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Evento esportivo não é lugar de manifestação política

Um evento como um jogo de futebol serve a manifestações políticas? Eu acho que


não
Tiago Leifert 26.02.2018 |

Eu não gosto da obrigação de tocar o Hino Nacional antes de eventos esportivos.


Na Copa São Paulo de Futebol Júnior, no mês passado, os caras tocavam o hino inteiro
antes do jogo. Tipo cinco minutos de música. Não vejo necessidade, não acho que
patriotismo funciona enfiando um hino goela abaixo de torcedores. Me incomoda também
saber que o hino é uma lei estadual, uma interferência da Assembleia Legislativa no rito
esportivo.
Quando política e esporte se misturam dá ruim. Vou poupá-los dos detalhes, mas
basta olhar nossos últimos grandes eventos para entender que essas duas substâncias não
devem ser consumidas ao mesmo tempo. O que me leva à minha primeira grande
preocupação de 2018: é ano eleitoral.
Nos Estados Unidos, Colin Kaepernick, jogador da NFL, a liga de futebol
americano, resolveu se ajoelhar durante o hino americano para protestar contra a forma
como a polícia trata os negros. Trump ficou pistola, os torcedores conservadores também,
considerando um desrespeito ao hino. Independentemente do que você, leitor, ache,
Kaepernick está desempregado. Nenhum time quis esse “troublemaker” no elenco. Como
eu estava dizendo, quando esporte e política se misturam.
Será que o evento esportivo é um local apropriado para manifestações políticas?
Eu acho que não. Olhando por todos os lados, não vejo motivos para politizar o esporte.
Do ponto de vista do atleta: ele veste uma camisa que não é dele (que, aliás, ele
largará por um salário melhor), uma camisa que representa torcedores que caem por todo
o espectro político. A câmera e o microfone só estão apontados para aquele jogador por
causa da camisa que ele está vestindo e de sua performance esportiva. Não acho justo ele
hackear esse momento, pelo qual está sendo pago, para levar adiante causas pessoais. É
para isso que existe a rede social: ali, o jogador faz o que quiser. No campo? Ele está para
entreter e representar até mesmo os torcedores que votam e pensam diferente.
Acho também que temos de respeitar os espaços destinados à diversão, senão
nosso mundo vai ficar ainda mais maluco. Imagine só: você chega em casa cansado, abre
uma garrafa de vinho e ela grita “Fora, Temer!”. O catupiry da pizza veio em forma de
letras “Lula preso amanhã”, e ainda usaram uma calabresa para fazer a letra O. A gente
precisa respirar.
Você liga no basquete, no vôlei, no futebol para ter umas duas horas de paixão,
suspense, humor. Do mesmo jeito que você escolhe uma série no Netflix ou assiste a uma
novela. É um desligamento da realidade; nosso cérebro precisa dessa quase meditação
para aguentar o dia seguinte. E aí você senta para ver um jogo e esfregam um hino na sua
cara, como se aqui fosse uma “república popular”, e seu jogador favorito resolve lacrar
na hora de comemorar o gol do título do seu time. É justo? Não. Tem muita coisa
contaminada por aí. Precisamos imunizar o pouco espaço que ainda temos de diversão.
Textão é no Facebook. Deixem o esporte em paz.
O que é democracia?

Walter Casagrande 27/02/2018

Hoje, eu não poderia ter feito o que fiz? A manifestação do Corinthians em prol da
democracia, assim como os Panteras Negras na Olimpíada de 1968, contribuíram para um mundo
melhor
Vivemos tempos estranhos. Comemora-se a intervenção das Forças Armadas no Rio como
se fosse uma solução eficaz e esquece-se de todas as últimas vezes (e não foram poucas nesta
década) que blindados andaram pelas ruas e vielas da cidade e em nada resolveram a questão da
criminalidade. Um extrato privilegiado da população bate no peito sem constrangimento algum
para apoiar um defensor da ditadura (sem falar nas posições do mesmo sobre mulheres e
homossexuais) que figura entre os favoritos na corrida presidencial. Pior, banqueiros o aplaudem
de pé. O que fazer?
Lamentar é a solução mais óbvia. Prefiro enfrentar com diálogo. Afinal, esta é a grande
conquista da democracia. Foi por isso, para ter liberdade de pensar, falar, vestir-se como quiser,
de ter o partido político que preferir e defender as bandeiras em que acreditar que lutamos durante
21 anos. Todas essas manifestações, desde que feitas dentro da lei, com respeito e valores, fazem
parte de uma democracia madura.
Daí a importância do esporte como palco, sim, de discussões políticas. Por que os atletas
deveriam se abster? A democracia dá o direito a donas de casa, cabeleireiros, taxistas,
apresentadores de televisão e também a atletas profissionais de se manifestarem politicamente.
Faz parte do jogo.
Recentemente, recebi críticas e elogios por uma coluna publicada aqui na GQ sobre o
apoio de jogadores de clubes paulistas ao mesmo candidato que cito no início deste texto. Os
críticos me acusaram de tentar censurá-los. Não era isso. A minha posição foi apenas de cobrar
responsabilidade dos atletas, para que fossem claros na defesa de seus ideais políticos. Assim
como, na maioria das vezes, o são quando o assunto é religião.
É preciso valorizar o palco que o esporte oferece. Foi isso que Tommie Smith e John
Carlos, ao repetir o gesto consagrado pelos Panteras Negras, fizeram durante os Jogos Olímpicos
do México, em 1968, ao mostrar o quão urgente era a discussão sobre o racismo. Muhammad
Ali, o maior boxeador de todos os tempos, negou-se a combater no Vietnã justamente por saber
o valor que a decisão de um ídolo do esporte teria em torno do debate da guerra. Mais
recentemente, atletas da NBA demostraram grande insatisfação com o governo de Donald
Trump. Jogadores de futebol americano foram na mesma linha e muitos passaram a se ajoelhar
durante a execução do hino nacional.
Por aqui, lembro sempre da Democracia Corinthiana. Sim, porque junto com
Sócrates, meu grande parceiro, participei dela, e isso me enche de orgulho, mas mais ainda por
acreditar que fomos peça importante para aumentar o coro que exigia o retorno da democracia.
Eu tenho orgulho de ter participado, em 1979, de um show a favor da anistia dos presos políticos.
Também me orgulho de, em 1982, ter feito um show para pedir a redemocratização do país. Eu
tenho orgulho de ter participado do movimento das Diretas Já. E tudo isso enquanto era atleta
profissional, jogador do Corinthians. Por que hoje eu não poderia fazer isso? Quem proíbe o
jogador de participar disso está, indiretamente, apoiando ideias reacionárias.
E o caminho é inverso. Em um momento tão polarizado, extravasar isso é essencial. Só
com o diálogo chegaremos a algum lugar. Espero que o esporte em geral continue exercendo sua
função de servir de palco para ampliar as grandes discussões de um país, do mundo, para além da
diversão.
VIVA A DEMOCRACIA!

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