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Técnicas em

Pesquisa Científica

Núcleo de Pós-Graduação
INTRODUÇÃO

A presente Apostila foi elaborada com o objetivo de propiciar


conhecimentos acerca do contexto educacional com foco na Metodologia da
Pesquisa e da Produção Científica.
Os materiais selecionados, a linguagem utilizada, bem como a
organização dos conteúdos visam à aprendizagem autônoma, objetivando a
produção de saberes e consequentemente o interesse pela pesquisa, o
exercício de pensar criticamente, as habilidades e competências para a leitura
critica da realidade, leitura de mundo e produção de fazeres necessários a
elaboração de trabalhos acadêmicos.
Nossa finalidade vai para além de restringir o conhecimento a
reprodução tecnicista de conceituais, portanto visamos instrumentalizar o
aluno para que, a partir do estudo, possa elaborar trabalhos acadêmicos
inseridos nas normas técnicas, métodos adequados , pesquisas reflexivas e
produções alicerçadas em saberes estruturados .
Lembre-se assumir um comportamento cientifico é fator inicial para
tornar-se protagonista na construção e produção de saberes.

Esperamos que, ao longo dos estudos, possamos aprofundar os


conhecimentos aqui apresentados intencionando o diálogo, e a mediação,
visando o respeito pela diversidade e multiplicidade, fatores primordiais no
processo de criação.

Bons estudos!
Prof ª Fatima Ramalho Lefone
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO
1. CIÊNCIA..................................................................................................... 4
2. A NATUREZA DO CONHECIMENTO ...................................................... 12
2.1 CARACTERÍSTICAS DOS TIPOS DE CONHECIMENTO ..................... 13
2.2. CONHECIMENTO POPULAR/EMPÍRICO ............................................ 14
2.3. CARACTERÍSTICAS DO SENSO COMUM .......................................... 16
2.4. CONHECIMENTO RELIGIOSO/TEOLÓGICO ...................................... 18
2.5. CONHECIMENTO ESTÉTICO/ARTÍSTICO .......................................... 19
2.6. CONHECIMENTO FILOSÓFICO .......................................................... 20
2.7. CONHECIMENTO TÉCNICO................................................................ 21
2.8. CONHECIMENTO CIENTÍFICO ........................................................... 21
3. MÉTODO E TÉCNICA.............................................................................. 28
3.1.CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS CIENTÍFICOS ............................... 31
4. PESQUISA CIENTÍFICA .......................................................................... 43
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 66
1. CIÊNCIA

A Metodologia é compreendida como uma disciplina que consiste em estudar,


compreender e avaliar os vários métodos disponíveis para a realização de uma pesquisa
acadêmica. A Metodologia, em um nível aplicado, examina, descreve e avalia métodos e
técnicas de pesquisa que possibilitam a coleta e o processamento de informações, visando
ao encaminhamento e à resolução de problemas e/ou questões de investigação.

A Metodologia é a aplicação de procedimentos e técnicas que devem ser observados para


construção do conhecimento, com o propósito de comprovar sua validade e utilidade nos
diversos âmbitos da sociedade.

Para entender as características da pesquisa científica e seus métodos, é preciso,


previamente, compreender o que vem a ser ciência.

Etimologicamente, ciência significa conhecimento. Mas, nem todos os tipos de


conhecimento pertencem à ciência, como o conhecimento vulgar e outros.
Cervo e Bervian (2002, p. 16) afirmam que:

A ciência é um modo de compreender e analisar o mundo empírico, envolvendo o


conjunto de procedimentos e a busca do conhecimento científico através do uso da
consciência crítica que levará o pesquisador a distinguir o essencial do superficial e
o principal do secundário.

A ciência demonstra que é capaz de fornecer respostas dignas de confiança sujeitas a


críticas; é uma forma de entender, compreender os fenômenos que ocorrem. Na verdade,
a ciência é constituída pela observação sistemática dos fatos; por intermédio da análise e
da experimentação, extraímos resultados que passam a ser avaliados universalmente.
Quando faz referência à ciência, Oliveira (2002, p. 47) afirma que:

Trata-se do estudo, com critérios metodológicos, das relações existentes entre


causa e efeito de um fenômeno qualquer no qual o estudioso se propõe a
demonstrar a verdade dos fatos e suas aplicações práticas. É uma forma de
conhecimento sistemático, dos fenômenos da natureza, dos fenômenos sociais, dos
fenômenos biológicos, matemáticos, físicos e químicos, para se chegar a um
conjunto de conclusões verdadeiras, lógicas exatas, demonstráveis por meio da
pesquisa e dos testes.

Pode-se afirmar que ciência é um conjunto de informações sistematicamente organizadas


e comprovadamente verdadeiras a respeito de um determinado tema. Contudo existem
muitas maneiras de pensar, de organizar e de comprovar os estudos, dependendo do
caminho que se segue (método).

Os objetivos da ciência podem ser apresentados como a melhoria da qualidade de vida


intelectual e vida material. Para o alcance dos objetivos, são necessárias novas
descobertas e novos produtos.

Os princípios da ciência podem ser classificados como: nunca absoluto ou final, pode ser
sempre modificado ou substituído; a exatidão nunca é obtida integralmente, mas sim,
através de modelos sucessivamente mais próximos; é um conhecimento válido até que
novas observações e experimentações o substituam.

A ciência distingue-se do senso comum porque este é uma opinião baseada em hábitos,
preconceitos, tradições cristalizadas, enquanto a ciência baseia-se em pesquisas,
investigações metódicas e sistemáticas e na exigência de que as teorias sejam
internamente coerentes e digam a verdade sobre a realidade.
De acordo com Ruiz (1996), algumas das características das ciências são:

 Conhecimento pelas causas – a ciência se caracteriza por demonstrar as razões


dos enunciados, relacionando as suas causas;

 Profundidade e generalidade das conclusões – a ciência exprime suas conclusões


em enunciados gerais que traduzem a relação constante do binômio causa/efeito;
generalizando o porquê, atinge a constituição íntima e a causa comum a todos os
fenômenos da mesma espécie, conferindo à ciência a prerrogativa de fazer
prognósticos seguros;
 Finalidade prática e teórica – da pesquisa fundamental e da descoberta da verdade
decorrem inúmeras consequências práticas;
 Objeto formal – é, de maneira particular, o aspecto e o ângulo sob os quais a ciência
atinge seu objeto material (realidades físicas), com o controle experimental das
causas reais próximas (evidências dos fatos, e não das ideias);
 Método e controle – é uma investigação rigorosamente metódica e controlada,
derivando-se daí a razão da confiança nas conclusões científicas;
 Exatidão – a ciência pode demonstrar, por via de experimentação ou evidência dos
fatos objetivos, observáveis e controláveis, o mérito dos seus enunciados;
 Aspecto social – a ciência é uma instituição social com os cientistas membros de
uma sociedade universal para a procura da verdade e melhoria das condições de
vida da humanidade.

Trujillo Ferrari (1974), por sua vez, considera que a ciência, no mundo de hoje, tem várias
tarefas a cumprir, tais como:
a) aumento e melhoria do conhecimento;
b) descoberta de novos fatos ou fenômenos;
c) aproveitamento espiritual do conhecimento na supressão de falsos milagres,
mistérios e superstições;
d) aproveitamento material do conhecimento visando à melhoria da condição de vida
humana;
e) estabelecimento de certo tipo de controle sobre a natureza.

Demo (2000, p. 22), em contrapartida, acredita que “no campo científico é sempre mais
fácil apontarmos o que as coisas não são, razão pela qual podemos começar dizendo o
que o conhecimento científico não é.” Para o autor, apesar de não haver limites rígidos
para tais conceitos, conhecimento científico:

a) Primeiro, não é senso comum – porque este se caracteriza pela aceitação não
problematizada, muitas vezes crédula, do que afirmamos ou temos por válido. Disso não
segue que o senso comum seja algo desprezível; muito ao contrário, é com ele, sobretudo,
que organizamos nossa vida diária, mesmo porque seria impraticável comportarmo-nos
apenas como a ciência recomenda, seja porque a ciência não tem recomendação para
tudo, seja porque não podemos dominar cientificamente tudo. No entanto, conforme Demo
(2000), o conhecimento científico representa a outra direção, por vezes vista como oposta,
de derrubar o que temos por válido; mesmo assim, em todo conhecimento científico há
sempre componentes do senso comum, na medida em que nele não conseguimos definir e
controlar tudo cientificamente.

b) Segundo, não é sabedoria ou bom-senso – porque estes apreciam componentes


como convivência e intuição, além da prática historicamente comprovada em sentido
moral.
c) Terceiro, não é ideologia – porque esta não tem como alvo central tratar a realidade,
mas justificar posição política. Faz parte do conhecimento científico, porque todo ser
humano, também o cientista, gesta-se em história concreta, politicamente marcada.

Diferencia-se porque, enquanto o conhecimento científico busca usar metodologias


que – pelo menos na intenção – salvaguardam a captação da realidade, a ideologia
dedica-se a produzir discurso marcado pela justificação. (DEMO, 2000, p. 24).

d) Quarto, não é paradigma específico – “como se determinada corrente pudesse


comparecer como única herdeira do conhecimento científico, muito embora lhe seja
inerente essa tendência.” (DEMO, 2000, p. 25). Com maior realismo, conhecimento

científico é representado pela disputa dinâmica e interminável de paradigmas, que vão e


voltam, somem e transformam-se. Com isso, podemos dizer que não é produto acabado,
mas processo produtivo histórico, que não podemos identificar com métodos específicos,
teorias datadas, escolas e culturas.

Além das características da ciência, destaca-se, ainda, que as tarefas básicas para se
fazer ciência são, conforme Demo (1985, p. 35):

a) Definir os termos com precisão, para não dar margem à ambiguidade; cada
conceito deve ter um conteúdo específico e delimitado; não pode virar durante a
análise; embora a dose de imprecisão seja normal, o ideal é reduzi-la ao
mínimo possível, produzindo o fenômeno desejável da clareza da exposição;

b) Descrever e explicar com transparência, não incorrendo em complicações, ou


seja, em linguagem hermética, dura, inteligível; para bem explicar, é mister
simplificar, mas é preciso buscar o meio-termo entre excessiva simplificação e
excessiva complicação;

c) Distinguir com rigor as facetas diversas, não emaranhar termos, clarear


superposições possíveis, fugir da mistura de planos da realidade; não cair na
confusão, no sentido de confundir uma coisa com a outra, de obscurecer
regiões distintas no mesmo objeto, de trocar termos destacáveis;
d) Procurar classificações nítidas, bem sistemáticas, de tal sorte que objeto
apareça recortado sem perder muito a sua riqueza;

e) Impor certa ordem no tratamento do tema, de tal modo que seja claro o começo
ou o ponto de partida, a constituição do corpo do trabalho, e a sequência inconsútil
das conclusões.

Mesmo com as mais variadas conceituações de ciência, das suas características e das
tarefas básicas para se construí-la, vale destacar que, para fazer ciência, é necessário
preocupar-se com a formação do cientista/pesquisador. Nada vale um instrumental
sofisticado e métodos aceitáveis, se o pesquisador/ cientista não estiver fundamentado de
um espírito científico, ou seja, o de buscar soluções sérias com métodos aceitos pelos
pares. Acima de tudo, o pesquisador/cientista deve estar apto a enfrentar críticas e
sustentar o seu parecer sobre o fenômeno que estuda.

De acordo com Cervo e Bervian (1983), o espírito científico traduz-se na prática em


consciência crítica, objetiva e racional.

A consciência crítica não se refere a um sentido negativo, mas ao sentido de impedir


aceitação do fácil e superficial. A consciência crítica só deve admitir o que é suscetível à
prova.

A objetividade implica romper com posições subjetivas, mal formuladas e suscetíveis a


enganos ou expressões, como “acho que”, pois, para a ciência, não vale o que o cientista
pensa ou imagina, mas o que de fato é.

[...] o espírito científico age racionalmente. As únicas razões explicativas de uma


questão só podem ser intelectuais ou racionais. As razões que a razão
desconhece, as razões da arbitrariedade, do sentimento e do coração nada
explicam nem justificam no campo da ciência. (CERVO; BERVIAN, 1983, p. 19,
grifos dos autores).
Espírito científico, mentalidade científica ou atitude científica é um estado de espírito, é
uma disposição subjetiva adequada à nobreza e à seriedade do trabalho científico. Esse
estado subjetivo resulta do cultivo de uma constelação de virtudes morais e intelectuais;
não bastará, pois, conhecê-las; é preciso vivê-las, reduzi-las à prática, cultivá-las. (RUIZ,
1996).

Enfim, muitas são as conceituações de ciência e as posições sobre quais características


internas ou externas esta deve ter, mas isso depende de época para época, de autor para
autor e dos instrumentos investigativos disponíveis que são usados pelos cientistas de um
determinado contexto.

ALGUNS CUIDADOS METODOLÓGICOS COMUNS PARA O COMPROMISSO


DA OBJETIVAÇÃO

a) Espírito crítico, significando a postura que dá primazia à contestação dos pretensos


resultados científicos, sobre a sua consolidação, no fundo não acredita em consolidação,
mas na necessidade de constante superação;
b) Rigor no tratamento do objeto, significando, sobretudo, a necessidade de se definir bem,
distinguir cuidadosamente, sistematizar com detalhe e fineza;
c) Trabalho sine ira et studio, significando atitude distanciada, na procura de não se deixar
envolver em excesso por aquilo que gostaríamos que fosse, em detrimento daquilo que de
fato é;
d) Profundidade na análise, significando a recusa de deter-se na superfície das coisas, na
visão imediata, na ingenuidade da informação primeira;
e) Ordem na exposição, significando a montagem concatenada, arrumada, clara da
pesquisa e análise;
f) Dedicação à ciência, tomada por vocação, ou seja, feita com convicção íntima, com
prazer, com realização pessoal;
g) Abertura incondicional ao teste alheio, a fim de superar colocações subjetivistas, etéreas
ou excessivamente gerais, que não conseguem ser reproduzidas pelos colegas;
h) Assídua leitura dos clássicos, para conhecimento profundo de como viram realidade e
até que ponto foram capazes de objetivação;
i) Dedicação aos estudos das principais teorias, metodologias e da produção atual, com
vistas ao posicionamento inteligente dentro da discussão e ao amadurecimento de uma
personalidade própria científica.

Fonte: DEMO, Pedro. Introdução à metodologia da ciência. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1985. p. 39.

QUALIDADES DO ESPÍRITO CIENTÍFICO

Como virtude intelectual, ele se traduz no senso de observação, no gosto pela precisão e
pelas ideias claras, na imaginação ousada, mas rígida pela necessidade da prova, na
curiosidade que leva a aprofundar os problemas, na sagacidade e poder de discernimento.
Moralmente, o espírito científico assume a atitude de humanidade e de reconhecimento de
suas limitações, da possibilidade de certos erros e enganos. É imparcial. Não torce os
fatos. Respeita escrupulosamente a verdade. O possuidor do verdadeiro espírito científico
cultiva a honestidade. Evita o plágio. Não colhe como seu o que os outros plantaram. Tem
horror às acomodações. É corajoso para enfrentar obstáculos e os perigos que uma
pesquisa possa oferecer. Finalmente, o espírito científico não reconhece fronteiras. Não
admite nenhuma intromissão de autoridades estranhas ou limitações em seu campo de
investigação. Defende o livre exame dos problemas .

Fonte: CERVO, Amado Luiz; BERVIAN, Pedro. Metodologia científica: para uso dos estudantes
universitários. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1983. p. 19.
2. A NATUREZA DO CONHECIMENTO

Existem pelo menos quatro níveis de conhecimento fundamentais: empírico, científico,


filosófico e teológico.

Cabe lembrar que, na academia, você utilizará somente o conhecimento


científico, porém é necessário conhecer todos, para entendê-lo melhor.
De acordo com Cervo e Bervian (2002, p. 8-12) sobre o assunto:

 EMPÍRICO: é o conhecimento popular (vulgar), guiado somente pelo que


adquirimos na vida cotidiana ou ao acaso, servindo-nos da experiência do outro, às
vezes ensinando, às vezes aprendendo, num processo intenso de interação
humana e social. É assistemático (não há controle; adquire-se
independentemente de estudos, pesquisas ou aplicações de métodos e
investigações) está relacionado com as crenças e os valores, faz parte de antigas
tradições. Como exemplo de conhecimento empírico, você já deve ter ouvido o dito
popular de que tomar chá de macela, mais conhecida como marcela, cura dor de
estômago, mas ela precisa ser colhida na Sexta-feira Santa, antes do sol nascer.

 CIENTÍFICO: é o conhecimento real e sistemático (controlado por registros e


observações, fazendo-se controles do observador e do observado.), próximo
ao exato, procurando conhecer além do fenômeno em si, as causas e leis. Por meio
da classificação, comparação, aplicação dos métodos, análise e síntese, o
pesquisador extrai do contexto social, ou do universo, princípios e leis que
estruturam um conhecimento rigorosamente válido e universal. Neste, são feitos
questionamentos e procuradas explicações sobre os fatos, através de
procedimentos que possam levar ao resultado com comprovação. Não é
considerado algo pronto, acabado e definitivo, busca constantemente explicações,
soluções, revisões e reavaliações de seus resultados, pois, segundo Cervo e
Bervian (2002), a ciência é um processo em construção.

2.1 CARACTERÍSTICAS DOS TIPOS DE CONHECIMENTO

CONHECIMENTO CIENTÍFICO CONHECIMENTO POPULAR

Valorativo – baseado nos valores de


Real – lida com fatos.
quem promove o estudo.

Contingente – sua veracidade ou Reflexivo - não pode ser reduzido a


falsidade é conhecida através da uma formulação geral.
experiência.

Sistemático – forma um sistema Assistemático – baseia-se na


de ideias e não conhecimentos organização de quem promove o
dispersos e desconexos. estudo, não possui uma sistematização
das ideias que explique os fenômenos.

Verificável ou demonstrável – o Verificável – porém limitado ao âmbito


que não pode ser verificado ou do cotidiano do pesquisador ou
demonstrado não é incorporado ao observador.
âmbito da ciência.

Falível e aproximadamente exato Falível e inexato – conforma-se com a


– por não ser definitivo, absoluto aparência e com o que ouvimos dizer a
ou final. Novas técnicas e respeito do objeto ou fenômeno. Não
proposições podem reformular ou permite a formulação de hipóteses
corrigir uma teoria já existente. sobre a existência de fenômenos
situados além das percepções
objetivas.
Fonte: adaptado de Lakatos e Marconi (2007, p. 77)
 FILOSÓFICO: procura conhecer a realidade em seu contexto universal, sem
soluções definitivas para a maioria das questões; busca constantemente o sentido
da justificação e a possibilidade de interpretação a respeito do homem e de sua
existência concreta. A tarefa principal da filosofia resume-se na reflexão.
A filosofia procura compreender a realidade em seu contexto universal. Não produz
soluções definitivas para grande número de questões, mas habilita o ser humano a
fazer uso de suas faculdades para entender melhor o sentido da vida,
concretamente.

 TEOLÓGICO: é o estudo de questões referentes ao conhecimento da divindade,


implicando sempre em uma atitude de fé diante de revelações de um mistério (tudo
o que é oculto, que provoca curiosidade e busca; podem estar ligados a dados
da natureza, da vida futura, da existência do absoluto), ou sobrenatural,
interpretados como mensagem ou manifestação divina. Esse conhecimento está
intimamente relacionado a um Deus, seja este Jesus Cristo, Buda, Maomé, um ser
invisível, ou qualquer entidade entendida como ser supremo, dependendo da cultura
de cada povo, com quem o ser humano se relaciona por intermédio da fé religiosa.

Exemplo disso são os conhecimentos adquiridos e praticados pelos homens tendo como
base os textos da Bíblia Sagrada ou quaisquer outros livros sagrados.

2.2. CONHECIMENTO POPULAR/EMPÍRICO

O conhecimento popular/empírico também pode ser designado de vulgar ou de senso


comum. Porém, nesse tipo de conhecimento, a maneira de conhecer ocorre de forma
superficial por informações ou por experiência casual.
É desenvolvido, principalmente, por meio dos sentidos e não tem a intenção de ser
profundo, sistemático e infalível.

Usualmente, é adquirido por acaso ou pelas tradições ou transmitido de geração para


geração, não passando pelo crivo dos postulados metodológicos.

O conhecimento popular/empírico é adquirido independentemente de estudos, de


pesquisas, de reflexões ou de aplicações de métodos. Entretanto, pode tornar-se científico,
desde que passe pelas exigências dos pares de uma comunidade científica.

Pode atingir o status de conhecimento científico, pois “[...] ele é base fundamental do
conhecer e já existia muito antes de o ser humano imaginar a possibilidade da existência
da ciência.” (FACHIN, 2003, p. 10).

Entre as características do conhecimento popular/ empírico estão, segundo Ander-Egg


(1978 apud LAKATOS; MARCONI, 2000):

 Superficial – conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar


simplesmente estando junto das coisas. Usam-se frases como: “Eu vi”, “Eu estive
presente”, “Porque disseram”, “Porque todo mundo diz”.

 Sensitivo – refere-se às vivências, aos estados de ânimo e às emoções da vida


diária da pessoa. Essas vivências não são plausíveis de comprovação e de
mensuração.
 Subjetivo – é o próprio sujeito que organiza suas experiências e os seus
conhecimentos.
 Assistemático – a organização da experiência não visa a uma sistematização das
ideias e da forma de adquiri-las nem à tentativa de validá-las.
Enfim, no conhecimento popular/empírico, o homem conhece o fato e a sua ordem
aparente, sem explicações de ordem sistemática, metodológica, mas pela experiência,
pelo costume e pelo hábito. Num embate entre o conhecimento popular/empírico e o
conhecimento científico, algumas pessoas poderão argumentar que ambos têm o mesmo
valor; outras poderão defender que o primeiro é inferior e que o segundo é digno de
confiança e mérito.

2.3. CARACTERÍSTICAS DO SENSO COMUM

Um breve exame de nossos saberes cotidianos e do senso comum de nossa sociedade


revela que possuem algumas características que lhes são próprias:

• são subjetivos, isto é, exprimem sentimentos e opiniões individuais e de grupos, variando


de uma pessoa para outra, ou de um grupo para outro, dependendo das condições em que
vivemos. Assim, por exemplo, se eu for artista, verei a beleza da árvore; se eu for
marceneira, a qualidade da madeira; se estiver passeando sob o Sol, a sombra para
descansar; se for boia-fria, os frutos que devo colher para ganhar o meu dia. Se eu for
hindu, uma vaca será sagrada para mim; se for dona de um frigorífico, estarei interessada
na qualidade e na quantidade de carne que poderei vender;

• são qualitativos, isto é, as coisas são julgadas por nós como grandes ou pequenas, doces
ou azedas, pesadas ou leves, novas ou velhas, belas ou feias, quentes ou frias, úteis ou
inúteis, desejáveis ou indesejáveis, coloridas ou sem cor, com sabor, odor, próximas ou
distantes, etc.;
• são individualizadores por serem qualitativos e heterogêneos, isto é, cada coisa ou cada
fato nos aparece como um indivíduo ou como um ser autônomo: a seda é macia, a pedra é
rugosa, o algodão é áspero, o mel é doce, o fogo é quente, o mármore é frio, a madeira é
dura, etc.;

• mas também são generalizadores, pois tendem a reunir numa só opinião ou numa só
ideia coisas e fatos julgados semelhantes: falamos dos animais, das plantas, dos seres
humanos, dos astros, dos gatos, das mulheres, das crianças, das esculturas, das pinturas,
das bebidas, dos remédios, etc.;

• em decorrência das generalizações, tendem a estabelecer relações de causa e efeito


entre as coisas ou entre os fatos: “onde há fumaça, há fogo”; “quem tudo quer, tudo perde”;
“dize-me com quem andas e te direi quem és”; a posição dos astros determina o destino
das pessoas; mulher menstruada não
deve tomar banho frio; ingerir sal quando se tem tontura é bom para a pressão; mulher
assanhada quer ser estuprada; menino de rua é delinquente, etc.;

• não se surpreendem e nem se admiram com a regularidade, constância, repetição e


diferença das coisas, mas, ao contrário, a admiração e o espanto se dirigem para o que é
imaginado como único, extraordinário, maravilhoso ou miraculoso. Justamente por isso, em
nossa sociedade, a propaganda e a moda estão sempre inventando o “extraordinário”, o
“nunca visto”;

• pelo mesmo motivo e não por compreenderem o que seja investigação científica, tendem
a identificá-la com a magia, considerando que ambas lidam com o misterioso, o oculto, o
incompreensível. Essa imagem da ciência como magia aparece, por exemplo, no cinema,
quando os filmes mostram os laboratórios científicos repletos de objetos incompreensíveis,
com luzes que acendem e apagam, tubos de onde saem fumaças coloridas, exatamente
como são mostradas as cavernas ocultas dos magos. Essa mesma identificação entre
ciência e magia aparece num programa da televisão brasileira, o Fantástico, que, como o
nome indica, mostra aos telespectadores resultados científicos como se fossem
espantosas obras de magia, assim como exibem magos ocultistas como se fossem
cientistas;

• costumam projetar nas coisas ou no mundo sentimentos de angústia e de medo diante do


desconhecido. Assim, durante a Idade Média, as pessoas viam o demônio em toda a parte
e, hoje, enxergam discos voadores no espaço;

• por serem subjetivos, generalizadores, expressões de sentimentos de medo e angústia, e


de incompreensão quanto ao trabalho científico, nossas certezas cotidianas e o senso
comum de nossa sociedade ou de nosso grupo social cristalizam-se em preconceitos com
os quais passamos a interpretar toda a realidade que nos cerca e todos os
acontecimentos.

Fonte: CHAUÍ, Marilena. Filosofia. São Paulo: Ática, 2005. p. 110-111.

2.4. CONHECIMENTO RELIGIOSO/TEOLÓGICO

O conhecimento religioso/teológico (do grego theos, que significa Deus, e logos, que
significa tratado/discurso) está relacionado com a fé e a crença divina. Apresenta verdades
indiscutíveis e infalíveis. O que funda o conhecimento religioso/ teológico é a fé, não sendo
necessário ter evidências para crer.
O conhecimento religioso/teológico apoia-se em doutrinas que contêm proposições
sagradas, valorativas, as quais foram ou são reveladas pelo sobrenatural, pelo divino e,
por esse motivo, tais proposições são consideradas infalíveis, indiscutíveis e exatas. No
conhecimento religioso/teológico, um corpo coerente de crenças pode se transformar em
religião. Já a religião é o uso
de forma sistematizada e institucionalizada dessas crenças .

Enfim, o conhecimento religioso/teológico parte do princípio de que as verdades tratadas


são infalíveis e indiscutíveis, por consistirem em revelações da divindade, do sobrenatural.

2.5. CONHECIMENTO ESTÉTICO/ARTÍSTICO

A visão positivista de conhecimento colocou no topo da hierarquia a ciência. Com as


visões contemporâneas de saber, têm sido resgatados saberes e fazeres que ajudam a
entender a realidade e explicar as relações sociais e fenômenos naturais. A arte tem sido
elevada à categoria de conhecimento validado para esses entendimentos e explicações.

O conhecimento estético ou artístico, baseado em sentimentos, emoções, criatividade e


intuição possibilitam conhecer e lançar possibilidades de interpretação do real.

O cientista também está imerso e é influenciado por sua referências sobre arte e estética.
Assim, o conhecimento artístico traduzido nas obras de arte é expressão de um contexto
histórico cultural específico.
2.6. CONHECIMENTO FILOSÓFICO

O conhecimento filosófico pode ser entendido como resultado do esforço racional,


sistemático e lógico de busca de conhecimento sem recorrer à experimentação. De acordo
com Fachin (2003), o conhecimento filosófico busca ser o guia para a reflexão e conduz à
elaboração de princípios e de valores universais válidos.

Ainda conforme Fachin (2003, p. 7):

“o conhecimento filosófico conduz à reflexão crítica sobre os fenômenos e


possibilita informações coerentes. Seu objetivo é o desenvolvimento funcional da
mente, procurando educar o raciocínio”.

Nesse tipo de conhecimento, é a razão que permite a coordenação, a análise e a síntese


em uma visão clara e ordenada.
Entre as características do conhecimento filosófico estão, segundo Ander-Egg (1978 apud
LAKATOS; MARCONI, 2000):

• Valorativo - seu ponto de partida consiste em hipóteses, que não poderão ser
submetidas à observação, ou seja, as hipóteses filosóficas não se baseiam na
experimentação;
• Não - verificável - os enunciados das hipóteses filosóficas não podem ser confirmados
nem refutados;
• Racional - consiste num conjunto de enunciados logicamente correlacionados;
• Sistemático - suas hipóteses e enunciados visam a uma representação coerente da
realidade estudada, numa tentativa de apreendê-la em sua totalidade;
• Infalível e exato - suas hipóteses e postulados não são submetidos ao decisivo teste da
observação e da experimentação.
O conhecimento filosófico tem como característica o esforço da razão, ou seja, recorre-se
à razão para postular boas respostas aos problemas humanos, como, por exemplo,
conhecimento, ética, política e estética. Enfim, o objeto da filosofia são as ideias, os
conceitos, que não são redutíveis à realidade material e que, por isso, não são passíveis
de observação e mensuração. Porém, vale lembrar que essa posição não é unânime.

2.7. CONHECIMENTO TÉCNICO

O conhecimento técnico é a aplicação das outras formas de conhecimento para solução de


problemas e transformação da realidade. É baseado na objetividade operacional da
aplicação do saber fazer a um determinado contexto.

Tem como objeto o domínio do mundo e da natureza. É especializado e específico


e se esmera na aplicação de todos os outros saberes que lhe podem ser úteis.
Trata-se de um tipo de saber que auxilia o homem e a mulher a agirem no mundo,
levando-os às mais diversas atividades visando à produção técnica da vida.
(CORREIA, 2009).

Nos atuais paradigmas do conhecimento, a construção de saberes voltados para as


necessidades do mercado torna-se um diferencial competitivo. Nesse sentido, a produção
técnico científica, focada no saber fazer, constitui-se como uma regra para a inovação e
aplicação de soluções práticas das organizações e da sociedade como um todo.

2.8. CONHECIMENTO CIENTÍFICO

O conhecimento científico procura desvelar os fenômenos: suas causas e as leis que os


regem. Considera-se, assim, que o objeto da ciência é o universo material, físico,
perceptível pelos órgãos dos sentidos ou pelos aparelhos investigativos.
De acordo com Fachin (2003, p.12),

“[...] a literatura metodológica mostra que o conhecimento científico é adquirido pelo


método científico e, sem interrupção, pode ser submetido a testes e aperfeiçoar-se,
reformular-se ou até mesmo avantajar-se mediante o mesmo método.”

Para que um conhecimento adquira o status de científico, deve seguir alguns critérios
internos: coerência (ausência de contradições); consistência (capacidade de resistir a
argumentos contrários); originalidade (não ser tautologia); relevância (esperasse que traga
alguma contribuição ao conhecimento acumulado pela comunidade científica); objetividade
(capacidade de reproduzir a realidade como ela é, e não como o cientista gostaria que
fosse - evitar formulações ideológicas).

O conhecimento científico possui algumas características de consenso da literatura


especializada. Dentre elas, se destacam as seguintes, conforme Ander-Egg (1978 apud
LAKATOS; MARCONI, 2000):

• Real – lida com ocorrências, fatos, isto é, com toda forma de existência que se manifesta
de algum modo;

• Contingente – suas proposições ou hipóteses têm a sua veracidade ou falsidade


conhecida por meio da experimentação, e não pela razão, como ocorre no conhecimento
filosófico;

• Sistemático – saber ordenado logicamente, formando um sistema de ideias (teoria), e


não conhecimentos dispersos e desconexos;

• Verificável – as hipóteses que não podem ser comprovadas não pertencem ao âmbito do
conhecimento científico;
• Falível– não é definitivo, absoluto ou final;

• Aproximadamente exato – novas proposições e o desenvolvimento de novas técnicas


podem reformular o acervo de teoria existente;

• Objetivo – procura as estruturas universais e necessárias das coisas investigadas;

• Generalizador – reúne individualidades, percebidas como diferentes, sob as mesmas


leis, os mesmos padrões ou critérios de medida, mostrando que possuem a mesma
estrutura;
• Racional – procura, assim, apresentar explicações racionais, claras, simples e
verdadeiras para os fatos, opondo-se ao espetacular, ao mágico e ao fantástico;

• Previsível – busca demonstrar e provar os resultados obtidos durante a investigação,


graças ao rigor das relações definidas entre os fatos estudados; a demonstração deve ser
feita não só para verificar a validade dos resultados obtidos, mas também para prever
racionalmente novos fatos como efeitos dos já estudados.

Enfim, o conhecimento científico é ordenado e contínuo, ocorrendo por meio de estudos


incessantes. Procura renovar-se e modificar-se continuamente, evitando a transformação
das teorias em doutrinas e estas em preconceitos sociais. O conhecimento científico está
aberto a mudanças e resulta de um trabalho paciente e lento de investigação e de
pesquisa racional.
A CIÊNCIA NÃO É NEUTRA

O que é ciência? A questão parece banal. As respostas, porém, são complexas e difíceis.
Talvez a ciência nem possa ser definida. Em geral, é mais conceituada do que
propriamente definida. Porque “definir” um conceito consiste em formular um problema e
em mostrar as condições que o tornaram formulável.

No entanto, para os cientistas em geral, a verdadeira definição de um conceito não é feita


em termos de “propriedades”, mas de “operações” efetivas. Mesmo assim, definições não
faltam.

Para o grande público, ciência é um conjunto de conhecimentos “puros” ou “aplicados”,


produzidos por métodos rigorosos, comprovados e objetivos, fazendo-nos captar a
realidade de um modo distinto da maneira como a filosofia, a arte, a política ou a mística a
percebem. Segundo essa concepção,
os contornos da ciência são mal definidos. O protótipo do conhecimento científico
permanece a física, em torno da qual se ordenam a matemática e as disciplinas biológicas.

A esse conjunto, opõem-se os conhecimentos aplicados e técnicos, bem como as


disciplinas chamadas “humanas”. A verdadeira ciência seria um conhecimento
independente dos sistemas sociais e econômicos. Seria um conhecimento que, baseando-
se no modelo fornecido pela física, se impõe como uma espécie de ideal absoluto. Mas há
outras definições: umas são extremamente amplas e vagas, a ponto de identificarem
“ciência” com “especulação”; outras são demasiadamente restritivas, a ponto de excluírem
do domínio propriamente científico, senão todas, pelo menos boa parte das disciplinas
humanas. Algumas definições podem ser classificadas como“idealistas”, na medida em
que insistem em reduzir a atividade científica à busca desinteressada do conhecimento ou
da verdade; outras apresentam-se como “realistas”, chegando ao ponto de identificarem
pura e simplesmente ciência e tecnologia. Uma coisa nos parece certa: não existe
definição objetiva, nem muito menos neutra, daquilo que é ou não a ciência. Esta tanto
pode ser uma procura metódica do saber, quanto um modo de interpretar a realidade; tanto
pode ser uma instituição com seus grupos de pressão, seus preconceitos,
suas recompensas oficiais, quanto um metiê subordinado a instâncias administrativas,
políticas ou ideológicas; tanto uma aventura intelectual conduzindo a um conhecimento
teórico (pesquisa), quanto um saber realizado ou tecnicizado.

Fonte: JAPIASSU, Hilton. O mito da neutralidade científica. Rio de Janeiro:

Imago, 1975. p. 9-10Oliveira (2003) contribui, ainda, sobre o assunto, sintetizando os tipos
de conhecimento, conforme :

CONHECIMENTO VULGAR Utilizado por meio do senso comum,


geralmente passado de geração em
OU POPULAR
geração, disseminado pela cultura baseada
na imitação e experiência pessoal; é
empregado pela experiência pessoal do dia-
a-dia, sem crítica.

Não é passível de observações sensoriais,


CONHECIMENTO FILOSÓFICO
utiliza o método racional, no qual prevalece
o método dedutivo
antecedendo a experiência; não exige
comparação experimental, mas
coerência lógica, a fim de procurar
conclusões sobre o universo e as
indagações do espírito humano.
 CONHECIMENTO RELIGIOSO OU É incontestável em suas verdades, por tratar
TEOLÓGICO de revelações divinas; não é colocado à
prova e nem pode ser verificado.

 CONHECIMENTO CIENTÍFICO Por meio da ciência, busca um conhecimento


sistematizado dos fenômenos, obtido
segundo determinado método, que aponta a
verdade dos fatos experimentados e sua
aplicação prática.

Dessa forma, podemos afirmar que os conhecimentos se diferenciam quanto AO


OBJETIVO, AO OBJETO DE ESTUDO e À METODOLOGIA.

CONHECIMENTO OBJETIVO OBJETO DE METODOLOGIA


ESTUDO

FILOSÓFICO Conhecer a essência Essência dos Descrição


de todas as coisas. fenômenos sistemática
naturais e sociais. (reflexão,
pensamentos sobre
o objeto de estudo).

RELIGIOSO Explicar os Hermenêutica


fenômenos naturais Divindade. (estudo da palavra
e sociais por meio da da divindade).
fé.

SENSO COMUM Resolver os Qualquer objeto. Qualquer método:


OU POPULAR problemas do fé, memória, sentido
cotidiano. etc.
Explicar os fenômenos Fenômenos naturais
CIÊNCIA naturais e sociais, a (fenômenos da Científica: observação
partir dos cinco natureza: chuva, controlada,
sentidos, gerando com raios, terremotos, entrevistas,
conhecimento reprodução humana experimentos etc.
sistematizado, ou seja, etc.).
organizado com base
em experimentos, com Fenômenos sociais
Explicar os fenômenos (fome,
naturais e sociais, a violência,
partir aprendizagem,
dos cinco sentidos, política etc.).
gerando conhecimento
sistematizado,
ou seja, organizado com
base em experimentos,
com comprovação.

O conhecimento científico, ao contrário das outras formas de conhecimento, apresenta


certas características que o tornam diferenciado e digno de maior confiabilidade para poder
explicar os fenômenos naturais e sociais. Vejamos no quadro a seguir.

CARACTERÍSTICAS ESPECIFICAÇÕES

RACIONAL Constituído de conceitos, juízos e


raciocínios, e não de sensações e
imagens.

Conduz o conhecimento além dos fatos


TRANSCENDENTE AOS FATOS observados, inferindo o que pode haver
atrás deles.
Aborda fato, processo, situação ou
ANALÍTICO fenômeno, decompondo o todo em
partes.

Constituído de um sistema de ideias


correlacionadas: contém sistemas de
SISTEMÁTICO
referência, teorias
e hipóteses, fontes de pesquisa etc.;
informações e quadro explicativo das
propriedades relacionadas.

O seu desenvolvimento é uma


CUMULATIVO consequência de contínua seleção de
conhecimento
Tem como finalidade explicar os fatos em
EXPLICATIVO termos de leis e as leis em termos de
princípios.
Fundamenta-se em leis já estabelecidas,
pode, por meio da indução probabilística,
PREDITIVO
prever ocorrências futuras.

3. MÉTODO E TÉCNICA

Podemos afirmar que não há Ciência sem que haja o emprego sistemático de métodos
científicos.

De acordo com Lakatos e Marconi (2003, p. 85):

o método é um conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior


segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e
verdadeiros –, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as
decisões do cientista.
Também Oliveira (2002, p. 58) contribui, afirmando que método é um conjunto de regras
ou critérios que servem de referência no processo de busca da explicação ou da
elaboração de previsões, em relação a questões ou problemas específicos. Porém, antes
de desenvolver o método, é preciso estabelecer os objetivos que pretendemos atingir, de
forma clara, examinando de uma maneira ordenada as questões: Por que ocorre? Como
ocorre? Onde ocorre? Quando ocorre? O que ocorre?

Método é o conjunto de processos empregados em uma investigação. Segundo Cervo e


Bervian (2002, p. 23-25), não inventamos um método, ele depende do objeto da pesquisa,
pois toda a investigação nasce de algum problema observado ou sentido, por isso o uso do
conjunto de etapas de que se serve o método científico, para fornecer subsídios
necessários na busca de um resultado para a hipótese pesquisada.

Segundo Fachin (2003, p. 28), o método científico é um traço característico da ciência


aplicada, pelo qual se coloca em evidência o conjunto de etapas operacionais ocorrido na
manipulação para alcançar determinado objetivo científico. Para tanto, consideramos pelo
menos dois aspectos do método científico:
 sua aplicação de modo generalizado, denominada método geral;
 sua aplicação de forma particular, ou, relativamente, a uma situação do
questionamento científico, denominada método específico.

O método é, portanto, segundo Oliveira (2002, p. 57), “Uma forma de pensar para se
chegar à natureza de um determinado problema, quer seja para estudá-lo, quer seja para
explicá-lo.”
Portanto, a ciência é constituída de um conhecimento racional, metódico e sistemático,
capaz de ser submetido à verificação, buscado através de métodos e técnicas diversas,
ou seja, por passos nos quais se descobrem novas relações entre fenômenos que
interessam a um determinado ramo científico ou aspectos ainda não revelados de um
determinado fenômeno (GALLIANO, 1986, p. 28).

Racional Constituído por conceitos, tendo como


ponto de partida e ponto de chegada
apenas ideias (hipóteses), não os fatos.

Metódico Segue etapas, normas e técnicas, cuja


aplicação obedece a um método
preestabelecido.

Sistemático Constitui-se de um sistema de ideias


interligadas logicamente que se
apresentam como um conjunto de
princípios fundamentais, adequados a uma
classe de fatos, que compõem uma teoria.

Verificação O conhecimento é válido, quando passa


pela prova da experiência ou, da
demonstração.
3.1.CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS CIENTÍFICOS

Em função dos objetivos da pesquisa, iremos encontrar diferentes metodologias e técnicas


de pesquisa. Serão essa técnicas e metodologias que darão ao pesquisador fundamentos
para a organização de seu trabalho, desde sua concepção, execução e obtenção de
resultados.

Para esclarecer melhor o assunto, apresentaremos as diversas formas de classificação


dos métodos científicos, segundo alguns autores especializados no assunto.

Dentre os métodos mais usuais para o desenvolvimento e a ordenação do raciocínio,


Bastos e Keller (2002, p. 84-85) destacam:

 dedução: descobre uma verdade a partir de outras verdades que já conhecemos;


 Indução: parte da enumeração de experiência ou casos particulares, para chegar a
conclusões de ordem universal; inclui quatro etapas: observação, hipótese,
experimentação e a constatação de que a hipótese levantada, para explicar o fato
observado, é confirmada pela experimentação e transformada em teoria ou lei.

Para a compreensão dos fatos pela ciência, os procedimentos fundamentais na pesquisa


devem ser processados, conforme Fachin (2003, p. 29-31), pelo método indutivo (análise)
e pelo método dedutivo (síntese):
 indutivo: é um procedimento do raciocínio que, a partir de uma análise de dados
particulares, encaminhamos para as noções gerais. A autora apresenta o seguinte
exemplo: partindo da observação empírica de que a prata é minério condutor de
eletricidade e que se inclui no grupo dos metais, ela faz, por sua vez, parte dos
minérios. Disso se infere, por análise indutiva, que a prata é condutor de
eletricidade;

 dedutivo: parte do geral para o particular. Sobre o mesmo exemplo, a autora afirma
que todos os metais são condutores de eletricidade. A prata é um metal, logo, é
condutor de eletricidade. Pelo raciocínio dedutivo, se os metais pertencem ao grupo
dos condutores de eletricidade e se a prata conduz eletricidade, necessariamente,
entendemos que a prata é um metal.

Argumentos dedutivos e indutivos: dois exemplos servem para ilustrar a


diferença entre argumentos dedutivos e indutivos (LAKATOS; MARCONI, 2007, p.
91):

DEDUTIVO:

Todo mamífero tem um coração.


Ora, todos os cães são mamíferos.
Logo, todos os cães têm um coração.

INDUTIVO:

Todos os cães que foram observados tinham um coração.


Logo, todos os cães têm um coração.
Conclui Fachin (2003, p. 31) que os métodos indutivo e dedutivo não se opõem e
constituem uma única cadeia de raciocínio. Cita, ainda, como exemplo: a varíola é curável
com a vacina X; ora, um paciente tal é portador de varíola, logo, é curado com a vacina X.
Houve uma intuição para estabelecer a ordem geral do conhecimento quanto ao
medicamento, por meio do raciocínio dedutivo, com o aproveitamento de uma experiência
conhecida e induzida anteriormente. O método indutivo é uma fase meramente científica, é
o espírito experimental da ciência, que oferece probabilidades, enquanto o dedutivo é a
fase da realização da atividade, oferecendo certezas.

Oliveira (2002, p. 63) complementa, sobre os métodos indutivo e dedutivo, quando


observa que:
A dedução e a indução, tal como a síntese e análise, generalizações e abstrações,
não são métodos isolados de raciocínio de pesquisa. Eles se completam [...]; a
conclusão estabelecida pela indução pode servir de princípio – premissa maior -
para a dedução, mas a conclusão da dedução pode também servir de princípio da
indução seguinte – premissa menor –, e assim sucessivamente.

De acordo com Miranda Neto (2005, p. 22-26), o método científico não é um só, existem
diferentes formas de procedermos para obter resultados científicos; os métodos analítico e
sintético, indutivo e dedutivo são de importância fundamental para a construção da base
teórica de todas as ciências, cabe ao pesquisador decidir qual o método mais adequado.

A técnica da pesquisa trata dos procedimentos práticos que devem ser adotados para
realizar um trabalho científico, qualquer que seja o método aplicado, é o que escreve
Miranda Neto (2005, p. 39). A técnica serve para registrar e quantificar os dados
observados, ordená-los e classificá-los. A técnica, especifica como fazer (OLIVEIRA, 2002,
p. 58).
Para a realização de uma pesquisa, é necessário o uso de técnicas adequadas, capazes
de coletar dados suficientes, de modo que dêem conta dos objetivos traçados, quando da
sua projeção. Para determinar o tipo de instrumento, é necessário observar o que será
estudado, a que irá reportar.

Na realização de uma pesquisa, segundo Oliveira (2003, p. 66), depois de definidas as


fontes de dados e o tipo de pesquisa, que pode ser de campo ou de laboratório, devemos
levantar as técnicas a serem utilizadas para a coleta de dados, destacando-se:
questionários, entrevistas, observação, formulários e discussão em grupo.

MÉTODO INDUTIVO

O método indutivo parte do particular (situação concreta) para o geral (teoria), ou seja,
trata-se de um método empirista.

Indução é um processo mental que parte de fatos, fenômenos, dados


particulares, suficientemente constatados, para deles extrair uma verdade
geral ou universal, não contida nas partes examinadas

Suas etapas são os seguintes.

• Observação dos fatos ou fenômenos e análise com vistas a identificar as suas causas.

• Descoberta da relação entre os fatos ou fenômenos, estabelecendo comparações


entre eles.
• Generalização da relação encontrada na etapa anterior para situações semelhantes
(não observadas).

É importante adotar alguns cuidados ao utilizar o método indutivo: ter certeza de que a
relação a ser generalizada é realmente essencial; certificar-se de que a generalização seja
feita para fatos ou fenômenos idênticos aos observados; e realizar número suficiente de
análises ou experimentos de forma que a amostra seja representativa da população.

MÉTODO DEDUTIVO

O método dedutivo faz o caminho inverso ao do indutivo, ou seja, o racionalismo.

Dedução é o processo mental que parte das verdades estabelecidas para a


análise dos fatos e
fenômenos particulares, verificando sua adequação à teoria, usando-os para
comprová-la. Esse método
parte do geral para o particular, ou seja, do corpo teórico para as situações
concretas.

Os passos do método dedutivo são os seguintes:

• Compreensão das bases teóricas (verdades universais).


• Análise dos fatos e fenômenos concretos.
•Estabelecimento de relação entre a teoria e os casos particulares, comprovando a
primeira.
O uso desse método envolve cuidados entre os quais destacamos: certificar-se de que a
explicação possui bases teóricas sólidas; deve aplicar-se à situação particular analisada e
estabelece relação entre as explicações e as premissas, o que constitui o ponto central do
método.

MÉTODO HIPOTÉTICO DEDUTIVO

Karl Raymund Popper, formulador do método hipotético-dedutivo, afirma consistir esse


método na construção de conjecturas que devem ser submetidas aos mais diversos testes
possíveis: crítica intersubjetiva, controle mútuo pela discussão crítica, publicidade crítica e
confronto com os fatos, para ver quais hipóteses sobrevivem como mais aptas na luta pela
vida, resistindo, portanto, às tentativas de refutação e falseamento.

Esquema dos passos do método hipotético-dedutivo para Popper, sistematizados por


Lakatos e Marconi, 1991, p.67):

• Aparecimento do problema, normalmente em função de conflitos entre expectativas e


teorias.
• Conjectura sobre possível explicação nova, com a dedução de proposições a serem
testadas.
• Testes de falseamento, visando refutar as proposições por meio de procedimentos
como a experimentação e a observação. As hipóteses refutadas deverão ser reformuladas
e testadas novamente. Se forem confirmadas, serão consideradas provisoriamente válidas.
MÉTODO POSITIVISTA

O método positivista enfatiza que a ciência constitui a única fonte de conhecimento,


estabelecendo forte distinção entre fatos e valores; é um método geral do raciocínio
proveniente de métodos e técnicas particulares (dedução, indução, observação,
experiência, comparação, analogia e outros).

Os principais representantes desse método são Comte e Durkheim. Ambos acreditam que
a sociedade possa ser analisada da mesma forma que a natureza. Assim, a Sociologia tem
como tarefa o esclarecimento de acontecimentos sociais constantes e recorrentes. Seu
papel fundamental é explicar a sociedade para manter a ordem vigente.

No Brasil, temos fortes influências do positivismo e como máxima desse método podemos
citar o emprego da frase “Ordem e Progresso” em nossa bandeira nacional, que foi
extraída da fórmula máxima do Positivismo: “O amor por princípio, a ordem por base, o
progresso por fim”. Essa frase tenta passar a imagem de que cada coisa em seu devido
lugar conduziria para a perfeita orientação ética da vida social.
Comte propôs os seguintes passos concebidos para o método positivista.

• Observação objetiva (neutra) dos fenômenos; é preciso que o sujeito que produz o
conhecimento coloque um limite entre ele e o objeto de estudo.
• Valorização exclusiva do fenômeno, ou seja, que somente pode ser conhecido por
meio da observação e da experiência.
• Segmentação da realidade, significa a compreensão de que totalidade ocorre por meio
da compreensão das partes que a compõem.
MÉTODO ESTRUTURALISTA

O estruturalismo como corrente metodológica foi elaborado na França por meio de uma
luta aberta contra o Existencialismo, representado por Sartre, e contra as formas de
pensamento historicista, incluindo o marxismo.

Os estruturalistas consideram que os fenômenos da vida humana não são inteligíveis


isoladamente. Por essa razão, é necessário compreender as relações entre eles, ou seja, a
estrutura que se encontra por detrás das variações particulares, constituídas pelos
fenômenos.

Assim, o método estruturalista leva em consideração, principalmente, o estudo das


relações existentes entre os elementos.

Como principais representes desse método podemos destacar Ferdinand Saussure e


Jakobson, na Linguística; Lévi-Strauss, na Antropologia; e Radcliffe-Brown e Althusser, na
Sociologia; Piaget, na Psicologia; Lacan, na Psicanálise.

O método estruturalista possui duas etapas: a primeira vai do concreto para o abstrato e,
na segunda, do abstrato para o concreto, dispondo, na segunda etapa, de um modelo para
analisar a realidade concreta dos diversos fenômenos.
MÉTODO DIALÉTICO

O conceito de dialética tem sua origem na Grécia antiga. Alguns o atribuem ao filósofo
Zenon e, outros, a Sócrates.

Sócrates criou o método da Ironia e Maiêutica, que se desenvolvia assim: ele fazia uma
pergunta, ouvia a resposta, perguntava de novo refutando a resposta até eliminar as
certezas do interlocutor. Essa é a fase chamada de Ironia. No segundo momento, a
Maiêutica, voltava perguntando para que o interlocutor reconstruísse seu conhecimento de
forma mais crítica, eliminando as contradições.

A palavra ironia vem do grego eironeia, que significa perguntar fingindo ignorar.
Ironia, em grego, tem o sentido de interrogação, questionamento.
A palavra maiêutica, também de origem grega, vem de maieutiké, que significa
relativo ao parto.
Portanto, o método de Sócrates tinha um momento de interrogação visando eliminar
as incertezas e um momento de gestação das novas ideias.

Platão considerava dialética como sinônimo de filosofia, pois é o método mais eficaz de
aproximação do mundo das ideias. Propunha o diálogo como técnica para atingir o
verdadeiro conhecimento.

Aristóteles considerava dialética como a lógica do provável, do que parece aceitável para
todos, ou para a maioria das pessoas ou para os pensadores mais ilustres.
Muitos outros pensadores fizeram a sua interpretação da dialética. O método dialético
ganhou muita força na Idade Moderna com Hegel (dialética idealista) e Marx e Engels
(dialética materialista). De acordo com os pensadores, as bases teóricas modificam-se, o
olhar também, porém os procedimentos se mantêm.

A aplicação da dialética à investigação científica envolve uma análise objetiva e crítica da


realidade, para aprofundar o seu conhecimento com vistas à transformação.

Observe que o método parte do princípio de que no universo nada está isolado, tudo é
movimento e mudança, tudo depende de tudo. Assim, a dialética realiza-se pela reflexão a
respeito da relação sujeito e objeto, confrontando as variáveis e suas contradições para
chegar a uma síntese.
Constituem categorias fundamentais do método dialético:

 Totalidade – a compreensão do objeto de estudo só é possível se o considerarmos


na totalidade, tendo em vista a necessidade de estabelecer as bases teóricas para
sua transformação.
 Historicidade – a contextualização do problema de pesquisa é essencial para sua
compreensão, assim é importante, para entendê-la, identificar o autor, sua
intenção, o momento e o local da pesquisa etc.
 Contradição – o método dialético sempre parte da análise crítica do objeto a ser
pesquisado, procurando identificar as contradições internas em cada fenômeno
estudado. Considera que só assim é possível encontrar as variáveis determinantes
do fenômeno.
Identificam-se no método dialético os seguintes passos.

 Elaboração da tese, ou seja, a afirmação inicial.


 Elaboração de antítese, ou seja, de uma oposição à tese.
 Elaboração da síntese, ou seja, do conflito resultante da análise da tese e da
antítese surge a síntese. Esta, por sua vez transforma-se em tese para um novo
ciclo, com a colocação de nova antítese resultando em nova síntese e assim por
diante.

MÉTODO QUANTITATIVO

Para Minayo e Sanches (1993, apud TEIXEIRA, 2001, p.24) a pesquisa quantitativa utiliza
a linguagem matemática para descrever as causas de um fenômeno e as relações entre
variáveis. Esse método considera a realidade como formada por partes isoladas; não
aceita outra realidade que não seja os fatos a serem verificados; busca descobrir as
relações entre fatos e variáveis; visa ao conhecimento objetivo; propõe a neutralidade
científica; rejeita os conhecimentos subjetivos; adota o princípio da verificação; utiliza o
método das ciências naturais – experimental-quantitativo – e propõe a generalização dos
resultados obtidos. Caracterizando-se finalmente pelo emprego da quantificação tanto nas
modalidades de coleta de informações quanto no tratamento delas por meio de técnicas
estatísticas.
MÉTODO QUALITATIVO

Preocupa-se em analisar e interpretar os dados em seu conteúdo psicossocial. Considera


que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo
indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser
traduzido em números. Na pesquisa qualitativa, a interpretação dos fenômenos e a
atribuição de significados são fundamentais. É descritiva e não requer utilização de
métodos e técnicas estatísticas. O pesquisador, considerado instrumento chave, tende a
analisar seus dados indutivamente, no ambiente natural. O processo e seu significado são
os focos principais de abordagem. As pesquisas qualitativas oferecem contribuições em
diferentes campos de estudo, como, por exemplo, à Antropologia, Sociologia, Psicologia,
Educação.

COMO DIFERENCIAR MÉTODO E TÉCNICA

Segundo Fachin (2003, p. 29):


Vale a pena salientar que métodos e técnicas se relacionam, mas são distintos. O
método é um conjunto de etapas ordenadamente dispostas, destinadas a realizar e
antecipar uma atividade na busca de uma realidade; enquanto a técnica está ligada
ao modo de se realizar a atividade de forma mais hábil, mais perfeita. [...] O método
se refere ao atendimento de um objetivo, enquanto a técnica operacionaliza o
método.

 Técnicas são procedimentos científicos empregados por uma ciência determinada.


Compreende a aplicação de instrumentais, regras e procedimentos que facilitam o
processo de construção do conhecimento. As técnicas utilizadas em pesquisas
devem ser compreendidas como meios específicos para viabilizar a aplicação de
métodos.
 Métodos são técnicas suficientemente gerais para se tornarem procedimentos
comuns a uma área das ciências

4. PESQUISA CIENTÍFICA

A finalidade da pesquisa é “resolver problemas e solucionar dúvidas, mediante a utilização


de procedimentos científicos” (BARROS; LEHFELD, 2000a, p. 14) e a partir de
interrogações formuladas em relação a pontos ou fatos que permanecem obscuros e
necessitam de explicações plausíveis e respostas que venham a elucidá-las. Para isso, há
vários tipos de pesquisas que proporcionam a coleta de dados sobre o que desejamos
investigar.

Algumas razões para eleger uma pesquisa específica são evidenciadas na determinação
do pesquisador em realizá-la, entre as quais, as intelectuais, baseadas na vontade de
ampliar o saber sobre o assunto escolhido, “atendendo ao desejo quase que genérico do
ser humano de conhecer-se a si mesmo e a realidade circundante.” (NASCIMENTO, 2002,
p. 55) Nessa jornada,

[...] chega-se a um conhecimento novo ou totalmente novo, isto é,


[...] [ele] pode aprender algo que ignorava anteriormente, porém já conhecido por
outro, ou chegar a dados desconhecidos por todos. Pela pesquisa, chega-se a uma
maior precisão teórica sobre os fenômenos ou problemas da realidade. (BARROS;
LEHFELD, 2000b, p. 68).

Para que uma pesquisa seja considerada científica, ela deve seguir uma metodologia que
compreenda uma sequência de etapas logicamente encadeadas, de forma que possa ser
repetida obtendo-se os mesmos resultados. Dessa maneira, os dados obtidos contribuirão
para a ampliação do conhecimento já acumulado, bem como para a sua reformulação ou
criação.
Para o desenvolvimento de qualquer pesquisa científica, é imprescindível a definição dos
procedimentos metodológicos.

O artigo científico também deve apresentar os caminhos e formas utilizadas no estudo.


Assim, é importante citar as modalidades ou tipos da pesquisa e características do
trabalho. Conforme Gil (2006), as pesquisas podem ser classificadas quanto:

 à natureza da pesquisa;
 à abordagem do problema;
 à realização dos objetivos;
 aos procedimentos técnicos.

a) Do ponto de vista da sua natureza, pode ser:

• Pesquisa Básica: objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência,
sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais. (GIL, 2006).
Assim, o pesquisador busca satisfazer uma necessidade intelectual pelo conhecimento, e
sua meta é o saber. (CERVO; BERVIAN, 2002).
• Pesquisa Aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à
solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais. (GIL, 2006). Este
tipo de pesquisa visa à aplicação de suas descobertas a um problema. (COLLIS; HUSSEY,
2005).
São pesquisas [básica e aplicada] que não se excluem, nem se opõem. Ambas são
indispensáveis para o progresso das ciências e do homem: uma busca a
atualização de conhecimentos para uma nova tomada de posição, enquanto a outra
pretende, além disso, transformar em ação concreta os resultados de seu trabalho.
(CERVO; BERVIAN, 2002, p. 65).
b) Do ponto de vista da forma de abordagem do problema, pode ser:

• Pesquisa Quantitativa: considera que tudo possa ser contável, o que significa traduzir
em números opiniões e informações para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de
recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio padrão,
coeficiente de correlação e outros). (GIL, 2006). Assim, a pesquisa quantitativa é focada na
mensuração de fenômenos, envolvendo a coleta e análise de dados numéricos e aplicação
de testes estatísticos. (COLLIS; HUSSEY, 2005).

• Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o
sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito
que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de
significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de
métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados,
e o pesquisador é o instrumento-chave. (GIL, 2006). A pesquisa qualitativa utiliza várias
técnicas de dados, como a observação participante, história ou relato de vida, entrevista e
outros. (COLLIS; HUSSEY, 2005).

Se você estivesse conduzindo um estudo sobre o estresse provocado por trabalho


noturno e adotasse o método quantitativo, seria útil coletar dados objetivos e
numéricos, tais como taxas de absenteísmo, níveis de produtividade, etc. Todavia,
caso adotasse um método qualitativo, você poderia coletar dados subjetivos sobre
o estresse enfrentado por trabalhadores noturnos em termos de percepções, saúde,
problemas sociais e assim por diante. (COLLIS; HUSSEY, 2005, p. 27).
COMPARAÇÃO ENTRE PESQUISA QUALITATIVA X QUANTITATIVA

PONTO DE PESQUISA PESQUISA


COMPARAÇÃO QUALITATIVA QUANTITATIVA
Foco da pesquisa Qualidade (natureza e Quantidade (quantos,
essência) quanto)

Raízes filosóficas Fenomenologia, interação Positivismo, empirismo,


simbólica lógico

Frases associadas Trabalho de campo, Experimental, empírico,


etnografia, Estatístico
naturalismo, subjetivismo

Metas de investigação Entendimento, descrição, Predição, controle,


descoberta, descrição,
generalização, confirmação, teste de
hipótese hipótese

Ambiente Natural, familiar Artificial, não-natural

Amostra Pequena, não- Grande, ampla


representativa

Coleta de dados Pesquisador como Instrumentos manipulados


principal instrumento (escala, teste, questionário
(entrevista, observação) etc.)

Modo de análise Indutivo Dedutivo (pelo método


(pelo pesquisador) estatístico)
c) Do ponto de vista de seus objetivos, pode ser:

• Pesquisa Exploratória: visa a proporcionar maior proximidade com o problema,


objetivando torná-lo explícito ou definir hipóteses. Procura aprimorar ideias ou descobrir
intuições. Possui um planejamento flexível, envolvendo, em geral, levantamento
bibliográfico, entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema
pesquisado e análise de exemplos similares. Assume, geralmente, as formas de pesquisas
bibliográficas e estudos de caso. Indicada para as fases de revisão da literatura,
formulação de problemas, levantamento de hipóteses, identificação e operacionalização
das variáveis. (GIL, 1996; DENCKER, 2000). Esse tipo de pesquisa é voltado a
pesquisadores que possuem pouco conhecimento sobre o assunto pesquisado,
pois, geralmente, há pouco ou nenhum estudo publicado sobre o tema. (COLLIS;
HUSSEY, 2005).

A pesquisa exploratória visa a prover o pesquisador de um maior conhecimento


sobre o tema ou problema de pesquisa em perspectiva. Por isso, é apropriada para
os primeiros estágios da investigação quando a familiaridade, o conhecimento e a
compreensão do fenômeno por parte do pesquisador são, geralmente, insuficientes
ou inexistentes. (MATTAR, 2005, p. 85).

• Pesquisa Descritiva: visa a descrever as características de determinada população ou


fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. A forma mais comum de
apresentação é o levantamento, em geral, realizado mediante questionário ou observação
sistemática, que oferece uma descrição da situação no momento da pesquisa. Metodologia
indicada para orientar a forma de coleta de dados quando se pretende descrever
determinados acontecimentos. (GIL, 1996; DENCKER, 2000). É direcionada a
pesquisadores que têm conhecimento aprofundado a respeito dos fenômenos e problemas
estudados.
A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos
(variáveis) sem manipulá-los. [...] Procura descobrir, com a precisão possível, a
frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua
natureza e características. [...] desenvolve-se, principalmente, nas ciências
humanas e sociais, abordando aqueles dados e problemas que merecem ser
estudados e cujo registro não consta de documentos. (CERVO; BERVIAN, 2002, p.
66).

A diferença entre a pesquisa experimental e a pesquisa descritiva é que esta procura


classificar, explicar e interpretar fatos que ocorrem, enquanto a pesquisa experimental
pretende demonstrar o modo ou as causas pelas quais um fato é produzido.

Nas pesquisas descritivas, os fatos são observados, registrados, analisados, classificados


e interpretados, sem que o pesquisador interfira sobre eles, ou seja, os fenômenos do
mundo físico e humano são estudados, mas não são manipulados pelo pesquisador.
Incluem-se, entre as pesquisas descritivas, a maioria daquelas desenvolvidas nas ciências
humanas e sociais, como as pesquisas de opinião, mercadológicas, os levantamentos
socioeconômicos e psicossociais. Podemos citar, como exemplo, aquelas que têm por
objetivo estudar as características de um grupo: distribuição por idade, sexo, procedência,

nível de escolaridade, estado de saúde física e mental; as que se propõem a estudar o

nível de atendimento dos órgãos públicos de uma comunidade, as condições de habitação


de seus moradores, o índice de criminalidade; as que têm por objetivo levantar as opiniões,
atitudes e crenças de uma população, bem como descobrir a existência de associações
entre variáveis, por exemplo, as pesquisas eleitorais, que indicam a relação entre
preferência político partidária e nível de rendimentos e/ou escolaridade. Uma das
características mais significativas das pesquisas descritivas é a utilização de técnicas
padronizadas de coleta de dados, como o questionário e a observação sistemática.
As pesquisas descritivas são, juntamente com as pesquisas exploratórias, as que
habitualmente realizam os pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática. Em
sua forma mais simples, as pesquisas descritivas aproximam-se das exploratórias, quando
proporcionam uma nova visão do problema. Em outros casos, quando ultrapassam a
identificação das relações entre as variáveis, procurando estabelecer a natureza dessas
relações, aproximam-se das pesquisas explicativas.

• Pesquisa Explicativa: quando o pesquisador procura explicar os porquês das coisas e


suas causas, por meio do registro, da análise, da classificação e da interpretação dos
fenômenos observados. Visa a identificar os fatores que determinam ou contribuem para a
ocorrência dos fenômenos; “aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a
razão, o porquê das coisas.” (GIL, 2010, p. 28).

Quando realizada nas ciências naturais, requer o uso do método experimental e, nas
ciências sociais, requer o uso do método observacional. Assume, em geral, as formas de
Pesquisa Experimental e Pesquisa Ex-post-facto. As pesquisas explicativas são mais
complexas, pois, além de registrar, analisar, classificar e interpretar os fenômenos
estudados, têm como preocupação central identificar seus fatores determinantes. Esse tipo
de pesquisa é o que mais aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão,
o porquê das coisas e, por esse motivo, está mais sujeita a erros.

A maioria das pesquisas explicativas utiliza o método experimental, que possibilita a


manipulação e o controle das variáveis, no intuito de identificar qual a variável
independente que determina a causa da variável dependente, ou o fenômeno em estudo.
Nas ciências sociais, a aplicação desse método reveste-se de dificuldades, razão pela qual
recorremos a outros métodos, sobretudo, ao observacional. Nem sempre é possível
realizar pesquisas rigorosamente explicativas em ciências sociais, mas, em algumas áreas,
sobretudo na psicologia, as pesquisas revestem-se de elevado grau de controle, sendo
denominadas de pesquisas “quase experimentais”. As pesquisas explicativas, em sua
maioria, podem ser classificadas como experimentais ou ex-postfacto (temos um
experimento que se realiza depois do fato).

A pesquisa explicativa apresenta como objetivo primordial a necessidade de


aprofundamento da realidade, por meio da manipulação e do controle de variáveis, com o
escopo de identificar qual a variável independente ou aquela que determina a causa da
variável dependente do fenômeno em estudo para, em seguida, estudá-lo em
profundidade.

d) Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, pode ser:

• Pesquisa Bibliográfica: utiliza material já publicado, constituído basicamente de livros,


artigos de periódicos e, atualmente, de informações disponibilizadas na internet. Quase
todos os estudos fazem uso do levantamento bibliográfico, e algumas pesquisas são
desenvolvidas exclusivamente por fontes bibliográficas. Sua principal vantagem é
possibilitar ao investigador a cobertura de uma gama de acontecimentos muito mais ampla
do que aquela que poderia pesquisar diretamente. (GIL, 2006). A técnica bibliográfica visa
a encontrar as fontes primárias e secundárias e os materiais científicos e tecnológicos
necessários para a realização do trabalho científico ou técnico-científico. (OLIVEIRA,
2002).

A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências


teóricas publicadas em documentos [...] busca conhecer e analisar as contribuições
culturais ou científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema
ou problema. [...] constitui geralmente o primeiro passo de qualquer pesquisa
científica. (CERVO; BERVIAN, 2002, p. 65-66).
• Pesquisa Documental: é elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento
analítico, documentos de primeira mão, como documentos oficiais, reportagens de jornal,
cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, gravações, etc., ou, ainda, a partir de
documentos de segunda mão que, de alguma forma, já foram analisados, tais como:
relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas, etc. (GIL, 2006); e dos
localizados no interior de órgãos públicos ou privados, como manuais, relatórios,
balancetes e outros.

Nessa tipologia de pesquisa, os documentos são classificados em dois tipos principais:


fontes de primeira mão e fontes de segunda mão. Gil (2008) define os documentos de
primeira mão como os que não receberam qualquer tratamento analítico, como:
documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias,
gravações etc. Os documentos de segunda mão são os que, de alguma forma, já foram
analisados, tais como: relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas,
entre outros. Entendemos por documento qualquer registro que possa ser usado como
fonte de informação, por meio de investigação, que engloba: observação (crítica dos dados
na obra); leitura (crítica da garantia, da interpretação e do valor interno da obra);reflexão
(crítica do processo e do conteúdo da obra); crítica (juízo fundamentado sobre o valor do
material utilizável para o trabalho científico).

Todo documento deve passar por uma avaliação crítica por parte do pesquisador, que
levará em consideração seus aspectos internos e externos. No caso da crítica externa,
serão avaliadas suas garantias e o valor de seu conteúdo.

Normalmente, ela é aplicada apenas às fontes primárias e compreende a crítica do texto,


da autenticidade e da origem. Pode ser:
- Crítica do texto: verifica se o texto é autógrafo (escrito pela mão do autor).
Trata-se de um rascunho? É original? Cópia de primeira ou de segunda mão?

- Crítica de autenticidade: procura determinar quem é o autor, o tempo e as


circunstâncias da composição. Podemos utilizar testemunhos externos ou analisar a obra
internamente para descobrirmos sua data.

- Crítica da origem: investiga a origem do texto em análise, já que ela fundamenta a


garantia da autenticidade.

Os locais de pesquisa, os tipos e a utilização de documentos podem ser:

- Arquivos públicos (municipais, estaduais e nacionais);

- Documentos oficiais: anuários, editoriais, ordens régias, leis, atas, relatórios, ofícios,
correspondências, panfletos etc.;

- Documentos jurídicos: testamentos post mortem, inventários e todos os


materiais oriundos de cartórios;

- Coleções particulares: ofícios, correspondências, autobiografias, memórias etc.;


iconografia: imagens, quadros, monumentos, fotografias etc.;

- Materiais cartográficos: mapas, plantas etc.;


- Arquivos particulares (instituições privadas ou domicílios particulares): igrejas, bancos,
indústrias, sindicatos, partidos políticos, escolas, residências, hospitais, agências de
serviço social, entidades de classe etc.;
- Documentos eclesiásticos, financeiros, empresariais, trabalhistas, educacionais,
memórias, fotografias, diários, autobiografias etc.

• Estudo de Caso: envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de


maneira a se obter o seu amplo e detalhado conhecimento. (GIL, 2006). O estudo de caso
pode abranger análise de exame de registros, observação de acontecimentos, entrevistas
estruturadas e não-estruturadas ou qualquer outra técnica de pesquisa. Seu objeto pode
ser um indivíduo, um grupo, uma organização, um conjunto de organizações ou, até
mesmo, uma situação. (DENCKER, 2000). A maior utilidade do estudo de caso é verificada
nas pesquisas exploratórias. Por sua flexibilidade, é sugerido nas fases iniciais da
pesquisa de temas complexos para a construção de hipóteses ou reformulação do
problema. É utilizado nas mais diversas áreas do conhecimento. A coleta de dados
geralmente é feita por mais de um procedimento. Entre os mais usados, estão: a
observação, a análise de documentos, a entrevista e a história da vida. (GIL, 2006).

É comum proceder-se a um estudo de caso partindo da leitura de documentos,


passando para a observação e a realização de entrevistas e culminando com a
obtenção de histórias de vida.
Por exemplo, se a unidade pesquisada for constituída por uma igreja evangélica, o
pesquisador pode, inicialmente, consultar documentos tais como: livro de atas,
avisos, livros de orações, registro de batismos, etc. A seguir, pode observar
algumas das sessões do culto e da escola dominical. Pode entrevistar o pastor e
alguns dos fiéis e, por fim, selecionar algumas histórias de vida significativas para
atingir os objetivos propostos. (GIL, 1996, p. 122).

O estudo de caso consiste em coletar e analisar informações sobre determinado indivíduo,


uma família, um grupo ou uma comunidade, a fim de estudar aspectos variados de sua
vida, de acordo com o assunto da pesquisa. É um tipo de pesquisa qualitativa e/ou
quantitativa, entendido como uma categoria de investigação que tem como objeto o estudo
de uma unidade de forma aprofundada, podendo tratar-se de um sujeito, de um grupo de
pessoas, de uma comunidade etc. São necessários alguns requisitos básicos para sua
realização, entre os quais, severidade, objetivação, originalidade e coerência.

O estudo de caso refere-se ao estudo minucioso e profundo de um ou mais objetos (YIN,


2001). Pode permitir novas descobertas de aspectos que não foram previstos inicialmente.
De acordo com Schramm (apud YIN, 2001), a essência do estudo de caso é tentar
esclarecer uma decisão, ou um conjunto de decisões, seus motivos, implementações e
resultados. Gil (2010, p. 37) afirma que o estudo de caso “consiste no estudo profundo e
exaustivo de um ou mais objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado
conhecimento.” Define-se, também, um estudo de caso da seguinte maneira: “[...] é uma
estratégia de pesquisa que busca examinar um fenômeno contemporâneo dentro de seu
contexto. [...] Igualmente, estudos de caso diferem do método histórico, por se referirem ao
presente e não ao passado.” (YIN, 1981 apud ROESCH, 1999, p. 155). Este busca estudar
um objeto com maior precisão, por exemplo: análise de casos sobre viabilidade
econômico-financeira de investimentos, de um novo negócio, de um novo
empreendimento.

Por lidar com fatos/fenômenos normalmente isolados, o estudo de caso exige do


pesquisador grande equilíbrio intelectual e capacidade de observação („olho clínico‟), além
de parcimônia (moderação) quanto à generalização dos resultados. De acordo com Yin
(2001, p. 32), “um estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenômeno
contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre
o fenômeno e contexto não estão claramente definidos.”

Dito de outra forma, podemos utilizar o procedimento técnico estudo de caso quando
deliberadamente quisermos trabalhar com condições contextuais – acreditando que elas
seriam significativas e pertinentes ao fenômeno estudado (YIN, 2001). Exemplificamos
uma primeira possibilidade: uma testagem e/ou experimento podem deliberadamente
separar um fenômeno de seu contexto, da maneira que se torna possível dedicar algum
espaço e atenção para apenas algumas variáveis, visto que, de forma geral, o contexto é
“controlado” pelo ambiente de laboratório. Também, como uma segunda possibilidade,
destacamos algumas particularidades de estudos envolvendo fenômeno e contexto que
“não são sempre discerníveis em situações da vida real” (YIN, 2001, p. 32), o que
demandaria “um conjunto de outras características técnicas, como a coleta de dados e as
estratégias de análise de dados.” (YIN, 2001, p. 32). Nessa segunda possibilidade,
poderíamos enquadrar como estudos de caso, por exemplo, experimento psicológico,
levantamento empresarial, análise econômica (viabilidade financeira etc.).

Martins (2006, p. 11) ressalta que “como estratégia de pesquisa, um Estudo de Caso,
independentemente de qualquer tipologia, orientará a busca de explicações e
interpretações convincentes para situações que envolvam fenômenos sociais complexos”,
e, também, a elaboração “de uma teoria explicativa do caso que possibilite condições para
se fazerem inferências analíticas sobre proposições constatadas no estudo e outros
conhecimentos encontrados.” (MARTINS, 2006, p. 12).

Portanto, a investigação de estudo de caso, conforme Yin (2001, p. 32-33),

[...] enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis
de interesse do que pontos de dados, e, como resultado, [...] baseia-se em várias
fontes de evidências, com os dados precisando convergir em um formato de
triângulo, e, como outro resultado, [...] beneficia-se do desenvolvimento prévio de
proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados.

Dito de outra maneira, “o estudo de caso como estratégia de pesquisa compreende um


método que abrange tudo – com a lógica de planejamento incorporando abordagens
específicas à coleta de dados e à análise de dados.” (YIN, 2001, p. 33). Desse modo,
então, o estudo de caso não se caracteriza como uma maneira específica para a coleta de
dados nem simplesmente uma característica do planejamento de pesquisa em si; é sim
uma estratégia de pesquisa abrangente.

Dito isso, o estudo de caso vem sendo utilizado com frequência pelos pesquisadores
sociais, visto servir a pesquisas com diferentes propósitos, como:
- explorar situações da vida real cujos limites não estejam claramente definidos;
- descrever a situação do contexto em que está sendo feita determinada investigação;
- explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em situações muito complexas
que não possibilitem a utilização de levantamentos e experimentos.

O estudo de caso pode ser utilizado tanto em pesquisas exploratórias quanto em


descritivas e explicativas. Cabe destacar, no entanto, que existem limitações em relação
ao estudo de caso, como as que são indicadas a seguir (YIN, 2001):

- falta de rigor metodológico: “por muitas e muitas vezes, o pesquisador de estudo de


caso foi negligente e permitiu que se aceitassem evidências equivocadas ou visões
tendenciosas para influenciar o significado das descobertas e das conclusões.” (YIN, 2001,
p. 29-30). O que propomos ao pesquisador disposto a desenvolver estudos de caso é que
redobre seus cuidados tanto no planejamento quanto na coleta e análise dos dados;

- dificuldade de generalização: a análise de um único ou mesmo de múltiplos casos


fornece uma base muito frágil para a generalização científica. Todavia, os propósitos do
estudo de caso não são os de proporcionar o conhecimento preciso das características de
uma população a partir de procedimentos estatísticos, mas, sim, o de expandir ou
generalizar proposições teóricas. O maior risco do estudo de caso único é que a
explicação cientifica mostre-se frágil, devido a possíveis incidências de fenômenos
encontrados apenas no universo pesquisado, o que pode comprometer a confiabilidade
dos achados da pesquisa. Em qualquer das alternativas, o pesquisador deverá compor um
cenário que corresponda à teoria que fundamenta a pesquisa e que se revele no estudo do
caso, ou seja, construir uma análise que explique e preveja o fenômeno investigado;

- tempo destinado à pesquisa: temos que os estudos de caso demandam muito tempo
para ser realizados e que frequentemente seus resultados se tornam pouco consistentes.
Conforme Yin (2001, p. 29), “essa queixa pode até ser procedente, dada a maneira como
se realizaram estudos de caso no passado [...], mas não representa, necessariamente, a
maneira como os estudos de caso serão conduzidos no futuro.” Devemos atentar para o
fato de que os estudos de caso não precisam demorar muito tempo.

Isso confunde incorretamente a estratégia de estudo de caso com um método


específico de coleta de dados, como etnografia ou observação participante. A
etnografia, em geral, exige longos períodos de tempo no “campo” e enfatiza
evidências observacionais detalhadas. (YIN, 2001, p 30).

No que diz respeito à observação participante, esta pode não requerer a mesma
quantidade de tempo, mas ainda sugere um investimento considerável de esforços no
campo.

Destacamos, ainda, que existem variações dentro dos estudos de caso como estratégia de
pesquisa. Entre essas possíveis variações, damos ênfase que a pesquisa de estudo de
caso pode incluir tanto estudos de caso único quanto de casos múltiplos (YIN, 2001). Em
relação aos estudos de casos múltiplos, Yin (2001, p. 68) afirma que estes costumam ser
mais convincentes, “e o estudo global é visto, por conseguinte, como sendo mais robusto.”

Uma questão essencial para se construir um estudo de caso múltiplo bem-sucedido é que
este atenda a uma lógica de replicação (YIN, 2001, p. 68), e não a da amostragem, que
“exige o cômputo operacional do universo ou do grupo inteiro de respondentes em
potencial e, por conseguinte, o procedimento estatístico para se selecionar o subconjunto
especifico de respondentes que vão participar do levantamento.” (YIN, 2001, p. 70).

Como podemos perceber, Yin (2001) prevê táticas diferenciadas para cada tipo de estudo
de caso. Em relação ao estudo de caso único, o autor o recomenda quando este
representa o caso decisivo para testar uma teoria bem formulada, seja para confirmá-la,
seja para contestá-la, seja ainda para estender a teoria a outras situações de pesquisa.
Nessa situação, o caso único precisa satisfazer a todas as condições para testar a teoria.

Destacamos cinco características básicas do estudo de caso: é um sistema limitado e tem


fronteiras em termos de tempo, eventos ou processos, as quais nem sempre são claras e
precisas; é um caso sobre algo, que necessita ser identificado para conferir foco e direção
à investigação; é preciso preservar o caráter único, específico, diferente, complexo do
caso; a investigação decorre em ambiente natural; o investigador recorre a fontes múltiplas
de dados e a métodos de coleta diversificados: observações diretas e indiretas,
entrevistas, questionários, narrativas, registros de áudio e vídeo, diários, cartas,
documentos, entre outros.

Diante da complexidade na investigação de estudo de caso, assevera Yin (2001), o


pesquisador defronta-se com uma situação particular e, por vezes, incomum, na qual
existem muito mais variáveis de interesse do que dados fornecidos de forma objetiva e
imparcial. Para realizar esse desafio, com êxito, o pesquisador também deve estar
preparado para fazer uso de várias fontes de evidências, que precisam convergir,
oferecendo, desse modo, condições para que haja fidedignidade e validade dos achados
por meio de triangulações de informações, de dados, de evidências e mesmo de teorias.
Para desenvolver sua investigação, o pesquisador deve levar em conta um conjunto de
proposições teóricas para conduzir a coleta e a análise de dados, eventos que ocorrem,
paralelamente, ao longo de todo o processo investigativo.

• Pesquisa-Ação: concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a


resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da
situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (GIL,
2006). Objetiva definir o campo de investigação, as expectativas dos interessados, bem
como o tipo de auxílio que estes exercer ao longo do processo de pesquisa. Implica o
contato direto com o campo de estudo, envolvendo o reconhecimento visual do local,
consulta a documentos diversos e, sobretudo, a discussão com representantes das
categorias sociais envolvidas na pesquisa. É delimitado o universo da pesquisa e
recomendada a seleção de uma amostra. O critério de representatividade dos grupos
investigados na pesquisa-ação é mais qualitativo do que quantitativo. É importante a
elaboração de um plano de ação, envolvendo os objetivos que se pretende atingir, a
população a ser beneficiada, a definição de medidas, procedimentos e formas de controle
do processo e de avaliação de seus resultados. (GIL, 1996). Não segue um plano rigoroso,
pois o plano é readequado constantemente de acordo com a necessidade, os resultados e
o andamento da pesquisa. O investigador se envolve no processo, e sua intenção é agir
sobre a realidade pesquisada. (DENCKER, 2000).

Diversas técnicas são adotadas para coleta de dados na pesquisa-ação. A mais


usual é a entrevista aplicada coletiva ou individualmente. Também se utiliza o
questionário, sobretudo quando o universo a ser pesquisado é constituído por
grande número de elementos. Outras técnicas aplicáveis são: a observação
participante, a história de vida. (GIL, 1996, p. 129).
Pesquisa-ação é uma pesquisa na qual o pesquisador, enquanto intervém na realidade,
analisa a própria intervenção.

Segundo Thiollent (2002, p. 14), pesquisa-ação:

[...] é um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada
em estreita associação com a ação ou com a resolução de um problema coletivo e
no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do
problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.

• Pesquisa Participante: pesquisa realizada por meio da integração do investigador que


assume uma função no grupo a ser pesquisado, mas sem seguir uma proposta predefinida
de ação. A intenção é adquirir conhecimento mais profundo do grupo. O grupo investigado
tem ciência da finalidade, dos objetivos da pesquisa e da identidade do pesquisador.
Permite a observação das ações no próprio momento em que ocorrem. (DENCKER, 2000).
Esta pesquisa necessita de dados objetivos sobre a situação da população. Isso envolve a
coleta de informações socioeconômicas e tecnológicas que são de natureza idêntica às
adquiridas nos tradicionais estudos de comunidades. Esses dados podem ser agrupados
por categorias geográficas, demográficas, econômicas, habitacionais, educacionais e
outras. (GIL, 1996).

Por exemplo, em relação ao problema da repetência escolar, seria errôneo


considerar que as causas seriam devidas exclusivamente à incapacidade dos
alunos. Nesta fase de crítica da representação do problema, caberia considerar
outros aspectos, tais como: o tempo que a criança dispõe para estudar, os
estímulos recebidos no meio familiar, a maneira como é tratada na escola, o
interesse que lhe desperta a matéria lecionada e também a real importância dos
conhecimentos que a escola transmite. (GIL, 1996, p. 135).

• Pesquisa Experimental: quando determinamos um objeto de estudo, selecionamos as


variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definimos as formas de controle e de
observação dos efeitos que a variável produz no objeto.
Portanto, na pesquisa experimental, o pesquisador procura refazer as condições de um
fato a ser estudado, para observá-lo sob controle. Para tal, ele se utiliza de local
apropriado, aparelhos e instrumentos de precisão, a fim de demonstrar o modo ou as
causas pelas quais um fato é produzido, proporcionando, assim, o estudo de suas causas
e seus efeitos.

A pesquisa experimental é mais frequente nas ciências tecnológicas e nas ciências


biológicas. Tem como objetivo demonstrar como e por que determinado fato é produzido.

A pesquisa experimental caracteriza-se por manipular diretamente as variáveis


relacionadas com o objeto de estudo. Nesse tipo de pesquisa, a manipulação das variáveis
proporciona o estudo da relação entre as causas e os efeitos de determinado fenômeno.
Através da criação de situações de controle, procuramos evitar a interferência de variáveis
intervenientes. Interferimos diretamente na realidade, manipulando a variável
independente, a fim de observar o que acontece com a dependente. A pesquisa
experimental estuda, portanto, a relação entre fenômenos, procurando saber se um é a
causa do outro.

Outro aspecto importante é a diferença entre pesquisa experimental e pesquisa de


laboratório. Embora o experimento predomine no laboratório, é possível utilizá-lo também
nas ciências humanas e sociais. Nesse caso, o pesquisador faz seu experimento em
campo.

• Levantamento (survey): esse tipo de pesquisa ocorre quando envolve a interrogação


direta das pessoas cujo comportamento desejamos conhecer através de algum tipo de
questionário. Em geral, procedemos à solicitação de informações a um grupo significativo
de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa,
obtermos as conclusões correspondentes aos dados coletados.
Na maioria dos levantamentos,

[...] não são pesquisados todos os integrantes da população estudada. Antes


selecionamos, mediante procedimentos estatísticos, uma amostra significativa de
todo o universo, que é tomada como objeto de investigação. As conclusões obtidas
a partir dessa amostra são projetadas para a totalidade do universo, levando em
consideração a margem de erro, que é obtida mediante cálculos estatísticos. (GIL,
2010, p. 35).

Segundo Gil (2008, p. 55), “os levantamentos por amostragem desfrutam hoje de grande
popularidade entre os pesquisadores sociais, a ponto de muitas pessoas chegarem mesmo
a considerar pesquisa e levantamento social a mesma coisa.” Em realidade, o
levantamento social é um dos muitos tipos de pesquisa social que, como todos os outros,
apresenta vantagens e limitações.

Entre as principais vantagens dos levantamentos, estão: conhecimento direto da realidade;


economia e rapidez; quantificação.

Algumas das principais limitações dos levantamentos são: ênfase nos aspectos
perspectivos; pouca profundidade no estudo da estrutura e dos processos sociais; limitada
apreensão do processo de mudança.

Tendo em vista as vantagens e as limitações apresentadas, podemos dizer que “os


levantamentos se tornam muito mais adequados para estudos descritivos do que para
explicativos. São inapropriados para o aprofundamento dos aspectos psicológicos e
psicossociais mais complexos, porém muito eficazes para problemas menos delicados”,
(GIL, 2008, p. 56), por exemplo, preferência eleitoral, comportamento do consumidor. São
muito úteis para o estudo de opiniões e atitudes, porém pouco indicados no estudo de
problemas referentes a estruturas sociais complexas.
Após a coleta de dados sobre a investigação, procedemos à análise quantitativa dos dados
para, em seguida, formular as possíveis conclusões. Quando realizada sobre populações,
a coleta passa a ser denominada “censo”. Possui a seguinte sequência de estruturação,
sendo muito usado nas pesquisas descritivas:

- especificação dos objetivos;


- operacionalização dos conceitos e das variáveis;
- elaboração do instrumento de coleta de dados;
- pré-teste do instrumento (se for o caso);
- seleção de amostra;
- coleta e verificação dos dados;
- análise e interpretação dos dados;
- apresentação dos resultados.

• Pesquisa de campo: pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir


informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual procuramos uma
resposta, ou de uma hipótese, que queiramos comprovar, ou, ainda, descobrir novos
fenômenos ou as relações entre eles. Consiste na observação de fatos e fenômenos tal
como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de
variáveis que presumimos relevantes, para analisá-los.

As fases da pesquisa de campo requerem, em primeiro lugar, a realização de uma


pesquisa bibliográfica sobre o tema em questão. Ela servirá, como primeiro passo, para
sabermos em que estado se encontra atualmente o problema, que trabalhos já foram
realizados a respeito e quais são as opiniões reinantes sobre o assunto. Como segundo
passo, permitirá que estabeleçamos um modelo teórico inicial de referência, da mesma
forma que auxiliará na determinação das variáveis e na elaboração do plano geral da
pesquisa.
Em segundo lugar, de acordo com a natureza da pesquisa, determinamos as técnicas que
serão empregadas na coleta de dados e na definição da amostra, que deverá ser
representativa e suficiente para apoiar as conclusões.

Por último, antes que realizemos a coleta de dados, é preciso estabelecer as técnicas de
registro desses dados como também as técnicas que serão utilizadas em sua análise
posterior.

Os estudos de campo apresentam muitas semelhanças com os levantamentos.


Distinguem-se destes, porém, em relação principalmente a dois aspectos. “Primeiramente,
os levantamentos procuram ser representativos de um universo definido e fornecer
resultados caracterizados pela precisão estatística” (GIL, 2008, p. 57). Em relação aos
estudos de campo, “procuram muito mais o aprofundamento das questões propostas do
que a distribuição das características da população segundo determinadas variáveis.” (GIL,
2008, p. 57). Como consequência, o planejamento do estudo de campo apresenta muito
mais flexibilidade, podendo ocorrer mesmo que seus objetivos sejam reformulados ao
longo do processo de pesquisa.

Outra distinção é a de que, no estudo de campo, estudamos um único grupo ou uma


comunidade em termos de sua estrutura social, ou seja, ressaltando a interação de seus
componentes. Assim, “o estudo de campo tende a utilizar muito mais técnicas de
observação do que de interrogação.” (GIL, 2008, p. 57).

Como qualquer outro tipo de pesquisa, a de campo parte do levantamento bibliográfico.


Exige também a determinação das técnicas de coleta de dados mais apropriadas à
natureza do tema e, ainda, a definição das técnicas que serão empregadas para o registro
e a análise. Dependendo das técnicas de coleta, análise e interpretação dos dados, a
pesquisa de campo poderá ser classificada como de abordagem predominantemente
quantitativa ou qualitativa. Numa pesquisa em que a abordagem é basicamente
quantitativa, o pesquisador se limita à descrição factual deste ou daquele evento,
ignorando a complexidade da realidade social.

• Pesquisa Ex-Post-Facto: o “experimento” se realiza depois dos fatos. O pesquisador


não tem controle sobre as variáveis. (GIL, 2006). É um tipo de pesquisa experimental, mas
difere da experimental propriamente dita pelo fato de o fenômeno ocorrer naturalmente
sem que o investigador tenha controle sobre ele, ou seja, nesse caso, o pesquisador passa
a ser um mero observador do acontecimento.

Podemos definir pesquisa ex-post-facto “como uma investigação sistemática e empírica na


qual o pesquisador não tem controle direto sobre as variáveis independentes, porque já
ocorreram suas manifestações ou porque são intrinsecamente não manipuláveis.” (GIL,
2008, p. 54).

Nessa pesquisa, buscamos saber quais os possíveis relacionamentos entre as variáveis.


Ela apresenta uma análise correlacional e é aquela que acontece após o fato ter sido
consumado, mostra a falta de controle do investigador sobre a variável independente, fato
que a diferencia da experimental, sendo, também, muito adotada nas ciências da saúde.
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APOSTILA ELABORADA POR:


Prof.ª FATIMA RAMALHO LEFONE
EDIÇÃO: 2014

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