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CENTRO DE TECNOLOGIA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
elaborado por
Camila Freitas dos Santos
COMISSÃO EXAMINADORA:
AGRADECIMENTOS
5
Quero agradecer, em primeiro lugar, a Deus, pela força e coragem durante toda esta
caminhada.
A todos da minha família que, de alguma forma, incentivaram-me na constante busca
pelo conhecimento. Em especial aos meus pais, Luiz e Vera, pelo amor, incentivo e apoio
incondicional, que não mediram esforços para que eu chegasse até esta etapa de minha vida.
Aos meus irmãos Carine, Carla e Carlos, pela ajuda, companheirismo e confiança que sempre
me deram durante toda a minha jornada. Agradeço também aos meus cunhados Rogério e
Izaias, pela força, motivação e conselhos que sem dúvidas foram e serão imprescindíveis para
minha vida pessoal e profissional.
Aos meus amigos Douglas, Zelina, Sibele, Tiago, Alan, Bruno, colegas de trabalho do
HUSM, Éder, Selaine e Patrícia, pela amizade e carinho, por compreenderem meu sumiço,
por estarem sempre ao meu lado participando das minhas tristezas, angústias e ansiedades nos
momentos mais delicados e pelas risadas nos momentos felizes.
Aos meus colegas de graduação Taís, Verónica, Melissa, Fernando, Diego, Franciele,
Thiago e Glaucio, que dividiram comigo as dificuldades e os prazeres da vida acadêmica,
desfrutando momentos de descontração, aprendizado, motivação e amizade.
Ao Prof. Dr. José Mario, pela orientação, paciência, disponibilidade de tempo e
material, empenho e sabedoria que muito me auxiliou para a conclusão deste trabalho. A
todos os mestres e engenheiros que me ensinaram, incentivaram e ajudaram, contribuindo
assim para o meu crescimento.
A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu muito
obrigado.
RESUMO
LISTA DE FIGURAS
Figura 72 – (a) Novo pilar sobre a viga da fachada; (b) Pilar envolvido para cura do
concreto; (c) Outro pilar novo, construído sob a viga da fachada................................ 75
Figura 73 – (a) Medição do Potencial de Corrosão através do eletrodo de
Cobre/Sulfato de Cobre; (b) Medida da profundidade de carbonatação, através da
aspersão de solução de fenolftaleína; (c) Detalhe da elevada taxa de armadura.......... 76
Figura 74 - Corrosão dos pilares da fachada................................................................ 77
Figura 75 - Corrosão generalizada e desplacamento do cobrimento............................ 78
Figura 76 – (a) Fissuras verticais, formadas ao longo da barra de canto da armadura
do pilar, devido ao processo expansivo do metal, (b) Pilares com estribos
parcialmente rompidos e armaduras longitudinais soltas............................................. 78
Figura 77 - Medidor de potenciais................................................................................ 79
Figura 78 – Corte e escarificação da área de concreto afetada..................................... 80
Figura 79 - Limpeza dos resíduos do corte e escarificação.......................................... 80
Figura 80 - revestimento de argamassa cimentícia....................................................... 81
Figura 81 - Distribuição de obras conforme forma de uso........................................... 82
Figura 82 - Distribuição de obras conforme área de entorno....................................... 83
Figura 83 - Incidência das manifestações patológicas nas estruturas de concreto....... 84
LISTA DE TABELAS
10
SUMÁRIO
11
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................... 12
1.1 Justificativa.................................................................................................................. 13
1.2 Objetivo geral............................................................................................................... 13
1.3 Objetivos específicos.................................................................................................... 13
1.4 Metodologia.................................................................................................................. 14
1.5 Estrutura do trabalho.................................................................................................. 14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................................. 15
2.1 Conceito de patologia de estruturas de concreto armado....................................... 15
2.2 Patologia gerada na etapa de concepção da estrutura (projeto).......................... 18
2.3 Patologia gerada na fase de execução da estrutura (construção)......................... 18
2.4 Patologia gerada na fase de utilização da estrutura (manutenção)...................... 20
2.5 Fatores de degradação do concreto............................................................................ 20
2.5.1 Principais processos de degradação............................................................................ 20
2.5.2 Causas mecânicas de deterioração.............................................................................. 22
2.5.3 Causas físicas de deterioração..................................................................................... 23
2.5.4 Causas químicas de deterioração................................................................................. 30
2.5.5 Causas eletroquímicas de deterioração – corrosão das armaduras.............................. 46
2.6 Principais manifestações patológicas nas estruturas de concreto ........................... 49
2.6.1 Ninhos de concretagem/segregação do concreto........................................................ 49
2.6.2 Fissuras de assentamento plástico............................................................................... 50
2.6.3 Fissuras de retração por secagem................................................................................ 51
2.6.4 Fissuras por movimentação térmica............................................................................ 51
2.6.5 Fissuras devido ao detalhamento insuficiente do projeto e falhas de execução......... 52
2.6.6 Fissuras devido aos carregamentos............................................................................ 53
2.6.7 Fissuras devido a recalques de fundações................................................................... 54
2.7 Técnicas de recuperação de estruturas de concreto armado................................... 55
2.7.1 Etapas de recuperação................................................................................................ 56
2.7.2 Tratamento de fissuras: injeção selagem e grampeamento......................................... 60
2.7.3 Reparos superficiais.................................................................................................... 62
2.7.4 Reparos semi-profundos.............................................................................................. 63
2.7.5 Reparos profundos...................................................................................................... 63
2.7.6 Alternativas para reparos em processos corrosivos.................................................... 64
3 ESTUDO DE CASO – PATOLOGIA EM PILARES DE
CONCRETO ARMADO.......................................................................................... 66
3.1 Caso 1 – Desagregação e Corrosão das Armaduras................................................. 66
3.2 Caso 2 – Fissuração e Rompimento............................................................................
69
3.3 Caso 3 – Corrosão das Armaduras dos Pilares.........................................................75
3.4 Caso 4 – Corrosão Generalizada dos Pilares.............................................................
77
4 ANÁLISE DE RESULTADOS............................................................................. 82
5 CONCLUSÕES........................................................................................... 86
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................... 88
1 INTRODUÇÃO
12
1.1 Justificativa
13
Este trabalho tem por objetivo fazer uma revisão bibliográfica sobre o tema patologia
das estruturas de concreto armado.
1.4 Metodologia
14
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
15
Também é valido ressaltar que a maioria dos materiais e componentes tem sua
qualidade e forma de aplicação normatizada. Entretanto, o sistema de controle tem-se
mostrado bastante falho, e o método para a fiscalização e aceitação dos materiais
normalmente não é aplicado, demonstrando a fragilidade e a má organização da indústria da
construção.
Com tudo isso, as patologias podem ocorrer numa estrutura tanto na fase de
construção como durante o período de pós entrega e uso. As condições apresentadas por uma
estrutura que favoreça o aparecimento dessas manifestações patológicas são de
responsabilidade do projetista, enquanto que o construtor responderá pelas falhas construtivas
por inconformidade em relação ao projeto, com as normas de execução ou com a escolha de
material inadequado. Porém, toda estrutura necessita de manutenção durante sua vida útil e a
má conservação também é um fator para o surgimento de patologias, sendo então o usuário
responsável pela durabilidade dessa estrutura.
A figura 1 mostra os resultados de estudo de Fortes (1994) sobre a distribuição da
origem de problemas patológicos conforme as etapas desde o projeto até o uso de estruturas
de concreto armado.
17
Para uma estrutura apresentar um bom desempenho deve ser observado o correto uso
para a qual foi projetada, especialmente quanto aos carregamentos e possível presença de
materiais ou elementos agressivos ao concreto armado. Um adequado planejamento de
20
manutenção periódica deve observado, principalmente nas partes onde é mais utilizada ou
suscetível de desgaste, a fim de evitar problemas patológicos sérios e, em alguns casos, a
própria ruína da estrutura.
Problemas patológicos ocasionados por manutenção inadequada, ou pela falta de
manutenção, têm sua origem no desconhecimento técnico, na incompetência e em problemas
econômicos.
Segundo Souza e Ripper (1998), as causas desse tipo de deterioração são devidas às
solicitações mecânicas sofridas pelas estruturas de concreto, tais como: choques e impactos
(por veículos, por exemplo, figura 6), recalque diferencial nas fundações e acidentes
imprevisíveis (inundações, grandes tempestades, explosões e abalos sísmicos). Além de
diminuir a resistência da estrutura, facilitam a entrada de agentes agressivos danificadores,
principalmente quando o concreto e a armadura ficam expostos devido ao impacto das
solicitações. As estruturas normalmente afetadas são: guarda-corpos, guarda-rodas de
viadutos, pilares de garagem e fundações.
Em pilares de garagem pode-se adotar como medida preventiva fazendo revestimento
de borracha até certa altura para protegê-lo contra o choque de veículos (figuras 7 e 8).
Este tipo de deterioração ocorre em regiões de clima frio, onde existem ciclos
frequentes de congelamento e degelo, requerendo altos gastos para reparo e substituição.
As causas da deterioração podem ser relacionadas à complexa microestrutura do
concreto, bem como das condições ambientais, em particular do número de ciclos de gelo-
degelo, da velocidade de congelamento e da temperatura mínima atingida. Se o congelamento
ocorrer após o endurecimento do concreto, a expansão devido ao congelamento da água
resultará em perdas significativas de resistência. Quando o concreto endurecido é exposto a
baixas temperaturas, a água retida nos poros capilares congela e expande. Ao descongelar, há
um acréscimo expansivo nos poros, causando uma pressão de dilatação que provoca
fissuração do concreto, e consequentemente a sua deterioração.
25
(Fonte: http://www.dcc.ufpr.br/wiki/images/0/01/TC031_Durabilidade.pdf)
(a) (b)
Figura 12 - Incêndio ocorrido em viaduto em São Paulo/SP, em 1998, conforme (a) e (b).
(Fonte: http://www.dcc.ufpr.br/wiki/images/0/01/TC031_Durabilidade.pdf)
pessoas, veículos e até mesmo pela ação do vento. Esse tipo de desgaste é comum em pisos
industriais ou em pavimentos rodoviários ou calçadas (figuras 12 e 13).
(Fonte: http://www.dcc.ufpr.br/wiki/images/0/01/TC031_Durabilidade.pdf)
A erosão é originada pela ação da água em movimento, que arrasta partículas sólidas
em suspensão e se choca contra a superfície do concreto, provocando desgaste por colisão,
28
Figura 14 - Desgaste superficial por erosão em galeria pluvial em Belo Horizonte (MG)
(Fonte: AGUIAR (2011))
Figura 15 - Evolução do desgaste superficial por erosão: movimento relativo do líquido e/ou
atrito de partículas suspensas contra a superfície do concreto
(Fonte: http://www.dcc.ufpr.br/wiki/images/0/01/TC031_Durabilidade.pdf)
29
(Fonte: http://www.dcc.ufpr.br/wiki/images/0/01/TC031_Durabilidade.pdf)
30
(Fonte: http://www.dcc.ufpr.br/wiki/images/0/01/TC031_Durabilidade.pdf)
Esse tipo de deterioração ocorre em ambientes salinos, onde os sais produzem tensões
internas e fissuração na estrutura.
Os concretos com elevada relação água/cimento são os mais suscetíveis a apresentar
problemas devido à cristalização dos sais. Essa ação se dá pela cristalização no interior dos
poros capilares do concreto, devido à evaporação da água e posterior rehidratação, como um
novo ciclo de umedecimento, ocupando um volume maior para acomodá-lo.
(Fonte: http://www.dcc.ufpr.br/wiki/images/0/01/TC031_Durabilidade.pdf)
33
O ataque ao concreto produzido por sulfatos é devido a sua ação expansiva, que pode
gerar tensões capazes de fissurá-lo. Os sulfatos podem estar nos agregados, na água de
amassamento ou no próprio cimento. Sua presença é comum em áreas de operação de minas e
indústrias químicas.
Todos os sulfatos reagem com a pasta de cimento hidratado, sendo potencialmente
prejudicial ao concreto. O ataque por sulfato gera uma perda progressiva de resistência e de
massa, devido à deterioração na coesão dos produtos de hidratação do cimento. Porém, pode-
se aumentar a sua resistência baixando a permeabilidade do concreto, através da redução do
fator água/cimento ou pelo emprego de cimentos com adições pozolânicas.
(Fonte: http://www.dcc.ufpr.br/wiki/images/0/01/TC031_Durabilidade.pdf)
A reação álcali-agregado pode ser entendida como a reação química que ocorre no
interior de uma estrutura de concreto, envolvendo os hidróxidos alcalinos do cimento e certos
minerais reativos que podem estar presentes no agregado. Como resultado da reação forma-se
produtos que na presença de umidade, são capazes de expandir, gerando fissurações,
deslocamentos e podendo levar a um comprometimento da estrutura. Essa expansão
acompanhada da fissuração causa perda de resistência, elasticidade e durabilidade do
concreto. Geralmente essa deterioração ocorre em estruturas localizadas em ambientes
úmidos, tais como barragens, casas de força, vertedores, canais, blocos de fundações, estacas
de pontes e estruturas marinhas. As Figuras 26 e 27 mostram um esquema da reação álcalis-
agregado e aspectos de blocos de fundação devido à reação álcalis-agregado, respectivamente.
36
(Fonte: http://www.dcc.ufpr.br/wiki/images/0/01/TC031_Durabilidade.pdf)
Figura 29 - Pilar sobre o mar, após 10 anos de construção, deterioração por ataque da água do
mar.
(Fonte: AGUIAR (2006)).
Figura 30 - Modelo do processo de carbonatação pela difusão do CO2 através dos poros do
concreto
(Fonte: GUIMARÃES, 1997).
d) Condições de cura: quanto maior o tempo de cura, maior será o grau de hidratação
do cimento, diminuindo a porosidade e a permeabilidade, minimizando os efeitos da
carbonatação nos concretos.
A comprovação das áreas carbonatadas pode ser feito através de indicadores de pH a
base de fenolftaleína e timolftaleina. Com o uso da fenolftaleina, as regiões mais alcalinas
adquirem cor violeta, enquanto as menos alcalinas são incolores (figuras 35 e 36). Já a
timolftaleina adquire cor azul para regiões mais alcalinas, enquanto as menos alcalinas ficam
incolores (SILVA, 1995). A determinação da frente de carbonatação deve ser realizada em
uma fratura fresca de concreto, pois as superfícies expostas carbonatam rapidamente.
43
(Fonte: http://www.dcc.ufpr.br/wiki/images/0/01/TC031_Durabilidade.pdf)
x = k√t
onde:
x = profundidade de carbonatação (cm);
k = coeficiente de carbonatação (cm/ano); e
t = tempo (anos)
i) Biodeterioração do concreto
entre distintas partes do mesmo metal, formando o que se chama de pilha de corrosão ou
célula de corrosão (figura 39).
A corrosão de armaduras pode se apresentar de diversas formas: corrosão
generalizada, por pite e fissurante. Segundo Cascudo (1997), a corrosão generalizada ocorre
devido a uma perda generalizada da película de passivação, resultante da frente de
carbonatação no concreto e/ou presença excessiva de cloretos (figura 40). A corrosão por pite
é um tipo de corrosão localizada, no qual há formação de pontos de desgaste definidos na
superfície metálica, os quais evoluem aprofundando-se, podendo causar a ruptura pontual da
barra. Já a corrosão sob tensão é outro tipo de corrosão localizada, a qual se dá com uma
tensão de tração na armadura, podendo dar origem à propagação de fissuras na estrutura do
aço.
São fissuras que ocorrem pela perda excessiva de água de amassamento do concreto
no estado fresco, seja por evaporação, por absorção pelos agregados ou pelas formas. Tais
fissuras apresentam uma morfologia em forma de mapa ou pele de crocodilo que se cortam
formando ângulos aproximadamente retos. As fissuras aparecem entre trinta minutos a seis
horas após o endurecimento do concreto.
Para minimizar os casos de fissuras por dessecação superficial deve-se proteger a
superfície do elemento, após a concretagem, da radiação solar e da ação do vento, e iniciar a
cura logo após o adensamento do concreto.
São fissuras geradas nos elementos estruturais pela incapacidade de resistência a ação
do carregamento a que este está sujeito, seja por falha no cálculo estrutural, por sobrecarga ou
falhas na execução.
Nas estruturas de concreto armado a ocorrência de fissuras provoca uma redistribuição
de esforços ao longo do componente fissurado, bem como nos elementos vizinhos, de maneira
que a solicitação acaba sendo absorvida por toda a estrutura. Porém, esse tipo de fissura tem
baixa incidência em uma peça de concreto armado, em função da existência e do
posicionamento das armaduras.
Os danos ocorridos em vigas, marquises e balanços devido à flexão geralmente
manifestam-se através de fissuras localizadas no meio do vão, e, no caso das vigas, esta tende
a inclinar-se à medida que se aproxima dos apoios (figura 47).
Tais problemas geralmente ocorrem em função dos erros de posicionamento das
armaduras principais no elemento, deficiência de armaduras, ancoragem insuficiente ou
sobrecargas não previstas.
Já nos apoios das vigas, costuma-se surgir fissuras de cisalhamento, as quais
apresentam geralmente uma inclinação de 45º em relação ao apoio dos elementos fletidos,
progredindo até as armaduras e atingindo o ponto de aplicação das cargas. Tais fissuras
ocorrem devido a presença de sobrecargas não previstas, à deficiência de resistência do
concreto e à insuficiência ou mau posicionamento dos estribos (figura 48).
54
Para o início dos trabalhos de recuperação das estruturas de concreto, deve-se realizar
um trabalho de preparação da superfície que será tratada.
Os processos e etapas necessários a este tipo de serviços serão detalhadamente
descritos a seguir.
57
a) Polimento
Figura 53 - Limpeza do aço corroído através de escova com cerdas de aço, em (a) e (b).
(Fonte: AGUIAR, 2011).
c) Saturação
d) Corte
Isso ocorre, pois a parte posterior atuará como ânodo e a parte recuperada fará o papel de
cátodo, desencadeando assim um processo de corrosão ainda mais rápido que originalmente.”
Já conforme Souza e Ripper (1998), para melhor aderência do novo concreto, à
superfície interna do corte deve ter suas arestas arredondadas e na forma de um talude de 1:3
(figuras 54 e 55). Finalizado o corte a superfície do concreto deve passar por uma sequência
de limpeza, que são: jateamento de areia, jateamento de ar comprimido e jateamento de água.
Porém, devem-se observar certos fatores no momento do corte, tais como:
- remover completamente os agentes nocivos à estrutura, ou seja, o resquício por mais
imperceptível que seja de uma película oxidada, promove a retomada do processo
contaminante, comprometendo assim o trabalho realizado;
- a retirada em demasia do concreto é contra a segurança da estrutura e anti-
econômica, pois está se removendo camadas de concreto sadio.
e) Demolição
Os reparos semi-profundos são aqueles com profundidade entre 2,0 e 5,0 cm,
normalmente atingindo a armadura (SOUZA e RIPPER, 1998). Geralmente requer a
montagem de formas com cachimbos e a verificação da necessidade de escoramentos. A
recuperação da seção pode ser feita com graute de base mineral com retração compensada e
alta resistência mecânica, com cura úmida.
Os reparos profundos são aqueles que apresentam aberturas para retirada do concreto
deteriorado ou contaminado, com profundidades superiores a 5,0 cm. São exemplos os ninhos
de concretagem (segregações). Necessita da montagem de forma, preparação do substrato e
verificação da necessidade de escoramentos. Utiliza normalmente micro-concreto de retração
compensada e alta resistência mecânica, com cura úmida. Segundo Helene (1988) o ideal é o
uso de argamassa seca, graute de base mineral, concreto ou concreto pré-acondicionado. Já
Souza e Ripper (1998) sugerem a utilização de argamassa seca ou convencional, com adesivo
PVA ou acrílico.
Finalmente, cabe lembrar que, antes de qualquer recuperação, devem ser identificadas
e sanadas as causas. Caso isso não seja observado, pode ocorrer corrosão em outros locais por
haver criado mais descontinuidade na estrutura, além das que originalmente existiam.
66
Como estudo de caso, foi escolhido pilares de concreto armado, pois, especialmente
quando externos e de concreto aparente em estruturas de edifícios, são suscetíveis a várias
manifestações patológicas. Pelo papel exercido por eles no conjunto da estrutura, é
fundamental a correta avaliação dos problemas, e a escolha adequada das técnicas de
reabilitação para corrigir a patologia e repor a estética, para garantir a rigidez estrutural e a
resistência mecânica necessária para utilização da estrutura.
Para Melo (2004) os pilares são as peças mais complexas e com maior dificuldade de
execução, tanto nas definições de projeto quanto na fábrica. Ainda segundo o autor, as
dimensões dos pilares obedecem as dos chamados fundos de forma. Os fundos de forma
funcionam como pistas, pois neles estão previstos os encaixes das laterais que fecham as
formas, possibilitando a concretagem.
De acordo com Teixeira (1987) os pilares são engastados aos blocos de fundação
através de concretagem in loco.
Segundo Melo (2004, p. 214), os consoles são os complementos dos pilares que
tornam seu detalhamento mais difícil. Eles são ligados pela massa de concreto aos pilares,
além de representarem a maior porcentagem de problemas de projeto.
estrutural da parte a ser ampliada. Porém, após o início da obra, foram detectadas diversas
patologias em toda a edificação. Assim, a partir de vistorias realizadas através da inspeção
visual, as patologias foram detectadas, e suas influências no comportamento da estrutura
frente aos carregamentos previstos foram analisadas e serviram de base para a elaboração do
projeto de reforço e recuperação estrutural.
Como estudo de caso, faz-se a análise de patologia nos pilares da edificação, os quais
possuem seção variável, e em sua base e topo, seção de 20x25 cm. Estes estão apoiados na
base em blocos de estacas ou vigas baldrames e no topo em uma viga invertida que suporta a
laje da marquise, conforme mostra a Figura 60.
A maioria dos pilares apresentou corrosão de armaduras em suas bases por ataque
químico resultante da ação de urina. Nos dois pilares da fachada frontal, ocorreram
desplacamento e deterioração do concreto, causando o rompimento das bases desses pilares,
praticamente rotulando os apoios.
Na análise de comportamento destes, verificou-se que a carga atuante é de pouca
intensidade, pois esses pilares resistem apenas às cargas provenientes da viga que suporta a
laje da marquise, que no trecho em questão é distante 40 cm em balanço de cada lado. O fato
dos apoios terem sido transformados em rótulas não afetou a estabilidade da estrutura, pois a
viga invertida contínua e a laje da marquise contribuíram para o equilíbrio estático.
68
A Figura 61 mostra que parte da armadura das esperas dos pilares sofreu a ação da
corrosão o que provocou a redução da seção e o rompimento de algumas barras. Porém,
observou-se que apesar do alto grau de deterioração dos pilares, a partir de uma altura de 1,0
metros, o concreto se apresentava em boas condições, sem indícios de fissuras ou
desplacamentos.
Figura 62 - Reforço nos pés dos pilares tipo “bumerangue” da fachada frontal.
(Fonte: Nakao (2013), Neto (2013), Péres (2013)).
garagem (figura 63), ocasionando uma acentuada deformação na região central da edificação
e a manifestação de trincas no concreto de vigas, lajes e alguns pilares.
Figura 64 – (a) Armadura de pilar soltos e junta de concretagem com papel – sacos de
cimento, (b) Viga com estribos cortados e dobrados e falta de espaçadores para armaduras, (c)
Brocas, bicheiras e falhas de concretagem e armadura exposta do pilar.
(Fonte: Costa (2011)).
71
Figura 65 – (a) Pilar com trechos com seção descontínua, (b) Viga com estribos cortados e
dobrados e armadura de pilar também dobrada, (c) Junta de concretagem com saco de cimento
e ferragens de viga e pilar dobradas.
(Fonte: Costa (2011))
Como primeira medida, foram escoradas as estruturas até o teto do pilotis, utilizando
escoras de madeira roliça de eucalipto (figura 66), em função da sua facilidade de manuseio,
tendo em vista a grande declividade do terreno abaixo das lajes da garagem. Após a instalação
do escoramento, todas as trincas e fissuras visíveis foram preenchidas com massa PVA (figura
67) com o objetivo de possibilitar detecção de possíveis evoluções em suas aberturas.
Figura 68 – (a) Base de tubulão típico ᶲf=60cm e ᶲb=100cm, (b) Tubulão deslocado em relação
ao pilar, (c) Tubulão sem abertura de base.
(Fonte: Costa (2011))
73
Três pilares se apoiavam diretamente sobre o solo, sem nenhum tipo de fundação,
sendo um deles de sustentação da viga da fachada (figura 69).
Figura 69 – (a) Pilar apoiado sobre vigas – sem fundações, (b) Encontro faturado da viga da
figura, (c) Execução de tubulão sob pilar das figuras.
(Fonte: Costa (2011), Camargos (2011))
Constatou-se ainda que três tubulões apresentavam uma grande trinca vertical, devido
ao excesso de carga axial, inclusive o tubulão que apoiava o pilar central da viga de fachada.
Devido às deformações verticais ocorridas na parte central do prédio, a estrutura se
movimentou como se houvesse uma implosão, fazendo com que vários pilares rotacionassem
de forma suficiente para fissurar todas as regiões afetadas.
Na revisão do projeto estrutural, verificou-se que vários trechos dos pilares tiveram
suas armaduras longitudinais alteradas na hora da execução de ᶲ16 mm para ᶲ12,5 mm,
mantendo o espaçamento dos estribos em 20 centímetros, o que contraria as normas técnicas
nacionais e internacionais, que consideram espaçamento mínimo equivalente a 12 vezes o
diâmetro longitudinal, ou seja, para ᶲ12,5 mm 15 centímetros de espaçamento.
Também foi encontrado um pilar construído sobre uma viga comum, sem qualquer
preocupação com sua seção geométrica e armaduras, em função do deslocamento do pilar de
apoio para outra posição, em total desacordo com o projeto original (figura 70).
74
Figura 70 – (a), (b) Viga sobre a qual um pilar foi construído, (c) Abertura da viga das figuras.
(Fonte: Costa (2011), Camargos (2011)).
Na fase final das investigações das fundações e execução dos trabalhos emergenciais
e, após a aprovação dos proprietários e do construtor, foram tomadas algumas medidas para
recuperação do prédio, as quais são apresentadas resumidamente a seguir:
- encamisamento dos três pilares rompidos (Figura 71) e reforço da viga da fachada;
- execução de outro pilar sobre a viga totalmente rompida e seu reforço (Figura 72);
- revitalização de todos os encontros de vigas com pilares da periferia do teto do
pilotis que apresentarem trincas e/ou fissuras;
- reforço de todas as extremidades de pilares onde se verifica falta de estribos e
armaduras deslocadas;
- intervenções em junções de pilares e vigas que apresentarem outras deficiências
construtivas.
Figura 71 – (a) Pilar rompido, (b) Instalação de armaduras de reforço, (c) Pilar já reforçado.
(Fonte: Costa (2011))
75
Figura 72 – (a) Novo pilar sobre a viga da fachada; (b) Pilar envolvido para cura do concreto;
(c) Outro pilar novo, construído sob a viga da fachada.
(Fonte: Costa (2011))
regiões anódicas atingidas (Figura 73 (a)). Também, foi determinada a profundidade da frente
de carbonatação, através do uso da solução de 1% de fenolftaleína (Figura 73 (b)), segundo as
indicações da ASTM C 876. Foram realizadas medições em três pontos de cada pilar,
obtendo-se a espessura da camada atingida.
(a) (b)
Figura 76 – (a) Fissuras verticais, formadas ao longo da barra de canto da armadura do pilar,
devido ao processo expansivo do metal, (b) Pilares com estribos parcialmente rompidos e
armaduras longitudinais soltas.
(Fonte: Macêdo (2012))
79
Após, como mostra a Figura 78, inicia-se o processo de recuperação e reparo dos
pilares com o corte da área afetada e a escarificação do concreto, processo que remove o
material solto, de baixa resitência, resultante da corrosão das armaduras.
80
4 ANÁLISE DE RESULTADOS
Quanto à área de entorno das obras, classificaram-se como salinas (43,3% do total),
urbanas (33,3% do total), rural (20% do total) e industrial (3,33% do total) (figura 82).
83
Assim, observa-se que a maioria das obras as quais apresentam algum tipo de
patologia encontra-se em regiões de áreas salinas, seguido da área urbana, ou seja, em regiões
de condições de exposição extremamente desfavoráveis.
Quanto à incidência das manifestações patológicas, conforme a Figura 83 percebemos
a predominância da corrosão das armaduras associada a um ou mais dos eventos: cobrimento
deficiente, fissuras, infiltrações, presença contínua de umidade, meio ambiente agressivo e
falta ou deficiência de manutenção.
84
5 CONCLUSÃO
feito com a finalidade de manter formalizada a história da obra, para possíveis novos reparos
e manutenções e, principalmente, para a divulgação do conhecimento adquirido.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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