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 Revisão de Literatura

Encefalopatia traumática crônica do


boxeador (dementia pugilistica)
Chronic Traumatic Encephalopathy (dementia pugilistica) of the Box Player

RENATA AREZA-FEGYVERES Resumo


PAULO CARAMELLI
A dementia pugilistica é caracterizada clinicamente por declínio cognitivo,
RICARDO NITRINI alterações de comportamento e sinais parkinsonianos. Do ponto de vista
neuropatológico, o achado mais marcante é o de numerosos emaranhados
neurofibrilares no córtex cerebral na virtual ausência de placas senis.
O objetivo deste artigo é apresentar revisão do tema, enfatizando as alterações
cognitivas, epidemiologia, neuropatologia, estratégias de detecção precoce e
relação com a doença de Alzheimer.

Palavras-chave: Demência, dementia pugilistica, traumatismo cranioencefálico,


doença de Alzheimer.

Abstract
Dementia pugilistica is characterized by cognitive decline, behavioral changes,
and parkinsonian signs. The most remarkable neuropathological finding is
the large amount of neurofibrillary tangles and virtual absence of senile
plaques.
The aim of the study is to revise the subject, particularly the clinical picture,
epidemiology, neuropathology, the strategies for early detection of cognitive
signs, and its relation with Alzheimer ’s disease.

Keywords: dementia, dementia pugilistica, traumatic brain injury, Alzheimer’s


disease.

Recebido: 17/06/2004 - Aceito: 10/09/2004


Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento, Departamento de Neurologia da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo
Endereço para correspondência: Renata Areza Fegyveres. Rua Oscar Freire, 1702, apto. 44 –
Pinheiros. 05409-011. São Paulo, SP – Brasil. Fone: (11) 8105-9451 Fax: (11) 3085-1305. E-
mail: renataareza@yahoo.com.br

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Introdução selecionada aleatoriamente de 50% do total de 16.781


pessoas que lutaram boxe no Reino Unido de 1929 até
O boxe é um esporte muito antigo, no qual os trauma- 1955, identificou 250 pessoas com suspeita de apre-
tismos cranioencefálicos (TCEs) são freqüentes e a ele sentar alterações neuropsiquiátricas. Dos 224 luta-
inerentes. Tem, portanto, conseqüências agudas para o dores que foram examinados detalhadamente, 37
sistema nervoso central, como hemorragias, dissecção (17%) tinham seqüela neurológica crônica atribuída
carotídea ou trombose (Payne, 1968), e crônicas, como a ao boxe. Destes, 13 (6%) apresentavam encefalopatia
dementia pugilistica (Millspaugh, 1937). Esta última pós-traumática do padrão punch drunk, enquanto 24
também pode ser chamada de encefalopatia progressiva tinham sintomas semelhantes, embora pouco incapaci-
crônica do boxeador (Critchley, 1957) ou síndrome punch tados. Os testes neuropsicológicos e observações clíni-
drunk (Martland, 1928) e representa conseqüência cas revelaram grave comprometimento de memória
neurológica a longo prazo do efeito cumulativo de traumas em 4% do total dos casos e demência em dois dos 37
cranioencefálicos repetidos (Martland, 1928; Roberts, casos (menos de 1% do total). Tanto a idade quanto o
1969; Critchley, 1957; Mendez, 1995). número de lutas estiveram associados à freqüência
das seqüelas neurológicas (Roberts, 1969).
Mortimer (1985) analisou três estudos epidemio-
Definição, nomenclatura e história lógicos realizados por Roberts (1969), Jedlinski et al.
(1971) e Thomassen et al. (1979) e concluiu que: 1)
Em 1928, Martland introduziu o termo punch drunk quando a freqüência de lutas é mantida baixa (uma
syndrome na literatura médica, condição que alguns por mês ou menos) e existe boa supervisão no ringue,
boxeadores desenvolviam após alguns anos de carreira, a incidência de alterações neurológicas e psiquiátricas
caracterizada por sintomas e sinais extrapiramidais significativas é relativamente baixa em ex-pugilistas
e cerebelares associados ou não a alterações cognitivas na quinta e sexta décadas de vida; 2) entre boxeadores
e comportamentais. Em 1937, Millspaugh propôs a profissionais com longo tempo de carreira, cerca de
designação dementia pugilistica, mas Critchley, em 17% têm lesão neurológica clinicamente significativa
1957, denominou essa condição de “encefalopatia crôni- e menos de 5% têm distúrbio de memória acentuado
ca progressiva do boxeador”, mais abrangente. Em ou demência. Lutadores amadores que têm freqüência
seu artigo, Critchley caracterizou o knockout como similar de lutas parecem ter risco semelhante de lesão
produção deliberada e violenta de estado de hipotonia neurológica; 3) o grau de lesão parece estar relacionado
motora, associado a grave distúrbio temporário de com o número de lutas e/ou sua freqüência, sugerindo
consciência. Descreveu detalhadamente os tipos de que os déficits resultem, ou de efeito cumulativo de
knockout existentes e o denominado groggy state, em TCEs leves, ou do aumento do risco de TCE grave,
que o pugilista continua a lutar, mas num “nível de que pode ocorrer ao longo da carreira. A freqüência de
consciência inferior”. Critchley encontrou uma média 5% de distúrbio acentuado de memória ou demência
de 16 anos entre o fim da carreira de boxeador e o não deve ser considerada baixa, pois a maior parte
início dos sintomas descritos anteriormente por Mart- dos boxeadores examinados tinha entre 20 e 50 anos.
land e enfatizou o caráter progressivo da enfermidade.
Em 1963, Mawdsley e Ferguson examinaram dez
pacientes e identificaram também alterações pirami- Quadro clínico
dais leves como parte da síndrome. A partir de então,
Os sinais e sintomas clínicos da encefalopatia traumá-
há inúmeros estudos com amostras de tamanhos
tica crônica (ETC) caracterizam-se por associações
variados de pugilistas ativos ou não, em relação à
variáveis de síndromes extrapiramidais, cerebelares,
sintomatologia, achados em exames complementares,
piramidais, cognitivas e comportamentais. As descri-
avaliação neuropsicológica e anatomopatológica e ainda
ções iniciais enfatizavam as síndromes motoras. A
aspectos éticos e legais do boxe.
partir de Johnson (1969), começou-se a dar maior
importância aos sintomas comportamentais e cogni-
Epidemiologia tivos. Ele analisou 17 boxeadores quanto à freqüência
de sintomatologia neuropsiquiátrica e propôs quatro
No pugilismo, os TCEs são responsáveis por dois terços síndromes principais, que freqüentemente coexistem
de todas as lesões graves e hospitalizações (Ryan, 1987; em períodos diferentes da história natural da encefa-
Enzenauer et al., 1989). Os dados relacionados à fre- lopatia: estado amnéstico crônico, demência, alteração
qüência dos achados neuropsiquiátricos nos lutadores de personalidade com ataques de raiva e a síndrome
são escassos, pois usualmente são estes que vão à pro- de ciúmes mórbidos. A ETC pode se iniciar e se desen-
cura de auxílio médico. Além disso, a coleta de dados é volver lentamente ou aparecer após um golpe forte e,
quase sempre retrospectiva. Nessas amostras, espera- mais comumente, após o término da carreira profis-
se que a freqüência de achados seja alta. Estudo de sional, quando os sintomas ficam mais evidentes. Bo-
prevalência realizado em 1969 (Roberts), com amostra xeadores aposentados com mais de 50 anos têm maior

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chance de apresentar sintomas (Roberts, 1969). hidrocefalia de pressão normal, conseqüências neuro-
Mendez (1995) descreveu três estágios da ETC, como psiquiátricas do alcoolismo, doença de Alzheimer,
consta na tabela 1. doença de Parkinson e demência com corpos de Lewy.
A síndrome demencial e alterações de comporta- O boxeador deve ser submetido a avaliação neurológica
mento e humor vêm ganhando maior ênfase na e clínica detalhadas e a exames complementares. Se
literatura médica, como conseqüências relativamente a síndrome demencial for confirmada/documentada,
freqüentes da encefalopatia do boxeador. No Brasil, deve-se submetê-lo à investigação diagnóstica comple-
Quirino e Oliveira (2001) relataram caso de ex-pugi- mentar rotineira (Knopman et al., 2001). A avaliação
lista com sintomas parkinsonianos e cerebelares neuropsicológica é importante para documentar o
iniciados logo após o término de sua carreira; déficit e estabelecer o perfil de comprometimento cogni-
posteriormente, manifestou-se por quadro psicótico, tivo. Deve-se, então, determinar em que extensão os
com delírio de ciúmes e, em seguida, comprometi- sintomas e sinais são atribuíveis ao boxe. Os critérios
mento de memória e desorientação temporoespacial propostos por Jordan (1993) para o diagnóstico de lesão
que evoluíram progressivamente, acometendo outras cerebral traumática crônica permitem classificação
funções cognitivas. Rochon (1994) relatou caso de ex- como provável, possível ou improvável (Tabela 2).
pugilista cuja queixa principal era alteração de A intensidade pode ser avaliada pela Escala de Lesão
memória e comportamento agressivo, sem nenhum Traumática Crônica de Jordan (1997) (Tabela 3).
sinal motor. A avaliação neuropsicológica mostrou
sinais de leve disfunção de estruturas cerebrais
anteriores, como anomia, desinibição e dificuldade
Avaliação neuropsicológica
de manter estratégia de ação eficaz, alentecimento
Estudo neuropsicológico é de fundamental importância
da mão esquerda, acometimento da flexibilidade
para avaliação cognitiva, principalmente de lutadores
mental e leve perseveração. Naccache et al. (1999)
ativos, tanto profissionais como amadores. Entretanto,
relataram também caso de ex-pugilista com queixa
há algumas limitações. Como ainda não há nenhuma
de memória sem sinais motores, cuja avaliação
norma que obrigue à realização rotineira de testes
neuropsicológica demonstrou comprometimento
neuropsicológicos, raramente uma avaliação do estado
grave de memória e disfunção executiva.
pré-mórbido desses desportistas está disponível,
dificultando, portanto, a comparação do funcionamento
Diagnóstico e diagnóstico diferencial cognitivo pré e pós-sintomas. Além disso, não há dados
normativos para pugilistas, e a comparação de suas
Devemos descartar outras entidades clínicas que se pontuações com dados normativos de outros indivíduos
manifestariam de maneira semelhante à ETC, como não é ideal. Em alguns estudos faltam grupos-controle
hematoma subdural crônico, doença cerebrovascular, adequados (Erlanger et al., 1999).

Tabela 1. Encefalopatia traumática do boxe (boxeadores profissionais com 20 ou mais lutas).


Estágio Motor Cognitivo Psiquiátrico
Inicial Aproximadamente 57% Atenção diminuída Labilidade emocional
Disartria para tarefas complexas Euforia/hipomania
Tremores Irritabilidade
Incoordenação leve, Desconfiança excessiva
especialmente da mão Agressão fácil e logorréia
não-dominante
Intermediário Aproximadamente 17% Velocidade mental diminuída Personalidade engrandecida,
Parkinsonismo Déficits leves de memória, espontaneidade diminuída
Piora da disartria, atenção e habilidades Paranóia, ciúmes
tremores e executivas Ataques de violência
incoordenação inadequados
Tardio Aproximadamente 3% Lentificação importante Pueril
Sinais piramidais de pensamento e da fala Insight diminuído
Parkinsonismo acentuado Amnésia Paranóia, psicose
Disartria, tremores e Déficits atencionais Violência, desinibição
ataxia importantes Disfunção executiva Possível Klüver-Bucy
Adaptado de: Mendez, M.F. Neuropsychiatric aspects of boxing. Int J Psychiatry in Medicine 25(3):249-62, 1995.

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Tabela 2. Critérios clínicos de lesão cerebral traumática crônica (LCTC).


Classificação Definição Exemplos clínicos
Provável Qualquer distúrbio neurológico caracterizado Demência e alteração extrapiramidal
por dois ou mais das seguintes condições: sugestiva de parkinsonismo com
demência, disfunção cerebelar, disfunção cerebelar associada,
síndrome do trato piramidal ou extrapiramidal; que não é compatível com outras
clinicamente distinguível de qualquer processo formas de parkinsonismo
conhecido de doença e compatível com
descrições clínicas de LCTC
Possível Qualquer processo neurológico compatível Doença de Alzheimer ou outra
com a descrição clínica de LCTC, demência primária; doença de
mas que pode ser causada por outra doença Parkinson; degeneração cerebelar
neurológica conhecida primária; síndrome de Wernicke-Korsakoff
Improvável Qualquer processo neurológico incompatível Doença cerebrovascular; esclerose múltipla;
com a descrição clínica de LCTC e que pode neoplasia cerebral; doenças neurológicas
ser causado por processo fisiopatológico hereditárias
não relacionado ao trauma
Adaptado de: Jordan, B.D. Epidemiology of brain injury in boxing. In: Jordan, B.D. (ed.) Medical Aspects of Boxing. Boca Raton, p.p. 147-68, 1993.

Tabela 3. Escala de lesão traumática crônica (LTC).


Sintomas Pontuação
Motor
• normal 0
• incoordenação, disartria, parkinsonismo, distúrbio de marcha ou sinais piramidais leves 1
• incoordenação, disartria, parkinsonismo, distúrbio de marcha ou sinais piramidais moderados 2
• incoordenação, disartria, parkinsonismo, distúrbio de marcha ou sinais piramidais graves 3
Cognitivo
• normal ou MEEM = 28 a 30 0
• MEEM = 20 a 27 ou déficits leves em velocidade mental, memória, atenção, função executiva,
linguagem e função visual-espacial 1
• MEEM = 10 a 19 ou déficits moderados em velocidade mental, memória, atenção, função executiva,
linguagem e função visual-espacial 2
• MEEM ≤ 9 ou déficits graves em velocidade mental, memória, atenção, função executiva, linguagem
e função visual-espacial 3
Comportamental
• normal 0
• agitação ou agressão, delírios, alucinações, ansiedade, apatia, desinibição, irritabilidade ou labilidade,
ou comportamento motor aberrante leves 1
• agitação ou agressão, delírios, alucinações, ansiedade, apatia, desinibição, irritabilidade ou labilidade,
ou comportamento motor aberrante moderados 2
• agitação ou agressão, delírios, alucinações, ansiedade, apatia, desinibição, irritabilidade ou labilidade,
ou comportamento motor aberrante graves 3
MEEM = miniexame do estado mental
Adaptado de: Jordan, B.D. et al. Apolipoprotein E4 associated with chronic traumatic brain injury in boxing. JAMA 278:136-40, 1997.
Esta escala pontua sinais e sintomas neurológicos de zero a nove, no qual zero corresponde a exame neurológico normal, um e dois, quadro
clínico leve, três e quatro, moderado e mais que quatro, grave.

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Há uma série de estudos sobre avaliação cognitiva ENFs são também abundantes. ENFs são depósitos
em boxeadores. Mendez (1995) fez uma revisão destes intracelulares em que o principal constituinte é a
estudos e destacou oito deles realizados em pugilistas proteína tau anormalmente fosforilada.
profissionais (n = 274) que revelaram dificuldades em
memória, velocidade de processamento de informações,
velocidade motora, tarefas complexas de atenção, provas
Relação entre dementia pugilistica e
de praxias/seqüência de movimentos e funções frontais- doença de Alzheimer (DA)
executivas (Roberts, 1969; Johnson, 1969; Casson et
al., 1984; Sironi et al., 1982; Ross et al., 1987; Drew, Neste ponto é importante introduzir as eventuais
1986; Kaste et al., 1982; Levin et al., 1987). Há relações entre a DPg e a DA, principalmente porque
correlação significativa entre as alterações neuropsi- os ENF fazem parte das alterações neuropatológicas
cológicas e o número de lutas realizadas e os achados de ambas e também porque o traumatismo cranien-
tomográficos (Roberts, 1969; Casson et al., 1984; Drew, cefálico é um dos fatores de risco para DA.
1986). Em 1999, Erlanger et al. revisaram estudos de
Relações neuropatológicas
investigação neuropsicológica em dementia pugilistica
(DPg) e enfatizaram o papel da testagem neuropsi- As alterações neuropatológicas mais importantes na
cológica nos esportes em relação às decisões de voltar a DA são a atrofia cortical e a presença de placas senis
participar do esporte ou não. Casson et al. (1984) e ENF. As placas senis contêm como principal consti-
examinaram 18 boxeadores (15 lutadores profissionais tuinte o peptídeo betaamilóide (βAP) e podem conter
e três amadores), que foram submetidos a eletroence- também neuritos (axônios e dendritos) distróficos,
falograma (EEG), a tomografia computadorizada de quando são denominadas placas neuríticas, ou não
crânio (TCC) e a avaliação neuropsicológica. Dos 15 (placas difusas).
profissionais, 13 mostraram alteração em pelo menos Ao reinvestigarem os casos de DPg analisados
dois testes. A avaliação neuropsicológica foi identificada por Corsellis et al. (1973), utilizando métodos imunois-
como o exame mais sensível para detectar alteração toquímicos e anticorpos contra proteína βA, Roberts
cognitiva. McLatchie et al., em 1987, compararam 20 et al. (1990) encontraram depósitos de βAP difusos,
pugilistas amadores com o mesmo número de pacientes invisíveis quando corados pelo vermelho Congo e pela
ambulatoriais com fraturas de membros e concluíram prata, em todos os casos. Este achado foi confirmado
que as alterações neuropsicológicas nos boxeadores eram por outros autores (Tokuda et al., 1991).
significativamente maiores que nos controles e que as Apesar de várias similaridades entre DA e DPg
avaliações de memória visual e verbal, atenção e tempo demonstradas pelos dados anteriores, há também
de reação foram as medidas mais sensíveis para detectar diversas diferenças, além da constatação de que a
alterações neurológicas. alteração predominante na DPg é o ENF. A concen-
tração de lesões neurofibrilares do córtex cerebral
predomina nas regiões internas dos sulcos na DA,
Anatomia patológica enquanto é mais freqüente nas regiões periféricas dos
giros na DP (McKenzie et al., 1996). Com relação à
Os primeiros relatos anatomopatológicos dos efeitos distribuição nas camadas neocorticais, os ENF são
tardios do boxe foram feitos por Bradenburg e encontrados mais freqüentemente nas camadas
Hallervorden (1954) (citado por Corsellis et al., 1973) neocorticais superficiais (II e III) na DPg, enquanto
e Grahmann e Ule (1957). predominam nas camadas mais profundas (V e VI) e
Em estudo clássico (Corsellis et al., 1973), foram na DA. Na formação hipocampal, a distribuição de ENF
analisados detalhadamente os cérebros de 15 ex- é semelhante nas duas doenças. Análise quantitativa
boxeadores. Do ponto de vista macroscópico, os achados também demonstrou que a densidade dos ENF no
mais conspícuos foram as alterações do septo pelúcido, neocórtex foi globalmente maior nos pacientes com DPg
com presença de fenestrações e com cavum amplo, que nos casos com DA, exceto no hipocampo, onde a
além de atrofia cerebelar. Do ponto de vista micros- concentração era semelhante (Hof et al., 1992a). A
cópico, foram relatados perda de células de Purkinje distribuição regional e laminar dos ENF no neocórtex
no cerebelo, degeneração e perda de células pigmen- na DA sugere forte correlação entre localização de ENF
tadas da substância negra, presença de emaranhados e a distribuição dos neurônios de projeção corticocor-
neurofibrilares (ENF) espalhados pelo córtex e tronco ticais, indicando que populações específicas de neurô-
encefálico, mas principalmente no úncus, na parte nios podem ser seletivamente vulneráveis ao processo
corticomedial do núcleo amigdalóide, nos giros degenerativo (Hof e Morrison, 1990; Hof et al., 1990;
paraipocampal e fusiforme, além de córtex temporal Lewis et al., 1987; Pearson et al., 1985; Rogers e
lateral, insular e frontal; raridade ou, na maioria dos Morrison, 1985). Já o padrão laminar de distribuição
casos, total ausência de placas senis (PS). de ENF na DPg é semelhante ao descrito na esclerose
A presença marcante de ENF na DPg estabelece lateral amiotrófica associada ao parkinsonismo e à
uma ligação desta com a DA, na qual, como se verá, demência de Guam, à paralisia supranuclear progres-

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siva e ao parkinsonismo pós-encefalítico (Hof et al., perda de consciência, seguido de quadro demencial
1991; Hof et al., 1992b; Hof et al., 1992c), doenças que sugestivo de DA, Clinton et al. (1991) constataram a
fazem parte das chamadas taupatias. Estas são presença de placas de βAP difusas não-congofílicas
enfermidades caracterizadas pela presença de inclusões semelhantes àquelas encontradas nos cérebros de ex-
imunorreativas a proteína tau neuronais ou neuronais boxeadores e sugeriram que o processo degenerativo
e gliais. Dividem-se em primárias, quando praticamente teria sido induzido pelo TCE. Roberts et al. (1991)
somente esses achados são visíveis, e em secundárias, estudaram 16 pacientes submetidos ao TCE com
quando há também agregados celulares de uma segunda sobrevida de 6 a 18 dias, encontrando extensos depó-
proteína (por exemplo, alfa-sinucleína, huntingtina) sitos de proteína βA em 38% deles. Concluíram que
(Revesz e Holton, 2003). Por um lado, como na DPg TCE grave pode provocar a deposição de βAP em
típica é possível encontrarem-se depósitos de βAP, questão de dias. Em 1994, Roberts et al. examinaram
poderia ser caracterizada como taupatia secundária. os cérebros de 152 pacientes após TCE grave com
No entanto, a distribuição laminar dos ENF é similar sobrevida entre 4 horas e 2,5 anos, que foram
à das taupatias primárias, sugerindo que diferentes comparados aos de 44 controles sem alterações clínicas
populações de neurônios podem ser afetadas no decorrer neurológicas ou psiquiátricas. Exame imunoisto-
dessas doenças, quando comparadas à DA. químico confirmou achado de depósitos de βAP em
30% dos casos em uma ou mais áreas corticais, en-
Relação com TCE na doença de Alzheimer quanto nos controles não houve depósito de βAP em
Depois de alguns relatos de “DA pós-traumática” indivíduos abaixo de 60 anos. Quanto maior a idade,
(Rudelli et al., 1982; Clinton et al., 1991; Corsellis e maior a quantidade de βAP. Além disso, a
Brierley, 1959), a associação DA/TCE vem sendo imunorreatividade à proteína precursora do peptídeo
exaustivamente estudada. Atualmente, sabe-se que o β-amilóide (βAPP) encontrava-se aumentada no
TCE é o fator de risco ambiental conhecido mais pericário dos neurônios na vizinhança dos depósitos
importante para o desenvolvimento de DA. de βAP em todos os casos. Esses resultados sugerem
Vários estudos caso-controle sugerem que o TCE que o aumento da expressão βAPP é uma resposta à
é fator de risco para desenvolver DA, com razão de lesão neuronal (Roberts, 1991). O aumento dessa
chance entre 3,5 (Graves et al., 1990) e 13,75 expressão ou modificações na estrutura da βAPP
(Rasmusson DX et al., 1995). No entanto, outros estudos aumentam a chance de geração (produção) de
não reproduziram estes achados (Shalat SL et al., 1987; fragmentos de βAP e, portanto, iniciariam a cascata
Broe GA et al., 1990). Em 1991, Mortimer et al. responsável pela patogenia da DA (Hardy e Allsop,
realizaram metanálise de oito estudos do tipo caso- 1991; Gentleman et al., 1993).
controle conduzidos até 1991, e suas conclusões são a A APP é sintetizada no corpo celular e subme-
evidência mais convincente de associação entre TCE e tida à modificação pós-tradução e maturação, quando
DA. Encontraram risco relativo de 1,82 (com intervalo adquire radicais sulfato, fosfato e grupos de açúcares,
de confiança [IC] de 95%: 1,26-2,67) para TCE com ao se deslocar para o aparelho de Golgi. A fração
perda de consciência. Quando o risco relativo foi ajustado madura da APP, glicosilada, dirige-se ao sistema
por escolaridade, consumo de álcool e história familiar vacuolar central via vesículas e aparece na superfície
de demência, continuou significativo, mas válido celular. A APP é clivada perto da membrana plasmá-
somente para homens (2,67, IC de 95%: 1,64-4,41). tica, com participação da g-secretase, sendo liberada
Fleminger et al. (2003) fizeram revisão sistemática de uma forma secretada de APP. Uma proporção de APP
15 estudos do tipo caso-controle e encontraram também é encaminhada para o compartimento
resultados semelhantes aos de Mortimer et al. A lisossomal/endossomal diretamente do aparelho de
associação entre TCE e DA também foi analisada por Golgi e reinternalizada pela membrana celular para
estudos de coorte (Plassman et al, 2000; Mehta et al., degradação e possível liberação de fragmentos
1999; Nemetz et al., 1999; Williams et al., 1991), que amiloidogênicos contendo βAP. Os peptídeos βA
encontraram risco de DA aumentado em veteranos da derivam da APP após clivagem seqüencial pelas β e γ
II Guerra Mundial com TCE moderado ou grave secretases, gerando diversas espécies de peptídeos βA
(Plassman et al., 2000) ou não encontraram relação com diferentes propensões a se fibrilizarem e se
entre TCE e DA (Mehta et al., 1999; Nemetz et al., depositarem em PS (Saido, 1998; Mills e Reiner, 1999;
1999; Williams et al., 1991). Embora haja ainda Selkoe, 1999; Nunan e Small, 2000; Bayer et al., 2001).
algumas controvérsias, o TCE é considerado o fator de As variantes βAP de 42 e 43 aminoácidos (longas) são
risco ambiental conhecido mais importante para DA as mais amiloidogênicas e críticas no início e
(Mortimer et al., 1991; Fleminger et al., 2003). progressão da amiloidose da DA.
Em animais, vários estudos com modelos de
Relação TCE versus peptídeo βA impacto têm encontrado aumento progressivo da
Ao reexaminarem um caso descrito por Rudelli et al. expressão da APP nos corpos de neurônios e aumento
(1982) de um paciente jovem que sofreu TCE com do RNA mensageiro (RNAm) da APP (Van den Heuvel

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et al., 1999; Van den Heuvel et al., 1998; Pierce et al., achados axonais (Jafari et al., 1997; Maxwell et al.,
1996; Bramlett et al., 1997; Lewen et al., 1996). 1997; Maxwell e Graham, 1996; Povlishock et al., 1997).
Aumento dos níveis de isoprostanos, marcadores de Estes estudos mostram que o TCE causa alterações no
estresse oxidativo, também foi observado (Uryu et al., axolema, resultantes de distúrbio de íons no axoplasma.
2003), tendo sido sugerido que TCEs repetidos acele- Em relação a estudos com modelos animais, fo-
ram o acúmulo de βAP e o estresse oxidativo e que ram encontrados aumento de tau e MAP2 (microtubule-
estes atuariam sinergicamente na promoção da pro- associated protein) nos corpos de neurônios de ratos
gressão da DA, hipótese também sustentada por outros submetidos a TCEs múltiplos (Kanayama et al., 1996).
estudos (Roberts et al., 1994; Nunomura et al., 2000; Há outros grupos que acreditam serem os ENFs
Praticò et al., 2001). A up-regulation da APP pode produtos indiretos da alteração da permeabilidade dos
representar resposta fisiológica ao estresse, que seria vasos (Povlishock e Jenkins, 1995).
rapidamente compensada por uma subseqüente down- A cascata dos acontecimentos moleculares que
regulation da expressão da APP. Up-regulation sucedem um ou vários TCEs ainda não está completa-
sustentada ou repetida, causada por TCEs repetidos, mente elucidada. No entanto, os estudos acima em
por exemplo, pode desencadear uma cascata que humanos e em modelos animais estão gradualmente
culminaria com a neuropatologia da DA, pela super- desvendando os passos dessa complexa seqüência de
produção ou produção sustentada de βAPP, seguida eventos moleculares.
do processo amiloidogênico e subseqüente aumento da
deposição da βAP em placas difusas. Os eventos que
controlam essa cascata ainda são incertos, mas sabe- Interações genético-ambientais
se que o aumento das proteínas de fase aguda parece
Além dos fatores ambientais, o papel importante do
ser importante (Royston et al., 1992; Griffin et al.,
alelo APO E ∑4 no desenvolvimento de encefalopatia
1989, 1994). Em particular, a interleucina 1 (IL1),
traumática crônica e DA também vem sendo estudado.
secretada pela micróglia e que pode tornar-se cronica-
mente elevada por repetidos TCEs, aumenta a expres- Algumas evidências sugerem que a presença de alelo
são de fatores neurotróficos, entre os quais inclui-se a APO E ∑4 pode acentuar a deposição de βAP em
APP (Marshak et al., 1991). indivíduos que foram submetidos a TCE (Nicoll et al.,
Em resumo, TCEs repetidos causariam aumento 1995). Mayeux et al. (1995) avaliaram 113 pacientes
do depósito de βAP e do estresse oxidativo por meio da com diagnóstico de DA provável e 123 idosos saudáveis
up-regulation da IL1 microglial, com conseqüente up- emparelhados para variáveis demográficas.
regulation da APP neuronal. Verificaram risco dez vezes maior de DA quando o
sujeito tinha história de TCE associada à presença de
Relação TCE versus proteína TAU APO E ∑ 4, comparado com aumento de apenas duas
vezes quando só havia presença da APO E ∑4, e
As alterações causadas pelos TCEs não se limitam à
ausência do aumento de risco em TCE sem a presença
proteína β-amilóide, afetando também a proteína tau.
de APO E ∑4. Há dúvidas se os efeitos dos TCEs e
Esta é uma fosfoproteína primariamente neuronal,
APOE ∑4 seriam sinérgicos (Mayeux et al., 1995) ou
amplamente encontrada nos axônios do SNC e
aditivo (Katzman et al., 1996).
componente essencial do citoesqueleto microtubular.
Jordan et al. (1997) analisaram 30 pugilistas
Liga-se a moléculas de α e β tubulinas, que constituem
ativos e aposentados e concluíram que boxeadores com
os microtúbulos, conferindo estabilidade aos seus
alelo ∑4 tinham índices maiores de gravidade na
polímeros. Há seis principais isoformas de tau
classificação da ETC, e que todos os lutadores com
expressas no cérebro adulto, diferindo entre si pela
ETC grave tinham pelo menos um alelo ∑4, o que
presença de nenhuma, uma ou duas inserções
sugere predisposição genética para os efeitos
aminoterminais e três ou quatro domínios de ligação
neurológicos secundários a uma longa carreira de
aos microtúbulos. A fosforilação da tau pela ação de
boxeador (Teasdale et al., 1997; Seliger et al., 1997;
diferentes quinases promove mudanças conforma-
Friedman G et al., 1999).
cionais, alterando-lhe a função. A capacidade de esta-
bilizar os microtúbulos depende do número e da
localização dos resíduos fosforilados da molécula tau. Conclusão
Na DA, a proteína tau encontra-se hiperfosforilada e
sua função é comprometida (Mandelkow et al., 1995; Na literatura médica, a denominação dementia pugilis-
Mandelkow et al., 1995). Como já mencionado, os ENFs tica tem sido utilizada com sentido mais amplo, englo-
são constituídos principalmente pela proteína tau. bando também as alterações extrapiramidais, cerebe-
Geddes et al. (1999) analisaram cinco casos de lares e piramidais. Para Mendez (1995), dementia
traumatizados de crânio, sendo em todos encontrado pugilistica é o último estágio da lesão traumática
ENF. A maioria dos estudos de patologia celular e crônica do boxe. Portanto, a denominação encefalopatia
subcelular sobre citoesqueleto em TCE constituí-se de traumática crônica do boxeador seria mais adequada.

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A hipótese de que a DPg seja uma variante da A gravidade e irreversibilidade da encefalopatia


DA, na qual predominam os múltiplos TCEs como traumática crônica do boxeador, que possivelmente
fator de risco epidemiológico e ambiental, que, por sua afeta um dos mais famosos pugilistas das últimas
vez, são responsáveis pelo início e perpetuação da cas- décadas, freqüentemente exposto pelos meios de
cata de degeneração neuronal, não pode ser totalmente comunicação, deveriam nortear medidas que impe-
descartada e amplia as possibilidades de estudos sobre dissem a continuidade da prática do boxe sem cuidados
fatores ambientais na patogenia da DA. que possam prevenir esta condição desastrosa.

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