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BANCA EXAMINADORA
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Adriana Lourenço Lopes (Docente e Orientadora)
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
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Josineide Vieira Alves (Docente)
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
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Mayana Martha de Souza Gomes (Psicóloga)
Casa Amarela – Espaço Multiprofissional
AGRADECIMENTOS
A Deus e a vida por ter feito parte desta Graduação em Psicologia na Universidade
Federal do Recôncavo da Bahia, que está em 3º lugar entre as melhores da Bahia em 10º
entre as melhores do Brasil.
A minha querida mãe Roquilia e irmã Monalisa por todos esforços em lutar junto
comigo para realização deste sonho. Amo vocês!!
Ao meu querido pai Vicente Sergio (in memória) pelos seus ensinamentos e
coragem. Te amo!! Saudades sempre presente!!
Aos meus queridos (as) docentes Jô Alves, Silvana Gaino, Suely Ares, Lílian
Canário, Fabiola Marinho, Roberval, Goretti, Rita Leite, Kelly Atalaia, por cada
momento de aprendizagem, conhecimento e crescimento.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO...........................................................................................1
1. FUNDAMENTAÇÃO TEORICA.............................................................. 3
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................... 17
5. REFERÊNCIAS...........................................................................................19
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APRESENTAÇÃO
Este trabalho (relatório final de estágio) está estruturado em quatro partes: (1)
referencial teórico, que discute sobre Educação em Tempo Integral e Habilidades Sociais; (2)
caracterização do campo de estágio, que apresenta a estrutura física e organizacional da
instituição de ensino e seus atores escolares; (3) atividades realizadas (oficinas em habilidades
sociais) com os estudantes do 7º ano do Ensino Fundamental, está foi a turma que trabalhei
durante o estágio com as oficinas; (4) considerações finais, trazendo reflexões acerca das
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1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
No que se refere a sua finalidade, a educação deve buscar “(...) o pleno desenvolvimento
do educando, em seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”
(BRASIL,1996, p.8). Assim, a educação deve proporcionar o desenvolvimento biopsicossocial
do indivíduo em sua totalidade, isto é, desenvolver as capacidades cognitiva, afetiva, emocional
e social.
O papel dos alunos e dos professores também devem ser redimensionados, pois no
período matutino os alunos podem frequentar as aulas e no período vespertino, ter a
possibilidade de, em grupo de “alunos de várias idades interagirem em um ambiente de
cooperação e amizade, supervisionados por professores e estagiários” (CLEMENTE, 2006, p.
53). Os professores podem assumir o papel de “tutor, com formação permanente, pois assumem
o papel de: pesquisador, gestor, formador, avaliador, motivador, técnico, orientador,
especialista em relações humanas” (CLEMENTE, 2006, p. 54). Entretanto, estas e outras tantas
características de uma Escola de Tempo Integral, implicam em um:
A instituição foi fundada em 1976, nesta ocasião o prédio foi doado pelo prefeito ao
estado, e por isso, o prédio escolar levou o nome do prefeito da época. E a partir disso, a escola
passou de municipal para estadual, tendo como objetivo desenvolver habilidades e
competências da comunidade escolar, e sua funcionalidade inicialmente estava direcionada aos
anos iniciais do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano). Mas com o passar dos anos, em 1995
começou a oferecer turmas do 6º ao 9º ano. Em 2002 passou de grupo escolar para colégio
estadual e em 2012 começou a desenvolver o Ensino Médio e a Aceleração III, Área I e II. Em
2014 o colégio passou a atuar na modalidade de uma Educação em Tempo Integral e em 2015
o turno da noite foi cancelado, e a partir disso, até os dias atuais permanece com a modalidade
de Educação Integral.
O corpo docente é composto por 10 professoras efetivas, todas com formação de nível
superior, sendo que sete possuem curso de Especialização, duas são mestrandas e uma já é
mestre. De maneira geral, as professoras demonstram conhecer a história de vários alunos, pois
trabalham na instituição há vários anos. Algumas docentes expressam uma certa preocupação
referente ao atendimento especializado às crianças com necessidades educativas especiais, mas
não necessariamente desenvolvem um trabalho que vise promover a inclusão na escola.
O corpo discente é composto por 149 alunos aproximadamente, com idade entre 10 anos
e 17 anos, moradores do próprio bairro onde está localizada a escola, de outros bairros próximos
e tem localidades bem mais distantes, por isso alguns alunos utilizam o transporte escolar
(ônibus) mantido pela Prefeitura. Os estudantes são distribuídos em cinco turmas, sendo: duas
do 6º ano (22 alunos no 6º ano A e 26 no 6ºB), uma turma do 7º ano (37 estudantes), uma do 8º
ano (38 alunos) e uma turma do 9º ano (26 alunos).
Mais especificamente, a turma do 7º ano (turma que participou das atividades a serem
descritas a seguir) é composta por 38 matriculados, 22 meninos e 16 meninas com idade entre
12 e 14 anos. Assim como as crianças e adolescentes das demais turmas, são alunos
participativos nas atividades extra classe como festas, festivais, apresentações musicais e de
dança, entre outros. Em geral, são alegres, afetivos, acolhedores e inteligentes, mas também em
determinadas situações agem de maneira agressiva e ríspida, envolvendo-se em conflitos e
discussões entre alunos e professores-alunos.
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Segundo Martins (2002), a observação participante deve acontecer tanto nos espaços
formais quanto nos informais do cotidiano escolar e é através dela que o psicólogo escolar tem
acesso aos diversos aspectos que permeiam as relações entre os agentes desse contexto. Desse
modo, pode-se perceber a dimensão social, histórica, cultural que estão embrincadas no
processo educacional integrando os vários momentos e indivíduos da escola, por meio da
interpretação da realidade local da sociedade escolar.
Durante as observações feitas nas salas de aula, na sala dos professores e em outros
ambientes, foi notado que várias pessoas ainda têm a ideia de que o fracasso escolar é
responsabilidade do aluno e/ou da família. Presenciei situações em que se reforçavam rótulos
do dito “aluno problema”, por exemplo, em ocasiões em que se utilizava um livro ata para
registrar a ocorrência de comportamentos considerados como indesejados ou inadequados na
escola. Infelizmente, em uma das paredes tinha um cartaz que chamava a atenção: “Podemos
fazer o que for, mas a culpa estará sempre na família”.
Tal rotulação também era observada entre os estudantes, por exemplo, em conversas
informais com alunos da turma do 7º ano, um dia relataram que determinado colega era burro
e que por isso não sabia escrever e ler. Esse mesmo aluno era o dito “aluno problema” da sala
tanto aos olhos dos colegas, como por parte dos professores e gestão. Esta e outras situações
eram problematizas pelas estagiárias e, sempre que possível, eram retomadas pela professora
supervisora em reuniões com a equipe gestora para discutir sobre o desenvolvimento do estágio
na instituição.
Foram levantadas várias demandas pelas estagiárias ( total de três estagiárias: Rita,
Marcia e eu ( Elana Souza)), durante o período de observação, dentre elas: necessidades
educativas especiais e inclusão; dificuldades escolares ou “dificuldade de aprendizagem”;
frequência de estudantes fora da sala de aula devido a “problemas de comportamento”;
rotulação de alguns alunos por parte de determinados professores; relações interpessoais
conflituosas entre estudantes e entre professores-estudantes; dentre outras.
Apesar de não ter sido planejado, comecei explicando para os alunos sobre o que era
Habilidades Sociais (HS), ou seja, acabei agindo como uma professora que adota uma
metodologia expositiva em sua aula. Tal fato foi problematizado durante a supervisão e pude
começar a perceber qual seria o papel do psicólogo escolar durante a coordenação de uma
oficina.
Em seguida, os alunos foram divididos em grupos, pois tinham que criar (desenhar)
uma estrada de sua vida escolar, sendo que essa estrada era constituída pelo que eles gostavam
e não gostavam na escola. Após receberem materiais (cartolina, lápis, etc) para elaborarem a
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estrada, lancei as seguintes perguntas: Você gosta deste colégio? Por quê? Gosta dos
professores? Por quê? E Como você se vê como aluno? Gostaria de mudar? E o que é ser bom
aluno? Durante essa atividade pode perceber que a maioria da turma não gostava da escola e
muitos deles informaram que não gostavam porque saiam tarde da escola, ou seja, por ser uma
escola de tempo integral; uns diziam gostar de alguns professores e de outros não, e também
por causa de alguns alunos que estudam nela.
Durante toda a oficina eles conversavam muito entre si, mexiam uns com os outros,
xingavam, batiam, usavam o celular, demonstravam não ter paciência para esperar enquanto
ouviam a explicação. O que causou bastante desconforto e preocupação na estagiária. Ao final
realizar a avaliação da oficina, pois a devolutiva deles era imprescindível para o planejamento
das próximas. De maneira geral disseram que “foi bom”, “gostei, mas queria uma coisa que
desafiasse mais”. Então, a partir dessas e de outras falas e comportamentos observados elaborei
a próxima oficina.
Então, chegando perto do final da oficina perguntei: “para vocês o que é ser
empático?”. Responderam: “é ser humilde, ajudar o outro, é ser solidário; amor; união;
carinho; generosidade”. Diante de tais respostas percebi que os alunos tinham compreendido
o que é ser uma pessoa empática. Conforme Del Prette e Del Prette (2005, p. 150), “pessoas
que exercitam a empatia são vistas como sensíveis, calorosas e amigáveis”.
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Nessa oficina ocorreram mudanças no plano de ação, pois o horário foi mudado
diminuindo o tempo da oficina. Então, como na oficina passada os alunos disseram que não
sabiam nenhum exemplo de empatia, providenciei um vídeo com exemplo de empatia “Cadeia
de favores”. Após passar o vídeo, alguns alunos disseram que gostaram do vídeo, uns disseram
que aquilo não existia, pois havia uma cena em que uma moça esquecia o celular e um homem
devolvia o aparelho. Durante essa cena, um aluno gritou: “vai roubar!”.
Ao discutir sobre o filme, alguns estudantes disseram: “aqui não tem isso não, o povo
rouba mesmo”. Então falei que havia outras formas de agir, lembrei de reportagens e pessoas
que devolviam celulares e outros pertences, pois existiam pessoas e lugares diferentes
independentemente de qualquer coisa. Uma aluna falou “eu não ajudo mais porque eu não
quero, só ajudo quem eu conheço”. Outra aluna disse “quando alguém cai eu dou risada”.
Então, comentei que a nossa primeira reação pode ser essa, mas é melhor quando ajudamos o
outro a levantar. Durante essa discussão a maioria dos alunos estavam envolvidos, escutando e
colocando suas opiniões, bem diferente dos dias anteriores.
Ao final, pedi que alguém me dissesse um exemplo de empatia que alguém tivesse
vivido durante a semana, seja na escola ou em outro lugar. Após minutos de silêncio, um aluno
falou: “quando um colega estiver com dificuldade de fazer a atividade e um outro colega de
bom coração ajudar esse colega a fazer a atividade”. Respondi: muito bem, seu exemplo foi
ótimo! Ele sorriu e os alguns outros também demonstraram alegria.
outro a responder dúvidas sobre uma atividade. Eles adoraram essa atividade, foi a que houve
mais participação, entrosamento por parte dos alunos, e no final sempre é feita uma avaliação
da oficina por parte dos alunos.
Depois falamos sobre comunicação, sobre a importância em saber ouvir e falar para
compreender melhor o que o outro está falando, e que este tipo de comunicação é muito
importante na escola e em outros contextos. Ao final, ainda assistimos um pequeno vídeo sobre
ruído na comunicação.
Foram programadas algumas atividades: brincadeira do telefone sem fio; dinâmica com
os números 1, 2 e 3 para trabalhar a atenção e a comunicação. Porém, nenhuma das atividades
foram efetivadas, então perguntei qual o motivo de estarem tão dispersos. Eles relataram que
naquele dia não tiveram almoço na escola e que por isso foram para casa almoçar e voltaram
em apenas uma hora. Diante da situação peculiar, decide conversar sobre o que eles estavam
achando das oficinas, sobre a escola e outros assuntos. Relataram que estavam gostando das
oficinas, que eram “muito legal” e sugeriram que eu poderia passar algum filme em outro dia,
mas que naquele momento não estavam dispostos. Eu respeitei o momento e agradeci a atenção
e participação nas oficinas, disse que estava aprendendo muito com eles a desenvolver a
capacidade de ver que o outro no seu próprio limite.
Como não conheciam, expliquei que era um filme que falava sobre as emoções.
Também disse que após o filme íamos conversar sobre emoções. O filme durou o tempo de 1h
e 30min. Assim que terminou fiz algumas questões: quais são os tipos de emoções que temos?
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Eles responderam: alegria, tristeza, raiva, nojo e medo. Alguns alunos não sabiam que medo,
nojo e raiva também eram emoções e aprenderam através do filme. E quando perguntei como
podiam identificar no outro a emoção que estava sentido, disseram: através da fisionomia e das
palavras que falam. Entretanto, assim como nos demais dias, nem todos os alunos participaram
e assistiram totalmente o filme.
Neste dia, após o término das atividades, duas alunas me procuraram perguntando: a
pró é psicóloga né? Eu respondi que sim, que era estagiária de Psicologia. Então elas disseram:
psicólogo também conversa e dá conselho né? Eu disse que sim, que conversamos e escutamos.
Elas disseram: é que gostaríamos de conversar contigo, pois estou pensando em me matar.
Como havíamos encerrado, convidei as alunas para conversarmos numa sala reservada. Tal
situação foi acolhida de imediato e acompanhada em mais dois acolhimentos.
Neste caso foi realizado três acolhimento, no primeiro dia de acolhimento, a 1º aluna
com queixa de pensamento suicida, neste dia acolhimento a aluna de início começou a chorar e
demonstrou estar com vergonha na hora do choro, neste momento disse para ela ficar à vontade
pois aquele momento era dela e que podia chorar mesmo, depois, falou sobre a morte do
padrasto assassinado, que isso não poderia ter conhecido, que ele era uma pessoa boa, então,
falei da minha experiência quando meu pai faleceu, falei da violência e que a cada dia somos
um sobrevivente a violência presente em nosso País. Em seguida, trabalhei a metáfora da fase
do desenvolvimento humano como exemplo de que as situações do momento presentes com o
tempo muda e traz experiências para o nosso aprendizado, com a finalidade de que
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No segundo dia acolhimento foi feito avaliação do humor, disse que estava bem e que
os pensamentos tinham diminuído, com isso, fiz avaliação dos pensamentos ( 0-10 como estão
aqueles pensamentos?), segundo ela estava em cinco (5), ela relatou que depois da nossa
conversa ela conversou com a mãe e que foi muito bom pois a mãe tinha passado segurança
para ela, neste momento falei que foi muito importante e interessante ela ter conversado com
a mãe dela e que ela continuasse sempre tomando essa atitude. E em seguida, trabalhei a
ilustração do pensamento de lagarta e pensamento de borboleta.
E no terceiro dia acolhimento fiz avaliação do humor, ela disse que não tinha mais os
pensamentos e que estava muito bem, falei que é bom saber que ela está bem e que os
pensamentos tinham sumido, então, finalizei o acolhimento e deixando claro que na UFRB tem
a clínica de Serviço em Psicologia que atende a comunidade e que qualquer coisa ela poderia ir
na clínica.
No 1º acolhimento com a segunda aluna sua queixa inicial foi referente ao contexto
familiar, neste dia de acolhimento ela Falou das brigas dos pais, que ela ficava muito nervosa e
as vezes o irmão pequeno perguntava sobre o que estava acontecendo e ela não sabia o que
fazer, então, perguntei se quando os pais brigavam eles depois voltavam, ela disse que sim,
relatei que neste caso era bom pensar que os casais eles brigam, discutem mais se entendem
pois faz parte da dinâmica de vida deles e que é interessante pensar que cada pessoa tem sua
própria maneira de viver. Depois ela falou que tinha medo da mãe morrer, pois a vó tinha
falecido, falei sobre a dinâmica da vida do nascer, crescer e morrer, mas que a morte é algo
inevitável e sempre uma surpresa, perguntei se a mãe tinha algum problema de saúde, ela disse
que não, então, falei que talvez no momento pela saúde dela isso não venha acontecer por agora,
e no final trabalhei que é bom saber/compreender, separar as relações e achar ou pensar o que
aconteceu com o outro vai acontecer comigo ou com minha família.
No 2º acolhimento com a segunda aluna, foi feito a avaliação do humor, ela disse que estava
bem e que a partir da nossa conversar ela decidiu falar com sua mãe, e a mãe a deixou mais segura.
Falou que o medo tinha diminuído durante a semana, que ela tinha saído com os pais no final de
semana e que estava muito bem, e no final deste acolhimento falamos mais uma vez de como é
importante saber separar as relações e o que acontece com o outro não quer dizer que vai acontecer
conosco.
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No 3º acolhimento com a 2º aluna, realizei a avaliação do humor, ela disse que estava
tudo bem e que gostou das oficinas e que foi muito bom conversar e em seguida finalizei o
acolhimento.
Ainda, a partir das atividades realizadas na turma do 7º ano pode perceber que os alunos,
apesar de no início não conhecerem a palavra, o significado e por vezes não demonstrarem
comportamentos empáticos e apresentarem um processo de comunicação conflituoso, no
decorrer das oficinas passaram a manifestarem seus conhecimentos e novas formas de agir em
situações do dia a dia na escola. Conforme Del Prette e Del Prette (2005, p.151), “a empatia
tem o efeito de validar os sentimentos daquele que está vivendo uma experiência negativa ou
positiva, melhorando-lhe a autoestima, facilitando a comunicação, ampliando as trocas e
fortalecendo os vínculos de amizade”.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Escola de tempo Integral tem como propósito oferecer uma educação na qual faz parte
um desenvolvimento intelectual, social e cultural do estudante, que proporciona conhecimento
para a construção do ser cidadão.
Diante das vivências e reflexões realizadas durante o estágio, faz-se importante salientar
que a Psicologia Escolar ainda passa por um período de construção de sua identidade referente
sua atuação na escola por parte dos profissionais e atores no contexto a escolar. Pois o que ainda
vigora nas instituições é ideia do psicólogo clínico, numa visão que corrobora com a
culpabilização do aluno pelo fracasso escolar. Contudo, diante de novas práticas do psicólogo
escolar, considerando o contexto cujo o aluno está inserido e os agentes do mesmo, olhando o
coletivo e não apenas o individual, ocorre uma contribuição para que os agentes desses espaços
tenham um novo olhar para a prática do psicólogo e também se percebam como parte do
processo (MARTINEZ, 2010).
O estágio na escola foi desafiador, desde as dificuldades encontradas na construção
desse modo de fazer psicologia, tendo o tempo inteiro que desconstruir discursos de uma prática
do psicólogo, até mesmo a minha frustração diante da conduta de alguns professores, alunos,
diretores e outros profissionais.
A observação na sala de aula e as intervenções com a turma foram extremamente
importantes para eu passar a enxergar o ponto de vista também dos professores e entender o
contexto em que estão inseridos e não culpabilizá-los. Passar a entender os fatos e problemas
de uma forma contextualizada, olhando os aspectos histórico-social e cultural vinculados às
práticas e relações de poder presentes na escola, bem como tentar não ter uma prática que
valorize somente a meritocracia e não o processo como um todo.
O estágio também me proporcionou um crescimento pessoal, pois tive que sair da minha
zona de conforto e ir ao encontro do outro, respeitando seu tempo e possibilidades,
desenvolvendo assim minha empatia. Nesse sentido, acredito que para o trabalho em grupo
fluir, faz-se necessário se despir de ideias, rótulos e crenças e se deixar ser afetada e ir ao
encontro do outro para afetá-lo, é uma via de mão dupla.
Saliento que foi muito importante a supervisão em grupo, pois dessa forma, crescer
juntos e enxergar além do nosso próprio ponto de vista, é colocar-se no lugar do outro. Foi
possível aprender na prática, sempre acompanhada e orientada, visando o exercício da
autonomia pessoal e profissional. Ressalto também a sensibilidade com que a professora
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REFERÊNCIAS
DEL PRETTE, Z. A.P; DEL PRETTE A. Psicologia das relações interpessoais: vivências para
o trabalho em grupo. 7º ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008, p.31.
DEL PRETTE, Z. A.P; DEL PRETTE A. Psicologias das habilidades sociais: terapia, educação
e trabalho. 8º ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011, p.50.
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DEL PRETTE, Z. A.P; DEL PRETTE A. Psicologia das habilidades sociais na infância: teoria
e prática. Petrópolis, RJ:Vozes, 2005, p. 111; 150,152
GONÇALVES, A.S. Reflexões sobre educação integral e escola de tempo integral. Cadernos
Cenpec n.º 2 – Educação Integral – 2º semestre 2006.
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394. 1996.11ª edição, pg.8.
Brasília: Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2015. Versão PDF. Atualizada até
19/3/2015. Modo de acesso: http://www.camara.leg.br/editora>
MARTINEZ, Albertina Mitjáns. O que pode fazer o psicólogo na escola? Em aberto, Brasília,
v. 23, n. 83, p. 39-56, mar. 2010.
ROCHA, G. V.M. Comportamento moral: uma proposta para o desenvolvimento das virtudes
/GOMIDE, P.I. C. ( org). 1º ed. (2010), 1° reimpr./ Curitiba: Editora Juruá, 2011, p. 69 e 70.