O objetivo do presente estudo não é apresentar um relato
ordenado da Reforma Protestante, mas compreender as bases que tornaram possíveis esse movimento, além de considerar a necessidade de retornar aos seus fundamentos. Para tanto, iniciamos, hoje, uma série de cinco estudos das chamadas “Solas” (Sola Scriptura, Sola Gratia, Sola Fide, Solus Christus, Soli Deo Gloria).
Sola Scriptura (somente as Escrituras) é o primeiro
fundamento, e, sem sombra de dúvidas, é vital para a construção de uma teologia saudável e viva. Deus, por meio de Sua infinita graça e bondade, dispôs homens, como John Huss, Girolama Savonarola e John Wycliffe para ensinarem que a única autoridade de fé e prática da Igreja de Cristo Jesus é a Escritura, e tão somente a Escritura. Por causa disto, foram perseguidos e mortos; mas antes contribuíram profundamente para o movimento que tempos depois seria iniciado pelo alemão Martinho Lutero. A este homem foi dado por Deus o privilégio de conduzir a Igreja a um retorno ao padrão bíblico de culto, pensamento e vida cristã. A Escritura começou a guiar toda a extensão da vida humana (arte, música, trabalho, política e etc.). Hoje, somos herdeiros desse movimento.
Mas concentremo-nos agora nos dias atuais. Vivemos em
um tempo em que a interpretação subjetiva, emocionalista, racionalista e por que não dizer herética assola grande parte do movimento evangélico. Assim como nos dias em que Lutero fixou suas famosas teses, o mundo atual rejeita as Sagradas Letras. A prática dos líderes religiosos, hoje, é fundamentar argumentos perversos e destrutivos em versículos analisados fora de contexto, em detrimento do exame diligente dos textos bíblicos. Dessa forma, aprisionam os seus seguidores em correntes de prosperidade, saúde e realizações pessoais. São lobos vorazes, devorando o alimento das ovelhas, a Palavra de Deus, e matando-as por inanição, com esperanças vazias. São homens que não tem uma fagulha sequer de devoção a Deus e, por isso, negam deliberadamente a natureza da inspiração, a suficiência e autoridade da Bíblia. Tão abomináveis quanto falsos mestres, são os que fazem interpretações pessoais da Bíblia, rejeitando os textos que ferem o orgulho humano. Estes não se importam com as Escrituras, tampouco com os que ouvem as exposições bíblicas (1 Tm 4.1; 2 Tm 4.3-4). A igreja atual, imersa nesse sombrio oceano de heresias, necessita tão urgente quanto possível retornar à Sola Scriptura.
Viver guiado pelo texto Sagrado deve ser vital ao
crente, pautado pelo amor genuíno a Deus, assim como a água e o ar são necessários para o corpo. Ao ler a Sagrada Escritura, as verdades devem derramar luz em nossa mente como sol do meio-dia, de modo que dissipe toda escuridão. Diante da Palavra, nossos olhos devem estar inundados de amor, tão pululante quanto um coração bombeando sangue para o corpo. Que a leitura bíblica seja minuciosa e repetidamente de Gênesis à Apocalipse, a fim de que, pelo poder de Deus, sejamos influenciados em nossa maneira de viver.
Reafirmamos a verdade que Somente a Bíblia é a
autoridade na vida da Igreja (Sl 119.9,52; Ec 12.13; 2 Tm 3.16- 17). A Bíblia é nossa única regra de fé e prática, ou seja, cremos e praticamos aquilo que a Bíblia ensina. Não pautamos nossa fé e prática em tradições humanas. Irmãos, estudemos e ensinemos a sã doutrina em nossa Igreja. Fortaleçamo-nos nas verdades eternas das Escrituras. Com joelhos no chão e olhos atentos ao texto bíblico podemos viver uma nova reforma. Que a Bíblia volte a ocupar o centro de nossos cultos, de nosso trabalho, relacionamentos, pensamentos e sonhos. Que possamos declarar, assim como os reformadores, “somente a Bíblia, toda a Bíblia.”