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ORGANIZAÇÕES HOSPITALARES
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Chance ler
Dom Dadeus Grings
Reitor
Norberto Francisco Rauch
Vice-Reitor
Joaquim Clotet
Conselho Editorial
Antoninho Muza Naime
Antonio Mario Pascual Bianchi
Délcia Enricone
Helena Noronha Cury
Jayme Paviani
Jussara Maria Rosa Mendes
Luiz Antonio de Assis Brasil
Marília Gerhardt de Oliveira
Mirian Oliveira
Urbano Zilles (Presidente)
Diretor da EDIPUCRS
Antoninho Muza Naime
Ricardo Minotto
A ESTRATÉGIA
.. EM
ORGANIZAÇOES HOSPITALARES
2a edição
EDIPUCRS
Porto Alegre
2003
© EDIPUCRS, 2003
1" edição: 2002
Capa:
Luciano H. Rodrigues e
Mariana W. Gauterio
Fotos da capa:
Carolina Leal e
Mariana W. Gauterio
Preparação de originais:
Eurico Saldanha de Lemos
Revisão:
do autor
Editoração:
Supernova Editora
Impressão e acabamento:
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~ EDIPUCRS
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www. pucrs. br/edip ucrs
Proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem a autorização expressa da Editora.
Caracterizar-se como uma Instituição Filan-
trópica não pode ser confundido com beneme-
rência e altruísmo na gestão.
Pela magnitude dos propósitosfocados na na-
tureza humana, bem como pela própria escas-
sez de recursos de toda a ordem, o segmento
Filantrópico urge por Estratégias Empresariais
efetivas e Sistemas de Gestão profissionalizados.
RICARDO MINOTTO
AGRADECIMENTOS
Muito Obrigado!
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1 INTRODUÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2 PROBLEMA E DELIMITAÇÃO DO TEMA . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . 19
3 OBJETIVOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
OBJETIVO GERAL............................................................. 23
OBJETIVOS ESPECÍFICOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... 23
PRESSUPOSTOS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . 23
4 REVISÃO DA LITERATURA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
REFERENCIAL TEÓRICO................................................... 25
A Evolução das Teorias Administrativas ... ... .. .... .. .. .. .... .. 25
A Estratégia e a Vantagem Competitiva .......................... 27
· A Estratégia: Origem e Criação .... ... ... ...... ...... .. .. .. .... .... 27
· Definições e Dimensões da Estratégia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
· O Planejamento Estratégico e a Moderna Estratégia... 34
· Maneiras de Formular Estratégias .. ... ... ... .. .. .. .. .. ..... ... .. 36
· Metas Financeiras e Conseqüências Estratégicas . . . . . . . . 38
· Estratégia e Política Financeira.................................... 40
· A Estratégia Competitiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 42
· A Vantagem Competitiva............................................... 44
· Excelência Operacional. Estratégia, Core Competencies,
Criatividade, Ambição . ... .......... ........ ............ .. .. ..... .... .. . 49
· Estratégia e Teoria Organizacional como Modelos de
Vantagem Competitiva .. ... ... ....... ..... ...... .. .. .. .. .. ....... .. . ... . 51
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA............................................... 53
A Gestão ou Administração Hospitalar . .. ..... ... .. .. .. ..... .. .. 54
· A Evolução e Conceitos . ... . .... .. . .. .. ... .. . .. . .. . . ... . .. ... .. . .. . .... 54
· As Funções do Hospital. Produtos e Serviços.............. 56
· A Gestão da Qualidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
· A Gestão Econômica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
· Sistemas de Avaliação do Desempenho e Gestão . . . . . . . . 70
O Mercado Hospitalar e o Sistema de Saúde ...... .... .... ... 74
A Competição e Estr atégias na Indústria Hospitalar . . ... 77
A Estratégia em Hospitais do RS... ....................... .... .. .. .. 83
5 METODOLOGIA . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
DEFINIÇÕES....................................................................... 85
AMOSTRA.................................................. .. ....................... 87
COLETA DOS DADOS........................................................ 87
TRATAMENTO DOS DADOS: ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO 90
6 APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS
RESULTADOS . . .. .. .. . .. . .. . .. .. . .. . . .. . .. . .. . . . .. .. .. . . . . .. .. .. .. . .. .. .. .. . . . . .. 91
SANTA CASA DE PORTO ALEGRE .. .... .. ...... ...................... 91
Perfil da Organização......................... .......................... ... 91
Estratégia e Gestão .... ................ .... .. .... .. .. .... ................... 95
Desenvolvimento e Formulação das Estratégias ............ 98
Desdobramento das Estratégias...... ...... ....................... .. 102
Sumário das Entrevistas .... ...... .... .. . .... .... .. ..... ................ 107
Indicadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 125
HOSPITAL SÃO LUCAS DA PUCRS ...... ............ .. .. .............. 126
Perfil da Organização...... .................. .............................. 126
Estratégia e Gestão .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . .. . .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. .. . 130
Desenvolvimento e Formulação das Estratégias ............ 132
Desdobramento das Estratégias..... .. ... .. .. .. ............ .. ....... 134
Sumário das Entrevistas ....... ....... .... ..... ...... ................... 137
Indicadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 152
HOSPITAL TACCHINI .......................................... ............... 153
Perfil da Organização...................................................... 153
Estratégia e Gestão . .. . . . .. . . . . . .. . .. . . .. . .. .. . .. . .. . . .. . . .. . . .. .. . . . .. .. .. . 156
Desenvolvimento e Formulação das Estratégias .. .......... 158
Desdobramento das Estratégias............................. .. ...... 160
Sumário das Entrevistas .. ...... ... ... .... .. ... . .. ..... .. ........ .... ... 163
Indicadores ............................................... ... .. .. ............ ... 174
7 CONCLUSÕES .. .. . . .. .. .. .. .. . . .. .. . .. .. .. .. . . .. .. . .. .. .. . .. . .. .. . .. .. . . .. . . . .. .. 175
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..... .................. .... .... ........ 175
CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................... ....... ....... 181
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........ .. ............... ......... . 183
ANEXOS
1 ROTEIRO DE. IDENTIFICAÇÃO DO HOSPITAL........ .. ........ 189
2 ROTEIRO DE ENTREVISTA ....... .... .. . ... .. ...... ... ......... ..... .. ... 190
14 Ricardo Minotto
·~publicação desta dissertação na forma de um
livro é uma ótima iniciativa do Ricardo Minotto com
o suporte da PUCRS. Será uma importante contribui-
ção ao profissionalismo da gestão estratégica hospi-
talar no Brasil. Servirá como uma referência de ex-
celência dos grandes complexos hospitalares pes-
quisados no desenvolvimento da dissertação de mes-
trado".
20 Ricardo Minotto
o Como a estratégia está presente e é desenvolvida nas
organizações hospitalares?
Como questões acessórias apresenta-se:
o Como as estratégias são definidas nos hospitais?
OBJETIVO GERAL
• Conhecer e analisar que métodos são adotados pelos
hospitais para o desenvolvimento de estratégias empre-
sariais.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Identificar como as estratégias são definidas pelos hos-
pitais.
• Identificar quais as estratégias já desenvolvidas ou em
desenvolvimento pelos hospitais, e seus respectivos des-
dobramentos.
• Identificar que mecanismos são utilizados pelos hospi-
tais para avaliar a efetividade das estratégias adotadas.
PRESSUPOSTOS
Considerando o campo de pesquisa três hospitais doEs-
tado, com reconhecida reputação e destaque em suas regiões,
em especial quanto à existência e desenvolvimento de estraté-
gias, e que a efetividade destas (estratégias) deve se refletir
nos resultados das organizações, faz-se o estabelecimento de
alguns pressupostos em relação à problemática estudada,
conforme segue:
• a efetividade das estratégias deve estar associada aos
indicadores de desempenho econômico-financeiro, de
produtividade e volumes assistenciais, bem como de
satisfação dos clientes e funcionários;
24 Ricardo Minotto
4 REVISÃO DA LITERATURA
REFERENCIAL TEÓRICO
A Evolução das Teorias Administrativas
Conforme Ferreira, Reis e Pereira ( 1997), o estudo cientí-
fico das teorias administrativas surgiu ao final do século XIX
e início do século XX, a partir das contribuições de Taylor e
Fayol, as quais caracterizam a Administração Científica e Ad-
ministração Clássica, respectivamente.
Frederick Taylor foi o precursor da Administração Cientí-
fica, com origem no chão de fábrica e enfoque no nível de pro-
26 Ricardo Minotto
Entretanto, o foco principal da pesquisa está relacionado
a estratégia empresarial. sua concepção, definição e desen-
volvimento.
a) A Origem da Estratégia
Henderson ( 1987) apresenta as discussões da estratégia
transcendendo o contexto empresarial, e estabelece uma cor-
relação do uso e efeitos da estratégia no ambiente empresa-
rial com o mundo real dos seres e animais.
Segundo Henderson (1987). o Princípio de Gause da Ex-
clusão Competitiva refere que a competitividade existiu mui-
to antes da estratégia, pois durante muitos anos a seleção
natural de Darwin, baseada na adaptação e sobrevivência do
mais apto, já estabelecia a competitividade. No ambiente de
competitividade, o que melhor se adapta desloca os demais.
Entretanto, o mesmo autor argumenta que há diferenças
básicas entre as competições biológicas e a comercial. Na co-
mercial. os estrategistas de negócios podem usar a imagina-
ção e a capacidade de raciocínio lógico para acelerar os efei-
tos da competição e a velocidade das mudanças, isto é, a imagi-
nação e a lógica tornam possível a estratégia, situação que
não está presente na competição biológica.
28 Ricardo Minotto
• a capacidade de avaliar e decidir sobre os investimen-
tos com segurança e consistência de informações;
• a capacidade e disposição de agir.
A competição estratégica comprime o tempo, requer ati-
tude revolucionária, fazer o tempo certo. A competição natu-
ral é oportunista e apresenta-se como evolutiva. A competi-
ção natural opera por um processo incrementai de ensaios e
erros de baixo risco.
Nos negócios, a paz é um elemento cada vez mais raro,
pois a existência de competidores agressivos está mais pre-
sente e circunstancial. Em todo lançamento de uma estraté-
gia bem-sucedida pelo competidor, as demais empresas con-
correntes devem ter capacidade de resposta (reação) com igual
capacidade de previsão e alocação de recursos, para poder
manter sua posição.
A manutenção da competitividade no contexto de negó-
cios não é fruto do acaso, mas sim resultado de ações es-
truturadas com elevados níveis de competência, criatividade
e oportunidade, em que a estratégia é um diferencial compe-
titivo determinante.
b) A Criação da Estratégia
Mintzberg ( 1987) apresenta a tese de que a imagem de
criação artesanal é a que melhor representa o processo de
elaboração de uma estratégia eficaz.
A abordagem refere-se à comparação que o autor faz, a
partir da construção da imagem de um estrategista criando
sua estratégia, tendo como contraponto a criação metódica,
ordenada e racional do executivo planejando a estratégia em
seu gabinete, e a criação da estratégia de forma artesanal, como
um escultor delineando as formas de sua obra, utilizando todo
o seu instinto, emoção, sentimentos, habilidades e perfeição
da experiência acumulada.
Observa-se que, para qualquer uma das formas apresen-
tadas de criação da estratégia, algum ponto de referência no
futuro deve existir, pois quando não se sabe onde se quer che-
gar, qualquer caminho a ser adotado será inútil.
30 Ricardo Minotto
significativos. Estes momentos representam reorientações es-
tratégicas que geram revoluções culturais com o surgimento
de novos paradigmas.
Mintzberg ( 1987) apresenta a visão popular do estrategis-
ta como um planejador ou como um visionário, e propõe uma
visão adicional apresentando-o como um reconhecedor de
padrões, um profissional em constante aprendizagem, que está
gerenciando constantemente um processo no qual estratégias
e visões podem emergir, assim como podem ser delibera-
damente concebidas.
Gerenciar uma estratégia é gerenciar a estabilidade, e o
verdadeiro desafio de uma estratégia é detectar as desconti-
nuidades que podem ocorrer nos negócios . A estratégia tem
mais a ver com visão, percepção, reconhecimento, do que com
técnica analítica e metódica.
O acesso ao conhecimento de métodos, planos, fatos, está
ao alcance de muitos, porém a sabedoria em relação à em-
presa e o ambiente em que está inserida, os detalhes e nuanças
da operação, dos clientes e do mercado, é de domínio de pou-
cos, os quais podem desenvolver estratégias realmente efica-
zes, com vantagem competitiva.
comum;
o Estratégia é modelo, isto é, um padrão que permite
32 Ricardo Minotto
A premissa da escola do design é que as estratégias
devem ser únicas, concentrando-se mais no processo pelo
qual são desenvolvidas do que a respeito do seu conteúdo
em si.
A escola de planejamento parte da premissa de uma ela-
borada seqüência de etapas, como um processo metódico,
técnico, controlado e consciente de planejamento formal, de-
composto em etapas distintas e com desdobramentos para
diferentes níveis.
A escola de posicionamento afirma que poucas estraté-
gias-chave, como posições no mercado, são desejáveis em
uma indústria. As estratégias são posições genéricas em um
contexto econômico e competitivo, seja em diferenciação
de produtos ou escopo. O processo de formação da estraté-
gia é de seleção de posições. O estrategista normalmente
não concebe ou formula as estratégias, mas as seleciona
como se estivessem em uma árvore de oportunidades estraté-
gicas.
Na escola empreendedora a estratégia existe na mente do
líder como uma perspectiva, uma direção, uma visão de futu-
ro. Caracteriza-se como uma visão global decidida, obsessi-
va, porém emergente nos detalhes e desdobramentos.
A formação de estratégia é um processo cognitivo que tem
um lugar na mente do estrategista: é um processo mental.
Esta afirmação, como premissa da escola cognitiva, leva em
conta o entendimento de que é uma escola de pensamento em
evolução.
A escola de aprendizado está centrada em um processo
emergente, através do comportamento que estimula o pensa-
mento retrospectivo para que se possa compreender a ação.
Neste processo, a liderança tem o papel de não preconceber
estratégias deliberadas, mas de gerenciar o processo de apren-
dizado estratégico, pelo qual novas estratégias podem emer-
gir.
Na escola de poder a formação de estratégia é moldada
por poder, negociação e política, tanto como um processo
dentro da organização, bem como um comportamento da
organização no ambiente externo. As estratégias resultantes
36 Ricardo Minotto
• a perda de agilidade da empresa para reagir rapidamente
as alterações de mercado, devido à extensão do proces-
so de tomada de decisão.
Uma outra característica de empresas de Planejamento
Estratégico bem-sucedido, citada no estudo, é que as mes-
mas tendem a se concentrar em alguns poucos negócios es-
senciais.
A segunda maneira de formular estratégias - o Controle
Financeiro, caracteriza-se por exercer influência através de
um controle orçamentário de curto prazo, no qual as metas
são claras e inequívocas, com retorno de investimento no curto
prazo, e sistema de acompanhamento de desempenho efeti-
vo. É o estilo de gerência que apresenta os maiores níveis de
lucratividade.
Uma virtude complementar do Controle Financeiro é es-
tabelecer um clima claro na empresa, onde as regras e objeti-
vos estão muito bem definidos, com oportunidade de forma-
ção de profissionais e sua evolução no negócio como lideran-
ças ambiciosas e hábeis na tomada de decisões, bem como
estabelece uma linguagem uniforme para a avaliação do de-
sempenho das empresas e de suas unidades de negócio, in-
dependente de sua função, produto ou segmento de atuação.
Os principais pontos fracos ou desvantagens do Controle
Financeiro são:
• seu preconceito contra estratégias e investimentos cujo
retorno ocorre somente no longo prazo;
• estímulo à existência de ações individuais das unida-
des de negócio em busca de suas metas, relegando a
sinergia potencial de ações conjuntas com outras uni-
dades de negócio;
• tendência à obediência extrema aos controles orçamen-
tários, engessando a empresa e limitando sua visão de
oportunidades de negócio.
O estilo denominado Controle Estratégico concilia a visão
de oportunidade e construção da empresa do Planejamento
Estratégico, com a determinação para a maximização de de-
sempenho do Controle Financeiro, estabelecendo um equilí-
brio nas práticas. Caracteriza-se como o estilo que potencializa
38 Ricardo Minotto
áreas e níveis para o seu alcance, isto é, a parcela ou contri-
buição de cada um para o interesse corporativo (Donaldson,
1985).
Os indicadores e interesses das partes envolvidas podem
ser expressões de satisfação ou insatisfação, de produtivida-
de, de fixação e valorização, de participação no mercado, ou
de muitos outros atributos. Destes diversos atributos, há um
que se destaca: o financeiro (Donaldson, 1985).
As metas financeiras da empresa, à medida que expres-
sam os interesses de todas as partes envolvidas. têm a sua
possibilidade de sucesso ampliada.
Entretanto, na fixação das metas, sejam financeiras ou não,
tem-se que considerar alguns aspectos (Campos, 1992):
• a meta deve representar valor agregado para as partes
interessadas;
• a meta deve ser audaciosa, representando e contendo
adequado nível de desafio, isto é, o esforço adicional (o
diferencial), sem no entanto representar algo inalcan-
çável.
O sistema de metas da empresa, seja de longo ou curto
prazo, necessita prever claramente os seus desdobramentos
até os níveis de ação, com execução e resultados no hoje, po-
rém focado no futuro. A estrutura de metas deve permitir iden-
tificar claramente as interdependências entre as diferentes
áreas e interesses e os seus impactos (Campos, 1992). É im-
portante vincular todas as medições a uma cadeia de rela-
ções de causa e efeito, identificando o fator impulsionador na
origem (Kaplan, 1998).
Na execução dos planos e o seu monitoramento, a ação,
participação e comprometimento de todos os níveis da em-
presa deve ser efetiva, com avaliações periódicas de cima para
baixo e de baixo para cima, consolidando-se números, e logo
a seguir desdobrando-os novamente.
Para a execução e avaliação com sucesso dos planos e al-
cance de metas, observa-se que o fator liderança é decisivo,
como elemento catalizador, disciplinador e motivador das
equipes, novamente em uma visão top-down, sendo os geren-
tes a efetiva expressão desta liderança.
40 Ricardo Minotto
ou obter capital através da abertura ou ampliação do seu ca-
pital social.
Na correlação entre a estratégia adotada pela empresa e a
disponibilidade de acesso a capitais, está referido que quan-
to maior for o risco aceito pela empresa em suas operações,
maiores serão as restrições para a obtenção de novos em-
préstimos ou obtenção de capital de novos sócios.
As instituições britânicas financiadoras das operações de
pequenas empresas, nesta relação de aumento do risco a par-
tir da estratégia adotada, têm como prática a exigência de ga-
rantias crescentes, porém as taxas de juros não sofrem pres-
sões de igual significância.
Em termos de restrições aos empréstimos ou à capitaliza-
ção (novos investidores). as quais apresentam comportamen-
to diretamente proporcional aos riscos relacionados às estra-
tégias adotadas pela empresa, pode-se concluir da aborda-
gem de Jordan, Lowe e Taylor (1998) o que segue:
• a estratégia competitiva adotada pela empresa caracte-
riza-se como uma visão de maior risco para o negócio;
• a inovação caracteriza-se também como uma visão de
risco, porém com criatividade;
• a estratégia empresarial caracteriza-se como uma visão
de risco administrado, isto é, ações na esfera conven-
cional.
As proposições elaboradas, em número de 15, foram tes-
tadas utilizando-se métodos quantitativos, selecionados se-
gundo sua aplicabilidade, com o objetivo de verificar a su-
portabilidade dos dados em relação aos modelos utilizados,
e a significância, confirmação e rejeição das hipóteses pro-
postas.
Como conclusões do estudo, os fatores financeiros e os
estratégicos, a intensidade de capital, o fluxo de caixa, a es-
tratégia competitiva e a inovação, interferem nos níveis e con-
dições de endividamento das pequenas e médias empresas.
De outro lado, os efeitos da indústria, a estratégia empre-
sarial, o movimento dos negócios, a taxa de crescimento de
vendas, a lucratividade, a taxa de impostos, o risco e a diver-
sificação, são fatores que não apresentam relação significa-
A Estratégia Competitiva
"A estratégia competitiva visa ... estabelecer uma posi-
ção lucrativa e sustentável contra as forças que determi-
nam a concorrência na indústria'' (Porter, 1990, p. 1 ).
Porter ( 1986, p . 13, 16, 22) afirma que:
"• Cada empresa que compete em uma indústria pos-
sui uma estratégia competitiva, seja ela explícita
ou implícita;
• ... a estratégia competitiva é uma combinação dos
fins (metas) que a empresa busca e dos meios (po-
líticas) pelos quais ela está buscando chegar lá;
• a essência daformulação de uma estratégia é re-
lacionar uma companhia ao seu meio ambiente;
• . . . as forças externas em geral afetam todas as
empresas da indústria, o ponto básico encontra-
se nas diferentes habilidades das empresas em
lidar com elas."
Ameaça de Novos
Entrantes e Barr eiras Novos Entrantes
de Entrada
•
Fornecedores
Poder de Negociação
ro Concorrentes na Indústria
Intensidade da Rivalidade
~ Compradores
Poder de Negociação
dos Fornecedores. e
seus Determinantes
+ dos Compradores, e
seus Determinantes
42 Ricardo Minotto
O elemento-chave para o desenvolvimento de uma estra-
tégia é pesquisar em maior profundidade e analisar as fontes
de cada força, pois estas podem estar aparentes para todos
os concorrentes (Porter, 1986) .
A partir do reconhecimento das forças que afetam a con-
corrência em uma indústria e suas causas básicas, a empre-
sa está em posição de identificar seus pontos fracos e fortes
em relação à indústria. Do ponto de vista estratégico, fun-
damental é o posicionamento da empresa quanto às causas
básicas de cada força competitiva. Uma estratégia competiti-
va efetiva assume uma ação ofensiva ou defensiva de modo a
criar uma posição defensável contra as cinco forças competi-
tivas, como:
• posicionar a empresa de modo que suas capacidades
proporcionem uma melhor defesa contra o conjunto exis-
tente de forças competitivas;
• influenciar o equilíbrio de forças através de movimen-
tos estratégicos e, assim, melhorar a posição relativa
da empresa; ou
• antecipar as mudanças nos fatores básicos das forças e
responder a elas, explorando uma mudança através da
escolha de uma estratégia apropriada ao novo equilí-
brio competitivo antes que os concorrentes a identifi-
quem.
A empresa, ao enfrentar as cinco forças competitivas, pode
adotar três abordagens estratégicas genéricas, potencialmen-
te bem-sucedidas, para superar as outras empresas em uma
indústria: liderança em custo, diferenciação, ou enfoque.
A liderança em custo consiste em que a empresa apresen-
te como tema central de sua estratégia a existência de custo
mais baixo em relação aos concorrentes, permitindo que ela
ainda obtenha retornos depois que seus concorrentes tenham
consumido seus lucros na competição.
A estratégia de diferenciação consiste em a empresa criar
algo que seja considerado único no âmbito da indústria. Sa-
liente-se que esta estratégia (de diferenciação) não permite
que a empresa ignore os custos, mas eles não são o alvo es-
tratégico principal.
A Vantagem Competitiva
A ênfase da Estratégia Competitiva está na compreensão
da estrutura da indústria e na análise do concorrente. Vanta-
gem Competitiva está centrada no modo como transformar
44 Ricardo Minotto
esta compreensão em uma vantagem frente aos concorrentes
(Porter, 1990) .
Uma das fontes de vantagem competitiva das empresas
caracteriza-se como a cadeia de valores. A cadeia de valores
representa as atividades executadas por uma empresa e o
modo como elas interagem.
O exame da cadeia de valores permite a identificação de
atividades de relevância estratégica, as quais quando execu-
tadas de forma mais barata ou melhor que a concorrência,
traduzem-se em vantagem competitiva.
A Cadeia de Valores genérica apresentada por Porter ( 1990)
é a seguinte:
Infra-estrutura da Empresa
decisão e seu efeito nos custos (em geral está mais as-
sociado ao ciclo econômico do que a uma posição abso-
luta), podendo representar singularidade, também;
46 Ricardo Minotto
• políticas discricionárias ou específicas: conjunto de
decisões da empresa que afetam os custos, não estan-
do relacionadas com os outros condutores de custos,
como por exemplo especificações relativas ao produto,
a tecnologia de processo empregada, canais de distri-
buição, intensidade de investimentos em propaganda,
etc;
• localização: embora possa ser considerada como uma
política específica, a localização geográfica de uma ati-
vidade de valor pode afetar seus custos de mão-de-obra,
administração, logística, etc;
• fatores institucionais: incluem regulamentações gover-
namentais, férias fiscais e outros incentivos financeiros,
sindicalização, tarifas e tributos, entre outros, como con-
dutores de custos ou diferenciação.
Uma outra fonte de vantagem competitiva das empresas é
resultante da relação da tecnologia e o seu papel na cadeia de
valores e da habilidade resultante de uma empresa atingir uma
diferenciação e/ou baixo custo através de suas atividades de
valor.
Gattes (2000) afirma que a tecnologia de informação, em
especial a Internet, representa um meio poderoso para as
empresas tornarem o fluxo de informações entre os diferen-
tes elos da cadeia de valor e com todos os clientes atuais e
potenciais, mais eficiente.
A estratégia tecnológica representada como a maneira em
que a empresa pode prever a trajetória da transformação
tecnológica com o desenvolvimento da indústria, poderá tra-
duzir-se como vantagem competitiva.
As empresas que conquistam uma vantagem competitiva
passam a caracterizar-se como líderes em sua indústria. As
demais empresas da indústria poderão caracterizar-se como
seguidoras ou desafiantes, à medida em que estabelecerem
ações almejando a liderança.
Porter ( 1999) cita, também, os clusters como elementos
de competitividade. Os clusters são concentrações geográfi-
cas de empresas de determinado setor de atividade e compa-
nhias correlatas, podendo promover tanto a concorrência como
48 Ricardo Minotto
Excelência Operacional, Estratégia, Core Competencies,
Criatividade, Ambição
Porter (1997, p. 7) apresenta que" ... asjerramentas
gerenciais dizem respeito a coisas que todas as empresas
devem jazer, mas a estratégia se refere às coisas que ja-
zem com que determinada empresa seja diferente".
Porter ( 1997) cita, também, que na última década houve
uma explosão de ferramentas gerenciais, refletindo a preocu-
pação das empresas com a eficiência operacional. Entretan-
to, estas ferramentas não substituem uma estratégia.
Para Prahalad (1998, p. 7), "... a estratégia baseia-se em
fazer a pergunta: como podemos moldar as expectativas dos
clientes e de nosso setor de atividade?" Complementa com a
importância do crescimento para as empresas, a necessidade
de esquecer algumas lições do passado, desenvolver uma ar-
quitetura estratégica para vislumbrar como o futuro poderá
ser, e sobretudo, a importância de adquirir competências es-
senciais.
Para Porte r (1997, p. 9-1 O). a competência essencial é um
conceito muito vago para orientar uma estratégia; "... qualquer
coisa pode ser denominada competência essencial e isso leva
muitas empresas a usar o conceito de maneira errada".
'1'\. estratégia precisa ser baseada em atividades e não
em competências. Devem ser apoiadas em coisas espe-
cificas que as empresas jazem e estejam relaciona-
das com a vantagem competitiva." (Porter, 1997, p. 10).
Rapp (2000, p. 60) alerta que "No mundo interconectado
em que vivemos, a competência essencial de qualquer em-
presa não é outra senão o relacionamento que mantém com
o cliente".
Para Eisenhardt (1999, p. 87).
"... o conceito tradicional de estratégia, de uma posi-
ção dominada baseada em competências essenciais
de longo prazo e no desenvolvimento de capacida-
des que permitam a empresa se defender dos con-
correntes já conhecidos, não é suficiente ... A nova
estratégia é a estratégia essencialmente temporária,
adaptável e complexa, ou seja, com uma grande va-
riedade de movimentos possíveis".
50 Ricardo Minotto
A Estratégia Orientada pela Ambição difere da estratégia
tradicional em três pontos fundamentais, segundo Bock et
alli (1999):
• cria um conteúdo baseado no futuro orientado pela
ambição;
• garante um comportamento harmonizado com os obje-
tivos;
• proporciona uma gestão contínua do processo de acor-
do com um conjunto balanceado de indicadores de de-
sempenho.
52 Ricardo Minotto
Segue quadro comparativo das teorias sobre vantagem
competitiva:
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
O escopo da pesquisa bibliográfica relativa a Hospitais
e o Mercado da Saúde, na dimensão da estratégia e dos
elementos necessários ao seu desenvolvimento, é o que se-
gue:
• A Gestão ou Administração Hospitalar;
• O Mercado Hospitalar e o Sistema de Saúde;
• A Competição e Estratégias na Indústria Hospitalar;
• Terminologia Hospitalar (pós-texto).
A Evolução e Conceitos
Cherubin ( 1977, p. 3) refere que os hospitais foram
construídos, inicialmente, para dar abrigo aos pobres, come-
çando" ... depois a hospedar os peregrinos passando.jinal-
mente, a atender também os acometidos de peste".
Refere ainda, que na fase evolutiva dos hospitais, estes se
limitavam a uma medicina puramente curativa, não tendo
qualquer preocupação pela profilaxia, ensino e pesquisa. De
qualquer forma, firmava-se o conceito de hospital como sen-
do uma instituição dedicada ao tratamento de pessoas enfer-
mas.
Observando as necessidades e exigências crescentes da
população, progressivamente desenvolve-se a especialização
médica dos serviços hospitalares.
Os primeiros hospitais construídos no Brasil foram a Mi-
sericórdia de Santos em 1543, o Hospital de Olinda e a Santa
Casa de Santos, ambos ainda no século XVI. Entretanto,
"... somente após a terceira década do século XX é
que a administração hospitalar começou a apresen-
tar sinais de presença, pelo menos como potencial"
(Mirshawka, 1994, p. 21). ·.
Cherubin ( 1977, p. 3) relaciona o conceito atual de hospi-
tal ao conceito de sua finalidade precípua - a saúde, definida
pela OMS - Organização Mundial da Saúde como "Perfeito
bem-estar físico, social e mental, inclusive espiritual, e não
a simples ausência de doença ou enfermidade".
54 Ricardo Minotto
Segue a definição de hospital da OMS- Organização Mun-
dial da Saúde:
"O hospital é parte integrante de um sistema
coordenado de saúde, cujafunção é dispensar à co-
munidade completa assistência à saúde preventiva
e curativa, incluíndo serviços extensivos à família,
em seu domicílio e ainda centro deformação para os
que trabalham no campo da saúde e para as pesqui-
sas biossociais" (Cherubin, 1977, p. 4).
Mac Eachern, pioneiro na administração científica dos
hospitais norte-americanos, conceitua hospital como a repre-
sentação do direito inalienável do homem à saúde e o re-
conhecimento pela sociedade desse mesmo direito (apud
Cherubin, 1977 e apud Mirshawka, 1994).
Carvalho ( 1984, p. 31) define hospital como sendo "... a
instituição, devidamente aparelhada em pessoal e mate-
rial, destinada ao diagnóstico e tratamento de pessoas que
necessitem de assistência médica diária e cuidados perma-
nentes de enfermagem, em regime de internação".
O Ministério da Saúde conceitua hospital
"... como parte de uma organização médica e social,
cuja função básica consiste em proporcionar à popu-
lação assistência médica integral, curativa e preven-
tiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusi-
ve domiciliar, constituindo-se também em centro de
educação, capacitação de recursos humanos e de pes-
quisas em saúde, bem como de encaminhamentos
de pacientes ... " (Mirshawka, 1994, p. 15).
Mac Eachern adverte que
"... de todas as empresas modernas, nenhuma é mais
complexa do que o hospital. Como objetivo fundamen-
tal, tem ele um simples propósito: receber o corpo
humano quando, por alguma razão, se tornou doen-
te auferido, e cuidar dele de modo a restaurá-lo ao
normal, ou tão próximo quanto possível do normal"
(apud Mirshawka, 1994, p. 22).
Novaes e Paganini ( 1992, p. 118) refere que
56 Ricardo Minotto
la; porém, estudar medicina sem pacientes equivale a nem
sair no mar".
Kretchmer (apud Mirshawka, 1994, p. 29) define pesqui-
sa como "... o esforço consciente do homem no sentido de
encontrar novosfatos pela exploração, de relacionar uns com
os outros e deles derivar novos princípios e generalidades".
Harvey (apud Mirshawka, 1994, p. 29) assinala que "...
não há melhor maneira de fazer avançar a prática da me-
dicina do que aplicar nossas mentes não apenas na desco-
berta do trabalho normal da natureza, mas também na cui-
dadosa investigação das mais raras formas de enfermi-
dade".
Novaes e Paganini ( 1992) cita o enfoque sistêmico da OPAS
- Organização Pau-americana da Saúde, em que os hospitais
formam parte de uma rede de serviços de assistência à saú-
de, associados geograficamente, seja por uma organização
planejada ou como conseqüência de uma organização espon-
tânea dos elementos assistenciais existentes. Esse critério, que
abrange a totalidade da oferta de serviços disponíveis em um
território determinado, foi denominado "Sistemas Locais de
Saúde" (SILOS).
Neste contexto de funções do hospital citado pela OPAS,
deve ser enunciado o papel específico que os estabelecimen-
tos hospitalares devem cumprir, no amplo sentido caracteri-
zado:
• assistência médica continuada: concentrar uma grande
quantidade de recursos de diagnóstico e tratamento,
para no menor tempo possível, reintegrar rapidamente
o paciente no seu meio;
• assistência médica integrada: constitui um lugar inter-
mediário dentro de uma rede de serviços de complexi-
dade crescente;
• assistência médica integral: quando o estabelecimento
pertence a uma rede que garante a disponibilidade de
todos os recursos para resolver cada caso;
• área de programação: o estabelecimento tem uma área
de influência a qual fornece seus serviços e sobre cuja
população os resultados de suas ações devem ser ava-
liados;
Ambientais
o Presença do Es- o Dominante o Decrescente o Insegura
ta do
o Markettng o Desnecessária o Incipiente o Indispensável
Estruturais
o Modelo Organi- o Mesa/Conselho o Hierarquia plra- o Estrutura Parti-
zaclonal Administração mldal clpatlva
o Critérios de Ava- o Corpo Clínico Fun- o Instalações e Equl- o Serviços
Ilação cionárlos pamentos
o Demanda usuá- o Hospitalização o Cirurgia Ambula- o Atendimento Do-
rio-dependente torta! mlcillar
Funcionais
o Modelo Admlnts- o Amadorístlco o Em transição o Profissionalização
trativo
o Financiamento o Particulares oSUS o Convênios
o Informatização o Inexistente o Incipiente o Dominante
o Capacitação dos o Indiferença o Tolerância o Comprometimen-
funcionários to
o Compromisso com o Individualizado o Busca de lnstru- o Obrigatório
Qualidade mentação
58 Ricardo Minotto
Nos fatores condicionantes estruturais destaca-se a evo-
lução nos critérios de avaliação, com tendências à valoriza-
ção dos serviços dos hospitais, considerando que instalações
e equipamentos tendem a se constituírem em commodities.
Nos fatores condicionantes funcionais a ênfase à profissio-
nalização como modelo administrativo também merece des-
taque.
Certamente no desenvolvimento das estratégias, os hospi-
tais necessitam levar em conta esta evolução dos fatores
condicionantes.
A Gestão da Qualidade
Donabedian (apud Schulz e Johnson, 1979) identifica três
maneiras da avaliação da qualidade em hospitais:
• estrutura- envolve a avaliação das instalações e instru-
mentos disponíveis e usados na assistência, indo além
dos aspectos físicos das instalações e equipamentos,
devendo abranger as características da organização admi-
nistrativa e as qualificações dos profissionais de saúde;
• processo - avaliação das atividades dos médicos e de-
mais profissionais da saúde no tratamento do paciente;
• produto ou resultado final - avaliação dos resultados
finais em termos de saúde e satisfação.
Azevedo ( 1991, p. 51) cita que a tarefa do gerente da qua-
lidade, no enfoque de garantia da qualidade, "... é encontrar
um jogo de indicadores que abranjam pontos relevantes de
cada um dos processos que se busca monitorar". Seguem
alguns exemplos de indicadores:
• em nível de estrutura: área física do hospital dentro dos
padrões do Ministério da Saúde (nenhum setor do hos-
pital sem os equipamentos essenciais para seu funcio-
namento, etc.);
• em nível de processo: número de consultas médicas por
hora, média de permanência, taxa de ocupação, etc.;
• em nível de resultado: proporção de procedimentos ci-
rúrgicos sem complicações, número de crianças de cer-
ta faixa etária vacinadas, etc.
60 Ricardo Minotto
Outro aspecto relacionado à qualidade é a adoção da au-
ditoria médica, tendo sido um fato presente inicialmente en-
tre as organizações de saúde, empregada pelo Colégio Ameri-
cano de Cirurgiões. O Programa de Garantia da Qualidade
iniciado pela Associação Americana de Hospitais teve como
uma das motivações a preocupação das fontes de financia-
mento da saúde sobre a utilização equivocada ou desnecessá-
ria dos serviços hospitalares.
Afora a garantia da qualidade, auditoria médica, existên-
cia de indicadores, necessário faz-se destacar a liderança como
elemento propulsor da gestão da qualidade.
Fernandes (apud Mirshawka, 1994, p. VII) cita que "... a
presença de um grande líder não é o fator principal que
exerce influência sobre os outros ... é o único fator!!!".
Sahney e Warden (1991, p. 2) citam que
"... os líderes das organizações de cuidados com a
saúde em todo o país (EUA) estão enfrentando pres-
sões significativas para melhorar a qualidade de seus
serviços, enquanto reduzem a taxa de aumento de
custo dentro da indústria... O processo de geren-
ciamento da qualidade total oferece ao executivo de
cuidados com a saúde uma abordagem estruturada
para o gerenciamento dos processos e resultados de
uma organização".
Albrecht (2000) chama a atenção para a falta de percep-
ção do que é valor para o cliente, e cita o exemplo de uma
pesquisa para identificar as necessidades do cliente em um
hospital. A pesquisa abordou primeiramente os enfermeiros
e médicos do hospital, cuja resposta foi de que os aspectos
mais importantes para o paciente eram:
1. sair vivo do hospital,
2. ser bem atendido e sentir-se confortável, sem sofrer
demais.
Na mesma pesquisa, quando feita diretamente com os
pacientes, as respostas estavam relacionadas com o medo,
com a preocupação em saber se o pessoal médico e paramédico
realmente sabe o que está fazendo.
62 Ricardo Minotto
• seguros saúde reembolsando os hospitais com base em
usos e consumos, o que estimulava o aumento dos cus-
tos da assistência;
• a crescente variedade de serviços disponíveis e ofertados
gerando mais serviços para o paciente;
• aumento dos preços de insumos pelos fornecedores.
Schulz e Johnson ( 1979) questionaram até que ponto os
fatores institucionais impactam nos custos:
• será que os custos variam conforme o tipo de organiza-
ção?
• será que os custos em hospitais do governo são mais
baixos que os custos em hospitais de comunidade?
• o incentivo ao lucro nos hospitais com fins lucrativos
pode ser um elemento motivador da contenção de cus-
tos?
• hospitais de ensino ou de cadeias de hospitais sem fins
lucrativos apresentam custos diferenciados?
• o tamanho do hospital afetaria seus custos?
Nos estudos realizados por Schulz e Johnson ( 1979), fo-
ram observados os seguintes aspectos sobre as questões le-
vantadas acima:
• a comparação dos custos de saúde nos EUA, um siste-
ma dominado por serviços não-governamentais, com os
da Suécia e Inglaterra, onde os sistemas são domina-
dos pelo governo, não são conclusivos quanto à influên-
cia do controle governamental sobre os seus custos cres-
centes;
• quanto aos hospitais com ou sem fins lucrativos, foram
observados que os hospitais com incentivos ao lucro con-
trolam os custos com maior eficácia, bem como desen-
volvem estratégias seletivas para a admissão de casos
com maior receita e resultado econômico, em detrimento
aos casos de maior custo, podendo, eventualmente,
sobrepor a importância da aplicação de técnicas de re-
dução de custos em relação à preocupação com a quali-
dade;
• os hospitais de ensino são considerados como os hos-
pitais que apresentam os maiores custos entre as ca-
64 Ricardo Minotto
1 O. a mística médica leva consumidores e provedores a
hesitarem em argüir com o médico;
11. o sistema de pagamento por serviço encoraja o trata-
mento em excesso;
12. não existe a necessária informação sobre custo/bene-
fício;
13. os projetos de redução de custos adotaram o enfoque
errado;
14. não existe capacitação para implementar os projetos
de redução de custos;
15. falta capacidade administrativa para os médicos.
Anderson e Sheatsley (apud Schulz e Johnson, 1979,
p. 242) afirmam que "... há uma apreciável proporção da
utilização de hospitais que poderia ser reduzida se as cir-
cunstâncias realmente o exigirem". Observam, entretanto,
que "... a junção dos hospitais está muito além de salvar
vidas e parece que agora o atendimento hospitalar inclui
bem-estar, segurança e conforto".
Nos EUA, os planos de saúde de pré-pagamento têm de-
monstrado as oportunidades para reduzir a utilização hospi-
talar de 10 a 40% (Klarmann apud Schulz e Johnson, 1979).
Há o registro de problemas como leitos-dia desnecessários,
uso excessivo de laboratórios e raios-X, cirurgias desneces-
sárias, controle ineficaz sobre a produtividade, lotação de
pessoal técnico de enfermagem de forma ineficiente, sistema
de pagamento por serviço onde os médicos têm pouco incen-
tivo para minimizar a utilização do hospital, como fatores de
custos crescentes.
Desta forma, valoriza-se a figura do administrador do hos-
pital, que conforme Schulz e Johnson (1979). é empregado
para conduzir o hospital de modo a que este possa prestar
serviços da mais alta qualidade a um preço o menor possível.
Schulz e Johnson (1979), referem que há três maneiras
de estabelecer incentivos e recompensas para controlar os
custos hospitalares:
• controles governamentais, através da determinação de
tetos orçamentários e tabelas de preços a serem obser-
vados pelos hospitais;
66 Ricardo Minotto
formações de custos necessárias para tomar decisões
e para negociar seus contratos: o método da relaçã-J
custo-receita ... , o método da unidade de valor relc..-
tivo ... , e o método do custeio baseado em ativida-
des".
O método da relação custo-receita - RCC está focado na
busca de tipos de intervenções (atividades, procedimentos)
com alto valor de reembolso e favorece estratégias de oti-
mização das receitas que resultam de decisões de mix de tra-
tamentos.
O método da unidade de valor relativo - RVU estabelece
medidas-padrão da intensidade dos tratamentos baseados na
complexidade das atividades, no montante dos recursos apli-
cados e no tempo gasto em um tratamento. Este método apre-
senta três vantagens sobre o anterior, segundo Lima e Lima
( 1998): reconhece os recursos que são usados na execução
das intervenções; usa os procedimentos em vez do desembol-
so financeiro como base para determinar os custos; e permi-
te administrar os custos de aquisição de recursos.
O método do custeio baseado em atividades (ABC) pode
identificar os custos dos recursos que são consumidos por
diferentes tratamentos, por grupos populacionais ou por gru-
pos médicos.
"O ABC subsidia a tomada de decisão sobre valor
dos contratos de seguro e de execução das ativida-
des. Esse método reflete o consumo dos recursos com
maior precisão nas atividades e identifica diretamen-
te o consumo de recursos enquanto custos. O ABC não
apenas é mais preciso do que os métocj.os RCC e RVU
na identificação de quais atividades são mais
dispendiosas, como pode determinar quais grupos
populacionais e de cuidados médicos podem produ-
zir maior rentabilidade" (Lima e Lima, 1998, p. 70).
68 Ricardo Minotto
Em termos de áreas geradoras dos custos hospitalares a
pesquisa do PROAHSA ( 1999) revela que:
• 61% dos custos são gerados nas áreas assistenciais,
• 24% nas áreas operacionais, e
• 15% nas áreas administrativas.
Na gestão econômica, um elemento a ser destacado é o
uso de indicadores econômico-financeiros. O uso de indica-
dores (ou índices) permite que se estabeleçam relações entre
duas ou mais grandezas, facilitando sensivelmente a análise.
Para a análise dos indicadores, é recomendável (Medeiros,
1997):
• a associação de indicadores entre si, evitando o uso iso-
lado de indicadores;
• utilizar uma série de períodos, no mínimo três;
• comparar os índices em análise com referenciais;
• respeitar as características próprias de cada empresa.
Os indicadores permitem avaliar, entre outros (Medeiros,
1997):
• a capacidade de pagamento da empresa, através dos
índices de liquidez;
• o nível de endividamento, através dos índices de estru-
tura;
• o posicionamento da atividade, através dos índices que
monitoram os prazos da atividade;
• a rentabilidade da empresa, através da apuração de
margens de resultado e taxas de retorno do investi-
mento.
A geração de receitas dos hospitais observa o segmento
econômico dos clientes, dos quais as formas de remuneração
dos serviços prestados está associada.
Os valores de faturamento dos serviços prestados através
do Sistema Único de Saúde - SUS observa as tabelas de pre-
ços publicadas pelo Ministério da Saúde, válidas para todas
as naturezas de prestadores de serviço. Os valores de servi-
ços estabelecidos pelo Ministério da Saúde caracterizam-se
pela forma de remuneração integral do serviço, especificando
preços por procedimentos médico-hospitalares realizados, sem
70 Ricardo Minotto
As principais modalidades de avaliação do rendimento das
organizações de saúde, apresentadas por Lima e Lima ( 1998),
são:
o a análise do custo-benefício, através da comparação dos
do paciente;
o tempo médio de permanência;
o mortalidade institucional;
72 Ricardo Minotto
sos de melhoria e sobre os resultados alcançados, de acordo
com o que é solicitado nos Critérios de Excelência. Essas in-
formações têm por objetivo demonstrar que a candidata utili-
za enfoques eficazes e exemplares, e que estes possam ser
úteis também para outras organizações. Os critérios estão
desenhados não somente para servir como fundamento à
premiação, mas principalmente para permitir um diagnósti-
co, seja qual for o tipo de organização, no que se refere ao
sistema de gestão de desempenho.
Os fundamentos dos critérios são:
• qualidade centrada no cliente;
• comprometimento da alta direção;
• valorização das pessoas;
• responsabilidade social;
• visão de futuro de longo alcance;
• foco nos resultados;
• aprendizado contínuo;
• gestão baseada em fatos e processos;
• enfoque pró-ativo e resposta rápida.
Estes fundamentos estão incorporados nos sete Critérios
de Excelência da Gestão:
l. Liderança;
2. Planejamento Estratégico;
3. Foco no cliente e no mercado;
4 . Informação e análise;
5. Gestão de pessoas;
6. Gestão de processos;
7. Resultados da organização.
As empresas candidatas, que se submetem jlO ciclo de
premiação, são analisadas quanto à aderência aos critérios
de excelência, no que se refere ao enfoque e aplicação para os
critérios 1 ao 6, e em relação aos resultados obtidos citados
no critério 7.
Em nível regional há o Prêmio Qualidade RS, instituído
pelo Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade- PGQP,
que adota os mesmos critérios e sistema de avaliação do Prê-
mio Nacional da Qualidade, porém em uma versão de pon-
tuação intermediária em busca da excelência.
74 Ricardo Minotto
Ratifica-se que o Mercado Hospitalar, em termos de clien-
tes compradores dos serviços médico-hospitalares, pode ser
segmentado em três grupos:
o os clientes assistidos através do sistema governamen-
76 Ricardo Minotto
dimento ambulatorial, internação, urgência e reabilita-
ção, em estabelecimentos como unidades mistas, am-
bulatórios gerais, hospitais locais, etc.;
• atendimento terciário - caracteriza-se como estrutura
com maior capacidade resolutiva dos casos mais com-
plexos do sistema de saúde, desenvolvidos em hospi-
tais especializados, universitários, etc.
A prestação de serviços médico-hospitalares aos beneficiá-
rios do Sistema Único de Saúde - SUS, deve ser precedida de
cadastro a ser efetuado pelos prestadores, comprovando a sua
área e capacidade de atendimento. No cadastro deve ser de-
clarada a natureza jurídica do prestador, e o seu vínculo com
o SUS, como por exemplo: hospital estatal, hospital privado
com fins lucrativos, hospital filantrópico, hospital universitá-
rio, etc .
78 Ricardo Minotto
• na estrutura do hospital;
• nos processos do hospital.
Os resultados das ações desenvolvidas no hospital de Santa
Catarina estão centrados em cinco mudanças estratégicas,
segundo Pereira (2000):
• mudança de comportamento das pessoas a partir de
processos de conscientização;
• mudança cultural, tanto das pessoas (médicos e funcio-
nários), como da própria organização;
• agilização dos processos administrativo e operacional;
• flexibilização da estrutura organizacional, no que tange
a atos de competência da área médica;
• mudança tecnológica viabilizada a partir do financiamen-
to conjunto de hospital e área médica.
Relativamente a este último item - tecnologia, Pereira
(2000, p. 95) apresenta" ... que a tecnologia pode ser o único
elemento diferenciador no comportamento estratégico de
uma organização hospitalar".
Entretanto, há o risco dos hospitais converterem-se em
amplas instituições profissionais, enfatizando mais a tecnologia
e a competência científica do que o contato com o paciente
(Capra apud Murahovschi, 2000). Paradoxalmente a esta vi-
são, artigos recentes apontam que o impacto das tecnologias
médicas no futuro dos hospitais parece conduzir para a
desospitalização, onde o locus dos cuidados está se movendo
para fora do hospital (Wilson apud Murahovschi, 2000).
Outrossim, McGibony ensinou que
"... o sucesso do hospital está baseado numa tríade:
bom planejamento comunitário, bom projeto e cons-
trução e boa administração. Em termos de cuidado
com o paciente, eficiência e serviços comunitários, a
falta de um item dessa combinação gera um hospital
medíocre" (McGibony apud Mirshawka, 1994, p. 23).
A leitura . de Mirshawka ( 1994) sobre estes três itens de
McGibony é que cada um deles implica em investimento fi-
nanceiro com os órgãos de atividade meio e fim, no custeio
do pessoal e material. A redução dos custos redundará em
deficiência do serviço hospitalar, a menos que decorra de pla-
80 Ricardo Minotto
As tendências e perspectivas da administração hospitalar,
segundo Schulz e Johnson ( 1979, p. 327), sinalizam que o
conhecimento relacionado à administração tem avançado mui-
to, assim como os instrumentos que a auxiliam. Contudo, eles
ainda não estão sendo eficazmente aplicados à gestão dos
hospitais. São apresentadas algumas questões relevantes so-
bre o tema:
"Como podem o avançado conhecimento e técni-
cas administrativas serem aplicadas mais eficazmen-
te nos hospitais que tem objetivos diversos e contam
com profissionais que não estão orientados nestas
direções?
Que conduta e qualificações permitirão aos ad-
ministradores hospitalares e outros na administra-
ção criarem uma equipe de saúde unificada e atenta
às necessidades e expectativas do atendimento mé-
dico e da saúde?
Quais desenvolvimentos de gestão e esforços de
educação continuada serão apropriados para jazer
frente aos crescentes desafios enfrentados pela ad-
ministração e direção do hospital?"
Gonçalves ( 1998, p. 81) refere que:
"Os hospitais evoluíram desde pequenos grupos
estruturados informalmente até as grandes e com-
plexas organizações dos dias atuais; as modificações
observadas buscaram sempre a racionalização dos
esforços humanitários, procurando atingir os objeti-
vos definidos inicialmente. Para tanto, o hospital deve
ser administrado segundo critérios absolutamente
racionais, essencialmente baseados em pressupos-
tos que caracterizam a moderna administração em-
presarial. ..
O ambiente hospitalar hospeda hoje desde tecno-
logias muito simples até os complexos e sofisticados
métodos computadorizados de diagnóstico e trata-
mento. Tais tecnologias incluem a aplicação de co-
nhecimentos gerados continuamente, a prestação de
serviços de atendimento ao doente, a utilização de
equipamentos mecânicos e eletrônicos, procedimen-
tos, métodos e processos inovadores para a organi-
82 Ricardo Minotto
mentação de tarefas e em alta especialização, apresenta-se
hoje como um modelo pouco eficaz. Em contraponto, Gonçal-
ves ( 1998) apresenta uma nova proposta, que busca maior
agilidade operacional e uma tomada de decisão executada de
maneira mais participativa e menos burocratizada, nos hos-
pitais.
A base fundamental do modelo proposto por Gonçalves
( 1998, p. 88) para a organização do hospital, com vistas à
melhoria do seu desempenho e competitividade, "... situa-se
na estrutura matricial, associada a estruturas funcionais,
geográficas ou de produto, com a conseqüente eliminação
dafigura centralizadora e geralmente autocrática do supe-
rintendente ou diretor geral".
Gonçalves e Axé ( 1999, p. 84) resumem que o esforço
mercadológico destinado à conquista do mercado e à expan-
são do segmento conquistado, pelos hospitais, começa com a
preparação e posterior atividade do hospital. Referem que o
hospital necessita
"... ser administrado de maneira profissional-empre-
sarial para que possa ser bem-sucedido. Na fase de
planejamento, importa desenvolver adequada pesqui-
sa de mercado, para delinear um projeto que respon-
da às necessidades e às expectativas assistenciais.
A seguir, deve ser desenvolvido o estudo de viabili-
dade econômico:financeira do empreendimento, com
base em elementos realistas, para não permitir fal-
sas conclusões. Só então se passa ao desenvolvimento
dos projetos arquitetônico, de instalações, organiza-
cionais e de informática, chegando-se à construção
do hospital. Já antes de sua inauguração, deve ter
início o trabalho de divulgação, no seio do público-
alvo, do novo empreendimento assistencial".
A Estratégia em Hospitais do RS
Bruxel ( 1997) em sua dissertação, revisa e identifica as
principais metas e diretrizes do Planejamento Estratégico em
três hospitais do Rio Grande do Sul, cuja posição é apresen-
tada, a seguir, individualmente.
84 Ricardo Minotto
5 METODOLOGIA
DEFINIÇÕES
A metodologia de pesquisa utilizada no desenvolvimento
do trabalho é o Estudo de Caso, que se caracteriza pelo estu-
do profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de manei-
ra a permitir conhecimento amplo e detalhado do mesmo (Gil,
1995).
Mattar ( 1997) ratifica o estudo de caso como um estudo
profundo, mas não amplo, através do qual se procura conhe-
cer profundamente apenas um ou poucos elementos da popu-
lação, sobre um grande número de aspectos e suas inter-rela-
ções.
Gil ( 1995) refere que a análise de algumas unidades de
determinado universo possibilita a compreensão da generali-
dade dos mesmos ou, pelo menos, o estabelecimento de ba-
ses para uma investigação posterior, mais sistemática e pre-
cisa.
Os critérios para a seleção de casos para estudo, citados
por Gil (1995) e Mattar ( 1997), são:
o casos típicos, onde há o conhecimento prévio da exis-
tência de determinadas práticas;
o casos extremos, os quais apresentam-se nos limites de
determinadas práticas;
o casos marginais, isto é, atípicos ou anormais, onde se
pode observar o viés e possíveis causas do mesmo.
O objeto deste estudo é um grupo de organizações que
podem ser classificadas como casos típicos, e tem como
objetivo a geração de hipóteses e não a sua verificação, possi-
86 Ricardo Minotto
• variáveis qualitativas, no que se refere à identificação
da presença ou ausência de estratégias, bem como da
metodologia adotada para o seu desenvolvimento;
• pesquisa descritiva apresentando questões como: quem,
o que, quanto, quando e onde do desenvolvimento da
estratégia;
• pesquisa exploratória, no que se refere ao propósito de
adquirir conhecimento sobre o tema;
• a forma predominante utilizada para a coleta de dados
primários a de pesquisa por comunicação;
• a coleta de dados secundários realizada de forma com-
plementar;
• a pesquisa caracterizada como ocasional, realizada so-
mente para este estudo.
AMOSTRA
Considerando-se a pesquisa como exploratória e qualita-
tiva, onde se pode generalizar os dados obtidos na amostra
para a população, a amostragem utilizada é do tipo não-
probabilístico (Mattar, 1997).
A amostra das organizações hospitalares selecionadas para
a pesquisa caracteriza-se como amostra não-probabilística por
conveniência do pesquisador, no que se refere à possibilida-
de de acesso às informações e trabalho de campo, mas tam-
bém se caracteriza como amostra não-probabilística intencio-
nal, pois os casos selecionados são julgados como típicos da
população de interesse do pesquisador (Mattar, 1997).
Quanto à seleção das pessoas entrevistadas em cada or-
ganização, a amostra caracteriza-se como não-probabilística
intencional, pela intenção de selecionar as pessoas pelas suas
funções (chaves) nas organizações, cujo envolvimento com o
objeto de pesquisa está bem evidenciado.
88 Ricardo Minotto
As entrevistas pessoais foram realizadas com os princi-
pais executivos dos hospitais, isto é: Administração ou Dire-
ção Geral, Médica ou Técnica, Administrativa e Financeira,
bem como áreas estratégicas, de liderança, planejamento e
informação dos hospitais.
Na execução das entrevistas foram observados os seguin-
tes aspectos (Gil, 1995):
• o agendamento prévio com cada entrevistado;
• a realização da entrevista, cuja duração aproximada foi
de l hora;
• no início de cada entrevista houve o estabelecimento do
contato inicial, com a explicação da finalidade da visita,
o objetivo da pesquisa, as pessoas e organizações en-
volvidas na mesma, sua importância como dissertação
de mestrado, os aspectos de sigilo e a importância da
colaboração do entrevistado;
• a formulação das perguntas seguiu o roteiro pré-defini-
do, caracterizado como semi-estruturado, com variações
de acordo com o contexto e evolução da conversação;
• o estímulo a respostas completas ocorreu em poucos
momentos, quando observado que a resposta estava in-
completa ou obscura;
• o registro das respostas durante a entrevista foi com o
uso de gravador, precedido da autorização do entrevis-
tado, tendo havido somente uma entrevista em que o
entrevistado pediu que a mesma não fosse gravada;
• o desenvolvimento e a conclusão das entrevistas foi em
um clima de cordialidade, dispensando a necessidade
de complementos ou esclarecimentos adicionais poste-
riores.
Os instrumentos de coleta de dados estão anexos, e obser-
varam a macro-estrutura de apresentação da pesquisa, iden-
tificação do pesquisado e questões formuladas, abordando
uma lista de tópicos e variáveis utilizados na sua redação.
A partir da aplicação e avaliação dos instrumentos de co-
leta de dados no primeiro hospital, houve pequenos ajustes
em algumas perguntas, especialmente com a inclusão de exem-
plos de estratégias desenvolvidas ou em desenvolvimento no
mercado de hospitais.
90 Ricardo Minotto
6
APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
Perfil da Organização
Fundada em 19 de outubro de 1803 e com sede à Rua
Prof. Annes Dias, 285- Centro- Porto Alegre- RS, a Irman-
dade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre é uma
Instituição de Direito Privado, Filantrópica, de Ensino e As-
sistência Social, reconhecida de Utilidade Pública, cadastra-
da no CNAS - Conselho Nacional de Assistência Social e
credenciada no CNPq - Conselho Nacional de Pesquisa Cien-
tífica.
92 Ricardo Minotto
• Policlínica Santa Clara (PSC). hospital geral;
• Hospital São Francisco (HSF), especializado em cirur-
gias de grande porte, com ênfase em cardiovasculares e
transplantes;
• Hospital São José (HSJ). especializado em neurocirur-
gia;
• Pavilhão Pereira Filho (PPF), especializado em pneumo-
logia, cirurgia torácica e transplante de pulmão;
• Hospital Santa Rita (HSR), especializado em oncologia;
• Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA), especializado
em pediatria.
94 Ricardo Minotto
Quanto à segmentação de mercado, a assistência médico-
hospitalar é prestada a pacientes particulares, pacientes de-
tentores de planos de saúde (convênios) e pacientes atendi-
dos através do SUS - Sistema Único de Saúde.
Segue um quadro resumo da relação com os segmentos
compradores dos serviços, em termos de volume de serviços
e conseqüente contribuição na formação de receitas:
Convênios e
Participação o/o sus particulares
Volume de serviços 73% 27%
Estratégia e Gestão
A vantagem competitiva da Organização concentra-se em
diferenciação, representada pela qualificação de seu corpo
médico-técnico, bem como nas instalações e equipamentos
com avançada tecnologia biomédica.
96 Ricardo Minotto
A Direção Executiva lidera a definição dos rumos da Insti-
tuição, bem como o acompanhamento e execução das ações
necessárias ao cumprimento de sua missão, observando-a e
divulgando-a sistematicamente nos âmbitos interno e exter-
no, bem como os princípios da qualidade, valores e visão
institucionais.
A Liderança da Direção nas ações desenvolvidas pela Santa
Casa é um dos fatores determinantes para a manutenção e
melhoria dos níveis de desempenho Institucional, com a par-
ticipação e envolvimento direto na definição, desdobramento,
implantação, acompanhamento e avaliação das Estratégias.
O processo de desdobramento, acompanhamento e ava-
liação das Estratégias ocorre através do Gerenciamento pelas
Diretrizes, que se caracteriza na Santa Casa como a ferra-
menta de operacionalização das mesmas.
O sistema de comunicação da Instituição é formal, atra-
vés de circulares e instruções operacionais, de normas e pro-
cedimentos, bem como é complementado pela comunicação
direta e informal, em reuniões gerais, viabilizando agilidade
nas correções de rumo, repasse de informações, orientações
e reconhecimento ao desempenho Institucional. As reuniões
envolvem toda a estrutura organizacional em seus quatro ní-
veis na esfera executiva (Provedoria e Direção, Gerências de
Divisão ou Departamento, Chefias Setoriais e Chefias Inter-
mediárias) e, sempre que necessário, também no nível ope-
racional, sendo o contato com os níveis gerencial, interme-
diário e operacional sistemático e sem barreiras.
O ciclo de revisão do Planejamento Estratégico e Planeja-
mento Anual (Gerenciamento pelas Diretrizes) ocorre no iní-
cio de cada ano, sendo o último realizado no período de jan a
mar/2000, liderados pela Direção Executiva, com a participa-
ção de todos os níveis da Organização: Grupo das Diretrizes
como representantes das UGAs, responsáveis das UGAs com
os líderes das UGBs, líderes de UGBs com suas equipes, Di-
retores e Lideranças Médicas de cada Unidade Hospitalar. Após
a revisão do Planejamento, o mesmo é submetido à discus-
são e aprovação da Provedoria e Mesa Administrativa, em reu-
nião estatutária realizada no mês de março. para vigência de
abril a março de cada ano.
98 Ricardo Minotto
tégias passou a ser realizado com o método Hoshin Kanri -
Gerenciamento pelas Diretrizes, o que permitiu maior estru-
turação e alinhamento de objetivos operacionais às estraté-
gias (Campos, 1996).
O Planejamento Estratégico leva em conta as Referências
Institucionais (negócio, missão, visão, princípios e valores), a
análise do ambiente externo à Instituição e a avaliação inter-
na. Na análise interna é utilizado o SIG- Sistema de Informa-
ções Gerenciais, que consolida dados de todas as áreas es-
tratégicas e operacionais da empresa. A seguir são definidas
as estratégias que devem permitir o atingimento dos objeti-
vos de longo prazo. O roteiro da análise para o planejamento
estratégico e as estratégias identificadas para o período 1997
a 2000 aparecem nas figuras a seguir.
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
- 1997 A 2000
1. Análise externa
• fatores econômicos
• fatores tecnológicos
• aspectos políticos
• aspectos sociais
• mercado- compradores de serviço
• mercado - concorrência
• mercado - fornecedor
• mercado - profissionais Visão de Futuro
2. Análise Interna
• desempenho econôm tco-financelro
• projeções financeiras
• produtos e/ou serviços (oportunidades)
• pontos fracos
• limitações ao desempenho
• pontos fortes
• áreas-chave de resultados
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO
- 1997 A 2000
ESTRATÉGIAS
, Concluir e adequar os Hospitais do Complexo
• Assistência Médico-Hospitalar especializada
(complexidade)
, Fixar, Valorizar e Desenvolver o Corpo
Médico-Técnico
, Implementar a Diversificação das FonteS de
Financiamento
, Ampliar a Parceria com o Mercado Supridor
• Satisfação dos Clientes - Internos e Externos
. preferenciais
identificar as demandas atuais das equipes e serviços
negociar em conjunto com equipes e serviços alternativas de substituição
. de demanda
Implantar sistemática de prlorlzação do acesso para os procedimentos e con-
vênios preferenciais
1.3 Limitação à assistência às especialidades. procedimentos e convênios com re-
.
sultado econômico-financeiro adverso
identificar os convênios e procedimentos com resultado econômico-financel-
ro adverso
. revisar as causas do resultado adverso (tabelas, volumes, glosas, prazos. etc.)
.
. dimensionar a demanda existente e potencial dos convênios e procedimentos
estabelecer e/ou negociar limites de crédito para cada convênio
. analisar e Implantar sistemas de limitação da assistência
1.4
.
Viabilização dos convênios com limitaçôes
11 O Ricardo Minotto
Freqüentemente nós nos utilizamos de uma esco-
la aonde o poder determina coisas, onde o enfoque
estratégico está ligado a esse desejo de quem detém
este poder. As pessoas são induzidas para aquilo, e
não acho que isto seja errado ou certo, eu não sou
contra uma estrutura autocrática.
O outro aspecto predominante é que a Santa Casa
foi visionária e tem muito de visionária. É uma ca-
racterística, existe uma preocupação de tentar en-
xergar a distância, e assim uma preocupação de não
viver de coisas imediatas, do momento. Existe a pre-
ocupação de criar coisas duradouras, visionária no
sentido de duradoura.
Entretanto, o ambiente, principalmente na área
da saúde, tem muita importância, afinal nós rea-
cionamos muito, e não acho que isso seja uma ca-
racterística do planejamento estratégico. Acho que
isto está muito ligado com oportunidades, pois uma
situação externa ou conjuntural, ou mesmo uma si-
tuação interna, leva-nos a usar este instante, este
momento, e ... isto jaz parte.
Acho que pode haver um predomínio do aspecto
do visionário, empreendedor, do poder, mas acho que
estão mesclados, não é algo puro, e não consigo ima-
ginar que isto possa ser diferente.
Se pensarmos no nosso processo prático para ela-
borar as estratégias, nós utilizamos fortemente o pro-
cesso de análises interna e externa, então o processo
analítico tem muita base naquilo que se jaz, e se pro-
cura no desenvolvimento disto uma certajormalida-
de para se poder garantir ou diminuir o risco na ela-
boração destas questões.
Acho que nós somos fortes na elaboração das es -
tratégias em características de análise. utilizamos
de algumajormajormalidade, mas também tem-se
um pouco da questão visionária, onde nós imagina-
mos que a Santa Casa vai ser aquilo que imagina-
mos na nossa visão de futuro.
Nós temos um misto de analítico, uma certajor-
malidade, mas também uma boa dose empreende-
dora, uma posição bastante visionária, daquilo que
nós queremos para a Instituição daqui a 1O ou 20
anos.
Gestão de clientes
"O aprendizado, a identificação dos meios ade-
quados para buscar ou identificar as necessidades
dos clientes, precisa ser aperfeiçoado, precisa ser
melhor trabalhado, os meios.
O cliente externo, como grau de percepção do pa-
ciente, ele é vinculado principalmente a questões do
apoio e das relações; ele se torna maisfácil em ter-
mos de trabalho.
Em relação ao cliente interno, representado pelo
corpo medico, há necessidade de um estabelecimen-
to de um canal mais dinâmico, no processo de comu-
Gestão de fornecedores
"... há uma nova ordem em curso. Tem uma ca-
racterística aqui na nossa região. Pela localização
geográfica do nosso estado, nós temos quando mui-
to, dos grandes fornecedores, representantes, postos
de venda, postos avançados; o poder se localiza no
centro - SP, com isso eu quero dizer que nós temos
dificuldades pela distância, e somos submetidos a
intermediação em muitos casos.
E quando a relação é estabelecida com interme-
diários, a relação cliente-fornecedor fica muito com-
prometida, por que não se estabelece relações mais
duradouras, é o ganha-ganha. É o compra-venda, a
relação é em cima de umfato, a relação não é dura-
doura. Está é uma dificuldade.
Outro fato é que grandes grupos que possibilitam
uma visão distinta, duradoura, pela interdepen-
dência, ela tem sido um pouco tumultuada pelos pro-
cessos de fusão, gerando em muitos casos um eterno
recomeçar.
É um setor que tem tido reflexos e que terá cada
vez maior, pelas tecnologias de comunicação, pelo
processo da internet. Isto é algo que a Santa Casa
tem que liderar, o processo de estabelecer uma nova
relação. Usar os meios, tecnologias que se dispõe,
meios que possibilitarão relacionamentos a distân-
cia superando a questão anterior. Outro aspecto é
quanto a necessidade de um processo seletivo, con-
centrando os negócios com um menor número defor-
necedores.
Finanças e informações
"... A viabilização ... da Instituição ... possível pela
estratégia financeira de captação de recursos de
• Profissionalização
·~Santa Casa é uma instituição profissionalizada,
e ela teve esta preocupação, ...
Indicadores
Segue quadro com os resultados dos principais indicado-
res estratégicos utilizados pelo hospital, e suas tendências.
Participação de convênios e
% 39% 51% 54% 54%
particulares na receita
Margem
Subsidio econômico ao SUS 21% 30% 27% 22%
negativa
Perfil da Organização
Fundado em 29 de outubro de 1976 para ser o hospital
escola da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade
Católica do RGS - PUCRS, o Hospital São Lucas - HSL tem
sede à Avenida lpiranga, 6690- Porto Alegre- RS, sendo uma
Instituição de Direito Privado, Filantrópica, de Ensino e As-
sistência Social.
O HSL caracteriza-se como um hospital geral destinado à
prestação de serviços médico-hospitalares, tendo como negó-
cio "a assistência multidisciplinar e global à saúde, qualifi-
cada pela interação com o ensino e a pesquisa".
A missão do HSL, em seu enunciado inicial, é:
"• Compreender, atender e exceder os requisitos ne-
cessários para a promoção, proteção, recuperação
e manutenção da saúde dos pacientes, em todos
os processos e serviços do hospital;
• Compreender e atender a todos os funcionários,
docentes, alunos, profissionais e demais colabo-
radores, em suas necessidades e expectativas, ofe-
recendo-lhes condições para exercerem suas ati-
vidades no mais alto nível, visando à satisfação
dos clientes;
• Otimizar os resultados financeiros, permitindo a
atualização e melhoria contínua dos serviços, mo-
tivando e recompensando todos os que participa-
rem efetivamente na consecução dos objetivos es-
tratégicos do hospital".
A partir de 1995 o enunciado da missão foi reformulado e
sintetizado em:
"Somos um Hospital Universitário, qualificado
pela interação assistência/ensino/pesquisa, orienta-
do por valores humanos, pela atuação interdisciplinar
e pelo compromisso com a saúde da comunidade".
Os valores da instituição são:
"• NOSSAS AÇÕES DE ASSISTÊNCIA, ENSINO E PES-
QUISA desenvolvem-se integralmente articuladas,
em consonância com a Filosofia Marista, em har-
conveniadas;
o Ensino - alunos estagiários, docentes e instituições de
ensino;
Estratégia e Gestão
A vantagem competitiva do HSL concentra-se em diferen-
ciação, representada pela qualificação de seu Corpo Clínico e
de Enfermagem, com excelência técnica conferida pelo ensino
e pesquisa e, especialmente, pela vinculação do hospital com
destacada instituição mantenedora.
Como aspectos competitivos complementares para o mer-
cado onde atua, considera também a sua condição como hos-
pital geral e completo, com atividades em todas as especiali-
dades médicas, para todas as categorias de pacientes e em
todos os níveis de atendimento, isto é, ambulatório, emergên-
cia e internação.
A participação econômica no mercado local do segmento
SUS é de aproximadamente 6,10%, havendo quatro hospitais
similares concorrentes. No segmento de convênios e particu-
lares, a participação econômica é de aproximadamente 6,30%,
salientando-se outros quatro hospitais concorrentes.
..
Necessidades de compra
Níveis de estoque
Consumo
13 6 Ricardo Minotto
Da mesma forma, o desempenho global do HSL é avalia-
do por órgãos externos como o sistema de avaliação do Pro-
grama Gaúcho da Qualidade e Produtividade e pelo Sistema
de Acreditação Hospitalar.
14 2 Ricardo Minotto
O hospital tem que buscar o equilíbrio entre as
necessidades externas da universidade e também a
necessidade do seu equilíbrio econômico.
Nós temos alguns investimentos mais direciona-
dos, como na área de diagnóstico, onde foi desenvol-
vido o CDI- Centro de Diagnóstico por Imagem, que
nós buscamos como uma oportunidade devido à gran-
de demanda de pacientes que dispunhamos, princi-
palmente do interior.
O hospital...faz 'benchmarking', pesquisas, tem
relatórios, ... seminários onde são colocados os 'ca-
ses', literatura, ... tudo isto serve de subsídio para
estabelecer o norte.
Contratamos também uma consultoria externa,
com experiência no ramo, para nos auxiliar, onde eles
têm uma visão tanto interna do Brasil, como exter-
na.
Viajamos muito também, externamente, buscan-
do estratégias de outras organizações, para ... estar-
mos atualizados.
· Nós buscamos permanentemente informações no
sentido de desenvolvimento, não só da direção, mas
também de boa parte de funcionários: enfermeiros
participando de congressos, eventos, onde se possa
aprender ou jazer coisas novas para a Instituição,
crescer, conhecer novas tecnologias, novas informa-
ções, 'benchmarking' em outras empresas, ...
.. . E também por ser um hospital universitário,
deve ter o melhor para aformação dos próprios mé-
dicos, para que eles saiam daqui formados dentro
de uma ótica, de uma tecnologia com o que realmen-
te há de melhor no momento ... "
As forças competitivas
"Nós na verdade achamos que todo o sistema de
saúde, hospitais existentes, são para nós uma opor-
tunidade, ... porque nós é que formamos a mão-de-
obra, então para nós não são concorrentes, e sim
oportunidades, ...
... nós temosforças que trabalham paralelo, como
o poder de negociação com os fornecedores, negocia-
Gestão de clientes
"Eu entendo que não só na PUC, mas de maneira
geral, o cliente das instituições prestadores de servi-
ço. lamentavelmente não são os pacientes, são as
seguradoras.
O hospital ... tem trabalhado no sentido de pesqui-
sar o cliente, e partir de 1999 aperfeiçoou esta pes-
quisa.
Nós temos cliente-paciente e cliente-aluno, pois o
nosso negócio não está focado só na assistência, mas
também estájocado no ensino ... "
Gestão de pessoas
"Na parte de qualidade do nosso funcionário nós
temos buscado melhorias contínuas, para que exista
a motivação, a valorização de nosso funcionário, pois
Gestão de fornecedores
"Nós buscamos realmente competição, nós bus-
camos resultado, inclusive trocando experiências com
outros hospitais selecionados, ... por que é uma gran-
de oportunidade que se tem, em termos de qualida-
de e preço, prazo de entrega, e outros indicadores.
Nós temos um modelo de gestão, uma sistemáti-
ca própria do hospital ...
Tudo é baseado na qualidade do produto; para
materiais e medicamentos nós temos uma comissão
de padronização, onde o produto é avaliado, testa-
do, é solicitado pela chefia do serviço e unidade onde
é consumido ...
Aprovado na comissão de padronização, passa
então ao cadastro do setor de compras, e aí sim, o
setor de compras tem uma visão de preço, ... aquele
que fizer a melhor proposta nós compramos, sem co-
municar para o fornecedor o resultado da concorrên-
cia. Isto para alguns produtos.
Para outros produtos nós elegemos uma parce-
ria: chamamos o fornecedor e jazemos uma parce-
ria, uma composição de preços, uma composição de
prazos, uma troca de conhecimentos, uma assesso-
ria interna de como usar material, medicamento e
equipamentos ...
Assim temos em vários campos, e o hospital não
tem dinheiro empatado em estoques ... nós recebe-
mos remédios, os laboratóriosjornecem remédios, a
qualquer hora do dia, de manhã, tarde, noite, não
importa ... estes contratos para nós foram excelen-
tes ... "
Finanças e informações
"Nós nos guiamos muito nos resultados que te-
mos, nas informações que se colhe do sistema de cus-
tos, para a tomada de decisões, para expansão, para
investimentos, embora isto esteja muito voltado para
o ensino, mas o próprio ensino requer um certo grau
de número de procedimentos, pois se é um procedi-
mento que oferece um custo muito grande, e o ensi-
no está satisfeito com um determinado número de
exames, nós não vamos além do número que satisfa-
ça o aluno. E nós nos baseamos muito nisto.
A contabilidade é centralizada na universidade,
mas o hospital tem todo um sistema de custos pró-
prio, a parte, em termos de resultado, receita e
custos por setor, etc.
Nós temos um planejamento anual, onde é feito o
orçamento, e este orçamento ... é aprovado pelo Con-
selho Diretor, que aprova os grandes investimentos e
o orçamento.
O sistema de informações como instrumento de
apoio à tomada de decisões é satisfatório.
O nível de informação no hospital é bastante gran-
de.
Eu diria que o nível de informação é bastante rico,
mas o uso destas informações ainda deixa a dese-
jar... "
Indicadores
Segue quadro com os resultados dos principais indicado-
res estratégicos utilizados pelo hospital, e suas tendências:
HOSPITAL TACCHINI
Perfil da Organização
Sob a razão social de Sociedade Dr. Bartholomeu Tacchini,
o Hospital Tacchini foi fundado em 20 de setembro de 1924 e
tem sede na Rua José Mário Mônaco, 358 - Centro - Bento
Gonçalves - RS, sendo uma Instituição de Direito Privado e
Fins Filantrópicos.
É um hospital geral que tem por definição de negócio, ofe-
recer soluções integradas em saúde.
Como seus principais produtos e serviços apresenta:
• diárias hospitalares;
Estratégia e Gestão
O Hospital Tacchini tem por missão "oferecer soluções em
saúde, com recursos atualizados, deforma integrada com
a comunidade regional, mantendo o caráter filantrópico e
estrutura auto-sustentável".
Vioio
Imt>ioo IDESDOBRAMENTO I
Anólioo bdomo
~ AMiílt deAMlilntt!
deMtrudt
As forças competitivas
"Em Bento Gonçalves só tem um hospital, o Tacchini.
Já tivemos quatro hospitais, os outros trêsfecharam
com o tempo. Nós enxergamos a situação do hospital
como se nós estivessemos permanentemente cerca-
dos de concorrentes; nós não subestimamos absolu-
tamente nada ...
Por que isso? Por que isso nos leva a enxergar mais
alto, e não esperar pela ameaça da concorrência. Isto
é um princípio básico que nós temos aqui dentro ...
O Tacchini é um hospital considerado regional:
aproximadamente 12% da média anual do movimen-
to são de pessoas que vêm de outras localidades e
88% são clientes da cidade ...
Gestão de clientes
"Há pesquisas formais, com tabulações mensais,
para todos os segmentos de clientes usuários, in-
cluíndo os clientes internos, cujos resultados são ava-
liados sistematicamente e considerados nos plane-
jamentos ... "
Gestão de pessoas
'i'\ satisfação dos funcionários é medida uma vez
por ano através da pesquisa de clima organizacional.
O resultado desta pesquisa é discutido com a par-
ticipação de todos os gerentes, e estes gerentes com
a Administração, em decisão coletiva, priorizam al-
ternativas para melhorar a satisfação do funcioná-
rio.
Como é muito comum, o maior índice de insatisfa-
ção é na área salarial.
Nós não temos funcionários que se queixam do
plano de benefícios, das condições de trabalho, as
queixas são muito pequenas, são muito reduzidas; o
carro-chefe das queixas é sempre o salarial.
... (0) grupo decide quais são as melhorias que
vão ser implementadas, aquelas que são viáveis, ou
mais racionais.
E estas informações são consideradas nas estra-
tégias ... "
Gestão fornecedores
"Nós elegemos os fornecedores através de um sis-
tema de parceria: nós não jazemos levantamento de
preços a cada pedido, a cada compra.
Nós procuramos eleger fornecedores parceiros con-
siderando o preço de aquisição, a pontualidade na
entrega, a qualidade do material, ... consideramos
também parceiros aqueles fornecedores que procu-
ram nos dar prejeréncia no atendimento de solicita-
ções novas ...
Finanças e informações
"O hospital tem contabilidade própria, com orça-
mento por setor e custos.
O hospital tem trabalhado sempre com capital
próprio, tanto para capital de giro bem como para
investimentos de capital.
A política de definição de preços está centrada
primeiro no custo por procedimento, no custo inter-
no, que ocorre no hospital; além disto nós sempre
buscamos em dois ou três hospitais informações dos
preços praticados ...
Indicadores
Segue quadro com os resultados dos principais indicado-
res estratégicos utilizados pelo hospital, e suas tendências:
17 4 Ricardo Minotto
7 CONCLUSÕES
ESTRATÉGIA E GESTÃO
• Desenvolvimento e Formulação das Estratégias
• Negócio, missão, princípios ou valores, visão de futuro,
etc.
• Desdobramento das Estratégias
• Fatores-chave de sucesso, diretrizes, indicadores
• Resultados
• Percepção dos entrevistados
I Identificação do entrevistado
Instituição, nome completo, formação acadêmica ou ex-
periência profissional, cargo atual (nome, tempo e nível hie-
rárquico), data de admissão ou tempo de trabalho na organi-
zação, data da entrevista, hora de início e término
FONTES:
Caminha, Casarin e Bueno, 1974.
Campos, 1992 .
Carvalho, 1984 .
Cheru bin . 1977.
Ferreira, 1986.
Lima e Lim a, 1998 .
Ministério da Saúde, 1986.
~ EDIPUCRS
19 6 Ricardo Minotto