos e etapas de organização deste nível de ensino, com Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (de-
vistas a garantir formação básica comum; zessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvi-
3.3) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e Municí- mento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação bá-
pios, no âmbito da instância permanente de que trata o § 5o do art. sica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmen-
7o desta Lei, a implantação dos direitos e objetivos de aprendiza- te na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional
gem e desenvolvimento que configurarão a base nacional comum inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou
curricular do ensino médio; serviços especializados, públicos ou conveniados.
3.4) garantir a fruição de bens e espaços culturais, de forma
regular, bem como a ampliação da prática desportiva, integrada ao Estratégias:
currículo escolar; 4.1) contabilizar, para fins do repasse do Fundo de Manuten-
3.5) manter e ampliar programas e ações de correção de fluxo ção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos
do ensino fundamental, por meio do acompanhamento individua- Profissionais da Educação - FUNDEB, as matrículas dos (as) es-
lizado do (a) aluno (a) com rendimento escolar defasado e pela tudantes da educação regular da rede pública que recebam aten-
adoção de práticas como aulas de reforço no turno complementar, dimento educacional especializado complementar e suplementar,
estudos de recuperação e progressão parcial, de forma a reposicio- sem prejuízo do cômputo dessas matrículas na educação básica
ná-lo no ciclo escolar de maneira compatível com sua idade; regular, e as matrículas efetivadas, conforme o censo escolar mais
3.6) universalizar o Exame Nacional do Ensino Médio - atualizado, na educação especial oferecida em instituições comu-
ENEM, fundamentado em matriz de referência do conteúdo cur- nitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conve-
ricular do ensino médio e em técnicas estatísticas e psicométricas niadas com o poder público e com atuação exclusiva na modalida-
que permitam comparabilidade de resultados, articulando-o com de, nos termos da Lei no11.494, de 20 de junho de 2007;
o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica - SAEB, e 4.2) promover, no prazo de vigência deste PNE, a universali-
promover sua utilização como instrumento de avaliação sistêmica, zação do atendimento escolar à demanda manifesta pelas famílias
para subsidiar políticas públicas para a educação básica, de ava- de crianças de 0 (zero) a 3 (três) anos com deficiência, transtornos
liação certificadora, possibilitando aferição de conhecimentos e globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
habilidades adquiridos dentro e fora da escola, e de avaliação clas- observado o que dispõe a Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
sificatória, como critério de acesso à educação superior; que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional;
3.7) fomentar a expansão das matrículas gratuitas de ensino 4.3) implantar, ao longo deste PNE, salas de recursos multi-
médio integrado à educação profissional, observando-se as pecu- funcionais e fomentar a formação continuada de professores e pro-
liaridades das populações do campo, das comunidades indígenas e fessoras para o atendimento educacional especializado nas escolas
quilombolas e das pessoas com deficiência; urbanas, do campo, indígenas e de comunidades quilombolas;

Didatismo e Conhecimento 70
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
4.4) garantir atendimento educacional especializado em salas 4.12) promover a articulação intersetorial entre órgãos e políti-
de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços espe- cas públicas de saúde, assistência social e direitos humanos, em parce-
cializados, públicos ou conveniados, nas formas complementar e ria com as famílias, com o fim de desenvolver modelos de atendimen-
suplementar, a todos (as) alunos (as) com deficiência, transtornos to voltados à continuidade do atendimento escolar, na educação de
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, jovens e adultos, das pessoas com deficiência e transtornos globais do
matriculados na rede pública de educação básica, conforme ne- desenvolvimento com idade superior à faixa etária de escolarização
cessidade identificada por meio de avaliação, ouvidos a família e obrigatória, de forma a assegurar a atenção integral ao longo da vida;
o aluno; 4.13) apoiar a ampliação das equipes de profissionais da educa-
4.5) estimular a criação de centros multidisciplinares de apoio, ção para atender à demanda do processo de escolarização dos (das)
pesquisa e assessoria, articulados com instituições acadêmicas e estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
integrados por profissionais das áreas de saúde, assistência social, altas habilidades ou superdotação, garantindo a oferta de professores
pedagogia e psicologia, para apoiar o trabalho dos (as) professo- (as) do atendimento educacional especializado, profissionais de apoio
res da educação básica com os (as) alunos (as) com deficiência, ou auxiliares, tradutores (as) e intérpretes de Libras, guias-intérpretes
transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou su- para surdos-cegos, professores de Libras, prioritariamente surdos, e
professores bilíngues;
perdotação;
4.14) definir, no segundo ano de vigência deste PNE, indicadores
4.6) manter e ampliar programas suplementares que promo-
de qualidade e política de avaliação e supervisão para o funcionamen-
vam a acessibilidade nas instituições públicas, para garantir o
to de instituições públicas e privadas que prestam atendimento a alu-
acesso e a permanência dos (as) alunos (as) com deficiência por
nos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
meio da adequação arquitetônica, da oferta de transporte acessível habilidades ou superdotação;
e da disponibilização de material didático próprio e de recursos de 4.15) promover, por iniciativa do Ministério da Educação, nos
tecnologia assistiva, assegurando, ainda, no contexto escolar, em órgãos de pesquisa, demografia e estatística competentes, a obtenção
todas as etapas, níveis e modalidades de ensino, a identificação dos de informação detalhada sobre o perfil das pessoas com deficiência,
(as) alunos (as) com altas habilidades ou superdotação; transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou super-
4.7) garantir a oferta de educação bilíngue, em Língua Brasi- dotação de 0 (zero) a 17 (dezessete) anos;
leira de Sinais - LIBRAS como primeira língua e na modalidade 4.16) incentivar a inclusão nos cursos de licenciatura e nos de-
escrita da Língua Portuguesa como segunda língua, aos (às) alunos mais cursos de formação para profissionais da educação, inclusive em
(as) surdos e com deficiência auditiva de 0 (zero) a 17 (dezessete) nível de pós-graduação, observado o disposto no caput do art. 207 da
anos, em escolas e classes bilíngues e em escolas inclusivas, nos Constituição Federal, dos referenciais teóricos, das teorias de aprendi-
termos do art. 22 do Decreto no 5.626, de 22 de dezembro de 2005, zagem e dos processos de ensino-aprendizagem relacionados ao aten-
e dos arts. 24 e 30 da Convenção sobre os Direitos das Pessoas dimento educacional de alunos com deficiência, transtornos globais
com Deficiência, bem como a adoção do Sistema Braille de leitura do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação;
para cegos e surdos-cegos; 4.17) promover parcerias com instituições comunitárias, confes-
4.8) garantir a oferta de educação inclusiva, vedada a exclu- sionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com o poder
são do ensino regular sob alegação de deficiência e promovida a público, visando a ampliar as condições de apoio ao atendimento es-
articulação pedagógica entre o ensino regular e o atendimento edu- colar integral das pessoas com deficiência, transtornos globais do de-
cacional especializado; senvolvimento e altas habilidades ou superdotação matriculadas nas
4.9) fortalecer o acompanhamento e o monitoramento do aces- redes públicas de ensino;
so à escola e ao atendimento educacional especializado, bem como 4.18) promover parcerias com instituições comunitárias, confes-
da permanência e do desenvolvimento escolar dos (as) alunos (as) sionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com o poder
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas público, visando a ampliar a oferta de formação continuada e a produ-
habilidades ou superdotação beneficiários (as) de programas de ção de material didático acessível, assim como os serviços de acessi-
bilidade necessários ao pleno acesso, participação e aprendizagem dos
transferência de renda, juntamente com o combate às situações de
estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento
discriminação, preconceito e violência, com vistas ao estabeleci-
e altas habilidades ou superdotação matriculados na rede pública de
mento de condições adequadas para o sucesso educacional, em co-
ensino;
laboração com as famílias e com os órgãos públicos de assistência
4.19) promover parcerias com instituições comunitárias, confes-
social, saúde e proteção à infância, à adolescência e à juventude; sionais ou filantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com o poder
4.10) fomentar pesquisas voltadas para o desenvolvimento público, a fim de favorecer a participação das famílias e da sociedade
de metodologias, materiais didáticos, equipamentos e recursos de na construção do sistema educacional inclusivo.
tecnologia assistiva, com vistas à promoção do ensino e da apren- Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até o final do
dizagem, bem como das condições de acessibilidade dos (as) estu- 3o (terceiro) ano do ensino fundamental.
dantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação; Estratégias:
4.11) promover o desenvolvimento de pesquisas interdiscipli- 5.1) estruturar os processos pedagógicos de alfabetização, nos
nares para subsidiar a formulação de políticas públicas interseto- anos iniciais do ensino fundamental, articulando-os com as es-
riais que atendam as especificidades educacionais de estudantes tratégias desenvolvidas na pré-escola, com qualificação e valo-
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas rização dos (as) professores (as) alfabetizadores e com apoio peda-
habilidades ou superdotação que requeiram medidas de atendi- gógico específico, a fim de garantir a alfabetização plena de todas
mento especializado; as crianças;

Didatismo e Conhecimento 71
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
5.2) instituir instrumentos de avaliação nacional periódicos e específicos para aferir a alfabetização das crianças, aplicados a cada ano,
bem como estimular os sistemas de ensino e as escolas a criarem os respectivos instrumentos de avaliação e monitoramento, imple-
mentando medidas pedagógicas para alfabetizar todos os alunos e alunas até o final do terceiro ano do ensino fundamental;
5.3) selecionar, certificar e divulgar tecnologias educacionais para a alfabetização de crianças, assegurada a diversidade de méto-
dos e propostas pedagógicas, bem como o acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em que forem aplicadas, devendo
ser disponibilizadas, preferencialmente, como recursos educacionais abertos;
5.4) fomentar o desenvolvimento de tecnologias educacionais e de práticas pedagógicas inovadoras que assegurem a alfabetiza-
ção e favoreçam a melhoria do fluxo escolar e a aprendizagem dos (as) alunos (as), consideradas as diversas abordagens metodoló-
gicas e sua efetividade;
5.5) apoiar a alfabetização de crianças do campo, indígenas, quilombolas e de populações itinerantes, com a produção de mate-
riais didáticos específicos, e desenvolver instrumentos de acompanhamento que considerem o uso da língua materna pelas comunida-
des indígenas e a identidade cultural das comunidades quilombolas;
5.6) promover e estimular a formação inicial e continuada de professores (as) para a alfabetização de crianças, com o conheci-
mento de novas tecnologias educacionais e práticas pedagógicas inovadoras, estimulando a articulação entre programas de pós-gra-
duação stricto sensu e ações de formação continuada de professores (as) para a alfabetização;
5.7) apoiar a alfabetização das pessoas com deficiência, considerando as suas especificidades, inclusive a alfabetização bilíngue
de pessoas surdas, sem estabelecimento de terminalidade temporal.
Meta 6: oferecer educação em tempo integral em, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das escolas públicas, de forma a atender,
pelo menos, 25% (vinte e cinco por cento) dos (as) alunos (as) da educação básica.

Estratégias:
6.1) promover, com o apoio da União, a oferta de educação básica pública em tempo integral, por meio de atividades de acompa-
nhamento pedagógico e multidisciplinares, inclusive culturais e esportivas, de forma que o tempo de permanência dos (as) alunos (as)
na escola, ou sob sua responsabilidade, passe a ser igual ou superior a 7 (sete) horas diárias durante todo o ano letivo, com a ampliação
progressiva da jornada de professores em uma única escola;
6.2) instituir, em regime de colaboração, programa de construção de escolas com padrão arquitetônico e de mobiliário adequado
para atendimento em tempo integral, prioritariamente em comunidades pobres ou com crianças em situação de vulnerabilidade social;
6.3) institucionalizar e manter, em regime de colaboração, programa nacional de ampliação e reestruturação das escolas públicas,
por meio da instalação de quadras poliesportivas, laboratórios, inclusive de informática, espaços para atividades culturais, bibliote-
cas, auditórios, cozinhas, refeitórios, banheiros e outros equipamentos, bem como da produção de material didático e da formação de
recursos humanos para a educação em tempo integral;
6.4) fomentar a articulação da escola com os diferentes espaços educativos, culturais e esportivos e com equipamentos públicos,
como centros comunitários, bibliotecas, praças, parques, museus, teatros, cinemas e planetários;
6.5) estimular a oferta de atividades voltadas à ampliação da jornada escolar de alunos (as) matriculados nas escolas da rede
pública de educação básica por parte das entidades privadas de serviço social vinculadas ao sistema sindical, de forma concomitante
e em articulação com a rede pública de ensino;
6.6) orientar a aplicação da gratuidade de que trata o art. 13 da Lei no 12.101, de 27 de novembro de 2009, em atividades de
ampliação da jornada escolar de alunos (as) das escolas da rede pública de educação básica, de forma concomitante e em articulação
com a rede pública de ensino;
6.7) atender às escolas do campo e de comunidades indígenas e quilombolas na oferta de educação em tempo integral, com base
em consulta prévia e informada, considerando-se as peculiaridades locais;
6.8) garantir a educação em tempo integral para pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habili-
dades ou superdotação na faixa etária de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos, assegurando atendimento educacional especializado com-
plementar e suplementar ofertado em salas de recursos multifuncionais da própria escola ou em instituições especializadas;
6.9) adotar medidas para otimizar o tempo de permanência dos alunos na escola, direcionando a expansão da jornada para o efe-
tivo trabalho escolar, combinado com atividades recreativas, esportivas e culturais.
Meta 7: fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar e da aprendi-
zagem de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb:

IDEB 2015 2017 2019 2021


Anos iniciais do ensino fundamental 5,2 5,5 5,7 6,0
Anos finais do ensino fundamental 4,7 5,0 5,2 5,5
Ensino médio 4,3 4,7 5,0 5,2

Didatismo e Conhecimento 72
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
Estratégias: 7.10) fixar, acompanhar e divulgar bienalmente os resultados
7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuação interfede- pedagógicos dos indicadores do sistema nacional de avaliação da
rativa, diretrizes pedagógicas para a educação básica e a base na- educação básica e do Ideb, relativos às escolas, às redes públicas
cional comum dos currículos, com direitos e objetivos de apren- de educação básica e aos sistemas de ensino da União, dos Estados,
dizagem e desenvolvimento dos (as) alunos (as) para cada ano do do Distrito Federal e dos Municípios, assegurando a contextualização
ensino fundamental e médio, respeitada a diversidade regional, desses resultados, com relação a indicadores sociais relevantes, como
estadual e local; os de nível socioeconômico das famílias dos (as) alunos (as), e a trans-
7.2) assegurar que: parência e o acesso público às informações técnicas de concepção e
a) no quinto ano de vigência deste PNE, pelo menos 70% (se- operação do sistema de avaliação;
tenta por cento) dos (as) alunos (as) do ensino fundamental e do 7.11) melhorar o desempenho dos alunos da educação básica nas
ensino médio tenham alcançado nível suficiente de aprendizado em avaliações da aprendizagem no Programa Internacional de Avaliação
relação aos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento de Estudantes - PISA, tomado como instrumento externo de referên-
de seu ano de estudo, e 50% (cinquenta por cento), pelo menos, o cia, internacionalmente reconhecido, de acordo com as seguintes pro-
nível desejável; jeções:
b) no último ano de vigência deste PNE, todos os (as) estu-
dantes do ensino fundamental e do ensino médio tenham alcançado
nível suficiente de aprendizado em relação aos direitos e objetivos PISA 2015 2018 2021
de aprendizagem e desenvolvimento de seu ano de estudo, e 80%
(oitenta por cento), pelo menos, o nível desejável; Média dos resultados em
438 455 473
7.3) constituir, em colaboração entre a União, os Estados, o Dis- matemática, leitura e ciências
trito Federal e os Municípios, um conjunto nacional de indicadores
de avaliação institucional com base no perfil do alunado e do corpo 7.12) incentivar o desenvolvimento, selecionar, certificar e di-
de profissionais da educação, nas condições de infraestrutura das vulgar tecnologias educacionais para a educação infantil, o ensino
escolas, nos recursos pedagógicos disponíveis, nas características da fundamental e o ensino médio e incentivar práticas pedagógicas ino-
gestão e em outras dimensões relevantes, considerando as especifi- vadoras que assegurem a melhoria do fluxo escolar e a aprendizagem,
cidades das modalidades de ensino; assegurada a diversidade de métodos e propostas pedagógicas, com
7.4) induzir processo contínuo de autoavaliação das escolas de preferência para softwares livres e recursos educacionais abertos, bem
educação básica, por meio da constituição de instrumentos de ava- como o acompanhamento dos resultados nos sistemas de ensino em
liação que orientem as dimensões a serem fortalecidas, destacando- que forem aplicadas;
se a elaboração de planejamento estratégico, a melhoria contínua da 7.13) garantir transporte gratuito para todos (as) os (as) estudan-
qualidade educacional, a formação continuada dos (as) profissionais tes da educação do campo na faixa etária da educação escolar obriga-
da educação e o aprimoramento da gestão democrática; tória, mediante renovação e padronização integral da frota de veícu-
7.5) formalizar e executar os planos de ações articuladas dando los, de acordo com especificações definidas pelo Instituto Nacional de
cumprimento às metas de qualidade estabelecidas para a educação Metrologia, Qualidade e Tecnologia - INMETRO, e financiamento
básica pública e às estratégias de apoio técnico e financeiro voltadas compartilhado, com participação da União proporcional às necessida-
à melhoria da gestão educacional, à formação de professores e pro- des dos entes federados, visando a reduzir a evasão escolar e o tempo
fessoras e profissionais de serviços e apoio escolares, à ampliação e médio de deslocamento a partir de cada situação local;
ao desenvolvimento de recursos pedagógicos e à melhoria e expan- 7.14) desenvolver pesquisas de modelos alternativos de atendi-
são da infraestrutura física da rede escolar; mento escolar para a população do campo que considerem as especifi-
7.6) associar a prestação de assistência técnica financeira à fi- cidades locais e as boas práticas nacionais e internacionais;
xação de metas intermediárias, nos termos estabelecidos conforme 7.15) universalizar, até o quinto ano de vigência deste PNE, o
pactuação voluntária entre os entes, priorizando sistemas e redes de acesso à rede mundial de computadores em banda larga de alta veloci-
ensino com Ideb abaixo da média nacional; dade e triplicar, até o final da década, a relação computador/aluno (a)
7.7) aprimorar continuamente os instrumentos de avaliação da nas escolas da rede pública de educação básica, promovendo a utili-
qualidade do ensino fundamental e médio, de forma a englobar o zação pedagógica das tecnologias da informação e da comunicação;
ensino de ciências nos exames aplicados nos anos finais do ensi- 7.16) apoiar técnica e financeiramente a gestão escolar mediante
no fundamental, e incorporar o Exame Nacional do Ensino Médio, transferência direta de recursos financeiros à escola, garantindo a par-
assegurada a sua universalização, ao sistema de avaliação da edu- ticipação da comunidade escolar no planejamento e na aplicação dos
cação básica, bem como apoiar o uso dos resultados das avaliações recursos, visando à ampliação da transparência e ao efetivo desenvol-
nacionais pelas escolas e redes de ensino para a melhoria de seus vimento da gestão democrática;
processos e práticas pedagógicas; 7.17) ampliar programas e aprofundar ações de atendimento ao
7.8) desenvolver indicadores específicos de avaliação da qua- (à) aluno (a), em todas as etapas da educação básica, por meio de
lidade da educação especial, bem como da qualidade da educação programas suplementares de material didático-escolar, transporte, ali-
bilíngue para surdos; mentação e assistência à saúde;
7.9) orientar as políticas das redes e sistemas de ensino, de for- 7.18) assegurar a todas as escolas públicas de educação básica o
ma a buscar atingir as metas do Ideb, diminuindo a diferença entre acesso a energia elétrica, abastecimento de água tratada, esgotamento
as escolas com os menores índices e a média nacional, garantindo sanitário e manejo dos resíduos sólidos, garantir o acesso dos alunos
equidade da aprendizagem e reduzindo pela metade, até o último a espaços para a prática esportiva, a bens culturais e artísticos e a
ano de vigência deste PNE, as diferenças entre as médias dos índices equipamentos e laboratórios de ciências e, em cada edifício esco-
dos Estados, inclusive do Distrito Federal, e dos Municípios; lar, garantir a acessibilidade às pessoas com deficiência;

Didatismo e Conhecimento 73
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
7.19) institucionalizar e manter, em regime de colaboração, 7.28) mobilizar as famílias e setores da sociedade civil, articu-
programa nacional de reestruturação e aquisição de equipamentos lando a educação formal com experiências de educação popular e
para escolas públicas, visando à equalização regional das oportu- cidadã, com os propósitos de que a educação seja assumida como
nidades educacionais; responsabilidade de todos e de ampliar o controle social sobre o
7.20) prover equipamentos e recursos tecnológicos digitais para cumprimento das políticas públicas educacionais;
a utilização pedagógica no ambiente escolar a todas as escolas pú- 7.29) promover a articulação dos programas da área da edu-
blicas da educação básica, criando, inclusive, mecanismos para im- cação, de âmbito local e nacional, com os de outras áreas, como
plementação das condições necessárias para a universalização das saúde, trabalho e emprego, assistência social, esporte e cultura,
bibliotecas nas instituições educacionais, com acesso a redes digitais possibilitando a criação de rede de apoio integral às famílias, como
de computadores, inclusive a internet; condição para a melhoria da qualidade educacional;
7.21) a União, em regime de colaboração com os entes fede- 7.30) universalizar, mediante articulação entre os órgãos res-
rados subnacionais, estabelecerá, no prazo de 2 (dois) anos conta- ponsáveis pelas áreas da saúde e da educação, o atendimento aos
dos da publicação desta Lei, parâmetros mínimos de qualidade dos (às) estudantes da rede escolar pública de educação básica por
serviços da educação básica, a serem utilizados como referência meio de ações de prevenção, promoção e atenção à saúde;
para infraestrutura das escolas, recursos pedagógicos, entre outros 7.31) estabelecer ações efetivas especificamente voltadas para
insumos relevantes, bem como instrumento para adoção de medidas a promoção, prevenção, atenção e atendimento à saúde e à inte-
para a melhoria da qualidade do ensino; gridade física, mental e emocional dos (das) profissionais da edu-
7.22) informatizar integralmente a gestão das escolas públicas cação, como condição para a melhoria da qualidade educacional;
e das secretarias de educação dos Estados, do Distrito Federal e dos 7.32) fortalecer, com a colaboração técnica e financeira da
Municípios, bem como manter programa nacional de formação ini- União, em articulação com o sistema nacional de avaliação, os
cial e continuada para o pessoal técnico das secretarias de educação; sistemas estaduais de avaliação da educação básica, com partici-
7.23) garantir políticas de combate à violência na escola, in- pação, por adesão, das redes municipais de ensino, para orientar as
clusive pelo desenvolvimento de ações destinadas à capacitação de políticas públicas e as práticas pedagógicas, com o fornecimento
educadores para detecção dos sinais de suas causas, como a violên- das informações às escolas e à sociedade;
cia doméstica e sexual, favorecendo a adoção das providências ade- 7.33) promover, com especial ênfase, em consonância com as
quadas para promover a construção da cultura de paz e um ambiente diretrizes do Plano Nacional do Livro e da Leitura, a formação
escolar dotado de segurança para a comunidade; de leitores e leitoras e a capacitação de professores e professoras,
7.24) implementar políticas de inclusão e permanência na es- bibliotecários e bibliotecárias e agentes da comunidade para atuar
cola para adolescentes e jovens que se encontram em regime de li- como mediadores e mediadoras da leitura, de acordo com a espe-
berdade assistida e em situação de rua, assegurando os princípios cificidade das diferentes etapas do desenvolvimento e da aprendi-
da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criança e do zagem;
Adolescente; 7.34) instituir, em articulação com os Estados, os Municípios
7.25) garantir nos currículos escolares conteúdos sobre a histó- e o Distrito Federal, programa nacional de formação de professo-
ria e as culturas afro-brasileira e indígenas e implementar ações edu- res e professoras e de alunos e alunas para promover e consolidar
cacionais, nos termos das Leis nos 10.639, de 9 de janeiro de 2003, política de preservação da memória nacional;
e 11.645, de 10 de março de 2008, assegurando-se a implementação 7.35) promover a regulação da oferta da educação básica pela
das respectivas diretrizes curriculares nacionais, por meio de ações iniciativa privada, de forma a garantir a qualidade e o cumprimen-
colaborativas com fóruns de educação para a diversidade etnicorra- to da função social da educação;
cial, conselhos escolares, equipes pedagógicas e a sociedade civil; 7.36) estabelecer políticas de estímulo às escolas que melho-
7.26) consolidar a educação escolar no campo de populações rarem o desempenho no Ideb, de modo a valorizar o mérito do
tradicionais, de populações itinerantes e de comunidades indígenas corpo docente, da direção e da comunidade escolar.
e quilombolas, respeitando a articulação entre os ambientes escola- Meta 8: elevar a escolaridade média da população de 18 (de-
res e comunitários e garantindo: o desenvolvimento sustentável e zoito) a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcançar, no mínimo, 12
preservação da identidade cultural; a participação da comunidade na (doze) anos de estudo no último ano de vigência deste Plano, para
definição do modelo de organização pedagógica e de gestão das ins- as populações do campo, da região de menor escolaridade no País
tituições, consideradas as práticas socioculturais e as formas par- e dos 25% (vinte e cinco por cento) mais pobres, e igualar a esco-
ticulares de organização do tempo; a oferta bilíngue na educação laridade média entre negros e não negros declarados à Fundação
infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, em língua ma- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
terna das comunidades indígenas e em língua portuguesa; a rees-
truturação e a aquisição de equipamentos; a oferta de programa Estratégias:
para a formação inicial e continuada de profissionais da educação; 8.1) institucionalizar programas e desenvolver tecnologias
e o atendimento em educação especial; para correção de fluxo, para acompanhamento pedagógico indi-
7.27) desenvolver currículos e propostas pedagógicas especí- vidualizado e para recuperação e progressão parcial, bem como
ficas para educação escolar para as escolas do campo e para as co- priorizar estudantes com rendimento escolar defasado, consideran-
munidades indígenas e quilombolas, incluindo os conteúdos cultu- do as especificidades dos segmentos populacionais considerados;
rais correspondentes às respectivas comunidades e considerando o 8.2) implementar programas de educação de jovens e adul-
fortalecimento das práticas socioculturais e da língua materna de tos para os segmentos populacionais considerados, que estejam
cada comunidade indígena, produzindo e disponibilizando mate- fora da escola e com defasagem idade-série, associados a outras
riais didáticos específicos, inclusive para os (as) alunos (as) com estratégias que garantam a continuidade da escolarização, após a
deficiência; alfabetização inicial;

Didatismo e Conhecimento 74
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
8.3) garantir acesso gratuito a exames de certificação da con- 9.11) implementar programas de capacitação tecnológica da
clusão dos ensinos fundamental e médio; população jovem e adulta, direcionados para os segmentos com
8.4) expandir a oferta gratuita de educação profissional técni- baixos níveis de escolarização formal e para os (as) alunos (as) com
ca por parte das entidades privadas de serviço social e de formação deficiência, articulando os sistemas de ensino, a Rede Federal de
profissional vinculadas ao sistema sindical, de forma concomitante Educação Profissional, Científica e Tecnológica, as universidades,
ao ensino ofertado na rede escolar pública, para os segmentos po- as cooperativas e as associações, por meio de ações de extensão de-
pulacionais considerados; senvolvidas em centros vocacionais tecnológicos, com tecnologias
8.5) promover, em parceria com as áreas de saúde e assis- assistivas que favoreçam a efetiva inclusão social e produtiva dessa
tência social, o acompanhamento e o monitoramento do acesso à população;
escola específicos para os segmentos populacionais considerados, 9.12) considerar, nas políticas públicas de jovens e adultos, as
identificar motivos de absenteísmo e colaborar com os Estados, necessidades dos idosos, com vistas à promoção de políticas de er-
o Distrito Federal e os Municípios para a garantia de frequência e radicação do analfabetismo, ao acesso a tecnologias educacionais e
apoio à aprendizagem, de maneira a estimular a ampliação do aten- atividades recreativas, culturais e esportivas, à implementação de
dimento desses (as) estudantes na rede pública regular de ensino; programas de valorização e compartilhamento dos conhecimentos
8.6) promover busca ativa de jovens fora da escola pertencen- e experiência dos idosos e à inclusão dos temas do envelhecimento
tes aos segmentos populacionais considerados, em parceria com as e da velhice nas escolas.
áreas de assistência social, saúde e proteção à juventude. Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por cento)
Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da população com 15 das matrículas de educação de jovens e adultos, nos ensinos funda-
(quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três inteiros e cinco mental e médio, na forma integrada à educação profissional.
décimos por cento) até 2015 e, até o final da vigência deste PNE,
erradicar o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% (cinquenta por Estratégias:
cento) a taxa de analfabetismo funcional. 10.1) manter programa nacional de educação de jovens e adul-
tos voltado à conclusão do ensino fundamental e à formação profis-
Estratégias: sional inicial, de forma a estimular a conclusão da educação básica;
9.1) assegurar a oferta gratuita da educação de jovens e adul- 10.2) expandir as matrículas na educação de jovens e adultos,
tos a todos os que não tiveram acesso à educação básica na idade de modo a articular a formação inicial e continuada de trabalhado-
própria; res com a educação profissional, objetivando a elevação do nível de
9.2) realizar diagnóstico dos jovens e adultos com ensino fun- escolaridade do trabalhador e da trabalhadora;
damental e médio incompletos, para identificar a demanda ativa por 10.3) fomentar a integração da educação de jovens e adultos
vagas na educação de jovens e adultos; com a educação profissional, em cursos planejados, de acordo com
9.3) implementar ações de alfabetização de jovens e adultos as características do público da educação de jovens e adultos e con-
com garantia de continuidade da escolarização básica; siderando as especificidades das populações itinerantes e do campo
9.4) criar benefício adicional no programa nacional de trans- e das comunidades indígenas e quilombolas, inclusive na modali-
ferência de renda para jovens e adultos que frequentarem cursos de dade de educação a distância;
alfabetização; 10.4) ampliar as oportunidades profissionais dos jovens e
9.5) realizar chamadas públicas regulares para educação de adultos com deficiência e baixo nível de escolaridade, por meio do
jovens e adultos, promovendo-se busca ativa em regime de cola- acesso à educação de jovens e adultos articulada à educação pro-
boração entre entes federados e em parceria com organizações da fissional;
sociedade civil; 10.5) implantar programa nacional de reestruturação e aqui-
9.6) realizar avaliação, por meio de exames específicos, que sição de equipamentos voltados à expansão e à melhoria da rede
permita aferir o grau de alfabetização de jovens e adultos com mais física de escolas públicas que atuam na educação de jovens e adul-
de 15 (quinze) anos de idade; tos integrada à educação profissional, garantindo acessibilidade à
9.7) executar ações de atendimento ao (à) estudante da educa- pessoa com deficiência;
ção de jovens e adultos por meio de programas suplementares de 10.6) estimular a diversificação curricular da educação de jo-
transporte, alimentação e saúde, inclusive atendimento oftalmoló- vens e adultos, articulando a formação básica e a preparação para
gico e fornecimento gratuito de óculos, em articulação com a área o mundo do trabalho e estabelecendo inter-relações entre teoria e
da saúde; prática, nos eixos da ciência, do trabalho, da tecnologia e da cultura
9.8) assegurar a oferta de educação de jovens e adultos, nas e cidadania, de forma a organizar o tempo e o espaço pedagógicos
etapas de ensino fundamental e médio, às pessoas privadas de liber- adequados às características desses alunos e alunas;
dade em todos os estabelecimentos penais, assegurando-se forma- 10.7) fomentar a produção de material didático, o desenvol-
ção específica dos professores e das professoras e implementação de vimento de currículos e metodologias específicas, os instrumentos
diretrizes nacionais em regime de colaboração; de avaliação, o acesso a equipamentos e laboratórios e a formação
9.9) apoiar técnica e financeiramente projetos inovadores na continuada de docentes das redes públicas que atuam na educação
educação de jovens e adultos que visem ao desenvolvimento de mo- de jovens e adultos articulada à educação profissional;
delos adequados às necessidades específicas desses (as) alunos (as); 10.8) fomentar a oferta pública de formação inicial e continua-
9.10) estabelecer mecanismos e incentivos que integrem os seg- da para trabalhadores e trabalhadoras articulada à educação de jo-
mentos empregadores, públicos e privados, e os sistemas de ensino, vens e adultos, em regime de colaboração e com apoio de entidades
para promover a compatibilização da jornada de trabalho dos em- privadas de formação profissional vinculadas ao sistema sindical
pregados e das empregadas com a oferta das ações de alfabetiza- e de entidades sem fins lucrativos de atendimento à pessoa com
ção e de educação de jovens e adultos; deficiência, com atuação exclusiva na modalidade;

Didatismo e Conhecimento 75
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
10.9) institucionalizar programa nacional de assistência ao es- 11.11) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos
tudante, compreendendo ações de assistência social, financeira e cursos técnicos de nível médio na Rede Federal de Educação Pro-
de apoio psicopedagógico que  contribuam para garantir o acesso, fissional, Científica e Tecnológica para 90% (noventa por cento) e
a permanência, a aprendizagem e a conclusão com êxito da educa- elevar, nos cursos presenciais, a relação de alunos (as) por profes-
ção de jovens e adultos articulada à educação profissional; sor para 20 (vinte);
10.10) orientar a expansão da oferta de educação de jovens e 11.12) elevar gradualmente o investimento em programas de
adultos articulada à educação profissional, de modo a atender às assistência estudantil e mecanismos de mobilidade acadêmica, vi-
pessoas privadas de liberdade nos estabelecimentos penais, asse- sando a garantir as condições necessárias à permanência dos (as)
gurando-se formação específica dos professores e das professoras estudantes e à conclusão dos cursos técnicos de nível médio;
e implementação de diretrizes nacionais em regime de colabora- 11.13) reduzir as desigualdades étnico-raciais e regionais no
ção; acesso e permanência na educação profissional técnica de nível
10.11) implementar mecanismos de reconhecimento de sabe- médio, inclusive mediante a adoção de políticas afirmativas, na
res dos jovens e adultos trabalhadores, a serem considerados na forma da lei;
articulação curricular dos cursos de formação inicial e continuada 11.14) estruturar sistema nacional de informação profissional,
e dos cursos técnicos de nível médio. articulando a oferta de formação das instituições especializadas em
Meta 11: triplicar as matrículas da educação profissional téc- educação profissional aos dados do mercado de trabalho e a con-
nica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta e pelo me- sultas promovidas em entidades empresariais e de trabalhadores 
nos 50% (cinquenta por cento) da expansão no segmento público. Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior
para 50% (cinquenta por cento) e a taxa líquida para 33% (trinta e
Estratégias: três por cento) da população de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro)
11.1) expandir as matrículas de educação profissional técnica anos, assegurada a qualidade da oferta e expansão para, pelo me-
de nível médio na Rede Federal de Educação Profissional, Cien- nos, 40% (quarenta por cento) das novas matrículas, no segmento
tífica e Tecnológica, levando em consideração a responsabilidade público.
dos Institutos na ordenação territorial, sua vinculação com arranjos
Estratégias:
produtivos, sociais e culturais locais e regionais, bem como a inte-
12.1) otimizar a capacidade instalada da estrutura física e de
riorização da educação profissional;
recursos humanos das instituições públicas de educação superior,
11.2) fomentar a expansão da oferta de educação profissional
mediante ações planejadas e coordenadas, de forma a ampliar e
técnica de nível médio nas redes públicas estaduais de ensino;
interiorizar o acesso à graduação;
11.3) fomentar a expansão da oferta de educação profissio-
12.2) ampliar a oferta de vagas, por meio da expansão e inte-
nal técnica de nível médio na modalidade de educação a distân-
riorização da rede federal de educação superior, da Rede Federal
cia, com a finalidade de ampliar a oferta e democratizar o acesso
de Educação Profissional, Científica e Tecnológica e do sistema
à educação profissional pública e gratuita, assegurado padrão de Universidade Aberta do Brasil, considerando a densidade popula-
qualidade; cional, a oferta de vagas públicas em relação à população na idade
11.4) estimular a expansão do estágio na educação profissio- de referência e observadas as características regionais das micro e
nal técnica de nível médio e do ensino médio regular, preservan- mesorregiões definidas pela Fundação Instituto Brasileiro de Geo-
do-se seu caráter pedagógico integrado ao itinerário formativo do grafia e Estatística - IBGE, uniformizando a expansão no território
aluno, visando à formação de qualificações próprias da atividade nacional;
profissional, à contextualização curricular e ao desenvolvimento 12.3) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos cur-
da juventude; sos de graduação presenciais nas universidades públicas para 90%
11.5) ampliar a oferta de programas de reconhecimento de sa- (noventa por cento), ofertar, no mínimo, um terço das vagas em
beres para fins de certificação profissional em nível técnico; cursos noturnos e elevar a relação de estudantes por professor (a)
11.6) ampliar a oferta de matrículas gratuitas de educação para 18 (dezoito), mediante estratégias de aproveitamento de cré-
profissional técnica de nível médio pelas entidades privadas de ditos e inovações acadêmicas que valorizem a aquisição de com-
formação profissional vinculadas ao sistema sindical e entidades petências de nível superior;
sem fins lucrativos de atendimento à pessoa com deficiência, com 12.4) fomentar a oferta de educação superior pública e gratui-
atuação exclusiva na modalidade; ta prioritariamente para a formação de professores e professoras
11.7) expandir a oferta de financiamento estudantil à educação para a educação básica, sobretudo nas áreas de ciências e mate-
profissional técnica de nível médio oferecida em instituições pri- mática, bem como para atender ao défice de profissionais em áreas
vadas de educação superior; específicas;
11.8) institucionalizar sistema de avaliação da qualidade da 12.5) ampliar as políticas de inclusão e de assistência estu-
educação profissional técnica de nível médio das redes escolares dantil dirigidas aos (às) estudantes de instituições públicas, bol-
públicas e privadas; sistas de instituições privadas de educação superior e beneficiários
11.9) expandir o atendimento do ensino médio gratuito inte- do Fundo de Financiamento Estudantil - FIES, de que trata a Lei
grado à formação profissional para as populações do campo e para no 10.260, de 12 de julho de 2001, na educação superior, de modo a
as comunidades indígenas e quilombolas, de acordo com os seus reduzir as desigualdades étnico-raciais e ampliar as taxas de aces-
interesses e necessidades; so e permanência na educação superior de estudantes egressos da
11.10) expandir a oferta de educação profissional técnica de escola pública, afrodescendentes e indígenas e de estudantes com
nível médio para as pessoas com deficiência, transtornos globais deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habili-
do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação; dades ou superdotação, de forma a apoiar seu sucesso acadêmico;

Didatismo e Conhecimento 76
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
12.6) expandir o financiamento estudantil por meio do Fundo 12.20) ampliar, no âmbito do Fundo de Financiamento ao Es-
de Financiamento Estudantil - FIES, de que trata a Lei no 10.260, tudante do Ensino Superior - FIES, de que trata a Lei nº 10.260,
de 12 de julho de 2001, com a constituição de fundo garantidor do de 12 de julho de 2001, e do Programa Universidade para Todos -
financiamento, de forma a dispensar progressivamente a exigência PROUNI, de que trata a Lei no11.096, de 13 de janeiro de 2005, os
de fiador; benefícios destinados à concessão de financiamento a estudantes
12.7) assegurar, no mínimo, 10% (dez por cento) do total de regularmente matriculados em cursos superiores presenciais ou a
créditos curriculares exigidos para a graduação em programas e distância, com avaliação positiva, de acordo com regulamentação
projetos de extensão universitária, orientando sua ação, priorita- própria, nos processos conduzidos pelo Ministério da Educação;
riamente, para áreas de grande pertinência social; 12.21) fortalecer as redes físicas de laboratórios multifuncio-
12.8) ampliar a oferta de estágio como parte da formação na nais das IES e ICTs nas áreas estratégicas definidas pela política e
educação superior; estratégias nacionais de ciência, tecnologia e inovação.
12.9) ampliar a participação proporcional de grupos historica- Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e ampliar
mente desfavorecidos na educação superior, inclusive mediante a a proporção de mestres e doutores do corpo docente em efetivo
adoção de políticas afirmativas, na forma da lei; exercício no conjunto do sistema de educação superior para 75%
12.10) assegurar condições de acessibilidade nas instituições (setenta e cinco por cento), sendo, do total, no mínimo, 35% (trin-
de educação superior, na forma da legislação; ta e cinco por cento) doutores.
12.11) fomentar estudos e pesquisas que analisem a necessi- Estratégias:
dade de articulação entre formação, currículo, pesquisa e mundo 13.1) aperfeiçoar o Sistema Nacional de Avaliação da Edu-
do trabalho, considerando as necessidades econômicas, sociais e cação Superior - SINAES, de que trata a  Lei no  10.861, de 14
culturais do País; de abril de 2004, fortalecendo as ações de avaliação, regulação e
12.12) consolidar e ampliar programas e ações de incentivo supervisão;
à mobilidade estudantil e docente em cursos de graduação e pós- 13.2) ampliar a cobertura do Exame Nacional de Desempe-
graduação, em âmbito nacional e internacional, tendo em vista o nho de Estudantes - ENADE, de modo a ampliar o quantitativo de
enriquecimento da formação de nível superior; estudantes e de áreas avaliadas no que diz respeito à aprendiza-
12.13) expandir atendimento específico a populações do cam- gem resultante da graduação;
po e comunidades indígenas e quilombolas, em relação a acesso, 13.3) induzir processo contínuo de autoavaliação das institui-
permanência, conclusão e formação de profissionais para atuação ções de educação superior, fortalecendo a participação das comis-
nessas populações; sões próprias de avaliação, bem como a aplicação de instrumentos
12.14) mapear a demanda e fomentar a oferta de formação de de avaliação que orientem as dimensões a serem fortalecidas, des-
pessoal de nível superior, destacadamente a que se refere à forma- tacando-se a qualificação e a dedicação do corpo docente;
ção nas áreas de ciências e matemática, considerando as neces- 13.4) promover a melhoria da qualidade dos cursos de peda-
sidades do desenvolvimento do País, a inovação tecnológica e a gogia e licenciaturas, por meio da aplicação de instrumento pró-
melhoria da qualidade da educação básica; prio de avaliação aprovado pela Comissão Nacional de Avaliação
12.15) institucionalizar programa de composição de acervo da Educação Superior - CONAES, integrando-os às demandas e
digital de referências bibliográficas e audiovisuais para os cursos necessidades das redes de educação básica, de modo a permitir
de graduação, assegurada a acessibilidade às pessoas com defi- aos graduandos a aquisição das qualificações necessárias a con-
ciência;  duzir o processo pedagógico de seus futuros alunos (as), combi-
12.16) consolidar processos seletivos nacionais e regionais nando formação geral e específica com a prática didática, além da
para acesso à educação superior como forma de superar exames educação para as relações étnico-raciais, a diversidade e as neces-
vestibulares isolados; sidades das pessoas com deficiência;
12.17) estimular mecanismos para ocupar as vagas ociosas em 13.5) elevar o padrão de qualidade das universidades, dire-
cada período letivo na educação superior pública; cionando sua atividade, de modo que realizem, efetivamente, pes-
12.18) estimular a expansão e reestruturação das instituições quisa institucionalizada, articulada a programas de pós-gradua-
de educação superior estaduais e municipais cujo ensino seja gra- ção stricto sensu;
tuito, por meio de apoio técnico e financeiro do Governo Federal, 13.6) substituir o Exame Nacional de Desempenho de Estu-
mediante termo de adesão a programa de reestruturação, na forma dantes - ENADE aplicado ao final do primeiro ano do curso de
de regulamento, que considere a sua contribuição para a ampliação graduação pelo Exame Nacional do Ensino Médio - ENEM, a fim
de vagas, a capacidade fiscal e as necessidades dos sistemas de de apurar o valor agregado dos cursos de graduação;
ensino dos entes mantenedores na oferta e qualidade da educação 13.7) fomentar a formação de consórcios entre instituições
básica; públicas de educação superior, com vistas a potencializar a atua-
12.19) reestruturar com ênfase na melhoria de prazos e qua- ção regional, inclusive por meio de plano de desenvolvimento
lidade da decisão, no prazo de 2 (dois) anos, os procedimentos institucional integrado, assegurando maior visibilidade nacional e
adotados na área de avaliação, regulação e supervisão, em relação internacional às atividades de ensino, pesquisa e extensão;
aos processos de autorização de cursos e instituições, de reconhe- 13.8) elevar gradualmente a taxa de conclusão média dos cur-
cimento ou renovação de reconhecimento de cursos superiores e sos de graduação presenciais nas universidades públicas, de modo
de credenciamento ou recredenciamento de instituições, no âmbito a atingir 90% (noventa por cento) e, nas instituições privadas,
do sistema federal de ensino; 75% (setenta e cinco por cento), em 2020, e fomentar a melhoria

Didatismo e Conhecimento 77
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
dos resultados de aprendizagem, de modo que, em 5 (cinco) anos, 14.14) estimular a pesquisa científica e de inovação e promo-
pelo menos 60% (sessenta por cento) dos estudantes apresentem ver a formação de recursos humanos que valorize a diversidade
desempenho positivo igual ou superior a 60% (sessenta por cento) regional e a biodiversidade da região amazônica e do cerrado, bem
no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes - ENADE e, como a gestão de recursos hídricos no semiárido para mitigação
no último ano de vigência, pelo menos 75% (setenta e cinco por dos efeitos da seca e geração de emprego e renda na região;
cento) dos estudantes obtenham desempenho positivo igual ou su- 14.15) estimular a pesquisa aplicada, no âmbito das IES e das
perior a 75% (setenta e cinco por cento) nesse exame, em cada área ICTs, de modo a incrementar a inovação e a produção e registro de
de formação profissional; patentes.
13.9) promover a formação inicial e continuada dos (as) pro- Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre a União, os
fissionais técnico-administrativos da educação superior. Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de 1 (um) ano
Meta 14: elevar gradualmente o número de matrículas na de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissio-
pós-graduação  stricto sensu, de modo a atingir a titulação anual nais da educação de que tratam os incisos I, II e III do caput do art.
de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000 (vinte e cinco mil) dou- 61 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurado que
tores. todos os professores e as professoras da educação básica possuam
Estratégias: formação específica de nível superior, obtida em curso de licencia-
14.1) expandir o financiamento da pós-graduação stricto sen- tura na área de conhecimento em que atuam.
su por meio das agências oficiais de fomento;
14.2) estimular a integração e a atuação articulada entre a Estratégias:
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - 15.1) atuar, conjuntamente, com base em plano estratégico
CAPES e as agências estaduais de fomento à pesquisa; que apresente diagnóstico das necessidades de formação de profis-
14.3) expandir o financiamento estudantil por meio do Fies à sionais da educação e da capacidade de atendimento, por parte de
pós-graduação stricto sensu; instituições públicas e comunitárias de educação superior existen-
14.4) expandir a oferta de cursos de pós-graduação stricto sen- tes nos Estados, Distrito Federal e Municípios, e defina obrigações
recíprocas entre os partícipes;
su, utilizando inclusive metodologias, recursos e tecnologias de
15.2) consolidar o financiamento estudantil a estudantes ma-
educação a distância;
triculados em cursos de licenciatura com avaliação positiva pelo
14.5) implementar ações para reduzir as desigualdades étni-
Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES,
co-raciais e regionais e para favorecer o acesso das populações do
na forma da Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004, inclusive a amor-
campo e das comunidades indígenas e quilombolas a programas de
tização do saldo devedor pela docência efetiva na rede pública de
mestrado e doutorado;
educação básica;
14.6) ampliar a oferta de programas de pós-graduação stricto
15.3) ampliar programa permanente de iniciação à docência a
sensu, especialmente os de doutorado, nos  campi  novos abertos estudantes matriculados em cursos de licenciatura, a fim de apri-
em decorrência dos programas de expansão e interiorização das morar a formação de profissionais para atuar no magistério da edu-
instituições superiores públicas; cação básica;
14.7) manter e expandir programa de acervo digital de refe- 15.4) consolidar e ampliar plataforma eletrônica para organizar
rências bibliográficas para os cursos de pós-graduação, assegurada a oferta e as matrículas em cursos de formação inicial e continuada
a acessibilidade às pessoas com deficiência; de profissionais da educação, bem como para divulgar e atualizar
14.8) estimular a participação das mulheres nos cursos de pós- seus currículos eletrônicos;
graduação stricto sensu, em particular aqueles ligados às áreas de 15.5) implementar programas específicos para formação de
Engenharia, Matemática, Física, Química, Informática e outros no profissionais da educação para as escolas do campo e de comunida-
campo das ciências; des indígenas e quilombolas e para a educação especial;
14.9) consolidar programas, projetos e ações que objetivem 15.6) promover a reforma curricular dos cursos de licenciatura
a internacionalização da pesquisa e da pós-graduação brasileiras, e estimular a renovação pedagógica, de forma a assegurar o foco no
incentivando a atuação em rede e o fortalecimento de grupos de aprendizado do (a) aluno (a), dividindo a carga horária em forma-
pesquisa; ção geral, formação na área do saber e didática específica e incorpo-
14.10) promover o intercâmbio científico e tecnológico, na- rando as modernas tecnologias de informação e comunicação, em
cional e internacional, entre as instituições de ensino, pesquisa e articulação com a base nacional comum dos currículos da educação
extensão; básica, de que tratam as estratégias 2.1, 2.2, 3.2 e 3.3 deste PNE;
14.11) ampliar o investimento em pesquisas com foco em de- 15.7) garantir, por meio das funções de avaliação, regulação e
senvolvimento e estímulo à inovação, bem como incrementar a supervisão da educação superior, a plena implementação das res-
formação de recursos humanos para a inovação, de modo a buscar pectivas diretrizes curriculares;
o aumento da competitividade das empresas de base tecnológica; 15.8) valorizar as práticas de ensino e os estágios nos cursos de
14.12) ampliar o investimento na formação de doutores de formação de nível médio e superior dos profissionais da educação,
modo a atingir a proporção de 4 (quatro) doutores por 1.000 (mil) visando ao trabalho sistemático de articulação entre a formação
habitantes; acadêmica e as demandas da educação básica;
14.13) aumentar qualitativa e quantitativamente o desempe- 15.9) implementar cursos e programas especiais para assegurar
nho científico e tecnológico do País e a competitividade interna- formação específica na educação superior, nas respectivas áreas de
cional da pesquisa brasileira, ampliando a cooperação científica atuação, aos docentes com formação de nível médio na modalidade
com empresas, Instituições de Educação Superior - IES e demais normal, não licenciados ou licenciados em área diversa da de atua-
Instituições Científicas e Tecnológicas - ICTs; ção docente, em efetivo exercício;

Didatismo e Conhecimento 78
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
15.10) fomentar a oferta de cursos técnicos de nível médio e Estratégias:
tecnológicos de nível superior destinados à formação, nas respec- 17.1) constituir, por iniciativa do Ministério da Educação, até
tivas áreas de atuação, dos (as) profissionais da educação de outros o final do primeiro ano de vigência deste PNE, fórum permanen-
segmentos que não os do magistério; te, com representação da União, dos Estados, do Distrito Federal,
15.11) implantar, no prazo de 1 (um) ano de vigência desta dos Municípios e dos trabalhadores da educação, para acompanha-
Lei, política nacional de formação continuada para os (as) profis- mento da atualização progressiva do valor do piso salarial nacional
sionais da educação de outros segmentos que não os do magistério, para os profissionais do magistério público da educação básica;
construída em regime de colaboração entre os entes federados; 17.2) constituir como tarefa do fórum permanente o acom-
15.12) instituir programa de concessão de bolsas de estudos panhamento da evolução salarial por meio de indicadores da
para que os professores de idiomas das escolas públicas de edu- Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD, periodi-
cação básica realizem estudos de imersão e aperfeiçoamento nos camente divulgados pela Fundação Instituto Brasileiro de Geo-
países que tenham como idioma nativo as línguas que lecionem; grafia e Estatística - IBGE;
15.13) desenvolver modelos de formação docente para a edu- 17.3) implementar, no âmbito da União, dos Estados, do Dis-
cação profissional que valorizem a experiência prática, por meio trito Federal e dos Municípios, planos de Carreira para os (as)
da oferta, nas redes federal e estaduais de educação profissional, profissionais do magistério das redes públicas de educação bási-
de cursos voltados à complementação e certificação didático-peda- ca, observados os critérios estabelecidos na Lei no 11.738, de 16
gógica de profissionais experientes. de julho de 2008, com implantação gradual do cumprimento da
Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta
jornada de trabalho em um único estabelecimento escolar;
por cento) dos professores da educação básica, até o último ano
17.4) ampliar a assistência financeira específica da União
de vigência deste PNE, e garantir a todos (as) os (as) profissionais
aos entes federados para implementação de políticas de valori-
da educação básica formação continuada em sua área de atuação,
zação dos (as) profissionais do magistério, em particular o piso
considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos
salarial nacional profissional.
sistemas de ensino.
Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a existência de
Estratégias: planos de Carreira para os (as) profissionais da educação básica e
16.1) realizar, em regime de colaboração, o planejamento es- superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de
tratégico para dimensionamento da demanda por formação con- Carreira dos (as) profissionais da educação básica pública, tomar
tinuada e fomentar a respectiva oferta por parte das instituições como referência o piso salarial nacional profissional, definido em
públicas de educação superior, de forma orgânica e articulada às lei federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição
políticas de formação dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu- Federal.
nicípios;
16.2) consolidar política nacional de formação de professores Estratégias:
e professoras da educação básica, definindo diretrizes nacionais, 18.1) estruturar as redes públicas de educação básica de
áreas prioritárias, instituições formadoras e processos de certifica- modo que, até o início do terceiro ano de vigência deste PNE,
ção  das atividades formativas; 90% (noventa por cento), no mínimo, dos respectivos profissio-
16.3) expandir programa de composição de acervo de obras nais do magistério e 50% (cinquenta por cento), no mínimo, dos
didáticas, paradidáticas e de literatura e de dicionários, e programa respectivos profissionais da educação não docentes sejam ocu-
específico de acesso a bens culturais, incluindo obras e materiais pantes de cargos de provimento efetivo e estejam em exercício
produzidos em Libras e em Braille, sem prejuízo de outros, a se- nas redes escolares a que se encontrem vinculados;
rem disponibilizados para os professores e as professoras da rede 18.2) implantar, nas redes públicas de educação básica e
pública de educação básica, favorecendo a construção do conheci- superior, acompanhamento dos profissionais iniciantes, supervi-
mento e a valorização da cultura da investigação; sionados por equipe de profissionais experientes, a fim de fun-
16.4) ampliar e consolidar portal eletrônico para subsidiar damentar, com base em avaliação documentada, a decisão pela
a atuação dos professores e das professoras da educação básica, efetivação após o estágio probatório e oferecer, durante esse pe-
disponibilizando gratuitamente materiais didáticos e pedagógicos ríodo, curso de aprofundamento de estudos na área de atuação
suplementares, inclusive aqueles com formato acessível; do (a) professor (a), com destaque para os conteúdos a serem
16.5) ampliar a oferta de bolsas de  estudo  para pós-gradua-
ensinados e as metodologias de ensino de cada disciplina;
ção dos professores e das professoras e demais profissionais da
18.3) realizar, por iniciativa do Ministério da Educação,
educação básica;
a cada 2 (dois) anos a partir do segundo ano de vigência deste
16.6) fortalecer a formação dos professores e das professoras
PNE, prova nacional para subsidiar os Estados, o Distrito Federal
das escolas públicas de educação básica, por meio da implementa-
e os Municípios, mediante adesão, na realização de concursos
ção das ações do Plano Nacional do Livro e Leitura e da instituição
de programa nacional de disponibilização de recursos para acesso públicos de admissão de profissionais do magistério da educação
a bens culturais pelo magistério público. básica pública;
Meta 17: valorizar os (as) profissionais do magistério das re- 18.4) prever, nos planos de Carreira dos profissionais da edu-
des públicas de educação básica de forma a equiparar seu rendi- cação dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, licenças
mento médio ao dos (as) demais profissionais com escolaridade remuneradas e incentivos para qualificação profissional, inclusi-
equivalente, até o final do sexto ano de vigência deste PNE. ve em nível de pós-graduação stricto sensu;

Didatismo e Conhecimento 79
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
18.5) realizar anualmente, a partir do segundo ano de vigên- 19.7) favorecer processos de autonomia pedagógica, admi-
cia deste PNE, por iniciativa do Ministério da Educação, em re- nistrativa e de gestão financeira nos estabelecimentos de ensino;
gime de colaboração, o censo dos (as) profissionais da educação 19.8) desenvolver programas de formação de diretores e
básica de outros segmentos que não os do magistério; gestores escolares, bem como aplicar prova nacional específica,
18.6) considerar as especificidades socioculturais das escolas a fim de subsidiar a definição de critérios objetivos para o pro-
do campo e das comunidades indígenas e quilombolas no provi- vimento dos cargos, cujos resultados possam ser utilizados por
mento de cargos efetivos para essas escolas; adesão.
18.7) priorizar o repasse de transferências federais voluntá- Meta 20: ampliar o investimento público em educação pú-
rias, na área de educação, para os Estados, o Distrito Federal e blica de forma a atingir, no mínimo, o patamar de 7% (sete por
os Municípios que tenham aprovado lei específica estabelecendo cento) do Produto Interno Bruto - PIB do País no 5o (quinto) ano
planos de Carreira para os (as) profissionais da educação; de vigência desta Lei e, no mínimo, o equivalente a 10% (dez por
18.8) estimular a existência de comissões permanentes de cento) do PIB ao final do decênio.
profissionais da educação de todos os sistemas de ensino, em to-
das as instâncias da Federação, para subsidiar os órgãos compe- Estratégias:
tentes na elaboração, reestruturação e implementação dos planos 20.1) garantir fontes de financiamento permanentes e sus-
de Carreira. tentáveis para todos os níveis, etapas e modalidades da educação
Meta 19: assegurar condições, no prazo de 2 (dois) anos, básica, observando-se as políticas de colaboração entre os entes
para a efetivação da gestão democrática da educação, associada federados, em especial as decorrentes do art. 60 do Ato das Dis-
a critérios técnicos de mérito e desempenho e à consulta pública posições Constitucionais Transitórias e do § 1o do art. 75 da Lei
à comunidade escolar, no âmbito das escolas públicas, prevendo no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que tratam da capacidade
recursos e apoio técnico da União para tanto. de atendimento e do esforço fiscal de cada ente federado, com
vistas a atender suas demandas educacionais à luz do padrão de
Estratégias: qualidade nacional;
19.1) priorizar o repasse de transferências voluntárias da 20.2) aperfeiçoar e ampliar os mecanismos de acompanha-
União na área da educação para os entes federados que tenham
mento da arrecadação da contribuição social do salário-educa-
aprovado legislação específica que regulamente a matéria na área
ção;
de sua abrangência, respeitando-se a legislação nacional, e que
20.3) destinar à manutenção e desenvolvimento do ensino,
considere, conjuntamente, para a nomeação dos diretores e dire-
em acréscimo aos recursos vinculados nos termos do art. 212 da
toras de escola, critérios técnicos de mérito e desempenho, bem
Constituição Federal, na forma da lei específica, a parcela da par-
como a participação da comunidade escolar;
ticipação no resultado ou da compensação financeira pela explo-
19.2) ampliar os programas de apoio e formação aos (às)
ração de petróleo e gás natural e outros recursos, com a finalidade
conselheiros (as) dos conselhos de acompanhamento e controle
de cumprimento da meta prevista no inciso VI do caput do art.
social do Fundeb, dos conselhos de alimentação escolar, dos con-
selhos regionais e de outros e aos (às) representantes educacionais 214 da Constituição Federal;
em demais conselhos de acompanhamento de políticas públicas, 20.4) fortalecer os mecanismos e os instrumentos que asse-
garantindo a esses colegiados recursos financeiros, espaço físico gurem, nos termos do parágrafo único do art. 48 da Lei Comple-
adequado, equipamentos e meios de transporte para visitas à rede mentar no 101, de 4 de maio de 2000, a transparência e o controle
escolar, com vistas ao bom desempenho de suas funções; social na utilização dos recursos públicos aplicados em educação,
19.3) incentivar os Estados, o Distrito Federal e os Municí- especialmente a realização de audiências públicas, a criação de
pios a constituírem Fóruns Permanentes de Educação, com o in- portais eletrônicos de transparência e a capacitação dos membros
tuito de coordenar as conferências municipais, estaduais e distrital de conselhos de acompanhamento e controle social do Fundeb,
bem como efetuar o acompanhamento da execução deste PNE e com a colaboração entre o Ministério da Educação, as Secreta-
dos seus planos de educação; rias de Educação dos Estados e dos Municípios e os Tribunais de
19.4) estimular, em todas as redes de educação básica, a Contas da União, dos Estados e dos Municípios;
constituição e o fortalecimento de grêmios estudantis e associa- 20.5) desenvolver, por meio do Instituto Nacional de Estu-
ções de pais, assegurando-se lhes, inclusive, espaços adequados dos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, estudos e
e condições de funcionamento nas escolas e fomentando a sua acompanhamento regular dos investimentos e custos por aluno
articulação orgânica com os conselhos escolares, por meio das da educação básica e superior pública, em todas as suas etapas e
respectivas representações; modalidades;
19.5) estimular a constituição e o fortalecimento de conselhos 20.6) no prazo de 2 (dois) anos da vigência deste PNE, será
escolares e conselhos municipais de educação, como instrumen- implantado o Custo Aluno-Qualidade inicial - CAQi, referencia-
tos de participação e fiscalização na gestão escolar e educacional, do no conjunto de padrões mínimos estabelecidos na legislação
inclusive por meio de programas de formação de conselheiros, educacional  e cujo financiamento será  calculado com base nos
assegurando-se condições de funcionamento autônomo; respectivos insumos indispensáveis ao processo de ensino-apren-
19.6) estimular a participação e a consulta de profissionais dizagem e será progressivamente reajustado até a implementação
da educação, alunos (as) e seus familiares na formulação dos pro- plena do Custo Aluno Qualidade - CAQ;
jetos político-pedagógicos, currículos escolares, planos de gestão 20.7) implementar o Custo Aluno Qualidade - CAQ como
escolar e regimentos escolares, assegurando a participação dos parâmetro para o financiamento da educação de todas etapas e
pais na avaliação de docentes e gestores escolares; modalidades da educação básica, a partir do cálculo e do acom-

Didatismo e Conhecimento 80
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
panhamento regular dos indicadores de gastos educacionais com (A) educação musical; educação de tempo integral; educação
investimentos em qualificação e remuneração do pessoal docente semiprofissional; programa ciência sem fronteira; educação infantil
e dos demais profissionais da educação pública, em aquisição, (B) educação de meninos e meninas; educação integral; pro-
manutenção, construção e conservação de instalações e equipa- grama amigos da escola; programa de voluntariado.
mentos necessários ao ensino e em aquisição de material didático- (C) educação escolar indígena; educação escolar quilombola;
-escolar, alimentação e transporte escolar; educação para jovens e adultos em situação de privação de liberdade
20.8) o CAQ será definido no prazo de 3 (três) anos e será nos estabelecimentos penais; educação do campo e dos povos das
continuamente ajustado, com base em metodologia formulada águas e das florestas.
pelo Ministério da Educação - MEC, e acompanhado pelo Fórum (D) educação escolar em contraturno; educação socioambien-
Nacional de Educação - FNE, pelo Conselho Nacional de Educa- tal; educação pública intercultural; educação rural e cooperatismo;
ção - CNE e pelas Comissões de Educação da Câmara dos Deputa- educação escolar militar; educação escolar bilíngue
dos e de Educação, Cultura e Esportes do Senado Federal;
03. (IF-GO/2012) Segundo a LDB, a educação nacional, dever
20.9) regulamentar o parágrafo único do art. 23 e o art. 211
da família e do Estado, tem por finalidade
da Constituição Federal, no prazo de 2 (dois) anos, por lei com-
(A) o condicionamento intelectual do indivíduo e a formação de
plementar, de forma a estabelecer as normas de cooperação entre mão de obra para o mercado de trabalho.
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, em ma- (B) o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o
téria educacional, e a articulação do sistema nacional de educação exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
em regime de colaboração, com equilíbrio na repartição das res- (C) a identificação e seleção dos indivíduos mais aptos para
ponsabilidades e dos recursos e efetivo cumprimento das funções ocuparem os altos cargos administrativos e de gestão.
redistributiva e supletiva da União no combate às desigualdades (D) a preparação dos indivíduos, desde a educação infantil, para
educacionais regionais, com especial atenção às regiões Norte e o ingresso nas melhores universidades.
Nordeste.
20.10) caberá à União, na forma da lei, a complementação 04. (IF-GO/2012) De acordo com a LDB, o ensino deve ser
de recursos financeiros a todos os Estados, ao Distrito Federal e ministrado com base nos seguintes princípios:
aos Municípios que não conseguirem atingir o valor do CAQi e, (A) liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultu-
posteriormente, do CAQ; ra, o pensamento, a arte e o saber.
20.11) aprovar, no prazo de 1 (um) ano, Lei de Responsabili- (B) competição e concorrência entre estudantes, estabelecimen-
dade Educacional, assegurando padrão de qualidade na educação tos educacionais e sistemas educativos
básica, em cada sistema e rede de ensino, aferida pelo processo (C) ética profissional, neutralidade política, religiosa, econômi-
de metas de qualidade aferidas por institutos oficiais de avaliação ca e cultural.
educacionais; (D) responsabilidade, assiduidade, pontualidade e disciplina.
20.12) definir critérios para distribuição dos recursos adicio-
nais dirigidos à educação ao longo do decênio, que considerem 05. (IF-GO/2012) Uma política educacional pautada na diver-
a equalização das oportunidades educacionais, a vulnerabilidade sidade e nos direitos humanos traz para o exercício da prática de-
socioeconômica e o compromisso técnico e de gestão do sistema mocrática
de ensino, a serem pactuados na instância prevista no § 5o do art. (A) o reconhecimento da desigualdade natural entre os indiví-
7o desta Lei. duos, bem como a manutenção das classes sociais. Esse reconhe-
cimento pressupõe o respeito à condição biológica, psicológica e
social dos indivíduos.
Questões
(B) o respeito às diferenças genéticas que determinam o suces-
so ou o fracasso de cada indivíduo, portanto, aceitar que, por mais
01. (IF-GO/2012) A educação nacional apresenta formatos
esforçados que alguns sejam, eles não obterão sucesso na vida esco-
organizativos diferenciados, definidos pela legislação como moda- lar e profissional.
lidades educativas. A LDB define como modalidades a (C) a necessidade de reconhecer que as diferenças naturais en-
(A) Educação Especial; Educação de Jovens e Adultos; Edu- tre os indivíduos não podem ser resolvidas no ambiente escolar por
cação Profissional e Tecnológica. ser um problema de outra natureza, portanto, os indivíduos devem
(B) Educação Ambiental; Negociação Coletiva; Educação aceitar seu destino.
Moral e Cívica. (D) a problematização sobre a construção da igualdade social
(C) Educação para o Trânsito; Educação Infantil; o Ensino e a superação das desigualdades. Essa construção pressupõe o re-
Religioso. conhecimento da diversidade no desenvolvimento socioeconômico,
(D) Educação e Sexualidade; Ecologia; Economia Doméstica. cultural e político da sociedade.

02. (IF-GO/2012) Na perspectiva do combate às desigualda- 06. (IF-GO/2012) Considerando as Diretrizes Curriculares
des sociais e regionais, da eliminação de preconceitos de origem, para o ensino médio, devem permear transversalmente todo o currí-
raça, gênero, idade e outras formas de discriminação e, ao mesmo culo, no âmbito do conjunto de componentes curriculares:
tempo, fomentando a igualdade de acesso e permanência, respei- (A) Organização Social e Política Brasileira, Educação Am-
tando as especificidades regionais e a diversidade sociocultural e biental, Educação para o Trânsito e Educação em Direitos Humanos.
ambiental, articulam-se às políticas educacionais de ação afirma- (B) Educação Ambiental, Educação para o Trânsito, Educação
tiva e inclusão: em Direitos Humanos e Educação Sexual

Didatismo e Conhecimento 81
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
(C) Língua Portuguesa, Língua Materna para Populações In- 12. (IF-GO/2012) O uso de tecnologias da comunicação e
dígenas, Língua Estrangeira Moderna, Arte, Educação Física, Ma- informação nas práticas educativas deve
temática, Biologia, Física, Química, História, Geografia, Filosofia (A) estimular práticas de competitividade entre os estudantes
e Sociologia. e a criatividade, por meio de premiações para alunos talentosos na
(D) Educação Alimentar e Nutricional, Processo de Envelhe- temática, olimpíadas escolares e torneios entre classes.
cimento, Respeito e Valorização do Idoso, Educação Ambiental, (B) ser adaptado para servir a fins de controle e vigilância
Educação para o Trânsito e Educação em Direitos Humanos. dos estudantes, professores e demais profissionais da educação,
de modo a garantir maior segurança nas instituições educacionais
07. (IF-GO/2012) Segundo a LDB, a Educação Profissional (C) ser feito com parcimônia, considerando os riscos que eles
Tecnológica integra-se representam para o exercício do magistério
(A) aos diferentes níveis e modalidades de educação. (D) estimular a criação de novos métodos didático-pedagógi-
(B) preferencialmente no ensino médio cos e garantir o acesso dos estudantes à biblioteca, ao rádio, à tele-
(C) somente à educação superior. visão e à internet aberta às possibilidades da convergência digital.
(D) de forma compulsória ao ensino fundamental.
13. (IF-GO/2012) São regras comuns à organização da educa-
08. (IF-GO/2012) De acordo com a LDB e a Lei n. ção básica, nos níveis fundamental e médio:
11.741/2008, a Educação de Jovens e Adultos deve articular-se (A) progressão anual por série, preservada a sequência do cur-
(A) exclusivamente à educação superior rículo escolar.
(B) preferencialmente à educação profissional. (B) carga horária mínima anual de oitocentas horas, distribuí-
(C) exclusivamente à educação a distância. das por um mínimo de duzentos dias de efetivo trabalho escolar,
(D) preferencialmente ao ensino noturno. excluído o tempo reservado aos exames finais, quando houver
(C) controle de frequência a cargo da escola, sendo exigida a
09. (IF-GO/2012) A Educação Profissional Técnica de nível frequência mínima de oitenta por cento do total de horas letivas
médio pode ser desenvolvida para aprovação.
(A) somente após a conclusão do ensino médio regular. (D) organização em classes ou turmas seriadas para o ensino
(B) de modo a substituir o ensino médio regular. de línguas estrangeiras, artes ou outros componentes curriculares
(C) articulada à educação superior presencial ou a distância
(D) articulada com o ensino médio ou subsequente a ele. 14. (IF-GO/2012) A Educação Especial aos educandos com
deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habili-
10. (IF-GO/2012) No contexto das atuais políticas educacio- dades ou superdotação deverá ser ofertada:
nais nacionais, a qualidade da educação é uma meta a ser alcan- (A) na condição de ação educativa restrita à rede regular de
çada. Ela envolve a identificação e análise dos fatores inerentes ensino.
(A) às condições de oferta do ensino; aos elementos relativos (B) de forma preferencial na rede regular de ensino.
à gestão e organização do trabalho escolar; às ações de forma- (C) exclusivamente em classes, escolas ou serviços especia-
ção inicial e continuada, profissionalização e prática pedagógica lizados.
docente; às condições de acesso, permanência e desempenho es- (D) preferencialmente em classes, escolas ou serviços espe-
colar. cializados.
(B) às expectativas das famílias e estudantes no que se refere
à aprovação em processos seletivos para acesso à educação supe- 15. (IF-GO/2012) As Diretrizes Curriculares Nacionais Ge-
rior e à capacidade de empregabilidade, tendo em vista o atendi- rais para a educação básica indicam três dimensões básicas de ava-
mento ao mercado de trabalho carente de mão de obra. liação, quais sejam: avaliação da aprendizagem, avaliação institu-
(C) ao controle do ritmo e tempos de estudo; à disciplina rí- cional interna e externa e avaliação de redes de educação básica,
gida e hierárquica dos discentes pelos docentes; à avaliação cons- sendo que a avaliação
tante do desempenho dos estudantes (A) da aprendizagem é proibida de ser adotada com vistas à
(D) à organização do espaço escolar; ao controle de conteú- promoção, aceleração de estudos e classificação dos estudantes
dos que os estudantes encontram na internet; ao estabelecimento (B) de sistemas/redes de ensino deve ser de responsabilida-
de competições entre estudantes, docentes e estabelecimentos de de exclusiva da União, contemplada no Sistema de Avaliação da
ensino. Educação Básica e no Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica.
11. (IF-GO/2012) A Constituição Federal de 1988 define que (C) institucional deve ser realizada com base na proposta pe-
a União, estados, municípios e o Distrito Federal devem organizar dagógica da escola, assim como do seu plano de trabalho, de ma-
seus sistemas de ensino, de modo a assegurar o ensino obrigató- neira a possibilitar a análise de seus avanços e localizar aspectos
rio, em regime de que merecem reorientação.
(A) hierarquização. (D) deve se constituir em ferramenta para estimular a com-
(B) colaboração. petição entre estudantes, professores, estabelecimentos de ensino,
(C) competição bem como entre os sistemas de ensino.
(D) complementação.

Didatismo e Conhecimento 82
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais
16. (IF-GO/2012) Conforme a Lei n. 8.112/1990, o servidor (C) o ensino deverá se basear na investigação dos casos e
público titular de cargo efetivo poderá se afastar para cursar pós- temas em que a ciência ou o pensamento racional sistematizado
graduação stricto sensu, mestrado e doutorado: não encontrou resposta e que, por isso, restam enigmáticos.
(A) desde que tenha cumprido o estágio probatório. (D) se trata de uma perspectiva metodológica que procura
(B) caso tenha obtido sua efetivação no cargo há, pelo menos, fazer com que o aluno indague, questione e se envolva na cons-
quatro anos. trução do conhecimento por meio de casos e temas que o instigue
(C) no interesse da administração pública, cumprindo-se os a pensar.
demais requisitos legais.
(D) quando o tempo restante para a aposentadoria não for me- 20. (IF-GO/2012) Considerando o projeto pedagógico e a
nor que oito anos. avaliação no âmbito de uma instituição de ensino, pode-se afir-
mar que
17. (IF-GO/2012) Em um Instituto Federal de Educação, (A) a avaliação envolve um importante componente do tra-
Ciência e Tecnologia, um dos servidores é técnico em assuntos balho pedagógico da instituição e deve se orientar pelos princí-
educacionais e recebeu a seguinte incumbência da direção: efetuar pios expressos em seu projeto pedagógico
a instrução e triagem inicial de processos e ações administrativas (B) a realização das práticas avaliativas pelos docentes deve
da unidade. Tendo em mãos um processo no qual um docente, ser autônoma, pois sua subordinação, mesmo ao projeto pedagó-
titulado como mestre e em estágio probatório, assumiria a coor- gico da instituição, denota a desprofissionalização do magistério.
denação de pesquisa da unidade, o referido servidor, observando (C) a avaliação perde seu sentido quando se trata de uma
a legislação pertinente, deve concepção democrático-participativa de educação, pois as práti-
(A) informar ao referido docente que está impedido de assu- cas avaliativas são formas de controle e subordinação.
mir a coordenação de pesquisa, pois a atividade de chefia é prer- (D) a prática avaliativa tem como fundamental os elementos
rogativa dos docentes titulares. operacionais, ou seja, o modo de fazer, isto porque os pressupos-
(B) advertir seus superiores que há ali um vício de origem, tos teóricos e epistemológicos pouco ajudam quando se deparam
pois as atividades concernentes à pesquisa são restritas aos do- com situações práticas
centes com doutorado.
(C) instruir a coordenação do curso e o requerente, pois tal Respostas
procedimento está desprovido de amparo legal e poderá ser con-
testado judicialmente. 01. A/ 02. C/ 03. B/ 04. A/ 05. D/ 06. D/ 07. C/ 08. B/ 09.
(D) avalizar e dar andamento ao processo, pois o docente em D/ 10. A/ 11. B/ 12. D/13. B/ 14. B/ 15. C/ 16. C/ 17. D/ 18. B/
estágio probatório pode aceder a quaisquer cargos de provimento 19. D/ 20. A
em comissão ou função de direção.

18. (IF-GO/2012) Conforme os parâmetros que norteiam os


institutos federa is de educação, na elaboração de um projeto de
ensino, pesquisa ou extensão, deve-se observar que
(A) as dimensões devem ser separadas, pois docência, inves-
tigação e trabalho com a comunidade se contradizem ao serem
inseridas no mesmo projeto.
(B) o projeto deve ser fundamentado teórica e metodologica-
mente, tendo como parâmetro o projeto pedagógico da instituição.
(C) a pesquisa é o projeto mais importante a ser desenvolvi-
do, sendo os demais formalmente a ela subordinados.
(D) as ações de extensão são importantes fontes de recursos
para a instituição e devem ser incentivadas como via de autono-
mia institucional.

19. (IF-GO/2012) Com o objetivo de tornar as aulas mais in-


teressantes e significativas para seus alunos, uma professora bus-
cou nova forma de organizar o processo pedagógico, utilizando
uma metodologia bastante em voga atualmente: o ensino baseado
em problemas. Isto significa que
(A) o resultado da aprendizagem de seus alunos será checa-
do ao fim de cada jornada diária, denotando assim um cuidadoso
controle do processo pedagógico do docente e da instituição.
(B) os conteúdos de ensino devem ser desconsiderados, pois
trabalhá-los seria uma prática antidemocrática e colidiria frontal-
mente com o espírito libertário da metodologia.

Didatismo e Conhecimento 83
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS/Técnico em Assuntos Educacionais

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