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01.

Capa;
02.
Índice;
03-04.
MIGUEL SERRANO – A iniciação;
04-13.
LEON DEGRELLE – O enigma de Hitler;
14-20.
SAVITRI DEVI – O trem vazio;
20-24.
THOLF – A sede por números.

“Eu ainda possuo claras recordações de quando ainda jovens, agachados a segurar pela ponta nossas
altivas espadas, nós fizemos um juramento de fidelidade diante do onipotente sol negro. Gritamos
para além das montanhas de cumes iluminados por Ostara – Nós, guerreiros dignos da dor triunfante
que se sente na eterna batalha de cada dia – quando cada um crivou uma estaca em seu próprio peito,
entoada através de palavras. Eram ali depositadas as sementes de uma escolha, e a partir daquele
instante cada dor e cada prazer, cada dificuldade e cada superação, passaram a ser encaradas como
frutos de um caminho que optamos por trilhar – o caminho da flamejante Gammadion, incendiária
por si só de uma chama impagável enquanto nossa fidelidade triunfar. Gammadion, um símbolo de
prosperidade para os arianos.”

THOLF

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A INICIAÇÃO*
Miguel Serrano

Tive de esperar anos até que o Mestre decidisse a iniciar-me, tendo


recebido minha aceitação por parte dos Guias, que nos dirigem desde o Raio
Verde.
Fui convocado ao Recinto Circular de Vidro, construído ao Sul, tal como
um lareira. Ali se encontravam os guerreiros, vestidos de preto a portar suas
espadas. Eu, na ocasião, também portava a minha.
O grande Sinal do Regresso, que gira em direção contrária à terra atual,
pendia por sua abóbada. O fogo do centro ardia.
Empunhei minha espada, passando-a ao Mestre.
“Mantenha-se em pé”, me disse. “Entre nós nada se põe de joelhos”.
Os outros formaram um círculo em torno de nós. O mestre passou
minha espada sobre as chamas.
“Existem duas espadas. Um dia você será o Guerreiro de Duas
Espadas, quando recuperar a linguagem que o permita comunicar-se com os
animais e as plantas. O idioma de Avalon, aquele, que se fala na Cidade dos
Césares. Será você um Guerreiro de Dois Mundos, de dentro e de fora. A
espada é uma só, mas com dois fios, tal como uma Águia Bicéfala. É a
espada das Consciências, do despertar”.
O Mestre devolveu-ma depois de traçar um sinal sobre sua folha. Os
guerreiros dirigiam as pontas de suas espadas sobre o meu coração. Depois,
levantaram-nas para o Emblema do Retorno.
“O círculo se chama Huilkanota. Você agora é um Ankahuinka, um
Guerreiro dos Deuses Brancos da antiga Albânia. E não há volta. Quem aqui
pôs suas plantas, não retrocede. Por desertos ardidos, por planícies geladas,
padecendo de sede, semi-congelado, solitário, sem consolo humano, sem o
abraço cálido da mulher vivente, deverá seguir, seguir, usque ad mortem, até
um dia encontrar-se junto aos muros diamantinos da Cidade de Alba, a sua
ponte levadiça, a sua entrada inubicable. Com o esforço do combater
continuamente, unicamente com sua ‘fúria’, você terá ganhado então o direito
da ressurreição e da vida eterna. Porém, quem põe suas plantas neste
caminho que conduz a mais adiante, não poderá avançar se tem a intenção
de voltar. Aquele que chegou ao estado humano e não trata de sobrepor-se a
ele, é como quem se suicida”.
E o Mestre entregou-me o primeiro Sinal de nossa Iniciação:
“O Sinal é a linguagem de Atlântida-Hiperbórea. Ao aplicá-lo sobre o
seu coração, este afeta as Duas Cabeças da Águia Bicéfala, e, de um modo
instantâneo, alcança as Duas Terras e a todos os seus corpos, reativando-os.
É a sua defesa, que por conseqüência passa a paralisar àqueles que são
contrários ao seu Mito, vivendo em direção oposta a Nos, como uma contra-
iniciação, um anti-espírito. Outros Sinais ser-lhe-ão aos poucos entregues por
mim, ou pelos Guias, à medida que se sejam necessários na glória do seu

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combate, no caminho perigoso que você irá recorrer. Que as Nornas sejam-
lhe propícias! Que os imortais cheguem a bendizê-lo! Parta, busque! E não
volte mais! Salte!”.

*Texto original sob o título de “La iniciación”, extraído da página 78 do


capítulo “Otra ronda”. Tradução por Tholf zine.

SERRANO, Miguel. NOS: El libro de la resurreccion. Primera edición. Editorial


Kier. Buenos Aires, 1980.

O ENIGMA DE HITLER*
Leon Degrelle

“Hitler... você o conheceu! Como ele era?”. Esta pergunta mil vezes tem
sido feita a mim desde 1945 e estou certo de que não há nada mais difícil
nesse mundo do que simplesmente respondê-la.

Aproximadamente duzentos mil livros têm sido lançados tratando da


Segunda Guerra Mundial e sua figura central, Adolf Hitler. Mas fica a questão:
Foi a figura verdadeira de Hitler descoberta por alguns deles, autores desses
livros? “O enigma de Hitler está além da compreensão humana”, o jornal
alemão Die Zeit, de circulação semanal e orientação esquerdista, certa vez
fez tal afirmação.

Salvador Dali, gênio único da arte, buscou penetrar no mistério


absoluto, em uma das suas pinturas dramáticas mais intensas. Sobressaindo
toda paisagem montanhosa, mas com uma tela cheia, deixando apenas
poucos metros de uma beira-mar luminosa, pontilhada delicadamente com
diminutas figuras humanas: a última testemunha de uma paz agonizante. Um
enorme telefone recebendo lágrimas de sangue, enforcado no galho de uma
árvore morta; e aqui e ali, sombrinhas penduradas e morcegos cuja
visibilidade é a mesma. Como Dali fala a respeito, “A sombrinha de
Chamberlain apareceu nesta pintura como uma luz sinistra, evidentemente
feita por um morcego que havia me golpeado enquanto eu pintava isso como
fruto de uma enorme angústia”.

Ele então confessou: “Eu senti que esta pintura foi profundamente
profética, mas tenho de confessar que eu não havia ainda pensado na figura
de Hitler como um enigma. Ele me atraiu apenas como um objeto das minhas
loucas imaginações e porque eu o vi como um homem único, capaz de tornar
as coisas de cabeça para baixo”.

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Que lição de humildade para os críticos que se apressaram com
publicações desde 1945, com suas centenas de livros definitivos, grande
parte desprezíveis, sobre o homem que tomou conta dos pensamentos de
Dali que, quarenta anos depois, ainda sentia-se angustiado e incerto quanto à
presença em sua pintura alucinada. À parte de Dali, quem mais tentou
apresentar um retrato desse homem extraordinário a quem ele tratou como “A
mais explosiva figura humana da História”? (Dali fora expulso do Movimento
Surrealista em 1934, por causa de sua fascinação por Hitler e também suas
simpatias ao Fascismo).

Como o sino de Pavlov

A montanha de livros sobre Hitler, baseados em ignorância e um ódio


completamente cego, pouco descrevem ou explicam o mais poderoso homem
que o mundo já viu. Eu pergunto: como esses milhares de retratos de Hitler
assemelham-se à figura do homem que eu conheci? O Hitler sentado ao meu
lado, levantando-se, falando, ouvindo. Tornou-se impossível de explicar às
pessoas, alimentadas por fantásticas lendas que se perpetuam ao longo de
décadas, que o que elas leram ou ouviram na televisão não corresponde com
a verdade.

As pessoas aceitaram esta ficção como realidade, repetida mil vezes,


mesmo que nunca tenham visto Hitler, nunca tenham falado com ele, nunca
sequer ouvido uma só palavra de sua boca. O nome de Hitler
automaticamente designa um demônio amedrontador, o fundo de todas as
emoções negativas. Como o sino de Pavlov, a menção de Hitler significa
dispensar com substância e realidade. Em tempo, de qualquer forma, a
História irá demandar mais do que esses julgamentos sumários.

Estranhamente atrativo

Hitler está sempre presente diante dos meus olhos: como um homem
de paz em 1936, como um homem de guerra em 1944. Não é possível haver
uma testemunha pessoal à vida deste homem extraordinário sem ser
marcado por isso por toda a eternidade. Não passa um dia sem que a figura
de Hitler não reapareça em minha memória – não como um homem morto,
mas como um ser real que passa por seu escritório, senta em sua cadeira,
cutuca os troncos ardentes na lareira.

A primeira coisa que se espalhou ao seu respeito quando ele apareceu


foi o fato de usar um pequeno bigode. Inúmeras vezes ele foi aconselhado a
raspá-lo, mas ele sempre recusou.

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Ele não era alto – não o era, se comparado como foi Napoleão ou
Alexandre o Grande.

Hitler tinha olhos profundamente azuis, que muitas pessoas


consideravam encantadores, embora eu não os veja da mesma forma. E eu
também não detectei a corrente elétrica que se dizia ser emitida através de
suas mãos. Eu as agarrei por pouco tempo e nunca estive imobilizado por
seus raios.

Seu rosto mostrava emoção ou indiferença de acordo com a paixão ou


a apatia do momento. Em tempos, ele parecia estar amortecido, não dizendo
uma só palavra, enquanto suas mandíbulas moviam-se como se estivessem
moendo um obstáculo, transformando-o a um pedacinho no vazio. De
repente, tinha o desejo de voltar, lançando um discurso direcionado apenas a
você, mas aparentando sentir como se estivesse endereçando-o a uma
multidão de centenas de milhares no aeródromo Tempel, em Berlin. E então
ele se tornava algo como que uma transfiguração de si próprio – mesmo com
sua complexidade, ainda que sombria, iluminada, como ele costumava dizer.
E nesses momentos, tenho a certeza, Hitler era estranhamente atrativo, como
se estivesse possuído por poderes mágicos.

Vigor excepcional

Diferentemente das atribuições dadas a Hitler como um homem


exageradamente solene, ele costumava inserir-se em suas conversas com
um humor moderado. "O mundo pitoresco" era uma frase que costumava
fazer parte de seu comando. Em um feixe de luz, ele era capaz de pintar uma
palavra-figura que trazia consigo um sorriso, ou vir com uma comparação
inesperada. Ele poderia ser severo e até implacável em seus julgamentos,
ainda que ao mesmo tempo fosse surpreendentemente conciliador, sensível e
calmo.

Após 1945, Hitler foi acusado de toda e qualquer crueldade, mas não
fazia parte de sua natureza ser cruel. Ele amava crianças. Era bastante
comum para ele, parar o carro e servir-se de sua comida junto de jovens
ciclistas ao longo da estrada. Certa vez, ele deu sua capa de chuva a um
trabalhador abandonado encharcado. À meia-noite, ele interrompia o seu
trabalho para preparar comida para o seu cão Blondi.

Ele não poderia agüentar comer carne, porque isto significava a morte
de um ser vivo. Ele se recusava a ter tanto um coelho quanto uma truta
sacrificada, fornecida em sua comida. Ele permitia somente ter ovos em sua
mesa, porque o ato da galinha botá-los significava que ela havia sido
poupada do sacrifício, não tendo sido morta.

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Os hábitos alimentares de Hitler me eram uma fonte de espanto
constante. Como poderia alguém manter uma agenda tão rigorosa, levando-
se em conta o fato de estar em contato por milhares de vezes com a massa,
de onde ele emergia banhado de suor, tendo perdido de duas a quatro libras
(de 906 gramas a 1,8 KG) no processo; alguém que dormia somente de três a
quatro horas por noite; alguém que, de 1940 a 1945, importou-se com o
buraco do mundo sobre seus ombros, quando 380 milhões de europeus
estavam sob o seu comando; como, eu me pergunto, ele pôde
psicologicamente sobreviver, alimentando-se basicamente de um ovo
cozinho, alguns poucos tomates, duas ou três panquecas e um prato de
macarrão? E ele ainda conseguia ganhar peso!

Ele bebia somente água. Não fumava e não tolerava este ato em sua
presença. A uma ou duas da manhã, ele ainda estava disposto a conversar,
calmo, próximo da lareira, freqüentemente divertindo-se. Ele nunca mostrava
um sinal de cansaço. Cansativa de morrer deve ter estado sua platéia, mas
Hitler não.

Ele era descrito como um velho homem cansado, mas nada esteve
mais longe da verdade. Em Setembro de 1944, quando se deu a notícia de
que estaria tremendo razoavelmente, eu estive com ele durante uma semana.
Seu vigor físico e mental ainda estavam excepcionais. A tentativa feita em
sua vida em 20 de Julho não lhe causou nada, ao contrário: ainda
proporcionou novas cargas à sua energia. Ele carregava chá em seu quarto
com uma tranqüilidade como se estivesse em seu pequeno apartamento
privado, na Chancelaria antes da guerra, ou adentrando a vista da neve e o
brilho do céu azul através de sua janela, em Berchtesgaden.

Autocontrole de ferro

Bem ao fim de sua vida, posso dizer, suas costas se tornaram mais
dobradas, mas sua mente permanecia tão brilhante quanto a luz de um raio.
O testamento que ditou com compostura extraordinária antes de sua morte,
às três da manhã de 29 de Abril de 1945, nos traz um testemunhal final.
Napoleão ao Fontainebleau não estava em pânico antes de sua abdicação.
Hitler simplesmente tremia suas mãos como se estivessem associadas ao
silêncio de um dia qualquer, em seu café da manhã, e então foi em direção à
morte como se estivesse partindo para um passeio. Quando foi que a história
trouxe o testemunho de uma tragédia com um fim em tamanho autocontrole
de ferro?

A característica mais notável de Hitler certamente foi sua simplicidade.


O mais complexo dos problemas resolvia-se por conta própria em sua mente,

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em poucos minutos. Suas ações eram engrenadas às idéias e decisões que
poderiam ser entendidas por qualquer pessoa. O trabalhador de Essen, o
fazendeiro isolado, o industrial da Ruhr, o professor de Universidade. Todos
podiam facilmente seguir a linha de seu pensamento. A grande clareza de
sua argumentação fazia com que tudo se tornasse óbvio.

Seu comportamento e estilo de vida nunca mudaram, mesmo quando


ele se tornou o Führer da Alemanha. Vestia-se e vivia frugalmente. Durante
os dias anteriores em Munique, ele não gastava mais que um Marco por dia
em comida. Em nenhum momento de sua vida ele gastou dinheiro consigo
próprio. Ao longo de seus treze anos na Chancelaria, ele nunca se importou
em carregar carteira ou dinheiro em seus bolsos.

Curiosidade intelectual

Hitler foi um autodidata e não fazia questão de esconder esse fato. O


presumido conceito de intelectuais, com suas idéias brilhantes juntadas umas
às outras como baterias de flashs, irritavam-no por vezes. Seu próprio
conhecimento fora adquirido através de estudos seletos e constantes, e ele
conhecia muito mais que milhões de acadêmicos cujos diplomas servem de
mera decoração.

Eu acredito que não exista outra pessoa que tenha lido tanto quanto
ele. Ele normalmente lia um livro por dia, sempre, de início, lendo a conclusão
e o sumário em ordem do seu interesse. Ele tinha um poder de extrair a
essência de cada trabalho e então armazená-los em uma mente quase que
computadorizada. Ouvi-o falar sobre complicados livros científicos com
precisão, sem erros, ainda que no auge da guerra.

Sua curiosidade intelectual era ilimitada. Ele estava bastante


familiarizado com escritos de uma porção de autores, e nada lhe soava
complexo demais para sua compreensão. Ele tinha um profundo
conhecimento e entendimento de Buddha, Conficio e Jesus Cristo, bem como
Lutero, Calvino e Savonarola; dos gigantes literatos como Dante, Schiller,
Shakespeare e Goethe; e de escritores analíticos, como Renan e Gobineau,
Chamberlain e Sorel.

Ele treinou a si próprio em Filosofia, através de estudos de Aristóteles e


Platão. Ele podia citar parágrafos inteiros de Schopenhauer de cabeça, e por
um longo temo carregou consigo uma edição de bolso dos seus livros (no
caso, seria “O mundo como vontade e representação”). Nietzsche ensinou-lhe
muito sobre a idéia da vontade de potência.

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Sua sede por conhecimento era insaciável. Ele passava centenas de
horas estudando as obras de Tácito e Mommsen, estratégicas militares como
Clausewitz, e construtores de império como Bismarck. Nada escapava dele:
História do mundo ou das civilizações, o estudo da Bíblia e do Talmud,
Filosofia Thomística e todas as obras grandiosas de Homero, Sófocles,
Horácio, Ovídio, Tito Lívio e Cícero. Ele conhecia Julian o apóstata como se
ele próprio tivesse sido seu contemporâneo.

Seu conhecimento estendia-se também à mecânica. Ele sabia como as


máquinas trabalhavam; entendia da balística de várias armas; e surpreendeu
os melhores cientistas médicos com o seu conhecimento de Medicina e
Biologia.

A universalidade do conhecimento de Hitler deveria surpreender ou


aborrecer aqueles que desconhecem sua especialidade, no entanto sem
dúvida algo isto consiste em um fato histórico: Hitler foi um dos homens mais
cultos do século. Está há distâncias de Churchill, dono de uma mediocridade
intelectual; ou de um Pierre Laval, com seu conhecimento superficial de
História; ou Roosevelt; ou Eisenhower, o qual nunca foi além de contos
policiais.

Artista e arquiteto

Mesmo quando mais novo, Hitler demonstrava-se uma criança diferente


das demais. Ele possuía certo poder interno, sendo guiado por espírito e
instintos seus.

Ele era capaz de desenhar habilmente com apenas onze anos de idade.
Seus esboços feitos nessa idade mostram uma firmeza e vivacidade notáveis.

Sua primeira pintura à cores, criada aos quinze anos, está repleta de
poesia e sensibilidade. Um dos seus trabalhos iniciais mais impressionantes,
"Utopia da fortaleza" mostra-o como um artista dotado de imaginação rara.
Sua orientação artística tivera muitas formas. Ele escreveu poesia nos
tempos em que era rapaz. Ditou uma peça completa à sua irmã Paula, que
estava impressionada com sua presunção. Com a idade de 16 anos, em
Viena, lançou-se na criação de uma ópera. Chegou a desenhar as
colocações do palco, bem como os trajes; e, é claro, os personagens eram
todos heróis wagnerianos.

Muito mais que um artista, Hitler foi acima de tudo um arquiteto.


Centenas de obras suas eram notáveis, tanto para a arquitetura quanto para
a pintura. De memória, sozinho ele era capaz de reproduzir em cada detalhe
a cúpula de uma igreja ou as curvas complicadas forjadas a ferro. É claro, foi

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em busca do sonho de se tornar um arquiteto que Hitler foi à Viena, no
começo do século.

Quando são vistas centenas de pinturas, esboços e desenhos que ele


criou nessa época, revelando seu domínio sobre três figuras dimensionais,
torna-se impressionante pensar que os examinadores da Academia de Artes
de Viena reprovaram-no em dois exames. O historiador alemão Werner
Maser, que não é amigo de Hitler, castigou tais examinadores: "Todas as
suas obras revelaram conhecimento e são verdadeiros presentes
extraordinários à arquitetura. [As reprovações] ao construtor do Terceiro
Reich causam vergonha à antiga Academia de Artes de Viena".

Origens humildes

Impressionado pela beleza de uma igreja em um monastério beneditino


onde fazia parte de um coral, sendo coroinha, Hitler sonhou em fugir,
pensando na hipótese de tornar-se monge beneditino caso ficasse. E esse foi
um tempo interessante, quando ele era assistido pela massa, onde
costumava passar abaixo da primeira suástica com que ele havia estado em
contato: tratava-se de um túmulo no escudo de pedra do portal da abadia.

O pai de Hitler, um chefe da alfândega, esperava que o garoto seguisse


seus passos, tornando-se funcionário público. Seu tutor encorajava-o a
tornar-se monge. Ao invez disso, o jovem Hitler foi, ou melhor, fugiu para
Viena. E lá, contrariado em suas aspirações artísticas pela mediocridade
burocrática da Academia, retornou ao isolamento e à meditação. Perdido na
capital do Império Austro-Húngaro, ele procurou por seu destino.

Durante seus primeiros trinta anos de vida de Hitler, a data 20 de Abril


de 1889 não significou nada para ninguém. Ele nasceu nesse dia em Branau,
uma pequena cidade no vale de Inn. Durante seu exílio em Viena, contou
com uma casa modesta, e particularmente com sua mãe. Quando ela esteve
doente, ele retornou de Viena para vê-la. Por semanas ele a alimentou, fez
todas as tarefas domésticas e a apoiou como o mais amável dos filhos.
Quando ela finalmente morreu, na véspera de Natal, sua dor era imensa.
Arruinado com aflição, ele enterrou sua mãe em um pequeno cemitério.
"Nunca vi alguém tão abatido com aflição", disse o médico de sua mãe, que
era judeu.

Em seu quarto, Hitler sempre se dispôs de um uma antiga fotografia de


sua mãe. A memória da mãe a quem ele tanto amava o acompanhou até o
dia de sua própria morte. Antes de deixar esta terra, em 30 de Abril de 1945,
ele colocou a fotografia de sua mãe diante de seus olhos. Ela possuía olhos
azuis como os de Hitler, e um rosto parecido. Sua intuição materna disse a

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ela que seu filho era diferente das outras crianças. Ela agiu quase como se
ela soubesse o destino de seu filho. Quando ela morreu, é certo que se sentiu
angustiada pelo mistério imenso que o rondava.

Ao longo dos anos de sua juventude, Hitler viveu a vida de uma


reclusão virtual. Seu grande desejo era retirar-se do mundo. Dotado de um
coração solitário, ele se perguntava sobre certas coisas, tendo, por vezes,
comido comidas escassas, mas sempre devorando os livros das três
bibliotecas públicas da cidade. Ele se privava de conversações em geral e
possuía poucos amigos.

É praticamente impossível imaginar o destino que ele tomaria, tendo


começado tão baixo e chegado à tamanha altura. Alexandre o Grande era
filho de um rei. Napoleão, vindo de uma família nobre, foi general aos vinte e
quatro anos. Com quinze anos, Hitler ainda era desconhecido. Milhares de
outros tiveram inúmeras de oportunidades de deixar sua marca no mundo.

Hitler não era muito interessado em sua vida privada. Em Viena, viveu
em um alojamento gasto e constrangedor. Mas para todo ele locou um piano
que ocupava metade de seu quarto, e então passou a se concentrar na
composição de sua ópera. Ele vivia à base de pão, leite e sopa de vegetais.
Sua pobreza era real. Ele não possuía sequer um sobre-casaco próprio. Ele
cavou com pá as ruas em dias de neve. Ele carregou bagagens na estrada de
ferro. Ele gastou muitas semanas em abrigos por estar sem moradia. Mas
nunca parou de pintar ou ler.

Deixando de lado a pobreza medonha, Hitler de alguma forma buscava


manter uma boa aparência. Senhores e senhoras de Viena e Munique
lembravam dele por sua civilidade e uma disposição agradável. Seu
comportamento era impecável. Seu quarto estava sempre limpo, sua
escassez era meticulosamente organizada, e suas roupas eram nitidamente
dobradas e penduradas. Ele lavava-as e passava, algo que nos dias de hoje
poucos homens o fazem, e o dinheiro da venda de suas poucas pinturas era
o suficiente para suprir todas as suas necessidades.

Somando coisas

Hitler ainda não havia se focado em política, sem se dar conta que seria
essa a carreira na qual haveria o maior apelo à sua presença. O sentido
desta política transformou-se, posteriormente passando a estar atrelada à sua
paixão pela arte. Pessoas, as massas, ser-lhe-iam a argila para o que um
escultor transformaria em uma forma imortal. A argila humana se tornaria
para ele uma linda obra de arte como as esculturas em mármore de Myron,
as pinturas de Hans Makart e a trilogia de Wagner.

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Seu amor pela música, arte e arquitetura não foram removidos de sua
vida política e de preocupações sociais de Viena. Em ordem de
sobrevivência, ele trabalhou como alguém comum, lado a lado com outros
trabalhadores. Ele era um espectador calado, mas nada lhe escapava: a
vaidade e o egoísmo da burguesia; a miséria moral e material das pessoas;
nem as centenas de anos dos trabalhadores que foram jogados para baixo
das avenidas de Viena, com angústia em seus corações.

Ele também havia sido surpreendido pela crescente presença de judeus


barbudos trajando cafetãs, algo desconhecido até então em Linz. "Como
podem eles ser alemães?", ele perguntava a si próprio. Ele lia as estatísticas:
em 1860: existiam em Viena 69 famílias judias; quarenta anos após, duas mil.
Eles estavam em todas as partes. Hitler observava a invasão nas
universidades e profissões legais e médicas, e o domínio na circulação dos
grandes jornais.

Hitler expôs-se às reações apaixonadas por parte dos trabalhadores


nesse afluxo, mas eles não estavam sozinhos em sua infelicidade. Havia
muitas pessoas proeminentes na Áustria e Hungria que não escondiam seu
ressentimento, acreditando que seus países sofriam uma verdadeira invasão
estrangeira. O prefeito de Viena, um cristão-democrata e poderoso orador, foi
ouvido por Hitler.

Hitler também estava interessado com o destino dos oito milhões de


austro-alemães mantidos separados da Alemanha, estando assim
desprovidos da legítima nacionalidade alemã. Ele viu o Imperador Franz
Josef como um áspero e insignificante homem velho, incapaz de conciliar os
problemas do presente com as aspirações do futuro.

Quietamente, o jovem Hitler foi somando as coisas em sua mente.

Primeiro: Austríacos eram parte da Alemanha, sendo esta uma pátria


comum.

Segundo: Os judeus eram estrangeiros dentro da comunidade alemã.

Terceiro: O patriotismo somente seria válido se fosse compartilhado por


todas as classes. As pessoas comuns que compartilharam aflição e
humilhação junto de Hitler, faziam parte da pátria tanto quanto os milionários
da alta sociedade.

Quarto: A luta de classes, cedo ou tarde, iria prejudicar tanto


trabalhadores quanto patrões, arruinando assim qualquer país. Nenhum país

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poderia sobreviver à luta de classes; somente a cooperação entre
trabalhadores e patrões poderia beneficiá-lo. Os trabalhadores precisam ser
respeitados e viver com decência e honra. A criatividade nunca deve ser
abalada.

Quando Hitler posteriormente disse que havia formado sua doutrina


social e política em Viena, ele havia dito a verdade. Dez anos após suas
observações feitas em Viena, viria à tona a ordem do dia.

Assim Hitler viveu por anos na aglomerada cidade de Viena como um


desterrado virtual, ainda que silenciosamente observando tudo ao seu redor.
Seu poder tinha origens internas. Ele não confiava a ninguém fazer o que lhe
corria pela mente. Seres humanos excepcionais sempre se sentem sozinhos
entre a multidão. Hitler viu em sua solidão uma bela oportunidade de meditar
e não de afundar-se em um mar de monotonia. Em ordem para não se perder
na vastidão de um deserto estéril, uma alma forte procura um refúgio dentro
de si própria. Hitler era essa alma.

O relâmpago e o mundo

O relâmpago na vida de Hitler viria do mundo.

Todo seu talento artístico seria incorporado ao domínio da comunicação


e da eloqüência. Hitler nunca iria conceber conquistas populares sem o poder
do mundo. Ele encantava e era encantado por isso. Achava um cumprimento
ideal quando a mágica de suas palavras inspirava os corações e as mentes
das massas com quem ele se comunicava. Sentia como se estivesse a
renascer em cada instante que carregava com uma beleza mística, o
conhecimento que ele havia adquirido durante toda sua vida.

A encantadora eloqüência de Hitler permanecerá por muito tempo, um


campo vasto de estudo para os psicanalistas. O poder das palavras de Hitler
é a chave. Sem isto, nunca teria existido a Era de Hitler.

*O texto, originalmente em inglês, é extraído do volume dois da série de


volumes escritas por Degrelle, sobre a vida e legado de Adolf Hitler. Seu título
original é de “The enigma of Hitler”. Tradução por Tholf zine.

DEGRELLE, Leon. Hitler: Born at Versailles.

Texto original disponível em: http://www.library.flawlesslogic.com/index.htm

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O TREM VAZIO*
Savitri Devi

"Tenho alguns papéis comigo... São demasiado perigosos. Você


gostaria de vê-los?" Perguntei a um belo jovem alto, alemão, que estava a
caminhar junto de mim, ao longo da passagem subterrânea que dava acesso
à plataforma onde eu havia tomado meu trem, na estação de Köln, noite entre
13 e 14 de Fevereiro de 1949. Eu havia conversado com um homem horas
antes, durante a "Missão Católica" da mesma estação, e, posso dizer,
conversamos o suficiente para torná-lo convencido de que ele poderia confiar
em mim, como confiei nele – digo, o mínimo.

O jovem parou por meio segundo, olhou à nossa volta se alguém estava
a nos seguir, ou se algum transeunte teria possivelmente escutado minhas
palavras. Mas nós éramos as únicas pessoas no longo e obscuro corredor. O
jovem virou-se para mim e respondeu baixinho: "Sim, dê-me um".

Puxei um cartaz por duas vezes, dobrado em quatro, para fora de meu
bolso, colocando-o em suas mãos.

"Não pare para ler agora", disse, "Mas espere até estar em seu trem, e
então você irá ler no banheiro, onde ninguém poderá atrapalhá-lo. Você tem
muito tempo. Veja se você acha que estes cartazes podem lhe ser úteis, e
diga-me com total franqueza. Se você quiser mais, ainda tenho uma porção
deles comigo.".

O jovem escondeu o papel precioso no fundo do bolso de seu casaco e


continuou a andar ao meu lado, em silêncio, ajudando-me a carregar a
pequena bagagem que eu tinha comigo. Seguimos à plataforma. O trem
estava lá – praticamente vazio, e por isso iniciaria o seu trajeto até a próxima
hora, às 01h12min, se recordo bem. Um vento feroz estava soprando. E
estava amargamente frio.

Ele me ajudou a erguer minha mala, colocando-a onde elas costumam


ser armazenadas, e tendo se atrapalhado e pisado em si mesmo, foi em
direção ao melhor esconderijo possível dentro do vagão, para ler o cartaz,
como eu havia sugerido. As palavras que ele leu, escritas em largas letras em
fonte capital, estavam abaixo de uma suástica negra que cobria uma terceira
página, sendo o seguinte:

Alemães,
O que as Democracias lhes trouxeram?
Em tempos de guerra, fósforo e fogo.
Após a guerra, fome, humilhação, opressão;

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O desmantelamento das fábricas;
A destruição das florestas;
E agora – o estatuto da Ruhr!
De qualquer maneira, "a escravidão não tardará".
Nosso Führer vive
E voltará logo, com poder jamais visto! Resistirá àqueles que nos
importunam!
Creia e espere!
Heil Hitler!

O papel era assinado com "S.D.", ou seja, com minhas próprias iniciais.

O rapaz alemão retornou de seu canto. Havia uma luz estranha em


seus acinzentados olhos claros, além de algo estranhamente positivo em sua
voz. "Dê-me quantos cartazes você tiver. Eu irei colar uma porção deles para
você", disse ele. Ele não aparentava a solidão, a fome, triste prisioneiro de
guerra recém retornado a casa após quatro longos anos a tratar de todas as
maneiras suas doenças, estando nas mãos dos inimigos da Alemanha. Havia
se tornado mais uma vez soldado – de uma Alemanha invencível – e arauto
dos ideais eternos de Hitler; mais uma vez, sentia florescer seu velho ego,
como se nada pudesse matá-lo.

Eu o admirei, e recordei em minha mente as palavras que certa vez ouvi


no vilarejo de Saarland, seis meses antes, de outro Nacional Socialista
sincero: "Estamos esperando pela faísca". Seria isso que eu fiz, uma faísca –
uma faísca de fé e esperança – no meio de uma escuridão interminável dos
dias atuais? Como esse pensamento entrou em minha consciência, lágrimas
vieram aos meus olhos, e uma emoção de intensa elação correu por meu
corpo e pareceu elevar-se, tomando conta de mim. Pelas janelas do trem, eu
pude ver a escura luz artificial, esboços rasgados do que fora uma parede –
ruínas, simplesmente ruínas onde quer que meus olhos se coloquem pela
infeliz Alemanha; o rasgado e prostrado corpo do martirizado país de Hitler.
Mas antes de mim, contra o fundo da desolação, estava em pé o jovem (é
certo que não tinha mais de trinta anos), por quinze vezes ferido no campo de
batalha pela causa de uma Nova Ordem; por mais de três anos, esteve como
prisioneiro da França, em um acampamento no flamejante coração da África,
sob o chicote dos auxiliares africanos; faminto; sem trabalho; aparentemente
sem futuro (ele me contou sobre sua situação), mas agora ereto e cheio de
esperança, uma vez mais atento de sua invencibilidade. A alma alemã
vislumbrava-se, mais viva que nunca, em seus olhos cintilantes – uma
realidade tangível – e dirigiu-me a mim com sua voz.

"Quem escreveu 'isso'?" O jovem perguntou-me, referindo-se ao meu


cartaz.

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"Eu."
Ele me olhou, notavelmente comovido.
"Você," ele disse. "Você é uma estrangeira!".
"Sou ariana e Nacional Socialista", respondi. "Nenhum ariano
merecedor de seu nome pode esquecer a dívida da gratidão ao Führer – o
salvador de toda uma raça – e à Alemanha, que agora descansa em ruínas
por ter lutado por em prol de seus direitos, pela existência de uma
humanidade superior".
Minha resposta, enfadonha e regada à sinceridade, aparentou ter
despertado-lhe prazer. Mas ele não teceu comentários a respeito. Apenas me
fez algumas perguntas.
"Onde você adquiriu ‘esses’ impressos?", perguntou-me, novamente
referindo-se aos cartazes.
"Na Inglaterra".
"E você os traz junto consigo?"
"Sim, comigo mesma. Por três vezes estive na Alemanha com três
sucessivos materiais de diferentes folhetos ou panfletos, e por sete vezes
cruzei a borda entre Saarland e a Zona da França com um grande ou
pequeno número deles. Eu sempre os carrego. O desconhecido poder dos
céus está a cuidar de mim".
"E há quanto tempo você está fazendo isso?"
"Eu comecei há oito meses atrás. Eu queria começar assim que
chegasse da Índia - três anos atrás – pois tinha tomado conta disso para
então obter a permissão de cruzar a fronteira sob um ou outro pretexto. Mas
tive de esperar".

O jovem alemão veio ao meu encontro e pegou-me pelos braços.

Ele era muito mais alto que eu, e, naturalmente, muito mais forte. Eu
pude sentir a pressão de seu corpo atlético, e vi o brilho nos seus olhos,
diretamente nos meus.

"Então, isso é por ele, por nosso Führer, que você veio do outro lado, de
um fim de mundo, para nos ajudar em meio às nossas ruínas!" disse ele.
Havia uma profunda emoção em sua voz. Ele pausou-se por um segundo,
sussurrando-me em seguida: "Nosso Führer, nosso amável Hitler! Você
realmente o ama. E você realmente nos ama!".

Senti uma onda de indescritível felicidade que encheu meu peito. E


fiquei rubramente corada.

"Eu o adoro", disse, também a sussurrar-lhe. "E eu amo tudo o que por
ele é feito e a tudo pelo que ele demonstrou seu amor. Vocês, seus gloriosos
compatriotas, vocês são as pessoas encarregadas de algo que ele dedicou

16
sua vida; sua Alemanha imortal, tão linda, tão brava, e, hoje, tão infeliz".

Os olhos claros fitaram-me de forma profunda, como se ele tivesse


tentando decifrar a história de minha vida. "E você", perguntou-me o homem
por último, "Quem é você?”.

"Eu já disse: uma ariana vinda de longe"

Para fora das portas, o vento amargo continuava feroz, e pude ver a
parede arruinada contra o fundo escuro da noite. Em um flash, recordei uma
visão de todo um país; centenas de milhares de paredes feito migalhas; ruas
em que – como na Schloss Strasse de Koblenz, que eu havia visto – não
havia uma casa simples sequer. Mas, ao longo dessas ruas, marchando à
maneira de um guerreiro, e cantando em seu próprio caminho, lembrei-me
dos veteranos e sua guerra perdida e todos os seguintes anos de
perseguição, lado a lado com a juventude de uma Alemanha ressurgida – o
exército do Quarto Reich, um dia; fora do caos: ordem e poder; fora da
servidão e morte, a vontade de viver e conquistar. Sorri, como uma lágrima
que rolou sobre minha bochecha. Senti-me inspirada, o que raramente estou.

"Você se lembra", disse, "Dos grandiosos dias quando você esteve em


marcha pelas ruas, a cantar o som da conquista?

Devemos marchar adiante,


Mesmo que tudo venha a despedaçar-se;
Hoje, é a Alemanha que nos pertence,
E amanhã, o mundo todo".

Centenas de bandeiras carregando o símbolo sagrado da Suástica,


penduradas nas janelas, em ordem festiva; milhares de braços estendidos
saudavam a marcha que seguia adiante – o começo de um futuro sem fim no
qual você acreditou. Você se lembra o quanto você se sentiu forte e, ao
mesmo tempo, tão feliz nessa ocasião?

O desastre seguiu, bem o sei, com seu rastro de uma miséria


imprevista; fome, destituição, servidão, ruína total – é em meio a esse horror
que nós nos mantemos em pé. E ainda, do fundo de meu coração eu lhe
digo: a canção do triunfo não foi uma mentira; o sonho estupendo ainda
tornar-se-á verdade; tão logo, a verdade surgirá, a despeito das bombas
fosfóricas, a despeito de quatro anos de sofrimentos sem precedentes por
conta das perseguições, da "desnazificação". Nada pode manter isso longe
da verdade vindoura, à medida que o tempo segue – "Hoje é a Alemanha que
nos pertence, e amanhã, o mundo todo.".

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Pausei-me, e um flash de contentamento sobrenatural fez meu rosto
brilhar. Falei, com a constrangedora certeza de uma pessoa por quem a
escravidão de um tempo e um espaço havia deixado de existir. "O que penso
e sinto hoje", disse, – "Eu, a insignificante estrangeira Nazi, – toda a raça
Ariana irá pensar e sentir amanhã, no próximo ano, em um século, enfim, não
importa quando, mas estou certa de que um dia o fará. Sou um dos primeiros
frutos do próspero futuro e reverência de milhões por nosso Führer e por seus
ideais. Sou eu 'o mundo todo', conquistado por seu espírito, por sua alma; o
símbolo vivo, enviado a você por Poderes desconhecidos, no momento do
martírio, para falar-lhe, gloriosos alemães, que o mundo os pertence porque
vocês o merecem.".

O jovem olhou-me com profunda emoção, apertando-me contra seus


braços como se eu tivesse reconquistado o mundo. Eu estava intensamente
feliz. Sabia, ao fim, não estar causando nenhum dano. Para este homem, não
foi o Sr. G.W. um indivíduo, assim como eu não era Savitri Devi Mukherji. Não
havia nada particular em sua espontânea gesticulação, ou em seu reverente
abandono com o qual o aceitei, respondendo-o. O jovem soldado foi, diante
de meus olhos, a juventude da Alemanha, destemida,em meio às
perseguições como nas batalhas; um desses "homens de ouro e aço" a quem
eu havia exaltado no livro. Eu então estava escrevendo. E, para ele, eu era
uma estrangeira Nazi – amiga da Alemanha – nada mais, nada menos.

Ele fitou-me por um minuto, sem pronunciar uma só palavra, como se


um amigo, em dias cruéis, estivesse olhando algo de valor.

"Sei o que você pretende dizer com cada palavra", ele sussurrou por
último, "E agradeço-lhe: e eu deveria ajudá-la. Após tudo o que sofremos, é
refrescante ouvi-la falar. Você elevou sua esperança, sua autoconfiança em
nossos corações. Você nos fez sentir que aqueles que lutaram nos tempos
passados, em dias de guerra, deveriam se sentir como se estivessem ao
término da primeira delas. O que proporciona tamanha força às suas
palavras?"

"Meu amor pelo Führer. Sinto-me inspirada quando falo a seu respeito".

"Nosso Führer!" repetiu o jovem, com apaixonada devoção, ecoando


meus próprios sentimentos. "Você está certa. Eu irei ajudá-la na medida em
que puder. Dê-me todos os cartazes que você possui consigo".

Ele perdeu seu abraço. Apanhei minha mala, dando-lhe um pacote com
quatrocentos ou quinhentos cartazes, camuflados em revistas de moda. Ele
cuidadosamente escondeu-o entre suas roupas. "É tudo o que você tem?",
perguntou-me.

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Sorri. "Não", disse, "Mas deixe um pouco para o resto da Alemanha".

"Você está certa", me disse. E ele sorriu para mim pela primeira vez.
Colocou minhas mãos junto das suas, e olhou-me como se estivéssemos a
conversar pela última vez. "Quando e onde posso encontrá-la novamente?",
ele perguntou. "Nós precisamos conversar novamente.".

"Não tenho endereço permanente", respondi. "Mas se você não se


importar, poderá deixar o seu – se você tiver um – junto da 'Missão Católica'
desta estação. Devo retornar aqui em exatamente uma semana – talvez na
próxima noite de Sábado – e perguntarei por seu endereço neste lugar. Neste
período, seja cuidadoso, oh, e como! Não cometa nenhuma asneira que
possa colocar-nos juntos em encrenca. Não estou dizendo 'Não me traia',
porque sei que você nunca faria isso.

O franco alemão, olhou-me seriamente, de uma forma intensa como


jamais tivesse me olhado antes, e suas mãos fortes apertaram as minhas em
um gesto de reafirmada camaradagem: "Nunca!", disse ele. E, abaixando sua
cabeça à mesma altura da minha, sussurrou-me: "A marca está aqui, sobre
minha pele. Isto não cairá. Você pode confiar em mim.".

A marca... Entendi, – e senti uma admirável afeição, limitada à


reverência, que crescia em mim por esse meu novo amigo. O rosto irradiava.

"Então, você fez parte da S.S.?", disse a ele, em tom baixo, no mesmo
tom que uma dama de Roma diria a um veterano: "Então, você fez parte da
Guarda Pretoriana?".

"Estive no comando dos homens da S.S.", respondeu-me o jovem, com


orgulho, ainda que através de um sussurro.

Pensei em tudo o que ele havia me dito sobre seu sofrimento às mãos
dos inimigos. E quando olhei sobre ele, lembrei-me da primeira estrofe de
uma canção dos homens da S.S. "E se tudo se tornar infiel, nós certamente
permaneceremos gloriosos".

Ouvi um barulho – uma porta abriu, fechando-se novamente –


deixando-me assustada. Mas não estava em nosso percurso. Ainda, eu
estava atenta que o trem poderia não permanecer vazio por muito tempo.

"Logo, terei de partir", disse. "Será melhor se você descer agora,


enquanto ninguém o vê. Eu tornarei a vê-lo na próxima semana. E, por favor,
esteja atento! Até logo! Heil Hitler!".

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"Heil Hitler", respondeu-me o jovem, retornando à minha saudação.

Ele foi para fora do trem e seguiu seu caminho. Assisti ao desaparecer
de sua pessoa alta no amargo da noite fria.

Poucos minutos depois, o trem tomou partida. Sentada em um canto do


compartimento escuro, onde mais pessoas escolhem seus lugares, também
estive a buscar meu caminho – a localizar novas áreas, a fim de colar novos
cartazes, em outras partes da Alemanha; e, de alguma forma, procurando
manter o espírito Nazi vivo, entre os compatriotas de meu Führer.

Eu estava com frio, mas contente – Ah, tão contente!

*Texto original em inglês, sob o título de “The empty train”, pgs. 1-9, do
capítulo 1, “Part one – Triumph”. Tradução por Tholf zine.

DEVI, Savitri. Defiance. Calcutta, 1951.

Texto original disponível em: http://www.savitridevi.org

A SEDE POR NÚMEROS


Tholf

Se fossem os caixões dos grandes gênios passíveis de tremores à


medida que o contrário absoluto de seus árduos estudos fosse posto em
prática e tomado como certo após suas mortes, estou certo de que Darwin,
Spencer e Galton, dentre tantos outros grandes nomes da ciência, causariam
uma grande catástrofe no mundo moderno – a crescente decepção criaria
tremores, transformar-se-ia em terremoto, cujo solo atingido não se limitaria
apenas ao pertencente território nipônico, alvo comum desta natureza, mas
todo o mundo. Ilustro o cotidiano através desta metáfora, para que de alguma
passemos a refletir sobre o nosso regresso. Caminhamos de mãos dadas ao
Apothetai universal.

Tudo o que a ciência levou séculos para construir e de alguma forma


pensar no melhoramento dos seres humanos, hoje é simplesmente
descartado, posto de lado pela sensibilidade que paira sobre o raciocínio das
pessoas em geral. Uma sensibilidade depositada e moldada com muito
cuidado por meios de comunicação e religiões em geral, capaz de gerar nos
seus ouvintes e adeptos uma sede por números. Foram-se os tempos onde

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apenas a Igreja Católica, com todo o seu poder, era responsável por grandes
mobilizações com o intuito de derrubar as teses anti-criacismo de Darwin.
Hoje a mobilização é geral, individual ou coletiva, ditada pela sensibilidade.
James Watson, grandioso cientista, foi duramente criticado ao expor suas
idéias em prol das práticas eugênicas em seu livro a respeito do DNA, tendo,
pelo fim, de se aposentar. Em 2004, o governador de Santa Catarina, Luiz
Henrique da Silveira, escreveu um pequeno artigo também em defesa das
práticas eugênicas, colocando-as como o grande fruto do que há tantos
séculos a ciência esteve construindo. Como “reconhecimento”, Silveira foi
duramente criticado, tendo causado um escândalo a nível nacional, sendo
taxado, entre outras coisas, de racista, desumano e, pasmem, retrógrado.

Vivemos na era cuja divindade é a sede por números. Sede a qual vem
ao encontro dos seres humanos que ao caminharem por um deserto,
distraem-se com miragens, utopias como a igualdade, Democracia e a
inclusão social. Chegamos ao ponto de termos de nos adaptar às limitações
daqueles que não estão adaptados. Hoje, por exemplo, várias são as escolas
onde, ao lado do professor, há uma tradutora para surdos que ocupam os
mesmos lugares de seres com boa capacidade auditiva, deixando com que o
ritmo das aulas se torne cada vez mais lento, e que ele, o professor, perca
sua espontaneidade, sua naturalidade de reger suas aulas. Existem casos
piores, é claro. Mas a questão é a seguinte: Que necessidade de integração é
esta, este constante regresso grosseiro, onde os alunos vêem-se obrigados a
adaptar-se ao ritmo dos limitados, dos menos adaptados? Ao que tudo indica,
a lógica de integração está de cabeça para baixo.

Todas as grandes anomalias que a ciência evitou, hoje não são mais
recebem caráter exótico, monstruoso, mas belo. Chega-se ao cúmulo de
afirmar que Síndrome de Down é um dom e como se toda essa manipulação
agisse feito uma motos-serra que pretende abrir nossas cabeças,
depositando assim idéias absurdas, chega-se ao extremo de bonecas
defeituosas serem lançadas no mercado de brinquedos. Neste ponto, somos
“gratos” à “boa moral” das novelas da Globo, que além de ter colaborado para
que os espertos e insensíveis capitalistas enxergassem na anomalia também
uma oportunidade de lucro, ao ponto das nossas crianças não precisarem
mais se dispor a esticar o plástico para deixar suas bonecas feias, ou dar
puxões para que seus brinquedos fiquem sem pernas ou braços. Pergunto-
me que criança irá querer sair de mãos dadas com pai e mãe e ao olhar na
vitrine de uma Brinquedolândia, saltar e insistir por um presente exposto,
sendo este uma boneca defeituosa. Mas, os meios de comunicação são
eficientes. Tão eficientes que depositam até mesmo nas crianças a idéia de
culpa. O inconsciente midiaticamente moldado está a sussurrar aos seus
ouvidos: “Peça para o seu papai para ganhar esta boneca com Síndrome de
Down, porque ela certamente precisa de um cuidado maior, um cuidado

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especial, diário, em tempo integral”. A ciência não consegue barrar as ações
sensíveis, fazendo com que as anomalias cresçam e procurem pessoas que
estejam comovidas, dispostas a largar suas funções na cadeia social para
cuidar de uma anomalia que nunca será dependente. Devemos lembrar
também da crescente febre de adoção tomou conta dos brasileiros, os
sempre comovidos brasileiros. Movidos pelo dó, abrem os braços para as
adoções de anomalias, sem se darem conta de que estes seres, limitados por
natureza, nunca teriam capacidade de sobreviverem sozinhos em um mundo
como o nosso. Até mesmo com um cão, por menor que seja, temos maior
certeza de que se solto nas ruas, a probabilidade de sobrevivência é
assustadoramente maior que a de um humano, o que dirá um humano com
limitações físicas e psíquicas! “Como você tem coragem de querer eliminar
um doente logo que eles vêm ao mundo?”, assim podem me perguntar os
sensíveis. Respondo-lhes desta forma: “Bem, como você é que tem coragem
de prolongar a existência de um ser limitado por natureza, incapaz das mais
simples tarefas? Como você, que se considera uma pessoa ‘de bem’, tem
coragem de endeusar o deficiente depois de adulto, quando ele realiza
tarefas que aos nossos olhos são ridículas, pretendendo, por fim, iludir tanto
os deficientes quanto a nós mesmos de que somos iguais?”. E grande parte
dos seres que tanto protestam pela “sede à vida”, é certo que, na prática, não
estão dispostos a largar sua vida cômoda, seu tempo integral e precioso para
dedicar-se aos cuidados da anomalia vivente. É como, à medida que uma
cárie toma maiores proporções, forçar-se a escová-la, temendo sofrer a dores
da tão famosa máquina que os dentistas costumam usar: a longo prazo, por
ter fugido de uma dor instantânea, toda a estrutura dental poderá ser afetada.
Assim é com a sociedade, quando afetada pelos alardes, pela sensibilidade
hipócrita e irracional, que não tardará a comprometer sua estrutura. Afinal,
exemplos são vários na história, de que juntar-se às massas e destruir torna-
se mais fácil que se propor à construção de algo novo.

Não bastando todo o apelo à diversidade racial, cultural, sexual, cujo


objetivo é eliminar grande parte das peculiaridades e impor um único modelo
a ser seguido, temos por agora de aceitar uma diversidade de limitações
biológicas. Pergunto-me: de que forma enfrentará uma guerra com um
método inexistente de seleção natural, este nosso exército espartano do
século vinte e um? A sede por números, dita sede “pelo direito à vida”, ditado
por uma sensibilidade hipócrita, comumente chega ao cúmulo do absurdo.
Filhos nascem completamente limitados, impossibilitados pela vida toda de
serem autônomos, mas, por representarem mais um número, são
glorificados, vangloriados. Ainda possuo claras lembranças de ter visto em
certa reportagem, uma mãe que agradecia aos céus pelo filho, que nascera
limitado física e mentalmente, com parte do seu cérebro para fora da cabeça.
Se o deus a quem estas pessoas atribuem este tipo de acontecimento, fosse
de fato o responsável por estas criações humanas, eu cogitaria a idéia de que

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no mínimo ele seria um grande sádico. Dizia o velho ditado popular de que os
japoneses costumam chorar ao nascimento de um bebê. Haverá para eles,
por agora, um além-choro, um verdadeiro derramamento de lágrimas, com a
glorificação não apenas de números, mas de números com defeito que estão
vindo ao mundo?

Não compreendo como a Eugenia, a mais poderosa proposta de


melhoramento dos humanos pode ser tão mal vista. Comumente, associa-se
Eugenia ao branqueamento, o que são coisas bastante distintas, sem se dar
conta que em termos de Brasil, hoje talvez os únicos realizadores deste ritual
que ainda mantêm-se fiéis são os indígenas. Em suas tribos, cada pessoa
possui uma determinada função. Se uma criança nasce com limitações,
necessitar-se-á disponibilizar a ela cuidados especiais por parte de alguém
que teria de deixar suas atividades especificas, comprometendo assim toda a
lógica, toda a estrutura da tribo. O que normalmente os meios de
comunicação e acadêmicos em geral onde as questões acerca da Eugenia
são discutidas, faz-se, por trás das cortinas, um malicioso juízo de valor: para
os indígenas, a Eugenia é vista como um mal necessário, mas que acima de
tudo representa o cultivo de suas tradições, a garantia da longevidade de seu
povo; Mas, para os brancos, Eugenia significa crueldade, um ato brutal
contemplado por desprezíveis seres, insensíveis, destruidores do tão repetido
“direito à vida”.

Penso, assim como Heidegger, que enquanto não se cria


absolutamente nada, a vida é simplesmente inútil. Não compreendo por que
há tanta sede pela vida de uma criança que simplesmente veio ao mundo,
não tendo construído absolutamente em campo algum, nada em seu instante
de vida. Se existe a possibilidade de efetuar uma nova gravidez, por que
então ter de aceitar novos seres limitados? Que exército do regresso e da
involução é este, que estamos compondo? Por que se torna tão difícil para as
pessoas a compreensão de que a seleção natural, o darwinismo social,
pretende o melhoramento humano? Disputas estão por todos os lados, mas
ironicamente a mais natural de todas é vista como injustiça: a disputa pela
vida, em que consiste a seleção natural.

Hoje o mundo das gestantes atua como uma grande fábrica de peças
que estando no auge da produção, vê nisso uma ótima oportunidade de suprir
a necessidade de consumo aonde suas peças chegam. A idéia de consumi-
las está de uma forma tão disseminada que essa fábrica não mais busca o
equilíbrio, a gangorra onde duas meninas de mesmo peso costumavam
brincar em outros tempos. Enquanto uma emagreceu, outra se tornou cada
vez mais gorducha, consumidora excessiva de “outras peças”, peças
comestíveis. Assim, na gangorra, a qualidade tornou-se baixíssima, em
conseqüência elevando a quantidade. As pessoas circulam dia e noite atrás

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das tão cobiçadas peças, feito zumbis, ainda que não andem de braços
esticados. Elas estão carentes. Decepcionadas com o mundo. Precisam se
apegar a algo. A fábrica então percebe que não há mais sentido em aprimorar
as peças, passando-a por vários testes afim de que elas se tornem mais
resistentes e adaptáveis às necessidades do mundo. As peças então passam
a serem feitas de qualquer maneira, e são recepcionadas com fervor por
parte dos consumidores. Peças tortas, frágeis, com pouca durabilidade, são
disputadas a tapa e pontapés, pois as pessoas têm sede. Assim tem sido
nosso mundo, onde a quantidade encobriu o que a qualidade humana um dia
significou. E a fábrica da vida já não se preocupa com o que um dia significou
a sua preocupação com qualidade, porque tem consciência de que suas
peças serão consumidas em tempo recorde, cada vez menor.

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