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Mídia e Adolescentes: Onde ficam os pais?

Apresentação: 25/09/2010
Auditório da Secretaria Municipal de Educação de Vila Velha (Titanic)
Adolescentes e mídia: desafios para os pais

Boa noite. Hoje vou tratar de um tema muito caro para pais e filhos, mas também para
professores, educadores, psicólogos, pedagogos e tantos mais que lidam diariamente com a
relação entre mídia e adolescentes. Uma relação que, muitas vezes, é bastante explosiva.
Cada época tem seus dilemas, seus problemas, suas conquistas e seus paradoxos. As
contradições podem ser percebidas como uma das marcas mais relevantes de certos períodos
históricos. Assim, vivemos hoje num paradoxo evidente, pois numa sociedade que jamais teve
tanto acesso a informações, as pessoas parecem que nunca estiveram tão carentes, tão
solitárias. Se esta afirmativa é válida para os adultos, em plena idade produtiva, e causa
estragos muitas vezes irreversíveis em suas vidas, quiçá o impacto que uma sociedade hiper-
estimulada mas ultra-solitária pode causar em jovens na mais tenra idade: nos adolescentes.

Para ilustrar o modo como nossos mecanismos sensórios foram modificados com o tempo,
vou apresentar aqui um paralelo com as aproximações e distanciamentos entre música e
imagem a partir da ferramenta YouTube. Acho que a maioria deve conhecer essa ferramenta,
mas vou explicar rapidamente: o YouTube é um site de relacionamento na internet que serve
para compartilhar vídeos e outras imagens, tais como fotografias ou apresentações de slide.
Ele surgiu em 2005 por três jovens de 20 e poucos anos na época de sua criação. Recém-
saídos da adolescência, eu acho! A proposta deles era de que as pessoas tivessem um lugar
na rede mundial de computadores para trocar vídeos, sem precisar enviá-los por e-mail. Da
idéia nasceu um dos sites mais frequentados atualmente na internet e que abriga uma gama
fantástica de vídeos, desde resgate de imagens clássicas das redes de televisão, como gafes
de políticos, ou simplesmente milhões de vídeos caseiros que deixam seus lares para ganhar
notoriedade na rede. Vejam este vídeo:
http://www.youtube.com/watch?v=Sxaohzi6_h4

É o nascimento da minha primeira filha, que hoje está com 2 anos e 2 meses. A mãe pediu que
eu colocasse na internet para estimular a opção de grávidas pelo parto normal. Para meu
espanto rapidamente o vídeo alcançou a impressionante marca de 1 milhão de visualizações
em todo o mundo. Comentários de pessoas das mais diferentes nacionalidades questionavam
a divulgação do vídeo, outros tantos elogiavam a coragem da mãe. Esse é um exemplo de
como o site serve para tornar público algo que há bem pouco tempo ficaria reservado às
estantes empoeiradas de nossas residências. A linha divisória entre o que é público e o que é
privado hoje é muito tênue, se é que ela ainda existe.

Mas voltemos à questão da imagem e do som. Vejamos então mais um vídeo. Peço a todos
que se atentem para essa execução da obra de Bach. Trata-se do Prelúdio da Suíte n° 6 em ré
maior, para violoncelo-solo, interpretado por Mstislav Rostropovich.
http://www.youtube.com/watch?v=r9fpmgpNDwc
Nesta impressionante interpretação, o violoncelista conseguiu destacar um dos efeitos
pretendidos pelo mestre Bach: a sensação de eco num pequeno trecho da música. Mas essa
sensação só aparece com precisão quando observamos a cena. Ver a música parece um vício
de linguagem, mas é muito real neste clipe. A sensação acústica do eco é tremendamente
reforçada quando vemos a cena. A imersão musical é algo que é essencial principalmente
antes do século XVIII, quando a música não poderia ser executada fora do lugar para o qual ela
foi criada. Isso por que não era possível reproduzir a sonoridade em qualquer arquitetura. Não
dava pra ouvir um violoncelo em praça pública da mesma forma que numa grande catedral.
Então os compositores tentavam tirar o máximo de proveito do espaço, criando suas obras já
pensando no momento da execução. Esse é um dos argumentos que Arlindo Machado utiliza
em seu livro a televisão levada a sério para desconstruir o mito de que música e imagem são
duas esferas distintas e que não podem andar juntos. Esse uma afirmação que muitos ainda
hoje lançam mão quando querem desqualificar a produção de vídeo clipes. Música e imagem
são faces da mesma sensação. É pouco provável que qualquer pessoa consiga ouvir uma
música sem criar um cenário visual, assim como a observação de uma cena normalmente
desperta uma sensação auditiva, mesmo que o espectador esteja no mais absoluto silêncio.

Esse efeito sinestésico de ouvir com imagens e ver com sons, comum até o fim do século XVIII
é abandonado após Beethoven, que cria uma autonomia para a música. No começo do século
XX a separação de música e imagem talvez tenha atingido seu auge, com o rádio. A falta de
imagens ao acompanhar as músicas tornou quase natural essa diferenciação. Não fazia
sentido estimular a visão pois não era possível ver a pessoa que cantava as músicas do rádio.
Criou-se portanto uma cultura de que música é pra somente ouvir, não para ver.

Mas não estou contando todas essas histórias por ser um amante da música clássica barroca.
Nem sou aficionado por Rostropovich. Isso tudo é apenas para dizer que sem o site Youtube
teria que contar essas histórias sem o apoio do vídeo. Isso por que não sou especialista em
música clássica, logo teria sérias dificuldades em conseguir cópias das execuções. A
digitalização dos processos audiovisuais rompeu com a dependência do especialista. Sites
como o Youtube permitem que o telespectador saia da postura de refém que a televisão impõe.
Consigo ver quantas vezes quiser a execução do mestre do violoncelo sem que alguém diga:
agora chega, vamos ao outro bloco ou aos comerciais.

Um exemplo são as próprias citações audiovisuais contidas no livro “A televisão levada a sério”,
de Arlindo Machado. O autor mostra um repertório invejável de cenas, programas, artistas e
criadores. Certamente no Youtube é possível encontrar quase todas as referências utilizadas
por Machado. Como o trabalho de Norman McLaren denominado Syncromy
http://www.youtube.com/watch?v=PRKKbnnhdrA
Música e imagem também podem ser vistos no mundo de videoclipes, que Machado classifica
como “um dos raros espaços decididamente abertos a mentalidades inventivas, capaz de dar
continuidade ou conseqüência a atitudes experimentais inauguradas com o cinema de
vanguarda da década de 20, o cinema experimental dos anos 50-60 e a videoarte dos anos 60-
70” (2003, p. 173).
Alguns clipes considerados imprescindíveis para Machado podem ser facilmente encontrados
no Youtube. Ashes to Ashes, de David Bowie, considerado o primeiro videoclipe com o conceito
que ainda utilizamos hoje, pode ser visualizado sem maiores dificuldades quase trinta anos
após sua produção.
http://www.youtube.com/watch?v=r44OFO-MNPo
Já Street Spirit (1995), do Radiohead, mostra uma poética rara, mesclando câmeras lenta,
acelerada e normal.
http://www.youtube.com/watch?v=BrZTNhW44-o
Mas além de se libertar da ditadura do Ibope, que decide quem vai aparecer mais nas paradas
de clipes, o telespectador pode, com ferramentas do tipo Youtube, passar a produtor, criador.
Muitos trabalhos tem anseios profissionais, como de um grupo que quer aparecer para o
cenário musical capixaba.
http://www.youtube.com/watch?v=6EBpXVAlfgI

Seja com qualidade e refino, seja com parcos recursos financeiros, fato é que o universo de
produtores que amam essa técnica (“amadores”) é imensa. E a tendência é aumentar ainda
mais, uma vez que a geração seguinte à nossa, sem a menor sombra de dúvida, vai ver menos
televisão que nós. Sobrando assim muito mais tempo para produzir conteúdo audiovisual.
Contando novas histórias musicais com imagens e, é claro, colocando tudo na internet.

Aí aparece o grande medo dos pais: devo permitir que meu filho coloque imagens na internet?
Devo permitir que torne público fotografias ou vídeos pessoais? Bem, não estou aqui para
avaliar os riscos em cada situação, mas creio que a resposta está no grande paradoxo do
nosso tempo: temos muita informação e pouca, ou quase nenhuma, comunicação.

Ludwig Wittgenstein disse certa vez que “Se os leões falassem, não os entenderíamos”.
Podemos parafraseá-lo e afirmar que quando na maioria das vezes pais e filhos falam, mas
não se entendem. Realizam muitas vezes diálogos estéreis que não começam na
adolescência, mas nesta fase da vida atingem estágios às vezes dramáticos. E quando pais e
filhos não se comunicam aparece a mídia que supre a ansiedade de ambas as partes. Os filhos
se isolam nos quartos em busca de refúgio em computadores e os pais ligam a televisão e
desconectam-se do mundo imediato. Assim como a ruptura da imagem e da música foi uma
construção social que teve no rádio seu grande suporte, muitos dos conflitos que envolvem
pais, filhos e mídia atualmente são uma construção social. Complexa e de difícil explicação,
mas que não terá solução sem envolvimento de ambas as partes. Entretanto, a iniciativa maior
tem que ser dos pais, já que suas ações servem de modelos para os filhos. E não devem
começar na adolescência, mas o quanto antes puder ser na vida do filho.

Esse é um desafio gigantesco, uma vez que hoje uma pessoa hoje recebe cerca de 100 vezes
mais informações que alguém recebia na década de 50. Com essa enxurrada de informações,
os filhos, ao contrário do que possamos pensa, jamais tiveram tanta dependência de
orientações dos pais. A imensa variedade de ferramentas de comunicação, seja na forma de
video games, televisão ou mesmo a Internet, obrigam os pais a estarem mais do que nunca ao
lado dos seus filhos. Mas isso só não basta: é preciso entender o que eles estão falando e o
que estão querendo dizer.

Para finalizar, alguns pesquisadores sugerem atitudes simples que talvez possam ajudar na
redução do abismo comunicacional que existe entre pais e filhos nesta época de
predominância das novas mídias. As dicas são:
● Dedique tempo para estar junto com seu filho no mundo virtual.
● Converse com ele sobre o que vocês aprenderam juntos.
● Ajude-o a ter um hobby que não esteja limitado apenas ao computador.
● Estimule a amizade pessoal, não os encontros e bate-papos virtuais.
● Ajude-o a ganhar gosto pela leitura e pelo conhecimento, não somente pelo
conhecimento superficial.

E lembremos a todo instante: não há receitas para educar filhos, mas isso não exime os pais
da grande responsabilidade que é educá-los. Cabe a nós, e somente a nós, pais, a tarefa árdua
e gratificante de entender os paradoxos, desafios e potencialidades da nossa época para que
possamos dar aos nossos filhos lições que vão formar seu caráter, por consequencia, sua
capacidade de escolher entre as muitas opções que a vida nos oferece.

Para encerrar, uma lembrança me vem à mente. Visitando uma exposição sobre a cultura
indígena, deparei-me com um vídeo que mostrava os modos de produção e de sociedade de
uma tribo do Xingu. Em certo momento o narrador se espanta ao ver que uma criança
observava atentamente o pai produzir um artefato para caçar sem falar nada. Em seguida o
menino pegava um pedaço pequeno de madeira e passava a imitar os gesto do pai. Sem uma
palavra e sem qualquer tratado pedagógico, a tradição era transferida. Serenamente o pequeno
ia se aperfeiçoando apenas ao observar seu pai. Dia após dia ele aperfeiçoava suas
habilidades até que um dia produzia uma lança ou uma machadinha de madeira tão boa quanto
a do seu genitor. Apenas observando. Mesmo em culturas diferentes, o que nós pais fazemos,
muito mais do que aquilo que falamos, faz a diferença para nossos filhos.

Obrigado.

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